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Quilombos e Quilombolas: A contribuição da Associação Brasileira de Antropologia Edir Pina de Barros 2007 A política de reconhecimento dos “remanescentes das comunidades dos quilombos”, vem viabilizando uma reflexão crítica sobre os limites e as possibilidades de interlocução entre o conhecimento jurídico e o conhecimento antropológico. Ao antropólogo, no caso, cabe problematizar a própria categoria jurídica que foi concebida com um caráter genérico, tendo por horizonte a diversidade sociocultural que ela abarca. A primeira questão que se impõe refere-se à expressão utilizada pelo dispositivo legal que, ao optar pelo termo “remanescente de comunidade de quilombo”, definiu o grupo pelo que já não é mais, visto que remanescente, algo residual, que não mais existe em sua plenitude 1 . Mas, como observou a antropóloga Ilka Boabentura Leite, no “texto constitucional é ‘a comunidade’ o sujeito da oração pois dela derivam ‘os remanescentes’,, denominados posteriormente quilombolas. O artigo constitucional instrui, mesmo que indiretamente, a forma como a questão deve ser tratada no campo jurídico. Abdias do Nascimento, um dos militantes pioneiros, também procura aperfeiçoar as suas teses do quilombismo 2 , chamando a atenção para a necessidade de medidas efetivas para a regulamentação do artigo 68 e enfatiza o aspecto coletivo do processo. Ou seja, a leitura que faz do artigo não deixa dúvida quanto ao fato de que é o grupo, e não o indivíduo, que norteia a identificação destes sujeitos do referido direito. O que viria a ser contemplado nas ações seria então o modo de vida coletivo, a participação de cada um no dia-a-dia da vida em comunidade. Não é a terra, portanto, o elemento exclusivo que identificaria os sujeitos do direito, mas sim sua condição de membro do grupo. A terra, evidentemente, é crucial para a continuidade do grupo, do destino dado ao modo coletivo de vida destas populações, mas não é o elemento que exclusivamente o define 3 (grifos meus). Segundo ela tem-se que: 1 Andrade L. & TreccaniI, G. – 2000 - Terras de Quilombo. In: Laranjeira, R.(Org.) Direito Agrário Brasileiro Hoje. São Paulo: Editora LTr. 2 "Quilombismo é um movimento político dos negros brasileiros, objetivando a implantação de um Estado Nacional Quilombista, inspirado no modelo da República dos Palmares, no século XVI, e em outros quilombos que existiram e existem no país. O Estado Nacional Quilombista tem sua base numa sociedade livre, justa, igualitária e soberana. O igualitarismo democrático quilombista é compreendido no tocante a raça, economia, sexo, sociedade, religião, política, justiça, educação, cultura, enfim, em todas as expressões da vida em sociedade. O mesmo igualitarismo se aplica a todos os níveis de Poder e de instituições públicas e privadas. A finalidade básica do Estado Nacional Quilombista é a de promover a felicidade do ser humano. Para atingir sua finalidade, o quilombismo acredita numa economia de base comunitário cooperativista nos setor de produção, da distribuição e divisão dos resultados do trabalho coletivo. O Quilombismo considera a terra uma propriedade nacional de uso coletivo. 3 Leite, Ilka Boaventura – 2000 – Os Quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica. Vol. IV (2): 344

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Quilombos e Quilombolas:

A contribuição da Associação Brasileira de Antropologia

Edir Pina de Barros

2007

A política de reconhecimento dos “remanescentes das comunidades dos quilombos”, vem

viabilizando uma reflexão crítica sobre os limites e as possibilidades de interlocução entre o

conhecimento jurídico e o conhecimento antropológico. Ao antropólogo, no caso, cabe problematizar a

própria categoria jurídica que foi concebida com um caráter genérico, tendo por horizonte a diversidade

sociocultural que ela abarca.

A primeira questão que se impõe refere-se à expressão utilizada pelo dispositivo legal que, ao

optar pelo termo “remanescente de comunidade de quilombo”, definiu o grupo pelo que já não é mais,

visto que remanescente, algo residual, que não mais existe em sua plenitude1.

Mas, como observou a antropóloga Ilka Boabentura Leite, no “texto constitucional é ‘a

comunidade’ o sujeito da oração pois dela derivam ‘os remanescentes’,, denominados posteriormente

quilombolas. O artigo constitucional instrui, mesmo que indiretamente, a forma como a questão deve ser

tratada no campo jurídico. Abdias do Nascimento, um dos militantes pioneiros, também procura

aperfeiçoar as suas teses do quilombismo2, chamando a atenção para a necessidade de medidas efetivas

para a regulamentação do artigo 68 e enfatiza o aspecto coletivo do processo. Ou seja, a leitura que faz

do artigo não deixa dúvida quanto ao fato de que é o grupo, e não o indivíduo, que norteia a

identificação destes sujeitos do referido direito. O que viria a ser contemplado nas ações seria então o

modo de vida coletivo, a participação de cada um no dia-a-dia da vida em comunidade.

Não é a terra, portanto, o elemento exclusivo que identificaria os sujeitos do direito, mas sim sua

condição de membro do grupo. A terra, evidentemente, é crucial para a continuidade do grupo, do

destino dado ao modo coletivo de vida destas populações, mas não é o elemento que exclusivamente o

define “3 (grifos meus).

Segundo ela tem-se que:

1 Andrade L. & TreccaniI, G. – 2000 - Terras de Quilombo. In: Laranjeira, R.(Org.) Direito Agrário Brasileiro Hoje. São Paulo: Editora LTr. 2 "Quilombismo é um movimento político dos negros brasileiros, objetivando a implantação de um Estado Nacional Quilombista, inspirado no modelo da República dos Palmares, no século XVI, e em outros quilombos que existiram e existem no país. O Estado Nacional Quilombista tem sua base numa sociedade livre, justa, igualitária e soberana. O igualitarismo democrático quilombista é compreendido no tocante a raça, economia, sexo, sociedade, religião, política, justiça, educação, cultura, enfim, em todas as expressões da vida em sociedade. O mesmo igualitarismo se aplica a todos os níveis de Poder e de instituições públicas e privadas. A finalidade básica do Estado Nacional Quilombista é a de promover a felicidade do ser humano. Para atingir sua finalidade, o quilombismo acredita numa economia de base comunitário cooperativista nos setor de produção, da distribuição e divisão dos resultados do trabalho coletivo. O Quilombismo considera a terra uma propriedade nacional de uso coletivo. 3 Leite, Ilka Boaventura – 2000 – Os Quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica. Vol. IV (2): 344

“É importante não confundir o pleito por titulação das terras que vêm ocupando ou que perderam

em condições arbitrárias e violentas com os critérios de constituição e formação histórica da

coletividade. Neste caso, de todos os significados do quilombo, o mais recorrente é o que remete à idéia

de nucleamento, de associação solidária em relação uma experiência intra e intergrupos. A

territorialidade funda-se imposta por uma fronteira construída a partir de um modelo específico de

segregação, mas sugere a predominância de uma dimensão relacional, mais do que de um tipo de

atividade produtiva ou vinculação exclusiva com a atividade agrícola, até porque, mesmo quando ela

existe ela aparece combinada a outras fontes de sobrevivência. Quer dizer: a terra, base geográfica, está

posta como condição de fixação, mas não como condição exclusiva para a existência do grupo. A terra é

o que propicia condições de permanência, às comunidades remanescentes dos quilombos dos direitos

assegurados às populações indígenas. Defende a “exploração econômica das áreas de forma compatível

com a preservação de sua identidade cultural”. 4

E ainda que:

“Até aqui, os processos já em curso por regularização fundiária com base no artigo

constitucional têm encontrado uma resistente barreira: os juristas aguardam por critérios universais

para a definição dos sujeitos do direito. Muitas vezes, preocupados em encontrar uma definição genérica

de quilombo que se aplique a todos os casos, deixam de considerar que os processos de

apropriação/expropriação somente guardam uma pertinência pela sua especificidade histórica. Esperam

dos cientistas sociais “objetividade”, para que possam exigir a aplicação da lei. Esperam por um único

conceito de quilombo universalmente aplicável a todos os casos, ou que os antropólogos invistam mais

nos laudos periciais e em torno de argumentos teóricos consensuais, capazes de definir, “de modo

preciso”, se uma comunidade é ou não remanescente de quilombo. Esta tem sido mais uma armadilha, ou

forma de prolatar a lei evitando (ou adiando) a arbitragem necessária em processos que envolvem

também áreas que são ao mesmo tempo de interesse direto das elites econômicas.

Por outro lado, os antropólogos pontuam situações específicas e defendem mais do que

exclusivamente um direito universal, a qualificação da experiência de constituição dos grupos, a arena

política propriamente, na qual os negros surgem como excluídos sociais, a alteridade em sua dupla face:

a que se impõe e a que é escolhida pelo grupo como expressão de sua organização, de sua identidade

positiva” 5.

Miriam de Fátima Chagas - Analista Pericial em Antropologia na Procuradoria da República/

Ministério Público Federal - publicou, em 2001, um instigante artigo na Revista Horizontes

Antropológicos sobre os limites e as possibilidades de reconhecimento das especificidades culturais e

socio-históricas dos denominados “remanescentes das comunidades dos quilombos”, a partir de um

4 Leite, Ilka Boaventura – 2000 – Os Quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica. Vol. IV (2): 344. (Thoth, informe de distribuição restrita do Senador Abdias do Nascimento, 1998, Senado Federal nº. 6, pp. 73-75) 5 Leite, Ilka Boaventura – 2000 – Os Quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica. Vol. IV (2): 349-351

direito constitucional que assegura a regularização de suas terras6. Sua reflexão foi feita a partir de alguns

exemplos etnográficos, contidos em laudos antropológicos por ela analisados, sobretudo o relativo à

Comunidade de Casca (RS), realizado pelo Núcleo de Estudos sobre Identidade e Relações Interétnicas da

Universidade Federal de Santa Catarina, de autoria da Profª. Drª. Ilka Boaventura Leite, com vistas a

instrução de Inquérito Civil Público instaurado em 1996 7. Miriam de Fátima Chagas era, à época,

doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. Diz a autora:

“O exercício de pensar a aplicação desta categoria a casos concretos produziu um campo de

debates que colocou lado a lado diferentes áreas de saber, movimentos, atores sociais na tarefa de tentar

participar da definição do conteúdo semântico que estaria sendo atribuído a essa categoria. As

discussões têm envolvido tanto o meio jurídico e antropológico quanto os próprios grupos, que seriam o

público beneficiário da aplicação desse dispositivo.

Uma das análises que tem pautado algumas dessas discussões, promovidas pelos juristas, é

aquela centrada na ascensão crescente que os direitos culturais ou mesmo étnicos vem assumindo nos

textos legais, especificamente os constitucionais”8.

Cabe analisar então, à luz do texto constitucional, o tratamento que o Estado dá ao reconhecimento

jurídico das diferenças étnicas9.

Itamar Gomes Amorim e Guiomar Germani, no artigo publicado em 2002 – Os quilombos da

Bahia e a regularização fundiária – magistralmente sublinharam a necessidade de relativização da

questão. Segundo elas tem-se que:

“Há olhares que, contraditoriamente, apontam para o significado das Comunidades Negras

Rurais Quilombolas: o primeiro é o olhar do outro, não de qualquer um, mas sim daqueles que buscam

subtrair terras. Para estes suas manifestações são incipientes, buscando o conceito da Coroa

Portuguesa, para afirmar o que são, apoiado em historiadores que vislumbravam o aniquilamento dessas

comunidades com o desenvolvimento da sociedade brasileira, simplesmente pela supressão de seus

hábitos, costumes e valores, como se a imposição de valores exógenos as fizessem desaparecer. Apoiados

em documentos elaborados pelo poder repressor, constantemente afirmam não ser significativa esta

forma de ocupação da terra. O segundo olhar é o significado dos membros da Comunidade, a qual

aponta relatos de seus antepassados, como torturas, delegação das atividades insalubres, estigmatização

e segregação por outros grupos. A estratégia de formar Comunidades endogâmicas e permanecer

restritivos a indivíduos alheios, são as formas mais eficazes de manter a coesão do grupo contra

6 Chagas, Miriam de Fátima - 2001 - A política do reconhecimento dos "remanescentes das comunidades dos quilombos". Horizontes Antropológicos, vol.7, no.15, p.1. Acesso: http://www.scielo.br/pdf/ha/v7n15/v7n15a09.pdf 7 Também é produto das preocupações inicialmente apresentadas no Laudo Antropológico das Comunidades Negras de Ivaporunduva, São Pedro, Pedro Cubas, Sapatu, Nhunguara, André Lopes, Maria Rosa e Pilões, no Estado de São Paulo, de autoria de antropólogos do Ministério Público Federal: Adolfo Neves de Oliveira Júnior,Deborah Stucchi, Miriam de Fátima Chagas e Sheila dos Santos Brasileiro. 8 Chagas, Miriam de Fátima - 2001 - A política do reconhecimento....pp. 211 e 212. 9 Silva, Dimas S. da – 1997 - Frechal: Cronologia da vitória de uma Comunidade Remanescente de Quilombo. Em Boletim Informativo NUER, vol.1, n. 1, p. 52.

potenciais inimigos externos. A sua afirmação enquanto negro quilombola, está relacionada ao seu

conhecimento de um passado específico que o identifique como transgressor da ordem vigente,

necessário para exercer sua liberdade, dentro do sistema que usurpava sua exuberância” 10.

A Comissão Pró-Índio considera que as dificuldades do Estado para aplicar o artigo 68 “advêm do

caráter deste material constitucional que impõe ao Poder Público a concepção e a aplicação de novos

caminhos” 11.

Para tanto, é necessário colocar em prática o que sugere a antropóloga Cláudia Fonseca - no seu

artigo publicado na coletânea Psicanálise e Colonização - no sentido da necessidade de se descolonizar os

próprios conceitos e de recolocá-los em contexto; de superar a “arrogância totalitária (que desqualifica

tudo que é diferente)” e a “complacência paternalista (que aceita a diferença como parte de uma ordem

natural)...”. Devem ser observados alguns princípios metodológicos: a) “definir e entender as

diferenças”; b) “situar nossa lógica como uma entre outras”, reconhecendo “a historicidade de nossas

próprias percepções [...] e, por conseguinte, aceitar questioná-las” e c) entender as diferentes percepções

como partes inter-relacionadas de uma mesma configuração cultural “12.

Esse seria um caminho que tornaria possível a análise social para subsidiar formulações de

políticas que possam vir a responder às necessidades de justiça social na complexa realidade brasileira.

A antropóloga Eliane Cantarino O’Dwyer esclarece que “a idéia de quilombo como escravo

fugido, que aparece na história dos princípios, é um ‘signo de referência’ e, por sua natureza, é um

objeto histórico, que não apenas reflete um mundo existente ou preexistente, revelado pelos documentos,

como muito menos segue os prescritos pela conceituação’. Pelo contrário “a categoria quilombo, como

objeto simbólico representa um interesse diferencial para diversos sujeitos históricos ‘de acordo com sua

posição em seus esquemas de vida. Por isso o uso da categoria quilombo, no contexto da afirmação dos

direitos constitucionais de segmentos importantes e expressivos da sociedade brasileira, através do

cumprimento do art.68 do ADCT, da Constituição Federal de 1988, tem sido objeto de mal-entendidos,

devido à perspectiva do observador, ainda que, social e culturalmente, esse uso possa ser considerado

‘criativo’”13.

O douto antropólogo Alfredo Wagner B. de Almeida teceu, em vários escritos seus, críticas ao

conceito de quilombo estabelecido pelo Conselho Ultramarino14 Almeida (1999:14-15). Segundo ele, tal

10 Amorim, Itamar Gomes & Germani, Guiomar – 2002 – Os quilombos da Bahia e a regularização fundiária. Universidade Federal da Bahia, Projeto GeografAR – A Geografia dos Assentamentos na Área Rural – IGEO/UFBA. Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Anuário Estatístico da Bahia, Salvador, v. 16. 11 Comissão Pró-Índio de S. Paulo. Análie do Decreto Presidencial que Estabelece Procedimentos Administrativos Gerais para a Titulação de Terras Ocupadas pelas Comunidades Remanescentes Quilombos de. S. Paulo: digitado, maio/1997. 12 Fonseca, Cláudia – 1999 – O Abandono da Razão: a descolonização dos discursos sobre a infância e a família. In André de Souza, Edson Luiz (Org.), Psicanálise e Colonização. Leituras do Sintoma Social no Brasil, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 270-271 13 O’Dwyer, Eliane Cantarino – 2002 – Os Quilombos do Trombetas e do Erepecuru-cuminá. In O’Dwyer, Eliane Cantarino (Org.). Quilombos: Identidade Étnica e Territorialidade. Rio de Janeiro. Editora da Fundação Getúlio Vargas/ Associação Brasileira de Antropologia (Co-editora), p. 195 14 Almeida, Alfredo Wager B. de – 1999a - Os quilombos e as novas etnias. In: Leitão (org.) Direitos Territoriais das Comunidades Negras Rurais. São Paulo: Instituto Socioambiental; 1999b - Quilombos: Repertório Bibliográfico de uma Questão Redefinida (1995-1996) In: Andrade, Lucia & Girolamo Treccani. Terras de Quilombo. São Paulo, (mimeo); 1998 - Os quilombos e as Novas Etnias: É necessário que nos libertemos de definições arqueológicas. Vitória, Reunião da Associação Brasileira de Antropologia (mimeo); 1999 - Os quilombos e as novas etnias. In:

definição constitui-se basicamente de cinco elementos: 1) a fuga; 2) uma quantidade mínima de fugidos;

3) o isolamento geográfico, em locais de difícil acesso e mais próximos de uma "natureza selvagem" que

da chamada civilização; 4) moradia habitual, referida no termo "rancho"; 5) autoconsumo e capacidade de

reprodução, simbolizados na imagem do pilão de arroz. Segundo, com os instrumentos da observação

etnográfica "se pode reinterpretar criticamente o conceito e asseverar que a situação de quilombo existe

onde há autonomia, existe onde há uma produção autônoma que não passa pelo grande proprietário ou

pelo senhor de escravos como mediador efetivo, embora simbolicamente tal mediação possa ser

estrategicamente mantida numa reapropriação do mito do "bom senhor", tal como se detecta hoje em

algumas situações de aforamento".

A título de exemplo esse antropólogo cita o quilombo Frechal, no Maranhão, localizado a cem

metros da casa grande, assim como outras situações nas quais ocorriam formas de produção autônoma dos

escravos poderiam ocorrer, sobretudo em épocas de decadência de ciclos econômicos, fossem agrícolas

ou de mineração.

Esse douto antropólogo defende a tese de que a questão das chamadas terras de quilombos devem

ser formalizadas juridicamente enquanto das terras de uso comum, ou seja, domínios doados,entregues ou

adquiridos, concessões feitas pelo estado, áreas de apossamento ou doadas em retribuição aos serviços

prestados.

Já nas décadas de 1930 e 1940, os chamados “estudos de comunidades” registram-se evidências

acerca da existência de bairros negros em áreas urbanas e periféricas, por onde surgem as escolas de

samba, terreiros de candomblé e também um campesinato negro, identificado como comunidades negras

rurais15. Estes estudos de cunho positivista, contribuíram para a construção de uma visão que os

considerava como unidades fechadas em si mesmas, coesas, “tradicionais”, segundo uma perspectiva

estática de tradição e da história, marcadas pela ausência de conflito. Essa perspectiva foi criticada por

Fredrik Barth, em fins da década de 1960, que impulsionou a consolidação dos chamados estudos sobre

etnicidade nos anos 80 - - incluindo seu processo de territorialização – exigindo um novo posicionamento

frente a eles

Vários estudos recentes a respeito de comunidades negras com origem mais diretamente

relacionada à escravidão atestam que a economia interna desses grupos está longe de representar um

aspecto isolado em relação às economias regionais da Colônia, do Império e da República.

“Em geral existiu, paralelamente à formação do aparato de perseguição aos fugitivos, uma rede

de informações que ia desde as senzalas até muitos comerciantes locais. Estes últimos tinham grande

interesse na manutenção desses grupos porque lucravam com as trocas de produtos agrícolas por

Leitão, S.(Org.). Direitos territoriais das comunidades negras rurais. São Paulo, Doc. ISA n°05; 1983 – Terras de preto, terras de santo, terras de índio – uso comum e conflito. Cadernos do NAEA/ Núcleo de Altos Estudos Amazônicos/ UFPA, nº. 10, Belém. Páginas 163-196; – 2002 – Os quilombos e as novas etnias. Quilombos: Identidade Étnica e Territorialidade. Rio de Janeiro. Editora da Fundação Getúlio Vargas/ Associação Brasileira de Antropologia (Co-editora), páginas 43-81. 15 Vide Schwarcz 1999: 267-323.

produtos que não eram produzidos no interior do quilombo. Não obstante esta integração das formas

mais ou menos autônomas de atividades produtivas empreendidas pelos escravos à economia geral, é

preciso ressaltar que o trabalho livre sobre a terra não garantiu, de forma alguma, o acesso dos ex-

cativos a ela no momento posterior à Abolição. Ao contrário, a exclusão do segmento populacional negro

em relação à propriedade da terra foi peremptoriamente estabelecida por meio de uma série de atos do

poder legislativo ao longo do tempo. Ainda durante a escravidão, a Lei de Terras de 1850 veio substituir

o direito à terra calcado na posse por um direito auferido via registros cartoriais que comprovassem o

domínio de uma dada porção de terra. O direito legítimo adquirido através da posse efetiva é uma noção

do "direito costumeiro", que até hoje regeu a relação do campesinato tradicional com a terra, incluindo

os grupos camponeses negros “ 16.

A proibição da posse foi o aspecto que mais mereceu atenção "pela importância social que adviria

da sua aplicação". As classes dominantes no campo se rebelaram quando foi tornada ilegal a apropriação

privada de terras por meio da posse porque mantinham vastas extensões de terras devolutas e

conseguiram uma série de concessões junto ao governo imperial. A severidade irrestrita da lei recaiu

somente sobre os pequenos posseiros, dentre eles os ex-escravos17.

Os antagonismos sociais em jogo transcendem os fatores meramente econômicos e trazem a

questão à cena política constituída. “Mediante obstáculos dessa ordem, a titulação definitiva das

comunidades remanescentes de quilombos se mostra mais essencial, posto que, historicamente, as

famílias destas comunidades têm sido mantidas como ‘posseiros’ e assim parecem pretender aqueles

interesses contrários ao seu reconhecimento. Mantidas como eternos ‘posseiros’ ou com terras tituladas

sem formal partilha, como no caso das chamadas ‘terras de preto’, que foram doadas a famílias de ex-

escravos ou que foram adquiridas por elas, sempre mais factíveis de serem usurpadas” 18.

Um exemplo ocorrido na virada do século XIX para o XX sobre terras ocupadas secularmente foi

o do Quilombo de Carmo da Mata, Minas Gerais, pesquisado por Beatriz Nascimento: “forasteiros

brancos vindos de São João Del-Rei, à procura de terras para café e gado, apossaram-se das ali existentes,

expulsando os negros e os puris – primeiros habitantes da região. Houve desde massacre até

reescravização” 19

Apesar de todos os avanços da Antropologia Social já registrados desde o final da década de 1960

– incluindo-se aí os conceitos de etnia, etnicidade e identidade ética – foi o restritivo conceito colonialista

de quilombo que se impôs no contexto da elaboração da constituição de 1988. Porém logo se revelou

insuficiente e sem plasticidade para abarcar a diversidade das relações entre escravos e sociedade

16 Schmitt, Alessandra; Turatti, Maria Cecília M. & Carvalho, Maria Celina Pereira de - 2002 - Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, Ano V, nº.10, 1º. Semestre de 2002. Vide também Gomes, Flávio S. – 1996a - Quilombos do Rio de Janeiro do Século XIX, In: Reis, J. J. & Gomes, Flávio S. (orgs.), Liberdade Por um Fio. História dos Quilombos no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras. 17 Silva, L. O. – 1996 - Terras Devolutas e Latifúndio - Efeitos da lei de 1850. Campinas: Unicamp, páginas 152-153. 18 O’Dwyer, Eliane Cantarino – 2002 – Os Quilombos do Trombetas e do Erepecuru-cuminá. ....p. 211 19 Lopes, Siqueira e Nascimento 1987: 35

escravocrata e as diferentes formas pelas quais os grupos negros apropriaram-se da terra. Impôs-se a

necessidade de revisão dos conceitos clássicos que dominavam a historiografia sobre a escravidão para se

conceituar quilombo, de modo que a maioria dos grupos que hoje, efetivamente, reivindicam a titulação

de suas terras, pudesse ser contemplada por esta categoria, uma vez demonstrada, por meio de estudos

científicos, a existência de uma identidade social e étnica por eles compartilhada, bem como a

antiguidade da ocupação de suas terras20 e, ainda, suas “práticas de resistência na manutenção e

reprodução de seus modos de vida característicos num determinado lugar" 21.

O professor francês Jean-François Véran, da Universidade de Lille 3, numa pesquisa realizada no

quilombo Rio das Rãs, na Bahia, atentando para os problemas da conceituação diz

“No contexto do debate sobre a regulamentação do Art. 68 do ADCT, os cientistas sociais têm

fornecido um quadro teórico permitindo compreender a idéia de “remanescência de quilombo”. Com

justa razão, foi-se insistindo sobre o fato de que o reconhecimento do caráter ‘remanescente’ de uma

comunidade não poderia só basear-se sobre o conhecimento explícito de um passado de quilombo, tal

como ele é definido por atores externos. Deve ser considerada, também, a existência de formas e de

símbolos mais difusos de articulação com esse passado, tais como a ‘consciência de uma origem

comum’, o ‘sentimento de pertencer a um território’, o ‘mito das origens’, ou a ‘existência de um grupo

étnico’ 22 .

"É ainda mais difícil unificar a identidade nacional em torno da raça. Em primeiro lugar, porque -

contrariamente à crença generalizada - a raça não é uma categoria biológica ou genética que tenha

qualquer validade científica. Há diferentes tipos e variedades, mas eles estão tão largamente dispersos no

interior do que chamamos de 'raças' quanto entre uma 'raça' e outra. A diferença genética - o último

refúgio das ideologias racistas - não pode ser usada para distinguir um povo de outro. A raça é uma

categoria discursiva e não uma categoria biológica. Isto é, ela é a categoria organizadora daquelas

formas de falar, daqueles sistemas de representação e praticas sociais (discursos) que utilizam um

conjunto frouxo, freqüentemente pouco específico, de diferenças em termos de características físicas e

corporais - cor da pele, textura do cabelo, características físicas e corporais ,etc. - como marcas

simbólicas, a fim de diferenciar socialmente um grupo de outro.

Naturalmente o caráter não científico do termo 'raça' não afeta o modo como a lógica racial e os

quadros de referência raciais são articulados e acionados, assim como não anula suas conseqüências.

Nos últimos anos, as noções biológicas sobre raça, entendida como constituída de espécies distintas

(noções que subjaziam a formas extremas da ideologia e do discurso nacionalista em períodos anteriores;

o eugenismo vitoriano, as teorias européias sobre raça, o fascismo) tem sido substituídas por definições

20 Schmitt, Alessandra; Turatti, Maria Cecília M. & Carvalho, Maria Celina Pereira de - 2002 - Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, Ano V, nº.10, 1º. Semestre de 2002 21 Cfe. Oliveira & O'Dwyer, 1994 22 Véran, Jean-François – 1998/1999 - Rio das Rãs: Memória de uma “comunidade remanescente de quilombo”, Afro-Asia, 2122 , trad. Álea Melo da Fonseca, pp .297, UFBA, SSA-BA

culturais, as quais possibilitam que a raça desempenhe um papel importante nos discursos sobre a nação

e identidade nacional. "23 .

Flávio dos Santos Gomes, busca abranger tal diversidade e superar tal inadequação conceitual ao

propor o conceito de "campo negro" enquanto "uma complexa rede social permeada por aspectos

multifacetados que envolveu, em determinadas regiões do Brasil, inúmeros movimentos sociais e práticas

econômicas com interesses diversos"24 .

A conceituada revista Ambiente & Sociedade publicou, em 2002, um artigo das doutoras em

Antropologia Social Alessandra Schmitt, Maria Cecília Turatti e Maria Celina Pereira de Carvalho25

Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas , publicado no ano de

2002. Nesse artigo elas tratam especificamente das novas definições sobre comunidades de quilombo,

elaboradas a partir da necessidade de reconhecimento oficial destas para que lhes seja assegurado o

direito constitucional de propriedade sobre suas terras, previsto no artigo nº. 68 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988, sob o enunciado: "Aos remanescentes das

comunidades de quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva,

devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos". Nele discutem “o abandono de uma visão

cristalizada pela historiografia clássica baseada no isolamento dos quilombos, bem como de sua

formação única por meio das fugas, em prol de um conceito ampliado que alça o território e a identidade

- especialmente ligados à resistência – à condição de elementos fundamentais na determinação destes

agrupamentos sociais denominados remanescentes de quilombo”.

O texto resulta de pesquisas e trabalhos que as autoras realizaram na Fundação Instituto de Terras

do Estado de São Paulo (ITESP), o qual consistiu em pesquisas sobre as Comunidades Remanescentes de

Quilombos localizadas no Estado de São Paulo26, visando a elaboração de um Relatório Técnico-

científico (RTC), espécie de versão peculiar criada pelo governo do Estado de São Paulo dos já

metodologicamente estabelecidos Laudos Antropológicos, comumente realizados nos processos de

demarcação de territórios indígenas, utilizando categorias teóricas e metodológicas da Antropologia para

proceder à 'identificação étnica' do grupo estudado e justificar seu direito ao território reivindicado.

A necessidade de fundamentar teoricamente a atribuição de uma identidade quilombola a um

grupo impôs a necessidade de redimensionar o próprio conceito de quilombo, “a fim de abarcar a gama

23 Hall, Stuart - 1999 - A identidade cultural na pós-modernidade. 3.ed. Rio de Janeiro: DP&A, p. 62-63. 24 Gomes, Flávio S. – 1996 - Quilombos do Rio de Janeiro do Século XIX, In: Reis, J. J. & Gomes, Flávio S. (orgs.), Liberdade Por um Fio. História dos Quilombos no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, página 36. 25 Schmitt, Alessandra; Turatti, Maria Cecília M. & Carvalho, Maria Celina Pereira de - 2002 - Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, Ano V, nº.10, 1º. Semestre de 2002. Neste ano Alessandra Schmitt e Maria Cecília Turatti eram Mestres em Antropologia Social, Doutorandas em Antropologia Social – FFLCH/USP. Maria Celina Pereira de Carvalho era Mestre em Antropologia Social, Doutoranda em Ciências Sociais– IFCH/Unicamp. 26 As autoras desenvolveram estudos em em sete comunidades: Cafundó (município de Salto de Pirapora), Jaó (município de Itapeva), Caçandoca (município de Ubatuba), Mandira (município de Cananéia), Sapatu, André Lopes e Nhunuguara (município de Eldorado). Estas três últimas estão na região do Vale do Ribeira, onde há a maior concentração de comunidades negras rurais do Estado.

variada de situações de ocupação de terras por grupos negros e ultrapassar o binômio fuga-resistência,

instaurado no pensamento corrente quando se trata de caracterizar estas conformações sociais” 27.

Diferentemente dos povos indígenas, cujos direitos são originários por sua condição pré-

colombiana e pré-cabraliana, os afro-brasileiros são descendentes das vítimas do escravismo

transatlântico, oriundas de várias nações africanas, cultural e linguisticamente diversas, vivenciando uma

intensa diáspora que resultou em diferentes experiências vividas e vivenciadas em contextos

sociohistóricos diversos. Isto porque “...os grupos que hoje são considerados remanescentes de

comunidades de quilombos se constituíram a partir de uma grande diversidade de processos, que incluem

as fugas com ocupação de terras livres e geralmente isoladas, mas também as heranças, doações,

recebimento de terras como pagamento de serviços prestados ao Estado, a simples permanência nas

terras que ocupavam e cultivavam no interior das grandes propriedades, bem como a compra de terras,

tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após a sua extinção” 28.

Como postula Stuart Hall, em seu ensaio Pensando a Diáspora: reflexões sobre a terra no

exterior, a diáspora é um conceito que se baseia, sobretudo, nas noções de alteridade e diferença. Esta,

vista tanto da perspectiva do desigual colocada a partir de uma análise binária, quanto numa relação de

posição e interação não binárias, explicita “fronteiras veladas” segundo o autor, “sempre em deslize ao

longo de um espectro sem começo nem fim” 29. As pessoas e grupos que vivem na diáspora mantêm

intercâmbios constantes com as outras culturas com as quais coexistem no espaço e no tempo,

multiplicando a diversidade interna à categoria, no caso, afro descendentes. E esta diversidade, a

historicidade de cada grupo não pode ser perdida de vista. Cada caso é um caso, ainda que sejam todos

eles perpassados por condições estruturais decorrentes do escravismo transatlântico que resultou, por

desdobramento, na ruptura da relação espacial e geográfica de suas vítimas com sua origem. O termo -

emprestado do povo judeu - carrega consigo “a promessa do retorno redentor” 30 à terra, ao lugar de

origem, pondo fim à dispersão involuntária.

A África transforma-se em território mítico para onde se quer retornar. Segundo Stuart Hall, “a

história – que se abre à liberdade por ser abrangente – é representada como teleológica e redentora:

circula de volta à restauração de seu momento originário, cura toda ruptura, repara cada fenda através

desse retorno” 31.

Como sublinhou Jurema Werneck no seu trabalho intitulado Da Diáspora Globalizada: Notas

sobre os afro descendentes no Brasil e o início do século XXI “em nome da África e da manutenção da

27 Schmitt, Alessandra; Turatti, Maria Cecília M. & Carvalho, Maria Celina Pereira de - 2002 - Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, Ano V, nº.10, 1º. Semestre de 2002 28 Schmitt, Alessandra; Turatti, Maria Cecília M. & Carvalho, Maria Celina Pereira de - 2002 - Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, Ano V, nº.10, 1º. Semestre de 2002. Ver especialmente Gusmão, Neusa M. M. – 1990 - A dimensão política da cultura negra no campo: uma luta, muitas lutas. São Paulo, PPGAS/USP, Tese de Doutorado. 29 Hall, Stuart – 2003 - Pensando a Diáspora: reflexões sobre a terra no exterior. In Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Org. Liv Sovik. Belo Horizonte: Editora UFMG, Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, p. 33 30 Hall, Stuart – 2003 - Pensando a Diáspora: reflexões....., p. 28 31 Hall, Stuart – 2003 - Pensando a Diáspora: reflexões....., p. 29

tradição, fugas, revoltas, quilombos, associações de ajuda mútua, religiões e festas vão ser elaboradas e

vividas no Brasil, como aconteceu em outras partes das Américas e Caribe. A partir do que se tornou

também possível iniciativas de (auto) definição dos africanos e afro descendentes presentes fora do

continente como grupo único, como diáspora, situação que vai ser confirmada por diferentes autores32.

Beatriz Góis Dantas observa que "o movimento de legitimação dos candomblés acompanhava o

movimento de aproximação mítica com a África. Os pais de terreiro que não podiam viajar bebiam a

África na literatura que no Brasil se produzia sobre as crenças e práticas rituais dos candomblés mais

puros" 33.

Dentro de uma visão ampliada, que considera as diversas origens e histórias desses grupos,

assim como o processo mais amplo da diáspora das vítimas do tráfico transatlântico o antropólogo

Alfredo Wagner B. de Almeida já propusera, em 1983 – portanto antes da promulgação da Constituição

em 1988 – a denominação de “terras de preto”, para se referir a esses agrupamentos identificados como

“remanescentes de quilombo”. Não por acaso enfeixa, em uma mesma discussão as chamadas “terras de

santo” e as terras indígenas34, dada a natureza da ocupação coletiva, referenciada a uma identidade

historicamente constituída.

A eminente antropóloga Maria de Lourdes Bandeira, doutora em Antropologia Social e

referência nacional em estudos de populações afro descendentes, teórica e metodologicamente constrói o

conceito de “território negro” em sua tese defendida na Universidade de São Paulo, publicada

posteriormente pela Editora Brasiliense, em 1988, Território Negro em espaço branco35.

“Terra de pretos” ou "território negro", tal como conceituam vários autores36, enfatiza a condição

de coletividades camponesas, definida pelo compartilhamento de um território e de uma identidade. Não

são “terras de negócio”, mas “terras de trabalho”, como disse alhures José de Souza Martins37, o grande

mestre em sociologia da Universidade de São Paulo.

O conceito de quilombo torna-se mais elástico e mais abrangente. Em um trabalho recente, Flávio

dos Santos Gomes distingue três tipos de quilombos na Província Fluminense: os que se constituíram

como comunidades autônomas,`com maior perenidade, os que se organizaram como forma de pressão

reivindicativa de direitos, e aqueles que se caracterizaram por pequenos bandos de bandidos e salteadores.

Todos têm em comum uma relação de oposição e de resistência aos senhores. O que é interessante

observar nesse trabalho é a tese de que, embora autônomas, as comunidades mais perenes de quilombolas

mantinham uma relação sistêmica de comércio com a sociedade escravocrata. Como diz o autor, "apesar

32 Werneck, Jurema - 2003 - Da Diáspora Globalizada: Notas sobre os afrodescendentes no Brasil e o início do século XXI - Trabalho final do Curso: A Teoria Crítica da Cultura Hoje: alguns caminhos possíveis, das professoras: Heloisa Buarque de Hollanda e Beatriz Resende. ECO/UFRJ, 2003 33 Dantas, Beatriz G. – 1988 - Vovô nagô e papai branco: usos e abusos da Africa no Brasil, Rio de Janeiro, p. 162 34 Almeida, Alfredo Wagner B. de – 1983 – Terras de preto, terras de santo, terras de índio – uso comum e conflito. Cadernos do NAEA/ Núcleo de Altos Estudos Amazônicos/ UFPA, nº. 10, Belém. Páginas 163-196. 35 Bandeira, Maria de Lourdes - 1988 – Território Negro em espaço branco. São Paulo, Brasiliense. 36 Ver Almeida (op.cit.), Gusmão (op.cit.), ANDRADE (1988) e MARIN (1995). 37 Martins, J.S. – 1991 - Expropriação e Violência – a questão política no campo. São Paulo: Hucitec, (3ª. ed.).

das constantes expedições re-esravizadoras essas comunidades quilombolas já se tinham reproduzido ao

longo do tempo, possuindo uma economia estável. Além dos produtos cultivados para sua subsistência,

elas produziam excedentes, os quais negociavam, e mantinham troca mercantis com vendeiros locais."

(Gomes, 1994:22).

Nessa perspectiva, os quilombos que se constituíram como reação à escravidão estabeleceram-se

muitas vezes como comunidades camponesas integradas ao sistema produtivo regional. Vê-se, portanto,

que nesse caso o esforço de sofisticação do conceito, que deixa a abstração da mera resistência para a

análise das relações sociais e simbólicas estabelecidas dentro do quilombo e deste com a sociedade mais

ampla, incluídas aí as comunidades que continuaram escravas, vem acompanhado de uma conseqüência

prática que, pela abrangência e sofisticação do conceito, permitiria nele incluir também as comunidades

camponesas que se constituíram, não propriamente como quilombos enquanto resistência, mas como

formas novas de vida pela doação ou compra das terras em que se instalaram.

Na linha dessa conceituação, e extrapolando o autor, poder-se-ia imaginar que, dadas as

modificações históricas das condições nas quais se constituíram os quilombos no Brasil, durante os

séculos de escravidão, aqueles que surgiram nos anos finais do Império conviveram com situações

comunitárias nascidas por doação de terra ou por compra de terras. Do ponto de vista estrutural isto é,

das relações internas e externas estas não se distinguiam muito dos quilombos historicamente anteriores,

a não ser pelos elementos de perseguição e ameaça policial e judicial presentes num caso e ausentes nos

outros38.

Mesquita reafirma a posição de que essas comunidades se constituíram através de diferentes

formas de ocupação da terra por grupos de escravos ou ex-escravos - doações, alforrias, heranças, compra

de terras por escravos alforriados, entre outras situações - “não necessariamente as do ‘modelo’ de

quilombo materializado pela experiência de Palmares, escravos que, através da fuga, criaram

comunidades isoladas geograficamente”39 .

Neuza Gusmão, por exemplo, sugere a denominação de quilombos modernos, por considerar que

as “possíveis origens das chamadas terras de preto envolvem terras conquistadas, os quilombos, terras

doadas ou obtidas em pagamentos por prestação de serviços [a particulares e] ao Estado como também

resultam da compra ou simples ocupação de áreas devolutas em diferentes momentos da história

nacional” 40.

Assim sendo, fazendo jus aos avanços da Antropologia Social, conquistados muito antes da

promulgação da atual Carta Magna e já aplicados nos casos das terras indígenas, a condição de

“remanescente de quilombo” enfatiza e coloca em relação identidade e territorialidade. Assim "a situação

38 Vogt, Carlos & Fry, Peter – 2000 - A descoberta do Cafundó e o Kafundó descoberto. Brasil: migrações internacionais e identidades. Reportagens. http://www.comciencia.br/reportagens/migracoes/migr12.htm 39 Mesquita, 2000: 59 40Neuza M. Mendes Gusmão, Terra de Preto, Terra de Mulheres - terra, mulheres e raça num bairro rural negro, Brasília, Fundação Palmares, 1995, p. 11.

presente dos segmentos negros em diferentes regiões e contextos é utilizado para designar um legado,

uma herança cultural e material que lhe confere uma referência presencial no sentimento de ser e

pertencer a um lugar específico” 41 .

A Associação Brasileira de Antropologia (ABA), através de Grupo de Trabalho sobre

Comunidades Negras Rurais composto por especialistas, reunido no Rio de Janeiro, divulgou, em 1994

um documento elaborado acerca do Artigo 68 do ADCT, mais especificamente acerca da expressão

“remanescente de quilombo”. Esse GT propôs a “ressemantização” do termo quilombo, a partir dos

novos significados que lhe eram atribuídos pela literatura especializada e pelas entidades da sociedade

civil que trabalhavam junto aos segmentos negros em diferentes contextos e regiões do Brasil.

E assim essa entidade de classe se posicionou:

“Deste modo, comunidades remanescentes de quilombo são grupos sociais cuja identidade étnica

os distingue do restante da sociedade. É importante deixar claro que, quando se fala em identidade

étnica, trata-se de um processo de auto-identificação bastante dinâmico, e que não se reduz a elementos

materiais ou traços biológicos distintivos, como cor da pele, por exemplo. A identidade étnica de um

grupo é a base para sua forma de organização, de sua relação com os demais grupos e de sua ação

política. A maneira pela qual os grupos sociais definem a própria identidade é resultado de uma

confluência de fatores, escolhidos por eles mesmos: de uma ancestralidade comum, formas de

organização política e social e elementos lingüísticos e religiosos.

O que caracterizava o quilombo, portanto, não era o isolamento e a fuga e sim a resistência e a

autonomia. O que define o quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de

camponês livre. Tudo isso demonstra que a classificação de comunidade como quilombola não se baseia

em provas de um passado de rebelião e isolamento, mas depende antes de tudo de como aquele grupo se

compreende, se define. Atualmente, a legislação brasileira já adota este conceito de comunidade

quilombola e reconhece que a determinação da condição quilombola advém da auto-identificação”.

Ou seja, constituem grupos étnicos “conceitualmente definidos pela antropologia como um tipo

organizacional que confere pertencimento através de normas e meios empregados para indicar filiação

ou exclusão”.

E esclarece que:

"Contemporaneamente, portanto, o termo não se refere a resíduos ou resquícios arqueológicos

de ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos isolados ou de uma

população estritamente homogênea. Da mesma forma nem sempre foram constituídos a partir de

movimentos insurrecionais ou rebelados, mas, sobretudo, consistem em grupos que desenvolveram

41 Garcia, 1997:47.

práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num

determinado lugar"42.

O critério da “auto-identificação, considerado como essencial para a caracterização de um grupo

diferenciado, surge a partir de Fredrik Barth que inovou os métodos para a constituição dos limites de

unidades étnicas, procurando fugir dos fundamentos biológicos, lingüísticos e raciais” 43

Os estudos já realizados atestam que isolacionismo geográfico constitui um estereótipo. E revelam

que essas comunidades sempre estabeleceram, através de diferentes formas, uma intensa rede de interação

com a sociedade local44 . E que essa “qualidade e intensidade de interação foi o que, justamente,

possibilitou a construção de uma tal configuração social cuja autonomia também tinha suporte nessa

dinâmica de relações sociais e, por sua vez, nas correspondentes formas de usar e ocupar a terra. Seriam

esses modos, enquanto padrão de ocupação, que possuem certas qualidades e conexões com a vida das

atuais comunidades, que mereceriam ser explicitadas nos laudos antropológicos. É a ênfase na

etnografia do modo de viver dessas comunidades que fornece uma chave de leitura à continuidade

cultural e socio-histórica, que faz com que hoje estes grupos se apropriem e continuem a construir a

história quilombola, sendo vistos e reconhecidos enquanto parte constitutiva da mesma” 45.

A dimensão histórica deve ser valorizada na sua inter-relação com a condição social ocupada pelos

próprios quilombolas46. Isto porque a “restituição do aspecto quilombola residiria na transição da

condição de escravo para a de camponês livre, independentemente das estratégias utilizadas para

alcançar esta condição: fuga, negociação com os senhores, herança, entre outras. Com essa definição, o

elemento da fuga é mais um entre outros a ser considerado. Ainda é de se notar que, neste caso, a

ligação com a história quilombola é restituída enquanto vínculo sociocultural e histórico com um tipo e

qualidade de organização social, mais do que um estrito traçado datado de ligações lineares com o

passado.Assim, para a caracterização de uma comunidade enquanto “remanescente” do universo

quilombola interessaria muito mais restituir esta espécie de tipo organizacional que confere

pertencimento, à que a Associação Brasileira de Antropologia – ABA faz referência. Daí deriva a

importância de respeitar os elementos que fornecem às comunidades a organização capaz de garantir-

lhes um modo de vida47.

Outros estudos antropológicos consideram também que aqueles grupos que lograram sobreviver e

permanecer livres no contexto da sociedade escravocrata incluem-se nos chamados “remanescentes das

comunidades dos quilombos” 48. Assim sendo, “o atributo de resistência, que até então tem deixado as

comunidades excessivamente reféns do Modelo Palmarino, pode ser acessado por outros canais como a

42 Associação Brasileira de Antropologia, 1994: p. 2 43 O’Dwyer, Eliane Cantarino – 2002 – Os Quilombos do Trombetas e do Erepecuru-cuminá. ....p. 196 44 Vide Almeida, 1988, 1998; Gomes, 1996 45 Chagas, 2001:216 46 Andrade & Tuccani, 1999, p. 47 47 Chagas,2001: 217; vide O’Dwyer, 1995, p. 2 48 Doria, S. Zambrotti. – 1996 a - A Luta Pela Terra: Os Remanescentes do Quilombo do Rio das Rãs. Regulamentação de Terras de Negros no Brasil. Boletim Informativo Nuer, Vol. I, N I, Florianópolis, p. 101

religiosidade, o parentesco e o trabalho familiar na terra, considerados igualmente formas contundentes

de lutar por um lugar social no horizonte da liberdade” 49.

Ilka Boaventura Leite, em seu artigo “Os Quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas”

postulou que:

“A participação na vida coletiva e o esforço de consolidação do grupo é o que o direito

constitucional deverá contemplar, pois inclusive a legislação brasileira de inspiração liberal não se

inspira na posse coletiva da terra. Ao mesmo tempo, é também a capacidade de auto-organização e o

poder de autogestão dos grupos para identificar e decidir quem é e quem não é um membro da sua

comunidade, mais do que a cor da pele, o que a lei parece contemplar. Isto sem levar em conta que os

processos de expulsão impediram estes grupos de continuarem organizados, a violência, que em alguns

casos os descaracterizou enquanto membros de uma comunidade, impelindo-os à desagregação, à

extrema pobreza e marginalidade social.

É neste quadro político que o quilombo passa, então, a significar, um tipo particular de

referência, cujo alvo recai sobre a valorização das inúmeras formas de recuperação da identidade

positiva, a busca por tornar-se um cidadão de direitos, não apenas de deveres. Enquanto uma forma de

organização, o quilombo viabiliza novas políticas e estratégias de reconhecimento. Primeiramente,

através da responsabilidade do grupo em definir pleitos com legitimidade e poder de aglutinação, de

exercer pressão e produzir visibilidade na arena política onde os outros grupos já se encontram. Em

segundo lugar, através do questionamento, mesmo que indireto, da função paternalista do estado, da

utilização que fazem os políticos das bandeiras dos movimentos sociais em milionárias campanhas

políticas. E, em terceiro lugar, propondo a revisão das prioridades sociais, através, principalmente, da

implementação de políticas sociais voltadas para pleitos considerados mais importantes e

representativos dos interesses destas comunidades.

Também é deste leque de questões e possibilidades que vem a grande novidade da própria

Constituição de 1988, que é a introdução de um novo campo dos direitos étnicos, até então inexistente: o

estado brasileiro, ao reconhecer uma formação social diversa e desigual, teria então que colocar-se

como árbitro e defensor deste direito, reconhecendo com isto a existência de grupos culturalmente

diferenciados”. 50

A etnicidade, o sentimento de pertencimento a um grupo culturalmente distinto e singular

vinculado - mais que a uma terra - a lugar, no sentido que Milton Santos definiu magistralmente, constitui

a expressão maior da identidade étnica e da territorialidade, construídas sempre em relação aos outros

grupos com os quais os quilombolas se relacionam e se confrontam.

49 Chagas, Miriam de Fátima - 2001 - A política do reconhecimento dos...p. 218 50 Leite, Ilka Boaventura – 2000 – Os Quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica. Vol. IV (2): 345

Como sublinhou Miriam de Fátima Chagas a “noção de territorialidade negra foi um dos

conceitos antropológicos que fez frente ao caráter redutor de algumas interpretações que tomavam a

realidade fundiária das diferentes comunidades negras como sendo unívoca51”, problematizando imagens

do senso comum52, incluindo-se aí as dos próprios movimentos negros como aqueles que as pensam

enquanto representantes de uma africanidade53 ou de um povo que se considera em diáspora.

Identidade étnica e territorialidade estão sempre inter-relacionadas no caso das comunidades

negras rurais e são dois conceitos fundamentais tendo em vista que “a presença e o interesse de brancos e

negros sobre um mesmo espaço físico e social revela, no dizer de Bandeira, aspectos encobertos das

relações raciais” 54. Ou seja, “a submissão e a dependência dos grupos negros em relação à sociedade

inclusiva” 55.

A importância da relação entre território e parentesco tem sido desvelada em inúmeros estudos

sobre populações camponesas no Brasil56, relação esta que codifica e garante o acesso à terra pela via

hereditária. Ou seja, “alguém tem direito virtual de 'dono' sobre a terra não simplesmente porque é um

indivíduo, mas porque o é enquanto filho e herdeiro. Na definição da herança igualitária, assim, está

imbricada uma definição estrita das relações de parentesco, seguindo o critério prioritário da filiação

"57.

As eminentes doutoras em Antropologia Social Alessandra Schmitt, Maria Cecília Turatti e Maria

Celina Pereira de Carvalho, ainda em seu artigo Atualização do conceito de quilombo: identidade e

território nas definições teóricas assim postulam:

“...parentesco e território, juntos, constituem identidade, na medida em que os indivíduos estão

estruturalmente localizados a partir de sua pertença a grupos familiares que se relacionam a lugares

dentro de um território maior. Se, por um lado, temos território constituindo identidade de uma forma

bastante estrutural, apoiando-se em estruturas de parentesco, podemos ver que território também

constitui identidade de uma forma bastante fluída, levando em conta a concepção de F.Barth (1976) de

flexibilidade dos grupos étnicos e, sobretudo, a idéia de que um grupo, confrontado por uma situação

histórica peculiar, realça determinados traços culturais que julga relevantes em tal ocasião. É o caso da

identidade quilombola, construída a partir da necessidade de lutar pela terra ao longo das últimas duas

décadas” 58.

51 Chagas, Miriam de Fátima - 2001 - A política do reconhecimento dos... p. 214 52 Leite, Ilka B. (Org) – 1996 - Negros no Sul do Brasil: invisibilidade e territorialidade. Florianópolis: Letras Contemporâneas. 53 Vide Vogt, Carlos & Fry Peter 1996 - Cafundó: a África no Brasil. Editora Cia. Das Letras/Ed. da Unicamp. 54 Gusmão, Neusa M. M. – 1990 - A dimensão política da cultura negra no campo: uma luta, muitas lutas. São Paulo, PPGAS/USP, Tese de Doutorado, pg. 14 55Schmitt, Alessandra; Turatti, Maria Cecília M. & Carvalho, Maria Celina Pereira de - 2002 - Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, Ano V, nº.10, 1º. Semestre de 2002 56 Ver: Moura,1978; Wortmann, 1995; Paolielo, 1992 e 1998 ; Fernandes da Silva, 1998, entre outros 57 Paolielo, 1998: 158. 58 Schmitt, Alessandra; Turatti, Maria Cecília M. & Carvalho, Maria Celina Pereira de - 2002 - Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, Ano V, nº.10, 1º. Semestre de 2002

A título de exemplo essas autoras recorrem aos bairros rurais negros do Vale do Ribeira: a

necessidade de lutar contra fazendeiros e grileiros e contra a construção de barragens ao longo do rio

Ribeira de Iguape, que inundariam diversas comunidades, deixando algumas totalmente submersas,

levou muitos desses bairros à construção da identidade de negros e quilombolas, em decorrência do

artigo 68. A identidade quilombola, até então um corpo estranho para estas comunidades rurais negras

passa a significar uma complexa arma nesta batalha desigual pela sobrevivência material e simbólica

“59.

E observam que:

“Estamos, portanto, diante da incorporação de identidades que, em decorrência de eventos

históricos, introduzem novas relações de diferença, as quais passam a ser fundamentais na luta dessas

populações negras pelo direito de continuar ocupando e transmitindo às gerações vindouras o território

conformado por diversas gerações de seus antepassados. Assim, na esteira de Barth, podemos pensar as

identidades não como sendo fixas, mas, tomando as palavras de Boaventura Souza Santos, como

‘identificações em curso’, integrantes do processo histórico da modernidade, no qual concorrem velhos e

novos processos de recontextualização e de particularização das identidades60. Um processo histórico de

resistência, deflagrado no passado, é evocado para constituir resistência hoje, praticamente como a

reivindicação de uma continuidade desse mesmo processo. A identidade de negro é colocada como uma

relação de diferença calcada na subalternidade e na diferença de classes. Boaventura S. Santos [op.cit.] ,

ao relacionar identidade e questões de poder, nos lembra que quem é obrigado a reivindicar uma

identidade encontra-se necessariamente em posição de carência e subordinação.

Ademais, esta submissão é sustentada por representações sociais que justificam a inferioridade

estrutural do grupo minoritário, nas quais podemos identificar forte disposição racista”61

Trata-se de um racismo dissimulado, ocultado por “um sistema de valores que [...] tanto inibe

manifestações negativas na avaliação 'do outro' racial como estimula a apologia da igualdade e da

harmonia racial entre nós”62. E estimulado pelo mito da democracia racial, da qual Gilberto Freyre é um

grande expoente, na década de 30 e que Florestan Fernandes e Oracy Nogueira passaram a contestar na

década de 50.

“E é a partir dessa posição historicamente desfavorável no que diz respeito às relações de poder,

que comunidades quilombolas vêm lutando pelo direito de serem agentes de sua própria história. Em tal

situação de desigualdade, os grupos minoritários passam a valorar positivamente seus traços culturais

diacríticos e suas relações coletivas como forma de ajustar-se às pressões sofridas, e é neste contexto

social que constroem sua relação com a terra, tornando-a um território impregnado de significações

59 Idem, ibidem 60 Santos, 2000 61 Schmitt, Alessandra; Turatti, Maria Cecília M. & Carvalho, Maria Celina Pereira de - 2002 - Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, Ano V, nº.10, 1º. Semestre de 2002 62 Borges Pereira, 1996:76

relacionadas à resistência cultural. Não é qualquer terra, mas a terra na qual mantiveram alguma

autonomia cultural, social e, conseqüentemente, a auto-estima. Siglia Dória [Dória, 1985] salienta que a

identidade de grupos rurais negros se constrói sempre numa correlação profunda com o seu território e é

precisamente esta relação que cria e informa o seu direito à terra.

A maior parte destes grupos que hoje vêm reivindicar seu direito constitucional o faz como um

último recurso na longa batalha para manterem-se em suas terras, as quais são alvo de interesse de

membros da sociedade envolvente, em geral grandes proprietários e grileiros, cuja característica

essencial é tratar a terra apenas como mercadoria. José de Souza Martins [MARTINS, 1991:43-60]

explicita as características dessa relação dos homens com a terra, mediada pelo capital, em que esta

passa a ser "terra de negócio" em oposição à "terra de trabalho". Em conseqüência da cobiça que esta

lógica de mercado despertou, os camponeses foram pressionados com expedientes espúrios, tais como o

auxílio do aparato judicial e violência física direta, que agiram no sentido de negar-lhes o direito de

obter o registro legal de suas posses, invariavelmente muito mais antigas do que o tempo mínimo

requerido pela legislação para a sua transformação em propriedades.

Portanto, não se deve imaginar que estes grupos camponeses negros tenham resistido em suas

terras até os dias de hoje porque ficaram isolados, à margem da sociedade. Pelo contrário, sempre se

relacionaram intensa e assimetricamente com a sociedade brasileira, resistindo a várias formas de

violência para permanecer em seus territórios ou, ao menos, em parte deles.

Finalmente, devemos salientar que é devido às considerações teóricas e às constatações

históricas aqui apresentadas que estudiosos das comunidades negras rurais - e, particularmente, da

legislação pertinente à questão quilombola – têm buscado rediscutir e recaracterizar o conceito de

quilombo. Tal intento, ainda em curso, tende a aprimorar-se quanto mais os organismos responsáveis

pela identificação e reconhecimento das comunidades quilombolas ampliem e otimizem suas atividades,

gerando mais dados que contribuam para desvendá-lo científico das lacunas presentes na historiografia

nacional no que se refere às comunidades negras rurais ”63.

A partir da Carta Magna de 1988, o termo quilombo adquire uma significação atualizada, ao ser

inscrito no Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) para conferir direitos

territoriais aos remanescentes de quilombos que estejam ocupando as suas terras, sendo-lhes garantida a

titulação definitiva pelo Estado Brasileiro.

Eliane Cantarino O’Dwyer, eminente antropóloga do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da

Universidade Federal Fluminense, professora do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós-

Graduação em Antropologia e Ciência Política, coordenou o grupo de trabalho da Associação Brasileira

de Antropologia sobre terra de quilombo, no período de 1994 a 1996. Em seguida participou de diferentes

63 Schmitt, Alessandra; Turatti, Maria Cecília M. & Carvalho, Maria Celina Pereira de - 2002 - Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, Ano V, nº.10, 1º. Semestre de 2002

comissões criadas pela Associação e coordenou o Projeto Terra de Quilombo, de que resultou o livro

Quilombo: identidade étnica e territorialidade, publicado pela Fundação Getúlio Vargas em 2.002. Esse

livro reúne trabalhos de vários antropólogos sobre temas afeitos à questão, incluindo um trabalho da

procuradora da regional da República, membro da 6ª. Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério

Público Federal, Deborah Macedo Duprat de Brito Pereira.

A questão básica posta é: “como a expressão quilombo (ou remanescente de quilombo) não

denomina indivíduos, grupos ou populações no contexto atual, o emprego do termo na Constituição

suscita a pergunta: quem são os chamados remanescentes de quilombos cujos direitos estão garantidos

pelo dispositivo legal?”64

Os antropólogos reunidos em 1994 no Grupo de Trabalho sobre Terra de Quilombo, por meio da

Associação Brasileira de Antropologia-ABA, (fundada em 1955), expressam em documento que:

“... o termo quilombo tem assumido novos significados na literatura especializada e também para

grupos, indivíduos e organizações. Ainda que se tenha um conteúdo histórico, o mesmo vem sendo

‘ressemantizado’ para designar a situação presente dos segmentos negros em diferentes regiões e

contextos do Brasil. (...) Contemporaneamente, portanto, o termo quilombo não se refere a resíduos

arqueológicos de ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos

isolados ou de uma população estritamente homogênea. Da mesma forma, nem sempre foram

constituídos a partir de movimentos insurrecionais ou rebelados mas, sobretudo, consistem em grupos

que desenvolveram práticas cotidianas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de

vida característicos e na consolidação de um território próprio.(...) No que diz respeito à territorialidade

desses grupos, a ocupação da terra não é feita em termos de lotes individuais, predominando seu uso

comum. A utilização dessas áreas obedece à sazonalização das atividades, sejam agrícolas, extrativistas

ou outras, caracterizando diferentes formas de uso e ocupação dos elementos essenciais ao ecossistema,

que tomam por base laços de parentesco e vizinhança, assentados em relações de solidariedade e

reciprocidade”65.

A consagração do quilombo como referência histórica fundamental no processo de afirmação da

consciência negra e da identidade política do Movimento Negro, realiza-se nos “300 anos da imortalidade

de Zumbi dos Palmares”. Nesse sentido, é importante ressaltar a realização do “Iº Encontro Nacional das

Comunidades Negras Rurais”, que teve o apoio e a participação efetiva do Movimento Negro, cujo

encerramento ocorreu com a participação de diversas comunidades remanescentes de quilombos na

“Marcha Nacional Zumbi dos Palmares contra o Racismo, Pela Cidadania e a Vida”; realizada em Brasília

no dia 20 de novembro de 1995 e com a entrega de um documento:

64 SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – 2004 – Diversidade e Identidade Cultural. Registro dos debates da 56ª. Reunião Anual, Cuiabá (MT), página 56. 65 Associação Brasileira de Antropologia. Terra de Quilombos, 1995

“I Encontro Nacional das Comunidades Negras Rurais

Brasília, 20 de novembro de 1995

Exmo. Sr. Fernando Henrique Cardoso - MD Presidente da República

Com este documento, ora encaminhado a V.Ex.ª, queremos ser ouvidos. Nunca fomos em toda a história

do Brasil. Somos negros e vivemos em comunidades rurais descendemos de africanos que escravizados

lutaram, fugiram das fazendas, buscavam todas as formas para viver em liberdade e em plena harmonia

com a terra e a natureza. Nunca aceitamos que o escravismo retirasse nossa dignidade de ser humano. A

terra que temos hoje foi conquistada por nossos antepassados com muito sacrifício e luta. E passados 107

anos do fim oficial da escravidão, estas terras continuam sem o reconhecimento legal do Estado. Estamos,

assim, expostos à sanha criminosa da grilagem dos brancos, que são, na atualidade, os novos senhores de

tão triste memória. No papel somos cidadãos. De fato, a escravidão para nós não terminou. E nenhum

governante da Colônia, do Império e da república reconheceu nossos direitos. O direito à terra legalizada

é o primeiro passo. Queremos mais. Somos cidadãos e cidadãs e como tais temos direito a tudo que os

demais grupos já usufruem na sociedade. Sabemos que a cidadania só será um fato quando nós, nossos

filhos e netos tivermos terra legalizada e paz para trabalhar, condições para produzir na terra; um

sistema de educação que acabe com o analfabetismo e respeite nossa cultura negra; assistência à saúde e

prevenção às doenças e um meio ambiente preservado da ganância dos fazendeiros e grileiros que

destroem nossas florestas e rios. Não temos esses direitos assegurados, portanto, não somos reconhecidos

como cidadãos! O I ENCONTRO NACIONAL DAS COMUNIDADES NEGRAS RURAIS, o único

acontecimento do gênero realizado na história do Brasil, não poderia, neste momento em que celebramos

os 300 anos da imortalidade de Zumbi dos Palmares, deixar de apresentar ao Presidente da República

nossas dificuldades para existir enquanto povo e as soluções que compete ao atual governo dar como

resposta. Senhor Presidente, o que reivindicamos é muito pouco diante da contribuição que temos dado

para a construção do Brasil” ”66.

Em 1997, o governo do Estado de São Paulo, considerando que as terras de remanescentes de

quilombos situam-se em terras estaduais pertencentes àquele Estado-Membro, criou um grupo de trabalho

interdiscisplinar, composto de juristas, antropólogos, historiadores e sociólogos para discutir a questão.

Em relatório minucioso, o conceito de quilombo utilizado foi o determinado pela Associação Brasileira de

Antropologia - ABA , consistente no seguinte :

“Contemporaneamente, portanto, o termo não se refere a resíduos ou resquícios arqueológicos de

ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos isolados ou de uma

população estritamente homogênea. Da mesma forma nem sempre foram constituídos a partir de

66 MARCHA NACIONAL ZUMBI DOS PALMARES CONTRA O RACISMO, PELA CIDADANIA E A VIDA. Por uma política de combate ao racismo e à desigualdade racial. Brasília. Cultura Gráfica e Editora, 1996, p. 29-31. (Documento do I Encontro Nacional das Comunidades Negras Rurais).Vide Cardoso, 2001: 86

movimentos insurrecionais ou rebelados, mas sobretudo, consistem em grupos que desenvolveram

práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num

determinado lugar.”67

Na continuidade dos debates, os antropólogos que realizavam estudos nas chamadas comunidades

negras rurais, reunidos numa rede de pesquisadores através da Associação Brasileira de Antropologia, sob

a coordenação da antropóloga Eliane Cantarino O’Dwyer (1994-1996), refinam teoricamente os conceitos

relacionados ao reconhecimento de seus direitos territoriais.

O texto constitucional não evoca apenas uma “identidade histórica”. É preciso que esses sujeitos

históricos presumíveis existam no presente e ocupem a terra que, por direito, deverá ser titulada em seu

nome. Qualquer “invocação do passado deve corresponder a uma forma atual de existência capaz de

realizar-se a partir de outros sistemas de relações que marcam seu lugar num universo social

determinado”68. Esse aspecto atual e presencial é a condição de aplicação do dispositivo legal. Não se

trata de comunidades referidas há um tempo arqueológico ou há um tempo histórico, ainda que estejam

ancoradas no passado colonial e na escravidão transatlântica.

Essa evocação de conjuntos de atores sociais organizados em conformidade com sua situação atual

“permite conceituá-los, numa perspectiva antropológica mais recente, como grupos étnicos que existem

ou persistem ao longo da história como um ‘tipo organizacional’, segundo processos de exclusão e

inclusão que possibilitam definir os limites entre os considerados de dentro ou de fora. Isso sem qualquer

referência necessária à preservação de diferenças culturais herdadas que sejam facilmente identificáveis

por qualquer observador externo, supostamente produzidas pela manutenção de um pretenso isolamento

geográfico e/ou social ao longo do tempo” 69.

A partir de Fredrik Barth (1969) a questão das fronteiras étnicas – ou seja, dos limites entre os

grupos – deixa de depender de um observador externo que aponte as diferenças ditas objetivas, mas

unicamente dos sinais diacríticos. Ou seja, as diferenças que os próprios atores sociais – no caso os ditos

“remanescentes de quilombos” – consideram significativas, que conformam seus critérios de pertença e

uma identidade básica que, no caso das comunidades negras rurais está referenciada, via de regra, a sua

origem comum e por sua formação no sistema escravocrata. A afiliação étnica, no caso em pauta, “é tanto

uma questão de origem comum quanto de orientação de ações coletivas no sentido de destinos

compartilhados”70.

Como no caso precedente dos direitos indígenas, os laudos ou relatórios de identificação sobre as

comunidades negras rurais – para efeito do artigo 68 do ADCT - não podem prescindir do conceito de

67 Cfe. Publicação feita pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo em parceria com Instituto de Terras deste Estado: Quilombos em São Paulo – Tradições, Direitos e Lutas, p.47 68 O’Dwyer, Eliane Cantarino – 2002 – Introdução. Quilombos: Identidade Étnica e Territorialidade. Rio de Janeiro. Editora da Fundação Getúlio Vargas/ Associação Brasileira de Antropologia (Co-editora), p.14. Vide igualmente SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – 2004 – Diversidade e Identidade Cultural. Registro dos debates da 56ª. Reunião Anual, Cuiabá (MT), página 56. 69 O’Dwyer, 2002: 14; Barth, Fredrik – 2000 – O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro. Contra Capa, p. 31 70 O’Dwyer, 2002: 16

grupo étnico, com todas as suas implicações71. A noção de raça – que associa traços fenotípicos e cultura

- há muito foi banido das Ciências Sociais, ainda que características morfológicas possam ser invocadas

como sinais diacríticos, fontes de constrastividade entre os grupos.

Segundo Poutignat & Streiff-Fenart a identidade étnica se diferencia “de outras formas de

identidade coletiva pelo fato de ela ser orientada para o passado” que “não é o da ciência histórica, mas

aquele em que se representa a memória coletiva” 72, que pode ser igualmente lendária e mítica.

No contexto da aplicação dos direitos constitucionais às comunidades remanescentes de

quilombos, o limite étnico que define o grupo passa a contar com sua concomitante territorial. Mas “se é

verdade que a comunidade não prescinde de uma base territorial, isso não significa que os seus limites

sejam dados a partir dela. Pelo contrário, a própria delimitação espacial de uma comunidade existe

enquanto materialização de limites dados a partir de relações sociais”73

Como bem colocou Alfredo Wagner Berno de Almeida:

“O recurso de método mais essencial, que suponho deva ser o fundamento da ruptura com a

antiga definição de quilombo, refere-se às representações e práticas dos próprios agentes sociais que

viveram e construíram tais situações em meio a antagonismos e violências estremas. A meu ver, o ponto

de partida da análise crítica é a indagação de como os próprios agentes sociais definem e representam

suas relações e práticas em face dos outros grupos sociais e agências com que interagem. Esse dado de

como os grupos sociais chamados ‘remanescentes’ se autodefinem é elementar, porquanto foi por essa

via que se construiu e afirmou a identidade coletiva.”74.

Por outro lado, diante da diáspora imposta pelo sistema escravocrata transatlântico, faz-se

necessário levar em consideração os contextos diversos e particulares das comunidades negras rurais. Não

há como dizer, a priori, como cada uma delas se organiza e que elementos são invocados para definir as

suas fronteiras. Isto somente o estudo in loco, de cunho etnográfico, poderá dizer.

“Acreditamos que tanto os povos indígenas como os remanescentes de quilombos constituem

grupos étnicos conceitualmente definidos pela antropologia como um tipo organizacional que confere

pertencimento através de normas e meios empregados para indicar afiliação ou exclusão”, diz um trecho

do documento da Associação Brasileira de Antropologia75.

Nada tem a ver, portanto, com vestígios arqueológicos ou fósseis a serem datados. Ou seja, nada

tem a ver com o campo da arqueologia.

Recentemente, o antropólogo Alfredo W. B. de Almeida chama a atenção para a importância de

um aspecto a ser enfatizado em sua gênese: o da unidade familiar que suporta um certo processo

71 Oliveira, João Pacheco de (Org.) – 1998 – Indigenismo e territorialização. Rio de Janeiro, Contra Capa. Páginas 273-274 72 Poutignat, Philippe & Streiff-Fenart, Jocelyne – 1998 – Teorias de Etnicidade. São Paulo, Unesp, páginas 12-13 73 Meyer, Doris Rinaldi - 1979 – A terra de santo e o mundo dos engenhos: estudo de uma comunidade rural nordestina. Rio de Janeiro, Paz e Terra, página 16 74 Almeida, Alfredo Wagner B. de – 2002 – Os quilombos e as novas etnias. Quilombos: Identidade Étnica e Territorialidade. Rio de Janeiro. Editora da Fundação Getúlio Vargas/ Associação Brasileira de Antropologia (Co-editora), página 67-68. 75 SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – 2004 – Diversidade e Identidade Cultural. Registro dos debates da 56ª. Reunião Anual, Cuiabá (MT), página 61-62.

produtivo singular, que vai conduzir ao acamponesamento com o processo de desagregação das fazendas

de algodão e cana de açúcar e com a diminuição do poder de coerção dos grandes proprietários

territoriais76 .

A douta antropóloga Ilka Boaventura Leite, da Universidade Federal de Santa Catarina, em um

artigo seu publicado no ano 2.000 na revista especializada Etnográfica, intitulado “Os Quilombos no

Brasil: questões conceituais e normativas”, assim escreveu:

“Uma questão importante que tem sido colocada é se o quilombo expressa a dimensão política

da identidade negra no Brasil ou ele é uma nova redução brutal da alteridade dos diferentes grupos que

sob este prisma teriam que se adequar a um conceito genérico para novos propósitos de intervenção e

controle social (Arruti 1987: 12). Esta questão passou a ser amplamente debatida, a começar dos

próprios negros que têm sido freqüentemente chamados para explicar porque insistem em manter

diferenças que a própria genética trata agora de desfazer.

O processo em curso de definição do sujeito do direito produz um certo deslocamento dos velhos

estigmas, ao desencadear uma revisão dos critérios de classificação dos grupos, principalmente quando

estes são considerados como sendo relativamente homogêneos. A questão só vai adiante quando desloca-

se para o processo no qual emerge o próprio grupo, tratando-se, portanto, de priorizar as alianças de

diferentes tipos e também relações de consangüinidade, em que participam indivíduos de outros grupos

étnicos, mas inseridos e identificados com as lutas dos afro-descendentes. Desenvolvem-se, neste caso,

tanto dentro como fora do grupo, muito discutido entre os militantes e alguns parlamentares (Maio

1996)”77.

Isto significa também repensar o próprio grupo e a sua dinâmica – as lutas internas, seus conflitos

– como uma parte viva e pulsante da experiência de ser e estar no mundo.

O diálogo interdisciplinar tem sido fértil. O Decreto n° 4887 de 2003 - que “Regulamenta o

procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras

ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias” – incorporou seus resultados ao considerar como

remanescentes das comunidades dos quilombos os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-

atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de

ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida

E observou uma peculiaridade das comunidades quilombolas ao determinar no artigo 17, caput:

“A titulação prevista neste Decreto será reconhecida e registrada mediante outorga de título coletivo e

pró-indiviso às comunidades a que se refere o art. 2o, caput, com obrigatória inserção de cláusula de

76 Almeida 1998: 8, estudo no qual o autor enfoca a produção coletiva e autônoma constitutiva das terras no Maranhão veja Almeida1998. 77 Leite, Ilka Boaventura – 2000 – Os Quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica. Vol. IV (2): 343

inalienabilidade, imprescritibilidade e de impenhorabilidade”. Determina ainda que para a outorga do

título, que as comunidades sejam representadas por associações legalmente constituídas.

Em termos de uma metodologia de pesquisa são várias as observações, desdobramentos das

discussões acima, ancoradas nos avanços acumulados pela antropologia a partir da década de 1960 e

especificamente tratados pelo referido Grupo de Trabalho da Associação Brasileira de Antropologia. A

etnografia, é evidentemente, o caminho indispensável para a execução dos estudos e laudos judiciais.

A opção metodológica foi pela etnografia, visto que essa abordagem se "refere ao estudo do modo

como os indivíduos constroem e compreendem as suas vidas cotidianas”78 . E a identificação e análise de

seu processo de territorialização, que inclui a violência de cunho colonialista, que leva a deslocamentos,

expulsões, retornos aos espaços significativos, historicamente constituídos.

“Clóvis Moura chega à conclusão de que o quilombo vira “fato normal” na sociedade escravista

e desta até os dias atuais. Esse “fato normal” levantado por Moura é elucidativo da operacionalidade do

termo para descrever o fenômeno na atualidade, já que há evidências de que um processo de segregação

residencial dos grupos de fato ocorreu, bem como o deslocamento, o realocamento, a expulsão e a

reocupação do espaço. Isto vem reafirmar que, mais do que uma exclusiva dependência da terra, o

quilombo, neste sentido, faz da terra a metáfora para pensar o grupo e não o contrário”79.

Como afirma Carvalho (2000), por meio das entrevistas obtêm-se “... certos ingredientes da

memória oral, da história oral, da movimentação geográfica, ingredientes esses que poderão ser

utilizados mais diretamente num confronto mais instrumental, pois cabem mais facilmente à formulação

de laudos, e podem conferir com a documentação da época gerada por historiadores e viajantes”80

O método de combinar a pesquisa documental com o depoimento dos quilombolas tem sido

adotada em estudos recentes como um recurso válido para as investigações sobre os antigos quilombos

que, de alguma forma, estabeleceram laços com os quilombos contemporâneos , como no caso do

Calunga, em Goiás, “que uma minoria [quilombola] conseguiu evitar a repressão e a recaptura,

formando pequenas comunidades que perduram até o presente”.81 Ainda que seja discutível que apenas

uma “minoria” tenha vencido a repressão, é certo que a história “presente na memória dos mais velhos,

bons narradores da saga dos seus antepassados, [...] permite resgatar um passado nem sempre revelado

nos documentos escritos”.82

Trata-se de “uma oralidade ativa, como um processo vivo e dinâmico. A oralidade atua e anima a

vida e as ações cotidianas no interior das organizações sociais, culturais e religiosas da comunidade

78 Bogdan & Biklen, 1994, p.60 (ver Valdélio net) 79 Leite, Ilka Boaventura – 2000 – Os Quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica. Vol. IV (2): 339. Ver principalmente as pesquisas realizadas em área urbana por Edward Telles (1994a e 1994b). 80 Carvalho, José Jorge de – 2000 - Revista Palmares, Brasília, DF, n. 5. p. 61 81 Cf. Mary Karasch, “Os quilombos do ouro na capitania de Goiás”, p. 249, in Reis e Gomes (orgs.), Liberdade por um fio, p. 258. 82Eurípedes A. Funes, “Nasci nas matas, nunca tive senhor - História e memória dos mocambos do baixo Amazonas”, in Reis e Gomes (orgs.), Liberdade por um fio, p. 467.

negra. A oralidade é uma tradição africana, especialmente dos povos “sem escrita” e se baseia no

respeito aos mais velhos – guardiões do saber – e nos griôs - contadores de história” 83.

Anthony Giddens argumenta que nas sociedades tradicionais, o passado é venerado e os símbolos

são valorizados porque contêm e perpetuam a experiência de gerações. A tradição é um meio de lidar

com o tempo e o espaço, inserindo qualquer atividade ou experiência particular na continuidade do

passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, são estruturados por práticas sociais recorrentes84 .

Limitar-se apenas aos documentos oficiais teria por contrapartida a renuncia dos processos vividos

pelos “quilombolas contemporâneos”.

O mais importante é saber traduzir o contexto histórico de onde se originou cada experiência –

quer tenha sido a partir de fugas de fazendas escravistas, confronto armado, compra de terras, doações ou

ocupações – o que implica situar as falas e a significação que lhes é imprimida pelos atuais quilombolas,

como também entender que a diversidade de formas de aquilombamento traduz variados estilos de busca

da liberdade sob o regime escravista. Assim, considero mais apropriada a denominação quilombos

contemporâneos porque a expressão subentende a idéia de resgate e de atualização da experiência das

comunidades que, como se viu, não são formações estáticas.

Eliane Cantarino O'Dwyer escreveu sobre a questão do reconhecimento da propriedade definitiva

das terras das comunidades negras da região do Rio Trombetas:

"A legitimidade desse reconhecimento encontra-se registrada na memória social desses grupos

que se apresentam como descendentes de um bisavô ou trisavô "mocambeiro" ao traçar oralmente suas

genealogias. Segundo verificamos no trabalho de campo etnográfico, essas genealogias são coincidentes

em alguns pontos de suas linhas de descendência com os nomes próprios relacionados pelo casal Henri e

Otille Coudreau em seus relatórios de viagem ao Trombetas e Erepecuru - Cuminá, e que identificavam

os últimos 'mocambeiros de fuga'com os quais mantiveram contatos no início do século." 85.

Vê-se assim o quanto os estudos antropológicos do passado adquirem uma referência jurídica que

fundamenta as razões que levarão aos laudos periciais, que por sua vez permitirão a atribuicão, no

"presente etnográfico" da propriedade definitiva das terras às populações que nelas vivem 86.

Segundo Andrade e Treccani "a auto-identificação é elemento definidor essencial da condição de

grupo étnico. Importa compreender como o grupo opera tal identidade, sendo a sua origem histórica

apenas um elemento a mais a ser estudado. Neste sentido, o conceito de quilombo não se reduz a uma

categoria histórica"87.

A identidade, étnica ou não, é definida historicamente, e não biologicamente. E a cor de um ser

humano é sempre presumida, uma vez que cor é uma categoria classificatória criada culturalmente.

83 Cardoso, Marco Antônio – 2001- O Movimento Negro em Belo Horizonte: 1978-1998.....57 84 Giddens, 1990, pp. 37-8 85 O'Dwyer, 1993:35 86 Vogt, Carlos & Fry, Peter – 2000 - A descoberta do Cafundó e o Kafundó descoberto. Brasil: migrações internacionais e identidades. Reportagens. http://www.comciencia.br/reportagens/migracoes/migr12.htm 87 Andrade, Lucia & Trecanni – 2000

As sociedades capitalistas são lugares da desigualdade no que se refere a etnia, sexo, gerações e

classes, sendo a cultura o lugar central onde são estabelecidas e contestadas tais distinções, o lugar onde

os grupos subordinados procuram fazer frente à imposição de significados que sustentam os interesses dos

grupos mais poderosos.

Para o intelectual negro jamaicano Stuart Hall a identidade "é um espaço onde um conjunto de

novos discursos teóricos se interseccionam e onde um novo grupo de práticas culturais emerge. Trata-se

de uma categoria política e culturalmente construída em que a diferença e a etnicidade são seus

elementos constituintes; a experiência da diáspora se transforma em emblema do presente; a hibridação

deixa sua marca e a fluidez da identidade torna-se ainda mais complexa pelo entrelaçamento de outras

categorias socialmente construídas, além das de classe, raça, nação e gênero "88.

A Identidade é relacional, marcada pela diferença. A diferença é sustentada pela exclusão. A

construção da identidade é tanto social quanto simbólica. Uma das formas de a identidade estabelecer

suas reivindicações é por meio do apelo a antecedentes históricos.

A cultura molda a identidade ao dar sentido à experiência e ao tornar possível optar, entre as várias

identidades possíveis, por um modo específico de subjetividade. A migração produz identidades plurais,

mas também identidades contestadas, em um processo que é caracterizado por grandes desigualdades.

Essa dispersão de pessoas ao redor do globo produz identidades que são moldadas e localizadas em

diferentes lugares e por diferentes lugares.

Parte-se da premissa de que o racismo é uma prática estruturante na formação da sociedade

brasileira e de que o Movimento Social Negro contemporâneo é uma continuidade das lutas travadas pela

população negra no passado, incluindo-se aí o quilombismo89, uma das formas de resistência negra

histórica e secular. E que a classificação dos sujeitos em relação a cor, posição social e raça é engendrada

em contextos históricos específicos.

Historicamente, as estratégias de dominação de um povo sobre outro incluem a tentativa de

destruição da cultura do povo dominado. Ao negro tem sido negado o direito da expressão cultural das

suas origens, principalmente de suas crenças religiosas. A sua cidadania diferenciada negada e renegada

no país “cuja principal estratégia de embranquecimento e ascensão social foi a miscigenação, “ser

negro”, reconhecer-se como tal, dependeu, portanto, de um amplo entendimento desta identidade social,

pautada quase sempre pela ambigüidade e cuja construção esteve em permanente mudança e

reelaboração”90.

Souza (1983) e Costa (1983) destacam a dificuldade da construção identitária do negro. Isto se

deve à violência racista sustentada na suposta supremacia dos “brancos”. E “a violência racista do branco

88 Hall, Stuart – 2003 - Da Diáspora... p. 150 89 Vide Nascimento, Abdias – 1980 - O Quilombismo. Petrópolis: Vozes, 1980. Documento n. 7 90 Leite, Ilka Boaventura – 2000 – Os Quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica. Vol. IV (2): 343

exerce-se, antes de mais nada, pela impiedosa tendência a destruir a identidade do sujeito negro” 91. Isto

inclui, evidentemente, a tentativa de destruição da sua história e do seu passado. Rui Barbosa, em 1889,

autorizou a queima de documentos que registravam fatos históricos da população negra92. Como observou

Valdélio Santos da Silva, historiador e antropólogo, em seu artigo Rio das Rãs à Luz da Noção de

Quilombo este “foi um ato extremo de violência simbólica, já que a construção da identidade de um povo

depende, também, do conhecimento dos seus antecedentes históricos” 93.

Comenta Kabenguele Munanga que, apesar do fracasso deste processo de branqueamento, “seu

ideal inculcado através de mecanismos psicológicos ficou intacto no inconsciente coletivo brasileiro...”94.

O racismo é visceralmente incompatível com a igualdade. Ele mina as próprias bases da

democracia. Impede a ascensão do negro, o reconhecimento de seus direitos historicamente constituídos,

em meio à violência colonial.

Como magistralmente postulou Daniel Sarmento, Daniel, em um texto publicado em 2006,

intitulado Direito Constitucional e Igualdade Étnico-Racial:

“Uma liberdade incapaz de se renovar transforma-se, mais cedo ou mais tarde, numa nova

escravidão”95

91 Costa, 1983, p. 2 92 Silva , Valdélio Santos – 2.000 - Rio das Rãs à Luz da Noção de Quilombo. Revista Afro-Ásia, nº. 23. Salvador, EDUFBA, pp. 267-295. Disponível na internet http://www.lpp-uerj.net/olped/documentos/ppcor/0210.pdf; vide também Revista Palmares, 2000 93 Silva , Valdélio Santos – 2.000 - Rio das Rãs à Luz da Noção de Quilombo. Revista Afro-Ásia, nº. 23. Salvador, EDUFBA, pp. 267-295. Disponível na internet http://www.lpp-uerj.net/olped/documentos/ppcor/0210.pdf; 94 Munanga, 1999:16 95 Sarmento, Daniel – 2006 – Direito Constitucional e Igualdade Étnico-Racial....p. 96

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