seminário sobre miriam l. moreira leite

25
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Tópico especial: Viagens e viajantes – fontes, metodologias e abordagens Docente: Profª Drª Alexandra Lima da Silva Discentes: Carolina Akie Ochiai Seixas Lima Gabriel de Mattos Tiago Vieira de Melo

Upload: carolina-seixas-lima

Post on 30-Jul-2015

82 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSOINSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIATópico especial:

Viagens e viajantes – fontes, metodologias e abordagensDocente: Profª Drª Alexandra Lima da Silva

Discentes:Carolina Akie Ochiai Seixas Lima

Gabriel de MattosTiago Vieira de Melo

Miriam Lifchitz Moreira Leite(nasceu em 17/maio/1926 – faleceu em16/fev/2013)

• Possuía graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo(1947), graduação em Historia Econômica pela Universidade de São Paulo(1983) e pós-doutorado pela Eastman Foundation(1990). Foi membro da assessoria em fotografia histórica do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia e Professora doutora do grupo de pesquisa em imagem do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia.

• Foi uma das fundadoras do NEMGE - Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher, em 1985, e desde 1998 participava do GRAVI - Grupo de Antropologia Visual (LISA - USP).

• Sua reflexão sobre a questão das imagens e da memória tem inspirado e influenciado muitos pesquisadores do campo das Ciências Humanas, justamente pela sua capacidade de provocar outras reflexões, provocar outros olhares.

Bibliografia da autora• Livros • LEITE, Miriam Lifchitz Moreira; FELDMAN-BIANCO, B. (eds.). 1998.

Desafios da imagem (Fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais). 2ª ed. Campinas: Papirus.

• LEITE, Miriam Lifchitz Moreira. 1997. Livros de viagem (1803-1900). 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.

• ______. 1997a. GUT: o ritmo vivaz. São Paulo: EDUSP. • ______. 1997b. Diário do Barão E.de Langsdorff (1824-1825). 1ª ed.

Campinas: Unicamp; Manguinhos: Fundação Oswaldo Cruz. • ______. 1995. Pedagogia da Imagem e Imagem da Pedagogia. 1ª ed.

Niterói, UFF: Faculdade de Educação da UFF. Entrevista com Miriam Moreira Leite 353

Artigos • Artigos • LEITE, Miriam Lifchiz Moreira. 2003. Janela da

Alma. Cadernos de Antropologia e Imagem, 15(2):177-180.

• ______. 2002. Atirei no que vi e acertei no que não vi. Gênero, 2(2):193-202.

• ______. 2002a. Luce Fabri e o anarquismo contemporâneo. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção,1(3):p?

• ______. 2002b. Trajetória de uma rebelde. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 415:85-97.

• ______. 2000. Mulheres viajantes no século XIX. Cadernos Pagu, 15:129-143.

• ______. 2000a. A condição feminina no reinado de D.João VI. Anais do Museu Histórico Nacional - D.João VI, um rei aclamado na América, p. 94-106, Rio de Janeiro: IPHAN.

• ______. 2000b. Imagem e Memória.Resgate, 8:9-16.

• ______. 1999. As transformações da imagem fotográfica. Revista de Antropologia, 41(2):7-18.

• ______. 1999a. Texto visual e texto verbal. Revista Catarinense de História, 5:67-85.

• ______. 1999b. Infância e memória. Cadernos Pagu, 8/9:355-364.

• ______. 1997. Psicanálise, sociologia e história. Ensaio - Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 12:175-178.

• ______. 1996. A documentação de Maria Lacerda de Moura. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 40:271-278.

• ______. 1996a. Utopias educacionais de Maria Lacerda de Moura. História - Utopia – ANPUH, p. 65-70, São Paulo.

• ______. 1995. A longa espera. Revista da Biblioteca Mario de Andrade (Imagens de Mulher), 53:77-82.

• ______. 1995a. Natureza e naturalistas: profissionalização do cientista. Cadernos IG/Unicamp, 5(1):60-76. Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 13, vol. 20(1+2), 2009 352

• ______. 1994. História das mulheres. Revista USP, 23:56-62.

• ______. 1994a. Memória da Faculdade de Filosofia (1934-1994). Revista do Instituto de Estudos Avançados da USP, 22:167-177.

• ______.1993. 50 anos do grupo universitário de teatro. Revista USP,18:170-175.

LIVROS DE VIAGEM (1803-1900)1. Introdução – Relatos de viajantes como fontes da história social da

população brasileira;2. A dupla documentação sobre mulheres nos livros dos viajantes (1800-

1850);3. Grupos de convívio no Rio de Janeiro (século XIX)4. Mulheres e famílias;5. O óbvio e o contraditório da roda de expostos;6. Viajantes naturalistas – caracterização;7. Naturalistas viajantes;8. Imagem e memória;9. Barreiras da iconografia;10. Caderno de ilustrações.

1 - Relatos de viajantes como fontes da história social da população brasileira

Tais naturalistas constituíram a elite intelectual do Mundo ocidental eurocêntrico, para eles, o viajante não podia ser um simples espectador, mas sim um ator de passagem, observador atento da realidade, exercitando diante dela a arte de pensar, empreendendo-se de seu mundo imaginário para dirigir sua atenção ao mundo real e imaginário do outro, que ali encontrava. Fazia isso através de um planejamento de objetivos e etapas, arrematados por uma memória final que deveria ser o fundamento para a sugestão de tipos variados de formas e aperfeiçoamentos. (LEITE, 1997, p. 17)

Naturalistas e artistas tinham a percepção aguçada por condições profissionais. Uns, em função da expressão artística do que viam, estavam, em muitos casos, em busca de maior contato com a natureza, da qual se sentiam banidos pela civilização industrial dos países de origem. (LEITE, 1997, p. 19)

2 – A dupla documentação sobre mulheres nos livros dos viajantes (1800-1850)

“Dos 153 livros de viagem levantados (Berger, 1964), na primeira metade do século XIX, foram selecionados 80, dos quais 5 tinham sido escritos por mulheres.”- O livro de viagem;- O público leitor;- As autoras – mulheres estrangeiras e escritoras;- Contribuição feminina na literatura de viagem;- As narrativas de viagem;- As autoras viajantes;- Tipos de testemunho.

3 – Grupos de convívio no Rio de Janeiro

‘A expressão “grupos de convívio”, ainda que imprecisa e ampla, designa de maneira menos estrita tanto diferentes tipos de família, quanto outras formas de coabitação.’ (p.66)• Estudo da literatura de viagem como documentação para a

compreensão dos grupos de convívio;• Aspectos do grupos de convívio: escolha do par;• A ama-de-leite;• Mulheres públicas;

4 – Mulheres e famílias

“Esta parcela, constituída de viajantes-mulheres, escreveu livros menos ambiciosos, de caráter mais pessoal, e com maior frequência produziu uma dupla documentação: sobre a vida cotidiana da população visitada, através da recuperação de condições da vida feminina no país de origem.” (p.99)• As escritoras-viajantes;• A viajante profissional;• Cartas.

5 – O óbvio e o contraditório da roda de expostos

• “Roda dos enjeitados”, ou “Roda da Misericórdia”, ou ainda “Roda dos Expostos”, criada na cidade francesa de Marselha em 1188, durante a Idade Média.

• Ela foi largamente usada no Brasil, onde ainda ficam algumas, porém fora de uso. A primeira foi aberta em Salvador em 1734, por determinação real, com o nome de Roda do Asilo do Santo Nome de Jesus. Seu uso se estendeu a todas as cidades importantes do Brasil até o século XX. (http://www.adf.org.br/home/tag/roda-dos-expostos/)

• • A Roda na imaginação infantil (até a década de 1930)• • A Roda salva a vida ou incentiva o abandono?• • Agravamento no Brasil devido à escravidão: mães

escravas eram afastadas dos filhos para trabalharem como amas-de-leite nos abrigos.

• • Maria Lucia Mott levantou a situação (cerca de 30% de

mortalidade dos recém-nascidos). Análise na França, Itália, Bélgica e Inglaterra mostra que a situação no séc. XIX era parecida com a do Brasil, antes da Microbiologia e da invenção da... mamadeira.

Ilustração do abandono de uma criança na Roda dos Expostos, séc. XIX [A roda na rua de Santa Teresa, em desenho de Thomas Ewbank (1845)]http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/46/artigo242768-3.asp

Posições diversas dos estrangeiros

• Kidder e Fletcher, 1851 (missionários protestantes): Roda era um estímulo à licenciosidade e à desumanização.

• Christopher Columbus Andrews , 1887 (diplomata americano): Instituição humana que pretendia preservar a vida das crianças, mas depois de “análise minuciosa” , declara sua inutilidade se não for possível diminuir a mortalidade excessiva.

• Debret e Maria Graham já tratam do conjunto Roda dos Expostos (recém-nascidos) e Asilo de Órfãos(desvalidos “de pé”, ou seja, 2 ou 3 anos), com um mínimo programa de encaminhamento.

• Thomas Ewbank , 1846 (diplomata estadunidense, desenhista, um dos fundadores da American Ethnological Society) : Visitou as cercanias da roda, mas bateu em retirada quando os vizinhos da casa em frente abriram as janelas.

Citações de Oliver Twist, de Charles Dickens (1839):

• Trouxeram-na aqui a noite passada. Encontraram-na caída na rua. Devia ter vindo de longe, porque os seus sapatos estavam em tiras. (. .. ) A velha história, sem anel de casamento. (. .. ) A triste situação em que estava, desprovido de leite materno, foi devidamente comunicada pelas autoridades do asilo às autoridades do município. Essas autoridades inquiriram, com arrogância, das autoridades do asilo se não havia uma mulher domiciliada na "casa', que estivesse em condições de prestar a Oliver Twist a consolação e o alimento de que ele carecia. As autoridades do asilo responderam com humildade que não havia. Após o que, as autoridades municipais resolveram magnânima e humanamente que Oliver Twisr fosse internado numa "quinta" ou, por outras palavras, que fosse despachado para uma sucursal do asilo, a umas três milhas, onde outros vinte ou trinta transgressores juvenis das leis dos pobres rolavam pelo chão o dia inteiro, sem o inconveniente de exigirem muito alimento ou muito vestuário, sob a superintendência maternal de uma mulher idosa, que recebia os delinquentes pelo donativo de sete pence e meio por cabeça, semanalmente.

• ( ... ) No momento preciso em que uma criança havia conseguido sobreviver com a menor porção possível do mais fraco alimento, sucedia, perversamente, em oito casos e meio em dez, que, ou ela adoecia de fome ou de frio, ou caía no fogo por negligência, ou ficava meio sufocada com um ataque.

• ( ... ) Além disso, o conselho fazia visitas periódicas, mandando sempre o bedel um dia antes, para avisar que ia. As crianças apresentavam-se bem arrumadas e limpas aos olhos, quando eles iam. Que mais poderia desejar o mundo?

Oliver Twist

Citação de Moll Flanders, de Daniel Defoe (1722):

• Disseram-me que numa nação vizinha, na França ou noutro lugar qualquer, não sei bem, existe uma ordem do rei a respeito do condenado à morte, às galeras ou à deportação. Caso o criminoso deixe filhos, geralmente sem recursos, porque ele é pobre ou teve seus bens confiscados, essas crianças são imediatamente postas sob a proteção do governo, numa instituição de caridade denominada "orfanato", onde são educadas, vestidas, alimentadas e instruídas. E, quando chega a época de saírem, são empregadas como aprendizes ou domésticas, estando então aptas a ganhar a vida honestamente, através de suas habilidades.

• Se esse fosse o costume de nosso país, eu não teria sido uma moça desolada, abandonada sem amigos, sem roupas, sem nada, sem ninguém que me auxiliasse, como aconteceu, razão por que eu fui não somente exposta a grandes desgraças, antes mesmo de poder compreender minha situação ou de saber como remediá-la, mas também levada a uma existência escandalosa em si própria e cujo curso normal leva, de uma só vez, a alma e o corpo a uma rápida destruição. (...)

• Nesse momento eu precisava ser socorrida, embora não estivesse legalmente a cargo daquela paróquia, segundo a lei. Os magistrados, depois de ouvirem a minha história e sendo eu muito pequena para trabalhar - tinha apenas três anos -, apiedados, ordenaram que cuidassem de mim e eu me tornei uma de suas assistidas, como se tivesse nascido nessa cidade.

• Entre as medidas tomadas, um feliz acaso me colocou como pensionista, segundo dizem, em casa de uma mulher pobre, é verdade, mas que havia conhecido melhores dias e ganhava a vida modestamente, educando crianças como eu e não lhes deixando faltar nada, até que atingissem a idade a partir da qual se permite sejam empregadas e ganhem a própria subsistência. (São Paulo, Nova Cultural, 2003, pp. 15-17)

Moll Flanders

A Roda Hoje

• Vários países europeus estão “reinventando” a “Roda”. Alemanha, Bélgica, Eslováquia, França, Holanda, Itália, Lituânia, Polônia e República Tcheca adotaram-na há já alguns anos. Mais recentemente, a Hungria, que alterou a sua legislação para legalizar o sistema com as mesmas leis estabelecidas para os casos de adoção.

• Eis o que declara a respeito Gabriele Stangl, do Hospital Waldfriede, de Berlim: “O sistema conta com todas as facilidades de uma maternidade comum. Uma vez que o bebê é depositado no berço improvisado, um alarme soa e chega uma equipe de médicos para checar o estado de saúde do recém-nascido”. Assim, ele recebe todos os cuidados até ser encaminhado para adoção. Enquanto a criança não for adotada, os pais têm o direito de recuperá-la — o que não é raro acontecer —, mas depois que for adotada, eles perdem seus direitos.

A notícia da BBC narra ainda o caso de uma mãe que “engravidou muito jovem e não tinha o apoio do pai da criança, ficou em estado de choque após o nascimento e decidiu colocar o filho na ‘roda’. Ela, entretanto, se arrependeu uma semana depois”.

• (Ressurgimento na Europa da Roda dos Expostos, por Paulo Roberto Campos, in http://blogdafamiliacatolica.blogspot.com.br/2012/09/ressurgimento-na-europa-da-roda-dos.html)

A antiga Roda dos Expostos (esq) e a atual, denominada babyklappe, usada na Alemanha e outros países. Na foto, jovem alemã faz demonstração sobre o funcionamento

6 – Viajantes naturalistas/ caracterização

O conhecimento do habitante, do homem que age e pensa em seu mundo, não é homogêneo, é contraditório, apenas parcialmente claro, com incorporação tranqüila de contradições. As questões e relações que em seu universo parecem óbvias (Ichheiser, 1970, pp. 8-14) são aceitas como normais e terminam por se tornar invisíveis. Pensa de acordo com as convenções de seu grupo, que incorpora, com suas contradições e ambivalências, sem delas tomar consciência. (LEITE, 1997, p. 162).

Nesses empreendimentos, [...] as outras expedições tiveram outras modalidades de financiamento – houve os que viajaram e perderam a sua fortuna pessoal, mas a maior parte veio patrocinada pela nobreza de sua terra de origem, enquanto outros ainda foram contratados pelas autoridades portuguesas e brasileiras para a exploração mineral ou o incentivo à imigração. Na segunda metade do século XIX, muitos deles já são membros de comissões científicas do país de origem, indicando a transferências das preocupações científicas de um mecenato aristocrático cosmopolita para instituições científicas ligadas direta ou indiretamente aos Estados. (LEITE, 1997, p. 166).

[...] Essas iniciativas tinham um cunho internacional, num mundo empenhado em lutas nacionais de unificação e expansão. O fascínio pelas explorações científicas que envolvia os viajantes não os livrava da desconfiança dos habitantes locais, nem sequer das autoridades, que os viam com grande ambigüidade. (LEITE, 1997, p. 167).

7 – Naturalistas viajantes

As condições das viagens marítimas e terrestres, bem como o tipo de hospedagem encontrado, variaram através do século XIX e nas diferentes províncias, como também variaram os segmentos da população com que os viajantes entravam em contato. Essa variação também existiu na escolha de ajudantes locais e tropeiros, nas condições de preservação e acondicionamento do material coletado. Nem todos sofreram as interrupções de subsídios e de verbas para a viagem. Houve os que passaram incólumes a perigos e doenças e às pressões das autoridades locais. Muitos perderam a vida e a razão na travessia de rios e florestas. Dificuldades físicas e psicológicas desestruturaram expedições cujo objetivo era desvendar o desconhecido. (LEITE, 1997, p. 205).

8 – Imagem e memóriaSobre o trabalho empírico com a iconografia dos viajantes estrangeiros e das famílias de imigrantes (de 1890 a

1930)• - Conceitos:• “A Imagem pode ser urna representação fictícia, gráfica, plástica, escultural ou fotográfica; pode se referir a

imagens sagradas, à representação analógica, à metáfora; pode ser evocada voluntária ou involuntariamente, é diferente da existência e pode ser literária religiosa, visual ou do domínio da imaginação, consciente e inconsciente. É difícil de captar, o que é feito pelo reconhecimento. Essa rnultiplicidade de modalidades implica em aspectos comuns e aspectos diferentes. O mesmo acontece com a Memória. Pode significar lembrança, recordação, relato, relação, vestígio, sinal, dissertação acerca de assunto científico, literário ou artístico, armazenar e imaginar.” (pp.219-220)

• • - Recorte Imagens Fixas (na Iconografia e na Fotografia) e das Imagens Mentais.• • - O Re-conhecimento das Imagens acabam sendo fundamentais na construção da Memória. Ao

mesmo tempo, existe uma Rede de Expectativas no conhecimento das Imagens.• • - “De outro lado, o desenho ou a fotografia não reproduzem abstrações. Representam um caso

concreto, um fato particular, enquanto a linguagem verbal e as nomenclaturas científicas representam valores abstratos por nuances e entonações.” (p. 221)

• • - Proust e Em Busca do Tempo Perdido: um tratado sobre a Memória.

• Semiótica revelou relações entre Imagens fixas e procedimentos conscientes, tirando da Fotografia o papel de Prova Incontrovertida.

• Retratos de Família (1993): Muita ambiguidade e relações até conflituosas entre imagem e memória.

• Metáfora do Bloco Mágico (Freud, 1924/25).

• Conclusão do artigo: “O trabalho com a fotografia implica, portanto, não só no conhecimento das condições de sua produção, como das finalidades com que foi produzida, das condições técnicas acessíveis na produção, das condições de distribuição e das condições sociais e culturais do contexto de sua produção e de sua armazenagem. Todos esses dados interferem no processamento de imagens, de fora para dentro e de dentro para fora, e em seu destaque e revelação do inconsciente para a memória.” (p. 228)

(In:http://skizzenblockg.blogspot.com.br/2011/08/gespeichert-auf-der-zaubertafel-n1.html )

9 – Barreiras da iconografia• - Estudos Históricos e Sociológicos interessam-se pelas imagens bem depois da

Antropologia.• - “A iconografia dos livros de viajantes do século XIX, com figuras resultantes de

desenhos com bico de pena, água-tinta, aquarelas ou fotografias, pode ser utilizada como documentação histórica, unicamente depois de passar por uma crítica rigorosa, que remeta ao artista e a suas intenções, a fim de não se incorrer em erros ou deturpações.” (p. 232) Pois precisamos saber se alguma coisa é circunstancial ou estrutural.

• - Thekla Hartman (1970) e Maria Sylvia Porto Alegre (1992-1993) analisaram a iconografia do índio no século XIX, acrescentando barreiras como a refeitura dos desenhos por gravadores (sobre desenhos originais), assim como idealizações que oscilavam entre pavor e deslumbramento pelos próprios desenhistas.

• - A Nudez, as Deformações Corporais e a Antropofagia: entre a pureza adâmica e a demonização.

• - Desenhos como parte do processo de análise: Debret, Rugendas (textos para complementar) e Martius (imagens acrescentadas bem depois).

• - Hartman (1970) destaca apenas dois desenhistas como “relativamente fiéis” em seus desenhos de índios.

Hercules Florence (1804 – 1879) Jovem desenhista francês que acompanhou a Expedição Langsdorff, junto a A. A. Taunay, e acabou levando os desenhos deste à família quando do seu falecimento. Também pesquisou a fotografia.

Franz Keller Leuzinger (1835-1890), desenhista e também fotógrafo, na década de 1860 realizou expedição ao Alto Amazonas em companhia de

August Frisch registrando, em imagem fotográficas e desenhos, aspectos da história, da arqueologia e dos costumes locais.

-“Não se trata, como pode parecer, de recusar a iconografia como documentação. Ao

contrário, é importante mostrar que a utilização da iconografia não dispensa uma crítica, como ocorre com a documentação escrita.” (p. 236-237)

• Conclusões• Uso da ficção como

apoio.• Uma visão deve ser

analisada pelo que representa, mas também por quem faz a representação.