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CIDADANIA PARA O DESENVOLVIMENTO Taur Matan Ruak Discursos – 2. º Volume SER LIVRE É SER CAPAZ DE DIZER NÃO

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CIDADANIA PARA ODESENVOLVIMENTO

Taur Matan Ruak

Discursos – 2.º Volume

Taur

Mata

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ISBN 978-989-99788-2-9

TIMOR

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9 789899 978829

SER LIVRE É SER CAPAZ DE DIZER NÃO

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O

“O presente relatório que se intitula Ser livre é ser capaz de dizer não foi escrito

em momentos cruciais de decisão na reorientação da luta no plano interno em

defesa dos altos interesses do Povo e da Nação Timorense: a conquista da sua

liberdade e da independência nacional.

A publicação deste relatório tem um papel importante para que os Timorenses

adquiram conhecimento sobre uma parte da história da resistência épica arma-

da. Houve esforços e debates na procura de soluções para os nossos problemas.

Isto requer a reformulação em termos mais correctos das estratégias militar,

política e clandestina, visando conduzir melhor nas três frentes da luta: Frente

Armada, Diplomática e Clandestina.

Este livro preserva a escrita do manuscrito original em Língua Portuguesa. É es-

sencial, pois, que se mantenha a forma original da escrita e as pontuações para

não alterar o seu sentido. Apenas é introduzido um novo título – Ser livre é ser

capaz de dizer não. Um relatório sobre o debate construtivo da nação – e os

capítulos são numerados para facilitar a leitura.”

Taur Matan Ruak, in Prefácio

Taur Matan Ruak

Presidente de Timor-Leste entre 2012 e 2017, guerrilheiro veterano, líder da Frente

Armada da Resistência Timorense e Chefe do Estado-Maior General das Falintil – Forças

de Defesa de Timor-Leste, de 2002 a 2011. Liderou a transformação da guerrilha numa

força militar convencional, crescentemente profissional e tecnicamente preparada.

Taur Matan Ruak é casado com a Dra. Isabel Ferreira, jurista e ativista na área dos

Direitos Humanos. O casal tem duas filhas, Lola e Tamarisa, e um filho, Quesadhip.

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SER LIVRE É SER CAPAZ DE DIZER NÃOUm relatório sobre o debate

construtivo da nação

TAUR MATAN RUAK

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ÍNDICE

O Autor ................................................................................................................ VII

Prefácio ................................................................................................................ XI

Lista de Abreviaturas............................................................................................. XIII

Introdução ............................................................................................................ XVII

I. Considerações ............................................................................................. 1

II. Resposta às Questões Levantadas pelos Companheiros: Cmdt. das FALINTIL Xanana Gusmão, Chefe do Conselho Konis Santana e Sec. do CEL/FC Keri Laran Sabalae em Torno do 1.º Relatório do EMF ..................... 3

1. Estratégias gerais e parciais, solução militar ou político/diplomático ..... 5

2. Importância e valor da Frente Clandestina (FC), ou seja, FC se é parceiro forte ou suporte da nossa luta ................................................. 7

3. Falta de solidariedade na Reorganização e Estruturação da Frente Clandestina ........................................................................................... 8

III. Estratégias e Tácticas, Objectivos e Resultados ............................................ 15

1. Definição .............................................................................................. 15

2. Retrospectiva ........................................................................................ 16

3. Presente e Futuro .................................................................................. 17

4. Resumindo ........................................................................................... 22

5. Conclusão Final .................................................................................... 25

6. Actividades Políticas/Frente Clandestina ............................................... 26

7. Apoio Popular – Importância Estratégica e Táctica ................................ 29

8. Linhas de Orientação – Disseminação das forças vivas do in. ............... 29

9. Resumindo ........................................................................................... 31

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Ser livre é ser capaz de dizer não

IV

10. Resultados ............................................................................................ 33

11. Nossa Resposta ..................................................................................... 34

11.1. Actividades militares nossas e as do inimigo ............................... 34

11.2. Nossas dificuldades mais salientes .............................................. 36

11.3. Actividades militares do inimigo ................................................. 36

IV. Resumo do Relatório Oral das Actividades Apresentadas Pelos Quadros Políticos e Militares das Duas Regiões – 2 a 3 ............................................. 53

1. Dez.94 ................................................................................................. 53

1.1. Sub-CEM Dai Tula ....................................................................... 53

1.2. Cmdt. M. Bitu ............................................................................. 55

1.3. Cmdt. Calmo .............................................................................. 55

1.4. Sec. Falur .................................................................................... 55

2. Relatório de Actividades/Dez ‘95 .......................................................... 57

2.1. Sub-CEM Dai Tula ....................................................................... 57

2.2. Sec. Falur .................................................................................... 64

2.3. Sub-CEM Dai Tula ....................................................................... 67

2.4. Sec. Falur .................................................................................... 68

2.5. Sub-CEM Dai Tula ....................................................................... 69

2.6. Cmdt. Rai-Ria ............................................................................. 69

2.7. Sec. Falur .................................................................................... 69

2.8. Cmdt. Sabika .............................................................................. 70

2.9. Cmdt. Ular .................................................................................. 71

2.10. Assist. Bersama ........................................................................... 73

2.11. Cmdt. Ular .................................................................................. 74

2.12. Cmdt. Sabika .............................................................................. 74

2.13. Kaer Susar ................................................................................... 75

2.14. Sec. Falur .................................................................................... 77

2.15. Assist. Bersama ........................................................................... 77

2.16. Cmdt. Gadi ................................................................................. 78

2.17. Cmdt. Ular .................................................................................. 78

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Índice

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2.18. Cmdt. Sabika .............................................................................. 78

2.19. Sec. Falur .................................................................................... 79

2.20. Kalu Heda – estudante UNTIM ................................................... 80

2.21. Ilmas ........................................................................................... 80

2.22. Lakilau ........................................................................................ 81

2.23. Rama-Hana ................................................................................. 81

2.24. Envenenamento – para Conhecimento Geral .............................. 82

3. Transcrição dos Extractos do Relatório em Escrita dos Quadros Regionais .............................................................................................. 82

3.1. Lere Kiar Maek, RP da Região 1 e Sub-CEM das Falintil .............. 82

3.2. Somotxo, RP da Região 4, Fronteira ............................................ 97

3.3. Somotxo, RP da Região 4 ............................................................ 106

3.4. Riak Leman, sec. da Região 3 – 15.1.96 ...................................... 110

3.5. Riak Leman, sec. da Região 3 – 6.1.96 ........................................ 112

3.6. Riak Leman, sec. da Região 3 – 11.8.95 ...................................... 113

3.7. Riak Leman, sec. da Região 3 – 19.5.96 ...................................... 118

3.8. Riak Leman, sec. da Região 3 – 15.7.96 ...................................... 120

3.9. Carta de um guerrilheiro chamado Conceição pertencente à Região 1 – 16.7.96 ...................................................................... 120

4. Balanço das Actividades a Nível de Cada Região .................................. 128

4.1. Planeamento 95/96 – Resultados ................................................ 130

4.2. Planeamento 97/98 ..................................................................... 130

V. Questões a Levantar e Propostas ................................................................. 133

1. Processo político Timorense .................................................................. 133

1.1. Política de Unidade Nacional ..................................................... 134

2. Operação Oração ................................................................................. 136

3. Estruturas da FC e da Juventude Loro Sa’e ............................................. 137

4. Financiamento da R.A. ......................................................................... 138

5. Fihireno II – “questões militares a tratar com o Estado-Maior das Falintil!” ................................................................................................ 139

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VI

6. “Resistência passou das montanhas para as vilas…!” – afirmação do Chefe do Conselho! .............................................................................. 140

7. Planeamento 95/96 – elaborado por Chefe do Conselho ..................... 140

VI. Diversos ...................................................................................................... 143

1. Recolha de fundos ................................................................................ 143

2. Espionagem in. – métodos e resultados ................................................. 145

3. Entrega de guerrilheiros a CVI ............................................................... 146

4. Situação do grupo destacado em Luar .................................................. 147

5. Situação e actividades do camarada Adjt. Solep ................................... 148

6. Controle, administração e distribuição .................................................. 148

VII. Orientações Complementares ..................................................................... 151

A. Para actividades políticas ...................................................................... 151

B. Orientações e medidas complementares para Região cruzeiro/ /aprovado pelo EMF e válidas para todo País ......................................... 152

C. Orientação militar ................................................................................ 154

D. Precaução a seguir nos combates via HT .............................................. 155

VIII. Nota Final ................................................................................................... 157

IX. Adenda ....................................................................................................... 159

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O AUTOR

Taur Matan Ruak nasceu em 10 de Outubro de 1956, no suco de Osso Huna, posto administrativo de Baguia, município de Baucau, Timor-Leste.

A Indonésia invadiu Timor-Leste a 7 de Dezembro de 1975 e Taur Matan Ruak, então com 19 anos, juntou-se às recém-formadas Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (FALINTIL) nas montanhas.

A primeira nomeação oficial de Taur Matan Ruak aconteceu no final de 1976, que veio a assumir responsabilidades crescentes nos dois sectores militares de leste: o Sector do Centro Leste e o Sector da Ponta Leste.

Durante 1979 e 1980, Taur Matan Ruak recebeu ordens para executar acções de guerrilha na região leste. Foi capturado, na área de Viqueque, pelos militares indonésios, no dia 31 de Março de 1979. Após 23 dias de cativeiro, conseguiu fugir e reunir-se de novo às FALINTIL nas montanhas.

Em Março de 1981, foi nomeado Colaborador do Chefe do Estado-Maior das FALINTIL. E, em 1983, foi transferido para o Comando Operacional Oeste (toda a região a Oeste do eixo Baucau/Viqueque) e nomeado conselheiro militar e Subchefe do Estado-Maior das FALINTIL.

A partir de 1986, Taur Matan Ruak assumiu o comando de todas as operações militares em Timor-Leste.

Logo a seguir à captura do Comandante-em-Chefe das FALINTIL, Xanana Gusmão, em Novembro de 1992, Taur Matan Ruak foi promovido a Chefe do Estado-Maior.

Apesar de preso em Cipinang, Jacarta, Xanana Gusmão manteve a função de Comandante-em-Chefe das FALINTIL e Nino Konis Santana assumiu o cargo de Vice-Comandante-em-Chefe das FALINTIL, após a captura de Ma’Huno, no dia 5 de Abril de 1993, em Manufahi.

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VIII

Depois da morte de Nino Konis Santana, a 11 de Março de 1998, Taur Matan Ruak foi promovido a Vice-Comandante-em-Chefe das FALINTIL.

Em Julho de 1999, as FALINTIL foram concentradas em quatro acantonamen-tos – (Região I em Atelari, posto administrativo de Laga, município de Baucau, Região II, III e Quartel-General das FALINTIL em Uaimori, município de Vique-que, e Região IV em dois locais distintos: Poetete, município de Ermera e Odel-gomo, município de Bobonaro), e recaiu sobre Taur Matan Ruak a responsabi-lidade de evitar que os guerrilheiros armados das FALINTIL se envolvessem em acções contra as forças indonésias e pró-indonésias.

No dia 30 de Agosto de 1999, a esmagadora maioria do povo timorense es-colheu a independência, através do referendo popular organizado pelas Nações Unidas.

O anúncio do resultado do referendo popular provocou uma onda de vio-lência perpetrada pelas forças indonésias e pró-indonésias, que foi travada pela intervenção da Força Internacional INTERFET, sancionada pela Organização das Nações Unidas. Este período testou decisivamente o grau de disciplina das FALINTIL, uma vez que foram forçadas a permanecer acantonadas, enquanto a população suplicava a sua protecção contra as investidas devastadoras e mortífe-ras das forças indonésias e pró-indonésias.

A 10 de Dezembro de 1999, Taur Matan Ruak é agraciado com o Prémio de Direitos Humanos da Assembleia da República, em Lisboa, Portugal.

A 20 de Agosto de 2000, Kay Rala Xanana Gusmão demitiu-se das FALINTIL e Taur Matan Ruak foi nomeado Comandante-em-Chefe das FALINTIL.

A 1 de Fevereiro de 2001, Taur Matan Ruak assume o comando da FDTL – Força de Defesa de Timor-Leste, com a patente de Brigadeiro-General, em ceri-mónia presidida por Sérgio Vieira de Mello, Administrador Transitório da ONU.

A 20 de Maio de 2002, aquando da restauração da independência, Taur Ma-tan Ruak torna-se Chefe do Estado-Maior-General das FALINTIL – Força de Defe-sa de Timor-Leste (F-FDTL).

Em 7 de Dezembro de 2006, Taur Matan Ruak é condecorado pelo Presidente da República Democrática de Timor-Leste com a Ordem da Guerrilha.

Em 2007, Taur Matan Ruak é condecorado pelo Presidente da República De-mocrática de Timor-Leste por serviços prestados durante a Operação Halibur,

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O Autor

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operação conjunta das F-FDTL com a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) que visava o restabelecimento da segurança e ordem no país na sequência da crise político-militar de 2006.

A 28 de Novembro de 2009, Taur Matan Ruak é promovido a Major-General.

A 20 de Agosto de 2011, em cerimónia de Homenagem Nacional de Agrade-cimento e Reconhecimento dos ex-combatentes da luta de libertação, Taur Ma-tan Ruak é oficialmente desmobilizado das FALINTIL e condecorado juntamente com outros 235 ex-combatentes.

A 6 de Outubro de 2011, Taur Matan Ruak proferiu o último discurso en-quanto Chefe do Estado-Maior-General das F-FDTL, na cerimónia de passagem de testemunho do comando das Forças de Defesa, depois de o seu pedido de exoneração do cargo ter sido aceite pelo Presidente da República.

A 16 de Abril de 2012, Taur Matan Ruak foi eleito Presidente da República Democrática de Timor-Leste. A 23 de Abril de 2012, o Tribunal de Recurso de Timor-Leste proclamou Taur Matan Ruak como o Presidente da República Demo-crática de Timor-Leste. Taur Matan Ruak tomou posse a 20 de Maio de 2012, e o seu mandato termina em Maio de 2017.

O Presidente Taur Matan Ruak é casado com Isabel da Costa Ferreira e tem duas filhas, Lola e Tamarisa, e um filho, Quesadhip.

O Presidente Taur Matan Ruak fala três línguas de Timor-Leste (tétum, naueti e makasae), português e inglês.

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PREFÁCIO

O presente relatório que se intitula Ser livre é ser capaz de dizer não foi es-crito em momentos cruciais de decisão na reorientação da luta no plano interno em defesa dos altos interesses do Povo e da Nação Timorense: a conquista da sua liberdade e da independência nacional.

Empenhei-me, naqueles tempos difíceis, no estudo e na reflexão sobre os nossos triunfos e as nossas derrotas no campo da batalha e as estratégias de como agir, no presente e no futuro, face à superioridade de força do invasor e à capa-cidade e vontade do nosso Povo. Imagine-se um mundo sem manuais de guerra nem biblioteca para consultas! Mas foi sempre a fé em nós mesmos, em Deus e no Povo Timorense a nossa verdadeira força capaz de operar o impensável para continuar a resistir, impedindo a afirmação total da potência militar estrangeira no solo pátrio.

Ser livre é ser capaz de dizer não é um relatório sobre o debate construtivo da nação. Trata-se, com efeito, de questões de comando, de análise da conjun-tura político-militar do país, bem como de elaboração do plano estratégico da luta e balanço de actividades das FALINTIL. Em face desta situação, exige-se mu-danças nas políticas, com realce para um ajuste estrutural, com maior abertura, para assegurar um acompanhamento eficaz e efectivo da evolução do processo político do País no terreno da confrontação.

A publicação deste relatório tem um papel importante para que os Timorenses adquiram conhecimento sobre uma parte da história da resistência épica armada. Houve esforços e debates na procura de soluções para os nossos problemas. Isto requer a reformulação em termos mais correctos das estratégias militar, política e clandestina, visando conduzir melhor as três frentes da luta: Frente Armada, Diplomática e Clandestina.

Para conhecer melhor os actos heróicos dos nossos guerrilheiros – sem meios materiais e financeiros – e, simultaneamente, para reconhecer de forma mais

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Ser livre é ser capaz de dizer não

XII

adequada os seus sacrifícios sobre-humanos, a fome e a doença a que estavam sujeitos e o seu desprendimento total ao serviço da pátria, é fundamental deixar--se guiar pelo pensamento e pela acção dos guerrilheiros, contidos nos relatórios, orais e escritos, dos principais comandantes da Guerrilha, alguns já falecidos e outros ainda vivos, apresentados ao Estado-Maior das FALINTIL em 1994 e 1995.

A Resistência Timorense foi uma resistência colectiva. A colectividade – povo, em geral, Frente Armada, Diplomática e Clandestina –, acrescida do apoio da comunidade internacional, são a origem definitiva de vitória final dos Timorenses como Povo e como Nação.

A presente edição de 2.º Relatório do Estado-Maior das FALINTIL referente ao período de 2 anos – Agosto ’94 a Dezembro ’96 é organizada por João Aparício, meu assessor para Relações Públicas e Comunicação e autor do primeiro e do segundo volumes do livro intitulado A Presidência de Proximidade de Taur Matan Ruak.

Este livro preserva a escrita do manuscrito original em Língua Portuguesa. É essencial, pois, que se mantenha a forma original da escrita e as pontuações para não alterar o seu sentido. Apenas é introduzido um novo título – Ser livre é ser capaz de dizer não. Um relatório sobre o debate construtivo da nação – e os capítulos são numerados para facilitar a leitura.

A tarefa de copiar à mão o documento original deste 2.º Relatório do Estado--Maior das FALINTIL foi incumbida a Mário Bersama (actual Major Mário Baptis-ta), guerrilheiro dedicado, com boa caligrafia.

Por último, agradeço a disponibilidade e o interesse da Timor Editora na pu-blicação deste Relatório, elaborado num período difícil e determinante para a sobrevivência da Resistência Armada e da Resistência no seu todo.

Díli, 3 de Abril de 2017

Taur Matan RuakPresidente da República

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INTRODUÇÃOESTADO-MAIOR DAS FALINTIL

2.º Relatório do EMF referente ao período de 2 anos – Agosto ‘94 a Dezembro ’96

Aqui apresento o 2.º Relatório do EMF. Não é um relatório restringido ape-nas às actividades políticas e militares; abarca ainda outras questões pertinentes e importantes como forma de nos solidarizarmos com os mais competentes na condução da luta do nosso Povo, abrindo caminho para a criação de perspecti-vas condicionantes que permitem o desenvolvimento linear e progressivo da luta na Frente Armada sobretudo.

É a vontade e a iniciativa de apresentar questões e opiniões que se manifes-tam. Espero, entretanto, abertura, disposição de espírito dos que sabem coman-dar e ensinar a corrigir com clareza e objetividade…!

I. Considerações

II. Resposta às Questões Levantadas pelos Companheiros: Cmdt. das FALINTIL Xanana Gusmão, Chefe do Conselho Konis Santana e Sec. do CEL/FC Keri Laran Sabalae em Torno do 1.º Relatório do EMF

III. Estratégias e Tácticas, Objectivos e Resultados

IV. Resumo do Relatório Oral das Actividades Apresentadas Pelos Quadros Políticos e Militares das Duas Regiões – 2 a 3

V. Questões a Levantar e Propostas

VI. Diversos

VII. Orientações Complementares

VIII. Nota Final

IX. Adenda

Apresenta-se, a seguir, o facsimile do manuscrito original das páginas 1 e 2 do Relatório.

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P’lo Comando das FALINTIL

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Introdução

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TAUR MATAN RUAKCEM DAS FALINTIL

Montanhas da Pátria, Dezembro ’96.

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CAPÍTULO I

CONSIDERAÇÕES

O desenvolvimento da luta e o complexo problema de dirigir e comandar, nossas limitações culturais e intelectuais e as nossas responsabilidades perante a luta na sua fase mais difícil da Resistência; a “captura” sucessiva dos “intelectuais e sábios Timorenses”, os constantes apelos do cmdt. Xanana Gusmão (apelo não poucas vezes lançado a todos os quadros mas principalmente os imediatamente superiores para um maior empenho e participação) constituía o desafio mais de-safiador que nos colocava a todos sem distinção.

Por conseguinte, duas situações poderiam desembocar-se: ou estudar e domi-nando o processo para conduzi-lo ou ser arrastado pelo processo como que uma carroça imóvel sem possibilidades de por si tomar um rumo certo, situação que só favoreceria ao inimigo possibilidades e vantagens no terreno da confrontação.

Perante esse dilema, achei para bem escolher uma – o de comandar o pro-cesso começando mesmo por romper a posição contemplativa que nos envolvia durante anos de guerra, tentando estudar profundamente o processo, ainda que com reticência; dominando-a, conduzindo-a e orientando-a a uma saída que ajude construir o futuro, um futuro não menos difícil, um futuro inquietante, porque aí representam os sofrimentos de um Povo em luta, um futuro que nem mesmo os que mais sofrem podem esperar em poder gozar das vantagens do seu sofrimento!

Enfim, foi uma decisão difícil mas uma decisão firme porque está fundamen-tada na razão e nas realidades da nossa luta!

Contudo, ao tentarmos iniciar com a aventura, do outro lado choviam afir-mações como: “… basta abrir a boca para as moscas entrarem!”, “não confiar na capacidade criadora e transformadora do Povo Mau-Bere”, “não dar valor e im-portância a F. Clandestina”, “trocar estratégias de solução, etc., etc.”, afirmações vindas daqueles que não poucas vezes apelam-nos para estudar e darmos ideias

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Ser livre é ser capaz de dizer não

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e sugestões e tudo mais, e ainda outros podem estar a pensar que eu estivesse desejando tirá-los do lugar, etc., etc.; outro desafio!

Mas como encarar? A decisão é difícil mas firme!

E na linguagem vulgar o Povo simples dizia – “ser livre é ser capaz de dizer não!” Pois julgo que ninguém pode e nem me deve obrigar a concordar com o que quer que fosse sem que eu esteja seguro de uma certeza, já que minha vontade saberá resistir o que é falso, dirigindo minha atenção a experimentações necessárias até confirmá-la que realmente é verdade e fui enganado!

É tentar experimentar minha liberdade através do exercício da dúvida, é pôr à prova todo o pensamento humano tornando-o mais actualizado e objectivo possível.

Como tal, ainda que incomode, persisto na minha teimosia!

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CAPÍTULO II

RESPOSTA ÀS QUESTÕES LEVANTADAS PELOS COMPANHEIROS: CMDT. DAS FALINTIL XANANA

GUSMÃO, CHEFE DO CONSELHO KONIS SANTANA E SEC. DO CEL/FC KERI LARAN SABALAE EM TORNO

DO 1.º RELATÓRIO DO EMF

Os companheiros Chefe do Conselho e Sec. do CEL/FC ao levantarem ques-tões em torno do 1.º Relatório do EMF teorizaram em demasia, apresentando confusamente as questões como que estivessem falando para um estudante eva-dido recentemente das vilas, aliás copiaram em demasia a linguagem e o pen-samento do companheiro cmdt. das FALINTIL, Xanana Gusmão, pensando que com isso iria impressionar-me.

Não. Nunca me impressiona, de maneira nenhuma! Porque apesar das minhas limitações culturais e intelectuais não sou nenhum ingénuo. Estou empenhado na luta há precisamente 20 anos como qualquer teórico e intelectual timorense. Só isso já é matéria para atenção.

Porém, parto por afirmar que gostei imenso, pois veio ao encontro das minhas e nossas ideias – a necessidade de uniformizarmos as nossas ideias de acordo com a realidade da luta, solucionando-as; é vontade e desejo de cada um e todos ultrapassarmos a contradição simbolizada pelo empirismo e subjectivismo. E isso deve partir da vontade e iniciativa de cada um e todos apresentarmos questões e opiniões, bem como da abertura e disposição dos que sabem ensinar, comandar e dirigir com clareza e objectividade.

Por outro lado, estou tentando conhecer o valor dos debates – métodos, reac-ções individuais e colectivas, linguagem utilizada e capacidade individual de apreciação e interpretação, etc., etc. Extrairei e extrairemos lições para minha e nossa própria formação.

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Porém, alerto para a tendência de procurar refúgio (e isso tem sido uma prá-tica durante anos de guerra!), justificando que na guerra “não existe tempo para discussões” e assim poder utilizar excessivamente o mando individual em ques-tões que dizem respeito à maioria…; como que o tempo fosse a causa do prolon-gamento da guerra!!

Entretanto,

– Não se descobre no fim o que já existia no começo...!

– Frentes de Luta – Armada, Política/Clandestina e Diplomática;

– Para não dizer que copiamos, diria que são fórmulas universais válidas e adaptáveis por obrigatoriedade pelos Povos que lutam pela auto-determina-ção e independência sendo cada uma delas se concentra e distingue articu-lando os esforços dos componentes activos em busca de objectivos comple-mentares de um todo conjunto, criando condições para o desfecho da luta e coexistência entre os autores em questão.

E essa universalidade fora muito antes de nós observada, confirmada, docu-mentada, etc., pelos Povos cuja história se fizeram passar pelas lutas de liberta-ção!

Por conseguinte, não se pode considerá-las como uma descoberta dos inte-lectuais timorenses.

– Vias de solução e solução possível

Importa registar aqui três vias de solução para qualquer conflito internacional e nacional.

1. Solução Político/Diplomática – é uma solução cujo protagonizador é as Nações Unidas e conhecida pela fórmula – conciliação e confrontação – esta última quando se faz uso das votações da Assembleia-Geral das Na-ções Unidas.

2. Solução Política – é um método de pressão política praticável que a oposi-ção interna e os agredidos buscam e traduz-se na mobilização massal para os protestos pacíficos contra o governo ditatorial ou agressor estrangeiro instalado, forçando-o a fazer concessões ou pô-lo fora da governação.

3. Solução Militar – é outro método de solução confrontativo armado possível de solucionar diferendos de carácter político/militar. Porém na prática é

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CAPÍTULO VII

ORIENTAÇÕES COMPLEMENTARES

A. Para actividades políticasPor: Chefe do Estado-Maior das FALINTIL

– Medidas para responder à situação

1. Ajustar as estruturas da FC de forma a permitir-nos a exercer um contro-le eficaz e rigoroso, principalmente as direcções que respondem direc-tamente pela vida dos guerrilheiros. Portanto aquelas que dão refúgio, protecção e abastecimento.

2. Melhorar os trabalhos de contra-espionagem e identificar progressiva-mente todos os elementos/agentes in. disfarçados e declarados.

3. Melhorar o sigilo e organizar zonas de refúgio e abastecimento para res-ponder a situações de aperto in., principalmente nas direcções de vital importância.

4. Estudo permanente da situação militar in. e nossa, bem como das condi-ções políticas existentes, principalmente, a situação política dos nossos agentes, etc., etc., e manter os órgãos centralizadores sempre a par da evolução da situação política e militar em cada direcção, zonas e regiões do País.

5. É obrigatório possuírem todos “KTP” ou bilhete de identidade. Para isso é criar condições para que tal aconteça!

6. Intensificar e proliferar as actividades de contra-espionagem e propagan-da para contra-balançar as do in. no terreno da confrontação.

7. Mudança permanente das direcções de refúgio, abastecimento e traba-lho para evitar que sejamos localizados pelos agentes do in.

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8. Programar correctamente os trabalhos, seleccionar devidamente os ele-mentos coordenadores e comandar rigorosamente todos os movimentos e as actuações dos nossos agentes de forma a evitar que sejamos mano-brados pelos agentes in. (É de notar que a via de Baguia sob a direcção do cmdt. Xanana Gusmão fora até manobrado pelo in. durante quase 2, 3 anos ou mais, sem darmos conta disso!)

B. Orientações e medidas complementares para Região cruzeiro/ /aprovado pelo EMF e válidas para todo País

Por: Lú-Olo, vice-sec. do CDF e Riak L., sec. da Reg. 3

“…1. Sigilo sobre as condições políticas

a) Todos os grupos devem manter o maior sigilo (segredo) sobre as con-dições políticas da sua direcção (s), isto é, evitar fazer comentários sobre as mesmas e especificando elementos concretos; sigilo também sobre a localização exacta do grupo de guerrilha nesta ou naquela direcção concreta.

b) Todos os grupos devem lançar a propaganda contra a propaganda local do in.; informação e contra informação; mobilidade permanen-te; detectar a rede de espionagem in. e desbaratá-la; eliminando os espiões.

c) Para este efeito todos devem ter em boa conta as informações pres-tadas pelos nossos compatriotas sobre as tácticas do in., suas pro-pagandas e contra propagandas, etc…. Nada de minimizá-las logo; logo! Requere-se estudo e análise, antes de tudo. Para isso saber ouvir também.

d) Todos os grupos devem ter zonas de refúgio e de abastecimento orga-nizados. Cada grupo estudará a forma de escoamento de logístico e sua conservação nos stoks. É muito importante.

2. Sobre contactos com os da FC – maior centralização, isto é, com objec-tivos bem definidos.

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CAPÍTULO VIII

NOTA FINAL

No presente Relatório que segue, apesar de haver falhas e deficiências, penso ter já apresentado tudo quanto tenho para apresentar acerca do problema de condução do processo no Plano Interno da Luta.

A ver bem, no fundo, trata-se de questões de comando, análise do conjunto da situação militar, elaboração de planeamento, o balanço e o registo do desen-volvimento das actividades, etc., etc. Além disso, realça a necessidade de maior abertura e mudanças políticas e estruturais a serem observadas caso pretendemos acompanhar o desenvolvimento do Processo Político do País no terreno da con-frontação.

Doutro modo estaríamos somente a colocar entraves, o que cria confronto entre a realidade e o pensamento; ou melhor, entre a necessidade de mudanças e o espírito de conservatismo, etc.

A ser claro ainda, pretendo com isso demonstrar que existe diferenças e que necessita de acerto de posições e consensos. Aliás é um esforço de provocar convergência de preocupações à procura de maior clareza e objectividade no pensamento.

Não obstante, se as exigências forem apenas disparadas para os “ouvidos do mercador”, é sinal de que admitimos divergências!

Aí, nascerá essas duas situações: ou conformamos com os disparates ou agu-dizamos as divergências…!

É TUDO e OBRIGADO!

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CIDADANIA PARA ODESENVOLVIMENTO

Taur Matan Ruak

Discursos – 2.º Volume

Taur

Mata

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ISBN 978-989-99788-2-9

TIMOR

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9 789899 978829

SER LIVRE É SER CAPAZ DE DIZER NÃOSE

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“O presente relatório que se intitula Ser livre é ser capaz de dizer não foi escrito

em momentos cruciais de decisão na reorientação da luta no plano interno em

defesa dos altos interesses do Povo e da Nação Timorense: a conquista da sua

liberdade e da independência nacional.

A publicação deste relatório tem um papel importante para que os Timorenses

adquiram conhecimento sobre uma parte da história da resistência épica arma-

da. Houve esforços e debates na procura de soluções para os nossos problemas.

Isto requer a reformulação em termos mais correctos das estratégias militar,

política e clandestina, visando conduzir melhor nas três frentes da luta: Frente

Armada, Diplomática e Clandestina.

Este livro preserva a escrita do manuscrito original em Língua Portuguesa. É es-

sencial, pois, que se mantenha a forma original da escrita e as pontuações para

não alterar o seu sentido. Apenas é introduzido um novo título – Ser livre é ser

capaz de dizer não. Um relatório sobre o debate construtivo da nação – e os

capítulos são numerados para facilitar a leitura.”

Taur Matan Ruak, in Prefácio

Taur Matan Ruak

Presidente de Timor-Leste entre 2012 e 2017, guerrilheiro veterano, líder da Frente

Armada da Resistência Timorense e Chefe do Estado-Maior General das Falintil – Forças

de Defesa de Timor-Leste, de 2002 a 2011. Liderou a transformação da guerrilha numa

força militar convencional, crescentemente profissional e tecnicamente preparada.

Taur Matan Ruak é casado com a Dra. Isabel Ferreira, jurista e ativista na área dos

Direitos Humanos. O casal tem duas filhas, Lola e Tamarisa, e um filho, Quesadhip.