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A Existência e a Pessoa doA Existência e a Pessoa do

Espírito SantoEspírito Santo

O Espírito Santo é um Ser real que age e vive entre nós

Severino Pedro da Silva

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Todos os Direitos Reservados.Copyright © 1996 para a língua portuguesa da CasaPublicadora das Assembléias de Deus.Capa: Jayme de Paula Prado231.3 - Deus o Espírito Santo Silva, Severino Pedro

 A Existência e a Pessoa do Espírito Santo.../Severino Pedroda Silva1ª ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias deDeus, 1996p. 152. cm. 14x21ISBN 85-263-0073-31. Deus o Espírito Santo 2. TeologiaDeus o Espírito SantoCasa Publicadora das Assembléias de Deus

Caixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil1ª Edição/1996

ÍNDICE

Apresentação ..............................................................................5Prefácio ......................................................................................6Introdução ..................................................................................71. A Existência do Espírito Santo ...............................................82. Nomes e Títulos do Espírito Santo .......................................203. Figuras e Símbolos do Espírito Santo ..................................314. O Batismo com o Espírito Santo ..........................................45

5. Os Dons Espirituais ..............................................................576. Os Dons de Revelação ..........................................................707. Os Dons de Poder .................................................................828. Os Dons de Expressão ..........................................................969. A Blasfêmia contra o Espírito Santo ..................................10610. O Fruto e os Frutos do Espírito ........................................115

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CONTRACAPA

Seria o Espírito Santo uma influência, ao invés de um Ser 

dotado de personalidade e atributos divinos? Muitas seitas lhe têmnegado a condição de Pessoa divina; outras até questionam suaexistência.

Mas o pastor Severino Pedro, pela Bíblia, faz desmoronar estes dois posicionamentos: o Espírito Santo existe, e é uma Pessoa – a terceira da Santíssima Trindade.

Passo a passo, e através das Sagradas Escrituras, com

abundantes referências que revelam nomes, títulos, figuras e a obrado Consolador, você será conduzido a esta realidade.O autor discorre ainda sobre outros temas relacionados a este

Ser sublime:

O batismo com o Espírito SantoOs dons espirituais

O fruto do Espírito A blasfêmia contra o Espírito Santo

AUTOR Ministro do Evangelho, é autor dos livros  Daniel, Versículo

 por Versículo; Apocalipse, Versículo por Versículo; Os Anjos, Sua

 Natureza e Ofício, entre outros.

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APRESENTAÇÃO

A pessoa do Espírito Santo é contestada por muitas seitas.Algumas até defendem sua existência, mas rejeitam a idéia de queEle seja uma Pessoa distinta na Santíssima Trindade.

 No entanto, as Sagradas Escrituras apontam claramente paraum Ser dotado de personalidade - o Consolador, que vive e age noseio da Igreja de Cristo. Portanto, nós, evangélicos, cremos noEspírito Santo como Pessoa, conforme demonstra o pastor SeverinoPedro da Silva nesta obra.

O autor, pelas Sagradas Escrituras, relaciona nomes, títulos,figuras, símbolos e até pronomes usados para descrever o EspíritoSanto, tornando bem visíveis os contornos de sua sublime personalidade.

A descrição da Pessoa, segue-se-lhe a obra: sua missão junto àIgreja, os dons espirituais e o fruto na vida daqueles que lhe servemde templo.

Portanto, A Existência e a Pessoa do Espírito Santo lhe serviránão somente de estímulo à fé como irá ajudá-lo a conhecer melhor este divino Ser e a aproximar-se ainda mais de Deus.

Ronaldo Rodrigues de SouzaDiretor Executivo da CPAD

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PREFÁCIO

O sucesso da Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo, aqui nestemundo, tem sido a presença do Espírito Santo entre os cristãos; aindaque muitos procurem (sem sucesso) negar esta realidade. Algumas pessoas têm ignorado a existência do Espírito Santo, levadas por umceticismo mais teórico que prático. O ceticismo, segundo Sócrates, prejudica a busca pelo conhecimento e enfraquece a moralidade.

Mais tarde, Agostinho descreve o ceticismo como umaescuridão espiritual que destrói a fé e não deixa os homensencontrarem a verdade. A fé, contrariamente, prepara o solo para ocultivo da verdade. Neste livro, o autor mostra a importância decrermos firmemente no princípio básico da existência do Espírito deDeus, de sua atuação na Igreja como Substituto legal de Jesus Cristo.Revela também não haver limites para o que o Espírito Santo possafazer na vida do crente, dependendo das circunstâncias e daobediência pessoal de quem Ele inspira.

Paulo encontrou em Éfeso "alguns discípulos" que lhedisseram: "Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo..." (At19.2), e em Corinto, pessoas que eram "ignorantes acerca dos donsespirituais" (1 Co 12.1). Portanto, não é de admirar que haja tambémem nossos dias pessoas que, por falta de informações objetivas,"desconheçam" certas manifestações do Espírito Santo na igreja e emsuas próprias vidas. Por esta razão, e por outras, recomendamos aleitura deste livro - com meditação e amor.

Pr. José Wellington Bezerra da CostaPresidente da Convenção Geral das Assembléias deDeus no Brasil

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INTRODUÇÃO

Pneumatologia é a ciência que estuda a existência doEspírito Santo, sua natureza divina, seus atributos emanifestações, seu relacionamento com Deus e com Cristo, bemcomo sua atuação em relação ao universo físico e espiritual, osseres e as coisas. Apesar dos esforços que muitos têmempreendido para negar sua existência e poder, o Espírito Santoé um ser dotado de personalidade. Um ser moral, pessoal e

divino.A revelação plenária das Escrituras mostra claramente

seus atributos naturais e morais; e, de igual modo, sua presençae manifestação em ambos os Testamentos. As luzes da fé e darazão natural inferem que o aceitemos como um Ser supremo,divino, que faz parte da Santíssima Trindade. Negar estarealidade, baseado apenas em conceitos humanos, implica emrejeitar também a existência de Deus Pai e de Deus Filho, que éJesus Cristo, nosso Senhor (1 Jo 5.6-8).

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1. A EXISTÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO

I - Quem É o Espírito SantoO Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

Ele aparece pela primeira vez nas Escrituras em Gênesis 1.2, e daíem diante sua presença é proeminente em ambos os Testamentos. Ovocábulo que dá sentido ao seu nome é o grego  pneuma, vindo daraiz hebraica ruach. Ambos os termos, quando aplicados para dar 

significação divina e sem igual, denotam o infinito Espírito de Deus.A atuação deste supremo Ser é marcante nas Escrituras comoo Substituto legal do Filho de Deus, desde o Pentecoste até oarrebatamento da Igreja (Jo 16.7), e continuando depois com ela parasempre (Jo 14.16). Ele veio ao mundo como o "Agente daComunicação Divina". Sua origem não se encontra nas tábuasgenealógicas, pois, sendo Ele um dos membros da Divindade, é a ori-

gem de si mesmo e a causa de sua própria substância.

II - Sua PreexistênciaA natureza e os atributos do Espírito Santo caracterizam-no

como o "Espírito eterno", não conhecendo princípio de dias nem fimde existência (Hb 9.14). Ele aparece ao lado de Deus, quando haviaunicamente o Deus trino e uno. O tempo, que marca extensão, é percebido através da relação entre "antes" e "depois". Uma vez que oEspírito Santo tem a mesma natureza de Deus, o tempo não se aplicaa Ele - já que existe pela própria necessidade de sua existência. Ele éum Ser vivo, dotado de personalidade, não sendo meramente umainfluência ou emanação de Deus. Antes, é uma Pessoa claramentedivina, que faz parte da Trindade.

 Não um ser criado, como nós ou as demais criaturas que, por 

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um ato de Deus, passamos a existir num certo tempo e lugar.

1. No Antigo TestamentoO período do Antigo Testamento foi de preparação e espera a

este Ser eterno, cuja ação plena concretizou-se no Novo. Mas antes,como sabemos, o Eterno Espírito de Deus já operava.Em suas várias manifestações e demonstrações de poder, tanto

no universo físico como no espiritual, sua presença é sentida erevelada (Gn 1.2; 6.3; Êx 8.19; Jo 33.4 etc.) Entretanto, eram apenasmanifestações objetivas e tópicas, pois até então o Espírito Santo nãohavia sido "derramado" e sim "manifestado" (cf. Jl 2.28; Jo 7.39). O

Espírito Santo se revelava de três maneiras, visto no contexto geral.a. Como Espírito criador do cosmo. Por cujo poder oUniverso e todos os seres foram criados.

b. Como Espírito dinâmico ou doador de poder. Reveladocomo o Agente de Deus em relação aos homens; entretanto, não eraoutorgado como dádiva permanente. Em sentido tópico, tal sucediaaté mesmo no caso dos profetas, embora seja seguro pensar que

homens mais profundamente espirituais possuíam o dom do Espírito por tempo mais dilatado que o comum (cf. Sl 51.11- Ml 2.15).c. Como Espírito regenerador. Pelo qual a natureza humana é

transformada "de glória em glória na mesma imagem, como peloEspírito do Senhor" (2 Co 3.18). Encontramos sua presença noAntigo Testamento, em várias manifestações de poder, num total de88 vezes: 13 no Pentateuco; sete em Juizes; sete em 1 Samuel; cinco

nos Salmos; 14 em Isaías; 12 em Ezequiel; e trinta outras, por inferência.Dos 39 livros do Antigo testamento, apenas 16 não fazem

referência específica a Ele - mas em essência. (1)Algumas referências marcam sua presença nesse período,

descrevendo-o como membro ativo da Divindade e participante de

1 BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo, IBR, 1975.

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decisões somente a ela inerentes. Vejamos algumas:• Na criação do Universo: "E o Espírito de Deus se

movia sobre a face das águas" (Gn 1.2).• Na criação do homem: "E disse Deus:  Façamos o

homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança..." (Gn 1.26).• No juízo sobre o pecado: "Então disse o Senhor Deus:

Eis que o homem é como um de nós..." (Gn 3.22).• No julgamento sobre o dilúvio: "Então disse o Senhor:

 Não contenderá o meu Espírito  para sempre com o homem..." (Gn6.3).

• Sobre a construção da torre de Babel: "Eia, desçamos,e confundamos ali a sua língua..." (Gn 11.7).

O Espírito Santo é também retratado, em relação aos homens,como aquEle que ilumina (Jo 33.8), dá forças especiais (Jz 14.6,19),concede sabedoria (Êx 31.1-6; Dt 34.8), outorga revelações (Nm11.25; 2 Sm 23.2), instrui sobre a vontade de

Deus (Is 11.2), administra graça (Zc 12.10) e, finalmente,enche as vidas com sua presença (Ef 5.18).

2. No Novo TestamentoO Espírito Santo entra em cena logo nas primeiras páginas do

 Novo Testamento. O anjo Gabriel informa a Zacarias, um velhosacerdote da ordem de Abias, que seu futuro filho, João Batista, seriacheio do Espírito Santo desde o ventre materno (Lc 1.15). O mesmomensageiro celestial diz a Maria que o Espírito Santo desceria sobre

ela (Lc 1.35). Mais adiante encontramos o justo Simeão, e "o EspíritoSanto estava sobre ele" (Lc 2.25). Durante a vida terrena de nossoSenhor Jesus, a atuação do Espírito Santo acompanhava seus passos, palavras e obras. Ou seja, Jesus era "cheio do Espírito Santo" (Lc4.1). E podia exclamar: "O Espírito do Senhor é sobre mim" (Lc4.18).

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III - Sua Existência Pós-pentecostalVinte e cinco livros dos 27 que compõem o Novo Testamento

descrevem o Espírito Santo como um Ser real. Apenas dois, Filemome 3 João, falam dEle apenas em essência.

Há duas citações sobre a existência do Pai e do Filho que nãomencionam sua existência:

"E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só,  por únicoDeus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem envias-te" (Jo 17.3).

"E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal,que procedia do trono de Deus e do Cordeiro..." (Ap22.1).

 No entanto, a ausência do Espírito Santo nestas duas citações

não lhe nega a existência como Pessoa real! Pelo contrário, prova suahumildade e grandeza.

De acordo com a Lei mosaica, o testemunho de dois homensera verdadeiro para se firmar qualquer palavra ou sentença.

Dois grandes personagens, João Batista e Jesus Cristo,afirmaram ter visto o Espírito Santo em forma corpórea.

"E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu

como uma pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas oque me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele quevires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza como Espírito Santo" (Jo 1.32,33).

"E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e viu o Espíritode Deus descendo como pomba e vindo sobre ele" (Mt 3.16).

IV - Sua NaturezaA terceira Pessoa da Trindade é Espírito por natureza! Ou

seja, tal qual Ele é, tanto o seu Ser como o seu caráter, assim sãotambém o Pai e o Filho: iguais em aspecto, poder e glória. O fato deo Espírito Santo ser Deus fica provado não somente por suaidentificação com o Pai e o Filho, nas fórmulas do batismo e da

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 bênção apostólica, mas também pelos atributos divinos que possui.Em outros aspectos, o Espírito Santo é co-participante dos atos deDeus, especialmente pela sua maneira tríplice de agir, como por exemplo:

1. Na bênção das tribos"O Senhor  Deus te abençoe e te guarde: o Senhor [Jesus] faça

resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti. O Senhor [Espírito Santo] sobre ti levante o seu rosto, e te dê a paz" (Nm 6.24-26).

2. Na bênção apostólica"A graça do Senhor  Jesus Cristo, e o amor de  Deus, e acomunhão do Espírito Santo seja com vós todos" (2 Co 13.13).

3. No perdão"Ó Senhor  [Deus], ouve; ó Senhor  [Jesus],  perdoa: Ó Senhor 

[Espírito Santo], atende-nos e opera sem tardar" (Dn 9.19).

4. No louvor"E clamavam uns para com os outros, dizendo: Santo [Deus], Santo

[Jesus], Santo [Espírito Santo] é o Senhor dos Exércitos: toda a terra estácheia da sua glória" (Is 6.3).

5. No batismo

"Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo..." (Mt 28.19).

6. Nos dons"Ora há diversidade de dons, mas o  Espírito é o mesmo. E há

diversidade de ministérios, mas o Senhor  [Jesus] é o mesmo. E hádiversidade de operações, mas é o mesmo  Deus que opera tudo em todos"(1 Co 12.4-6).

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7. Na unidade da fé"Há um só...  Espírito... um só Senhor [Jesus]... um só  Deus e Pai

de todos..." (Ef 4.4,6).

8. No testemunho"Porque três são os que testificam no céu: o  Pai, a  Palavra, e o

 Espírito Santo; e estes três são um" (1 Jo 5.7).

Evidentemente, a presença do Espírito Santo é vista por toda aextensão das Escrituras, sempre agindo de comum acordo com o Pai e oFilho.

De Deus se declara: "Desde a antigüidade fundaste a terra: eos céus são obra das tuas mãos" (Sl 102.25).

De Cristo se declara: "Porque nele foram criadas todas ascoisas, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por ele e para ele" (Cl1.16).

Do Espírito Santo se declara: "Pelo seu Espírito ornou os

céus" (Jo 26.13). Os atos da criação - em separado, ainda quecompletos - da parte de cada Pessoa reúnem-se na afirmação donome de Deus [Eloim], e daí por diante. (2)

Ele é, portanto, o Espírito eterno (Hb 9.14). É onipresente (Sl139.7-10), onipotente (Lc 1.37) e onisciente (1 Co 2.10). A Ele seatribuem obras divinas: tomou parte na criação (Gn 1.2); produznovas criaturas para Jesus (Jo 3.5); ressuscitou a Jesus Cristo dentre

os mortos (Rm 1.4; 8.11).O sentido que lhe dá a palavra grega - herdada do original

hebraico - é sem igual. Pneuma, como termo psicológico, representaa sede da percepção, do sentido, da vontade, do estado da mente, ou pode ser equivalente ao ego da pessoa humana (Mc 2.8; Lc 1.47; Jo11.33; 13.21 etc). Porém, o termo  pneuma, ou vocábulo grego

2 SILVA, S. P. da. Quem É Deus. Rio de Janeiro, CPAD, 1991.

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correspondente, aparece 220 vezes no Novo Testamento. Nadamenos de 91 dessas ocorrências, em essência especial, com ou semqualificativo quanto ao caráter ou a origem, indicam o Espírito Santo.

São usados pronomes masculinos, como na indicação do Pai edo Filho, dominando, portanto, toda construção gramatical nestesentido. Isto é importante!

V - Seu RelacionamentoA atuação do Espírito Santo pode ser vista tanto em relação ao

universo físico como ao espiritual. Sua ação pode ser presenciada em

ambos os Testamentos. Entretanto, com maior impacto, o Espírito foi prometido para uma dispensação futura, a tal ponto que, nos temposdo Messias, Ele seria "derramado sobre toda a carne". (3)

1. Com o Universo"E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do

abismo; e o  Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" (Gn

1.2).Observe-se que a palavra "Deus" está no plural, e o verbo, no

singular (no hebraico, há três números: singular, dual e plural).Assim, a natureza de Deus é revelada na primeiras palavras deGênesis, como de igual modo o Filho e o Espírito Santo: umaTrindade, porém um só Deus.

O Filho aparece na "segunda" palavra da Bíblia - Ele é o

 princípio (Ap 3.14).O Pai aparece na "quarta" palavra.O Espírito Santo aparece na "trigésima-terceira" palavra, e daí

 por diante sua presença contínua e suas manifestações tópicas nasobras de Deus são presenciadas em cada acontecimento. Dessamaneira, podemos aceitar que, na criação do Universo, o Pai a propôs

3 RIGGS, R. M. O Espírito Santo, São Paulo, Vida, 1981.

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e o Filho agiu pela energia do Espírito Santo. Subentende-se, portanto, que o Espírito Santo, como Divindade inseparável em todaa criação, manifesta sua presença em todos os elementos da naturezacriada. Todas as forças da natureza são apenas evidências da presença e operação do Espírito de Deus. Toda a criação, e todo ser criado, deve sua existência e continuação às "mãos de Deus": Cristo("Nele foram criadas todas as coisas", Cl 1.16) e ao Espírito Santo("Ele criou e ornamentou a todas as coisas"; cf. Jo 26.13; 33.4; Sl104.30).

2. Com CristoO Espírito Santo desceu sobre Maria, produzindo a concepção

virginal do Filho de Deus (Mt 1.20; Lc 1.23), e é visto como aquEleque "ungiu"  Jesus de Nazaré, capacitando-o para sua missãoevangelizadora (Lc 4.18,19) e seu ministério miraculoso. Pedroafirma que Deus "ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo ecom virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos osoprimidos do diabo, porque Deus era com ele" (At 10.38). Ele veiosubstituir o Filho na missão de conduzir os homens a Deus, como suaTestemunha poderosa (Jo 15.26). É a força restauradora por meio daqual Cristo opera (Rm 8.11). Finalmente, Ele é o "Amigo Fiel" deCristo, glorificando-o por ter realizado tão sublime redenção emfavor de quem não a merecia (Jo 16.14).

3. Com a IgrejaO Espírito Santo é o único que pode regenerar a alma,

mediante seu toque transformador. Sua presença entre os salvos deveser contínua e perpétua, pois assim produz no crente fruto semelhante a natureza moral positiva de Deus (Gl 5.22,23).

O objetivo principal do fruto do Espírito no crente, bem comode todas as suas operações na alma, é transformá-lo segundo aimagem de Cristo, nos termos mais literais possíveis (2 Co 3.18). A promessa de Jesus a seus discípulos foi a presença constante do

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Espírito em suas vidas. Ele disse: "... para que [o Espírito Santo]fique convosco para sempre... porque habita convosco, e estará emvós" (Jo 14.16,17).

a. Após a ressurreição de Cristo. Depois de ressurreto, Jesusentrou numa casa para participar com seus discípulos da primeirareunião de seu ministério celestial. As portas daquele santuárioimprovisado estavam "cerradas... onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado".

Após tê-los saudado ("Paz seja convosco!"), o segundo ato doSenhor foi "soprar" sobre eles, dizendo: "Recebei o Espírito Santo"(Jo 20.19,22).

Todo salvo, segundo as Escrituras, tem o Espírito Santo comoselo da ressurreição de Cristo. Porque "se alguém não tem o Espíritode Cristo, esse tal não é dele" (Rm 8.9). E esta é a confirmaçãodivina: "Se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesushabita em vós", então, sem nenhuma dúvida, "somos filhos de Deus"(Rm 8.11,16).

Ora, o grande sucesso, tanto da igreja como do crente em particular, tem sido a presença gloriosa do Espírito Santo.

Paulo revela aos crentes de Corinto: "Não sabeis vós que soiso templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Co3.16).

b. A habitação do Espírito. Depois do processo deregeneração no pecador, o Espírito Santo passa a habitar nele, e aí permanece como Agente divino da comunicação com o Pai e o Filho.A habitação do Espírito é uma fase posterior à obra da conversão, e possibilita o crescimento da nova vida iniciada naquele que foichamado das trevas para viver na luz.

"Precisamos reconhecer sua presença permanente no templode nossos corpos. Esse reconhecimento deve tornar-se sagrado elevar-nos, sem interrupção alguma, a uma vida imaculada, livre de

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 pecado. É o segredo da experiência de seu poder, que permanentemente atua naquele que é fiel e obediente a Cristo".(4)

A comunhão com o Espírito Santo leva o crente a aspirar pelasua presença, no dizer de Paulo: "Não vos embriagueis com vinho,em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5.18).

c. A companhia do Espírito. R. M. Riggs observa que desde oseu advento, no dia de Pentecoste, em Jerusalém, e através de outrasvisitações nas congregações de Samaria (At 8), Cesaréia (At 10),Antioquia da Síria (At 13.2,4), Antioquia da Pisídia (At 13.14), Éfeso(At 19.1-7), Corinto (1 Co 12.13) e Galácia (Gl 3.2), o Espírito Santocontinua habitando pessoalmente nos crentes em Jesus - algo queCristo não poderia fazer quando andava visivelmente na terra emcarne humana, isto é, de habitar o corpo dos outros, mas o EspíritoSanto o faz agora.

d. Dirigindo nossos passos. A partir do Pentecoste, o EspíritoSanto passou a dirigir os passos da Igreja. A nova dispensação,inaugurada pela glorificação de Cristo, é chamada tanto de era doEspírito Santo como era da Igreja.

O Espírito e a Igreja em tudo agem de comum acordo. AIgreja sem o Espírito seria um corpo sem vida; e o Espírito sem aIgreja, uma força sem meio de ação. Por esta razão o Espírito e aIgreja são inseparáveis e sempre dirigidos um para o outro.

Ambos são anunciados e prometidos por Jesus durante o seuministério terreno (Mt 16.18; Jo 7.39). Depois da ressurreição denosso Senhor, os dois aparecem juntos no plano da salvação.Finalmente, o Espírito e a Igreja estão unidos na mesma espera: oadvento de Jesus Cristo (Ap 22.17).

e. No livro de Atos dos Apóstolos. O Espírito Santo rouba acena neste livro que é padrão para a Igreja, tanto no sentido

4 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.

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evangelístico como no administrativo e social. Assim como nosevangelhos a presença do Filho de Deus revelando e exaltando o Paié o fato principal, também a presença do Espírito Santo, exaltando erevêlando o Filho de Deus, preenche o campo inteiro de nossa visãoem Atos - até nossos dias.

Cumprem-se assim as palavras de Jesus aos discípulos: "Ele[o Espírito Santo] habita convosco, e estará em vós" (Jo 14.17).

4. Com o Mundo Nosso Senhor sintetizou a missão do Espírito: "E, quando ele

vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça, e do juízo" (Jo 16.8).

a. "Do pecado, porque não crêem em mim" (Jo 16.9).Existem várias interpretações sobre o poder de convencimento doEspírito Santo, sendo que as opiniões seguem mais ou menos assim:"As palavras de Jesus no versículo 9 apontam principalmente otremendo pecado da rejeição ao Messias, do qual é antes de todosacusada a incrédula comunidade judaica" (At 3.18-20; 7.7,45;15.22).

Está em foco o pecado de rejeição, porquanto a Luz veio aomundo, mas os homens a rejeitaram. Jesus "veio para o que era seu[os judeus], e os seus não o receberam" (Jo 1.11). Com a vindagloriosa do Espírito Santo, todos foram convencidos deste pecado"contra" Cristo.

Uma segunda interpretação diz respeito à poderosa atuação doEspírito na conversão do homem. O Espírito Santo opera diretamenteno coração do homem, e este se convence de que é um pecador defato a vagar sem rumo nesta vida. O Espírito, então, mostra-lhe acruz de Cristo (Ap 22.17).

b. "Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis

mais" (Jo 16.10). Temos aqui um avanço em relação a idéia anterior, pois o Espírito Santo agora não somente revela aos homens de queconsiste o pecado, convencendo-os dessa realidade, mas também de

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que consiste a justiça. Em outras palavras, o Espírito de Deusconvence os homens da justiça de Cristo.

c. "E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está

 julgado" (Jo 16.11). O senso moral correto exige que os homenssejam recompensados ou punidos. Essa prova moral baseia-se na justiça de Deus, que exige recebam a virtude e o vício as sanções quelhes são devidas: recompensa ou punição.

Aqui no mundo, as sanções da virtude e do vício sãoevidentemente insuficientes: muitas vezes o vício triunfa, enquanto avirtude é humilhada. A justiça deseja que cada um seja tratadosegundo as suas obras, e isto não pode ser feito senão por meio deCristo. O Espírito Santo, portanto, convence o mundo deste juízo por Cristo (At 17.30,31). Em síntese, o Espírito Santo convence omundo:

• Do pecado: contra o Cristo - crucificado.• Da justiça: de Cristo - glorificado.• Do juízo: por Cristo - diante do Trono Branco.Por três vezes Jesus referiu-se ao Espírito Santo como o

"Espírito de verdade" (Jo 14.17; 15.26; 16.13). Significa que oEspírito Santo é o Agente que conduz os homens a Cristo, que é aVerdade, convence os homens de que tudo o que Cristo falou eraverdade, bem como da realidade do Juízo Final, diante do TronoBranco, efetuado por Cristo ao lado do Pai.

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2. NOMES E TÍTULOS DO ESPÍRITO SANTO

I - Seus Nomes e Títulos

Vários nomes e títulos são dados ao Espírito Santo nasEscrituras, que descrevem a natureza profunda do seu Ser. O nometraduz a natureza do ser que o carrega. O título expressa sua fama ereputação.

Além dos nomes e títulos conferidos ao Espírito Santo sãotambém usados pronomes pessoais, para que a imaginação humana possa concebê-lo como realmente é.

Os escritores do Antigo e do Novo Testamento e milhões deoutras testemunhas afirmam a existência real do Espírito Santo, comosendo de fato uma Pessoa.

É impossível que milhões de pessoas tenham combinado

mentir por uma extensão de séculos. Todas elas, desde os maisremotos tempos, têm afirmado a mesma coisa: o Espírito Santoexiste, e é uma Pessoa real. Com efeito, fosse Ele uma simplesinfluência, sopro ou vento, os milhões de depoimentos se teriamdesfeito em contradições.

Ele é, como já vimos, a terceira Pessoa da SantíssimaTrindade. Em toda a extensão do Novo Testamento, que marca

exatamente a era do Espírito em sua plenitude, faz-se alusão a Ele emtermos coloquiais, como "esse" (e não isso) e "aquele" (e nãoaquilo).

Os pronomes e apelativos são largamente usados paradescrever sua existência e personalidade:

EU - "E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o EspíritoSanto: Eis que três varões te buscam. Levanta-te pois, e desce, e vai

com ele, não duvidando; porque eu os enviei" (At 10.19,20).

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ELE - "E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, eda justiça, e do juízo" (Jo 16.8).

AQUELE - "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que oPai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vosfará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (Jo 14.26).

OUTRO - "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outroConsolador, para que fique convosco para sempre" (Jo 14.16).

ESSE - "O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome,esse vos ensinará todas as coisas" (Jo 14.26).

Cada nome ou título do Espírito Santo descreve a natureza desua existência e caráter.

Alguns destes nomes e títulos descrevem a sua natureza propriamente dita; outros, a sua obra; outros ainda, sua manifestação.

O ESPÍRITO (simplesmente) - "Mas Deus no-las revelou peloseu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus" (1 Co 2.10).

O ESPÍRITO DE DEUS - "E a terra era sem forma e vazia; ehavia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se moviasobre a face das águas" (Gn 1.2).

O ESPÍRITO DO DEUS VIVO - "Porque já é manifestadoque vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não comtinta, mas com o Espírito do Deus Vivo, não em tábuas de pedra, masnas tábuas de carne do coração" (2 Co 3.3).

O ESPÍRITO DO SENHOR DEUS - "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boasnovas aos mansos: enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos" (Is61.1).

O ESPÍRITO DO SENHOR  - "E, quando saíram da água, oEspírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho" (At 8.39).

O ESPÍRITO DE VOSSO PAI - "Porque não sois vós quem

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falará, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós" (Mt 10.20).

O ESPÍRITO DE CRISTO - "Indagando que tempo ou queocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava,anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir" (1 Pe 1.11).

O ESPÍRITO DE JESUS CRISTO - "Porque sei que disto meresultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito deJesus Cristo, segundo a minha intensa expectação e esperança..." (Fl1.19,20).

O ESPÍRITO DE JESUS - "E, quando chegaram a Mísia,intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu"(At 16.7).

O ESPÍRITO DE SEU FILHO - "E, porque sois filhos, Deusenviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba,Pai" (Gl 4.6).

O ESPÍRITO DE ARDOR  - "Quando o Senhor lavar aimundícia das filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalém do meiodela, com... o Espírito de ardor... e haverá um tabernáculo parasombra contra o calor do dia" (Is 4.4,5).

O ESPIRITO DE SÚPLICAS - "E sobre a casa de Davi esobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito... desúplicas..." (Zc 12.10).

O ESPÍRITO DE ADOÇÃO - "Porque não recebestes oespírito de escravidão para outra vez estardes em temor, masrecebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba,Pai" (Rm 8.15).

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O ESPÍRITO DA PROMESSA - "Em quem também vósestais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho davossa salvação; e, tendo nele também crido, foste selado com oEspírito da promessa; o qual é o penhor da vossa herança..." (Ef 1.13,14).

O ESPÍRITO DE VIDA - "Porque a lei do Espírito de vida,em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte" (Rm 8.2).

O ESPÍRITO DE VERDADE - "Mas, quando vier oConsolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espíritode verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim" (Jo 15.26).

O ESPÍRITO DA GRAÇA - "De quanto maior castigo cuidaisvos será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver  por profano o sangue do testamento, como foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?" (Hb 10.29).

O ESPÍRITO DA GLÓRIA - "Se pelo nome de Cristo soisvituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa oEspírito da glória de Deus" (1 Pe 4.14).

O ESPÍRITO DE REVELAÇÃO - "Para que o Deus de nossoSenhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento oEspírito... de revelação; tendo iluminados os olhos do vossoentendimento..." (Ef 1.17,18).

O ESPÍRITO ETERNO - "Quanto mais o sangue de Cristo,que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes aoDeus vivo" (Hb 9.14).

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O ESPÍRITO DE SANTIFICAÇÃO - "Declarado Filho deDeus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreiçãodos mortos, Jesus Cristo Nosso Senhor" (Rm 1.4).

O ESPÍRITO SANTO - "Mas aquele Consolador, o EspíritoSanto, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas ascoisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (Jo 14.26).

Em Lucas 11.20, o Espírito Santo é chamado de O DEDO DEDEUS; em Atos 5.4, de DEUS; em Apocalipse 19.10, de ESPÍRITODE PROFECIA. Em Isaías 11.2, Ele é apresentado em sua plenitude,septiforme:

O ESPÍRITO DO SENHOR O ESPÍRITO DE SABEDORIAO ESPÍRITO DE INTELIGÊNCIAO ESPÍRITO DE CONSELHOO ESPÍRITO DE FORTALEZAO ESPÍRITO DE CONHECIMENTOO ESPÍRITO DE TEMOR DO SENHOR 

Se o Espírito Santo não fosse de fato uma pessoa, como sedariam tantos nomes a Ele? A razão natural e as luzes da fé afirmamque Ele existe!

II - Nomes que o Identificam com a TrindadeJá observamos que o nome é dado para denotar a natureza

 profunda do ser que o carrega. Assim, a criatura somente eraconhecida depois que se lhe dava o nome (Gn 2.19). No caso doEspírito Santo, encontramos vários nomes, como acabamos de expor.Entretanto, há três nomes principais que o identificam diretamente

com a Santíssima Trindade e as dimensões universais da existência:

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ESPIRITO DE DEUS ESPÍRITO DE CRISTOESPÍRITO SANTO

1. O Espírito de DeusEncontramos este nome divino no início da Bíblia, associado

diretamente à obra da criação, onde nos é dito que "o Espírito deDeus se movia sobre a face das águas" (Gn 1.2). Ele aparece comoco-participante, a "pairar" sobre o caos das águas do oceano primevo,quando tudo ainda estava mergulhado em escuridão e total desordem.

Em outras passagens das Escrituras, aparece também este

nome, ligado diretamente à criação, à renovação da terra e àregeneração da pessoa humana (Gn 6.3; 41.38; Jo 33.4; Ez 11.24; Rm8.9; 1 Co 3.16 etc). Em Jo 33.4, Eliú, um sábio oriental, associa-o àcriação do homem: "O Espírito de Deus me fez; e a inspiração doTodo-poderoso me deu vida". Em Salmos 104.30, liga-se à criaçãointeira: "Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a faceda terra". No tocante à regeneração da pessoa humana, Ele é citado

em vários elementos doutrinários das Escrituras, sempre produzindouma "nova criatura" para Cristo e seu Reino (Rm 8.2). A vida do próprio Jesus, no ventre da virgem, foi um ato miraculoso de seu poder (Mt 1.20; Lc 1.35).

2. O Espírito de CristoEste nome está relacionado à obra da redenção, que Cristo

realizou por amor de nós. Desde os tempos mais remotos, o EspíritoSanto vinha "testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir ea glória que se lhes havia de seguir" (1 Pe 1.11). Esta é uma dasrazões por que Ele é chamado O ESPÍRITO DE CRISTO. Ele acom- panhou todos os passos, atos e palavras de Cristo em sua missãodivina a favor dos homens.

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3. O Espírito SantoEste nome está diretamente relacionado à santificação das

coisas e dos seres. Tudo se santifica ou é santificado pela atuaçãogloriosa do Espírito Santo. Até a evidência central da ressurreição deCristo aconteceu "segundo o Espírito de santificação" (Rm 1.4). Estaé, portanto, a natureza do seu Ser e a extensão de sua obrasantificadora.

Ao abrirmos o Novo Testamento, encontramos o EspíritoSanto imediatamente com este nome, e daí por diante em cada seçãotópica ou celestial.

a. Como Espírito de Deus. Representando a onipotência deDeus, que tudo criou e tudo pode fazer.

b. Como Espírito de Cristo. Representando a onisciência deDeus que, com antecedência de séculos, planejou toda a obra daredenção.

c. Como Espírito Santo. Representando a onipresença do DeusSanto, que faz da santidade a condição moral necessária presente emtodo o Universo.

III - Títulos do Espírito SantoJá falamos sobre os nomes do Espírito Santo; agora, veremos

alguns de seus títulos associados, evidentemente, à sua fama ereputação.

1. O Consolador"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador..." (Jo

14.16). Há um testemunho gramatical que deve ser mencionado aqui:o uso do substantivo masculino "paracleto", empregado por Cristo ao

referir-se ao Espírito Santo.

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O próprio Jesus, durante sua vida terrena, era o Consolador dos seus discípulos, e os consolou quando estaca prestes a deixá-los, prometendo-lhes "outro Consolador" (paracleto). Tudo o que Jesusfora para os discípulos, o outro Consolador haveria de ser. Portanto,o Espírito Santo seria uma Pessoa substituindo outra.

A palavra  parakletos é antiga, usada no grego clássico, comonos escritos de Demóstenes, onde aparece com o sentido de"advogado" - alguém que pleiteia a causa de outrem -, sentido esteque passou para o grego helenista, nos escritos de Josefo, historiador  judaico do primeiro século de nossa era, e de Filo e igualmente aos papiros dos tempos dos apóstolos.

O termo deriva dos vocábulos gregos para ("para o lado de") ekaleo ("chamar", "convocar"), dando o sentido geral de "alguémchamado para ajudar ao lado de outrem".

Afirma-se que, nos tribunais romanos e gregos, os advogadosque assistiam os amigos o faziam não pela recompensa ouremuneração, mas por amor e consideração, ajudando com sábiosconselhos.

A palavra traduzida por "ajuda" é extremamente significativa.É formada por três palavras gregas - duas preposições e uma raizverbal. Uma das preposições significa "com"; a outra, "do outrolado"; e a raiz verbal quer dizer "segurar". Assim, temos: "segurar dooutro lado com".

"Em alguns momentos de provações, podemos ver alguém ao'nosso lado' e até pensamos, mesmo por uma questão de temor erespeito, que este 'alguém' seja o Pai ou o Filho, ou até mesmo umanjo da corte celestial, sem lembrarmos que é o Espírito Santo,ajudando-nos em nossas fraquezas". (5)

2. O Guia espiritualEste título é também conferido a nosso Senhor Jesus Cristo

(Mq 5.2; Mt 2.6). Aplicado ao Espírito Santo, porém, está

5 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.

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relacionado diretamente com sua missão orientadora em todos ossentidos da vida, especialmente quanto as verdades espirituais, nasquais a alma humana está fundamentada.

As pessoas, precisam de pontos de referência para suaorientação. Numa cidade, por exemplo, são pontos de referência praças, igrejas, edifícios, torres de comunicações etc. Também são pontos de referência paradas de ônibus, nomes das estações de trem emetrô e de lugares.

Todos esses meios indicam direções seguras e exatas, emqualquer lugar da Terra ou mesmo do Universo, especialmentenaquelas dimensões que o homem pode atingir. Para isso foramcriados os pontos universais de referência - os pontos cardeais,determinados com base no movimento do Sol (Igor).

Para Deus, entretanto, o conceito de orientação é bem maisamplo e valioso. E Ele, em sua infinita sabedoria, entregou estagrande missão a seu Filho, Jesus Cristo. Porém, com seu regresso aoPai, confiou-se a tarefa ao Espírito Santo. Este título, mesmo sendouma derivação de "Consolador", possui algumas significaçõesespeciais. Está ligado diretamente a uma promessa de Jesus a seusdiscípulos: "Ele [o Espírito] vos guiará em toda a verdade..."

A promessa foi confirmada logo após a ressurreição de nossoSenhor. O Espírito acompanhava a Igreja passo a passo. Paulo dizque os cristãos são guiados pelo Espírito: "Porque todos os que sãoguiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" (Rm 8.14);em Gaiatas 5.18, o apóstolo acrescenta: "Se sois guiados peloEspírito, não estais debaixo da lei". Ora, sem dúvida isto significaque quem é "guiado pelo espírito de Deus" sabe de onde veio, ondese encontra e para onde está caminhando. Porque o Espírito Santo o"guiará em toda a verdade".

3. O dedo de DeusEste título surgiu como uma expressão idiomática dos magos

egípcios, talvez Janes e Jambres (2 Tm 3.8). Eles disseram a Faraó,

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quando fracassaram na reprodução da praga dos piolhos: "Isto é odedo de Deus..." (Êx 8.19). No entanto, a expressão alcançousignificado especial quando o Senhor argumentava com os escribas efariseus sobre a atuação poderosa do Espírito de Deus em sua vida.Jesus demonstrou claramente a fonte do seu poder: "Mas, se euexpulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintementechegado a vós o reino de Deus". Na passagem paralela de Lucas11.20, Jesus diz literalmente: "Mas, se eu expulso os demônios pelodedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus".

Jesus utiliza-se nesta última passagem de uma expressãolucana, usada no Antigo Testamento para demonstrar umaintervenção direta e poderosa do Espírito de Deus (cf. Êx 8.19;Dt9.10).

4. OutroEste título, mencionado em João 14.16, significa "outro da

mesma espécie". Segundo Dods, o termo grego aqui traduzido por "outro" é allon, e não heteron, e significa que o Espírito Santo é

outro ajudador, separado e distinto de Cristo, embora da mesma"espécie", e não distinta ou separada de "ajudador". Ele é acontinuidade do Senhor Jesus em nós, igual em poder e glória,embora sob manifestação diferente.

Jesus procura consolar os discípulos, mostrando-lhes que,apesar da separação que ocorreria em breve, Ele haveria de permanecer com eles para todo o sempre, porque o seu Representante

legal desceria do Céu para estar no meio deles e com eles.(

6

)A palavra "paracleto" indica muito mais do que uma pessoacompassiva. Um verdadeiro paracleto acompanha intimamente emtodos os momentos o que consola. Na qualidade de Paracleto, oEspírito Santo está sempre disposto infundir poder, coragem,sabedoria e graça ao coração de cada salvo.

Alcançamos essa graça através da nossa comunhão com Ele.

6 Idem.

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Razão pela qual o apóstolo Paulo a recomenda a todos os santos: "Acomunhão do Espírito Santo seja com vós todos" (2 Co 13.13).

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3. FIGURAS E SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO

I - Figuras e SímbolosÉ importante estarmos familiarizados com a linguagem

gramatical das Escrituras, tendo em vista a significação correta das palavras, a forma das frases e as particularidades idiomáticas dalíngua empregada.

De igual modo devemos conhecer o que cada figura

representa, à luz do contexto lógico. A. linguagem figuía-da e certossímbolos empregados na Bíblia, quando bem apresentados, nos dãomaior segurança, intensidade e beleza na interpretação.

As figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo,são recursos especiais de que se vale quem fala ou escreve, paracomunicar-se com mais força, colorido, evidência e beleza. (7)

Deus também permitiu que certas figuras e símbolos fossem

inseridos no cânon sagrado, para melhor compreensão dedeterminadas verdades espirituais. O Espírito Santo é representado naBíblia por muitas figuras e símbolos, conforme veremos a seguir.

II - Figuras e Símbolos do Espírito SantoEstas são as figuras e símbolos do Espírito Santo nas

Escrituras: ÁGUA CHUVA RIOORVALHO VENTO ÓLEO UNÇÃO FOGO COLUNA

PENHOR SELO VINHO POMBAEvidentemente há outras, detectadas por inferência.

Entretanto, estas são as mais usadas e conhecidas dos estudiosos da

7 CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo, Companhia

Editora Nacional, 1977.

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Bíblia.

1. Água"Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra

seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes" (Is 44.3).A água encontra-se em três regiões do Universo:• na expansão dos céus (Gn 1.6-10);• sobre a face da terra (Gn 7.11);• debaixo da terra (Jo 38.30).Esta é uma figura real do Espírito Santo - Ele opera nas três

dimensões da constituição humana, produzindo a regeneração doespírito, da alma e do corpo (cf. 1 Ts 5.23). A operação miraculosado Espírito no homem produz um tipo de "lavagem da regeneração eda renovação do Espírito Santo" (Tt 3.5). Certamente era este osentido das palavras do apóstolo Paulo, ao ensinar a igreja de Corintosobre a atuação poderosa do Espírito: "Todos temos bebido de umEspírito" (1 Co 12.13). Uma outra figura, utilizada por Jesus,

compara o Espírito Santo a "rios de água viva". Em seu imortaldiscurso em Jerusalém, no último dia da festa, o Mestre convida: "Sealguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diza Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse eledo Espírito, que haviam de receber os que nele cressem..." (Jo 7.37-39).

O ato de beber do Espírito Santo fala evidentemente de algo

que mata a nossa sede espiritual. Alguns têm fome e sede de justiça(Mt 5.6); outros têm fome e sede de evangelizar os perdidos (Rm15.19,20); outros ainda têm fome e sede de uma comunhão perfeita e permanente com o Espírito (Gl 5.25). O Espírito, como fonte perene,calma e cristalina, satisfaz toda e qualquer necessidade espiritual oureverte o estado de sequidão em nossa vida. Ele é realmente a Águada vida, que "refrigera a nossa alma" nos desertos cálidos deste

mundo injusto e cruel.

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O cálice, neste caso, fala da comunhão entre o Espírito Santo eo crente que se dispõe a seguir sua orientação. Pão e água são os doiselementos essenciais à sobrevivência humana. No campo espiritualisso é ainda mais evidente: Cristo, o Pão da vida, satisfaz a nossafome espiritual (Jo 6.35); o Espírito Santo, a Água da vida, satisfaz anossa sede espiritual (Ap 22.17).

2. Chuva"E a elas [as ovelhas], e aos lugares ao redor do meu outeiro,

eu porei por bênção; e farei descer a chuva a seu tempo: chuvas de bênção serão" (Ez 34.26). Tiago, o irmão do Senhor Jesus e autor da

epístola que leva o seu nome, menciona "as primeiras chuvas eúltimas chuvas", como sendo a "chuva têmpora e serôdia", baseadona metáfora agrícola (Tg 5.7). O apóstolo sabia muito bem dessaschuvas, por experiência pessoal. Os lavradores palestinos esperavamo "precioso fruto da terra", aguardando as chuvas oportunas, tanto as primeiras (no hebraico,  yoreh ou moreh) como as últimas (nohebraico, malhos).

 Na Palestina, a estação chuvosa normalmente começa nos primeiros dias de outubro e muitas vezes se prolonga até janeiro,quando se transforma em neve. As primeiras chuvas provêemumidade à semente recém-plantada, para que possa germinar.Portanto, é sinal para a semeadura.

As últimas chuvas ocorrem em abril e maio, e são necessárias para que a semente amadureça. Este simbolismo, aplicado ao Espírito

Santo, fala da beneficência que Ele traz à Igreja como um todo e aocrente em particular. A chuva sempre foi retratada como sendo uma"bênção de Deus", que traz alegria aos corações (At 14.17).

 Na metáfora de Tiago, o simbolismo é perfeito: o EspíritoSanto desceu no dia de Pentecoste, preparando assim a terra para agrande semeadura da Palavra de Deus. Depois, no decorrer dosséculos, as últimas chuvas, ou seja, suas manifestações contínuas

neste mundo, especialmente onde a vontade de Deus é aceita, têm

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 produzido o amadurecimento e garantido uma safra de almasabundante (cf. Jo 4.35-38).

 No final, aparece o "precioso fruto da terra" como o resultadosatisfatório da chuva, da semeadura e da colheita.

• O "precioso fruto da terra" é a Igreja;• O "lavrador" é Deus. Assim interpretou Jesus: "Eu sou

a videira verdadeira, meu Pai é o lavrador" (Jo 15.1);• a "chuva têmpora" é a descida do Espírito Santo no dia

de Pentecoste (At 2.1-4);• a "chuva serôdia" refere-se a outras manifestações do

Espírito: batizando os crentes e concedendo-lhes dons (At 8.15-17;9.17; 10.44-46; 19.1-6; 1 Co 1.7; 12.1-11). E, na Igreja que se seguiu,a chuva do Espírito Santo tem continuado e continuará até o dia doarrebatamento da Igreja por Jesus Cristo (Mc 16.17 etc).

3. Rio"Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva

correrão do seu ventre" (Jo 7.38).

Logo no versículo seguinte, encontramos o significado destas palavras de Jesus: "Isto disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem".

Este deve ser também o sentido de Salmos 46.4: "Há um rio [oEspírito] cujas correntes [os dons espirituais] alegram a cidade[Igreja] de Deus, o santuário [coração] das moradas do Altíssimo".

Um rio pode surgir de uma fonte, de um lago ou do

derramamento de geleiras. O lugar onde ele nasce é chamado denascente ou cabeceira. A partir daí, o rio corre em direção a outro rio,a um lago ou mar, onde lança suas águas. O lugar onde o rio lançasuas águas chama-se foz.

Chamamos curso ao caminho percorrido por um rio entre suacabeceira e sua foz; o terreno sobre o qual as águas correm édenominado leito. As terras de um e outro lado do rio são as

margens.

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De acordo com historiadores judaicos, o último dia da festados Tabernáculos era denominado "Dia do Grande Hosana", porquese fazia um circuito, por sete vezes, em torno do altar, ao mesmotempo que todos clamavam: "Hosana!" (8)

Antes do dia final, um sacerdote trazia, em um vaso de ouro,água tirada do tanque de Siloé, e então, acompanhado por um cortejo jubiloso, seguia até o Templo. Despejava a água sobre o altar, juntamente com vinho, cerimônia esta acompanhada pelo cântico doHalel (Sl 113-118). Simbolicamente, segundo os rabinos, esta águamitigava a sede espiritual do povo.

Jesus, entretanto, mostrou àquela gente que sua missão eraoutorgar uma água eterna, que é o "derramar do Espírito Santo emcada coração". A água anunciada por Cristo não será tirada do Siloénem levada ao Templo, porque cada crente será um templo doEspírito Santo e uma fonte de vida; não meramente um único rio,mas rios, o que expressa, no pensamento geral da Bíblia, umderramamento do Espírito Santo em sua plenitude (Jl 2.28; At2.17,18; 10.45; Tt 3.5,6).

4. Orvalho"Assim pois te dê Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da

terra, e abundância de trigo e de mosto" (Gn 27.28).Encontramos, no Antigo Testamento, cerca de 34 referências

sobre o orvalho, como sendo um refrigério adicional à escassez daschuvas têmpora e serôdia. Era necessário durante o período de

estiagem, para revigoramento da erva e da relva (Dt 32.2). Tornou-seassim, um símbolo do Espírito Santo, por cair gradualmente e,algumas vezes, de maneira imperceptível nos corações humanos.Onde cai o orvalho, ali Deus ordena a bênção e a vida para sempre(Sl 133.3), trazendo prosperidade à alma sob a influência do EspíritoSanto, como gotas copiosas.

8 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado, Milenium, 1982.

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5. Vento"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes

donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido doEspírito (Jo 3.8). Os ventos sempre trazem consigo as características

dos lugares de onde vêm. Assim podemos descobrir, através de nossosistema sensível, os ventos quentes e os frios, os úmidos e os secos.Para sabermos se estamos caminhando em direção a terra ou emdireção ao mar, basta parar um pouco ao cair da noite e analisar adireção do vento.

Os ventos mais importantes para esse tipo de orientação são osalísios. Os ventos alísios são carregados de umidade, pois vêm dos

oceanos. Pela madrugada, as brisas continentais (ventos que sopramda terra para o mar) tornam-se mais essenciais para orientação.Assim, é fácil saber se as brisas estão soprando para o mar ou para aterra.

A pressão depende da temperatura, e os ventos, dos diferentesníveis de pressão. Assim, de madrugada a terra está mais "fria" que aágua, o que significa maior pressão atmosférica sobre a terra. Por 

isso, o vento sopra do continente para a água. À tarde, ou ao cair danoite, a água está menos quente que a terra, o que quer dizer maior  pressão do ar sobre a água.

Assim o diz a ciência, e assim acontece com o soprar doEspírito Santo em nossas vidas.

Se Ele sopra "suave", está indicando a direção traçada por Deus a favor de seus filhos, numa rota onde a calma e a tranqüilidade

nos esperam (cf. Gn 8.1).Se Ele sopra "veemente e impetuoso", como no dia dePentecoste, é sinal evidente de sua presença com manifestações de poder (At 2.1-4; Hb 2.4).

Se Ele sopra apenas com "gemidos inexprimíveis", está nosalertando de perigos iminentes (cf. Rm 8.26; Hb 3.7,8).

Esses movimentos do Espírito Santo são completamente

desconhecidos para o pecador. Por isso Jesus instruiu Nicodemos,

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um mestre do primeiro século de nossa era, acerca do "movimento" produzido pelo Espírito Santo neste mundo.

Então o Mestre disse: "O vento assopra onde quer, e ouves asua voz; mas não sabes [Nicodemos é que não sabia] donde vem,nem para onde vai". Assim, Nicodemos não sabia também domovimento operado pelo Espírito Santo, que produz a regeneraçãodo homem, porque isso se "discerne espiritualmente" (Jo 3.8; 1 Co2.14).

6. Óleo"Amaste a justiça e aborreceste a iniqüidade; por isso, Deus, o

teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teuscompanheiros" (Hb 1.9). Na Bíblia, o azeite da unção era usado somente para

consagração de pessoas de grande poder, tais como reis (1 Sm 10.1;16.13), sacerdotes (Lv 8.30) e profetas (1 Rs 19.16; Is 61.1).Também eram ungidos com óleo os escudos dos ilustres guerreiros,numa demonstração de honra (2 Sm 1.21; Is 21.5).

O tabernáculo e seus móveis foram também ungidos (Êx30.22-33), e os enfermos eram muitas vezes ungidos com azeite, paraque sua fé aumentasse e seus pecados fossem perdoados (Mc 6.13;Tg 5.14,15). Mas parece que o óleo usado na unção dos enfermos nãoera o mesmo da "santa unção" (cf. Êx 30.31,32). Neste caso, a unçãode homens e coisas não podia ser feita com qualquer tipo de óleo, esim com um óleo especial chamado "azeite da santa unção" (Êx

30.31).Metaforicamente, é chamado "óleo fresco" (Sl 92.10), "óleo precioso" (Sl 133.2), "excelente óleo" (Am 6.6), "óleo de alegria" (Sl45.7). O óleo, portanto, tomado neste sentido simboliza o EspíritoSanto como "unção especial" para os salvos em Cristo - que quer dizer também "ungido". Em Atos 10.38, o Espírito Santo é retratadocomo aquEle que consagrou a Cristo com este tipo de unção especial:

"Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com

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virtude; o qual andou fazendo o bem, e curando a todos os oprimidosdo diabo, porque Deus era com ele". E, em 1 Coríntios 1.21, Pauloafirma que quem nos capacitou para o desempenho de nossa missãofoi Deus. "O que nos ungiu é Deus", disse o apóstolo. O EspíritoSanto, de fato, é a unção de Deus em nossas vidas, tanto paraaprender como para ensinar (Lc 4.18,19; 1 Jo 2.20,27). Sempre quealguém era ungido com óleo, as pessoas ao redor mantinham respeitoe reverência. Era expressamente proibido por Deus tocar em alguémque tivesse recebido a unção com óleo (2 Sm 1.21). O Espírito Santo, portanto, torna-se nosso protetor, a garantia de que as forças do malnão nos tocarão.

7. Unção"E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo... e a unção que

vós recebestes dele, fica em vós..." (1 Jo 2.20,27).Já tivemos a oportunidade de analisar o óleo como símbolo do

Espírito Santo. Agora, estudaremos este outro símbolo, que,evidentemente, alude à operação e influência do Espírito Santo na

vida dos crentes, ensinando as verdades mais profundas da Bíblia, aomesmo tempo que dá a interpretação e significação de cada palavranela inserida.

A unção desempenha grande papel na vida física das raçasorientais, tal como o orvalho faz reviver a verdura das colinas. Assimtambém a influência curadora e suavizante do Espírito Santo sopradasobre os filhos de Deus, nos "guiando em toda a verdade" e

ensinando "todas as coisas" concernentes a Deus e sua Palavra".

8. Fogo"E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arre-

 pendimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do queeu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com oEspírito Santo e com fogo" (Mt 3.11). O fogo é sinal da presença de

Deus.

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As manifestações de Deus algumas vezes faziam-seacompanhar pelo fogo (Êx 3.2; 13.21,22; 19.18; Dt 4.11), que tantorepresenta sua presença como sua glória (Ez 1.4,13), sua proteção (2Rs 6.17), sua santidade (Dt4.24), seus juízos (Zc 13.9), sua ira (Is66.15,16) e, finalmente, o Espírito Santo (Mt 3.11; At 2.3; Ap 4.5).

 No Antigo Testamento, a ordem divina era conservar o fogoaceso diuturnamente: "O fogo arderá continuamente sobre o altar;não se apagará" (Lv 6.13) - sinal evidente da presença de Deus nomeio do seu povo.

 No Novo Testamento, a ordem divina é a mesma: "Nãoextingais o Espírito" (1 Ts 5.19). Numa outra tradução: "Nãoapagueis o Espírito". Em outras palavras, Paulo quer dizer que achama do Pentecoste "deve arder em nossos corações todos os dias,até a consumação dos séculos".

9. Coluna"E o Senhor ia diante deles, de dia numa coluna de nuvem,

 para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os

alumiar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou dediante da face do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna defogo, de noite" (Êx 13.21,22).

A coluna, seja como símbolo religioso, marco ou monumento,traz sempre a idéia de firmeza. Paulo, por exemplo, valeu-se dessafigura para representar a Igreja: "Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa; mas, se tardar, para que saibais como convém

andar na casa de Deus, que é a igreja de Deus vivo, a coluna e afirmeza da verdade" (1 Tm 3.14,15).Como símbolo do Espírito Santo, a coluna fala da força

espiritual mediante a qual a alma será eternamente abençoada, e,sendo de natureza divina como aquela que acompanhou o povo deDeus no deserto, serve de proteção, iluminação e orientação. OEspírito Santo é tudo isso e muito mais, com relação à Igreja. Ele foi

 posto por Deus no edifício espiritual de Cristo, que é sua Igreja, para

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segurança, ornamentação e beleza. A nuvem da glória de Deus, emdado momento, quando Israel estava em extremo perigo, "se retiroude diante deles, e se pôs atrás deles... e a nuvem era escuridade paraaqueles, e para estes esclarecia a noite: de maneira que em toda anoite não chegou um ao outro" (Êx 14.19,20). Podemos observar nesta passagem a ação imediata de Deus, mudando de posição acoluna que guiava o seu povo, retirando a nuvem de "diante" deles e pondo-a "atrás" deles.

A manobra divina deu versatilidade à nuvem: "... eraescuridade para aqueles [os egípcios], e para estes [os israelitas]esclarecia a noite". O Espírito Santo também assumiu a posição de"divisor" da santidade que separa a Igreja do mundo, de tal maneiraque durante toda a trajetória da Igreja nesta Terra, "não chegou umao outro".

A coluna de nuvem acompanhou Israel através do deserto eum dia desapareceu na fronteira de Canaã, ao atingirem a margemoriental do Jordão. O povo foi, então, orientado a espalhar-se emvolta da arca da aliança, num raio de 914 metros, para contemplar mais facilmente o símbolo guia da glória de Deus flutuando nos om- bros dos sacerdotes. Agora, o povo não seguia mais a coluna denuvem (ela havia desaparecido!), e sim a arca da aliança do Senhor.Assim também acontecerá com o Espírito Santo, no dia doarrebatamento da Igreja. Ele terá cumprido sua missão, entregando a Noiva nos braços de Cristo - a Arca divina. Cristo, então, a conduziráà sala do banquete nupcial (Ct 2.4; Mt 25.6,10).

10. Penhor"Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual

nos deu também o penhor do Espírito" (2 Co 5.5).O vocábulo "penhor", do grego arrabon, significa "primeira

 prestação", "depósito", "garantia". Indica o pagamento de parte do preço total da compra. Esta "primeira prestação" recebida é aregeneração. O valor total será complementado com os pagamentos

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intermediários - a santificação - e o pagamento final - a redenção donosso corpo (cf. Rm 1.4; 8.23; Tt 3.5). O Espírito Santo que,mediante a Palavra de Deus e por todos os meios da graça, noscapacita a atingir a glória eterna, transformando-nos "de glória emglória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Co3.18), é evidentemente a nossa garantia.

11. Selo"O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em

nossos corações" (2 Co 1.22).O uso mais comum do selo, na antigüidade, era na

autenticação de documentos, cartas, títulos de propriedade e recibosde mercadoria ou dinheiro.

Após deixar a mensagem em escrita cuneiforme, o escriba pedia que o remetente e as testemunhas removessem de seus pescoços os próprios selos cilíndricos, que eram rolados sobre aargila ainda mole, servindo de assinatura. As leis romanas, por exemplo, somente aceitavam um testemunho se estivesse selado com"sete selos" e confirmado por "sete testemunhas". (9)

 Nas Escrituras, o selo traduz vários significados e aplicações:GARANTIA (Gn 38.18)JURAMENTO (Jr 22.24)CONFIRMAÇÃO (Jo 6.27)JUSTIÇA E FÉ (Rm 4.11)AUTENTICIDADE (1 Co 9.2)FUNDAMENTO (2 Tm 2.19)SEGURANÇA (Mt 27.66; Ap 20.3)IRREVOGABILIDADE (Et 8.8; Dn 6.17)PROMESSA (Ef 1.13)REDENÇÃO (Ef 4.30)MISTÉRIO (Ap5.1)VIDA (Ap 7.2)

9 Silva, S. P. da. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro, CPAD, 1995.

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PRESERVAÇÃO (Ap 9.4)O selo, como figura do Espírito, traduz para a Igreja todas as

vantagens mencionadas acima e muito mais. O Espírito Santo sela aIgreja (Ct 4.12), a lei do Senhor (Is 8.16), o coração (Ct 8.6), a visãoe a profecia (Dn 9.24) e os crentes para o dia da redenção (2 Co 1.22;Ef 1.13; 4.30; 2 Tm 2.19). Fomos selados com o selo da promessa,que nos dá a garantia de pertencermos somente a Deus.

12. Vinho"E o vinho que alegra o coração do homem, e faz reluzir o seu

rosto como o azeite, e o pão que fortalece o seu coração" (Sl 104.15).

Esta figura do Espírito Santo é pouco usada pelos escritores.Entretanto, sem dúvida alguma, também se reveste de significaçãoespecial.

Para o povo hebreu, o vinho e a vinha são usados pararepresentar a prosperidade e a bênção. Possuir uma vinha prósperaera sinal evidente do favor divino. Também era considerada umadádiva de Deus ao homem: "E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale

de Açor, por porta de esperança: e ali cantará como no dia damocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egito" (Os 2.15).Jesus afirmou ser "a videira verdadeira", e comparou o Pai,

Senhor dos homens e Deus do Universo, a um proprietário de vinha(Jo 15.1). O fruto da vide, que é o vinho, ilustra a alegria que existeentre os salvos; o cálice fala da comunhão que temos, promovida pelo Espírito Santo "derramado em nossos corações". Paulo cita-a

como "a comunhão do Espírito Santo" (2 Co 13.13). No dia de Pentecoste, em Jerusalém, as pessoas de foraacharam que os discípulos estavam "cheios de vinho" (At 2.13).Pedro, então, explicou-lhes que aquilo era alegria do Espírito Santo.Em outras palavras, eles não estavam embriagados com vinho, mascheios do Espírito Santo!

13. Pomba

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"E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, comouma pomba; e ouviu-se uma voz do céu que dizia: Tu és meu filhoamado, em ti me tenho comprazido" (Lc 3.22).

Dificilmente tal simbolismo seria associado a João Batista. Eleera um profeta de grande poder. Sua mensagem produzia sempre ochoro, e não o riso. Era mesmo uma mensagem de arrependimento.Suas palavras, de fato, faziam doer: víboras, pedras, machado, pá,fogo, deserto, ira, fuga etc.

De outro lado, porém, João Batista era meigo e cheio decompaixão. Era "cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de suamãe" (Lc 1.15); entretanto, sobre ele repousava a unção divina emsua plenitude.

João Batista viu o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre Jesus (Jo 1.32). Manso, terno, puro e inofensivo comouma pomba: assim Ele é. Como pomba, o Espírito Santo pode ser assustado ou entristecido (Ef 4.30). E, como a pomba é o símbolouniversal da paz, também o Espírito Santo promove a paz noscorações dos homens.

Dizem os naturalistas que a pomba não tem fel. Assimtambém o Espírito Santo - nEle não existe amargura!

Alguns intérpretes opinam que o Espírito foi representado naforma "corpórea" de uma pomba pelos seguintes motivos:

a. Sua ternura e apego ao homem. Que mostra como Deusencaminha pacientemente os homens à realização de sua potencialidade espiritual.

b. Sua gentileza. Deus trata conosco de modo positivo ecompleto, embora com grande gentileza.

c. Seu vôo gentil e a ternura para com os filhotes. O EspíritoSanto é benigno - sempre.

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d. Pelas virtudes singulares que representa. Por exemplo, a pureza e a inocência. Nos escritos judaicos, quan do o Espírito Santoaparece "pairando" sobre a face das águas é expressamentecomparado a uma pomba. Simboliza a natureza calorosa erevivificadora da terceira Pessoa da Santíssima Trindade (Gn 1.2).

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4. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

I - O que É o Batismo com o Espírito Santo"Mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito

depois destes dias" (At 1.5).O batismo com o Espírito Santo não é uma bênção exclusiva

de grupos pentecostais ou carismáticos, como alguns têm defendido eensinado, "porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e

a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, cha-mar" (At 2.39). A universalidade da promessa do batismo com oEspírito Santo é aqui reiterada, enriquecida e aprofundada para outras pessoas que ainda "estavam lon-ge".

A promessa do Pai, feita a Jesus, cobriria o tempo e o espaço.Ela "diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: atantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar". Estas palavras,

 proferidas pelo apóstolo Pedro no dia de Pentecoste, mostram aabrangência da promessa:• O batismo com o Espírito Santo seria para a geração dos

 primórdios da Igreja ("... a vós").• O batismo com o Espírito Santo seria também para a

geração de crentes e pregadores que viria depois ("... a vossosfilhos").

• O batismo com o Espírito Santo seria também outor-gado aos que estavam distantes, geográfica e cronologicamente ("... atodos os que estão longe").

• O batismo com o Espírito Santo poderia ser desfrutado por todos os que cressem e obuscassem ("... a tantos quantos Deus,nosso Senhor, chamar").

Idêntica promessa faz Jesus, em Marcos 16.17, quando se

despede dos discípulos: "Este sinais seguirão aos que crerem...

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falarão novas línguas". Esta gloriosa promessa foi imediatamentecumprida no dia de Pentecoste (At 2.1-4) e pelos séculos que seseguiram. Até hoje, homens e mulheres de todas as nacionalidadestêm experimentado e testemunhado a mesma coisa.

Jesus continua batizando com o Espírito Santo em todas as partes do mundo onde sua vontade é aceita. Ele "é o mesmo ontem, ehoje, e eternamente" (Hb 13.8); e, de igual modo, "o Espírito é omesmo" (1 Co 12.4,8,9,11).

II - A Finalidade do Batismo com o Espírito

SantoO glorioso revestimento de poder pelo batismo com o EspíritoSanto tem várias finalidades e aplicações:

• Traz ao crente um revestimento de poder sobrenatural.Jesus prometeu: "Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que doalto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49).

• Faz do crente uma testemunha poderosa do Evangelho:

"Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós;e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéiae Samaria e até aos confins da terra" (At 1.8).

• Traz aos crentes uma espécie de "unção universal"entre os filhos de Deus, unindo-os em um só corpo. Paulo afirma:"Há um só corpo e um só Espírito" (Ef 4.4). A operação miraculosado Espírito Santo na vida da Igreja derruba todas as barreiras e

 preconceitos nacionalistas.Em Romanos 6.2-4, Paulo revela que todos nós fomos

batizados na morte de Cristo e  sepultados com ele pelo batismo namorte, e que através de sua ressurreição andamos em "novidade devida". E reafirma, em 1 Coríntios 12.13: "Pois todos nós fomosbatizados em um mesmo Espírito, formando um corpo..."

Este batismo é uma ação poderosa que produz a união entre

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todos os homens, formando assim "um só corpo", quer sejam judeus,gregos, servos ou livres. Antes desta operação gloriosa do Espírito,os homens eram classificados por raças e categorias: bárbaros, pecadores, publicanos, meretrizes, judeus, gregos, romanos,saduceus, fariseus, herodianos, citas, samaritanos, da circuncisão,incircuncisos, escravos, livres etc.

O Espírito Santo, através desta "imersão" purificadora, torna oCristianismo superior a qualquer filosofia ou religião que separe as pessoas por nacionalismo ou tradição secular.

III - A Promessa do PaiPromessa é uma espécie de encontro com o futuro, e

usualmente envolve um "doador"e um "receptor". Neste sentido,encontramos promessas por toda a Escritura.

1. Jesus lembra a promessa do Pai"E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai,

 porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49).

O livro de Atos mostra a vinda do Consolador como "a promessa do Pai": "Determinou-lhes que não se ausentassem deJerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) demim ouvistes" (1.4).

A promessa, portanto, seria o derramamento do Espírito

Santo, no dia de Pentecoste. Mais adiante, no mesmo livro, Pedrorevela que a promessa do Espírito Santo seguiria por gerações futuras(2.39).

Certamente o maior desejo de Jesus, ao chegar junto do Pai,nos Céus, era ver a gloriosa manifestação do Espírito na vida de seusseguidores aqui na Terra. Pois Ele prometera: Eu rogarei ao Pai, e elevos dará outro Consolador" (Jo 14.16).

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Cremos que foi esta a primeira oração do Filho ao assentar-seà destra do Pai, depois de cumprida sua missão na Terra.

2. O cumprimento da promessa

A promessa do batismo com o Espírito Santo é afirmada setevezes no Novo Testamento (Mt 3.11,12; Mc 1.7,8; Lc 3.16,17; Jo1.33; At 1.5; 11.16; cf. Jo 16.7,8,13). Destas, quatro saíram doslábios de João Batista, sempre com as palavras: "Ele [Jesus] vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11).

E eis aqui o seu cumprimento: "Cumprindo-se o dia dePentecoste, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e, de repente,

veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, eencheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobrecada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começarama falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concediaque falassem" (At 2.1-4).

Encontramos, no Novo Testamento, quatro vezes os cristãos

reunidos no domingo (Jo 20.19,26; At 2.1; 20.7). Na terceira vez,cinqüenta dias depois do sábado da Páscoa, deu-se a prometidadescida do Espírito Santo. Os discípulos eram já cristãos, mas agorasão constituídos em "um corpo" (1 Co 12.13) - a Igreja cristã em suaforma exata.

IV - Três Formas de BatismoHá pelo menos três maneiras de o Espírito Santo batizar oscrentes, embora o batismo seja um só e em cada uma dessasmanifestações tenha ocorrido a evidência das línguas estranhas.

Encontramos a primeira em Atos 2.2-4, onde o Espíritoirrompe do Céu "de repente" como "um vento veemente eimpetuoso", e, sem nenhuma intervenção humana ou dramatização

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 para estimular a fé, batiza a todos os que estão assentados.A segunda, em Atos 8.15-18; 9.17,18 e 19.6, onde o batismo

se dá através da imposição de mãos, em Samaria, Damasco e Éfeso.A terceira, em Atos 10.44, na casa do centurião Cornélio: "E,

dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todosos que ouviam a palavra".

 No primeiro caso, o batismo aconteceu automaticamente; nosegundo, pela imposição das mãos e no terceiro, pelo supremo poder da Palavra.

V - A Aceitação UniversalTodos os cristãos de todas as denominações, especialmente as

verdadeiramente evangélicas, aceitam sem restrições a doutrina do batismo com o Espírito Santo. Concordam também sobre o fato deser o Espírito Santo uma pessoa real, e não uma simples influência.

As dificuldades surgem no tocante à maneira como Jesus batiza com o Espírito Santo e aos sinais evidentes deste batismo.

Alguns o confundem com a regeneração ou o novonascimento. Outros, como sendo o "batismo da alma com vista aomundo dos mortos". Jesus falou de "um certo batismo" (Lc 12.50), ealguém entende que seja este.

Outros ainda acham que no momento da salvação a pessoarecebe automaticamente o batismo com o Espírito Santo. Talvez baseado nas palavras de Paulo, em 1 Coríntios 12.13: "Todos nós

fomos batizados em um Espírito, formando um corpo".Há inúmeras outras explicações que não se coadunam com oargumento principal das Escrituras, razão por que não asmencionamos aqui.

O batismo com o Espírito Santo é um poder especial que vemde Deus e enche todo o nosso ser. A esta ação divina, segue-se o quechamamos "transbordamento", quando a nossa língua é totalmente

dominada pelo poder de Deus e começamos a falar "noutras línguas,

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conforme o Espírito Santo" autoriza que falemos. Não um idiomanosso - a não ser que Deus, diante de necessidades prementes, assimo queira - mas sim uma língua totalmente espiritual. É glorioso!

VI - Frases Usadas na Bíblia e pelos Crentes Na Bíblia, especialmente no Novo Testamento, várias frases e

expressões descrevem o batismo com o Espírito Santo. Algunsescritores opinam ser a expressão mais exata "batismo no [ou em o]Espírito Santo", o que daria a idéia de alguém ser "mergulhado" nEle(o Espírito Santo é às vezes representado por um rio, ou rios; cf. Sl

46.4; Jo 7.37-39; 1 Co 12.13).Porém, entendo ser mais adequada a expressão "batismo como Espírito Santo". Somente podemos mergulhar em algo que seencontre abaixo de nós. No batismo com o Espírito Santo, é Ele quevem sobre o crente, e não o contrário. Além do mais, é o que apareceem nossas traduções. Em muitas ocasiões, mesmo no AntigoTestamento, o Espírito de Deus vinha sobre alguém (Jz 3.10; 11.29;

14.6,19; 15.14; 1 Sm 10.10; 16.13 etc). No Novo Testamento,continuou descendo sobre os santos (cf. Lc 1.35ss). Muitas outrasexpressões descrevem batismo com o Espírito Santo:

• "... derramarei o meu Espírito sobre toda a carne" (Jl2.28);

• "... derramarei o Espírito de graça e de súplicas" (Zc12.10);

• "... ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo"(Mt 3.11);• "... falarão novas línguas" (Mc 16.17);• "... revestidos de poder" (Lc 24.49);• "... o Consolador... virá a vós" (Jo 16.7);• "... a promessa do Pai" (At 1.4);• "... recebereis a virtude do Espírito Santo" (At 1.8);

• "... todos foram cheios do Espírito Santo" (At 2.4);

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• "... o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lheobedecem" (At 5.32);

• "... era dado o Espírito Santo" (At 8.18);• "... caiu o Espírito Santo" (At 10.44);• "Recebestes vós já o Espírito Santo..." (At 19.2).

Outras expressões são usadas pelo povo de Deus:• "O Espírito Santo veio sobre ele(a)" (Mt 3.16);• "O Espírito Santo repousou sobre ele(a) (Jo 1.33);• "Foi selado com o selo da promessa" (Jo 6.27; 2 Co

1.22; Ef 1.13; 4.30);• "Foi ungido com o Espírito Santo" (At 10.38; 1 Jo

2.27); • "Caiu o Espírito Santo sobre todos" (At 10.44);• "Deus lhes deu o mesmo dom que a nós" (At 11.17);• "Houve um derramamento" (At 2.33).

VII - Cinco Manifestações Distintas

Alguém já denominou o livro de Atos como "Atos do EspíritoSanto", porque a presença do Espírito é marcante e gloriosa, batizando, operando milagres e orientando pregadores e crentes emgeral.

Encontramos nesse livro cinco manifestações do batismo como Espírito Santo. Ele é citado textualmente nas seguintes passagens:1.2,5,8,16; 2.2,4,17,18,33,38; 4.8,31; 5.3,9; 6.3,5; 7.51,55;

8.15,17,18,19,29,39; 9.17,31; 10.19,38,44,45,47; 11.12,15,24;13.2,4,9,52; 15.8; 16.6,7; 19.2,6; 20.23,28; 21.4,11; 28.25. Em 11capítulos, seu nome está ausente (capítulos 3,12,14,17,18,22,23,24,25,26,27); entretanto sua presença é sentida em cada um deles, pelosmilagres realizados.

Das cinco manifestações de batismo, pelo menos quatroaconteceram em cidades consideradas gentias pelos judeus: Samaria,

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Damasco, Cesaréia e Éfeso.

1. Em Jerusalém"E, de repente, veio do céu um som, como de um vento

veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavamassentados. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram afalar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia quefalassem" (At 2.2,4).

2. Em Samaria"Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que

Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João,os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem oEspírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, massomente eram batizados em nome do Senhor Jesus.) Então, lhesimpuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo" (At 8.14-18).

3. Em Damasco

"E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos,disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio doEspírito Santo" (At 9.17).

4. Em Cesaréia"E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo

sobre todos os que ouviam a palavra" (At 10.44).

5. Em Éfeso"Disse-lhes [Paulo]: Recebestes vós já o Espírito Santo

quando crestes? E eles disseram-lhes: Nós nem ainda ouvimos quehaja Espírito Santo. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles oEspírito Santo, e falavam línguas e profetizavam" (At 19.2,6).

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 Não devemos pensar que depois dessas manifestações oEspírito Santo parou de batizar os cristãos. Pelo contrário, Elecontinuou (e continua) batizando.

A bênção do batismo é distinta do novo nascimento (Jo3.3,5,6,8). Todo crente fiel tem o Espírito Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo. Os discípulos de Cristo já tinham oEspírito Santo antes do Pentecoste (Jo 20.22). Entretanto, somentedepois do Pentecoste é que foram batizados.

Jesus quer batizar a todos! Basta que pecamos e confiemos na promessa do Pai: "Porque qualquer  que pede recebe. Pois, se vós,sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto maisdará o Pai celestial o Espírito Santo aqueles que lho pedirem?" (Lc11.10,13). Jamais devemos nos aproximar de Deus pensando quesomos merecedores de tão grande bênção. Deus não nos abençoa por aquilo que merecemos, e sim pelo que precisamos. Todos somoscarentes de Deus, que "segundo as suas riquezas, suprirá" as nossasnecessidades (Fp 4.19), inclusive a do batismo com o Espírito Santo.

Em cada uma das ocasiões mencionadas acima, houve sinaisexternos da manifestação do Espírito. Em Jerusalém, ouviu-se um"som como de um vento veemente e impetuoso" e as "línguasrepartidas como que de fogo" acompanharam a descida oficial doEspírito Santo.

O fenômeno foi tão intenso que os discípulos ali reunidos nãosomente ouviram e sentiram, mas chegaram a ver as próprias línguas(v. 3).

"O vento e o fogo precederam a plenitude dos discípulos; odom de línguas, entretanto, veio como resultado da plenitude. Ovento e o fogo jamais se repartiram em outras ocasiões, mas o domde línguas sempre estava presente em cada ocasião".

O segundo episódio marcou a presença de Pedro e João nacidade de Samaria, e a evidência externa foi o dom de línguas. Omago Simão percebeu e até desejou reproduzir os efeitosextraordinários da imposição de mãos dos apóstolos. Schaff declara:

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"Os dons do Espírito Santo eram claramente visíveis. A imposiçãodas mãos dos apóstolos conferia alguma coisa mais do que a graçaespiritual interior; os dons milagrosos externos de uma outra espécieeram claramente concedidos". (10)

Os samaritanos haviam sido convertidos a Cristo pela poderosa mensagem de Filipe, o evangelista, mas ainda lhes faltava odom do Espírito Santo. Agora, porém, com a presença de Pedro e deJoão, o batismo fez-se acompanhar de efeitos externos. Ossamaritanos provaram o dom celestial.

Em Damasco, na casa de Judas, após a conversão de Saulo,chega um discípulo chamado Ananias, o qual entrando na casa disse:"Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por ondevinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do EspíritoSanto".

A missão deste discípulo até então oculto, mas cheio de poder,era realizar três coisas que seriam de extrema importância na vida deSaulo:

• impor-lhe as mãos para curá-lo;• num ato semelhante, fazer com que o Espírito Santo o

 batizasse;• torná-lo membro do corpo visível de Cristo, que é a sua

Igreja, pelo batismo nas águas. No quarto episódio, na cidade de Cesaréia, Pedro se

encontrava na casa de "um certo Simão, curtidor" (At 10.6), quandofoi divinamente orientado a ir à casa de Cornélio, a fim de que este,através da pregação do apóstolo, fosse salvo. Deus agiu assim paraquebrar uma tradição separatista entre judeus e gentios.

Os judeus da circuncisão, mesmo convertidos ao Cristianismo,não aceitavam a salvação dos gentios. Há séculos os judeus repetemum provérbio: "O Espírito Santo jamais repousa sobre um pagão".Era tal a discordância entre os judeus a respeito deste ponto, que foinecessário um concilio, em Jerusalém, para resolver a questão (At

10 RIGGS, R. M. O Espírito Santo. São Paulo, Vida. 1981.

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11.1-3; 15.1-29).Quantos, em nossos dias, incorrem no mesmo equívoco

daqueles irmãos primitivos que recusavam ou punham ressalvas àadmissão dos gentios na igreja! Entre aqueles estava Pedro.

Os saduceus entraram em choque com Cristo porque suadoutrina contrariava em muito os ensinos deles, que eram céticosquanto ao mundo superior. Não aceitavam as personalidades domundo espiritual. Para eles, "não há ressurreição, nem anjo, nemespírito" (At 23.8). Jesus discerniu muito bem a situação do grupo:"Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" (Mt22.29).

Em nossos dias, vemos pessoas bem intencionadascontestando certas operações do Espírito Santo. Interpretam a Bíbliaunicamente pela lógica, deixando de lado a operação divina mediantea fé consumada por nosso Senhor Jesus Cristo.

A lógica sempre questiona; a fé sempre aceita. Não estamosnegando o valor da lógica. Nossa vontade orienta-se por si mesma,em virtude de uma espécie de lógica imanente, na direção do Bemabsoluto e do Ser necessário. Em outras palavras, em direção a Deus,fim último, no qual nosso coração pode encontrar a paz desejada e aalegria perfeita. Entretanto, pelo caminho da lógica o processo élento, enquanto que os passos da fé são rápidos. Num momento,através de uma operação sobrenatural do Espírito, pode-se atingir omais elevado grau de santidade e aquela perfeição ensinada por Cristo e aspirada por nossas almas.

Cremos que essa repentina manifestação do Espírito Santosobre os gentios incircuncisos era necessária, para convencer a Pedroe aos seus irmãos da circuncisão de que Deus abriria largamente a porta para os gentios. Serviu como prova da chegada de umPentecoste gentílico, e Pedro se utilizou eficazmente do fato, em suadefesa, em Jerusalém. (11)

Gentios, convertidos da casa de Cornélio, adquiriram novos

11 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.

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corações e novas línguas; e, tendo crido de todo o coração na justiçade Deus, suas línguas confessavam a salvação; e Deus foi glorificadona misericórdia que demonstrou.

 No quinto e último episódio, o Espírito Santo batizoudiscípulos de Cristo na cidade de Éfeso. O apóstolo Paulo, após umalonga caminhada pelas "regiões superiores", chegou à capital da província romana da Ásia Menor (hoje parte da Turquia Asiática),uma das três maiores cidades do litoral leste do mar Mediterrâneo (asoutras eram Antioquia da Síria e Alexandria). Após o grande mestreter orado ali com um grupo de 12 homens, eles "falavam línguas e profetizavam" (At 19.6).

O Dr. D. D. Whedom declara: "Temos em Samaria, como emCesaréia e em Éfeso, um Pentecoste em miniatura, no qual parece ter lugar uma nova inauguração, pela repetição da mesma efusãocarismática". Para nós, porém, isso não somente significa uma "novainauguração", mas uma "continuação" da promessa de Deus a seuFilho.

Em cinco casos de batismo com o Espírito Santo, quatro (istoé, em Jerusalém, Samaria, Cesaréia e Éfeso) tiveram como resultadoimediato e evidência externa o falar em línguas (At 2.3,4; 8.17,18;10.44-46; 19.6).

Alguém escreveu: "A despeito de frenéticos esforços dealguns para provar o contrário, a declaração clara e evidente da palavra é que todos receberam o dom de línguas do Espírito Santo".E: "O registro do recebimento do batismo com o Espírito Santo pelossamaritanos indica fortemente a presença das línguas, que todo estu-dioso da Bíblia sem preconceito está certo de que elas forammanifestadas lá também".

O sinal evidente do batismo com o Espírito Santo é o falar emlínguas. Quando assim não acontece, passa a existir a dúvida - o quenão é bom.

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5. OS DONS ESPIRITUAIS

I - Os Dons do Espírito SantoA discussão acerca dos dons espirituais, na igreja em Corinto,

girava em torno de pelo menos quatro questões, para aqueles crentesainda desconhecidas - pelo menos em parte:

• o que eram os dons espirituais;• os nomes dos dons - tecnicamente relacionados;

• a finalidade dos dons na igreja;• o uso correto dos dons, para que a igreja fosseedificada.

Parece que não faltava aos coríntios "dons ministeriais" e"dons auxiliares". O grande apóstolo faz uma ligeira introdução,lembrando aos coríntios que eles eram gentios levados aos ídolosmudos. E, no versículo seguinte, mostra-lhes a Trindade (1 Co

12.2,3).Em seguida, descreve os dons espirituais, mostrando suafinalidade e uso correto. Os coríntios haviam atingido um elevadograu de saber. Era o tempo em que se falava: "Os gregos buscamsabedoria" (1 Co 1.22). Entretanto, Paulo os adverte de suaignorância no tocante às manifestações espirituais: "Acerca dos donsespirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (1 Co 12.1).

Em Roma, por exemplo, havia profunda carência de dons, a ponto de o apóstolo expressar preocupação: "Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual a fim de que sejaisconfortados" (Rm 1.11).

O apóstolo explica que os dons são "faculdades divinasoperando na pessoa humana", capacitando homens e mulheres aservirem melhor a Deus no crescimento e edificação da igreja: "Mas

a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil" (1

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Co 12.7).

II - Classificação dos Dons

De acordo com o ensino geral da Bíblia, os dons podem ser classificados em três grupos distintos:

1. Dons ministeriaisAPÓSTOLOSPROFETASEVANGELISTAS

PASTORESMESTRES

2. Dons auxiliaresGOVERNOSEXORTAÇÃOREPARTIR 

PRESIDIR EXERCITAR MISERICÓRDIA SOCORROS

3. Dons espirituaisDOM DE SABEDORIADOM DA CIÊNCIA

DOM DA FÉ

DONS DE CURAR DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHASDOM DE PROFECIADOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOSDOM DE LÍNGUASDOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS

Esta é uma lista técnica, conforme os dons encontram-se

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relacionados. Estudaremos cada um deles mais à frente (com exceçãodos dons ministeriais), por sua ordem e em cada grupo.

Alguns desses dons são citados em outros textos relacionadosao mesmo assunto:

• ministério (ou governos), relacionado aos apóstolos e pastores (Rm 12.7; 1 Co 12.28; Ef 4.11);

• presidência, relacionado ao ministério pastoral eadministrativo da igreja (Rm 12.8; Ef 4.11; 1 Tm 5.17);

• ensino, relacionado aos mestres (Rm 12.7; 1 Co 12.28;Ef 4.11; 1 Tm 3.2);

• exortação, relacionado ao ministério profético e ao domda profecia (Rm 12.8; 1 Co 12.10,28; Ef 4.11);

• dom de repartir, relacionado à profecia e à interpre-tação de línguas, no sentido espiritual, e ao exercício da misericórdiae socorros no seio da comunidade, no sentido social (Rm 12.8; 1 Co12.10,11; 2 Co 9.11-13);

• misericórdia, relacionado aos socorros (Rm 12.8; 1 Co12.28);

• milagres, relacionado à operação de maravilhas (1 Co12.10,28).

Os dons ministeriais e os auxiliares, ainda que um poucodiferentes dos dons espirituais, são, contudo, manifestaçõesdiversificadas do Espírito Santo.

Em Romanos 12.6-8, os dons ministeriais e auxiliaresencontram-se interligados com os dons espirituais.

Em 1 Coríntios 12.1-10, os dons espirituais são distintos, masa partir do versículo 28 são novamente relacionados aos donsministeriais e auxiliares.

Em Efésios 4.7-11, os dons ministeriais são distintos dos donsespirituais.

 Na relação de Paulo em Romanos 12.6-8, o dom da profeciaaparece em primeiro lugar, depois fé, ministério e os dons de ensinar,exortar, repartir e presidir.

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 Na relação de 1 Coríntios 12.8-10, o dom da palavra dasabedoria vem em primeiro lugar; depois são citados mais oito dons. Nos versículos 28-31, são mencionados os dons ministeriais eauxiliares, vindo em primeiro lugar "apóstolos". Em seguida sãorelacionados também oito dons.

Efésios 4.11 cita "apóstolos" em primeiro lugar, seguido demais quatro dons.

III - Os Dons São Faculdades da TrindadeDivina

Os dons, quer ministeriais, auxiliares ou espirituais, sãodistribuídos diretamente pela Trindade Divina.

Diz Paulo que o Pai, o Filho e o Espírito Santo operamconjuntamente no exercício desses dons.

• O Espírito Santo - "Ora há diversidade de dons, mas oEspírito é o mesmo" (1 Co 12.4);

• Jesus Cristo - "E há diversidade de ministérios, mas o

Senhor [Jesus] é o mesmo" (1 Co 12.5);• Deus, o Pai - "E há diversidade de operações, mas é o

mesmo Deus que opera tudo em todos" (1 Co 12.6).Devemos observar a vital importância do Espírito Santo no

exercício dos dons espirituais. Ele recebeu de Deus plena liberdade para exercer seu ministério divino! Somente no capítulo referidonesta seção, o Espírito é mencionado 11 vezes (vv. 3,4,7,8,9,11,13).

IV - Os Coríntios Desconheciam AlgumasManifestações

O Dr. F. W. Grant opina que havia na igreja em Corintomanifestações que não eram do Espírito Santo, embora semelhantes.

Alguns dos crentes coríntios provinham de diversas ramificações

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idolatras, em cujos cultos havia manifestações de espíritos maus.Agora, com as manifestações do Espírito de Deus no meio deles, eranecessária a distinção. Paulo explica, no versículo 3, que qualquer manifestação espiritual que não exalte Jesus como Senhor não é doEspírito Santo.

A expressão do apóstolo, no versículo 1 ("Acerca dos donsespirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes"), subentendeque, na Igreja Primitiva, os dons espirituais eram bastante freqüentes.Cinco passagens do Novo Testamento ensinam claramente que todocrente fiel está capacitado a receber algum dom espiritual (Rm 12.6;1 Co 7.7; 12.4-7; Ef 4.7; 1 Pe 4.10). Em alguns cristãos, este domencontra-se adormecido! Entretanto, a recomendação divina é que"despertes o dom de Deus, que existe em ti" (2 Tm 1.6).

V - Os Dons Espirituais Propriamente DitosOs dons mencionados em 1 Coríntios 12.8-10 são tecni-

camente chamados "os nove dons espirituais", como

costumeiramente usamos as expressões "os doze patriarcas dos filhosde Israel" e "os doze apóstolos do Cordeiro". No entanto, as listas de dons apresentadas perfazem um

número mais elevado. Os patriarcas, filhos de Jacó, são "doze" (At7.8). Foram adicionados, entretanto, outros dois a este número:Manasses e Efraim, embora não

ostentassem o título (Gn 48.5). Abraão e Davi também são

chamados literalmente de patriarcas (At 2.29; Hb 7.4). No caso dos"doze" apóstolos, o mesmo título foi conferido também a Barnabé e aPaulo (At 14.4,14) e depois, num sentido distante, a Tiago, irmão doSenhor (Gl 1.19).

O texto menciona "dons" de curar, no plural. No entanto, parafacilitar o estudo, manteremos nos capítulos seguintes (6, 7 e 8) "osnove dons espirituais", como é geralmente aceito pelo povo de Deus.

Pela ordem de citação, os dons espirituais estão assim

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relacionados:

DOM DA PALAVRA DA SABEDORIADOM DA PALAVRA DA CIÊNCIADOM DA FÉDONS DE CURAR DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHASDOM DE PROFECIADOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOSDOM DE VARIEDADES DE LÍNGUASDOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS

Estes dons são classificados de acordo com a sua natureza.

1. Dons de saberTambém chamados "dons de revelação".DOM DA PALAVRA DA SABEDORIADOM DA PALAVRA DA CIÊNCIADOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS

2. Dons de poderTambém chamados "dons de operação sobrenatural".DOM DA FÉDONS DE CURAR DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS

3. Dons de expressãoTambém chamados "dons orais".DOM DE PROFECIADOM DE VARIEDADES DE LÍNGUASDOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS

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VI - "Dom" e "Dons"O "dom" (singular) deve ser diferenciado de "dons" (plural). O

dom propriamente dito é o batismo com o Espírito Santo, conformedefende Pedro no dia de Pente-coste e em outras ocasiões, quando se

referia ao derramamento do Espírito: "E disse-lhes Pedro:Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado era nome de JesusCristo, para perdão dos pecados, e recebereis o dom do EspíritoSanto" (At 2.38). E, mais adiante, na cidade de Samaria, ao magoSimão: "O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste queo dom de Deus se alcança por dinheiro" (At 8.20). Finalmente, nacasa de Cornélio, o centurião romano: "E os fiéis que eram da

circuncisão... maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo sederramasse também sobre os gentios" (At 10.45). Claro está que otermo "dom" usado nestes textos refere-se ao batismo com o EspíritoSanto, que os 120 discípulos receberam no cenáculo, evidenciado pelo falar em outras línguas.

 No episódio de Atos 8.14-20, novamente o termo "dom" érepetido pelo apóstolo Pedro, como sendo o batismo com o Espírito

Santo. Assim também na casa do centurião (At 10.44-47) e noconcilio realizado em Jerusalém, onde Pedro se defende por ter entrado na casa de um gentio (At 15.8).

As passagens de 2 Coríntios 9.15, Hebreus 6.4 e Tiago 1.17 podem indicar a mesma coisa. É importante observar que a palavragrega charismata, traduzida em português por "carismático", aparece por 17 vezes no Novo Testamento (Rm 1.11; 5.15,16; 6.23; 11.29;

12.6; 1 Co 1.7; 7.7; 12.4,9,28,30,31; 2 Co 1.11; 1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6;1 Pe 4.10). Relaciona-se com o verbo charizomai, que significa "eudou como um favor".(12) O A expressão se completa com osubstantivo charismata, que quer dizer "dons gratuitos de Deus".

Aplica-se no Novo Testamento em três sentidos diferentes:• a salvação do pecado (Rm 5.15-17);

12 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.

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• a libertação de perigo físico (2 Co 1.10,11);• a capacidade de Deus na pessoa humana, para o bem-

estar e o crescimento da comunidade cristã (Rm 12.3-8; 1 Co 12.14;Ef 4.7; 1 Pe 4.10,11).

VII - Um Dom Específico em cada Grupo Note-se que em cada grupo de dons espirituais há um dom de

maior magnitude. No primeiro grupo - dons de saber - destaca-se o dom da

 palavra da sabedoria.

 No segundo grupo - dons de poder - destaca-se o dom da fé. No terceiro grupo - dons de expressão - destaca-se o dom de profecia.Com efeito, a sabedoria é retratada na Bíblia como sendo o

 próprio Cristo: "Ele foi feito por Deus sabedoria" (1 Co 1.30). Etambém é o primeiro dom relacionado entre os nove (cf. Pv 4.7; 1 Co12.8).

 No caso da fé especial, torna-se evidente que ela é necessária

 para que alguém cure e opere maravilhas. Sem fé é impossível operar tais milagres (Mt 21.21; Hb 11.6).Finalmente, a profecia é autônoma no grupo de expressão,

 pois não depende de interpretação, como no caso da variedade delínguas. A profecia também representa, na atual dispensação, "otestemunho de Jesus Cristo" (Ap 19.10).

Os charismata,  por conseguinte, podem ser chamados com

exatidão de "dons graciosos". A forma singular é encontrada em passagens como: Romanos 1.11; 5.15,16; 6.23; 1 Coríntios 1.7; 7.7; 2Coríntios 1.11; 1 Timóteo 4.14; 2 Timóteo 1.6; 1 Pedro 4.10.

Temos a forma plural em Romanos 11.29 e 12.6; 1 Coríntios12.4,9,28,31 etc.

Há outros textos que mencionam a pluralidade dos dons, emsentido geral (cf. Sl 68.18; 1 Co 14.1; Ef 4.8; Hb 2.4 etc).

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 passagens como Romanos 12.7,8 e 1 Coríntios 12.28, além dos dons propriamente ministeriais, aparecem outros: governos (ministérios),exortação, repartir, presidir, exercitar misericórdia, socorros.

1. GovernosEste dom é chamado "ministério" em Romanos 12.7, e

"governos", em 1 Coríntios 12.28. Está relacionado diretamente comos "dons eclesiásticos", especialmente com os apóstolos e pastores -e, por extensão, aos anciãos da igreja. Nos dias da Igreja Primitiva,havia, pois, necessidade de pessoas dotadas de habilidades especiais para a administração e a ordem social.

 Na dispensação da Lei, já havia um ministério assimdenominado. Os levitas eram consagrados aos trinta anos para estafunção, e nela permaneciam até aos cinqüenta: "Da idade de trintaanos para cima, até aos cinqüenta, todo aquele que entrava a executar o ministério da administração..." (Nm 4.47). Era dividido em duasfunções distintas: uma espiritual e uma social.

Paulo informa aos romanos que iria a Jerusalém "paraministrar" aos santos, numa passagem que fala de bens materiais eespirituais, respectivamente (Rm 15.25-27). Ele até orou nestesentido: "Para que... esta minha administração, que em Jerusalémfaço, seja bem aceita pelos santos" (Rm 15.31).

Há, em nossos dias, um grande número de pessoas comextraordinária capacidade administrativa. Mas trata-se apenas dehabilidade humana, técnica. A administração bíblica, porém, é umaaptidão concedida ao homem ou à mulher pelo Espírito Santo, paraque administrem os bens terrenos e espirituais pertencentes à igrejaou à comunidade.

2. ExortaçãoEncontramos este dom em Romanos 12.8 e 1 Coríntios 14.3,

sendo nesta última passagem ligado ao dom de profecia, mas devetambém estar relacionado a "mestres". Não é de duvidar que profetas

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e mestres, o primeiro através da profecia e o segundo pelo ministérioda palavra, exercessem esse dom. O propósito da exortação é levar oscrentes a uma vida cristã mais elevada, a uma íntima transformaçãosegundo a imagem de Cristo. Trata-se de uma conclamação doEspírito de Deus ao arrependimento e à santidade. As palavras deexortação são ensinadas pelo Espírito Santo (Rml2.8; 1 Co 2.13;14.1-3).

3. RepartirO dom de repartir é citado em Romanos 12.8. Do ponto de

vista divino, este dom do Espírito está ligado diretamente aos dons de profecia e interpretação; e, no sentido social, à misericórdia esocorros. Jesus ensinou seus discípulos a "repartir o pão" (Jo 6.11).E, de igual modo, "o pão da ceia do Senhor", que representa seucorpo, e o "cálice", que simboliza o seu sangue (Lc 22.17-20).

O primeiro ato do Senhor - o repartir o pão - fala damultiplicação que sucedeu a este gesto.

O segundo ato fala da comunhão, que é representada pela ceiado Senhor. O verdadeiro cristão tanto reparte com os demais os benstemporários quanto os espirituais.

A Igreja Primitiva era sem dúvida possuidora deste dommaravilhoso, pois "não havia pois entre eles necessitado algum" (At4.34). O segredo deste sucesso era que "repartia-se por cada um,segundo a necessidade que cada um tinha". Do ponto de vista divino,a Igreja cumpriu sua missão, enchendo Jerusalém e depois o mundointeiro com a palavra de Deus.

4. PresidirEste dom também é citado em Romanos 12.8. Associa-se com

o ministério pastoral. No original, o termo "presidir" fala de funçõesadministrativas na igreja, envolvendo os responsáveis pelo bomfuncionamento de alguns de seus segmentos e do ministério.

 No entanto, trata-se primeiramente de um dom, e somente

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depois envolve o ofício. Está presente nas "sete colunas desabedoria", que são: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores,mestres, presbíteros e diáconos.

5. MisericórdiaTambém citado em Romanos 12.8, este dom envolve tanto

ajuda material quanto espiritual. Paulo lembra aos anciãos da igrejade Efeso que não esqueçam da misericórdia: "Tenho-vos mostradoem tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, erecordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventura-da coisa é dar do que receber" (At 20.35).

Em 1 Coríntios, falando expressamente dos dons espirituais, oapóstolo menciona um dom "maior" que os demais - o amor (13.13).E é o amor o pai da misericórdia!

Deus é amor, e também se chama "Pai das misericórdias" (2Co 1.3). O dom da misericórdia é uma "compaixão demonstrada"àqueles que sofrem! É a tristeza de não fazer e a alegria de realizar!O Filho de Deus, em seus dias na Terra, ensinou a todos o valor destedom: "Misericórdia quero, e não sacrifício" (Mt 9.13). E, a respeitodos que possuem este dom tão maravilhoso, disse: "Bem-aventuradosos misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia" (Mt 5.7).

Há quem exercite a misericórdia do dever, a primeira milha.Entretanto, só poderá caminhar a segunda milha quem possuir amisericórdia como dom.

6. SocorrosEste dom é citado em 1 Coríntios 12.28. A exemplo do

exercício de misericórdia, tem abrangência material e espiritual. Écitado no plural em função das inúmeras necessidades no seio daigreja, que são de ordem espiritual, moral e social.

 Nas horas difíceis, pessoas capacitadas pelo Espírito Santocom o dom de socorros estão prontas para ajudar. São impelidas peloEspírito Santo a um interesse especial e intuitivo pelos necessitados,

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e descobrem meios para resolver essas necessidades. Mesmo quandotodas as vozes se calam em defesa da igreja ou do cristão individual-mente, "socorro e livramento doutra parte virá" (Et 4.14); porque"Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente naangústia" (Sl 46.1). Em qualquer tempo ou lugar, contamos semprecom o "socorro do Espírito de Jesus Cristo" (Fp 1.19).

X - Deus É quem Opera Tudo em TodosDeus está em foco na operação miraculosa de cada dom. Ele é

e sempre será o operador: cada dom é conferido e posto em

funcionamento por Ele.Apesar de haver "diversidade de dons., de ministérios... deoperações... é o mesmo Deus que opera tudo em todos" (1 Co 12.4-6). Isto faz com que haja unidade na diversidade.

"Assim é que temos o Pai, a primeira fonte e a origem de todaa influência espiritual em todos; temos também Deus Filho, aquEleque põe em ordem, em sua Igreja, todos os ministérios, mediante o

quê essa influência pode ser legitimamente trazida para edificação deseu corpo; e temos Deus Espírito Santo, que habita e opera no seio daIgreja, efetuando em cada indivíduo a medida de seus dons que Eleassim quiser fazer".

Toda e qualquer manifestação espiritual deve estar de acordo eem perfeita harmonia com o ensinamento geral da Bíblia. Se hámanifestação ou operação diferente, seja rejeitada como fonte

espúria. Jamais o Espírito Santo operará em desacordo com o Pai e oFilho.

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6. OS DONS DE R EVELAÇÃO

I - O Dom da Palavra da Sabedoria"E a um pelo mesmo Espírito é dada a palavra da sabedoria"

(1 Co 12.8).De acordo com Riggs, é fácil determinar a ordem dos dons

neste grupo, já que a sabedoria pressupõe a ciência e é uma aplicaçãodiscreta do conhecimento. A sabedoria é maior que a ciência, embora

sejam sempre citadas em conexão nas Escrituras (Pv 4.7; 8.12; 9.10etc).O discernimento de espíritos é apenas parte do conhecimento

e, portanto, uma extensão da sabedoria e ciência divinas.Examinemos em detalhes os dons de revelação:DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA DOM DA

PALAVRA DA CIÊNCIA DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS

Estes dons se manifestam na esfera mental. Por meio da palavra da sabedoria, Deus capacita a mente humana para entender todos os fatos e circunstâncias, leis e princípios, tendências,influências e possibilidades.

A sabedoria encerra tudo: matéria-prima (celestial, humana enatural), poder e perícia.(14)

A sabedoria como dom é completamente sobrenatural: uma

operação divina - através do Espírito Santo -que dilata a mente e ocoração do homem (cf. Êx 31.1-6; Dt 34.9; 1 Rs 4.29; Dn 1.17-20; At6.10). É, portanto, uma operação desvinculada de qualquer técnica oumétodo humano, que se manifesta conforme a circunstância ou paraatender a uma necessidade premente (Lc 12.11,12; 21.15; Tg 1.5).

14 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.

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1. No Antigo TestamentoEncontramos no Antigo Testamento pessoas capacitadas por 

Deus com o dom da palavra da sabedoria. José. "E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um varão

como este, em quem haja o Espírito de Deus? Depois disse Faraó aJosé: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendidoe sábio como tu" (Gn 41.38,39).

 Moisés e Arão. "Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca, ete ensinarei o que hás de falar... e eu serei com a tua boca e com a sua boca, ensinando-vos o que haveis de fazer" (Êx 4.12,15).

 Bezalel e Aoliabe. "Eis que eu tenho chamado por nome a

Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi doespírito de Deus, de sabedoria... E eis que eu tenho posto com ele aAoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoriaao coração de todo aquele que é sábio de coração..." (Êx 31.2,3,6).

 Josué. "E Josué, filho de Num, foi cheio do espírito desabedoria..." (Dt 34.9).

Salomão. "E todo o Israel ouviu a sentença que dera o rei e

temeu ao rei, porque viram que havia nele a sabedoria de Deus... Edeu Deus a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, elargueza de coração, como a areia que está na praia do mar. E era asabedoria de Salomão maior do que a sabedoria de todos os doOriente e do que toda a sabedoria dos egípcios" (1 Rs 3.28; 4.29,30).

 Eliú. "Se não, escuta-me tu; cala-te, e ensinar-te-ei asabedoria" (Jo 33.33).

 Isaías. "O Senhor Jeová me deu uma língua erudita, para que saiba dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansado" (Is50.4).

 Jeremias. "E estendeu o Senhor a sua mão, tocou-me na bocae disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca"(Jr 1.9).

 Daniel e seus companheiros. "Ora, a esses quatro mancebos

Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e

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sabedoria..." (Dn 1.17).Cristo, mesmo antes de se humanizar, foi retratado no Antigo

Testamento como sendo a própria sabedoria (Pv 8.22-36). E no NovoTestamento "foi feito por Deus sabedoria" (1 Co 1.30). O EspíritoSanto ungiu a Jesus Cristo para ser a sua sabedoria. Isto é detalhadoem Isaías 11.2, onde "repousará sobre ele o Espírito do Senhor":

 Espírito de sabedoria. Habilidade para compreender aessência e o propósito das coisas e descobrir os meios certos derealizar o propósito de Deus em cada vida.

 Espírito de inteligência. Habilidade para discernir cir-cunstâncias, relacionamentos e pessoas.

 Espírito de conselho. Habilidade de tomar decisões acertadas,informar e guiar outras pessoas.

 Espírito de conhecimento. Habilidade para ajudar a descobrir a "boa, agradável, e perfeita vontade de Deus", e também quem éEle, e o que Ele faz. (15)

2. No Novo TestamentoA sabedoria divina é retratada no Novo Testamento como algo

sublime e especial. Durante seu ministério terreno, Jesus antecipouaos seus seguidores que iriam enfrentar momentos difíceis diante dehomens poderosos e de saber elevado e que, sem uma intervençãomiraculosa do Espírito Santo, através do dom da palavra da sabedo-ria, eles jamais seriam vitoriosos.

Vaticinando a perseguição que sobre eles viria, prometeu-lhes:"E, quando vos conduzirem às sinagogas, aos magistrados e potestades, não estejais solícitos de como ou do que haveis deresponder, nem do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vosensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar" (Lc 12.11,12). Numa outra ocasião quando ensinava a seus discípulos, o Mestrereafirmou a promessa: "Proponde, pois, em vossos corações não premeditar como haveis de responder, porque eu vos darei boca e

15 DUEWELL, W. L. Deixe Deus Guiá-lo Diariamente. São Paulo, Candeia, 1993.

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sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos quantosse vos opuserem" (Lc 21.14,15).

O dom da palavra da sabedoria foi concedido aos discípulosno dia de Pentecoste. Pedro era até então um discípulo ousado, massem poder de persuasão (Mt 16.22,23; Jo 18.17,25,26,27).Entretanto, após o Pentecoste, este quadro reverteu! Pedro tornou-seum homem "eloqüente e poderoso" e, em apenas uns oito minutos,convenceu a multidão do extraordinário acontecimento ali presenciado (At 2.14-40).

Depois desse dia, o dom da palavra de sabedoria acompanhou passo a passo a Igreja Primitiva. Logo no capítulo 4 de Atos, podemos ver novamente Pedro e João deixando atônitos asautoridades eclesiásticas de Israel: "Então, eles, vendo a ousadia dePedro e de João e informados de que eram homens sem letras eindoutos, se maravilharam; e tinham conhecimento de que eleshaviam estado com Jesus" (At 4.13).

Logo depois, encontramos Estevão, um dos sete escolhidos para "servir às mesas", sendo usado poderosamente com este dom,conforme lemos em Atos 6.9,10: "E levantaram-se alguns que eramda sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dosalexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam comEstevão. E não podiam resistir à sabedoria, e ao espírito com quefalava".

O apóstolo Paulo, quando pregava ou ensinava, valia-sesempre deste dom maravilhoso, conforme ele mesmo descreve em 1Coríntios 2.13: "As quais também falamos, não com palavras desabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina,comparando as coisas espirituais com as espirituais".

Devemos ter era mente que o dom da palavra da sabedoria nãoé restrito à expressão vocal. É usado por Deus para outros fins efunções especiais, tais como:

• governo (Gn 41.33-39);• criatividade e invenção (Êx 31.1-6);

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• comando (Dt 34.9);• julgamento (1 Rs 3.16-28);• esclarecimento de dúvidas (Jo 33.33);• conquista de almas para Deus (Pv 11.30);• elucidação de enigmas difíceis (Dn 1.17);• edificação da igreja (1 Co 14.12).

Este dom maravilhoso faz brilhar o rosto do salvo! (Pv 17.24;Ec 8.1; Dn 1.15-20; 12.3; At 6.15).

II. O Dom da Palavra da Ciência"E a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência" (1 Co

12.8).O dom da palavra da ciência é a revelação sobrenatural de

algum fato que existe na mente de Deus, mas que o homem, devidoàs suas limitações, não pode conhecer, a não ser pela poderosaintervenção do Espírito Santo. Este dom é o segundo mencionado,

 pela ordem do grupo.Encontramos a palavra da sabedoria e a palavra da ciênciaassociadas em várias passagens das Escrituras (Êx31.3; 1 Rs 7.14; Pv1.7; 9.10; Dn 1.4; 1 Co 12.8 etc).

Em 1 Coríntios 12, os dons são relacionados em ordem,embora fazendo parte de uma "diversidade" (no grego, diairesis)."Diversidade" vem de uma raiz hebraica que expressa a idéia de

divisão. O substantivo poderia, então, significar "distribuição","partilha".Deus não nos concede a faculdade da onisciência, que é

exclusivamente divina, mas por meio do Espírito Santo nos concedea palavra do conhecimento, sempre visando a um fim proveitoso eglorioso na edificação espiritual de seus filhos. (16)

16 GEE, D. A Respeito do Dons Espirituais. São Paulo, Vida, 1977.

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Há uma distinção entre a sabedoria e a ciência. A sabedoria éa ciência sabiamente aplicada. A ciência é um requisito para asabedoria e para o ensino. O ensino é a comunicação doconhecimento. Ninguém pode ensinar sem primeiro saber, mas nemtodos os que sabem podem ensinar.

A ciência como algo sobrenatural é um dom, e não meramenteconhecimento adquirido através de estudos e pesquisas dirigidas ousistematizadas. Relaciona-se com algo "prescrutador": ao invés dediscorrer, como a sabedoria, investiga.

 Nesta sua ação primitiva, a ciência divina, com base em seuinfinito conhecimento de determinadas causas e efeitos e dos meiosde produzir determinados fins na edificação do corpo de Cristo, que éa Igreja, inicia certos processos ao mesmo tempo que impede outros.

A sabedoria dedica-se mais à dissertação, ao ensino e àcomunicação; a ciência, por sua vez, se ocupa com a pesquisa e adescoberta. Como dom, ocupa-se com os segredos mais profundos davida espiritual. Foi o que Paulo descobriu quando Deus o usou comeste dom. Ele exclamou: "Ó profundidade das riquezas, tanto dasabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos" (Rm 11.33).

Já que o Espírito Santo é Deus, e Deus sabe todas as coisas, oque Ele transmite a seus filhos através do dom da palavra da ciência éum reflexo da mente divina.

A Bíblia recomenda que busquemos este dom através daoração. Foi o que Paulo escreveu aos crentes de Éfeso: "Não cesso dedar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dêem seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação" (Ef 1.16,17).

O dom da palavra da ciência é muito importante na vida dosalvo, especialmente para quem trabalha na obra do Mestre. Eleajuda a encontrar novos métodos para a obra de Deus. Paulo faloudesta atuação gloriosa do Espírito Santo em sua vida: "O Espírito

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Santo, de cidade em cidade, me revela..." (At 20.23).Existem os "tesouros das escuridades e as riquezas

encobertas" (Is 45.3). De igual modo, habitam em Cristo "todos ostesouros da sabedoria e da ciência" (Cl 2.3). E, dia a dia, através daoperação gloriosa do Espírito Santo em nossas vidas, vamosdescobrindo as riquezas insondáveis do mundo superior - espiritual.Isto é glorioso!

III - O Dom de Discernir os Espíritos"E a outro, o dom de discernir os espíritos" (1 Co 12.10).

Em algumas passagens da Bíblia, especialmente no AntigoTestamento, o dom de discernir os espíritos está associado aos donsda palavra da sabedoria e da palavra da ciência, como por exemplo:

"E o enchi do espírito de Deus, de sabedoria, e deentendimento, e de ciência..." (Êx 31.3).

"E deu Deus a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento,e largueza de coração..." (1 Rs 4.29).

"Ora, a estes quatro mancebos Deus deu o conhecimento e ainteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deuentendimento em toda a visão e sonhos" (Dn 1.17).

O dom de discernir os espíritos não é técnica, perícia ou psicologia humana, mas sim uma atuação direta do Espírito Santo namente do homem, capacitando-o com uma espécie de "psicologiadivina" que lhe permite distinguir as manifestações vindas de Deus

das procedentes de espíritos demoníacos.Há muitos indivíduos dotados de poderes espirituais e psíquicos que não pertencem ao Reino de Deus. Manifestaçõesestranhas foram presenciadas pelo povo de Deus em toda a Bíblia.De igual modo, do lado do bem, sempre houve homens capacitados por Deus com o dom de discernimento, para advertir e combater taisheresias. O dom de discernir os espíritos é realmente o poder de

distinguir as operações do Espírito Santo das de espíritos malignos e

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enganadores. Podemos observar que Deus, através dos tempos, dis-tribuiu este dom a muitos de seus servos, tanto na antiga quanto naatual dispensação. O inimigo de Deus e dos homens muitas vezes "setransfigura em anjo de luz", e passa a enviar seus espíritosenganadores para introduzir "encobertamente heresias de perdição".Alguns desses espíritos até operam maravilhas semelhantes às deDeus. Torna-se necessária, então a intervenção do Espírito de Deus,capacitando homens e mulheres para discernir certas manifestaçõesduvidosas e estranhas.

Por toda a Escritura encontramos pessoas atuando peloespírito do erro. Entretanto, do lado do bem, encontramos um númeromais elevado de instrumentos defensores da verdade, pureza esantidade de Deus e de tudo que a Ele se relaciona.

1. No Antigo TestamentoAqui, encontramos várias pessoas capacitadas em discernir: José. "E disse-lhes José: Que é isto que fizestes? Não sabeis

vós que tal homem como eu bem adivinha?" (Gn 44.15). Moisés. "E, ouvindo Josué a voz do povo que jubilava, disse a

Moisés: Alarido de guerra há no arraial. Porém ele disse: não éalarido dos vitoriosos, nem alarido dos vencidos, mas o alarido dosque cantam eu ouço" (Êx 32.17,18).

Samuel. "Então disse Samuel: Que balido, pois, de ovelhas éeste nos meus ouvidos, e o mugido de vacas que ouço?" (1 Sm15.14).

 Aías. "Naquele tempo adoeceu Abias, filhos de Jeroboão. Edisse Jeroboão à sua mulher: Levanta-te agora, e disfarça-te, para quenão conheçam que és mulher de Jeroboão, e vai a Silo. Eis que lá estáo profeta Aías o qual falou de mim, que eu seria rei sobre este povo...E a mulher de Jeroboão assim fez, e se levantou, e foi a Silo, e entrouna casa de Aías: e já Aías não podia ver, porque os seus olhosestavam já escurecidos por causa da sua velhice... E sucedeu que,ouvindo Aías o ruído de seus pés, entrando ela pela porta, disse ele:

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Entra, mulher de Jeroboão! Por que te disfarças assim?" (1 Rs14.1,2,4,6).

 Josafá. "Então o rei de Israel ajuntou os profetas até quasequatrocentos homens e disse-lhes: Irei à peleja contra Ramote-Gileade ou deixarei de ir? E eles disseram: Sobe, porque o Senhor aentregará na mão do rei. Disse, porém, Josafá: Não há aqui aindaalgum profeta do Senhor, ao qual possamos consultar?" (1 Rs22.6,7).

 Eliseu. "Porém ele lhe disse: Porventura, não foi contigo omeu coração, quando aquele homem voltou de sobre seu carro, aencontrar-te?... E disse um dos seus servos: Não, ó rei, meu senhor;mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua câmara de dormir" (2 Rs 5.26; 6.12).

 Neemias. "E conheci que eis que não era Deus quem oenviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias eSambalate o subornaram" (Ne 6.12).

2. No Novo TestamentoO Senhor Jesus exemplifica de maneira plena a pessoa

capacitada com o dom de discernir os espíritos.Encontramos nos evangelhos o Mestre discernindo os espíritos

enganadores que atuavam nos escribas, fariseus, saduceus eherodianos. Certa vez, os fariseus enviaram uma comissão compostade seus seguidores e alguns herodianos, para o surpreenderem"nalguma palavra". Eles então disseram a Jesus: "Mestre, bemsabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus, segundo averdade, sem te importares com quem quer que seja, porque nãoolhas à aparência dos homens. Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a suamalícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?" (Mt 22.16-18).

Em uma outra oportunidade, os escribas e fariseus começarama murmurar de Jesus em seus corações. Jesus acabara de perdoar os pecados de um homem paralítico; e eles disseram em seus corações:

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"Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados,senão Deus? Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, respon-deu e disse-lhes: Que arrazoais em vosso coração?" (Lc 5.21,22).

 No evangelho de João, encontramos novamente o Mestrediscernindo pensamentos contrários, até mesmo de alguns que tinhamcrido no seu nome: "Muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seunome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todosconhecia e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem" (Jo 2.23-25).

Cremos que todos os apóstolos de Cristo eram capazes dediscernir os espíritos malignos. Mesmo vivendo no primeiro séculode nossa era, já se defrontavam com um mundo infestado de espíritosenganadores e de "homens maus e enganadores... enganando e sendoenganados" (2 Tra 3.13). Então, fazia-se necessária uma atuaçãodireta e poderosa do Espírito de Deus neste sentido, para preservar aIgreja ainda tenra.

 Na ocasião em que Ananias e Safira mentiram, quando podiam ter falado a verdade, houve discernimento do Espírito Santo, por parte de Pedro, e o casal morreu aos pés do apóstolo (At 5.1-10).

Quando Paulo e Barnabé ministravam o Evangelho na ilha deChipre, opôs-se a eles um mágico chamado Elimas. Paulo, naquelemomento, foi capacitado pelo Espírito Santo, discernindo que omágico era filho do diabo, e, com uma palavra de autoridade, invocacontra ele o julgamento de Deus sob forma de cegueira temporária(At 13.6-12). Em Filipos, uma jovem possessa de espíritoadivinhador seguia a Paulo e a Silas, dizendo: "Estes homens, quenos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo".

Paulo, porém, discerniu que aquilo não era elogio, e sim umadenúncia. E, voltando-se, "disse ao espírito: Em nome de JesusCristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu" (At16.17,18). Paulo exortou os crentes de Corinto, dizendo: "Segui acaridade, e procurai com zelo os dons espirituais" (1 Co 14.1). Se oEspírito Santo nos anima a procurar com zelo os dons espirituais,

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devemos, especialmente os obreiros, pedir a Deus o dom de discernir os espíritos.

Vivemos dias perigosos em que o diabo tem feito do enganouma arma sombria, para usá-la no campo da destruição. Há umanuvem negra de espíritos enganadores que procuram destruir a obrado Senhor. Os escritores sagrados, especialmente os do NovoTestamento, advertem contra os espíritos deste mundo tenebroso.

O próprio Jesus Cristo, nos evangelhos sinóticos, adverte-nosquanto a este perigo.

 Mateus. "E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, queninguém vos engane, porque muitos virão em meu nome, dizendo:Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos" (Mt 24.4,5).

 Marcos. "E Jesus, respondendo-lhes, começou a dizer: Olhaique ninguém vos engane" (Mt 13.5).

 Lucas. "Disse, então, ele: Vede não vos enganem, porquevirão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu, e o tempo está próximo; não vades, portanto, após eles" (Lc 21.8).

Paulo também observa: "Mas o Espírito expressamente dizque, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos aespíritos enganadores e a doutrinas de demônios" (1 Tm4.1). Pedroacrescenta: "E também houve entre o povo falsos profetas, comoentre vós haverá também falsos doutores, que introduzirãoencobertamente heresias de perdição" (2 Pe 2.1).

João também adverte contra esses espíritos enganadores:"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos sãode Deus" (1 Jo 4.1).

E Judas contribui, dizendo: "Porque se introduziram alguns,que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios,que convertem em dissolução a graça de Deus" (Jd 4).

O dom de discernir os espíritos deve ser desenvolvido no seioda igreja - mas especialmente na esfera ministerial. Ele funcionacomo uma espécie de "olhos espirituais", vigiando o rebanho deJesus Cristo, o Bom Pastor, contra estes espíritos maus.

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Para alguns estudiosos da Bíblia, este maravilhoso dom estáligado também à interpretação de sonhos. Os sonhos que trazem emsi instruções espirituais precisam, sem dúvida, de um discernimentocomparativo, isto é, uma distinção entre a ficção e o verdadeiro. Istosomente é possível através de uma operação do Espírito na mente dointérprete. Neste caso, aumenta a lista de pessoas agraciadas por Deus com este dom:

• Abimeleque (Gn 20.1-3);• Jacó (Gn 31.10-12; 37.9,10);• Labão (Gn 31.24);• José (Gn 40.5-22; 41.1-39);• Gideão (Jz 7.13-15);• Daniel (Dn 1.17);• José, marido de Maria (Mt 1.20,24; 2.13,19,22);• os magos do Oriente (Mt 2.12);• a mulher de Pilatos (Mt 27.19 etc).

José, por exemplo falou aos oficiais de Faraó e também aomonarca que "as interpretações" de sonhos são de Deus (Gn 40.8;41.16,25,28,39).

O mesmo aconteceu com Daniel, na corte babilônica (Dn2.19-23).

A nós não é concedido o atributo divino da onisciência, por ser exclusivo de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Entretanto, Deus pode, quando se fizer necessário, conceder-nos uma gotinha do imenso oceano da onisciência divina e capacitar-nos para discernir entre o bem e o mal - o que vem de Deus e o quevem de uma fonte estranha.

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7. OS DONS DE PODER 

I - O Dom da Fé"E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé" (1 Co 12.9).Os dons de poder, conforme já vimos em outras notas

expositivas, são:DOM DA FÉDONS DE CURAR 

DOM DE OPERAR MARAVILHASOs dons da palavra da sabedoria, da palavra da ciência e dediscernir os espíritos atuam na mente. Já os dons de poder, queestudaremos nesta seção, atuam na área física. E os do terceiro grupo- profecia, variedade de línguas e interpretação das línguas - atuamna esfera espiritual.

Em cada grupo de dons espirituais existe um de maior 

magnitude, como já ficou demonstrado. No grupo que ora estudamos, por exemplo, o dom da fé é proeminente.

1. DefiniçãoBiblicamente, define-se a fé da seguinte forma: "Ora, a fé é o

firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas quese não vêem" (Hb 11.1). Teologicamente, há vários conceitos.

Com efeito, no seu uso mais amplo, a palavra "fé", dosubstantivo grego  pistis e o verbo  pisteuo, ocorre por 244 vezes,enquanto que o adjetivo  pistos ocorre 77 vezes, trazendo algumasdefinições:

a. Fé salvadora. Atitude mediante a qual o homem abandonatoda confiança em seus próprios esforços para obter a salvaçãoe passa a confiar inteiramente em Cristo, a respeito de tudo

que envolve a salvação.

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Este conceito de fé vem a ser a confiança insuflada nas promessas e provisões de Deus, no tocante ao Salvador e atodo o plano da redenção. Não é propriamente "o dom da fé"relacionado em 1 Coríntios 12.9, mas trata-se também de um"dom de Deus" (Ef 2.8).

b. Fé servidora. Contempla como autêntico o fato dos donsdivinamente conferidos e todos os detalhes concernentes àsdeterminações divinas para o serviço. A fé vista por este prismaé especial, e também um dos dons de poder.

c.  Fé santificadora. Ou sustentadora, apega-se ao poder deDeus na vida diária. Trata-se da vida vivida na dependência deDeus, operando um novo princípio de vida (Rm 6.4; 2 Co 5.7;Hb 10.38).

d. Fé intelectual. Pode vir ao homem através do testemunhodo universo visível e do estudo das Escrituras (cf. At 17.28; Tg2.19). Ela afirma a existência de Deus, mas em si mesma nãodescobre o plano da redenção (cf. Sl 19.1-4; At 17.11; Rm10.17).

2. A fé como dom de poderEsta é a fé mencionada em 1 Coríntios 12.9, uma operação

completamente sobrenatural do Espírito Santo, capacitando a mentehumana para uma confiança sem igual no poder de Deus, a de queEle pode realizar qualquer coisa que lhe apraz. O Espírito Santoopera no mais profundo do coração humano, produzindo uma reaçãoimediata da alma e levando-a à certeza e à evidência. A certeza é oestado do espírito que consiste na firme adesão a uma verdadeconhecida, sem o temor do engano. A evidência é o que fundamentaa certeza.

Definimo-la como a clareza plena com que adere ao poder de

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Deus. Diante de tal operação do Espírito Santo, toda e qualquer dúvida é aniquilada!

A fé especial, mesmo sendo um dom do Espírito Santo, podeser dividida em graus menores e maiores, da seguinte maneira:

• "Ainda não tendes fé?" (Mc 4.40);• "... pouca fé" (Mt 17.20);• "... tanta fé" (Mt 8.10);• "... grande fé" (Mt 15.28);• "... toda a fé" (1 Co 13.2).

Para que haja um desempenho amplo da fé, torna-senecessário aniquilar toda dúvida produzida no coração. Jesus disse:"Se tiverdes fé e não duvidardes..." (Mt 21.21).

Foi este o poder, a fé especial, pelo qual Jesus transformouágua em vinho, multiplicou os pães e os peixes, acalmou atempestade, expulsou demônios, curou enfermos e ressuscitoumortos.

II - Os Dons de Curar"E a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar" (1 Co

12.9). No conceito de alguns expositores, são dons ativos que

 produzem sinais e maravilhas. De fato, isso fica bem demonstrado

em algumas passagens das Escrituras. A cura de qualquer enfermidade é sempre um milagre, e um milagre é sempre umamaravilha, e uma maravilha é sempre um prodígio: "Enquantoestendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus" (At 4.30).

 Na Epístola aos Hebreus, o escritor sagrado confirma esteargumento: "Testificando também Deus com eles, por sinais, e

milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos

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 por sua vontade" (Hb 2.4).

1. PluralidadeO leitor deve observar que o versículo chave desta seção

menciona "dons de curar", no plural, expressão que se repete noversículo 28 do mesmo capítulo. Entretanto, no versículo 30,encontramos a forma singular. "Têm todos o dom de curar?" pergunta o apóstolo Paulo. A pluralidade deste dom provavelmenteindica que cada diferente cura deve ser considerada uma atuação deum dom específico ou uma diversificada operação do Espírito. Istosignifica que os dons de curar operam de maneira multiforme.

Curas miraculosas, efetuadas por intervenção divina noAntigo Testamento, mostram esta realidade. Também aquelasrealizadas por Jesus e seus discípulos, no Novo Testamento, aconfirmam. Qualquer operação do Espírito Santo, até mesmo asrealizadas ainda no período da Lei, trazia em si instruções didáticas emétodos pedagógicos. Jesus curava através:

• da "orla" de seu vestido (Mc 5.30);• da "saliva" (Mc 8.23);• do "lodo" (Jo 9.6,7);• de "suas mãos" (Mc 6.5);• do supremo "poder" da palavra (Mt 8.8; Jo 4.50-53).

Isso acontecia freqüentemente, porque sobre Ele repousavaalgo especial, isto é, "a virtude do Senhor estava com ele para curar"(Lc 5.17).

2. Curas específicas operadas por JesusDurante seu ministério terreno, nosso Senhor efetuou

diferentes maravilhas no campo da cura. Entretanto, 18 delas seencontram relacionadas nos evangelhos, com significação especial(Mt 8.2-4; 9.2-8; 14-17; 27-31; Mc 5.25-34; 7.31-37; 8.22-26; Lc

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6.6-11; 7.1-10; 13.10-19; 14.1-6; 17.11-19; Jo 4.45-54; 5.1-19; 9.1-41; 18.1-11).

Parece que Jesus curou um homem cego na entrada de Jericó(Lc 18.35-43) e, ao sair da cidade, curou Bartimeu (Mc 10.46-52).

Evidentemente Jesus curou milhares de outras pessoas, pois por onde passava Ele ia "curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele" (At 10.38).

3. A promessa de Jesus com respeito a curaAntes de ser assunto aos Céus, Jesus prometeu a seus

discípulos poder sobre toda enfermidade e moléstia. A ordem dodivino Mestre foi esta: "Curai os enfermos, limpai os leprosos,ressuscitai os mortos, expulsai os demônios..." (Mt 10.8). E, após suaressurreição, nosso Senhor reafirmou, em Marcos 16.17,18, a promessa feita no início de seu ministério: "E estes sinais seguirãoaos que crerem: em meu nome... imporão as mãos sobre os enfermose os curarão".

 No ministério de Pedro e Paulo, os dons de curar eram tão presentes que, em alguns casos, se dispensava até a presença físicadesses dois obreiros do Senhor.

a. Pedro. "De sorte que transportavam os enfermos para asruas e os punham em leitos e em camilhas, para que ao menos asombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles... osquais todos eram curados" (At 5.15,16).

b. Paulo. "E Deus pelas mãos de Paulo faziam maravilhasextraordinárias, de sorte que até os lenços e aventais se levavam doseu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles" (At19.11,12). Isto é maravilhoso!

III - O Dom de Operar Maravilhas"E a outro, a operação de maravilhas" (1 Co 12.10).

 No grego, encontramos a palavra dynameis ("poderes"), para

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indicar a operação realizada pelo Espírito Santo, tem acompanhadotoda a história do povo de Deus em ambos os Pactos. As dez pragasenviadas ao Egito foram reputadas como sendo maravilhas da partede Deus (Êx 3.2Oss). Maravilha é um milagre, portanto. Milagre éuma intervenção ordenada na operação regular da natureza: umasuspensão sobrenatural de lei natural. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, as maravilhas eram sempre operadas em respostaàs necessidades mais prementes da vida. Vejamos essas maravilhasoperadas por Deus no Antigo Testamento. Depois, veremos as mani-festações deste dom em Jesus e seus discípulos, no NovoTestamento. Apresentaremos apenas um esboço com a respectivacitação bíblica.

1. Antigo Testamento• Trasladação de Enoque (Gn 5.24);• o dilúvio (Gn 6-8);• confusão das línguas (Gn 11.9);• espalham-se as famílias (Gn 11.9);• sodomitas são feridos de cegueira (Gn 19.11);• destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19,24);• a mulher de Ló convertida numa estátua de sal (Gn

19.26);• curada a esterilidade de Sara (Gn 11.30; 21.1,2);• curada a esterilidade de Rebeca (Gn 25.21);• curada a esterilidade de Raquel (Gn 29.31; 30.22);• a sarça ardente (Êx 3.2);• a mão de Moisés feita leprosa (Êx 4.6);• a vara de Arão torna-se em serpente (Êx 7.10);• as águas tornam-se em sangue (Êx 7.20);• rãs (Êx 8.6);• piolhos (Êx 8.17);• moscas (Êx 8.24);• peste nos animais (Êx 9.26);

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• úlceras (Êx 9.10);• saraiva (Êx 9.23);• gafanhotos (Êx 10.13);• trevas (Êx 10.22);• morte dos primogênitos (Êx 12.29);• coluna de nuvem de dia, e de fogo durante a noite (Êx

13.21);• o mar Vermelho se divide e retorna ao seu leito (Êx

14.21);• as águas de Mara se tornam doces (Êx 15.15);• envio de codornizes e maná (Êx 16.13,14);• água tirada da rocha (Êx 17.6);• vitória sobre os amalequitas, pelo levantar das mãos de

Moisés (Êx 17.11-13);• holocausto consumido por fogo do céu (Lv 9.24);• dois sacerdotes são consumidos pelo fogo (Nm 10.1,2);• fogo arde entre os israelitas (Nm 11.1);• Miriã é ferida e curada da lepra (Nm 12.10, 13-15);• destruição de Coré e seu grupo (Nm 16.32);• praga mata 14.700 pessoas (Nm 16.47-49);• a vara de Arão brota, floresce e produz amêndoas (Nm

17.8);• água sai da rocha em Meribá (Nm 20.11);• serpentes abrasadoras (Nm 21.6);• a jumenta de Balaão fala com voz humana (Nm

22.28,30);• a roupa dos israelitas não envelhece (Dt 8.4);• os pés dos israelitas não incham (Nm 9.21);• os israelitas caminham sem tropeçar (Is 63.13);• as muralhas de Jericó demolidas (Js 6.20);• o Sol e a Lua se detêm (Js 10.13);• o velo de lã de Gideão (Jz 6.37-40);• fogo consome o sacrifício de Gideão (Jz 6.21);

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• curada a esterilidade da mulher de Manoá (Jz13.2,5,24);

• o sacrifício de Manoá é consumido (Jz 13.19);• as proezas de Sansão (Jz 13-16);• curada a esterilidade de Ana (1 Sm 1.2,20);• filisteus feridos e queda de Dagom (1 Sm 5.3-12);• feridos os bete-semitas (1 Sm 6.19);• trovões e chuvas no tempo da colheita (1 Sm 12.6);• morte de Uzá diante da Arca de Deus (2 Sm 6.7);• seca-se a mão de Jeroboão; o altar se fende; derrama-se

a cinza e novamente é restituída a saúde da mão do rei (1 Rs 13.6);• corvos alimentam Elias (1 Rs 17.6);• a farinha e o azeite da viúva se multiplicam (1 Rs

17.16);• a comida especial de Elias (1 Rs 19.8);• cessam as chuvas por três anos e meio (Tg 5.17);• Elias ressuscita o filho da viúva (1 Rs 17.22);• Elias faz descer fogo do céu no monte Carmelo (1 Rs

18.38);• Elias faz chover novamente (1 Rs 18.45);• a carreira sobrenatural de Elias (1 Rs 18.46);• Elias faz descer fogo do céu sobre dois capitães e cem

soldados (2 Rs 1.9-14);• Elias divide as águas do Jordão (2 Rs 2.8);• carro e cavalos de fogo separam Elias de Eliseu, e Elias

é levado ao Céu num redemoinho (2 Rs 2.11);• Eliseu divide as águas do Jordão (2 Rs 2.14);• as águas de Jericó são saradas (2 Rs 2.22);• duas ursas despedaçam 42 rapazes (2 Rs 2.24);• Eliseu supre de água um exército (2 Rs 3.20);• multiplica-se o azeite da viúva (2 Rs 4.6);• curada a esterilidade da sunamita (2 Rs 4.16,17);• Eliseu ressuscita o filho da sunamita (2 Rs 4.35);

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• cozido venenoso é purificado (2 Rs 4.41);• cem homens são alimentados (2 Rs 4.43);• Naamã é curado da lepra (2 Rs 5.10-14);• Geazi fica leproso (2 Rs 5.24-27);• um machado flutua (2 Rs 6.6);• tropas sírias feridas de cegueira (2 Rs 6.18);• exército sírio é posto em fuga (2 Rs 7.6,7);• homem ressuscita ao tocar os ossos de Eliseu (2 Rs

13.21);• destruição do exército de Senaqueribe (2 Rs 19.35);• o Sol retrocede dez graus (2 Rs 20.11);• holocausto de Davi é consumido por fogo (1 Cr 21.26);• holocausto de Salomão é consumido (2 Cr 7.1);• Uzias é atacado da lepra (2 Cr 26.20);• morte da mulher de Ezequiel (Ez 24.16-18);• três hebreus na fornalha são conservados vivos (Dn

3.26);• Daniel é livre das garras dos leões (Dn 6.22);• Jonas no ventre do peixe (Jn 2.10).

2. Novo Testamento

a. Ressurreição de mortos

• O filho da viúva de Naim (Lc 7.11-16);• a filha de Jairo (Mc 5.21-43);• Lázaro de Betânia (Jo 11.32-44);• mortos ressuscitam por ocasião da morte de Jesus(Mt 27.52,53);• a ressurreição de Jesus (Jo 2.19-21);• Tabita (At 9.36-41);• Êutico (At 20.9-12).

b. Expulsão de demônios

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• Um homem com um espírito imundo (Mc 1.23-26);• um endemoninhado, cego e mudo (Mt 12.22);• dois homens possuídos de legião (Mt 8.28-34);• um mudo endemoninhado (Mt 9.32-35);• a filha da siro-fenícia (Mc 7.24-30);• um jovem lunático (Mt 17.14-21);• um jovem possesso de um espírito mudo (Mc 9.14-26);• os espíritos imundos de alguns samaritanos (At 8.7);• cura de uma jovem adivinhadora (At 16.18).•c. Curas físicas

• A febre do filho de um oficial do rei (Jo 4.46-54);• a sogra de Pedro (Mc 1.29,30);• um leproso (Mt 8.2-4);• um paralítico (Mc 2.3-12);• o paralítico do tanque de Betesda (Jo 5.1-16);• o homem da mão mirrada (Lc 6.6-10);• o servo de um centurião (Mt 8.5-13);• a mulher do fluxo de sangue (Mc 5.25-34);• dois cegos (Mt 9.27-31);• um surdo e gago (Mc 7.32-37);• um homem cego (Mc 8.22-26);• um cego de nascença (Jo 9.1-41);• uma mulher encurvada (Lc 13.11-17);• um hidrópico (Lc 14.1-6);• dez homens leprosos (Lc 17.11-19);• um mendigo cego (Lc 18.35-43);• Bartimeu (Mc 10.46-52);• a orelha de Malco (Jo 18.10);• o coxo da porta formosa (At 3.1-8);• Enéias (At 9.34);• um coxo, em Listra (At 14.10);• a disenteria do pai de Públio, em Malta (At 28.8);

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• os demais enfermos da Ilha de Malta (At 28.9).

d. Sobre as forças da natureza

• Água transformada em vinho (Jo 2.1-11);• a rede de Pedro se enche de peixes (Lc 5.1-11);• alimentação de cinco mil homens, fora mulheres e

crianças (Mt 14.15-21);• alimentação de quatro mil homens, fora mulheres e

crianças (Mt 15.32-39);• um peixe traz dinheiro na boca (Mt 17.27);• uma grande pesca (Jo 21.6-14);• Jesus passa invisível por entre os inimigos (Lc 4.30);• sinais durante a festa da Páscoa (Jo 2.23);• seca-se a figueira sem fruto (Mt 21.19);• porcos afogam-se no mar (Mt 8.32);• Jesus acalma uma tempestade (Mt 8.26);• Jesus acalma outra tempestade (Mc 6.45-51);• Jesus anda sobre águas (Mt 14.25);• Pedro também anda sobre as águas (Mt 14.28-31);• a pedra do túmulo de Jesus é removida (Mt 28.2);• abrem-se as portas da prisão para os apóstolos (At

5.19);• Pedro é livre da prisão (At 12.7-10);• as portas do cárcere se abrem em Filipos (At 16.26).

e. Outras maravilhas• Uma estrela guia os magos a Belém (Mt 2.1-12);• curada a esterilidade de Isabel (Lc 1.7,13);• Zacarias fica mudo e depois é curado (Lc 1.22,64);• sinais no momento do batismo de Jesus (Mt 3.16,17);• sinais na transfiguração de Jesus (Mt 17.1-14);• resposta através de uma voz sobrenatural (Jo 12.28-30);

• por ocasião da prisão de Cristo (Jo 18.4-6);

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• por ocasião da morte de Cristo (Mt 27.45-53);• por ocasião da ressurreição de Cristo (Mt 28.2);• por ocasião da ascensão de Cristo (Mc 16.19; Lc

24.50,51; At 1.6-12);• palavra confirmada por sinais (Mc 16.20);• sinais no dia de Pentecoste (At 2.1-8);• muitas maravilhas e sinais pelos apóstolos (At 2.43);• morte de Ananias e Safira (At 5.1-10);• sinais e prodígios entre o povo (At 5.12);• Estêvão (At 6.8);• Filipe (At 8.6);• Elimas é ferido de cegueira (At 13.11);• Sinais e prodígios em Icônio (At 14.3);• Barnabé e Paulo (At 15.12);• maravilhas extraordinárias pelas mãos de Paulo

(At19.11);• o Evangelho acompanhado por grandes milagres e

maravilhas operados pelo poder de Deus (Rm 15.19; 1 Co 12.10,28;2 Co 12.12; Gl 3.5; Hb 2.4; Ap 11.3-6 etc);

• e outras maravilhas que ficaram ocultas aos olhoshumanos.(17)

O termo grego  semeon era a palavra comumente usada paradescrever "sinal" ou "maravilha". Trazia algumas vezes o sentido de"marca distintiva" ou seu equivalente na raiz hebraica õth, oumõpheth, que significa "algo espantoso" ou "marca distintiva". (18)

 Nos evangelhos e em Atos dos Apóstolos, é freqüente o usodo termo  semeon  para indicar um "milagre didático em formaexpressiva" ou "uma maravilha", cuja finalidade é convencer oshomens acerca de uma intervenção divina. A expressão ocorre 77vezes no Novo Testamento, sendo que aparece 48 vezes nos

17 BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Edição contemporânea. São Paulo, Vida, 1994.18 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.

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evangelhos, 13 em Atos, oito nas epístolas de Paulo, sete noApocalipse de João e uma em Hebreus. No Evangelho de João, apa-rece com o significado de "sinal milagroso" (Jo 2.11,18,23). (19)

Mas o sentido geral é de uma operação completamente divina,cujo teor compõe-se não somente de um "sinal" ou "marcadistintiva", mas de algo que causa espanto e admiração aoscircunstantes. As grandes maravilhas relacionadas neste capítulo sãoapenas uma demonstração técnica do grande poder de Deus.

Em todos os acontecimentos, e em todas as guerras de que participou o povo de Deus, tanto a nação de Israel como a Igreja deJesus Cristo, houve participação divina em cada detalhe, até a vitória.

Em alguns casos, Deus intervinha diretamente commanifestações do seu poder. Ou usava homens e mulheres dotados dedons espirituais, especialmente o de operar maravilhas (Hb 2.4 etc).

Deus é sempre lembrado por suas maravilhas! Jo declara queEle faz "maravilhas tais que se não podem contar" (Jo 9.10).

Os Salmos exortam-nos a louvá-lo por suas maravilhas: "Para publicar com voz de louvor e contar todas as tuas maravilhas" (26.7);"Anunciai entre as nações a sua glória; entre os povos as suasmaravilhas" (Sl 96.3); "Cantai ao Senhor um cântico novo, porqueele fez maravilhas..." (Sl 98.1). O profeta Joel fala do "derramamentodo Espírito Santo", e a voz de Deus conclui: "Mostrarei maravilhasno céu e na terra" (Jl 2.30).

Cremos que o dom de operar maravilhas não cessou. Elecontinua em evidência na Igreja através dos séculos e na atualidade.

O segredo para vermos maravilhas em nós e nos outroscomeça com a santificação: "Santificai-vos, porque amanhã fará oSenhor maravilhas no meio de vós" (Js 3.5). Foi o que fez Moisésquando "levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus". Ele"santificou o povo... E disse ao povo: Estai prontos ao terceiro dia...E aconteceu ao terceiro dia, ao amanhecer, que houve trovões erelâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de

19 SILVA, S. P. da. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro, CPAD, 1995.

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 buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estavano arraial... E o sonido da buzina ia crescendo em grande maneira;Moisés falava, e Deus respondia em voz alta" (Êx 19.14-19).

Um acontecimento de primeira magnitude! Agora, com a presença de Deus na montanha, tudo muda de aspecto. A montanhainteira parece pulsar de vida. Deus, então, levanta suas mãos até aaltura das estrelas. Ele responde a Moisés em voz alta, e as regiões dofirmamento ecoam com timbres poderosos assim como ressoa o rugir do leão no deserto à meia-noite. A artilharia do céu é descarregadacomo sinal; um troar de trovões seguidos de raios que partem delugares ocultos espalham o alarme por todo o monte, preparando o povo para receber suas ordens.

Deus, então, começa a operar maravilhas aos olhos do povo:"E todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina,e o monte fumegando" (Êx 20.18).

Assim são as maravilhas de Deus, e o Espírito Santo, hoje,deseja capacitar cada um dos filhos de Deus que estão a servir avontade divina e as necessidades humanas, para honra e glória donome do Senhor. Busquemos, pois, tão maravilhoso dom!

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8. OS DONS DE EXPRESSÃO

I - O Dom de Profecia"E a outro, a profecia" (1 Co 12.10).O substantivo grego  propheteia ("profecia") aparece 19 vezes

no Novo Testamento (Mt 13.14; Rm 12.6; 1 Co 12.10; 13.2,8;14.6,22; 1 Ts 5.20; 1 Tm 1.18; 4.14; 2 Pe 1.20,21; Ap 1.3; 11.6;19.10; 22.7,10,18,19). Deriva-se do grego  pro ("antes", "em favor 

de") e de  phemi ("falar"). Ou seja, "alguém que fala por outrem" e, por extensão, "intérprete", especialmente da vontade de Deus. (20)Em sentido geral, a palavra "profecia", quando derivada de

 pro ("aquilo que jaz adiante"), traz a idéia de vaticínio divino de primeira grandeza.

 No presente texto, a palavra "profecia" tem um sentidoespecial. Trata-se de "um dos dons do Espírito Santo", significando

"uma predição momentânea e sobrenatural". Neste terceiro grupo dedons espirituais, a profecia assume o primeiro lugar em magnitude.São dons que operam na esfera espiritual.

Os dons de revelação expressam os pensamentos de Deus.Os dons de poder manifestam sua onipotência e grandeza,

 preenchendo o campo inteiro de nossa visão.Os dons de expressão comunicam os sentimentos do coração

de Deus.

1. A origem da profeciaHá pelo menos três fontes, das quais podem surgir uma

mensagem profética:a. Divina. Isto é, a inspiração que parte diretamente do

20 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.

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coração de Deus, fonte de todo bem (Jr 23.28,29; Tg 1.17; 1 Pe4.11).b. Humana.  Neste caso a mensagem parte do coração do

 próprio profeta, que fala sem autorização do Senhor (2 Sm 7.2-17; Jr 23.16).

c. Demoníaca. A falsa profecia parte diretamente de "umespírito enganador", ou mesmo de "um demônio" (1 Tm 4.1-3; Ap16.13,14).

2. O valor da profeciaA palavra de Deus ou "palavra profética", foi sempre de

"muita valia" para o povo de Deus em geral (1 Sm 3.1). Talvez por isso Moisés tenha exclamado: "Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu espírito!" (Nm 11.29).

O profeta Joel, ao vaticinar o grande derramamento doEspírito sobre toda a carne, fala de uma efusão profética: "Vossosfilhos e vossas filhas profetizarão" (Jl 2.28).

Finalmente, Paulo manifesta o mesmo sentimento,aconselhando os coríntios a procurar "com zelo os dons espirituais,mas principalmente o de profetizar" (1 Co 14.1). Nos versículosseguintes, o apóstolo reafirma sua admoestação em outros termos,como por exemplo:

"E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas; mas muitomais que profetizeis, porque o que profetiza é maior do que o quefala línguas estranhas" (v. 5); "Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar" (v. 39).

Segundo alguns escritores neotestamentários, parece que naigreja de Corinto ensinadores usavam "palavras persuasivas desabedoria humana", tornando-se quase impossível aos "indoutos"alcançar o pensamento desses requintados pregadores (cf. 1 Co 2.1-13). Diante de tal circunstância o Espírito de Deus supria esta lacuna,usando alguém com o dom de profecia. Daí o comentário doapóstolo: "Mas se todos profetizarem, e algum indouto ou infielentrar [no templo], de todos é convencido, de todos é julgado. Os

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segredos [as dúvidas] do seu coração ficarão manifestos[respondidos], e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará aDeus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós" (1 Co14.24,25).

3. A finalidade da profeciaO dom de profecia tornara-se o mais desejado da igreja em

Corinto, provavelmente, como observa Faucett, pelas seguintesrazões:

• A profecia visa a edificação da igreja, tema quase quecentral do capítulo 14 de 1 Coríntios, e não apenas a edificação docrente individual, como é o caso das línguas quando nãointerpretadas.

• A profecia serve para exortação.• A profecia serve também para consolar.• A profecia é um meio de transmitir revelações e

doutrinas, quando vazadas na revelação plenária.• A profecia faz soar o "toque" da mensagem cristã que

leva o crente a preparar-se para a batalha espiritual.• A profecia é uma voz clara num mundo de vozes

confusas e desassociadas.• A profecia é um canal de bênção, principalmente de

ação de graças, do qual a comunidade inteira pode participar. Por conseguinte, assemelha-se às línguas e até lhes é superior, porque beneficia a todos, e não somente ao que fala.

• A profecia é um dom espiritual que abençoa os crentes emqualquer lugar onde Deus assim o queira.

• A profecia é uma maneira de ensinar os sentimentosespirituais à alma sincera e anelante pela presença de Deus.

• A profecia deve ser ministrada segundo a medida da fé.Em outras palavras, deve ser transmitida de acordo com as regras e padrões estabelecidos na Palavra de Deus.

• A profecia deve ser transmitida sob os cuidados da

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direção ministerial (1 Cr 25.2).• A profecia é um alerta contra o pecado: "Não havendo

 profecia, o povo se corrompe" (Pv 29.18). Note que a profecia citada neste capítulo não é o ministério

 profético que o mesmo Paulo menciona em Efésios 4.11,evidentemente também chamado "dom". Mas é um "dom degoverno", ligado diretamente à área ministerial. Enquanto que a profecia, ainda que ligada também ao ministério profético, é um"dom do Espírito Santo" outorgado à igreja para "edificação,exortação e consolação". Os profetas mencionados no Antigo Testa-mento eram pessoas revestidas do "ministério profético", egeralmente iniciavam a mensagem profética, dizendo: "Assim diz oSenhor" ou: "Veio a mim a palavra do Senhor".

 No caso do dom de profecia, a mensagem parte semprediretamente de Deus e é transmitida como se o próprio Deusestivesse falando. No exercício do ministério profético propriamentedito, dificilmente profetizavam dois ou mais profetas ao mesmotempo e em um só lugar, como acontece com o dom de profecia.Paulo orienta: "Falem dois ou três pessoas, e os outros julguem. Masse a outro [profeta], que estiver assentado, for revelado alguma coisa,cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dosoutros... E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" (1 Co14.29-32).

O ministério profético e o dom de profecia encontram-seassociados em ambos os Testamentos. Em Números 11.25,26, oEspírito de Deus repousou sobre setenta anciãos de Israel,concedendo-lhes uma espécie de dom de profecia. Eles profetizaramali, e depois, nunca mais. Entretanto, "no arraial ficaram doishomens; o nome de um era Eldade, e o nome do outro, Medade; erepousou sobre eles o Espírito (porquanto estavam entre os inscritos,ainda que não saíram à tenda), e profetizavam". Eldade e Medadereceberam o ministério profético, enquanto os setenta anciãosreceberam apenas uma porção deste ministério, ou seja, o dom de

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 profecia. A palavra hebraica para "profeta" é nabil, e foi usada pela primeira vez em Gênesis 20.7; depois, aparece mais de trezentasvezes no Antigo Testamento. No Novo Testamento, a palavra prophetes aparece 149 vezes. Sete dessas ocorrências, nas Escrituras,são aplicadas a figuras femininas, ou "profetisas": Miriã, Débora,Hulda, Noadias, a mulher do profeta Isaías, Ana e Jezabel (Êx 15.20;Jz 4.4; 2 Rs 22.12; Ne 6.14; Is 8.3; Lc 2.36; Ap 2.20).

Atos 20.8,9 também revela que Filipe, o evangelista, era paide "quatro filhas donzelas que profetizavam".

Toda e qualquer profecia, seja plenária (2 Pe 1.19-21) ou umarevelação momentânea operada através do dom, diante de qualquer necessidade da igreja deve trazer em seu conteúdo "o testemunho deJesus", que é o "espírito de profecia" (Ap 19.10).

II - O Dom de Variedade de Línguas"E a outro, a variedade de línguas" (1 Co 12.10).Este dom é até certo ponto menor que o de profecia, conforme

declara Paulo ao discorrer sobre os dons espirituais na igreja emCorinto: "E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas; masmuito mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior do que oque fala línguas..." (1 Co 14.5). Entretanto, o apóstolo ressalva: "... anão ser que também interprete".

Devemos ter em mente que está em foco a variedade, e nãomeramente o dom de línguas, comumente desfrutado pelos cristãos

 batizados com o Espírito Santo.

1. No dia de PentecosteAlguns estudiosos explicam as línguas faladas no dia de

Pentecoste como o resultado da memória sobrenatural vivificada,reproduzindo nos judeus e prosélitos frases e orações ouvidas por eles e guardadas no inconsciente, as quais precisavam usar sob

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circunstâncias normais. (21)O escritor sagrado diz que o fenômeno sobrenatural deixou

todos pasmados, a ponto de dizerem: "Pois quê! Não são galileustodos esses homens que estão falando? Como pois os ouvimos, cadaum, na nossa própria língua em que somos nascido?" (At 2.7,8).

O fenômeno contribuiu para destacar a universalidade damensagem cristã, em contraste com a expressão nacional do judaísmo. Além disso, o Espírito Santo dava cumprimento a mais umvaticínio das Escrituras, que dizia: "Pelo que por lábios estranhos e por outra língua, falará a este povo" (Is 28.11). Qualquer pessoaficaria impressionada ao ouvir de um estrangeiro algo em sua línguanativa, sem erros gramaticais e sem sotaque, e de modo eloqüente.Uma vez assim impressionada, passaria a dar maior atenção àmensagem. Depois veio o resultado: "Naquele dia, agregaram-sequase três mil almas".

2. Depois do dia de PentecosteO dom de variedades de línguas ocorre em pelo menos três

lugares, no Novo Testamento. Apesar de não estarem essasocorrências vinculadas a grandes concentrações de visitantes deoutras terras, o Espírito Santo operou eficazmente, comdemonstração de poder. Estes lugares foram:

a. Cesaréia. "E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu oEspírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis queeram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro,maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramassetambém sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas emagnificar a Deus" (At 10.44-46).

b. Éfeso. "E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles oEspírito Santo; e falavam línguas e profetizavam" (At 19.6).

c. Corinto. "E a outro, a variedade de línguas; e a outro, ainterpretação das línguas..." (1 Co 12.10).

21 Idem.

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É possível que Paulo, ao falar sobre "línguas dos homens edos anjos", em 1 Coríntios 13.1, estivesse aludindo ao dom devariedade de línguas - exatamente como aconteceu no dia dePentecoste, onde "foram vistas por eles línguas repartidas, como quede fogo".

O dom de variedade de línguas possibilita a expressão, por meios sobrenaturais, de línguas estrangeiras, naturais e humanas, etambém de algum idioma celestial. Depende da necessidade evontade do Espírito Santo (At 2.4).

O dom de variedade de línguas tem sido comumente chamado pelos teólogos de "glossolalia", e particularmente de "línguasestranhas" pelos cristãos em geral. Inúmeras vezes Deus, atravésdeste dom e de sua interpretação, tem edificado, exortado econsolado milhares de pessoas na igreja e até fora dela.

A igreja em Corinto foi agraciada por Deus com todos os dons já manifestos pelo Espírito Santo, a ponto de o apóstolo Paulocomentar: "Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (como foi mesmo o testemunho deCristo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos fal-ta..." (1 Co 1.5-7).

Deus se manifestava e falava de diversas maneiras. Falava por "meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina".Em outras ocasiões, Deus também falava por meio de "salmos... delínguas e sua interpretação". Outros dons do Espírito Santo eramtambém manifestos para exaltar o nome de Jesus como Senhor.

O apóstolo mostra a harmoniosa sintonia entre os dons,cooperando cada um em determinada área da igreja, de acordo com adistribuição feita pelo Espírito Santo: como o corpo, sendo um mascomposto de muitos membros com funções diferentes (1 Co 12.12-27). Nenhum membro deve ser desprezado ou considerado "mais fra-co" ou "menos honroso" - todos são necessários.

3. Diferença entre variedade de línguas e línguas estranhas

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Lendo 1 Coríntios 14.27,28, à primeira vista achamos que oapóstolo Paulo está proibindo os crentes de falar em línguasestranhas durante o culto. Mas não é este, com certeza, o pensamentodo grande mestre da Palavra de Deus. No mesmo capítulo, eleafirma:

• "O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo" (v.4);

• "E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas..."(v. 5);

• "Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do quevós todos" (v. 18);

• "Não proibais falar línguas" (v. 39).

Entendo que Paulo esteja aqui instruindo sobre o uso correto dodom de variedade de línguas, pois explica que precisa de interpretação: "E,se alguém falar línguas estranhas [variedade de línguas], faça-se isso por dois ou, quando muito, três, 6 por sua vez, e haja intérprete. Mas, se nãohouver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e comDeus" (1 Co 14.27,28).

Procurava o apóstolo pôr termo a uma dificuldade: se todos os

crentes batizados com o Espírito Santo presentes numa reunião falassemvárias línguas aos mesmo tempo, seria humanamente impossível o trabalhodos intérpretes. Mesmo usados por Deus, precisavam interpretar cadalíngua por sua vez.

Talvez por isso Paulo tenha prescrito: "E, se alguém falar línguaestranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três..." "Por sua vez"significa um após outro - pois somente assim o intérprete poderia trans-mitir a mensagem divina à igreja. E assim, tudo seria feito "decentemente e

com ordem" (1 Co 14.40).Entendemos que se alguém falar em línguas, mesmo as entendidas

 pelos homens, como aconteceu no dia de Pentecoste, esta pessoa estásendo usada pelo Espírito Santo em variedade de línguas. E se de algumamaneira não as entendermos, neste caso o que fala "não fala aos homens,senão a Deus" (1 Co 14.2).

Podemos, portanto, chamar as línguas estranhas não interpretadasde "mistério" ou "sinal"; enquanto que as que as interpretadas

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compreendem a "variedade de línguas" (1 Co 12.10; 13.1; 14.2,26,27,28).

III - O Dom de Interpretação das Línguas

"E a outro, a interpretação das línguas" (1 Co 12.10).A palavra "interpretação" nada tem a ver com a "tradução", nosentido em que a conhecemos. Não se refere ao processo intelectual pelo qual se dá o sentido prosaico e literal de palavras faladas ouescritas. A "interpretação" em foco é totalmente milagrosa. Trata-sede um dom do Espírito Santo que capacita a pessoa a traduzir simultaneamente o que está sendo falado através do dom de

variedade de línguas.Assim, o que fala em línguas não deve procurar decifrá-las,mas pode receber a interpretação da mesma fonte divina de ondesurgiram. A não ser que Deus queira fazer como no dia dePentecoste, quando o Espírito Santo desceu repentinamente,conforme descrito em Atos 2.2-4: "E, de repente, veio do céu umsom, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa

em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas re- partidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutraslínguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem".

 Nessa operação miraculosa do Espírito de Deus, as "línguas"foram repartidas conforme em cerca de 15 regiões diferentes, a saber:"Partos e medas, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e

Judéia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia, e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeuscomo prosélitos), e cretenses, e árabes..." (At 2.9-11). A lista doescritor sagrado não é propriamente lingüística, e sim geográfica,cujo propósito é ilustrar a grande variedade de povos, isto é, pessoasde "todas as nações que estão debaixo dos céus".

Besser salienta que a "linguagem dos judeus era por demais

débil para descrever ao mesmo tempo e para o mundo inteiro essas

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maravilhosas 'grandezas de Deus'; seriam necessários todos osidiomas do mundo para publicar e glorificar as obras do Senhor doUniverso". Entretanto, com um único toque do Espírito Santo tudoficou resolvido.

O mesmo acontecerá na continuidade da pregação doEvangelho do Reino, principiada por João Batista e Cristo masinterrompido pela rejeição do Rei. Porém este voltará em glória, nofinal da Grande Tribulação, preparando assim as nações para o reinomilenial do Filho de Deus. O que não pode ser visto com nitidez, por causa da sombra humana, será revelado por um anjo em apenas uminstante: "E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelhoeterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a todanação, e tribo, e língua, e povo" (Ap 14.6). (22)

Esta mensagem é universal, como o foi, sem dúvida, amensagem dada pelo Espírito Santo através do dom de variedade delínguas, no dia de Pentecoste! O resultado certamente foi o descrito por Paulo em 1 Coríntios 14.22: "De sorte que as línguas são umsinal, não para os fiéis, mas para os infiéis".

 No dia de Pentecoste, duas coisas importantes com relação ainterpretação da variedade de línguas podem ter acontecido:

• as línguas faladas eram o idioma materno de cada pessoa ali presente (At 2.8);

• a linguagem era espiritual, e Deus capacitou cada umdos presentes a compreender o significado das palavras (1 Co 14.21).

Seja como for, o resultado foi glorioso: Deus falou através doseu Espírito, e falou muito bem! (Hb 1.1; 2.4).

22 SILVA, S. P. da. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro, CPAD, 1995.

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9. A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO

I - O que é Blasfêmia contra o Espírito Santo No conceito de Platão, blasfêmia, do grego blasphemo, quer 

dizer "falar para danificar". Nas Escrituras, porém, o conceito de blasfêmia tem um

alcance mais vasto e tenebroso. No Antigo Testamento,especialmente no grego da Septuaginta, palavras como blasphemia e

blasfemeos trazem, com poucas exceções, o sentido de atoscontrários à majestade de Deus. Quando ligadas ao mundo religioso,considera-se "blasfêmia" várias atitudes contra Deus e o que é santo.

• Fazer uso do nome santo de Deus em vão em algocontrário a sua vontade. Por exemplo, o terceiro mandamento traz emsi este princípio, embora não seja estabelecida a pena, como emoutros casos registrados na Bíblia. Entretanto, existe a proibição:

"Não tomaras o nome do Senhor, teu Deus, em vão: porque o Senhor nãoterá por inocente o que tomar o seu nome em vão" (Êx20.7).

• Falar contra o nome santo de Deus, amaldiçoando-o(Lv 24.10-11).

• Julgar-se igual a Deus. Por causa desta concepção os judeus acusaram Jesus: "Não te apedrejamos por alguma obra boa,

mas pela blasfêmia, porque sendo tu homem, te fazes Deus a timesmo" (Jo 10.33).• Falar contra o Templo e contra a Lei também era

considerado blasfêmia pelos judeus (At 8.13).• Falar contra o Céu e contra aqueles que nele habitam

(Ap 13.6).Outros atos abusivos eram considerados blasfemos, tais como:

• falar contra Moisés (At 8.11);

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• contradizer a verdade de Deus (At 13.45);• falar contra a palavra de Deus (Tt 2.5);• proferir mentiras blasfemas (Ap 2.9).Jesus mostrou que a blasfêmia contra o Espírito Santo

ultrapassa os limites da redenção: "Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra oEspírito Santo não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas,se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nemneste século nem no futuro" (Mt 12.31,32).

O texto não alude a um pecado em particular, mas a um ato ouatos definidos que determinam um estado pecaminoso, uma oposiçãodeterminada e voluntária contra a força e obra do Espírito Santo. Neste caso, o pecado consiste de duas maneiras:

• resistir deliberadamente toda e qualquer operação doEspírito Santo;

• atribuir às forças do mal aquilo que está sendo reali-zado pelo Espírito de Deus.

II - Duas Maneiras de Cometer este PecadoDe acordo com os ensinamentos de Jesus e de seus discípulos,

há duas maneiras de os homens resistirem ao Espírito Santo. O perigo de se chegar a tal atitude reside, segundo J. Cranne, noexercício do livre-arbítrio. Muitos se aproveitam desse direito e

optam por um caminho completamente errado e irreversível, comofizeram - ou estavam a ponto de fazer - as autoridades religiosas nosdias de Jesus.

1. Resistir ao Espírito SantoEstevão, cheio do Espírito Santo, acusa os que se lhe

opunham: "Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e

ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como

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vossos pais" (At 7.51).O pecado mais comum que uma pessoa sem Deus pode

cometer contra o Espírito Santo é resisti-lo. Trata-se, portanto, de um pecado praticado apenas pelo não-convertido. Pode assumir a formade desdém (At 26.28); de adiamento (At 17.32; 24.25); deridicularização (At 17.32); ou de oposição agressiva (At 5.33-40).

Essa conduta pecaminosa não reconhece a atuação do EspíritoSanto. Jesus havia demonstrado a seus opositores que tanto a razãoquanto a instrução religiosa que haviam recebido não deixavamdúvidas de que o Espírito Santo operava através dEle. Mas, em seuódio contra Jesus, os fariseus optaram por não aceitar a evidênciadada por Deus. Abriram a boca contra o Senhor e contra seu Ungido,dizendo: "Este não expulsa demônios senão por Belzebu, príncipedos demônios" (Mt 12.24).

Claro está que a aceitação ou rejeição da pessoa de JesusCristo contribuiu para determinar a atitude dos fariseus. Mas é arejeição a base para o pecado imperdoável, que consiste em atribuir aSatanás a obra do Espírito Santo. (23)

2. A blasfêmia No grego, "blasfêmia" significa "dizer coisas abusivas", e

indica algo declarado contra o que pertence a Deus. Às vezessignifica "difamação" e "calúnia".

 No presente texto, "blasfêmia" reveste-se de um sentidosombrio, tenebroso. Isto é, atribuir ao príncipe dos demônios asoperações miraculosas que Jesus realizava pelo poder do EspíritoSanto.

23 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.

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III - Um Pecado que Ultrapassa os Limites daRedenção

Quem disser coisas abusivas contra o Supremo Ser "nuncaobterá perdão, mas será réu do eterno juízo" (Mc 3.29).

Em Hebreus 10.29, encontramos um exemplo deste pecadoimperdoável. O escritor sagrado adverte sobre os que vivem pecando"voluntariamente": "De quanto maior castigo cuidais vós será julgadomerecedor aquele que  pisar o Filho de Deus, e tiver por profano osangue do testamento, com que foi santificado, e fizer  agravo aoEspírito da graça?"

A passagem subentende que a impossibilidade do perdão pela blasfêmia contra o Espírito Santo pode estender-se à vida além-túmulo. O Dr. F. W. Grant observa que esta blasfêmia representamais que um fruto da ignorância, sendo uma aberta oposição a Deuse a tudo que é divino. Uma palavra falada contra o Filho do Homem podia ser perdoada: a condição humilde que Ele assumira ocultava asua glória aos olhos carnais. Mas havia o que precisava ser reconhecido e não era possível ocultar.

O ódio manifesto por pessoas esclarecidas não podia ser  perdoado. O pecado eterno é a atitude de quem, propositadamente eem desafio à luz e ao conhecimento, rejeita e persevera em rejeitar osesforços do Espírito Santo e a graça oferecida pelo Evangelho. Talestado, para quem nele persevera sem arrependimento, exclui o perdão, porque é o pecado para a morte referido em 1 João 5.16: "Há pecado para morte, e por esse não digo que ore". Persistir nesse erroé perecer sem misericórdia, ainda que o Deus de toda a graça façatudo para evitar tal desenlace. (24)

24 McNAIR, S. E. A Bíblia Explicada. Rio de Janeiro, CPAD, 1994.

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IV - Pecado contra o Espírito Santo: a Criaturasem Intercessor

Vários aspectos, e todos eles com justificativas convincentes,demonstram ser a blasfêmia contra o Espírito Santo um pecadoimperdoável:

• Pecando o homem contra Deus, Jesus intercederá por ele junto ao Pai: "Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e nãosomente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 Jo2.2). Na posição de Sumo Sacerdote, Jesus intercede perante Deus pelos "transgressores" e pelos "santos" (Is 53.12; Hb 7.25).

• Pecando o homem contra Jesus, o Espírito Santointercederá por ele junto ao Filho de Deus (cf. Jo 16.8; Rm 8.26).

• Pecando o homem contra o Espírito Santo, quemintercederá por ele? Ninguém! Eis aí a razão por que tal criatura setorna ré de juízo eterno .

Era esta, sem dúvida, a advertência de Jesus a seus inimigos.Entretanto, aquelas autoridades religiosas não entenderam. O "deusdeste século" cegara os entendimentos daquela gente, e eles não puderam ver "a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagemde Deus" (2 Cr 4.4).

Parece que tal conduta resulta de um processo de rebeldiacontra Deus. Não se pode imaginar alguém agir assim sem conhecer os princípios que mostram se algo procede de Deus ou do príncipedas trevas: "Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles semanifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisasinvisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, comoa sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas queestão criadas, para que eles fiquem inescusáveis" (Rm 1.19,20).

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V - Pode um Cristão Blasfemar contra oEspírito Santo?

De acordo com o ensinamento geral da Bíblia, entendemosque jamais uma pessoa cristã cometeu tal pecado, especialmenteaqueles que pensam que o fizeram. Quem blasfema contra o EspíritoSanto jamais terá consciência de que o fez.

O Dr. Geo Goodman oferece uma explicação animadora paraaqueles cristãos que imaginam ter cometido tal pecado. Como muitoscristãos têm sido perturbados e mesmo alarmados com esta possibilidade, pensemos a respeito:

• Não é ela para perturbar a consciência impressionável, pois ter uma consciência sensível é estar na condição espiritualdiametralmente oposta. O blasfemo aqui referido é uma pessoa cujaconsciência está cauterizada como que por um ferro em brasa.

• Não se refere a alguém cair em tentação, a um pecadoou pecados; é mais uma atitude de espírito do que mesmo um ato.

• Não significa uma simples palavra irrefletida oudescuidada, embora blasfema, porque blasfêmias e pecadossemelhantes podem ser perdoados.

• Não significa meramente atribuir a obra de Cristo ao poder das trevas, como no caso citado - embora isso já seja um sintomamuito perigoso. Contudo, ainda não é o próprio crime. Foi por teremos fariseus e escribas feito isso que Cristo apontou o perigo em queestavam caindo.

O Senhor Jesus advertiu os escribas e fariseus sobre otenebroso perigo da rejeição de suas almas com vistas ao mundovindouro. Eles, em suas interpretações, atribuíram ao reino das trevasa redenção que Jesus trouxe.

A expulsão dos demônios pelo poder divino era sinal de que oReino de Deus havia chegado no mundo com todo o seu peso de poder e glória.

Do outro lado, as acusações que os mestres judaicos dirigiram

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contra Jesus importam em negação do poder e da grandeza doEspírito Santo de Deus como Ser Supremo.

E, ao atribuírem origem demoníaca à atuação do Senhor,revelaram perversidade de espírito que, desafiando a verdade, preferechamar de trevas a própria Luz. Nesse contexto, a blasfêmia contra oEspírito Santo denota rejeição consciente e deliberada do poder e dagraça salvadora de Deus, demonstrados e concretizados mediante as palavras e atos de Jesus. No pensamento de W. L. Lanne, a blasfêmiaé, portanto, algo muito mais sério do que tomar em vão o nomedivino.

VI - A Blasfêmia PerdoadaJesus afirma, em Mateus 12.31, que "todo pecado e blasfêmia

se perdoará aos homens"; e, em Marcos 3.28, acrescenta: "... todasorte de blasfêmias, com que blasfemarem" - inclusive a blasfêmiacontra o Filho do homem!

Imperdoável, aqui e na eternidade, somente a blasfêmia contra

o Espírito Santo. Quanto a blasfêmia contra Deus, o Pai, não se dizexplicitamente que pode ser perdoada. Alguns acreditam que sim.Outros opinam que não.

 No Antigo Testamento, era punido com a morte quem blasfemasse contra o nome santo de Deus. Antes mesmo de Israel ter entrado na Terra Prometida, o filho de uma mulher israelita com umegípcio foi preso e depois apedrejado por ter praticado tal ato: "E

disse Moisés aos filhos de Israel que levassem o que tinha blasfemado para fora do arraial e o apedrejassem com pedras; efizeram os filhos de Israel como o Senhor ordenara a Moisés" (Lv24.23).

A blasfêmia dirigida contra Jesus podia ser perdoada, emrazão de sua encarnação, pois Ele "aniquilou-se a si mesmo, tomandoa forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na

forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à

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morte e morte de cruz" (Fp 2.7,8). Não é o caso de Deus Pai. Assim,cabe bendizer o seu nome santo, e glorificá-lo!

 Não sabemos, porque isto ultrapassa a compreensão humana,se alguém que tenha blasfemado contra o Espírito Santo pode ser  perdoado por Deus, mediante um pedido de clemência do próprioEspírito Santo em favor de tal criatura. "Para Deus nada éimpossível" (Lc 1.37).

Com efeito, este é um campo que pertence somente a Deus! Não nos cabe especular.

VII - Blasfêmia no Sentido EscatológicoApocalipse 13.6 diz que a Besta que "subiu do mar... abriu a

 boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e doseu tabernáculo, e dos que habitam no céu". Esta figura sombria blasfemará dos "poderes do mundo superior", ridicularizando sua própria existência. Quando Antíoco Epifânio IV conquistou o poder,seu alvo principal foi blasfemar o tabernáculo de Jerusalém.

Durante sua vida terrena, o Senhor Jesus foi alvo constantedas grandes blasfêmias dos obstinados fariseus.O Espírito Santo também será objeto das blasfêmias do

Anticristo. Seu objetivo será vilipendiar o nome santo de Deus e deseu Filho, Jesus Cristo - o que atinge, conseqüentemente, a dignidadedo Espírito Santo, conforme implícito na frase "... e dos que habitamno céu".

A palavra "igreja" - ou "igrejas" - aparece 19 vezes nos três primeiros capítulos de Apocalipse, mas depois só reaparece emApocalipse 22.16. As duas últimas citações, em 3.22 e 22.16 (cf. v.17), estão associadas ao Espírito Santo.

Este vínculo indica que o Espírito Santo subirá com a Igreja, por ocasião do arrebatamento. Diz Apocalipse 14.13 que uma "voz" partiu "do céu", anunciando a segunda bem-aventurança das sete que

o livro contém, identificada como a do Espírito Santo. Isto prova que,

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no período da "angústia de Jacó", o Espírito Santo fará parte daqueles"que habitam no céu". O dragão, que ora incita os homens a dirigir  palavras blasfemas contra o Espírito de Deus, o fará novamentenaquele tempo, por meio da "besta que subiu do mar".

O destino final da Besta e de seu consorte, o falso profeta, seráo "lago de fogo" (Ap 19.20; 20.10).

Assim Deus punirá "todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele" (Jd 15), "principalmente aqueles quesegundo a carne andam em concupiscências de imundícia, edesprezam as dominações... não receiam blasfemar das autoridades"(2 Pe 2.10).

Apesar de tudo, Deus ama essas pessoas. Porque Deus ama atodos! E, "não querendo que alguns se percam, senão que todosvenham a arrepender-se" (2 Pe 3.9), conclama "a todos os homens,em todo o lugar, que se arrependam" (At 17.30).

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10. O FRUTO E OS FRUTOS DO ESPÍRITO

I - O Fruto do Espírito Santo"Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz,

longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança"(Gl 5.22).

O "fruto" e os "frutos" mencionados nas Escrituras,especialmente no Novo Testamento, são qualidades morais e

espirituais cultivadas pelo Espírito de Deus na personalidade cristã.O primeiro vem citado no singular, embora composto de"nove qualidades" diferentes, formando uma diversidade deoperações. Contudo, é o "mesmo Espírito" que "opera todas estascoisas, repartindo particularmente a cada um como quer" (cf. 1 Co12.11). Significa que o fruto, mesmo sendo composto de novequalidades, contém um só sabor que abre caminho para a perfeição

até transformar o cristão "de glória em glória, na mesma imagem,como pelo Espírito do Senhor" (2 Co 3.18).O fruto do Espírito é o resultado na vida dos que participam

da natureza divina, ou seja, dos que estão ligados a Cristo, a "videiraverdadeira" (Jo 15.1-5). Assim, passamos a obter uma nova natureza, porque fomos "gerados, não de semente corruptível, mas daincorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para

sempre" (1 Pe 1.23).Os frutos do Espírito Santo mencionados em outras passagensdas Escrituras referem-se a outras operações do Espírito de Deus navida do cristão, produzindo outras virtudes na alma, que depoisexaminaremos à luz do contexto.

1. Amor (caridade)

Este atributo do Espírito de Deus é evidentemente o mais

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sublime de todos. Ele é o fundamento sobre o qual os demais dons evirtudes do Espírito Santo estão edificados.

O amor é o solo onde são cultivadas as demais virtudes daexistência, seja terrena ou celestial.

O amor é a base onde todos os dons espirituais sãoimplantados.

O amor é a fonte de onde fluirão as demais fontes de tudo queé divino: "A caridade [amor] nunca falha; mas havendo profecias,serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,desaparecerá. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e acaridade, estas três, mas a maior destas é a caridade" (1 Co 13.8,13).

O Filho de Deus nos ensinou a caminhar as "duas milhas" (Mt5.41): a primeira é a "milha do dever", a segunda, a "milha do amor".

Quem trabalha para Deus apenas para cumprir seu dever cristão, reconhece-o apenas como Senhor. Mas quem trabalha por amor e gratidão pelo que Ele fez e continua fazendo em sua vidareconhece-o como Pai.

A observância dos mandamentos de Deus e dos ensinamentosde Cristo requer amor no coração. Jesus disse: "Se me amardes,guardareis os meus mandamentos" (Jo 14.15); "de sorte que ocumprimento da lei é o amor" (Rm 13.10), "porque toda a lei secumpre numa só palavra, nesta: Amarás o teu próximo como a timesmo" (Gl 5.14).

Há alguns anos, circulou nos Estados Unidos um informemostrando "três maneiras de amar": por causa de, por causa de simesmo e apesar de.

a. Amor por causa de. O amor desenvolvido nesta esferaaponta para um tipo interesseiro, que visa recompensa imediata parasi e para aquele que é amado. Em outras palavras, ama-se porqueexiste um motivo que leva a amar.

b. Amor por causa de si mesmo. Esta maneira de amar indicaalguém que estabelece determinadas normas para ser amado. É umamor subjetivo, que ama mas ameaça. É como ouvimos dizer: "Eu te

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amo! Mas se fizeres isto ou aquilo, não te amo mais!" Esse gênero deamor é condicional, e não voluntário.

c. Amor apesar de. Este amor é descrito como sendo o amor de Deus. Sua dimensão é infinita, e seu alcance, muito vasto!

O termo agapao aparece 142 vezes no Novo Testamento; eagape, 116 vezes. Ambos vêm da raiz hebraica aheb, que passou para o grego da Septuaginta com o sentido de "supremo sacrifício".

João 3.16, o "texto áureo" da Bíblia, mostra-nos a naturezadeste amor, que induziu Deus a entregar o seu próprio Filhounigênito a morrer pelo mundo. Tal amor não pode jamais ser descrito. Isto só foi possível porque "Deus é amor" (1 Jo 4.8).

Em Romanos 5.8, lemos: "Mas Deus prova o seu amor paraconosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores". Não nos foi revelado, por certo em razão de nossa mente limitada, oque motivou Deus a nos amar assim. Mas esse é o amor que ama semser amado e não visa nada em troca. Neste sentido, o amor pode ser traduzido por "caridade" e até por "ardente caridade", que é o amor aplicado (2 Pe 1.7).

2. Gozo (alegria)Algumas versões da Bíblia traduzem "gozo" por "alegria",

sendo esta a felicidade que o crente desfruta no Espírito Santo.O termo grego aqui é chara. O termo charis, traduzido em

 português por "graça", vem da mesma raiz. Charis, a partir deHomero, passou a significar "aquilo que promove bem-estar entre oshomens".

a. Definição. O substantivo charma traz a idéia de "encanto",de onde provém "charme" - aquilo que é formoso ou atraente. Comoatributo do Espírito Santo, a alegria é uma qualidade implantada naalma que teve um encontro com o "Deus de toda graça", e visa umavida de rogozijo e de agradecimento no Senhor. Paulo recomenda aoscristãos filipenses que sejam agradecidos e cheios de regozijo:

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"Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos" (Fp4.4).

b. Alegria, fruto do louvor.  "Está alguém contente? Cantelouvores" (Tg 5.13). "A alegria envolve pensa mentos suaves sobreCristo, hinos e salmos melodiosos, louvores e ação de graças, comque os cristãos se instruem, inspiram e refrigeram a si mesmos. Deusnão aprecia a dúvida e o desânimo. Também abomina as palavras queferem, ou pensamentos melancólicos e tristonhos".(25)

O desejo de Deus é ver seus filhos cantando "com graça nocoração" (cf. Cl 3.16). Nas Escrituras, a alegria trazia força e atésaúde ao povo de Deus: "Ide, e comei as gorduras, e bebei asdoçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vosentristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força" (Ne 8.10);"O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido viráa secar os ossos" (Pv 17.22).

O anjo do Senhor bradou dos céus: "Não temais, porque eisaqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo"(Lc 2.10). A alegria cristã, portanto, não é uma emoção artificial.Antes, é uma ação do Espírito Santo no coração humano, para queeste venha a conhecer que o Senhor Deus está no seu trono, e quetudo neste mundo submete-se ao seu controle, até mesmo onde aexperiência pessoal está envolvida.

Esta ação poderosa do Espírito Santo em nossas vidas éinspiradora, dando-nos esperança e confiança e enchendo-nos decoragem para avançar na direção em que formos enviados. Este foi,sem dúvida, o grande sucesso da Igreja Primitiva. Os cristãosestavam cheios de alegria, e por este motivo "em todos eles haviaabundante graça" (At 2.46; 4.33).

c. Alegria, fruto da glorificação. A alegria faz parte da esfera

25 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.

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central do Reino de Deus que "não é comida nem bebida, mas justiça,e paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristoagradável é a Deus e aceito aos homens" (Rm 14.17,18). A tristezasomente é benéfica quando vem de Deus para produzir arrependimento e, depois, edificação: "Porque a tristeza segundoDeus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém searrepende..." (2 Co 7.10).

Portanto o gozo, como fruto do Espírito, é a alegriaimplantada pelo Senhor Jesus no coração e na expressão de nossavida para com nós mesmos e nossos semelhantes. Ele disse: "A vossaalegria, ninguém vo-la tirará" (Jo 16.22).

3. PazVárias passagens das Escrituras apresentam o Senhor como

"varão de guerra" (cf. Êx 15.3; Sl 24.8), mas Ele é também chamado"o Deus de paz" (Rm 15.33; 2 Co 13.11).

A guerra tira a paz. No campo espiritual, entretanto, esta éfunção do pecado. Ele tira a paz do coração - para com Deus, osoutros homens, o próprio ser e a própria consciência. Porém, com o perdão dos pecados, esta virtude é implantada no coração.

O fruto "paz" foi criado por Cristo, e é implantado no salvo pelo Espírito Santo.

• Cristo é a nossa paz (Ef 2.14).• Cristo evangelizou a paz (Ef 2.17).• Em Cristo, Deus e o homem se encontram em paz (Ef 

2.15).• Em Cristo, o crente desfruta a paz (Jo 14.17; 16.33).A paz envolve muito mais do que a tranqüilidade íntima que

 prevalece a despeito das tempestades externas. Trata-se de umaqualidade produzida em nosso espírito. A verdadeira paz tende àtranqüilidade de consciência. A paz opõe-se ao ódio, à desavença, àcontenda, à inveja, à chantagem psicológica, aos excessos e coisassemelhantes.

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Este fruto do Espírito guarda a alma do desespero, a aflição eda desconfiança, conforme escreve Paulo: "E a paz de Deus, queexcede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossossentimentos em Cristo Jesus" (Fp 4.7). Cristo, é, portanto, o Rei deSalém - que é rei de paz, à semelhança de Melquisedeque, que "pri-meiramente é, por interpretação, rei de justiça e depois também rei deSalém, que é rei de paz" (Hb 7.2).

4. LonganimidadeO termo grego para "longanimidade" é makrothumia, que traz

a idéia de "paciência" em sua forma adjetiva, o que indica aqualidade de alguém que é tolerante por natureza.

 No conceito rabínico, muitas vezes a palavra "longanimidade"era tomada para indicar "extensão" - especialmente quando se referiaà misericórdia de Deus para com o seu povo: "Jeová, o Senhor, Deusmisericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência everdade" (Êx 34.6).

Para Adam Clarke, a longanimidade consiste em "suportar asfragilidades e provocações alheias, com base na consideração de queDeus se tem mostrado extremamente paciente conosco; pois, se Deusnão tivesse agido assim, teríamos sido imediatamente consumidos:suportando igualmente todas as tribulações e rebeldias; submetendo-nos alegremente a cada dispensão da providência de Deus, e assimderivando benefícios de cada ocorrência". (26)

Deus é o exemplo supremo que devemos seguir. Suamisericórdia abarca a todos os seres humanos, e ninguém é tido por merecedor dela. Assim "as misericórdias do Senhor são a causa denão sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim"(Lm 3.22).

A misericórdia sempre mitiga e condiciona a justiça, assimcomo a caridade abranda o furor do direito legal. Não existe tal coisa

26 CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia da Bíblia, teologia e Filosofia. São Paulo, Candeias,

1982.

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como a justiça crua, despida de misericórdia. Esta a razão de Cristoter declarado: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque elesalcançarão misericórdia" (Mt 5.7).

5. BenignidadeO termo "benignidade" (no grego, chrestotes) traz a idéia de

"gentileza", "bondade" etc.Sobre este fruto do Espírito escreve Martinho Lutero: "Os

seguidores do Evangelho não devem ser inflexíveis e amargos, masantes, gentis, suaves, corteses e de fala mansa, ainda que com poder eautoridade, o que deveria encorajar outros a buscarem sua.companhia... A gentileza pode dar-se bem até mesmo com pessoasousadas e difíceis... Nosso Salvador Jesus Cristo, era uma pessoaimensamente gentil... Acerca de Pedro, ficou registrado que elechorava sempre que se lembrava da suave gentileza de Cristo emseus contatos diários com as pessoas... e depois, quando apenas"olhou para ele"... concedendo-lhe o perdão por ter negado seuMestre três vezes".

Deus é o exemplo originário da benignidade, e Cristo, oexemplo iéesl, passando a ser o nosso modelo (2 Co 10.1).

Salmos 119.64 exalta a benignidade de Deus: "A terra, óSenhor, está cheia da tua benignidade..." Esta qualidade faz do crenteuma pessoa compassiva, cheia de ternura e, sobretudo, contemplativa para com os menos privilegiados.

6. BondadeQuando Jesus falou para o jovem rico: "Por que me chamas

 bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus" (Lc 18.19), Elequeria dizer, er n outras palavras: "Ninguém é infalivelmente bom, anão ser Deus". Os homens podem ser bons; entretanto, isto nãosignifica bondade, pois são limitados para exercer tal atributo.

 Nas Escrituras, o homem bom é retratado como sendoacompanhado por Deus: "Os passos de um homem bom são

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confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho" (Sl37.23).

Lutero assim defendia esta qualidade: "Uma pessoa é bondosaquando se dispõe a ajudar aqueles que estão em necessidade".

Somente pela bondade teremos graça no coração para cumprir certos mandamentos de Cristo. Por exemplo, nosso Senhor nosensinou a amar nossos inimigos e até bendizê-los: "Ouvistes que foidito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém,vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem,fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem" (Mt 5.43,44).

Paulo relembra as palavras do Senhor, em Romanos 12.14,17-21: "Abençoai aos que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis.A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas perantetodos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende pazcom todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, masdai lugar à ira [de Deus], porque está escrito: Minha é a vingança; eurecompensarei, diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto,amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem".

Com efeito, vivemos dias difíceis em que existe desamor até para com os bons (2 Tm 3.3), e somente através do fruto da bondadeos homens poderão voltar à base de todas as qualidades espirituais:"a primeira caridade" (Ap 2.4).

7. FéEm 1 Coríntios 12.9, a palavra "fé" aparece como um dos

dons de poder. No texto de Gaiatas, descreve uma qualidade do frutodo Espírito.

Em algumas traduções, o grego  pistis ("fé") é traduzido por "fidelidade", a despeito do fato de que nenhuma fidelidade é possívelsem o concurso da fé. Como dom de poder, significa aquela

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capacidade especial que vem sobre o cristão diante de umanecessidade.

A fé, permanente em si mesma, opera no ser humanoocasional e momentaneamente. Porém, como fruto do Espírito, opera permanentemente na vida do salvo. Em outras palavras, a fé produzno crente o fruto da fidelidade. A fidelidade é caracterizada pelafirmeza de propósito, por uma atitude e uma conduta justa, peladevoção de alguém ser "fiel até a morte" (Ap 2.10).

A fidelidade assim demonstrada denota a certeza de que tudoquanto Deus declarou ser sua intenção fazer terá pleno cumprimento.

Todas as promessas de Deus ao homem são confirmadas como selo da sua fidelidade. Isso dá ao cristão a ousadia e a confiança"para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivocaminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, etendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos comverdadeiro coração, em inteira certeza de fé... retenhamos firmes aconfissão da nossa esperança; porque  fiel é o que prometeu" (Hb10.19-23).

Deus é imutável! Por conseguinte, entende-se que Ele nuncamuda em seus propósitos, atributos, conselhos e natureza. Deus ésempre o mesmo, em qualquer dimensão.

A fidelidade visa também produzir esta mesma natureza, poissomente assim o crente irá "proceder fielmente em tudo que faz" (3Jo 5).

8. MansidãoJesus Cristo foi o exemplo da mansidão: "Aprendei de mim,

que sou manso e humilde de coração" (Mt 11.29). Outras passagensdas Escrituras falam da "mansidão" de nosso Senhor, tanto no Antigoquanto no Novo Testamento (Sl 23.2; Is 40.11; Zc 9.9; Mt 11.29;21.5; 2 Co 10.1 etc).

Três palavras hebraicas são usadas nas Escrituras paradescrever o sentido de "manso", "mansidão": anaw -"estar inclinado"

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(Sl 22.26; 25.9; 37.11; 76.9; 147.6; Is 11.4; 29.19; Am 2.7; Sf 2.3);anavah - "gentileza", "humildade", "mansidão" (Pv 15.33; 18.12;22.4; Sf 2.3); anvah - "mansidão", "suavidade", "brandura" (Sl 18.35;45.4).

A mansidão deve estar presente em cada detalhe da vidaespiritual, nas obras e no viver. É preciso cultivar:

• um espírito manso (1 Co 4.21; 1 Pe 3.4);• as obras de mansidão (Tg 3.13);• "a mansidão para com todos os homens" (Tt 3.2).Muitas pessoas confundem este atributo com lentidão, timidez

e até mesmo com covardia. Jesus era "manso e humilde de coração",mas é também descrito em outras passagens das Escrituras como "umguerreiro vingador" (Sl 45.3,4; Is 63.1-6; Ap 19.11-21).

 No Novo Testamento, encontramos em diversas passagens a palavra grega  praus ("manso") e seu substantivo,  prautes (Mt 5.5;11.29; 21.5; 1 Co 4.21; 2 Co 10.1; Gl 5.22; 6.1; Ef 4.2; Cl 3.12; 2 Tm2.25; Tt 3.2; Tg 1.21; 3.13; 1 Pe 3.4,15). Significa que esta virtude éconsiderada uma grande qualidade espiritual, algo a ser desejado e buscado pelos santos.

9. Temperança No grego, esta palavra, egkrateis, significa: "autocontrole",

"domínio próprio", "ponto de equilíbrio entre um extremo e outro","estado ou qualidade de ser controlado" ou "moderação habitual".

Define-se a "temperança" como a virtude que, tanto no agir como no julgar, evita extremos. Na vida espiritual, por exemplo, ser extremamente metódico ou formal, não é bom; ser fanático, é perigoso; e estes extremos podem levar o cristão a considerar suaigreja ou sua religião apenas como um meio de refúgio.

O fanatismo pode levar as pessoas a cometer excessos ouloucuras, com prejuízo para elas próprias e a outrem. A sobriedade émuito importante, tanto na vida social quanto na espiritual.

As Escrituras mostram-nos o verdadeiro caminho do domínio

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 próprio: "Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte eo mal... Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que tetenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois,a vida, para que vivas, tu e a tua semente" (Dt 30.15,19).

O caminho da vida é realmente o que devemos trilhar,conforme Isaías 30.21: "Este é o caminho; andai nele, sem vosdesviardes nem para a direita nem para a esquerda".

Pessoas há que crescem desordenamente na vida espiritual,tornando-se um problema para a igreja e para a família. Outras procuram ordenar seus passos de acordo com a orientação bíblica decrescer na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18).

O sal em excesso pode matar.A luz demasiado forte pode cegar.O fogo fora de controle pode destruir.A temperança aparece como uma das quatro virtudes cardeais

da filosofia moral de Platão. As outras três são: sabedoria, coragem e justiça.

Outros filósofos gregos adotaram a idéia, e teólogos cristãosacrescentaram a tríade paulina fé-caridade-esperança, perfazendoassim as chamadas "sete virtudes cardeais" em que a mente humanaestaria apoiada. (27)

Quando o Espírito do Senhor implanta em nosso ser estavirtude espiritual, nossas ações e palavras passam a ser diretamentecontroladas por Ele. Existem várias recomendações bíblicas, para que"andemos no Espírito" (Gl 5.16) e "vivamos no Espírito" (Gl 5.25).Se permitirmos ao Espírito encher nossa vida, seremos também por Ele controlado.

A sobriedade é fundamental para o controle de nossas palavrase ações. O cristão deve ser dócil e amável; entretanto, deve saber dizer "não" quando for necessário (cf. Mt 5.37): "Domina-te a timesmo; enquanto não tiveres conseguido isso, serás apenas umescravo, porque será quase a mesma coisa que estar sujeito ao apetite

27 Idem.

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alheio, ou às tuas próprias paixões".O Novo Testamento recomenda que o cristão seja sóbrio:• "Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios..." (1 Ts

5.8);• "Mas tu sê sóbrio em tudo..." (2 Tm 4.5);• "Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às

concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente" (Tt 2.12);

• "Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento,sede sóbrios..." (1 Pe 1.13);

• "E já que está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios..." (1 Pe 4.7);

• "Sede sóbrios..." (1 Pe 5.8).O grande comentador Matthew Henry diz sobre a "tem-

 perança", ou o equilíbrio mental chamado "sobriedade": "Sedesóbrios, sede vigilantes contra todos os perigos e inimigos espirituaise sede equilibrados e modestos no comer, no beber, nas vestes, nasrecreações, nos negócios e em toda a vossa conduta; sede dotados demente sóbria até mesmo em vossas opiniões, e também humildes no julgamento sobre vós mesmos".

II - Os Frutos do EspíritoAssim como há o "fruto do Espírito", existem também os

"frutos".

As nove bem-aventuranças, ensinadas por Jesus em Mateus5.3-11, e os nove dons espirituais, mencionados em 1 Coríntios 12.8-10, podem ser considerados "frutos do Espírito Santo".

Através desta operação divina na vida do cristão, passamos aestar ligados diretamente a Jesus; e assim começamos a dar "fruto","mais fruto" e "muito fruto" (Jo 15.2,5). O primeiro fruto produzido pelo Espírito é o do arrependimento: "Produzi, pois, frutos dignos de

arrependimento" (Mt 3.8). Outros frutos são relacionados:

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• o fruto das boas obras (Mt 7.16-20);• o fruto da comunhão (Mt 26.29);• o fruto da oração (1 Co 14.14);• o fruto da justiça (2 Co 9.10);• o fruto da luz (Ef 5.9);• o fruto pacífico (Hb 12.11);• o fruto dos lábios (Hb 13.15);• o fruto precioso (Tg 5.7);• o fruto da vida eterna (Ap 22.2).O clima diversificado na terra produz grande variedade de

frutos. Assim também na esfera espiritual, onde o Espírito de Deusatua em diversas áreas da vida humana.

Alguns destes frutos são talvez produzidos uma vez apenas pelo Espírito Santo: o do arrependimento, o da oração etc. Outros, pelo contrário, são produzidos e renovados cada dia, como o dasantificação (Rm 6.22; Ap 22.11). Ainda são mencionados outros quede contínuo estão sendo renovados pelo Espírito de Deus:

• o fruto da oração (1 Co 14.14);• o fruto do louvor (Hb 13.15);• o fruto da justiça (Ap 22.11).Encontramos nas Escrituras muitas palavras hebraicas e

gregas para descrever "fruto" e "frutos", e sua natureza. Peri ("fruto") - palavra hebraica usada cerca de 115 vezes (Gn

1.11,12; 3.2; Êx 10.15; Lv 19.23-25; Nm 13.20; Dt 1.25; 2 Rs19.19,30; Ne 9.36; Sl 1.3; Pv 1.31; Ec 2.5; Ct 2.3; Is 3.10; Jr 2.7; Lm2.20; Ez 17.8,9; Os 9.16; Jl 2.22; Am 2.9; Mq 6.7; Zc 8.12; Ml 3.11).

 Eb ("fruto") - palavra hebraica e aramaica, quatro vezes(Ct6.ll; Dn 4.12,14,21).

Yebul ("aumento") - palavra hebraica, três vezes (Dt 11.17; He3.17; Ag 1.10).

 Lechem ("pão", "fruto") - uma vez (Jr 11.19). Meleah ("plenitude", "fruto") - palavra hebraica, duas vezes

(Nm 18.27; Dt 22.9).

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 Nib ("declaração") - palavra usada no sentido metafórico de"fruto dos lábios", uma vez (Ml 1.12).

Tebuah ("renda", "fruto") - palavra hebraica, 42 vezes (Êx23.10; 25.3,15,16,21,22; Dt 22.9; 33.14; Js 5.12; 2 Rs 8.6; Pv 10.16).

Tenubah ("aumento", "fruto") - palavra hebraica, três vezes(Jz 9.11; Is 27.6; Lm 4.9).

 Karpós ("fruto") - palavra grega, 64 vezes (Mt 3.8,10; 7.16-20; 12.33; 13.8,26; 21.19,34,41,43; Mc 4.7,8,29; 11.14; 12.2; Lc1.42; 3.8,9; 6.43,44; 8.8; 12.17; 13.6,7,9; 20.10; Jo 4.36; 12.24;15.2,4,5,8,16; At 2.30; Rm 1.13; 6.21,22; 15.28; 1 Co 9.7; Gl 5.22;Ef 5.9; Fp 1.11,22; 4.17; 2 Tm 2.6; Hb 12.11; 13.15; Tg 3.17,18;5.7,18; Ap 22.2).

Génnema ("produção", "fruto") - palavra grega, quatro vezes(Mt 3.7; 12.34; 23.33; Lc 3.7).

Qayits ("fruto de verão", "primícias") - vinte vezes (Gn 8.22; 2Sm 16.1,2; Sl 32.4; Pv 6.8; Is 16.9; Jr 8.20; 48.32; Am 3.15; 8.1,2;Mq 7.1; Zc 14.8).

 Dagan ("trigo", e outros produtos agrícolas) - 39 vezes (Gn27.28,37; Nm 18.27; Dt 7.13; 11.14; 2 Rs 18.32; 2 Cr 31.5; Ne5.2,3,10,11; Sl 4.7; Is 36.17; Lm 2.12; Ez 36.29; Os 2.8,9,22; Jl1.10,17; 2.19; Ag 1.11; Zc 9.17).

Tirosh ("fruto da vinha") - 38 vezes (Gn 27.28,37; Nm 18.12;Dt 7.13; 11.14; 12.17; Jz 9.13; 2 Rs 18.32; 2 Cr 31.5; Ne 5.11;10.37,39; Sl 4.7; Pv 3.10; Is 24.7; 36.17; Jr 31.12; Os 2.8,9,22; 4.11;Jl 1.10; Mq 6.15; Ag 1.11; Zc 9.17).

Yitshar  ("azeite") - palavra hebraica que indicava "frutos produzidos em pomar" e que também significa "brilhante","resplandente", 22 vezes (Nm 18.12; Dt 7.13; 11.14; 12.17; 14.23;18.4; 28.51; 2 Rs 18.32; 2 Rs 31.5; 32.28; Ne 5.11; 10.37,39;13.5,12; Jr 31.12; Os 2.8,22; Jl 1.10; 2.19,24; Ag 1.11).

Algumas dessas palavras, descrevem frutos de naturezaterrena; outras, os frutos de natureza espiritual.

A vontade do divino Mestre, nosso Senhor Jesus Cristo, é que

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7/29/2019 Severino Pedro da Silva - A Existência e a Pessoa do Espírito Santo_2

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cada crente seja como árvore frutífera, produzindo "o seu fruto naestação própria" (Sl 1.3). Ele disse: "Eu vos escolhi a vós, e vosnomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça" (Jo15.16). Só poderemos ter uma vida abundante se descobrirmos ovalor de "Cristo em nós" e a atuação de seu Santo Espírito em nossoviver.

Sua natureza divina será evidentemente implantada em nossoscorações "pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5.5). Então passaremos a compreender o valor imensurável da "graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo" emnosso ser.

"O Espírito ajuda as nossas fraquezas... o mesmo Espíritointercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Rm 8.26): através daoperação miraculosa do Espírito, o problema da fraqueza humana ésolucionado. Ele não somente ajuda, mas ainda intercede. Ele é, portanto, "o penhor da nossa herança, para redenção da possessão deDeus, para louvor da sua glória" (Ef 1.14).

Amém!