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AFETIVIDADE E SEXUALIDADE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL

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Afetividade e sexualidade das pessoas com deficincia mental

Afetividade e sexualidade das pessoas com deficincia mental

Objetivos da sessoDefinio de sexualidade;Mitos associados sexualidade da pessoa com deficincia; Evoluo do conceito de sexualidade e afetividade da criana e jovem com deficincia mental;Atitudes face sexualidade da criana e jovem com deficincia. Deficincia Mentalrefere-se a limitaes essenciais no desempenho da pessoa, manifestas at os dezoito anos de idade, e caracterizado pela combinao do funcionamento intelectual significativamente abaixo da mdia, [...] com limitaes relacionadas conduta adaptativa em duas ou mais reas das seguintes: comunicao, cuidados pessoais, vida escolar, habilidades sociais, desempenho na comunidade, independncia na locomoo, sade e segurana, desempenho escolar, lazer, trabalho.O que a sexualidade?Uma energia que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; ela integra-se no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, ser-se sensual e ao mesmo tempo ser-se sexual.

Quando falamos em sexualidade e deficincia mentalNa nossa cabea espreitam logo 2 perguntas:

Existe sexualidade na vida do deficiente mental?

E, como ser?Evoluo da sexualidadesagrada por alguns povos, como os fencios, que cultuavam a fertilidade simbolizada pelas partes sexuais femininas.

o sexo deixa de ser visto como sagrado, e a funo da mulher varia entre a reproduo e a prostituio;

queda do Imprio Romano, assim como do cristianismo. Conceitos daquela poca passam a enfatizar o esprito em detrimento do corpo. As ideias de pecado, de inferno, propagadas na Idade Mdia, passam a ameaar o prazer, e o sexo permitido apenas para a reproduo.

Evoluo da sexualidadeA quarta fase marcada pela organizao da sociedade capitalista, na qual a supervalorizao do lucro e da produo deixam o sexo-prazer em segundo plano;

Na quinta e atual fase, o prazer passa a ser comercializado. a era dos sex shops, do sexo virtual. Torna-se forte o apelo da mdia ao modelo de corpo perfeito, especialmente o feminino. Criam-se representaes sociais de que para ter direito ao sexo, ao prazer, e mesmo reproduo, necessrio ser padronizado, perfeito, produtivo e consumidor.

Assim, torna-se impossvel no refletir na contraditoriedade desses princpios em relao educao de pessoas com deficincias.

Mitos Pessoas com deficincia so assexuadas: no tm sentimentos, pensamentos e necessidades sexuais.

Pessoas com deficincia so hipersexuadas: seus desejos so incontrolveis e exacerbados. A expresso sexual explcita para quem tem deficincia uma perverso.

Mitos Pessoas com deficincia so pouco atraentes, indesejveis e incapazes de conquistar um parceiro amoroso e manter um vnculo estvel de relacionamento amoroso e sexual.

Pessoas com deficincia no conseguem usufruir o sexo normal que espontneo e envolve a penetrao seguida de orgasmo, por isso, so pessoas que tm sempre disfunes sexuais relacionadas ao desejo, excitao e ao orgasmo.

Mitos A reproduo para pessoas com deficincia sempre problemtica porque so estreis, geram filhos com deficincia e ou no tm condies de cuidar deles

DESENVOLVIMENTO AFECTIVO E SEXUAL NA CRIANA E NO JOVEM COM DEFICINCIA MENTALDesenvolvimento sexual da pessoa com DMAcha que o desenvolvimento sexual da pessoa com deficincia mental difere do da pessoa sem deficincia?no difere, na medida em que ela passam pelas mesmas etapas ao nvel da sexualidade. Exerccio_ Linha da vida"Aos quinze anos orientei meu corao para aprenderAos trinta plantei meus ps firmemente no choAos quarenta, no mais sofria de perplexidadeAos cinquenta, sabia quais eram os preceitos do cuAos sessenta, eu ouvia com ouvido dcilAos setenta, eu podia seguir as indicaes do meu prprio corao, pois o que eu desejava no mais excedia as fronteiras da justia." (Confcio) Desenvolvimento Dividir uma folha em 3 colunas:

1. Infncia

2. Adolescncia

3. Idade Adulta

Escrever na folha os fatos que marcam cada fase da vida. Apresentao das concluses do grupo. Reflexo Como vivenciamos a sexualidade e as mudanas em cada fase do desenvolvimento?

Como vivenciamos as vantagens e as limitaes em cada fase do desenvolvimento?

Como vivermos plenamente cada fase de nossa vida?

Desenvolvimento sexual da pessoa com DM_ Linha do tempoPrimeiros anos de vidaTodas as crianas gostam de chuchar objectos que encontram em seu redor; as crianas com DM tm o mesmo comportamento.

habitual que indivduos com DM at na idade adulta exibam este comportamento. Desenvolvimento sexual da pessoa com DM_ Linha do tempo2, 3 anos de idade mexer e manipular objectos, principalmente matrias moldveis;

as crianas encontram, nesta idade, o prazer que sentem ao brincar com os seus rgos sexuais.

Desenvolvimento sexual da pessoa com DM_ Linha do tempo4, 5 anos de idade curiosidade sobre o comportamento sexual dos adultos, surgindo a fase das perguntas, devendo, nesta idade, as explicaes ser simples e adequadas ao grau de maturidade e nvel intelectual da criana;

No jogo do faz de conta interpretam o papel feminino vs masculino.

Em sumaDesde uma idade precoce que a criana tem uma certa ideia acerca da sua identidade sexual.

Aos 2 anos e meio, as crianas reconhecem que as meninas gostam de brincar com bonecas e ajudar a sua me na cozinha e limpeza da casa;

e que os meninos gostam de brincar com carrinhos e ajudar o pai.Aos 5 anos, a maioria das crianas pensa que os meninos so mais fortes do que as meninas, lutam mais, so menos sensveis.Em sumaPuberdade Na pessoa com deficincia mental, os fenmenos hormonais, fsicos e da puberdade aparecem em tempo normal e com a mesma intensidade que na pessoa dita normal . Dependendo do nvel de DM, a nvel psquico o desenvolvimento pode se revelar mais lento.Em sumaPuberdade Apesar do desenvolvimento psicolgico ser mais lento, o desenvolvimento fsico normal e, por isso, a pessoa com deficincia mental tem os mesmos impulsos e desejos que qualquer outra pessoa da sua idade.Em sumaPuberdade para o jovem com DM Confuso Frustrao Trauma A socializao atinge o seu momento de maior importncia.Em sumaSocializaoAceitao por parte dos pares/amigos;Participao num grupo. Muito importante para a formao de um autoconceito positivo. Comparao comImagem corporalSexualidade Conduta Em sumaPara percebermos as necessidades afetivas e sexuais, a sexualidade do jovem com deficincia mental basta interiorizarmos que a nvel biolgico se desenvolvem da mesma forma que o jovem sem deficincia. Isto :

Sente a ansiedade, Os conflitos emocionais da puberdade e os resultantes da sua prpria deficincia.

Sabemos que Nesta fase do ciclo vital, a masturbao assume maior expresso quer nos rapazes, quer nas raparigas.

No jovem com DM assume a mesma expresso, sendo que para estes na idade adulta esta se traduz a principal forma de expresso sexual.

a pessoa com deficincia mental, como qualquer outro ser humano, tem impulso sexual. Sabemos que ao proibirem-se comportamentos afectivo--sexuais populao com deficincia, est-se a impedi-las da satisfao de necessidades fundamentais para o seu crescimento e desenvolvimento enquanto pessoas.Esta sexualidade implica o coito?No, implica sim que: nos valorizem, que aprovem a nossa forma de actuar; sentimo-nos importantes e teis, termos algum com quem partilhar projectos e ansiedades.EVOLUO DAS CONCEPES SOBRE A SEXUALIDADE NA DEFICINCIA MENTALA sexualidade do indivduo com deficincia mental insere-se num quadro mais amplo que o da sexualidade humana.primeiro perodo dcadas de 50 e 60 segundo perodo comeo dos anos 70 e 1983terceiro perodo comeo de 1983 at 90primeiro perodo Medicina, a psicologia e a pedagogia comeam a interessar-se pela temtica da sexualidade da pessoa com DM;Principais concluses : A sexualidade era reduzida genitalidade; A pessoa com deficincia mental era vista como um bb e como tal no tinha impulsos sexuais; Havia o predomnio de uma atitude preventiva, o que dava origem a conflitos e esses conflitos foram usados para tentar perceber a dinmica da sexualidade da pessoa com DM

segundo perodo O comportamento sexual da pessoa com deficincia mental e os problemas que lhe esto associados comeam a ser vistos como algo que resulta da actividade normal de um indivduo sexuado.

Identificao dos aspectos que podem influenciar a vida sexual do indivduo com deficincia mental: a idade, o grau de deficincia e o meio em que vivem (rural/urbano) so alguns dos aspectos a ter em conta.terceiro perodo comea-se a dar importncia anlise das representaes que o meio (famlia, educadores, sociedade) tem da sexualidade das pessoas com deficincia mental;

Assiste-se a uma necessidade de reconhecer a legitimidade da expresso de desejo sexual por parte desta populao.

ATITUDES FACE AFECTIVIDADE E SEXUALIDADE DO JOVEM COM DEFICINCIA MENTALnegando-se o direito ao individuo com deficincia mental da realizao de uma vida afectiva e sexual;

visto como um ser assexuado;

tendncia social para ver a pessoa com deficincia mental mais como uma crianatrs principais categorias de atitudes sociais que influenciam significativamente a vida sexual: Morgenstern DESENVOLVIMENTO PESSOAL: a experincia sexual desaprovada: com medo que tenham filhos com deficincia mental, ou que sejam incapazes de cuidar de algum filho que possa resultar da actividade sexual.todo o comportamento que manifeste as suas necessidades afectivas e sexuais ignorado,dificultao e proibio de contactos sexuais.trs principais categorias de atitudes sociais que influenciam significativamente a vida sexual SUB-HUMANA : institucionalizao, contexto em que as pessoas so vistas como seres assexuados e onde a privacidade no existe ou constantemente violada;

CRIANA INOCENTE: adulto com deficincia mental visto como a eterna criana, sendo esta atitude geralmente acompanhada com um paternalismo e uma negao total da sua sexualidadeAtitudes dos PaisPais acreditam que os filhos so eternas crianas; Influenciado pela perspectiva da sociedade e da famlia alargada;

A permissividade dos pais diminui quando se trata da sexualidade;

35Atitudes dos PaisResultados de entrevistas a 15 pais de jovens com deficincia mental ligeira:os pais esforavam-se muito pouco ou mesmo nada para facilitar informao sexual;medo de despertar ou intensificar o seu interesse pela sexualidade;manifestavam muita preocupao e mostravam-se disponveis para participar num programa de Educao Sexual com os seus filhos.

36Atitudes dos Pais80% dos pais consideravam que a responsabilidade de fornecer educao sexual primordialmente da famlia;

60% no compartilhava da ideia de que seria melhor evitar a educao sexual;

75% dos pais consideravam que os seus filhos no manifestavam nenhum desejo de se casarem.

37Atitudes dos Paisos pais estavam a favor da normalizao sexual dos seus filhos, mas as atitudes dos pais fomentavam a dessexualizao.

os pais transmitiam aos seus filhos informaes sexuais incompletas e insuficientes;

os pais so os que colocam mais restries a que se fale neste assunto aos seus filhos,

O grupo dos profissionais so os mais abertos a que se fale do problema para todos eles, qualquer que seja a gravidade do seu handicap

38Atitudes dos Paispais, tcnicos e elementos do meio) invocam a argumentao de que um indivduo com deficincia mental pode gerar outro com as mesmas limitaes e no ser capaz de cuidar de um filho.

50% dos pais consideram importante a esterilizao para os seus filhos com deficincia mental, e a maioria sente que eles prprios tm o direito de a consentir pelos filhos.

39Histrias Um adolescente com deficincia mental, aqui identificado como T, costumava masturbar-se, esfregando seu corpo em um poste de luz, nas proximidades de sua casa. Os vizinhos, em alvoroo, chamavam a polcia que, no camburo, conduzia T para casa. Essa medida no o incomodava, muito pelo contrrio, T expressava alegria em passear de automvel. Os policiais, por sua vez, manifestavam despreparo e impotncia diante da situao. Para a famlia o fato era motivo de tristeza e vergonha.Histrias Uma me nos procurou assustada, aps ser comunicada pela vizinhana de que o filho adolescente aqui caracterizado por P masturbava-se atrs de sua casa. A me, nos questionava se ele poderia atacar as irms, as sobrinhas ou outras crianas da comunidade. Essa me informava no ter coragem de conversar com o filho sobre suas atitudes e nem sequer comentar o fato com o prprio marido, afirmando que este ficaria enlouquecido se tomasse conhecimento. Contudo, bastou orientarmos algumas vezes para que P no repetisse o comportamento em locais pblicos, o que revela que normalmente as pessoas, chocadas, afastam-se, tomam atitudes extremas e deixam de fazer o mais indicado, ou seja, advertir com firmeza ou informar acerca de padres de comportamento socialmente aceites. Histrias observou-se famlias superando os preconceitos e desinformao, a exemplo de um casal j idoso, que dizia saber lidar com as manifestaes sexuais do filho, orientando-o na escolha de locais privados para tocar o prprio corpo, respeitando-o, por exemplo, durante um banho demorado. Outros diziam ter descoberto revistas expondo corpos nus embaixo do colcho da cama do filho com deficincia mental, e afirmavam que se o filho as escondia, porque entendia as regras sociais, e se o surpreendiam olhando a revista ou masturbando-se no quarto, fechavam a porta como se nada tivessem visto. atitudes e opinies de pais e educadores face vida afectiva e sexual da pessoa com deficincia mentalquestes: se sente desejo de contacto fsico, seduo, relaes sexuais, casamento e ter filhos; relaes afectivas e sexualidade; contracepo; homossexualidade e educao sexual.

Para os pais, o desejo de contacto fsico reconhecido de forma positiva;

Dificuldade em reconhecer o desejo de ter relaes sexuais, casar e ter filhos, na medida em que no muito reconhecido em relao aos prprios filhos.43No domnio das relaes afectivas e sexuais, os pais afirmam que na populao com deficincia mental predomina a afectividade sobre a sexualidade.Em relao ao melhor modo de contracepo para os adultos com deficincia mental, a maioria dos pais refere a esterilizao como o melhor mtodo a adoptar.No que se refere homossexualidade, esta referida como igualmente frequente na populao com deficincia mental e sem deficincia.Por fim, e no domnio da Educao Sexual, a maioria dos pais refere que esta necessria para a populao com deficincia mental com a mesma intensidade que para a populao sem deficincia.

Atitudes dos Tcnicos ausncia de informao sobre aspectos do desenvolvimento psicossexual na criana e no adolescente;

atitudes preconceituadas face s expresses afectivo-sexuais evidenciadas por estes jovens;

incapacidade em avaliar adequadamente o valor e funcionalidade dos comportamentos exibidos pelos jovens;

grande insegurana na forma de intervir face s diversas manifestaes afectivo-sexuais observadas nos jovens com deficincia mental.