semiótica da cultura

60
Semiótica da Cultura Escola de Tártu-Moscou

Upload: api-3827709

Post on 13-Jun-2015

2.946 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Semiótica da Cultura

Semiótica da Cultura

Escola de Tártu-Moscou

Page 2: Semiótica da Cultura

Os pesquisadores da ETM

• Entendem a cultura como linguagem.• Linguagem: elo entre os domínios diferentes

da vida no planeta.• Aplicaram-se em compreender toda e

qualquer linguagem – todas as formas de expressão.

Page 3: Semiótica da Cultura

Cultura

• Memória não genética: religião, arte, leis : isto forma um tecido, um continuum semiótico, sobre o qual se estrutura o mecanismo das relações cotidianas.

Page 4: Semiótica da Cultura

Assim, toda relação seria:

• Primordialmente, uma troca de linguagens.

Page 5: Semiótica da Cultura

Cultura

• Inteligência coletiva.• Um sistema de proibições e prescrições.• Programas de comportamento que permitem

converter acontecimentos em conhecimento.

Page 6: Semiótica da Cultura

Signos

• Ganham significados na medida em que se transformam em expressões simbólicas para seus grupos.

Page 7: Semiótica da Cultura

Cultura

• Sistema de armazenamento, processamento e transferência de inormação.

Page 8: Semiótica da Cultura

O sentido

• Não está armazenado nas consciências individuais, mas na relação, nos interstícios entre falante e ouvinte.

Page 9: Semiótica da Cultura

Tradução

• O sistema reconforma sua estrutura traduzindo signos.

• Essas novas configurações são absorvidas na memória do sistema.

Page 10: Semiótica da Cultura

Códigos

• Os códigos já absorvidos se recompõem para traduzir novos conteúdos, mas estes só surgem a partir dos antigos, da tradição, daqueles que a cultura reconhece.

Page 11: Semiótica da Cultura

Cultura

• É um sistema de signos.• É um grande texto.• Se auto-regula.• Se auto-descreve.

Page 12: Semiótica da Cultura

Semiosfera

• O cosmo sígnico de cada cultura.

Page 13: Semiótica da Cultura

Textos

• Se reproduzem por contaminações nas fronteiras esponjosas da semiosfera.

Page 14: Semiótica da Cultura

Encontros dialógicos

• Elementos de diferentes culturas.• Diferentes sistemas modelizantes.

Page 15: Semiótica da Cultura

Modelização

• Determinado modelo de mundo é produzido pela linguagem.

Page 16: Semiótica da Cultura

Língua

• Modelização primária.• Secundária: todos os sistemas semióticos

restantes.

Page 17: Semiótica da Cultura

Lotman

• 1922 / 1993

Page 18: Semiótica da Cultura

A arte como linguagem

• A arte é um dos meios de comunicação.• Realiza uma ligação entre um emissor e um

receptor (ambos podem estar em uma única pessoa).

Page 19: Semiótica da Cultura

Arte

• Linguagem realizada de forma peculiar.

Page 20: Semiótica da Cultura

Linguagem

• Todo sistema que serve à finalidade da comunicação entre dois ou mais indivíduos.

• Não se restringe à condição humana.

Page 21: Semiótica da Cultura

Linguagem

• A língua;• Os meta-sistemas criados para descrever as

línguas.• Teatro, cinema, pintura, música.

Page 22: Semiótica da Cultura

A arte como sistema

• Além de cada arte específica constituir um sistema próprio de linguagem, a arte, de um modo geral, ou seja, o seu conjunto, se constituiria em um sistema geral com um modo de organização específico classificável como linguagem.

Page 23: Semiótica da Cultura

Toda linguagem

• Utiliza signos.• Signo: é o vocabulário de cada linguagem (seu

alfabeto).• Possui regras definidas de combinação de

signos.• Apresenta determinada estrutura, à qual

corresponde uma hierarquia própria.

Page 24: Semiótica da Cultura

Arte

• Possui aspectos que a aparentam a qualquer linguagem, podendo ser enquadrada em uma teoria dos sistemas de signos;

• Possui aspectos particulares, o que a distingue de outros sistemas.

Page 25: Semiótica da Cultura

Linguagem

• Todo sistema de comunicação que utiliza signos ordenados de maneira particular.

Page 26: Semiótica da Cultura

A linguagem se distingue dos seguintes sistemas:

- Os que não servem como meio de comunicação: formas que não estão ligadas ao acúmulo e transmissão de informações (fenômenos naturais, como o crescimento de uma árvore).

- Os que servem como meio de comunicação, mas não utilizam signos (comunicação celular, transmissões informativas internas – fome, raiva, medo).

- Servem como meio de comunicação e utilizam signos total ou parcialmente não ordenados (paralinguagem).

Page 27: Semiótica da Cultura

Linguagem

• Línguas naturais (inglês, português, francês).• Línguas artificiais (ciência, sinais

convencionais).• Linguagens secundárias (o mito, a religião, a

arte etc).

Page 28: Semiótica da Cultura

Língua natural

• Um dos mais antigos e poderosos sistemas de comunicação. Exerce influência sobre a psique do homem e sobre a vida social.

• “Não sei se penso ou se sou pensado pelo meu pensamento” (E. Morin).

• “A consciência humana é lingüística” (Bakhtin).• A linguagem sempre se dá em um embate

social. Linguagem é negociação.

Page 29: Semiótica da Cultura

Na comunicação: teorias relacionadas à negociação da linguagem

• Agenda setting.• Espiral do silêncio.• Cargas ideológicas: palavras fortes, simpáticas,

antipáticas. • Palavras-tabu.

Page 30: Semiótica da Cultura

Sistemas secundários

• Se constroem baseados em modelos da língua natural.

Page 31: Semiótica da Cultura

A consciência do homem é linguística

• Por isso todos os sistemas sobrepostos à consciência, incluindo a arte, podem ser definidos como sistemas modelizantes secundários.

Page 32: Semiótica da Cultura

Complexidade

• A complexidade da estrutura é proporcional à complexidade da informação transmitida.

• A complexidade do caráter da informação conduz inevitavelmente à complexidade do sistema semiótico utilizado para sua transmissão.

Page 33: Semiótica da Cultura

Complexidade

• Num sistema semiótico corretamente construído, não deve existir nenhuma complexidade supérflua ou injustificada.

• Tendência à simplificação: os sistemas tendem à economia.

• Na linguagem: Vossa mercê / vosmecê / cê

Page 34: Semiótica da Cultura

Complexidade

• Os sistemas simples substituem os sistemas complexos, desde que ofereçam o mesmo volume de informação.

Page 35: Semiótica da Cultura

Poético

• Estrutura altamente complexa.• Mais complicado que a língua natural, quando

na literatura.• Permite um volume enorme de informações.AmorHumor (Oswald de Andrade)• Paulo Prado: minutos de poesia em

comprimidos

Page 36: Semiótica da Cultura

Complexidade poética

• Uma determinada informação não pode existir nem ser transmitida fora de uma dada estrutura.

Page 37: Semiótica da Cultura

Traduzir

• É trair.• É impossível.• Só é possível transcriar, recriar.

Page 38: Semiótica da Cultura

Pensamento artístico

• Se realiza através de um encadeamento – uma estrutura – e não subsiste fora dele.

Page 39: Semiótica da Cultura

O texto artístico

• É um sentido construído complexamente. Todos os seus elementos são elementos de sentido.

• No texto artístico elementos não significativos ganham significado – o branco da página, por exemplo.

NatalMinha sogra ficou avó. (Oswald de Andrade)

Page 40: Semiótica da Cultura

Domínio da linguagem

• Dois códigos: um que cifra e outro que decifra.• Reconhecimento de elementos invariantes.

Page 41: Semiótica da Cultura

Toda linguagem é:

• Um sistema comunicativo;• Um sistema modelizante.

Page 42: Semiótica da Cultura

Linguagem

• Determinado sistema abstrato, comum ao emissor e ao receptor, que torna possível o próprio ato de comunicação.

• Onde se lê abstrato, com Peirce leia-se simbólico.

Page 43: Semiótica da Cultura

Mensagem

• Informação que surge em um texto.

Page 44: Semiótica da Cultura

Obra de arte

• Linguagem;• Mensagem.

Page 45: Semiótica da Cultura

Linguagem de um texto artístico

• Determinado modelo artístico de mundo.• Cria o modelo artístico de um fenômeno

concreto qualquer.

Page 46: Semiótica da Cultura

Assim

• O estudo da linguagem artística das obras de arte nos fornece não apenas certa norma individual de relação estética, mas também reproduz um modelo de mundo em seus traços mais gerais.

Page 47: Semiótica da Cultura

A linguagem

• Modeliza não só uma determinada estrutura do mundo, mas também o ponto de vista do observador.

Page 48: Semiótica da Cultura

Os signos arte

• Não possuem um caráter convencional, mas um caráter icônico, figurativo.

Page 49: Semiótica da Cultura

Os signos icônicos

• São construídos segundo um princípio de ligação condicionada entre a expressão e o conteúdo.

Page 50: Semiótica da Cultura

Na arte

• O signo modeliza o seu próprio conteúdo.• Há uma semantização de elementos não

semânticos.• O texto é um signo integral.

Page 51: Semiótica da Cultura

Exemplos

• A pontuação em José Saramago.• O violão e a voz gutural de João Bosco

(influências de Clementina de Jesus).• As repetições encantatórias em G. Rosa.• A parataxe em Oswald de Andrade.• O surreal / inusitado nos comerciais do Axe.

Page 52: Semiótica da Cultura

Inovação

• Toda obra inovadora é construída sobre um material tradicional.

• Se um texto não evoca uma construção tradicional, sua inovação deixa de ser percebida.

• Exemplos: a Monalisa de Bigodes, de Duchamp

• O santeiro do Mangue, de Oswald de Andrade

Page 53: Semiótica da Cultura

Arte

• Meio mais econômico e compacto para conservar e transmitir uma informação.

Page 54: Semiótica da Cultura

O texto artístico

• Fornece aos diferentes leitores uma informação diferente – a cada um na medida da sua compreensão - , e ainda proporciona ao leitor uma linguagem a partir da qual é possível assimilar uma porção sucessiva de conhecimento no decorrer de uma nova leitura.

• Por isso o risco de se utilizar a poesia como informação.

Page 55: Semiótica da Cultura

Pluralidade de interpretações

• Propriedade orgânica da arte.

Page 56: Semiótica da Cultura

Receptor

• Deve não só decifrar a comunicação com ajuda de determinado código, mas também estabelecer em que linguagem o texto foi codificado.

Page 57: Semiótica da Cultura

Sem domínio comum de linguagem entre emissor e receptor:

• O receptor aplica ao texto sua própria linguagem artística. O texto é submetido a uma recodificação.

• O receptor procura assimilar o texto segundo cânones por ele conhecidos, pelo método de ensaio e erro.

• O receptor entra em conflito com a linguagem do emissor (e pode ser vencido).

• O emissor impõe sua linguagem ao leitor, que a assimila e faz dela seu próprio meio de modelização da vida.

Page 58: Semiótica da Cultura

Na prática

• No processo de assimilação a linguagem do emissor se submete a uma mestiçagem, se deforma, no contato com o arsenal da consciência do leitor.

Page 59: Semiótica da Cultura

Na passagem do emissor para o receptor

• Elementos casuais podem vir a ganhar significação.

Page 60: Semiótica da Cultura

Partes do código que não se cruzam

• Zona que se deforma, sofre mestiçagem, se transforma.