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Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa N”1006 11 FEVEREIRO 1999 100$ - 0,5 SOCIALISTA ~ Quem disse ? Governo Sociedade & País «O projecto da terceira via quer vender gato por lebre.» Alberto Martins Coliseu dos Recreios, 6 de Fevereiro Xanana com residŒncia fixa Rua Percetakan Negara VII, 47 Salemba - Jacarta Na manhª de ontem às 9h25 (2h25, hora de Lisboa), Xanana Gusmªo foi transferido para uma residŒncia fixa no centro de Jacarta, onde continuarÆ a cumprir em regime de prisªo domiciliÆria a sua pena de vinte anos de cadeia. Embora com mais privaci- dade, Xanana terÆ na mesma de con- tinuar a cumprir as regras prisionais, tendo que pedir autorizaçªo aos mili- tares indonØsios para receber visitas. Recorde-se que o líder da ResistŒncia Timorense, Xanana Gusmªo, que foi condenado, inicialmente, a prisªo per- pØtua na sequŒncia do julgamento fan- toche de 1993, veria a sua pena co- mutada, por Suharto, para 20 anos, reduzindo todos os anos uns meses como Ø, aliÆs, tradiçªo na IndonØsia. Segundo fonte do PalÆcio de BelØm o Presidente da Repœblica, Jorge Sampaio, terÆ falado na manhª de ontem ao telefone com Xanana Gusmªo. O líder histórico da ResistŒn- cia Timorense terÆ dito que «estava a receber o seu primeiro telefonema na nova casa». A nova residŒncia do presidente do Conselho Nacional da ResistŒncia Timorense (CNRT) Ø uma casa de um piso pertencente aos serviços de justi- ça do governo indonØsio, que se situa em frente ao muro da prisªo de Salemba, uma outra cadeia de Jacar- ta, a cerca de seis quilómetros de Cipinang. Muladi, ministro indonØsio da Justiça, que acompanhou Xanana Gusmªo ao interior da sua nova residŒncia, referiu às dezenas de jornalistas que acom- panharam a curta viagem de Xanana entre Cipinang e Salemba, que o ob- jectivo da transferŒncia do líder da ResistŒncia para uma casa era permi- tir que «ele participe mais activamente no processo de resoluçªo da questªo de Timor-Leste». Para Xanana Gusmªo, que saiu da prisªo a bordo de uma furgoneta pre- ta, tendo sido imediatamente rodeada por dezenas de jornalistas e timorenses que procuravam ver e ou- vir o líder histórico da resistŒncia timorense, este «Ø um dia especial para mim. Vou começar a trabalhar». Referindo-se às actuais conversaçıes tripartidas, Xanana afirmou que conti- nua a manter «total confiança» na po- siçªo de Portugal nas negociaçıes sobre a questªo de Timor-Leste. «A sua postura tem sido a que nós sempre esperÆmos e nós temos total confian- ça de que vai continuar assim, porque durante estes 23 anos tem vindo a desempenhar com vigor a sua mis- sªo», sublinhou Xanana Gusmªo. Rumo à maioria absoluta do diÆlogo e da tolerância O XI Congresso Nacional do PS, sÆbado e domingo no Coliseu dos Recreios, foi marcado por um clima de grande unidade. Depois de a liderança de António Guterres ter sido sufragada pelos militantes socialistas com 96,6 por cento dos votos, os mais de dois mil congressistas aprovaram por unanimidade a moçªo de estratØgia subscrita pelo secretÆrio-geral, bem como por larga maioria os documentos políticos dos camaradas Manuel Alegre e Pedro Jordªo, o mesmo tendo ainda acontecido no processo de reeleiçªo de Almeida Santos para o cargo de presidente do partido. Uma só lista concorreu à Comissªo Nacional do partido, que tambØm recebeu a aprovaçªo de uma esmagadora maioria de votos favorÆveis. Mas a grande novidade foi lançada pelo camarada António Guterres no œltimo dia do congresso: MÆrio Soares aceitou encabeçar a lista do PS para o Parlamento Europeu, o que deixou os partidos da aliança de direita em verdadeiro estado de choque. A secretÆria de Estado da Habitaçªo, Leonor Coutinho, sublinhou no dia 9 que hÆ uma inadequaçªo da oferta de habitaçªo à procura, com uma oferta relativamente baixa de pequenas tipologias destina- das às camadas mØdias- -baixas. Leonor Coutinho afirma HÆ uma inadequaçªo da oferta de habitaçªo à procura Política laboral Combate feroz às ilegalidades O Conselho de Ministros aprovou o novo regime de trabalho temporÆrio. A revisªo agora efectuada estava prevista no Acordo de Concertaçªo EstratØgica celebrado entre o Governo e os parceiros sociais, e tem com objecti- vos principais combater o exercício ilegal da actividade das empresas de trabalho temporÆrio, ajustar as situa- çıes em que pode haver recurso ao trabalho temporÆrio compatibilizando-as com a política de emprego.

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Page 1: Xanana com residŒncia fixa Rumo à maioria absoluta do … · Recorde-se que o líder da ResistŒncia Timorense, Xanana Gusmªo, que foi condenado, inicialmente, a prisªo per-pØtua

11 FEVEREIRO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA1

Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected]

Director Fernando de Sousa

Nº1006 11 FEVEREIRO 1999 100$ - 0,5

SOCIALISTA

~Quem disse ?

GovernoSociedade & País

«O projecto da terceiravia quer vender gato porlebre.»

Alberto MartinsColiseu dos Recreios,6 de Fevereiro

Xanana comresidência fixa

Rua PercetakanNegara VII, 47Salemba - Jacarta

Na manhã de ontem às 9h25 (2h25,hora de Lisboa), Xanana Gusmão foitransferido para uma residência fixa nocentro de Jacarta, onde continuará acumprir em regime de prisãodomiciliária a sua pena de vinte anosde cadeia. Embora com mais privaci-dade, Xanana terá na mesma de con-tinuar a cumprir as regras prisionais,tendo que pedir autorização aos mili-tares indonésios para receber visitas.Recorde-se que o líder da ResistênciaTimorense, Xanana Gusmão, que foicondenado, inicialmente, a prisão per-pétua na sequência do julgamento fan-toche de 1993, veria a sua pena co-mutada, por Suharto, para 20 anos,reduzindo todos os anos uns mesescomo é, aliás, tradição na Indonésia.Segundo fonte do Palácio de Belém oPresidente da República, JorgeSampaio, terá falado na manhã deontem ao telefone com XananaGusmão. O líder histórico da Resistên-cia Timorense terá dito que «estava areceber o seu primeiro telefonema nanova casa».A nova residência do presidente doConselho Nacional da ResistênciaTimorense (CNRT) é uma casa de umpiso pertencente aos serviços de justi-ça do governo indonésio, que se situaem frente ao muro da prisão deSalemba, uma outra cadeia de Jacar-ta, a cerca de seis quilómetros deCipinang.Muladi, ministro indonésio da Justiça,que acompanhou Xanana Gusmão aointerior da sua nova residência, referiuàs dezenas de jornalistas que acom-panharam a curta viagem de Xananaentre Cipinang e Salemba, que o ob-jectivo da transferência do líder daResistência para uma casa era permi-tir que «ele participe mais activamenteno processo de resolução da questãode Timor-Leste».Para Xanana Gusmão, que saiu daprisão a bordo de uma furgoneta pre-ta, tendo sido imediatamente rodeadapor dezenas de jornalistas etimorenses que procuravam ver e ou-vir o líder histórico da resistênciatimorense, este «é um dia especial paramim. Vou começar a trabalhar».Referindo-se às actuais conversaçõestripartidas, Xanana afirmou que conti-nua a manter «total confiança» na po-sição de Portugal nas negociaçõessobre a questão de Timor-Leste. «A suapostura tem sido a que nós sempreesperámos e nós temos total confian-ça de que vai continuar assim, porquedurante estes 23 anos tem vindo adesempenhar com vigor a sua mis-são», sublinhou Xanana Gusmão.

Rumo à maioria absolutado diálogo e da tolerânciaO XI Congresso Nacional do PS, sábado e domingo no Coliseu dos Recreios, foi marcado por um clima de grandeunidade. Depois de a liderança de António Guterres ter sido sufragada pelos militantes socialistas com 96,6 porcento dos votos, os mais de dois mil congressistas aprovaram por unanimidade a moção de estratégia subscritapelo secretário-geral, bem como por larga maioria os documentos políticos dos camaradas Manuel Alegre e PedroJordão, o mesmo tendo ainda acontecido no processo de reeleição de Almeida Santos para o cargo de presidentedo partido. Uma só lista concorreu à Comissão Nacional do partido, que também recebeu a aprovação de umaesmagadora maioria de votos favoráveis. Mas a grande novidade foi lançada pelo camarada António Guterres noúltimo dia do congresso: Mário Soares aceitou encabeçar a lista do PS para o Parlamento Europeu, o que deixou ospartidos da aliança de direita em verdadeiro estado de choque.

A secretária de Estado daHabitação, Leonor Coutinho,sublinhou no dia 9 que há umainadequação da oferta dehabitação à procura, com umaoferta relativamente baixa depequenas tipologias destina-das às camadas médias--baixas.

Leonor Coutinho afirmaHá uma inadequação

da oferta de habitação à procura

Política laboralCombate feroz às ilegalidades

O Conselho de Ministros aprovou onovo regime de trabalho temporário.A revisão agora efectuada estavaprevista no Acordo de ConcertaçãoEstratégica celebrado entre o Governo eos parceiros sociais, e tem com objecti-vos principais combater o exercícioilegal da actividade das empresas detrabalho temporário, ajustar as situa-ções em que pode haver recurso aotrabalho temporário compatibilizando-ascom a política de emprego.

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ACÇÃO SOCIALISTA 2 11 FEVEREIRO 1999

A SEMANA

EDITORIAL A DIRECÇÃO

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1981

SEMANA

IDENTIDADE SOCIALISTAUm suplemento com uma extensa entre-vista de Mário Soares ao saudoso «Por-tugal Hoje» era destaque na edição de 12de Fevereiro de 1981.Na entrevista conduzida pelo director domatutino, João Gomes, o então líder doPS, camarada Mário Soares, abordava osgrandes temas da actualidade nacional eda vida interna do partido.Mário Soares alertava que o povo portu-guês ia perceber «o que significa a direitano poder», acrescentando que o tempocorria a favor do PS.«A conjuntura está de novo a projectar oPS para o centro da actualidade nacio-nal, na medida em que há uma tomadade consciência colectiva de que sem umPS forte e coeso não é possível consoli-dar o regime democrático português»,afirmava.Sobre a vida interna do partido, sublinha-va que no interior do PS «há correntes ide-ológicas, cujas barreiras estão mal defi-nidas».Particularmente interessante nesta ediçãoera um artigo do camarada Raul Rego so-bre «a identidade socialista». J. C. C. B.

12 de Fevereiro

Quem disse?

«Marcelo Rebelo de Sousa nunca foi umhomem de convicções políticas muito se-guras e muito claras, e o único perfil polí-tico que se lhe pode traçar é o de um hábilmanobrador que sempre se moveu intei-ramente à vontade no território da direita,que para ele não tem segredos.»Alfredo Barroso

Rumo à Maioria AbsolutaO XI Congresso Nacional do Partido Socialista realizado no passado sábado edomingo, no Coliseu dos Recreios, decorreu num ambiente de festa que culmi-nou com o anúncio, por António Guterres, da aceitação do convite efectuado aMário Soares, para encabeçar a lista do PS ao Parlamento Europeu.Nas suas duas grandes intervenções que fez ao Congresso, António Guterres,reeleito secretário-geral com 96,6 por cento dos votos, deixou bem claro a recu-sa em fazer quaisquer alianças com outras forças políticas.Recordando as anteriores passagens do PS pelo Governo, em dificílimas condi-ções nas décadas de 70 e 80, com o país perto da bancarrota, António Guterresmostrou que «hoje, esse complexo e o mal-estar inerente aos socialistas no po-der está finalmente ultrapassado». Hoje, lembrou o secretário-geral, os socialis-tas já deixaram quatro marcas em Portugal que nos distinguem das outras forçaspolíticas: a aposta na Educação; a prioridade absoluta nas pessoas e no empre-go; o combate à pobreza; e a reforma do Estado-Providência.Neste capítulo, António Guterres garantiu que enquanto os socialistas estiveremno poder não haverá qualquer desresponsabilização do Estado relativamente aesta matéria, afastando, assim, por completo, qualquer intenção de destruir oEstado-Providência. «A nossa via é a de um contrato de solidariedade para aspróximas gerações, um novo sentido de responsabilidade entre os cidadãos e oEstado», frisou.Relativamente à estratégia política do Partido Socialista para as próximas elei-ções, Guterres sublinhou a conduta política interna do PS, marcada pelo diálogocom a sociedade civil, pela tolerância e pelos valores da solidariedade, comogarante para a maioria absoluta. «Só pode governar com maioria absoluta quemno seu interior pratique esta conduta», referiu.Para os próximos anos o secretário-geral do Partido Socialista definiu no seudiscurso de encerramento do Congresso, o combate ao desemprego, àtoxicodependência, o reforço da eficácia do Serviço Nacional de Saúde e amassificação no acesso às novas tecnologias de informação.

Reunião da Comissão NacionalA Comissão nacional do PS reúne hoje, dia 11, pelas 21 e 30, no Hotel Altis, em Lis-boa.Da ordem de trabalhos constam os seguintes pontos: eleição da Mesa da ComissãoNacional; eleição da Comissão Política Nacional; eleição do Secretariado Nacional;eleição do director do «Acção Socialista»; eleição do director do «Portugal Socialista»;marcação da próxima reunião da Comissão Nacional e análise da situação política.

Alargamento da UESeixas da Costa reúne com embaixadores dos PECO

O processo de alargamento da UniãoEuropeia foi um dos temas em destaqueno almoço que o secretário de Estados dosAssuntos Europeus, Seixas da Costa, teveno dia 5 com os embaixadores dos Paísesda Europa Central e Oriental (PECO).No almoço, que foi organizado pela em-

baixada da Hungria, esteve igualmente emdestaque a fase final das negociações daAgenda 2000 - cuja conclusão está previs-ta para finais de Março, num Conselho Eu-ropeu Extraordinário a realizar em Berlim -,bem como o possível lançamento da refor-ma institucional da EU ainda durante 1999.

Portugal e França trocam quotas de pesca

Portugal e França vão proceder a umatransferência de quotas de pesca para1999.Nos termos do acordo assinado entre osdois países, Portugal concederá à França5 008 toneladas de biqueirão para ser pes-

cado fora das águas portuguesas e 670toneladas de carapau na zona do AtlânticoNorte.Em contrapartida, a França cede a Portugal150 toneladas de cantarilho em águas daGroenlândia e 460 toneladas de pescada.

AveiroApolinário ouviu armadores

José Apolinário visitou recentemente Aveiropara dialogar com a Associação dos Arma-dores das Pescas (ADAPI).Segundo o membro do Governo, as cercade 40 reivindicações apresentadas pelos ar-madores têm as suas razões que estão a serestudadas e algumas terão respostas afirma-tivas.Para José Apolinário, «deve-se salvaguardar,preservar e defender aquilo que é hoje o nos-so segmento de pesca industrial, em vez denos preocuparmos em aumentar a sua di-mensão».«O quadro europeu é de negociação perma-nente e a posição de Portugal é de exigênciajunto da Comissão Europeia na elaboraçãode um estudo com os benefícios dos acor-

dos internacionais de pescas e no aproveita-mento das trocas bilaterais para garantir a uti-lização de novas quotas», afirmou JoséApolinário.A fábrica «Pascoal e Filhos» e um navio frigo-rífico foram locais visitados pelo secretário deEstado das Pescas, após o que se reuniucom os responsáveis da pesca longínqua.Pedro França, presidente da ADAPI, lembrouque nenhum país reduziu a frota como Por-tugal e a questão nada a ver com os recur-sos, mas sim com a forma como as negoci-ações têm sido feitas com os outros países.«Ao todo, temos na pesca longínqua 12 bar-cos, enquanto há meia dúzia de anos tínha-mos meia centena», afirmou o armador.

CARLOS DUARTE, correspondente em Ílhavo

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11 FEVEREIRO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA3

XI CONGRESSO

«Àqueles que na oposição de tudodizem mal, nós respondemos com onosso empenhamento firme para quehaja mais progresso e justiça social emPortugal.»António Guterres

«Nós indignamo-nos e não nosresignamos com o facto de que 1 300milhões de pessoas vivam com menosde um dólar.»Idem

«Nós indignamo-nos e não nosresignamos com o facto de que 20 porcento dos mais ricos do planetatenham 80 por cento dos bensmateriais que o mundo produz.»Idem

A nossa via aceita a economia demercado mas rejeita a sociedade demercado.»Idem

«Esta síntese não é a primeira, nem asegunda nem a terceira, nem a quartavia. Esta síntese é a nossa via, a via doPS.»Idem

«Hoje todos reconhecem que a nossapaixão pela educação, é uma paixãosem falhas e que não admite adultério.»Idem

«O combate à exclusão é o cerne dopensamento socialista moderno.»Idem

«A nossa via assenta em dois princípiosfundamentais: universalidade dosdireitos sociais e a discriminaçãopositiva apoiando mais os que maisnecessitam.»Idem

«Um Governo do PS e da Nova Maioria,mesmo com maioria absoluta, serásempre fiel aos valores do diálogo, datolerância e do respeito pelos outros.Quanto aos riscos, os portuguesesconhecem-me.»Idem

«A forma como nos comportamos nopartido é a forma como nos comporta-mos no País.»Idem

«Queremos um Portugal dos próspe-ros, desde que solidários.»Idem

«A saúde tem de ser um grandeobjectivo nacional. Não pode ser umcampo de batalha assumida a troco delógicas corporativas.»Idem

«Se o PS e a Nova Maioria vierem a tera maioria absoluta, devemos fazer umesforço reforçado de diálogo porqueninguém tem a verdade absoluta.»Idem

RUMO À MAIORIA ABSOLUTADO DIÁLOGO E DA TOLERÂNCIA

COLISEU DOS RECREIOS Congresso em clima de grande unidade

O XI Congresso Nacional do PS, sábado e domingo no Coliseu dosRecreios, foi marcado por um clima de grande unidade. Depois de aliderança de António Guterres ter sido sufragada pelos militantessocialistas com 96,6 por cento dos votos, os mais de dois milcongressistas aprovaram por unanimidade a moção de estratégiasubscrita pelo secretário-geral, bem como por larga maioria osdocumentos políticos dos camaradas Manuel Alegre e Pedro Jordão,o mesmo tendo ainda acontecido no processo de reeleição de AlmeidaSantos para o cargo de presidente do partido. Uma só lista concorreu àComissão Nacional do partido, que também recebeu a aprovação de umaesmagadora maioria de votos favoráveis. Mas a grande novidade foilançada pelo camarada António Guterres no último dia do congresso:Mário Soares aceitou encabeçar a lista do PS para o Parlamento Europeu,o que deixou os partidos da aliança de direita em verdadeiro estado dechoque. Ao nível da estratégia política, o congresso ficou marcado por umconsenso sobre a recusa de quaisquer alianças com outras forçaspolíticas. Os socialistas enfrentarão sozinhos as próximas batalhaseleitorais. Por outro lado, o secretário-geral do PS assegurou que, se opartido vier a merecer a confiança de uma maioria absoluta deportugueses, o Governo fará ainda um esforço renovado de tolerância, deabertura e de diálogo junto da sociedade civil. Valores que já sãoabundantemente praticados a nível interno partidário e que constituemuma garantia daquilo que será praticado no exercício do poder político nosprimeiros anos do século XXI.

primeira intervenção de AntónioGuterres, no sábado, durante oXI Congresso Nacional do PS,foi destinada a apresentar a

moção de estratégia «A nossa via � umarelação de confiança com os portugueses»,que seria aprovada pelos delegados porunanimidade. Em cerca de 45 minutos dediscurso, o secretário-geral deixou bem cla-ra a recusa dos socialistas em fazeremqualquer acordo político global com forçasda oposição, ficando assente que o PSconcorrerá sozinho nas próximas eleiçõeslegislativas.As primeiras palavra do líder do partido, noentanto, destinaram-se a saudar Mário So-ares e o Presidente da República, JorgeSampaio, esclarecendo em seguida que seapresentava ao congresso com a humilda-de de quem sabe que tem de prestar con-tas perante os militantes. «Faço isto com aconsciência tranquila de quem sabe quedeu tudo o que podia pelo PS e por Portu-gal», comentou.

XI Congresso dixit

A

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ACÇÃO SOCIALISTA 4 11 FEVEREIRO 1999

XI CONGRESSO

Depois de lembrar que a maior vitória doPS ocorreu nas eleições legislativas de1995, condenou as forças políticas portu-guesas que «só sabem destruir, ou dizermal das medidas que se tomam. Peranteos que só sabem falar mal, respondemos

com trabalho. Não estamos no Governopela ambição do poder, nem para assegu-rar a sobrevivência política seja de quemfor. Estamos na política em nome de umprojecto para Portugal, para a Europa epara o mundo», disse, recebendo a primei-

ra grande ovação dos mais de 2000 dele-gados socialistas presentes no Coliseu dosRecreios, em Lisboa.Apesar de o primeiro-ministro ter a consci-ência tranquila face aos bons resultadosregistados nos últimos três anos e meio,todavia, fez questão de realçar que, comosocialista, continua insatisfeito com a reali-dade do mundo em que vivemos.«Não nos podemos resignar com 1300 mi-lhões que vivem com menos de um dólarpor dia, com o facto de os 20 por centomais ricos do mundo possuírem 86 porcento dos bens materiais. Indigna-nosquando é possível que existam 358 pes-soas que tenham rendimentos superioresa 45 por cento da população do planeta»,lamentou António Guterres.

Combater os egoísmos nacionais

A alternativa a este mundo de desigualda-

des e de injustiça social, segundo o primei-ro-ministro, «passa pela existência de umanova arquitectura universal, uma nova res-ponsabilidade colectiva para criar factoresde equilíbrio num sistema multipolar e nãoonde só haja uma única potência. A pri-meira questão à escala universal, que nãose pode responder unicamente ao nívelnacional, é regular a economia», evitandoque a globalização seja sinónimo de po-breza e de injustiça». Apostar na criação ereforço de blocos regionais fortes (e nãomeros espaços de comércio livre), reformaro sistema das Nações Unidas através dacriação de um Conselho de SegurançaEconómico, reformar as instituições deBretton Woods (o Banco Mundial e o Fun-do Monetário Internacional) foram algumasdas ideias avançadas por António Guterres.Ao nível europeu, o secretário-geral socia-lista também foi claro em mostrar a sua in-satisfação perante a perspectiva de ser umgigante económico «e um anão político»,ou que seja caracterizada pelos nefastosegoísmos nacionais. «Combater a expres-são desses egoísmos nacionais é a primei-ra prioridade do Governo português. So-mos pela Europa social e do emprego,defendemos a coordenação de políticaeconómicas para haver um crescimentosustentado», esclareceu.Já no que respeita à análise sobre a reali-dade nacional, António Guterres começoupor lembrar as difíceis condições em quepor duas vezes, na década de 70 e de 80,os socialistas exerceram o Governo emPortugal. Receberam um país perto da ban-carrota , o que os obrigou a seguirem aspolíticas do Fundo Monetário Internacional.«Hoje, esse complexo e o mal-estar inerenteaos socialistas no exercício do poder estáfinalmente ultrapassado», proclamou o se-cretário-geral do PS.Com a terceira chegada do PS ao poder,finalmente, foi possível deixar a marcassocialistas no país. De acordo com AntónioGuterres, foi efectuada uma síntese de po-líticas «que não são a primeira, a segunda,a terceira ou a quarta via. Temos a nossavia, a via do PS, pioneira na Europa».

As marcas socialistas em Portugal

Para o primeiro-ministro, os socialistas jádeixaram em Portugal quatro marcas queos distinguem de outras forças políticas: aaposta decisiva na Educação; a priorida-de absoluta às pessoas e ao emprego; ocombate à pobreza; e o sentido das refor-mas do Estado de Providência. Se a apos-

Quota femininaAlargada composição de órgãosnacionaisO XI Congresso do PS aprovou por aclamação, no passado dia 6, em Lisboa, umaalteração aos estatutos do partido que alarga a composição das comissões Nacionale Política, por proposta do secretário-geral, António Guterres.A Comissão Nacional passa dos actuais 201 para 261 membros efectivos.A Comissão Política é alargada de 61 para 76 membros.Na base deste alargamento está a disposição estatutária de incluir nos órgãos nacio-nais do Partido uma quota de 25 por cento de mulheres.

PS cumpre paridadenos cargos políticosNa sequência do XI Congresso Nacional do PS, o partido vai cumprir integralmente aregra de colocar 25 por cento de mulheres em todos os órgãos políticos. Na novaComissão Nacional do partido, eleita domingo passado, entre os 261 elementos efec-tivos, constam 79 mulheres, cerca de 30 por cento do total. Percentagens de mulhe-res quase idênticas estendem-se à Comissão Nacional de Jurisdição e à ComissãoNacional de Fiscalização Económica.Com este exemplo, em termos de promoção da igualdade na participação na vidapolítica, o PS prova a sua coerência no apoio que dá à proposta de lei do Governopara o reforço da paridade, a qual pretende obrigar todas as forças partidárias a pre-encherem com mulheres pelo menos 25 por cento dos lugares em listas para o Parla-mento Europeu e a para a Assembleia da República.Logo na sessão de abertura do congresso, foi apresentada uma proposta de altera-ção estatutária no sentido de a Comissão Nacional do PS ser alargada de 201 para261 membros efectivos. No mesmo sentido, também foi formalizada a intenção de aComissão Política passar de 61 para 76 membros efectivos. Estas propostas foramaprovadas por unanimidade.Na véspera do congresso se iniciar, sexta-feira, no Hotel Altis, os presidentes dascomissões políticas federativas fizeram uma sugestão semelhante à direcção do par-tido. A posição foi divulgada por Rui Soalheiro, presidente do PS/Viana do Castelo,num encontro em que também foram homenageadas as acções políticas desenvolvi-das pelo camarada Jorge Coelho e António José Seguro ao longo dos últimos anos.Quanto à eleição da lista única para a Comissão Nacional do PS, de referir que rece-beu 1590 votos a favor, 20 contra e 32 brancos. A Comissão de Jurisdição foi eleitacom 1420 votos favoráveis, 56 contra e 71 brancos. Finalmente, a proposta de equipapara a Comissão Financeira obteve 141 votos a favor, 46 contra e 52 brancos.

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XI CONGRESSO

ta na educação visou sobretudo combateras desigualdades (que de outro modo setransmitiriam e agravariam de geração emgeração), no capítulo do emprego, houveuma redução da taxa de pessoas sem ocu-pação em 24 meses consecutivos. Paraimpedir que se alargasse o fosse entrepobres e ricos, colocou-se em marcha orendimento mínimo garantido. «O comba-te à pobreza é o que me dá ânimo parafazer o que faço na vida política e aquiloque me tem motivado para continuar a exer-cer as funções de primeiro-ministro, seessa for a vontade primeiro dos militantessocialistas e se depois merecer também aconfiança dos portugueses», salientou, re-cebendo nova salva de palmas.Quanto ao Estado-Providência, AntónioGuterres reconheceu que há correntes deopinião que o desejam destruir. «Não o per-mitiremos», garantiu. Enquanto o Governosocialista estiver em funções, nunca seaceitará qualquer desresponsabilização doEstado. «A nossa via é a de um contratode solidariedade para as próximas gera-ções, um novo sentido de responsabilida-de entre os cidadãos e o Estado», frisou oprimeiro-ministro. Para futuro, o PS conti-nuará a não abdicar da defesa dos princí-pios da universalidade do sistema e da di-ferenciação positiva na aplicação de me-didas. «É injusto tratar igualmente aquiloque é desigual», justificou António Guterres.«Só este PS, no Governo, pode garantir apreservação do Estado-Providência, a con-tinuação de políticas de crescimento eco-nómico sustentado e a existência de umamplo consenso social no País», assim fi-nalizou o líder socialista a sua primeira in-tervenção no congresso.

Objectivos nas eleições legislativas

Já no discurso de encerramento, no domin-go, o secretário-geral do PS clarificou a es-

tratégia do partido face às eleiçõeslegislativas deste ano. Partindo da práticainterna do PS marcada pela tolerância emrelação a diferentes valores, pela aberturaa outras ideias e pelo diálogo com a socie-dade civil, o camarada António Guterres su-blinhou que «só pode governar com maio-ria absoluta quem no seu interior pratique

esta conduta». Como exemplo, serviu-seainda do facto de ter sido eleito secretário-geral «com uma maioria absolutamente ine-quívoca, com 96,6 por cento dos votos», enem por isso o seu comportamento se al-

terou perante os militantes. «A forma comonos comportamos no partido é a formacomo nos comportaremos no país», pro-meteu.Nas próximas eleições legislativas, segun-

SoaresUma voz de Portugalna União EuropeiaUm dos principais momentos do XI Congresso Nacional do PS aconteceu no domin-go, quando o camarada António Guterres pediu a palavra para comunicar aos con-gressistas que o ex-Presidente da República e fundador do partido, Mário Soares,aceitara presidir à lista do PS concorrente às próximas eleições europeias. De imedia-to, mais de dois mil congressistas explodiram de alegria.«É indispensável ter nas instituições europeias homens e mulheres que sejam figurasde referência do projecto europeu», justificou o secretário-geral do partido. AntónioGuterres lembrou que «a Europa está no coração de todos os socialistas» e defendeuque, «num momento em que Portugal enfrenta a sua mais difícil negociação na UniãoEuropeia, o País deverá ter nestas instâncias figuras de referência do projecto euro-peu. É com enorme orgulho e satisfação que anuncio que Mário Soares aceitou enca-beçar a lista do PS para o Parlamento Europeu», acentuou o líder socialista, receben-do logo a seguir uma enorme ovação dos delegados presentes no Coliseu dos Re-creios.Já com o congresso terminado, António Guterres classificou a candidatura de MárioSoares ao Parlamento Europeu «como um verdadeiro momento de projecção nacio-nal. Estou profundamente orgulhoso e satisfeito. A candidatura de Mário Soares émuito mais do que uma candidatura partidária, é um verdadeiro momento de projec-ção nacional», acrescentou o secretário-geral.«Mário Soares será uma voz de Portugal na Europa e um factor fundamental para quea Europa possa encontrar o caminho da solidariedade e da União Política», concluiu oprimeiro-ministro.

PSD E PP desmarcaram-seA aliança de direitae a mercearia na políticaEm menos de 24 horas, os líderes da aliança de direita, constituída pelo PSD e pelo PP,entenderam-se naquilo que pretendiam esconder aos portugueses e que afinal é o seuúnico objectivo: a repartição de lugares políticos, ou seja, as questões de mercearia.Como lembrou o coordenador da Comissão Permanente do PS, António José Seguro,segunda-feira passada, «os partidos da aliança de direita não conseguiram esconderaos portugueses aquilo que realmente lhes interessa e preocupa». Na sequência doanúncio de Mário Soares como cabeça-de-lista do PS nas eleições para o ParlamentoEuropeu, domingo passado, em pleno congresso, os líderes da AD reuniram-se e, rapi-damente, procederam à distribuição de lugares na lista.No entanto, acrescentou António José Seguro, esses mesmos partidos «levaram sema-nas para apresentarem um projecto para a Europa».Como curiosidade do início da presente semana, ainda em relação ao PSD e ao PP, ocoordenador da Comissão Permanente do PS apontou o facto de Paulo Portas ter pas-sado em escassos dias de potencial «número um» na corrida a Estrasburgo para oterceiro lugar de uma lista, que será encabeçada por Leonor Beleza, seguida de Mar-ques Mendes.Comentando a escolha de Leonor Beleza, António José Seguro começou por afirmarque o PS «respeita as opções tomadas por outros partidos». Já quanto à figura da ex-ministra da Saúde de Cavaco Silva, o dirigente socialista comentou que «dá garantias deque a pré-campanha e a campanha eleitoral para as europeias, decorrerão com eleva-ção e com grande dignidade».Disse, ainda, que Mário Soares, cabeça-de-lista do PS para as eleições europeias, éuma aposta no reforço do peso nacional entre os «Quinze» Estados-membros, bemcomo a garantia de que o projecto social e político europeu terá um grande defensor emEstrasburgo.

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ACÇÃO SOCIALISTA 6 11 FEVEREIRO 1999

do o primeiro-ministro, «a única coisa queo PS deve pedir é a confiança de cadacidadão, porque a continuidade do seuGoverno é o melhor para Portugal. A úni-ca questão que está verdadeiramente emjogo é saber se os portugueses querem oPS, comigo como primeiro-ministro, ou seeste Governo deve ser substituído poroutro dirigido pelos doutores Marcelo Re-belo de Sousa e Paulo Portas», declarou.Depois, manifestou a sua opinião pessoalde que um resultado de maioria absolutatem duas vantagens e um inconveniente,que é a possibilidade de um Governo exer-cer o poder com arrogância, abusando dopoder. No entanto, a prática interna do PS éa melhor garantia que isso não sucederá.Já quanto às vantagens, António Guterresdefendeu que uma maioria absoluta confe-re maior eficácia e estabilidade ao País. «E,nos próximos anos, as oposições já deramsinais de poderem criar maiores obstácu-los e Portugal enfrenta desafios para osquais a estabilidade é essencial. «Portugalprecisa de estabilidade. E o PS é o únicoreferencial de estabilidade na vida políticaportuguesa», observou o chefe do Gover-no.O PSD e o PP coligados, ainda de acordocom António Guterres, «têm revelado gran-de imprevisibilidade». O PCP, por seu turno,«não é um instrumento útil para combater adireita».

Programa político até 2003

Para os próximos anos, caso o PS perma-neça no Governo, ao nível do emprego, oobjectivo é que, em 2001, nenhum jovemdesempregado possa ficar sem qualquerproposta de formação profissional por maisde seis meses consecutivos. Esse prazopara os mais idosos é de um ano. Por outro

lado, até 2003, o Executivo tenciona que dezpor cento da população activa se encontreinserida em actividades de formação conti-nua. «Não estamos a dormir sobre os lou-ros», disse António Guterres em referênciaao facto de a taxa de desemprego continu-ar a baixar sistematicamente em Portugal.

Também para os toxicodependentes que selibertem do consumo de drogas, o Governotem preparada uma bolsa de empregospara reinserção social.Na área do Serviço Nacional de Saúde(SNS), de acordo com as metas traçadaspelo primeiro-ministro, o Governo terá qua-

tro princípios essenciais: conservar a res-ponsabilidade do Estado na cobertura dosriscos de saúde; reforçar a humanização eeficácia do SNS, separando o tratamento doseu financiamento; caminhar progressiva-mente para a dedicação exclusiva, ligandoas remunerações à produtividade; permitira associação do privado, mas com base emregras claras de separação de águas, evi-tando a promiscuidade que tem desnatadoo SNS. Como objectivos estratégicos, paraos próximos anos, as apostas residirão noreforço dos investimentos para prevençãoda doença, melhorar a rapidez de acessoaos serviços de urgência, garantir a quali-dade na prestação de serviços e qualificare dignificar os profissionais de saúde, em-bora recusando lógicas de corporativismo.Outro objectivo estratégico do Executivosocialista será a massificação e a democra-tização no acesso às tecnologias de infor-mação, alargando a instalação de compu-tadores com a Internet às escolas, à Admi-nistração Pública e às famílias. Para o efei-to, serão também multiplicados por mil oactual número de conteúdos em portugu-ês.«A pobreza mais grave daqui a 20 anos ex-primir-se-á pela ausência de acesso às so-ciedades de informação, sendo, por isso,esta área, uma grande prioridade nacional»,afirmou António Guterres.As apostas do Governo dirigir-se-ão igual-mente para a requalificação das áreas me-tropolitanas, para a protecção da paisagemdo mundo rural e por novos investimentosem infra-estruturas e em info-estruturas, demodo a tornar Portugal na mais modernaplataforma atlântica do século XXI e permitirno espaço de uma geração que os portu-gueses atinjam o nível de vida médio dospaíses da União Europeia.

XI CONGRESSO

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11 FEVEREIRO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA7

XI CONGRESSO

PELO ABANARDAS CONSCIÊNCIAS...

MANUEL ALEGRE Falar foi mesmo preciso

«Se a tua moção tivesse sido o teudiscurso de hoje, eu e oscamaradas que me acompanhamter-nos-íamos dispensado deapresentar a moção. Não é que atua moção seja má. É que o teudiscurso foi muito melhor.»

oi com estas palavras de reco-nhecimento dirigidas ao secre-tário-geral do PS, AntónioGuterres, que o camarada Ma-

nuel Alegre iniciou, no passado dia 6, noColiseu dos Recreios de Lisboa, a sua in-tervenção para apresentar a moção ao XICongresso do Partido Socialista intitulada«Falar é Preciso».Assim, Alegre esclareceu desde o come-ço que o carácter do seu documento «écomplementar» e não alternativo ao da di-recção do Partido.Recebido com uma entusiástica salva depalmas dos congressistas que enchiam oColiseu, o vice-presidente da Assembleiada República fez um discurso sobretudodirigido às bases, aos seus «amigos, com-panheiros e camaradas» do PS.Sublinhando que por razões de justiça «épreciso enterrar a expressão No jobs for the

boys», usada por Guterres na primeira reu-nião da Comissão Nacional do PS, em1995, após a vitória nas últimas legislativas.«O PS não tem boys. É um Partido de cida-dãos que durante dez anos resistiram sempedir jobs a ninguém. Eles foram discrimi-nados, perseguidos, mas levaram o PS aoGoverno por amor à camisola», explicou.Entrando nos principais pontos que cons-tam da sua moção política, o deputadosocialista de Coimbra deixou aos seus ca-maradas congressistas um apelo: «É pre-ciso falar sempre. Nas secções, nasconcelhias. Falar sem medo. É aí que estáa alma, a força e a razão do PS.»É também num contexto mais amplo dediálogo permanente que o histórico do Par-tido Socialista manifestou a sua convicçãona necessidade de «normalizar» as relaçõescom o PCP.É preciso, pois, «um novo diálogo entre asforças de esquerda», afirmou.Recusando o rótulo de «poeta dissidente»e afirmando estar farto de censuras, o ca-marada Manuel Alegre recuou três déca-das, lembrando factos que marcaram o seupassado e que o levaram a definir-se como«a voz do futuro no passado».Trouxe então à memória que, em 1968, naRádio Voz de Argel, não hesitou em ser o

primeiro a condenar a intervenção do Pac-to de Varsóvia na Checoslováquia.Alegre lembrou ainda ter estado ao lado deMário Soares no I Congresso Nacional doPS, em 1974, em defesa da autonomia doPartido.«Foi aí que começou a modernidade do PS,que venceu depois nas ruas e nas urnas»,acrescentou.Mas, segundo o dirigente histórico socia-lista, «os tempos hoje são outros», sendoagora essencial «o diálogo entra as forçasde esquerda».Após ter saudado os capitães de Abril, quepermitiram ao PS, há 25 anos, «sair da clan-destinidade», o camarada Manuel Alegrejustificou a apresentação da sua moçãotambém pela necessidade «abanar as al-mas e sacudir os conformismos».«Não venho estragar a festa, mas tambémnão sou o animador cultural do congres-so», frisou, antes de deixar o recado sobrequão pouco lhe interessam as questõesrelacionadas com os lugares em órgãospolíticos do Partido.«A mercearia não me interessa, as convic-ções não são negociáveis», declarou altoe bom som, depois de observar quefenómenos como «o carreirismo e o con-formismo são sempre maiores nos parti-

«Há agora uma nova esquerda queapregoa os dogmas neoliberais epretende destruir o Estado-Providên-cia.»Manuel Alegre

«O neoliberalismo não é o fim dahistória.»Idem

«O modelo neoliberal com uma mãooferece a exclusão e com a outraoferece a caridade.»Idem

«Num país como o nosso, o Estadotem de preservar os direitos sociais epolíticos dos cidadãos.»Idem

«Foi como partido de militantes que oPS venceu a batalha da democracia.»Idem

«Não venho estragar a festa, mastambém não sou o animador culturaldo congresso.»Idem

«Não sou candidato a nada. Essa éuma das dificuldades que têmcomigo: a mercearia política não meinteressa.»Idem

«Não temos pensamento único. Era oque faltava no PS.»Idem

«No PS, nunca ninguém serádespedido como foi o secretário-geraldo PSD, por cartão, nem nunca umAlberto João Jardim mandará calaralguém.»Idem

«A consciência crítica do PS são osseus militantes.»Idem

«Eu fui das primeiras vozes daesquerda a condenar em 1968 ainvasão da Checoslováquia.»Idem

«É necessário criar um imposto sobreas riquezas como existe noutrospaíses.»Idem

«Muita gente foge dos partidos. É umgrave problema que temos deenfrentar.»Idem

XI Congresso dixit

F

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ACÇÃO SOCIALISTA 8 11 FEVEREIRO 1999

«O projecto da terceira via quervender gato por lebre.»Alberto Martins

«Os que pagam de menos (impos-tos), são os que enriquecem demais.»Idem

«Queremos uma maioria absoluta-mente inequívoca.»António Vitorino

«Não somos como outros que fazemcongressos para apagar pedaços dasua história.»Idem

«É justo que evoquemos camaradasque foram exemplo para todos nós egrandes figuras do socialismo e dorepublicanismo.»Pedro Coelho

«Sou o socialista que apresenta maismoções ao partido e ao País.»Almeida Santos

«Só há verdadeiras vitórias, quandoelas são baseadas nos nossosvalores.»Fernando Gomes

«Queremos um governo que governeà esquerda.»Fernando Pereira Marques

«É para as pessoas de menoresrendimentos que estamosa trabalhar.»Pina Moura

«Tenho a certeza que vou continuar aser deputado, porque isto agora éimparável.»Manuel Jerónimo (Manuel 25)

«Não se sentem à sombra dalaranjeira.»Tino de Rãs

dos que estão no poder».«Nem estalinismo com o Partido a coman-dar o Governo, nem o Governo a usar oPartido como um mero instrumento decampanha», proclamou o camarada Ma-nuel Alegre.

Há uma nova esquerdaque apregoa dogmas neoliberais!

O vice-presidente do Parlamento voltou aser ovacionado pelas bases do PS quan-do tentou traçar diferenças de atitude e depolíticas face ao PSD.«No PS, nunca ninguém será despedidocomo o foi o secretário-geral do PSD, porcartão, nem nunca um Alberto João Jardimmandará calar alguém. Temos para com oPSD uma diferença de identidade», frisou.Outra parte da intervenção do deputadosocialista foi centrada numa defesa intran-sigente do papel do Estado perante a lógi-ca de mercado, e num cerrado ataque aosvalores próprios do modelo neoliberal -«que com uma mão oferece a exclusão ecom a outra a caridade» -, da lógica dopensamento único, das teses do fim da his-tória com a conquista universal e definitivado sistema de mercado.Patente nas palavras do camarada ManuelAlegre ficou, assim, um alerta. «Há agorauma nova esquerda que apregoa osdogmas neoliberais e pretende destruir oEstado-Providência», exclamou.«Num país como o nosso, o Estado tem depreservar os direitos sociais e políticos doscidadãos», defendeu o deputado do PS, queapelou ao Governo socialista para que crieum imposto sobre as grandes fortunas, quepromova uma reforma fiscal e que agrave atributação daqueles que fogem ao fisco.

Em relação aos futuros embates eleitoraiscom a Alternativa Democrática (AD), Manu-el Alegre mostrou-se confiante num óbvioexercício matemático.Afinal, os portugueses sabem que «Marce-lo e Portas somados dão menos que um (-1), porque ambos velem menos do que ocamarada Guterres».Porém, perante uma sala cheia e atenta àssuas palavras, Alegre recomendou «humil-dade democrática» aos militantes socialis-

João Soares na abertura do CongressoA vitória do PS é certaApós o camarada Almeida Santos ter sido reeleito presidente do partido por esmaga-dora maioria (com 1215 votos entre 1253 delegados ao congresso), o primeiro discur-so do XI Congresso Nacional do PS, no Coliseu dos Recreios, coube ao anfitrião, opresidente da Câmara de Lisboa, João Soares, que, por várias vezes, foi longamenteaplaudido.João Soares começou por saudar «os amigos, companheiros e camaradas» presen-tes no congresso. E, citando o poeta Manuel Alegre, elogiou depois o trabalho deAntónio Guterres à frente do partido. «O PS voltou a ser, graças ao seu líder e ao nossopovo, o maior partido português. E vai continuar a sê-lo», afirmou o presidente daCâmara de Lisboa. «Quanto mais a luta aquece mais forte é o PS», declarou ainda odirigente socialista, vaticinando que o partido sairá das próximas batalhas eleitoraiscomo «claro vencedor».Jorge Coelho, presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS,apresentou como grande adversário do partido e do Governo «o subdesenvolvimen-to». Agradeceu a António Guterres por ter preferido ficar em Portugal a liderar o PS e opartido, numa referência aos constantes convites que o primeiro-ministro tem recebi-do para presidir à Comissão Europeia.Já o PS seria caracterizado como um partido que «nunca virou a cara à luta», traçandodepois um paralelismo entre os socialistas portugueses e o resistente timorense XananaGusmão, «símbolo da persistência, vontade e determinação». Após estas palavras docamarada Jorge Coelho, os congressistas aplaudiram de pé o seu discurso.

tas, uma vez que, na sua opinião, essa «anossa maior arma e a nossa maior força».O vice-presidente da Assembleia da Repú-blica terminou o seu discurso, citando Sartre,com um emotivo apelo aos jovens socialis-tas: «Não tenham medo de agarrar a Lua,porque nós precisamos dela. Não tenhammedo de ousar o impossível.»A sala do Coliseu levantou-se em sentidaovação. O camarada Manuel Alegre tinhadito.

XI Congresso dixit

XI CONGRESSO

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11 FEVEREIRO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA9

FLASHES

TITO DE MORAIS ENVIA MENSAGEMAO CONGRESSO

XI CONGRESSO

Fundador do PS e referência moral e cívicade todos os socialistas, o camarada Manu-el Tito de Morais fez questão de estar pre-sente no Coliseu no primeiro dia de traba-lhos, recebendo de pé uma monumentalsalva de palmas de todos os delegados econvidados presentes.No segundo dia de trabalhos da reunião

magna dos socialistas, o camarada ManuelTito de Morais enviou uma mensagem quefoi lida pelo camarada Almeida Santos quenão conseguia esconder a sua emoção.Na missiva, o presidente honorário do PSlembrava que os princípios socialistas «nãopodem ser abandonados, ainda que o PSseja governo».

TERCEIRA VIA? NÃO, OBRIGADO!Ao longo da reunião magna dos socialis-tas foi patente nas diversas intervençõesa rejeição liminar da chamada Terceira Via.Definitivamente, os socialistas portugue-ses não se deixam seduzir pela tão emvoga, pós-moderna e «very british» TerceiraVia, uma espécie de l iberal ismohumanista.O PS já tem, desde 1973, a sua via, que,

adaptando-se ao longo dos tempos às di-versas mutações nacionais e internacio-nais, sempre soube estar à altura dos di-versos e complexos desafios que lhe fo-ram colocados.Recorde-se que já na última Convenção doPS os delegados tinham rejeitado veemen-temente um documento que fazia a apolo-gia do pós-modernismo.

ALMEIDA SANTOS REELEITOPRESIDENTE DO PARTIDO

O camarada Almeida Santos foi reeleitopresidente do PS, no primeiro dia de tra-balhos da reunião magna dos socialistasno Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

Vinte delegados votaram em branco, 12 vo-tos foram nulos e seis contra a reeleiçãodo camarada Almeida santos como presi-dente do PS.

PEDRO COELHO EVOCA GRANDESFIGURAS DO SOCIALISMO

Momento alto, pelo seu simbolismo, foi abreve mas sentida intervenção do camara-da Pedro Coelho, co-fundador do PS e re-sistente antifascista, ao evocar as grandesfiguras do socialismo e do republicanismoque já não estão entre nós.De Jorge Campinos a António Macedo, pas-

sando por Salgado Zenha, Fernando Oneto,Cal Brandão, foram dezenas as figuras ím-pares de democratas e socialistas recorda-das pelo camarada Pedro Coelho e quecontinuam a ser uma referênciaincontornável e um exemplo para todos osmilitantes do PS, um partido com memória.

CAMARADA TINO LEVACOLISEU AO RUBRO

Vitorino Silva, mais conhecido por Tino, é ojovem presidente da Junta de Freguesia deRans (Penafiel) que recebeu, no dia 6, noColiseu dos Recreios de Lisboa, uma dasmaiores ovações do XI Congresso Nacionaldo PS, depois de «ensinar» os delegadoscomo, de uma base de 12 por cento, se al-cança mais de 80 por cento dos votos.«Não durmam à sombra da laranjeira», ape-lou o camarada Tino (assim designado porAlmeida Santos), aplaudido sistematicamen-te não só pelos delegados como pelos maisaltos dirigentes socialistas, a começar porAntónio Guterres.Tino Silva pôs o Coliseu dos Recreios de Lis-boa de muito bom humor, ao explicar comose conquistam votos, merecendo mesmo da

benevolência do presidente do partido e doCongresso, Almeida Santos, que admitiu queos três minutos destinados aos oradores seprolongassem por mais do dobro do tempo.O jovem presidente da Junta empolgou aplateia quando recordou que é «socialista dotempo do cavaquistão» e pediu depois uma«maioria absolutíssima» para o PS nas próxi-mas eleições legislativas.Nem a sua adversidade «às quotas e aoscotas» diminuiu o calor dos aplausos da sala.No final da intervenção, o jovem presidenteda Junta de Rans, abraçou calorosamente osecretário-geral do PS, o camarada AntónioGuterres, que fez questão de o cumprimen-tar de pé, recebendo um prolongado aplau-so dos congressistas.

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GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 28 de Janeiro

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - O secre-tário de Estado da Administração Pública eModernização Administrativa, Fausto Cor-reia, anunciou, no dia 4, em Coimbra, a cri-ação em breve de uma bolsa de empregona função pública para cidadãos portado-res de deficiência.«Até à próxima legislatura será consagrado,em diploma próprio, uma quota de 5 porcento para cidadãos portadores de defici-ência, nos concursos de base distrital paraas carreiras comuns», afirmou o governante.Fausto Correia falava na sede da Associa-ção Comercial e Industrial de Coimbra(ACIC), na cerimónia de entrega dos diplo-mas de formação profissional a cerca deduas dezenas de jovens da APPACDM (As-sociação Portuguesa de Pais e Amigos doCidadão Deficiente Mental).«Trata-se uma forma de solidariedade acti-va em relação aos cidadãos com deficiên-cia, visando uma melhor integração na vidaactiva», referiu.Na sua intervenção, o secretário de Estadolouvou a acção da Delegação de Coimbrada APPACDM e apelou ao «apoio decisivo»dos órgãos governamentais regionais à ins-tituição, no âmbito da política do Executivopara o sector.Fausto Correia respondeu de forma positi-va ao repto lançado pelo presidente da As-sociação, Luís Pedroso de Lima, tornando-se voluntário da Liga de Amigos daAPPACDM, uma iniciativa lançada recente-mente pela direcção.

AGRICULTURA � O ministro da Agricultu-ra, do Desenvolvimento Rural e das Pescas,Capoulas Santos, presidiu, no dia 9, emÉvora, ao acto formal de entrega dos con-tratos de arrendamento a 164 agricultores ea uma Cooperativa Agrícola de Produção,bem como de contratos de venda de prédi-os rústicos a 20 jovens agricultores.

AMBIENTE � A ministra do Ambiente, ElisaFerreira, deslocou-se, no dia 8, a Águeda,para presidir à cerimónia pública de inau-guração da Estação de Tratamento deÁguas Residuais daquele concelho.

COMÉRCIO � O secretário de Estado doComércio, Osvaldo Castro, esteve, no dia9, em Ferreira do Alentejo, onde apresentouo programa PROCOM, numa sessão assis-tida por comerciantes e que decorreu noCentro Cultural da vila.O programa PROCOM concede importan-tes financiamentos para a modernização emelhoramentos no funcionamento dos es-tabelecimentos comerciais e, em Ferreira doAlentejo, a adesão dos comerciantes tem-se revelado muito significativa, estimando-se, no total, um investimento na ordem dos500 mil contos.

CIÊNCIA � A apresentação do projecto donovo Espaço de Divulgação da Ciência, queocupará o antigo Pavilhão do Conhecimentodos Mares, no Parque das Nações, decor-reu, no dia 9.Na sessão, presidida pelo ministro da Ciên-cia e Tecnologia, Mariano Gago, participouAntónio Mega Ferreira, presidente do Par-que das Nações

Esta cerimónia destinou-se não só a assi-nalar a transferência simbólica para o Minis-tério da Ciência e da Tecnologia do antigoPavilhão, mas também a apresentar o pri-meiro conjunto de exposições, que irão inau-gurar o novo espaço, em Junho.

CULTURA � O ministro da Cultura, ManuelMaria Carrilho, inaugurou, ontem, no Porto,as novas instalações da Sociedade Portu-guesa de Autores.Por ocasião da sua deslocação à CidadeInvicta, Manuel Maria Carrilho falou à Comu-nicação Social, na Casa das Artes, e escla-receu os jornalistas sobre o ponto da situa-ção dos trabalhos em torno do «Porto �2001, Capital Europeia da Cultura».

EMPREGO E FORMAÇÃO � O secretá-rio de Estado do Emprego e Formação, Pau-lo Pedroso, presidiu, na passada terça-fei-ra, dia 9, em Lisboa, à sessão de aberturado seminário «Marketing da Formação Pro-fissional para as PME».O evento foi promovido pela Direcção-Ge-ral do Emprego e Formação Profissional.

EQUIPAMENTO � O ministro do Equipa-mento, do Planeamento e da Administraçãodo Território, João Cravinho, acompanhadopelo secretário de Estado da AdministraçãoLocal e Ordenamento do Território, JoséAugusto Carvalho, deslocou-se, no dia 9, aomunicípio da Amadora, onde, no Cine-Tea-tro Recreios da Amadora, formalizou, atra-vés de dois protocolos, umacomparticipação do MEPAT no valor de cer-ca de 120 mil contos.A verba destina-se à construção da Igreja edo Centro Comercial da Reboleira � comuma comparticipação de 52 mil contos, paraum orçamento de 74 mil contos.Também as obras de execução da sede daSociedade Filarmónica Comércio e Indús-tria das Amadora foram comparticipadaspelo MEPAT com 68 mil contos, num orça-mento total de 9 mil contos.

HABITAÇÃO E COMUNICAÇÕES � Asecretária de Estado da Habitação e Comu-nicações, Leonor Coutinho, aprovou, no dia8, a candidatura Bragança Cidade Digital,com um investimento total de 209,351 milcontos e uma comparticipação financeira de146,513 mil contos, viabilizando assim aconcretização dos seus projectos.A candidatura Braga Cidade Digital contem-pla o desenvolvimento de 12 projectos queabrangem áreas que vão da saúde, passan-do pela cultura, administração pública, agri-cultura, até ao apoio a pequenas e médiasempresas.As acções a desenvolver compreendem ainstalação de uma Rede Digital Comunitá-ria, um Sistema de Informação Municipal, ainstalação do Espaço Município Digital e aampliação do sistema de capacidade detransmissão de comunicações.

SAÚDE � A ministra da Saúde, Maria deBelém, visitou, ontem, Vila Franca de Xira,onde inspeccionou as instalações do Hos-pital local, inaugurou o novo edifício da re-ferida unidade hospitalar bem como o Cen-tro de Saúde da Casa do Forte.

O Conselho de Ministros aprovou:

� Uma proposta de lei que aprova o Código do Imposto do Selo;� Uma proposta de lei que aprova o Código das Expropriações;� Uma proposta de lei que altera o regime de trabalho temporário;� Um decreto-lei que revê o conceito de trabalho nocturno, no sentido de permitir queas convenções colectivas reduzam até sete horas a actual duração do período detrabalho nocturno de 11 horas;� Uma proposta de lei que estabelece a licença especial para o exercício transitório defunções de magistrado judicial ou do Ministério Público na futura Região Administrati-va Especial de Macau;� Um decreto-lei que torna extensivo ao pessoal dos antigos hospitais concelhios oregime de pensões vigente para o pessoal dos hospitais centrais e distritais;� Um decreto-lei que altera o regime jurídico do crédito agrícola mútuo e das coope-rativas de crédito agrícola;� Um decreto-lei que estabelece medidas de profilaxia e polícia sanitária paraerradicação da leucose bovina enzoótica (LBE);� Um decreto-lei que estabelece o direito de acessibilidade dos deficientes visuaisacompanhados de «cães-guia» a locais, transportes e estabelecimentos de acessopúblico, bem como as condições a que estão sujeitos estes animais;� Um decreto-lei que altera a portaria que estabelece as normas relativas às condi-ções sanitárias da produção de carnes frescas e sua colocação no mercado;� Um diploma que altera o decreto-lei que cria uma linha de crédito de curto prazodestinada às pessoas singulares ou colectivas que se dediquem, no continente, àagricultura, silvicultura e pecuária;� Um decreto-lei que aprova o Regulamento Disciplinar da Polícia Marítima (PM);� Um decreto que aprova o Protocolo de Cooperação no Domínio das Finanças Públi-cas entre a República Portuguesa e a República de Moçambique, assinado em Mapu-to aos 10 de Outubro de 1998;� Um decreto que aprova a Convenção sobre Segurança Social entre a RepúblicaPortuguesa e o Reino de Marrocos;� Um decreto regulamentar que aprova os estatutos da Escola da Autoridade Maríti-ma (EAM);� Um projecto de decreto-lei que introduz modificações no diploma que regulamentao sistema de incentivos do Estado à Comunicação Social.

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11 FEVEREIRO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA11

GOVERNO

COMBATE FEROZ ÀS ILEGALIDADES

DESTAQUE � CM Política laboral

Conselho de Ministros aprovou,no dia 4, o novo regime de tra-balho temporário.Este diploma revê o quadro ju-

rídico do trabalho temporário. A revisão foiprevista no Acordo de Concertação Estra-tégica celebrado entre o Governo e os par-ceiros sociais, e tem com objectivos prin-cipais combater o exercício ilegal da activi-dade das empresas de trabalho temporá-rio, ajustar as situações em que pode ha-ver recurso ao trabalho temporáriocompatibilizando-as com a política de em-prego, regulamentar e proteger o trabalhotemporário executado no estrangeiro e re-forçar as garantias dos trabalhadores e san-cionar com rigor as práticas ilegais.Assim:� Permite-se que as empresas de trabalhotemporário admitam trabalhadores comcontrato de trabalho sem prazo, especifi-camente para efectuarem trabalho tempo-rário, conciliando a segurança no empre-go com as missões de trabalho temporá-rio, que são sempre de duração limitada;� Ampliam-se algumas das situações emque os utilizadores podem recorrer ao tra-balho temporário, aumentando também emalguns casos os prazos máximos dacedência de trabalhadores;� Facilita-se a colocação temporária de tra-balhadores no estrangeiro, desde que sejadevidamente enquadrada por empresas detrabalho temporário por forma a contrariaras colocações ilegais, com garantias adi-cionais de caução para pagamento dasremunerações, de seguro de doença e derepatriamento;� Impõe-se a actualização anual da cau-ção com base no salário mínimo nacional,admitindo-se a actualização desta (para umvalor correspondente a pelo menos 10 porcento da massa salarial dos trabalhadorestemporários colocados no ano anterior) noscasos em que haja necessidade de efec-tuar pagamentos a trabalhadores atravésda caução do ano anterior;� Impõe-se às empresas de trabalho tem-porário que assegurem a formação dos tra-balhadores temporários, investindo nesseobjectivo pelo menos 1 por cento do seuvolume anual de negócios;� Proíbe-se a ocupação dos trabalhado-res temporários em postos de trabalhoparticularmente perigosos, acompanhadoneste aspecto a regulamentação comuni-tária;� Simplifica-se a prestação de informaçõesaos serviços públicos, sobre o exercício daactividade, por parte das empresas de tra-balho temporário;� Reforçam-se as sanções aplicáveis aempresas que exerçam a actividade decedência de trabalhadores sem autoriza-ção prévia ou sem caução, que ocupemtrabalhadores menores em violação da lei,ou que sejam reincidentes na falta deactualização e de reconstituição da caução,na não inscrição de trabalhadores tempo-rários na Segurança Social, ou no atrasopor mais de 30 dias do pagamento da re-

tribuição aos trabalhadores temporários.Na mesma reunião do Governo socialista,foi revisto o conceito de trabalho nocturno,no sentido de permitir que as convençõescolectivas reduzam até 7 horas a actualduração do período de trabalho nocturnode 11 horas.O diploma vem permitir que as convençõescolectivas definam o período de trabalhonocturno com a duração mínima de setehoras e máxima de 11 horas, compreen-dendo obrigatoriamente o intervalo entre as0 e as 5 horas. Se as convenções colecti-vas não definirem o conceito, considera-se trabalho nocturno o que for prestadoentre as 20 horas de um dia e as 7 horasdo dia seguinte.A regulamentação actual considera noctur-no o trabalho prestado no período que de-corre entre as 20 horas de um dia e as 7horas do dia seguinte. Esta regra tem ori-gem nas normas internacionais do traba-lho mais antigas centradas na protecção

das mulheres e dos menores, com um re-gime de protecção consistente na proibi-ção genérica do trabalho nocturno em es-tabelecimentos industriais por parte destascategorias de trabalhadores. Nesses ins-trumentos internacionais, o trabalho noc-turno foi definido como o prestado em pe-ríodos de onze horas consecutivas, a con-cretizar em certos termos pela legislaçãonacional.Os instrumentos internacionais do trabalhomais recentes eliminam as discriminaçõese estabelecem determinadas protecçõesrelativamente aos trabalhadores que efec-tuam trabalho nocturno, aplicáveis por iguala homens e a mulheres.O alargamento da protecção aos trabalha-dores masculinos foi acompanhado da re-dução do conceito de trabalho nocturno,que passou a abranger o prestado em pe-ríodos de sete horas consecutivas que in-cluam o intervalo entre as 0 e as 5 horas.Esta definição do trabalho nocturno é adop-

Otada pela Convenção n.º 171 da Organiza-ção Internacional do Trabalho, sobre o tra-balho nocturno, ratificada por Portugal, bemcomo pela directiva comunitária relativa adeterminados aspectos da organização dotempo de trabalho.Em conformidade com a actual regulamen-tação internacional, o acordo deconcertação estratégica celebrado em1996 entre o Governo e os parceiros soci-ais previu a redução do período de traba-lho nocturno, a concretizar através decontratação colectiva por ser o instrumen-to mais adequado para adaptar o regimelegal às especificidades dos sectores deactividade e das empresas e instituir even-tuais regras transitórias.Este diploma revê, assim, a definição dotrabalho nocturno em conformidade comos referidos instrumentos internacionais, aconcretizar pelas convenções colectivassegundo a orientação do acordo entre oGoverno e os parceiros sociais.

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ACÇÃO SOCIALISTA 12 11 FEVEREIRO 1999

GOVERNO

NOVO REGIME PARA IMPOSTO DE SELO

GARANTIAS REFORÇADAS

DESTAQUE � CM Finanças

O Conselho de Ministros apro-vou, no dia 4, em Lisboa, umaproposta de lei que aprova oCódigo do Imposto de Selo.

O novo regime obedece a um conjunto deprincípios e objectivos gerais que importarealçar.Assim, o texto reforça os mecanismos defiscalização para evitar situações de frau-de ao imposto algumas delas facilitadaspela falta de clareza da legislação em vi-gor, outras pela sua inadaptação às novasrealidades e corrige as injustiças que re-sultam da aplicação de regras e princípiosjá desactualizados.Em termos objectivos o regime aprovadopelo Executivo socialista introduz substan-ciais inovações, sendo de destacar a abo-lição da estampilha (ou selo fiscal) e a suasubstituição pelo pagamento por meio deguia.Trata-se de uma alteração duplamente van-tajosa - para os particulares, porque noscontratos não terão que pagar o imposto(este só terá que ser pago caso os particu-lares recorram ao tribunal); para aceleridade dos próprios tribunais, que cer-tamente deixarão de ter o volumeelevadíssimo de pequenas acções queactualmente se verifica.A clarificação relativa a diversas situaçõesde não-tributação também é asseguradacom o diploma aprovado. Assim, não sãotributados os mútuos por mudança de ins-

tituição de crédito no crédito à habitação,o crédito concedido nas contas-ordenadona parte em que não exceda o montantedo salário, os contratos e as garantias rela-tivas a operações a prazo sobre valoresmobiliários, bem como alguns suprimen-tos efectuados por SGPSA clarificação da situação relativa aos con-tratos celebrados no estrangeiro (todosestes contratos ficam sujeitos a tributaçãose forem invocados para qualquer efeito emtribunal) e a criação de uma obrigação

acessória de entrega de uma declaraçãode imposto de selo cobrado como formade controlar o cumprimento das obrigaçõessão outras duas novidades apresentadaspelo Código de Imposto de Selo.O diploma estipula a abolição das estam-pilhas fiscais a partir de 1 de Setembro de1999, devendo o pagamento do impostodo selo que, nos termos da Tabela Geralainda em vigor, se devesse efectuar porestampilha, passar a ser feito por meio deguia, a partir daquela data.

Até à entrada em vigor do novo Código eda nova Tabela Geral (1 de Janeiro de2000), a liquidação e entrega do impostodo selo nas circunstâncias acima referidas,cabem às pessoas colectivas e, também,às pessoas singulares que actuem no exer-cício da actividade de comércio, indústriaou prestação de serviços, relativamente aoscontratos ou restantes documentos em queintervenham e, para além destes casos, àsentidades públicas a quem os contratos ouos restantes documentos devam ser apre-sentados para qualquer efeito legal, nostermos do artigo 14º, alínea a), do Códigodo Imposto do Selo.Outra área grandemente alterada é a Ta-bela Geral. A nova tabela reduz substanci-almente as verbas contempladas anterior-mente, altera a formulação da grande mai-oria das verbas não eliminadas e põe ter-mo à acumulação de taxas em um mesmoacto ou documento.Por outro lado, a nova tabela reflecte e sis-tematiza a tendência para a alteração gra-dual de uma das ancestrais característicasdo imposto do selo, que é ser um impostosobre documentos. Na falta de outro mo-delo mais apropriado e moderno de tribu-tação, o imposto de selo deve recair sobreas operações que, constituindo a revela-ção de rendimento ou riqueza, por qual-quer motivo não sejam abrangidas por ou-tro tipo de tributação indirecta.

DESTAQUE � CM Código de Expropriações

Executivo socialista reunido nodia 4, em Lisboa, deu luz verdeao Código das Expropriações.Este diploma apresenta quatro

grandes áreas inovadoras de alteração aoCódigo das Expropriações vigente: o refor-ço das garantias dos expropriados, a clari-ficação das regras reguladoras do cálculoda justa indemnização, a simplificação doprocedimento administrativo de expropria-ção e a descentralização da competênciapara a declaração de utilidade pública.A nível do reforço das garantias dos expro-priados importa salientar, por sua vez, trêsinovações fundamentais.Em primeiro lugar destaca-se a consagra-ção do direito à notificação dos actos maisrelevantes no processo expropriatório (adecisão de requerer a declaração de utili-dade pública; o auto de posse administrati-va; e o despacho de adjudicação da pro-priedade e de notificação da decisãoarbitral).Em segundo lugar, estabelece-se o recebi-mento contemporâneo do pagamento deuma justa indemnização, passando o expro-priado a ter direito a receber não só a partenão controvertida da indemnização, mastambém aquela sobre a qual subsista litígio,

esta naturalmente a título provisório, medi-ante prestação de caução idónea destina-da a garantir o reembolso do exproprianteno caso de obter provimento em recurso.Por último, o sistema é complementado pelaampliação da responsabilidade do Estado,que passa a responder, subsidiariamente,pelo pagamento da justa indemnização emtodos os casos e não apenas, como atéagora, nas situações de posse administrati-va.No tocante às regras reguladoras do cálcu-lo da justa indemnização, procura-se pôr

termo às inúmeras dúvidas suscitadas peloactual Código das Expropriações, cuja apli-cação, a este nível, tem conduzindo, nalgunscasos, a indemnizações reduzidas e, nou-tros, a montantes indemnizatórios claramen-te superiores aos valores reais de mercado.Neste contexto, clarificam-se os critériosgerais do cálculo, de modo a que a justaindemnização corresponda ao valor real ecorrente do bem expropriado, de acordocom o seu destino efectivo ou possível numautilização económica normal, expurgadodas mais valias que seja socialmente justoeliminar, atento o princípio da igualdade deencargos dos expropriados e não expropri-ados.Assim, os solos passarão a ser qualifica-dos como aptos para a construção ou ap-tos para outros fins, estabelecendo-se,quanto à primeira classificação, que o seuvalor justo deve corresponder ao resulta-do da média aritmética actualizada entreos preços unitários de aquisições ou avali-ações fiscais efectuadas na mesma fregue-sia e nas freguesias limítrofes nos três anos,de entre os últimos cinco, com média anu-al mais elevada, relativamente a prédiosanálogos, atendendo aos parâmetros fixa-dos em instrumentos de planeamento

O

Oterritorial.Revelando-se impossível a aplicação destecritério, o valor do solo deve corresponder,num aproveitamento economicamente nor-mal, a uma percentagem variável até 25%do custo da construção que nele seria pos-sível efectuar.No domínio da simplificação do procedi-mento administrativo de expropriação, im-porta sublinhar a redução das formalidadese a celeridade da instrução do pedido dedeclaração de utilidade pública, bem comoo aperfeiçoamento dos procedimentos queantecedem a investidura da posse adminis-trativaQuanto à descentralização da competênciapara a declaração de utilidade pública,adopta-se uma medida de grande alcance:a atribuição de competência, àsAssembleias Municipais, para a declaraçãode utilidade pública das expropriações dainiciativa da administração local autárquica,para efeitos de concretização de plano deurbanização ou plano de pormenor eficaz.Trata-se de uma medida descentralizadoraque rompe com a regra actual de os órgãosautárquicos deverem obrigatoriamente soli-citar ao Governo a declaração de utilidadepública.

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11 FEVEREIRO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA13

PARLAMENTO

NOVAS PROPOSTAS PARA SUPERARCRISE CONJUNTURAL

GOVERNAÇÃORESPONSÁVEL

AUMENTO DA INFORMAÇÃOAO CONSUMIDOR DEPUTADO CARLOS AMÂNDIO Sector suinícola

A crise conjuntural que osector suinícola nacionalvive actualmente e asmedidas já tomadas eem estudo pelo Governopara a sua superação

foram abordadas pelo deputado do PSCarlos Amândio, na intervenção que efec-tuou no dia 4, no hemiciclo de São Bento.Carlos Amândio frisou que a recente criseresultante do excesso de produção de car-ne de porco «veio apanhar a maioria dasnossas explorações em fase de consolida-ção, com escassos fundos de maneio e,em grande parte dos casos, ainda comenormes carências organizativas e de es-tratégia».À «constante descida» dos preços ofereci-dos à produção, o deputado do PS lem-brou que o Governo respondeu «com asmedidas que são já sobejamente conheci-das e contidas na estrita margem de ma-nobra que nos é permitida pelo cumprimen-to das regras comunitárias».Destas medidas, o deputado do PS pôs

em relevo «o notável esforço no aumentoda fiscalização».Referindo ter consciência que o sectorsuinícola vive neste momento «horas difí-ceis», sublinhou que a preocupação do PS«tem em conta o peso que o sector tem,quer economicamente, garantindo cerca de80 por cento de auto-aprovisionamento,quer socialmente, onde as pequenas e mé-dias explorações adquirem especial signi-ficado»Carlos Amândio revelou que o Governosocialista «prepara já um conjunto de no-vas propostas para apresentar ao Comi-té de Gestão Comunitário de 10 de Feve-reiro».Afirmando comungar inteiramente das pre-ocupações de todos os que têm no sectorsuinícola a sua fonte de subsistência,Carlos Amândio expressou o seu «inequí-voco» apoio a todas as medidas, quer na-cionais, quer comunitárias, que o Governoconsiga negociar e que «visem a salvaçãodeste sector primordial da economia por-tuguesa». J. C. CASTELO BRANCO

DEPUTADO BARBOSA DE OLIVEIRA Carreira da administração pública

As propostas de altera-ção ao quadronormativo que regula-menta as carreiras daadministração públicaapresentadas pelo PCP

recolheu a oposição do Governo e dabancada parlamentar socialista por ex-travasar completamente os compromis-sos assumidos pelo Executivo em sedede negociação colectiva com os sindi-catos, sendo «inexequíveis do ponto devista económico e financeiro».A constatação foi feita pelo deputado doPS Barbosa de Oliveira, no passado dia29 de Janeiro, na Assembleia da Repú-blica, por ocasião de um pedido de apre-ciação parlamentar dos comunistas como objectivo de introduzir alterações aodecreto-lei 404-A/98.O PCP visava que o diploma em questãodesse conteúdo às propostas de altera-ção introduzidas pela bancada parlamen-tar comunista na proposta de lei de auto-rização legislativa n.º 190/VII apesar deter conhecimento da impossibilidade doGoverno em cumpri-las devido aos ele-vados encargos que implica e que o Or-çamento do Estado não comporta, querem 1998 quer, ainda em 1999.Segundo Barbosa de Oliveira, «satisfazerestas reivindicações seria muito simpáti-co, mas, nas condições actuais, não era,

com certeza, uma atitude responsável».O parlamentar do PS afirmou não com-preender a insistência do PCP em verconsagrada uma matéria que sabe, deantemão, que o Executivo socialista nãopode cumprir, uma vez que a sua exe-cução acarretaria um reforço financeironão contemplado nas contas públicas.Esclarecendo à partida que a qualifica-ção e formação profissional dos traba-lhadores da função pública sempreconsti tuíram uma prior idade para agovernação socialista, o deputado doGP/PS lembrou que o decreto-lei veioconsagrar a extinção do cargo de chefede repartição. Porém, disse, «a situaçãodestes trabalhadores foi devidamenteacautelada».Ao terminar a sua intervenção, Barbosade Oliveira citou o deputado popular LuísMarques Guedes quando afirmou, nodebate da proposta de lei em causa que«�� a gestão do problema das carrei-ras da administração pública tem depassar sempre pelo critério de quemestá no Governo».«O Partido Socialista foi eleito por umaexpressiva maioria dos portuguesespara governar e é o que está a fazer,segundo a sua orientação política, dina-mizando a contratação colectiva, dandorespeitoso cumprimento aos seus resul-tados», concluiu. M.R.

DEPUTADO PAULO NEVES Segurança rodoviária

«A iniciativa que hojeapresentamos nestaAssembleia, vem nosentido de aperfeiçoar econtribuir para que atra-vés do aumento da in-

formação ao consumidor se possa influ-enciar positivamente as condições de se-gurança, pela aferição da qualidade doparque automóvel em circulação nas nos-sas estradas», afirmou no dia 3 de Feve-reiro o deputado do PS Paulo Neves.O parlamentar socialista falava durante aapresentação e discussão de um projectode lei apresentado pela sua bancada quecria um cadastro de acidentes e motoci-clos, visando aumentar a segurança ro-doviária e a defesa do consumidor.Paulo Neves sublinhou que o PS «tem,claramente, sabido intervir de forma co-rajosa e com coerência na área da segu-rança rodoviária» e que «muito foi feito namelhoria das condições de circulação ro-doviária».O parlamentar do PS referiu ainda que«muito foi conseguido, precisamente,com a melhor formação e aumento deefectivos dos agentes da autoridade, mashá ainda que fazer mais e melhor».

Recordando que «está já implantado osistema de inspecção periódica obriga-tória, que veio introduzir melhorias apre-ciáveis nas condições das viaturas em cir-culação», sustentou que é preciso conti-nuar neste caminho, pelo que o projectode lei do PS «cria agora a possibilidadede se instituir, também, um sistema deinspecção voluntária aos veículos».Assim, frisou, «em qualquer momento, oproprietário, ou um qualquer interessadona aquisição de um veículo, poderásubmetê-lo, voluntariamente, a uma ins-pecção que há-de aferir da sua qualida-de intrínseca dando maiores garantias aoseu condutor habitual ou ao adquirente».Por outro lado, disse, com o projecto delei do PS «pretende-se ainda que sejapossível conhecer o histórico de qualquerviatura que entre no circuito comercial».Ou seja, «que os acidentes graves, e ape-nas estes, passem a figurar num registocadastral de cada viatura e que esse re-gisto seja acessível aos interessados nasua aquisição».Paulo Neves garantiu ainda que «só osacidentes graves passarão a estar sujei-tos a registo obrigatório».

J. C. CASTELO BRANCO

O PODER DA VOZE DA PENA

DEPUTADO MANUEL ALEGRE Comemorações

Ser poeta e ao mesmotempo um homem polí-tico não é inconciliável.A garantia foi dada, nodia 4, no Parlamento,pelo deputado socialis-

ta Manuel Alegre, por ocasião da sessãocomemorativa do nascimento de AlmeidaGarrett.«Quando frequentemente me perguntamcomo é possível conciliar a poesia e a po-lítica, apetece-me sempre remeter paraGarrett», disse Alegre.Segundo o parlamentar do PS, «Garrettnão foi só um romântico, foi ele próprioum romance».«A biografia de Almeida Garrett confun-de-se com a História de um século queele marcou como ninguém. E o seu des-tino é singularíssimo, porque rima com odestino do seu próprio país. A escrita e avida nele são inseparáveis», referiu,acrescentando de seguida que Garrett é,por excelência, o modelo dos poetas eescritores que, em diferentes circunstân-cias históricas, fizeram da sua pena umaarma para combater a tirania e lutar pelaliberdade.Numa breve evocação à juventude do au-

tor de «Frei Luís de Sousa», em que forapreso por fazer parte de uma associaçãosecreta - que reivindicava, entre outras coi-sas, a independência do Brasil -, ManuelAlegre lembrou que Almeida Garrett trilhoupor duas vezes os caminhos do desterro.«Como aconteceu com muitos outros por-tugueses exilados e errantes, em outrasépocas históricas, é no desterro que Garrette Herculano vão de certo modo descobrire repensar Portugal», afirmou.Depois de citar o escritor homenageado nasua bela constatação segundo a qual«pode mais que a espada a voz e a pena»,Alegre frisa que Garrett combateu com to-das as armas.«Mas a revolução literária haveria de fazê-la na prosa e no teatro», disse o deputadodo GP/PS, recordando que com «Viagensna Minha Terra» Almeida Garrett reinventoua prosa portuguesa.Ao terminar a sua breve passagem pelabiografia e pelo destino de Garrett, ManuelAlegre define-o como «poeta da liberdade,soldado da liberdade, legislador da liber-dade e tribuno da liberdade».«A admiração que tenho por Almeida Garretté tão antiga como o despertar da minhaconsciência cívica», concluiu. M.R.

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ACÇÃO SOCIALISTA 14 11 FEVEREIRO 1999

PARLAMENTO

O CONTRIBUTO FRANCÊSPARA A DEMOCRACIA

INICIATIVA LARANJA REVELAENORME DESCONHECIMENTO

DEPUTADO JOAQUIM SARMENTO Administração da justiça

JACQUES CHIRAC EM PORTUGAL Almeida Santos lembrou

O presidente da Assembleia da República edo PS, Almeida Santos, abriu a sessão sole-ne do passado dia 4, no Parlamento, com apresença de Jacques Chirac, evocando ocontributo da França para a liberdade e de-mocracia na Europa.Dirigindo-se ao chefe de Estado francês, opresidente da Assembleia da República lem-brou ter sido aquele país quem «doou aomundo a mais famosa trilogia de princípiospolíticos e éticos: a liberdade, a igualdade ea fraternidade».Perante uma hemiciclo quase cheio de depu-tados, uma bancada do Governo com os mi-nistros António Costa e Jaime Gama presen-tes e o antigo Presidente da República CostaGomes a assistir da tribuna de honra, AlmeidaSantos evocou o espírito da Revolução Fran-cesa, que «continua a constituir a constelaçãopolar do processo histórico».Num curto discurso, a segunda figura do Es-tado português realçou os laços que unemos dois países: «somos hoje parceiros doexaltante projecto de construção europeia (...)e ambos convergimos na recusa degendarmes únicos e de tentativas dehegemonia universal fora de época», afirmouAlmeida Santos.«Para diluirmos o quase nada que nos sepa-ra no muito que nos une é que a Europa dopresente e do futuro foi concebida como umaUnião, tendo os princípios da solidariedadee da coesão como primaciais linhas de for-

ça». realçou.Aproveitando precisamente estes princípios,Almeida Santos virou-se para o futuro próxi-mo, nomeadamente para as negociações dosfundos comunitários (Agenda 2000), para afir-mar que Portugal «continua a necessitar dasolidariedade dos parceiros europeus».Referindo-se à Indonésia, o presidente doParlamento apelou igualmente para a soli-dariedade do «mundo livre», de forma a quea «hora de esperança» que se vive actual-mente em Timor-Leste se «traduza em reali-dade».

Joaquim Sarmento, deputado do PS, teceu,no dia 27 de Janeiro, duras críticas ao pro-jecto de lei do PSD que pretende consagrarum incidente processual tendente a compelirà aceleração do processo que se encontreanormalmente atrasado.O deputado socialista salientou que, paraalém de «não ser totalmente nova na nossaordem jurídica», esta iniciativa laranja «pode-rá ser um factor perturbador na administra-ção da Justiça, pela desconfiança que lançana magistratura judicial, colocando juízescontra juízes, num assomo de excesso degarantismos, tantas vezes propiciadores demais burocracia e menos eficácia».«Exigia-se do PSD uma visão mais robustada Justiça em Portugal, atenta a sua respon-sabilidade, durante os 17 anos da sua admi-nistração que antecederam este Governo»,disse.Segundo sublinhou Joaquim Sarmento, pre-tender combater problemas estruturais dosector da Justiça com o projecto de lei doPSD «é revelar um enorme desconhecimentoem relação aos inegáveis e complexos pro-

blemas presentes. E estes não se controlamcom meros incidentes processuais».

Justiça mais célere e eficaz

Joaquim Sarmento recordou as diversas infra-estruturas construídas pelo actual Governo,salientando que «todo este esforço éalicerçado no desiderato de tornar a Justiçamais célere e eficaz».Realçou ainda todo o plano de informatizaçãoda Justiça portuguesa gizado por este Go-verno o que, na sua opinião, «representa umenorme salto de qualidade na sua gestão eadministração, num contributo sério, consis-tente e moderno para se atacarem os inegá-veis atrasos processuais, não esquecendo acolocação recente de mais 300 funcionáriosda Justiça e as recentes alterações ao Códi-go de Processo Penal e Lei Orgânica dos Tri-bunais».Contrariamente a tal, frisou, o projecto de leido PSD «não constitui qualquer alternativa aosatrasos dos processos judiciais».

J. C. CASTELO BRANCO

OPTIMIZAR EQUILÍBRIOS

DEPUTADO FERNANDO SERRASQUEIRO Serviços Postal

O deputado social istaFernando Serrasqueirodefendeu, no dia 4, naAssembleia da República,a transposição para a le-gislação portuguesa domodelo normativo comu-

nitário relativos aos serviços postais que«aceita a abertura progressiva dos merca-dos com o reforço do serviço universal e aharmonização selectiva.A ideia subjacente ao quadro regulamentarpreconizado pela Comissão Europeia assen-ta em três object ivos fundamentais,elencados pelo parlamentar do PS: assegu-rar em toda a comunidade a prestação deum serviço postal universal a preço acessí-vel; estabelecer as regras e obrigações co-muns aos operadores do serviço universalda comunidade face aos direitos especiaise exclusivos; e desenvolver os esforços ne-cessários com vista à coesão comunitária.Para Fernando Serrasqueiro, a caracteriza-ção do serviço postal universal, conformenorma da directiva europeia, «é clara e semambiguidades para evitar abusos e permitirao órgão regulador agir em conformidade».Por outro lado e como compensação do ser-viço nacional, surge a fixação de um con-junto de serviços reservados � monopólio daentidade à qual lhe for atribuída aquela obri-gação -, cujo conceito tenderá a evoluir porforma a acompanhar a liberalização do mer-cado postal, segundo referiu o parlamentarsocialista.«Paralelamente e dirigido ao prestador aoprestador do serviço universal, é criado umfundo de compensação de custos», explicou,

acrescentando que «este fundo poderá serutilizado se a entidade reguladora conside-rar que os custos originados pela obrigaçãodo serviço universal não são razoáveis».Recorde-se que a proposta de lei governa-mental em discussão remete para o ICP afunção reguladora, não só para garantir adefesa dos interesses dos utilizadores, mastambém por forma a que os operadores te-nham um tratamento imparcial.«A independência da função regulamentar éo melhor garante da optimização do equilí-brio entre operadores privados e públicos eentre fornecedores de serviços reservadose não reservados», af i rmou FernandoSerrasqueiro, que não deixou de sublinharna sua intervenção a sua convicção na ideiade que «estão criadas as condições, com aaprovação desta proposta, para uma melhorharmonização da actividade postal em Por-tugal» porque «visa concertar vários interes-ses, apontando-se para a coexistência deum serviços liberalizados e um outro de ser-viços reservados, num quadro geral de livreconcorrência».O deputado socialista terminou a sua inter-venção reiterando que, com a apresentaçãode uma proposta de lei neste sentido, «o Go-verno avança na prossecução do seu Pro-grama e dota o País de um instrumento im-prescindível para regular a actividade postale vai provocar a modernização ereestruturação do operador de serviço reser-vado e preparar a liberalização e aberturado mercado, mas sem deixar de dar garan-tias ao actual operador de capital público,CTT, salvaguardando os seus direitos adqui-ridos». M.R.

EXECUTIVO SOCIALISTAQUER QUOTAS PARA PRODUÇÃO

PECUÁRIA Suinicultura

O Governo vai propor à ComissãoEuropeia uma reforma da OrganizaçãoComum de Mercados (OCM) do suínocom vista ao estabelecimento de quotasde produção que introduzam estabilida-de nos mercados nos próximos anos.O anúncio foi feito, no dia 4, na Assembleiada República, pelo ministro da Agricultu-ra, Capoulas Santos, durante o «debatede urgência» requerido pelo CDS-PP so-bre «a situação no sector suinícola emPortugal».«Esta é uma crise europeia e só no planoeuropeu pode ter uma resposta adequa-da», acentuou o governante.Capoulas Santos defendeu, por isso, queas medidas prioritárias para resolver a cri-se da suinicultura portuguesa são o esta-belecimento de quotas de produção euma «intervenção pública» no mercadopara regular o preço do porco.O ministro anunciou também o lançamen-to de uma campanha de incentivo ao con-sumo de carne de porco e admitiu adisponibilização de uma linha de ajuda fi-nanceira aos suinicultores portugueses.Capoulas Santos replicou, face à acusa-

ção delirante de falta de fiscalizaçãolançada pela bancada dos «populares»,que desde o início da crise no sector, emNovembro passado, têm sido feitas 22 ac-ções diárias de fiscalização, totalizandouma média de 1 200 animais por dia.Helena Santo não desarmou e desafiou oGoverno: �em matéria de fiscalização, oque lhe pedimos é muito simples e muitorosa: tolerância Zero�.As críticas do Grupo Parlamentar do CDS/PP levaram o deputado socialista AntónioMartinho a questionar se a Alternativa De-mocrática (AD) seria contrária à PAC (Po-lítica Agrícola Comum).«Sabendo nós que a PAC foi a primeirapolítica comum da Comunidade Europeia,estaremos perante uma AD contrária àPAC, uma AD a favor da renacionalizaçãoda PAC, uma AD a duas vozes nas ques-tões de política agrícola», perguntouAntónio Martinho.Do, outro lado, os deputados do PP limi-taram-se a responderam evasivamente. Éque, segundo a bancada «popular» a per-gunta não relevava de qualquer interessepara o debate.

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11 FEVEREIRO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA15

UNIÃO EUROPEIA

SOARES TEM UM LONGO CAMINHOA PERCORRER

PARLAMENTO EUROPEU Presidência

camarada Mário Soares, anun-ciado no dia 7 como cabeça-de-lista do PS às europeias de Ju-nho, tem um longo caminho a

percorrer até à eventual eleição para a pre-sidência do Parlamento Europeu.Para lá chegar, o que é desejo dos portu-gueses de vários quadrantes dado o pres-tígio que traria para o nosso país e paraum novo impulso á construção europeia,Mário Soares terá de passar por várias eta-pas, a primeira das quais a sua eleição paraEstrasburgo, objectivo que se pode consi-derar como adquirido, tendo em conta,entre outros factores, os resultados do PSem anteriores actos eleitorais.Depois de 13 de Junho inicia-se a verda-deira corrida para presidir ao ParlamentoEuropeu.Na semana de 05 de Julho, ainda com osactuais eurodeputados em funções, osnovos parlamentares iniciam o processo de«acreditação» junto do PE e das respecti-vas famílias políticas europeias.Na semana seguinte (12), além de umareunião entre os secretários-gerais de to-dos os grupos parlamentares com assen-

to em Estrasburgo para distribuição de car-gos no novo Parlamento através da aplica-ção do método de Hondt, inicia-se a elei-ção dos dirigentes de cada família política.

No dia 19 de Julho, «novos» e «antigos»eurodeputados procedem formalmente àtroca de lugares, preparando o início daprimeira reunião do novo Parlamento elei-

to, marcada para o dia seguinte.Dia 20, logo pela manhã, e sob a presidên-cia do deputado mais velho (decano) en-tre os presentes abre-se o período de apre-sentação de candidaturas ao cargo de pre-sidente do PE e respectivo processo deeleição.O novo presidente é obrigatoriamente elei-to por maioria absoluta. Poderá ser neces-sário recorrer-se a mais do que uma voltapara concluir o processo.Ao abrigo de um acordo existente entre asduas maiores famílias políticas europeias -socialista (PSE) e conservadora democra-ta-cristã (PPE) - a próxima presidência ca-berá a um socialista.Estatutariamente, todos os órgãos do Par-lamento Europeu têm o seu mandato, decinco anos, repartido por dois períodos dedois anos e meio.Isso obriga a que a presidência seja dividi-da ao longo daquele período entre PSE ePPE.Assim, Mário Soares, se conseguir atingira presidência do hemiciclo, nunca exerce-rá aquelas funções por um período superi-or a dois anos e meio.

UE DEVE VIGIAR TRANSIÇÃODE MACAU PARA A CHINA

PARLAMENTO EUROPEU Info-Europa

O eurodeputado socialista Barros Mouradefendeu no plenário do PE que a UniãoEuropeia deve acompanhar com critériosexigentes a transferência de Macau para aChina, que se realizará em Dezembro des-te ano, de forma a garantir o cumprimentode um conjunto de medidas essenciaispara a manutenção das característicaspolíticas, económicas e culturais do terri-tório.Barros Moura falava no plenário de Bruxe-las, durante a discussão de um relatóriosobre o desenvolvimento de uma parceriaglobal com a China.Segundo Barros Moura, «a UE devia acom-panhar com muita atenção o processo detransferência de soberania de Macau paraa China e com um grau de exigência nãoinferior à que adoptou em relação a Hong-Kong, de modo a garantir a consistênciafutura do princípio �um país, dois sistemas�».Barros Moura apelou também à Comissãopara que, a exemplo do que fez com Hong-Kong, «apresente uma comunicação sobreas relações futuras UE-Macau, garantindo,desde já, que elaborará relatórios sobre aevolução da situação depois da transferên-cia de soberania».O envolvimento da UE no processo de tran-sição deve ser no sentido de garantir quea China respeitará a proibição da pena demorte e que honrará o compromisso de não

estacionar tropas no território.Deverá também dar garantias quanto aocontrolo da fronteira para impedir a passa-gem de criminosos para Macau.A China deverá ainda regulamentar o usodas duas línguas, o chinês e o português,regular equitativa e humanamente a ques-tão da nacionalidade e estrabelecer um sis-tema judicial independente, com um tribu-nal local de última instância.

ANUNCIADOGRUPO DE SÁBIOS

A composição da comissão de peritos in-dependentes (grupo de sábios), encarrega-da de avaliar e fiscalizar a actividade daComissão Europeia, foi anunciada no Par-lamento Europeu, após a decisão da Con-ferência dos presidentes do PE.Entre os escolhidos há uma sueca, um es-panhol, um francês, um holandês e um bel-ga.Tal como consta no anteprojecto para a

EXCEDENTE COMERCIALDE 7,5 MIL MILHÕES DE EUROS

EUROSTAT Zona euro

A zona euro registou um excedente comer-cial com o resto do Mundo de 7,5 mil mi-lhões de euros em Outubro, menos 2,2 milmilhões do que em igual mês do ano ante-rior, anunciou recentemente o Eurostat.O gabinete de estatística da UE adianta queas exportações dos Onze atingiram os 68,7mil milhões de euros em Outubro, ou sejamenos seis por cento do que no mesmomês de 1997, quando se situaram nos 73,2mil milhões de euros.As importações também sofreram uma re-

dução - de quatro por cento - baixando de63,5 mil milhões em Outubro de 1997, para61,1 mil milhões no ano seguinte.No conjunto dos quinze países da UniãoEuropeia, o excedente comercial diminuiu3,9 mil milhões de euros, para 2,3 mil mi-lhões.As exportações dos Quinze baixaram novepor cento, para um total de 62 mil milhões,enquanto as importações diminuíram qua-tro por cento, para 60,4 mil milhões deeuros.

constituição do grupo de sábios, o seu man-dato permite-lhes ouvir todos os comissári-os e ter acesso aos seus arquivos, incluin-do os privados.O documento que os peritos independen-tes vão elaborar deverá estar concluído até15 de Março.Entretanto, foi também aprovado o calen-dário para a implementação do programapara a reestruturação interna da Comissão.

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ACÇÃO SOCIALISTA 16 11 FEVEREIRO 1999

SOCIEDADE & PAÍS

PORTUGAL MAIS JUSTO E SOLIDÁRIOFORMAÇÃO PARA IMIGRANTES Acordo ACIME/IEFP

Minorias Étnicas

Formação Profissional 150 000UNIVAS (10) 55 000Estágios (500) 366 250ILE's (50) 56 000Prog. Formação/Emprego (30) 30 000TOTAL 657 250

alto-comissário para a Imigra-ção e as Minorias Étnicas, JoséLeitão, e o Instituto de Empre-go e Formação Profissional as-

sinaram, no passado dia 21 de Janeiro, naAmadora, um acordo de cooperação quevisa a concretização de medidas conjun-tas em áreas como a formação para o tra-balho, promoção do emprego e inserçãosocial dos cidadãos imigrantes legalmen-te residentes em Portugal.No sua intervenção, José Leitão disse que«a celebração deste acordo de coopera-ção traduz de forma inequívoca umempenhamento na construção de uma so-ciedade mais justa e solidária».Para o alto-comissário, a solidariedade e ajustiça devem ser associadas necessáriae evidentemente à igualdade de oportuni-dades para todos, daí que frequentemen-te sejam exigíveis, inclusive no próprio pro-grama do Executivo socialista, medidas dediscriminação positiva a favor de gruposmais vulneráveis, entre os quais se inclu-em os cidadãos estrangeiros residentes no

nosso país.«Verifica-se uma necessidade de fazer che-gar mais perto dos imigrantes e filhos deimigrantes que vivem em situações de ex-clusão social uma informação mais directadas políticas e medidas existentes na área

da formação profissional e do emprego»,disse, acrescentando que «a criação demecanismos de partilha e divulgação deinformação nestas vertentes, são, por isso,uma área de cooperação entre o IEFP e oACIME que se reveste de grandespotencialidades».Segundo José Leitão, «é através de umapolítica de igualdade de oportunidades naformação e no emprego que se contribuirácada vez mais para que todos os cidadãos,sejam cidadãos nacionais ou imigranteslegalmente residentes, contribuam com oseu trabalho e a sua criatividade para quePortugal enfrente com sucesso os desafi-os da crescente abertura ao exterior».É na viabilização deste contexto que se in-sere a assinatura do acordo de coopera-ção entre o alto-comissário e o IEFP.«Iremos trabalhar em conjunto, promoven-do iniciativas em áreas tão significativascomo: a formação profissional, a criaçãode UNIVAS (Unidades de Inserção na VidaActiva), a promoção de estágios, a criaçãode ILE�s (Iniciativas Locais de Emprego) e

o desenvolvimento de programas de for-mação/emprego», garantiu.Numa saudação particular à presença nacerimónia oficial de assinatura do acordode cooperação de destacados dirigentese militantes do movimento associativo imi-grante, José Leitão explicou que «o suces-so desta cooperação vai depender da ca-pacidade que tivermos todos para mobili-zarmos as comunidades imigrantes e asminorias étnicas para o aproveitamento dovasto leque de oportunidades existentesneste sector específico». M.R.

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HÁ UMA INADEQUAÇÃODA OFERTA DE HABITAÇÃO À PROCURA

HABITAÇÃO Leonor Coutinho afirma

secretária de Estado da Habita-ção, Leonor Coutinho, sublinhouno dia 9 que há umainadequação da oferta de habi-

tação à procura, com uma oferta relativa-mente baixa de pequenas tipologias desti-nadas às camadas médias-baixas.Leonor Coutinho, que falava no IV Encon-tro dos Promotores Construtores da ÁreaMetropolitana de Lisboa, organizado pelaAICE, salientou que casas com custos re-lativamente baixos estão isentas de algunsimpostos e não têm custos mais baixos doque noutros países.Por sua vez, na abertura do encontro,Freitas Lopes, presidente da Associaçãodos Industriais da Construção de Edifícios(AICE), afirmou que quem compra hojeuma casa paga logo duas com os impos-tos, tarifas e taxas, durante a vida da casapaga mais duas em imposto municipal eoutras taxas, e paga uma casa em juros àbanca.Freitas Lopes disse ainda que a indústriada construção está «farta das burocracias».O presidente da AICE, que também presi-de à UEPC (União Europeia dos Promoto-res Construtores) crit icou o«desordenamento do território», assinalan-do que o sector da construção está fartode autarquias que põem à venda lotes emquantidade insuficiente e a preços que che-gam aos 88 contos por metro quadrado.A secretária de Estado da Habitação eComunicações, Leonor Coutinho salientou

que casas com custos relativamente bai-xos estão isentas de alguns impostos e nãotêm custos mais baixos do que noutrospaíses latinos.Segundo Leonor Coutinho, constrói-semuito em Portugal, mas infelizmente o custode construção não tem nada a ver com ospreços de venda, observando que houveum forte aumento de preços, porque a pro-cura aumentou muito com a baixa das ta-xas de juro e a oferta manteve-se.

Leonor Coutinho reconheceu que oordenamento do território tem tido grandesdificuldades em Portugal, que foi dos últi-mos países europeus a ter planos directo-res municipais (PDM) nem sempre com amelhor qualidade técnica.

Conservação de edifícios

Exemplificou que a construção prevista nosPDM dava para alojar 50 milhões de portu-

gueses, assinalando que só no norte dariapara cinco milhões.A secretária de Estado defendeu priorida-des de urbanização, criticando a constru-ção em zonas não consolidadas com «cus-tos loucos» de infra- estruturas, deixandovazios terrenos próximos dos centros ur-banos.Leonor Coutinho considerou que um mer-cado que pode ter um enorme desenvolvi-mento nos próximos anos é o da conser-vação, manutenção e recuperação de edi-fícios, que representa 5 por cento do volu-me de obra em Portugal, quando a médiaeuropeia é de 35 por cento.

Crédito bonificado

Com vista a tornar mais justo o crédito àhabitação, o Governo introduziu no anopassado um conjunto de regras mais aper-tadas na concessão do crédito e deu umprazo de 90 dias para a celebração dasescrituras dos empréstimos que deramentrada nos bancos até 11 de Novembro.O prazo acabou na passada terça-feira.Agora, de acordo com as novas regras dasFinanças, quem comprar casa com recur-so ao crédito bonificado fica limitado a ummáximo de 12 500 contos na classe I, paraagregados familiares compostos por umaúnica pessoa, até aos 23 800 contos atri-buídos na classe IV, a agregados com cin-co ou mais pessoas.

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11 FEVEREIRO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA17

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

AUTARQUIAS

Albufeira

Câmara apoiaCarnaval de Paderne

A Câmara Municipal de Albufeira atribuiuuma verba de 1 200 contos à AssociaçãoMotociclistas Vagabundos Lusitanos, des-tinada à realização do Corso de Carnavalde Paderne, que decorrerá naquela locali-dade, de 14 a 16 de Fevereiro.

Construçãode Ludoteca

O município de Albufeira aprovou um pro-tocolo de cooperação com o município doSal, em Cabo Verde, destinado a financiara construção de uma Ludoteca, na locali-dade de Santa Maria.Recorde-se que Albufeira e a Ilha do Salsão municípios geminados desde 1997.

Mais um parquede estacionamento

A Câmara Municipal de Albufeira abriu con-curso com vista à adjudicação da execu-ção de um novo parque de estacionamen-to.O parque, com capacidade para 63 luga-res, vai ser localizado na Quinta da Palmei-ra, junto ao quartel da GNR.Com um prazo de execução de quatromeses, a obra tem um preço-base de con-curso que ronda os 20 mil contos.

Cartaxo

ClássicaJosé Maria Nicolau

Realiza-se amanhã, dia 13, uma prova deciclismo de âmbito nacional, denominada«Clássica José Maria Nicolau», que terá oseu ponto alto na cidade do Cartaxo, ondeestá a meta final, para além de o percursoprever a passagem por duas vezes na ci-dade.Esta prova conta com a presença de to-das as equipas de primeiro plano nacio-nal, com 110 corredores, servindo para aequipa de ciclismo do Benfica efectuar asua estreia em provas nacionais.

Fafe

Revista cultural «Dom Fafes»

A Câmara Municipal de Fafe acaba de edi-tar o n.º 5 da sua revista cultural «DomFafes».

De periodicidade anual, a publicação édirigida pelo vereador da Cultura, AnteroBarbosa, que neste número reitera os ob-jectivos da revista, que são, entre outros,os de privilegiar a inserção de trabalhos deinvestigação sobre a história do município.Este número da revista tem como desta-que o texto de Aureliano Barata sobre omunicípio de Fafe de Setembro de 1833 àRevolução de Setembro de 1836.Trata-se de um período conturbado daslutas liberais e as suas incidências no con-celho.

Faro

Autarquia apoia tripulação olímpica

A Câmara Municipal de Faro deliberou atri-buir ao Ginásio Clube _Naval de Faro umapoio financeiro de dois mil contos, valorda aquisição de um novo barco da classe«470», destinado a ser tripulado pela duplaHugo Rocha/Nuno Barreto nos Jogos Olím-picos de 2000, contribuindo, assim, de for-ma significativa, para a melhoria das con-dições de que aquela tripulação dispõe.

Para Luís Coelho, presidente da CãamaraMunicipal, a edilidade quis associar a ci-dade à esperança que o clube tem em queprossigam e sejam reforçados os êxitosque Rocha e Barreto têm conseguido parao desporto português, muito em particularno que respeita às próximas olimpíadas.

Ferreira do Alentejo

Plano de Actividades

O Plano de Actividades da Câmara deFerreira do Alentejo tem previsto para 1999uma mão-cheia de realizações, em váriosdomínios, que contribuirão para uma ain-da maior qualidade de vida no concelho.De destacar, entre as numerosas iniciati-vas previstas, a entrada em funcionamen-to do inédito Parque Nómada, que preten-de resolver a situação dos ciganos nóma-das que demandam, temporariamente,Ferreira do Alentejo.Será também iniciada a elaboração de umPlano Estratégico para o concelho, de for-ma a sustentar toda a actuação municipalem bases solidamente alicerçadas.Também em 1999, entrará em funciona-mento o crematório, no cemitério munici-pal de Ferreira do Alentejo, que será o ter-ceiro no País, após Lisboa e Porto.

Ovar

Plano de Ordenamentoda Orla Costeira

Realizou-se ontem, dia 10 de Fevereiro, nosalão nobre da Câmara Municipal de Ovar,a apresentação pública do Plano deOrdenamento da Orla Costeira, instrumen-to de ordenamento do território que, da ini-ciativa do Instituto da Água e do Ministériodo Ambiente, organizará a faixa costeiraentre Ovar e a Marinha Grande.

A apresentação pública deste importanteinstrumento de planeamento foi feita pelostécnicos do Ministério do Ambiente.

Porto

Renovaçãodo Bairro Histórico da Sé

No passado dia 8, o presidente da Câma-ra do Porto, Fernando Gomes, vereadores,técnicos e outros convidados deslocaram-se à Praça Duque da Ribeira, para a inau-guração do conjunto de obras de reabilita-ção desta zona no Bairro Histórico da Sé.Com efeito, a mais estreita e degradada viado Bairro da Sé está na origem de umanova praça (Praça Duque da Ribeira), agoradotada com um parque de estacionamen-

to subterrâneo para 42 viaturas, um restau-rante, seis edifícios reabilitados, quatro es-paços comerciais, oito novas habitações,um espaço cultural e outras infra-estrutu-ras.De salientar que para a realização destasobras foi necessário alojar 22 famílias.

Para além da reabilitação física dos espa-ços e edifícios, a intervenção teve tambémcomo objectivo a supressão de um focode insalubridade, de tráfico de droga e dedelinquência.Concluída esta fase da reabilitação do Bair-ro Histórico da Sé, que incluiu o Largo doColégio, a intervenção prosseguirá em edi-fícios isolados que necessitam de ser rea-bilitados.

Povoação

Combate às toxicodependências

A Câmara da Povoação está a apoiar asinstituições locais que se dedicam ao com-bate às toxicodependências.A autarquia transferiu para 13 instituiçõesdo concelho, um total de subsídios nummontante superior a 49 mil contos.Desde 1994 que o apoio concedido pelaedilidade às instituições locais recebeu umgrande incremento fruto do trabalho soci-al, cultural, desportivo, de animação cultu-ral que vem sendo desenvolvido em par-ceria e a favor das crianças, dos jovens edos adultos.

Vila Real de S. António

Rede de saneamento básicorenovada

A nova rede de saneamento básico que vaicanalizar e tratar todos os esgotos do con-celho de Vila Rela de S. António e parte deCastro Marim, está finalmente a avançar,tendo já sido consignada a primeira faseda obra.Trata-se de um projecto intermunicipal degrande dimensão, promovido pelos muni-cípios de Vila Real de S. António e CastroMarim, com um orçamento de cerca de 2,5milhões de contos, sendo 85 por cento fi-nanciado pelo Fundo de Coesão.A dimensão da nova rede de transporte etratamento do saneamento básico serábaseada em estudos de evolução da po-pulação até meados do próximo século.

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ACÇÃO SOCIALISTA 18 11 FEVEREIRO 1999

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

AD José Lamego

O GESTO É TUDOmodo como a Alternativa Demo-crática reagiu à apresentaçãoda candidatura de Mário Soaresao Parlamento Europeu é a ra-

diografia de um estado de alma. E umamontoado de erros de palmatória!Em primeiro lugar, procurou compensar-se a imprevidência com um simulacro dereacção rápida. O cenário de Mário Soa-res como cabeça de lista tinha ganhocontornos ao longo de mais de um mês.O extremo dos cepticismos acabou porrevelar a suma das ingenuidades. Poroutro lado, a lógica da reacção foijornalística e não política. Procurou ata-lhar-se um facto que tinha ganho reper-cussão na opinião pública com um factonovo. Nessa lógica estrita, obviamenteque a resposta tinha de ser, como foi, decalibre muito inferior?A uma imagem forte e uma ideia de Eu-ropa não se contrapôs outra imagem eoutra ideia de Europa. Sobre a filosofiada construção europeia, a lista da ADserá europeísta menos. Será assim-as-sim! A uma ideia nítida contrapõe-se pro-

cura de uma bissectriz de opiniões. Queequilibre a posição «tory» de Paulo Por-tas sobre a Europa com o europeísmoconvicto de Carlos Pimenta. O melhor dalista é a cabeça de lista: Leonor Belezatem força para disputar um combate emnome do seu partido que, dadas as cir-cunstâncias e qualquer que seja o resul-tado, lhe acrescentará dimensão. Ao con-trário das razões de candidatura queapresentou, assistem-lhe outros méritosque justificam o seu empenho neste com-bate político que apenas o de ser mulher?Extraordinária razão, mesmo descontan-do o facto de estarmos ainda em ressa-ca do debate sobre a lei das quotas!Mas a lógica atabalhoada da resposta nãofica por aqui! Seria normal que se quises-se contrapor a um cabeça de lista a ima-gem simbólica de um outro cabeça de lis-ta. Ou, se se quisesse mostrar diligência,uma lista acabada. Mas o que se divul-gou à opinião pública foi um conjunto denomes. E que nomes: a inclusão na listado líder do segundo partido da coligaçãodá boa nota do nível de expectativas so-

bre os resultados eleitorais de Outubro. Acolocação de uma fasquia alta podia serrespondida de duas maneiras: ou numalógica de desafio global e de uma grandedisputa política sobre projectos alternati-vos e de referências culturais distintas; ouentão, de modo tácito, explicar que a can-didatura do Dr. Soares constituía uma que-bra do paradigma da «política normal» eque qualquer resultado não poderia serlido à luz estrita de uma meça de forçasentre formações partidárias. À AD faltou-lhe alma para aceitar um desafio e toldou-se-lhe a lucidez táctica para contornar umobstáculo.O ramalhete de nomes que se apresen-tou apressadamente à opinião públicaconstitui uma confissão terrível! O candi-dato a vice-primeiro-ministro debandapara Bruxelas. A forma em política é tam-bém importante: com que credibilidadese pode apelar ao voto numa alternativaquando os generais que é suposto diri-girem o combate emalaram já, precavi-damente, a trouxa? O líder parlamentardo maior partido da coligação ganhou

também jus a figurar na lista. O Eng.Carlos Pimenta merece igualmente ver re-compensado o seu protagonismo nocaso dos lixos tóxicos e vê asseguradotambém o salvo-conduto para Bruxelas.Pelo modo como foi feita e apresentada,esta lista não parece ser a lista para umaeleição. Parece antes ser a lista para umaevacuação? Faz lembrar a saída deSaigão, sitiada pelo vietcong, em que aordem de primazia na saída era distribu-ída segundo a solicitude da colaboração.Não tenho, obviamente, do lugar de de-putado ao Parlamento Europeu a visãopopulista e demagógica de uma sinecu-ra apetecível. É um lugar de combate po-lítico, exigente e cada vez mais importan-te. Não parece, todavia, ser este o en-tendimento do estado-maior da AD, quedá sinais excessivamente óbvios de verBruxelas como lugar de resguardo pes-soal e uma recompensa a préstimos deocasião.O tempo e o modo desta resposta sãoreveladores. Um gesto que é tudo!In «Público»

PS Ascenso Simões

A NOSSA VIAÉ A TERCEIRA VIA

o contrário do que muitos po-dem crer o último Congresso dovelho e profundo Partido Socia-lista realizou-se há oito anos. Foi

o Congresso do confronto entre Sampaioe Guterres, entre um velho lutadorantifascista, com um percurso de aproxi-mação ao PS vindo da extrema-esquerdae um católico progressista, um social-de-mocrata defensor da economia de merca-do e do indivíduo como motores das soci-edades.Guterres ganhou o Congresso e propôs-se fazer uma lenta transformação do Parti-do.Quase todos, mesmo os que integravamos órgãos nacionais do Partido, assistirama esta lenta transformação sem dela da-rem conta. Mas o PS chegou a 1995, àsEleições Legislativas, como um grandepartido de centro-esquerda, despido dosarcaísmos ideológicos que transformavamo Estado no motor da sociedade e da eco-nomia.Neste XI Congresso, o primeiro do novoPartido Socialista, a Moção apresentadapor António Guterres é bem o símbolo daNova Via que os socialistas portuguesesinauguraram em 1995 e que foi sendoconstruída, aprofundada, implementadapor essa Europa fora, primeiro em Inglater-

ra, depois em Itália e em França e, por últi-mo, na Alemanha unificada.Há quem diga que em França esta NovaVia é mais vermelha que em qualquer dosoutros países que referi. Enganam-se osmais incautos. Não chega a preocupaçãocom o emprego, com a tributação maisacentuada do capital e uma política exter-na menos alinhada com os Estados Uni-dos da América para se concluir que Jospiné consideravelmente diferente, no essen-cial da sua política, de qualquer um doschanceleres homólogos. E nem a subida àcena política europeia de um ex-comunis-ta em Itália, hoje um emergente social-de-mocrata, fez regressar as velhas foices emartelos da luta operária.Em toda a Europa há uma ideia assente �A internacionalização da economia, a maisconhecida globalização, a volatilização docapital, a velocidade da informação, cria-ram um mundo diferente daquele que nosfoi apresentado pelos velhos teóricos dosocialismo.Esta nova realidade, assumida por todos,faz, então, relançar o problema do papeldos Estados como controladores e regula-dores das economias.António Guterres, no seu discurso de aber-tura do Congresso, o tal discurso que a ter-se transformado em Moção teria tido o

apoio do grupo de Manuel Alegre, foi bemclaro, «somos a favor da economia de mer-cado mas temos que encontrar soluçõesde regulação dessa economia a nível mun-dial.»Tais afirmações em nada diferem das doprimeiro-ministro inglês ou do chanceleralemão. E mesmo Clinton as poderia subs-crever.Por muito que se tente, não encontraremosdiferenças entre os pensamentos de Blaire de Guterres.E mesmo ao nível dos comportamentosdos partidos encontramos, nos nossosdias, cada vez mais semelhanças. Háquem diga que Falar é Preciso. Não o nego.A possibilidade de se ter caminho abertopara que a opinião de cada militante sejaconsiderada é, sem qualquer dúvida, umalicerce essencial de qualquer partido de-mocrático, mas não exclusiva do PS. Maisimportante do que falar, numa atitude mui-tas vezes unívoca e intelectualmente arro-gante, é o debate, esse sim propiciador demais liberdade de pensamento e maiordemocracia.Aqui está uma diferença entre o velho PS eo novo PS. O velho PS era aquele em quefalar chegava, desde que mantivéssemosa nossa velha estrutura ideológica e nagovernação a direita se deleitasse com a

nossa atrofia política. O novo PS é aqueleque discute, dialoga dentro do Partido masnão se fecha, encontrando à direita e à es-querda companheiros de caminhada, com-promissos políticos, aberturas de espírito,em suma, deixando a arrogância de lado edemonstrando que é também fora dos par-tidos que se criam e se fortalecem as polí-ticas necessárias à resolução dos proble-mas do País.O regresso aos Congressos não é o regres-so ao velho PS. Se os milhares de delega-dos e convidados estiveram atentos, oCongresso foi parco em punhos no ar,muito poucos trataram os presentes porcamaradas e nem a Internacional se fezouvir, sendo substituída pelo bem conhe-cido tema de Vangelis que levou a NovaMaioria ao poder.Em política todos estes sinais são muitoimportantes. No PS são ainda mais impor-tantes. Estes sinais não deixarão de deixaras suas marcas. Mas ainda bem que as-sim é.Mas há uma alegria que transborda � MárioSoares, o velho fundador do PS, deu um si-nal inequívoco de que o caminho queAntónio Guterres seguiu nestes oito anosmereceu o seu acordo. Daí a sua candida-tura ao Parlamento Europeu. De grandesHomens esperamos sempre grandes sinais.

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11 FEVEREIRO 1999 ACÇÃO SOCIALISTA19

CULTURA & DESPORTO

QUE SE PASSA Mary RodriguesPOEMA DA SEMANASelecção de Carlos Carranca

SUGESTÃO

Cortejo em Albufeira

Amanhã realiza-se o desfile de Carnavaldas escolas do 1º ciclo do ensino básico ejardins-de-infância no concelho.O cortejo, subordinado ao tema «O Carna-val dos Nossos Avós» e em que participa-rão 1 200 crianças, tem partida marcadapara as 10 horas, junto à Câmara Munici-pal, com destino ao centro da cidade.«Barco Negro» é o nome da peça que, nopróximo sábado, dia 13, pelas 21 e 30, es-tará em cena no Auditório Municipal. O es-pectáculo estará a cargo do grupo de Tea-tro ao Largo.

Cinema na Amadora

Começa amanhã um ciclo de cinema noAuditório Municipal que se prolongará atéao dia 27. A programação proposta paraeste ciclo, com sessões marcadas para as21 e 30, será inaugurada com «Para Alémdo Horizonte», com Robin Williams.No sábado, não perca a «Magia e Sedu-ção» de Sandra Bullock e Nicole Kidman.No dia 17, o espaço dos Recreios daAmadora será palco de um recital de câ-mara pela Orquestra Municipal de Lisboa.

Carnaval em Cascais

Amanhã, pelas 21 e 30, não perca o «De-bate Sobre Não Humanos», com LuísMiguel Sequeira como convidado, no Pa-vilhão Dramático.A partir de sábado e até à terça-feira, dia16, a Câmara Municipal voltará a promo-ver os tradicionais festejos carnavalescos.A folia decorrerá em colectividades e nosespaços públicos das várias freguesias doconcelho, incluindo bailes, concursos demáscaras, as tradicionais cegadas, corsosna Malveira e na Parede, animação de ruae desfiles de trajes.

Música Coimbra

Hoje, pelas 21 e 45, no Teatro Académicode Gil Vicente (TAGV), assista à peça«Cowboio», com encenação e direcção ar-tística de Miguel de Lira e John Eastham.Fátima Lopes e Paulo Pires apresentarão,este sábado, dia 13, às 21 e 45, no TAGV,o recital «Corrente Solidária».O espectáculo contará com a participaçãodo Orfeão Académico de Coimbra, comCésar Moniz, Carlos Guilherme, ArmandoVidal, Elsa Saque; Carlos Zel e Carlos Men-des.Na Sala da Cidade da Casa Municipal daCultura encontra-se patente, até ao dia 21,a mostra de pintura de Abel Salazar.

Concerto em Fafe

Se os seus filhos têm mais de seis anos,então não perca a oportunidade de os le-var a ver «Os Aristogatos», na BibliotecaMunicipal Calouste Gulbenkian hoje, às 10

e 30 ou pelas 15 horas.Para os graúdos estará em exibição, noEstúdio Fénix, este fim-de-semana, o filmeportuguês «Zona J», às 15 e 30, bem comoàs 21 e 30.Amanhã prosseguem os concertos quin-zenais «Música em Diálogo», comentadospelo maestro José Atalaya.Desta feita será apreciada a composiçãode Saint-Saens «Carnaval dos Animais», noEstúdio Fénix, pelas 15 horas.

Desfile em Faro

Cerca de quatro mil crianças participarãono tradicional «Desfile de Carnaval das Cri-anças» que se realiza, amanhã, a partir das10 horas, na Av. 5 de Outubro.

Colóquioem Ferreira do Alentejo

Decorre, hoje, a partir das 9 e 30, no Pavi-lhão da Escola Secundária, um colóquionacional sobre «O Futuro da Rentabilidadena Cultura do Milho».O secretário de Estado da ModernizaçãoAgrícola e da Qualidade Alimentar, LuísVieira, preside à sessão de abertura.Os cavaleiros Carlos Manuel e Vítor San-tos, acompanhados pela troupe cómicaLos Paráguas e pelo grupo de forcadosJuvenis de S. Manços realizam, no domin-go, dia 14, às 15 horas, na Praça de Toros,um espectáculo cómico taurino.

Recital em Guimarães

O Auditório da Universidade do Minho exi-be, hoje, pelas 21 e 45, a realização maisrecente de Mike Figgis, «Lado a Lado».Amanhã, não perca, no mesmo local e àmesma hora, o espectáculo de IsadoraDuncan e da Companhia Internacional deTeatro Arte Livre. Trata-se de um evento in-serido no programa do Festival de Inverno.Ainda no âmbito do festival de variedadeso Teatro Meridional recria, no sábado, apeça «Macbeth � Uma Tragédia Ibérica».Também no dia 13, às 18 horas, o MuseuAlberto Sampaio será palco de um recitalde piano (Irene Bessa) e violino (Iakov Marr).

«Impressões» em Lisboa

«Offspring» é o nome do espectáculo a quepoderá assistir, amanhã, no Coliseu dosRecreios.«Você Tem Uma Mensagem», de NoraEphron, com Tom Hanks, Meg Ryan eGregg Kinnear nos papéis principais es-treia, amanhã nas salas de cinema.«Impressões», uma exposição de dese-nhos a pastel de Rui Perdigão, estará abertaao público na Delegação Regional de Lis-boa do IPJ.

Corso em Ovar

Hoje, pelas 22 horas, haverá muita músi-

ca, mascarados e diversão ao ritmo genu-íno do Brasil.Entretanto, na Tenda de Carnaval, assistaà actuação da banda Dança-Balança.As escolas de samba desfilarão este sá-bado, dia 13.No dia a seguir os foliões poderão apreci-ar o corso carnavalesco. Este espectáculorepete-se «Terça-Feira Gorda», dia 16.

Tradições em Pinhel

Uma «Feira das Tradições» realiza-se, nodistrito da Guarda, a partir de amanhã eaté ao domingo, dia 14, promovida pelaCâmara Municipal de Pinhel.O certame, de carácter anual, ocupará orecinto polidesportivo descoberto da Esco-la Preparatória local e inclui, além da mos-tra de produtos e serviços, espectáculosmusicais, colóquios e exposições.

CHICO CÉSARA música nordestina, misturada com ele-mentos pop e clássicos, vai estar emdestaque no Coliseu do Porto, amanhã,com a realização de um espectáculo doartista brasileiro Chico César.Antecedendo a participação do cantorno Festnia - Festival World Music, du-rante este fim-de-semana, no GrandeAuditório do Centro Cultural de Belém,em Lisboa, o concerto no Coliseu doPorto fará um balanço da carreira deChico César, considerado uma referên-cia da música brasileira pelas suas le-tras políticas, os arranjos e a forma decantar.Chico César, de 34 anos, nasceu emCatole do Rocha, no sertão de Paraiba,onde se formou em jornalismo na Uni-versidade Federal.Depois de tocar, ainda no anonimato, emcircuitos de bares, partiu em 1991 paraa Europa, convidado pela SociedadeCultural Brasil-Alemanha, editando o seuprimeiro CD - «Aos Vivos» - quatro anosdepois.Como compositor revelou-se um dospreferidos dos mais populares intérpre-tes do Brasil, sendo autor de músicasgravadas por Daniela Mercury, MariaBethania, Zizi Possi, Elba Ramalho eEmílio Santiago.Entre diversos prémios que já conquis-tou, Chico César viu ainda uma suacomposição - «A Primeira Vista» - ven-cer o galardão de «Melhor Música doAno» pelo Trofeu Imprensa/1997.No concerto do Coliseu do Porto, o po-pular músico brasileiro terá como con-vidado o Coral Família Alcântara, cons-tituído por quatro gerações de 60 can-tores, entre filhos, netos e bisnetos, quecantam músicas religiosas, afro-brasilei-ras, blues e espirituais.

Abril:Quatro Andamentos

Aliviem-se as arcas do seu lastro de sombrase presságios inúteisque o mês de que falo é luminoso e brandocomo um corpo celeste.Pudesse eu dar-lhe estatura de homem feito,idade de navegante curtidopelos temporais da terra,de soldado aprendiz das tintas do sonhoe outra ave cantariano exacto lugar onde a nossa voz se tececom parcos fios de luzà procura de mais espaço para cantar.

II

Estava eu sentado numa varanda da noitee a noite era tanta que o clarear do diabem podia noutro continenteou numa ilha de coraldaquelas que se acoitam na memória dos sonhos.Alongava-se a espera muito para alémdo que um homem é capaz de esperare lisboa quedava-se tristecom um grande animal desfalecidocurando as chegas à beira do rio.E ninguém me perguntasse se a sede que eu tinhaera um sol de equinócio na garganta apertada.

III

Irrompeu da manhã um aço limpoum vento tão frescoque eu dei por mim a crescer sobre os muroscom uma ânsia alta e rebeldee de fôlego me provi, fôlego de pássaro ou de peixepara galgar a distância que vai da noite ao diae semeei estrelas dentro de corolase depois da árdua navegação solitáriaaportei enfim à baía de todas as esperanças.

IV

Um mês pode ter a altura de um povoo seu cheiro e a sua força descomunal,o seu desmesmurado amor ao húmus, à seiva,ao granito, ao mel, ao barro.Um povo assim é mestre dos diase dos gestos em que se reparte,dando-se total em cada instante de vento e sal.Para um povo assim um mês sem idade, infinitoa transbordar de dádiva no peito que albergaem iguais metades o grito e o canto.

Falo de um mês de mágicas revelaçõescom uma alquimia doce que faz transformara fome em broa, a sede em água.Mês de ancorar ou de partir,alimento durável que retempera e ilumina,casa ou cama onde o encantamento acontece naturalcomo a vizinhança de maioou o prodígio de um parto à face do trigo.

José Jorge LetriaIn «Poemabril»

Page 20: Xanana com residŒncia fixa Rumo à maioria absoluta do … · Recorde-se que o líder da ResistŒncia Timorense, Xanana Gusmªo, que foi condenado, inicialmente, a prisªo per-pØtua

ACÇÃO SOCIALISTA 20 11 FEVEREIRO 1999

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaOrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMary RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé Raimundo

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Imprinter, Rua Sacadura Cabral 26,Dafundo1495 Lisboa Distribuição Vasp, Sociedade deTransportes e Distribuições, Lda., Complexo CREL,Bela Vista, Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

ÚLTIMA COLUNA Joel Hasse Ferreira«Há uma coisa extremamentedesinteressante na �terceira via�,que é a subestimação do sonho,da utopia, dos ideais e da estraté-gia.»Ferro RodriguesPúblico, 5 de Fevereiro

«Aceito, satisfeito, mudanças nodiploma das férias.»Idem, ibidem

«Faz falta em Lisboa mais espaçosverdes pequenos, bancos e zonasde descanso nas ruas, jardinsonde se possa jogar futebol,percursos para ciclistas, terrenospara basquete dentro da cidade,como em Nova Iorque � enfim,mais vida e animação ao ar livre emenos vida subterrânea noscentros comerciais.»Miguel Sousa TavaresAgenda Cultural Lisboa, Fevereiro

«Sou contra qualquer tipo deprivatização da RTP, parcial ounão.»João Soares LouroGrande Plano, Janeiro

«O serviço público de televisão éum instrumento estratégico doPaís.»Idem, ibidem

«A RTP deve fazer programas paraminorias, e promover a cultura,história e língua portuguesa.»Fernando SearaGrande Plano, Janeiro

O PROGRAMA DE ESTABILIDADEE A REFORMA FISCAL

em surgido aos olhos da opiniãopública, em Portugal e noutros pa-íses europeus, uma crítica meioassumida meio difusa, quanto às

características essenciais do Programa de Es-tabilidade apresentado pelo Governo portu-guês e aprovado nas instâncias europeias.Desde há algum tempo e durante todo o pro-cesso de preparação para o EURO, da partede alguns banqueiros e responsáveis finan-ceiros holandeses e alemães houve uma ac-tuação com contornos públicos pressionan-do no sentido de reduzir a zero o déficeorçamental.Ora a redução a zero do défice orçamentalde maneira abrupta e absoluta teria comoefeito reduzir o investimento público de for-ma a prejudicar o crescimento económico ea promoção do emprego. Em alternativa, oscustos nas despesas correntes sugeridos poralguma oposição irresponsável de direita, epor alguns tecnocratas bruxelenses teriam deconduzir ou à redução das remunerações, ouà diminuição de postos de trabalho na Admi-nistração Pública ou a cortes nas transferên-cias para as autarquias locais, Regiões Autó-nomas e Segurança Social. Alternativa finalpara reduzir o défice a zero, seria o corte emdespesas com a função social do Estado,como a saúde e a educação.Por outro lado, quando temos como objecti-vo fazer com que a economia portuguesacresça mais rapidamente do que o conjunto

das economias europeias, a inflação poderáe deverá eventualmente crescer mais do quea média europeia desde que se mantenhadentro de uma razoável moderação.Entretanto, o apuramento das receitas fiscaisde Janeiro evidenciou uma subida significati-va face a igual mês do ano anterior. Essa subi-da corresponde por um lado ao crescimentoda actividade económica, por outro à continu-ação da reentrada no sistema tributário de ci-dadãos e empresas contribuintes que se en-contravam em situação de incumprimento dassuas obrigações.Mas este aumento de receitas devecorresponder a uma preocupação essencial:«que todos paguem para que cada um paguemenos» e tem que ser conjugado com o avan-ço equilibrado e gradual do processo de re-forma fiscal.Neste contexto, ganham particular acuidadea continuação da reforma do IRS, a reformado imposto sobre o património, as alteraçõesno imposto de selo, a modificação do impos-to automóvel e a aplicação correcta e contro-lada das mexidas no IRC.A reforma do IRS, na continuação das medi-das adoptadas, nomeadamente no Orçamen-to para 1999, desagravando os impostos paraos estratos mais desfavorecidos e aumen-tando a equidade fiscal, terá de ter em contao relatório recentemente elaborado pela Co-missão de Revisão do IRS.A reforma do imposto sobre o património, en-

volvendo a extinção da sisa e a reformulaçãoda contribuição autárquica obrigará a um pro-fundo debate envolvendo partidos e forçassociais sobre as características e os detalhesdesta reforma que terá de estabelecer um sis-tema mais equilibrado, justo e equitativo ten-do em conta o relatório sobre esta reforma,em fase de conclusão.A modificação do imposto automóvel estevejá a recolher opiniões das associações dosector e está a ser sujeita ao escrutínio públi-co, podendo vir a ser discutidaparlamentarrmente ainda nesta sessãolegislativa.As alterações no imposto de selo visam adesburocratização da actividade económicae a simplificação da vida do cidadão e pare-cem indispensáveis nesta fase da evoluçãoem que a economia digital ganha peso.A aplicação correcta das alterações equilibra-das e selectivas que temos vindo a fazer noIRC, nomeadamente privilegiando investimen-tos inovadores e criadores de emprego, em-presas de reduzida dimensão ou que se ins-talem no interior, será analisada com vista àmedição exacta dos seus efeitos na vida eco-nómica.No dealbar do milénio e no virar da legislatura,importa impulsionar de forma equilibrada, gra-dual e equitativa a reformulação do sistemafiscal que concretize os nossos princípios de,em economia de mercado, desenvolver umasociedade solidária.

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