seminÁrio semiÓtica - resumo

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A poesia concreta 1. Não é uma novidade Mallarmé, desde o final do século XIX, em Um lance de dados, já apresentava uma nova maneira de ordenar a poesia e “lançar” as palavras sobre o papel. A poesia completa seu sentido não apenas através das palavras, mas na relação entre os signos e o espaço. 2. Na década de 50, os poetas concretos brasileiros, distanciaram-se da utilização do verso tradicional e se preocuparam com a organização do poema no espaço. Diante das novas maneiras do uso da linguagem, a poesia concreta explora o aspecto visual. Com Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari, criaram um grupo, em 1952, intitulado Noigrandes. A revista, de mesmo nome, servia de suporte para difundir as idéias e os experimentos da linguagem poética. É no segundo número de Noigrandes, 1955, que aparece o termo poesia concreta, no qual Augusto de Campos lançou a série Poetamenos – onde o menos é mais. 3. O futurismo, o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo pensavam na relação entre o texto e a imagem. 4. A poesia concreta acaba com o símbolo, o mito, com o mistério. É o mais lúcido trabalho intelectual para a intuição mais clara da poesia, acaba com as alusões, com os formalismos nirvânicos da poesia pura, tornando a beleza ativa, não feita para a contemplação, mas para a interação. 5. A poesia concreta começa por tomar conhecimento do espaço gráfico como agente estrutural. (mudança no suporte, ligada à evolução da poesia – cantada na Grécia pelos Aedos e Rapsodos, ganhou materialidade com a escrita e com a imprensa, no momento sai do papel e ganha outro espaço – mídia, publicidade, etc.) 6. Poesia concreta: tensão de palavras-coisas no espaço-tempo. Estrutura dinâmica: multiplicidade de movimentos concomitantes. Realismo total, contra uma poesia de expressão subjetiva. Uma arte da palavra que torna o poema-produto: objeto útil. Caracteriza-se pela linguagem direta, economia e arquitetura funcional do verso. Fundo-forma: mescla de ambos.

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Trabalho sobre poesia visual.

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Page 1: SEMINÁRIO SEMIÓTICA - resumo

A poesia concreta1. Não é uma novidade Mallarmé, desde o final do século XIX, em Um lance de dados, já

apresentava uma nova maneira de ordenar a poesia e “lançar” as palavras sobre o papel. A poesia completa seu sentido não apenas através das palavras, mas na relação entre os signos e o espaço.

2. Na década de 50, os poetas concretos brasileiros, distanciaram-se da utilização do verso tradicional e se preocuparam com a organização do poema no espaço. Diante das novas maneiras do uso da linguagem, a poesia concreta explora o aspecto visual. Com Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari, criaram um grupo, em 1952, intitulado Noigrandes. A revista, de mesmo nome, servia de suporte para difundir as idéias e os experimentos da linguagem poética. É no segundo número de Noigrandes, 1955, que aparece o termo poesia concreta, no qual Augusto de Campos lançou a série Poetamenos – onde o menos é mais.

3. O futurismo, o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo pensavam na relação entre o texto e a imagem.

4. A poesia concreta acaba com o símbolo, o mito, com o mistério. É o mais lúcido trabalho intelectual para a intuição mais clara da poesia, acaba com as alusões, com os formalismos nirvânicos da poesia pura, tornando a beleza ativa, não feita para a contemplação, mas para a interação.

5. A poesia concreta começa por tomar conhecimento do espaço gráfico como agente estrutural. (mudança no suporte, ligada à evolução da poesia – cantada na Grécia pelos Aedos e Rapsodos, ganhou materialidade com a escrita e com a imprensa, no momento sai do papel e ganha outro espaço – mídia, publicidade, etc.)

6. Poesia concreta: tensão de palavras-coisas no espaço-tempo.Estrutura dinâmica: multiplicidade de movimentos concomitantes. Realismo total, contra uma poesia de expressão subjetiva. Uma arte da palavra que torna o poema-produto: objeto útil. Caracteriza-se pela linguagem direta, economia e arquitetura funcional do verso. Fundo-forma: mescla de ambos.

7. Com o poema concreto ocorre o fenômeno da metacomunicação: coincidência e simultaneidade da comunicação verbal e não-verbal.

Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos 1. Desenvolveram o plano piloto para a poesia concreta: produto de uma evolução crítica de

formas. Encerra o ciclo histórico do verso (unidade rítmico-formal).

VERBIVOCOVISUAL Verbi – relativo à palavraVoco – ao somVisual – à imagem Verbivocovisual – participa das vantagens da comunicação não verbal, sem abdicar das virtualidades da palavra. http://anterodealda.com/poema_cativo.htm

Ênfase no novo meio de circulação da poesia: mídia eletrônica (Poética de Antero de Alda)

Page 2: SEMINÁRIO SEMIÓTICA - resumo

1. A vinculação da poesia com as ferramentas tecnológicas permite ampliar as possibilidades de construção da forma poética. O entrelaçamento entre o signo verbal e visual se apresenta mais fortalecido dentro desse contexto eletrônico.

2. A palavra, o som, o movimento e a imagem convivem harmoniosamente e se encontram reunidos em um único suporte. A união desses elementos que faz o sentido da obra se revelar. Ainda que a existência de poemas em forma visual não seja um fato recente, as tecnologias digitais aparecem como um meio favorável ao trânsito visual - verbal. Dessa maneira, em um sistema de configuração e reconfiguração a era eletrônica corporifica a expressão do poema. http://anterodealda.com/poema_trapezista.htm

3. A poesia frente às novas tecnologias eletrônicas apresenta alguns elementos que merecem a nossa atenção. O computador aparece como uma ferramenta que traz materialidade ao corpo da poesia. Materialidade, talvez, não seja o termo correto a ser utilizado dentro desse espaço virtual, mas o que queremos dizer é que no meio digital o som, a cor, o movimento e os efeitos visuais são incorporados à forma poética. http://anterodealda.com/poema_escondido.htm

4. Em um sistema de simbiose, a palavra e a imagem se entrelaçam. O suporte digital, portanto, aparece como um meio facilitador da fusão dos aspectos verbais, visuais e sonoros de um poema. Diante disso não podemos mais assumir uma postura tradicional diante da poesia, esperando dela apenas uma distribuição regular em versos, em que a métrica e a rima estariam presentes.

5. A poesia sai das páginas impressas e ganha tridimensionalidade. Sem pensar em termos de hierarquia, podemos transitar livremente entre o verbal, o sonoro e o visual. O encontro de diferentes linguagens é facilitado.

6. Uma máquina poética, que fizesse proliferar poemas enumeráveis: um campo de experimentações e possibilidades se abre a partir de uma palavra ou de um fragmento. Permitindo um processo infinito de construção e reconstrução da forma textual, no caso do exemplo, o texto já uma imagem. http://anterodealda.com/poema_centrifugo.htm

7. Podemos dizer que as tecnologias eletrônicas são um meio que estreita as relações entre autor e público. Dessa forma, qual seria, portanto, o estatuto da autoria diante das novas mídias digitais? http://anterodealda.com/manta_de_poemas.htm

8. Não devemos nos esquecer que a materialidade ou a fisicalidade do texto se transfigurou. O contato entre leitor-texto estabelece uma nova ligação, isto é, a relação palpável e concreta com os materiais impressos se encontra diluída quando se trata da tela do computador.

9. Lucia Santaella: a ciberarte - graças à internet, irão receber a arte em suas próprias máquinas, manipulando essa arte ao participar de rotinas pré-programadas que podem variar e ser modificadas de acordo com seus comandos ou movimentos. http://anterodealda.com/poema_codigo.htm

10. O suporte se modificou assim como o modo de ler também, ou seja, ler não significa apenas correr os olhos linha a linha sobre o papel ou receber passivamente o conteúdo da obra, mas escrever e sentir de maneira diferente o novo texto. http://anterodealda.com/poema_intermitente.htm

Page 3: SEMINÁRIO SEMIÓTICA - resumo

11. O caráter linear e seqüencial do texto se rompe. Início, meio e fim já não estão mais pré-determinados e dados de antemão; a estruturação da leitura e da escrita do texto são delegadas ao leitor. As idéias estão interligadas e distribuídas no ambiente hipertextual.

12. A disponibilidade instantânea de todas as possibilidades articulatórias do texto favorece uma arte da combinatória, uma arte potencial, em que, ao invés de se ter uma “obra” acabada, tem-se apenas seus elementos e as leis de permutação definidas por um algoritmo combinatório. http://anterodealda.com/poema_declamadoI.htm

13. Nos poemas percebem-se variações ao nível da expressão que conferem à relação sígnica uma motivação pouco usual: assim, o “poema-flutuante” flutua, o “poema-elástico” estica, o “poema ao vento” voa, o “poema-reflexo” reflete, o “poema de passagem” passa… http://anterodealda.com/poema_serpente.htm

14. A programação do poema e do objeto pelo conteúdo da sua expressão pode estar enraizada na ideia de que há uma coincidência das palavras com as coisas que a poesia pode revelar.