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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Aline Klayse dos Santos Fonseca Avaliação Químico Ambiental dos Teores de Cu, Mn, Fe, Zn e Hg em Amostras de Cabelos Coletados na População Ribeirinha de Barreiras do Tapajós-Pará BELÉM 2010

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

Aline Klayse dos Santos Fonseca

Avaliação Químico Ambiental dos Teores de Cu, Mn, Fe, Zn e Hg em Amostras de

Cabelos Coletados na População Ribeirinha de Barreiras do Tapajós-Pará

BELÉM

2010

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

Aline Klayse dos Santos Fonseca

Avaliação Químico Ambiental dos Teores de Cu, Mn, Fe, Zn e Hg em Amostras de

Cabelos Coletados na População Ribeirinha de Barreiras do Tapajós-Pará

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal do Pará, como parte do requisito para obtenção do grau de Mestre em Química.

Orientadora: Profa. Dra.Regina Sarkis Muller

BELÉM 2010

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

Aline Klayse dos Santos Fonseca

Avaliação Químico Ambiental dos Teores de Cu,Mn,Fe,Zn e Hg em Amostras de

Cabelos Coletados na População Ribeirinha de Barreiras do Tapajós-Pará

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra Regina Sarkis Muller-UFPA (Orientadora)

Prof. Dr.Cláudio Nahum Alves Membro

Prof. Dr.Davi do Socorro Barros Brasil Membro

Data de avaliação: / / 2010

Conceito:

BELÉM 2010

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Aos meus familiares, os verdadeiros

responsáveis por todo o mérito deste trabalho, por me conduzirem a um caminho alicerçado na dignidade, honestidade e perseverança, me ensinando, ajudando e compartilhando momentos de alegria, tristeza e ansiedade, sem jamais largarem as minhas mãos. Em especial a minha mãe Alcinda Rodrigues dos Santos Fonseca, ao meu pai Antonio Nazareno Monteiro da Fonseca e ao meu irmão Antonio Kleber dos Santos Fonseca por todo apoio, ensinamentos, amor, carinho, dedicação, incentivo, confiança e seus exemplos de vida e de fé.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus, pela vida, saúde, felicidades, conquistas, e, grandemente, pela

força que tanto precisei ao longo de toda trajetória deste trabalho.

À Universidade Federal do Pará, e ao Programa de pós-graduação em

Química e ao Laboratório de controle de qualidade e meio ambiente (LACQUAMA),

pelo espaço concedido para realização deste trabalho;

A minha orientadora Profa. Dra. Regina Sarkis Muller, pela orientação,

colaboração, sabedoria, compreensão, amizade, dedicação, confiança, carinho, incentivo

e responsabilidade com a minha formação acadêmica e pessoal ;

Ao meu grande e eterno companheiro Ronilson Freitas de Souza, por nunca

permitir que eu desistisse, por caminhar lado a lado comigo, me guiando, orientando, me

dando força para levar adiante todos os meus sonhos e planos. Pelos momentos de

diversão e pelos dias e noites de estudos, que contribuíram grandemente para minha

formação profissional e pessoal. Obrigada por ser o meu braço direito na realização deste

trabalho. Essa conquista também é sua;

Ao Setor de Meio Ambiente, do Instituto Evandro Chagas- PA, em especial aos

bolsistas Kelson Freitas, Marcos, Luana e Alan e ao pesquisador Marcelo de Oliveira

Lima pelo auxílio prestado nas análises de cobre, ferro, zinco e manganês nas amostras

de cabelo.

Ao setor de análise de mercúrio, do Núcleo de Medicina Tropical da UFPA, em

especial bolsista Márcia e a Pesquisadora Dra Maria da Conceição Nascimento Pinheiro

pelo auxílio prestado nas análises de mercúrio em amostras de cabelo.

Aos meus amigos: Antonio Bruno, Samantha Trindade, Luciana Araújo, Fábio

José, Valéria Valentim, Péricles Araújo, e Ediene Sena por torcerem sempre pela minha

vitória, pelos momentos de lazer e descontração, pelo amor e carinho e por acreditarem

sempre me mim;

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Aos colegas de grupo pelas opiniões e discussões que contribuíram para

concretização deste trabalho:

A CAPES pela concessão da bolsa de estudo;

E a todos que direta e indiretamente ajudaram na realização deste trabalho.

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Se te sustentares, de ânimo firme, sem que

a tua coragem signifique auto-suficiência e a tua

determinação falta de humildade, vencerás todos

os obstáculos que se interponham entre ti e o

objetivo a ser alcançado, porque, contra a força

do bem não há força contrária que, em tempo

algum, consiga lhe sobrepor.

(Carlos Baccelli)

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RESUMO:

A presença de metais em pessoas de uma comunidade está associada á

alimentação, dentre outros fatores. O biomonitoramento ambiental, referente a

concentração de metais como mercúrio, cobre, ferro, manganês e zinco em cabelo, é

usado neste trabalho como indicador biológico de exposição. Foram coletadas 25

amostras de cabelo de indivíduos do sexo feminino e masculino, de diferentes idades. A

quantificação de Cu, Fe, Mn e Zn foi realizada por espectrometria de emissão ótica com

plasma indutivamente acoplado(ICP-OES) e a quantificação de Hg foi feita através de

espectrofotometria de absorção atômica com vapor frio (CVAAS). A digestão química das

amostras consistiu na solubilização com HNO3 concentrado e H2O2 30%, em “overnight”,

seguida da utilização do aparelho de microondas analítico. Encontraram-se bons

resultados para validação do método através da recuperação analítica, utilizando

amostras certificada IAEA-085 e IAEA-086. Os resultados experimentais foram

comparados a valores de trabalhos na região. Os valores médios para Cu, Fe, Mn, Zn e

Hg foram 92,88, 98,98 mg.Kg-1, 6,94 mg.Kg-1, 296,46 mg.Kg-1 e 8,21 mg.Kg-1,

respectivamente. Os valores médios de Cu e Fe estão cima dos valores na literatura

enquanto o de Mn está abaixo. O valor médio de Hg abaixo dos valores da literatura, mas

acima do limite de tolerância biológico. Não se encontrou boas correlações entre a

concentração dos metais e a idade. Porém, a influência dos hábitos alimentares e outros

fatores à concentração dos metais foram os norteadores de possíveis explicações. A

avaliação da concentração dos metais no cabelo da comunidade de Barreiras permitiu a

condução de medidas investigadoras sobre a saúde desta população, bem como medidas

preventivas e informativas para esta comunidade ribeirinha.

Palavras chaves: Metais, Cabelo, Região Amazônica, ICP-OES e CVAAS

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ABSTRACT:

The presence of metals in a community of people, is associated with food and other

factors. The environmental biomonitoring concentration using metals such as mercury,

copper, iron, manganese and zinc in hair, is used here as a biological indicator of

exposure. We collected 25 hair samples of man and woman of different ages. The

quantification of Cu, Fe, Mn and Zn was performed by optical emission spectrometry with

inductively coupled plasma (ICP-OES) and the quantification of Hg was performed by

atomic absorption spectrometry with cold vapor (CVAAS). The chemical digestion of the

samples consisted in add HNO3 concentred and H2O2 30% for twelve hours, followed by

the use of microwave analysis. Found good results for validation of analytical method

through the recovery, using certified samples IAEA-086. The experimental results were

compared to other studies in the Amazon region. The average values for Cu, Fe, Mn, Zn

and Hg were 92,88, 98,98 mg.Kg-1, 6,94 mg.Kg-1, 296,46 mg.Kg-1 e 8,21 mg.Kg-1,

respectively. The average values of Cu and Fe are above the values in the literature while

Mn is below. The average Hg below the literature values, but above the limit of biological

tolerance. We found no good correlation between the concentration of metals and age.

However, the influence of dietary habits and other factors will the metal concentrations

were the guiding of possible explanations. Evaluation of metal concentration in hair of

community barriers allowed to conduct investigative measures on the health of this

population, as well as preventive and informative for this riverside community.

Key words: Metals, Hair, Amazon region, ICP-OES and CVAAS.

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SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO......................................................................................................... 14

2- OBJETIVO GERAL................................................................................................ 18

2.1- Objetivos Específicos........................................................................................ 18

3- REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................. 19

3.1- Áspectos geomorfológicos da área de estudo.............................................. 19

3.1.1 -Características Climáticas............................................................................... 19

3.1.2- Vegetação........................................................................................................ 19

3.1.3- Tipo de solo....................................................................................................... 19

3.2- O Rio

Tapajós.....................................................................................................

3.3- Morfologia e absorção de elementos no cabelo

humano....................

19 20

3.4-Essencialidade e toxicidade dos metais........................................................... 21

4- MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................... 29

4.1-Amostragem e tratamento do cabelo ................................................................... 30

4.1.1-Locais da amostragem....................................................................................... 30

4.1.2-Procedimento para a coleta do cabelo............................................................... 32

4.1.3- O questionário Epidemiológico......................................................................... 32

4.2- Preparo das Amostras....................................................................................... 33

4.2.1- Lavagem das Amostras de cabelo.................................................................... 33

4.2.2-Preparo das amostras: digestão assistida por microondas............................... 33

4.3- Análise Instrumental.......................................................................................... 34

4.3.1- Determinação dos teores de Cu, Fe, Mn e Zn por Espectrometria de

emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP-OES)...............................

34

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4.3.1.1- Principio da Técnica....................................................................................... 34

4.3.1.2- Análise das amostras de cabelo e quantificação de Cu, Fe, Zn e Mn por

ICP-OES......................................................................................................................

36

4.3.1.3- Limite de detecção e limite de quantificação................................................. 38

4.3.2. Determinação de Hg total por espectrometria de absorção atômica por vapor frio. (CVAAS)..............................................................................................................

39

4.3.2.1- Princípio da técnica........................................................................................ 39

4.3.2.2-Análise das amostras de cabelo e quantificação por espectrometria de absorção atômica por vapor frio (CVAAS)..................................................................

41

4.3.2.3- Recuperação Analítica para os metais.......................................................... 41

4.4 - Tratamento estatístico..................................................................................... 42

4.4.1- Análise descritiva.............................................................................................. 42

4.4.1.1- Média aritmética............................................................................................. 43

4.4.1.2- Mediana......................................................................................................... 43

4.4.1.3- Desvio padrão................................................................................................ 43

4.4.2 - Análise de regressão e correlação................................................................... 43

4.4.3- Análise multivariada.......................................................................................... 44

4.4.3.1- Matriz de dados.............................................................................................

45

4.4.3.2- Padronização e escalamento

........................................................................

45

4.4.3.3- Medidas de similaridade e

dissimilaridade.....................................................

46

4.4.3.4- Análise de componentes principais (ACP)

....................................................

46

4.4.3.5- Análise hierárquica de agrupamentos (AHA)................................................

47

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5- RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 50

5.1-Aspectos gerais da comunidade de Barreiras................................................. 50

5.2- Análise dos metais Cu, Fe, Mn, Zn e Hg nas amostras de cabelo................ 58

5.2.1- Cobre................................................................................................................ 60

5.2.2- Ferro.................................................................................................................. 61

5.2.3- Manganês......................................................................................................... 61

5.2.4- Zinco................................................................................................................. 62

5.2.5- Mercúrio............................................................................................................ 63

5.3- Análise descritiva dos resultados através de Boxplots ...............................

64

5.3.1- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em função do consumo ou não

de bebida alcoólica

64

5.3.2- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em função do fumo. 66

5.3.3- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg por grupos de indivíiduos que

tem ou já tiveram malária e indivíduos que nunca tiveram malária.

67

5.3.4- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em função do consumo de peixe. 68

5.3.5- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em função da faixa etária. 69

5.4- Análise da correlação e regressão em relação ao teor de cobre, ferro, manganês, zinco, mercúrio e idade no cabelo.......................................................

71

5.4.1- Análise do coeficiente de Pearson (r) para os metais Cu, Fe, Mn, Zn e Hg....

71

5.5- Análise Multivariada (PCA e HCA) ................................................................... 72

6-CONCLUSÕES........................................................................................................ 77

7- REFERÊNCIAS...................................................................................................... 79

8- ANEXO................................................................................................................... 85

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fluxograma da metodologia usada na análise e quantificação de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em amostras de cabelo................................................

30

Figura 2 Localização Geográfica de Itaituba e da Comunidade de Barreiras.....................................................................................................

32

Figura 3 Aparelho de espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP-OES)...........................................................................

34

Figura 4 Nebulizador e a câmara de nebulização.................................................. 35

Figura 5 Tocha do ICP-OES.................................................................................... 36

Figura 6 Diagrama Esquemático de Redução/Espectrometria de Absorção Atômica por Vapor Frio (CVAAS) (Sistema de Circulação Aberta de Fluxo de ar)...............................................................................................

40

Figura 7 Distribuição percentual da faixa etária dos indivíduos e o gênero.......................................................................................................

51

Figura 8 Distribuição percentual do nível de escolaridade da população..................................................................................................

52

Figura 9 Distribuição percentual da profissão atual exercida pelos entrevistados..............................................................................................

52

Figura 10 Distribuição percentual da instalação sanitária dos entrevistados.............................................................................................

53

Figura 11 Distribuição percentual do tipo de abastecimento de água..........................................................................................................

54

Figura 12 Distribuição percentual do tipo de água consumida pelos entrevistados .. 54

Figura 13 Distribuição percentual do tipo de tratamento que os indivíduos utilizam

com frutas e verduras................................................................................

55

Figura 14 Distribuição percentual referente ao consumo de bebida alcoólica, fumo, medicação, contato com produtos químicos, consumo de verdura crua e uso de plantas medicinais..........................................................................

56

Figura 15 Distribuição percentual dos hábitos alimentares dos indivíduos entrevistados............................................................................................

57

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27

Figura 16 Distribuição percentual dos indivíduos que tem ou já tiveram algumas

das doenças elencadas...........................................................................

58

Figura 17 Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em cabelo de indivíduos que consomem e não consomem bebida alcoólica..................

65

Figura 18 Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em cabelo de indivíduos que fumam e não fumam.........................................................

66

Figura 19 Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em cabelo de indivíduos que nunca tiveram malária e indivíduos que tem ou tiveram malária.......................................................................................................

67

Figura 20 Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em função do consumo semanal de peixe........................................................................

68

Figura 21 Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em função da faixa etária dos indivíduos..........................................................................

70

Figura 22 Gráfico dos scores utilizando as 25 amostras de cabelos da comunidade de Barreiras e 5 elementos químicos. .......................................................

73

Figura 23 Gráfico dos loadings utilizando as 25 amostras de cabelos da

comunidade de Barreiras e 5 elementos químicos. ..................................

74

Figura 24 Dendograma utilizando as 25 amostras de cabelo e os 5 elementos químicos...................................................................................................

76

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LISTA DE TABELA E QUADROS

Tabela 1 Condições de operação para digestão em forno de microondas fechado.....................................................................................................

33

Tabela 2 Condições gerais de operação do espectrômetro................................... 37

Tabela 3 Resultados obtidos na análise da amostra certificada para cabelo, IAEA 086 e IAEA 085...............................................................................

42

Tabela 4 Níveis de correlação................................................................................. 44

Tabela 5 Resultados da quantificação dos metais nas amostras de cabelo de Barreiras do Tapajós/Pará.......................................................................

59

Tabela 6 Matriz de correlação de Pearson (r) e a significância(p) entre os metais Cu, Fe, Mn, Zn e Hg.................................................................................

71

Tabela 7 Estimação da variância (autovalores) e porcentagem proporcional e cumulativa da variância total (%) obtidos por componentes principais, considerando as 25 amostras de cabelo dos indivíduos de Barreiras e 5 elementos químicos..............................................................................

73

Tabela 8 “Loadings” das variáveis nos três primeiros componentes principais...... 74

Quadro 1 Limite de detecção................................................................................... 38

Quadro 2 Comprimento de onda (nm) dos elementos determinados por ICP OES 38

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14

1-INTRODUÇÃO

Metais ocorrem naturalmente em pequenas quantidades no ar, no ambiente

aquático e terreste; contudo, a atividade industrial tem elevado as suas concentrações

naturais ocasionando a contaminação dos ecossistemas. Indivíduos que habitam áreas

contaminadas são geralmente expostos a elevadas concentrações destes elementos, ou

em formas químicas distintas daquelas normalmente presentes em um ecossistema não

perturbado (WOO et al., 1993).

Dessa forma, o desenvolvimento crescente de novas tecnologias, juntamente com

as necessidades humanas de uma melhor qualidade de vida, levam a novos processos

industrias a partir de novas exigências nos processos de extração de produtos primários.

A produção de resíduos tóxicos em grande escala, em particular, na extração

mineral, é uma ação que causa preocupação, pois disponibiliza deliberadamente os

elementos tóxicos para os três sistemas ambientais (atmosfera, litosfera e hidrosfera), e

assim, expõe a população local aos efeitos nocivos destes elementos. Cada um desses

sistemas, naturalmente, fornece energia e matéria para um sistema integrador,

denominado, biosfera. Por isso, a preocupação com as conseqüências das atividades

antrópicas que poluem deve-se á dependência da espécie humana a este sistema

integrador (CARVALHO, 2005).

A garimpagem tem sido praticada na Amazônia desde o século XVI. Alguns fatores

foram condicionantes da mineração do ouro na Amazônia, como por exemplo, a ordem

ambiental, ou, especificamente, o fator geoclimático (CAHETÉ, 1998).

O acréscimo da exploração de minas na região amazônica provocou problemas

ambientais e sociais severos. A morfologia dos rios pode ser gravemente alterada pela

escavação de trincheiras e labirintos. A atividade também provoca poluição por mercúrio e

outros metais nocivos á saúde , além de problemas de cunho social, já que milhares de

garimpeiros invadem territórios indígenas em Roraima, por exemplo, provocando doenças

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e conflitos culturais (VERENE, 2005). Acrescido a esses fatores, há ainda pesquisas

sobre a garimpagem na Amazônia que abordam prospecção, impactos ambientais,

doenças, efeitos nas culturas indígenas, prostituição e trabalho da mulher (LESTRA;

NARDI,1984).

O ação antropogênica no ambiente, através da mineração por exemplo, pode

alterar o teor de metais no solo, no ambiente aquático e terrestre, consequentemente dos

indivíduos moradores de áreas impactadas. Portanto, o estudo dos metais é muito

importante para ciência e para o homem, pois muitos deles são essenciais à vida na terra.

Outros não exercem nenhuma função conhecida no ciclo biológico (TAVARES, 1992).

Os elementos ferro, manganês e zinco são considerados essenciais na

manutenção da homeostase celular, incluindo o sistema imunológico. Várias enzimas

precisam desses metais como cofatores para suas funções e, de modo geral, esses

metais são utilizados em pequenas quantidades e estão presentes na dieta alimentar.

Como são essenciais, a deficiência pode determinar disfunções imunológicas, enquanto a

superdosagem pode estabelecer estados tóxicos, nem sempre claros quanto ao papel

imunossupressor (SANTOS et al., 2005).

Além disso, elementos como mercúrio e manganês tem grande utilização industrial,

e alguns dos elementos incorporados pelo organismo possuem propriedades altamente

tóxicas, mesmo quando ingeridos em pequenas quantidades, por isso são analisados

neste trabalho, sobretudo do ponto de vista toxicológico.

Geralmente os metais com efeitos deletérios, devido à atividade biológica ser

restrita à reações tóxicas, são encontrados naturalmente nos solos, na água e nos

alimentos e podem afetar acentuadamente o metabolismo de alguns constituintes

essenciais como cobre, zinco e selênio, pois competem com esses elementos por ligantes

do sistema biológico (MOURA, 2006).

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A absorção, tanto quantitativa quanto qualitativa dos metais essenciais, difere no

trato gastrointestinal, nos pulmões e na pele. Depois da absorção, eles são transportados

pelo fluxo sanguíneo e passam para os fluidos celulares, onde exercem seu efeito tóxico

ou benéfico. O último estágio de interação do metal com o organismo é a excreção e da

qual depende, em grande parte, os programas de biomonitoração das populações. A

excreção ocorre principalmente na urina e no material fecal. Cabelo, unhas e metabólicos

voláteis também são utilizados, mas ainda com menor importância. Porém, nos últimos

anos, muitas pesquisas têm sido realizadas com a utilização de cabelo devido sua fácil

coleta e armazenamento (SANTOS et al., 2007). Uma amostra de cabelo provê um

método de amostragem simples e não invasivo como também um método de

armazenamento que oferece uma boa preservação da amostra (SOUZA, 2004).

Estudos em matrizes de cabelo são realizadas desde o século XIX, sendo sua

ampliação no século posterior, com a determinação de anfetamina em pêlos de cobaia

(POZEBON; DRESSLER; CURTIUS, 1999). Alguns autores consideram o cabelo como

um “dosímetro biológico” ou “ espelho do ambiente” onde o indivíduo foi exposto

(POZEBON; DRESSLER; CURTIUS, 1999). A análise de cabelo é bastante utilizada em

criminalística, toxicologia, meio ambiente, nutrição, dentre outros. A concentração de

elementos traço no cabelo é utilizada na comunidade paramédica para avaliar distúrbios

de aprendizagem, emocionais e nutricionais. Em muito casos a análise de cabelo é o

único recurso para comprovar o uso de drogas no caso de pessoas já falecidas com o

objetivo de se descobrir a causa da morte.

No Brasil, atualmente, a análise de cabelo é solicitada principalmente por médicos

da área de medicina ortomolecular, para avaliar o estado nutricional (elementos

essenciais presentes em baixa ou alta concentração) e possíveis contaminações por

metais pesados, além de ser útil para avaliação de metais como Mn, Pb, Hg, K, Cr e Cd

em pacientes oncológicos (ANNUNCIAÇÃO, 2008).

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Este trabalho avaliou o teor de Cobre, Ferro, Manganês, Mercúrio e Zinco

utilizando o cabelo como bioindicador da população residente na comunidade de

Barreiras do Tapajós, bem como para a avaliação das condições de saúde dos indivíduos.

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2- OBJETIVO GERAL

Avaliar as concentrações de Cu, Fe, Zn, Mn e Hg utilizando cabelo de indivíduos

moradores da comunidade Barreiras do Tapajós, como bioindicador de poluição

ambiental.

2.1- Objetivos Específicos:

Quantificar os teores de Cu, Fe, Zn, Mn e Hg em amostra de cabelo de

indivíduos moradores de Barreiras do Tapajós;

Verificar a existência de correlação entre os teores dos metais analisados, com

fatores como a alimentação da população;

Verificar a existência de correlação entre os teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg com

a idade dos indivíduos;

Verificar a influência do consumo de álcool, do fumo e da malária na

concentração dos metais;

Comparar e avaliar os teores de concentração dos metais em estudo na

população estudada em relação aos valores encontrados nos trabalhos publicados na

Região Amazônica e no mundo.

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3- REVISÃO DA LITERATURA

3.1- Aspectos geomorfológicos da área de estudo

3.1.1- Características Climáticas

A temperarura do ar de Itaituba é elevada, com média anual de 25,6 ºC, e valores

médios mínimos de temperatura são de 22,5 ºC. A umidade relativa, apresenta valores

acima de 80% em quase todos os meses do ano. A pluviosidade se aproxima dos 2.000

mm anuais. Entretanto, é irregular durante o ano. As estações chuvosas coincidem com

os meses de dezembro a junho e, as menos chuvosas, com meses de julho a novembro

(LIMA, 2005).

3.1.2- Vegetação

A vegetação da região é considerada complexa diante a extensão da área.

Encontra-se no município as tipologias vegetais do tipo Cerrado, a Floresta aberta mistas

(cocal) e a floresta aberta latifoliada (cipoal). Porém, no município de Itaituba ocorre uma

floresta de terra baixa, que reveste a área de terraços com cobertura uniforme ao longo

do rio Tapajós e alguns afluentes, além de coberturas emergentes, destacando-se as

espécies Ponteira paraensis, Protium poeppigiaanum e Mezilaurus Itaituba (LIMA, 2005) .

3.1.3- Tipo de solo

O município de Itaituba apresenta predominantemente o solo do tipo Latossol

distrófico, textura argilosa e textura média. Em menores proporções aparecem os solos

Litólicos distróficos textura indiscriminada, areia quartzosa distrófica (LIMA,2005).

3.2- O Rio Tapajós

O rio Tapajós percorre o municipio, em grande extensão, no sentido SW-NE, em

cuja margem esquerda se encontra a sede municipal. Um de seus formadores, o rio

Teles, é o limite natural, a sudoeste, com o estado do Mato grosso. A maioria dos seus

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afluentes que pertencem á margem direita são os rios: Cururu, das Tropas, Crepurú,

Jamarim e outros e os igarapés como: Rato, Janari, Bom Jardim, etc.( LIMA, 2005).

3.3- Morfologia e absorção de elementos no cabelo humano

A estrutura morfológica do cabelo e o perfil do couro cabeludo é composta pela

Zona de diferenciação e síntese biológica, Zona de queratinização, e região do cabelo

permanente, além do extrato córneo, epiderme, glândulas cebáceas, glândulas ecrinas,

derme, vasos sanguíneos, folículos, papila, e grânulos de melanina. Essa estruturação

evidencia que é pouco provável que haja uma distribuição uniforme de elementos traço no

mesmo, havendo regiões onde a incorporação é maior (BENCZE, 1990).

O cabelo tem a função de proteger a cabeça dos raios solares, o que é feito

através da melanina, a qual é também responsável pela sua coloração. O cabelo é adorno

e possui receptores nervosos que funcionam como sensores, os quais o levam a

aumentar a proteção da cabeça quando necessário (ROBBINS, 1994).

A absorção dos elementos dá-se a partir da raiz, cuja quantidade incorporada

depende da concentração instantânea dos fluidos biológicos circundantes (sangue, linfa e

fluido extracelular). Um período de aproximadamente 30 dias decorre entre a absorção e

equilíbrio do cabelo. As formas de como ocorre a incorporação de elementos traço não

são ainda bem elucidadas (POZEBON; DRESSLER; CURTIUS, 1999).

A incerteza a respeito dos mecanismos de incorporação de elementos traço no

cabelo, uma vez que a queratina pode combinar-se com elementos de fontes exógenas e

endógenas, primeiramente, é difícil diferenciar entre a exposição que houve absorção e a

que ocorreu a exposição do indivíduo a este elemento, segundo, a frequente falta de

correlação entre a concentração dos metais nos órgãos internos e cabelo também são

motivos de descrédito da análise do tecido capilar (TORO et al.,1993; POZEBON;

DRESSLER; CURTIUS, 1999).

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Apesar de todas as controvérsias existentes, a determinação de elementos traço

no cabelo humano é importante nas ciências biológicas, médicas, criminais e ambientais,

já que o cabelo representa uma matriz biológica interessante para o estudos na área não

apenas inorgânica, mas também orgânica.

3.4- Essencialidade e toxicidade dos metais

Cobre

O Cobre é um metal marrom avermelhado e nobre. Apresenta-se em quatro

estados de oxidação, a saber: Cu0 (metálico), Cu+ (íon cuproso), Cu2+ (íon cúprico) e o

Cu3+ (íon trivalente). Sua abundância isotrópica natural é de 69,17% para o Cu63 e de

30,83% para o Cu65 .Dentre as suas propriedades, destacam-se a elevada condutividade

térmica e elétrica, maleabilidade, baixa corrosividade, habilidade de se amalgamar a

aspecto agradável (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

As fontes antropogênicas de cobre incluem a emissão de mineração e fundição,

pela queima de carvão como fonte de energia e pelos incineradores de resíduos

municipais. Fertlilizantes e excretas de animais e humanos são exemplos de outras fontes

de cobre de menor relevância (WHO, 1998).

Pode ser encontrado em sais minerais e compostos orgânicos, é um metal

encontrado na ordem de traço com importância biológica, funcional e estrutural. Em

animais e humanos, a importância do cobre está relacionada com as funções metabólicas

de enzimas dependentes de cobre (cuproenzimas), como por exemplo: citocromo e

oxidase, superóxido dismutase citosólica, lisil – hidroxilase, oxidase, tirosinase,

ceruloplasmina, e dopamina. Estas enzimas catalisam reações fisiológicas importantes

relacionadas com a fosforilação oxidativa, inativação de radicais livres, biossíntese de

colágeno e elastina, formação de melanina e coagulação sangüínea, metabolismo do

ferro e síntese de catecolaminas, respectivamente (COZZOLINO; PEDROSA, 1999).

A principal fonte de ingestão de cobre, pelos seres humanos, são os alimentos.

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Uma dieta normal pode incluir aproximadamente 20.000 μg diárias de cobre sem causar

sintomas, pois os efeitos fisiológicos sensíveis ocorre quando a ingestão de excede a

100.000 μg Cu/dia, acarretando irritação do trato intestinal,vômitos e náusea (FAIAL,

2009).

As condições médicas que podem estar associadas com o excesso de cobre

incluem: obstrução biliar (habilidade reduzida de excretar o cobre), doença hepática

(hepatite ou cirrose) e disfunção renal. Os sintomas associados com o excesso de

acumulação de cobre são dores nas juntas e nos músculos, depressão, irritabilidade,

tremores, anemia hemolítica, dificuldades de aprendizado e distúrbios comportamentais

(SOUZA, 2007).

Como o cobre e seus compostos estão presentes na crosta terrestre, a liberação

de fontes naturais para o ar e água é significativa. A forma físico-química do cobre

determina seu comportamento no meio ambiente e sua disponibilidade na biota. A maioria

dos métodos analíticos não distingue a forma de cobre presente. Sabe-se somente o total

do metal contido na matriz, desconhecendo, entretanto a natureza dos complexos ou

compostos presentes e sua disponibilidade (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

A essencialidade do cobre é significativa para toda biota. O efeito da concentração

de cobre em águas superficiais e em animais aquáticos é constantemente investigado,

sobretudo quando se avalia os teores de metais em populações ribeirinhas, uma vez que

a principal fonte de alimentação destas são peixes, e a água consumida é a obtida dos

rios (KALAY, 1999). A ingestão insuficiente de elementos competitivos na absorção, tais

como o zinco ou o molibdênio podem piorar o excesso de cobre.

O nível elevado de cobre no cabelo pode ser indicativo de excesso de cobre no

organismo. Contudo, deve-se eliminar primeiro as fontes de contaminação externa:

soluções de permanente, tinturas, descolorantes, e cabelos lavados em água acidificada

conduzida em canos de cobre. No caso de contaminação por preparados capilares, outros

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elementos (alumínio, prata, níquel, titânio) também costumam ser elevados. A ingestão

insuficiente de elementos competitivos na absorção, tais como o zinco ou o molibdênio

podem piorar o excesso de Cobre (SOUZA, 2007).

Ferro:

O ferro com elevada pureza é um metal branco-prateado, facilmente oxidável. A

sua ocorrência natural é composto de quatro isótopos: 56Fe (91,66%), 54Fe (5,82%), 57Fe

(2,19%) e 58Fe (0,33%). Apresenta-se nos estados de oxidação que variam de II a VI,

sendo a forma iônica que apresenta maior absorção pelo organismo é a forma ferrosa

(Fe+2), mas a maior parte do ferro alimentar encontra-se na forma férrica (Fe+3)

(AZEVEDO; CHASIN, 2003).

A deficiência de ferro é a deficiência mais comum do mundo e influencía na

diminuição da performance intelectual, e diminuição da resistência ás infecções e a

avaliação nutricional associa tal deficiência atraso no desenvolvimento. Vários estudos

examinaram a relação entre deficiência de ferro e queda de cabelo. Quase todos têm

abordado as mulheres exclusivamente. Atualmente, não há evidências suficientes para

recomendar a triagem universal para a deficiência de ferro em pacientes com a perda de

cabelo, porém há evidências suficientes para recomendar suplementação de ferro dando

terapia para pacientes com perda de cabelo, na ausência de anemia por deficiência de

ferro (TROST; BERGFELD; CALOGERAS, 2006).

A avaliação da absorção de ferro no organismo mostra que apenas traços de ferro

são absorvidos no estômago, sendo a maior parte absorvida na parte superior do intestino

delgado (duodeno e jejuno), porém as secreções gástricas dissolvem este metal

permitindo que ele forme complexos solúveis com o ácido ascórbico e outras substâncias

que auxiliam sua redução a Fe+2 (GANONG, 1993).

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A deficiência de ferro atinge adultos e crianças, e é a deficiência nutricional mais

comum do mundo. As mulheres em idade reprodutiva e as crianças menores de dois anos

são os grupos mais vulneráveis a esta carência (LÖNNERDAL; DEWEY, 1996). A

deficiência de ferro no organismo causa a anemia ferropriva, que é muito mais comum do

que aquelas causadas por vitamina B12 e outras proteínas (MOREIRA, 2004).

Uma avaliação feita em lactantes da cidade de Belém em 2005 constatou que 55,1

% dos lactantes de seis a 24 meses de idade, atendidos pelo centro de Saúde-Escola,

eram portadores de anemia ferropriva. A deficiência de ferro foi associada à não utilização

de fórmula fortificada com ferro como primeiro tipo de leite utilizado na complementação

ou substituição do leite materno (NEVES et al., 2005).

A absorção de ferro por indivíduos normais pode manter-se em intensidade normal

mesmo quando a quantidade ingerida é de 5 a 10 vezes maior que a necessária. Contudo

se o excesso for intenso e prolongado ocorre acúmulo de hemossiderina (proteína que

assim como a ferritina tem função de armazenamento intracelular do metal) nos tecidos

causando hemocromatose. A hemocromatose causa lesão tecidual e comprometimento

da função de certos órgãos, em particular o fígado, o pâncreas, o coração, as articulações

e a hipófise. O aumento da melanina e do ferro na derme causa uma pigmentação

cutânea excessiva, dando um aspecto metálico à pele (GANONG, 1993).

O ferro tem sido descrito como um elemento importante na patogênese dos

mecanismos da neurodegeneração. O entendimento do seu metabolismo e das

disfunções relacionadas ao estresse oxidativo é fundamental para desvendar a

fisiopatologia de doenças neurodegenerativas, como Doença de Parkinson (DP) e

Demência de Alzheimer (DA), cada vez mais prevalentes no nosso meio devido ao

aumento da expectativa de vida (FERNANDEZ et al., 2007).

Analisando a bioacumulação e biomagnificação do ferro no ambiente, verifica-se

que alterações de algumas variáveis como pH, salinidade, temperatura do meio podem

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algum modo influenciar e especiação do ferro e acabar mudando sua disponibilidade á

absorção. Segundo Blasco Arias e Sáenz (1999), os metais são mais biodisponíveis com

a diminuição da salinidade e esse fator deve ser relevante para o biomonitoramento.

As fontes de naturais de contaminação do ferro são o desgaste natural das rochas

contendo minérios de ferro, e o escoamento superficial do metal. Já as fontes

antropogênicas de ferro são oriundas de indústrias, mineração, fundição e o uso de

fertilizantes (SHARMA et al., 2000).

Manganês:

O manganês é um elemento essencial, necessário para a mineralização dos ossos,

metabolismo energético e no metabolismo de proteínas, regulação de células e proteção

contra o estresse oxidativo (MENEZES et al, 2009). Ajuda também o desenvolvimento da

síntese normal de insulina e secreção.

Porém, estudos desenvolvidos por Menezes-Filho (2009) mostraram que a

exposição excessiva de manganês causa efeitos neurológicos, como a diminuição da

memória, fadiga, dor de cabeça, vertigens, perda de equilíbrio, insônia, zumbido, tremores

dos dedos, cãibras musculares, rigidez, alteração da libido e suor.

Mercúrio

A concentração de mercúrio no cabelo é freqüentemente usada como um marcador

biológico para exposição ao metilmercúrio porque reflete a concentração no sangue na

ocasião em que o cabelo foi formado. A concentração de mercúrio detectada no cabelo,

expressa em mg/kg, é geralmente 250-300 vezes a concentração de mercúrio no sangue,

expressa em µg/L. Uma vez que o cabelo cresce a uma taxa de aproximadamente 1 cm

por mês, é possível a avaliação da exposição passada. A meia-vida biológica do MeHg é

de 50 a 70 dias e sua eliminação do corpo acompanha uma cinética de primeira ordem

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(SCHULZ, 2009). Entretanto, a concentração de mercúrio no cabelo pode aumentar como

resultado da adesão de vapor externo de mercúrio e mercúrio inorgânico, diminuir como

resultado de tratamentos de cabelo como permanentes, e pode ser influenciada pelo local

de coleta da amostra ( SOUZA, 2004).

Além das variadas doenças infecciosas e parasitárias, a Amazônia vem convivendo

nas últimas décadas com os riscos decorrentes da poluição ambiental pelo mercúrio, pois

esse metal é bastante utilizado na atividade garimpeira de ouro e do desmatamento da

região (PINHEIRO, 2002).

Grande parte do mercúrio utilizado no processo de extração e amalgamação do

minério de ouro é lançada nos cursos de água, depositando-se nos sedimentos bênticos.

Por uma série de transformações químicas, o mercúrio inorgânico é transformado em

metilmercúrio, que é encontrado, em elevadas concentrações, nas espécies de peixes

carnívoros, situadas no topoda cadeia alimentar aquática. A ingestão de peixes

provenientes de regiões próximas a atividades garimpeiras tem sido admitido como

potencial via de exposição humana ao mercúrio na Amazônia (AKAGI, 1996).

Doenças provenientes da exposição ao vapor do mercúrio têm sido relatadas em

garimpeiros da Amazônia (BRANCHES, 1993; CARDOSO, 1994; COUTO, 1998). A

enorme preocupação com a exposição ao metilmercúrio em ribeirinhos por meio da

ingestão de peixes contaminados, é devido a tradução clínica dessa exposição que é

potencialmente grave, com repercussões neurológicas, na maioria das vezes irreversíveis

(HARADA, 1995, 1997).

Alguns estudos realizados em comunidades ribeirinhas da Amazônia têm revelado

altos teores de mercúrio na carne de peixes consumida por essas populações (SANTOS

et al., 2000), e outros têm demonstrado índices de mercúrio total e de metilmercúrio em

amostras de cabelo (PINHEIRO et al., 2006; BRABO et al., 2000), configurando a

exposição permanente nessas comunidades.

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É importante ressaltar que algumas substâncias estão relacionadas com a

alteração na toxicocinética do MeHg, entre elas o selênio. Em geral, como demonstram

estudos, o selênio tem um efeito protetor contra a ação nociva ao organismo provocada

pela exposição ao MeHg. Porém, enzimas antioxidantes que utilizam o selênio em sua

estrutura podem ser prejudicadas, quando a concentração de MeHg no sangue for

elevada, aumentado os riscos de danos ocasionados pelo estress oxidadivo. Além disso,

evidências indicam que a qualidade nutricional pode influenciar fortemente a toxicidade do

MeHg. Alguns nutrientes como selênio, vitamina E, ácido omega-3, parece diminuir os

efeitos danosos do MeHg (SCHULZ, 2009).

Entretanto, alguns fatores nutricionais como a deficiência de ferro ou de ácido

fólico, que atuam no desenvolvimento neural, possivelmente podem aumentar o impacto

da exposição do MeHg . Outros componentes da dieta, como o etanol, aparentemente

podem aumentar a toxicidade de MeHg (SCHULZ, 2009).

Zinco:

O zinco é um elemento essencial, com uma média diária necessária de 10 a 20

mg.Kg-1. Em relação as fontes de entrada de zinco no organismo, a maior parcela está

relacionada com a dieta, sendo que em geral a contribuição da água de consumo é muito

baixa (SOUZA, 2003).

Sua essencialidade está principalmente relacionada com o envolvimento na

atividade de mais de 300 enzimas. Destaca-se na participação da síntese de carboidratos,

lipídeos e proteínas, na manutenção do crescimento e do desenvolvimento normais e no

funcionamento adequado do sistema imunológico (SENA, PEDROSA, 2005).

As manifestações clínicas de sua deficiência incluem o retardo no crescimento,

hipogonadismo, alteração da resposta imune, dificuldade de cicatrização, aumento do

risco de aborto, anorexia e prematuridade na gestação (SENA, PEDROSA, 2005). É

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pouco tóxico e as diferenças entre as concentrações que definem sua essencialidade e

sua toxicidade são muito grandes. Os sintomas de intoxicação por Zn são vômitos,

desidratação, dores de estômago, náusea, desmaios e descoordenação dos músculos

(SOUZA, 2003).

Entre as fontes antrópicas de zinco pode-se citar a produção de zinco primário,

combustão de madeira, incineração de resíduos, siderurgias, cimento, concreto, cal e

gesso, indústrias têxteis, termoelétricas e produção de vapor, além dos efluentes

domésticos. Alguns compostos orgânicos de zinco são aplicados como pesticidas. O

metal é usado principalmente como revestimento protetor ou galvanizador para o ferro e o

aço, e como componente de diferentes ligas, especialmente de latão (VIANA, 2006).

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4- MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido seguindo as normas éticas da Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde. Todos os indivíduos receberam esclarecimento sobre os

objetivos da pesquisa e após concordar em participar, assinaram um termo de

consentimento livre e esclarecido e forneceram dados para preenchimento do

questionário epidemiológico, de acordo com as recomendações do Comitê de Ética em

Pesquisa do Núcleo de Medicina Tropical ao qual o estudo foi avaliado e aprovado

(CEP/NMT-Nº 009/2008).

Procurou-se, neste estudo, uma amostragem que possibilitasse a análises em

várias dimensões, envolvendo assim, moradores do sexo feminino e masculino da

Comunidade de Barreiras do Tapajós, de diferentes faixas etárias, classes sociais.

O fluxograma (Figura 1), representa um resumo da metodologia para análise e

quantificação de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em amostras de cabelo, realizada nesta pesquisa.

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Coleta de cabelo pelo método da EPA

Método IAEA 3X acetona e 3X água ultra pura

0,2g de amotra + 3mL HNO3 + 1mL H2O2

Overnight seguido de microondas Diluição para balão de 15 mL Análise instrumental

Para os elementos Fe, Cu, Mn e Zn Para o elemeneto Hg

Figura 1. Fluxograma da metodologia usada na análise e quantificação de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em amostras de cabelo.

4.1- Amostragem e tratamento do cabelo

4.1.1. Locais das amostragens

As amostragens foram realizadas no município de Itaituba, que foi delimitada na

área da comunidade de Barreiras do Tapajós, em setembro de 2008, onde coletou-se 25

amostras de cabelos de jovens e adultos do sexo feminimo e masculino e determinou-se

a concentração de Cu, Fe,Zn, Mn e Hg nos cabelos.

Delimitação do objeto de estudo,

objetivos da pesquisa e revisão da

literatura

Amostragem e coleta de tecido

capilar

Lavagem

ICP-OES CVAAS

Tratamento estatístico

Preparo das amostras

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A comunidades de Barreiras do Tapajós, localizada às margens do Rio Tapajós,

próxima à cidade de Itaituba no Estado do Pará, situada a 890 km da cidade de Belém,

localizada na porção sudoeste do estado do Pará. Limita-se, ao norte com o município de

Aveiro, ao Sul com os municípios de Altamira, Rurópolis e Trairão, e a oeste com o estado

do Amazonas (ROSA, 1999).

De acordo com os dados de 2007 do IBGE, a população do municio de Itaituba era

de 118.194 habitantes com hábitos alimentares diversificados. É conhecida como

Província Aurífera do Tapajós, sendo considerada a maior região produtora de ouro do

país e a maior região produtora de ouro da América do Sul (ROSA, 1999).

Este município possui várias comunidades que estão distribuídas as margens do

Rio Tapajós, e que são habitadas por famílias que vivem particularmente da agricultura da

mandioca e da pesca de subsistência. Dentre essas comunidades, a escolhida para este

estudo foi a comunidade de Barreiras, em virtude da sua localização geográfica próxima

aos garimpos de ouro e, pelas evidências de exposição ao mercúrio (SOUZA, 2007).

A comunidade de Barreiras localiza-se a margem esquerda do Rio Tapajós e

possui população média de 800 habitantes. A principal fonte de proteínas na alimentação

dessa comunidade é o pescado da região (SOUZA, 2007). A figura 2 mostra a

localização geográfica de Itaituba e da comunidade de Barreiras do Tapajós.

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Figura 2: Localização Geográfica de Itaituba e da Comunidade de Barreiras.

Fonte: IBGE (2009) Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=150360# Acesso em 15 de março de 2010.

4.1.2. Procedimentos para a coleta do cabelo

Para coleta das amostras de cabelo foi utilizada uma tesoura de aço inox, limpa,

retirando- se o cabelo da área occipital, bem próximo ao escalpo, realizado de acordo

com o protocolo recomendado pela Agência Internacional de Energia Atômica

(IAEA,1987). As amostras de cabelo foram armazenadas em envelopes limpos,

devidamente identificados e trazidos para o Laboratório de controle de qualidade e meio

ambiente (LACQUAMA), onde foi realizado o preparo das amostras.

4.1.3- O questionário Epidemiológico

Antes da coleta das amostras de cabelo do morador, este foi submetido a uma

pequena entrevistas, com as perguntas contidas no questionário epidemiológico, que

pode ser observado no anexo deste trabalho (p. 69). A elaboração do questionário está

embasado em pesquisa relacionadas á química ambiental e, considera fatores individuais

Comunidade de Barreiras

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tais como gênero, idade, outros fatores de exposição ocupacional e sintomatológico, para

que possibilite correlacionar as características da população com os dados experimentais.

4.2- Preparo das amostras

4.2.1-Lavagem das amostras de cabelo

As amostras de cabelo foram lavadas utilizando-se a metodologia desenvolvido

pelo IAEA, que consiste em lavar-se, aproximadamente 0,5 g de cabelo com acetona e

água, alternadamente. Após a lavagem, deixa-se o cabelo secar durante a noite,

envolvido no papel filtro em grau cromatográfico (BORELLA, et al., 1996).

4.2.2. Preparo das amostras: digestão assistida por microondas

Uma massa de 0,2 gramas de cabelo foi tratada com uma mistura de 3,0 mL de

HNO3 concentrado e 1,0 mL de H2O2 (30% v/v). Esta mistura foi submetida ao programa

de aquecimento em forno de microondas fechado (CEM-Mars-Xpress, 2008, Belém-

Brasil), cujas condições de operação são apresentadas na Tabela 1. A solução resultante

foi diluída com água deionizada para 15,0 mL em um balão volumétrico antes de ser

analisados por ICP OES.

Tabela 1: Condições de operação para digestão em forno de microondas fechado

Etapas 1 2 3 4

Tempo (min) 4 4 4 10

Potência (W) 1200 1200 1200 0

Pressão (atm) 7,9 7,9 7,9 0

Temperatura (C°) 160 180 200 RESFRIAMENTO

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4.3- Análise instrumental

4.3.1- Determinação dos teores de Cu, Fe, Mn e Zn por espectrometria de emissão óptica

com plasma acoplado indutivamente (ICP-OES)

4.3.1.1- Principio da Técnica

A espectrometria de emissão óptica em plasma é uma técnica de análise

multielementar sequêncial/simultânea que é baseada no principio de emissões de

radiação dos elementos constituintes da amostra, em um plasma, que pode ser definido

como um gás parcialmente ionizado, onde coexistem cátions Ar+, elétrons e átomos

neutros de Ar. Os espectrômetros de emissão óptica em plasma com acoplamento

indutivo são compostos basicamente por um sistema de introdução de amostras, tocha de

quartzo para geração do plasma, um gerador de rádio freqüência, um sistema de gás

argônio e um sistema óptico para o processamento do sinal analítico e um sistema

computacional para o controle do equipamento (BOSS, FREDEEN, 1999; BOUMANS,

1987; MONTASER, GOLIGHTLY, 1992). A figura 3 mostra o aparelho de espectrometria

de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP-OES).

Figura 3: Aparelho de espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente (ICP-OES).

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35

O gerador de rádio-freqüência (RF) é um dispositivo elétrico empregado como

fonte de potência e tem a função de sustentar o plasma (BOSS, FREDEEN, 1999;

BOUMANS, 1987)

O sistema de nebulização é composto, em geral, por um nebulizador e uma câmara

de nebulização. O nebulizador produz um aerossol da amostra, que é conduzido ao

plasma pela câmara, a qual favorece a introdução apenas das gotas de menor volume

(BOSS, FREDEEN, 1999; BOUMANS, 1987). A Figura 4 mostra o nebulizador e a câmara

de nebulização.

Figura 4: Nebulizador e a câmara de nebulização.

A tocha é um dispositivo de quartzo onde se forma o plasma, é constituída por três

tubos concêntricos por onde passam os fluxos do argônio principal, auxiliar e nebulizado.

O fluxo do argônio principal é responsável pela manutenção do plasma e proteção das

paredes da tocha contra a fusão; o fluxo nebulizador introduz a amostra no plasma e o

fluxo auxiliar tem a função de direcionar o aerossol da amostra para dentro do plasma

(BOSS, FREDEEN, 1999; BOUMANS, 1987; SKOOG, LEARY,1992). A Figura 5 mostra a

tocha do ICP-OES.

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36

Figura 5 : Tocha do ICP-OES.

4.3.1.2- Análise das amostras de cabelo e quantificação de Cu, Fe, Zn e Mn por ICP-OES.

Os elementos foram analisados por Espectrometria de Emissão Atômica com

Plasma Induzido (ICP OES), no equipamento ICP OES Modelo Vista- MPX CCD

simultâneo, axial da VARIAN com um sistema de amostragem automático (SPS- 5). O

controle das condições operacionais do ICP-OES foi realizada com o software ICP-Expert

Vista (Varian, 2002). As condições gerais de operação do espectrômetro utilizadas são

apresentadas na Tabela 2.

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Tabela 2: condições gerais de operação do espectrômetro

CARACTERÍSTICAS CONDIÇÕES INSTRUMENTAIS

RADIO FREQUENCIA DO GERADOR 40 MHz

DETECTOR CCD (70908 PIXELS EM ARRANJOS

LINEARES)

DIAMETRO INTERNO DO TUBO

CENTRAL DA TOCHA 2,3 mm

SISTEMA ÓTICO

POLICROMADOR GRADE DE DIFRAÇÃO ECHELLE +

PRISMA DE DISPERSÃO DE CaF2

DENSIDADE DA GRADE DE DIFRAÇÃO 95 LINHAS mm-1

FAIXA DE COMPRIMENTOS DE ONDA 167 – 785 nm

DISTANCIA FOCAL 400 nm

FENDA DE ENTRADA ALTURA = 0,029 mm; LARGURA = 0,051

mm

SISTEMA DE INTRODUÇÃO DE

AMOSTRAS

CAMARA DE NEBULIZAÇÃO CICLONICA

NEBULIZADOR CONCENTRICO

PARAMETROS OPERACIONAIS

POTENCIA APLICADA 1,0 KW

TEMPO DE INTEGRAÇÃO DO SINAL 1,0 s

VAZÃO DO GÁS DO PLASMA 15 L.min-1

VAZÃO DO GÁS AUXILIAR 1,5 L.min -1

VAZÃO DO GÁS DE NEBULIZAÇÃO 0,7 L.min-1

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Os elementos determinados foram: Cu, Fe, Mn e Zn. Os comprimentos de ondas de

cada elemento estão apresentados o quadro 2 e seus limites de detecção no ICP OES

estão dispostos no quadro 1.

Quadro 1:Limite de detecção (mg.Kg-1)

Quadro 2: Comprimento de onda (nm) dos elementos determinados por ICP OES

O aparelho foi calibrado para as análises com o uso de um padrão multielementar

que são soluções contendo todos os metais que se quer analisar, sendo necessário

apenas diluir para as concentrações de interesse. As soluções foram introduzidas por um

sistema de bomba peristáltica em um atomizador de câmara ciclônica através de um

nebulizador pneumático de tubo concêntrico.

4.3.1.3- Limite de detecção e limite de quantificação.

Quando são realizadas medidas em amostras com baixos níveis de analitos, torna-

se importante saber qual o menor valor de concentração do analito que pode ser

detectado pelo método, definindo-se assim a sensibilidade do método através do cálculo

do limite de detecção e limite de quantificação (BOSS, FREDEEN, 1999; BOUMANS,

1987; SKOOG, LEARY,1992).

O limite de detecção é definido como a menor quantidade de um analito que pode

ser detectado em uma amostra.

Mn 0,002 Fe 0,004

Cu 0,002 Zn 0,002

Cu 327,395 Mn 257,610

Fe 238,204 Zn 213,857

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O limite de quantificação é a menor quantidade de um analito que pode ser

quantitativamente determinada com adequada exatidão e precisão.

4.3.2. Determinação de Hg total por espectrometria de absorção atômica por vapor frio.

(CVAAS)

4.3.2.1- Princípio da técnica

O Hg total das amostras de cabelo foi quantificado usando o método que envolve

redução e espectrometria de absorção atômica por vapor frio (CVAAS) (sistema aberto de

circulação do fluxo de ar) utilizando o aparelho Automatic Mercury Analyzer Model Hg-201

(Método Akagi). É, em princípio, semelhante ao sistema de circulação convencional e este

método comporta as seguintes etapas: redução de íons Hg2+

na solução da amostra com

cloreto estanhoso para gerar vapor de mercúrio elementar (Hg0

); e a introdução de vapor

de mercúrio na célula de foto-absorção para a medida de absorbância a 253,7 nm.

Porém, diferente do sistema convencional fechado no qual o vapor de mercúrio

elementar gerado é continuamente circulado com uma bomba de diafragma por um

recipiente reator, um tubo moldado em U empacotado com um agente secante, e a célula

de foto-absorção, o presente método usa um sistema aberto de circulação do fluxo de ar

como mostrado na Figura 10 (SOUZA, 2004).

O aparato constitui um sistema fechado e inclui uma bomba de diafragma,

recipiente de reação, armadilha de gás ácido, armadilha de umidade (banho de gelo), e

uma válvula de 4-estágios. Durante sua operação, o vapor elementar gerado pela adição

de cloreto estanhoso é circulado via válvula de 4-estágios a uma taxa de fluxo de 1-1,5

L/min por 30 segundos para homogeneizar a concentração na fase gasosa. A válvula de

4-estágios é então girada 90° para introduzir a fase gasosa toda de uma vez na célula de

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foto-absorção. A medição é completada dentro de um minuto por amostra com este

aparato que pode medir até mesmo 0,1 ng de mercúrio com alta precisão (SOUZA, 2004).

Adicionalmente, no método para preparar a solução da amostra, a forma de

digestão úmida convencional é melhorada pelo uso de um frasco de 50 mL com um longo

pescoço (pelo menos 10 cm), como um balão volumétrico de paredes grossas

com uma

rolha de vidro, como também um sistema misto de ácidos com uma taxa aumentada de

ácido sulfúrico, HNO3-HClO

4-H

2SO

4 (1+1+5), que já contém ácido perclórico, para a

digestão das amostras de cabelo (SOUZA, 2004).

Isto é novo na digestão da amostra que pode ser completada em um tempo

relativamente curto sem perda de mercúrio. É um método simples onde a amostra é

submetida à digestão úmida em uma chapa elétrica a 200-230°C durante 30 minutos e

após resfriada tem seu volume fixo completado com água. Este método pode ser aplicado

diretamente à digestão de amostras não só de cabelo, mas de sangue, e peixe, além de

várias amostras sólidas como sedimento e solo. Não é necessário um condensador de

refluxo durante o aquecimento (SOUZA, 2004).

Figura 6. Diagrama Esquemático de Redução/Espectrometria de Absorção

Atômica por Vapor Frio (CVAAS) (Sistema de Circulação Aberta de Fluxo de ar).

Fonte: SOUZA (2004)

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4.3.2.2- Análise das amostras de cabelo e quantificação por espectrometria de absorção

atômica por vapor frio (CVAAS).

O procedimento de digestão para as amostras de cabelo para a análise de Hg foi o

método Akagi (AKAGI et al., 1996). Adicionou-se aproximadamente 0,2 g da amostras em

um tubo digestor, acrescido dos seguintes reagentes, nesta ordem: 0,5 mL de água

ultrapura, 0,5 mL de HNO3, 0,5 mL de HCLO4 e 0,5 mL de H2SO4. Em seguida foi

realizada a decomposição química das amostras em bloco digestor na temperatura de 90

ºC por 30 minutos. Depois de resfriada a solução-amostra digerida, aferiu-se a 10 mL com

água ultrapura e retirou-se 5 mL, completando-se novamente para 10 mL, para ser feita a

leitura no aparelho.

A amostra digerida foi injetada no frasco de reação, sendo adicionado 1 mL de

cloreto estanhoso 10% (reduz o Hg2+ para Hg0 ) e o anti-espumante. O vapor de mercúrio

foi carregado por uma bomba de ar e neutralizado com uma solução de NaOH 5 N, para

evitar o ataque ácido á célula. Esse procedimento repete-se por 30 segundos, com

posterior lavagem a célula e detecção no aparelho.

4.3.2.3- Recuperação Analítica para os metais

Neste trabalho a validação da metodologia utilizada, foi feita através da

recuperação analítica dos metais, usando medidas de referência da amostra certificada

IAEA 086 e IAEA 085 (para recuperação do mercúrio) para cabelo (Trace Elements in

Human Hair). Obteve-se um excelente resultado percentual de recuperação para o Cobre

e Mercúrio e bons resultados para ferro, manganês e zinco. A Tabela 3 mostra os

resultados obtidos na análise da amostra certificada para cabelo, IAEA 086 (n= 10):

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Tabela 3: resultados obtidos na análise da amostra certificada para cabelo, IAEA 086 e IAEA 085.

Elementos Valor certificado (mg.kg-1)

Valor obtido (mg.kg-1)

Recuperação%

Hg 23,2 23,35 100,6

Cu 17,6 20,51 116,53

Fe 123 110,51 89,84

Mn 9,6 8,56 89,25

Zn 167 146,114 87,49

4.4 - Tratamento estatístico

Os dados experimentais obtidos neste estudo, juntamente com o conjunto de

informações oriundas do questionário epidemiológico, tais como gênero, idade, tipo de

água consumida, hábito de fumar, montou-se uma matriz de resultados que foram

tratados utilizando-se os programas STATISTICA 6.0 e MINITAB 15.

A finalidade principal do tratamento estatístico, a partir de uma matriz de resultados

obtidos de uma amostragem, é poder tirar considerações do comportamento apresentado

pelas variáveis na amostra e fazer generalizações pelas transferências de conclusões da

amostra para a população. Esta parte é abordada na estatística de interferência. Este

estudo abrange a estatística descritiva, análise de regressão, correlações lineares e

multivariadas.

4.4.1- Análise descritiva

Para o tratamento dos dados analíticos obtidos neste estudo, inicialmente foi feito

um estudo das medidas de tendência central, baseada na média aritmética e mediana, e

para medidas de variabilidade utilizou-se o desvio padrão, a amplitude e o coeficiente de

variação a fim de comparar os valores encontrados, com os de outros trabalhos

realizados.

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4.4.1.1- Média aritmética

Dentre os termos estatísticos mais usados, destaca-se a média aritmética, sendo

uma das principais estatísticas de medida central usada em artigos. É definida como a

razão entre a somatória das medidas pela quantidade de observações (DOWNING;

CLARK, 2000).

4.4.1.2- Mediana

Mediana, outra medida de tendência central, simplesmente representa o ponto

central de um conjunto de dados, tem a função de resumir os dados e representar o

centro da freqüência das observações (DOWNING; CLARK, 2000).

4.4.1.3- Desvio padrão

Desvio padrão é uma estatística descritiva de medida de dispersão e tem o

significado de medir o quanto, em média, os valores estão se afastando da média de seus

valores. Ele é definido pela raiz quadrada da razão entre a somatória dos desvios das

medidas e o número das partes de uma população de dados, N-1 (MILLER; MILLER,

1984).

4.4.2 - Análise de regressão e correlação

Com a finalidade de explicar fatos baseados nas observações para fazer

estimativas e predições sobre ocorrências futuras, deve-se atentar para as variáveis

significativas e o modo como elas se relacionam.

As análises de regressão e correlação são técnicas estatísticas que permitem

montar modelos do fenômeno e avaliar sua qualidade. A regressão fornece as equações

que relacionam as variáveis consideradas; com essa equação faz-se a predição sobre o

comportamento futuro do fenômeno; a correlação mede o grau (ou a qualidade), da

relação entre essas mesmas variáveis (DOWNING; CLARK, 2000).

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A regressão linear simples, na prática, é um tipo de regressão muito utilizada, uma

vez que permite obter uma equação, onde o fenômeno é explicado pelo comportamento

de uma única variável independente, com uma equação do 1º grau do tipo apresentado

pela equação Y=aX+b .

O coeficiente de correlação (r) representa a relação entre duas variáveis. Existe

relação diretamente proporcional quando este é positivo. Se a relação é inversamente

proporcional, a correlação é negativa. Existem várias fórmulas para o cálculo do

coeficiente de correlação, porém, o modo mais simples de obtê-lo é pela raiz quadrada do

coeficiente de determinação (R2), conforme a equação 1

R2=100. r2 (1)

Costuma-se classificar o coeficiente, conforme seu valor, como apresentado na

Tabela 4.

Tabela 4 - Níveis de correlação

Valor Correlação Resultado

R= 1 Perfeita correlação

R=próxima de ± 0,9 Forte correlação, de excelente a boa.

R= próxima de ± 0,1 Fraca correlação, de ruim a péssima.

R=0 Correlação nula

Fonte: COSTA,1998

Nas publicações científicas, este é o critério mais utilizado.

4.4.3- Análise multivariada

Neste trabalho, foram utilizadas também as técnicas estatísticas: análise

hierárquica de agrupamentos (AHA) e análise de componentes principais (ACP), essas

serão apresentadas resumidamente a seguir.

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4.4.3.1- Matriz de dados

Os dados consistem em n medidas de diferentes propriedades (variáveis)

executadas sobre m amostras (objetos), de modo que a esta série de dados pode ser

representada na forma de uma matriz de dimensão mxn (m linhas correspondentes as

amostras e n colunas correspondentes as variáveis):

A j-ésima variável é representada por um vetor coluna. O i-ésimo objeto, ou seja, uma

amostra qualquer, é representado por um vetor linha chamado vetor resposta e assim

pode ser descrito como um ponto no espaço n-dimensional (MINGOTI, 2005).

4.4.3.2. Padronização e escalamento

Muitas vezes, a variância das variáveis da matriz apresenta amplitude

extremamente diferente uma das outras. Nestes casos, a aplicação de técnicas

estatísticas multivariadas poderá ser influenciada pelas variáveis de maior variância o que

dificulta a extração de informação do sistema estudado. Uma maneira de resolver estes

problemas, mantendo a informação estatística dos dados, é realizar a transformação dos

dados originais da matriz de modo a balancear a variância das variáveis. Uma das

transformações mais comuns é padronizar os dados pela média e desvio padrão de cada

variável (Equação 2), gerando novas variáveis centradas no zero e com variâncias iguais

a 1. Este tipo de padronização é conhecido como autoescalamento (MINGOTI, 2005).

X

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4.4.3.3. Medidas de similaridade e dissimilaridade

Cada objeto é representado por um ponto no espaço n-dimensional e, portanto,

pode ser agrupado com outros que estejam próximos e mais se assemelham a ele. O

critério de melhor associação que pode ser utilizado é a medida de distância Euclidiana,

que a interpretação básica dada é: menores distâncias entre os pontos estão associadas

a um elevado grau de similaridade, enquanto que maiores distâncias indicam o

comportamento oposto (MINGOTI, 2005; MOITA NETO; MOITA, 1998).

4.4.3.4. Análise de componentes principais (ACP)

A análise por componentes principais (ACP) é um dos métodos mais comuns

empregados na análise de informações, sendo principalmente utilizada pela sua

capacidade de compressão dos dados em função da existência de correlação entre

diversas variáveis medidas.

Esta técnica estatística consiste essencialmente em reescrever as variáveis

originais da matriz em novas variáveis a partir de uma transformação de coordenadas de

modo a obter um número menor de variáveis capaz de conter as informações de todas as

utilizadas. Essa técnica estatística objetiva principalmente explicar a estrutura de variância

e covariância das variáveis pela construção de combinações lineares das variáveis

originais (MINGOTI, 2005), denominadas componentes principais (CP).

Considerando notação matriz, as componentes principais (CP) podem ser obtidas a

partir da seguinte expressão:

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X = P T, (3)

onde X é a matriz original dos dados, T é a matriz de scores das componentes principais

que contém as coordenadas dos elementos da matriz novo sistema de eixos e P é a

matriz dos loadings, onde os elementos de cada coluna correspondem aos coeficientes

das combinações lineares das variáveis.

As componentes principais são combinações lineares das variáveis originais e são

obtidas em ordem decrescente de máxima variância de forma que a componente principal

1 (CP1) detém mais informação estatística que a componente principal 2 (CP2), que por

sua vez tem mais informação estatística que a componente principal 3 (CP3) e assim

sucessivamente.

Desta forma, ao utilizar a técnica ACP, é necessário avaliar o quanto de

informação das variáveis originais está preservado nas componentes principais obtidas e

isto pode ser feito pela variância total explicada pelas mesmas. O primeiro componente

principal apresenta a maior variância possível dos dados e por isso preserva mais

informação do sistema (MASSART et al., 1997, MOITA NETO, MOITA, 1998).

A grande aplicabilidade da análise de componentes principais remete ao fato que

frequentemente se obtém mais de 90 % das informações contidas nas n-variáveis

originais em apenas dois ou três componentes principais. O gráfico da componente

principal 1 versus a componente principal 2 fornece uma janela privilegiada

(estatisticamente) para observação dos pontos no espaço n dimensional (MOITA NETO,

MOITA, 1998).

4.4.3.5- Análise Hierárquica de Agrupamentos (AHA)

A técnica de análise hierárquica de agrupamentos (AHA) é uma técnica estatística

que objetiva identificar os possíveis agrupamentos (cluster) dos elementos de uma matriz

em grupos de forma que os elementos pertencentes a um mesmo grupo sejam similares

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entre si em relação às variáveis e os elementos em grupos diferentes sejam heterogêneos

às estas mesmas variáveis. Ou seja, esta técnica estatística possibilita determinar

similaridades e dissimilaridades de uma série de dados (MINGOTI, 2005).

A AHA consiste em transformar a informação de cada elemento da matriz,

representada num sistema de coordenadas de n variáveis, em uma coordenada

dimensional. Para isto, utilizam-se as distâncias entre os elementos da matriz os quais

são representados em diagramas conhecidos como dendograma. Há várias maneiras de

medir essa distância, entretanto, a mais amplamente utilizada é a distância euclidiana:

onde a e b são dois pontos no espaço n-dimensional e Xaj é a j-ésima coordenada da

amostra.

O índice de similaridade entre os elementos da matriz é calculada pela seguinte

expressão:

onde dij é a distância entre os pontos i e j e dmax é a distância máxima entre qualquer par

de pontos.

Os dendrogramas são especialmente úteis na visualização de semelhanças entre

amostras ou objetos representados por pontos em espaço com dimensão maior do que

três, onde a representação de gráficos convencionais não é possível (MOITA NETO,

MOITA, 1998). Os dendogramas representam as similaridades/dissimilaridades entre os

pares de elementos da matriz. Os índices de similaridades são calculados para os pares

de elementos da matriz e os mais próximos são conectados formando um grupamento.

Esse processo é repetido até que todos os elementos sejam conectados formando um

único agrupamento. A etapa seguinte é definir o tipo de agrupamento entre um elemento

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e um grupo ou entre grupos de elementos. Há vários métodos de agrupamentos

hierárquicos: ligação simples ou vizinho mais próximo (single linkage), ligação completa

ou vizinho mais distante (complete linkage) e média (aritmética ou ponderada) das

distâncias (average linkage) (MINGOTI, 2005).

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5- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos diversos trabalhos acadêmicos feitos sobre a quantificação dos metais nos

seres humanos, têm-se observado alguns fatores que afetam as quantidades desses

elementos no cabelo: a idade, o gênero, dietas alimentares, o uso de produtos de fácil

absorção que contenham na sua fórmula elementos tóxicos (possível influência do

tabaco), por exemplo, (CARVALHO, 2005).

Dessa forma, avaliaram-se os teores de Cu, Fe, Zn, Mn e Hg na comunidade de

Barreiras e compararam-se os resultados deste estudo com valores encontrados na

literatura nacional e internacional. Também se estudou a influência do tipo de água e

hábitos alimentares dessa comunidade.

5.1 Aspectos gerais da comunidade de Barreiras

O resumo das características da população de Barreiras foi extraído das questões

de 1 a 4 do questionário epidemiológico (anexo 1, pág 69), o que possibilitou obter as

seguintes informações: observou-se que de um universo de 25 indivíduos pesquisados,

12% tem mais de 65 anos, 4% estão entre 61 a 65 anos, 4% entre 56 a 60 anos, 4% entre

46 a 50 anos, 12% entre 36 a 40 anos, 8% entre 31 a 35 anos, 24% entre 26 a 30 anos,

16% entre 21 a 25 anos e 16% entre 16 e 20 anos. A maior parte dos indivíduos

entrevistados está na faixa etária de 21 a 25 anos e 16 a 20 anos. Deste universo, 8%

são do sexo masculino e 92% do sexo feminino. A Figura 7 mostra a distribuição

percentual dos indivíduos segundo sua faixa etária e o gênero.

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Figura 7: Distribuição percentual da faixa etária dos indivíduos e o gênero.

Em relação ao nível de escolaridade da população estudada, 72% possuem ensino

fundamental (sendo 16% completo e 56% incompleto) e 28% possuem o ensino médio

(sendo 24% incompleto e 4% completo), tendo a população um nível educacional restrito.

A Figura 8 mostra a distribuição percentual do nível de escolaridade da população

amostral.

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Figura 8: Distribuição percentual do nível de escolaridade da população

No que se refere à profissão exercida pelos indivíduos pesquisados, 4% são

pescadoras, 8% são lavradoras, 68% trabalham no lar, destes 8% são do sexo masculino

e 60% do sexo feminino e 20% exercem outras profissões não elencadas no questionário.

A Figura 9 mostra a distribuição percentual da profissão atual exercida pelos

entrevistados.

Figura 9: Distribuição percentual da profissão atual exercida pelos entrevistados.

Superior Médio Fundamental Analfabeto

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No que se refere ao uso e escoadouro da instalação sanitária, 20% dos indivíduos

usam fossa como esgoto sanitário e 80% usam o terreno em que moram para essa

finalidade. A Figura 10 mostra a distribuição percentual da instalação sanitária dos

entrevistados.

Figura 10: Distribuição percentual da instalação sanitária dos entrevistados.

Em relação ao abastecimento de água e o consumo de água dos indivíduos deste

estudo, observou-se que o 100% dos entrevistados utilizam poço para o abastecimento

de água, e, quanto ao consumo de água dos entrevistados, 64% consomem água filtrada,

32% água não filtrada e 4 % água fervida. As Figuras 11 e 12 mostram a distribuição

percentual do tipo de abastecimento de água e a distribuição percentual do tipo de água

consumida pelos entrevistados, respectivamente.

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Figura 11: Distribuição percentual do tipo de abastecimento de água

Figura 12: Distribuição percentual do tipo de água consumida pelos entrevistados

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55

No que diz respeito aos cuidados que os indivíduos pesquisados têm ao lavarem

frutas e verduras, 32 % as lavam com água, vinagre, ou com água e água sanitária, 48%

lavam com água, sem tratamento e 20% lavam os alimentos com água filtrada ou fervida.

A Figura 13 mostra a distribuição percentual do tipo de tratamento que os indivíduos

utilizam com frutas e verduras.

Figura 13: Distribuição percentual do tipo de tratamento que os indivíduos utilizam com

frutas e verduras.

As questões 8,13,15-17, 21 e 22 do questionário (anexo 1, pág. 69), referem-se a

perguntas cujas possibilidades de resposta eram somente “sim” e “não”, por isso foram

agrupadas em um único gráfico, sendo cada barra horizontal referente a 100% dos

entrevistados. Ao serem questionados se mantinham contatos com produtos químicos

diariamente, 56% afirmam que sim, enquanto 44% dizem não. No que se refere ao

consumo de verduras cruas, 84% consomem e 16% não. Os indivíduos entrevistados,

12% são fumantes e 88% não, 20% consomem bebidas alcoólicas e 80% não, 100% não

usam drogas, 24% tomam medicamentos diariamente e 76% não. 84% utilizam plantas

medicinais para tratamento de doenças e 16% não. A Figura 14 mostra o gráfico com as

respostas das questões 8, 13, 15-17, 21 e 22 do questionário.

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56

Figura 14: Distribuição percentual referente ao consumo de bebida alcoólica, fumo,

medicação, contato com produtos químicos, consumo de verdura crua e uso de plantas

medicinais.

No que se refere aos hábitos alimentares dos entrevistados, observou-se as

seguintes informações: 96% consomem farinha diariamente e 4% consomem de 1 a 2

vezes na semana, 12% consomem feijão diariamente, 24% de 3 a 6 vezes na semana,

48% de 1 a 2 vezes na semana e 16% raramente o consomem. 8% consomem ovos

diariamente, 16% de 3 a 6 vezes na semana, 20% de 1 a 2 vezes na semana e 56%

raramente. 92% consomem arroz diariamente e 8% consomem raramente o consomem.

52% consomem peixe diariamente, 32% de 3 a 6 vezes na semana, 12% de 1 a 2 vezes

na semana e apenas 4% raramente o consomem. Quanto ao consumo de carne, 16%

consomem diariamente, 8% de 6 a 9 vezes na semana, 8% de 3 a 6 vezes na semana,

64% de 1 a 2 vezes na semana e 4% raramente o consomem.4% consomem frango

diariamente, 8% de 3 a 6 vezes na semana, 28% de 1 a 2 vezes na semana e 60%

raramente o consomem. 100% dos entrevistados consomem café diariamente. 92%

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57

consomem leite diariamente e 8 % de 1 a 2 vezes na semana.60 % consomem frutas

diariamente, 12% de 3 a 6 vezes na semana, 20% de 1 a 2 vezes na semana e 8 %

raramente as consomem. 4% consomem castanha do Pará de 1 a 2 vezes na semana e

96% raramente a consomem. A Figura 15 mostra a distribuição percentual dos hábitos

alimentares dos indivíduos entrevistados.

Figura 15: Distribuição percentual dos hábitos alimentares dos indivíduos

entrevistados.

Quanto às doenças contraídas pelos indivíduos, pelo menos uma vez, obtiveram-se

as seguintes informações: 4% tem ou já tiveram diabetes e 96% não; 100% nunca tiveram

câncer, hanseníase, epilepsia, AVC, sífilis, gonorréia, leishmaniose e tuberculose. 16%

tem ou já tiverem hipertensão arterial e 84% não; 12% tem ou já tiveram hepatite e 88%

não; 32% tem ou já tiveram malária e 68% não e 8% já tiveram ou tem outras doenças

não elencadas no questionário e 92% não. A Figura 16 mostra a distribuição percentual

dos indivíduos que tem ou já tiveram algumas das doenças abaixo:

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58

Figura 16: Distribuição percentual dos indivíduos que tem ou já tiveram algumas das

doenças elencadas

5.2- Análise descritiva dos metais Cu, Fe, Mn, Zn e Hg nas amostras de

cabelo.

Os resultados da composição mineral (média ± desvio padrão médio) das amostras

de cabelo de Barreiras do Tapajós/Pará estão apresentados na Tabela 05. Um total de

quatro elementos foram identificados e quantificados por ICP OES: cobre (Cu), ferro (Fe),

manganês (Mn) e zinco (Zn). O mercúrio (Hg), entretanto, foi quantificado por CVAAS.

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59

Tabela 5: resultados da quantificação dos metais nas amostras de cabelo de Barreiras do

Tapajós/Pará

Amostras Cu Fe Mn Zn Hg

CBT01 DIL 76,02±0,45 157,14±42,75 5,53±1,54 470,16±16,71 10,7

CBT02 DIL 184,05±22,77 83,86±16,19 10,99±0,83 261,95±25,87 7

CBT03DIL 98,31±0,63 82,59±17,25 5,84±0,94 217,47±40,99 0

CBT04DIL 92,12±16,50 76,44±13,62 6,15±0,08 230,74±1,94 10,61

CBT05DIL 94,05±10,314 51,27±15,73 4,51±1,32 248,59±47,25 11,4

CBT06DIL 92,02±15,89 65,89±30,72 11,23±0,09 168,12±9,81 0

CBT07DIL 87,27±6,321 96,571±0,1 16,69±6,34 591,64±75,53 2,5

CBT08DIL 95,63±4,36 225,24±2,98 7,31±1,28 192,39±0,81 0

CBT09DIL 69,72±5,723 180,80±34,25 7,00±1,30 172,11±10,26 0

CBT10DIL 85,15 148,47 8,09 301,15 29,2

CBT11DIL 62,56±5,35 64,91±36,17 9,50±0,70 178,59±18,74 9,2

CBT12DIL 84,17±9,26 38,49±3,04 5,47±0,453 659,80±16,99 5,74

CBT13DIL 107,75±14,73 52,27±0,07 1,82±0,003 412,74±16,01 7

CBT14DIL 80,18 139,48 2,65 209,38 0

CBT15DIL 102,13 72,57 5,86 180,07 17,08

CBT16DIL 82,15 166,47 3,33 281,31 18,09

CBT17DIL 111,37 173,39 5,23 236,72 9,9

CBT18DIL 67,47 72,11 4,98 148,78 26,7

CBT19DIL 83,64 61,51 4,89 268,89 3,5

CBT20DIL 87,06±0,98 62,20±0,486 7,38±0,57 135,03±10,19 19,4

CBT21DIL 99,22±2,01 83,35±8,16 14,15±0,16 297,32±5,99 0

CBT22DIL 97,28 86,50 8,37 625,69 14,4

CBT23DIL 113,36 90,44 13,09 475,09 0

CBT24DIL 91,35±0,028 78,36±2,96 1,87±0,85 174,07±46,20 0

CBT25DIL 77,94 64,25 1,64 273,80 2,95

∑ (mg.Kg-1) 2322,07 2473,63 173,69 7411,64 205,37

Média*±SD 92,88±4,59 98,98±9,82 6,94±0,78 296,46±30,62 8,21

Mínimo* 62,56 38,49 1,64 135,03 0

Máximo* 184,05 225,24 16,69 659,80 29,2

Mediana* 91,36 82,60 5,86 248,6 7

CV% 24,72 49,60 59,16 51,66 104,81

*(mg.Kg-1)

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60

Os elementos mais abundantes nas amostras foram o Zinco (7411,64 mg.Kg-1) e o

Ferro (2473,63 mg.Kg-1), isto pode ser justificado, baseado nas informações extraídas dos

resultados do questionário epidemiológico, pelo fato da população consumir muitos

alimentos que são fontes de ferro e zinco, como peixe, feijão e frutas. Estudos evidenciam

que o consumo de feijão associado com a ingestão de frutas, principalmente as ricas em

vitamina C, aumenta a absorção de ferro no organismo. Frutas como abacaxi e acerola

potencializam a absorção de ferro (SOARES, et al, 2004). Nos alimentos, o zinco está

presente em maiores quantidades nas carnes vermelhas e nas ostras, considerada a

fonte mais rica deste mineral. Outros alimentos, como os ovos, a carne de frango, o leite e

derivados também são fontes de zinco (DOMENE, 2001). Outro fator que pode estar

associado à abundância de ferro e zinco encontrada nas amostras de cabelos dos

indivíduos, é que a região de Barreiras é foco de mineração, e esta é uma fonte de

contaminação antropogênica, que influência na concentração de ferro e zinco nos solos,

plantas, água, podendo ser fonte de contaminação ambiental (AZEVEDO e CHASIN,

2003).

5.2.1- Cobre

O valor médio da concentração de cobre nas amostras de cabelo foi de 92,88

mg.Kg-1, superior ao encontrado por Caldas (2005), 32,01 mg.Kg-1, em amostras de

cabelo de indivíduos da comunidade ribeirinha do Rio Pindobal-Pará. Também foi superior

ao valor médio encontrado por Barrera et al. (2001), 20,60 mg.Kg-1. Igualmente superior

ao valor médio encontrados por Ferreira et al (2007), em amostras de cabelo de

indivíduos da cidade de Moscol, que foi de 33,3 mg.Kg-1.

Os valores mínimo e máximo para a concentração de Cobre deste trabalho estão

na faixa de 62,56- 184,05 mg.Kg-1, superiores aos encontrados por Hadla et al. (2007)

que ficaram na faixa de 7,2-32,8 mg.Kg-1.

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61

Entretanto, pesquisas realizadas por Almeida (2003), na comunidade ribeirinha de

São Luís do Tapajós, geograficamente bem próximo a comunidade estudada, apresentou

valor médio da concentração de cobre em amostras de cabelo muito superior ao

encontrado nesta pesquisa, 458,03 mg.Kg-1.

5.2.2- Ferro

O valor médio da concentração de Ferro nas amostras de cabelo foi 98,98 mg.Kg-1,

aproximadamente 5 vezes maior ao valor médio encontrado por Junior (2007) em

amostras de cabelos de indivíduos de Altamira-Pará. Também foi superior ao valor médio

encontrado por Caldas (2005), 47,72 mg.Kg-1, em amostras de cabelo de indivíduos

moradores da comunidade ribeirinha do rio Pindobal-Pará.

Estudos realizados por Chojnacka e Górecka (2006) para verificar a influência dos

hábitos de vida, da população do norte e sul da polônia, nas concentrações dos

elementos no cabelo humano, evidênciaram que a concentração de Ferro e Manganês

está relacionada com os hábitos de vida da população, concluindo que estes hábitos

influenciam mais do que gênero. O valor médio de Fe encontrado por eles foi de 22

mg.Kg-1, inferior, portanto, ao do presente estudo (98,98 mg.Kg-1).

Os valores mínimo e máximo para a concentração de Ferro deste trabalho estão na

faixa de 38,49- 225,24 mg.Kg-1, sendo o superiores também aos encontrados por Pinheiro

(2007) em amostras de cabelo da população de Tucuruí-Pará que ficaram na faixa de 10-

47 mg.Kg-1.

5.2.3- Manganês

O valor médio da concentração de manganês nas amostras de cabelo foi de

6,94mg.Kg-1, muito inferior aos valores encontrados por Caldas (2005), em amostras de

cabelos de indivíduos moradores da comunidade ribeirinha do rio Pindobal-Pará.

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62

Comparando o valor médio da concentração de manganês deste estudo, com os

valores encontrados por Menezes-filho (2009), em amostras de cabelo de um grupo-

controle em Salvador- Bahia, 1,37 mg.Kg-1, com a comunidade da aldeia de Cotegipe,

cidade de Simões Filho- Bahia, 9,96 mg.Kg-1, observa-se que foi superior ao do grupo-

controle e um pouco inferior ao da comunidade exposta. Foi inferior ao valor médio de Mn

encontrados por Chojnacka e Górecka (2006) em amostra de cabelo de indivíduos do

norte e sul da polônia, 0,802 mg.Kg-1.

Os valores mínimo e máximo da concentração de manganês deste trabalho estão

na faixa de 1,64- 16,69 mg.Kg-1, superiores também aos encontrados por PINHEIRO

(2007) em amostras de cabelo da população de Tucuruí-Pará que ficaram na faixa de

0,24-1,0 mg.Kg-1

5.2.4- Zinco

O valor médio da concentração de zinco nas amostras de cabelo foi de 296,46

mg.Kg-1 , superior ao valor encontrado por Junior (2007), 166, 84 mg.Kg-1, que avaliou o

teor de zinco em amostras de cabelo de indivíduos de Altamira-Pará. Foi igualmente

superior ao valor médio encontrados por Ferreira et al (2007), em amostras de cabelo de

indivíduos da cidade de Moscol, que foi de 161,7 mg.Kg-1. Skalnaya e Demidov (2007)

também estudaram o teor de zinco em cabelos, de indivíduos da cidade de Moscol, sendo

comparados valores do grupo controle com grupo de obesos e diabéticos. Os valores

médios encontrados para os três grupos, respectivamente, foram 186,1 mg.Kg-1 , 170,2

mg.Kg-1 e 159,2 mg.Kg-1 , sendo inferiores aos deste estudo. Observa-se que os valores

de zinco foram menores em diabético e obeso, se comparados ao do grupo controle.

Comparando-se os valores médios deste trabalho aos estudos realizados por

Barrera et al. (2001), observou-se que este encontrou valor médio para zinco de 201,64

mg.Kg-1, próximo ao deste estudo (296,46 mg.Kg-1).

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63

Os valores mínimo e máximo para a concentração de zinco deste trabalho, estão

na faixa de 135,03- 659,80 mg.Kg-1, superiores também aos encontrados por Pinheiro

(2007) em amostras de cabelo da população de Tucuruí-Pará que ficaram na faixa de

125-240 mg.Kg-1. Também foram superiores aos encontrados por Hadla et al. (2007) que

obtiveram valores na ordem de 100,0-161,4 mg.Kg-1.

5.2.5- Mercúrio

O valor médio da concentração de mercúrio nas amostras de cabelo foi de 8,21

mg.Kg-1 superior ao Limite de Tolerância Biológico (LTB), que é 6,0 mg.Kg-1, adotado pela

Organização Mundial de saúde,(WHO,1999). Porém, foi inferior ao valor médio

encontrado por Souza (2007), 11, 27 mg.Kg-1 em cabelos de indivíduos de Barreiras do

Tapajós-Pará, e ao valor encontrado por Pinheiro et.al (2002), 13,3 mg.Kg-1, em amostras

de cabelo na mesma comunidade. Pesquisa realizada por Almeida (2003), na

comunidade ribeirinha de São Luís do Tapajós, geograficamente bem próxima a

comunidade estudada, apresentou valor médio da concentração de mercúrio em amostras

de cabelo superior ao encontrado nesta pesquisa, 13,62 mg.Kg-1

Entretanto, o valor médio deste estudo foi superior ao encontrado por Caldas

(2005), 2,96 mg.Kg-1, em amostras de cabelos de indivíduos da comunidade ribeirinha de

Pindobal-Pará. Carvalho (2005), que usou a mesma matriz biológica em indivíduos de

Altamira-Pará, obteve o valor médio de 5,99 mg.Kg-1. Estudos realizados também em

Altamira-Pará por Junior (2007), obtiveram valor médio de Hg em amostra de cabelo igual

a 1,13 mg.Kg-1, igualmente inferior ao deste estudo.

Skalnaya e Demidov (2007) estudaram o teor de mercúrio em cabelos de

indivíduos da cidade de Moscol, sendo comparados valores do grupo controle com grupo

de obesos e pessoas com diabete. Os valores médios encontrados para os três grupos,

respectivamente, foram 0,62 mg.Kg-1 , 1,06 mg.Kg-1 e 1,21 mg.Kg-1. Observa-se que o

teor de mercúrio foi superior em obesos e em indivíduos com diabete.

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64

Analisando os fatores ambientais que possivelmente influenciam na concentração

de mercúrio encontrada nas amostras de cabelos dos indivíduos de Barreiras, observa-se

que, como a maioria dos entrevistados consume peixe diariamente, este fato pode ser o

que justifica o valor médio de Hg superior ao Limite de Tolerância Biológico (6,0 mg.Kg-1),

pois segundo Nevado et al. (2010), algumas espécies de peixes, como o Tucurané, por

exemplo, encontradas no Rio Tapajós, estão com a concentração de mercúrio superior ao

limite de 0,5 mg.Kg-1 adotado pela organização mundial de saúde (WHO,1991).

Observa-se na Tabela 05, que a média não é adequada para representar a

tendência central do conjunto de dados pois, verifica-se que o coeficiente de variação

para os elementos foram acima de 50%, indicando uma alta variabilidade dos dados.

Assim, observa-se que a medida de tendência central mais apropriada para retirar as

conclusões seria a mediana, excluindo os outlaids.

5.3- Análise descritiva dos resultados através de Boxplots

5.3.1- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em função do consumo ou não de

bebida alcoólica

Analisou-se os teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em função do consumo ou não de

bebida alcoólica. O boxplot plot obtido pode ser visto na figura 17:

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65

Não

Bebe

(Hg)

Bebe

(Hg)

Não B

ebe(

Zn)

Bebe

(Zn)

Não

Bebe

(Mn)

Bebe

(Mn)

Não

Bebe

(Fe)

Bebe

(Fe)

Não B

ebe(

Cu)

Bebe

(Cu)

700

600

500

400

300

200

100

0

Co

nce

ntr

açã

o (

pp

m)

Figura 17: Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em cabelo de

indivíduos que consomem e não consomem bebida alcoólica.

É possível observar que, os maiores valores encontrados foram o de zinco. Estes

valores, no grupo de indivíduos que consomem bebida alcoólica, apresentou maior

variabilidade dos dados, embora os valores das medianas nos dois grupos não possuam

grandes diferenças. Os menores valores encontrados foram dos teores de manganês e

mercúrio, que apresentaram também as menores variabilidades.

Os teores de zinco, do indivíduo 17 (625,69 mg.Kg-1) que não consome bebida

alcoólica, de ferro, do indivíduo 7 (225,24 mg.Kg-1) e de cobre, do indivíduo 2 (184,05

mg.Kg-1) são dados suspeitos. Este fato pode ser devido a alguma contaminação na fase

do preparo das amostras, ou mesmo alguma irregularidade nas condições intrumentais do

aparelho, o que pode ter ocasionado um comprimento de onda elevado,

consequentemente, um valor anômalo da concentração.

De um modo geral, não foi possível vericar diferenças significativas entre os teores

de Cu, Fe. Mn, Zn e Hg para indivíduos que consomem ou não bebida alcoólica. Porém,

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66

trabalhos de pesquisa evidênciam que o parâmetro “ingestão de álcool” afetam os teores

de metais no cabelo (FRAZÃO, 2008).

5.3.2- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em função do fumo.

O teor dos metais Cu, Fe, Mn, Zn e Hg foram analisados também em função do

fumo (possível influência do tabagismo no teor dos metais). O boxplot obtido pode ser

visto na figura 18.

Não

Fum

a(Hg)

Fuma(Hg)

Não Fu

ma(Zn

)

Fuma(Zn

)

Não

Fum

a(Mn)

Fuma(Mn)

Não Fu

ma(

Fe)

Fuma(

Fe)

Não

Fum

a(Cu)

Fuma(Cu)

700

600

500

400

300

200

100

0

Co

nce

ntra

çã

o (

pp

m)

Figura 18: Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em cabelo de

indivíduos que fumam e não fumam.

Através da análise exploratória dos dados, observa-se que os maiores valores são

os teores de zinco, que também possuem a maior variabilidade. As menores

concentrações são as de manganês, que apresentaram a menor variabilidade dos dados.

Ao comparar as concentrações de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em indivíduos que fumam e

não fumam, não foi possível verificar diferença significativa dos teores nesses dois grupos

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67

em questão, embora trabalhos científicos evidenciem que o tabagismo influencía no teor

de metais, tanto no cabelo como no sangue (CARVALHO, 2005).

5.3.3- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg por grupos de indivíiduos que tem

ou já tiveram malária e indivíduos que nunca tiveram malária.

O quadro epidemiológico atual no Brasil, particularmente na região amazônica,

caracteriza-se pela existência simultânea de doenças degenerativas e endêmicas como a

malária. Os indivíduos, que desenvolvem atividades em assentamentos na região

amazônica, e outras, relacionadas ao desmatamento, exploração mineral, extrativismo

vegetal estão mais expostos à doença.

É importante, portanto, a quantificação de metais, através dos resultados de

análises dos metais presentes em amostras de cabelo de indivíduos com e sem malária,

para analisar e verificar quais metais que influenciam nesta endemia. O boxplot obtido

pode ser visto na figura 19:

Não

Teve

Malár

ia(H

g)

Teve

Malár

ia(H

g)

Não T

eve

Malár

ia(Z

n)

Teve

Malár

ia(Z

n)

Não T

eve M

alár

ia(M

n)

Teve

Malár

ia(M

n)

Não T

eve

Malár

ia(F

e)

Teve

Malár

ia(F

e)

Não T

eve

Malár

ia(C

u)

Teve

Malár

ia(C

u)

700

600

500

400

300

200

100

0

Co

nce

ntr

açã

o (

pp

m)

Figura 19: Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em cabelo de

indivíduos que nunca tiveram malária e indivíduos que tem ou tiveram malária.

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Observa-se que os maiores valores são os teores de zinco, bem como a maior

variabilidade. Porém, estes resultados mostram que não houve diferenças significativas

das concentrações de metais em indivíduos que tem ou já tiveram malária e indivíduos

que nunca tiveram malária. Convém salientar, que o número de indivíduos para cada

grupo é muito pequeno, por isso não se pode fazer conclusões bem consolidadas.

5.3.4- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em função do consumo de peixe.

Alguns estudos indicam a dieta da população, como fator que influencia na

concentração de metais presente em amostras de cabelo, que inclui o grande consumo

de peixe como fonte principal de proteínas (SCHULZ, 2009). Segundo Nevado et al.

(2010), espécies de peixes, como o Tucurané, encontradas no Rio Tapajós, estão com a

concentração de mercúrio superior ao limite de 0,5 mg.Kg-1 adotado pela organização

mundial de saúde (WHO,1991). Uma grande quantidade de peixes ingerida,

semanalmente, pode ocasionar contaminação, não só mercurial, mas também por demais

metais. O boxplot do consumo semanal de peixe em função da concentração dos metais

estudados pode ser visto na figura 20:

1a2v

z(Hg)

3a6v

z(Hg)

Diár

io(H

g)

1a2(

Zn)

3a6(

Zn)

Diário

(Zn)

1a2

vz(M

n)

3a6

vz(M

n)

Diário

(Mn)

1a2

vz(F

e)

3a6v

z(Fe

)

Diár

io(F

e)

1a2 vz

(cu)

3a6

Vz(C

u)

Diár

io(c

u)

700

600

500

400

300

200

100

0

Co

nce

ntr

açã

o (

pp

m)

Figura 20: Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em função do

consumo semanal de peixe.

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69

Observa-se, entretanto, que as concentrações dos metais não apresentaram

grandes diferenças em indivíduos que consomem peixes diariamente, três a seis vezes

por semana e de uma á duas vezes por semana, com exceção dos teores de ferro, em

indivíduos que consomem peixes de três a seis vezes por semana, que apresentaram

maiores valores, quando aos indivíduos que consomem peixe diariamente, e, de uma à

duas vezes por semana. Esta aparente contradição pode ser explicada pelo fato de os

peixes não estarem com concentrações muito acima do limite estabelecido pela

organização mundial de saúde (NEVADO, 2010).

Dessa forma, neste estudo em particular, o consumo de peixe não influenciou na

concentração dos metais estudados.

5.3.5- Análise dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg em função da faixa etária.

Na figura 21, estão apresentados os resultados da análise exploratória dos dados

referentes as concentrações dos metais Cu, Fe, Mn, Zn e Hg nas diferentes faixas

etárias, a saber : 16 a 20 anos, 21 a 25 anos, 26 a 30 anos, 31 a 40 anos, 46 a 65 anos e

66 a 72 anos.

As concentrações de cobre em amostras de cabelo dos indivíduos, apresentaram

maiores valores na faixa etária de 66 a 72 anos. As concentrações de cobre, na faixa de

16 a 20 anos, apresentaram valores um pouco acima de 100 mg.Kg-1, mantendo-se até a

faixa de 26 a 30 anos. Observa-se um decrécimo na concentração de cobre na faixa de

31 a 40 anos. A menor variabilidade dos dados foi encontrada na faixa de 46 a 65 anos.

As concentrações de ferro em amostras de cabelo dos indivíduos, apresentaram

maiores valores na faixa etária de 16 a 20 anos, um pouco abaixo de 200 mg.Kg-1.

Observa-se um decrécimo na concentração de ferro na faixa de 21 a 25 anos, sendo os

menores valores e o de menor variabilidade dos dados. Um aumento na concentração de

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ferro pode ser observada na faixa de 26 a 30 anos, aumentando até a última faixa etária,

66 a 72 anos.

Em relação às concentrações de manganês, não observou-se grandes diferenças

entre as faixas etárias dos indivíduos.

As concentrações de zinco em amostras de cabelo dos indivíduos, apresentaram

maiores valores na faixa etária de 31 a 40 anos, acima de 600 mg.Kg-1. Observa-se um

decrécimo na concentração de ferro na faixa de 21 a 25 anos.Os valores de menor

variabilidade são encontrados na faixa etária de 66 a 72 anos.

Em relação às concentrações de mercúrio, não observou-se grandes diferenças

entre as faixas etárias dos indivíduos.

O boxplot obtido pode ser visto na figura 21, abaixo:

66-7

2(Hg )

46-6

5(Hg )

31-4

0(Hg )

26-3

0(Hg

)

21-2

5(Hg)

16-2

0(Hg)

66-7

2(Zn)

46-6

5(Zn)

31-4

0(Zn)

26-3

0(Zn)

21-2

5(Zn)

16-2

0(Zn)

66-7

2(M

n)

46-6

5(M

n)

31-4

0(M

n)

26-3

0(M

n)

21-2

5(M

n)

16-2

0(M

n)

66-7

2(F e)

46-6

5(F e)

31-4

0(F e)

26-3

0(F e)

21-2

5(Fe

)

16-2

0(Fe

)

66-7

2(Cu)

46-6

5(Cu)

31-4

0(cu

)

26-3

0(Cu)

21-2

5(Cu)

16-2

0(Cu )

700

600

500

400

300

200

100

0

Co

nce

ntr

açã

o (

pp

m)

Figura 21: Boxplots dos teores de Cu, Fe, Mn, Zn e Hg (mg.Kg-¹), em função da

faixa etária dos indivíduos.

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5.4- Análise da correlação entre os teor de cobre, ferro, manganês, zinco e

mercúrio no cabelo e a idade dos indivíduos.

5.4.1- Análise do coeficiente de Pearson (r) e significância (p) para os metais Cu, Fe,

Mn, Zn e Hg e a idade dos indivíduos.

A análise de correlação foi feita entre os teores de cobre, ferro, manganês, zinco e

mercúrio nas amostras de cabelo com a idade dos indivíduos residentes na comunidade

ribeirinha de Barreiras do Tapajós. O resultado pode ser visto na tabela 6.

Tabela 6: Matriz de correlação de Pearson (r) e a significância (p) entre os metais Cu, Fe,

Mn, Zn e Hg.

Cu Fe Mn Zn Hg Idade

Cu 1

Fe -0,080 0,706

1

Mn 0,260 0,209

-0,023 0,914

1

Zn 0,075 0,722

-0,136 0,516

0,180 0,277

1

Hg -0,139 0,508

-0,015 0,943

-0,165 0,431

-0,072 0,731

1

Idade 0,175 0,402

0,282 0,172

-0,161 0,443

-0,150 0,474

0,185 0,375

1

Todos os pares de elementos obtiveram índice de correlações menores que 50%

(r > 0,50) e significância maior que 5% (p > 0,05), por isso foram desconsideradas por não

influenciarem no estudo, já que os dados da matriz de correlação só são relavantes,

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quando os resultados apresentam pares com as melhores correlações (r > 0,50) e

significância (p < 0,05).

5.5. Análise Multivariada (PCA e HCA)

Foram aplicadas a PCA e a HCA à matriz de dados gerada (25x5), em todas as 25

amostras de cabelo dos indivíduos de Barreiras do Tapajós e 5 elementos químicos (Cu,

Fe, Mn, Zn e Hg). Os gráficos de scores e loadings mostram a similaridade e

dissimilaridade destes teores de metais. A confirmação dos resultados obtidos pela PCA é

feita pelo dendrograma, com o objetivo de melhor visualização destes teores.

As representações gráficas das componentes principais permitem a caracterização

dos metais presentes nas amostras de cabelo, sendo aqui apresentadas.

Resultados da estimativa de variância (autovalores) são apresentados na Tabela 7,

pode observar que os três componentes principais (PCs) foram responsáveis por explicar

70,2% da variância total, o primeiro responsável por 30,8%, o segundo, por 21,1% e o

terceiro por 18,3%. E nota-se na Figura 22, no gráfico dos “scores”, que o quadrante

formado pela parte positiva da primeira componente e positiva da segunda componente

separou o um grupo formado pelos indivíduos 7, 12, 13 e 22. O quadrante formado pela

parte negativa da primeira componente e a parte positiva da segunda componente,

separou um grupo formado pelos indivíduos 4, 5, 10, 11, 15, 18, 19, 20 e 25. O quadrante

formado pela parte negativa de CP1 e negativa de CP2, separou um grupo formado pelos

indivíduos 1, 8, 9, 14, 16, 17 e 24. Por fim, o quadrante formado pela parte positiva da

primeira componente e negativa da segunda componente, separou um grupo formado

pelos indivíduos 2, 3, 6, 21 e 23. Vale ressaltar que essa separação tem uma explicação

de 30,8%, este valor é baixo para se fazer uma discriminação mais precisa desses grupos

através dessa componente, pois os trabalhos que fazem discriminação de amostras por

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análise de componente principal, indicam que para uma boa discriminação, a primeira

componente deve acumular valores acima de 50% de explicação.

3210-1-2

2

1

0

-1

-2

-3

CP1 (30,8%)

CP

2 (

21,1

%)

25

24 23

22

21

20

19

18

17

16

15

14

13

12

1110

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Figura 22: Gráfico dos scores utilizando as 25 amostras de cabelos da comunidade de

Barreiras e 5 elementos químicos.

Tabela 7. Estimação da variância (autovalores) e porcentagem proporcional e cumulativa

da variância total (%) obtidos por componentes principais, considerando as 25 amostras

de cabelo dos indivíduos de Barreiras e 5 elementos químicos.

Componentes

Principais

Autovalores

(Eigenvalue)

% proporção % acumulação

(Cumulative)

PC1 1,5379 30,8 30,8

PC2 1,0562 21,1 51,9

PC3 0,9135 18,3 70,2

A tabela 8 mostra os valores dos loadings das variáveis para os componentes

principais PC1, PC2 e PC3.

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Tabela 8: “Loadings” das variáveis nos três primeiros componentes principais

Variáveis Componentes

1 2 3

Cu 0,482 -0,181 -0,565 Fe -0,207 -0,751 0,498 Mn 0,601 -0,114 0,256 Hg -0,367 0,495 0,158 Zn 0,478 0,380 0,586

Observa-se pela sobreposição do gráfico dos scores (figura 22), no gráfico dos

loadings (figura 23) e com base nos dados dos loadings, apresentados na Tabela 6, que

as variáveis responsáveis pela formação do grupo I são os metais Hg e Fe, enquanto que

para o grupo II são os metais Zn, Mn e Cu.

0,500,250,00-0,25-0,50

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

-0,75

CP1

CP

2

Hg

Zn

Mn

Fe

Cu

Figura 23: Gráfico dos loadings utilizando as 25 amostras de cabelos da comunidade de

Barreiras e 5 elementos químicos.

Na busca de uma melhor explicação para a formação dos grupos formados no

gráfico dos scores, utilizou-se a análise por agrupamento hierárquico (AAH). Na figura 24

observa-se a formação de cinco grupos: grupo I, cor vermelha, (1,16,17,8 e 9), grupo II,

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cor amarela (6, 21, 7 e 23), grupo III, cor azul, (3, 24, 19, 25 e 14), grupo IV, cor lilás, (4,

5, 15, 20 e 11) e grupo V, cor laranja, (12, 22, 13, 10, 18).

Verifca-se que, no grupo I, há uma similaridade da concentração de ferro entre os

individuos deste grupo, já que estes apresentaram maiores valores para a concentração

de ferro, se comparado aos demais grupos. Segundo informações do questionário

epidemiológico, os indivíduos deste grupo apresentam, também, similaridade quanto ao

consumo de peixe, pois consomem peixe de três a seis vezes por semana, com exceção

do indivíduo 1.

Observando o grupo II, cor amarela (6, 21, 7 e 23), verifca-se que há uma

similaridade da concentração de manganês entre os individuos deste grupo, pelo fato

destes apresentarem os maiores teores de manganês, se comparado com os demais

grupos. Baseando-se em informações do questionário epidemiológico, os indivíduos do

grupo II, apresentaram, também, similaridade quanto a faixa etária, já que a maioria dos

indivíduos pertencem a faixa etária de 26 a 30 anos, exceto o indivíduo 4.

Analisando o grupo III, cor azul, (3, 24, 19, 25 e 14), verifca-se que há uma

similaridade da concentração de mercúrio entre os individuos deste grupo, já que estes

indivíduos apresentaram os menores teores de mercúrio, se comparado com os demais.

Além disso, os indivíduos deste grupo apresentaram similaridade quanto ao consumo de

peixe: a maioria dos indivíduos, exceto o indivíduo 3, consomem peixe de três a seis

vezes por semana, segundo os dados do questionário.

Através da observação do grupo IV, cor lilás, (4, 5, 15, 20 e 11), verifca-se que há

uma similaridade da concentração de mercúrio entre os individuos deste grupo, por serem

indivíduos que possuem a maior concentração de mercúrio nas amostras de cabelo. De

acordo com os dados do questionário, estes indivíduos não fumam (exceto o indivíduo

11), não consomem álcool (exceto o indivíduo 11) e nunca tiveram malária (exceto o

indivíduo 15), sendo estes fatos, também, uma possível explicação de similaridade.

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Observando, por fim, o grupo V, cor laranja, (12, 22, 13, 10, 18), verifca-se que há

uma similaridade da concentração de zinco entre os individuos deste grupo, por serem os

indivíduos que apresentaram os maiores valores para concentração de zinco nas

amostras de cabelo. Outra similaridade entre estes indivíduos, é em relação a faixa etária:

a maioria encontra-se na faixa etária de 35 a 46 anos, exceto o indivíduo 18. Nesta

análise de agrupamento, verifica-se que a amostra 2 apresenta menor similaridade com

as outras amostras. A figura 28 mostra o dendograma obtido:

21810132212112015541425192432372169817161

0,00

33,33

66,67

100,00

Amostras

Sim

ila

rid

ad

e

Figura 24: Dendograma utilizando as 25 amostras de cabelos e os 5 elementos

químicos.

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6-CONCLUSÕES

Em Barreiras do Tapajós, 52% das amostras de cabelo dos indivíduos desta

pesquisa apresentaram valores de concentração de mercúrio maior que o limite de

tolerância biológico, 6,0 mg.Kg-1.

O valor médio para concentração de Hg, foi inferior ao encontrado em amostras de

cabelos de indivíduos de Barreiras do Tapajós-Pará dos anos anteriores.

Apesar do nível de mercúrio estar, aparentemente, diminuindo, estes valores ainda

estão acima daquele estipulado pela Organização Mundial de Saúde e não se pode

descartar os riscos desses indivíduos apresentarem problemas relacionados a

contaminação mercurial, sobretudo, os indivíduos 10 (29,2 mg.Kg-1) e 18 (26,7 mg.Kg-1),

por possuírem a concentração de mercúrio aproximadamente 5 vezes maior que o limite

de tolerância biológico.

O consumo de peixes, que é um hábito da região, foi considerado fator responsável

pelos valores acima do limite de tolerância biológico, pois de acordo com a revisão

bibliográfica feita este ano na região do Tapajós, a concentração de mercúrio nos

músculos de peixes como o Tucunaré, ainda está acima do limite de 0,5 mg.Kg-1 adotado

pela organização mundial de saúde.

Os valores médios das concentrações de cobre, 92,88 mg.Kg- , Ferro, 98,98

mg.Kg-1 e zinco, 296,46 mg.Kg-1, em amostras de cabelos, estão acima da média

encontrada em outros estudos.

O valor médio da concentração de manganês nas amostras de cabelo foi de

6,94mg.Kg-1, dentro dos valores encontrados em outros estudos.

De acordo com a análise dos boxplots, não observou-se influência do consumo de

álcool, do fumo e influência da malária na concentração dos metais estudados.

Não foi encontrada correlação entre a concentração dos metais Cu, Fe, Mn, Zn e

Hg com a idade dos indivíduos deste estudo. Supõe-se que tal correlação não exista

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devido as pessoas não estarem expostas a altas concentrações do metal. Também não

foi encontrada correlação entre os metais nas amostras de cabelo. Geralmente, é difícil

relacionar os teores de metais, encontrado em amostras de cabelo, para eventos

metabólicos específicos no corpo.

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79

7- REFERÊNCIAIS

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8- ANEXO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

QUESTIONÁRIO COMUNIDADE :

NOME DO PARTICIPANTE: Idade:

___________ Sexo: ( ) M ( ) F

Escolaridade:

( ) Não alfabetizado ( ) 2º grau incompleto

( ) 1º grau incompleto ( ) 2º grau completo

( )1º grau completo ( ) Curso superior

Profissão atual :___________________ Há quanto tempo? ____________

Profissão anterior:_________________ Por quanto tempo? ____________

Você tem ou teve contato com produtos químicos durante suas atividades?

( ) Não ( ) Sim Qual o produto químico? _________________

Uso e escoadouro da instalação sanitária:

( ) Rede pública ( ) Córrego ( )Outros:______________

( ) Fossa ( ) Terreno

Abastecimento de água :

( ) Rede pública ( ) Outros ___________________

( ) Poço ou cisterna ( ) Mina

Tipo de água utilizada para beber:

( ) Filtrada ( ) Outros:____________________

( )Não filtrada ( ) Fervida

Consome verduras cruas?

( ) Sim ( ) Não

As frutas e verduras consumidas tem algum preparo especial?

( ) Lavadas (água filtrada/fervida)

( ) Lavadas (água sem tratamento)

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( ) Lavadas (água + vinagre/água sanitária)

( ) Não

Você fuma? ( ) Sim ( ) Não

Consome bebida alcoólica? ( ) Sim ( ) Não

Usa frequentemente alguma droga? ( ) Sim ( ) Não

Usa tintura de cabelo?

( )Não ( ) Semanalmente ( ) Mensalmente ( ) Anualmente

Quantas vezes na semana você come os alimentos abaixo?

Diariamente 6 a 9 vezes

3 a 6 vezes

1 a 2 vezes

Raramente

Farinha

Feijão

Ovos

Arroz

Peixe

Carne de gado

Frango

Café

Leite

Frutas

Castanha-do-Pará

Qual ou quais das doenças abaixo você já teve ou está em tratamento?

( ) Diabetes ( ) Câncer ( ) Hanseníase ( ) Hipertensão arterial

( ) Convulsão/apilepsia ( ) Hepatite ( ) Derrame cerebral ( ) Malária

( ) Sífilis ( ) Leishmaniose ( ) Tuberculose ( ) Gonorréia

Outra (s):____________________________________________________________

Toma algum medicamento diariamente? ( ) Sim ( ) Não

Usa plantas medicinais para tratamento de doenças? ( ) Sim ( ) Não

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