semana médica

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ARTRITE REUMATÓIDE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO semana www.semanamedica.com Professor Mário Lopes SM entrevista o novo Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia Também nesta edição ……………………… • Especial XXXII Congresso Português de Cardiologia Workshop sobre dor crónica • Prémio Saúde da Pele 2011 …………… nº622 • €1,99 • 15 a 28 de Abril 2011

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revista quinzenal de actualidade para profissionais de saúde

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Page 1: Semana Médica

ARTRITE REUMATÓIDEDIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

semana

www.semanamedica.com

Professor Mário Lopes

SM entrevista o novo Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia

Também nesta edição

………………………• Especial XXXII

Congresso Português de Cardiologia

• Workshop sobre dor crónica• Prémio

Saúde da Pele 2011……………

nº622 • €1,99 • 15 a 28 de Abril 2011

Page 2: Semana Médica

Dolenio®

mais práticade tomar

a Glucosamina

NOME DO MEDICAMENTO Dolenio 1178 mg Comprimidos revestidos por película COMPOSIÇÃO QUALI-TATIVA E QUANTITATIVA Um comprimido revestido por película contém 1884,60 mg de cloreto sódico de sulfato de Glucosamina equiva-lente a 1500 mg de sulfato de Glucosamina ou 1178 mg de Glucosamina. Excipiente: 151 mg de Sódio. FORMA FARMACÊUTICA Comprimido revestido popelícula. Comprimidos brancos a quase bracos, oblongos e bi-convexos, com uma ranhura num dos lados. A ranhura do compri-mido destina-se unicamente a facilitar a sua divisão, de modo a ajudar a deglutição e não a divisão em doses iguais. INFORMAÇÕES CLÍNICAS Indicações terapêuticas Alívio dos sintomas da osteoartrose ligeira a mode-rada do joelho. Posologia e modo de administração Adultos: 1 comprimido por dia. A Glucosamina não está indicada no tratamento dos sintomas da dor aguda. O alívio dos sintomas (principalmente o alívio da dor) pode não ser observado até algumas semanas após o início do tratamento e em alguns casos, após um período de tempo maior. Se não houver alívio dos sintomas após 2-3 meses, o tratamento prolongado com Glucosamina deve ser reavaliado. Os comprimidos podem ser tomados durante as refeições ou fora delas. Informação adicional em populações especiais: Idosos: Não foram realizados estudos especí�cos nos ido-sos, no entanto, de acordo com a experiência clínica não é necessário um ajuste posológico no tratamento de doentes idosos, que sejam saudáveis. Crianças e adolescentes: Dolenio não é recomendado em crianças e adolescentes com idade inferior a 18 anos, devido à ausência de dados de segurança e e�cácia. Insu ciência renal e/ou hepática: Não é possível fazer uma recomendação de dose para doentes com insu�ciência rena e/ou hepática, uma vez que não foram efectuados estudos nestes doentes. Contra-indicações Dolenio não deve ser administrado a doentes com alergia ao marisco, uma vez que a substância activa é obtida a partir de marisco. Hipersensibilidade à substância activa ou a qualquer um dos excipientes. Crianças até aos 2 anos de idade. Efeitos indesejáveis Os efeitos indesejáveis mais frequentemente associados ao tra-tamento com Glucosamina são náuseas, dor abdominal, indigestão, obstipação e diarreia. Adicionalmente, também foram descritos cefaleias, cansaço, erupção cutânea, comichão e rubor. Geralmente os efeitos indesejáveis reportados são moderados e transitórios. Na tabela ao lado, são listados todos os efeitos ad-versos descritos por classe de sistema de orgãos e frequência (muito frequentes ≥1/10; frequentes ≥1/100 a <1/10; pouco frequentes ≥1/1.000 a <1/100; raros ≥1/10.000 a <1/1.000; muito raros <1/10.000); desconheci-do (não pode ser calculado a partir dos dados disponíveis).

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO

Classes de sistemas de orgãos segundo a base de dados MedDRA

Frequentes (≥1/100 a <1/10)

Pouco frequentes (≥1/1.000 a <1/100)

Desconhecido (não pode ser calculado a partir dos dados disponíveis)

Doenças do sistema nervoso Cefaleias, Cansaço - Tonturas

Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino - - Asma / Asma

agravada

Doenças gastrointestinaisNáuseas, Dor abdominal, Indigestão, Diarreia, Obstipação

- Vómitos

Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneas - Erupção cutânea,

Prurido, RuborAngioedema Urticária

Doenças do metabolismo e da nutrição - -

Controlo inadequado da Diabetes mellitus Hipercolesterolémia

Perturbações gerais e alterações no local de administração

- - Edema / Edema periférico

Foram reportados casos de Hipercolesterolémia, Asma agravada e controlo inadequado da Diabetes mellitus, no entanto, não foi estabelecida a causalidade. Dolenio pode provo-car elevação das enzimas hepáticas e raramente icterícia. Doentes com Diabetes mellitus O controlo da glicémia agrava-se em doentes com diabetes mellitus. Frequência não conhecida. Informações adicionais disponíveis a pedido | MSRM | Escalão de Comparticipação B.

Sulfato de Glucosamina em comprimido

por dia

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Page 3: Semana Médica

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RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO Nome do medicamento: Valdoxan® 25 mg comprimido revestido por película. Composição qualitativa e quantitativa: Cada comprimido revestido por película contém 25mg de agomelatina. Excipiente: lactose monohidratada. Indicações terapêuticas:Tratamento de episódios de depressão major em adultos. Valdoxan é indicado em adultos. Posologia e modo de administração: A dose recomendadaé 25 mg uma vez por dia tomado oralmente ao deitar. Após duas semanas de tratamento, se não houver melhoria dos sintomas, a dose pode ser aumentada para 50 mg uma vez por dia, isto é, dois comprimidos de 25 mg toma-dos ao deitar. Os doentes com depressão devem ser tratados por um período suficiente de pelo menos 6 meses para assegurar que ficam assintomáticos. Os comprimidos de Valdoxan podem ser tomados com ou sem alimentos.População pediátrica: A segurança e eficácia de Valdoxan em crianças com idade inferior a 18 anos não foram ainda estabelecidas. Não existem dados disponíveis. Idosos: Os dados clínicos disponíveis do uso de Valdoxan em idosos≥ 65 anos, com episódio depressivo major, são limitados. Assim, a prescrição de Valdoxan, nestes doentes, deve ser feita com cuidado. Doentes com compromisso renal moderado ou grave: Os dados clínicos disponíveis do uso deValdoxan em doentes deprimidos com compromisso renal moderado ou grave são limitados. Recomenda-se que a prescrição de Valdoxan, nestes doentes, seja cautelosa. Doentes com compromisso hepático: Valdoxan está con-traindicado em doentes com compromisso hepático. Descontinuação do tratamento: Não é necessário efectuar desmame na descontinuação do tratamento. Modo de administração: Os comprimidos de Valdoxan podem ser toma-dos com ou sem alimentos. Contra-indicações: Hipersensibilidade à agomelatina ou a qualquer dos excipientes. Compromisso hepático (isto é cirrose ou doença hepática activa).Uso concomitante de inibidores potentes do CYP1A2(por exemplo fluvoxamina, ciprofloxacina). Advertências e precauções especiais de utilização: Uso na população pediátrica: Valdoxan não é recomendado no tratamento da depressão em doentes com idade inferior a 18 anosdado que a segurança e eficácia do Valdoxan não foi estabelecida neste grupo etário. Uso nos idosos com demência: Valdoxan não deve ser usado para o tratamento de episódios depressivos graves em doentes idosos com demên-cia. Mania/Hipomania: Valdoxan deve ser utilizado com precaução em doentes com uma história de mania ou hipomania e deve ser descontinuado se o doente desenvolver sintomas maníacos. Suicídio/pensamentos suicidas: Comodurante as primeiras semanas ou mais de tratamento pode não se verificar qualquer melhoria, os doentes deverão ter uma vigilância mais rigorosa até que essa melhoria ocorra. De acordo com a prática clínica, em geral o riscode suicídio pode aumentar nas fases iniciais da recuperação. A terapêutica medicamentosa deverá ser acompanhada de uma supervisão rigorosa, em particular nos doentes de maior risco, especialmente na fase inicial do trata-mento. Os doentes (e os prestadores de cuidados de saúde), devem ser alertados para a necessidade de monitorização relativamente a qualquer agravamento da sua situação clínica, pensamentos ou comportamentos suicidáriose para procurar assistência médica imediatamente, caso estes ocorram. Associação com inibidores do CYP1A2: A associação com inibidores potentes do CYP1A2 é contra-indicada. A prescrição de Valdoxan com inibidores mod-erados do CYP1A2 (ex. propranolol) deve ser feita com cuidado pois pode resultar num aumento da exposição à agomelatina. Aumento das transaminases séricas: Em estudos clínicos foram observadas elevações das transami-nases séricas (>3 vezes o limite superior do normal) em doentes com Valdoxan particularmente com a dose de 50 mg. Quando Valdoxan foi descontinuado nestes doentes, as transaminases séricas voltaram usualmente para osvalores normais. Devem ser realizados testes de função hepática em todos os doentes: no início do tratamento, depois periodicamente isto é por volta das seis semanas (fim da fase aguda), das doze e vinte e quatro semanas (fimda fase de manutenção) e sempre que clinicamente indicado. Qualquer doente que apresente aumento das transaminases séricas deve repetir os testes da sua função hepática dentro de 48 horas. A terapêutica deve ser descon-tinuada se o aumento das transaminases séricas exceder 3X o limite superior do normal e devem ser realizados testes regulares à função hepática até que as transaminases séricas voltem ao normal. A terapêutica deve ser de-scontinuada se for observada icterícia. Valdoxan deve ser prescrito com precaução a doentes com obesidade/excesso de peso/doença esteatose hepática não alcoólica ou a doentes que consomem quantidades substanciais deálcool ou que estão a ser tratados com medicamentos associados a risco de afecção hepática. Intolerância à lactose: Valdoxan contém lactose. Os doentes com problemas hereditários raros de intolerância à galactose, a deficiên-cia em lactase de Lapp ou má absorção de glucose-galactose, não devem tomar este medicamento. Interacções medicamentosas e outras formas de interacção: Interacções potenciais que afectam a agomelatina: A agome-latina é metabolisada pelo citocromo P450 1 A2 (CYP1A2) (90%) e pelo CYP2C9/19 (10%). Os medicamentos que interagem com estas isoenzimas podem diminuir ou aumentar a biodisponibilidade da agomelatina. Consequentemente,a co-administração de Valdoxan com inibidores potentes do CYP1A2 (por exemplo fluvoxamina, ciprofloxacina) é contraindicada. A associação da agomelatina com estrogénios (inibidores moderados do CYP1A2) resulta num múlti-plo aumento da exposição à agomelatina. Deve ter-se cuidado na prescrição de agomelatina com outros inibidores moderados do CYP1A2 (ex. propranolol, grepafloxacina, enoxacina). Medicamentos que se ligam fortemente àsproteínas plasmáticas: A agomelatina não modifica as concentrações livres de medicamentos que se ligam fortemente às proteínas plasmáticas ou vice versa. Não existe evidência de interacção farmacocinética ou farmacodinâmicacom medicamentos que possam ser prescritos concomitantemente com Valdoxan na população alvo: benzodiazepinas, lítio e paroxetina, fluconasol e teofilina. Álcool: Não é aconselhável a combinação de Valdoxan com álcool. Ter-apêutica electroconvulsivante (TEC): Não existe experiência do uso concomitante de agomelatina com TEC. Fertilidade, gravidez e aleitamento: No que respeita à agomelatina, não existem dados clínicos sobre as gravidezes aela expostas. Os estudos em animais não indicam quaisquer efeitos nefastos directos ou indirectos no que respeita à gravidez, ao desenvolvimento embrionário/fetal, parto ou ao desenvolvimento pós-natal. Este medicamento sódeve ser receitado a mulheres grávidas com precaução. Não se conhece se a agomelatina é excretada no leite humano. Se o tratamento com Valdoxan for considerado necessário o aleitamento deve ser descontinuado. Efeitossobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas: Não foram estudados os efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas. No entanto, considerando que as vertigens e sonolência são reacções adversas co-mums, os doentes devem ter em atenção a sua capacidade para conduzir veículos ou utilizar máquinas. Efeitos indesejáveis:As reacções adversas foram geralmente ligeiras ou moderadas e ocorreram durante as primeiras duassemanas de tratamento. As reacções adversas mais comuns foram náuseas e tonturas. Estas reacções adversas foram normalmente transitórias e não levaram, geralmente, à cessação da terapêutica. As reacções adversas estãolistadas abaixo usando a seguinte convenção: Muito frequentes (≥1/10); frequentes (≥1/100, <1/10); pouco frequentes (≥1/1000, <1/100); raras (≥1/10000, <1/1000); muito raras (<1/10000), desconhecidas (não podem ser cal-culadas a partir dos dados disponíveis). As frequências não foram corrigidas para o placebo. Doenças do sistema nervoso: Frequentes: cefaleias, tonturas, sonolência, insónias, enxaquecas. Pouco frequentes: parestesias. Pertur-bações do foro psiquiátrico: Frequentes: ansiedade. Frequência desconhecida: Pensamentos ou comportamentos suicidários, Mania/hipomania. Estes sintomas podem também ser devido à doença subjacente, Agitação e sintomasrelacionados (como irritabilidade e inquietação). Afecções oculares: Pouco frequentes: visão turva. Doenças gastrointestinais: Frequentes: náuseas, diarreia, obstipação, epigastralgias. Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneos:Frequentes: hiperhidrose. Pouco frequentes: eczema. Raros: erupção cutânea eritematosa. Frequência desconhecida: prurido. Afecções musculosqueléticas e dos tecidos conjuntivos: Frequentes: lombalgia. Perturbações gerais ealterações no local de administração: Frequentes: fadiga. Alterações hepato-biliares: Frequentes: aumentos (>3 vezes o limite superior do intervalo normal) da ALAT e/ou ASAT (isto é 1,1% com agomelatina 25/50 mg vs 0,7% complacebo). Raros: hepatite. Sobredosagem: A experiência de sobredosagem com agomelatina é limitada. A experiência com agomelatina em sobredosagem indica que tem sido reportado epigastralgia, sonolência, fadiga, agitação,ansiedade, tensão, tonturas, cianose ou mal-estar.. Não são conhecidos antídotos específicos para a agomelatina. A resolução da sobredosagem deve consistir no tratamento dos sintomas clínicos e monitorização de rotina. Re-comenda-se o seguimento médico em local especializado. MSRM. Regime de comparticipação: Escalão C (RG: 37% - RE: 52%). Para mais informações deverá contactar o representante do titular da autorização de intro-dução no mercado: SERVIER PORTUGAL – Especialidades Farmacêuticas, Lda. Av. António Augusto de Aguiar, 128. 1069-133 LISBOA – Telefone: 213122000.

Director Pedro Serra Pinto Directora – AdjuntaMaria Fernandes TeixeiraREDACÇÃOJornalistasPaula Ferreira FernandesVanessa Sena SousaColaboradores Filipa M. Ribeiro (Lisboa)Ana Isabel Costa (Leiria) Helena Figueiras (Algarve)

Paula Esteves (Porto) Cátia Vicente (Coimbra)FotógrafosRui Velindro Colaboradores Manuel Azevedo (Porto) Bruno Pires (Coimbra)Sérgio Claro (Leiria)Nuno Jesus (Algarve) CONTACTOSE-mail: [email protected]. 21 358 43 03 Fax. 21 358 43 09DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE Directora de PublicidadeFátima Lima

Assistente de publicidadeNádia NetoE-mail:[email protected] ManagerCarla SilvaE-mail: [email protected] Tel. 21 358 43 01 Fax. 21 358 43 09 DEPARTAMENTO ASSINATURASE-mail: [email protected]. 21 358 43 00 Fax. 21 358 43 09 ENDEREÇO SERRA PINTO – Edições e Publicaçõesde Revistas Unipessoal LdaRua Padre Luís Aparício, nº 11-3ºA1150-248 LISBOATel. 21 358 43 00 Fax. 21 358 43 09Registo ICS nº 121643

PROJECTO GRÁFICO E PRÉ-IMPRESSÃO Tempora Design IMPRESSÃO E ACABAMENTOPlusprint Lda.Al das Linhas de Torres nº1791750-142 LisboaTIRAGEM – 15.000 exemplares DEPÓSITO LEGAL – 305599/10 PERIODICIDADE – quinzenalTodos os direitos estão reservados, não sendopermitida a total ou parcial reprodução, sejapor meio electrónico, mecânico, fotocópia ououtros, sem autorização prévia escrita porparte dos detentores dos direitos de autor. A SERRA PINTO – EDIÇÕES envidará todos osesforços no sentido de garantirque todas as in-formações veiculadas estejam correctas e ac-tua lizadas, no entanto ressalva que a res pon -

sa bilidade das declarações é intei ramente dosautoresdas mesmas e também que a infor-mação acerca de fármacos é transmitidapor laboratórios e órgãos oficiais.

Direcção GeralPedro Serra PintoDirecção EditorialAida BorgesDirecção ComercialAndrea LimaDirecção FinanceiraJoão Broegas

www.semanamedica.com

semana

Page 4: Semana Médica

Dr. Hernâni CaniçoEspecialista em Medicina Geral e Familiar

Dr. Jaime PinaEspecialista em Pneumologia

Dr. Luís Serra PintoEspecialista em Cardiologia

Dra. Margarida GonçaloEspecialista em Dermatologia e Venereologia

Prof. Rui Tato MarinhoEspecialista em Gastrenterologia

4 15 a 28 de Abril.11

A SEMANA MÉDICA tem parcerias com as seguintes estruturas da Saúde:

Sociedade

Portuguesa

de Neonatologia

Novos rostos, novos desafiosÉ com uma edição repleta de novidades clínicas que damos as boas-

-vindas à Primavera. O novo Presidente da Sociedade Portuguesa de

Cardiologia, Professor Mário Lopes, lança as primeiras ideias para o

mandato que agora inicia, numa edição que dedica várias páginas

aos temas da Cardiologia – em particular ao recentemente realiza-

do Congresso Português de Cardiologia –, e da hipertensão.

Dermatologia, com destaque para a dermatite atópica e para a Der-

matologia experimental, dor crónica, Urologia e Reumatologia, em

particular a “emergência reumatológica” que a artrite reumatóide

constitui, completam esta SEMANA MÉDICA.

Votos de uma excelente leitura.

Page 5: Semana Médica
Page 6: Semana Médica

Artigo do Dr. Josias Gyll

Actualidade Clínica

FlashCongresso Português de Cardiologia

NacionalPrémio Saúde da Pele 2011

Entrevista ao Prof. Mário Lopes

Abertura do Congresso Português de Cardiologia

Workshop sobre dor crónica

Encontro Nacional das USF

Simpósio do Congresso Português de Hipertensão

Internacional26º Congresso da Associação Europeia de Urologia

Em FocoDiagnóstico e tratamento da artrite reumatóide

Actualidade Científica

R&DTransplante de medula óssea com menor risco

FormaçãoAconselhamento em aleitamento materno

MedicamentoComissão Europeia aprova Baraclude®

Prática ClínicaArtigo da SPDV

RX da Quinzena Os principais acontecimentos políticos e profissionais na área da Saúde

UpdateSites, agenda e outras sugestões

LivrosPropostas de leitura

NutriçãoMeloa com vegetais

08

10

12

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6 15 a 28 de Abril.11

EAU decorreu em Viena

A SM esteve em Viena, na Áustria,para assistir ao 26º Congresso daAssociação Europeia de Urologia

(EAU). Este evento, que reúneanualmente os principais

especialistas da comunidademédica da área da Urologia

ao nível internacional, contou este ano com cerca de

15 mil participantes, oriundos demais de 100 países.

P26

Actualidade ClínicaInternacional

Eczema atópico na criança

O eczema atópico ou dermatiteatópica é uma doença crónica depele, recidivante, que ocorre emqualquer idade, mas com expressãoclínica diferente consoante a fase davida. É sobre esta patologia queversa o artigo de prática Clínicadesta edição, com a chancela daSociedade Portuguesa deDermatologia e Venereologia(SPDV).

P38

Actualidade CientíficaPrática Clínica

Page 7: Semana Médica
Page 8: Semana Médica

8 15 a 28 de Abril.11

1. “Entre o Normal e o Patológico”

O conceito de “Normalidade e Patologia” deve ser recusado. A avaliação vá-lida do Ser Humano só será possível se o pensarmos na sua dimensão holís-tica – dimensão única e real do ser perturbável, perturbante e/ou perturba-do, isto é, do ser Doente (com ou sem doença) - na sua globalidade biopsi-cossocial, espiritual, histórica e cultural, situado nos espaços e nos tempos des-de o início da sua existência e condicionado pela Consciência Teleológica daEspécie contida no Ser-Humano considerado na sua dimensão universal, úni-ca e unívoca - conceito unificado e abrangente de todos os seres humanos. A definição de normalidade é imprecisa, simplista, porque não é possível, noSer Humano a viver a sua existência, determinar a fronteira entre o patológicoe o normal (definir é limitar), pelo que os conceitos são confusos ou incorrectos.A noção de “normalidade” não se distingue, por ligeireza, da de habitualida-de e é patogénica, é uma normopatia, neurose conotada com a hipocondríasee outras fobias.O ser humano com a sua circunstância é os seus pensamentos e as suas emoções.

2. “Paradigmas do Corpo e da Mente”

A noção de “mente” tem-na reduzido à substrutura corporal do Ser; se por umlado a mente e o corpo são referidos como identidades distintas, por outrotem-se confundido a mente com o cérebro ou com a neurofisiologia cerebral,ignorando-se que o cérebro é corpo, órgão, massa protoplásmica, materiali-dade metabólica e fisiológica.Não tenho dificuldades intelectuais em atribuír veracidade científica ao cri-tério que considera a mente como “Processo Mental”, produto espiritual guar-dado no inconsciente do Ser Humano, psicodinamismo da essencialidade doSer que age entre o Ser e o corpo (cérebro).

A propósito do lll Congresso de Psiquiatria e de MGF

A definição de normalidade é imprecisa, simplista, porque não é possível, no Ser Humano a viver a sua existência, determinar a fronteira entre o patológico e o normal

Dr. Josias GyllMédico

Page 9: Semana Médica
Page 10: Semana Médica

15 a 28 de Abril.1110

De 8 a 10 de Abril especialistasportugueses reuniram-se no Centrode Congressos de Lisboa paraassistir às muitas mesas redondas,simpósios e conferências do XXXII

Congresso Português de Cardiologia.O evento médico contou ainda comum momento cultural e uma vastaárea de expositores da IndústriaFarmacêutica.

XXXII Congresso Português de Cardiologia Fotos Rui Velindro

Page 11: Semana Médica
Page 12: Semana Médica

15 a 28 de Abril.1112

O Prémio Saúde da Pele 2011, que surge

como uma primeira iniciativa de apoio à in-

vestigação dermatológica promovida pelo

Fundo da Pele Vasenol, foi atribuído ao

Coordenador da Unidade de Dermatologia

Experimental da Universidade Lusófona,

Prof. Luís Monteiro Rodrigues, e à Prof. Ca-

tarina Fialho Rosado, no III Congresso Na-

cional de Ciências Dermatocosméticas,

que teve lugar dia 18 de Março em Lisboa.

Em declarações à SM os especialistas ex-

plicaram que o seu trabalho de investiga-

ção, premiado com uma bolsa de três mil

euros, teve como objectivo “caracterizar a

acção produzida por um creme hidra-

tante na função de barreira cutânea e na

hidratação do estrato córneo através de

duas abordagens que testam a barreira

cutânea: a avaliação da rapidez de per-

meação de uma molécula vasodilatadora

e a avaliação da protecção conferida con-

tra a agressão com laurisulfato de sódio

(LSS)”. Esta forma de avaliação da eficácia

de produtos hidratantes foi incitada pela

“elevada prevalência de xerose”, uma das

“patologias cutâneas minormais frequen-

tes” que aumentam “de incidência nos

meses de Inverno ou Verão, quando a hu-

midade ambiental é baixa e as tempera-

turas extremas” e se tornam “mais pro-

nunciadas com o envelhecimento”, o que

faz “dos produtos hidratantes uma das

classes de cosméticos mais usados”.

Para além destes, “que têm apenas esta

função”, afirmam os investigadores, “a rei-

vindicação de promotor da hidratação cu-

tânea faz parte da rotulagem de muitas

outras classes de produtos – desde os pro-

tectores solares até aos cosméticos de

limpeza”. A abordagem utilizada pelos in-

vestigadores, diferente das que “recorrem

a métodos que podem ser influenciados

pela água contida nas formulações e que

apenas produzem dados instantâneos”,

permitiu concluir que “a aplicação repe-

tida do produto testado causou, sobre-

tudo, uma acção superficial, que se ma-

nifestou no aumento dos níveis de água

do estrato córneo e que se encontra li-

gada aos diferentes componentes higros-

cópicos e oclusivos que o constituem”. A

Prof. Catarina Fialho Rosado e o Prof. Luís

Monteiro Rodrigues, também Presidente

da Sociedade Portuguesa de Ciências Cos-

metológicas, acrescentam ainda que “o

facto de não se terem observado dife-

renças, através das metodologias que

avaliam a competência da função de bar-

reira, foi indicador da sua incapacidade

em corrigir os desequilíbrios nos proces-

sos celulares da epiderme que levam ao

aparecimento da pele seca, que são muito

mais difíceis de conseguir”. O estudo per-

mitiu também confirmar “a vantagem da

aplicação de uma metodologia que desa-

fia a resposta cutânea na caracterização

da eficácia de um produto cosmético”.

Projecto social internacionalNo âmbito do Fundo da Pele Vasenol, desde

2009, foram envolvidos mais de 12 mil por-

tugueses em rastreios de pele, oferecidas

centenas de consultas dermatológicas, atra-

vés da compra de produtos que activavam

a oferta, e abrangidos cerca de cinco mil

portadores de psoríase, com produtos da

marca como auxiliares terapêuticos. Atra-

vés de uma parceria com a União da Casa

Prémio Saúde da Pele 2011

Trabalho de avaliação de produtos hidratantes distinguidoA investigação sobre avaliação de produtos hidratantes, da autoria deuma equipa da Unidade de Dermatologia Experimental da UniversidadeLusófona liderada pelo Professor Luís Monteiro Rodrigues, foireconhecida com o Prémio Saúde da Pele 2011, atribuído pelo Fundo daPele Vasenol.

Por Vanessa Sena Sousa

Um estudo sobre a relação da sociedade portuguesa com os cuidados de saúde da pele indicou que 77 por centodos portugueses nunca consultou um dermatologista e que 63 por cento não utilizava qualquer produto dehidratação da pele. Estas conclusões foram um dos estímulos para a criação do Fundo da Pele Vasenol.

Foto

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eamstim

e

Page 13: Semana Médica

13semana

das Misericórdias, a Sociedade Portuguesa

de Ciências Cognitivas e a Associação Por-

tuguesa de Psoríase (PSO), o Fundo contri-

buiu para a criação de uma linha de apoio

para doentes com psoríase.

Segundo a Dra. Maria Oliveira, Skin Clean-

sing and Care Marketing Category Lea-

der da Unilever Jerónimo Martins, o

Fundo da Pele Vasenol “é uma iniciativa

de carácter social internacional”, lançada

em Maio de 2009, com o objectivo de

“consciencializar os consumidores da im-

portância do cuidado de saúde da pele” e

melhorar a qualidade de vida de três mi-

lhões de pessoas com doenças cutâneas

neste ano. Este é o “grande objectivo in-

ternacional”, “uma meta sem dúvida am-

biciosa mas possível de alcançar”, avan-

çou a responsável.

Ajudar quem tem problemas específicos de

pele, como a psoríase, eczemas graves, pele

muito seca, entre outros, é também um dos

objectivos deste projecto, sendo que a meta

nacional consiste em apoiar 100 mil pes-

soas com problemas de pele em três anos.

Através de uma parceria com a Associação

Portuguesa de Psoríase (PSO), o Fundo da

Pele conseguiu chegar, de uma forma indi-

recta, a cerca de 250 mil doentes no País.

Quanto ao trabalho de investigação pre-

miado, a responsável salientou que “a tese

vencedora centrou-se no tema Dermato-

logia Clínica e abordou de uma forma

muito completa o processo de cicatrização

da pele, apresentando factos, incluindo es-

tudos clínicos e soluções”. Na sua opinião,

este projecto reveste-se de “grande impor-

tância não só pelas conclusões científicas

em si, mas porque demonstra a relevância

do apoio a estas iniciativas”.

Dermatologia ExperimentalA equipa de investigadores da Unidade

de Dermatologia Experimental, que se

encontra integrada na CBIOS (Centro de

Investigação em Ciências e Tecnologias

da Saúde) da Faculdade de Ciências e

Tecnologias da Saúde da Universidade

Lusófona, está neste momento a explorar

outras áreas da Dermatologia Experi-

mental e, de entre os projectos em curso,

destaca “a utilização de nano-sistemas

para encapsulação de fármacos para ad-

ministração transdérmica, a celulose bac-

teriana como sistema para administra-

ção de fármacos ou a aplicabilidade

dermocosmética de produtos vegetais”.

Noutra perspectiva, os investigadores re-

ferem ainda projectos “que vêm estu-

dando o comportamento da pele humana

em certas patologias”, como por exem-

plo a obesidade, “de modo a melhor co-

nhecer a sua fisiologia e fisiopatologia”.

Segundo os agraciados, “a investigação

em Dermatologia tem um vasto histo-

rial” em Portugal e “nomes importantes

na clínica dermatológica” no Mundo.•

Bolsa de Saúde da Pele

A Bolsa Saúde da Pele, atribuída através doFundo da Pele Vasenol, é uma iniciativa de apoioà investigação dermatológica em Portugal.Nesta edição puderam concorrer trabalhosrealizados no âmbito de dois temas – saúdecomunitária e consumo (com incidência nacaracterização sócio-demográfica e epidemiológicadas populações, consumos ou outros, contribuindopara a promoção da saúde cutânea e para aprevenção da doença); ou DermatologiaClínica, com incidência na caracterização eexpressão clínica dos conceitos, atitudes eterapêuticas aplicadas às patologias (major eminor) em que os produtos tópicos cutâneos,incluindo os produtos cosméticos e de higienecorporal, desempenham um papel de interessereconhecido.

A Dra. Maria Oliveira, do Fundo da Pele Vasenol, revelouà SM que a marca pretende continuar a apoiar oavanço científico na área da Dermatologia. “Quer sejanos moldes actuais quer de uma nova forma, o nossoobjectivo continuará a ser a promoção de acções dedesenvolvimento da área científica dermatológica emPortugal”, adiantou.

O estudo permitiu tambémconfirmar “a vantagem da aplicação de umametodologia que desafia a resposta cutânea na caracterização da eficácia de um produtocosmético”

A Prof.ª Catarina Fialho Rosado, da Unidade deDermatologia Experimental, doutorada em TecnologiaFarmacêutica na Welsh School of Pharmacy, CardiffUniversity, no Reino Unido, é também consultora naárea de avaliação de segurança de produtos cosméticose de higiene corporal.

Foto

Rui Velindro

Foto

Rui Velindro

Page 14: Semana Médica

15 a 28 de Abril.1114

O que o levou a assumir este desafio?É um desafio com certeza. Foi principal-mente a oportunidade de realizar uma acti-vidade que, em termos profissionais, é fran-camente compensadora e, por outro lado, aconfiança dos colegas, que entenderamconvidar-me para este lugar. Tem que ver coma carreira que já fiz na Sociedade e a opor-tunidade que se criou para eu ter chegadoà presidência da direcção. [Assumir este de-safio] faz parte da perspectiva de carreira pro-fissional de um cardiologista académico,em Portugal. Por conseguinte, é um poucoa cúpula da nossa actividade; há a activida-de universitária, há a actividade hospitalar, edepois, numa outra área, há a carreira, ou pelomenos as actividades ligadas às sociedadescientíficas, uma área muito importante e com-plementar das outras.

Quais são os seus objectivos para este biénio?Os objectivos são continuar a desenvolver asactividades, que são múltiplas, que a Socie-dade realiza, ao serviço dos profissionais, car-diologistas, outros médicos e outros mem-bros da equipe de saúde, pois hoje em dia aactividade não é só feita por médicos. Por ou-tro lado, também tencionamos desenvolveractividade junto do público – dos doentes,das suas famílias e do público em geral. Associedades científicas hoje devem ter uma in-tervenção muito activa no esclarecimento daspessoas, porque muitas vezes algumas dasinformações que chegam são um pouco“temperadas” por objectivos de marketing, pro-mocionais. Nós temos a obrigação de, tantoquanto é possível, sermos isentos, pelo me-nos de dar a informação adequada, equili-brada, sobre os avanços, sobre, muitas vezes,

os efeitos menos positivos de algumas in-tervenções, de forma a que as pessoas te-nham uma fonte credível de informação. Éuma área que queremos muito desenvolver,utilizando inclusive as novas tecnologias deinformação e comunicação que permitemeste contacto muito mais directo do que an-tigamente, quando usávamos apenas tec-nologias clássicas.

O que significa para si liderar a Socieda-de Portuguesa de Cardiologia?Liderar é ser mais um elemento numa equi-pe, numa equipe vasta. A nossa direcção temnove elementos, depois há outros órgãos, hámuitos grupos de estudo. Por conseguinte,liderar é ser o rosto da Sociedade, porque associedades precisam de ter alguém a quempossamos responsabilizar quando as coisasnão correm tão bem, mas é também ter o pra-zer de partilhar a descoberta do futuro. O fu-turo acontece todos os dias, amanhã vai serdiferente de hoje e assim sucessivamente; e,nomeadamente neste momento um poucocomplexo pelo qual o Mundo todo está a pas-sar, e nós em particular, é exaltante e muitoestimulante aquilo que podemos fazer, den-tro de perspectivas realistas, como é óbvio.

Nesse sentido, quais as suas expectativas?As minhas expectativas são que a Sociedademantenha o elevado nível de intervenção pro-fissional e junto do público que tem vindo aoferecer. As pessoas acreditam na nossa So-ciedade, e espero que nós – não sou só eu,nós, a restante equipe – tenhamos a sensa-ção de que estamos a cumprir os objectivosque atrás referi, que, ao fim e ao cabo, são agrande razão de continuarmos a tentar de-senvolver esta importante Sociedade cien-tífica portuguesa.

Entrevista ao novo Presidente da SPC

“As pessoas acreditam na nossaSociedade”Continuar a desenvolver esta “importante Sociedade científica portuguesa”é a grande ambição do Professor Mário Lopes. À SEMANA MÉDICA,o novo Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) faloudos seus objectivos para o mandato que acaba de iniciar.

Texto Vanessa Sena Sousa Fotos Rui Velindro

“Liderar é ser o rosto da Sociedade, porque as sociedades precisam de ter alguém a quem possamosresponsabilizar quando as coisas não correm tão bem, mas é também ter o prazer de partilhar a descoberta dofuturo”, afirmou o Professor Mário Lopes, expressando desta forma a sua visão do cargo que acaba de assumirna Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

Page 15: Semana Médica

15semana

Foi ao som da Orquestra Clássica do Centro

que o Professor Manuel Antunes, no mo-

mento ainda Presidente da Sociedade Por-

tuguesa de Cardiologia, deu as boas-vindas

aos convidados, incluindo ao Presidente da

Sociedade Europeia de Cardiologia, Prof. Mi-

chel Komajda, ao Director-Geral da Saúde,

Dr. Francisco George, em representação da

Ministra da Saúde, entre outras figuras re-

levantes da área médica e da sociedade por-

tuguesa, que marcaram presença no maior

evento português da especialidade.

Com um programa diversificado e reco-

nhecido pela sua importância, a edição de

2011 revestiu-se de maior número de cré-

ditos de qualidade do que o congresso an-

tecessor, atribuídas pela entidade europeia

responsável pela acreditação. De acordo

com o Prof. Manuel Antunes, que falou à SM

antes da cerimónia inaugural, “o congresso

está no topo do que de melhor se faz ao ní-

vel destes eventos de carácter científico”.

“Os convidados internacionais constituem

uma das mais-valias” deste encontro, su-

blinhou ainda o responsável pela organi-

zação do encontro. Os resumos, cinco cen-

tenas e meia, foram seleccionados, para

cerca de dois terços, totalizando 121 comu-

nicações orais e 235 cartazes apresenta-

dos. Já os congressistas acorreram em me-

nor número: “esperámos um decréscimo

de cerca de 10 por cento, num total de

1800 congressistas face aos 2000 do ano

passado”. Este é um dos reflexos da situa-

ção nacional, que se estende aos resulta-

dos económicos da reunião. “Sabíamos que

várias áreas da Indústria tinham reduzido

drasticamente nos patrocínios. E sabemos

que estes congressos são amplamente pa-

trocinados pela Indústria Farmacêutica”,

justifica o Prof. Manuel Antunes. De resto,

“temos um bom programa e esperamos

um bom congresso”, acrescentou sobre

uma edição também marcada pelas elei-

ções para Presidente-eleito, próxima direc-

ção, direcção das associações especializa-

das, coordenações dos grupos de estudo e

núcleos profissionais.

O Presidente, que no dia 10 último dei-

xou o mandato, destacou o facto de “ter

atingido o clímax” da sua carreira “ao pre-

sidir nos últimos anos à Sociedade Portu-

guesa de Cardiologia”. O “coração” do Pro-

fessor de Coimbra prepara-se agora para

novos desafios.

Abertura do Congresso Português de Cardiologia

No coração da Cardiologia“A arte de bem cuidar do coração” e a arte da música clássica deram asmãos no passado dia 8 de Abril para inaugurar o XXXII CongressoPortuguês de Cardiologia.

Texto Paula Ferreira Fernandes Fotos Rui Velindro

O Prof. Manuel Antunes destacou o facto de ter atingido o “clímax” da sua carreira ao presidir nos últimos anosà Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

Page 16: Semana Médica

15 a 28 de Abril.1116

O workshop “Dor Crónica – O Impacto So-

cioeconómico”, que teve lugar no dia 23

de Março, no Hotel Vila Rica em Lisboa,

contou com a participação de vários es-

pecialistas, entre os quais o Dr. Francisco

George, Director-Geral da Saúde, o Pro-

fessor Doutor José Castro Lopes, da Fa-

culdade de Medicina da Universidade do

Porto, o Professor Doutor José António Pe-

reira da Silva, responsável do Serviço de

Reumatologia dos Hospitais da Universi-

dade de Coimbra, e o Dr. Duarte Correia,

Presidente da Associação Portuguesa

para o Estudo da Dor.

O Director-Geral da Saúde sublinhou a ac-

tualidade do Programa Nacional de Con-

trolo da Dor (PNLCD), que “tem feito o seu

caminho” mas cujo conjunto de iniciati-

vas previstas “não está completamente

esgotado”. Como recordou, o PNLCD “tem

como objectivos gerais reduzir a preva-

lência da dor não controlada”, assim

como “melhorar a qualidade de vida dos

doentes com dor e racionalizar os recur-

sos que são necessários” para a controlar.

Mulheres mais afectadasUm estudo liderado pelo Professor José

Castro Lopes, da Faculdade de Medi-

cina da Universidade do Porto e tam-

bém Coordenador Científico do PNLCD,

feito em todo o território português e

contemplando 5100 entrevistas (ini-

cialmente feitas por telefone), apurou

que 30 por cento da população “tinha

dor que durava há pelo menos seis me-

ses, que estava presente várias vezes

por mês e tinha estado presente no úl-

timo mês”. Na sua apresentação dos

resultados do Estudo sobre a Preva-

lência da Dor em Portugal”, o Prof. José

Castro Lopes salientou que a investi-

gação se referiu à dor crónica e que,

uma vez que “não há maneira de me-

dir objectivamente a dor”, foi pedido às

pessoas que classificassem a sua dor

numa escala de zero a 10. O resultado

foi que “quase metade daquelas pes-

soas que tinham dor crónica disse que

a sua dor tinha uma intensidade igual

ou superior a cinco, o que é entendido

pelos padrões internacionais como dor

moderada ou severa”. Em números, tal

traduz-se em 1 milhão e 200 mil por-

tugueses adultos com dor crónica mo-

derada ou severa.

Pelo estudo ficou também demons-

trado que a dor crónica parece au-

mentar com a idade e tem uma

maior prevalência no sexo feminino.

“No grupo etário dos 50 aos 54 anos

de idade, quase 40 por cento das mu-

lheres tem dor crónica moderada a

severa”, observou o prelector. A dis-

tribuição geográfica também é “cu-

riosa”, apontou o Prof. José Castro Lo-

pes. “Ao longo da faixa litoral, com

excepção do Alentejo, a prevalência é

inferior em relação ao Interior, com

excepção do Vale do Tejo”, o que po-

derá ser explicado com “a idade da

população, que será mais velha no

interior do que no litoral” ou com o

acesso aos cuidados de saúde, “que

Impacto socioeconómico da dor crónica avaliado em estudo

Dor crónica tem de ser tratadaA dor crónica afecta 30 por cento da população portuguesa, tem umimpacto significativo na qualidade de vida e representa três mil milhõesde euros de custos. Estas foram algumas das conclusões do workshop“Dor Crónica – O Impacto Socioeconómico”, que se realizou a 23 de Março,em Lisboa.

Texto Vanessa Sena Sousa Fotos Rui Velindro

O evento contou com apresentações de diversos especialistas nacionais e com a moderação do jornalista Pedro Pinto.

Page 17: Semana Médica

17semana

estão mais desenvolvidos no litoral

do que no interior, à excepção do li-

toral alentejano”.

As principais causas da dor crónica

são as patologias músculo-esqueléti-

cas, que “vêm claramente à frente”.

Artrite ou artrose é a primeira causa,

seguida de osteoporose, doenças nos

discos vertebrais, patologias na co-

luna vertebral, entre outras.

Numa segunda fase, feita através de entre-

vistas presenciais ou telefónicas, avaliou-se

o impacto da dor na qualidade de vida,

através do instrumento SF-36. “Podemos

ver que a função física está grandemente

afectada pela dor crónica, a vitalidade tam-

bém”, assim como a própria dor e o estado

geral de saúde, referiu o médico. “Quase to-

dos os doentes têm limitações para activi-

dades físicas mais intensas”, como levantar

peso e praticar desportos, “quase três quar-

tos tem limitações também para activida-

des de moderada exigência”, como arrastar

uma mesa e aspirar a casa, cerca de 70 por

cento “tem limitações em subir escadas” e

acima dos 50 por cento referiram que “a dor

interferiu de forma moderada ou grave na

sua profissão”.

Custos elevadosUtilizando como referência as tabelas ofi-

ciais praticadas pelo Serviço Nacional de

Saúde, em consultas de profissionais de

saúde cada doente com dor crónica gasta

cerca de 250 euros por ano, o que perfaz

um total anual de 610 milhões de euros.

Também em termos de terapêutica far-

macológica o gasto é considerável. “Quase

80 por cento estavam a tomar medica-

mentos”, assinalou o Professor. Anali-

sando os custos com base nos dados do In-

farmed, conclui-se que cada doente gasta

cerca de 300 euros por ano, o que multi-

plicando pela população com dor crónica

totaliza 730 milhões de euros, por ano.

Em meios complementares de diagnós-

tico, os doentes com dor crónica despen-

dem 275 milhões de euros por ano.

Analisando a interferência da dor cró-

nica na actividade profissional, verificou-

se que 11 por cento da população activa

O Director-Geral da Saúde, Dr. Francisco George, sugeriu que, com o envelhecimento da população, devido aoaumento da esperança média de vida, se observassem “relações directas de imputação causal” para averiguarse o “prolongamento da vida tem uma interferência directa na dor”.

O Prof. José António Pereira da Silva apontou que “os médicos atribuem ao controlo da dor umaprioridade menor do que os doentes”

NÚMEROS

Perto de 50 por centodos inquiridos considera que a sua dor interferede forma moderada ou severa com as actividadesdomésticas

Cerca de um terçoreferiu interferência da dor nas actividades delazer

Cerca de metadedisse que a dor interferia com as actividadeslaborais

Quase um terçodas pessoas assume que a dor crónica interferecom o seu comportamento sexual

Cerca de um terço queixou-se de interferência moderada ou severacom o sono e o descanso

30 por centodos inquiridos admite que a dor influencia a suacapacidade de gozar ou sentir prazer na sua vida“sempre ou a maior parte do tempo”

17 por centodestas pessoas tinha um diagnóstico de depressão

4 a 5 número de vezes, por ano, que os doentes vãoao médico de família devido a dor crónica

Cerca de 20 por centoconsultam um médico particular ou umespecialista

1 por cento dos doentes tinham ido a uma unidade de dorcrónica

Page 18: Semana Médica

15 a 28 de Abril.1118

tinha perdido o emprego por causa da

dor crónica, 9 por cento tinha solicitado

baixa prolongada, 6 por cento teve de al-

terar as funções dentro do próprio em-

prego, 1 por cento mudou de emprego e

percentagem igual de doentes requereu

mesmo reforma antecipada. Quanto à

população inactiva, número que o ora-

dor considerou “muito marcante”, 35 por

cento pediram reforma antecipada por

causa da dor crónica. “Portanto, mais de

um terço dos reformados que entrevis-

tamos tinham-se aposentado antecipa-

damente por causa da dor crónica”, as-

sinalou o prelector.

Fazendo as contas, considerando facto-

res como a remuneração média mensal, o

número de dias perdidos por ano, entre

outros, os custos perfazem “610 milhões

de euros pelo absentismo e 980 milhões

de euros com as reformas antecipadas”. O

total de custos directos é de 1,6 milhões de

euros e o de custos indirectos 1,4 milhões.

No entanto, não estão contemplados nes-

tas cifras “gastos com terapêuticas não

farmacológicas, deslocações”, entre outros.

“Somando tudo, dá 3 mil milhões de euros,

o que corresponde a 1,7 por cento do PIB”,

calculou o Prof. José Castro Lopes, salien-

tando que este valor equivale à compra de

sete submarinos, por ano. Não obstante,

“apesar deste gasto brutal na dor crónica,

quando perguntámos aos doentes se es-

tavam satisfeitos com o tratamento, mais

de um terço disse que não”, avançou o

Professor, que alerta: “estamos a gastar

muito dinheiro e se calhar não estamos a

gastar o dinheiro da forma mais correcta”.

Dor é nuclearA quantidade de prescrições e de con-

sumo de medicamentos, representados

pelos quatro milhões de receitas de anti-

inflamatórios a cada trimestre e pelos 14

a 16 milhões de receitas de anti-inflama-

tórios não esteróides por ano, nos últimos

três anos em Portugal, são um indicador,

de que “há, de facto, muita dor em Portu-

gal”. Quem o afirma é o Professor Doutor

José António Pereira da Silva, responsável

do Serviço de Reumatologia dos Hospitais

da Universidade de Coimbra, que apre-

sentou um estudo nacional, por que foi

responsável, sobre as perspectivas de mé-

dicos reumatologistas e doentes. Neste es-

tudo foram incluídos 1870 doentes, dos

quais quase 80 por cento eram mulheres,

com uma idade média de 57 anos, nível

médio de educação de sete anos e um ní-

vel médio de SF-36, estado de saúde men-

tal e de dor corporal “bastante baixo” (53

numa escala de 0 a 100). Participaram tam-

bém 56 profissionais, cerca de 50 por cento

do total de reumatologistas portugueses.

“Um dos objectivos fundamentais deste es-

tudo era perguntar aos doentes onde é que

mais gostariam de ver progresso na sua si-

tuação de saúde”, explicou o prelector.

Médicos e doentes divergemUtilizando uma escala com 12 dimensões

variadas, nas quais cada doente podia es-

colher três em que mais gostaria de ver pro-

gresso, “Dor do reumatismo” foi a mais es-

colhida (70 por cento), seguida de “andar e

curvar-se” e “função das mãos e dos braços”

(40 e 45 por cento respectivamente). De no-

tar que “70 por cento dos doentes elegeram

dor quando apenas 55 por cento do médicos

entendiam que era na dor que eles esta-

vam menos satisfeitos com o apoio que po-

diam dar aos doentes”, continuou o Prof.

José Pereira da Silva. “Pelo contrário, por

exemplo, os médicos tinham um grande ní-

vel de preocupação com a capacidade de tra-

balho, o que não pareceu ser uma preocu-

pação especial para o doente”. “Da mesma

maneira, as tarefas domésticas pareciam

ter um nível mais elevado de prioridade aos

olhos dos médicos do que dos doentes; pelo

contrário, o médico, habituado a pensar na

artrose como sendo sobretudo da coluna e

dos joelhos, não dava grande importância

nestes doentes à questão da função das

mãos e dos braços, enquanto que os doen-

tes se mostram francamente insatisfeitos

com esta dimensão”, observou o prelector.

Assim, o especialista concluiu: “É preciso

diminuir a dor para diminuir o absen-

tismo e o uso de cuidados de saúde, para

melhorar a qualidade do sono, o estado

O Prof. José Castro Lopes assinalou que “a maior partedos doentes tem dor crónica há muitos anos, a medianasão 10 anos, e há doentes que dizem que têm dor crónicahá mais de 50 anos”.

“A dor não é importante só porque traduz doença nãocontrolada mas sobretudo porque o doente está asofrer”, explicou o Prof. Dr. José António Pereira da Silva,já que “a nobreza da Medicina não reside em curar adoença mas em mitigar o sofrimento que ela causa”.

Page 19: Semana Médica

19semana

emocional, o bem-estar, a qualidade de

vida. Sem diminuir a dor dificilmente

atingimos muitos outros objectivos, fun-

damentais para a qualidade de vida e

produtividade do doente”.

Barreiras ao tratamentoDe acordo com o Presidente da Asso-

ciação Portuguesa para o Estudo da Dor

(APED), Dr. Duarte Correia, 50 por cento

das consultas médicas têm como causa

a dor e 65 por cento dos doentes são ob-

servados por dois médicos, sendo 70

por cento destes clínicos gerais. O pre-

lector salientou na sua apresentação

que 25 por cento dos doentes afirmam

que “o médico raramente avalia a dor”,

sendo que um em cada 10 pacientes

são avaliados através de escalas; um

terço acredita que o seu médico não

sabe como controlar a dor, dois terços

afirmam que “o controlo da dor é ina-

dequado” e dois quintos pedem medi-

camentos mais potentes.

Segundo o prelector, as principais bar-

reiras ao tratamento da dor são os

profissionais de saúde, por subesti-

marem os problemas relativos à dor; e

os próprios doentes, pela falta de co-

nhecimentos e conceitos errados e

também por aceitarem a dor como

parte da sua existência.

O tratamento da dor, segundo o Dr. Duarte

Correia, “é um direito e um dever”. Nesse sen-

tido, a APED propõe, a par de várias outras

propostas, critérios de acesso à competência

em Medicina da Dor, que devem consistir

numa formação teórica de pós-graduação e

numa formação prática de 1200 horas em 18

meses, numa unidade de dor.

“A dor crónica tem que ser debatida”, foi

uma das considerações finais deixadas

pelo Dr. Duarte Correia, presidente de

uma das várias instituições que subs-

creveu a Declaração de Montreal, pelo

reconhecimento do acesso ao trata-

mento da dor como um direito humano

fundamental.

“Apesar deste gasto brutal na dor crónica, quandoperguntámos aos doentes se estavam satisfeitos com o tratamento, mais de um terço disse que não”,avançou o Professor[José Castro Lopes], que alerta:“estamos a gastar muitodinheiro e se calhar nãoestamos a gastar o dinheiroda forma mais correcta”

CONCLUSÕES

Os participantes reuniram-se em mesas de trabalho auxiliados por uma tecnologia facilitadora de sessõesde trabalho. Após momentos de brainstorming para formulação de respostas para quatro perguntascolocadas, os especialistas digitaram as conclusões, que o sistema reuniu em dois ecrãs disponíveis paraum debate entre todas as mesas. Quando questionados sobre a explicação para a prevalência da dor crónica no País, os participantesconcluíram que a “dificuldade de os profissionais aceitarem a avaliação da dor como instrumento para atomada da decisão terapêutica”, a “falta de formação específica na área da dor e falta de formação dosprofissionais quanto ao alcance, riscos e limitações dos analgésicos mais potentes”, a “falta de uma redede referenciação” e a própria “desvalorização” do fenómeno da dor foram algumas das respostas. Os especialistas foram também convidados a propor iniciativas, a desencadear ou fomentar pelo Serviço Nacionalde Saúde, que contribuíssem para a diminuição do impacto económico associado à dor crónica. “Melhorar aacessibilidade aos cuidados de saúde” e “criar uma rede de referenciação” foram duas das sugestões, assim comoa “promoção de estilos de vida saudáveis” e do “active aging”. A elaboração de guidelines foi igualmente sugerida.

O Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor, Dr. Duarte Correia, salientou que a educaçãopara a dor é um pré-requisito essencial para os profissionais de saúde, de modo a que haja sucesso notratamento.

Page 20: Semana Médica

15 a 28 de Abril.1120

As participações superaram as expec-

tativas da organização do 3.º Encontro

Nacional das Unidades de Saúde Fa-

miliar, que contou com a presença de

cerca de 1200 profissionais de saúde

para “partilhar novas experiências e

aprender novas práticas que permitirão

melhorar a sua formação e contribuir

para um melhor serviço das USF”, afir-

mou o Presidente da Unidades de Saú-

de Familiar – Associação Nacional (USF-AN),

Dr. Bernardo Vilas Boas.

Na cerimónia de abertura do Encontro,

que se realizou no Centro de Artes e Es-

pectáculos da Figueira da Foz, subor-

dinado ao tema “Motivar, inovar, pro-

jectar”, o Secretário de Estado Adjunto

e da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, salien-

tou que os cuidados de saúde primários

(CSP) continuam a ser uma prioridade

de acção para o Ministério da Saúde e

que se não fossem as USF “mais de 400

mil portugueses estariam sem médico

de família”. O responsável assegurou

também que, até ao final de 2011, es-

tarão em funcionamento em Portugal

perto de 350 USF. A reforma dos CSP

consolida-se, “sendo o próximo passo a

descentralização dos Aces [agrupa-

mentos de centros de saúde], uma área

mais complexa mas que tem de ser tra-

balhada com afinco, para podermos

continuar a progredir”, adiantou ainda

o político.

Presenças de pesoA Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge, es-

teve também presente, na cerimónia de

encerramento, num evento que, como

já vem sendo hábito, contou com a par-

ticipação de políticos e dirigentes dos

CSP ao mais alto nível. O Dr. Vítor Ra-

mos, responsável máximo da Coorde-

nação Estratégica para os CSP, e o Prof.

Constantino Sakellarides, Director da

Escola Nacional de Saúde Pública e

Ex-coordenador do Grupo Consultivo

para a Reforma dos Cuidados de Saúde

Primários, foram prelectores do Encontro.

Na ocasião, a governante reconheceu

como peças fundamentais da reforma

dos CSP o novo modelo de governação,

que permitirá criar novas USF, a auto-

nomia administrativa, a descentrali-

zação, a contratualização e a avaliação.

Também durante a cerimónia de en-

cerramento o Dr. Bernardo Vilas Boas

reconheceu o “muito” que a tutela tem

feito em prol da reforma dos CSP, mas

salientou que “muito está por fazer e é

necessário fazer” para garantir a sua

continuidade e sucesso.

O 4.º Encontro das USF já está agen-

dado para 2012 e terá lugar na cidade

de Guimarães.•

Encontro Nacional das USF

Reforma dos CSP analisadapelos profissionaisO 3.º Encontro Nacional das USF reuniu cerca de 1200 profissionaisde saúde, nos dias 25 e 26 de Fevereiro, na Figueira da Foz. Na cerimóniade abertura, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Dr. ManuelPizarro, assegurou que até ao final do ano estarão em funcionamentomais de 300 unidades de saúde familiar (USF) no País.

Por Vanessa Sena Sousa

O Presidente da USF-AN, Dr. Bernardo Vilas Boas,reconheceu que “muito tem sido realizado ao nível daAdministração e do Ministério, mas muito está porfazer e é necessário fazer”.

O Secretário de Estado Manuel Pizarro salientou queos cuidados de saúde primários continuam a ser umaprioridade de acção para o Ministério da Saúde.

A Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge, estevetambém presente, nacerimónia de encerramento,num evento que, como já vemsendo hábito, contou com a participação de políticos e dirigentes dos CSP ao mais alto nível

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Rui Velindro

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Rui Velindro

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Participaram neste simpósio o Professor Doutor LuísMartins, a Professora Doutora Serap Erdine, o ProfessorDoutor Jorge Polónia e o Dr. José Nazaré.

“Da evidência científica à prática clínica”foi o título do Simpósio Jaba Recordati,que se realizou em Vilamoura, dia 19, porocasião do 5.º Congresso Português deHipertensão. O evento contou com a par-ticipação do Professor Doutor Luís Mar-tins, da Professora Doutora Serap Erdine,do Professor Doutor Jorge Polónia e doDr. José Nazaré.Ao Prof. Luís Martins, Director do Serviço deCardiologia do Hospital de São Sebastião,em Santa Maria da Feira, coube fazer a aber-tura dos trabalhos e apresentar as conclu-sões. O especialista começou por abordar

a questão do aumento dos custos emSaúde. “O crescimento das despesas deSaúde é provavelmente uma das maiorespressões no orçamento de qualquer Go-verno”, frisou o Prof. Luís Martins, apresen-tando em seguida alguns dados estatísti-cos ilustrativos. De acordo com o prelector,em todos os países analisados no último re-latório da Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Económico (OCDE), asdespesas totais da Saúde aumentaram aum ritmo muito superior ao crescimentoeconómico. Portugal não é excepção, gas-tando 9,9 por cento do seu produto interno

Simpósio Jaba Recordati no 5.º Congresso Português de Hipertensão

Controlar a hipertensão:quanto mais cedo melhorNo âmbito do 5.º Congresso Português de Hipertensão, que decorreuno passado dia 19 de Fevereiro, realizou-se um simpósio organizadopela Jaba Recordati. O encontro teve como objectivo apresentar osbenefícios da combinação fixa lercanidipina + enalapril para doenteshipertensos.

Texto Vanessa Sena Sousa Texto Rui Velindro

Page 23: Semana Médica

23semana

bruto (PIB) em Saúde, acima da média eu-ropeia. E, na opinião do Professor, tendoem conta o envelhecimento da população,a evolução das tecnologias aplicáveis àSaúde e das expectativas dos cidadãos,“aquilo que nos espera é claramente passara gastar mais ainda”. Esta problemática relaciona-se intima-mente com uma outra – a dos gastos emmedicamentos, especialmente importanteneste campo da Medicina, dado que osanti-hipertensores representam a “maiorfatia” da despesa global com fármacos.Neste particular, o Prof. Luís Martins sa-lienta que “os gastos [com medicamentosem Portugal] não vão para além da média,de acordo com os últimos dados da Orga-nização Mundial de Saúde”.

O paradoxo da hipertensãoTendo sido “um dos maiores progressosdas últimas décadas”, graças ao apareci-mento de “excelentes fármacos”, e sendo“uma doença que é muito fácil de diag-nosticar”, a hipertensão continua a re-presentar um paradoxo, afirma o car-diologista. Isto porque “a principal causade morte em Portugal é o acidente vas-

cular cerebral e a segunda é o enfartedo miocárdio”, além disso “temos fár-macos que controlam a tensão, mas nãoa temos controlada”. “O tratamento é fá-cil, mas estamos a executá-lo mal e te-mos de assumir a nossa quota-partenesta questão, porque também temosaqui alguma responsabilidade”, afirmou. Um dos principais problemas continua aser a difícil adesão dos doentes à tera-pêutica. “Os doentes abandonam os fár-

macos, todos nós sabemos, e abandonamos fármacos em monoterapia fundamen-talmente”, acrescentou. De acordo com oprelector, “66 por cento dos doentes des-continuam a sua terapêutica ou mudampara outras terapêuticas”, fenómenoque tem como principais drivers os efei-tos colaterais e, algumas vezes, o con-trolo inadequado da pressão arterial. A solução, assunto que foi discutidoao longo do simpósio por todos os es-pecialistas participantes, passa pela as-sociação de fármacos que permitamdiminuir os efeitos secundários e si-multaneamente aumentar o efeito te-rapêutico. Além disso, as estatísticasmostram que, no caso das associações,a adesão ao tratamento é claramentemelhor. O Prof. Luís Martins apresen-tou resultados de vários estudos, comoa metanálise de Law, o LIFE e o AC-COMPLISH, que corroboram estas te-

ses. “É possível utilizar fármacos commais efeitos, tendo menos doses e me-nos efeitos colaterais, e é este o prin-cípio essencial da farmacologia em ter-mos da combinação ou da combinaçãofixa”, salientou.

Outras vantagens das combinaçõesDepois, o Prof. Luís Martins lembrouque a opção por uma combinação apre-senta ainda outra mais-valia. “Quandobaixamos a pressão arterial, temos demexer em mais coisas, e ao longo destecongresso temos visto isso, não é só ovalor da pressão arterial que importa”,referiu. Assim, “o valor da pressão arte-rial é o centro da questão”, mas “se pos-sível, temos que fazer mais”, nomeada-mente em termos dos factores de risco,da lesão de órgão-alvo e da prevençãodas doenças de risco. E, como frisa o es-pecialista, também neste caso “os anti-hipertensores não são todos iguais”.

“A associação lercanidipina + enalapril constitui umamais-valia muito importante hoje em dia”, afirma oProf. Polónia, justificando que “se conseguirmos obteros mesmos benefícios com custos mais baixos, achoque, como médicos, podemos ter perfeitamente issoem conta”.

“É possível utilizar fármacoscom mais efeitos, tendomenos doses e menos efeitos colaterais, e é este o princípio essencial da farmacologia em termos da combinação ou da combinação fixa”, salientou o Prof. Luís Martins

O Dr. José Nazaré, Presidente da Sociedade Portuguesade Hipertensão, apresentou três casos clínicosde doentes que podem beneficiar do tratamento coma associação lercanidipina + enalapril.

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15 a 28 de Abril.1124

O que dizem os estudosAo encontro deste ponto de vista, unâ-nime no simpósio, foi a apresentação doProfessor Doutor Jorge Polónia, da Facul-dade de Medicina da Universidade doPorto, que ao falar sobre a adesão aos tra-tamentos referiu a importância de umabaixa dosagem inicial, de fármacos delonga duração de acção numa toma únicadiária e o uso de associações de fármacos,que combinem um efeito terapêuticolongo, minimizando os efeitos colaterais. O Prof. Polónia apresentou vários estudos egráficos comparativos dos efeitos e eficáciados diversos fármacos anti-hipertensoresdisponíveis. O orador referiu-se nomeada-mente a um estudo que mostra que o ena-lapril tem os benefícios comprovados demais longo prazo. “Em termos de associa-ção de antagonistas do cálcio, é com IECA[inibidores da enzima de conversão da an-giotensina] que existe a maior parte da evi-dência científica”, acrescentou. Já quando secompara lercanidipina versus amlodipina énotório o aspecto da maior tolerabilidade etambém o efeito mais favorável na micro-albuminuria da primeira substância, ape-sar de o efeito anti-hipertensor ser o mesmocom as duas substâncias. O prelector sa-lientou que a lercanidipina “é o primeiro an-tagonista do cálcio que tem um efeito nãodeletério sobre a microalbuminuria e even-tualmente tem um efeito protector”. Depois, o Professor procurou desmistificar aideia pré-concebida que o enalapril tem umaduração de acção mais curta. O médico re-cordou a história da introdução da moléculano mercado para evidenciar que, do ponto devista farmacológico, “a semi-vida dos ARA [an-tagonistas do receptor da angiotensina] e dosIECA que temos é esta: realmente o enalapriltem menos uns minutos, não chega a meiahora, que o perindopril e que o ramipril. Esta-mos a falar de valsartan, enalapril, perindoprile do ramipril, os chamados fármacos de in-tervenção no sistema com duração intermé-dia de acção. E este é um ponto importanteporque a diferença, mesmo em relação ao li-sinopril, é muito curta. Podemos dizer que es-tes quatro fármacos têm praticamente amesma semi-vida de eliminação”.

EM CONCORDÂNCIA COM AS GUIDELINES

O simpósio organizado pela Jaba Recordaticontou também com a participação daProfessora de Medicina do Departamento deCardiologia da Universidade de Istambul,Turquia, Serap Erdine, que veio explicar aforma como a combinação fixa lercanidipina +enalapril se insere nas guidelines da SociedadeEuropeia de Hipertensão (ESH, na sigla inglesa)e da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC,

na sigla inglesa) lançadas em 2007 e actualizadas em 2009.A apresentação da especialista teve como ponto central o controlo da pressão arterial, o qual deve ser feitoo mais precocemente possível. “Está provado que temos de baixar os valores da pressão arterial desde cedo,para prevenir a ocorrência de eventos a longo prazo”, salientou a Professora Doutora Serap Erdine,aquando da discussão de três casos clínicos propostos pelo Dr. José Nazaré (ver caixa “Casos clínicos”).Ao expor os resultados de um estudo conduzido pela ESH na Europa Central e Oriental, o BP CARE Study,a prelectora salientou que, apesar de se saber “que os hipertensos têm um maior risco de eventoscardiovasculares” e que “apesar da importância da tensão arterial elevada no risco cardiovascular” estardemonstrada, “o controlo da tensão está longe de ser bom em todo o Mundo”. Acresce que “o controlo dapressão arterial sistólica é muito mais difícil do que o controlo da pressão arterial diastólica”. Através daobservação dos resultados do estudo na Turquia, país onde reside, a especialista afirma que é possívelconcluir que “quando os valores da pressão arterial são altos é muito mais difícil atingir os objectivos”. De acordo com as guidelines, os valores da pressão arterial não devem ser vistos isoladamente, mas em“coexistência com outros factores de risco, síndrome metabólica, lesão em órgãos, diabetes, doença renalou cardiovascular estabelecidas”, explicou a prelectora. “Mesmo com valores de pressão arterial normaisou normais-altos, se os pacientes têm mais do que três factores de risco, diabetes mellitus, síndromemetabólico, lesão em órgãos ou doença renal ou cardiovascular estabelecidas, apresentam um riscomoderado a muito alto e o tratamento anti-hipertensivo deve começar precocemente”.A especialista explicou também “que as guidelines de 2007 recomendam que os limiares para se começaro tratamento para a população hipertensa em geral sejam valores superiores a 140/90mm Hg e que oobjectivo seja atingir menos de 140/90mm Hg, enquanto que, nos doentes de alto risco, o padrão para iniciartratamento é valores superiores a 130/85mm Hg e o objectivo é atingir menos de 130/80mm Hg”. Asorientações clínicas europeias recomendam ainda que se inicie tratamento com monoterapia para doentesde tensão arterial medianamente elevada e baixo risco cardiovascular, enquanto que para os doentes compressão arterial alta marcada, risco cardiovascular elevado ou muito elevado deve iniciar-se terapêutica comuma associação. Mas, como salientou a oradora, vários estudos, nomeadamente o ACCOMPLISH, evidenciama vantagem, em termos de eficácia, da associação de duas substâncias activas no controlo da hipertensão.Assim, a proposta da especialista estrangeira vai no sentido de “utilizar uma baixa dosagem de umacombinação fixa”. Desta forma, “podemos atingir uma maior eficácia hipertensiva, uma normalização dapressão arterial precoce e sustentada e a um custo reduzido, garantindo tolerabilidade e simplicidade notratamento, o que leva à satisfação do paciente, uma melhor adesão a longo prazo – que é um ponto crucialno controlo dos doentes hipertensos – e máxima protecção”, concluiu.A Professora turca referiu-se ainda ao caso dos doentes hipertensos e diabéticos, que também obtêm umaresposta significativamente mais favorável com a associação de um antagonista do cálcio e um IECA.Lembrou, por fim, que é preciso ter em conta os efeitos de longo prazo dos medicamentos, uma vez queestes doentes recebem um tratamento para toda a vida, sendo por isso importante considerar os reduzidosefeitos adversos conseguidos com a opção por esta associação farmacológica.

Page 25: Semana Médica

25semana

Mas, quando falamos de determinadas as-sociações, esta semi-vida de eliminaçãopode ser aumentada significativamente,por causa da estimulação do sistema re-nina-angiotensina. “Quando combinamoslercanidipina com enalapril temos um con-trolo da pressão arterial ao longo das 24horas com uma relação vale/pico muitoalta”, afirmou o Prof. Polónia. E apresentounovos dados estatísticos para frisar que “aquestão da curta duração de acção do ena-lapril deve ser posta de lado”.

Melhor relação custo-benefícioA questão dos custos destes fármacos foiigualmente abordada durante o simpósio,tanto pelo Prof. Luís Martins como pelo Prof.Jorge Polónia. O médico do Hospital de SãoSebastião salientou a importância de se co-nhecer o “custo real” das associações dispo-níveis para o tratamento da hipertensão. E,segundo o Prof. Polónia, os resultados destaanálise surpreendem. “Quando esta ques-tão nos foi levantada estávamos claramenteconvencidos que este tipo de terapêutica

era mais cara do que a terapêutica de asso-ciação dos inibidores do sistema renina aosdiuréticos ou do que outras combinaçõesde IECA ou ARA com um antagonista docálcio”, referiu. Mas assim não se verificou,pelo que a associação lercanidipina + ena-lapril constitui “uma mais-valia muito im-portante hoje em dia”, afirma o Prof. Polónia,para quem em primeiro lugar está a eficáciaterapêutica, em segundo a protecção e sódepois o custo. Assim, justifica: “Se com igual

eficácia e melhor tolerabilidade temos maisbaixo preço, se conseguirmos obter os mes-mos benefícios com custos mais baixos,acho que, como médicos, podemos ter per-feitamente isso em conta. E note-se que a re-dução de custos é significativa”. O Prof. Luís Martins completou a abordagemdeste assunto, lembrando que “com o pro-blema de despesas que nós temos na Saúdeé bom que não sejamos sempre do contra”.“Raciocinemos sobre aquilo que realmenteestamos a fazer, utilizemos mais a racionali-dade e não tanto o coração”, sugeriu o clí-nico. Até porque a evidência mostra que “asassociações com diuréticos são mais carasdo que as associações com os antagonistasdo cálcio” e “estamos de acordo que as asso-ciações com inibidor do sistema renina-an-giotensina-aldosterona e antagonistas do cál-cio são as preferíveis; estamos de acordo quea lercanidipina, dos antagonistas do cálcio, éaquele que tem menos efeitos colaterais eque o enalapril não é assim tão antigo comofármaco neste armamentário”, rematou. No mesmo sentido, foi a intervenção do Pro-fessor da FMUP. A junção do antagonista do cál-cio lercanidipina, que, segundo o Prof. Jorge Po-lónia, “é o que apresenta maior tolerabilidade”,com um inibidor da enzima de conversão daangiotensina, o enalapril, que apresenta be-nefícios provados pelo mais longo período,também de acordo com a apresentação doprelector, faz com que esta seja uma associaçãoideal para um tratamento de longo prazo.

Em suma, a tolerabilidade, a eficácia, asimplicidade de uma única toma diária ea menor quantidade de efeitos secundá-rios tornam a combinação fixa lercanidi-pina + enalapril uma solução terapêuticavantajosa, quer do ponto de vista da ade-são dos doentes quer do ponto de vistados custos.

CASOS CLÍNICOS

O Dr. José Nazaré, cardiologista e Presidente eleito para o próximo biénio da Sociedade Portuguesa deHipertensão, apresentou três casos clínicos de doentes que podem beneficiar do tratamento com aassociação lercanidipina + enalapril. É o caso de um doente de 50 anos, com hipertensão de grau 1,síndrome metabólico, sem lesões de órgão-alvo, medicado em monoterapia com lercanidipina 10 mg ecom hipertensão não controlada. O segundo caso apresentado referia-se a um doente de 60 anos, comhipertensão de grau 1 não controlada, obesidade, deslipidemia, não medicado, com história de abandonode terapêutica diurética e insuficiência renal. Já o último caso versava sobre um doente de 56 anos,hipertensão tratada com diurético, com enfarte do miocárdio prévio, hipertrofia ventricular esquerda,microalbuminúria e antecedentes familiares significativos. No debate, todos os membros da mesaconcordaram que estes doentes deveriam iniciar terapêutica com a associação lercanidipina + enalapril,sendo apenas discutível a dose a utilizar.

“Quando combinamoslercanidipina com enalapriltemos um controlo da pressãoarterial ao longo das 24 horascom uma relação vale/picomuito alta”, afirmou o Prof. Polónia

“Estamos de acordo que as associações com inibidordo sistema renina-angiotensina-aldosterona e anta-gonistas do cálcio são as preferíveis; estamos deacordo que a lercanidipina, dos antagonistas do cálcio,é aquele que tem menos efeitos colaterais; e que oenalapril não é assim tão antigo como fármaco nestearmamentário”, disse o Prof. Luís Martins, ao apresentaras conclusões do simpósio.

Page 26: Semana Médica

15 a 28 de Abril.1126

O 26º Congresso da Associação Europeia

de Urologia (EAU, na sigla inglesa), con-

siderado, anualmente, um dos maiores

eventos científicos de Medicina na Euro-

pa, realizou-se nos dias 18 a 22 de Março

de 2011, em Viena, Áustria, e contou com

a presença de cerca de 15 mil visitantes,

oriundos de mais de 100 países.

Este ano, ao longo dos quatro dias, foram

apresentadas técnicas de revisão inova-

doras e avanços científicos no campo da

Urologia e suas subespecialidades, revistos

os dados mais recentes e abordadas as no-

vas tendências dos estudos. Houve também

espaço para a melhoria do conhecimento

no que respeita às abordagens baseadas na

evidência para o tratamento da doença uro-

lógica, novas estratégias de diagnóstico e

avaliação de risco na gestão da doença uro-

lógica. A prática também não ficou es-

quecida, foram realizados vários cursos de

treino cirúrgico. Os mais recentes desen-

volvimentos farmacológicos e de tecnolo-

gia de ponta também estiveram à disposi-

ção dos participantes, nas diversas salas de

exposição da Indústria Farmacêutica.

Desenvolvimento de guidelinesNo primeiro dia do Congresso realizou-se

uma série de sessões dedicadas às pers-

pectivas internacionais em Urologia. Hou-

ve também espaço para o grupo de estudos

da EAU discutir uma série de passos cru-

ciais no desenvolvimento de guidelines. O se-

gundo dia do encontro teve forte adesão

dos participantes devido à diversidade do

programa científico, do qual se destacaram

as “cirurgias ao vivo” da ESUT (EAU Section

of Uro-Technology). Nesse dia, foram tam-

bém entregues os prémios aos melhores tra-

balhos e ministrados vários cursos da ESU

(European School of Urology). O terceiro dia

do evento apresentou um programa igual-

mente abrangente. A segunda sessão ple-

nária dedicada ao cancro de próstata de

alto risco foi seguida por uma série de ses-

sões sub-plenárias, permitindo que os vi-

sitantes se distribuíssem pelas palestras

que abordassem as áreas do seu interesse.

Os tópicos do dia foram a classificação de

risco do cancro da próstata, os estádios do

cancro da bexiga e o transplante renal. As

sessões de apresentação de abstracts de-

correram ao longo do dia, na forma de pos-

ters e vídeos. A Escola Europeia de Urologia

colocou também à disposição dos con-

gressistas os seus vários cursos e formação

em laparoscopia. No quarto e último dia do

evento, os cursos ESU decorreram duran-

te todo o dia, incluindo a sessão de for-

mação prática, realizada em conjunto

com a ESUT. Os temas principais foram ure-

terorenoscopia e cirurgia robótica.

Urologia em ÁfricaAlém dos objectivos estabelecidos anual-

mente, este ano, o EAU destacou as ne-

cessidades e desafios profissionais da ex-

periência urológica em países em desen-

volvimento e economias emergentes. Os

participantes foram convidados a parti-

cipar no debate com os representantes das

sociedades de Urologia da Ásia Central e

do Cáucaso, que foi iniciado no Congres-

so de Barcelona, no ano passado. Uma ses-

são conjunta entre a EAU e a PAUSA (As-

sociação Urológica dos Cirurgiões Pan-Afri-

canos) visou alertar para os obstáculos e

desafios que os urologistas africanos en-

frentam na sua prática clínica. “O quadro

epidemiológico das doenças urológicas em

países africanos é totalmente diferente do

registado na Europa”, comentou o Prof. P.

A. Abrahamsson, Secretário-Geral da EAU.

“É de extrema necessidade sensibilizar os

médicos europeus para o atendimento uro-

lógico em África, porque neste campo po-

demos realmente fazer a diferença”, frisou.

No final do encontro, o Secretário-Geral da

EAU agradeceu aos participantes do 26º Con-

gresso, referiu que este “foi o maior evento or-

ganizado pela EAU com base no número de

participantes, no elevado nível científico e nos

eventos formativos” e lançou o convite para

o próximo encontro em Paris, em 2012.

Evento reúne cerca de 15 mil participantes na Áustria

EAU discute futuro da UrologiaO 26º Congresso da Associação Europeia de Urologia reúne anualmente osprincipais especialistas da comunidade médica da área ao nível internacional.Durante quatro dias, foram apresentados dados inéditos, partilhadasideias sobre a inovação urológica e divulgados conhecimentos baseados emrelevantes evidências registadas na prática clínica.

Texto e fotos Aida Borges, em Viena, Áustria

O programa científico cobriu os avanços mais importantes dos últimos anos e antecipou as tendências do futurona área da Urologia.

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15 a 28 de Abril.1128

“A referenciação precoce a um reumatolo-gista constitui hoje um dos principais de-terminantes do prognóstico” dos doentescom artrite reumatóide (AR), salienta o Dr.José Saraiva Ribeiro, reumatologista e Me-dical Manager da Roche, que por esta ra-zão considera justificado considerar-se “aAR como uma emergência reumatológica”.Em sua opinião, “ qualquer clínico que sedepare com um caso suspeito de ser umaAR deve prontamente referenciá-lo a umaconsulta da especialidade”. De forma a facilitar a identificação doscasos possíveis de AR e a sua pronta re-ferenciação a uma consulta de Reuma-tologia, foi criado, por um grupo de con-

senso, um conjunto de “Critérios de Re-ferenciação Precoce”, a fim de serem usa-dos por médicos de família e outros es-pecialistas, explica. Assim, três ou maisarticulações tumefactas; envolvimentodas articulações metacarpo-falângicas/metatarso-falângicas com compressãocombinada dolorosa – “squeeze test” po-sitivo (vide Figura 1); e rigidez matinalmaior ou igual a 30 minutos de duraçãodevem merecer especial atenção porparte do médico de família. “A presençade qualquer um destes três critériosdeve ser motivo de referenciação a con-sulta de Reumatologia”, especifica o Dr.José Saraiva Ribeiro.

Novos critérios ajudam à detecção precoce

Artrite reumatóide: diagnosticar para tratar“A artrite reumatóide é uma emergência reumatológica”, quem o afirmaé o Dr. José Saraiva Ribeiro. O reumatologista alerta para a importânciada referenciação precoce e apela aos colegas de Medicina Geral eFamiliar para que estejam atentos aos primeiros sinais da doença.

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Além da sensibilização dos especialistas emMedicina Geral e Familiar para uma rápidareferenciação, é também importante a cria-ção, nas diferentes instituições com depar-tamentos de Reumatologia, de “corredoresprioritários” para estes doentes, “esforço járealizado nalguns serviços, através de umatriagem cuidada e assídua”, conta o espe-cialista. “Um dos problemas que se coloca anível mundial prende-se com a dimensãodas listas de espera, que se transformamnum verdadeiro obstáculo a uma rápidaobservação, que permitiria diagnóstico eterapêutica adequados precoces”, admite.

ReferenciaçãoPor estas razões, a qualidade da informa-ção veiculada na referenciação assume umpapel determinante na triagem efectuadapelo especialista. Os Critérios de Referen-ciação Precoce referidos permitem unifor-mizar a avaliação a realizar e a informaçãoa veicular pelos médicos de família, deforma a enfatizar a suspeita diagnósticaque justifica a referenciação.

Manifestações clínicasA AR é uma doença reumática inflamatóriasistémica, de etiologia desconhecida e deevolução crónica, que envolve primaria-mente as articulações. Nos casos clínicos tí-picos manifesta-se sobre a forma de umapoliartrite (definida pelo envolvimento detrês ou mais articulações), bilateral (afecta ar-ticulações nos dois lados do corpo) e simé-trica (afecta as mesmas articulações dos doislados do corpo) de predomínio distal, com

envolvimento subsequente de articulaçõesmais proximais, de forma progressiva, des-trutiva e deformante. Esta evolução culmina,após 10 a 20 anos de evolução da doença,em particular nos doentes com respostaparcial aos tratamentos instituídos, em al-gum grau de incapacidade motora.

DiagnósticoA forma mais típica da doença (AR “clássica”)caracteriza-se por um início gradual, exis-tindo como sintomas predominantes a dorarticular, a rigidez articular, em particular demanhã ao acordar (rigidez matinal), e oedema de várias articulações, tipicamentedas pequenas articulações das mãos e pés –articulações metacarpo-falângias, interfa-lângicas proximais – e punhos, podendotambém estar envolvidas outras articulaçõesdos membros superiores e inferiores, comocotovelos, ombros, joelhos e tíbio-társicas. Como explica o Dr. José Saraiva Ribeiro, arigidez matinal pode durar minutos a ho-ras e a sua duração é uma medida da acti-vidade da doença. Na verdade, esta podeser uma forma de o médico distinguir a ARde patologias afins. “A rigidez matinal ouapós períodos de repouso mais ou menosprolongados é definida como lentidão oudificuldade na mobilização articular dosdois lados do corpo (simétrica) e que me-lhora com o movimento. A rigidez mati-nal, ou após inactividade, pode acompa-nhar virtualmente todas as artropatias emiopatias inflamatórias. No entanto, umarigidez matinal de duração superior a umahora reflecte uma gravidade de inflama-ção articular que raramente ocorre nou-tra doença que não a AR”, salienta.

Outra característica da AR que pode ajudaro médico no diagnóstico são as deforma-ções articulares das mãos. “O diagnóstico daAR evoluída é realizado, pelo reumatolo-gista e outros clínicos com experiência naobservação destes doentes, de forma ime-diata e ‘à entrada do consultório’, a partir deuma rápida perscrutação das mãos, queapresentam deformações articulares típi-cas. De facto, as mãos de um doente reu-mático oferecem tanta informação em re-lação à sua doença que muitas vezes se usa

a expressão de P. Hench: ‘as mãos são o car-tão de visita do doente reumático’”, afirma. Constituem, no entanto, verdadeiros desa-fios diagnósticos as formas precoces e ini-ciais da doença e as formas atípicas, subli-nha o médico. Depois, e uma vez que nãoexiste um único teste clínico, radiológicoou serológico que permita o diagnósticode certeza de AR, este é realizado a partir daconjugação da clínica (sinais e sintomas e si-nais característicos), bem como de dados

A presença de artrite das articulações metacarpo-falângicas e interfalângicas proximais de ambas as mãos constitui a característica clínica maistípica dos estadios precoces,sendo altamente sugestiva de AR

Figura 1 - “Squeeze test” das articulações metacarpo-falângicas.

CRITÉRIOS DE REFERENCIAÇÃO PRECOCE

• três ou mais articulações tumefactas;• envolvimento das articulações metacarpo-falângicas/ metatarso-falângicas com compressão combinadadolorosa – “squeeze test” positivo (Figura 1);• rigidez matinal maior ou igual a 30 minutos de duração.• A presença de qualquer um destes três critérios deve ser motivo de referenciação a consulta deReumatologia.

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laboratoriais e radiológicos. “Deve ser reali-zada uma história clínica completa, com aten-ção particular ao exame articular e aos com-ponentes dor, rigidez e incapacidade funcional.Uma anamnese cuidada deve incluir pesquisade derrame e sinovite articular, limitação damobilidade articular e manifestações extra-ar-ticulares de AR, bem como alguns sinais dedoenças que entram no diagnóstico diferencialcom esta patologia”, acrescenta.

Exames a pedirO recurso a testes laboratoriais dependerá daduração dos sintomas. “Para quadros clínicoscom duração inferior a seis semanas, devem

ser pedidas serologias para infecções virais (p.ex vírus da hepatite B e C e parvovírus B19),bem como anti-CCP, FR, ANA. Para doençascom duração superior a seis semanas podemser dispensados os testes virais, excepto seexistirem sinais de doença hepática. Nos casosde monoartrite ou poliartrite febril, devem serrealizadas hemoculturas, a fim de excluir artriteséptica, a qual constitui uma urgência reuma-tológica. Deve ser ainda feita uma avaliação ba-sal das funções hepática e renal, uma vez quepodem potencialmente ser afectadas por al-gumas terapêuticas usadas no tratamento daAR. Devem ainda ser radiografadas em doisplanos as articulações com queixas, a fim de se-rem detectadas alterações, cuja ocorrência édeterminada pelo tempo de evolução dadoença e/ou para avaliação basal do estadodas articulações. Na presença de um derrameintra-articular e nos casos de dúvida diagnós-tica sobre a sua etiologia inflamatória, a de-tecção de proliferação sinovial por ecografiamúsculo-esquelética é diagnóstica. Ainda nes-tes casos, a aspiração e exame do líquido si-novial (contagem celular diferencial e total,proteínas, LDH, glicose, exame bacteriológicodirecto e cultural e pesquisa de cristais) per-mite a exclusão de artrite microcristalina (gotae pseudogota) ou infecciosa”, refere. E maisacrescenta: “No entanto, em alguns casos depoliartrite não é possível estabelecer, mesmoapós exames laboratoriais e radiológicos, odiagnóstico de certeza, admitindo-se, nestescasos, o diagnóstico de poliartrite crónica. O di-namismo clínico da AR, como de outras doen-ças reumáticas, permite que a dada altura dasua evolução surjam sinais ou sintomas que

permitam o correcto diagnóstico. No caso daAR, alguns dos seus aspectos têm um valordiagnóstico particular, por fazerem parte doscritérios ou por serem altamente sugestivas,como poliartrite periférica simétrica, rigidezmatinal, nódulos reumatóides, alterações la-boratoriais típicas e erosões radiológicas”.

Classificação dos doentesOs critérios de classificação da American Rheu-matism Association (ARA) (vide Quadro 1),para os quais foram publicados uma actuali-zação recente, foram desenvolvidos para clas-sificar os doentes como AR, para efeitos da suainclusão em estudos epidemiológicos e en-saios clínicos, sendo, contudo, também utili-zados para diagnóstico na prática clínica diá-ria. No entanto, estes critérios não foramdesenvolvidos para este fim, mas sim paraagrupar doentes com doença estabelecida

no diagnóstico de AR. Desta forma, a maiorparte dos doentes nos estadios precoces dadoença não satisfarão estes critérios, apesarde virem depois a desenvolver um quadroclínico típico de AR. Por outro lado, algunsdoentes que satisfazem inicialmente os crité-rios diagnósticos poderão evoluir para outrasdoenças, como artrite psoriásica, LES, sín-drome de Sjögren primário, esclerodermia,

“É hoje possível, com um diagnóstico precoce e trata-mento adequado, minorar enormemente as outrorainevitáveis repercussões na vida de relação e laboral,resultando desta última prolongados períodos de ab-sentismo ao trabalho ”, afirma o Dr. Saraiva Ribeiro.

DIAGNÓSTICO

Em Setembro de 2010 foram publicados os critérios do ACR/EULAR para a classificação da artritereumatóide. Estes novos critérios de diagnóstico substituem os critérios do ACR de 1987 e estão adaptadospara o diagnóstico da AR precoce.Segundo esta publicação, para o diagnóstico na prática clínica devem utilizar-se os seguintes critérios:• duas ou mais articulações edemaciadas;• rigidez matinal, de duração superior a uma hora, nas últimas seis semanas;• factor reumatóide e anti-CCP podem confirmar o diagnóstico.

Um teste negativo não exclui o diagnóstico.

“A rigidez matinal ou apósperíodos prolongados deinactividade é característica detodas as artropatiasinflamatórias e miopatias.Contudo, uma rigidez matinalde duração superior a umahora só está presente noscaos de AR, pois reflecte umamagnitude de inflamaçãoarticular que raramente estarápresente noutra doença”, frisa o médico

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doença mista do tecido conjuntivo, artrite mi-crocristalina, entre outros. Em suma, a presença de artrite das articula-ções metacarpo-falângicas e interfalângicasproximais de ambas as mãos constitui a ca-racterística clínica mais típica dos estadiosprecoces, sendo altamente sugestiva de AR.No entanto, uma poliartrite periférica podetambém estar presente noutras doenças reu-máticas referidas no parágrafo anterior, nãodevendo ser usada isoladamente para odiagnóstico de AR. Nos casos de apresenta-ção monoarticular, que se podem manterpor longos períodos, ocorre envolvimentode uma única articulação, em regra umagrande articulação, como o ombro ou o joe-lho, dependendo nestes casos o diagnós-tico de testes laboratoriais, radiológicos ouda evolução da doença com envolvimentode outras articulações típicas de AR. E o especialista volta a frisar: “A rigidez ma-tinal ou após períodos prolongados de inac-tividade é característica de todas as artro-patias inflamatórias e miopatias. Contudo,uma rigidez matinal de duração superior auma hora só está presente nos caos de AR,pois reflecte uma magnitude de inflamaçãoarticular que raramente estará presente nou-tra doença. Os nódulos reumatóides, umadas manifestações extra-articulares da AR,apresentam um elevado grau de especifici-dade para o diagnóstico de AR. Contudo, asua utilidade na prática clínica é limitada,uma vez que estes só aparecem em cerca de30 por cento dos doentes e em regra nadoença evoluída, altura em que o diagnos-tico é óbvio. Deste modo, a ausência de nó-dulos nos estadios iniciais da doença nãodeve ser interpretada como um dado nãosugestivo do diagnóstico” (vide Quadro 1).

Novos critériosEm Setembro de 2010 foram publicados oscritérios do ACR/ EULAR para a classifica-ção da artrite reumatóide. Estes novos cri-térios de diagnóstico substituem os crité-rios do ACR de 1987 e estão adaptados parao diagnóstico da AR precoce. Estes novoscritérios de diagnóstico, publicação con-junta do Colégio Americano de Reumatolo-gia e da EULAR, estabelecem um sistema

Critério

1. Rigidez matinal

2. Artrite em pelo menos 3 regiões

articulares

3. Artrite das articulações mãos

4. Envolvimento articular simétrico

5. Nódulos reumatóides

6. Presença no soro de factor reumatóide

7. Alterações radiológicas

Definição

Rigidez matinal nas articulações ou à

volta destas, com duração de pelo

menos uma hora, antes da melhoria

máxima.

Pelo menos três regiões articulares

(interfalângias proximais – IFP,

metacarpo-falângicas – MCF, punho,

cotovelo, tíbio-társica, metatarso-

falângicas – MTF) direitas ou esquerdas,

envolvidas simultaneamente,

apresentando edema de partes moles ou

intra-articular observado por um médico.

Pelo menos uma área edemaciada, como

descrito em 2., das seguintes: punho, MCF ou IFP.

Envolvimento simultâneo, da mesma

área articular, como descrito em 2 dos

dois lados do corpo (envolvimento

bilateral de IFP, MCF ou MTF, sendo

aceitável a ausência de simetria absoluta.

Nódulos subcutâneos sobre

proeminências ósseas, superfícies

extensoras ou regiões justa-articulares

observados por um médico.

Demonstração de quantidades anómalas de

factor reumatóide por um método em que

os resultados tenham sido positivos em

menos de 5% dos controlos normais.

Alterações radiológicas típicas na

radiografia postero-anterior da mão e

punho: erosões ou descalcificação óssea

inequívoca localizada na superfície

articular ou mais marcadamente adjacente

às articulações afectadas.

Quadro 1 - Revisão de 1987 dos Critériosda American Rheumatism Association15

para a classificação da artrite reumatóide

Para efeitos de classificação um doente tem artrite reumatóide se pelomenos 4 destes critérios forem satisfeitos, sendo que os critérios 1 a 4 têmde estar presentes durante pelo menos 6 semanas

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de pontos entre 0 e 10, sendo que um doentecom uma pontuação de 6 ou superior é ine-quivocamente classificado como tendo AR,desde que tenha sinovite em pelo menos umaarticulação e que não exista outro diagnós-tico que a possa justificar. São consideradas quatro áreas para o diagnóstico:envolvimento articular – dependendo do tipo enúmero de articulações atingidas, até um má-ximo de 5 pontos; mar cadores laboratoriais, in-cluindo factor reumatóide e anti-corpos anti-CCP(proteínas cíclicas citrulinadas), até um máximode 3 pontos, em função do título dos anticorpos;reagentes de fase aguda: 1 ponto para elevaçãoda velocidade de sedimentação (VS) ou eleva-ção da proteína C-reactiva (PCR); duração daartrite: 1 ponto para sintomas com duraçãosuperior a 6 semanas ou superior. “Os novos critérios adaptam-se ao melhor co-nhecimento da doença e a melhoria no diag-nóstico e tratamento. Nestes novos critérios,os critérios laboratoriais serológicos e deauto-imunidade têm um peso preponde-rante, uma vez que o anti-CCP é um marcadorserológico apropriado para um diagnósticoprecoce da doença antes do aparecimento dedestruição articular. São excluídos critérios ra-diológicos (Quadro 1), que assumiam papelde destaque nos critérios de 1987, uma vez

que o objectivo do tratamento é evitar estedano”, acrescenta o Dr. Saraiva Ribeiro. Contudo, à semelhança dos critérios anterio-res, estes também não são apropriados parao diagnóstico clínico, sendo mais adequadospara a classificação dos doentes com o ob-jectivo de investigação. Assim, o especialistadefende que, para o diagnóstico na prática clí-nica, devem utilizar-se os seguintes critérios:duas ou mais articulações edemaciadas; rigi-dez matinal, de duração superior a uma hora,nas últimas seis semanas; factor reumatóidee anti-CCP podem confirmar o diagnóstico.Um teste negativo não exclui o diagnóstico.

Armas terapêuticas disponíveisCerca de 80 por cento dos doentes com ARcom menos do que dois anos de evolução temerosões articulares e a destruição articular ob-servada radiologicamente é mais rápida nestesdoentes. A destruição articular progride depoisa um ritmo contínuo ao longo da evolução dadoença, sendo responsável por cerca de 25 porcento da incapacidade. Ora, como conta o reu-matologista, “a terapêutica precoce com fárma-cos modificadores da doença (DMARD – Di-sease Modifiing Anti-Rheumatic Drugs) atrasa aprogressão da destruição articular, melhorandoo prognóstico e qualidade de vida dos doentes”.Novas armas terapêuticas estão hoje ao ser-viço da Medicina e dos doentes. “Com o me-lhor conhecimento da fisiopatologia da AR ea disponibilidade de novas terapêuticas, emparticular os agentes biológicos (terapêuticacom anticorpos anti-TNF, anti-IL-6, terapêu-

tica anti-células B e T), entrámos numa novaera na abordagem terapêutica destes doen-tes. Esta consiste no controlo agressivo dainflamação desde o início da doença, atra-vés da instituição precoce de terapêuticacom DMARD, de forma a evitar a destruiçãoarticular. Existe, desta forma, uma ‘janela deoportunidade’ terapêutica, na qual ocorreuma melhor resposta ao tratamento e emque uma terapêutica agressiva instituídanesta fase tem maior probabilidade de su-cesso do que se for aplicada mais tarde naevolução da doença”, assegura.O objectivo final do tratamento é o atingi-mento de remissão clínica e, na impossibi-lidade desta, a prevenção da lesão articularque é causa de dor e disfunção funcional. Aabordagem terapêutica agressiva constitui,assim, o caminho para atingir este fim. “Peloexposto, depreende-se que, hoje em dia,os médicos especialistas no tratamento daAR dispõem de um enorme potencial tera-pêutico que permitirá evitar que estadoença seja sinónimo de uma situação queinevitavelmente causará sofrimento e ine-xoravelmente progredirá para a incapaci-dade”, refere. Desta forma, conclui o clínico,“é hoje possível, com um diagnóstico pre-coce e tratamento adequado, minorar enor-memente as outrora inevitáveis repercus-sões na vida de relação e laboral, resultandodesta última prolongados períodos de ab-sentismo ao trabalho e culminando em re-forma precoce, com avultados custos so-cio-económicos directos e indirectos”.

“Três ou mais articulações tumefactas; envolvimentodas articulações metacarpo-falângicas/metatarso--falângicas com compressão combinada dolorosa –“squeeze test” positivo (vide figura 3) e rigidez matinalmaior ou igual a 30 minutos de duração” são os trêscritérios que devem ditar uma referenciação àReumatologia, explica o Dr. José Saraiva Ribeiro.

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FACTOS E NÚMEROS

• A artrite reumatóide (AR) é a doença inflamatória articular mais frequente, afectando mais de 20 milhõesde pessoas em todo o Mundo. • A prevalência da doença não é uniforme, existindo uma variação geográfica considerável, com percentagensmuito variáveis, de 0,5 a 1 por cento na Europa, América do Norte, Ásia e África do Sul. • Em absoluto contraste, a AR é excepcionalmente rara em indivíduos de raça negra das áreas rurais africanas,bem como nos chineses das áreas rurais e urbanas. • Com um impacto económico comparável ao da doença coronária, a AR é também em Portugal a doençareumática inflamatória mais prevalente, afectando cerca de 0,3 a 0,4 por cento da população portuguesa. • Segundo os resultados do Censos de 2001 do Instituto Nacional de Estatística, a população residente emPortugal nesta data era de 10 356 117 habitantes, sendo 5 355 976 mulheres. Desta forma, em 2001,existiriam 31 068 a 41 424 doentes com AR em Portugal.

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IMUNOLOGIA

Transplante de medula óssea com menor risco Contribuir para reduzir a taxa de mortalidade entre os doentes transplantados damedula óssea é a principal consequência de uma investigação internacional, queenvolve a Universidade do Minho, e que acaba de ser premiada. Os cientistasconcluíram que uma variante genética da proteína Dectin-1, envolvida na respostaimunológica desta intervenção, aumenta o risco de infecções fúngicas. Desta feita,é possível direccionar intervenções profiláticas de forma a minimizar o risco deinfecção, uma das principais causas de mortalidade entre estes transplantados. O Prémio Jon J. van Rood distinguiu o melhor artigo publicado em 2010 na área deimunogenética/imunologia do transplante hematopoiético, cuja autoria pertenceaos Profs. Fernando Rodrigues e a Agostinho Carvalho, do Instituto de Ciências daVida e da Saúde da Universidade do Minho, em co-parceria com investigadores doInstituto Pasteur, em França, e da Universidade de Perugia, em Itália. PFF

MEDICINA SEXUAL

Excesso de peso afecta função eréctilÉ a conclusão de um estudo desenvolvido por investigadores da Faculdadede Medicina da Universidade do Porto (FMUP): “quanto mais obesos formos,pior o funcionamento vascular do nosso pénis”. O Prof. Nuno Tomada,investigador principal deste estudo publicado no Journal of Sexual Medicine,

revela ainda que “a percentagem de gordura corporal é o único factor clínicoindependente associado à alteração da função hemodinâmica do pénis”. O trabalho, que contou com a colaboração do Hospital S. João e do Institutode Medicina Molecular e Celular (IBMC), avaliou 212 doentes assistidos emUrologia. As conclusões apontam ainda para a importância de outros factoresde risco associados à disfunção eréctil, provocados pela obesidade, como adoença cardiovascular, síndrome metabólica, índice de massa corporal epercentagem de gordura corporal. PFF

O bebé que nasceu no final de 2010 em Espanha recorrendo à procriação medicamente assistida para evitar uma mutação genética relacionada com o cancro da mama, que afecta a sua família há gerações, tem agora fracas possibilidades de desenvolver a doença.Após a autorização prévia para a primeira selecção de embriões feita no país, foram fecundados in vitrovários óvulos e efectuado o diagnóstico genético pré-implantacional aos embriões,de forma a excluir os portadores do BRCA1, gene responsável pelo cancro da mama da família.Saliente-se que este indivíduo não está livre de ter um cancro,

dado que apenas foi feita a selecção para um gene. No entanto, deverá ter menor probabilidadede desenvolver cancro da mama, ovário ou pâncreas.O caso não é inédito e intervenções semelhantes já foram levadas a cabo em diversos países. Para aconcretização deste desejo, o casal espanhol que deu à luz a criança “seleccionada”recorreu ao Programa de Reprodução Assistida de Puigvert-Sant Pauy de Barcelona. Por ser o primeiro no país, o caso teve de passar pela chancela da ComissãoNacional de Reprodução Assistida espanhola. PFF

Espanha deu o primeiro passo na autorização da selecção de embriões para travara transmissão genética de uma doença grave.

Contribuir para a diminuição do risco de infecção e da taxa de mortalidade entreos transplantados da medula óssea é o objectivo da investigação da Universidadedo Minho premiada internacionalmente.

GENÉTICA

Primeiro bebé “seleccionado” em Espanha

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Curso de Tuberculose na Criança e AdolescenteOrganizado pela Unidade de Pneumologia do Departamento da Criança e da Família do Hospital deSanta Maria, o Curso de Tuberculose na Criança e Adolescente realiza-se nos próximos dias 6 e 7 deMaio. Desde a perspectiva histórica, epidemiologia, diagnóstico à imagiologia, situações especiais, vacinase terapêuticas são diversas as abordagens que constituem o conteúdo programático do curso. Destinado sobretudo a pediatras, as temáticas aqui apresentadas podem ainda interessar a outrosmédicos cuja actividade se relaciona com a tuberculose.A formação tem disponibilidade para cem participantes, que se podem inscrever até 26 de Abril, por 35 euros,ou depois dessa data por 50 euros. A inscrição inclui textos de apoio, certificado de avaliação e almoço de trabalho. O Anfiteatro 58, no Edifício Egas Moniz, da Faculdade de Medicina de Lisboa será o espaço de formação.Mais informações através do endereço electrónico [email protected]

Aconselhamento em aleitamento maternoO Serviço de Obstetrícia/Ginecologia e o Serviço de Gestão da Formação doCentro Hospitalar de Setúbal promovem mais um Curso de Aconselhamentoem Aleitamento Materno, nos próximos dias 17 de Maio e 2, 3, 8 e 9 de Ju-nho. A formação inclui uma vertente teórica e outra prática, num total de40 horas, preenchidas entre as 9.00 e as 18.00 horas dos dias referidos. A cargo das enfermeiras Benvinda Bento (Enfermeira-Chefe do Paupério)e Célia Magro, certificadas pela OMS/UNICEF, este curso pretende ajudara desenvolver competências sobre a temática do aleitamento materno, me-lhorar os conhecimentos sobre a fisiologia do aleitamento materno e dosdesvios patológicos, tendo em vista uma orientação eficaz nesta vertente.Os interessados podem efectuar a sua inscrição até ao dia 9 de Maio,tendo a formação um custo de 150 euros.Mais informações através da Secretaria-Geral do Centro Hospita-lar de Setúbal, pelo nº 265 549 084. • Cr

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A Comissão Europeia aprovou, em Fe-

vereiro passado, o medicamento Ba-

raclude® (entecavir), da Bristol-Myers

Squibb, para o tratamento da hepati-

te B crónica (HBC) em adultos com evi-

dência de doença hepática descom-

pensada, tornando assim possível a

sua comercialização nos 27 países da

União Europeia. De acordo com um co-

municado enviado às redacções pela

empresa farmacêutica, o medica-

mento já tinha sido aprovado na Eu-

ropa, em Junho de 2006, para o trata-

mento da infecção do vírus da hepa-

tite B crónica (VHB) em adultos com

doença hepática compensada e evi-

dência de replicação viral activa, ní-

veis séricos persistentemente altos

de alanina aminotransferase (ALT) e

evidência histológica de inflamação

activa e/ou fibrose.

A aprovação deste fármaco é baseada

num estudo multi-cêntrico, rando-

mizado, aberto, que comparava a efi-

cácia e segurança do entecavir (1.0

mg uma vez ao dia) com adefovir

(10.0 mg uma vez ao dia) adminis-

trada em doentes positivos para AgH-

Be ou negativos para o HBC com evi-

dência de descompensação hepática.

Os resultados revelaram que o ente-

cavir consegue uma maior supres-

são viral, em comparação com o ade-

novir, nas semanas 24 e 48 após o iní-

cio do tratamento.

Às 48 semanas, uma maior proporção

de doentes em entecavir atingiu uma

carga viral indetectável, 57 por cento,

enquanto que a proporção de doentes

em adefovir a atingir esse resultado

foi de 20 por cento. Adicionalmente,

a normalização da ALT foi atingida

por um número mais elevado de

doentes tratados com Baraclude®,

comparativamente aos doentes tra-

tados com adefovir.

Perfil de segurançaSegundo o comunicado da Bristol-

Myers Squibb, o Baraclude® foi em ter-

mos gerais bem tolerado e os resulta-

dos de segurança foram comparáveis

entre os grupos de estudo e consis-

tentes com os anteriormente relatados

para a população com doença hepáti-

ca descompensada.

Como é sabido, a doença hepática

descompensada é caracterizada pela

falência do fígado em manter a sua

função, normalmente devido a danos

severos, o que conduz a fibrose e ou

cirrose causada por inflamação cró-

nica do fígado, o estádio final da he-

patite. Dados estatísticos apontam

para que a taxa média de sobrevivên-

cia em pacientes descompensados é

de dois a três anos, com 28 por cento

dos pacientes a sobreviverem mais de

cinco anos. Quando a doença hepática

progride ao estádio de descompensa-

ção, o transplante de fígado torna-se

normalmente necessário.•

Medicamento para a doença hepática descompensada

Baraclude® aprovado na EuropaO medicamento Baraclude®, cuja substância activa é o entecavir,indicado para o tratamento da hepatite B crónica desde 2006, foirecentemente aprovado pela Comissão Europeia para a doençahepática descompensada. Estudos demonstram maior supressãoviral resultante do entecavir em relação ao adefovir.

Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a indicação do Baraclude® para o tratamentoda doença hepática descompensada em Outubro de 2010.

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O eczema atópico ou dermatite atópica (DA) é uma doença crónica de pele, recidivante, queocorre em qualquer idade, mas com expressão clínica diferente consoante a fase da vida. Emmais de metade dos casos inicia-se na infância, sobretudo nos primeiros anos de vida, maspode persistir até à idade adulta ou surgir apenas nessa altura. Associada à DA existe, frequentemente, história pessoal e/ou familiar de atopia (DA, asma,rinite alérgica), elevação dos valores de IgE e eosinofilia periférica. Além dos factores gené-ticos e imunitários, factores ambientais podem contribuir para o agravamento das lesões. NaDA, a barreira epidérmica sedeada no estrato córneo é deficitária, tanto nos corneócitos comonos lipídeos intercelulares, o que torna a pele susceptível a agressores externos, químicos (de-tergentes e aeroalergenos) e biológicos (Staphylococcus aureus e vírus), e com reduzida ca-pacidade de reter água (maior perda transepidérmica de água), originando-se uma pele xe-rótica (seca, áspera e com tendência a abrir fissuras). A DA tende a melhorar no Verão (efeitobenéfico dos raios UV), agrava no Inverno (maior exposição a roupa de lã e ar seco) e sobefeito de stress.

Se quiser enviar-nos um caso clínico para publicaçãocontacte-nos através do e-mail:[email protected]

Leonor Castendo RamosInterna Complementar de Dermatologia

Dra. Margarida Gonçalo Chefe de Serviço, Serviço de Dermatologia

dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Todas as fotos deste artigo foram fornecidas

pelas autoras

Artigo em parceria com:

Dermatologia

Eczema atópico na criança– como reconhecê-lo nas suas diferentes formas

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Apresentação clínicaO prurido, sempre presente, agrava tipicamente durante a noite e éexacerbado pelo calor e contacto com irritantes (p. e., roupas de lã).Se intenso, pode levar a escoriações (com aspecto linear), à liqueni-ficação e a infecções secundárias. As crianças podem estar inquietas,interferindo o prurido com o sono ou com a aprendizagem.O eczema pode apresentar-se sob formas agudas, com pápulas oupapulo-vesículas eritematosas, vesículas com exsudação, escoria-ções ou crostas, ou sob formas crónicas, com liquenificação.Cerca de 85 por cento das lesões de eczema atópico surgem no pri-meiro ano de vida, após os dois meses de idade. No lactente, estaslesões são mais agudas (placas eritematosas e vesiculosas, exsuda-tivas ou escoriadas) e localizam-se sobretudo na face (bochechas,fronte e mento), couro cabeludo e superfícies extensoras dos braços,antebraços ou coxas. Na infância, após o primeiro ano de vida e durante a idade escolar,as lesões tornam-se subagudas e crónicas (placas eritematosas comsuperfície seca e descamativa, liquenificadas, com hipo ou hiper-pigmentação), localizando-se às flexuras (fossas antecubital e po-

plítea), pálpebras, pescoço, mamilos (Figura 1), punhos, dorso dospés e mãos e zona auricular, sendo muito típica a dermatite infra eretroauricular fissurada (Figura 2).Além da xerose praticamente constante, existem outras manifes-tações cutâneas “minor” muito características, que acompanhama atopia e que podem contribuir para o correcto diagnóstico daDA: – prega infra-orbitária dupla na pálpebra inferior (linha de Den-nie-Morgan); – proeminência mais exuberante e eritematosa dosfolículos pilosos nas faces laterais das coxas, braços e nádegas(queratose pilar) (Figura 1); – manchas hipopigmentadas de limi-tes imprecisos na face ou superfície de extensão dos braços ou co-xas (eczematides acromiantes ou pitiríase alba) (Figura 1), que sur-gem em particular no fim do Verão e não devem ser confundidascom vitiligo (lesões mais brancas e de limites mais nítidos) ou pi-tiríase versicolor (infecção fúngica rara na infância e nestas locali-zações); – queilite e eczema perioral (Figura 3) são também fre-quentes nas crianças com eczema atópico e são exacerbadaspelo hábito constante de “lamber” os lábios (Lip-lick cheilitis); – hi-perlinearidade das palmas.

Figura 1. Lesões de eczema subagudo dos mamilos eflexuras em jovem de 13 anos. De notar, ainda, naparede abdominal eczematides acromiantes epápulas foliculares características da queratose pilar.

Figura 2. Eczema com fissura crónica e recidivanteretroauricular em criança de seis anos.

Figura 3. Eczema dos lábios (Lip-lick cheilitis) e perioralcom algumas crostas melicéricas na comissura labial enarinas, traduzindo sobreinfecção por Staphylococcusaureus, em criança de sete anos.

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ComplicaçõesAs crianças com DA têm maior risco de infecções cutâneas, que po-dem, por sua vez, exacerbar o eczema. O S. aureus coloniza não sóas lesões mas também a pele normal, devendo suspeitar-se de in-fecção, se surgirem crostas melicéricas (cor de mel) e pústulas. Nes-tes casos, é necessário recorrer a antibióticos (tópicos ou sistémicos,consoante a gravidade).Das infecções virusais, destacam-se as verrugas vulgares, plantarese planas por HPV, o molluscum contagiosum (Figura 4) e as infecçõespor HSV (herpes simples recidivante) que pode atingir grandes su-perfícies cutâneas e causar o eczema herpeticum (lesões vesiculosase crostosas nas áreas eczematizadas e, posteriormente, no restantetegumento, com temperaturas febris) (Figura 5).A utilização diária de corticóides tópicos pode provocar atrofia cu-tânea (pele fina, equimoses, estrias, telangiectasias, dificuldade na ci-catrização), rosácea e dermatite perioral ou, mais remotamente, sín-drome de Cushing iatrogénico.

TratamentoO tratamento consiste em aliviar o prurido, controlar a inflamação eprevenir e combater a xerose cutânea.Os emolientes são uma pedra angular no tratamento, devendo seraplicados após o banho. Os banhos devem ser curtos, com água té-pida, utilizando loções de limpeza menos desengordurantes dapele e eventualmente loções anti-sépticas, em fases de sobreinfec-ção bacteriana. Deve ser preferida roupa de algodão.Os testes cutâneos de leitura imediata raramente são úteis na DA,mas em doentes sensíveis a ácaros, pólens e pêlos de animais podeser útil a evicção destes aeroalergenos. Os corticóides tópicos são a primeira linha no tratamento farmaco-lógico na DA, devendo ser escolhidos de acordo com a idade dacriança e numa formulação e potência adequadas ao tipo de eczemae à sua localização. Na face e zonas intertriginosas (axilas, virilhas), de-verão utilizar-se corticóides menos potentes (hidrocortisona) e, emespecial, em creme, enquanto nas lesões mais secas e liquenificadas,nas mãos e pés, devem utilizar-se pomadas e moléculas mais po-tentes (aceponato de metilprednisolona, furoato de mometasona,propionato de fluticasona, butirato de hidrocortisona, valerato de be-

tametasona, etc…). Devem ser aplicados até à resolução das lesões(7 a 15 dias) e depois efectuado o seu desmame progressivo.Os inibidores da calcineurina (tacrolimus e pirolimus) estão aprova-dos para o tratamento do eczema atópico em crianças com mais dedois anos de idade. Têm a vantagem de não causarem atrofia cutâ-nea. São particularmente indicados na DA das pálpebras, face eáreas intertriginosas (onde a atrofia cutânea após dermocorticóidesé mais problemática) e nos doentes com agudizações frequentes.Os anti-histamínicos orais sedativos (hidroxizina, oxatomida, p. e.), usadosao deitar, reduzem o prurido, o acto de coçar e escoriações secundárias.

PrognósticoA DA é uma doença com exacerbações e remissões cuja evoluçãoé difícil de prever. A maioria das crianças melhora com a idade etem a DA controlada na adolescência. A tendência para a xerose cu-tânea permanece, pelo que a utilização de emolientes é essencial.Cerca de um terço dos doentes desenvolve rinite alérgica e/ouasma, num período mais tardio da infância ou na idade adulta(“Marcha atópica”).•

Eczema atópico – Pontos chave

• Prevenir e tratar a xerose cutânea

• Banhos tépidos rápidos, com loções de limpeza apropriada e sem fricção

• Usar roupa de algodão

• Evitar irritantes (detergentes, lã, pós e poeiras)

• Usar corticóides ou outros imunossupressores quando há lesões

Reduzir o prurido

Figura 4. Moluscos contagiosos na axila em criança de quatro anos com eczema atópico. Figura 5. Eczema herpeticum da face em jovem com eczema atópico.

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No Dia Mundial da Saúde, cujo tema este ano é aresistência microbiana, a Organização Mundial de Saúde(OMS) alertou para a crescente resistência aos antibióticos,que poderá dar origem à próxima “crise global”. “Naausência de acções correctivas e protectivas urgentes, oMundo caminha para uma era pós-antibiótica, na qualmuitas infecções que hoje são comuns deixarão de tercura”, alertou a Directora-Geral da OMS, Dra. MargaretChan, num comunicado citado pelo Jornal de Notícias. O Presidente da Apifarma, Dr. João Almeida Lopes,aponta para a necessidade de “uma abordagemmultidisciplinar” que “deverá incluir profissionais desaúde e doentes, mas também decisores políticos eautoridades reguladores”, diz em comunicado.Em Portugal, segundo o Infarmed, nos últimos cincoanos foram gastos, em média, por ano, mais de 100milhões de euros em produtos antibacterianos, noticiao Diário Digital. Os dados de 2009 indicam também queas comparticipações do SNS foram superiores a 62milhões de euros e, no total, foram compradas mais desete milhões de embalagens de antibióticos por mês, oque coloca o País em sexto lugar na lista de paíseseuropeus com maior consumo deste tipo demedicamentos. Contudo, segundo o Centro de Estudose Avaliação em Saúde (CEFAR) da Associação Nacionaldas Farmácias, o consumo de antibióticos em DDD(Dose Diária Definida) por mil habitantes/dia emambulatório apresenta uma tendência de redução(menos 1,5 por cento) entre 2007 e 2010.

ACONTECIMENTO

Dia Mundial da Saúde dedicado aos antibióticos

Hospital pede medicamentos a familiares de doentesO caso foi denunciado pelo Diário de Notícias, dia 14. O Hospital de Cascais solicitou a familiaresde doentes a compra de medicamentos que disse não ter disponíveis. A notícia relata o caso deuma doente internada devido a um problema cardíaco, cuja família tinha sido obrigada a levarum dos medicamentos que esta toma habitualmente para as artroses, porque o hospital disse quenão o tinha na farmácia. Apesar de a Administração ter assumido que a restrição tinha sido feitapor critérios clínicos, sindicatos e utentes denunciam mais queixas de doentes a quem os medi-camentos foram também pedidos.

Internos ultrapassam limite de horas extraordináriasO Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) alerta que há profissionais que já no primeirotrimestre do ano cumpriram o limite de 200 horas extraordinárias fixado por lei para o ano todo.A Vice-Presidente do SMZS, Dra. Pilar Vicente, afirmou à TSF que as administrações têm obri-gado os internos a fazer horas extraordinárias ameaçando-os com a não celebração de con-tratos no final do internato. O Presidente do Conselho de Administração da Maternidade Al-fredo da Costa, Dr. Jorge Branco, admitiu ao I que muitos dos profissionais chegam a fazer odobro das horas extraordinárias previstas. O representante dos administradores hospitalares,Dr. Pedro Lopes, reconheceu que a situação se agravou nos últimos tempos, segundo o Diá-rio Digital, mas diz ter dificuldades em acreditar que os hospitais estejam a impor mais horasaos internos. Recentemente, a própria Ministra da Saúde afirmou à imprensa que nada é im-posto aos clínicos. A situação referente à falta de médicos, segundo o Dr. Pedro Lopes, nãodeverá estabilizar antes de 2014.

Gastos 26 milhões de euros em acções judiciais contra o SNSAs principais queixas são relativas a erros médicos que resultaram em infecções, laceraçõesacidentais, reacções a transfusões sanguíneas, traumas de nascimento, complicações nasanestesias, corpos estranhos deixados no organismo, quedas de macas e erros nas pres-crições de medicamentos, revela notícia do Sol, dia 10. As acções judiciais interpostas pe-los utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), investigadas pela Inspecção-Geral das Ac-tividades em Saúde (IGAS), resultam num total de 26 milhões de euros em indemnizaçõesexigidas. As especialidades médicas de que os utentes mais se queixam são a Cirurgia e aOrtopedia, seguidas da Obstetrícia e da Medicina Interna. Nesta auditoria, que vem no se-guimento de um outro levantamento feito em 2008 sobre o erro médico e as acções judi-ciais por deficiente assistência médica, concluiu-se que desde esse levantamento pouco temmudado e que os pedidos indemnizatórios e o número de processos em tribunal, quase 140,mantêm-se elevados.

Fim de medicamentos a crédito na MadeiraO Presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), Dr. João Cordeiro, anunciou que a par-tir de Maio os utentes do SNS da Madeira terão de pagar os medicamentos na íntegra, uma vezque a dívida do Governo Regional à ANF ultrapassa os 116 milhões de euros e o seu crescimento,ao ritmo de três milhões de euros por mês, coloca em causa a sobrevivência das farmácias ma-deirenses, segundo a TSF, dia 6. O Presidente do Governo Regional remeteu o assunto para o Se-cretário Regional das Finanças.

NÚMERO

62 por cento

É a percentagem da redução da mediana do tempo deespera para uma cirurgia nos últimos cinco anos

(Fonte: Ministério da Saúde)

Por Vanessa Sena Sousa

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O Director-Geral da Saúde, Dr. Francisco George,recebeu o galardão de Personalidade do Ano2010 da Fundação Portuguesa do Pulmão,distinção que tem como razão, segundocomunicado daquela Fundação, a “atençãopermanente que dedica aos problemas dasdoenças respiratórias em Portugal e que setraduziu, entre outros, no acompanhamentoactivo dos programas nacionais da Asma,Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica eTuberculose”. À imprensa, o Dr. Francisco George afirmouconsiderar que a distinção se refere sobretudoaos resultados positivos obtidos pelos trêsprimeiros anos de desenvolvimento da Lei doTabaco e que uma das medidas mais eficazespara reduzir a prevalência do tabagismo é oaumento do preço do tabaco.

PERSONALIDADE

Francisco George

Prescrição de medicamentos por substância activa gera polémicaO PS e o PSD chumbaram a generalização da prescrição de medicamentos por denominaçãocomum internacional, com as restantes bancadas a acusar os sociais-democratas de ceder aosinteresses da indústria e da Ordem dos Médicos, noticia o Jornal de Notícias, dia 6. A deputadaClara Carneiro, do PSD, afirmou que este partido não concorda com um diploma que deixe defora os doentes crónicos, defendendo que não devia ser necessária justificação do médico paramudar a terapêutica nestes doentes. Já antes deste “chumbo”, o Bastonário da Ordem dos Mé-dicos, Prof. José Manuel Silva, tinha estranhado a pressa em aprovar no Parlamento uma le-gislação sobre substituição de medicamentos nas farmácias, tendo afirmado que haverátempo na próxima legislatura para discutir a questão.

Acordo para compra de medicamentos permite redução do preçoO acordo dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde com uma empresa farmacêutica para aaquisição de medicamentos antirretrovirais e antifúngicos permitiu reduções de 15 e 18 por centono seu preço, noticia o Diário Digital, dia 5, mas os hospitais só recorrerão a estes medicamentos seo entenderem. Os serviços centralizados mostram-se também disponíveis para encetar negociaçõescom outros fornecedores, em especial da área da sida e da Oncologia. Segundo a Rádio Renascença,no ano passado, o Estado gastou mais de 200 milhões de euros em medicamentos para a sida.

Mais de duas dezenas de médicos recebiam duas vezes do SNSA Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) tem em mãos 22 casos de médicos a trabalharem empresas de prestação de serviço, pagas pelo Estado, mas que deviam estar a trabalhar emexclusividade para o SNS, noticiou o Diário de Notícias, dia 4. A IGAS instaurou 14 processos dis-ciplinares a 14 médicos e está também a decorrer um inquérito que será aplicado a outros oitocasos. As penas, em conjunto com a devolução da totalidade das verbas auferidas ilicitamente,serão ainda definidas, podendo ser de repreensão, suspensão ou demissão.

FRASE

“É expectável que aconteça[o corte das famílias], sobretudo nas consultasde Pediatria em consultóriosprivados, que implica um dispêndio económicomaior, comparativamenteaos serviços do SNS”

Deolinda Barata, Presidente da Secção de PediatriaSocial da Sociedade Portuguesa de Pediatria, sobre umpossível acréscimo do número de crianças a recorrer ao SNS

(In Diário Digital /Lusa)

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, anunciou a 1 de Abril a vinda de 50 médicosestrangeiros para Portugal. Este anúncio, que não indica a origem dos médicos, vem no seguimento demeses de negociações que envolveram profissionais de saúde de vários países da América Latina.

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II Jornadas de História daPsiquiatria e Saúde MentalDatas: 28.04.2011 e 29.04.2011Local: Secção Regional deCoimbra da Ordem dosFarmacêuticosOrganização: Centro de EstudosInterdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra-CEIS20(Grupo de História e Sociologia da Ciência)Contactos ÚteisSecção Regional de Coimbra daOrdem dos FarmacêuticosRua Castro Matoso, n.º 12A3000-124 CoimbraTel.: 239 851 440Tlmv.: 965 243 754Fax: 239 851 449E-mail: [email protected]

I Jornadas da Unidade deCuidados Paliativos do CHBMData: 29.04.2011Tema: Cuidar em paliativosLocal: Auditório do Hospital deNossa Senhora do Rosário, BarreiroOrganização: Unidade de

Cuidados Paliativos do CentroHospitalar Barreiro Montijo (CHBM)Contactos ÚteisCHBMTel.: 212 147 377Fax: 212 149 056E-mail: [email protected] www.chbm.min-saude.pt

IV Jornadas Nacionais sobreTecnologia e SaúdeData: 29.04.2011Tema: investigação e tecnologiaaplicada à saúdeLocal: Instituto Politécnico da GuardaOrganização: InstitutoPolitécnico da GuardaContactos ÚteisInstituto Politécnico da GuardaAv. Dr. Francisco Sá Carneiro n.º 506300-559 Guarda

Tel.: 271 220 162 / 271 220 111Fax: 271 222 690E-mail: [email protected]/tecnologia-saude2011

58.º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-FacialDatas: 05.05.2011 a 08.05.2011Local: Herdade dos SalgadosResort – Albufeira (Algarve)Organização: SociedadePortuguesa de Otorrinolaringologiae Cirurgia Cérvico-Facial (SPORL)Rua Augusto Macedo, 12-DEscritório 21600-503 LisboaTel.: 217 120 778 /79Tlmv.: 917 611 427Fax: 217 120 204E-mail: [email protected] www.sporl.net

16as Jornadas de Cardiologia na Clínica Geral da Zona SulDatas: 13.05.2011 e 14.50.2011Tema:“A Clínica Cardiovascular emDiálogo com a Medicina Geral e Familiar”Local: Hotel Vila Sol, AlgarveOrganização: PrismédicaContactos ÚteisPrismédicaAv. Miguel Bombarda, 61 - r/c esq.1050-161 LisboaTel.: 213 584 380Tlmv: 918 494 468Fax: 213 584 389E-mail: [email protected]

VI Congresso Internacional de Neurociências e EducaçãoEspecial PsicoSomaDatas: 13.05.2011 e 14.05.2011Tema: Neuroeducação emcrianças, adultos e idososLocal: Auditório do Centro Sócio--Pastoral da Diocese de ViseuOrganização: PsicoSomaContactos ÚteisPcisosomaTel.: 232 431 060Fax: 232 431 059E-mail: [email protected]

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www.jaba.pt

A Jaba Recordati renovou o seu site, que se apre-senta agora com uma imagem mais dinâmica,possibilitando uma maior facilidade de navega-ção e permitindo ao utilizador ter acesso a umconjunto de informação sobre patologias e no-vidades no campo da Saúde. Para além de umasecção com acesso exclusivo mediante uma pas-sword atribuída, os profissionais de saúde pode-rão aceder, à semelhança do que já existia na ver-são anterior, ao sistema RIMA – Rede Informáticade Medicina Avançada. É também possível vi-sualizar o portefólio de fármacos comercializadospela Jaba Recordati, bastando um clique na ima-gem de cada produto para entrar automatica-mente num microsite com a respectiva informa-ção clínica detalhada.

AGENDA

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A verdade e a mentira da saúde

Por uma melhor saúde e qualidadede vida. Este livro responde, comverdade científica, às dúvidassuscitadas pelos leitores de revistascomo a Notícias Magazine,

Pais & Filhos e Crescer, que em mais de dez anos foram enviando para estas redacções. E, chegados ao fim, tantas outras questões ficam por responder.Hoje é fácil procurar informação, o difícil é que seja credível. Este é fruto de um longo trabalho de pesquisa em livros, artigoscientíficos e outros.De um modo lúdico e desvendando algum sentido de humor, as perguntas e respostassão oferecidas por temas:Alimentação; Higiene e Corpo;Sexualidade; Dia-a-Dia; Lazer e férias;Tecnologias; Crianças e Jovens e Sintomas e Doenças.

Sobre o autorMário Cordeiro é médico pediatra e Professor na Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa. Foi Presidente da Secção de PediatriaSocial e Comunitária da SociedadePortuguesa de Pediatria, fundador ePresidente da Associação para aPromoção da Segurança Infantil. Foimembro das comissões nacionais deSaúde da Mulher e da Criança,Direitos da Criança e Boas Práticas emLares. É presença regular nos meiosde comunicação social e autor dediversos livros para pais eadolescentes e também de obras deficção e poesia.

Anotações, notas soltas, crónicas,relatos de situações vividas emomentos marcantes de quemexerce Medicina, mas sobretudo dequem tem um olhar de certa forma“privilegiado” sobre a “complexa vidasocial em que se insere”. Nestaspáginas, estão registados algunspassos de uma trajectória pessoal eprofissional do médico ÁlvaroCarvalho, tendo como fio condutora sua prática médica. Desde achegada à cidade e a formaçãomédica à prática clínica. Mas só de

forma indirecta e indelével ela érelatada, porque se revela imbuídaem histórias, algumas com graça,sobretudo envolvidas emmomentos de convívio, à volta deuma mesa ou de um bom repasto. Muito fidedigno, este relato tãodepressa nos fixa nos hospitais deLisboa como nos transporta para omeio rural, onde se encontrammuitos dos laços do autor. Além da Medicina, as crónicas têmem comum a facilidade de leituraque proporcionam.

Consultório MédicoMário CordeiroClube do Autor375 pags, 15,95 €

Nas Margens da MedicinaÁlvaro CarvalhoÂncora Editora342 pags, 22 €

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Meloa com vegetais2 Pessoas

Com um elevada percentagem de água, a meloa é umexcelente alimento para hidratar no Verão, depois de umdia de praia. Pode incluí-la em vários pratos, desde ossalgados e as saladas ou como sobremesa.

Ingredientes3 folhas de alface50 g couve-roxa1 cenoura grande1 manga1 embalagem pequena de queijo creme magro ou um iogurte magro de aroma

50 g de fiambre em cubos1 meloapinhões

Confecção Corte a alface e a couve-roxa em juliana e rale umacenoura. Descasque a manga e corte-a em pequenospedaços. Coloque numa taça o queijo creme ou o iogurte.Junte todos os outros ingredientes e o fiambre cortadoem cubos. Misture muito bem. Abra as meloas ao meio eretire-lhes as grainhas. Distribua a mistura pelas meloas.Polvilhe com pinhões.

Sabia que...a meloa é uma boa fonte de vitamina C?

Título: Todos para a mesa!Autora: Helena CidEditora: Bertrand200 pags, € 17,67

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