sentença renata egídio - rj

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Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário Tribunal de Justiça Comarca de Duque de Caxias Cartório da 6ª Vara Cível General Dionísio, 764 3º andarCEP: 25075-095 - 25 de Agosto - Duque de Caxias - RJ Tel.: 3661-9100 e-mail: [email protected] Fls. Processo: 0057411-79.2013.8.19.0021 Classe/Assunto: Procedimento Ordinário - Dano Moral Outros - Cdc; Dano Material - Cdc; Antecipação de Tutela E/ou Obrigação de Fazer Ou Não Fazer Ou Dar Autor: RENATA CRISTINA DE SOUSA EGIDIO Réu: MABRA FARMACEUTICA LTDA - EPP Réu: DROGARIA RAINHA DE CAMPOS ELÍSEOS LTDA ___________________________________________________________ Nesta data, faço os autos conclusos ao MM. Dr. Juiz Virginia Lúcia Lima da Silva Em 29/07/2015 Sentença Processo n.º 0018240-10.2011.8.19.0208 Autora: RENATA CRISTINA DE SOUSA EGIDIO Ré: MABRA FARMACÊUTICA LTDA ¿ EPP Ré: DROGARIA RAINHA DE CAMPOS ELÍSEOS LTDA. SENTENÇA Feito encaminhado ao Grupo de Sentença. Trata-se de ação ordinária proposta por RENATA CRISTINA DE SOUSA EGIDIO em face de MABRA FARMACÊUTICA LTDA ¿ EPP e DROGARIA RAINHA DE CAMPOS ELÍSEOS LTDA., sob a alegação de que conquanto fizesse uso regular e contínuo de anticoncepcional fabricado pela primeira ré e comercializado pela segunda, local, inclusive, onde o medicamento era aplicado, contraiu gestação indesejada, ressalta ainda que é portadora de diabetes mellitus o que agrava o risco gestacional. Diante disso requer antecipação dos efeitos da tutela de mérito, inversão do ônus da prova, indenização de danos materiais e morais, bem como a condenação de a ré em ônus de sucumbência (petição inicial fls. 02/12, acrescida de documentos fls. 13/51). Deferimento de justiça gratuita à fl. 66, informação acerca de apreciação posterior do pedido liminar. Após regular citação (fls. 68/9), a primeira ré apresentou contestação sem documentos (fls. 71/104), em que arguiu preliminares de inépcia da inicial e de ilegitimidade passiva ad causam. No mérito, refutou o pleito de inversão do ônus probatório, sustentou ausência de nexo de causalidade entre a gestação e o alegado uso do medicamento, sendo certo que a autora não trouxe aos autos prescrição médica, bem como afirmou que a aplicação era feita por preposto da segunda ré, ou seja, profissional sem habilitação para fazê-lo. Também salientou sobre a possibilidade de uso incorreto e asseverou que há informações claras nas bulas sobre a eficácia do método contraceptivo não ser totalmente segura, ainda destacou o 110 VLLSILVA

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Sentença de Falha de Anticoncepcional improcendente.

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  • Estado do Rio de Janeiro Poder Judicirio Tribunal de JustiaComarca de Duque de Caxias Cartrio da 6 Vara Cvel General Dionsio, 764 3 andarCEP: 25075-095 - 25 de Agosto - Duque de Caxias - RJ Tel.: 3661-9100 e-mail: [email protected]

    Fls.

    Processo: 0057411-79.2013.8.19.0021

    Classe/Assunto: Procedimento Ordinrio - Dano Moral Outros - Cdc; Dano Material - Cdc;Antecipao de Tutela E/ou Obrigao de Fazer Ou No Fazer Ou Dar Autor: RENATA CRISTINA DE SOUSA EGIDIORu: MABRA FARMACEUTICA LTDA - EPPRu: DROGARIA RAINHA DE CAMPOS ELSEOS LTDA

    ___________________________________________________________

    Nesta data, fao os autos conclusos ao MM. Dr. Juiz Virginia Lcia Lima da Silva

    Em 29/07/2015

    Sentena

    Processo n. 0018240-10.2011.8.19.0208Autora: RENATA CRISTINA DE SOUSA EGIDIOR: MABRA FARMACUTICA LTDA EPPR: DROGARIA RAINHA DE CAMPOS ELSEOS LTDA.

    SENTENA

    Feito encaminhado ao Grupo de Sentena.

    Trata-se de ao ordinria proposta por RENATA CRISTINA DE SOUSA EGIDIO em face deMABRA FARMACUTICA LTDA EPP e DROGARIA RAINHA DE CAMPOS ELSEOS LTDA., soba alegao de que conquanto fizesse uso regular e contnuo de anticoncepcional fabricado pelaprimeira r e comercializado pela segunda, local, inclusive, onde o medicamento era aplicado,contraiu gestao indesejada, ressalta ainda que portadora de diabetes mellitus o que agrava orisco gestacional. Diante disso requer antecipao dos efeitos da tutela de mrito, inverso do nus da prova,indenizao de danos materiais e morais, bem como a condenao de a r em nus desucumbncia (petio inicial fls. 02/12, acrescida de documentos fls. 13/51).Deferimento de justia gratuita fl. 66, informao acerca de apreciao posterior do pedidoliminar. Aps regular citao (fls. 68/9), a primeira r apresentou contestao sem documentos (fls.71/104), em que arguiu preliminares de inpcia da inicial e de ilegitimidade passiva ad causam. Nomrito, refutou o pleito de inverso do nus probatrio, sustentou ausncia de nexo decausalidade entre a gestao e o alegado uso do medicamento, sendo certo que a autora notrouxe aos autos prescrio mdica, bem como afirmou que a aplicao era feita por preposto dasegunda r, ou seja, profissional sem habilitao para faz-lo. Tambm salientou sobre a possibilidade de uso incorreto e asseverou que h informaes clarasnas bulas sobre a eficcia do mtodo contraceptivo no ser totalmente segura, ainda destacou o

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  • Estado do Rio de Janeiro Poder Judicirio Tribunal de JustiaComarca de Duque de Caxias Cartrio da 6 Vara Cvel General Dionsio, 764 3 andarCEP: 25075-095 - 25 de Agosto - Duque de Caxias - RJ Tel.: 3661-9100 e-mail: [email protected]

    dever de informao do profissional mdico e requereu observncia aos princpios darazoabilidade e proporcionalidade para eventual fixao de verba indenizatria, ao final, pugnoupela improcedncia dos pedidos.Rplica s fls. 107/10 a repisar as teses esposadas na inicial.Em contestao a segunda r suscitou as mesmas preliminares, alegou litigncia de m f,asseverou que a gravidez foi anterior ao uso do medicamento, tambm salientou que apenascomercializa o produto, no tem ingerncia sobre as frmulas ou eficcia, afastou a ocorrncia dedanos a serem indenizados e pugnou pela improcedncia dos pedidos.Instadas a se manifestarem em provas e sobre o interesse em audincia de conciliao (fl. 142).Manifestao negativa das litisconsortes (fl. 146 e 155), parte autora afirmou no ter mais provas aproduzir e no se ope a audincia conciliatria (fl. 147). Rplica somente para reiterar os argumentos da exordial (fls. 156/60). O RELATRIO. PASSO A DECIDIR.Trata-se de questo de fato e de direito, mas em razo de estarem os fatos sobejamentedemonstrados, no tendo as partes pugnado pela produo de quaisquer outras provas, se impeo julgamento antecipado da lide, nos termos do artigo 330, I do Cdigo de Processo Civil. Inicialmente, rejeito as preliminares suscitadas pelas litisconsortes, a de inpcia da inicial porentender que a exordial atende aos requisitos elencados no artigo 282 do CPC e por novislumbrar no caso nenhuma a ocorrncia de nenhuma hiptese prevista no artigo 295 do CPC,sendo certo que esto presentes a utilidade, a necessidade e a adequao da tutela jurisdicionalpleiteada pela parte autora luz da pretenso deduzida em juzo, restando ainda comprovada acausa de pedir. De igual modo a de ilegitimidade passiva argida, tendo em vista que a legitimidade deve seranalisada em tese, sob o fundamento da consagrada Teoria da Assero, luz do que deve seconsiderar a relao jurdica com base no que foi alegado pela parte autora em sua inicial. Trata-se de ao de responsabilidade civil em razo de vcio no medicamento anticoncepcional,que permitiu a gravidez da autora. Para saber se razo assiste autora, seria necessrio ofornecimento de dados referente ao medicamento em questo a fim de se possibilitar seurastreamento, garantir o direito ampla defesa e proporcionar eventual percia sobre o mesmo. Caberia a autora provar que, poca, o medicamento utilizado se encontrava no prazo devalidade, mediante apresentao dos dados solicitados, o que sequer foi por ela comprovado, epoderia assim s-lo facilmente demonstrado por meio de informaes dos mesmos, inclusiveconsiderando-se que foi ela quem comprou o remdio na farmcia, conforme o que pela prpriaaduzido. Ressalte-se, ainda, que a demandante, em que pese ter alegado ser portadora de diabetes nocarreou aos autos prescrio mdica para o uso do aludido anticoncepcional que supostamenteteria apresentado vcio e proporcionado a gravidez indesejada. cedio que, segundo a exegese do artigo 12 do CDC, a responsabilidade do fabricante, pelosdanos causados ao adquirente de seus produtos, decorre do simples fato de ter colocado nomercado de consumo bem que no oferece a segurana que dele se espera, pondo em risco asade do consumidor. Todavia, no h qualquer prova nos autos acerca da falha na fabricao do produto ou mesmo deque a autora estava, de fato, fazendo uso dos aludidos medicamentos quando houve a gravidezindesejada. O Cdigo de Defesa do Consumidor no estabelece uma presuno absoluta das alegaes dosconsumidores, no impondo aos fornecedores de produtos e servios o dever de comprovar ainexistncia de fatos meramente ventilados pelo consumidor.Na hiptese dos autos a parte autora se limita a alegar que o produto fabricado pela partedemandada no produziu o efeito esperado, sendo que, a luz do conjunto probatrio acostado aosautos, torna-se impossvel conferir qualquer verossimilhana s suas alegaes. No basta, pois,que o indivduo alegue violao de seu direito, faz-se necessrio que suas alegaes sejamfundadas em elementos mnimos capazes de demonstrar a existncia do direito violado.Desta forma e por todo o exposto, imprescindvel seria a apresentao do nmero do lote, a data

    110 VLLSILVA

  • Estado do Rio de Janeiro Poder Judicirio Tribunal de JustiaComarca de Duque de Caxias Cartrio da 6 Vara Cvel General Dionsio, 764 3 andarCEP: 25075-095 - 25 de Agosto - Duque de Caxias - RJ Tel.: 3661-9100 e-mail: [email protected]

    de fabricao e de validade do medicamento em questo, conforme outrora explicitado, o que ,por um lado, de fcil produo pela autora, e, por outro, impossvel pelas rs. Assim sendo e tendo em vista que tais dados no foram apresentados pela autora, nus este quelhe pertencia, frise-se, por se tratar de prova mnima do direito por ela alegado, a teor do dispostono artigo 333 I do Cdigo de Processo Civil, no merecem prosperar os pedidos autorais. Por fim, no vislumbro na hiptese os requisitos configuradores da litigncia de m f. conta de tais fundamentos, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS, com fundamento noartigo 269, I do CPC. Condeno a autora em custas e honorrios que fixo em R$ 2.000,00, nostermos do artigo 20, 4. do CPC. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Aps, d-se baixa earquivem-se os autos.

    Rio de Janeiro, 18 de julho de 2015.

    Virginia Lucia Lima da SilvaJuza de Direito

    Duque de Caxias, 29/07/2015.

    Virginia Lcia Lima da Silva - Juiz Leigo

    ___________________________________________________________

    Autos recebidos do MM. Dr. Juiz

    Virginia Lcia Lima da Silva

    Em ____/____/_____

    Cdigo de Autenticao: 4S7A.QJPZ.2T8X.G465Este cdigo pode ser verificado em: http://www4.tjrj.jus.br/CertidaoCNJ/validacao.do

    110 VLLSILVA

    VIRGINIA LUCIA LIMA DA SILVA:000020734 Assinado em 31/07/2015 17:45:12Local: TJ-RJ