setembro - ciências naturais com tic doce fechar de olhos. um meio sorriso preso nos lábios....

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Setembro 2012

“ Quando setembro chegar o inverno terá acabado e o amanhecer virá me acordar, apressado.

Não mais haverá folhas secas caídas ao chão, pois as cores, antes tímidas, voltarão em puro êxtase, bailando num festival deliciosamente provocante.

Quando setembro chegar o sol estará pleno, iluminando os

mares do meu mundo.

Uma brisa suave teimará em bater de leve em meu rosto, desa-

jeitando meus cabelos

húmidos e pesados. Um aroma antigo se fará presente, trazendo

consigo a quietude

do meu ser.

Quando setembro chegar serei embalada por uma música e por alguns instantes deixarei de respirar. Em órbita, minha razão terá sido arranca-da de mim por algo que não pretendo explicar. Teremos tempestade. Ventania.

Um doce fechar de olhos. Um meio sorriso preso nos lábios. Quando setembro chegar correrei ao encontro dos sentidos. Ao abrir uma janela descobriria um novo cheiro, ao escancarar uma porta um novo gosto. Na intimidade de um toque, desvendaria um olhar. Uma onda de felicidade atingirá todo meu corpo. Alegria em

forma de espuma nos pés, contentamento em forma de grãos de areia nas mãos. Não haverá nuvens no meu céu.

Quando setembro chegar eu serei todas as estações do ano…”

Ludmila Guarçoni

Quando Setembro chegar...

Gabriela e Maria, 8ºC

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Outubro 2012

A almofada ao luar

Cai uma folha no Outono

sobre a toalha de linho

e lembra-me a cor do sono

quando as aves fazem ninho.

É uma folha amarela

que empurrada pelo vento

vem colar-se à janela

sob o tecto do relento.

E eu, ao vê-la poisar,

adormeço de repente na almofada do luar.

Luís Infante

Patrícia F. e Tiago, 8ºC

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Novembro 2012 As folhas dos plátanos desprendem-se e lançam-se na

aventura do espaço,

E os olhos de uma pobre criatura

Comovidos as seguem.

São belas as folhas dos plátanos Quando caem, nas tardes de novembro.

Ondulam como os braços da preguiça

No indolente bocejo. Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,

Traçam erres e esses, cicloides e volutas,

No espaço escrevem com o pecíolo breve, Numa caligrafia requintada,

O nome que se pensa,

E sequem e regressam,

Dedilhando em compassos sonolentos A música outonal do entardecer.

António Gedeão

Poema das folhas secas de plátano

Patrícia G. e Daniela, 8ºC

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Dezembro 2012 Chove uma grossa chuva inesperada,

Que a tarde não pediu mas agradece.

Chove na rua, já de si molhada

Duma vida que a chuva e não parece.

Chove, grossa inconstante, Uma paz que há de ser

Uma gota invisível e distante

Na janela, a escorrer…

Miguel Torga

Chuva

Carolina e Patrícia S., 8ºC

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Janeiro 2013

Trovoada

Que estrondo medronho atravessa o ar?

Que luz é aquela a correr no céu, longe Lá ao fundo?

É o fim do mundo?

Não. É apenas um forte trovão e a luz, o

Clarão. É a trovoada, que no mundo antigo

Se tinha por castigo de um deus

Zangado. E o que é afinal?

É uma das formas com que a natureza

mostra o seu poder e a sua beleza.

Regina Gouveia

Mariana e Frederico, 8ºC

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Fevereiro 2013

A poesia tem tudo a ver

Com o meio ambiente

Com o sol abrasador do verão Ou com o frio do inverno.

A poesia tem tudo a ver Com os animais selvagens

Que quase não existem mais

Porque estão em extinção.

A poesia tem tudo a ver

Com a sabedoria

E com a alegria de viver Protegendo a natureza.

A poesia tem tudo a ver Com a formação da cidadania

E com a sensibilização

Relacionada à preservação.

Carla Cristiane Mergen

Ana e Túlio, 8ºC

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Março 2013

Primavera Com duas folhas de figueira

Faço um par de sapatinhos,

Dobro a folha sobre o pé

E prendo-a com uns pauzinhos. Ponho um lenço na cabeça,

Visto um vestido qualquer,

Ponho uns brincos de cereja, Um colar de malmequer,

Uma pulseira de giesta

E já estou pronta para a festa.

Regina Gouveia

Luana e Mafalda, 8ºC

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Abril 2013

Márcia e Soraia, 8ºC

Poema da minha natureza

Crescem as flores no seu dever biológico

E as cores que patenteiam, por sua natureza, Só podem ser aquelas, e não outras.

Vermelhas, amarelas, cor de fogo,

Lilases, carmins, azuis, violetas,

Assim, e só assim,

Tudo conforme a sua natureza.

Ásperas são as folhas, macias, recortadas

Ou não, tudo conforme;

E o aprumo como tal,

Ou rasteiras, ou leves, ou pesadas,

Tudo no seu dever,

Por sua natureza.

É como os animais. Em cada qual, por sua natureza,

Todo o seu dever se cumpre.

Comem, dejetam, dormem,

Fazem amor nas horas competentes,

Lutam, caçam, agridem,

Rosnam á lua, trincam, assobiam,

Escondem-se, espreitam, fogem, amarinham,

Dançam, mudam de pele, agacham-se, disfarçam-se,

Tudo conforme a sua natureza.

Assim eu penso, e amo, e sofro, e vou andando.

Tudo conforme a minha natureza.

António Gedeão

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Maio 2013

Afonso e Diogo Pereira, 8ºC

Amendoeiras em Porto de Lagos

Se não há amendoeiras

Nas estradas do Algarve

A linda rainha taifa Voou dos meus dedos,… ave…

Voou nas verdes ladeiras

Das campanhas do Algarve

A linda rainha taifa

Foi pétalas da flor,… ave…

Tempestade, as primeiras,

Assolaram o Algarve

E a linda rainha taifa

Suspirando pela neve

Nos verdes campos que teve, Soltou os cabelos,… ave…

Soltou os cabelos,.. ave...

Pedro Miranda Albuquerque

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Junho 2013

Da Terra

Amar o mar completa a minha vida

com o tacto de um amor imenso. Amar ateia a margem

Arrebata-me de júbilo e paixão.

Mas veio o vento e, por momentos, amargurou o meu corpo, a oscilar.

E está o sol aqui, depois de uns dias

de jardim obscurecido, a beber sombra. Eu sei que os átomos zumbem

e dançam como os insetos

ébrios em redor do pólen.

Fiama Hasse Pais Brandão

António e Artur, 8ºC

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Julho 2013

Diogo Pinto, 8ºC

Que é andar o Sol lá fora?

Que é andar lá fora?

É andar no céu subindo

um escarcéu de fogo vivo,

sacudindo e refulgindo pepitas de ouro nativo?

Isso é Sol andar lá fora?

Será estrem-se abismando

cataratas de fotões,

ondas e ondas pulsando no jogo da radiações?

Será isso o Sol lá fora?

Será somente um cansaço,

uma tépida roupagem, um filtro, uma beberagem

que ande acenando no espaço?~

Ou será um brinco de oiro nas pupilas de quem se ama,

estertor de peixinho loiro

com um brilhante em cada escama?

António Gedeão

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Agosto 2013

Kayla, 8ºC

Estações do Ano

Primeiro vem Janeiro

Suas longínquas metas

São Julho e são Agosto

Luz de sal e de setas

A praia onde o vento

Desfralda as barracas E vira os guarda-sóis

Ficou na infância antiga

Cuja memória passa

Pela rua à tarde Como uma cantiga

O verão onde hoje moro É mais duro e mais quente

Perdeu-se a frescura

Do verão adolescente

Aqui onde estou

Entre cal e sal

Sob o peso do sol Nenhuma folha bole

Na manhã parada

E o mar é de metal Como um peixe-espada

Sophia de Mello Breyner Andresen