armagedom - severino pedro da silva

230
0 CPAD Severino Pedro A Batalha Final

Upload: marivaldo-rodrigues

Post on 19-Oct-2015

728 views

Category:

Documents


263 download

TRANSCRIPT

  • 0CPADS e v e r i n o P e d r o

    A Batalha Final

  • REIS BOOK DIGITAL

  • S e v e r i n o P e d r o

    A Bata lha Final

    CPAD

  • Todos os direitos reservados. Copyright 2004 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assemblias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

    Preparao dos originais: Kleber Cruz Reviso: Daniele Pereira e Evandro Teixeira Capa e projeto grfico: Eduardo Souza Editorao: Leonardo Marinho

    CDD: 236 - Escatologia ISBN: 85-263-0648-0

    As citaes bblicas foram extradas da verso Almeida Revista e Corrigida, edio de 1995 da Sociedade Bblica do Brasil, salvo indicao em contrrio.

    Para maiores informaes sobre livros, revistas, peridicos e os ltimos lanamentos da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br

    SAC - Servio de Atendimento ao Cliente: 0800-701-7373

    Casa Publicadora das Assemblias de DeusCaixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    I a edio/2004 2a Edio 2004

  • P r e f c io

    A palavra "Armagedom" sempre despertou interesse ao povo de Deus. Mas agora, quando entramos no terceiro milnio da histria do cristianismo, ela parece estar presente em quase todos os assuntos relacionados ao futuro. Tal expresso tomada da Bblia para descrever a grande batalha entre o Anticristo e suas hostes e Cristo e seus exrcitos celestiais, no fim da presente era.

    Geograficamente, "Armagedom" traz em si o sentido da grande plancie de Asdraelom, que se estende do Jordo ao Mediterrneo; profeticamente, porm, tomado para representar a vitria de Cristo ali naquele vale. Recomendo a todos este livro. Armagedom: A Batalha Final, escrito pelo pastor Severino Pedro da Silva, pode ser considerado um verdadeiro best-seller escatolgico, e que trar edificao espiritual a todos ns na atual dispensao.

    Jos Wellington Bezerra da Costa Presidente da CGADB

  • S u m r io

    Prefcio..................................................................................................... 5

    1. O Campo de Batalha Ter o Formato de uma Cruz................ 9

    2. Quando se Pensou no Armagedom..........................................29

    3. Os Quatro Imprios Mundiais................................................... 39

    4. O Marco do Calendrio Proftico para Israel ....................... 87

    5. O Anticristo.................................................................................... 97

    6. A Grande Tribulao................................................................... 117

    7. A Destruio das Bases do Anticristo.....................................143

    8. Um Refgio Preparado por Deus ........................................... 153

    9. A Proclamao do Senhorio de Cristo................................... 163

    10. A Unio Europia..................................................................... 191

    11. A Carnificina do Armagedom................................................ 207

    12. Panorama G eral.........................................................................219

    Bibliografia......................................................................................... 239

  • Captulo 1

    O CAMPO DE BATALHA TER O FORMATO DE UMA CRUZ

    1. A Posio Geogrfica onde se Dar a Batalha

    Geograficamente, o campo de batalha que ser ocupado por Cristo e seus exrcitos "naquele grande dia do Deus Todo-pode- roso" ter "o formato de uma cruz". Ele no somente se refere famosa plancie de Armagedom, mas compreender toda a parte sul da Terra Santa, atingindo as antigas fronteiras de Edom e se estendendo at o monte Siriom no extremo norte. Esta extenso representa a parte vertical da cruz. Uma linha reta iniciada em Haifa, cidade porturia do Mediterrneo, cruzando o vale de Jezreel propriamente dito e passando do lado sul do mar da Galilia e da seguindo para o territrio da Jordnia, num paralelo imaginrio do rio Jarmuque, ocupando o antigo territrio de Decpolis, que nos tempos remotos quando Israel entrou em Cana era ocupado pela terra de Gileade, do outro lado do Jordo, o que indica a parte transversal da cruz. Ao que parece, segundo nos revelado nas Escrituras, a ltima grande batalha do grande dia do Deus Todo-poderoso se estender para alm de Armagedom, ou vale de Megido.

  • 10 A R M A G E D O M

    Armagedom parece ser apenas o local em que as tropas se reuniro vindas dos diversos cantos da terra, e de l a batalha se alastrar por toda a Palestina. O profeta Joel fala dessa grande batalha se estendendo at o vale de Josaf, que fica prximo de Jerusalm, e Isaas mostra o Senhor Jesus vindo com as vestimentas manchadas de sangue "de Edom", que fica ao sul da Palestina. Ento a batalha de Armagedom se estender desde o vale de Megido, no norte e oeste da Palestina, atravs do vale de Josaf, prximo de Jerusalm, at Edom no extremo sul da Palestina. Mais precisamente, esta batalha se iniciar no extremo sul e depois seguir com grande mortandade para o extremo norte da Terra Santa.

    2. A Arregimentao das Hostes para o Combate

    Em Apocalipse 19.11-16, observamos a arregimentao dos exrcitos celestiais sob o comando de Cristo para o sombrio combate. Joo o descreve da seguinte forma: "E vi o cu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justia. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabea havia muitos diademas; e tinha um nome escrito que ningum sabia, seno ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue, e o nome pelo qual se chama a Palavra de Deus. E seguiam-no os exrcitos que h no cu em cavalos brancos e vestidos de linho fino, branco e puro. E da sua boca saa uma aguda espada, para ferir com ela as naes; e ele as reger com vara de ferro e ele mesmo o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-podero- so. E na veste e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores". Vrios pontos que aqui esto em foco devem ser analisados, para identificao daquele que cavalga um cavalo branco.

    I a Um cavalo branco e seu cavaleiro. No devemos confundir o cavaleiro que aqui est em foco com aquele que se encontra mencionado no captulo 6 de Apocalipse, por vrias razes:

  • 0 C a m p o de B a t a l h a Ter o F o r m a t o de u m a Cr u z 11

    Ali, apenas "um cavalo branco"; aqui, muitos cavalos brancos;

    Ali, o cavaleiro citado solitrio em sua misso; aqui, o cavaleiro seguido de um poderoso exrcito;

    Ali, a arma do cavaleiro um arco; aqui, uma espada afiada; Ali, ele recebeu uma coroa; aqui, o cavaleiro tem muitos

    diademas; Ali, o cavaleiro visto na terra; aqui, o cavaleiro visto no

    cu; Ali, o cavaleiro annimo; aqui, o cavaleiro tem vrios no

    mes; Ali, o cavaleiro saiu vitorioso e para vencer; aqui, o cava

    leiro vitorioso em sua totalidade. Evidentemente, fica claro que o cavaleiro do captulo 6 refere-se ao Anticristo, procurando com o manto que usa implantar sua falsa paz no mundo, enquanto o cavaleiro do captulo 19 refere-se a Cristo, que "cavalga prosperamente, pela causa da verdade, da mansido e da justia".

    2a Tinha um nome misterioso.Neste trecho so mencionados vrios nomes de Cristo: Chama-se Fiel e Verdadeiro; Tinha um nome escrito que ningum sabia ler; Chama-se a Palavra de Deus; Rei dos reis e Senhor dos senhores.

    Entre estes nomes, o que mais chama a nossa ateno seu nome misterioso. Este nome de Cristo no conhecido pela imaginao humana. Boca alguma (com exceo da boca de Deus e do Esprito Santo) jamais o pronunciou! Talvez seja ele o novo nome que sua noiva receber por ocasio de suas bodas na recmara celestial.

    32 Os seus olhos eram como chamas de fogo. O mesmo dito a respeito de Cristo em Apocalipse 1.14. Estes olhos como chamas de fogo falam da oniscincia de Cristo, ou seja, do seu saber. Contudo, h outras passagens nas Escrituras que falam da sua

  • 12 A R M A G E D O M

    onipresena e da sua onipotncia. Estes atributos naturais e outros, que so estudados em Teodicia, ou Teologia Natural, giram em torno da onipotncia divina. Ningum pode saber tudo, se no possuir todo o poder. De igual modo, ningum pode estar presente em todos os lugares, se no possuir todo o poder. Mas em Cristo habitam todos estes atributos. NEle habita toda a plenitude da divindade (Cl 1.19).

    4a Sobre a sua cabea havia muitos diademas. Estes diademas falam de todas as vitrias de Cristo, mas especialmente de sua dignidade real. Cristo o Rei de Salem, que "julga e peleja com justia". Seus exrcitos so compostos dos anjos e dos santos que foram arrebatados. Eles apenas viro em sua companhia para honr-lo e ador-lo! No ser preciso que suas hostes lutem nesta peleja sombria, que vai alm da imaginao humana. Cristo far a batalha sozinho, como sozinho consumou a obra da redeno. E, aqui, Ele pode dizer: "Eu sozinho pisei no lagar" (Is 63.3). Toda a fora inimiga ser derribada por terra e para cada vitria que a Ele for atribuda, ser recebido um diadema real como sinal de autoridade suprema.

    5- Estava vestido com uma veste salpicada de sangue. Aqui no est em foco o sangue do Cordeiro que fora vertido na cruz. No o dia da salvao que est tendo lugar aqui nesta seo; ele se refere ao sangue dos inimigos de Cristo, no dia da vingana. Isto respondido pelo prprio Cristo a uma pergunta feita por um ser que no identificado ao guerreiro vingador (Deus?), que diz: "Por que est vermelha a tua vestidura? E as tuas vestes, como as daquele que pisa uvas no lagar? Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ningum se achava comigo; e os pisei na minha ira e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura" (Is 63.2,3, nfase do autor).

    6a Ele mesmo o que pisa o lagar. A primeira ao de Cristo nesta conquista o aniquilamento do Anticristo, com seu falso

  • 0 C a m p o de B a t a l h a Ter o F o r m a t o de u m a C r u z 13

    profeta e seus seguidores. Depois, Ele se voltar para o grande drago vermelho, o inimigo de Deus e dos homens, e ordenar a um anjo de grande poder (Miguel?) que efetue sua priso e o lance no abismo. Finalmente, Cristo aniquilar todo o imprio, toda potestade e fora. Todo passo aqui narrado fala da vitria de Cristo quando voltar terra, com poder e grande glria, para destruir seus inimigos no Armagedom. Ali o lagar ser pisado e o sangue de seus inimigos manchar suas vestiduras.

    7- Da sua boca saa uma aguda espada. Esta espada que sai da boca de Cristo a Palavra de Deus. Em suas figuras e manifestaes, esta palavra :

    Espelho poder revelador (Tg 1.23-25); Semente poder gerador, vida, etc. (Lc 8.11; jo 15.3; Tg 1.18); Agua poder purificador (Jo 15.3; Ef 5.26); Lmpada poder iluminador (SI 119.105; 2 Pe 1.19); Martelo poder esmiuador e construtor (Jr 23.29); Ouro e vestimentas poder enriquecedor e ornamentador

    (SI 19.10; Ap 3.17); Leite, carne, po e mel poder alimentador e nutritivo

    (Jr 15.16; Mt 4.4; 1 Pe 2.2); Vida as palavras da vida que conduzem salvao

    (Jo 5.24; 17.17); E finalmente, poder para a batalha. Na armadura divina

    que usada pelo soldado da f, a espada do Esprito a Palavra de Deus (Ef 6.16; Ffb 4.12; Ap 2.16; 19.15). O "assopro da sua boca" se transformar em golpes mortais que aniquilaro o Anticristo e suas hostes no dia da peleja e da guerra.

    3. Mil e Seiscentos EstdiosO livro de Apocalipse mostra-nos um manto de sangue co

    brindo toda a extenso da Terra Santa. Tambm nos dito que haver uma grande mortandade ali naquele vale, dizendo: "... o lagar foi pisado fora da cidade [Jerusalm], e saiu sangue do lagar at aos freios dos cavalos, pelo espao de mil e seiscentos estdios" (Ap 14.20). Alguns comentaristas vem este mar de san-

  • 14 A R M A G E D O M

    gue se estendendo e cobrindo toda a Palestina, pois 1600 estdios cobrem toda a extenso da Terra Santa, visto que se trata de medida de extenso e no de rea. Na verso The New American Bible (A Nova Bblia Americana, ed. 1988), esta frase traduzida por 200 milhas (two hundred miles) o que corresponde a cerca de 320 quilmetros. Um estdio era uma medida grega equivalente ao comprimento da pista do estdio de Olmpia, centro de competies atlticas igual a 185 metros.

    Jerusalm, sem dvida, ser o centro de interesse durante a batalha do Armagedom, pois a Palavra de Deus diz: "... ajuntarei todas as naes para a peleja contra Jerusalm" (Zc 14.2). Devemos ter em mente que os juzos de Deus executados no Apocalipse mostram-nos a grande extenso deste conflito. A besta que saiu do mar procurou estender o seu poder no mar e na terra. Ao sair do mar, ela mostrou seu poderio sobre as naes gentlicas do mundo, que foram enganadas poltica e religiosamente, atravs de astcias e falsas promessas por ela utilizadas, inspirada pelo grande drago vermelho. Aps uma de suas cabeas ser curada de uma chaga mortal, ela maravilha toda a terra e passa tambm a conquist-la (Ap 13.3). Neste contexto, Israel parece entrar em cena, pois a terra, nesta passagem, simbolicamente, claro, pode representar a terra de Israel. Com efeito, porm, o poder do Cristo vitorioso ser de infinito alcance! Em Apocalipse10, Cristo interpretado como sendo o anjo forte, que descia do cu vestido de uma nuvem, que ali est em foco! Ele ps o seu "... p direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra" (v. 2). Com seu p direito sobre o mar Mediterrneo (Ocidente) e o esquerdo sobre a terra de Israel (Oriente), a face do anjo volta-se agora para o sul da Terra Santa, onde Cristo iniciar o grande combate na plenitude de seu poder. Ele, assim, mostra sua autoridade sobre o mar (as naes gentlicas) e sobre a terra (Israel).

    4. O Senhor Descer ao Vale ao Am anhecer

    O termo 'Vale" encontra-se nas Escrituras com vrios sentidos e significaes especiais.

  • 0 C a m p o de B a t a l h a Ter o F o r m a t o de u m a C r u z 15

    l 2 Com sentido geogrfico. Este , portanto, quase que o sentido geral. Por exemplo: "vale de Sidim" (Gn 14.10), "vale do Filho de Hinom" (Js 15.8), "vale de Soreque" (Jz 16.4), etc.

    2- Com sentido especial. O local passou a ter uma significao especial, pelo motivo de ali ter havido uma operao da parte de Deus em favor do seu povo. "Vale de Aijalom" (Js 10.12), "vale do carvalho" (1 Sm 21.9) e, no futuro, "o vale de Acor" (Is 65.10; Os 2.15).

    32 Com sentido espiritual. "Vale da sombra da morte" (SI 23.4), "vale de Baca" (SI 84.6).

    42 Com sentido proftico. "Vale da matana" (Jr 19. 6), "vale de ossos secos" (Ez 37.1), "vale dos que passam ao oriente do mar" (Ez 39.11), "vale da multido" (Ez 39.15), "vale de Josaf" (Jo 3.12), "vale da deciso" (Jo 3.14), "vale de Sitim" (Jo 3.18), "vale dos montes" (Zc 14.5), "vale do Filho de Hinom". Este vale, em Josu 15.8 e 2 Reis 23.10 (onde o expressivo "Filho" de Hinom substitudo por "filhos" de Hinom), tem sentido geogrfico; mas aqui, no texto em foco, tem sentido proftico. O termo "Hinom" tambm conhecido como "Geena". Era um vale profundo que ficava a sudoeste de Jerusalm. Ali era depositado o lixo da cidade, onde havia fogo contnuo e um mau cheiro insuportvel. Tornou-se, por esta e outras razes, uma figura do fogo do inferno, "onde o seu bicho no morre, e o fogo nunca se apaga" (Mc 9.44). E finalmente, "vale de Megido" (2 Cr 35.22). Este "vale" deve ser identificado como sendo o mesmo "vale de Megido", em Zacarias 12.11. Ele se refere grande plancie de Armagedom, que se estende do Jordo ao Mediterrneo. Ali, o Senhor descer para sua sombria misso ao "amanhecer do dia" mas a batalha somente terminar ao entardecer (Is 13.10; Zc 14.7). Logo, ao romper da aurora (hora local na Terra Santa), Deus ordenar a um anjo de grande poder que intervenha na batalha e este se colocar na parte frontal do sol para que o grande luzeiro de Deus semelhana do dia de Josu na batalha de Gibeo no apresente seu brilho

  • 16 A R M A G E D O M

    total e no se apresse a pr-se, dificultando assim a ao de seus inimigos (cf. Ap 19.17).

    Simultaneamente, Cristo, como um relmpago, descer sobre o monte das Oliveiras e tocar com seus ps o monte, que se partir, impelido por uma fora sobrenatural produzida pelo supremo poder do Filho de Deus. Tal acontecimento deixar atnito e em estado de choque a todos os inimigos de Cristo, pois os mesmos encontram-se concentrados em pontos estratgicos ao redor da cidade de Jerusalm, incluindo o monte das Oliveiras. Alguns deles, sem dvida, perecero nesta expanso do monte. Entretanto, muitos judeus que se encontravam cercados pelas tropas mortais do Anticristo fugiro pelo "vale" que foi produzido pelas manifestaes sobrenaturais da presena do Senhor. Talvez as frases "... fugireis pelo vale dos meus montes (porque o vale dos montes chegar at Azei) e fugireis assim como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Jud... " (Zc 14.5) se apliquem a este sentido. Dali, Cristo se deslocar para o campo de batalha com a rapidez da imaginao, onde chegar numa frao de segundo regio dos antigos nabateus. Ali, Ele iniciar sua grande conquista comeando pela cidade de Bozra, no sul (Is 63.1). Algumas companhias de soldados pertencentes aos exrcitos sombrios do Anticristo estaro ocupando esta regio e sero por Cristo aniquiladas. Joo descreve tal acontecimento, dizendo: "E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exrcitos reunidos, para fazerem guerra quele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exrcito. E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lanados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre. E os demais foram mortos com a espada que saa da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes" (Ap 19.19-21).

    O chefe supremo destes exrcitos (o Anticristo) e a besta que subiu da terra (o falso profeta) ficaro apavorados com a presen-

  • 0 C a m p o de B a t a l h a Ter o F o r m a t o de u m a C r u z 17

    a espantosa do Senhor e fugiro para a plancie de Armagedom e ali sero aniquilados por Cristo da mesma maneira. Paulo falou tambm disso profeticamente, ao escrever aos tessalonicenses: "E, ento, ser revelado o inquo, a quem o Senhor desfar pelo assopro da sua boca e aniquilar pelo esplendor da sua vinda" (cf. 2 Ts 2.8). Consolidada sua vitria na regio ocupada outrora por "... Edom e Moabe, e as primcias dos filhos de Amom", Cristo agora seguir em direo ao monte Hermom, no extremo norte da Palestina (SI 29.6). Quando Moiss e os filhos de Israel conquistaram a regio norte da Palestina do poder dos amorreus, esta parte foi anexada ao territrio de Israel. "Daqum do Jordo, no vale defronte de Bete-Peor, na terra de Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom, a quem Moiss e os filhos de Israel feriram, havendo eles sado do Egito. E tomaram a sua terra em possesso, como tambm a terra de Ogue, rei de Bas, dois reis dos amorreus, que estavam daqum do Jordo, da banda do nascimento do sol; desde Aroer, que est borda do ribeiro de Arnom, at ao monte Siom, que Hermom, e toda a campina, daqum do Jordo, da banda do oriente, at ao mar da campina, abaixo de Asdote-Pisga" (Dt 4.46-49).

    Ogue e Siom foram dois inimigos mortais de Israel no passado. Ambos foram destrudos por Deus sob o comando de Moiss e de Josu. Durante a Grande Tribulao, outras hordas do mal ali estaro concentradas, com o objetivo de impedir a vitria de Cristo, o Ungido do Senhor. Mas Deus os destruir como destruiu aqueles que queriam obstruir a passagem do seu povo. Agora, Cristo ser o guerreiro vingador e o profeta Isaas descreve, em termos de grande expectativa, sua trajetria, desde Bozra at ao monte Siom (Hermom) no dia da batalha. Ele se refere a tal acontecimento em duas partes de seu livro, assim: "Chegai-vos, naes, para ouvir; e vs, povos, escutai; oua a terra, e a sua plenitude, o mundo e tudo quanto produz. Porque a indignao do Senhor est sobre todas as naes, e o seu furor sobre todo o exrcito delas; ele as destruiu totalmente, entregou-as matana.

  • 18 A R M A G E D 0 M

    E os mortos sero arremessados, e do seu corpo subir o mau cheiro; e com o seu sangue os montes se derretero. E todo o exrcito dos cus se gastar, e os cus se enrolaro como um livro, e todo o seu exrcito cair como cai a folha da vide e como cai o figo da figueira. Porque a minha espada se embriagou nos cus; eis que sobre Edom descer e sobre o povo do meu antema, para exercer juzo. A espada do Senhor est cheia de sangue, est cheia da gordura de sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; porque o Senhor tem sacrifcio em Bozra e grande matana na terra de Edom. E os unicrnios descero com eles, e os bezerros, com os touros; e a sua terra beber sangue at se fartar, e o seu p de gordura se encher. Porque ser o dia da vingana do Senhor, ano de retribuies, pela luta de Sio" (Is 34.1-8).

    Mais adiante o profeta descreve novamente a trajetria de Cristo, passando por Edom, onde participa de uma sangrenta batalha. "Quem este que vem de Edom, de Bozra, com vestes tintas? Este que glorioso em sua vestidura, que marcha com a sua grande fora? Eu, que falo em justia, poderoso para salvar. Por que est vermelha a tua vestidura? E as tuas vestes, como as daquele que pisa as uvas no largar? Eu sozinho pisei no largar, e dos povos ningum se achava comigo; e os pisei na minha ira e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura. Porque o dia da vingana estava no meu corao, e o ano dos meus redimidos chegado. E olhei, e no havia quem me ajudasse; e espantei-me de no haver quem me sustivesse; pelo que o meu brao me trouxe a salvao, e o meu furor me susteve. E pisei os povos na minha ira e os embriaguei no meu furor; e a sua fora derribei por terra" (Is 63.1-6). Nestas passagens, que descrevem a grande carnificina do dia da batalha, vemos que so usados alguns elementos que so descritos por Joo, em Apocalipse 14.14-20, que mencionam o mesmo acontecimento. A passagem de Cristo por Bozra sugere que o Anticristo havia feito desta antiga fortaleza um ponto de

  • 0 C a m p o de B a t a l h a Ter o F o r m a t o de u m a C r u z 19

    apoio ao seu governo sombrio. Bozra tem sido identificada com a moderna Buseireh, localizada no incio do vadi Hamayideh, em uma escarpa isolada, cercada por trs lados por profundos vales. Fica cerca de 48 quilmetros ao norte de Petra. Bozra, nos tempos antigos, era a mais poderosa fortaleza do norte de Edom e conhecida por seus luxuosos palcios (Am 1.12).

    Deslocando suas tropas para o norte da Palestina, o Anticris- to intentava, acreditamos, desviar o curso do rio Jordo para fora do territrio de Israel, ou obstruir suas nascentes. No sabemos com certeza que tipo de interesse levar o Anticristo a deslocar uma parte de seu exrcito mortal para esta parte norte da Terra Santa. Atualmente, qualquer exrcito inimigo de Israel que aspira a esta regio da Palestina est sempre visando a conquista das nascentes do Jordo. Talvez o objetivo deste antagonista de Cristo seja a mesma coisa. O rio Jordo, como todos sabem, nasce de quatro riachos com origem nas cordilheiras do monte Hermom, resultado do degelo dos picos acima. A partir de Banias (antiga Cesaria de Filipo), segue em direo do mar da Galilia. Desde sua nascente, que flui desde o cume coberto de neve do monte Hermom at as profundezas do mar Morto, seus desvios e curvas, num leito de 300 quilmetros de comprimento, cobrem uma distncia de somente 100 quilmetros em linha reta. O Jordo Al Urdun (O descendente) merece este nome porque baixa de 1.000 metros de altura no monte Hermom para 430 metros abaixo do nvel do mar Morto. Sua largura mdia de 30 metros. O Jordo assemelha-se a uma serpente ondulante, transformando aquela distncia em cerca de 300 (calcula-se tambm 325) quilmetros. Portanto, fertilizando assim toda a Terra Santa. Tomar suas nascentes obstruir ou desvi-las para uma outra direo seria, ento, praticar um genocdio total contra o povo hebreu.

    Desde a antigidade, os exrcitos inimigos sempre procuravam tomar as fontes das guas que abasteciam as cidades ou povos que se encontravam em combates. Lemos muitas passagens nas Escrituras a este respeito (Jz 3.28; 7.24; 12.5); o Anticris-

  • 20 A R M A G E D O M

    to, talvez, fomente em si o mesmo intento, procurando assim dificultar qualquer ao do povo de Deus. Quando Cristo ali chegar haver manifestaes sobrenaturais e o deserto comear a tremer. Toda a regio norte da Palestina, que envolve parte de Israel, Sria, Tbano e o deserto de Cades distncia, sofrer devastaes de uma grande tempestade (SI 29). Cremos e as evidncias apontam neste sentido que a necessidade de Cristo em passar por esta regio norte da Terra Santa , sem dvida, aniquilar o intento sombrio do Anticristo contra Deus e contra o seu povo atravs da extino do rio Jordo ou o desvio de seu curso natural para um outro sentido oposto do atual.

    5. O M onte das Oliveiras Ser Fendido no Formato de uma Cruz

    O monte das Oliveiras est localizado ao leste de Jerusalm, do outro lado do vale de Cedrom. Cerca de 100 metros mais alto do que Jerusalm, do seu cume descobre-se uma magnfica vista da Cidade Velha e um impressionante panorama das colinas da Judia at o mar Morto e as montanhas de Moabe, ao leste. O monte das Oliveiras venerado pelos judeus e cristos. Pelos judeus, por haverem sido sepultados ali, ao p do monte no ribeiro de Cedrom, os profetas Ageu, Zacarias e Malaquias. Existe tambm ali o pilar de Absalo, admirado por filhos desobedientes aos pais e s mes. Nas encostas do monte das Oliveiras encontra-se o maior e o mais antigo cemitrio judeu do mundo. Muitos judeus chegam a Jerusalm para ali morrer e serem sepultados perto do vale de Josaf onde, acredita-se, tero lugar a ressurreio e o Juzo Final. Cristos e muulmanos compartilham da mesma crena e seus tmulos esto situados no lado ocidental do vale.

    Para os cristos ele est associado aos mais importantes acontecimentos da vida de Cristo: l Ele ascendeu aos cus, predisse a destruio de Jerusalm. Para l costumava ir para meditar e orar e, provavelmente, passava as noites sob as copas das rvores ou

  • 0 C a m p o de B a t a l h a Ter o F o r m a t o de u m a C r u z 21

    em cavernas, j que a cidade no era segura para Ele. Um dia, quando nosso Senhor ia para Jerusalm, quando chegou ao monte das Oliveiras, a multido "... lanando sobre o jumentinho os seus vestidos, puseram Jesus em cima" e logo que ele viu a cidade "chorou sobre ela". A igreja de Dominus Flevit alegadamente marca o local onde Jesus chorou diante de Jerusalm. Ali tambm existe uma pedra que, segundo se cr, Jesus pisou a fim de montar melhor no jumentinho. Uma suposta pegada, deixada na pedra, foi preservada em uma igreja crist, edificada no monte das Oliveiras em 375 d.C. Esse santurio fora destrudo, mas depois os cruzados restauraram-no. Um santurio islmico, chamado Inbomon, tambm foi construdo naquela rea. O monte das Oliveiras e, um pouco mais abaixo, entre o ribeiro de Cedrom, na parte inferior do monte, est o jardim do Getsmani. Estes lugares marcam a presena e os sofrimentos de Cristo quando esteve aqui neste mundo.

    O jardim do Getsmani um dos mais impressionantes lugares da Terra Santa. Ele fica ao sop do monte das Oliveiras e tem, hoje, a mesma aparncia que tinha h 20 sculos. No lado oposto ao vale de Cedrom, cidades e civilizaes se sucederam, mas este jardim conservou-se quase o mesmo dos tempos de Jesus e, talvez, com as mesmas oliveiras. Joo falou sobre ele como sendo um jardim do outro lado do ribeiro de Cedrom. Este era o lugar preferido de Jesus. Joo afirma que, quando Ele lembrou seus discpulos com respeito a sua morte, atravessou o ribeiro para o outro lado. "Tendo Jesus dito isso, saiu com os seus discpulos para alm do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual Ele entrou com os seus discpulos" (Jo 18.1). Este o jardim no qual Jesus, em sua ltima noite sobre a terra, passou a hora mais triste e angustiante de sua paixo; a hora em que, angustiado, escolheu sofrer e morrer na cruz, tomando sobre si todos os pecados da humanidade. Ali Ele orou trs vezes ao Pai, dizendo estas palavras: "Pai, se queres, passa de mim este clice; todavia, no se faa a minha vontade, mas a tua" (Lc 22.42). A este lugar che-

  • 22 A R M A G E D O M

    gou Judas com os servos do sumo sacerdote e entregou seu Mestre (Mt 26.47; Mc 14.44; Lc 22.47; Jo 18.2,3). Neste jardim, Jesus foi preso, arrastado e levado casa de Caifs e condenado, no dia seguinte, morte na cruz.

    No jardim do Getsmani h cerca de 8 oliveiras cuja idade se perde no tempo. Alguns botnicos afirmam que elas poderiam ter 3.000 anos. Retornando terra, porm, com poder e grande glria, para aniquilar o Anticristo na batalha do Armagedom, Cristo por ali passar, como que realizando uma espcie de visita nostlgica. O profeta Zacarias descreve o momento quando Cristo descer terra para seu grande triunfo contra as hostes do mal. Ele diz que o primeiro contato na Terra Santa ser no monte das Oliveiras: "E o Senhor sair [do cu?] e pelejar contra estas naes, como pelejou no dia da batalha. E, naquele dia, estaro os seus ps sobre o monte das Oliveiras, que est defronte de Jerusalm para o oriente; e o monte das Oliveiras ser fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haver um vale muito grande; e metade do monte se apartar para o norte, e a outra metade dele, para o sul" (Zc 14.3,4). Devemos observar que o monte das Oliveiras ser fendido em "quatro partes", assumindo assim o formato de uma cruz. Assim se diz: "... o monte das Oliveiras ser fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haver um vale muito grande; e metade do monte se apartar para o norte, e a outra metade dele, para o sul". O leitor deve observar no texto em foco que as quatro direes cardeais so aqui mencionadas:

    O Oriente; O Ocidente; O Norte;. O Sul.

    Tambm nos dito que ali "... haver um vale muito grande". Este vale servir de leito para o rio milenar que ter sua nas-

  • 0 C a m p o de B a t a l h a Ter o F o r m a t o de u m a C r u z 23

    cente "debaixo do umbral da casa" do Senhor especialmente do lado direito do santurio (Ez 47.1; J13.18). Esse rio logo adiante se dividir em "dois canais" que seguiro direes diferentes:

    a. O primeiro canal Este seguir em direo ao mar Oriental (mar Morto), formando um vale nas montanhas de Jud (Zc14.5) e ampliando as fontes de En-Gedi (fonte do cabrito) e En- Eglaim (fonte dos bezerros), que se encravam entre Hebrom e o mar Morto (Js 15.62; Ez 27.10), chegando at Asei na parte oriental do territrio de Jud (Zc 14.5). Estas correntes sararo as guas do mar Morto e daro lugar criao de vidas marinhas e vegetativas (Ez 47.8-10).

    b. O segundo canal O segundo canal seguir em direo do mar Ocidental (mar Mediterrneo), numa extenso de cerca de 80 quilmetros (Zc 14.8). Estes dois canais fertilizaro toda a terra de Israel, de tal modo que a vida ali se tornar abundante e calma. H tambm referncia ao "vale de Sitim", segundo nos dito que ele ser "regado" por uma fonte que sair da casa do Senhor (J1 3.18). O "vale de Sitim" tem sido identificado como sendo a garganta pela qual corre o Cedrom, que nasce ao norte de Jerusalm. A ampliao miraculosa do vale de Cedrom criar tambm espao para que ali o Senhor congregue "... todas as naes" que sobraram da batalha do Armagedom, e ali com elas entrar em juzo (J13.2; Mt 25.31-46). No entanto, outras localidades geogrficas so mencionadas nesta batalha. Alm do "vale de Josaf", j mencionado anteriormente, fala-se tambm do "vale dos que passam ao oriente do mar" (vale dos viajantes), vale este chamado pelo profeta de Deus como sendo "o vale da Multido de Gogue" (Ez 39.11). Embora alguns estudiosos das profecias divinas no associem estes acontecimentos de Ezequiel com a mesma batalha do Armagedom e, sim, com a invaso de Gogue Terra Santa , "o vale dos que passam ao oriente do mar" pode ser identificado como sendo o mesmo "vale de Josaf", visto que era uma rota de sada de Jerusalm.

  • 24 A R M A G E D O M

    6. A Posse da Terra Santa por Abrao Teve o Formato de um a Cruz

    Partindo de Har (regio norte) com destino terra de Cana, Abrao segue para o Oriente, depois para o Ocidente e finalmente para a banda do sul (Gn 12.5-9). Imaginariamente, isso desenha a linha vertical e os braos de uma cruz. Aps o incidente que marcou a separao de Abrao e de seu sobrinho T, Deus faz novamente a renovao de sua promessa para a conquista da terra de Cana a Abrao, em forma de cruz, dizendo: "Levanta- te, percorre essa terra, no seu comprimento [norte a sul] e na sua largura [oriente a ocidente]; porque a ti a darei" (Gn 13.17, nfase do autor). Isso tipificava a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo conquistando o mundo por meio de sua cruz, quer dizer, espalhando a mensagem de sua morte e ressurreio em todos os quatro cantos da terra.

    7. Durante o M ilnio as Orientaes Cardeais Partiro do Templo do Senhor no Formato de uma Cruz

    Os captulos 40 a 48 de Ezequiel falam do Templo e de seus servios religiosos durante a era milenial para rememorar o sacrifcio supremo de Cristo. Tambm ali nos dito que toda e qualquer orientao geogrfica partir do santurio de Deus. Estas dimenses orientativas assumiro o formate de uma cruz. So elas:

    Caminho do norte (Ez 40.44); Caminho do sul (Ez 40.45); Caminho do oriente (Ez 42.12); Caminho do ocidente (Ez 41.12).

    Geograficamente, Jerusalm sempre esteve ligada pelos quatro pontos cardeais a toda a Palestina e aos pases estrangeiros:

  • 0 C a m p o de B a t a l h a Ter o F o r m a t o de u m a C r u z 25

    Norte Ao norte partiam os caminhos para Samaria, Galilia, Fencia, Sria e Mesopotmia.

    Leste Ao leste, desde as quatro portas orientais, convergiam os caminhos para Jeric e todo o vale do Jordo, bem como para as estradas da Transjordnia que levavam os viajantes para a Arbia, Sria e dali para os pases do Golfo Prsico, etc.

    Sul Ao sul a cidade comunicava-se com Hebrom e Egito. Avista-se deste caminho a plancie de Refaim, o sepulcro de Raquel, Belm e a cabeceira do vale de El.

    Oeste A oeste ligava-se com Jope e os caminhos para a Filstia e Egito, bem como para a Fencia, na direo norte. Como a cruz de Cristo foi erigida em Jerusalm, ainda que fora de suas portas, isto significa que a cruz de nosso Senhor tornou-se o ponto central da histria da salvao e tambm a base da orientao divina para a humanidade.

    8. Os Trs Anos do Ministrio de Jesus Lembram as Trilhas de uma Cruz Olhando do Sul para o Norte da Terra Santa

    1- parte: na Judia regio sul e sudeste. A durao do ministrio terreno de Cristo calculado com base nas festas pascais de que Ele participou. Ele iniciou seu ministrio na vspera de uma Pscoa e morreu na vspera de uma outra, tendo participado de duas mais. Temos, portanto, I a Pscoa (Jo 2.11,13); 2a Pscoa (Jo 5.1); 3a Pscoa (Jo 6.1,3); 4a Pscoa (Jo 19.14). Outrossim, seu ministrio foi exercido em trs regies diferentes: 8 meses na Judia (regio sul); 2 anos na Galilia (regio norte) e 4 meses na Peria (regio leste).

    2- parte: na Galilia regio norte. Depois de ter conquistado seus discpulos na regio de Betbara, Jesus voltou Galilia, onde assistiu a uma festa de casamento (Jo 2.1-11). Da, Jesus foi para Cafarnaum, cidade que ficava na curva noroeste do mar da Galilia (Jo 2.12). Seu ministrio, nesta regio norte, durou dois anos.

  • 26 A R M A G E D O M

    3 parte: na Peria regio leste. Mais ou menos em dezembro, Jesus desceu de Jerusalm, passando por Jeric, em direo ao vale do Jordo, a fim de levar seu ministrio Peria, regio situada a leste do rio. Terminando ali sua trajetria nos primeiros dias de abril do ano 33 de sua vida, Ele voltou pela longa subida que conduzia do vale do Jordo a Betnia. Agora, suas viagens nesta terra estavam concludas, porm elas demarcavam as trilhas de uma cruz em suas direes horizontal e vertical.

    9. Quando Cristo Morreu, sua Cruz Apontava para todas as Direes

    Quando Cristo morreu, os braos da cruz se abriram. Eram os braos do perdo de Deus se abrindo para cada pessoa em qualquer poca e em qualquer lugar. "Deus estava em Cristo [ali] reconciliando consigo o mundo, no lhes imputando os seus pecados..." (2 Co 5.19a). Ligado diretamente ao plano da salvao, so empregadas frases para expressar o significado do pensamento tanto no sentido coletivo como no particular. Uns vindo espontaneamente e outros fugindo:

    I a "E viro do Oriente, e do Ocidente, e do Norte, e do Sul e assentar-se-o mesa no Reino de Deus" (Lc 13.29);

    2a Os magos do Oriente (Mt 2.1);3e A rainha do Sul (Lc 11.31);4a Os do Ocidente (Mt 8.11);5a Os do Norte (Jr 6.1).

    Tambm podiam ser usadas frases semelhantes em sentido negativo, tais como:

    O rei do Sul (Dn 11.40); O rei do Norte (Dn 11.40); Os reis do Oriente (Ap 16.12); Um bode (rei) que vinha do Ocidente (Dn 8.5,21).

  • 0 C a m p o de B a t a l h a Ter o F o r m a t o de u m a C r u z 27

    Tal significao tambm decantada na poesia. Os antigos tinham uma concepo de buscarem a Deus seguindo as direes cardeais, que se estendiam para o infinito. J escreveu este conceito em seu livro, dizendo: "Eis que, se me adianto [oriente], ali no est; se torno para trs [ocidente], no o percebo. Se opera mo esquerda [norte], no o vejo; encobre-se mo direita [sul], e no o diviso" (J 23.8,9).

  • Captulo 2

    Q u a n d o s e p e n s o u n o a r m a g e d o m

    . A Batalha do Arm agedom propriamente DitaPara os habitantes do planeta Terra e at mesmo para os cris

    tos, qualquer batalha que se sucedeu depois do Apocalipse de Joo ter sido escrito por volta do ano 96 d.C., pensava-se que se tratava da Guerra do Armagedom. Quando a Primeira Guerra Mundial foi deflagrada (1914-1918), o mundo todo cria cegamente que era chegado o momento da batalha final. De igual modo, quando foi deflagrada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) novamente as pessoas voltaram a pensar na mesma coisa, ou seja, que era chegado o fim de todas as coisas. Atualmente, espera-se tambm uma Terceira Guerra Mundial com o uso de armas atmicas com poder de destruio muito maior , que ser tambm denominada guerra do Armagedom. Vemos que outras guerras tm acontecido e outras acontecero antes da guerra do Armagedom, sem contudo ser o Armagedom mormente, porque, antes da Guerra do Armagedom, surgir no cenrio mundial o Anticristo, o homem do pecado, oferecendo falsas promessas, solues para todos os problemas do mundo. No entanto, o

  • 30 A R M A G E D O M

    cenrio de tal profecia parece cada vez mais prximo de nossos dias, tendo, por fim, o seu cumprimento logo aps o arrebatamento da Igreja (1 Jo 4.3). Da mesma forma, isso "... no ser assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdio, o qual se ope e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora..." Somente ento, aps o arrebatamento da Igreja, "... ser revelado o inquo, a quem o Senhor desfar pelo assopro da sua boca e aniquilar pelo esplendor da sua vinda" (2 Ts 2.3,4,8).

    Com o arrebatamento da Igreja aqui deste mundo para o cu, abrir-se- caminho para a manifestao do "homem do pecado, o filho da perdio". Este, numa revolta contra Deus e contra o seu Ungido, intentar aniquilar o povo judeu, e, por extenso, "... os que guardam os mandamentos de Deus e tm o testemunho de Jesus Cristo" (Ap 12.17). Esta perseguio contra o povo escolhido far com que o Senhor Jesus tome em suas mos a vingana, como sendo "um guerreiro vingador", e se manifestar "... desde o cu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingana dos que no conhecem a Deus e dos que no obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecero eterna perdio, ante a face do Senhor e a glria do seu poder" (2 Ts 1.7-9). Estas palavras do apstolo Paulo aos crentes de Tessalnica so confirmadas em Apocalipse 19.19-21, que diz: "E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exrcitos reunidos, para fazerem guerra quele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exrcito. E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lanados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre. E os demais foram mortos com a espada que saa da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes". Esta manifestao de Cristo neste combate contra as hostes do Anticristo ser, portanto, denominado de "o Arma- gedom". Batalha esta que ter lugar no final da Grande Tribu-

  • Quando se Pensou no Armagedom 31

    lao, que culminar com o retorno de Cristo terra com poder e grande glria.

    2. A Batalha do Arm agedom como uma Colheita

    O Armagedom ser uma espcie de colheita, o que j tivemos a oportunidade de descrever em outras notas expositivas, pelo que o simbolismo da colheita empregado em vrias passagens das Escrituras que mencionam este grande acontecimento. O termo "Armagedom" veio a ser aplicado a qualquer guerra ou batalha de grande fora destruidora, mas, biblicamente, refere-se somente batalha decisiva daquele "grande dia do Deus Todo- poderoso". Limitado pelos montes da Galilia ao norte e as colinas da Samaria ao sul, o vale de Jezreel o mais amplo vale de Israel. Ele tem o formato de um tringulo issceles, cuja base de aproximadamente 3 quilmetros, e seus lados tm cerca de 22 quilmetros, formando assim o desenho de uma cruz em sua parte superior. Desde tempos antigos at hoje, ele famoso por sua fertilidade e conhecido atualmente como "Celeiro de Israel".

    Em virtude de sua fertilidade e posio estratgica, este vale foi cenrio de inmeras lutas e combates da antigidade. Nele, hebreus, cananeus, midianitas, srios, egpcios, assrios, babilnios, gregos, romanos, rabes, cruzados, turcos e, finalmente, os ingleses comandados por Allenby, durante a Primeira Guerra Mundial, lutaram em seu solo. Profeticamente, talvez o escritor sagrado do Apocalipse tivesse isso em mente, e comparou a grande mortandade ali como sendo "uma espcie de colheita". Joo Batista, o precursor de nosso Senhor, apresenta-o no cenrio mundial como aquEle que tem em sua mo uma "p". "Ele tem a p na sua mo [disse Joo], e limpar a sua eira, e ajuntar o trigo no seu celeiro, mas queimar a palha com fogo que nunca se apaga" (Lc 3.17, nfase do autor). E curioso observar que a "p" mencionada nas Escrituras, no s como ferramenta de trabalho, mas tambm em conexo com a guerra (Dt 23.13), e de igual modo a foice (J1 3.9-13). Joo, o apstolo, descreve o Filho do Homem

  • 32 A R M A G E D O M

    como tendo na mo uma "foice afiada", dizendo: "E olhei, e eis uma nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, um semelhante ao Filho do Homem, que tinha sobre a cabea uma coroa de ouro e, na mo, uma foice aguda" (Ap 14.14). Em Apocalipse 14.14-19, duas foices so mencionadas sete vezes, e em quatro delas nos dito que esto "afiadas" (vv. 14,17,18).

    A literatura antiga utiliza-se da colheita como figura simblica da morte e da destruio. A morte geralmente personificada como sendo um esqueleto que brande sua foice. Ser uma colheita amarga. Contudo, ela ser feita de acordo com a semeadura! (G1 6.7,8) A localizao geogrfica do Armagedom tem sido aceita como sendo toda a plancie de Asdraelom, que se estende desde o monte Tabor at o Mediterrneo. Porm, essa grande batalha estender-se- por toda a Terra Santa. Os intrpretes oferecem vrios sentidos para a palavra "armagedom", no chegando, portanto, a um consenso geral. Alguns pensam que o vocbulo significa "monte de Megido", outros, "cidade de Megido", outros, "monte da assemblia" e, ainda outros, "sua colina frutfera". O termo "armagedom" registrado apenas uma nica vez nas Escrituras, em Apocalipse 16.16, que diz: "E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom". Em Apocalipse 14.10,20, este local mencionado como sendo "um lagar" lugar conhecido pelos vinhateiros da Palestina como "lugar de pisar uvas amadurecidas". Tal expresso, de acordo com o significado do pensamento, tornou-se tambm um nome proftico de Armagedom.

    A palavra origina-se tambm de uma raiz hebraica, ["H- Magedon"], que significa "derrubar, matar, cortar, decepar, ou lugar de mortandade", e o que Megido sempre foi. O Dr. J. A Seiss diz que a palavra "Megido" significa tambm "abater o alto", talvez pelo motivo de que a cidade de Megido fica encravada numa elevao acima do vale de Jezreel. Seja como for, esta palavra, em sua forma de expresso, sempre remete a um sentido de mortandade. Para muitos comentaristas, o monte Tabor tambm

  • Quando se Pensou no Armagedom 33

    deve fazer parte neste contexto proftico. Nele, pensam alguns, nosso Senhor Jesus falou da volta do Filho do Homem e da chegada de seu Reino com poder, o que o serviria de elo a todos os acontecimentos ligados ao Armagedom. O monte Tabor eleva-se a uma altura de 588 metros, dominando a plancie que se estende a seus ps. Acha-se a cerca de 630 metros acima do nvel do mar e o mais pitoresco e impressionante monte da Galilia. Davi canta em louvor a Deus dizendo que "o Norte e o Sul, tu os criaste; o Tabor e o Hermom regozijam-se em teu nome" (SI 89.12). Tal expresso, ligando o Tabor com o Hermom, deve ligar tanto um como o outro na categoria de "alto monte" da Terra Santa. Para o salmista, a fora e beleza destas montanhas so testemunho do Criador.

    Na antigidade, o Tabor servia de fronteira entre as tribos do norte e as do sul. Ele era considerado sagrado por Israel, por ter sido testemunha da glria de Deus manifestada na importante vitria de Baraque, predita pela profetisa Dbora, sobre o exrcito cananeu de Ssera (Jz 4.6). A aldeia rabe aos ps do monte chamada "Daburieh", em honra profetisa Dbora. Tambm para os cristos o monte Tabor um lugar santo, pois foi escolhido por Jesus para ser o local da sua transfigurao (Lc 9.28-36). O cume do monte Tabor tem 1 quilmetro de comprimento por cerca de 400 metros de largura e rodeado pelos restos de uma fortaleza construda no sculo XIII pelos muulmanos. Em 1924, os franciscanos edificaram ali uma igreja, a Igreja da Transfigurao, incorporando nova construo os restos das igrejas anteriores. Alm dos vestgios da igreja bizantina do sculo VI e da igreja cruzada do sculo XII h, ainda, runas de antigas fortalezas e mosteiros. Do topo do monte descortina-se uma esplndida vista de quase toda a regio.

    O Anticristo aproveitar-se- de todas as elevaes naturais tanto da Terra Santa como de outras partes do mundo para que nelas sejam instaladas suas bases de guerras, cuja finalidade o apoio incondicional a seu poderio destruidor. Portanto, no vo

  • 34 A R M A G E D O M

    que Deus remover todos os montes e ilhas de seus lugares, cuja operao sobrenatural desarticular todo e qualquer sistema montado pelo Anticristo e seus seguidores. Neles se cumprir o que est escrito da parte do Senhor pelo profeta Isaas: "... a saraiva varrer o refgio da mentira, e as guas cobriro o esconderijo" (Is 28.17). A operao divina ser enviada contra aqueles que se refugiaram nas falsas promessas do Anticristo e contra as foras do mal. O juzo ser regrado pela linha, e a justia pelo prumo. Ningum escapar, porque a varredura de Deus dar-se- como uma espcie de manto de fogo abrasador, de sorte que lhes no deixar nem raiz nem ramo, e aquele que escapar com vida, to-somente ouvir tal notcia causar grande perturbao em seu corao (Is 28.19).

    3. A Cidade de M egido: Como Era antes e como atualmente

    Devemos ter em mente que as expresses anteriores tomadas para descrever e dar significado ao Armagedom no se referem precisamente ao vale de Armagedom, mas sim "cidade de Megido". Quando Israel conquistou Cana, a cidade de Megido era uma fortaleza canania de grande poder militar. Tambm com o sentido de fortaleza e cidade, a frase ocorre em outras partes das Escrituras, tais como: "... s guas de Megido" (Jz 5.19). Outro sentido pode ser o de um vale, propriamente dito: "... vale de Megido" (2 Cr 35.22; cf. Zc 11.11). A antiga cidade de Megido, no a plancie, est localizada no lado sul do vale de Jezreel, onde o "Caminho do Mar" (Via Maris) deixa a plancie e passa atravs de um longo e estreito desfiladeiro, continuando na direo da plancie Sharon, pelo litoral. A cidade est estrategicamente situada na abertura deste desfiladeiro, que era a principal via de comunicao que ligava o Egito e o sul com a Sria e o norte. O desfiladeiro , portanto, passagem obrigatria, e Megido, um ponto estratgico, tanto para os povos que se estendiam na frtil costa do Mediterrneo como para conquistadores ocidentais que

  • Quando se Pensou no Armagedom 35

    invadiam o norte e o leste da Terra Santa. Os portes da cidade foram testemunhas de muitas batalhas. No tempo do reinado de Joro, filho de Acabe, havia um ponto de espionagem chamado "torre de Jezreel", onde ficava o "atalaia" observando qualquer aproximao de exrcitos inimigos (2 Rs 9.17). Alguns comentaristas tm at pensado que, por causa disso, "Armagedom" significa: "torre de vigia" e ainda outros, "lugar de mortandade".

    Entre 1935 e 1939, Megido foi escavada pelo Instituto Oriental da Universidade de Chicago. As escavaes, cobrindo uma rea de 13 acres, revelaram as runas de 20 cidades superpostas, cada uma delas representada por uma camada de runas distintas.

    Atualmente, novos dados arqueolgicos revelaram cerca de 23 runas de cidades superpostas. O vale do Armagedom, como relatado por Joo em sua viso apocalptica, ser o cenrio do golpe final desferido por Cristo sobre o Anticristo e suas hostes. A besta e os seus exrcitos, apavorados com as manifestaes sobrenaturais pela presena espantosa do Senhor, deixaro Jerusalm e iro para aquele vale, procurando reunir-se e organizar- se "... para fazerem guerra quele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exrcito". O apstolo Joo menciona ainda o local: "E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom" (Ap 16.16). Ele diz que esta convocao foi orientada por "trs espritos imundos, semelhantes a rs", durante o derramamento da "sexta taa". "E o sexto anjo derramou a sua taa sobre o grande rio Eufrates; e a sua gua secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do Oriente. E da boca do drago, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sarem trs espritos imundos, semelhantes a rs, porque so espritos de demnios, que fazem prodgios; os quais vo ao encontro dos reis de todo o mundo para os congregar para a batalha, naquele grande Dia do Deus Todo-poderoso" (Ap 16.12-14). Estas hostes do mal incitaro as hordas asiticas (os reis do Oriente), os quais se ajuntaro com (os reis de todo o mundo),"... para os congregar para a bata-

  • 36 A R M A G E D O M

    lha, naquele grande Dia do Deus Todo-poderoso... e os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom" (Ap 16.14,16).

    A primeira ao poderosa de Cristo ali a priso da besta e de seu falso profeta. Joo descreve este momento da seguinte forma: "E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lanados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre" (Ap 19.20). Para Jesus, sua vitria final, ali naquele vale, torna-se bastante significativa. Nazar, onde Ele passou sua infncia e juventude, est situada na Baixa Galilia, cerca de 15 quilmetros ao norte da plancie de Armagedom. Ali, em Nazar, seus pais nasceram e viveram, e ali Ele fora criado. Armagedom era a primeira paisagem contemplada por Jesus quando os raios matinais estendiam-se como uma espcie de manto cobrindo a Terra Santa. Evidentemente, naquele grande dia, Cristo relembrar todo aquele quadro vivido em sua infncia naquela regio. Porm, sua volta a esta terra se dar de maneira diferente; no mais como uma criana indefesa, mas com poder e grande glria.

    4. Que Relao Tm Gogue e Magogue com o Armagedom?

    Em Ezequiel 38 e 39 fala-se de "Gogue, Magogue, Meseque e Tubal", e em Apocalipse 20.8 h referncia a "Gogue e Magogue" como poderes hostis que se levantaro contra Deus e o seu povo no fim dos dias (Ez 38.16). Alguns comentaristas querem ligar estes poderes com a guerra do Armagedom, achando que estas foras do mal sero dirigidas contra Israel neste tempo do fim. No entanto, parece-nos que as foras que encabearo juntamente com o Anticristo esta luta mortal contra o povo escolhido, ali naquele vale, so do extremo Oriente, e no do Norte apesar da frase "os reis de todo o mundo" encontrar-se inserida no contexto (Ap 16.14). Contudo, a invaso de Gogue e Magogue e suas congregaes dar-se- numa outra ocasio distinta daquela que

  • Quando se Pensou no Armagedom 37

    aqui est em foco. Os nomes Gogue e Magogue, em Apocalipse20.8, so tomados simbolicamente para representar "as naes que esto sobre os quatro cantos da terra", que se levantaro depois do Milnio sob o comando de Satans. Elas no se referem a nenhum poder especfico. J as naes citadas em Ezequiel parecem indicar simplesmente naes constitudas. Os captulos 38 e 39 de Ezequiel apontam para um perodo depois da restaurao de Israel e um outro perodo antes do Milnio. Os captulos 36 e 37 falam da restaurao, e os captulos 40 a 48, do perodo milenar. Entres eles, encontram-se os captulos 38 e 39, que falam da invaso dos poderes do norte Terra Santa.

    Para alguns estudiosos das profecias, esto previstas trs grandes batalhas envolvendo o povo escolhido de Deus e que, por extenso, envolvero tambm o mundo como um todo, cada uma delas tendo sua testa um chefe supremo:

    1- A batalha de Magogue, que tomado para designar as naes envolvidas no conflito, ao passo que Gogue ser o prncipe ou seja: o chefe (Ez 38.2);

    2a A batalha do Armagedom tendo o Anticristo frente de suas hostes (Ap 19.16,19-21);

    3 A batalha de Gogue e Magogue descrita em Apocalipse20.8, que ser chefiada pelo Diabo e suas sequazes.

    A batalha do Armagedom dar-se- no final da Grande Tribulao.

    A batalha final descrita em Apocalipse 20 ter lugar aps o Milnio. Porm, todas tero como ponto central a terra de Israel, o territrio do povo escolhido de Deus. A questo aqui levantada no tocante poca em que se dar a invaso de Gogue terra de Israel. De acordo com alguns contextos que aqui esto em foco, essa invaso se dar no fim dos tempos. "... no fim dos anos, virs terra que se retirou da espada e que veio dentre muitos povos aos montes de Israel" (Ez 38.8) isso parece apontar para a criao do Estado judeu em 1948, quando os judeus dispersos voltaram para sua terra, comeando assim uma nova fase de sua

  • 38 A R M A G E D O M

    histria. E "... no fim dos dias, suceder que hei de trazer-te contra a minha terra" (v. 16). Se o "fim dos dias" aqui se refere ao fim "dos dias da Graa", essa invaso dar-se- no incio da Grande Tribulao (39.9). As passagens de Ezequiel 38.19-22; 39.17-20 parecem fazer ligao com a batalha do Armagedom (Ap 16.17-21; 19.17-21). Nesse caso, a invaso aqui predita teria lugar no final da Grande Tribulao. Contudo, a narrativa completa dessa invaso parece desassoci-la da batalha do Armagedom.

  • Captulo 3

    OS QUATRO IMPRIOS MUNDIAIS

    O Imprio Babilnico

    605562 a.C. Nabucodonosor Imprio Babilnico

    562560 a.C. Evil-Merodaque Imprio Babilnico

    560542 a.C. Nabonido?-Belsazar Imprio Babilnico

    Neste captulo, estudaremos sobre os quatro imprios de projeo mundial, que atualmente j no existem, mas que, no fim dos tempos, ressurgiro com o antigo Imprio Romano e serviro de base durante o sombrio governo do Anticristo. Daniel 7.4-7 apresenta estes imprios simbolizados em forma de quatro animais: leo, urso, leopardo e fera terrvel. Em Apocalipse 13.2, a ordem est invertida: besta, leopardo, urso e leo. Alguns estudiosos das profecias opinam que devem ser relacionados como imprios mundiais seis e no quatro apenas, como aqui est em foco,

  • 40 A R M A G E D O M

    e adicionam a Assria e o Egito, conforme veremos no final deste captulo. Eles invocam Apocalipse 17.10, que profeticamente descreve o destino final do ltimo poder gentlico mundial, quando diz: "E so tambm sete reis: cinco j caram, e um existe; outro ainda no vindo". Seriam eles: o Egito, a Assria, a Babilnia, o Imprio Medo-persa e a Grcia. O sexto seria o Imprio Romano e o stimo, o do Anticristo.

    1. As Duas Faces do Imprio Babilnico

    Devemos estudar aqui, cuidadosamente, o incio da formao, extenso e declnio do Imprio Babilnico. Os historiadores mais cuidadosos procuram a origem e o princpio da formao deste grande imprio mundial, dividindo-o da seguinte forma:

    I. O Primeiro Imprio Babilnico Historicamente, os babilnios estabeleceram-se ao norte da regio dos sumrios e fundaram ali Babilnia, sua capital. Segundo a tradio sumria, Quish foi a primeira cidade da primeira civilizao mesopotmica; depois, surgiram Ur (terra natal do patriarca Abrao), Uruk, Lagash, Eridu e Nipur. Eram cidades-estados, com autonomia religiosa, poltica e econmica. Cada cidade era governada por um sacerdote, ajudado por um conselho de ancios, forma que evoluiu para uma espcie de autocracia, isto , um governo pessoal, desptico. O chefe poltico, representante do deus principal, chamava-se "patesi". Com o tempo, o patesi instituiu o direito hered i tariedade, fundando as dinastias, por volta de 2850 a.C. A mais famosa foi a de Lagash, que anexou Ur. O rei semita Sargo unificou as cidades sumrias por volta de 2330 a.C., criando o Primeiro Imprio Mesopotmico. Sua cidade mais famosa foi Acad, que deu origem ao termo "acdios".

    O enfraquecimento sumrio criou condies para a ascenso dos semitas, concentrados em torno da Babilnia. Por volta de 1750 a.C., Hamurbi, um rei babilnio, conquista a Sumria e a Assria. Transformou a lngua acdia em lngua oficial e

  • Os Quatro impr ios Mundia i s 41

    Marduque, deus babilnio, em primeiro deus supremo da M esopotm ia. H am urbi conseguiu conquistar toda a Mesopotmia, fundando um vasto imprio ao qual imps a mesma administrao e as mesmas leis. Era uma legislao baseada na lei de talio: olho por olho, dente por dente, vida por vida, etc. o famoso Cdigo de Hamurbi, por ser considerado o primeiro conjunto de leis escritas da Histria. Algumas leis deste cdigo diziam o seguinte: "Se um homem negligenciar a conservao de seu dique, se uma brecha nele se abrir e os campos se inundarem, esse homem ser condenado a restituir o trigo destrudo por sua falta. Se um homem entregar a um lavrador terras para serem transformadas em pomar, se o lavrador cultivar e tratar esse pomar durante quatro anos, no quinto ano a produo ser dividida igualmente entre o proprietrio e o lavrador; o proprietrio ter o direito a escolher sua parte. Se um arquiteto construir para outrem uma casa e ela no for bastante slida, se a casa ruir matando o dono da casa, esse arquiteto passvel de morte".

    Babilnia, portanto, sob o domnio de Hamurbi, tornou-se um vasto e poderoso imprio. No entanto, com a morte de Hamurbi, o Primeiro Imprio Babilnico entrou em decadncia e acabou por desaparecer, com invases sucessivas de povos vindos do norte e do leste. Os invasores da Mesopotmia foram vencidos pelos assrios, que aos poucos foram conquistando as regies vizinhas Babilnia. Os assrios constituram um vasto imprio e estabeleceram sua capital ora em Nnive, ora em Assur. Sua grande expanso ocorreu entre 883 a.C. e 612 a.C. Procurando sada para o golfo Prsico e o mar Mediterrneo, os assrios partiram para Nnive e Assur, e conquistaram a Mesopotmia, a Sria e o Egito, graas ao primeiro exrcito organizado do mundo.

    Segundo informaes histricas fidedignas, a infantaria com- punha-se de lanceiros e arqueiros. Havia carros de combate e armas como o arete trave arrematada por uma pea de bronze que vrios homens impulsionavam para derrubar muralhas e portas , e a catapulta mquina capaz de arremessar pedras,

  • 42 A R M A G E D O M

    lanas e outros objetos. Sapadores construam pontes, e a cavalaria era muito eficiente. Guerreiros ferozes, os assrios impunham a dominao pelo terror. Saqueavam e destruam, massacravam os vencidos. Os revoltosos sofriam terrveis torturas. O apogeu assrio ocorreu nos reinados de Sargo II, Senaqueribe e Assurbanipal (668626 a.C.), que tomou Tebas. A crise comeou quando os egpcios se libertaram. Seguiram-se rebelies na Fencia, na Babilnia e em Elo, a leste da Baixa Mesopotmia. Em 612 a.Cv os medos, povo oriundo das margens do mar Cspio, tomaram Assur e Nnive, pondo fim ao Imprio Assrio. O Imprio Assrio, porm, no resistiu presso exercida pela aliana entre os caldeus e medos que, liderando a revolta dos babilnios contra os assrios, destruram Nnive e Assur, em 612 a.C. A civilizao mesopotmica entrou em seu estgio final com a destruio da Assria e o estabelecimento da supremacia dos caldeus.

    II. O Segundo Imprio Babilnico O Imprio Babilnio dos dias de Nabucodonosor, filho do monarca Nabopolassar e seus seguidores, chamado pelos historiadores de Segundo Imprio Babilnico. Nabopolassar fundou a nova dinastia, que teve como principal soberano seu filho Nabucodonosor (605562 a.C.). Tentaram reviver a cultura da poca de Hamurbi. Os babilnios, sob a orientao de Nabucodonosor, tornaram-se poderosos e suas conquistas a outros povos foram por demais surpreendentes. Estas conquistas tinham em parte o propsito de Deus. Daniel assim escreveu falando destas conquistas, quando interpretava o sonho do rei: "Tu, rei, s rei de reis, pois o Deus dos cus te tem dado o reino, e o poder, e a fora, e a majestade. E, onde quer que habitem filhos de homens, animais do campo e aves do cu, ele tos entregou na tua mo..." (Dn 2.37,38). Este aparece em primeiro lugar, na srie dos imprios mundiais. Os outros so: o Imprio Medo-persa, o Imprio Greco-macednio e o Imprio Romano. O Egito poderia, tambm, fazer parte desta srie. No entanto, seu domnio e alcance jamais atingiu o poder e glria dos imp

  • Os Quatro Impr ios Mundiai s 43

    rios mencionados; e, tambm, o Egito no fora reconhecido por Deus como parte deste contexto. Todos eles (com exceo do Egito), e, inclusive o Reino de Deus, aparecem representados por uma esttua terrvel que Nabucodonosor viu em sonho. Esta esttua era composta de "cinco materiais", a saber: ouro, prata, cobre (metal na interpretao), ferro e barro. Cada material representava um imprio mundial, sendo o ltimo, o Imprio Romano, representado por dois: ferro e barro. Devemos analisar estes imprios do ponto de vista proftico e histrico, pois os acontecimentos histricos que envolveram estes imprios de alcance mundial tornam-se apenas cumprimento das predies profticas a este respeito. Observemos, pois, primeiro, o relato do sonho do rei e depois as descries e significaes dos mesmos ira interpretao feita por Daniel.

    1- O sonho do rei com uma esttua terrvel (Dn 2.1-5);2- A lembrana e descrio do sonho por Daniel (Dn 2.31-36);3- A interpretao do sonho do rei (Dn 2.36-45).

    a. O sonho do rei "E no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve Nabucodonosor uns sonhos; e o seu esprito se perturbou, e passou-se-lhe o seu sono. E o rei mandou chamar os magos, e os astrlogos, e os encantadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei qual tinha sido o seu sonho; e eles vieram e se apresentaram diante do rei. E o rei lhes disse: Tive um sonho; e, para saber o sonho, est perturbado o meu esprito. E os caldeus disseram ao rei em siraco: O rei, vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretao. Respondeu o rei e disse aos caldeus: O que foi me tem escapado..." (Dn 2.1-5a).

    b. A lembrana e descrio do sonho "Tu, rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande esttua; essa esttua, que era grande, e cujo esplendor era excelente, estava em p diante de ti; e a sua vista era terrvel. A cabea daquela esttua era de ouro fino; o seu peito e os seus braos, de prata; o seu ventre e as coxas, de

  • 44 A R M A G E D O M

    cobre; as pernas, de ferro; os seus ps, em parte de ferro e em parte de barro. Estavas vendo isso, quando uma pedra foi cortada, sem mo, a qual feriu a esttua nos ps de ferro e de barro e os esmiuou. Ento, foi juntamente esmiuado o ferro, o barro, o cobre, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e no se achou lugar algum para eles; mas a pedra que feriu a esttua se fez um grande monte e encheu toda a terra" (Dn 2.31-35).

    c. A interpretao do sonho "Este o sonho [conclui Daniel]; tambm a interpretao dele diremos na presena do rei. Tu, rei, s rei de reis, pois o Deus dos cus te tem dado o reino, e o poder, e a fora, e a majestade. E, onde quer que habitem filhos de homens, animais do campo e aves do cu, ele tos entregou na tua mo e fez que dominasses sobre todos eles; tu s a cabea de ouro. E, depois de ti, se levantar outro reino, inferior ao teu, e um terceiro reino, de metal, o qual ter domnio sobre toda a terra. E o quarto reino ser forte como ferro; pois, como o ferro esmiua e quebra tudo, como o ferro quebra todas as coisas, ele esmiuar e quebrantar. E, quanto ao que viste dos ps e dos artelhos, em parte de barro de oleiro e em parte de ferro, isso ser um reino dividido; contudo, haver nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de lodo. E, como os artelhos eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino ser forte e por outra ser frgil. Quando ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, mis- turar-se-o com semente humana, mas no se ligaro um ao outro, assim como o ferro se no mistura com o barro. Mas, nos dias desses reis, o Deus do cu levantar um reino que no ser jamais destrudo; e esse reino no passar a outro povo; esmiuar e consumir todos esses reinos e ser estabelecido para sempre. Da maneira como viste que cio monte foi cortada uma pedra, sem mos, e ela esmiuou o ferro, o cobre, o barro, a prata e o ouro, o Deus grande fez saber ao rei o que h de ser depois disso; e certo o sonho, e fiel a sua interpretao" (Dn 2.36-45). Podemos ob

  • Os Quatro Impr ios Mundiai s 45

    servar cuidadosamente como nos apresentada aqui a histria do mundo at a consumao dos sculos. Cada parte da esttua vista pelo monarca em sonho representa um imprio de domnio mundial.

    A cabea de ouro representava o prprio Nabucodonosor, seus sucessores e, por extenso, o Imprio Babilnico;

    O peito e os braos de prata representavam o Imprio Medo-persa;

    O ventre e as coxas de cobre (metal) representavam o Imprio Greco-macednio;

    As pernas de ferro, os seus ps e os dedos em parte de ferro e em parte de barro representavam o Imprio Romano, especialmente a parte "dos ps". Os "dedos dos ps", que "eram em parte de ferro, em parte de barro", prefiguravam um sistema monrquico e democrtico exercido pelos dez reis escatolgicos que se levantaro no tempo do fim, ao lado do Anticristo.

    A "pedra" que "... foi cortada, sem mo, a qual feriu a esttua nos ps de ferro e de barro, e os esmiuou" representa tanto Cristo como o seu Reino. Na sua vinda terra, com poder e grande glria, a esttua ser ferida nos ps (o Imprio Romano restaurado) e sua destruio dar lugar ao Reino do Messias, o qual se tornar como um "grande monte" e encher toda a terra (Dn 2.34,35,44).

    III. O Fim do Imprio Babilnico Depois da destruio de Jerusalm, em 586 a.C., aps submet-la a um cerco, levando consigo um grande nmero de cativos para Babilnia, segue-se um perodo de prosperidade, quando foram construdos grandes edifcios com tijolos coloridos. Evil-Merodaque foi sucessor de seu pai, Nabucodonosor. Seu reinado foi de pouca durao. Foi sucedido no trono pelo usurpador Nergal-Sarezer, que foi substitudo por seu filho, cujo reinado s durou alguns meses. Este, por sua vez, foi derrubado por Nabonido, que, segundo al

  • 46 A R M A G E D O M

    guns historiadores, passou a repartir seu trono com seu filho Belsazar, filho-neto do monarca Nabucodonosor. Inicia-se, ento, o declnio total do Imprio Babilnio no tempo do rei Belsazar (Dn 5.11,18,22,30).

    A tomada da cidade, de acordo com as Escrituras e os Anais da Histria, deu-se numa noite. Dentro daquela noite, ouviu-se um grande grito: "... Cada Babilnia, cada !" (cf. Is 21.9; Ap 14.8) Enquanto Belsazar e seus grandes banqueteavam-se, o inimigo estava s portas da cidade, preparando-se para o assalto que levaria aquele vasto imprio e aquela grande cidade destruio. Na maioria das vezes, quando estes monarcas do passado tomavam um reino ou subjugavam uma nao tributao, era esboado por parte de alguns at mesmo um sentimento de humildade e reconhecimento, de que fora Deus, o Todo-Podero- so, quem lhes havia concedido tamanha conquista. Napoleo Bonaparte, imperador francs, em todas as suas batalhas em que fora vitorioso, atribua sempre a Deus o grande triunfo de suas conquistas. Depois, foi assaltado pelo orgulho de seu corao e chegou a dizer: "Deus somente d a vitria ao exrcito maior". Mas sabemos que isso no verdade, pois tanto a Bblia como a Histria tm provado o contrrio. Existem determinadas vitrias que no provm dos homens ou de foras mais poderosas mas de Deus. Belsazar desprezara a ajuda divina, porque confiava em si e no seu exrcito. Porm tudo fracassou. O comandante Ciro, o persa, j se encontrava desviando o curso do rio Eufrates, que passava pelo meio da cidade, e em seguida entrou pelo leito seco do rio. Ele tomou a cidade de "assalto" naquela mesma noite. Assim Babilnia foi sacudida pelos dois "tufes de vento do sul, que tudo assola" [Dario e Ciro|, Isaas 21.1,esua glria acabou!1

    Em 539 a.C., Ciro, rei dos persas, tornou-se rei dos dois povos, os medos e os persas, apoderou-se de Babilnia e transfor- mou-a em mais uma provncia de seu gigantesco imprio. Termina, assim, o Imprio Babilnio com seu poder e sua glria.

  • Os Quatro Impr ios Mundiais 47

    522486 a.C. Dario Imprio Medo-persa539530 a.C. Ciro Imprio Medo-persa

    semelhana do Imprio Babilnico, este foi tambm um imprio de domnio muito vasto. Ele mencionado nas vises do profeta Daniel, em vrias conexes de seu livro, onde representado por vrias figuras que so analisadas e compreendidas nas interpretaes. Faremos aqui um resumo, mostrando cada significao bblica que apresenta este reino em vrias passagens do livro de Daniel.

    1. Os Smbolos do Imprio M edo-persa

    a. Peito e braos de prata "Tu, rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande esttua; essa esttua, que era grande, e cujo esplendor era excelente, estava em p diante de ti; e a sua vista era terrvel. A cabea daquela esttua era de ouro fino; o seu peito e os seus braos, de prata; o seu ventre e as suas coxas, de cobre; as pernas, de ferro; os seus ps, em parte de ferro e em parte de barro" (Dn 2.31,32).

    b. Ramos de uma rvore "Estava vendo isso nas vises da minha cabea, na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do cu, clamando fortemente e dizendo assim: Derribai a rvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, e espalhai o seu fruto..." (Dn 4.13,14). Podemos oferecer aqui uma interpretao com sentido extensivo, da seguinte forma: a rvore o Imprio Babilnio; os ramos o Imprio Medo-persa; suas folhas o Imprio da Grcia e seu fruto: o Imprio Romano (Dn 4.20-22).

    c. Um urso voraz "No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilnia, teve Daniel, na sua cama, um sonho e vises da sua cabea; escreveu logo o sonho e relatou a suma das coisas. Falou Daniel e disse: Eu estava olhando, na minha viso da noite, e eis que os quatro ventos do cu combatiam no mar grande.

    O Im prio M edo-persa

  • 48 A R M A G E D O M

    E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leo e tinha asas de guia; eu olhei at que lhe foram arrancadas as asas, e foi levantado da terra e posto em p como um homem; e foi-lhe dado um corao de homem. Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca trs costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne. Depois disso, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha tambm esse animal quatro cabeas, e foi-lhe dado domnio. Depois disso, eu continuava olhando nas vises da noite, e eis aqui o quarto animal, terrvel e espantoso e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaos, e pisava aos ps o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez pontas" (Dn 7.1-8).

    d. Um carneiro "E levantei os meus olhos e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha duas pontas; e as duas pontas eram altas, mas uma era mais alta do que a outra; e a mais alta subiu por ltimo" (Dn 8.3). De acordo com o que j tivemos a oportunidade de expor acima, este imprio representado por vrias composies. Em outras passagens de Daniel, o Imprio Medo-persa citado em grfico sem figura de ilustrao (Dn 5.31; 8.21; 9.1; 10.1; 11.1,2). As composies so variveis, mas apontam para o seu declnio. A primeira aponta para seu valor e pujana: a esttua, sendo referidos aqui "o peito e os seus braos de prata", vista pelo rei Nabucodonosor em sonho (Dn 2.32). Isto significava que o "peito" do colosso simbolizava o imprio como um todo; enquanto "seus braos" representavam Dario e Ciro. A segunda aponta para sua expanso: so os "ramos" da rvore frondosa que viu em sonho Nabucodonosor (Dn 4.14). A terceira mostra sua ferocidade na imagem do "urso voraz" (Dn7.5) e, na quarta, mostra o seu enfraquecimento na figura de "um carneiro" que tinha duas pontas e se encontrava diante do rio Ulai (Dn 8.2). O carneiro em si representava o Imprio Medo-

  • Os Quatro Impr ios Mundiai s 49

    persa, como o "peito de prata" da esttua do captulo 2. Suas duas pontas representavam novamente Dario e Ciro. Podemos observar como as Escrituras so profticas e se confirmam em cada detalhe. Esta ltima passagem que acabamos de mencionar mostra o Imprio Medo-persa, representado por Dario e Ciro, respectivamente. No aparecem mais como sendo aquele "urso voraz", como acabara de ser descrito no captulo 7. Agora, j enfraquecido, representado apenas como sendo um "animal domstico" (carneiro). Foi, sem dvida alguma, o que aconteceu com este imprio: ele conquistou o mundo civilizado daqueles dias, engrandeceu-se e se tornou poderoso. Agora, "diante do rio", est se preparando para o "assalto" Babilnia, a maior potncia a ser conquistada embora esta conquista tenha acontecido quando este imprio era representado pelo "urso faminto", quando o mesmo se encontrava no auge do seu domnio. O carneiro, pelo contrrio, j mostra sinais de fraqueza diante de "um bode" que vinha do Ocidente, ou seja, da Grcia em direo Babilnia e s regies vizinhas.

    I. O Enfraquecimento e o Fim do Imprio Medo-persa O enfraquecimento e extermnio do imprio dos medos e dos persas comeou com os golpes mortais vindos por parte do reino greco-macednio. Este imprio foi considerado pelo profeta de Deus, nesta viso diante do rio Ulai, como sendo "um bode voador". A "ponta notvel entre os seus olhos" representava o prprio Alexandre Magno (Dn 8.21). O profeta observa que aquele bode vinha do "Ocidente" em direo ao "Oriente". Isso indicava que o bode vinha da Grcia (Ocidente) em direo Babilnia (Oriente). O exrcito de Alexandre era considerado "um exrcito relmpago" e, por este motivo, o profeta diz que ele "... no tocava no cho" (Dn 8.5). Aquela grande viso parecia bastante estranha para o profeta de Deus. Em outras oportunidades, ele j presenciara vises de extrema magnitude. Esta, entretanto, era quase que inconcebvel, pois ver "um bode voando" pelo espao, como

  • 50 A R M A G E D O M

    se fora um avio, nunca jamais ele o tinha presenciado. Mas o anjo Gabriel fora enviado por Deus e passou a explicar ao profeta todos aqueles pormenores. Primeiro, o anjo de Deus falou sobre o Imprio Medo-persa, dizendo: "Aquele carneiro que viste com duas pontas so os reis da Mdia e da Prsia" (Dn 8.20). Depois, ele falou do bode e disse a Daniel: "... o bode peludo o rei da Grcia; e a ponta grande que tinha entre os olhos o rei primeiro" (Dn 8.21).

    Estas vises profticas, seguidas de suas interpretaes, falam em detalhes dos grandes combates entre estas duas potncias: os medos e os persas, e os macednios e os gregos. Qualquer historiador de confiana ou intrprete das profecias bblicas reafirma a descrio feita por Daniel em seu livro com respeito a Alexandre e ao poderio greco-macednio. Alexandre sempre combateu "... com todo o mpeto da sua fora", como foi descrito em Daniel 8.6. Especialmente quando combateu os medos e os persas. Conta-se que ele, quando freqentava uma escola na Grcia (ele era original da Macednia), costumava dizer que um dia se vingaria com todo o mpeto das agresses dos persas, que, sendo senhores do mundo, ainda desejavam dominar a Grcia.

    To logo Alexandre pde convencer os gregos de que era tempo de se vingarem dos persas, reuniu tudo que tinha e, com uma coragem indmita, que lhe era peculiar, dirigiu-se ao Oriente, nada estorvando a sua incrvel coragem. Passando o Helesponto, entrou na sia e venceu numa grande faanha e batalha cruel, perto do rio Grnico, os generais que comandavam os exrcitos de Dario. Conquistou, em seguida, a Ldia e a Jnia, atravessou a Cria e entrou na Panflia. Dario, ao tomar conhecimento da vitria obtida por Alexandre sobre seus generais, reuniu todas as suas foras para marchar contra ele. Antes de ter passado o Eufrates e o monte Tauro, que est na Turquia, resolveu dar-lhe combate. Ningum naquele tempo acreditava que as foras lideradas pela Mdia e pela Prsia fossem derrotadas por Alexandre, pois jamais se pensaria que os macednios, sendo em to peque

  • Os Quatro Impr ios Mundia i s 51

    no nmero, ousariam combater contra o formidvel exrcito dos persas. Mas os fatos mostraram o contrrio. Deus, que "o Rei do universo", j tinha decretado o fim deste imprio. A batalha travou-se e Dario foi vencido com graves perdas. Sua me, sua mulher e seus filhos ficaram prisioneiros, e ele foi obrigado a fugir para a Prsia. Tal acontecimento marcou o declnio e o fim do Imprio Medo-persa. Aps a conquista do porto fencio de Tiro, em 332 a.C., Alexandre ruma para a conquista do Egito, onde recebido como salvador. No ano seguinte, Dario prope um acordo de paz, mas este recusado, e ele, derrotado por Alexandre no campo de batalha. As cidades persas de Babilnia, Sus e Perspolis vo sendo derrotadas. No ano de 331 a.C., Dario assassinado e Alexandre proclamado imperador persa. Alguns historiadores tm encontrado dificuldade em conciliar Dario e Ciro governando o Imprio Medo-persa ao mesmo tempo. Pensa-se que ele foi o Gobrias, referido nas placas babilnicas, ou, como diz Josefo, historiador judeu do primeiro sculo, que a conquista da Babilnia foi efetuada por Ciro, rei dos persas, que tomou Babilnia e aprisionou o rei, o ltimo da famlia de Nabucodono- sor. E acrescenta: "Dario, filho de Astages, ao qual os gregos do outro nome, tinha sessenta e dois anos quando, com o auxlio de Ciro, seu parente (genro?), destruiu o Imprio de Babilnia".2

    E opinado, portanto, que, enquanto Ciro se ocupava em suas guerras, no norte e no oeste, para consolidao total de seu imprio, Dario, o meda, reinava em seu lugar. At Ciro assumir o poder, a ordem era "medos e persas" (Dn 5.28; 6.8). Depois, falava- se de "persas e medos" (Et 1.14,18,19). Tanto as profecias como a prpria Histria mostram a ascenso e queda deste imprio. Ele comeou, mas teve seu fim e um fim desastroso quando recebeu um golpe mortal do Imprio Greco-macednio. Ele no era o Reino de Deus, que um Reino que no tem fim (Dn 9.13).

  • 52 A R M A G E D O M

    Este imprio foi descrito em vrias passagens do livro do profeta Daniel. Segue-se, portanto, que foi um imprio de grande magnitude e importncia, a ponto de despertar a ateno do prprio Deus.

    1. A Representao Proftica, Histrica e M itolgica do Imprio Grego

    O Imprio Grego descrito na revelao proftica de Daniel da seguinte forma: "Depois disso, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha tambm esse animal quatro cabeas, e foi-lhe dado domnio" (Dn 7.6). Este terceiro animal que aparece nesta grande viso refere-se ao Imprio Greco-macednio, que entra em cena nesta viso.

    Em Daniel 2.35-39, este imprio chamado de "... um terceiro reino, de metal, o qual ter domnio sobre toda a terra". Na passagem de Daniel 4.14, o rei Nabucodonosor viu uma grande rvore que se dividia em quatro partes: tronco, ramos, folhas e frutos. Nessa diviso, o tronco seria o Imprio Babilnico; "os ramos", o Imprio Medo-persa, e o Imprio Greco-macednio pode ser concebido como sendo "as folhas"; enquanto "os frutos" representariam o Imprio Romano. Na passagem de Daniel 8.5, ele representado por "um bode" que vinha do "ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no cho..." O profeta Joel, cerca de 800 a.C., menciona os gregos como compradores de filhos de Jud, vendidos por negociantes de escravos de Tiro (cf. J1 3.6). Ezequiel 27.13, por sua vez, menciona Jav (a Grcia) e Tiro como negociantes de escravos. O profeta Daniel, em 8.21; 11.3, tambm menciona a Grcia.

    O Imprio Greco-macednio que dominou o mundo surge em 359 a.C., com o declnio do poderio das cidades-estados gregas, enfraquecidas por guerras fratricidas. Estende-se at 31 a.C.,

    O Im prio G rego

  • Os Quatro Impr ios Mundiai s 53

    quando cai sob o domnio romano. Os macednios, de ascendncia grega, ocupam originalmente o norte da Grcia. Em 359 a.C., Filipe II assume o poder na Macednia. Redistribui as terras, conquistando apoio dos camponeses, e amplia o exrcito, garantindo a defesa das fronteiras. D incio ento s campanhas expansionistas, anexando as cidades de Potidia, Anfpolis e Pidna, controladas por Atenas. Acaba por intervir na Grcia e, em 338 a.C., as foras macednias derrotam definitivamente os atenienses e tebanos na Batalha de Queronia. Filipe assassinado traio em 336 a.C., na cidade de Egia, por Pausnias, filho de Ceraste. Seu filho, Alexandre, o Grande (356 a.C. 323a.C.), que havia tido como preceptor Aristteles, um dos maiores gnios da filosofia, da erudio e do saber, assume o reino com o apoio do exrcito. Ataca com violncia as cidades gregas que se rebelaram aps a morte de seu pai. S Atenas no arrasada. Estabelecido o completo domnio sobre a Grcia, Alexandre, j como lder supremo da cultura helnica, dirige-se sia Menor e liberta do jugo persa as cidades gregas da regio, em 333 a.C., derrotando as tropas do soberano persa Dario III. Unifica, assim, toda a Grcia com a Macednia. Daniel descreve essa unio, dizendo que este animal tinha duas naturezas: Leo-leo e Pardo-pantera. Este imprio cresceu, no apenas em seu poderio militar, mas tambm poltica e culturalmente. A Grcia era o bero do saber daqueles dias. A mitologia grega se desenvolveu ali como sendo um poderoso reino de fantasias encantadoras.

    I. A Mitologia Grega Resultado da fuso das mitologias micnica e drica, a mitologia grega clssica tem suas principais fontes na Teogonia, de Hesodo, e na Ilada e Odissia, escritas por Homero no sculo VIII a.C. Teogonia a mais completa e importante fonte de mitos sobre a origem e a histria dos deuses. J as narrativas de Homero descrevem os grandes feitos da histria grega, nos quais os heris so ajudados pelos deuses.

  • 54 A R M A G E D O M

    Os deuses gregos so divididos em vrios grupos. O mais antigo o dos Tits, liderado por Cronos. O mais poderoso o dos deuses do Olimpo, que se dividem em vrias classes. A classe superior formada por Zeus, governante de todos os deuses; Apoio, deus da msica e da poesia; Ares, deus da guerra; Hefeso, ferreiro dos deuses; Hermes, mensageiro dos deuses; Posidon, deus dos terremotos e do oceano; Afrodite, deusa do amor; rtemis, deusa da caa; Demter, deus da agricultura; Hera, irm e mulher de Zeus; e Hstia, deusa do fogo.

    Numa classe inferior esto Hades, irmo de Zeus e deus dos infernos; Dionsio, deus do vinho; P, deus das florestas; as ninfas, guardadoras da natureza; e as musas, que representam as artes e as cincias. Os heris, seres mortais em sua maioria, so to importantes na mitologia grega quanto os deuses. Os primeiros a surgir so Jaso, Teseu e dipo. Na Guerra de Tria, em 1194 a.C., destacam-se Agamenon, Menelau, Odisseu (conhecido como Ulisses), Aquiles, Heitor e Pris. Mas o principal heri grego Hracles, mais conhecido por seu nome romano, Hrcules. Zeus, de acordo com a mitologia grega, era a divindade principal, que obteve tal posio ao destronar seu pai, Cronos. Os romanos cha- mavam-no Jpiter, isto , "pai do cu".

    Originalmente, Zeus era um deus indo-europeu do cu ou das condies atmosfricas. De fato, seu nome significa "cu". Na concepo dos gregos, a posio e os poderes de Zeus foram crescendo. E ele acabou sendo o panomphaios, ou seja, autor de toda adivinhao, origem dos poderes profticos e dos estados e potencialidades msticas. Zeus acabou por tornar-se o governante supremo tanto dos homens quanto dos imortais. Tornou-se tambm o protetor e guardio dos reis, da justia e da retido. Era assessorado por D.ik, Justia, Thmis, Lei e Nmesis, Retido. Zeus, portanto, tornou-se para o pensamento grego o que o Deus Todo-poderoso tornara-se para o povo hebreu.

    Hrcules foi um outro heri imaginrio da mitologia grega. Tambm no mundo ocidental, suas grandes faanhas especial

  • Os Quatro Impr ios Mundiai s 55

    mente os chamados doze trabalhos de Hrcules so grandemente conhecidas e admiradas por muitos. Hrcules o patrono invocado pelos dricos, mas isso no significa que a sua lenda seja drica. Ao contrrio, liga-se, como os ciclos precedentes, Grcia acaica e miceniana. Por sua ascendncia, Hrcules um argiano, visto que sua me, Alcmena, e seu pai "mortal", Anfitrio, so ambos perseidas. Mas ele no nasceu em Tirinto, embora a sua famlia seja originria dessa cidade, e a sua lenda esteja associada a ele. Hrcules foi criado segundo a tradio helnica. Deram-lhe como mestre de msica Lino, para ensinar-lhe os rudimentos. Mas Hrcules era indcil e desajeitado e, um dia em que Lino tentou corrigi-lo, o aluno agarrou o banquinho (outros dizem a lira) e com ele esmagou o crnio do mestre. Anfitrio decidiu deixar esse filho trabalhoso no campo, onde foi encarregado de guardar os rebanhos. Aos dezoito anos, Hrcules, que atingira a altura extraordinria de quatro cvados e um p, matou o leo de Citeron. Foi a sua primeira faanha. Executou-a por conta do rei Tspis e, enquanto durou a caada, Hrcules dormiu todas as noites no palcio do rei. Tspis, que tinha cinqenta filhas, fez com que cada noite houvesse uma diferente na cama do heri. Hrcules uniu-se a todas, e era tal o seu cansao pela caada que julgou tratar-se sempre da mesma. Gerou assim cinqenta filhos, os tespades que, mais tarde, colonizaram a Sardenha. Terminada a caada do leo de Citeron, Hrcules livrou a cidade de Tebas de um tributo imposto pelo povo orcmeno. Na batalha, Anfitrio foi morto ao lado do filho. Para agradecer a Hrcules, Creonte, rei de Tebas, deu-lhe em casamento sua filha Mgara. Teve esta vrios filhos, mas Hera fez enlouquecer Hrcules, o qual, num acesso, matou a todos. Voltando a si, ficou horrorizado com seu crime, renunciou a Mgara e, por ordem da deusa, ps-se ao servio exclusivo de Euristeu, filho de Stoleno.

    II. Os Doze Trabalhos de Hrcules Os doze trabalhos impostos por Euristeu a Hrcules so tambm chamados de "doze

  • 56 A R M A G E D O M

    fadigas sucessivas", por tratar-se de trabalhos impossveis de serem realizados pela imaginao humana.

    I a O primeiro trabalho do heri foi vencer o leo que fazia toda a sorte de devastaes em Nemia e que era invulnervel. Hrcules estrangulou-o em seus braos e, quando o animal morreu, esfolou-o e revestiu-se com sua pele. A cabea servia-lhe de capacete tanto que proibiu-lhe o acesso cidade dali por diante, e intimou-o a depositar os seus trofus diante das Portas.

    2a Foi o combate contra a Hidra de Lerna, serpente cujas mltiplas cabeas repontavam medida que eram cortadas. Com auxlio do sobrinho Iolau, filho de ficles, Hrcules cortou as cabeas do monstro e queimou as carnes, o que impediu que ressurgissem.

    3a A terceira fadiga constituiu em ir buscar vivo um javali que vivia no monte Eurimanto. Hrcules deu-lhe caa na neve, cansou-se e pde assim captur-lo. Quando Euristeu viu o animal escondeu-se numa jarra de bronze, no fundo do seu palcio, to assustado que ficou.

    42 A quarta foi a conquista, por determinao de Euristeu, que desejou a cora sagrada do monte Cernio. Era um animal velocssimo, de chifres dourados e outrora dedicados pela ninfa Tageta a rtemis. Hrcules perseguiu-a um ano sem alcan-la. Por fim, feriu-a levemente com uma flecha, e pde agarr-la.

    5(l Em volta do lago Estnfalo, na Arcdia, existia uma espessa floresta, cheia de pssaros que haviam fugido em outros tempos por causa de uma invaso de lobos e se haviam multiplicado de modo extraordinrio. Como constitussem uma pr