sem t tulo-1 - ceplac - comissão executiva do plano da ... · ♦agregar valor ao agronegócio com...

219
EMARC - URUÇUCA 5 a 8 de junho de 2006 Agenda MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira 28 a SEMANA DO FAZENDEIRO Caderno I

Upload: trinhdien

Post on 19-Oct-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

EMARC - URUÇUCA

5 a 8 de junho de 2006

Agenda

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTOComissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

28a SEMANA DO FAZENDEIRO

Caderno I

633.74063S4712006

SEMANA DO FAZENDEIRO, 28a, Uruçuca, 2006. Agenda. Uruçuca, CEPLAC/CENEX/EMARC. 426p. 2 vols.

1. Theobroma cacao - Encontro. 2. Agricultura - Encontro. 3. Pecuária - Encontro. I. Título

Editor: Miguel Antonio Moreno-Ruiz

Editoras Assistentes: Jacqueline C.C. do Amaral e Selenê Cristina BadaróEditoração eletrônica: Jacqueline C.C. do Amaral e Selenê Cristina Badaró

Endereço para correspondência:SIDOC/CEPEC/CEPLACCaixa Postal 07, 45600-970, Itabuna, Bahia, Brasil

Endereço para correspondência:CEPLAC/CENEX/EMARCRua Dr. João Nascimento, s/n45680-000 Uruçuca, Bahia, BrasilTelefone: (73) 3239 -2121Fax: (73) 3239 - 2221

Telefone: (73) 3214 -3217Fax: (73) 3214 - 3218E-mail: [email protected]: 3000 exemplares

APRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃO

Durante o período de 05 a 08 de junho de 2006, a Comissão Executivado Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC promoverá na Escola Média deAgropecuária Regional da CEPLAC-EMARC, em Uruçuca, Bahia, a 28ªSemana do Fazendeiro. Durante o evento serão apresentados e discutidostemas técnico-científicos relevantes para a agropecuária sustentável daregião sul da Bahia. Estima-se a presença de 5.000 pessoas. A Semana doFazendeiro emergiu para o cenário da agropecuária baiana, nas regiõesde atuação da CEPLAC, no transcurso dos anos 60. Trata-se de um eventovoltado para o debate das questões atinentes à dinamização das atividadesagro econômicas, mais especificamente nos aspectos das políticas: social,econômica, tecnológica e ambiental. Desde quando se realizam estesencontros constata-se a aplicação do princípio da articulação e interaçãoentre agricultores, trabalhadores, pesquisadores, extensionistas eempresários vinculados às áreas afins, conjunto que responde pelacristalização das idéias, concepções, conhecimentos e experiênciasexplicitadas nas palestras e reuniões que integram o conclave.Ressalta-se que as temáticas em discussão sintonizam com as expectativas do públicoalvo, abordando assuntos pertinentes a agroecologia, relações deintercâmbio e trabalho, recursos naturais renováveis, aspectos tecnológicos(cacauicultura, apicultura, clonagem, palmiteiros, piscicultura, bovinoculturae outros), administração rural, política de crédito, desenvolvimentosustentável e agroindustrialização. O evento tem como tema: "ESTIMULARO AGRONEGÓCIO COM RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL",propondo promover o debate entre os atores dos meios de produção dosagrossistemas do Sul da Bahia. Além desta vertente, buscar, indicarsoluções para os graves problemas que afligem ou conturbam o ambientede atuação dos produtores.Por fim, promover a revisão e adoção deatitudes que resultem na construção do desenvolvimento agrossilvopastorilem bases sustentáveis, centrado nos princípios que norteiam as relações:homem, trabalho e natureza. Tais premissas pressupõem a inclusão social,geração de emprego e renda, redução das desigualdades, segurançaalimentar, resgate da cidadania e fortalecimento da democracia.

Comissâo Organizadora

OBJETIVOBJETIVOBJETIVOBJETIVOBJETIVOSOSOSOSOS

♦ Promover o fortalecimento do associativismo e cooperativismo;

♦ Agregar valor ao agronegócio com responsabilidade sócioambiental;

♦ Difusão de tecnologias para o agronegócio do cacau e outrossistemas agroflorestais;

♦ Integrar os agentes da cadeia produtiva regional, visando ofortalecimento do produtor;

♦ Apresentar as vantagens da agroindustrialização como suporte paraa diversificação agropecuária;

♦ Incentivar o desenvolvimento da verticalização da produção comoagregadora de valor (renda) ao setor primário;

♦ Debater as novas técnicas de enxertia e manejo integrado decacaueiros clonados que devem ser adotados;

♦ Discutir e recomendar a diversificação agropecuária como atividadelucrativa e alternativa para a região cacaueira;

♦ Promover a integração e intercâmbio entre produtores rurais,expositores, estudantes, agroindústrias, técnicos e demaisparticipantes;

♦ Difundir modelos de agricultura sustentável e estimular a utilizaçãocorreta dos recursos naturais renováveis, através do entendimentoda importância destes fatores para a vida em equilíbrio.

6

7

� Adoção do sistema agroflorestal cacau x seringueira - melhoria de condições de cultivo e agregação de valores

� Cultivo e controle de pragas e doenças do coqueiro

� Produção de frutos de açaí, juçara e pupunha

� Criação racional de suínos

� produção de mudas: frutíferas e flores tropicais

� fabricação artesanal de licor, chocolate e seus derivados

� fertilização do cacaueiro

� Importância dos sistemas agroflorestais para a sustentabilidade dos biomas tropicais

� desenvolvimento sustentável através da ovinocaprinocultura

� plantio de mudas de cacaueiros clonados por estaquia

� poda de cacaueiro clonado por estaquia

� farinha de rochas para os cultivos orgânicos ou não

� criação de frango e galinha caipira

� doenças mais importantes do cacaueiro

� beneficiamento da mandioca e agregação de valor aos seus derivados

� paisagismo e jardinagem

� o dendezeiro como cultura energética para os trópicos úmidos

� criação de avestruz

� Apicultura comercial no sul da Bahia

� Criação racional de peixes

� Territórios rurais como unidade de planelamento das políticas públicas

� Programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar - PRONAF

� Desenvolvimento tecnológico para o cultivo da cajazeira

� Biocaldas para agricultores de baixa renda

� Manejo estratégico da pastagem e o sucesso do agronegócio de carne e leite

� O agronegócio borracha como alternativa ao desenvolvimento do sul da Bahia

� Associação e cooperativa de produtores rurais

� Produção e comercialização de palmito de pupunha (Bactris gasipaes kunth) in natura no sistema de integração da inaceres agrícola

ÍndiceÍndiceÍndiceÍndiceÍndice9

10

24

33

41

54

62

64

74

84

90

94

103

113

122

124

129

133

144

147

161

172

179

182

192

205

221

223

8

� Agricultura de baixo uso de insumos externos e agroecologia

� Agroindústria como alternativa de agregação de valores

� Construção com solo cimento

� Compostagem de resíduos orgânicos

� Cultivo da graviola

� Controle de pragas e doenças da gravioleira

� Turismo sustentável como negócio

� Ecoturismo: Planejamento para a sustentabilidade

� Pronaf, sistemas agroflorestais e desenvolvimento sustentável

no baixo Sul da Bahia

� A piaçava do litoral da Bahia

� Qualidade e beneficiamento do cacau

� Controle biológico de doenças do cacaueiro

� Produção orgânica de leite no Sul da Bahia

� Fitoterapia

� Ecoturismo e o direito ambiental: Um olhar de articulação municipal

� Administração rural e os testes de competência administrativa

� Manejo do rebanho bubalino para produção de leite

� Curso de horticultura

� Pragas e doenças da seringueira

� Agronegócio dendê - uma potencialidade para o baixo sul

� Baixa produtividade em áreas com cacaueiros clonados - causas- algumas recomendações para solucionar o problema

� Vassoura-de-bruxa, evolução do fungo e necesidade de remoção das partes afetadas em clones resistentes

281

287

289

295

303

307

312

315

324

334

343

347

354

365

371

381

389

396

403

411

417

423

� Conceitos e aspectos legais sobre áreas de preservação permanente

� Conservação do solo e da água na região Cacaueira da Bahia

� Cultivo de flores tropicais na região Sul da Bahia

� A obtenção de bezerros de boa qualidade e a produção de leite

� O agropolo vale do rio das contas no estado da bahia como instrumentode desenvolvimento regional

243

251

258

267

274

9

ADOÇÃO DO SISTEMA AGROFLORESTALCACAU X SERINGUEIRA - MELHORIA DE CONDIÇÕES DE

CULTIVO E AGREGAÇÃO DE VALORES

José Raimundo Bonadie MarquesWilson Reis Monteiro

Engenheiro Agrônomo, M Sc – Genética e Biologia Molecular. CEPLAC/CEPEC/SEGEN– Laboratório de Biotecnologia. Cx. Postal 7 – 45600-970 – Itabuna (BA).

CENÁRIO ATUAL DA REGIÃO CACAUEIRA BAIANA

Várias culturas perenes há muito tempo vêm sendo exploradas emmonocultura no sudeste baiano, o que trouxe inicialmente grandesvantagens dadas as facilidades do manejo da própria cultura em extensasáreas, proporcionando, assim, um sistema voltado à obtenção de altasproduções com lucros substanciais. Todavia, este sistema é muito frágilpodendo, inclusive comprometer a viabilidade dos agronegócios. Inúmerosfatores podem ser apontados, como por exemplo, o custo inicial demanutenção de certos cultivos até a sua entrada em produção, aconcorrência entre plantas, a extensão de áreas ocupadas com baixadensidade de plantas e a suscetibilidade a instabilidades ambientais,biológicas e econômicas. Esses fatores, geralmente, elevam o custo deprodução, tornando o agronegócio pouco competitivo, especialmente emocasiões de crise, como as provocadas pela escassez de crédito, aumentoda oferta do produto no mercado interno e mundial, aumento do custo dosinsumos e da mão-de-obra e queda de preço do produto e da produtividade.

A economia regional está fortemente alicerçada na cultura do cacauque nos últimos anos vem atravessando uma crise sem precedentes emrazão dos problemas anteriormente mencionados. A incidência e severidadedas enfermidades como a vassoura-de-bruxa veio agravar mais ainda aeconomia local. Soma-se a isto os problemas fitossanitáros relacionadosàs outras culturas como, por exemplo, o mal-das-folhas na seringueira e o

10

anel vermelho nas palmáceas. Tudo isto tem concorrido para oempobrecimento geral e progressivo, levando os produtores à exploraçãoilegal e irracional de espécies mais nobres e de grande importância para oecossistema Mata Atlântica, comprometendo seriamente esteecossistema.

A fragilidade da monocultura evidencia a necessidade de implementaçãode estratégias mais eficazes, capazes de promover meios para odesenvolvimento de uma agricultura mais rentável, ambientalmente corretae geradora de empregos, com vistas ao fortalecimento dos agronegócios.Entre outras iniciativas, os sistemas agroflorestais (SAF) envolvendo ocacaueiro e a seringueira, despontam como uma das opções viáveis parapromover o desenvolvimento sustentável que a região tanto necessita. Porisso, tem-se recomendado a inclusão da outras espécies arbóreas devalor econômico como sombreamento permanente dos cacaueiros,especialmente em substituição das eritrinas, aproveitando a ocasião emque um programa de renovação da lavoura está em curso. Os dadosestatísticos do CENEX/CEPLAC mostram que dos 660 mil hectares decacau da região 200 mil foram sombreados com eritrina e espécies afins,o que representa uma área bastante expressiva, devendo, assim, serlevada em consideração.

O QUE CREDENCIA A RECOMENDAÇÃO DA SERINGUEIRA COMOÁRVORE DE SOMBRA PARA O CACAU.

Há experiências locais positivas com a introdução de cacaueiros sobseringais adultos. Estes seringais, na sua grande maioria, apresentavambaixa densidade de plantas em decorrência do manejo inadequado e/ouataques severos de doenças foliares como o mal-das-folhas e a requeima(Marques e Monteiro, 2003) e, conseqüentemente, baixa produtividade.Nestas situações, a consorciação trouxe benefícios para as duas culturas,traduzidos em maior produção, redução das perdas relacionadas àincidência de doenças, melhoria das propriedades do solo e de suaconservação, além de proporcionar maior receita e uso racional da mão-de-obra (Alvim, 1989). Esta prática está sendo cada vez mais adotada porheveicultores baianos, estimando-se, atualmente, algo em torno de 8.000hectares implantados neste sistema.

Em condições de cultivo é bom ressaltar que a seringueira pode atingiruma altura de até 25 metros e é normalmente plantada em espaçamentos

11

maiores, ocupando extensas faixas livres de terra que poderiam seraproveitadas economicamente. Também, existem clones de seringueiraque apresentam características que favorece a sua utilização como árvorede sombra para o cacaueiro, que por ser uma espécie de sub-bosque,normalmente o seu cultivo requer um sombreamento de qualidadeindispensáveis ao crescimento, desenvolvimento e produção das plantas.Todavia, a adequação deste sistema agroflorestal é imprescindível para osucesso do empreendimento, devendo-se observar uma combinação defatores tais como: a escolha das variedades clonais, o manejo cultural, odispositivo dos plantios e a densidade de plantas.

DISPOSITIVOS DE PLANTIO E VARIEDADES CLONAIS

Arranjos de plantio vêm sendo desenvolvidos e testados pela CEPLACpara o plantio simultâneo de ambas as culturas e para a substituição porseringueiras do sombreamento permanente formado por eritrinas (Marqueset al., 2004). Nesta última situação propõem-se alternativas deespaçamentos em que a densidade de plantas varie conforme a topografiado terreno e o tamanho da área (Tabela 1). Maiores rendimentos podemser esperados considerando ajustes no manejo cultural e, maisprecisamente, da variedade clonal a ser utilizada como árvore de sombra,de maneira que não apresentem competição entre si, o que certamenteinviabilizaria tecnicamente a adoção desse sistema agroflorestal.

Tabela 1 – Dispositivo de plantio da seringueira em linhas simples e renques duplos.

Espaçamento

da seringueira

Plantas/hectare

Espaçamento daseringueira

Plantas/hectare

9,0 m x 2,5 m 444 9,0 m x 3,0 m 370

12,0 m x 2,5 m 333 12,0 m x 3,0 m 277

15,0 m x 2,5 m 267 15,0 m x 3,0 m 222

*15 m x 3,0 m x 2,5 m 444 *15 m x 3,0 m x 2,5 m 370

* Apenas neste espaçamento em renques duplos há redução do estande de cacaueirospara 780 plantas/hectare, nos demais será mantida a mesma densidade de 1111 plantas/hectare.

12

Os clones de seringueira devem apresentar característicasagronômicas importantes tais como: precocidade, alta produção deborracha, resistência a doenças foliares, arquitetura adequada de copa ebaixa densidade foliar o que proporcionaria um sombreamento maisadequado e de qualidade para o cacaueiro. Os clones da série SIAL (893,839, 931 e 1005) reúnem todas estas características e, por isso, estãosendo indicados para a substituição das eritrinas. Dentre estes, o SIAL1005 tem apresentado um crescimento excepcional com uma taxa médiaanual de 9,0 cm e uma boa formação de fuste, o que permite oaproveitamento da sua madeira após a exploração do ciclo econômico daborracha.

CUIDADOS, VANTAGENS E POTENCIALIDADES DA SUBSTITUIÇÃO

A CEPLAC está tendo o cuidado de recomendar este modelo somentepara aquelas áreas em que não há impedimentos físicos à consorciaçãoe que apresentem solos profundos e bem drenados. Chama a atençãotambém para o fato de que, até atingirem a maturidade produtiva, as duasculturas requerem cuidados técnicos e maior aporte de recursosfinanceiros. Para amortizar os custos nos anos iniciais recomenda-setambém que se faça a intercalação com outras culturas de ciclo curto e/ou semiperene, especialmente quando se trata de agricultores de baixarenda. Na fase produtiva do seringal, cuidado especial deve ser dispensadono tratamento preventivo de doenças fúngicas que ocorrem no painel, poisambos as culturas são suscetíveis ao ataque de Phytophthora sp,principalmente em períodos de alta umidade relativa do ar.

As vantagens agronômicas que este sistema oferece são: Fixação dohomem e de sua família no campo – as duas atividades são de longo ciclode exploração econômica e demandam trabalhos contínuos; Tratosculturais – aqueles normalmente dispensados aos cacaueiros atendemplenamente às necessidades fisiológicas de ambas as culturas;Flexibilidade da comercialização - os dois produtos podem sercomercializados em épocas mais favoráveis e durante todo o ano; Melhoriasnas condições ambientais – promove melhorias nas propriedades físicasdo solo, maior reciclagem de nutrientes e, ainda, possibilita odesenvolvimento de um microclima mais favorável à proliferação depolinizadores naturais, a microfauna do solo. Evita desmatamentos - a

13

adoção desse sistema não implica na incorporação de novas áreas aoprocesso de produção, causando assim menor pressão ambiental, o queo torna mais atrativo sobre aspectos prático, econômico, social e, maisespecificamente, ecológico.

A potencialidade do sistema reside na sua capacidade de promovertodas as melhorias possíveis a um custo extremamente reduzido quecorresponde, no máximo, até 30% a mais do custo da implantação docacau solteiro, pois implica apenas no pagamento das despesas extrascom a mão-de-obra para derruba e retiradas das árvores de sombra(eritrinas), balizamento, abertura de covas e plantio e na aquisição e/ouprodução de mudas enxertadas. O produtor poderá, ainda, amortizar osgastos extras pela comercialização da madeira proveniente das árvoresde sombra retiradas, o que na região já vem sendo feito para diversos fins.Além disso, este sistema está ecologicamente correto, pois a substituiçãodas eritrinas por seringueiras em áreas de cacau, especialmente onde háirregularidades no sombreamento, não causará qualquer impactoambiental, pelo fato de ser uma espécie exótica ao ecossistema cacaueiro.Tampouco comprometerá a sua preservação, já que a sua substituição sóserá feita em até 40% da área total.

REPERCUSSÃO DA SUBSTITUIÇÃO

Estima-se um déficit da ordem de três milhões de toneladas de borrachapara atender à crescente demanda mundial na segunda década do séculoXXI. Este cenário abre amplas perspectivas para a expansão daheveicultura nacional. E dentre as regiões produtoras, o sudeste baianooferece as melhores condições para a expansão desses agronegócios, oque certamente colocará o país numa posição de destaque internacionaldessas duas commodities, simplesmente pela ampliação da área plantadacom seringueiras em sobreposição às áreas de cultivo com cacau. Seações governamentais forem implementadas desde então, espera-se que,nos próximos 10 anos, haja um aumento real de produção de borracha detrês a quatro vezes maior que a atual. Igualmente esperam-se aumentossignificativos em produção e produtividade de cacau, apenas com amelhoria da qualidade do sombreamento, associada à renovação daslavouras de cacau por variedades mais produtivas e resistentes a doençase à recomposição do estande.

14

LITERATURA CONSULTADA

ALVIM, R. 1989. O cacaueiro (Theobroma cacao L.) em sistemasagrossilviculturais. Agrotrópica 1(2): 89-103.

MARQUES, J.R.B e MONTEIRO, W.R. 2003. Substituição da Eritrina poroutras Espécies Arbóreas de Valor Econômico – Um EnfoqueSustentável de Modernização Agrícola, 25ª Semana do Fazendeiro.EMARC – Uruçuca, BA, 2003. Agenda Técnica - Produzir, Alimentar,Vender e Conservar. CEPLAC/EMARC. pp. 143 – 147.

MARQUES, J.R.B.; MONTEIRO, W.R. M.H.S. I.C.L.B. 2004. Proposta paraa substituição da eritrina por seringueira (Hevea sp.) em sistemaagroflorestal contínuo com o cacaueiro (Theobroma cacao) na Bahia.In: V Congresso Brasileiro Sistemas Agroflorestais. “SAFs:Desenvolvimento com proteção Ambiental” Documentos pp. 368-370.

15

CULTIVO E CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS DOCOQUEIRO

Joana Maria Santos Ferreira

INTRODUÇÃO

O coqueiro, Cocos nucifera L. é uma cultura de grande importânciapara a região Nordeste do Brasil pelo seu elevado potencialsocioeconômico. É uma planta perene, de grande versatilidade e cultivadaem sua grande maioria por pequenos produtores. Cerca de 96% daprodução mundial vem de propriedades de 0,5 a 4 hectares, o que mostrasua importância relativa para aqueles produtores, que tem nesta culturasua principal fonte de renda (Pershly, 1992). No Brasil, gera em torno de100.000 empregos diretos e indiretos, além de ser fator decisivo de fixaçãodo homem no meio rural. Trata-se de uma planta bastante adaptada ascondições adversas de clima e de solo nas quais é cultivada, onde resistebem a longos períodos de estiagem e cresce satisfatoriamente em regiõesde solos pobres e de solos salinos. Apesar da baixa produtividade registradano Brasil (20 a 35 frutos/planta/ano) a cultura do coqueiro é uma atividadeagrícola que atraiu, nos últimos anos, grandes investidores em virtude doseu potencial produtivo, podendo atingir 120 ou mais frutos/planta/ano commaterial genético melhorado e técnicas adequadas de cultivo, e peladiversificação de uso de seus produtos e subprodutos, na indústria químicae de alimentos, na construção civil, na forma de artesanatos diversos etambém como fonte de energia. Por seus múltiplos usos o coqueiro éconsiderado a “Arvore da Vida” (Ohler, 1986).

Embrapa Tabuleiros Costeiros. Av. Beira Mar, 3250. CEP 49025 040, Aracaju/[email protected]

16

CULTIVO DO COQUEIRO

A muda de coco é um insumo básico de grande importância cuja escolhaacertada pode condicionar a viabilidade econômica da plantação. Plantara semente “bola” diretamente no campo, utilizar mudas raquíticas, estioladas,doentes e/ou já praguejadas são situações que devem ser evitadas, pois,irão refletir negativamente na precocidade e na produtividade das plantas.Uma boa muda de coqueiro tem que ter como atributos específicos,qualidade, sanidade e legitimidade da semente (gigante, híbrido, anão) e seradquirida de viveirista idôneo. Pode ser produzida pelo sistema tradicionalde germinadouro e viveiro, em raízes nuas ou em sacos plásticos, etransferidas para o campo com até um ano de idade, 6 a 7 folhas vivas ebom desenvolvimento do coleto ou produzidas pelo sistema alternativo.Quando se faz opção pelo sistema alternativo as mudas são transplantadasmais cedo, com 5 a 6 meses de idade e 3 a 4 folhas vivas, diretamente dogerminadouro para o campo. Nestas condições apresenta maior teor dereservas no endosperma da semente e menor transpiração das folhas, oque permite um maior índice de pegamento da muda no campo semcomprometimento da sua qualidade, além da vantagem de reduzir custoscom mão de obra, transporte e uso de insumos (Fontes, et al., 2002). Trata-se de um sistema de produção simples, acessível e de comprovada eficácia.

O terreno para implantação do coqueiral deve ter relevo plano ou compouca declividade e ser profundo e bem drenado. As covas de plantiodemarcadas, abertas e preparadas com 30 dias de antecedênciaobedecendo ao espaçamento entre plantas (densidade) preconizado paracada variedade/cultivar, bem como, o sentido Norte-Sul paraestabelecimento da linha principal de plantio de forma a possibilitar melhoraproveitamento da luminosidade. A escolha do material genético estádiretamente condicionada a finalidade da produção (Tabela 1). A demandapela indústria e uso domestico in natura é essencialmente de frutos docoqueiro-gigante e do coqueiro-híbrido, pelo tamanho do fruto e espessurado albume sólido. Os frutos do coqueiro-anão são preferencialmenteutilizados para consumo de água, pelo seu sabor, mas, recentementeseus frutos também estão sendo aceitos pela indústria. Embora essavariedade apresente na indústria menor rendimento/fruto, essa perda écompensada pela sua maior produtividade (número de frutos/planta).Produção/variedade constantes na Tabela 1 podem ser obtidas na ausênciade fatores estressantes à cultura.

17

Tradicionalmente o coqueiro era cultivado de forma semi-extrativista,sem obedecer a espaços definidos entre plantas, sendo utilizado emalgumas situações o plantio em quadrado com 10m de lado,correspondendo a 100 plantas/ha. Hoje, o sistema de cultivorecomendado é mais adensado, implantado em triângulo eqüilátero,propiciando aumento de 15% no número de plantas por área e aumentode produtividade da cultura, gerando conseqüentemente, maiordemanda por água e nutrientes. Como desvantagem este sistemafavorece a formação de microclima úmido favorável ao desenvolvimentode doenças, principalmente, as fúngicas. Em áreas de novos plantiospode-se obter bons resultados modificando o sistema de plantio detriângulo eqüilátero para retângulo ou quadrado a fim de proporcionarmaior luminosidade e permitir a consorciação de culturas de ciclo curtonas entrelinhas de plantio sem os problemas de sombreamentonormalmente observados nos sistemas mais adensados, gerando assimreceita adicional ao produtor e beneficiando indiretamente a cultura docoqueiro (Fontes, 2005).

As praticas de manejo vão depender da natureza do solo, topografiado terreno, espécies de plantas daninhas predominantes, disponibilidadede mão-de-obra e condições financeiras do produtor. A pratica daadubação é fundamental no manejo da plantação e deve ser feita combase na análise de solo e folhas e a freqüência de acordo com o sistemade cultivo adotado. Os nutrientes (químicos e/ou orgânicos) devem serespalhados na zona do coroamento da planta e incorporados ao solo. Ouso da tecnologia da irrigação é indispensável à exploração do coqueiro,principalmente, nas áreas com irregularidade de chuvas e lençol freáticoprofundo (>3m).

Variedade/Cultivar

Espaçamento(m)

Densidade do plantio(plantas/ha)

Produtividade(frut/plant/ano)

Finalidade

Quadrado Triângulo

Gigante 9,0 123 143 60 Coco-seco

Híbrido 8,5 138 160 =120 Coco-seco e

Anão 7,5 177 205 =150 Coco-verde

Coco-verde

Tabela1

18

AS PRAGAS

As pragas são responsáveis por perdas consideráveis na plantação epodem afetar a planta nas diversas fases de seu desenvolvimento,crescimento e produção. Bondar (1940) relatou 75 espécies associadasao coqueiro no Brasil, sendo que destas, somente cerca de 15% podemcausar danos econômicos suficientes para serem consideradas pragas.A capacidade reprodutiva da maioria dessas espécies pode constituir umaameaça eminente para uma plantação de coco, principalmente, quandose registra na região, a ausência de fatores naturais de mortalidadeprovocada ou pela intervenção desastrosa do homem ou pelas condiçõesadversas do clima. Na planta se alimentam em partes específicos, seja,da folhagem, das flores, dos frutos, do estipe ou das raízes causandoatraso no desenvolvimento da planta, perda ou atraso na produção e morte.Algumas dessas espécies têm preferência pela planta jovem, por seustecidos mais tenros, enquanto outras preferem as mais velhas e emprodução. Os surtos de pragas no coqueiro são favorecidos por diversosfatores, dentre os quais: i) a produção contínua e mensal de folhas e apermanência prolongada dessas estruturas vegetais na planta, fazendocom que a planta tenha sempre sua copa formada por folhas jovens, folhasem estágio de maturação (intermediárias) e folhas em senescência (maisvelhas); ii) a emissão contínua e mensal de inflorescências que dão origemaos cachos dos frutos, cachos estes presentes na planta em diferentesgraus de maturação; e iii) ao não sincronismo das emissões florais dentroda plantação, o que torna o coqueiro bastante suscetível à ação de diversasespécies-praga. Entre estas, destacam-se aquelas associadas aos frutosdo coqueiro, como os ácaros Aceria guerreronis e Amrineus cocofolius ea traça Hyalospila ptychis, as associadas a partes especificas da planta,como as brocas, Rhinostomus barbirostris, Rhynchophorus palmarum,Homalinotus coriaceus e o Amerrhynus ynca, e alguns desfolhadores(Brassolis sophorae), sugadores, raspadores, entre tantas espécies; todasamplamente distribuídas no Brasil, ocasionando perdas, inclusive nasregiões Sudeste e Norte, onde a cocoicultura teve rápida expansão, nasduas últimas décadas.

Nos frutos os ácaros provocam necroses marrom-escuras comrachaduras longitudinais e deformações que depreciam seu valor nomercado de coco verde, reduzem o peso do albúmem sólido e o volumeda água afetando o produto destinado a industria, além de provocar a queda

19

dos frutos antes da colheita. A ação conjunta dos dois ácaros-praga sobreos frutos do coqueiro pode resultar em grandes perdas na produção. Váriosacaricidas organofosforados já foram testados para A. guerreronis, poucosse mostraram eficientes e a maioria demonstraram potencial para induzirsurtos de pragas secundárias. O uso alternativo de óleo de algodão brutoa 1,5% + detergente neutro a 1%, testado por Chagas (2002) erecomendado em pulverizações quinzenais (3 a 4) e com pulverizaçõesde manutenção a cada 30 dias é o método mais eficaz de controle dosácaros do coqueiro. Moléculas químicas testadas para controle do A.cocofolius foram eficientes com apenas uma pulverização; outras requeremduas pulverizações em intervalos quinzenais (Ferreira et al., 2004a). A traçaH. ptychis ataca principalmente as flores femininas recém-abertas e osfrutos novos, causando na maioria das vezes, a queda prematura destasestruturas vegetais; frutos que atingem a maturação se deformam, perdempeso e o valor comercial. A ação desta praga chega a causar perdas deaté 50% da produção e seu combate é feito unicamente com princípiosativos, de amplo espectro de ação e sem eficiência comprovada.

As brocas causam sérios danos ao coqueiro. A broca-do-olho R.palmarum, encontra-se largamente distribuída nos coqueirais brasileiros.A planta é danificada tanto pela larva quanto pelo adulto, principal vetor dadoença letal “anel-vermelho”, transmitida pelo nematóide Bursaphelenchuscocophilus. Nas áreas epidêmicas, o período de surto da doença semprecoincide com o de alta população do vetor. Vários são os métodos utilizadospara controle, dentre os quais se destaca o uso do feromônio de agregaçãoRincoforol associado a iscas de tecidos vegetais com poder defermentação, que servem tanto para fazer o monitoramento da praga naárea quanto para reduzir significativamente sua população nas plantaçõesde coqueiro e de dendezeiro. O fungo Beauveria bassiana é um agentenatural com grande potencialidade de reduzir a população da broca emcampo. Sua liberação em programas de controle da praga pode ser feitatanto via machos infectados como através de iscas atrativas inoculadas.Nesta última técnica, os adultos são atraídos para as armadilhas deautocontaminação, e uma vez contaminados nas iscas passam a atuarcomo vetor do patógeno causando infecção na população ao se agregarcom outros indivíduos dessa espécie (Ferreira, 2004b). A broca R.barbirostris se desenvolve no interior do estipe onde forma galerias quereduzem a circulação da seiva e enfraquecem a região danificada do estipecausando a quebra da planta pelos ventos fortes. O adulto tem hábito

20

noturno e durante o dia fica escondido na copa da planta. Plantas quebradase/ou mortas pela ação da praga devem ser imediatamente cortadas equeimadas. Esta é uma medida profilática trabalhosa, mas, extremamentenecessária para conter o aumento da população da broca. O habito minadordas larvas e a escassez de equipamentos capazes de atingir a copa daplanta a dezenas de metros de altura e matar o adulto que se abriga nasaxilas das folhas são fatores que dificultam a obtenção de medidas eficazespara controlar a praga na lavoura. Os danos da broca H.coriaceus emcoqueiro começam a partir do início da produção da planta. A larva, aoeclodir, penetra no pedúnculo pelas laterais e danifica os tecidosseccionando os vasos liberiano-lenhosos, interrompendo a passagem daseiva para o cacho. Isto provoca o abortamento de flores femininas e quedade cocos e até do cacho inteiro. Fazendo-se dissecação folha a folha deuma planta atacada encontram-se todas as fases de desenvolvimento doinseto. O adulto fica abrigado durante o dia nas bainhas foliares e seucontrole é realizado através de pulverizações trimestrais usando produtosquímicos com ação de contato direcionando a calda para a região dasaxilas foliares da planta infestada. Em geral, é difícil controlar espécies-pragas que constroem galerias no interior do estipe ou na região da copada planta. De certa forma, os locais nos quais as larvas se alojam, protege-as contra tratamentos químicos, principalmente, quando os produtosusados têm ação de contato.

Espécies que danificam as folhas do coqueiro provocam desfolhamento,secamento e conseqüentemente redução da área foliar e atraso nodesenvolvimento da planta. Ataques da lagarta das folhas, B. sophoraecausa atrasos na produção em ate 18 meses. As lagartas se refugiamdurante o dia dentro de ninhos (bolsas) que tecem com fios de sedarevestidos por vários folíolos e que ficam pendurados nas folhas. Fazer acatação manual desses ninhos é uma medida apropriada para conter apopulação da praga. Por se tratar de uma praga rica em inimigos naturaisé recomendável fazer tratamento com bioinseticidas a base de Bacillusthuringiensis ou B. bassiana durante os surtos da praga visando reduzirsua população e ao mesmo tempo preservar sua entomofauna benéfica.

Alem das pragas, o coqueiro está sujeito à ação de várias doenças.Dentre as mais importantes destacam-se as doenças foliares (queima-das-folhas, lixa-pequena e lixa-grande) causadas por fungosfitopatogênicos. A associação dessas doenças provoca a morte prematuradas folhas do coqueiro. Em conseqüência, os cachos ficam sem

21

sustentação, envergam e os frutos caem antes de completar suamaturação. A planta doente não morre, mas, perde cerca de 50% dassuas folhas, o que reflete significativamente na produtividade e na vida útilda planta. Não existem medidas eficazes no controle das doenças foliares.

O Anel-vermelho é uma doença letal encontrada em toda regiãoprodutora de coco das Américas Central e do Sul e nas ilhas do Caribe.Tem como agente causal o nematóide Bursaphelenchus cocophilus.Folhas com coloração avermelhada, partindo das folhas mais velhaspara as mais novas, e a presença de um anel marrom-avermelhado naparte interna do estipe são os principais sintomas da doença. O controleda doença é obtido com a adoção das seguintes medidas: erradicaçãode plantas mortas, com sintomas da doença ou não; desinfecção dasferramentas utilizadas no corte das plantas doentes; não causarferimentos em plantas sadias; tratar ferimentos com piche ou óleoqueimado; e, usar armadilhas atrativas contendo cana mais o feromôniode agregação Rincoforol para capturar a broca-do-olho principalresponsável pela transmissão da doença no campo.

A Murcha-de-fitomonas é uma doença causada por protozoário. Ossintomas da doença se iniciam a partir das folhas mais baixas para asmais altas e da extremidade para a base da folha. As folhas vão ficandoamareladas e com a progressão da doença tornam-se marrons-avermelhadas, coloração esta que varia a depender da variedade da planta.As inflorescências tornam-se necrosadas e secas, ocorrendo à quedaprematura dos frutos. A inflorescência da espata fechada encontra-se parcialou totalmente enegrecida, sintoma este característico da doença. Comoprincipais medidas de controle recomendam-se: a erradicação das plantasdoentes; eliminação das plantas daninhas; limpeza das plantas sadiasretirando-se as folhas secas que servem de abrigo ao percevejo vetor; e,controle químico do vetor a cada três meses.

A Podridão-seca é doença grave, principalmente, em coqueiro jovem,de etiologia ainda desconhecida, mas, provavelmente, causada por umfitoplasma. O sintoma externo da doença caracteriza-se pela paralisaçãodo crescimento e pelo secamento da folha central. Internamente, apareceno coleto, lesões internas de coloração marrom com aparência de cortiça.Para prevenir a disseminação da doença no plantio recomenda-se procederà erradicação das plantas doentes, evitar a instalação do viveiro em locaisúmidos, eliminar ervas daninhas, principalmente, as gramíneas; e, realizaro controle químico do inseto vetor.

22

Nos plantios tradicionais de coco, o baixo rendimento obtido com a culturafaz com que o pequeno produtor aceite naturalmente as perdas ocasionadaspelas pragas e doenças sem investir em medidas de controle; comoconseqüência estas propriedades tornam-se focos de multiplicação dessesorganismos. Nos plantios comerciais esta atitude não prevalece, pois a metaé atingir altas produções. Neste caso, o recurso utilizado de imediato é apulverização com produtos químicos, apesar dos riscos de poder acarretarsérios problemas, como ressurgência em pragas-chaves, surtos de novaspragas devido à eliminação de seus inimigos naturais, além do surgimentode resistência aos produtos rotineiramente utilizados, intoxicações dosoperários e animais, danos ambientais e risco à saúde dos consumidores.

Na agricultura, é prática comum, a utilização indiscriminada e abusivade um grande número de defensivos agrícolas no combate as pragas edoenças visando à obtenção de grandes colheitas, o que contribui para aocorrência de surtos mais constantes e graves na plantação. A tendênciamoderna é buscar soluções alternativas que sejam práticas, viáveis e demenor agressão ao meio ambiente. É nesse contexto, que se considera apresença dos agentes naturais de controle biológico, como forma de utilizarrecursos que a natureza dispõe e precisa para sua auto-sustentabilidade.Nos últimos anos, tem-se identificado em vários países do mundo algunsinimigos naturais das pragas de coqueiro, sendo estudada a possibilidadede utilização destes agentes em programas de controle biológico visandominimizar os efeitos deletérios causados pelo uso indiscriminado dosdefensivos agrícolas ao meio ambiente e nas populações rurais e urbanas.A crescente demanda pela proteção ambiental tem sinalizado para a adoçãode métodos alternativos de controle de pragas e doenças no que se refereà proteção das colheitas, sem contudo, excluir a utilização dos produtosquímicos, desde que, utilizados de forma racional.

Poucos são os produtos oficialmente registrados no Brasil para usoem coqueiro, muito embora, inúmeros trabalhos de pesquisa tenhamdemonstrado, ao longo dos anos, a eficiência de várias moléculas nocontrole de espécies-pragas e de doenças. Importante advertência se fazao uso de produtos clorados ou com moléculas de cloro, a despeito dosresultados satisfatórios alcançados pela pesquisa. Convém alertar queprodutos dessa natureza estão proibidos em quase todo o mundo, inclusiveno Brasil, pelo Ministério de Agricultura e do Abastecimento, em publicaçãono Diário Oficial da União, de 20 de fevereiro de 1987, por se tratar deprodutos extremamente perigosos para o homem e para o meio ambiente.

23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONDAR, G. Insetos nocivos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera L.)no Brasil. Salvador: Tipografia Naval, 1940. 156p.

CHAGAS, M.C.M.; BARRETO, M.F.P.; SOBRINHO, J.F.S.; GUERRA, A.G.Controle de pragas associadas à queda de frutos do coqueiro (Cocosnucifera L.). In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, 17. Belém, PA,2002. Anais ....CD-Rom, 27p.

FERREIRA, J. M. S.; ARAÚJO, R. P. C. de; SARRO, F. B. Perspectivaspara o uso de fungos entomopatogênicos no controle microbiano daspragas do coqueiro. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2001.24 p (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Circular Técnica, 26).

FERREIRA, J.M.S.; ARAÚJO, R.P.C; MICHEREFF FILHO, M.; SARRO,F.B.; MICHEREFF, M.F.F. Controle químico do ácaro da mancha anelardo fruto do coqueiro. In : CONGRESSOS BRASILEIROS DEFRUTICULTURA, 20. 2004. Florianópolis, SC. Resumo expandido.CD-ROM.

FERREIRA, J.M.S. Controle biológico do Rhynchophorus palmarum, agentetransmissor do nematóide causador do anel-vermelho-do-coqueiro.Congresso Brasileiro de Fruticultura, 17, 2002, Belém, PA, Anais...CD-ROM, 27p.

FONTES, H.R.F.; FERREIRA, J.M.S.; SIQUEIRA, L.A. Sistema de produçãopara a cultura do coqueiro. Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2002. 63p(Embrapa Tabuleiros Costeiros: Sistema de produção, 01). Disponívelem http/www.cpatc.embrapa.br

FONTES, H.R.F. Densidades e sistemas de plantio utilizados na culturado coqueiro no Brasil. Disponível em http/www.boletimpecuario.com.br/a r t i gos /s h o w a r t i g o . p h p ? a r q u i v o = a r t i g o 1 2 5 2 . t x t ; h t t p /www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=269.

PERSLEY, G. J. Replanting the tree of life; towards an international agendafor coconut palm research. C. A. B. International 1992, UK: RedwoodPress Ltd, Melksham, 1992. 156p.

OHLER, J.G. Coconut, tree of life. Roma : FAO, 1984. 446p

24

PRODUÇÃO DE FRUTOS DE AÇAÍ, JUÇARA E PUPUNHA

Maria das Graças Conceição Parada Costa Silva

INTRODUÇÃO

A produção de frutos de açaizeiro (Euterpe oleracea Marth), de juçara(Euterpe edulis Mart) e de pupunheira (Bactris gasipaes Kunt) é umaatividade ainda sem expressão econômica na região, mas que apresentagrandes possibilidades de expansão em virtude da alta demanda domercado e das ótimas condições ambientais existentes.

Entre estes, o açaí é o mais conhecido fora da sua região de origem,norte do Brasil, graças à farta divulgação na mídia das suas propriedadesnutritivas e energéticas. O uso da polpa de açaí está generalizada em todoo país e o cultivo do açaizeiro e o processamento do seu fruto, estão sendofomentados em vários estados brasileiros, principalmente no sul da Bahia.

O uso da polpa do fruto de juçara, que tem qualidades nutritivas eenergéticas similares às do açaí, é incipiente na região porque a maioriada população ainda não conhece essas suas propriedades. Embora estejasendo divulgado na mídia e em eventos agropecuários, a escassez defrutos de juçara para processamento, como conseqüência do extrativismodo palmito que ainda ocorre na região, limita o uso.

O fruto da pupunheira, conhecido como pupunha, é largamenteconsumido na região amazônica e em outros países da América do Sul ena América Central, onde é encontrada em estado nativo. Embora o palmitoseja atualmente o principal produto da pupunha em termos econômicos,nas regiões de origem, o fruto continua sendo o principal produto deconsumo.

Engª Agrônoma, MSc Ceplac/Cepec/Sefop . Km 22 Rod Ilhéus – Itabuna. Cx Postal 07CEP 45600-970. Itabuna, Bahia. E-mail: [email protected]

25

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS E USOS DOS FRUTOS DAJUÇARA, AÇAÍZEIRO E PUPUNHEIRA NA ALIMENTAÇÃO

1. JUÇARA

A juçara é uma palmeira unicaule, isto é, não produz perfilhos, o quesignifica que a extração do palmito implica no sacrifício da planta. Essaatividade quando é realizada sem critérios ou sem cuidados com asustentabilidade ambiental, pode comprometer a continuidade da espéciee de vários animais que se alimentam de seus frutos. Quando feita destaforma, essa atividade tem o nome de extrativismo, e é considerado crimeambiental, previsto na Lei de Crimes Ambientais - Lei 9.605 de fevereirode 1998. A curto prazo, uma possibilidade de agregar recursos financeirosaos remanescentes florestais onde existe juçara, seria a colheita de frutospara produção de polpa.

O uso da polpa da juçara é similar ao uso da polpa de açaí na região:puro ou misturado com outras polpas de frutas regionais, com granola,guaraná em pó, como sorvete, pudim, entre outros. A escassez de frutospara beneficiamento da polpa é um dos gargalos para a expansão dessaatividade, além da falta de divulgação das propriedades nutritivas da polpado fruto da juçara, comprovadas em análises realizadas pelo Laboratóriode Tecidos Vegetais da Ceplac por Silva et al. (2004) como mostram astabelas abaixo:

Tabela 1. Composição mineral da polpa dos frutos de açaí e juçara, na Matéria Seca.

Elementos minerais

Fonte: Ceplac/Cepec/Sefis, 2004P= fósforo; K= potássio; Ca= cálcio; Mg= magnésio; Fe=ferro; Zn=zinco; Cu= cobre; Mn= manganês.

EspéciesP

(g/kg)K

(g/kg)Ca

(g/kg)Mg

(g/kg)Fe

(mg/kg)Zn

(mg/kg)Cu

(mg/kg)Mn

(mg/kg)

açaí 1,4ª 7,4 b 4,8ª 1,4ª 328,5 b 10,1 b 20,4ª 34,3ª

Juçara 0,8b 12,1ª 4,3ª 1,5ª 559,6ª 12,2ª 14,0 b 43,4ª

26

Pesquisas realizadas por outros autores, constaram teor de antocianina,pigmento presente em ambos frutos, em maior quantidade na juçara(Laderoza et al. 1992). Esse pigmento pertence à família dos flavanoides,que possui função antioxidante e anti-radical que asseguram uma melhorcirculação sanguínea e protegem o organismo contra o acúmulo de placasde gordura. As antocianinas possuem ainda capacidade de adiar as perdasde memória, da coordenação motora, perda da visão e diminuem os efeitosdo mal de Alzheimer (Rogez et al. 2000).

A extração da polpa e os cuidados pós-colheita seguem os mesmosprocedimentos realizados para a extração da polpa de açaí.

2. AÇAÍ

O açaizeiro é uma palmeira que produz inúmeros perfilhos formandotouceiras, que são manejadas para a extração de palmito. Face à pressãodos órgãos ambientais, vários projetos de manejo sustentável dos açaizaisestão sendo implementados no Pará, visando principalmente à produçãode frutos, que além do alto consumo local, (no meio rural o açaí éconsumido três vezes ao dia) tornou-se produto de exportação para váriosestados do Brasil e para o exterior do país.

A polpa de açaí é consumida pelos habitantes da região amazônicacom farinha de mandioca ou tapioca, com peixe frito, no feitio de sorvetes,pudins, doces, entre outros, porém, sempre o açaí puro, sem misturarcom outras frutas como é usado nas regiões sul e sudeste do país. Nestasregiões, a preferência é o açaí misturado com granola, banana, guaraná,originando o “açaí na tigela”, ou como suco, sempre misturado com outraspolpas mais conhecidas.

Açaí 4,8ª 77,6ª 10,2b 130,90b 152,93

Juçara 4,7ª 67,2b 12,08ª 137,80ª 155,74

Tabela 2. Características químicas da polpa de açaí e juçara na matéria seca.

Fonte: Ceplac/ Cepec/Sefis

pH Proteínag/kg

Açucares tot.g/kg

Lipídiog/kg

CaloriaKcal/100gEspécies

Características química

27

Procedimentos do processamento da polpa:1. Colheita dos cachos;2. debulhamento dos frutos;3. lavagem em água corrente e de boa qualidade;4. imersão em água morna (40º C) por 15 minutos para amolecimento

da polpa;5. despolpamento em maquinário apropriado, ou, quando em pequenas

quantidades, em liquidificador sem o cortador de hélice ou em peneira demalha grossa, amassando manualmente os frutos. O tempo de batimentonão deve ser demorado (4 a 6 minutos), para evitar alteração na qualidadeda polpa;

6. se a extração for manual o produto deve ser coado; as despolpadeirasmecânicas possuem sistema de filtragem e o produto já sai isento deimpurezas;

7. o produto obtido deve ser usado imediatamente ou conservado sobcongelamento.

3. PUPUNHA

A pupunheira também é uma palmeira que perfilha e pode chegar a 20metros de altura. No Brasil, na região amazônica e no Peru, Costa Rica,Equador, Colômbia, entre outros da América Tropical, a pupunha é muitoapreciada e consumida, constituindo-se em valoroso alimento para essespovos.

A pupunha é um fruto carnoso, muito rico em nutrientes, principalmenteem caroteno, precursor da vitamina A e não pode ser consumido cru,porque possui uma enzima, que inibe a digestão das proteínas, e um ácidoque irrita a mucosa da boca. Normalmente é consumido simplesmentecozido com água e sal, podendo ser acompanhado de manteiga, maionese,mel e geléia. Pode ser usada como legume, em ensopados, em sopas,vitaminas, entre outros. Como farinha, é usada nos feitios de diversasiguarias domésticas e no acompanhamento de alguns pratos emsubstituição à farinha de mandioca.

Procedimentos para se obter a farinha, em nível caseiro:1. Lavar os frutos em água de boa qualidade;2. abrir os frutos em bandas para sacar as sementes;

28

3. Descasca-los e coloca-los para cozinhar por aproximadamente 30minutos.

4. Após o cozimento, colocar os frutos para escorrer a água e paraesfriar.

5. Se o fruto estiver muito úmido, devem ser colocados para secar umpouco ao sol ou em forno médio a mínimo, por 5 a 10 minutos.

6. Passar o fruto no moinho ou no ralo, peneirando em seguida, sequiser um produto fino tipo amido de milho. Está pronta para ser usada emfeitios de bolo, pão, paçoca, canjica, mingaus, entre outros.

Para uso imediato da farinha, sem necessidade de secagem, devem-seutilizar frutos mais secos, não muito maduros e evitar cozimento excessivo.

Procedimentos para se obter a farinha com grande quantidadede frutos

1. Abrir os frutos para sacar as sementes;2. Lavá-los em água de boa qualidade;3. Ralar os frutos cozidos no mesmo maquinário usado para a obtenção

da farinha de mandioca;4. Levar a massa ralada para secar em forno de farinha de mandioca

em temperatura branda por 40 a 45 minutos, mexendo continuamente paranão embolar;

5. Peneirar a massa seca para separar as cascas e outras impurezas,que podem ser fornecidas para animais de pequeno porte (galinha);

6. Esfriar e armazenar a farinha em vasilhames hermeticamente fechados.

COMO MANEJAR OS PALMITEIROS PARA PRODUÇÃO DEFRUTOS

1. JUÇARA

Como a juçara é nativa da Mata Atlântica, os frutos são encontradosnaturalmente nas populações que ainda existem nos remanescentesflorestais da região. Um dos cuidados que se deve ter, após a extração dapolpa, é em repor as sementes nas áreas onde os frutos foram colhidos.As sementes podem ser semeadas na mata a lanço, ou em pequenascovas abertas com a ponta do facão, em local não muito sombreado parapermitir o desenvolvimento mais rápido da planta.

29

2. AÇAÍ / PUPUNHA

1. Sementes: devem ser sadias de boa qualidade. A semeadura érealizada em canteiros compostos de areia e serragem curtida, em partesiguais, em local protegido da luz solar, próximo à água para facilitar a rega,que deve ser diária. A germinação inicia-se 30 dias após a semeadura(para a pupunha) e em poucos dias para o açaí.

2. Preparo da muda: os sacos de polietileno, com capacidade de 2 kg,devem ser cheios com terriço de boa qualidade ou enriquecido com estercode gado, na proporção de 1 parte para 3 de solo. Podem ser mantidas sobsombra de uma árvore frondosa ou em viveiro, com cobertura de palha ououtro tipo de cobertura.

3. A transferência da plântula para o saco de polietileno deve ocorrerantes do lançamento da segunda folha. Dois meses após essatransferência, adubar as mudas com pulverização ou regas, utilizando umasolução de 50 g de uréia para 10 litros de água. Aos 90 e 120 dias, pulverizarcom uma solução de 50 g de uréia e 30 g de cloreto de potássio, para 10litros de água.

4. As mudas devem ser mantidas sem ervas daninhas, e isentas depragas e doenças; o produtor tem que estar atento a qualquer sinal deanormalidade, e chamar um técnico para diagnosticar e indicar o defensivoapropriado.

5. Após 4 a 6 meses de viveiro, as mudas estão aptas para seremtransplantadas. Um mês antes, porém, faz-se um raleamento na coberturado viveiro, para adaptação das mudas às condições do campo.

6. O plantio é realizado em época de chuva, com mudas sadias evigorosas, apresentando altura entre 30 a 40 cm, com 5 a 6 folhas.

7. A área do plantio deve estar limpa e balizada no espaçamento de 4x 4, para o açaí, se for plantio solteiro ou de acordo com o espaçamentodo consorte, de maneira que o plantio não fique muito adensado paranão prejudicar a produção de frutos. A pupunha deve ser plantada a plenosol, no espaçamento 5 x 5 m (400 plantas / ha) estimando-se umaprodução de até 20 t de frutos / ha. É possível o plantio em SistemasAgroflorestais com cacau, cupuaçu, entre outras, onde a pupunha entracomo sombreamento para os consortes e o espaçamento será de acordocom a espécie consorciada. Pode ser implantados nas linhas de cultivo,inicialmente, inhame, batata doce, mandioca e outros cultivos de ciclocurto.

30

8. As covas, na dimensão de 40 x 40 x 40 cm, devem ser adubadascom 100 g de superfosfato triplo colocado ao fundo. Misturar na terra retiradados primeiros 20 cm, 5 litros de matéria orgânica e reencher a cova comessa mistura, 30 dias antes do plantio.

9. A adubação deve ser realizada de acordo com os resultados daanálise do solo. Mas, pesquisas realizadas na Ceplac (Reis, 1997), indicamas seguintes recomendações para a pupunheira, que por falta de resultadode pesquisa para o açaizeiro, o autor supra citado recomenda a mesmatabela, para as condições de solos regionais. (Quadros 1 e 2):

NUTRIENTES(kg / ha)

IDADE DAS PLANTAS(meses)40 46 52 58 64 70

Nitrogênio (N)150 150 150 150 150 150

Fósforo (P 2 O 5 )Mehlich (mg/dm 3 ): < 56 � 16

200100

--

200100

--

200100

--

Potássio (K 2 O)Mehlich (cmol/dm 3 ): <0,090,10 � 0,25

5025

5025

5025

5025

5025

5025

Fonte: Ceplac/Cepec. 1997

Quadro 2. critérios para adubação da pupunheira em produção.

Quadro1. Adubação de pupunheira nos três primeiros anos de desenvolvimento.

Fonte: Ceplac/Cepec.1997

IDADE DAS PLANTAS(meses)

2 4 8 12 16 20 24 28 34

Uréia 20 20 40 40 40 40 40 60 60

Superfosfato triplo - - - - 100 - - 100 -

Cloreto de potássio - 20 - 20 20 - 20 20 20

FERTILIZANTES(g / planta)

31

1. Algumas pragas e doenças ocorrem no plantio, e mais uma vez oprodutor deve consultar um técnico ao primeiro sinal de anormalidade naspupunheiras.

2. Nos plantios de frutos de pupunha, deixar além da planta matriz, 2 a3 perfilhos por touceira, que serão cortados para extração de palmito àmedida que apresentarem o diâmetro adequado. Quando a planta matrizapresentar altura que dificulte a colheita dos frutos, deve-se planejar deixaresses perfilhos para produzir frutos, em uma possível substituição da plantamatriz. Esse processo é seguido continuamente, ao longo do cicloreprodutivo da espécie.

3. Nos plantios de produção de frutos de açaí, a partir de dois anos decampo, retirar o excesso de perfilhos nas touceiras, eliminando os maisfracos e os mal formados, deixando 3 perfilhos por touceira de tamanhosdiferentes, bem distribuídos ao redor da planta, além da planta matriz, quedeve ser mantida até que a sua altura dificulte a colheita. Quando istoacontecer, deve-se planejar o corte da planta matriz e simultaneamente,deixar que novos perfilhos, em número máximo de 4 (um por ano), sedesenvolvam para a substituição dos perfilhos antigos. Todos os perfilhospotencialmente produzirão frutos, em número médio de 3 cachos porperfilho, pesando de 1,5 a 2 Kg de frutos / cacho. Se o produtor optar emproduzir fruto e palmito no mesmo cultivo, o recomendável é deixar 4 a 6perfilhos para serem manejados para palmito.

4. Colheita: a pupunha começa a produzir frutos a partir de 3,5 a 4 anosde campo. As primeiras produções geralmente apresentam muitos frutospartenocárpicos, (sem sementes), sendo alguns de coloração verde e deaspecto alongado e outros com aparência de fruto normal. Porém, com otempo, a tendência é diminuir essa incidência, pois os insetos que fazema polinização começam a ser colonizados na área, que aliada ao manejoadequado do plantio, promoverão a fecundação e o desenvolvimento defrutos normais. Os cachos devem ser aparados com lona para evitarcontaminação e perdas de frutos no impacto com o solo.

5. A colheita do açaí começa após 3,5 a 4 anos de campo, a dependerdo sombreamento do plantio. A pleno sol inicia mais cedo. Os cachostambém devem ser aparados com lona.

6.Tanto o fruto de pupunha como o de açaí é bastante perecíveis,principalmente o açaí, que mesmo sob refrigeração não se conserva pormais de 12 horas, sob pena de alteração da cor e do sabor. A pupunha não

32

deve ultrapassar 24 horas de colhida, em temperatura ambiente, pois comoé muita amilácea, pode ocorrer o processo de fermentação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IADEROZA, M. et al. Antocyanins from fruits of açaí (Euterpe oleracea,Mart) and juçara (Euterpe edulis mart). Tropical Science, London,England, 32, p. 41-46, 1992.

REIS, E. L. Adubação da Pupunheira para produção de palmito no Sul daBahia. Folder. Ceplac / Cepec, 1997.

ROGEZ, H. Açaí : Preparo, Composição e Melhoramento da Conservação.Belém, EDUFPA, 2000, 313 p.

SILVA, M. G. C. P. C.; BARRETTO, W. S.; SERÔDIO, M. H. CaracterizaçãoQuímica da Polpa dos Frutos de Juçara e de Açaí. In XVIIICONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. Florianópolis,Santa Catarina, 22 a 26 de novembro de 2004. Anais... CD ROOM,Florianópolis, SC, 2004.

33

CRIAÇÃO RACIONAL DE SUÍNOS

Elcir de Souza Alves

Engº Agrônomo - Especialização em Forragicultura e Pastagens; Professor deSuinocultura e Nutrição Animal CEPLAC/EMARC-UR. Rua Dr. João Nascimento S/N,Uruçuca-Bahia .

A criação de suínos, é uma atividade que requer cuidados específicospara que se tenha sucesso. Neste trabalho, abordaremos de forma sucinta,alguns aspectos técnicos, que ao nosso ver, servirão de subsídio paraaqueles que criam ou pretendem criar racionalmente suínos.

1.0 - Reprodução

1.1 - Idade para reprodução: Na espécie suína tanto as fêmeas comoos machos, das raças modernas, como Landrace, Large White, Duroc,Pietrain, Wessex e as marcas comerciais, quando bem alimentados, estãoem condições para a reprodução entre 7 a 8 meses de idade, pesando de110 a 120 kg de Peso Vivo. Quando a marrã (leitoa) apresentar o primeirocio, o criador deverá desprezar e esperar o segundo cio para realizar aprimeira cobertura da fêmea. O cio é caracterizado por modificaçõesgradativas nos órgãos genitais externos e internos, bem como nocomportamento do animal. Tanto a alimentação, o manejo, bem como ascondições ambientais, exercem grande influencia sobre a manifestaçãodo cio. De uma maneira prática, o criador observa os seguintes sintomas:

Inquietação da fêmea (nervosismo), vulva intumescida, avermelhada,micção constante, diminuição do apetite, montam e se deixam montar poroutras fêmeas, ao toque do homem em seu dorso ficam imóveis, procuramo macho e aceitam o macho. Esses são, portanto os sintomas externosvisíveis.

1.2 - Duração e intervalo entre cios: Na espécie suína a duração do cioé de 2 a 3 dias e o intervalo entre um cio e outro é de 21 dias;

34

1.3 - Momento ideal para se realizar a cobertura: O melhor momentopara se realizar a cobertura da fêmea é de 12 a 24 horas após os primeirossintomas do cio. De uma maneira prática, a fêmea que apresentar osprimeiros sintomas do cio pela manhã, poderá ser coberta na tarde domesmo dia, e uma segunda cobertura na manhã do dia seguinte. A queapresentar os sinais pela tarde, deverá ser coberta na manhã, e na tardedo dia seguinte.

1.4 - Cobertura: Seguindo as orientações descritas acima, o criadordeverá conduzir a fêmea para a báia do reprodutor ou para um piquetepróprio para que haja a monta. Durante a monta, o criador, deveráacompanhar e observando o tempo em que o macho ficou em cima dafêmea. Para que haja uma boa cobertura o tempo mínimo é de 5 minutospodendo se estender até 20 ou mais minutos. Após esse período a fêmeadeverá ser reconduzida para a sua báia, e para garantir melhor afecundação, deverá ser coberta pela segunda vez conforme descrito acima.

1.5 - Gestação: Uma vez fecundada, a gestação na espécie suína temduração de 114 dias, ou seja, 3 meses, 3 semanas e 3 dias. Durante operíodo de gestação, a fêmea adquire uma aparência melhor, ou seja, ospelos ficam mais sedosos, a barriga irá crescer, as tetas aumentarão devolume, aumenta o apetite fica mais dócil.

1.6 - Cuidados com a fêmea gestante: O ambiente em que a fêmeagestante deve ficar, há de ser, o mais tranqüilo possível, evitando: brigas,pancadas, ou quaisquer outra coisa que possa favorecer o aborto. Nesseperíodo, o manejo com a fêmea, deverá ser o mais técnico possível. Apósa cobertura fornecer ração de gestação na quantidade de 2,5 a 3,0 quilosde ração por dia, sendo metade pela manhã e a outra metade à tarde atéos 80 dias de gestação. De 80 a 112 dias de gestação, deverão receberração de lactação na quantidade de 3,0 quilos por dia, sempre metadepela manhã e metade à tarde. Nos últimos dias de gestação, ou seja, de112 a 113 dias, diminuir a ração para 2,0 quilos por dia. Já no dia do parto,não oferecer ração para a fêmea, deixar apenas água disponível. A fêmeagestante deverá ficar em sua báia ou em gaiola individual se for o caso,até uma semana antes do parto, quando então, deverá ser lavada comágua e sabão de coco e deverá ser conduzida para a maternidade a qual,deverá estar desinfetada com solução desinfetante à base de iodo. Umainformação importante é que 14 dias antes do parto quando a fêmea aindaestiver na báia de gestação, realizar a everminação, utilizando um vermífugode largo espectro.

35

1.7 - Parto: O parto normal na espécie suína tem a duração de 2 a 4horas, podendo em alguns casos ir até 6 horas o parto deverá seracompanhado pelo tratador, evitando-se com isso perdas desnecessáriasde leitões. Recomenda-se a partir dos 110 dias de gestação acompanhardiariamente a fêmea. De uma maneira geral o parto ocorre com 114 diasde gestação, mas pode ocorrer a antecipação ou o atraso. Uma dasmaneiras práticas para saber se a porca irá parir naquele dia, é observandoa vulva, que apresenta edema, edema esse, que evolui de forma gradativaaté o dia do parto, mas a melhor maneira para se saber se o parto estápróximo, é fazendo uma ordenha nas tetas da porca, se estas liberar umasecreção leitosa em forma de jato, dentro de mais ou menos 6 horas iráiniciar o trabalho de parto.

Durante o parto, os leitões são expulsos através de contrações uterinas.Entre o nascimento de um leitão e outro o intervalo é de 10 a 20 minutos.O criador deverá observar se todos os leitões foram expulsos e se aplacenta foi eliminada totalmente, a placenta pode sair imediatamente ouaté uma hora após o nascimento do último leitão; se demorar muito maisdo que isso pode ter havido problemas, o tratador, deve também observara temperatura da porca, o seu apetite durante os três primeiros dias apóso parto, caso a porca apresente temperatura elevada, não demonstreinteresse pela ração, não esteja liberando leite, é o caso de se chamaralguém com mais experiência, pois pode ter havido problemas de infecçãouterina o que poderá ocasionar a morte do animal.

2.0 Manejo

2.1 - Manejo com os recém-nascidos: Já foi comprovado cientificamenteque as perdas maiores chegando a 70%, ocorrem na primeira semana devida do leitão, portanto os cuidados de higiene, controle de temperaturaetc. deve ser observado com muito critério nesse primeiro momento. Iremoscolocar o manejo ideal para os leitões do nascimento até a desmama:

2.1.1 - Aparar, limpar e massagear o leitão: Na hora do nascimento, otratador deverá aparar, enxugar o leitão com papel toalha ou um pano limpo,eliminando assim os restos fetais e membranas que envolvemexternamente os recém–nascidos. A limpeza deverá ser iniciada, próximaà cavidade bucal e narinas, evitando-se assim, a obstrução das viasrespiratórias, depois, se limpa o restante do corpo massageando o dorsodo animal, visando ativar a circulação e estimular a respiração.

36

2.1.2 - Amarrar, cortar e desinfetar o cordão umbilical: Recomenda-seamarrar e cortar com uma tesoura previamente desinfetada, o cordãoumbilical de 3 a 4 cm do ventre, (mais ou menos dois dedos) e logo após,mergulhar numa solução de iodo a 10% evitando-se assim a contaminaçãopor agentes infecciosos.

2.1.3 - Colocar para mamar o colostro: os leitões recebem os anticorposatravés da ingestão do colostro. A saúde, e sobrevivência do leitãodependem em grande parte da ingestão do colostro, por isso, é importanteque os leitões recebam logo esse leite, pois eles nascem praticamentesem nenhuma proteção contra os organismos patogênicos. A composiçãodo colostro modifica-se rapidamente, além do mais, a capacidade deabsorção dos anticorpos pelos intestinos do leitão é diminuída epraticamente nula com o passar das horas, por isso, é importante que secoloque imediatamente os leitões recém-nascidos para mamar o colostroe depois se fazem as demais práticas de manejo.

2.1.4 - Fornecimento de fonte de calor: Atualmente, é uma práticacomum, fornecer um micro-ambiente adequado aos bacorinhos, atravésde uma fonte de calor sob a forma de uma lâmpada acessa, com mais oumenos 30 a 40 cm do piso colocada no escamoteador, na primeira semanade vida, com uma temperatura de 32º C, na segunda semana a temperaturapoderá ser de 28º C e na terceira semana 24º C. isso porque, o leitão aonascer não tem o seu sistema termo regulador funcionando de formasatisfatória, podendo perder temperatura com muita facilidade, e o leitãosentindo muito frio, conseqüentemente, consome suas reservas de glicoseo que irá acarretar a hipoglicemia (deficiência de açúcar nas células)podendo até mesmo leva-lo à morte. A construção do escamoteador queé uma caixa de madeira poderá ficar na frente da gaiola parideira queabrigará os leitões no momento em que não estão se alimentando. Oescamoteador é por demais importante.

2.1.5 - Corte dos dentes e Corte da cauda: O leitão nasce com oitodentes pontiagudos, os quais poderão ferir as tetas da porca no momentodas mamadas, podendo causar problemas sérios, ou mesmo ferir o rostodos outros leitões, na disputa pela teta. Para evitar que isso ocorra, deveser feito o corte dos oito dentes, logo após os leitões terem mamado ocolostro, utilizando para isso alicate próprio previamente desinfetado. Naoperação tomar os devidos cuidados para não ferir a gengiva, ou a línguados leitões, bem como, evitar deixar pedaços de dentes, os quaisfuncionarão como uma navalha, ferindo as tetas.

37

Com relação ao corte do terço final da cauda, é interessante, uma vezque com essa medida previne-se à prática do canibalismo. O corte deveráser feito com uma tesoura previamente desinfetada e no local colocar umasolução de iodo. O corte poderá ser feito no mesmo dia ou no máximo atéo terceiro déia de vida do leitão.

2.1.6 - Aplicação de ferro: Deve-se aplicar no segundo ou terceiro diade vida, 200 mg de ferro dextrano o que corresponde a 1 ou 2 ml doproduto comercial, a depender da concentração do ferro, para suprir anecessidade diária desse elemento, uma vez que os leitões necessitamde 7 mg/dia e que através do leite materno só adquirem em torno de 20%dessa quantidade diária. Assim sendo, faz-se necessário, a aplicação dadose de ferro para suprir as necessidades, evitando a anemia ferropriva,anemia essa, que o predispõe a infecções secundárias além do péssimodesenvolvimento.

2.1.7 - Marcação dos leitões: Existem diversas maneiras para aidentificação do leitão, como brincos, tatuagem, porém um método simplese eficiente e barato, é a marcação dos animais pelo sistema Australiano,que consiste em piques e furos nas orelhas dos mesmos, utilizando-sealicate especial de marcação. Com esse método, o criador poderá marcarsem repetição até 1.599 leitões. Cada pique e furo corresponde a umnúmero. O pique na orelha direita na parte inferior corresponde ao número1 e pode ser repetido até duas vezes, já na parte superior corresponde a3 e pode ser repetido três vezes. Na orelha esquerda na parte inferiorcorresponde ao número 10 e pode ser repetido duas vezes, na partesuperior corresponde a 30 podendo ser repetido três vezes. Na ponta daorelha direita corresponde a 100 e só pode uma vez e na ponta da orelhaesquerda corresponde a 200 e só pode uma vez. Já os furos, o da orelhadireita, correspondem a 400 e da orelha esquerda, 800.

2.1.8 - Fornecimento da primeira ração aos leitões: A finalidade de sefornecer ração aos leitões que ainda estão mamando, é a de suprir assuas necessidades nutritivas, favorecendo assim o crescimento bem comoacostuma-los a alimentos sólidos para quando forem desmamados.Quanto mais cedo se oferecer à ração, maior será o peso do leitão adesmama. Recomenda-se oferecer ração no inicio da segunda semanade vida dos leitões, colocando pequenas quantidades em cochos próprioslocalizados ao lado da gaiola parideira na maternidade. Essa quantidadedeve ser aumentada gradativamente, até a desmama. A Raçãorecomendada para esse período é a chamada ração pré-inicial.

38

2.1.9 - Castração de leitões: Os leitões destinados ao abate,obrigatoriamente têm que ser castrados, uma vez que nos testículos sãoproduzidas substâncias que transferem para a carne um odor e um sabordesagradáveis. Recomenda-se então realizar a castração dos leitões omais novo possível, de 10 a 15 dias de nascidos. A castração realizadacom o animal nessa idade tem grandes vantagens como, por exemplo, acicatrização mais rápida, melhor facilidade na operação, menor chancede ocorrer infecções além de ser mais difícil ocorrer hemorragias.

2.1.10 - Desmame: Atualmente as granjas modernas e tecnificadas,estão desmamando os leitões com 21 dias, porém para as criações menostecnificadas e sem instalações adequadas, o desmame poderá serrealizado com 28 ou 35 dias, quando os animais apresentarem condiçõesde peso suficiente para serem desmamados. A desmama nada mais é doque a separação da porca dos seus filhotes (leitegada). No dia do desmame,não se deve realizar nenhuma outra prática com os leitões, para evitar oestresse. Com relação à alimentação, não é recomendado fornecer raçãoaos leitões no dia do desmame. No dia seguinte oferecer 50 gramas pelamanhã e 50 gramas à tarde e aumentar gradativamente até chegar a 500gramas no final do quinto dia, e daí por diante, ração à vontade.

2.1.11 - Transferência dos leitões para a creche: Nas granjastecnificadas, o local, aonde os leitões vão após serem desmamados,denomina-se de creche. Nesse local, os leitões devem formar lotesuniformes com relação ao peso e tamanho, de no máximo 20 leitões porbáia e que ficarão até atingirem o peso médio de 25 quilos, peso esse,que completam em torno de 63-70 dias de vida.

Após a creche, os leitões são transferidos para os barracões de recria/terminação onde completam o período de crescimento e engorda, o queem granjas onde a nutrição é bem equilibrada, e os animais apresentamum bom potencial genético, completa-se em média com 150 dias de vida,onde estarão atingindo de 95 a 100 quilos de peso vivo estando prontospara a comercialização para o abate.

3.0 Nutrição

3.1 - O item alimentação, sem dúvida é o que deve ser mais bemanalisado, numa granja de suínos, uma vez, que, dos custos totais, aalimentação, chega a 70% desses custos. Por isso, quanto mais houver

39

economia nessa área, maior é a possibilidade de lucro nessa atividade.Em granjas tecnificadas, a alimentação é à base de ração comercial, porémpara pequenos criadores a ração comercial pode e deve ser substituídaparcialmente por outros alimentos alternativos encontrados com maisfacilidade na fazenda onde a suinocultura estiver instalada.

Apenas como fonte de informação, para aqueles que desejarem fabricara sua própria ração na fazenda, sugerimos algumas formulações,colocadas no quadro abaixo, que poderão ser utilizadas com sucesso.

Para cada100 Kg

Ração deGestação

Ração deTerminação

Ração deLactação

Ração deRecria

Milho 56,00 Kg 62,50 Kg 62,00 Kg 70,00 Kg

Farelo de Soja 10,00 Kg 18,00 Kg 20,00 Kg 12,50 Kg

Farelo de Trigo 30,00 Kg 15,00 Kg 15,00 Kg 15,00 Kg

Premix. (núcleo) 4,00 Kg 4,50Kg 3,00 Kg 2,50 Kg

Se o criador for oferecer a ração de forma controlada, as quantidadesdiárias a serem oferecidas aos animais podem ser as seguintes:

3.2 - Porcas em Gestação: Ração de GestaçãoDa cobertura até 80 dias de gestação oferecer de 2,5 a 3,0 Kg/dia

divididos em duas refeições. De 80 até 112 dias oferecer ração de lactação3,0 kg/dia. Nos dois últimos dias de gestação diminuir para 2 quilos por diae no dia do parto não oferecer ração.

3.3 - Porcas em Lactação: Ração de LactaçãoNo dia do parto, não oferecer ração. No dia seguinte oferecer 2 quilos

de ração/ dia metade pela manhã e metade à tarde e aumentargradativamente de meio a 1 quilo por dia até atingir de 5 a 6 quilos/dia noquinto dia. Daí por diante continuar oferecendo de 5 a 6 quilos/dia sempredivididos em duas refeições diárias até à véspera da desmama. No dia dadesmama não oferecer ração para a porca.

3.4 - Leitões na Fase de Recria Período entre 70 a 120 dias de vida.Animais entre 25 a 60 quilos de peso vivo: Ração de Recria.

Oferecer de 2 a 3 quilos/dia metade pela manhã e metade à tarde.

40

3.5 Leitões na fase de Terminação/Engorda: Período entre 120 a 150dias de vida. Animais entre 60 a 100 quilos de peso vivo: Ração deTerminação.

Oferecer de 3 a 4 quilos/dia metade pela manha e metade à tarde.

Obs: Premix ou Núcleo, nada mais é do que um complexo vitamínicomineral. Existem hoje no mercado, diversas marcas de premix ou núcleos,bem como para cada fase da criação, e é de suma importância na raçãopara o equilíbrio nutricional do animal.

Tanto o Milho como o Farelo de Trigo, que são produtos energéticospodem ser substituídos parcialmente por outros produtos energéticos comopor exemplo a mandioca ou o sorgo, o importante é que o teor de proteínae a energia de cada ração, fique dentro da exigência do animal e para issoo técnico irá fazer os devidos cálculos para a substituição dos respectivosprodutos para que a ração fique balanceada adequadamente.

Como os suínos são animais onívoros, ou seja, comem de tudo, opequeno criador poderá oferecer uma gama de alimentos que poderãoser encontrados na fazenda, como: frutas, restos de hortaliças, mandioca,soro de leite, um pouco de capim, cascas de frutas, cana etc. associandoa uma certa quantidade de ração, para que haja uma boa nutrição do animal.Esses produtos, preferencialmente, devem ser oferecidos aos animais nafase de engorda e um pouco para as matrizes em gestação. Evitar oferecerpara animais novos na fase de crescimento, bem como as matrizes emlactação, pois os mesmos necessitam de maior equilíbrio nutricional parao seu bom desenvolvimento e produtividade.

41

PRODUÇÃO DE MUDAS: frutíferas e flores tropicais

Carlos Josafá de Oliveira

"Dentre os temas de interesse público e profissional, o mais eminente é asustentabilidade". (João Dantas - Engo. Agro. atual Presidente do CREA/BA)

Engo. Agro. EMARC-UR/CENEX/CEPLAC

Os sistemas de produção de frutas no Brasil desenvolveram-se atravésdo uso de insumos químicos desde os primórdios dos anos 60 com aRevolução Verde. Porém, diante do novo cenário mercadológico,desencadeou-se processos de aprimoramento para todos os seguimentosque compõem as cadeias produtivas, iniciando com a cadeia produtiva damaçã (Embrapa-R.G.S.). Hoje, com o apoio do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento, consolidou-se um projeto com viabilidadetécnica e econômica de produção de frutas para todo o Brasil, para ascadeias produtivas de uva, banana, mamão, manga, citros etc.

Outras cadeias sentiram-se estimuladas e começaram a se organizarpara a implantação da produção integrada que privilegia a sustentabilidadee a segurança alimentar, pré-requisitos para a conversão das propriedades,ou seja, “passagem” do sistema convencional para os SistemasAgroecológicos de Produção, fato que tem atraído uma crescentequantidade de agricultores familiares. Novos valores imperam no novocenário agroecológico/mercadológico: a conservação ambiental e aqualidade de vida.

FRUTÍFERAS: SALTO QUALITATIVO NOS SISTEMAS DEPRODUÇÃO

42

INFLUÊNCIA DA PRODUÇÃO DE MUDAS NA CADEIA PRODUTIVA

A cadeia produtiva agrícola , conforme modelo proposto pela Embrapaé composta de 05 seguimentos, começando pelo fornecedor de insumos.O segundo seguimento é representado pelo AGRICULTOR/Sistema deprodução. O terceiro pela agroindústria; o quarto pelo comerciante e oquinto pelo mercado consumidor. A base fundamental da cadeia está nosegundo seguimento com o agricultor responsável pelo processo produtivo.Na cadeia produtiva agrícola, o produto final de qualidade, começa no viveirocom a produção de mudas de qualidade. No caso das frutíferas, o vigor ea fitossanidade expressos pelas boas condições hídricas e nutricionais ea qualidade dos frutos que elas irão produzir no futuro, como árvores, parao último seguimento que é o mercado consumidor, irão depender, emprimeira mão , da qualidade técnica dos tratos culturais que serão dadosa elas quando ainda estiverem na “creche” – o viveiro . Portanto, oprofissionalismo, ou seja, o conhecimento e a qualificação da mão-de-obra, são indispensáveis ao processo, quando se pensa em fazer parteda cadeia produtiva. As mudas frutíferas visando sobretudo, a saúdehumana e as mudas de flores tropicais, pela sua exuberância, a beleza eharmonia do ambiente. Acrescem-se a esses cuidados, as práticasagroecológicas para se produzir com sustentabilidade.

FLORES TROPICAIS:A produção de flores no Brasil foi, até pouco tempo, uma atividade

notadamente restrita aos estados do Sudeste. Mas, com um potencial demercado interno de mais de 150 milhões de consumidores e um mercadointernacional que movimenta nove bilhões de dólares por ano, a floriculturavem ampliando suas fronteiras e alavancando a economia de outras regiões,como o Nordeste. Só o estado do Ceará passou em poucos anos de grandeconsumidor de espécies importadas ao maior exportador brasileiro de rosase flores tropicais.

IMPORTANTE:Portaria do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,

cria a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Flores e Plantasornamentais.

Publicação no Diário Oficial da União de 19.01.2006, Seção II, pág. 2.

43

LIVRO SOBRE FLORES TROPICAIS

A Embrapa Agroindústria Tropical de Fortaleza-CE, lançou o livro sobreFlores Tropicais, dos pesquisadores Daniel Terao e Ana Cristina Carvalho,com informações relevantes sobre o cultivo, cuidados na pós-colheita ecomercialização de espécies exuberantes como as bromélias, orquídeas,antúrios, heliconias etc., com informações e fotografias – 226 pág.

LEGISLAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE MUDAS

RENASEM – Registro Nacional de Sementes e Mudas: - Instituído no MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

pelo Art. Nº 7 da Lei Nº 10.711 de 5 de agosto de 2003 , dispõe sobre oscritérios legais para a produção de mudas a nível nacional.

� Validade do Registro - 3 anos

� Comunicação para alterações - 30 dias

� Cancelamento automático - 60 dias após o vencimento.

Art. Nº. 8 : ficam isentos da inscrição no RENASEM os agricultoresfamiliares, os assentados da reforma agrária e os indígenas quemultipliquem sementes ou mudas para a distribuição, troca oucomercialização entre si.

ASPECTOS DA LEI: o material de propagação (vegetativa ou seminal)de qualquer gênero, espécie ou cultivar, para a produção de mudas, deveráser proveniente de planta matriz, jardim clonal ou borbulheira, previamenteinscrita no órgão fiscalizador.

O Art. 5º atribui competência aos Estados para elaborar normas eprocedimentos relativos à produção de sementes e mudas exercerfiscalização do comércio estadual.

O processo de produção de mudas compreende as seguintes etapas:

� Obtenção da planta básica

� Obtenção da planta matriz

� Instalação do jardim clonal

� Instalação de borbulheira

� Produção da muda

44

NORMAS TÉCNICAS:

1 - As mudas deverão ser produzidas de acordo com as normas depadrões estabelecidos pelo RENASEM – Registro Nacional de Sementese Mudas, e autorizadas pela Delegacia Federal de Agricultura do Estadoda Bahia, DFA-BA.

2 - O local onde se fixarão viveiros de mudas deverá ser de fácil acessopara inspeções, possuir topografia plana e atender as exigências segundoas espécies, dispor de água suficiente e boa qualidade para irrigação doviveiro.

3 - A repicagem nos processos de seleção de mudas fiscalizadas sobforma de pé franco, deverá constituir prática indispensável para conferirqualidade e uniformidade às mudas.

4 - O produtor deverá selecionar as áreas para a fixação de viveiros demudas de acordo com as presentes Normas e com as exigências ou tipode multiplicação da espécie.

PADRÃO DO VIVEIRO

1 - O viveiro de produção de mudas deverá ser instalado de acordocom as normas e padrões estabelecidos para a espécie.

2 - Os canteiros ou talhões de mudas serão identificados com umaplaqueta onde contenham: espécie, número de plantas e data de plantio.

3 - A verificação dos padrões do viveiro será feita através de vistoriasobrigatórias, pelo Responsável Técnico, principalmente nas fases de plantio(preparo de terriço fertilizado), enxertia ou repicagem e pré-comercialização.

4 - A não realização das vistorias obrigatórias ou descumprimento àsnormas pelo Responsável Técnico, implicará no cancelamento do viveirode mudas.

DA RESPONSABILIDADE TÉCNICA

1 – A responsabilidade técnica é exclusiva do Engenheiro Agrônomo,Florestal ou Fiscal Federal Agropecuário, em suas respectivas áreas decompetência, devidamente registrado no CREA-BA ou com o visto deste.

45

2 - O Responsável Técnico (RT), indicado pelo produtor por ocasião docredenciamento, poderá contar com técnicos auxiliares e auxiliares denível médio, que atuarão sob sua responsabilidade técnica.

DAS INSPEÇÕES

1 - Entende-se por inspeção o processo de acompanhamento deprodução de mudas em todas as suas fases, até a identificação do produtofinal.

2 - O exercício da inspeção da produção de mudas será efetivada porinspetor Engenheiro Agrônomo e/ou Florestal e/ou Fiscal FederalAgropecuário que portar´[a carteira de Identidade Funcional, expedida peloMinistério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

AOS INSPETORES COMPETE:

1 – Inspecionar as diversas fases do processo de produção, a fim deverificar a correta obediência aos padrões e normas estabelecidos, emitindoo respectivo Laudo de Inspeção.

2 – Cumprir e fazer cumprir a legislação, normas, padrões eprocedimentos pertinentes à produção de sementes e mudas.

3 – Orientar, quando necessário, o Responsável Técnico quanto aosaspectos técnicos recomendáveis para o aprimoramento de seu trabalhona produção de mudas.

DO LAUDO DE INSPEÇÃO:

1 – Recomendar técnicas agrícolas e procedimentos a serem adotadospelos produtores de sementes e mudas e seus responsáveis técnicos.

2 – Observar as irregularidades constatadas por ocasião das inspeções,advertindo para as medidas corretivas a serem adotadas.

3 – Recusar, temporariamente, as condições das instalações, até quesejam sanadas as irregularidades constatadas.

46

4 – Condenar, parcial ou totalmente, as sementeiras ou viveiros de mudaspela inobservância das normas técnicas e padrões vigentes.

5 – Relatar as condições da sementeira, viveiro de mudas, das plantase campo de matrizes ou jardim clonal.

DEFINIÇÕES :

� Muda – material de propagação vegetal de qualquer gênero, espécieou cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, que tenhafinalidade específica de plantio.

� Muda-detorrão – muda com as raízes envolvidas por porção deterra devidamente acondicionada.

� Muda -de-raíz-nua – muda com raízes expostas, devidamenteacondicionadas.

� Viveiro – área convenientemente demarcada para a produção demudas.

� Viveiro a céu aberto - área livre demarcada para o plantio de mudas.

� Viveiro rústico – com cobertura e laterais protegidas com materialrústico (folhas de palmeiras etc.)

� Planta matriz – planta original com bons atributos genéticos de ondese extrai as hastes (garfos e borbulhas) para a propagação vegetativa.

� Propagação vegetativa – processo de reprodução assexuada.

� Produtor de mudas – pessoa física ou jurídica que produza sementesou mudas por meio de semeadura ou plantio, assistido por um responsáveltécnico.

� Enxertia – método de propagação vegetativa para substituição dacopa de uma planta visando a melhoria genética.

� Porta-enxerto ou cavalo – parte da enxertia que fornece as raízes,� Enxerto ou cavaleiro – parte superir da enxertia que fornece a copa.

� Clone – planta ou conjunto de plantas genéticamente iguais à plantamatriz.

� Estaquia – método de propagação vegetativa pelo enraizamento deestacas.

� Estaca – parte caulinar(pedaços do caule) usada para enraizamento.

47

� Alporquia – processo de multiplicação de plantas por enraizamentodos ramos antes de serem destacados da planta matriz ou planta-mãe.

� Pé-franco – muda obtida de semente, estaca ou raiz, sem o uso deenxertia.

� Muda-de-raíz-nua – muda com raízes expostas devidamenteacondicionadas.

����� Muda-de-torrão – muda envolvida por porção do solo devidamenteacondicionada.

� Muda seminal – originária de semente.� Muda clonal – originária de um clone.

PROPAGAÇÃO DE MUDAS RESISTENTES DE FRUTÍFERAS

� Abacaxizeiro - Propagação em campo.O abacaxizeiro é propagado assexuadamente através de seus órgãos

vegetativos.No cultivo da abacaxi, a sanidade do material de plantio assume grande

importância, uma vez que, a fusariose e a cochonilha constituem osprincipais problemas fitossanitários dessa cultura.

Tipos de mudas:a) Rebentos - ramos foliáceos que se desenvolvem de gemas

encontradas na parte subterrânea do caule.b) Rebentões – ramos foliáceos que surgem de gemas encontradas

na zona entre o caule e o pedúnculo.c) Ramos foliáceos que crescem de gemas do pedúnculo, logo abaixo

do fruto.

A EMBRAPA/Cruz das Almas-BA – lançou em 2003, o Abacaxi Imperialresistente à doença fusariose (apodrecimento do fruto) causada pelo fungoFusarium subglutinans, responsável pelas perdas de produção do país,superiores a 80%.

� Bananeira - propagação em campoTipos de mudas:a) Chifrinho - com 50cmb) Chifre – com 80cm

48

c) Chifre-de-veado - de 80cm a 1,0md) Pedaços de 1 kg de rizomae) Pedacinhos triangulares extraídos do rizoma

VARIEDADES DE FLORES TROPICAIS

Sorvete (Zingíber spectalis) – família das Zingiberáceas, a mesma doCostus, destaca-se pela exuberância de suas flores globosas no ápicedas hastes, tomando a forma de um sorvete. Dá um toque especial nosarranjos ornamentais junto às helicônias. Multiplicação por rizomas.

Bastão do Imperador (Etlingera elatior) - multiplicação por bulbos erebentos foliares. Folhagem alta, produz lindos cachos de flores vermelhos.Características de clima similar às heliconias.

Heliconias – multiplicação por rizomas, dispensa o replantio. Floração:o ano todo. Folhagem de porte alto, dependendo da variedade, pode atingiraté 2,5m de altura. Produz flores pendulares com cores que variam deamarela, vermelha ou combinadas entre si.. Forma touceiras. Adapta-se aqualquer clima, mas prefere calor e umidade. Originária da América doSul. Nome vulgar: banana-do-mato.

Variedades : Heliconia wagneriana; Heliconia rostrata; Heliconia bihai(preferida pelo mercado europeu); Heliconia rauliniana etc.

Bastão-de-príncipe – similar ao bastão-do-imperador, porém, de portebaixo, flores cor de rosa e vermelhas.

SUBSTRATO: terriço para as mudasA qualidade do terriço é essencial para o bom desenvolvimento das

mudas, pois é desse material que as novas plantas vão retirar os nutrientespara os seus primeiros 90 a 120 dias de vida. A depender da origem, deveser tratado e fertilizado tecnicamente. O lixo urbano de 5 anos pode ser

MUDAS DE CULTIVARES DE BANANEIRAS RESISTENTES

A Sigatoka Negra, Sigatoka Amarela e ao Mal-do-panamá:

1. Caipira 3. Thap maeo 5. Fhia 012. Pakovan Ken 4. Fhia 18 6. Tropical

49

utilizado como terriço, todavia merece cuidados fitossanitários, uma vezque, constitui fonte de inoculo de nematóides do gênero Meloidogyne spp,são vermes microscópicos, parasitas de raízes das plantas cultivadas.Há uma recomendação agroecológica com cinzas de madeira para otratamento: misturar bem as cinzas ao terriço em proporçõesadequadas. Solos pobres de barranco devem ser fertilizadostecnicamente.

FERTILIZAÇÃO DO TERRIÇOEm experiências com os nossos alunos do curso de Agropecuária da

Emarc-UR alcançamos bons resultados com o seguinte preparo:� 1000 litros de terriço (50 latas)� 01 kg da fórmula 4 -14- 8 (ou similar que guarde a mesma relação 1-3-2)� Composto orgânico na proporção de 5:2 ( se enquecido c/ fósforo:5:1)Obs,: Para facilitar o manejo, trabalhamos com porções de 250 litros

(média de 50 pás de bico).

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA EM VIVEIROS:

1. ESTAQUIA - multiplicação por enraizamento de estacas. O InstitutoBiofábrica de Cacau utiliza o fitormonio industrializado, Ácido Indolbutírico(pó branco) como indutor de raízes para a produção de mudas de cacau eoutras espécies botânicas.

Receita agroecológica para indução de raízesNaturalmente, as plantas possuem o fitormônio Indolbutírico para a

formação específica de suas raízes. Porém, é sabido que as gramíneasdandá e tiririca, concentram quantidades mais elevadas dessa substância.O viveirista Arnor, do Viveiro II de Plantas Ornamentais, funcionário daEmarc-Ur nos apresenta a seguinte Receita:

MATERIAIS: 1) Dandá ou Tiririca 2) Álcool cereal 3) ÁguaPROCEDIMENTO: Moer ou macerar bem os bulbos (batatinhas) com

as folhas e colocar na água durante 48 horas, em seguida, coar e colocarno álcool.

DURAÇÃO: 30 dias

50

USO: imersão da estaca até a metade durante uns 2 minutos.FOLHAGENS: destacam-se as Cordylines, Dracenas, Pandanos e

Filodendros;Dracenas – multiplicação por enraizamento. Corta-se a haste 30 ou

40cm do broto terminal, elimina-se as 3 folhas inferiores e coloca-se numvaso com água para enraizar. Após o enraizamento, transporta-se para ovaso definitivo com composto orgânico umedecido.

Cordiline ou dracena-rosada (Cordyline sp) – multiplicação igual àsdracenas.

Filodendro (Philodendron selloum) – outros nomes vulgares imbé oucipó-de-imbé. Multiplicam-se por estacas.

As folhagens normalmente preferem lugares claros, mas protegidasda incidência direta da luz solar.

RECEITAS DE PREPARO DE SOLOS PARA PLANTASORNAMENTAIS

1. Mistura Universal – uma receita que segundo os paisagistas,satisfaz as necessidades do maior número de plantas:

7 partes de terra argilosa preta3 partes de esterco curtido ou composto orgânico2 partes de areia grossaPodendo aperfeiçoa-la adicionando em cada 5 kg da mistura acima os

seguintes ingredientes:� ½ colherinha de giz moído ou calcário (exceto para as azáleas que

preferem solo ácido);� 2 colherinhas de farinha de ossos ou 1 de cinzas de ossos;� 2 colherinhas de superfostato simples;� 1 colherinha de sulfato de potássio ou cloreto de potássio.

Obs.: dispensar o potássio se o composto orgânico teve em suacomposição fragmentos do pseudo-caule inteiro com as folhas debananeira.

2. Receita de preparo de solos para as plantas tropicais em geral:� 2 partes de areia lavada grossa;

51

� 1 parte de argila solta;� 1 parte de terra preta;� 1 parte de composto orgânico ou esterco curtido ou ½ parte de húmus

de minhoca.Para cada 5 kg da mistura, adicionar os seguintes ingredientes:� 1 colher-de-sopa de carvão em pedacinhos� 1 colherinha de giz moído ou calcário

3. Receita para roseiras - preparo de canteiros:� Os canteiros devem ser preparados 8 dias de antecedência do plantio;� Fofar a terra 30 a 40 cm de profundidade;� Misturar 10 a 15 kg de esterco curtido ou 5 a 7,5Kg de húmus de

minhoca por metro quadrado (m2);� Completar a adubação, misturando bem 100 a 200 gramas de farinha

de ossos ou 50 gramas de cinzas de ossos.Obs.: Além de roseiras, este preparo de canteiros serve também para

bulbos e plantas tropicais diversas.Cuidados com as mudas: Conservar as mudas de roseiras na sombra

até a hora do plantio e plantar o mais rápido possível.Espaçamento das mudas: de acordo com as variedades.� Roseiras de menor porte - 30 a 50cm� Roseiras de maior porte - 70cm, 1,0 a 2,0m

Plantio das mudas de roseiras:� Abrir as covas com 30 cm de profundidade� Colocar a muda na cova, enchendo-a com terra aos poucos

apertando levemente junto às raízes e logo após, regar bem.. Se a mudafor de torrão basta retirar a sacola plástica que a envolve e plantar. Se asmudas forem de raiz nua, ao retirar a embalagem que protege as raízes,mergulha-las em água por 2 a 3 minutos. Ao colocar a muda na cova,localizar o ponto do enxerto, deixando-o a 1 cm acima do solo. Nos mesesquentes, proteger as mudas recém plantadas, durante 15 a 20 dias, comfolhas de palmeiras ou ramos de folhagens. Regar diariamente, depreferência à tarde com o sol mais frio, até o início da floração. Depoissó nos dias quentes. Roseiras não gostam muito de água. Manter a terrado canteiro sempre fofa e livre de plantas invasoras. Importante: Assimque surgir as primeiras folhas, fazer uma aplicação do fungicida Dithane- 45 a 0,02%, pois nesse período o ataque de doenças é mais severo.

52

CACAU: ENXERTIA DE MUDAS EM VIVEIROS E BROTOS BASAISEM CAMPO

Tipos de enxertia mais usados pelos produtores na região cacaueira:

a) Garfagem de topo em fenda cheia: neste caso, o diâmetro doenxerto deve ser compatível com o diâmetro do porta-enxerto.

b) Garfagem de topo em meia-fenda: o diâmetro do enxerto é maisfino que o do porta-enxerto.

Tamanho dos garfos: condicionado ao número de gemas, mínimo de2 e máximo de 4. (Gemas - são as pequenas estruturas no canto da folhaou seja, na axila foliar)

Tempo de realização de cada enxerto: em torno de 30 segundos,para evitar oxidação da seiva.

Fitossanidade: descartar garfos praguejados e doentios. No corte dobisel é comum observar-se algumas estrias castanho-escuras que sãosintomas da doença fúngica Lasiodiplodia. A cigarrinha-dos-ramos, porsua vez, deixa os ramos inchados com fendilhamentos ressecados. Garfoscom esses danos devem ser eliminados.

COLETA DE HASTES OU VERGÔNTEAS

a) As hastes devem ser colhidas de clonesou matrizes certificadas,oficialmente recomendadas de jardins clonais devidamente credenciados.

b) As hastes devem ser colhidas nas horas mais frescas do dia, pelamanhã ou à tarde.

c) Conservação das hastes: Parafinar 1 a 2cm das extremidades paraevitar a desidratação. Acondiciona-las em papel jornal umedecido etransportar em caixas de isopo.

PORTA-ENXERTOS - Com o advento da doença mal-do-facão, noSul da Bahia, a Ceplac passou a recomendar sete clones descendentesdo clone IMC, tolerantes ao fungo Ceratocystes fimbriata, causador dadoença: TSH - 1188; CEPEC - 42; TSA - 654; TSA - 792; TSA - 656; TSH -774 e TSH - 565.

53

CONSULTA BIBLIOGRÁFICA:

Revista Agroanalysis; FGV; ago. 2001.

GOMES, Pimentel - Fruticultura Brasileira - 1987.

FLORASSULBA - Flores e Folhagens Tropicais. E-mail:[email protected]

COMPTON, Joan - Plantas Para Casa - 1978.

RENASEM- Registro Nacional de Sementes e Mudas/ Delegacia Federalde Agricultura do Estado da Bahia- Legislação sobre Produção deSementes e Mudas - Ago/2003.

BIOFÁBRICA DA EMBRAPA/Cruz das Almas/BA. E-mail:maurí[email protected]

INSTITUTO BIOFÁBRICA DE CACAU - Informativo - 2004.

TITCHMARSH, Alan - O Fascinante Livro das Plantas. Edições Siciliano-1983.

CHEPOTE, Rafael Edgardo e outros. Recomendações de Corretivos eFertilizantes na Cultura do Cacaueiro no Sul da Bahia- 2ª aproximação- 2005.

MURAYAMA, Shizuto - FRUTICULTURA - 1980.

AGENDA - 26ª Semana do Fazendeiro/Ceplac/Emarc-Uruçuca - 2004.

PEREIRA, Aldo - Jardinagem Prática - 1978.

REVISTA Roselândia Nº 24 - 1996.

DONADIO, Luiz Carlos e outros - Fruticultura Tropical - 1992.

COMISSÃO ESTADUAL DE SEMENTES E MUDAS NA BAHIA - DelegaciaFederal de Agricultura na Bahia -DFA-BA/MAPA.

54

FABRICAÇÃO ARTESANAL DE LICOR, CHOCOLATE E SEUSDERIVADOS

Rita de Cássia Oliveira Lavinsky

Técnica em Alimentos da SETEA/CEPEC/CEPLAC e Bacharel em Ciências Econômicas.

1 - FABRICAÇÃO ARTESANAL DE LICOR

Os povos antigos misturavam xarope, álcool e ervas para fazer licor,uma bebida bastante apreciada devido ao seu poder digestivo. Foram osárabes em 900 a.C. que inovaram o processo, com o método de fabricaçãopor fermentação alcoólica. No Brasil, a prática de fabricação de licor foipassada de geração a geração até chegar à produção em escala industrial,através de processos mais sofisticados. No entanto, os licores artesanaisconstituem uma alternativa para aproveitamentos de produtos regionais,agregando valor e renda, em especial, à família rural.

Licor é a bebida alcoólica por mistura com graduação de 15 a 54% emvolume, a 20° C, e um elevado percentual de açúcar, elaborado comálcool de cereal ou destilado alcoólico, adicionada dos princípiosaromáticos extraídos das frutas, folhas, flores, cascas, raízes e grãos,ou produtos de origem animal e também, de substâncias aromatizantes,saborizantes, corantes e outros aditivos permitidos em ato administrativocomplementar.

O segredo do licor artesanal está na combinação harmônica dos seuscomponentes básicos (princípio aromático, álcool e açúcar) que resultaránum produto de cor, aroma e sabor; conferido pela qualidade da matériaprima e os rigorosos cuidados de higiene durante a fabricação. O sabor earoma evidenciados por frutas regionais, subprodutos e derivados decacau, a exemplo do jenipapo, mel e amêndoa de cacau, serãoconsiderados principalmente noutros centros consumidores, como de altovalor econômico.

55

Classificação de licor quanto à concentração de açúcar:� Seco - contém 30 a 100 gramas de açúcares, por litro;� Fino - contém 100 a 350 gramas de açúcares, por litro;� Creme – contém mais de 350 gramas de açúcares, por litro;� Cristalizado - saturada de açúcares parcialmente cristalizados.

Tempo de Infusão - a depender do tipo da matéria prima� 30 dias – extratos de frutas e demais substâncias aromatizantes;� 60 dias – folhas, flores, cascas, raízes e grãos.

Matéria-prima� Água – limpa inodora, incolor, apropriada ao consumo e de padrão de

qualidade;� Açúcar – refinado, bem seco, claro e sem odor;� Álcool – de Cereais, com graduação de 96% GL (Gay Lussac).

Equipamentos e utensílios� Os utensílios e equipamentos utilizados nesta atividade deverão ser

fabricados em materiais como vidro, louça e aço inox. Outros materiaisreagem com o álcool e as substâncias ácidas dos princípios aromáticosdo licor e podem afetar a qualidade da bebida e a saúde do consumidor;

� Filtros: Flanela branca, coadores de náilon e filtros de papel;� Vasilhames de vidro para envase/rolhas de cortiças.

LegislaçãoO Decreto nº. 2.314/97 regulamenta a Lei nº. 8.918, de 14 de julho de

1994, que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, ainspeção, a produção, rotulagem e a fiscalização de bebidas, estando osestabelecimentos produtores de licores inclusos neste regulamento. Estesestabelecimentos deverão ser obrigatoriamente registrados no Ministérioda Agricultura e do Abastecimento.

56

Considerações finais

Apesar do avanço tecnológico, o processo ainda é rudimentar. Filtraçãocom peneiras de náilon ou flanela deixa o produto com sedimentos queinterfere no aspecto. A filtragem por algodão é demorada e expõe o produtoa agentes contaminantes. Equipamentos disponíveis no mercado sãoinacessíveis à produção de baixa escala. Inovação tecnologias emequipamentos a vácuo ou filtros prensa que atenda pequena escala seráfator de desenvolvimento para a atividade agroindustrial.

2 – FABRICAÇÃO DE CHOCOLATE E SEUS DERIVADOS

O cacau tem como centro de origem as florestas tropicais do continenteamericano. Colombo durante sua descoberta a América conheceu o cacau,porém não lhe deu a devida importância. O mérito de tornar o cacauconhecido para o mundo europeu deve-se Hernando Cortez, queconquistou o México para a Espanha em 1528. Cortez admirava o foto degrãos de cacau ser usados como moeda corrente e de Montezuma(Imperador dos Astecas), apreciar a bebida e ter hábitos de degustá-los

Etapas de processamento

Jenipapo Mel de cacau Grãos de cacau

Recepção

Seleção da fruta

Lavagem

Sanitização

Prensagem

Infusão

Envelhecimento

Filtração

Mistura do xarope

Engarrafamento

Rotulagem

Expedição

Recepção

Seleção dos frutos

Lavagem

Sanitização

Prensagem

Fervura do mel e açúcar

Resfriamento

Filtração

Adição do álcool

Engarrafamento

Rotulagem

Expedição

Recepção

Seleção dos grãos

Torrefação

Descascamento

Limpeza nos nibs

Infusão

Envelhecimento

Filtração

Mistura do xarope

Engarrafamento

Rotulagem

Expedição

57

em copos novos de ouro e descarta-los em seguida para provar o quantovalorizava a bebida. De volta a Espanha Cortez aconselhou ao rei a plantaresta árvore de dinheiro em colônias de clima tropical a exemplo de Trindade Haiti na América Central e Ilha de Fernando-Po na costa da ÁfricaOcidental e daí para Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões, hojeprincipais produtores de cacau. Com o advento da revolução industrial e ainvenção de diversas máquinas, tornaram possível a produção em escalatornando o produto mais acessível a todos, e daí para o Mundo Novo ondefoi fundada a primeira fábrica de chocolate, aumentando o hábito de beberchocolate na América do Norte. Os holandeses plantaram cacau nas suascolônias, nas ilhas Orientais (atual Indonésia). Em 1828 um fabricanteHolandês Conrad Van Houtten, descobriu um método de extrair a gordurado cacau moído, e obter manteiga de cacau. Os pedaços resultantes,após moagem foram transformados em pó, facilmente dissolvidos em águaquente. No entanto, chocolate em tablete se tornou possível 20 anos depoisatravés duma empresa inglesa que misturou o cacau moído com manteigade cacau e açúcar. Após 30 anos, um fabricante Suíço adiciona leite innatura. E daí então inúmeras fábricas em diversos países produziramdiferentes tipos de chocolate – doce, meio amargo, amargo, ao leite, comadição de nozes, licor e frutas. No Brasil, produtores de cacau fino buscamnas tecnologias pós-colheitas amêndoas com características especiais,para atendimentos a clientes externos que valorizam o sabor do chocolate.Os produtores de cacau orgânicos através de praticas limpas de campoproduzem produtos que valorizam a saúde do consumidor. Estesprodutores têm seus preços acima da cotação do mercado, o que acabafugindo da commodity convencional de cacau. Num futuro próximo espera-se a difusão do processo, maior disponibilidade de equipamentos nomercado nacional, produtos especiais promovendo desta forma afabricação de chocolate partindo da amêndoa de cacau com alto sabor dechocolate.

Processamento de chocolate e seus derivados

Sabe-se que o sabor de chocolate se desenvolve com boas práticasde campo, Fermentação e secagem são etapas crucias na formação dosprecursores de chocolate. Na etapa de fermentação, consideram-se comofatores importantes: sistema de fermentação, temperatura da massa afermentar, pH e acidez da polpa e cotilédones, duração e temperaturas do

58

processo, revolvimentos da massa, microflora e outros. Na etapa desecagem a umidade da amêndoa fermentada que estava na faixa de 40-50% atinge 6-8%. Esta faixa de umidade é importante para garantir umaboa conservação da amêndoa durante o armazenamento, antes de sersubmetida à torração. No entanto, o processo de fabricação de chocolatecomeça com a torrefação que se caracteriza pelos seguintes processosmetabólicos: desenvolvimento do aroma e sabor pela reação de Maillard,a partir dos precursores formados durante a fermentação; perda do teorde água ao nível de 1-1,5%; diminuição dos ácidos voláteis, como o ácidoacético; inativação das enzimas capazes de oxidar a manteiga de cacau emudanças da textura dos cotilédones (mais quebradiço), facilitando destamaneira através de equipamentos o seu descascamento (separação datesta e cotilédone), e a conseqüente transformação em nibs. O refino,conchagem e temperagem são etapas industriais subseqüentes queajudam a conferir ao produto final sabor pleno de chocolate. No refino éimportante que a massa atinja partículas de dimensões variando de 10 a15 micros, já que os botões (glândulas) gustativos não conseguemdistinguir partículas menores que 10 micros. Além da percepção sensorial,nesta faixa o chocolate atinge a fluidez desejável. A conchagem tem afinalidade de melhorar a viscosidade da massa, produzir ou liberarcompostos, eliminando substâncias de sabor não desejado. A temperagempor sua vez é responsável pelo brilho, textura e maciez de chocolate. Amanteiga exibe um complexo sistema de cristalização, dado pelacombinação de vários ácidos graxos que conferem formas polimórficascristalinas, cujas características são importantes quanto ao aspecto dochocolate, para formação de cristais estáveis na solidificação do produtofinal. Segue-se a moldagem pelo enchimento das formas, retirada do arcontida na massa do chocolate; endurecimento através de túnel deresfriamento (controle de temperatura e umidade relativa), onde ocorrecontração da massa e liberação dos bombons, tabletes e figuras ocas emfino acabamento.

Para fabricar chocolate partindo das sementes até o produto final, asua cadeia produtiva é composta por cinco processos distintos: o doagricultor, o dos comerciantes, o das indústrias moageiras, fabricantes dechocolate e fabricantes de chocolate caseiros. Cabe ao agricultor fermentare secar; aos comerciantes e exportadores armazenar e transportar; àsindústrias moageiras transformar em “liquor”, torta e manteiga, à indústriachocolateira fabricar a massa, e as empresas de chocolates caseiros

59

espelhados por todos os cantos, utilizar a massa das indústriaschocolateiras e a transformar em diversos tipos de bombons com recheiosespeciais.

Atualmente, o Centro de Pesquisa do Cacau através do Laboratório deSubprodutos de cacau, dispõe de uma pequena linha fabricação dechocolate, tornando possível o desenvolvimento de um processotecnológico de fabricação de chocolate de pequeno porte, através deinstalações apropriadas e dos seguintes maquinários: Torrador,fragmentador/descascador, máquina multifunção (mesclar, refinar econchar), temperadeira, envasadeira, túnel de resfriamento, centrifugaspara figuras ocas e estufa de secagem de formas.

Espera-se num futuro próximo a difusão do processo e disponibilidadeno mercado de produtos com formulações com sabor mais acentuado dechocolate a preço mais acessível.

O objeto deste mini-curso será a fabricação de chocolate partindo dumamassa elaborada e formulada com alto teor de massa de cacau (PadrãoCEPEC), tal quais as indústrias de chocolates caseiros com o diferencialno recheio utilizando frutas e produtos regionais, tanto na elaboração debombons como de figuras ocas, ressaltando as técnicas caseiras quantoà temperagem, moldagem, resfriamento e acondicionamento.

Será demonstrada também a fabricação da cocada e pó de cacau,através de técnicas artesanais, torrefação dos grãos, descascamentomanual, utilizando apenas: fogão, liquidificador, moinho de café e utensíliosdomésticos.

Espera-se ao final do mini-curso que tenha contribuído para oconhecimento das técnicas de fabricação de chocolate (bombons, recheioe figuras ocas) e seus derivados e a conseqüente promoção do aumentodo consumo de cacau.

BIBLIOGRAFIA

BAUMREISTER, P. Cocoa liquor roasting. The ManufacturingConfectionery,Glen Rock, v10 p 43-45 1981.

BECKETT, S. T. Fabricación y Utilización Industrial del Chocolate.Trad.Mariano González Alonso. Zaragoza: Acribia, 1994. 432p.

60

Recheios de Bombons com Durabilidade Prolongada. ITAL. Instituto deTecnologia de Alimentos. Campinas, São Paulo. 1997.

LOPEZ, A. S. & QUESNEL , V. C. Volatile fatty acid production in cacaofermentation and effect on chocolate flavor. J. Sci. Food Agric.24(3):319-324, 1973.

LOPEZ, A. S.; McDONALD C. R. A definition of descriptors to be used forthe qualification of chocolate flavours in organoleptic testing. RevistaTheobroma, v. 11, n.3, p. 209-217, 1981.

MORORÓ, R. C., FREIRE, E. S., SERÔDIO, R. S., LAVINSKY, R. C. 1996.Como Aumentar o Consumo de Chocolate no Brasil. 12ª ConferenciaInternacional de Pesquisa de Cacau, Salvador, Bahia. 1996.

SCHWAN, R.F., LOPEZ, A., SILVA, D.O., VANETTI, M.C.D. Influência dafreqüência e intervalos de revolvimentos sobre a fermentação do cacaue qualidade do chocolate. Agrotrópica, v 2, n 1, p 22-31, 1990.

STAUFFER, M. B. Chocolate Manufacturing: critical process controls – Anoverview. The Manufacturing Confectioner. 92-94, jun. 1994.

URBANSKI, J. J. Chocolate Flavor/Origins and Descriptions. The Effectsof process and Bean Source. The Manufacturing Confectioner v. 72,n. 11, p 69-82, 1992.

LIMA, J. R. A delícia sagrada: como o chocolate é feito? Revista Galileu,Rio de Janeiro, n°162, janeiro 2005. Disponível em:

<http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT883986-1716,00.html>Acesso em: 07de maio 2006.

MINDEL, N. A história do chocolate. Disponível em: <http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/chocolate/home.html> Acessoem: 07 de maio 2006.

Resposta Técnica. Disponível em: <http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt327.pdf>Acesso em 07 maio 2006.

61

BRAGANÇA, M. G. L. Como produzir licores. Rev. Tecnologia e Treinamento,Viçosa. Disponível em: <http://www.tecnologiaetreinamento.com.br/sessao.php?go=materiastecnicas&mat=0251>. Acesso em: 07 demaio 2006.

EMATER Agroindústria: Processamento Artesanal de Frutas– Licor.Disponível em:<http://www.emater.mg.gov.br/site_emater/Serv_Prod/Livraria/Agroindustria/Livraria_Agroindustria.asp#>. Acesso em: 07 demaio 2006

62

Pesquisadores(CEPLAC/CEPEC/SENUP).E-mai l : [email protected] ;[email protected]

FERTILIZAÇÃO DO CACAUEIRO

Rafael E. ChepoteEdson Lopes Reis

O Brasil e a Malásia, dentre os países produtores de cacau, são osque vêm utilizando com maior intensidade sistemas de produção comtecnologia moderna, incluindo o emprego de corretivos e fertilizantes.No Sul da Bahia são evidentes as respostas à adubação na cultura docacaueiro. Resultados experimentais constataram, em nível de fazenda,uma associação estreita entre área adubada e produtividade.

As recomendações de corretivos e fertilizantes consideram o grau edistribuição do sombreamento, o estado fitossanitário da plantação e ascaracterísticas físico-químicas do solo, tais como textura, profundidade efetiva,drenagem, pH, H+ + Al3+, P-disponível e bases trocáveis de K+, Ca2+ e Mg2+.Além desses aspectos, as inundações que ocorrem periodicamente emalgumas zonas, o regime hídrico e a impedimento físicos ao bomdesenvolvimento do sistema radicular do cultivo com reflexos sobre a produção.

Pesquisas desenvolvidas recentemente pela Seção de Solos e Nutriçãode Plantas (CEPEC/SENUP) com corretivos e adubos têm dado suportetécnico-científico na atualização das recomendações de corretivos efertilizantes no cacaueiro no Sul da Bahia. Assim o uso de corretivos alémde corrigir a acidez do solo e toxidez de alumínio e manganês, visa tambémo fornecimento de cálcio e magnésio ao solo. Os critérios de calagem nacultura do cacau no Sul da Bahia fundamentam-se na elevação dos teoresde cálcio e magnésio para 3,0 cmolc/dm3 em solos Latossolos distróficos ena redução da saturação de alumínio para valores de 30% em solos Argissolosdistróficos e Aluviais Argilosos distróficos. As quantidades totais de corretivosa serem aplicadas ao ano dependem da textura do solo: 2000 kg/ha/anopara solos de textura argilosa e 1000 kg/ha/ano para solos de textura franca.

O uso de gesso agrícola (sulfato de cálcio diidratado - CaSO42H2O)deve-se utilizar na melhoria do ambiente radicular do cacaueiro nascamadas subsuperficiais (20 a 40cm), quando os teores de Ca2+ são ≤ 0,4cmolc/dm3 e tem elevados teores de alumínio (> 0,5 cmolc/dm3 de Al3+ e/ou

63

saturação por Al3+ ≥ 30%). Este é o caso dos solos Aluviais Argilososdistróficos de Linhares e Argissolos distróficos do Sul da Bahia.

A adubação do cacaueiro baseia-se nas doses de nitrogênio,determinadas em ensaios de campo e nos níveis críticos de fósforo epotássio disponíveis que proporcionam maior desenvolvimento e produçãodo cacaueiro. Desta maneira disponibilizaram-se doze formulações(Tabela 1) com as respectivas quantidades de nutrientes por hectare edoses de fertilizantes a serem utilizados.

São apresentadas também, recomendações de adubação orgânica docacaueiro a base de composto de casca do fruto do cacau e de estercode curral, na presença e ausência de adubos minerais, adubação a basede micronutrientes e foliar.

Como técnica de monitoramento do estado nutricional do cacaueiro, adiagnose foliar, é utilizada: recomenda-se coletar a terceira folha a partirdo ápice de um lançamento recém amadurecido, na meia altura da copada planta. A época de coleta é no verão (dezembro a janeiro) evitando-se operíodo de lançamento. Coletar quatro folhas por planta (uma em cadaquadrante), percorrendo-se uma área homogênea, num total de 10cacaueiros por amostra composta.

As folhas deverão ser coletadas e acondicionadas em sacos de papel eremetidas de modo a darem entrada no laboratório no mesmo dia. Se otempo entre a coleta e a entrada no laboratório for superior a duas horas,devem-se manter as amostras a baixa temperatura em um isopor com gelo.

Quantidade Composição Idade (anos) Idade (anos)N P 2 O 5 K 2 O N P K 0 a 1 1 a 2 2 a 3 > 3 0 a 1 1 a 2 2 a 3 > 3----- kg/ha ----- ----- % ---- ----------- kg/ha ----------- ---------- g/planta (1) ---------

60 90 60 16 � 24 � 16 130 190 250 380 120 170 230 35060 90 30 18 � 27 � 09 110 170 230 340 100 150 210 31060 90 00 22 � 33 � 00 90 140 180 270 80 130 160 25060 60 60 18 � 18 � 18 110 170 230 340 100 150 210 31060 60 30 22 � 22 � 11 90 140 180 270 80 130 160 25060 60 00 27 � 27 � 00 80 110 150 220 70 110 140 21060 30 60 20 � 10 � 20 100 150 200 300 90 140 180 27060 30 30 26 � 13 � 13 80 120 150 230 70 110 140 21060 30 00 34 � 17 � 00 60 100 130 180 50 90 120 18060 00 60 25 � 00 � 25 80 120 160 240 70 110 150 22060 00 30 32 � 00 � 16 60 100 130 190 50 90 120 17060 00 00 45 � 00 � 00 50 70 90 140 50 60 80 130

1 As quantidades recomendadas por planta devem ser fracionadas em três aplicações para os doisprimeiros anos e em duas aplicações para os anos subseqüentes.

NPK Doses de Fertil izantes

Tabela 1. Quantidades de N, P2O5 e K2O, composição dos fertilizantes e respectivas doses paraas diferentes idades das plantações.

64

IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA ASUSTENTABILIDADE DOS BIOMAS TROPICAIS

Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) são reconhecidamente modelosde exploração de solos que mais se aproximam ecologicamente da florestanatural e, por isso, considerados como importante alternativa de usosustentado do ecossistema tropical úmido (Almeida, et 2002; Bandy et al.,1994; Canto et al., 1992; Huxley, 1983; Nair, 1993; Müller, et al., 2002). Aimportância da utilização de Sistemas Agroflorestais fica mais evidente,quando constatamos a existência de extensas áreas improdutivas emconseqüência da degradação resultante, principalmente, da prática docultivo itinerante, reconhecidamente uma modalidade de exploração nãosustentável dos solos. A pecuarização é outra realidade na exploração deterras no Brasil sendo, em geral, uma atividade resultante da implantaçãode grandes projetos, principalmente na Amazônia, mas não somentenaquela região, a qual promove a elevação do índice de desemprego erepresenta grande risco de degradação ambiental.

Existe atualmente na literatura uma grande variedade de termosempregados para conceituar práticas que combinam espécies florestaiscom culturas agrícolas e/ou com a pecuária. Também há uma grandeconfusão no uso da terminologia agroflorestal no Brasil. Muitos confundemsistemas agroflorestais com consorciação de cultivos. Resumidamentepode-se dizer que todo SAF é uma consorciação de cultivos, contudo oinverso nem sempre é verdadeiro.

Na verdade Agrofloresta é um termo novo para uma prática bastanteantiga já utilizada pelos indígenas. King e Chandler (1978) conceituaramos SAF’s como sendo os “Sistemas sustentáveis de uso da terra quecombinam, de maneira simultânea ou em seqüência, a produção decultivos agrícolas com plantações de árvores frutíferas ou florestais e/ouanimais, utilizando a mesma unidade de terra e aplicando técnicas de

Eng° Agro., Ph.D., CEPLAC/CEPEC/ESOMI [email protected]

Manfred Willy Müller

65

manejo que são compatíveis com as práticas culturais da população local”.Este conceito talvez seja o mais adequado para caracterizar os SAF’sporque faz alusão ao fator sustentabilidade, adotabilidade e, também, aclassificação temporal dos sistemas agroflorestais. Esta definição implicaque: a) SAF envolve normalmente duas ou mais espécies de plantas (ouplantas e animais), onde pelo menos uma delas é lenhosa; b) SAF temsempre dois ou mais produtos e; c) mesmo o mais simples SAF é sempremais complexo, ecologicamente (na sua estrutura e função) eeconomicamente, do que os sistemas de monocultivos (Nair, 1993).

Existem muitas classificações dos sistemas agroflorestais (Nair, 1993;Dubois et al., 1997; Montagnini at al., 1992). Na classificação maisempregada, distinguem-se os seguintes sistemas: o Silviagrícola ouAgrosilvicultura, o Silvipastoril e o Agrosilvipastoril. Os sistemassilviagrícolas são caracterizados pela combinação de árvores, arbustosou palmeiras com espécies agrícolas, por exemplo, o consórcio de cacau-eritrina ou cacau-espécies nativas (cabruca). Os sistemas silvipastorispreconizam a associação de árvores dentro da atividade agropecuária oua criação de animais dentro de povoamentos florestais, em resumo aassociação de pastagens e/ou animais e árvores. Sistemas agrosilvipastorissão caracterizados pela criação e manejo de animais em consórciossilviagrícolas, por exemplo, criação de animais em agroflorestas. A parte“florestal” da palavra agroflorestal não quer dizer que a espécie arbórea dosistema deva ser uma espécie da floresta ou uma espécie madeireira. NaAmazônia, por exemplo, muitos desses sistemas têm apenas árvoresfrutíferas e cultivos perenes.

A sustentabilidade é uma característica inerente aos sistemasagroflorestais, pois estão alicerçados em princípios básicos que envolvemaspectos ecológicos, econômicos e sociais. Todo método ou sistema deuso da terra somente será sustentável se for capaz de manter o seupotencial produtivo também para gerações futuras. Além disso, os SAF’spara serem considerados sustentáveis devem envolver os aspectossociais, econômicos e ecológicos, isto é necessitam que sejam socialmentejustos, economicamente viáveis e ecologicamente corretos.

Função social: Os SAF’s quando implantados em um determinadolocal ou região, possuem uma importante função social, a de fixação dohomem ao campo devido principalmente ao aumento da demanda de mão-de-obra e sem sazonalidade, ou seja, a sua distribuição é mais uniforme

66

durante o ano (os tratos culturais e colheita ocorrem em épocas diferentes),e da melhoria das condições de vida, promovida pela diversidade deprodução (produtos agrícolas, florestais e animais). A conservação dasespécies arbóreas medicinais e frutíferas, também é uma importante funçãosocial dos SAF’s (Müller et al., 2003 e 2003).

Os sistemas agroflorestais, quando comparados aos monocultivos,geralmente produzem maior número de serviços e produtos para oconsumo humano tendo em vista, principalmente, a utilização de grandediversidade de espécies florestais arbóreas e arbustivas, e pelas diferentesalternativas de consorciação com espécies agrícolas e/ou animais, emuma mesma área de terra.

Função econômica: A alternância da produção ao longo do ano e adiversificação de produtos conferem aos SAF’s fluxo de caixa maisfavorável, principalmente pelas receitas obtidas com os cultivos intercalaresde ciclo curto; maiores lucros por unidade de área cultivada e maiorestabilidade econômica pela redução dos riscos e incertezas de mercado.Neste caso, a escolha das espécies utilizadas nos SAF’s deve apoiar-seem um estudo de mercado para detectar os produtos de maior aceitaçãoe venda em determinadas épocas do ano.

Os sistemas agroflorestais, pela diversidade de culturas necessitandopara o seu manejo uma gama variada de mão-de-obra e, também, pelo fatode a maioria das culturas perenes utilizadas serem produtoras de matériaprima (madeira, látex, resinas, gomas, corantes, etc.) ou de alimentos (óleos,palmito, frutas, etc.), que podem demandar industrialização imediata, gerammaiores oportunidades de emprego no meio rural.

Função ecológica: A característica mais importante dos SAF’s pareceser a estabilidade ou sustentabilidade ecológica. Esta sustentabilidaderesulta da diversidade biológica promovida pela presença de diferentesespécies vegetais e/ou animais, que exploram nichos diversificados dentrodo sistema. A multiestratificação diferenciada de grande diversidade deespécies de múltiplos usos, que exploram os diferentes perfis verticais ehorizontais da paisagem nos SAF’s, otimizam o máximo aproveitamentoda energia solar (Macedo, 2000).

Como importância ambiental dos SAF’s pode ser citada: proteção contraerosão e degradação dos solos, conservação dos remanescentesflorestais, conservação das espécies arbóreas de valor ecológico (proteção

67

e alimentação à fauna, espécies endêmicas e espécies em extinção),conservação de nascentes e cursos d’água, substituição das matas ciliaresmantendo a função de proteção e, atuação de corredores ecológicosinterligando fragmentos florestais (Müller et al., 2002 e 2003).

Uma das vantagens mais conhecidas da agrofloresta é o seu potencialpara conservar o solo e manter sua fertilidade e produtividade. As espéciesarbóreas, normalmente por possuírem raízes mais longas que explorammaior volume de solo, são capazes de absorverem nutrientes e água queos cultivos agrícolas não conseguiriam, uma vez que, geralmente, suasraízes absorventes estão concentradas na camada superior do solo até20 cm de profundidade.

O dossel de copas formado pela diversidade de espécies vegetaisproporciona cobertura de solo através da deposição de camada densa dematerial orgânico, gerada continuamente pela queda de folhas e ramosdas diferentes culturas. Isso aumenta a proteção do solo contra a erosão,diminui o escorrimento superficial da água de chuva aumentando o seutempo de infiltração, reduz a temperatura do solo, aumenta a quantidadede matéria orgânica e, conseqüentemente, melhora as suas propriedadesquímicas, físicas e biológicas.

O Quadro 1 demonstra a importância dos SAFs na função de proteçãocontra perda de solo por erosão. Os dados são provenientes de quatrotipos de cobertura do solo durante a exploração da terra (sem cobertura,cultivo intensivo - mandioca e milho -, cultivos perenes - SAFs - e florestanativa) em um Ultisol com 7% de declividade na Costa do Marfim. Observa-se que a perda de solo nos cultivos perenes é baixa e praticamente igual àfloresta nativa (Quadro 1).

Solo exposto (sem vegetação) 125

Cultivo de milho 92

Cultivo de mandioca 32

Cultivos perenes* (SAFs) 0,3

Floresta nativa 0,1

Quadro 1. Perdas de solo por erosão em Ultisols com 7% de declividade na Costado Marfim.

Cobertura Erosão (t/ha/ano)

Fonte: Ollagnier et al. (1978).

68

Isto é particularmente relevante nos trópicos onde os solos são, emgeral, mais pobres e menos produtivos, comparados aos de zonatemperada. A Tabela 1. mostra a distribuição dos principais grupos de solosnos três continentes tropicais. Os oxisols e ultisols, que predominam nossolos dos trópicos úmidos, constituindo, em média, 41% dos solos tropicaise chegando a representar 55% dos solos tropicais do continente americano,são solos altamente lixiviados, possuem baixo teor de bases trocáveis,baixa reserva de nutriente, alto teor de alumínio e baixa disponibilidade defósforo (Sanchez, 1976). Os solos de moderada a alta fertilidade (Alfisols,Vertisols, Mollisols e Andisols) constituem, em média, somente 23% dossolos tropicais (Tabela 1).

1. Adição ao solo� Manutenção ou aumento da matéria orgânica

Oxisols 502 33,6 316 27,6 15 1,4 833 22,7Ultisols 320 21,4 135 11,8 294 28,4 749 20,4Entisols 124 8,3 282 24,7 168 16,2 574 15,7Inceptisols 204 13,7 156 13,7 172 16,6 532 14,5Andisols 31 2,1 1 0,1 11 1,1 43 1,2Alfisols 183 12,3 198 17,3 178 17,4 559 15,2Vertisols 20 1,3 46 4 97 9,3 163 4,4Aridisols 30 2 1 0,1 56 5,4 87 2,4Mollisols 65 4,4 0 0 9 0,9 74 2Histosols 4 0,2 5 0,4 27 2,6 36 1Spodosols 10 0,7 3 0,3 7 0,7 20 0,5

Total 1.493 100 1.143 100 1.034 100 3.670 100

Área1 % Área1 % Área1 % Área1 %Solos América tropical Africa tropical Asia tropical Total

Tabela 1. Distribuição geográfica das ordens de solo nos trópicos, baseado nossolos dominantes do mapeamento da FAO na escala de 1:5 milhões.

1Área em ha x 106 Fonte: Szott at al., (1991).

EFEITOS BENÉFICOS

Os supostos efeitos (benéficos e adversos) das árvores nos sistemasagroflorestais são (Nair, 1993):

69

� Fixação de nitrogênio� Absorção de nutrientes (reciclagem de nutrientes)� Deposição atmosférica de nutrientes� Exsudação de substâncias promotoras de crescimento na rizosfera

2. Redução de perdas pelo solo� Proteção contra erosão� Recuperação de nutrientes (reciclagem de nutrientes)

3. Efeito sobre propriedades físicas do solo� Modificação de extremas temperaturas do solo

4. Efeito sobre propriedades químicas do solo� Redução da acidez� Redução da salinidade� Redução da perda de MO do solo por oxidação (efeito do

sombreamento)

EFEITOS ADVERSOS

� Perda de MO e nutrientes por colheita (espécie madeireira)� Competição por nutrientes e água entre as espécies arbóreas e os

cultivos agrícolas� Produção de substâncias inhibidoras de germinação e crescimento

Um aspecto que deve ser enfatizado em Sistemas Agroflorestais é aciclagem de nutrientes, especialmente os de fácil lixiviação como cálcio(Ca), potássio (K) e enxofre (S). O cultivo consorciado tem a vantagem deretirar estes nutrientes das camadas mais profundas do solo e devolvê-los à superfície pela queda das folhas e ramos das espécies arbóreas, osquais tornam-se nutrientes disponíveis às plantas após a decomposiçãoda matéria orgânica e posterior mineralização.

Fontes (2006) estudando a ciclagem de nutrientes em diferentes SAfsde cacaueiro no Sul da Bahia (SAF's-Cabruca e SAF's-Eritrina) observouque, apesar das taxas de liberação de nutrientes pela ciclagembiogeoquímica da serrapilheira variarem entre os diferentes SAFs cacau,o balanço de nutrientes para a produção de 1.000 kg de amêndoas secasfoi positivo para todos os sistemas avaliados e a quantidade de nutrientes

70

na serrapilheira e cascas de cacau são relevantes para a manutenção dopotencial produtivo do sistema.

No sistema solo-planta, os nutrientes da planta estão em um "status"contínuo de transferência dinâmica. As plantas absorvem os nutrientes dosolo e os usam nos processos metabólicos. As partes da planta queretornam ao solo, como folhas mortas, ramos e raízes, formam o "litter"ou biomassa que por ação da atividade de microorganismos do solo sedecompõem e liberam os nutrientes para serem absorvidos novamentepelas plantas. Em uma visão mais restrita, ciclagem de nutrientes refere-se a esta contínua transferência de nutrientes do solo para planta e devolta para o solo. No aspecto mais amplo, ciclagem de nutrientes envolvea transferência continua de nutrientes dentro dos diferentes componentesdo ecossistema, incluindo processos tais como intemperização deminerais, atividades da biota do solo e outras transformações que ocorremna biosfera, atmosfera, litosfera e hidrosfera (Nair, 1993).

Nos SAF's a utilização de espécies florestais ou frutíferas que interagemsimbioticamente com bactérias do gênero Rhizobium, contribui para, alémna ciclagem normal de outros elementos, também para aumentar aquantidade de nitrogênio no solo. No Quadro 2 pode-se observar aimportância da ciclagem de nutrientes em áreas de cacau sombreadascom espécies nitrificadoras. Para comparação, foi incluída no Quadro 2 anecessidade da planta para repor os nutrientes retirados da área por açãoda lixiviação e colheita dos frutos. Observa-se que a quantidade de nutrientesaportados (N, P, K, Ca e Mg) pela litter produzido por qualquer uma das trêsespécies é sempre maior do que o total de nutrientes removidos pela colheitados frutos e por lixiviação. Naturalmente que existe outra fonte de remoçãode nutrientes muito importante que não consta do Quadro 2 que é a parte denutrientes utilizado para a formação de órgãos e tecidos da planta. Dequalquer forma, mesmo que os nutrientes aportados pela biomassa nãose igualem às exportadas (lixiviação e colheita) e utilizadas (metabolizção)pela planta, o que seria o ideal, mas pelo menos reduzem bastante anecessidade de importação destes elementos para a área.

Os sistemas agroflorestais podem ser considerados como uma dasalternativas de manejo racional dos recursos naturais renováveis queequacionam os principais problemas da agricultura e de seus impactosnegativos sobre o meio ambiente, assim como oferecem possibilidadespara amenizar e/ou solucionar as dificuldades financeiras de grande partedos agricultores brasileiros (Tsukamoto Filho, 1999).

71

Atualmente o mundo se preocupa com a sustentabilidade e preconizacomo alternativa viável para atingir o desenvolvimento sustentável, ossistemas agroflorestais. Desta forma os SAFs passaram a fazer parte dediretrizes centrais de desenvolvimento rural sustentável pelo potencial deserem implantados em áreas já degradadas, reincorporando-as aoprocesso produtivo e minimizando, assim, o desmatamento sobre florestasprimárias. São uma opção estratégica para pequenos produtores por causada baixa demanda de insumos, ao maior rendimento líquido por unidadede área em comparação com sistemas convencionais de produção e porfornecerem inúmeros serviços sócio-ambientais. Esses serviços podemser valorados, e convertidos em créditos ambientais, propiciando agregarvalor à propriedade agrícola (Gandara e Kageyama, 2001).

O avanço dos SAFs a partir da experimentação empírica por agricultorese, mais recentemente, a partir de experimentos mais formais denominadoscientíficos, vem mostrando que os sistemas mais complexos, imitando asflorestas naturais, utilizando o conceito de biodiversidade e sucessãoecológica, apontam para novos horizontes a agricultura nos trópicos.

Quadro 2. Produção de biomassa, teores de nutrientes aportados por algumasespécies componentes de SAFs com o cacaueiro e quantidade de nutrientes removidosatravés da colheita de frutos de cacau e lixiviação.

Produção de Teor d

Espécie Biomassa

(Ton. / ha / ano)N

Er ythrin a p oeppigi an a 5,0 174,9

Cordia alliodora 3,4 114,8

Glirici dia sepium 10,5 333,0

colheita de frutos1 34,0

Remoção de nutrientes Lixiviação 40,0

Total 74,0

1 Frutos equivalentes a 1.000 kg de amêndoas secas.

72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida, C. M. V. C. de; Müller, M. W.; Sena-Gomes, A. R. e Matos, P. G. G..2002. Pesquisa em Sistemas Agroflorestais e Agricultura Sustentável:Manejo do Sistema. Workshop Latino-americano sobre Pesquisa de Cacau,Ilhéus, Bahia, 22 – 24 de outubro de 2002. Anais com resumo expandido(CD-ROM).

Bandy, D.; Garraty, D. P.; Sanches, P. 1994. El problema mundial de laagricultura de tala y quema. Agroforesteria en las Américas, 1 (3):14-20.

Brito, A. M. de; Silva,, G.C.V.; Almeida, C.M.V.C. e Matos, P.G.G.. 2002.Sistemas agroflorestais com o cacaueiro (Theobroma cacao L.) para odesenvolvimento sustentável do estado do Amazonas. IV CongressoBrasileiro de Sistemas Agroflorestais, 21 a 26/10/2002, Ilhéus, Bahia. Anaiscom resumo expandido (CD-ROM).

Canto, A. do C., Silva, S. E. L. da. e Neves. E. J. M. 1992. Sistemasagroflorestais na Amazônia Ocidental: aspectos técnicos e econômicos.In: II Encontro Brasileiro de Economia e Planejamento Florestal. Curitiba30 de setembro a 4 de outubro de 1991, EMBRAPA-CNPF, 1992, AnaisV.1, p. 23-36.

Dubois, J.C.: Viana, V.M. e Anderson, A.B. 1997. Manual Agroflorestal paraa Amazônia: primeiro volume. Rio de Janeiro, RJ. REBRAF. 228p.

Gandara, F.B. e Kageyama, P.Y. 2001. Biodiversidade e dinâmica emsistemas agroflorestais. In: Documentos: Palestras III Congresso Brasileirode Sistemas Agroflorestais (eds. Macêdo, J.L.V.; Wandelli, E.V. e Silva Júnior,J.P.). pp.25-32. Embrapa Amazônia Ocidental. Documentos. 21 a 25/11/2000, Manaus, AM.

Huxley, P. A. 1983. Plant Research and Agro forestry. International Councilfor Research in Agro forestry (ICRAF), Nairobi, Kenya. 617 p.

King, K.F. e Chandler, N.T. 1978. The wasted lands: The program of workof the International Council for Research in Agro forestry (ICRAF). Nairobi,Kenya.

Macedo, R.L.G. 2000. Princípios básicos para o manejo sustentável desistemas agroflorestais. Lavras: UFLA/FAEP. 157p.

73

Montagnini, F. 1992. Sistemas agroforestales: principios y aplicaciones enlos trópicos. San José, Costa Rica: IICA. 622p.

Müller, M.W.; Sena-Gomes, A.R. e Almeida, C.M.V.C. de. 2002. Sistemasagroflorestais com o cacaueiro. IV Congresso Brasileiro de SistemasAgroflorestais, 21 a 26/10/2002, Ilhéus, BA. Anais CD-ROM.

Müller, M,W.; Almeida, C.M.V.C. de e Sena-Gomes, A.R. 2003. Sistemasagroflorestais com cacau como exploração sustentável dos biomastropicais. Semana do Fazendeiro, 25ª, Uruçuca, 2002. Agenda. Uruçuca,CEPLAC/CENEX/EMARC, pp. 137-142.

Nair, P.K.R. 1993. Introduction to Agro forestry. Kluwer Academic Publishers,Dordrecht. 499p.

Ollagnier, M.; Lauzerel, A.; Olivin, J. e Ochs, R. 1998. Evolution des solssons palmeraie aprè defrichement des forêt. Olleagineaux 33:537-547.

Sanchez, P.A. 1976. Properties and Management of Soils in the Tropics.Wiley, New York, USA.

Smith, N.J.H.; Falesi, I.C.; Alvim, P. de T. e Serrão, E.A.S. 1996. Agro forestrytrajectories among smallholders in the Brasilian Amazon: innovation andresiliency in pioneer and older settled areas. Ecological Economics 18: 15-27.

Szot, L.T. Fernabdes, E.C.M. e Sanchez, P.A. 1991. Soil-plant interactionsin agro forestry systems. In: Jarvis, P.G. (ed.), Agro forestry: Principles andPractice, pp. 127-152. Elsevier, Amsterdam, The Netherlands.

Tsukamoto Filho, A. A. 1999. A introdução do palmiteiro (Euterpe edulisMartius) em sistemas agroflorestais em Lavras – Minas Gerais. Lavras:UFLA, 1999. 148p. (Dissertação de mestrado).

74

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ATRAVÉS DAOVINOCAPRINOCULTURA

1Arquiteta e urbanista, técnica em agropecuária, especialização em produção depequenos ruminantes, Diretora-Presidente da ACCOSULBA Assoc. de Criadores deCaprinos e Ovinos do Extremo Sul – BA, autora e coordenadora do Programa OC 13Mpara o desenvolvimento sustentável através da Ovinocaprinocultura, instrutora do setorovinos/caprinos SENAR/Extremo Sul. Contato: 73-3291.3892, 73-9992.4926,[email protected], [email protected]

A ovinocaprinocultura vem se desenvolvendo de maneiraimpressionante. Por isto mesmo este é o momento exato para discutir oseu futuro, e quais os caminhos para consolidá-la como atividade pecuáriaprodutiva e economicamente viável. Lançamos então o Programa deDesenvolvimento de Sustentabilidade Rural, onde o foco é o pequeno emédio produtor na busca de alternativas para a unidade produtiva. A idéia doPrograma de ovinocaprinocultura não é substituir a atividade principal dafazenda, a idéia é somar. A proposta é que o rebanho faça parte do negócioda fazenda e seja utilizado inclusive na integração com a agricultura, comaproveitamento de restos culturais e em consorciação. Podemos citarinclusive o Sistema Agroflorestal onde se aproveita cada etapa no processode consorciação, trabalhos estão sendo desenvolvidos para este setor.

O Programa contempla também o que eu chamo de A “Pecuária doEucalipto” (CORREIA, 2003) é um sistema racional e eficiente de uso daterra. Nesse sistema, árvores são cultivadas em consórcio com culturasagrícolas e/ou criação animal que propicia, entre outras vantagens, arecuperação da fertilidade dos solos, o fornecimento de adubos verdes eo controle de ervas daninhas. Consiste numa prática de manejo na qualas culturas são cultivadas nas ruas entre as fileiras arbóreas, geralmentesão leguminosas, e na qual as espécies lenhosas são podadasperiodicamente durante a época de cultivo.

Katia R. P. Correia

75

Neste sistema implantamos uma produção consorciada envolvendoum componente arbóreo com um cultivo agrícola e um tipo animal, deforma a maximizar a ação compensatória e minimizar a competição entreas espécies, com o objetivo de conciliar o aumento de produtividade erentabilidade econômica com a proteção ambiental e a melhoria daqualidade de vida das populações rurais, promovendo, assim, odesenvolvimento sustentado.

O principal enfoque é o sócio-econômico-ambiental, com integraçõese diversidade dos sistemas monoculturais que constituem a matériatrocada entre si, melhorando e conservando as propriedades físicas,químicas e biológicas do solo.

Refere-se à composição, os três grupos de componentes a seremmanejados:

� O florestal, que pode ser representado pelas árvores;� o agrícola, com plantas herbáceas ou arbustivas, incluindo plantas

forrageiras;� o animal, ovino/caprino.O arranjo espacial contempla a densidade de plantio e a distribuição

das plantas na área. As árvores podem ser plantadas em aberto, como nouso de árvores de sombra em pastagem podendo sua distribuição ser deforma misturada com os outros componentes, (bracatingas, no sul doBrasil), em zonas estreitas entre fileiras (microzonais), ou largas plantadasem fileiras, faixas, ou blocos distantes uns dos outros (macrozonais),cercas- vivas, quebra- ventos, bancos de proteína, e em terraços pararotação e conservação de solo. (SAF’s incluindo o pastoril). Este trabalhoencontra-se em execução e ainda não podemos afirmar com exatidão apopulação animal por hectare ano.

Já no Sistema de Produção semi-extensiva, afirmo com exatidão, quetrabalhando-se com complementação de cocho e rotação de pastagens,podemos ter um resultado impressionante de 60 arrobas por hectare /ano, o que nos estimula cada vez mais na atualização das técnicas etecnologia da atividade.

A Importância da criação de Ovinos e Caprinos no contexto econômicoe a rentabilidade a curto, médio e longo prazo abrem espaço e avança noprocesso de estímulo aos criadores; iniciando a criação de formaestratégica, usando a tecnologia como válvula propulsora dedesenvolvimento para o manejo integrado de toda a produção.

Baseada nas oportunidades identificadas - na demanda nacional que

76

hoje importa 50% da matéria prima consumida nos grandes centros,através de pesquisas e demonstrações de aptidão local, e por esta regiãocomportar muito mais de 60 assentamentos de reforma agrária compequenas áreas onde as propriedades rurais encontram-se improdutivase agricultores familiares com necessidades básicas de inclusãosocioeconômica em busca de oportunidades.

Os principais problemas que requerem decisões administrativas emuma empresa rural são: Quanto produzir - Como produzir - O queproduzir. Ou seja, o produtor rural deve definir qual a combinação deatividades a serem exploradas, qual o método de produção das atividadese que gastos serão efetuados para se atingir determinado patamar deprodução. A escolha das atividades deve estar estritamente relacionadacom a disponibilidade de recursos na propriedade; disponibilidade demercado para os produtos; habilidade, objetivo e preferência do produtor.Lembrando sempre que todo negócio de sucesso é aquele que se sabefazer.

Em geral, os estudos consideram como se a ovinocaprinocultura daBahia fosse uma atividade homogênea, explorada de maneira igual emtodo o estado. Contudo, questões agro-ecológicas e sócio-econômicasfizeram com que os produtores passassem a adotar diferentes sistemasde produção. A produção de caprinos e ovinos ocorre, principalmente, emestabelecimentos de base familiar, frágeis financeiramente, com baixatecnologia e pouco acesso a crédito. A comercialização de caprinos, ovinose seus produtos se caracteriza por canais de comercialização relativamentecurtos, em zonas rurais ou pequenas cidades do interior, com pouca ounenhuma participação de frigoríficos e indústrias de embutidos. No entanto,começam a ser observadas mudanças nos segmentos de produção ecomercialização de caprinos e ovinos na Bahia.

Nosso Objetivo é preparar o produtor rural na passagem da atividadetradicional, para o trabalho empresarial investindo em sua propriedade comouma empresa e acreditando que os seus animais são seus funcionários,colaboradores e acionistas (CORREIA, 1998).

Nossa Meta é aumentar o poder de negociação dos produtores emsuas relações com o mercado (pós-porteira) e favorecer na formação eexpansão da ovinocaprinocultura com a transferência de conhecimentos(atacado/varejo):

� Levar informações de qualidade e atualizadas a esse público;� Capacitação técnica;

77

� transferência de tecnologia;� 0rganizar a unidade produtiva à luz do agronegócio� administrar a unidade produtiva de forma empresarial;� transformar o perfil do caprino-ovinocultor;� qualificar a mão-de-obra;� mudar e/ou criar hábitos culturais na população;� auferir competitividade ao setor: - produtividade; - qualidade de produto; - preço do produto compatível com o mercado; - disponibilidade do produto em nível do consumidor; - constância na oferta.

Nossa Missão é o Desenvolvimento da Sustentabilidade Rural,eficiência e autonomia na unidade produtiva como passo inicial de todoPrograma profissionalizando o empresário rural na busca de seu resgatee integridade bio-psico-social.

Taxa de lotação de pastagens (matriz/ha)

Idade a 1a cobertura (dias)

Fertilidade (%)

Prolificidade (%)

Intervalo entre partos (meses)

Peso ao nascer (kg)

Idade de desmame (dias)

Peso ao desmame (kg)

Ganho de peso pré-desmame (g/dia)

Peso vivo ao abate (kg)

Idade de abate (dias)

Ganho de peso pós-desmame (g/dia)

Rendimento de carcaça fria

Custo estimado (R$ / kg de carcaça)

10-12 20-25 30-35

540 330 300

85 87 87

1 30 145 145

12 10 8

3,5 4,5 4,5

90 60 45

18,8 12,7 15,1

170 220 280

28-30 28-30 28-30

169 120 95

130 190 240

42% 45% 45%

2,26* 2,40 2,32

SISTEMA IZ DEABATE SUPER

PRECOCE

ÍNDICES MÉDIOS SISTEMATRADICIONAL

SISTEMA SEMI-EXTENSIVO

NORMAL

Para se ter qualidade e quantidade, na Tabela abaixo vão os resultadosque a tecnologia nos oferece.

78

Abate deverá ser humanitário de 120 dias a 180 dias no máximo paramachos e para fêmeas.

Na precocidade podendo chegar machos com 25 a 35 kg aos 100 diase fêmeas aos 120 dias (futuro da produção para exportação).

Para um ovino/caprino chegar ao seu ponto melhor de abate ele deveráestar no máximo com 6 meses entre 28 e 32 kg que é igual em média aum ganho de 0,166 kg/dia, por tanto devemos pesar este animal a cada30 dias, quanto maior for a precocidade maior rentabilidade.

ESCOLHA DAS RAÇAS

A raça Santa Inês é resultado de cruzamentos indiscriminados entretrês raças, Morada Nova, Bergamácia e Somalis, seguido de um períodode evolução e seleção, principalmente para o aumento do porte e perdatotal da lã. É de porte médio a grande, com aptidão para a produção decarne e pele (ARCO, 1989) e apresenta o maior potencial para ganho depesos entre as raças da região.

Nos Caprinos a raça Bôer com aptidão para corte e a Anglo-nubianacom aptidão mista corte e leite, nas duas raças encontramos peles deboa qualidade e alto valor comercial.

O cabrito pasta para cima (ramoneio), tentando subir nos arbustos, e ocordeiro pasta para baixo consumindo o rasteiro do pasto.

Para os capins Aruana e Amendoim Forrageiro, está sendo usado 28dias de descanso com 04 dias de pastejo em um grupo de animais, destaforma teremos 8 divisões na pastagem. Nessas condições a taxa delotação tem variado de 40 a 60 ovinos por hectare /período, com um ganhopeso diário variando de 80 a 160 gramas.

AS INSTALAÇÕES

É importante ressaltar que o capital investido em instalações não deveexceder de 20 a 35% do investimento inicial. Assim, é possível para oprodutor alocar maior quantidade de recursos na aquisição de animais dealto potencial para produção. Ao planejar as instalações, o produtor deveconsiderar a possibilidade de futuras ampliações, a serem financiadaspelos recursos obtidos da própria atividade.

79

Observação:

Rebanhos fechados, onde são mantidos e manejados sem associaçãocom outros animais é de grande valor na prevenção dos problemassanitários, com risco de transmissão de agentes patogênicos entre outrasespécies animais, da mesma forma cães e gatos não devem ter acessoàs instalações e alimentos dos caprinos e ovinos, é importante lembrarque as medidas de controle sanitárias devem ser estendidas a todos osanimais da propriedade.

Animais doentes devem ter dependências especialmente construídaspara tal finalidade (enfermarias) tem como objetivo concentrar a fonte deinfecção numa área restrita e controlável para reduzir os riscos deinfestação para outros animais.

Logo após o nascimento as crias devem ser separadas da mãe,cabendo ao tratador enxugá-las com pano limpo , massageando todo corpopara estimular as funções respiratórias e circulatórias, e removerem osrestos placentários das narinas e boca.

Devem ser identificados no primeiro momento e alojados em local limpoe arejado, sem vento, chuva ou frio, podendo-se utilizar cama de feno ououtro material seco.

O cordão umbilical deve ser cortado a uma distancia de 2 dedos doabdome com tesoura limpa e aplicação de tintura de iodo a 10% durante3 dias.

O recém nascido deve ingerir pelo menos 5% de seu peso em colostro,(150 a 200ml) nas 6 primeiras horas de vida. (dividido em 4 mamadas) por5 dias. As crias devem ser aleitadas em baldes ou mamadeiras,devidamente limpas, com o próprio leite ou de vaca pasteurizado naproporção de 1:2. No caso de aleitamento na mãe direto os tetos deverãoser desinfetados e limpos antes do aleitamento. No caso de rejeição oupouca quantidade de leite o aleitamento deverá ser feito com leite de vacana mistura de 1:2.

Após a ordenha o leite deve ser rapidamente resfriado a 4°C e mantidonesta temperatura até a pasteurização que é um processo obrigatório paraqualquer tipo de consumo.

MANEJO DOS ANIMAIS

80

ALIMENTAÇÃO

O concentrado a partir dos 15 dias com 12 a 18% de P.B. além dovolumoso, pode ser oferecido feno de rami, leguminosas e o sal mineral.

O desmame 50 dias, machos para abate desmame 40 dias.Abate a 150 dias no máximo para machos 180 dias para fêmeas.Na precocidade podendo chegar machos com 25 a 35 kg aos 100 dias

e fêmeas aos 120 dias.Para o pasto após os 60 dias, antes, somente banho de sol no solário

que deve ser de terra sem nenhuma vegetação.Aos 15 dias, entrar com ração balanceada.Descorna no 10º dia com ferro quente, Caprinos.Reprodução do macho após 1 ano de idade.Reprodução da fêmea após 7 meses ou atingir acima de 30 kg.Castração para abate aos 180 dias não é necessário, após os 120 dias

separar por sexo os animais jovens.

SIMPLES MANEJO PARA ALIMENTAR 20 ANIMAIS

Plante 1 hectare de capim de boa qualidade, mais 2.500 m2 de napier,Jaraguá, Rhodes, gordura, colonião, capim elefante consorciado comleguminosas (feijão guandu, leucena, amendoim forrageiro); Para o invernona estação seca, deve-se plantar milho, mandioca, rami.

Também, um ótimo consórcio é a palma forrageira e fenos de capimquicuio e jaraguá.

Para simplificar o trabalho, também pode ser oferecido comocomplemento folha de bananeira, ameixeira ou amoreira. De vez emquando pode-se utilizar produtos de podas de jardim, pomar e excedentesde horta ou outras plantações como batata doce, cenoura, folhas deabacate, cítricos, e até palha de feijão. Sal e sal mineral não podem faltare a água deve ser potável e limpa.

Evitem que comam erva tenra em excesso ou pasto orvalhado queocasionam indigestão e diarréias. Corte a capineira após as 10 h da manhãquando o capim já secou e as larvas dos vermes caíram por terra.

É aconselhável na complementação alimentar dos animais 50% defarelo de milho, 30% de farelo de trigo, ou 55% de fubá grosso de milho,35% de quirera de milho, 20% de farelo de coco ou 50% de raspas demandioca e outras opções que se tem na propriedade.

81

Não vão a pasto em dia de chuva.O capim cortado deve estar murcho desde que não esquente nem esteja

fermentado.As refeições devem ser oferecidas sempre no mesmo horário.O rolão de milho é o concentrado mais indicado (pés, espigas) 700g

por animal adulto, 300g para cabritos. As necessidades de proteína brutaé de 21%.

Em pastagem para pisoteio podemos utilizar :� Humidícola que está entre 8 a 11% de PB (proteína bruta);� Quicuio (Pennisentum clandestinum) está entre 13 a 18% de PB;� Amendoim forrageiro está entre 18 a 23% de PB;� Capim estrela está entre 7 a 10% de PB;� Capim buffel. Pisoteio;� Capim coast-cross. Pisoteio;� Aruana, ótimo para o pastejo quando rebaixado.

Para CAPINEIRAS de corte.Podemos utilizar o que temos na região em média com 60 a 90 dias

em três cortes:� napier� Cana de açúcar:- Capineira. Proteína 2 a 3%.� Camerum� Colonião� Capim elefante - 55 a 60 dias para ensilagem e capineira.

As LEGUMINOSAS são:� Feijão guandu� Leucena� Amendoim forrageiro� Cunha

Outras são:� Milho� Mandioca ou aipim.

A capacidade produtiva animal além da genética é dependente dediversos fatores, dentre eles, os nutricionais. Para se obter níveis elevadosde produtividade todos os componentes da dieta devem ser considerados

82

e fornecidos, pelo menos, nas quantidades mínimas exigidas. Quantidadestotais e mínimas necessárias de todo e qualquer nutriente, do macro aomicro elemento.

Quando, por exemplo, a pastagem não oferecer aos animais algumnutriente na(s) quantidade(s) necessária(s), este deve ser complementadoda forma mais econômica possível. Um caso típico é a mineralização dosanimais através do fornecimento de sais minerais em saleiros. O mesmopode acontecer para nutrientes protéicos e/ou energéticos através do usode misturas múltiplas para todo o rebanho ou de alimentação restrita (creepfeeding) para animais jovens.

O crescimento pós-natal é acentuado durante as primeiras semanasde vida, logo decrescendo o ritmo e assim originando uma curva comtendência à horizontalidade.

Nascendo o animal, por exemplo, com aproximadamente 5% do seupeso adulto (PA) geneticamente definido, em apenas 10 semanas elemultiplica por 5 vezes este peso atingindo 25% do PA, nas 10 semanasseguintes ele apenas consegue dobrar o seu peso vivo (PV) para alcançar50% do PA, em seguida no mesmo período de tempo aumenta em apenas1/2 o seu PV alcançando 75% do PA e segue com ganhos cada vezmenores, o que exigirá dezenas de semanas para que atinja o seu PAdefinido geneticamente.

� Polpa cítrica: Complementação em cocho. Pode ser usado naproporção de 10% (pectina, laranja e limão).

� Nitrogênio na estação das secas.� Mineral NRC 81.� Palma forrageira: Reserva estratégica para os rebanhos nos anos de

baixa produção de forragem são elas:- palma gigante, palma redonda,palma doce. O plantio deve ser feito 2 meses antes da estação chuvosa,utilizando-se raquetes da 3ª rama, colocadas na posição vertical com abase voltada para o solo, com 1 metro entre fileiras e ½ metro entreraquetes.

Os alimentos são classificados em concentrados e volumosos.

CONCENTRADOS

São alimentos com altos teores de nutrientes.� concentrados protéicos são alimentos que apresentam acima de

83

18% de proteína bruta, com baixos teores de fibra e de fácil digestão.Destacam-se a torta de algodão, o farelo de soja, a torta de mamona, e auréia.

� Concentrados energéticos são os alimentos que apresentamelevados teores de energia e de fácil digestão. Os mais comuns são, omilho, o farelo de trigo e o melaço.

VOLUMOSOS

São alimentos com elevados teores de fibra, componentes essenciaisaos ruminantes, além de conterem nutrientes tais como, proteína, energia,vitaminas e sais minerais. Os mais comuns são: forragens verdes, fenos,silagens, subprodutos da agroindústria e os restos culturais - bagaços eresíduos resultantes do processamento industrial de frutas, cana deaçúcar, tomates, leveduras, e os pós-colheitas - palhadas, cascas, folhase talos.

Este trabalho só terá fundamento se tivermos por excelência a certezade que estamos possibilitando aos pequenos produtores rurais, atravésda comercialização de seus produtos, o resgate da dignidade conseguidapela valorização de seu trabalho.

CONCLUSÃO

84

PLANTIO DE MUDAS DE CACAUEIROS CLONADOS PORESTAQUIA

PREPARO DA ÁREA

ADEQUAÇÃO DO SOMBREAMENTO

Robério Gama PachecoJorge Luiz Lima Cordier

Por ocasião do plantio no campo, as mudas clonadas por estaquianecessitam de sombreamento de 60 a 70%. Portanto, deve-se ajustar osombreamento provisório com, pelo menos, seis meses de antecedênciado plantio das mudas, utilizando-se o próprio cacau, a bananeira e/ougliricidia.

Estas espécies são recomendadas pela facilidade de propagação,velocidade de crescimento, quantidade e qualidade dos restolhosproduzidos para uso como cobertura morta e incorporação de nutrientesao solo e, especialmente, no caso da bananeira, pelo aproveitamento daprodução dos frutos, gerando receitas e melhorando a alimentação nafazenda. Por ocasião do desbaste das bananeiras e poda nas gliricidias erespectivos pseudocaules e folhagens, podem ainda ser utilizados naalimentação animal. Após esse período e antes da adubação básica, deveser realizada a poda e ou levantamento das copas das árvores queconstituem o sombreamento provisório, com o objetivo de reduzir sombrapara cerca de 50% em relação ao estágio inicial.Esta prática deve serrepetida a cada ano ou de acordo com as necessidades da área.

CEPLAC/CEPEC

85

ABERTURA, ADUBAÇÃO E ENCHIMENTO DA COVA

Em solos de média fertilidade abrir covas com dimensões 30 x 30 x 40cm. Para solos ácidos de baixa fertilidade, abrir covas de 40 x 40 x 40 cm.

Em solos Hidromórficos de textura argilosa e aluvial argilosos, as covasdevem ter as dimensões de 40 x 40 x 50 cm, sendo imprescindível arealização da drenagem antecipada da área com valetas de 70 a 80 cm deprofundidade.

Utilização de corretivos nas covas

Independente do corretivo a ser aplicado na área, o calcário deveráser incorporado na cova como fonte de cálcio e magnésio. Este calcáriodeverá ser misturado com o solo e adicionado na camada inferior (20-40 cm)da cova.

Adubação fosfatada na cova

A aplicação de fósforo na cova deve-se realizar de acordo com osresultados da análise de solo, podendo-se utilizar diferentes fontes deadubos fosfatados, os quais devem ser aplicados na metade superior dacova juntamente com os micronutrientes e a matéria orgânica.

Adubação orgânica na cova

A adubação orgânica compreende a utilização e aproveitamento deresíduos orgânico de origem animal, vegetal ou industrial devidamenteprocessados para uso agrícola, sempre que a matéria orgânica no solofor inferior a 30g kg. Os adubos orgânicos em solos de baixa fertilidade(ácidos e com baixo conteúdo de matéria orgânica) visam melhorar aspropriedades físicas, químicas e biológicas do solo, favorecendo adisponibilidade de nutrientes. Os adubos orgânicos na cova devem seraplicados nas seguintes quantidades: 2 kg/cova, de composto de cascade cacau e/ou esterco de gado ou 1 kg/cova no plantio de composto decacau e/ou esterco de gado, mais 50% da dose de adubo mineral,recomendado pela análise de solos.

Adubação com micronutrientes na cova

A utilização de micronutrientes visa repor a carência desses elementos

86

no solo, notadamente em solos ácidos e de baixa fertilidade para ocacaueiro. Atualmente, com a introdução de clones com maior demandanutricional é importante à utilização de adubos com micronutrientes.

Pesquisas mostram que o Zinco é o elemento que mais freqüentementemanifesta deficiência em Latossolo distrófico e Argissoloso distróficos.Quando os teores desses elementos no solo se encontram abaixo de1,5 mg dm³, deve-se aplicar 4kg de Zn por ha, na forma de óxido ousulfato de zinco em pó. No plantio, recomenda-se aplicar 15g de FTENEW Centro oeste, por cova.

ADUBAÇÃO FOLIAR

A capacidade das plantas em absorver nutrientes por meio das folhasconstitui um fundamento para a adubação foliar, a qual é uma forma deaplicar esses elementos nas diversas culturas. A adubação foliar podeconstituir-se uma alternativa quando se visa complementar a adubaçãoaplicada no solo ou em cultivo intensivo (floricultura e horticultura) e emviveiros. Estes fertilizantes foliares podem ser aplicados conjuntamente comdefensivos agrícolas (inseticidas e fungicidas), desde que sejam compatíveis.É interessante consultar o Escritório local da CEPLAC, em caso de dúvidas.

TRANSPORTE

Mesmo não sendo considerada uma etapa do processo de produção, otransporte das mudas da unidade de produção para a propriedade requeruma série de cuidados, sem os quais o sucesso do plantio de muda clonalficará comprometido.

����� Meio de TransporteO transporte é geralmente feito por caminhões ou automóveis utilitários

com a parte superior e as laterais protegidas contra chuvas e vento, a fimde evitar a desidratação; deve-se também equipar os veículos com gradepara acomodação das bandejas.

����� Horário de transporteDurante o dia os melhores períodos para transporte são definidos até

87

às 9 horas e a partir das 16 horas. O transporte feito entre as 9 e 16 horasem dias quentes aumenta a perda de água das plantas, contribuindo paraaumentar o stress das mesmas. Assim, dias mais úmidos, comtemperaturas entre 22°C e 25°C e chuvas de pequenas intensidades sãodesejáveis durante o transporte. Em distância superior a 100 km,recomenda-se irrigar as mudas a cada 2 horas.

RECEPÇÃO DAS MUDAS NA FAZENDA

As mudas devem ser colocadas em bancada de bambu, ripas comsuporte de arame liso.

PLANTIO DAS MUDAS FORMADAS EM TUBETES

Considerando que a cova já foi aberta e cheia com terra devidamenteenriquecida (adubada) com a devida antecedência, o plantio da mudadeve ser feito obedecendo a seguinte seqüência:

1 - Regar as mudas por ocasião da transferência um dia antes da idapara o campo.

2 - Abrir um buraco com um furão a fim de facilitar a deposição damuda sem dobrar as raízes.

Obs: O furão é um pedaço de madeira roliça com cerca de 1 metro decomprimento e 25 cm de diâmetro, cuja extremidade basal vai afunilandoa partir dos últimos 25 cm. À semelhança da ponta de um lápis.

3 - Colocar a muda no buraco, atentando para que o torrão fique cercade 5 cm abaixo do nível do solo.

4 - Ao colocar a muda no buraco, não forçar para baixo para que amuda não venha a dobrar as pontas das raízes, fazendo com que asmesmas não se desenvolvam no sentido vertical.

5 - Quando a área for declivosa, não esquecer de posicionar a mudano buraco com a inclinação da brotação principal voltada para a parte decima da encosta, procedimento que contribui para a melhor sustentaçãoda planta quando adulta. Completar o volume do buraco com solo, seguidode rega (para promover melhor contato entre o solo e a raiz),complementado pela compactação do solo ao redor das raízes, a fim deeliminar “bolsões de ar”.

88

COBERTURA MORTA

Deve ser realizada por ocasião da adequação do sombreamentoprovisório e da limpeza da área. É fundamental para diminuir a concorrênciapor água e nutrientes entre cacaueiros e as plantas invasoras.

Quando do uso de pseudocaule de bananeira, este deverá ser divididoem pedaços de aproximadamente 50 cm, aberto ao meio e depositado aoredor do cacaueiro, com a face cortada voltada para o solo.

Cobertura morta com pedaços de tronco de bananeira (50 cm).

MANJEO DE PRAGAS PÓS-PLANTIO

Em condições de pós-plantio as pragas mais freqüentes são:

SugadoresTripsMonalonioPulgõesCochonilhasCigarrinhas

Broca da Muda, Formiga Cortadeira e Vaquinha

Os inseticidas atualmente recomendados e registrados no MAPA são:

����� Endosulfan (250 ml/100 litros de agua);����� Deltametrina (100 ml/l00 litros de agua);����� Malathion (200 ml/100 litros de agua);����� Decis (200 ml/100 litros de agua);����� Óleo mineral emulcionável.

Controle de formigas

Época Seca: Utilização de isca e inseticida à base de Sulflurramida eDiflubenzuron;

Época Chuvosa: Uma isca inseticida com utilização de porta-isca;

Raspadores e sugadoresÁcaro de gemaÁcaro mexicano

LagartasLagarta enrola folhaLagarta de compasso

89

termonebulização: utilizar 50ml de Deltametrina ou 100ml de Malathionpor litro, de óleo de soja ou óleo Diesel;

Obs: Empregar termonebulizador ou adaptar pulverizador costal oumotorizado para nebulização.

Controle Preventivo da Broca da Muda

Identificar os fatores fitotécnicos causadores de estress hídricos nasplantas, corrigindo e garantindo sombreamento adequado da área.

Usar cobertura morta e práticas que aumentem a disponibilidade deágua do solo.

Favorecer o rápido enraizamento das mudas com emprego da calageme adubação.

Pós-plantio: Mudas no campo (até 12 meses).

Vistorias semanais, tratos culturais (limpeza, roçagem, cobertura morta,etc.). Observar sintomas e danos, especialmente das duas principaispragas (trips e monalonio);

Controle: Aplicação localizada dos inseticidas Endosulfan, Deltametrinae Malathion, nas doses anteriores prescritas; é imprescindível realizar testede vazão dos pulverizadores, para determinar o volume de água porhectare. Em seguida, calcular a diluição do produto, por exemplo: se ovolume determinado de água for 200 litros/ha, multiplica-se a dose doinseticida por 2.

90

Jorge Luiz Lima CordierRobério Gama Pacheco

PODA DE CACAUEIRO CLONADO POR ESTAQUIA

PODA DE MUDA CLONADA POR ESTAQUIA

A modernização da cacauicultura no estado da Bahia por meio depropagação vegetativa ou assexuada, obriga a dar ao cacaueiro um manejode poda oportuno e permanente, visando a formação adequada daarquitetura da planta com o objetivo de promover a formação de áreas deprodução.

Um fator decisivo para um bom manejo integral do cultivo, é oconhecimento fisiológico da planta de cacau. O estudo do ciclo debrotação, crescimento e repouso vegetativo da planta, assim como afloração e a frutificação são aspectos fundamentais para a definição daépoca e freqüência de poda. Também, deve-se levar em consideração ocomportamento das chuvas, que é o fator ambiental que mais modifica ocrescimento vegetativo e reprodutivo do cacaueiro.

Os resultados das avaliações fisiológicas da árvore de cacaumostram que a sua produção depende da área foliar ativa. Portanto, aconformação de uma copa balanceada para a captação de energia solardeve se constituir no aspecto fundamental do manejo da planta, quepermita uma produção suficiente de substâncias básicas para odesenvolvimento dos frutos.

A poda deve responder a critérios fisiológicos, econômicos efitossanitários de tal forma, que os clones de cacau expressem o seupotencial genético através de produtividade, sem que esta, se convertaem uma prática antieconômica para o produtor e prejudicial para asplantas.

CEPLAC/CEPEC

91

FUNÇÃO DA PODA

A poda tem como função eliminar os ramos chupões e as partes doentesou secas do cacaueiro que consomem as substâncias nutritivas e mantêmum ambiente úmido prejudicial dentro da plantação, bem como promovera renovação e reorientação da arquitetura da planta, tornando-a equilibradae mais produtiva.

Para o desenvolvimento normal de um fruto de cacau são necessáriasde 12 a 15 folhas sadias, indicando dessa maneira a importância deconservar e manejar bem o índice de área foliar.

Uma redução drástica da folhagem, quando se efetua poda forte, afetasobremaneira a produção de frutos. Estas devem ser feitas buscandouma estrutura adequada da planta para que haja maior aeração e boapenetração de luz, com o objetivo de aumentar sua eficiência nafotossíntese.

TIPOS DE PODA

O cacaueiro tem grande capacidade para regenerar seu tecido foliare sempre emite novas brotações, quando se efetua a poda. Geralmentea planta produz ramificações abundantes ao redor do corte, sendonecessário selecionar entre 2 a 3 ramos bem distribuídos para formar acopa da planta.

A poda pode ser de formação, de manutenção e de produção.

Poda de Formação

Tem como finalidade formar uma arquitetura adequada e conservar azona de produção da planta. Esta poda consiste na eliminação de ramose brotos na muda, desde o viveiro, quando se devem eliminar ramos quebrotam na base da muda, até o início da fase produtiva da planta no campo.

No campo, recomenda-se realizar a eliminação de todos os ramos quebrotam entre 0,75 cm até 1,0 m de altura. Neste ponto devem serselecionados ramos bem distribuídos espacialmente para formação daforquilha. Daí surgirão ramos secundários e terciários que formarão a copadefinitiva. A maior parte da produção da planta se concentra nos ramossecundários e terciários do tronco.

92

Importância da poda de formação:����� Permite escolher os ramos que formarão a arquitetura do

cacaueiro;����� Prepara a planta para a fase produtiva;����� Favorece a entrada de luz no interior da copa;����� Facilita o controle de pragas e doenças;����� Aumenta o arejamento da copa;����� Facilita as práticas de capina, adubação e Colheita.

Poda de Manutenção

Visa à eliminação de ramos secos, doentes, danificados, auto-sombreados, entrelaçados com plantas vizinhas e aqueles comcrescimento excessivo.

Poda de Produção

Elimina os ramos que se cruzam. Deve ser realizada de dentro parafora das plantas, sem deixar grandes espaços, permitindo a incidência daluz direta no tronco e no solo.

Quando esta poda deixa de ser realizada, ocorre excesso de folhas nointerior da copa aumentando a competição na planta e entre plantas, pelofato de reduzir a fotossíntese no interior da copa. As folhas sombreadasatuam mais como dreno do que como fontes de carboidratos, afetando aprodução. Quando a poda é praticada em excesso, diminui os ramosprodutivos e aumenta a freqüência de lançamentos foliares, afetandosobremaneira a produção de frutos.

As podas de manutenção e produção devem ser realizadas duas vezesao ano, de maneira leve, para estimular a atividade fisiológica e,conseqüentemente a produtividade da planta. É importante respeitar cadaplanta, de acordo com o vigor do clone, desenvolvimento, idade,características topográficas e climáticas da região e intensidade dosombreamento.

A época mais apropriada para realização da poda deve coincidir comos períodos de baixa produção, floração e atividade foliar, normalmente nofinal da época seca e início das chuvas.

FREQUÊNCIA E ÉPOCA APROPRIADA DA PODA

93

Devem-se adubar as plantas antes da realização das podas.

MATERIAL UTILIZADO NA PODA

����� Tesoura de poda usada para cortar partes vegetais finas, ao alcancedo operário;

����� Tesoura de poda de (1,0, 1,5 e 2,0 m) usada para despontar ramosfinos, localizados nas partes altas da planta e para remoção de vassouras;

����� Serrote de poda empregado para cortar ramos grossos. O cortedeve ser uniforme para se evitar ferimentos;

����� Facão usado para cortes de ramos muito grossos. Deve-se tomarmuito cuidado para não causar lesões na planta;

����� Canivete usado para fazer pequenos cortes em brotos pequenos;

����� Hipoclorito de sódio na proporção de 0,2% usado para desinfetar asferramentas após o uso em cada planta.

����� Tesoura de poda 1.00 x 1.5 x 2.00m.

LEMBRETES IMPORTANTES

����� O cacaueiro necessita de boa nutrição e luminosidade, para produziros carboidratos básicos, necessários ao crescimento e desenvolvimentoda planta;

����� A incidência de luz em toda a extensão do cacaueiro favorece oequilíbrio da planta e o seu potencial produtivo;

����� O excesso de poda prejudica a produção, porque o cacaueiro precisamanter uma quantidade de folhas sadias, para garantir o bom crescimentodo caule, refoliações, reativação de botões florais, desenvolvimento defrutos e prolongar sua vida útil, além de afetar negativamente os ciclosvegetativos e produtivos, aumentar o peco fisiológico (perda de bilros) ede frutos em desenvolvimento e favorecer o ataque de vassoura-de-bruxae doenças vasculares como o mal-de-facão e morte súbita.

94

FARINHA DE ROCHAS PARA CULTIVOSORGÂNICOS OU NÃO

Antonio Carlos Murillo

CEPLAC/CENEX

A recuperação de solos degradados, sempre foram utilizadas pelosprodutores desde tempos antigos.

Rochas virgens podem sofrer processos de moagem, britagem,separação, tratamentos térmicos ou químicos, tendo como produtos esubprodutos naturais ou não, de alta a baixa solubilidade: fertilizantes empó ou granulados, pó de rochas ou farinha de rochas, algumas apresentampoucos nutrientes e outras além da sílica chegam até mais de 70elementos, utilizadas pela agricultura tradicional ou agro ecológica. Noprimeiro caso utilizam-se corretivos calcários e silicatos, fertilizantessimples ou compostos para atender necessidades específicas. Aosagroecologistas, farinha de rochas ou rochagem, com todos os macros emicro nutrientes essenciais, cuja finalidade principal é recuperar e ouenriquecer a fertilidade natural do solo, e assegurar a qualidade alimentare da vida das populações atuais e futuras.

Os solos tropicais, a exemplo da região cacaueira baiana, bastantechuvosa, sofrem intensivos processos de perdas constantes de nutrientes,principalmente (Ca, Mg e K), alterando o comportamento químico dos solos.Literalmente os latossolos do Sul da Bahia, são pobres em rochas apatitase fosforitas sendo essa última rica em fontes de fósforos, contribuindocom mais um entrave para as baixas produções agrícolas, principalmentepara os cultivos perenes predominantes nessa região.

As principais fontes de fósforo utilizado na agricultura são processadasatravés da indústria química que a faz, no tratamento de rochas fosfáticasnaturais (apatitas e fosforitas) com ácidos, resultando em um produto dealta solubilidade a exemplo do superfosfato simples quando as rochassão tratadas com ácido sulfúrico, o superfosfato triplo com ácido fosfóricoe, o fosfato monoamônico (MAP), fosfato de amônio (DAP), resultam dareação do amoníaco com ácido fosfórico, os termofosfatos (Yoorin) são

95

adubos obtidos por fusão a1500 ºC, resultando em um material vítreo moído,produzindo o óxido de cálcio, e o óxido de magnésio e traços de fósforosolúvel em água.

Em geral, a eficiência dos fosfatos naturais com ácidos são solúveis emágua, fertilizantes simples ou compostos, porém a sua eficácia é de curtoprazo, enquanto a eficiência dos fosfatos naturais sem ácidos aumenta como tempo decorrido aproximadamente de 2 a 5 anos, quando aplicado aosolo. A diminuição do pH favorece ao rompimento da apatita para liberaçãode fósforo. pH acima de 6,5 proporciona uma reduzida eficiência dos fosfatosnaturais ao mesmo tempo em que a eficiência desses fosfatos de baixasolubilidade tende a aumentar com o tempo em solos ácidos.

Nos anos 80, o fosfato de GAFSA reativo, rocha de origem sedimentarera comercializado no Brasil e devido às dificuldades de sua aplicação naforma de pó, o produto foi granulado provocando significativa redução daeficiência agronômica, resultando no desaparecimento do mercadonacional. Nos últimos anos a utilização de fontes alternativas mais baratascomo os fosfatos naturais na forma de farelados, aumentouacentuadamente embora estes produtos apresentam baixa solubilidadeem água, principalmente o de origem nacional, quando comparados aosfosfatos solúveis (tratados com ácidos), existentes no mercado.

Alguns fosfatos naturais reativos têm demonstrado eficiênciassemelhantes às das fontes solúveis, o que pode ser compensador. Aeficiência dos fosfatos naturais depende dos seguintes fatores: origem domaterial/reatividade, tamanho das suas partículas, propriedade do solo,atividade microbiana, tipo da cultura a ser instalada e como e quando deveser aplicado e tempo decorrido da sua aplicação.

Em 1916, o pesquisador LIPMAN , estudava a relação entre atividademicrobiana e a capacidade produtiva do solo, descobriu que a utilizaçãode enxofre elementar misturado com rocha fosfática ocorria à imediataoxidação do enxofre pela bactéria Thiobacillus thiooxidans, formando oácido sulfúrico ao qual solubilizar a rocha fosfática do solo. Pelo seupioneirismo e contribuição, é considerado o pai da bioquímica do solo,área que só consolidou-se na década de 60, com Mclaren. Na mesmaépoca como conseqüência dos avanços sobre entendimento dasolubilização, surgiram os inoculantes bacterianos contendo solubilizadorese fosfatos chamados fosfobacterinas, cuja aplicação tornou-se popularem alguns países como União Soviética, Índia, mas com resultadosduvidosos sobre sua eficácia como insumos agrícolas biológicos. Os

96

microorganismos solubilizadores de fosfatos inorgânicos (MSP), acham-sedistribuídos por todos os grupos de microorganismos do solo, destacando-se os gêneros de bactérias bacillus, pseudomonas e agrobácterium e defungos aspergillus e penicillium. Existe a possibilidade e capacidade desolubilizar certos isolados fitossimbiontes radiculares com rizóbio e fungosmicorrízicos, no entanto a maioria solubilizar fosfatos de cálcio mais poucossão capazes de solubilizar fosfato de alumínio e ferro. Em 1970, AGNIHOTRI,avaliou a capacidade solubilizadora de dezoito espécies fúngicas do solo eobservou que a percentagem de fósforo solubilizadora variou de zero a maisde 80%, para os fosfatos de cálcio e fluorapatita em uma escala de zero a58%, para a hidroxiapatita, poucos fungos foram capazes de solubilizar, oautor indicou que a liberação de ácidos orgânicos é o principal mecanismode solubilização, facilmente encontrados na matéria orgânica e compostosorgânicos encontrados nos solos. No Brasil, a Fundação Mokiti Okada têmtrabalhado com vários grupos de microrganismos (bactérias produtora deácido lático, leveduras, actinomicetos, fungos bactérias fotossintéticas),chamados EM (microrganismos eficazes) e o produto biológico Bokashi.

Em 1990, o uso de fosfato natural para aplicação direta no solorepresentava 3% do total de P

2O

5 consumido na agricultura brasileira,

na atualidade, o percentual aumentou para 4.2%, principalmente naforma de fosfatos naturais reativos. As fontes de fosfatos maiscomercializadas são de origem do Norte da África, Oriente Médio e dosEUA e as nacionais de diversas marcas comerciais cujas eficiências estãorelacionadas com os teores de P

2O

5 total, insolúveis em água, porém

solúveis em ácidos cítricos e fórmicos, discriminados nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1.

FOSFATO NATURALRochas de origem: fosforitas

(Importado)P2O5 TOTAL

SOLUBILIDADE RELATIVA – P2 O5

(Extratores Químicos)

ARAD (Israel) 33 12 19DJEBEL ÔNK (Argélia) 29 11 20CAROLINA DO NORTE (EUA)* 30 13 23DAOUI (MARROCOS) 32 10 19GAFSA (TUNISIA) 29 12 21

Fonte Consultada: Souza et al (1999).

Ácido Cítrico 2% Ácido Fórmico 2%

97

Fonte consultada: Rezende e Vitti (2000).

Irecê (Fosbahia) 24 4 -Patos de Minas 24 5 4Olinda 26 5 7Abaeté 28 2 2Araxá 36 4 4Catalão 37 3 2

FOSFATO NATURALRochas de origem: Apatitas

(Nacional)P2O5 TOTAL

SOLUBILIDADE RELATIVA – P2 O5

(Extratores Químicos)

Ácido Cítrico 2% Ácido Fórmico 2%

Tabela 2.

Legislação Brasileira relativa à regularização dos fertilizantesfosfatados - Princípios básicos para produção e comercialização dosfertilizantes naturais, corretivos e inoculantes (Brasil 1983):

����� O fósforo (P) deve ser expresso como P2O

5

����� Garantias mínimas:Fosfato natural P

2O

5 total - nunca inferior a 24% e a solubilidade de

4% em solução de ácido cítrico a 2% na relação de 1:100.Fosfato natural reativo P

2O

5 total - nunca inferior a 28%, solubilidade

de 9%, em solução de ácido cítrico a 2% na relação de 1:100.Misturas que contenham fosfatos naturais, termo fosfatos e outras fontes

solúveis:

����� P2O

5 total, entre 20 a 25% e o teor de P

2O

5 solúvel em ácido cítrico ³

9% em solução 2% na relação de 1:100 e solubilidade em água = 5%.Obs: Garantias e tolerâncias: Para menos de 15% quando o teor for

igual ou inferior a 5% e até 10% quando o teor for superior a 5% semexceder as duas unidades.

Garantias para granulométrica����� Fosfato natural - deve passar 85% em peneira de 0,075 mm (ABNT

nº 200);

98

����� Formulação pó - deve passar 100% em peneira de 2 mm (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas, (ABNT nº. 10) e 50% em peneira de 0,3mm (ABNT nº. 50); tolera-se até 5% material retido na peneira de 2mm).

����� Fosfato natural reativo - produto constituído de partículas que devempassar 100% em peneiras 4,8 mm (ABNT nº. 4) e 80% em peneira 2,8 mm(ABNT nº. 7); tolera-se até 15% em partículas maiores do que 4,8 mm.

CONSIDERAÇÕES PARA UTILIZAÇÕES DE FONTES DEFÓSFOROS NATURAIS E FOSFATOS NATURAIS REATIVOS

����� As recomendações de uso e os estudos de economicidade deve serfeito com base no teor de P

2O

5.

����� A eficiência de fosfatos natural é maior quando toda à área forpreparada, incorporada, e ao contrário a eficiência menor.

����� Culturas de ciclo médio só indicar fosfatos naturais reativos, quandoo pH do solo for superior a 5.

����� pH acima de 6,5, fosfatos naturais e reativos tornam-se inócuos suadissolução no solo.

����� A velocidade de dissolução dos fosfatos naturais é inversamenteproporcional ao pH do solo; quanto mais ácido for o solo maior é a liberaçãoda fonte de fósforo; e a relação entre os extratores (ácido cítrico e fórmico),permite melhor distinção entre os fosfatos naturais e os reativos.

����� Para uso de fontes de fósforo natural ou pouco reativo, em solospobres em fósforo (P), aconselha-se com o uso de enxofre ou gesso, emobservância aos limites permitidos (S ≤ 50kg/ha e CaSO

4 2 H2O sendo

que a percentagem de argila (%) for : de 0 a 15 = 0,4 t/ha; argila de 15 a 35= 0,4 a 0,8t/ha; argila 35 a 60 = 0,8 a 1,2 t/ha).

����� Uso de fosfato reativo exclui o uso de enxofre ou gesso, exceto se osolo estiver precisando.

����� A produção de ácidos orgânicos é o principal mecanismo desolubilização do fósforo (P) mais não é o único responsável pela ação.

����� A capacidade de suprir fósforo (P) dos cultivos perenes ou de ciclomais longos toma-se como base ao segundo ano de cultivo o início doefeito residual, para os fosfatos naturais reativos.

99

����� Aos cultivos de ciclo curto, optar por uma fonte de fósforo mais solúvel.

����� Uso alternativo de fontes de fósforos na cova:a) Fontes de fósforos (P) solúveis em água, para os cultivos de ciclo

curto e médio.b) Fontes de fósforos (P) insolúveis em água (fosfatos naturais reativos)

para os cultivos de ciclo médio e longo.c) Fontes de fósforos (P) insolúveis em água (fosfatos naturais) para

os cultivos de ciclo longo.

Depois do oxigênio, o elemento mais abundante na crosta terrestre é osilício (Si), representa de 1 a 10% da matéria seca das plantas, sendocomponente majoritário de minerais do grupo dos silicatos (Raij, 1991)ocorre em concentrações elevadas nos solos e sua maioria na forma desilicatos e no quartzo (SiO

2, fonte inerte das areias).

Há um reconhecimento sobre sua influência na resistência das plantas,aos ataques bactérias, fungos, insetos e nematódeos, possível eficiênciana fotossíntese, muito embora sua função não foi bem esclarecida, porisso não é considerado ainda um nutriente (Epstein, 1999).

O uso de silício de cálcio e magnésio na agricultura contempla aoportunidade de prover a correção do solo através de outra fonte com aincorporação deste elemento. Em relação à disponibilidade de (Si) e atextura do solo (teor de argila) tem sido considerada como um dos principaisparâmetros para se prever a necessidade de (Si) para as plantas. Asformas importantes de silício (Si) encontradas no solo são: a) Si (solúvel)(H4SiO4, Ácido monossílicico); b) Si adsorvido ou precipitado com óxidode ferro e alumínio e nos minerais silicatados (cristalinos ou amorfos); asolubilidade destes, depende do tamanho das partículas, temperatura, pH,composição química e presença de fissura em sua estrutura. A dissoluçãodestes minerais no solo são influenciados pela: umidade, matéria orgânica,potencial de óxi - redução e teores de sesquióxidos.

As principais fontes de silicatos encontradas no mercado são originadasdas escórias da produção de ferro e aço e sub-produtos na produção de

PÓ DE ROCHAS OU ROCHAGEM, SILICATOS DE CÁLCIO EMAGNÉSIO, COMO UMA OPÇÃO PARA UTILIZAÇÃO NA

AGRICULTURA

100

fósforo elementar na industrialização dos fertilizantes, podendo serutilizados aqueles que não são contaminastes dos solos com metaispesados. A Wollastonita é um sub-produto na produção de fósforoelementar é considerada uma fonte, silicato de cálcio padrão, bastanteutilizado em trabalhos de pesquisas. As escórias de ferro e do aço sãofontes abundantes e baratas de silicatos, são processadas emtemperaturas superiores a 1400ºC da reação de calcário (calcítico,magnesiano ou dolomítico) com a sílica (SiO

2) contida no minério de ferro.

SiO2 + CaCO

3 + MgCO

3 CaSiO

3 + MgSiO

3 + CO

2 (Silicato de

cálcio e magnésio).

A solubilidade da Si conforme o tipo de escória:����� Alto forno - maior teor de silício com baixa solubilidade (utilizado na

agricultura ecológica).

����� Produção de aço (aciaria) - menor teor de silício e maior solubilidade,constantes na tabela abaixo:

SiO 2

Total Solúvel SolúvelLix.24h**

CaO MgO PNE.CaCO 3Materiais e

EscóriasOrigem

% % Mg % % %

MB-4 Mibasa 48 2 4 2 19.1 52

Alto � forno CSN 33 5 5 43 5.2 89

Forno LD CSN 11 5 26 28 7.6 69

Alto � forno Mannesman 38 7 18 30 7,5 73

Forno LD Açominas 11 21 51 28 2.9 57

Forno LD Belgo 17 27 44 40 9.6 94

Wollastonita Vansil 52 30 45 42 0,2 76

Forno � LD Mannesman 12 33 46 41 7,3 91

Escória de P Rhodia 46 39 46 43 0,7 80

Forno eléctrico Sidérne 16 41 78 26 12,6 77

Aço inox Recmix 23 43 80 41 11 101

Teor total de SiO2, % solúvel, SiO2 "solúvel" por lixiviação, CaO, MgO e

poder de neutralização (PN) de algumas fontes de silício.

Fonte consultada: GPSi – ICIAG – UFU – Boletim Técnico 01

101

Outras fontes derivadas da Indústria Siderúrgica são utilizadas comocalcário tendo uma (Recmix/Agrosílicio) apresentado baixo teores de metalpesado, conforme Tabela abaixo:

Materiais Ni Cd Pb

Calcários Arcos 8 2.4 27

Calcário Formiga 11 2.3 25

Calcário Unai 16 3.2 23

Calcário Coromandel 17 3.1 28

Calcário Pote 19 2,6 23

Silicato Ca e Mg(Recmix/Agrosilicio) 1 0,05 0,09

Tanto calcário quanto à escória, a reatividade varia conforme a suagranulometria, tipo de solo, dosagem e o tempo no solo, segundo“Alcárdio”1992. O silicato de cálcio é 6.78 vezes mais solúvel que ocarbonato de cálcio.

Ca CO3 = 0,014g dm-3 CaSiO

3 = O,095g dm-3

Ação dos silicatos Wollastonita e Recmix como corretivo de acidez dosolo, conforme Figura 1 abaixo.

Figura 1 - Efeito da aplicação de silicatos de Ca+Mg sobre o pH (CaCl2) do solo após56 dias de incubação (Fonte: Pereira & Korndorfer).

Fonte consultada: GPSi – ICIAG – UFU – Boletim Técnico 01

Kg/ha de Si

00 100 100200 200

400

400800

800

Wollastonita Recmix

102

SILICATOS NA AGRICULTURA, CARACTERÍSTICAS ERECOMENDAÇÕES

a) Produto:����� Altos teores de CaO e MgO

����� Efeitos residuais prolongado

����� Alta reatividade (poder de neutralização)

����� Boas propriedades físicas (granulometria fina e facilidade de aplicação)

����� Custos comparáveis à outra fonte de Ca e Mg

b)No solo:����� Correção do pH e aumento na saturação por base

����� Aumento nos teores: Ca e Mg e Si (residual)

����� Aumento da disponibilidade de fósforo (P)

c) Na planta:����� Maior absorção de Si, Ca e Mg, e distribuição do Mn na planta

����� Maior resistência aos efeitos da temperatura, perda de água, paredecelular aos ataques de pragas.

Os silicatos de Ca e Mg têm composições semelhantes aoscarbonatos, pode substituir os calcários, sendo assim a dose de silicatoaplicado no solo, obedecem aos mesmos critérios para os corretivos,levando em consideração a CTC. Caso os solos apresentem níveisadequados de Ca e Mg, as utilizações dos silicatos não devemultrapassar a 800kg por hectare.

103

CRIAÇÃO DE FRANGO E GALINHA CAIPIRA

Dionísio José de Lima

Técnico Agrícola/ Economista/Consultor Rural da CONSULCOOP.

INTRODUÇÃO

����� Importância Atual das Aves Caipira

As mudanças de hábitos alimentares de uma significativa parcela dapopulação, notadamente de maior poder aquisitivo, vêm ampliando aprocura por alimentos cuja origem seja uma produção mais natural eecológica.

As exigências por textura, coloração e sabor natural tem estimulado osPEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES a se voltarem para a produçãode alimentos alternativos, como a “Galinha Caipira”.

Engana-se quem avalia a criação de frangos e de galinha caipira comouma atividade condenada ao prejuízo. Se bem planejada, administradae com a utilização de manejo correto, a produção de carne e de ovoscaipiras pode alcançar excelente lucratividade.

A saída para se obter uma galinha caipira com boa produção de ovos e/ou carne foi à utilização de linhagens de aves melhoradas em sistemaSemi - Intensivo. Com isso a galinha caipira passou a ser produtiva, emboraainda menos que a industrial e pode atender a um “nicho de mercado”que, se nunca deixou de existir, agora está mais aquecido do que nunca.

A falta de informações básicas sobre esta criação, a falta de mão-de-obra treinada e de técnicos capacitados para orientá-los tem levadoprodutores a eventuais erros, acarretando-lhes prejuízos.

É recomendável que se procure uma assessoria técnica, principalmentequando o objetivo é implantar uma criação que envolva disponibilização derecursos financeiros. É melhor planejar corretamente o que será feito, ecomo ser feito, para que os erros e gastos inúteis sejam minimizados eaté mesmo evitados.

104

OS SISTEMAS DE CRIACÃO

����� Sistema Extensivo - é o sistema predominante em nossa região,não se tem um acompanhamento ou controle sobre a criação. Com manejoinadequado a produção de ovos ou carne é baixíssima e a atividade torna-se antieconômica, desmotivando o produtor a continuar com a criação.

����� Sistema Semi-Intensivo - Neste sistema o modelo de criação é umpouco mais sofisticado; durante á noite as aves dormem nos galpões compoleiros suficientes. Estes galpões devem abrigar, de 4 a 5 aves por metroquadrado; e estar dotados de comedouros, bebedouros e ninhos suficientespara atender a demanda das aves. Durante o dia, as aves terão à suadisposição um piquete para tomar sol, ciscar e comer verde à vontade(frutas, verduras, capins etc).Este piquete deverá ser cercado de tela, cercaelétrica, bambu ou varas de pau-a-pique.Terá que dispor 10m² para cada“ave de postura” ou 5m² para cada “frango de corte”. Este sistema é maisindicado para nossa região, porque o produtor terá um controle efetivosobre a sua criação.

����� Sistema intensivo - Neste caso as aves permanece presas durantetodas as fases da criação. É para nós um sistema inviável, torna-seinadequado para nossa região, devido a uma serie de fatores negativos.Sendo, o pior deles, o custo da ração.

CLASSIFICAÇÃO DAS RAÇAS

Quanto à aptidão: Poedeiras, Corte, Dupla Aptidão, Ornamentais eCombatentes.

Quanto à origem: Norte-Americanas, Mediterrâneas, Inglesas,Européias e Asiáticas.

Raças Puras: Plymouth Rock, Rhode-Island-Red, New Hampshire,Leghorn, Wyandotte, Label-Rouge, etc.

Linha gens Híbridas: Caipira Negra, Paraíso Pedrês, Carijó Caipira,Gigante Negro, Isa Já-57, Isa Brown, Acoblak, Sussex, Menora,Orpington, etc.

105

TABELA DO CONSUMO DIARIO DE RACÃO PARA FRANGOS CORTE.

����� Da 1ª a 4ª Semana Fornecer Ração Inicial

����� Da 5ª a 9ª Semana Fornecer Ração de Crescimento

����� Da 10ª a 13ª Semana Fornecer Ração para Engorda

NOTAS:

a) Total Ração Inicial................................700 g

b) Total Ração Crescimento..................... 2.100 g

c) Total Ração Engorda............................ 2.940 g

d) Verificar o peso das Aves semanalmente

1º 10 70 -

2º 20 140 210

3º 30 210 420

4º 40 280 700

5º 40 280 980

6º 50 350 1.330

7º 60 420 1.750

8º 70 490 2.240

9º 80 560 2.800

10º 90 630 3.430

11º 100 700 4.130

12º 110 770 4.900

13º 120 840 5.740

Nº de semanaQuantidade ração/ave/dia (gramas)

Quantidade ração/semana(gramas)

Total raçãoconsumida(gramas)

106

TABELA DO CONSUMO DIARIO DE RAÇÃO PARA AVES CAIPIRA DE POSTURA.

����� Da 1ª a 7ª Semana Fornecer Ração Inicial

����� Da 8ª a 12ª Semana Fornecer Ração de Crescimento

����� Da 13ª a 19ª Semana Fornecer Ração Pré Postura

����� Da 20ª a 70ª Semana Fornecer Ração Postura

����� Da 71 a 75ª Semana Fornecer Milho Triturado

Nº semanasQuantidade ração/ave/dia (gramas)

Quantidade ração/semana(gramas)Período semanal

1ª a 7ª 7 10 a 40 1.225

8ª a 9ª 2 50 700

10ª a 12ª 3 60 1.260

13ª a 19ª 7 70 3.430

20ª a 70ª 51 80 28.560

71ª a 75ª 5 100 3.500

Total de Semanas = 75 Total de Consumo = 38.675 gr/aves

CAPIM QUICUIA GOIABA COUVE

CAPIM COAST-CROSS MAMÃO CHUCHU

CAPIM TIFTON BANANA .BATATA

CAPIM PANGOLA .ABACATE MAND PICADA

CAPIM BRACHIÁRIA JACA PICADA RAMÍ

CAPIM NAPIER FOLHA DE BANANA GUANDÚ

GRAMA ESTRELA CENOURA

CAPIM BATATÁIS ABÓBORA

ALIMENTAÇAO NATURAL P/ AVES

FRANGOS DE CORTE E GALINHAS DE POSTURA

GRAMAS E CAPINS FRUTAS VERDURAS

107

ANALISE DA RENTABILIDADE

ITEM HISTÓRICO

1.0 DESPESAS

1.1 - Aquisição dos pintos

1.2 � Aquis. de vacinas e Vermífugos (doses)

1.3 - Aquisição de Ração Inicial saco 25 kg

1.4 - Aquisição de Ração Cresc. Sac. 18 kg

1.5 � Aquisição Ração Engorda Saco 18 Kg

1.8 - Mão de Obra - 2 horas/ dia em 524 horas

TOTAL DAS DESPES A

2.0 RECEITAS

2.1 � Venda do Frango Vivo

3.0 LUCRO LÍQUIDO

3.1 � (RECEITAS � DESPESAS)

FRANGO CAIPIRA DE CORTE

PLANTEL COM 500 FRANGOS

108

ITEM HISTÓRICO VALOR UNITÁRIO

1.0 DESPESAS QUANT. R$VALOR

TOTAL (R$)

1.1 Aquisição dos pintos 500 2,50 1.250,00

1.2 � Aquis. de vacinas e Vermífugos(doses) 2.500 - 401,00

1.3 - Aquisição de Ração Inicial saco 25 kg 25 28,15 704,00

1.4 - Aquisição de Ração Cresc. Sac. 18 kg 55 17,84 981,00

1.5 - Ração Pré Postura saco 25Kg 68 22,85 1.554.00

1.6 - Ração Postura saco 25Kg 571 20,23 11.550,00

1.7 - Aquisição de Milho Triturado Sac.60kg 29 28,00 810,00

1.8 - Mão de Obra - 2 horas/ dia em 525 dias 131 12,00 1.580,00

1.9 - Embalagens para 2 dúzias de ovos 5.380 0,18 970,00

TOTAL DAS DESPESAS 19.800,00

2.0 RECEITAS

2.1 � Vendagem de dúzia de ovos 10.650 2,50 26.625,00

2.2 � Descarte das aves 500 10,00 500,00

TOTAL DE RECEITA27.125,00

3.0 LUCRO LÍQUIDO

3.1 � (RECEITAS � DESPESAS) 7.325,00

4.0 RENTABILIDADE LÍQUIDA

4.1� Mensal � 17,5 meses 418,50

4.2� Para cada Ave 14,65

ANALISE DA RENTABILIDADE

GALINHA CAIPIRA POEDEIRAS

PLANTEL COM 500 AVES

109

NA = QO x 100IP

ESCALAMENTO DA PRODUCÃO DE OVOS MODULACÃO 3:1

����� O Escalamento tem por finalidade fazer um planejamento coerente epreciso da produção diária de ovos.

Ex: Qual a quantidade de AVES, para que se possa produzir 20 dúziasde ovos?

1°) Utilizamos a fórmula matemática:

Onde: NA= Numero de Aves Q O = Quantidade de Ovos diária I P = índice de Produção desejada

2°) Aplicando a Fórmula, no exemplo acima, teremos:

NA = 240 x 10070%

NA = 343 aves

3°) Conclui - se que, para produzir 20 dúzias de ovos diariamente,temos que dispor de 343 aves na fase produtiva.

4°) Dividimos em 3 lotes de 115 aves, cada lote, para efetuar oESCALAMENTO; ou seja, 3 lotes em fase produtiva e um emcrescimento.

5°) Fazemos o escalamento da seguinte forma:

����� Quando o 1 ° lote atingir a idade de 18 semanas; adquire - se um 2°lote; e quanto este atingir 18 semanas adquire - se um 3º; quanto esteultimo atingir 18 semanas adquire - se um 4° lote; teremos então 3 lotesproduzindo e um em crescimento.

� Quando o 4° lote; iniciar a produção elimina - se o 1º lote, faz - se o

“VAZIO SANITARIO” de 2 semanas e se introduz um novo lote nestegalpão.

����� Assim teremos 3 lotes produzindo e um em crescimento, fazendo orodízio na modulação 3:1

110

PRINCIPAIS DOENÇAS DAS AVES

1. BOUBA AVIÁRIA - Causada por VírusSintomas: Falta de apetite, sonolência e aparecimento de nódulos naface, crista e barbelas. É disseminada por mosquito e surge

normalmente durante os meses quentes do ano.

2. NEWCASTLE - Causada por VírusSintomas: Redução no consumo da ração; encefalite, resfriado, bico

aberto com ar ruidoso; diarréia abundante, tremor nas pernas e torcicolono pescoço. Esta doença é altamente contagiosa, espalha-se rapidamenteatravés do ar, dizimando todo o lote. Não existe tratamento curativo.

3. MAREK - Também causada por Vírus Sintomas: Paralisia das pernas e das asas. Esta doença manifesta-

se a partir dos 30 dias de idade. Previne-se vacinando os pintos no 1º diade vida.

4. CÓLERA AVIÁRIA - Causada por BactériaSintomas: O inchaço do rosto e barbeIas caracteriza a forma crônica.

É transmitida de ave para ave; por isso devem-se eliminar as portadorase iniciar o tratamento das sadias com antibióticos. A vacina para estadoença não é muito eficaz.

5. SALMONELOSES - (Tifo Aviário e a Pulorose)- Estas doenças são causadas por bactérias;- São identificadas através de exames laboratoriais;- O tratamento quando viável é feito à base de antibióticos;- As aves atacadas por estas doenças devem ser incineradas; pois

pode contaminar outros animais da propriedade, inclusive o própriohomem.

MANEJO SANITARIO DAS AVES

����� Limpeza dos galpões e equipamentos

����� Desinfecção das instalações (medidas profiláticas)

111

IDADE (DIAS) NOME DOENÇA VIA DE APLICAÇAO DA VACINA

1º dia BOUBA AVIARIAMAREK

-Punção na membrana da asa-Subcutânea (debaixo da asa)

Até o 5° dia NEW CASTLE eGUMBORO

-Intra-ocular, intranasal ou-Água de beber (sem cloro)

21º dia BOUBA AVIARIA -Punção na membrana da asa ou-Face externa da coxa

28° dia NEW CASTLE -Ocular, Nasal ou Água de Beber (sem cloro)

35º dia COLERA eTIFO(Mal Triste)

-Subcutânea ou ocular

49º dia CORIZAINFECCIOSA

(Gogo)

-Intramuscular (Peito ou coxa)

84° diaENCEFALOMIELITE

AVIARIA(TremorEpidêmico)

-Água de beber (não clorada)

105º dia SINDNROME DAQUEDA DE

POSTURA (EDS)

-Água de beber ou ocular

NOTAS: -VERMIFUGAR O PLANTE L TRIMESTRALMENTE

-PROSSEGUIR COM AS REVACINAÇÕES DE 4 EM 4 MESES

REGRAS BÁSICAS PARA O SUCESSO DA CRIAÇÃO DE GALINHACAIPIRA

1. Iniciar a criação com aquisição de Pintos de 30 dias;

2. Vacinar os pintos, principalmente contra as doenças mais freqüentesda região

3. Não construir o galinheiro em terreno úmido

4. Fornecer água limpa e fresca; sem contaminação;

5. O dormitório deve ser bem arejado;

6. Manter o galinheiro sem corrente de ventos;

7. Ração tem que ser de boa procedência

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

112

8. Distribuição de verde diariamente, quando as aves são confinadasem piquetes;

9. Manter higiene rigorosa nos dormitórios;

10. Uma vez por ano, pintar o dormitório com cal;

11. Manter ninhos suficientes, de acordo com o número de poedeiras:4 poedeiras para cada ninho;

12. Evitar que os pintos se molhem; mantendo-os em lugares protegidos.Pinteiros por exemplo;

13. Trocar a cama dos ninhos, desinfetando-os;

14. Galinhas ou pintos que morrem devem ser queimados ouenterrados;

15. Espalhar cal nos parques para evitar o aparecimento de doençascontagiosas;

16. Espaço adequado nos dormitórios e piquetes; no intuito de evitarbrigas;

17. Não traga frangos e galos dos vizinhos; pois está susceptível atrazer doenças para a sua criação.

113

DOENÇAS MAIS IMPORTANTES DO CACAUEIRO

Luiz Carlos Cordeiro de Almeida

DOENÇAS DA PARTE AÉREA

����� Vassoura-de-bruxa

É uma das mais importantes doenças do cacaueiro na Bahia, porquealém de reduzir drasticamente a produção também é capaz de dizimarplantios, caso não seja adotado um manejo adequado.

O agente causal é o fungo Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer, quetem mostrado variabilidade patogênica entre os isolados, à qual pode serresponsável pela redução da resistência de cultivares melhoradas para ocontrole dessa doença.

Como plantas hospedeira do patógeno existem algumas dos gênerosTheobroma e Herrania; da família Solanaceae, a exemplo de jurubeba, jiló,caiçara, berinjela, pimentão e pimenta malagueta; além do urucum e umtipo de cipó que ocorre no Sul da Bahia.

O fungo se reproduz sexuadamente nos tecidos doentes secos,produzindo basidiocarpos durante a estação chuvosa, quando ocorrealternância de períodos secos com períodos úmidos. Os basidiocarposliberam basidiósporos, preferencialmente à noite, quando a umidade relativaé alta, entre 80 e 85 % e a temperatura variando de 20 a 25 oC. Além dohomem, que é o responsável pelo transporta de material vegetalcontaminado para longas distâncias, as correntes aéreas são responsáveispela disseminação do patógeno e são capazes de levá-los a algunsquilômetros da fonte de inóculo. A produção de basidiocarpos é impedidapor chuvas contínuas e fortes ou em períodos secos prolongados.

O patógeno sobrevive nas vassouras secas e nos frutos mumificados,tanto na planta como no solo, os quais constituem as principais fontes deinóculo primário para o início dos surtos epidêmicos.

Ceplac/Cepec/Sefit

114

As infecções ocorrem em tecidos meristemáticos, como nas gemasvegetativas, nas almofadas florais e nos frutos. Estes são mais suscetíveisaté os três meses de idade. Os sintomas mais comuns no cacaueirosão: vassouras vegetativas, vassouras de almofadas; floreshipertrofiadas; frutos dos tipos morango e cenoura; e frutos com os maisvariados aspectos da doença, em função dos vários estádios dedesenvolvimento. A doença se manifesta nos frutos na forma de lesõesnegras, duras e irregulares; lesões necróticas escuras e irregulares,circundadas ou não por uma zona amarelada; deformações, com setoresabaulados, causados pela hipertrofia das células do pericarpo; zonas dematuração precoce; pequenas lesões deprimidas; manchas aquosas,na forma de um mosqueado e pontuações negras, que progridem ecoalescem e, internamente, há necrose e hidrólise das sementes; e áreasverdes em casca amarela. Somente infecções em frutos próximos àmaturação é que permitem o aproveitamento de sementes para obeneficiamento.

O controle integrado contempla as remoções das partes doentes doscacaueiros, em intervalos trimestrais, e as aplicações de TRICOVAB,fungicida bio-controlador produzido pela CEPLAC, sobre o materialremovido jogado no solo, tem a finalidade de reduzir o potencial de inóculonos plantios. Para a proteção dos frutos pode-se utilizar seis aplicaçõesde óxido cuproso, 3 gramas de ingrediente ativo (i.a.) por planta ou trêsaplicações de 6 gramas de i.a. no início da frutificação. Entretanto, quatroa cinco aplicações de tebuconazole, a 1,2 litros por hectare, tem mostradoeficácia na redução de infecções em almofadas florais, diminuindo oueliminando a produção de frutos morango e vassouras vegetativas, alémde reduzir a formação de vassouras em lançamentos foliares e a infecçãode frutos. Por outro lado, as plantas suscetíveis devem ser enxertadascom material resistente e produtivo, o que pode não excluir o uso daremoção ou da aplicação de fungicidas no futuro, caso os órgãosvegetativos ou os reprodutivos não continuem apresentando altaresistência, devido ao surgimento de um isolado mais agressivo dopatógeno. Isolados com essa característica podem ser introduzidos noplantio através de material botânico proveniente de outros locais onde adoença existe. Talvez nos plantios constituídos por clones resistentesos números de remoções e de aplicações de fungicidas e também desuas dosagens possam ser reduzidos, tornando viável economicamentea adoção dessas práticas, mesmo com os baixos preços do cacau.

115

����� Podridão-parda

É uma doença que depois do surgimento da vassoura-de-bruxa temcausado pequenos prejuízos á produção de cacau na Bahia. Em média,as perdas estimadas atingiam entre 20 e 30 % da produção anual, emboraalguns plantios em áreas foco apresentassem incidência superior a 50 %.

A podridão parda na Bahia é causada pelos fungos Phytophthoracitrophthora (Smith) Leonian, a espécie mais agressiva, P. palmivora(Butler) Butler e P. capsici Leonian, a espécie predominante.

A espécie P. palmivora tem como culturas hospedeiras a mamona, aseringueira, as palmeiras diversas, os citros, a pimenta-do-reino e outras;P. capsici, o pimentão, a berinjela, o tomate e cucurbitáceas; e Pcitrophthora, os citros e muitas rosáceas.

Todas as espécies de Phytophthora que causam podridão parda docacaueiro produzem esporângios, resultantes da reprodução assexuada,em todas as partes infectadas da planta. Estes esporângios germinamem condições úmidas, liberando os zoósporos, que são móveis econstituem as principais unidades de infecção do patógeno. A formação egerminação dos esporângios e o processo de infecção são regulados pordiversos fatores ambientais, entre os quais água e temperatura são osmais importantes. A exceção de P. capsici, as outras espécies produzemclamidósporos, que são esporos de origem assexuada e sobrevivem emsolos e em casqueiros. Entretanto, P. palmivora e P. capsici produzemoósporos, resultantes da reprodução sexuada, são esporos responsáveistambém pela sobrevivência destas espécies, mas somente P. capsici écapaz de produzi-los. A presença de frutos na planta, temperaturas baixas,umidade relativa acima de 85 % e chuvas frequentes favorecem aocorrência de surtos epidêmicos, que resultam em maior incidência nasáreas de baixada do que nas áreas de topo.

De modo geral as espécies sobrevivem em casqueiros e nas partesinfectadas do cacaueiro, a exceção de P. capsici que não sobreviveassociada às raízes.

Os frutos podem ser atacados desde os bilros até os maduros. Ossintomas iniciais são pequenas manchas cloróticas na superfície,perceptíveis um ou dois dias após a infecção, Estas manchas tornam-secastanho-escuras, de superfície regular, crescem rapidamente para formarlesões marrons, mais ou menos circulares de início, tornando-se elípticasmais tarde, de textura firme e com margens ligeiramente irregulares,

116

podendo tomar totalmente a superfície entre 10 e 14 dias. Em condiçõesde alta umidade relativa, três a cinco dias após o aparecimento dosprimeiros sintomas surge, a partir do centro das lesões, uma coberturarala, pulverulenta e esbranquiçada formada pelo micélio e esporângios dofungo. A colonização interna da casca e das sementes é relativamentelenta e por isso há grande aproveitamento de sementes em frutos infectadospróximo à colheita, o que não ocorre nos frutos verdes. Os bilros, no estádiofinal da doença, podem ser confundidos com os sintomas finais do pecofisiológico. Os ramos e os chupões jovens apresentam manchas cor dechocolate abaixo do ponto de inserção do pecíolo no ramo, do lado opostoda axila. Estas lesões atingem o limbo foliar, que se torna marrom eenrolado. Quando a haste do ramo ou do chupão é circundada pela infecção,ocorre o secamento a partir deste ponto. Se a infecção ocorre nas folhasjovens, as nervuras são rapidamente lesionadas, tornando-se marromescuras, secando em seguida. Em condições favoráveis pode-se observara esporulação do patógeno.

A primeira medida de controle integrado a ser usada consiste naremoção das partes doentes da planta, como chupões e frutos,principalmente no final da safra, para não deixar fonte de inóculo para apróxima bilração. Esse material deve ser amontoado e coberto comfolhagem ou preferencialmente levado para as clareiras das roças. Se adoença ocorrer durante a safra, as remoções deverão ser feitas na épocadas colheitas, cujos intervalos não devem ultrapassar de um mês. Porém,se o cacaual está localizado em área foco da doença, recomenda-se aaplicação de fungicida antes que a incidência atinja 1 %. Os fungicidassão à base de cobre, como óxido cuproso, oxicloreto de cobre e hidróxidode cobre, que deverão ser aplicados mensalmente, nas dosagens de 3 gde i.a. por planta, totalizando quatro ou três aplicações a depender,respectivamente, do início precoce ou tardio do surto epidêmico. Em áreassujeitas ao alagamento é importante drená-las com valetas, e se osombreamento for excessivo deve-se raleá-lo.

����� Murcha-de-ceratocystis

Conhecida como mal-do-facão, é uma doença de grande importânciaeconômica porque é capaz de reduzir drasticamente a população decacaueiros nas plantações, principalmente quando se trata de material

117

suscetível. Levantamento realizado no ano 2000 revelou incidência de até30 % entre plantas da variedade Theobahia, em uma fazenda do municípiode Uruçuca.

O agente causal é o fungo Ceratocystis cacaofunesta Engelbrech &Harrington (ex C. fimbriata Ellis & Halsted). Este patógeno apresentaagressividade variada e na Bahia foi detectado um dos isolados maisagressivos ao cacaueiro.

O fungo é distribuído mundialmente sobre uma variedade dehospedeiros, afetando mais de 50 famílias de angiospermas e, entre elas,as culturas do coco, café, seringueira, batata doce, manga e cacau, cássia,crotalária e mamona.

A ocorrência de surtos da doença está associada ao estresse dasplantas por uma ampla diversidade de condições ambientais, tantocausados por períodos secos como por períodos chuvosos. O fungo semultiplica através de esporos de origem sexuada, os ascósporos, eassexuada, os conídios, que são produzidos, principalmente, dentro dostecidos da planta e, em especial, nas galerias abertas por espécies deinsetos dos gêneros Xyleborus e Xylosandrus, atraídos pelos tecidosdoentes. Os esporos são liberados no ambiente, juntamente com o pó-de-serra produzido pelos insetos, e podem ser disseminados pelo vento,pelos próprios insetos e por respingos de chuva. Os clamidósporos,esporos assexuados de resistência, produzidos nos vasos dos tecidosinfectados também podem ser disseminados através do uso deferramentas, como podão, facão e tesoura durante a execução dasdiversas práticas culturais. A presença destes esporos, observada emmicroscópio nos cortes longitudinais do tecido doente, é suficiente paradiagnose da doença.

O fungo sobrevive nas plantas mortas e nas partes doentes removidas,jogadas no solo.

Os sintomas da doença na parte aérea são observados primeiramentenas folhas que se mostram murchas, pendendo verticalmente, que emseguida amarelecem, enrolam, secam e permanecem aderidas aos ramospor algumas semanas, mesmo após a morte da planta. Durante esseprocesso os ramos também secam. Ao se inspecionar galhos, tronco ecolo da planta doente, observa-se a presença de lesão necrótica deprimidaou cancro, sobre as quais, em condições úmidas, se formam peritéciosque produzem os ascósporos. A lesão inicia com a penetração do fungoatravés de ferimentos causados na execução de práticas como poda,

118

limpeza do solo, desbrota e colheita de frutos, assumindo coloraçãoescura, de onde se pode observar, algumas vezes, a exsudação de líquidoescuro. No lenho, a lesão apresenta-se com coloração castanhaavermelhada a púrpura, estendendo-se para cima e para baixo do pontode infecção. Variações na coloração e presença de estrias podem seratribuídas a outros fungos invasores secundários. A morte da planta ocorrepela obstrução dos vasos do lenho, que impede a passagem de água paraa parte aérea.

A primeira medida de controle integrado a ser adotada é não introduzirna fazenda mudas provenientes de plantios com suspeita de ocorrênciada doença. Ao se detectar a doença em um plantio, deve-se arrancar aplanta doente, queimá-la e aplicar 2 kg de cal virgem na cova e incorporarao solo, visando a decomposição do material não removido. Toda aferramenta usada na erradicação do cacaueiro doente, bem como nasoperações de poda e desbrota em áreas onde a doença ocorre, deve serdesinfestada com hipoclorito de sódio a 1 %. Os trabalhos de poda edesbrota devem ser direcionados às plantas sadias e de modo a não deixarextremidades que dificultam a cicatrização dos cortes. Recomenda-seefetuar inspeções periódicas no plantio para detectar a doença logo noinício, para evitar a sua disseminação. As plantas mortas devem sersubstituídas por material genético resistente, como RT 01, VB 681, SL 70,VB 1151, VB 1139, PH 159, LP 06, FB 21, TSH 1188 e Parazinho.

DOENÇAS DE RAÍZES

São doenças que matam o cacaueiro pelo sistema radicular, reduzindoa população do plantio, e ocorrem em áreas onde existem tocosremanescentes de plantas derrubadas antes ou depois da implantação docacaual. As doenças de maiores destaques são a podridão-negra, queataca plantas de qualquer idade, e a podridão-vermelha, plantas com atéseis anos de idade, na maioria das vezes.

����� Podridão-negra

Essa doença é causada pelas espécies do fungo Rosellinia pepo Pat.,a mais frequente nos cacauais baianos, e R. bunodis (Berk. et Br.) Sac., amais virulenta. Ao se observar o micélio sob a casca das raízes de uma

119

planta doente, nota-se que a coloração de R. pepo é esbranquiçada e a deR. bunodis é acinzentada.

As espécies atacam várias culturas de importância econômica comocafé, seringueira, citros, abacate, banana, guandu, cânfora, mandioca,crotalária, gengibre, fruta-pão, inhame japonês, noz-moscada taioba,pimenta-do-reino, chá, eritrina, mangostão, pinha-do-sertão, entre outras.

O contato das raízes das plantas sadias com as raízes dos tocos oude plantas infectadas é o principal meio de disseminação da doença.Quanto maior o sistema radicular da planta doente maior o seu poder dedisseminar o patógeno, que é o caso da eritrina. A doença ocorre emreboleiras com incidência mais ou menos elevada, em decorrência dascondições topográficas e da maior ou menor presença de restos vegetaisno solo. A ocorrência da doença chega a ser inexpressiva em locais comchuvas pouco frequentes, com pouco acúmulo de húmus ou de restosvegetais e onde o sombreamento do cacaueiro é deficitário, mas tem-seobservado uma tendência de maior expressividade em solos mais leves ebem drenados. Porém há evidências que a textura do solo, associada àtopografia e umidade, exercem influência na manifestação da doença.

O fungo sobrevive em tocos remanescentes da derruba de árvores,em restos culturais e na matéria orgânica no solo.

Os sintomas podem variar em função da idade da planta. Emcacaueiros novos, a necrose do sistema radicular se dá de formageneralizada, mais ou menos rápida e uniforme, enquanto que a parteaérea apresenta sintomas reflexos de murcha, amarelecimento e secadas folhas, as quais permanecem presas à planta, mesmo após sua morte.Em cacaueiros mais velhos, além dos sintomas descritos, podem sertambém observados murcha, amarelecimento, seca e queda das folhas,deixando os galhos desfolhados, de forma apenas parcial na planta, umavez que a manifestação da doença, em tais casos, é aparentemente maislenta porque o sistema radicular não foi totalmente infectado. Muitas vezesa planta emite brotações, que frequentemente se apresentam cloróticas ecom folhas pequenas. Com o progresso da infecção, ao atingir o coleto,ocorre a morte da planta. Ao se inspecionar o sistema radicular, observa-se em algumas situações, sobre a casca, estendendo-se até um poucoacima do nível do coleto, o crescimento micelial do fungo na cor cinza-escuro, quase preto, com margens claras, que se funde para formar umamassa carbonácea com superfície lanosa. Algumas vezes, quando osistema radicular é removido pode-se observar também o crescimento do

120

fungo sobre o solo aderido às raízes. Ao se remover a casca necrosada,observa-se sobre o lenho estruturas miceliais em forma de leque ou estrela.

O controle integrado deve começar pela destoca e remoção dos restosvegetais por ocasião do preparo do terreno para o plantio da cultura, massua adoção pode ser inviabilizada pela elevação dos custos de implantaçãode novas áreas. Quando a doença é detectada em uma área, proceder aeliminação das plantas com sintomas, procurando retirar do solo a maiorparte das raízes e seus fragmentos. É importante retirar da área o materialremovido e queimá-lo e evitar o replantio imediato. Inspeções frequentesdevem ser feitas, buscando-se detectar plantas em estádio inicial de infecçãopara evitar a contaminação das outras plantas. Pela dificuldade do controle,deve-se evitar a introdução de plantas hospedeiras provenientes depropriedades com suspeita de ocorrência da podridão-negra.

����� Podridão-vermelha

É uma doença causada pelo fungo Ganoderma philippii (Bres. et Henn.)que é considerado um fraco patógeno.

São hospedeiras as plantas lenhosas, como cacaueiro, seringueira,chá, coco, cânfora, café, mandioca, dendê, cravo-da-índia, guaraná eurucum.

Alguns fatores ambientais têm sido relacionados com o desenvolvimentoda doença em alguns cultivos. Clima seco acentua a severidade dossintomas de murcha e da morte das plantas. Fatores como má drenagem,inundação, manejo inadequado com proliferação de ervas-daninhas, alémde desordens nutricionais, têm sido considerados como predisponentes àinfecção. A disseminação da doença ocorre basicamente pelo contato dasraízes das plantas sadias com as raízes das plantas afetadas e tambémcom as fontes de inóculo, como os tocos remanescentes das plantasderrubadas. No passado, a mandioca contribuiu para o aumento dessadoença nos cacauais da Bahia. O fungo não cresce no solo, embora cresçamuito lentamente na planta hospedeira.

O patógeno sobrevive na planta morta e em restos de cultura, como ostocos.

No cacaueiro é possível visualizar a coloração castanho-avermelhadaem certos estádios de desenvolvimento da infecção e após lavagem dosistema radicular. Na diagnose, três aspectos devem ser considerados:a) presença de micélio de coloração característica sobre as raízes, b)

121

aparência do lenho apodrecido, e c) presença dos basidiocarpos do fungo.A detecção da doença no estádio inicial é difícil porque a parte aéreaapresenta-se aparentemente sadia até que a infecção atinja o coleto daplanta e impeça o transporte de água e de nutrientes para a parte aérea.Os sintomas observados na parte aérea são os mesmos observados emcacaueiros atacados pela podridão-negra. Em fase avançada, o sistemaradicular e o coleto encontram-se necrosados e revestidos por micélio,que ao coalescerem vão se aderindo às partículas de solo e restos vegetaispara formar uma crosta revestida por uma película de coloração escura.Tal película, em contato com os dedos, desprende-se facilmente, deixandoexposto o micélio esbranquiçado do fungo sobre a casca.

As medidas de controle integrado são as mesmas recomendadas paraa podridão-negra. Porém, na fase inicial da doença, pode-se aplicar cal oucalcário, na proporção de 2 kg por planta, inclusive nas plantascircunvizinhas. Esta prática pode ser feita após a remoção de planta morta.Seis meses após pode-se efetuar replantio.

122

BENEFICIAMENTO DA MANDIOCA E AGREGAÇÃO DE VALOR AOS SEUS DERIVADOS

José Jorge Siqueira Bahia

CEPLAC/CEPEC/NUCEX-ITABUNA. E-mail: [email protected], (73) 3211-2563

A mandioca é uma cultura considerada como a, mas versátil dastuberosas tropicais. Encontrada sobre várias condições de manipulaçãoe processamento, oferece uma gama de produtos e sub-produtos aosmercados consumidores, para a industria, o processamento concentra-se em farinha. As etapas ou operações unitárias do processamento defarinha de mandioca são: colheita, transporte, descascamento e lavagem,ralação ou moagem, prensagem, esfarelamento, secagem, classificaçãoe embalagem. Calcula-se que cerca de 80% das raízes sejam consumidaspara este fim, a maioria em farinheiras não formais, distribuídas por todo oBrasil. Cerca de 3% podem ser contabilizados formalmente como sendodestinadas à extração de fécula e suas modificações. O restante vai paraa alimentação animal. Por outro lado, a partir de 1997, com adisponibilização e a introdução de novas tecnologias que permitiram novosestabelecimentos de industrias de processamento de palitos pré-cozidose congelados, houve um aumento significativo de industrialização doprocessamento culinário artesanal, valorizando as raízes, mas levando auma tendência de diminuição do volume comercializado do produto innatura. Dentro da industrialização da mandioca, temos como produtoprincipal à farinha de mandioca, cuja fabricação é generalizada, sendo umalimento amplamente apreciado pelos brasileiros, que dela se servem devárias maneiras, de acordo com os costumes das diversas regiões. Nopaís, a variabilidade de tipos de farinhas é muito grande, o que dificulta emmuito a comercialização. Essas diferenças dependem das característicasde variedades, mas principalmente, do processamento. Fornos muito

123

quentes ou frios, cargas elevadas ou muito pequenas, prensagem maisou menos intensiva são fatores que podem influenciar o padrão dafarinha. Essas variações tornam quase impossível a proposta de umpadrão nacional de qualidade. De origem indígena, o processamentoda mandioca para obtenção de farinha ainda guarda alguns vestígiosdessa origem. A farinha d‘água é muito comum no norte do Brasil e adesintegração da raiz é facilitada pela fermentação em água. As raízesfermentadas são mais fáceis de descascar e podem ser desmanchadassem necessidade do ralador.

Outros produtos da mandioca: beijos, tapioca, carimã ou massa puba,tucupi, tacacá, amidos modificados, dextrinas, glicose, xarope de glicose,polvilho, doce e azedo, produtos de panificação e massas, massas mistasem percentagem que variam de 10 a 15% para pão até 35% em macarrão,farinha de raspas. Com mais de 300 sub-produtos aproveitadoscomercialmente, permitindo uma agregação de valor ao cultivo damandiocultura. Recentemente, com a utilização do resíduo, a manipueiraou água vegetal, considerada até há pouco tempo, poluente, constituí-sehoje, numa nova fonte de renda com sua utilização como: bioinseticida,biofungicida, bioacaricida e biofertilizante.

124

PAISAGISMO E JARDINAGEM

Técnica em agropecuária - paisagista

COMO PROPAGAR AS PLANTAS ORNAMENTAIS

Novas mudas podem ser obtidas por sementes ou por partes dovegetal (propagação vegetativa). Neste caso, as plantas que se formarãoserão idênticas à planta que lhes deu origem (planta mãe).

SEMEADURA NO LOCAL DEFINITIVO

A propagação por sementes produz uma grande quantidade de novasplantas, e requer pouco esforço. Com custo de alguns pacotes desementes, é possível obter-se uns canteiros coloridos de flores, semeando-se diretamente no solo.

a. Defina as áreas a serem semeadas individualmente, e coloque terrade boa qualidade, passe o ancinho sobre a superfície do solo.

b. Faça a semeadura a lanço, se for material da mesma cor, ou façafileiras se quiser separar e distinguir cores.

c. Cubra as sementes com terra. E se quiser marque cada área cometiqueta impermeável.

d. Depois de germinadas faça o raleamento do excesso.

SEMEADURA EM SEMENTEIRA

a. Faça a semeadura em sulcos, assim será possível distinguir comfacilidade as mudas das ervas invasoras jovens.

b. Faça a repicagem usando uma vareta e selecionando as melhoresmudas.

Noemia Pinheiro de Almeida

125

c. Deixe as sementes com revestimento duro na água durante umanoite. Para reforçar a absorção da água, lixe as muito duras antes de colocá-las de molho.

PROPAGAÇÃO POR ESTOLHOS

Os estolhos são ramos que saem da planta e em contato com a terraemitem raízes. A partir desses ramos surgem novas plantas. Quando estasatingirem um tamanho adequado, podem então ser separadas da planta-mãe (ex: clorofito, barba de judeu, juventude, etc.), Para separá-las, bastacortá-las e colocá-las em outro vaso.

PROPAGAÇÃO POR RAÍZES AÉREAS

Algumas plantas (ex: filodendros e outras trepadeiras) emitem ao longodo caule pequenas raízes. Estas plantas podem facilmente ser propagadas,bastando apenas que se corte um pedaço de caule com um númerorazoável de raízes, incluindo algumas hastes e folhas.

PROPAGAÇÃO POR DIVISÃO

Exemplo de plantas que podem ser reproduzidas por divisão: sanseviera,palmeira areca bambu, palmeira rafis grama e muitas outras que possuemcaules subterrâneos (rizomas). Para propagá-las, basta separar partesdo rizoma que possuam gemas. Estas gemas é que darão origem a novasmudas. Também as plantas que possuem tubérculos e bulbos subterrâneospodem ser multiplicadas por divisão.

PROPAGAÇÃO POR BROTOS

É bastante fácil em cactos e outras plantas suculentas (ex: agave,eufórbia, etc.). É só separar um broto da planta e enterrá-lo em localadequado. Devemos ter um especial cuidados com plantas quenaturalmente soltam látex, pois geralmente são venenosas.

126

PROPAGAÇÃO POR ESTACAS

As estacas são pedaços de caule ou de ramos que enterrados, produzemraízes que dão origem a novas plantas. Para algumas espécies oenraizamento é difícil e muitas vezes ocorre naturalmente. Existem à vendapós de enraizamento (hormônios), que fazem com que a formação de raízesseja mais rápida. Neste caso, as bases das estacas devem ser mergulhadasno pó e em seguida enterradas. A umidade é um fator importante para oenraizamento das mudas. Por isso, mantenha a terra sempre úmida, porémnão encharcada. As plantas herbáceas, isto é, com caules mais flexíveis,enraízam mais fácil do que as de caules lenhosos (plantas com caulesduros). Um bom meio de promover o enraizamento das estacas é plantá-las em caixa de areia, tomando-se o cuidado de mantê-la sempre úmida.

PROPAGAÇÃO POR FOLHAS

Exemplos: begônias, sanseviera, gloxínia, violeta e outras. Estas plantastêm relativa facilidade de se reproduzirem através de folhas ou mesmopedaços de folhas. Novas mudas de sanseviera (espada de são Jorge)podem ser obtidas cortando-se uma folha em pedaços e enterrando-osverticalmente. Em breve estes pedaços enraízam na base e dão origem anovas plantas. A única diferença é que as novas mudas não possuem osbordos amarelados das folhas. Para as begônias, basta fazer pequenoscortes ao longo das nervuras da folha. Os cortes devem ser a intervalosde 3 a 4 cm. Em seguida, a folha deve ser colocada com a parte inferiorem contato com a terra, que precisa ser mantida úmida. Para a folha ficarbem junta com a terra, coloque sobre ela algumas pedrinhas ou pequenospesos. Quando a folha começar a secar, surgem dos cortes as novasmudinhas, que com o tempo, desenvolvem raízes suficientes para seremtransplantadas. As gloxínias e outras plantas que possuem folhassuculentas e nervuras salientes podem ser reproduzidas do mesmo modo.

ÁRVORES DENTRO DE CASA

Existe uma variedade grande de árvores nativas de nossas florestas,que podem ser cultivadas dentro de casa. Elas dão um efeito bastante

127

criativo na decoração de ambientes, fugindo-se assim das opções maiscomuns.

Por árvores, podemos entender plantas de grande porte e, segundoesta definição, temos desde as enormes diefembaquias até árvores comoa cabreúva e os pinheiros. Para tê-la dentro de casa, é necessário quehaja condições específicas de temperatura, umidade e principalmente,luminosidade. É mais conveniente colocá-las próximas a janelasensolaradas, e deve-se ter em mente que os vasos devem ser de tamanhoproporcional ao porte das plantas e permitir que as raízes se desenvolvamlivremente. A terra deve ser fértil e a cada dois anos renovada.

Alguns exemplos de árvores que podem ser cultivadas dentrode casa:

Cheflera (Schefflera): é natural da Austrália, onde são sempre verdese podem atingir mais de 30m de altura (no solo). Suas flores são vermelhase surgem no verão, porém, estas plantas dificilmente florescem quandoestão em ambientes fechados e pouco iluminados. Necessitam detemperaturas elevadas e de ambiente protegido de correntes de ar. No verãoprecisam ficar em local iluminado, porém, protegidos dos raios solaresdiretos. As regas devem ser moderadas e no período de repouso (inverno)devem ser mantidas secas. O solo deve ser rico e com boa drenagem.

Cabreúva (Myrocarpus frondosu): apresenta forma arredondada,atingindo até 15 m de altura. Floresce em outubro e suas flores são de coloraçãocreme-amarelada. O tronco tem coloração cinza-pardo e, normalmente, tem80 cm de diâmetro. De preferência, devem permanecer próximas à janela,num local bem arejado e protegido de correntes de vento. As regas devem sermoderadas e freqüentes e o solo composto de uma mistura de terra vegetal eargila. As podas devem ser ligeiras e apenas utilizadas para eliminar os ramossecos e deformados. A maneira mais rápida e fácil de obter mudas é atravésde sementes, que germinam sob a árvore adulta.

Fícus Benjamina, F. Deltóidea, F. Elástica, F.Lyrata, F. Religiosa,F.montana e outras: existem plantas com folhas grandes e pequenas ecom formas diversas. De modo geral, necessitam de temperaturassuperiores a 18ºC, boa iluminação, devendo ser orientadas para a luz diretado sol. No inverno, a temperatura não deve ser inferior a 12ºC, e nesta

128

época as regas devem ser moderadas. A umidade é importante e por issoé aconselhável pulverizar sempre as folhas com água. O solo deve ser deboa fertilidade e ligeiramente calcário. As adubações são importantes edevem ser feitas quando a terra for renovada.

Dracenas: embora não sejam árvores típicas, muitas espécies quandobem tratadas atingem grande porte e o tronco, por vezes, torna-se bastantegrosso.Elas são plantas resistentes, necessitando poucos cuidados. Porisso, são especialmente recomendadas para ambientes internos. Aquantidade de luz que precisam é pouca: embora gostem de locais bemiluminados, não toleram sol direto. A maioria das espécies preferetemperaturas amenas, que vão dos 15 aos 18°C. As regas devem sermoderadas e freqüentes, cuidando-se para que a terra não fique por muitotempo ressecada. A terra usada deve ser rica em matéria orgânica. Comestas condições, obtém-se plantas vistosas e muito decorativas. Asespécies mais utilizadas para decoração são: Dracena drago (dragoeiro):D.fragans; D.goseffiana; D.marginata. D.sanderiana e outras.

BIBLIOGRAFIA

Plantas e flores - Editora Três

Flores e Plantas no lar -PEREIRA Aldo

Dicas e Sugestões de Jardinagem - Editora Nobel

Plantas Ornamentais no Brasil LORENZI Harri / MOREIRA DE SOUZAHermes.

129

O DENDEZEIRO COMO CULTURA ENERGÉTICA PARA OSTRÓPICOS ÚMIDOS

Jonas de Souza

As reservas mundiais de petróleo conhecidas concentram-se no OrienteMédio (64%) e diminuem à medida que aumenta o consumo em nívelmundial.

Jonas de Souza, Chefe do CEPEC/CEPLAC, <e.mail [email protected]>

130

A produção em larga escala de energia a partir da biomassa torna-secada vez mais importante, especialmente nos países tropicais comabundante disponibilidade de área, água e energia solar. O dendezeirorepresenta hoje a melhor opção para atingir as metas da Lei 11.097; 2005em função do seu alto potencial de produção por unidade de área,chegando a mais de 5 toneladas de óleo por hectare/ano.

Brasil é o país que apresenta as melhores condições em função daalta disponibilidade de terras aptas para o seu cultivo, localizadas na regiãoamazônica e na região da mata atlântica no estado da Bahia e do completoconhecimento da tecnologia de produção de óleo a partir desta palmeirae possui mais de 70 milhões de hectares com condições de solo e climaadequados ao seu cultivo. Por outro lado, esta é a única espécie pereneque, como a floresta, garante conservação ambiental e produçãosustentada.

Somente na Região Sudeste da Bahia, que depende quase queexclusivamente da monocultura do cacau, há cerca de 1 milhão dehectares, remanescentes da mata atlântica, próprios à cultura do

•Lei 11.097/2005: Estabelece percentuais mínimos de mistura debiodiesel ao diesel e o monitoramento da inserção do novo combustívelno mercado.

Mercado Potencial:800 milhões de

Litros/ano

Mercado Firme:1 bilhão deLitros/ano

Mercado Firme:2,4 bilhões de

Litros/ano

2008a

2012

131

dendezeiro, com potencial de produção de 4 a 6 milhões de toneladas deóleo, equivalentes a aproximadamente 25 milhões de barris de petróleopor ano, ou mais de 65 mil barris diários. Cem mil empregos diretospoderiam ser criados somente no setor agrícola.

Como em todo cultivo arbóreo perene, a implantação de dendezais nãoé um projeto de maturação econômica imediata, pois a palmeira começaa produzir a partir do 3° ano e atinge o seu pleno potencial a partir desétimo ano de campo. A consorciação de espécies vegetais de ciclocurto oferece amplas possibilidades de antecipação de renda e rápidaremuneração do capital, além de incentivar a criação de novos pólos deprodução de alimentos.

Experimento conduzido na Estação Experimental Lemos Maia, em Una,demonstrou a ampla possibilidade de produção de combustíveis debiomassa e alimentos a partir da combinação de culturas no processo deestabelecimento de dendezais. Os intercultivos abacaxi, mandioca epimenta do reino foram plantados nas estrelinhas do dendezeiro (7,8m).Estes cultivos promoveram renda em curto prazo, com recuperação eremuneração antecipadas do capital investido. O abacaxi foi o mais eficienteintercultivo proporcionando um ponto de nivelamento econômico (receitabruta igual à despesa bruta) em um período inferior a dois anos. A mandiocareduziu, no mesmo período 50% do investimento total de capital no plantiomisto, além de reduzir os custos com o controle de ervas daninhas.

As culturas intercalares aceleraram ainda o crescimento do dendezeiro,em seus estágios iniciais de estabelecimento e, posteriormentepromoveram maiores produções de cachos por ha em relação ao cultivotradicional.

O dendezeiro como cultura alimentícia e ou/energética, pode se constituirem um empreendimento estratégico e de alta viabilidade econômica. Nocaso especifico da produção de biocombustíveis, cultivar dendê em sistemasagroflorestais é um projeto de resultados duradouros - provavelmente maisbaratos - do que perfurar poços de petróleo no Brasil.

Uma rápida análise destes números conduz à evidente conclusão deque a alternativa dos óleos vegetais não pode ser desprezada como realcontribuição ao equilíbrio das contas do país, a geração de empregos e aprodução de alimentos. É importante ressaltar que a substituição do óleodiesel por óleos vegetais transesterificados não requer qualquermodificação nos motores de ciclo diesel e que a produção destes óleospode ser realizada em pequena escala e próxima aos locais de consumo.

132

A CEPLAC, através do CEPEC testou três intercultivos bem sucedidos,mas são muitas as oportunidades de plantio combinado de dendezeiros eespécies vegetais produtoras de alimentos, fibras e até outras fontes dematéria prima para combustíveis. Em sua fase produtiva o dendezeiropoderá ainda se consorciar a animais para produção de carne, comobovinos e ovinos deslanados, sendo, para isto, necessário algumaspesquisas visando à produção combinada de forrageiras tolerantes àsombra.

133

CRIAÇÃO DE AVESTRUZ

Eduardo Simões de Oliveira

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho visa prioritariamente promover uma coletânea deinformações sobre a Criação de Avestruz, obtidas quando em visitas acriatórios assistidos tecnicamente pela CEPLAC, pelas declarações deoutros criadores que tivemos oportunidade de contatar, as informaçõesilustrativas de alguns criatórios, pioneiros na introdução, com sucesso,desta magnífica ave da Família Ratita (Aves não voadoras).

O contato inicial com a criação ocorreu a partir da busca de Agricultorespôr orientações, sobre essa atividade e, possibilidade de diversificar apecuária, e as perspectivas desta nova opção.

INTRODUÇÃO

A criação de Avestruz iniciou-se no Brasil a partir dos anos de 95/96,através da importação de diversas matrizes e filhotes (em numero de 300),e face ao aumento vertiginoso de criadores, criou-se à necessidade deum posicionamento pôr parte das autoridades fiscalizadoras quanto aocontrole sanitário destas criações, levando a uma suspensão destasimportações até a ocorrência de definições sobre o adequado controle esuas manifestações na forma de lei específica, passando a ter novadenominação de animal “Silvestre” para animal “Exótico”, o que levarianum futuro próximo à caracterização de animal “Zootécnico”, enquadradono “Plano Nacional de Sanidade Avícola”, e por conseguinte com direito deimportação, desde que atendendo a legislação em vigor.

* Engenheiro Agrônomo, CEPLAC/CENEX/ Escritório Local de Una.

134

HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS

A Avestruz (Struthio Camelus sp.), é de origem Egípcia e depoisdispersando para a África, pertencente à família das “Ratitas” (aves quenão apresentam a capacidade de voar), que se caracterizam pôr seugrande porte podendo atingir 2,8 m de altura e pesar acima de 150 kg,serem longevas atingindo até 70 anos e uma excelência reprodutiva emtorno de 40 anos, porém nunca perdendo a fertilidade.

O nome Struthio Camelus provém de duas importantes características doavestruz, correr em zigue-zague para escapar de predadores (Struthio) eser altamente resistente à falta de água (Camelus).

O início do interesse comercial desta ave dista de muito tempo (épocasFaraônica e Romana), visando única e exclusivamente à utilização de suasplumas de características puramente ornamentais (perfeita simetria ebeleza), e as cascas dos ovos para transporte de água quando em longastravessias no deserto e em face de elevada demanda de plumas no séculopassado, aconteceu o incentivo para instalação de criações domesticas, ecomo conseqüência provocou a redução das populações naturais e os animaisfruto destas criações iniciais de forma extensiva não eram abatidos e simutilizados para a retirada anual de plumas para posterior exportação paraEuropa e Estados Unidos.

A débâcle (derrocada financeira) de Wall Street no inicio do século XX,provocou uma diminuição da excitabilidade mercadológica das plumas,levando a uma redução pôr muito tempo, do interesse pelas criações, quesó ocorreu após o advento das duas grandes guerras, com a busca pôruma alimentação alternativa de momento, levando a pesquisa a identificaras qualidades positivas da carne de avestruz, que apresenta em relaçãocomparativa com as demais (bovina, suína e frango) características bemmais saudáveis de gordura e colesterol além de sabor similar à da bovina.

Com o descortinar da vantagem, de se consumir a cada vez mais,uma alimentação comprovadamente saudável, iniciada na década desessenta, reiniciou-se os trabalhos em prol do desenvolvimento detecnologias racionais de criação de avestruz (Estrutiocultura), haja vista acerteza quanto à valorização da carne, o reconhecimento das qualidadesmajestosas de seu couro e o retorno da utilização das plumas jáhistoricamente conhecidas, tudo isto aliado à elevada relação derendimento, obtido pôr área deste produto, em nível de criação(produtividade = Kg/ha) propiciando perspectivas ao criador, de auferir

135

interessantes rendimentos, pois toda carne comercializada no presentemomento, encontra fácil colocação no mercado, a preços extremamentecompensadores pôr quilo no mercado Mundial, e em relação ao Brasil omercado de São Paulo tem se apresentado como potencial consumidor, ocouro cotado em nosso mercado variando entre R$700,00 a R$ 1.200,00por unidade processada, sendo utilizado pôr grandes Estilistas no mundo,na confecção de bolsas, sapatos, cintos, casacos e outros, direcionadoao comercio de pessoas de elevado poder aquisitivo, e as plumas dereconhecida beleza e com característica de ser antimagnética, (suaeletrostática amplia a capacidade de absorção de poeira, pôr isso limpatotalmente as superfícies tratadas) comercializadas como adorno e parao fabrico de espanadores de pó, com franca utilização na industria deaparelhos elétricos e eletrônicos, variando seus preços entre R$ 10,00 aR$ 90,00 por quilo a depender da utilização a ser dada.

Outro produto bastante interessante de comercialização, os ovos nãofertilizados vendidos para o fabrico de artesanato, na forma de peçasdecorativas, atingindo excelente valor.

RAÇAS COMERCIAIS

Definem-se comercialmente três raças:Black Neck – Pescoço Preto mais conhecido como African Black é um

animal domesticado (Struthio Camelus Domesticus) fruto de seleçãoempírica feita pêlos sul africanos ao longo dos últimos 150 anos.

Red Neck – Pescoço vermelho, é uma ave mais agressiva, que podechegar a atacar pessoas uma vez se sentindo ameaçada.

Blue Neck – Pescoço Azul, é uma ave também agressiva, não gosta doconvívio com pessoas nem com outras raças de avestruzes.

A classificação acima esta direcionada a cor da pele dos adultos, porémtodas as raças possuem como característica comum, a mesma coloraçãode penas, sendo os machos predominantemente pretos com a extremidadedas plumas principais brancas e as fêmeas cinza amarronzadas.

A raça Black Neck, também chamada de “African Black”, é na verdadeuma raça domesticada, que recebe preferência dos fornecedores deplumas, enquanto a raça Blue Neck, tem como característica principalseu grande porte, sua similaridade com a Red Neck.

Com o interesse crescente pela carne da avestruz, a tendência foi o

136

cruzamento entre raças, para a obtenção de um maior peso de abate,surgindo então a raça “Blue Black”, que se apresenta como uma melhoriagenética, unificando características positivas de seus elementos paternais(predecessores), tais como maior fertilidade e precocidade (maior numerode ovos e inicio de postura precoce), docilidade (manejo mais simples),alta densidade de plumas (maior ganho com esta venda).

SANIDADE

A característica de elevada rusticidade e longevidade da Avestruz, levaaos pesquisadores pelo seu Histórico evolutivo, a considerar esta ave oser de maior capacidade imunológica do Reino animal, justificando aelevada perenidade de sua raça, bem como a elevada capacidade deadaptação a uma grande diversidade de ecossistemas. O que não implicana falta de cuidados normais e corriqueiros na condução do manejo deuma criação.

Medida fundamental para a manutenção da segurança sanitária resideno total impedimento de criação de outras espécies de aves na área, poisse apresentam como potenciais fontes de transmissão de doenças infecto-contagiosas.

Outras medidas tais como, instalação de reservatórios de higienização,também chamadas de “Rodolúvios”, na entrada dos criatórios ereservatórios menores, os “Pedilúvios”, na entrada dos piquetes einstalações gerais para higienização dos calçados dos funcionários evisitantes que adentrem nos mesmos.

Acrescido dos cuidados normais de higiene (acima), deve-se priorizarsempre o controle da água e dos alimentos servidos, os cuidados quandoda introdução de novos animais no plantel, criando-se um esquema dequarentena (mínimo de 04 semanas de isolamento). Na região cacaueirado Sul da Bahia, pelas suas características de elevada umidade, evitartoda a possibilidade de formação de alagamentos, poças e similares naárea dos piquetes, mantendo sempre uma condição mínima de drenagem.Evitar transportar e manter junto, aves de idades e tamanhos diferentes,precavendo-se contra traumatismos, evitando também o excesso detráfego e visitações no criatório, pois é característica marcante o estressecausado pelas movimentações.

Com relação à sanidade é bom realçar que as vacinações, em

137

avestruzes ainda não é coisa totalmente definida, pois os resultadoslaboratoriais podem acusar vírus patogênico, na amostra vacinal ou amostrapatogênica como resultado de exames, levando por tanto, a não sercompulsória no Brasil a vacinação contra Newcastle, contra influenza aviáriao país não possui vacina, aliais, não existe nenhum registro de vacina paraavestruz e a Febre Hemorrágica Criméia Congo, que tem no carrapatoseu agente principal, não se apresentou, no Brasil, nenhum caso.

Influenza Aviária - Erradicada do Brasil, porém, o avestruz éhospedeiro, apesar de não contrair a enfermidade, por isso o risco para oplantel avícola brasileiro de importações descontroladas, sugere-se aimportação de ovos, pois isso reduz o risco de introdução de novospatógenos de endo e ecto parasitos.

Newcastle – Como sintoma constata-se catarro, bronquite eperturbações nervosas, às vezes com tosse e espirro, os ovos apresentamcasca fraca e forma irregular. A profilaxia reside no isolamento das avesdoentes e sacrifício das que apresentam sintomas nervosos, desinfecçãodos abrigos e queima das camas.

Doenças diversas

São classificadas como doenças diversas, aquelas ocasionadas pelomanejo inadequado da criação e são caracterizadas pela apresentaçãodas seguintes sintomatologias: Raquitismo, Rotação tibiotarso, Impactação,Ingestão de corpos estranhos, traumatismos, diarreias, verminoses.

O “raquitismo” é fruto de alimentação errônea sem o devidobalanceamento nutricional. “Rotação Tibiotarso” resultado de excesso deproteína, fatores nutricionais, contaminações infecciosas, localizaçãoerrônea de cochos e qualidade de pisos. “Impactação” é proveniente doconsumo de alimentos impróprios que se acumulam no ventrículo, pró-ventrículo e intestinos cessando a movimentação digestiva.

Ingestão de corpos estranhos e traumatismos relacionam-se ao

PRINCIPAIS DOENÇAS SEUS SINTOMAS TRATAMENTO/PROFILAXIA

138

manejo e instalações inadequados, como por exemplo, os pisoscimentados muito lisos que promovem escorregões com muita facilidade,atentando também com relação ao piso de concreto que o mesmo elevamuito a sensação de frio nas aves novas o que pode gerar forte stresspodendo levar até a morte do animal, por isso é aconselhável o uso decampânula de aquecimento para o controle térmico.

1. Mercado (perspectivas)

Os mais variados tipos de carnes, sempre têm preferência quando hásobra no orçamento familiar, destinado a ingestão de proteínas, a carnebovina apresentando perspectiva de aumento de preço dado à tendênciados criadores em reter os animais para forçar uma elevação de seus valoresatuais, quanto ao frango, os exportadores animados pela desvalorizaçãodo Real, prevêem aumentos de exportações e recuperação de mercadosexternos, a suinocultura beneficiada pelo aumento tanto na taxa de desfrute,quanto no peso dos animais abatidos, espera novo impulso nas exportaçõesde carne principalmente para a Argentina e Hong Kong, também pôr contada desvalorização da moeda brasileira ante o Dólar.

Apesar do consumo per capita de carnes no Brasil, vir se mantendoconstante nos últimos quatro anos, apresentando como dados osseguintes: Carne bovina, 34 a 37 kg (01 porção de 90 g/dia), carne suína,09 a 10 kg, carne de frango 22 a 24 kg, carne de peixe 4,5 kg levando ase prever que no caso da disponibilidade de outras carnes nobres omercado encontra-se aberto para aquisição, consumo e ou exportaçãodestas.

Consumo (perspectivas)

Abate AnualCabeças

Carne/animalkg

Consumo/carnet/ano

Bovino 5.895.000 240 24.562.500Frango 3.969.000 0,96 4.134.375.000Suíno 1.585.000 60 26.416.666Pescado 700.000 1,2 583.333Avestruz 1% relação Boi 58.950 30 1.965.000Avestruz 1% relação Todos 114.490 30 3.816.333

139

2. Mercado (perspectiva)

Imaginando acertadas as perspectivas do quadro acima, nos obrigariaa estimar um rebanho previsto em 154 mil avestruzes (1% em relaçãoBoi) ou 298 mil avestruzes (1% em relação Todos), isto sustentado noprincípio da utilização de casais de aves e não o terno (trio) quando seutiliza um macho para duas fêmeas (redução de 20% da produtividadeprevista), e numa produção média de 50 ovos pôr ano com um percentualde fertilidade destes de 80%, percentual de eclosão também de 80% eíndice de mortalidade médio nos primeiros três meses de 20%, ou sejaem condições ótimas 50% de taxa de desfrute.

Exemplo:- 01 casal → 50 ovos/ano(80% fertilidade) → 40 ovos/férteis (80%

eclosão) → 32 pintos (20% índice mortalidade) → 25 filhotes (50% Taxa deDesfrute).

Postura 44 / 50 ovos

Fertilidade 73 / 80%

Incubação/Eclosão 80% 20 % perdas

Mortalidade (nasc.) 15 / 20%

Taxa Desfrute 50% *

Distribuição do lucro, por animal

Discriminação %

Couro 60

Carne 35

Plumas 5

Índices Técnicos

140

Instalações

A característica principal das instalações, esta relacionada à extremasimplicidade das mesmas, deve-se inicialmente construir piquetes dedimensões de 1.000 m² (20m x 50m) podendo também ser de 1400 m²(20m x 70m) utilizando-se de telas especiais (campestres) com altura de1,60m não devendo ser soldada as emendas e sim costuradas, parapromover a contenção e integridade das aves, com a preocupação de seinstalar corredores de dimensões variando de 1,5m a 2,0m entre ospiquetes que impossibilitem e ou inviabilizem o contato direto entre asaves impedindo a ocorrência de possíveis disputas (brigas), e no piqueteinstalar cochos de água, ração e sal sem a necessidade de seremprotegidos de intempéries normais(sol e Chuva). Com o resultado doprogresso de manejo dos pastos efetuamos a redução dos piquetessegundo orientações dos mais experientes para 800m² (20m x 40m) paraacomodar um casal de aves (400 m²/Cab.) e temos constatadoconsiderável sobra de forrageiras quando da rotação dos mesmos.

No caso de se optar pela cerca de arame liso, promover umdistanciamento entre os fios de 10,15 e 20 cm atentando para a altura de1,60m ou 1,80m.

Temos visto em outras propriedades a opção de se utilizar unicamente 5fios de arame liso distanciados a 25 cm apresentando espaçamento entremourões a cada 6 metros e balancins distanciados a cada 1,5 metros,ficando para o futuro a responsabilidade de registrar o sucesso ou fracassoda instalação.

Outra curiosidade interessante, está na formação de colônias de animaisem piquetes em numero de 02 com capacidade de abrigar 30 animaismedindo [180 X 200 metros] cada um, deixando para este tipo de colôniauma única sugestão, de se utilizar animais em desenvolvimento, pois nocaso deles se encontrarem em fase de reprodução dificilmente se teria acerteza dos casais geradores e fertilizadores dos ovos produzidos.

Nos piquetes implantar gramíneas resistentes ao pisoteio e de portebaixo bem manejados e fertilizados, atentando para manter uma alturamínima de pastejo.

No intuito de se promover a melhoria da qualidade nutritiva daspastagens, introduzir leguminosas em consorcio com a gramínea, optandopor aquela que apresente característica de agressividade, facilidade deimplantação e pegamento, perenidade e disponibilidade de se adquirirem

141

mudas em nossa região, aliado ao excelente potencial nutritivo do mesmo.O amendoim forrageiro registra índices 60 a 70 % de digestibilidade e 19%de proteína bruta.

Peculiaridades

Origem África

Plumagem Macho – Penas Pretas

Fêmea – Penas Cinza Amarronzadas

Altura 2,20m a 2,80m

Peso 110 kg a 150 kg

Alimentação Pasto e Ração (concentrado)

Peso médio do ovo 1.230 g / 1.525 g

Produtividade Média 60 ovos / ano

Produção de Plumas 1,20 kg / ano

Carne 35 / 40 kg de carne limpa c/ 12 meses

Incubação 42 / 43 dias

Longevidade Até 70 anos

Fertilidade Plena Até 40 anos

Produção de couro 1,2 m²

Comparativa Pecuária x Avestruz x Ovino

Espécie Bovino Avestruz Ovino

Gestação/Incubação (dias) 280 dias 42 dias 150 dias

Crias 01 bezerro 20/30 aves 1,5 cordeiro

Idade de abate 645 dias 407 dias 269 dias

kg de carne abate 240 kg 1.217 kg 30 kg

Couro (m2) 3 24/36 0,75

Plumas (kg) - 28/30 -

Vida economicamente ativa 10 anos 20 a 40 anos 5 anos

142

Valores Nutricionais Comparativos da Carne (100 g)

Bovino 9,3 27 18 91 282 3,0 29,9Suino 9,7 28 22 99 324 1,1 29,3Frango 7,4 32 04 86 165 1,2 28,9Avestruz 2,8 26 02 63 114 3,2 26,9Peru 5,3 - - 76 170 1,8 29,3Javali 2,8 22 - 45 160 2,1 22Ema 3,1 - 02 57 105 - 22,9

Gordura(Kcal)

Protídeos(mg )

Lipídeos(mg )

Colesterol(mg)

Calorias(%)

Ferro(mg)

Proteína(%)

ALIMENTAÇÃO

No tocante a alimentação desta ave, deve-se considerar o consumo depedras/pedregulhos a serem ingeridos pelas aves até a armazenagemtotal de 1,5 a 2,0 kg e localizadas no ventrículo, para auxílio na digestãodos alimentos, que devido ao desgaste natural destas pedras devem serrepostas.

A alimentação consiste basicamente de pasto (gramíneas eleguminosas) além de ração balanceada.

1- Pastagens:� Proporcionalmente as avestruzes pastam mais e com maior eficiênciado que o gado, tendo o hábito de pastejar similar ao das ovelhas,privilegiando pastos baixos.� Qualquer gramínea ou leguminosa é bem aceita. Quanto mais nutritivafor a pastagem, menor o consumo de ração.� Na ausência de pasto, deve-se fornecer capim elefante ou Cameronpicado.

2- Ração:� Peletizada dá um melhor aproveitamento, menor desperdício e,maior homogeneidade dos nutrientes e vitaminas.� Como as necessidades nutricionais se modificam de acordo com aidade, deve-se usar diferentes composições de ração paraacompanhar estas modificações.

143

Consumo Médio de Ração

� Existem no mercado rações específicas para avestruzes.

- 01 a 08 semanas de idade* 0,25 a 0,50 kg/cab/dia

- 09 a 16 semanas de idade 0,50 a 1,00 kg/cab/dia

- 17 a 24 semanas de idade 1,00 a 1,40 kg/cab/dia

- 25 a 42 semanas de idade 1,40 a 1,60 kg/cab/dia

- Acima de 42 semanas: 1,60 a 1,80 kg/cab/dia

MANEJO

� � Captura / Contenção:Ao se promover algum trato às aves, deve-se proceder a captura

utilizando-se do gancho apropriado para esta finalidade, de forma nenhumase deve utilizar cordas ou quaisquer outros instrumentos que venha adificultar a livre respiração destes ou promover traumatismos ao longodo pescoço da ave, a operação deve ser rápida, colocando-se um capuzque vede a passagem de luz, gerando um estado de tranqüilidade aoanimal, reduzindo as movimentações, atentando sempre para quequando deste trabalho seja utilizado o mínimo de duas pessoas paraexecução da tarefa, e em animais maiores e muito pesados, trabalharcom o mínimo de três pessoas para capturar e conter a ave, sempreimobilizando pêlos lados pois o chute frontal pode gerar enorme perigopara quem lida com a ave.

CRITÉRIOS BÁSICOS PARA INGRESSAR NA ATIVIDADE

Quando da aquisição de animais além de consultar Profissionais dereconhecida competência, deve visitar criatórios de sucesso para observara produtividade do plantel, manejo, consangüinidade, defeitos genéticos,experiência do criador.

144

APICULTURA COMERCIAL NO SUL DA BAHIA

Ediney de Oliveira Magalhães

A exportação de MEL aumentou 14 mil%, passou de R$ 700 mil, em2001 para R$ 138 milhões, em 2004. De 18 toneladas em 1999, passoupara 40 mil toneladas em 2004, já são 500 mil Apicultores no Brasil, 2,5milhões de colméias instaladas.

No Estado da Bahia, durante os últimos dez anos a produção apícoladeu um salto de 550 toneladas para 4.000 toneladas, colocando o estado na8ª posição no ranking nacional. O número de apicultores, no mesmo período,passou de 680 para 5.200. Os números evidenciam o grande interesse dosprodutores para a criação de abelhas em todo o Estado da Bahia.

No sul da Bahia, a produção de mel e pólen vem se destacado emdiversos municípios a exemplo de Una, Canavieiras, Ilhéus (pólen) e SantaCruz da Vitória, Teixeira de Freitas (mel). São 1.200 apicultores organizadosem 22 associações de apicultura e 2 cooperativas, uma de mel (SantaCruz da Vitória) e outra voltada para a produção de pólen (Canavieiras).

O dados acima, demonstram o quanto à atividade apícola cresceu nosúltimos anos, gerando novas oportunidade de trabalho e renda para umaparte significativa das comunidades com baixo poder econômico e aCEPLAC vem tendo um papel importante neste processo, atuando emdiversas vertentes da cadeia produtiva.

Os diversos ecossistemas no sul da Bahia permitem a produção demel, pólen, própolis, geléia real, apitoxina (veneno das abelhas), paratanto basta que os apicultores conheçam bem a potencialidade da cadaregião onde será instalado seu empreendimento. Para facilitar essacompreensão, dividimos o sul da Bahia em cinco grandes áreas de acordocom a sua potencialidade apícola.

Engenheiro Agrônomo, com mestrado em Desenvolvimento e Gestão Ambiental,responsável pelo Setor de Apicultura do Centro de Pesquisas do Cacau – CEPEC. E-mail: [email protected] Tel: (73) 32143250

145

1 - Litoral do sul da Bahia: área indicada para a produção de pólenem decorrência das grandes floradas das palmáceas, em especial oscoqueiros e as áreas de restinga. Os apicultores podem também produzirprópolis e mel. Para a produção da própolis, os manguezais sãofornecedores em abundancia de resinas, cujo produto final é uma própolisvermelho com grande ação terapêutica, já comprovada através deestudos pela UNICAP. Com relação a produção do mel, trabalhosrealizados pela CEPLAC, verificaram um teor de umidade em torno de19 a 20%, sendo o ideal 17%. Isto não inviabiliza a produção deste produtonesta áreas, apesar do produto necessitar de cuidado especiais comrelação ao seu armazenamento e tempo em prateleira.

Figura 1 – Apiário instalado em manguezais.

2 – Áreas de Transição: são localidades onde o índice pluviométricoé baixo e se constata a presença de vegetação rasteira (pasto sujo) ecapoeiras. São áreas indicadas para a produção de mel, pode-se citarcomo exemplo os municípios de Santa Cruz da Vitória, Floresta Azul,Dario Meira.

146

Figura 2: Área de Transição em Floresta Azul.

3 - Áreas com grandes concentrações de plantio de cacau: Nestasáreas as abelhas aproveitam as árvores de sombreamento para a produçãode mel e pólen. São localidades com umidade alta, onde o apicultor deveter o máximo de cuidado para que não ocorra a podridão européia (doençascausadas por bactérias). É possível também a exploração da própolisnestas áreas. O cajá é grande fornecedora de néctar e pólen. A floraçãodo cajá ocorre nos meses de novembro e dezembro, neste período oapicultor pode deslocar suas colméias para estas áreas, onde poderá obteruma produtividade média de 800 gramas de pólen por dia, 800% maior doque a média anual, que é de 100 gramas.

4 - Áreas com plantios de eucalipto: Estas áreas estão localizadasmais para o extremo sul e são indicadas para a produção de mel, cujaprodutividade pode alcançar 50 quilos por colméias. É possível também aprodução de pólen em determinada época, diferentemente do litoral queproduz o ano todo.

Maiores informações, o produtor poderá fazer contato com a CEPLACatravés dos seus escritórios locais ou ligar para o Centro de Pesquisado Cacau, através do número (73) 3214-3250 ou enviar e-mail [email protected]

147

INTRODUÇÃO

O Brasil e a região cacaueira têm um dos maiores potenciais do mundopara o desenvolvimento da piscicultura, particularmente devido ao seuclima, diversidade de espécies, quantidade e qualidade de água e tipos desolo. Essas condições e a carência alimentar da maioria dos brasileirostorna o potencial da criação de peixes uma exigência social.

TIPOS DE PISCICULTURA

Extensiva

É aquela praticada em reservatórios, lagos, lagoas e açudes que nãoforam construídos para o cultivo de peixes, mas para outra finalidade, aexemplo de bebedouro de animais, geração de energia elétrica etc. Estetipo de piscicultura apresenta os menores índices de produtividade umavez que a alimentação dos peixes depende da produção natural doscorpos d’água.

A taxa de estocagem utilizada é de um peixe para cada 10 m2.

Semi-intensiva

É a criação de peixes praticada em aguada disponível na propriedade,geralmente viveiro de barragem, e que o homem contribui com algunsmelhoramentos a exemplo do enriquecimento da água com adubações -orgânicas ou inorgânicas, visando aumentar a quantidade de alimentosnaturais - fitoplâncton e zooplâncton, e com a oferta aos peixes de

Bióloga, pesquisadora/CENEX. Email [email protected]

CRIAÇÃO RACIONAL DE PEIXES

Marta Emília Moreno do Rosário Caldas

148

Intensiva

Essa criação é realizada em viveiros projetados especialmente com ofim de se criar peixes. Os viveiros possuem sistema de abastecimento eescoamento controlados e são povoados com peixes de valor comercial, ataxa de estocagem é programada como manda uma criação comercial dealta produtividade e, para aumentar o crescimento dos peixes usa-se, alémda fertilização, a ração balanceada. Para a criação ser economicamenteviável, a ração deve proporcionar elevada conversão alimentar capaz depromover um crescimento rápido, e o peixe, por sua vez, deve alcançar altovalor de mercado.

Os parâmetros ligados à qualidade da água nos viveiros devem sermonitorados através de equipamentos próprios. Considerando a taxa deestocagem a ser utilizada, necessário se torna a renovação periódica -geralmente à noite - da água do viveiro ou a utilização de aeradores paraelevar o nível de oxigênio dissolvido.

A produção estimada é de 10.000 a 15.000 kg de peixe por hectare/ano.

Superintensiva

É a criação de peixes realizada em ambientes confinados - tanques-rede,fabricados de materiais não perecíveis onde uma única espécie de peixe écultivada em alta densidade de povoamento. Os peixes são alimentadossomente com ração balanceada, preferencialmente na forma extrusada.

Os tanques-rede são utilizados em lagos, grandes reservatórios eem rios de pequeno fluxo. As águas desses locais devem ser livres depoluição e bem oxigenadas.

subprodutos disponíveis na propriedade tais como mandioca, milho, frutas,verduras, etc.

A taxa de estocagem utilizada é de 3 a 5 peixes por m2.

Os tanques-rede de volume inferior a 5m³ são os mais recomendáveispor permitirem troca de água mais eficiente.

Neste tipo de piscicultura cultiva-se peixes de alto valor de mercado, aexemplo da tilápia, não podendo contar com os alimentos naturais da água.

O Brasil, com mais de 5 milhões de hectares de águas represadas,surge como o maior potencial do mundo para esse sistema de cultivo depeixes em água doce.

Para tilápia, a produção estimada varia de 60 a 120 kg/m³.

149

INSTALAÇÃO DE TANQUES E VIVEIROS

Localização

Em uma represa, nascente, ou baixada onde haja controle dos fluxosde entrada e saída de água, você pode criar peixes. Os principais fatoresa serem observados são:

� � Tipo de solo� � Disponibilidade de água� � Topografia do terreno� � Proximidade do mercado consumidor� � Facilidade de acesso ao local.

Tipos de Solo

O tipo de solo indicado à construção de viveiros é o argilo-arenoso ousílico argiloso com composição mínima de 40% de argila, pois não seencharca tanto como o argiloso e não é tão permeável quanto o arenoso.

Topografia

Devem ser escolhidos os terrenos levemente inclinados ou suavementeondulados. A inclinação deve ser inferior a 5% ou seja, a distância de nívelentre dois pontos distanciados em 100m deve ser inferior a 5m por tornaro custo de construção menor e por facilitar o escoamento da água quandoda drenagem dos viveiros.

Disponibilidade de Água

A quantidade de água necessária para o desenvolvimento da pisciculturaé calculada observando-se a área e a profundidade do viveiro. Nodimensionamento de um projeto deve considerar-se uma vazão suficientepara encher o maior viveiro em quatro dias , noventa e seis horas, e repora água perdida pelos processos de infiltração e evaporação. Esta perdadiária é da ordem de 1cm.

Tipos de Viveiros

Viveiro em piscicultura é um reservatório escavado em terreno natural,dotado de sistema de abastecimento e drenagem que permita encher ousecar em um espaço de tempo relativamente curto.

150

Os viveiros são divididos, de forma estrutural, em três tipos:� � Viveiros de barragem� � Viveiro de derivação� � Tanques

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA ÁGUA

As características físicas e químicas da água são fundamentais paraos organismos que nela vivem, pois determinam as condições ambientaisque favorecem o crescimento e a sobrevivência de espécies vegetais eanimais aquáticos.

As variações mais importantes que devem ser monitoradas em cultivode peixes são:

Temperatura

A temperatura exerce profunda influência sobre a vida aquática edesempenha papel preponderante na alimentação, respiração e reproduçãodos peixes. Ela também influência diretamente na disponibilidade deoxigênio dissolvido regulando o apetite dos peixes. Daí a vantagem dasregiões tropicais para a piscicultura, uma vez que nelas os peixes comempraticamente durante todo o ano.

pHÉ a medida que expressa se uma água é ácida ou alcalina em escala

que varia 0 a 14. O pH intervém freqüentemente na distribuição dosorganismos aquáticos. A respiração, fotossíntese, adubação, calagem epoluição são fatores capazes de alterar o pH na água.

Oxigênio dissolvidoO oxigênio da água é proveniente da atmosfera e dos vegetais que

ocorrem submersos e que liberam o oxigênio através da fotossíntese. Ooxigênio é consumido pelos animais (como os peixes) pelos vegetais (algase plantas aquáticas submersas) e também, pelo processo de decomposiçãoda matéria orgânica.

TurbidezAs águas naturais não são puras e apresentam uma série de materiais

151

dissolvidos e em suspensão, tais como partículas de argila, detritosorgânicos e os próprios microorganismos que vivem na água.

Esse conjunto de materiais dispersos na água reduz a penetração daluz, impedindo que grande parte atinja as camadas mais profundas. Esteefeito de redução de luz ao atravessar a coluna d’água é chamada deTURBIDEZ.

Sais dissolvidosMuitas substâncias encontram-se dissolvidas na água. Enquanto

algumas são essenciais para a sobrevivência dos organismos, como onitrogênio e o fósforo, outras são tóxicas, como a amônia, e provocammortalidade e insucesso nos cultivos.

MANEJO DOS PEIXES NOS VIVEIROS

A produtividade de um viveiro de peixe depende basicamente dastécnicas de cultivo empregadas, das espécies criadas, da disponibilidadee qualidade da água, das condições de solo, assim como do maior oumenor grau de dedicação do produtor ao cultivo.

Tipos de cultivoA capacidade de suporte de um viveiro depende da qualidade da água e

do teor de oxigênio dissolvido que ela contém.

MonocultivoNeste sistema somente uma única espécie é criada. No Brasil, este

tipo de sistema na maioria das vezes, apenas é praticado onde não existeoferta de alevinos de diferentes espécies uma vez que as fontes dealimentos existentes no viveiro ficam subtilizadas por não fazerem partedo hábito alimentar da espécie cultivada

PolicultivoPraticada quando mais de duas espécies de peixes com hábito alimentar

diferente são cultivadas no mesmo viveiro, explorando melhor as fontesde alimento existentes.

Neste tipo de sistema deve-se estabelecer a densidade de estocagemdos viveiros e a proporção relativa ideais das espécies - principal ousecundária - a serem neles criadas buscando uma maior produtividade.

152

CalagemPor calagem se entende a aplicação de calcário dolomítico ou cal

virgem, de forma homogênea, no fundo limpo e seco do viveiro para:� Realizar assepsia contra ovos e larvas de predadores e parasitas;� Corrigir o pH do solo ou da água;� Corrigir a turbidez causada pela mineralização da matéria orgânica;� Melhorar a produtividade primária dos viveiros.

A calagem provoca a elevação do pH, aumenta o teor de alcalinidade ea dureza da água, o que torna mais saudável a vida dos microorganismose dos peixes nos viveiros. A calagem interfere nas características físicas equímicas do solo do fundo dos viveiros, provocando melhor aproveitamentodos fertilizantes orgânicos e minerais.

AdubaçãoÉ uma técnica utilizada para incrementar a produção de alimento natural

no meio aquático ou seja, através da adubação nós forneceremos às algas,que são as mais importantes produtoras de matéria orgânica de umviveiro, elementos básicos necessários à fotossíntese - processo atravésdo qual as plantas clorofiladas - fitoplâncton - transformam materiaisinorgânicos (compostos de carbono, fosfato e nitratos), em materiaisorgânicos (proteínas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas etc.), napresença da energia solar e da água.

Os adubos mais utilizados na piscicultura são os orgânicos.

AlimentaçãoPara se obter sucesso na piscicultura é fundamental a administração de

uma alimentação adequada aos peixes. A alimentação tem efeito direto nasobrevivência, no crescimento e na produção.

O alimento dos peixes necessita conter proteínas, hidratos, vitaminas,minerais etc. Sem estes elementos os peixes não crescem.

Existem dois tipos de alimentos:� Natural� ArtificialOs alimentos naturais são aqueles produzidos no viveiro e que são

consumidos pelos peixes.Exemplos de alimentos naturais:- Fitoplâncton - algas

153

- Zooplâncton - microorganismos animais- Matéria orgânica morta.

Todos os organismos que vivem em um viveiro, direta ou indiretamente,participam da produção de carne de peixe.

Os alimentos artificiais são as rações balanceadas para peixes ousimilares, extrusadas, peletizadas ou em pó e todos os subprodutosagropecuários locais que o piscicultor possa oferecer aos peixes, aexemplo de raízes, grãos e farelos, verduras, legumes e frutas.

Os peixes crescem mais rapidamente quando há disponibilidade dealimentos. O crescimento pode paralisar quando há escassez dealimentos, sejam eles naturais ou artificiais.

O alimento artificial deve ser administrado diariamente na quantidadede 3-5% da biomassa dividido em duas refeições, durante pelo menos 5dias por semana, de preferência no mesmo local e às mesmas horas dodia (pela manhã e final da tarde).

A quantidade de alimento a ser administrado é calculada através dabiometria mensal de uma amostra da população de peixes de um viveiro,que são capturados através da utilização de rede ou tarrafa.

ALIMENTO DECRESCENTE

ALIMENTO CRESCENTE

MANTEM O CRESCIMENTOCONTÍNUO DOS PEIXES

POUCO ALIMENTO

PERDEM PESO E ENFRAQUECEM

NESTE CASO NÃO SE OBSERVACRESCIMENTO DOS PEIXES

154

Quando da utilização de subprodutos na alimentação, o piscicultor deveobservar a quantidade ofertada e a quantidade consumida, de modo quenão haja excesso de alimento artificial no viveiro de um dia para o outro poiso acúmulo de matéria orgânica traz mais desvantagens do que vantagens.

A forma de preparo dos alimentos e a sua distribuição são fatoresimportantes.

Para pós-larvas e alevinos a ração, em forma de farinha, deve serdistribuída ao longo das margens dos viveiros.

Para peixes de 10 a 50 gramas, as raízes, grãos, verduras, frutas esementes devem ser oferecidas em pequenos pedaços de modo que opeixe possa abocanhar.

Uma boa prática é deixar as sementes, raízes e grãos de molho pelomenos 24 horas antes da distribuição.

Taxa de Estocagem nos Viveiros

O número de alevinos adequado para se povoar um viveiro depende dediversos fatores dentre os quais destacamos os mais importantes:

� A boa qualidade do solo e da água

� Disponibilidade de adubo orgânico e inorgânico

� Disponibilidade de subprodutos na propriedade e de recurso paraaquisição de ração

� Tipo de cultivo adotado considerando a produção final que deseja opiscicultor obter com seus peixes.

A densidade de povoamento dos peixes normalmente ocorre de acordocom o tipo de cultivo.

Cultivo extensivo - 1 peixe para cada 10m2;

Cultivo semi-intensivo - 5 peixes para cada 10m2;

Cultivo intensivo - 1 a 3 peixes por metro quadrado.

Na utilização de tanques-rede para criação de machos de tilápia sãoestocados de 50 a 100 alevinos/m3 em gaiolas de volume maior que 5m

3.

Para gaiolas pequenas (mais eficientes por unidade de volume devido amaior facilidade para a troca de água) a taxa de estocagem pode chegaraté 300 alevinos/m3. A produtividade varia de 50 a 150kg de tilápias/m3.

155

ESPÉCIES RECOMENDADAS AO CULTIVO

••••• Carpa Comum (Cyprinus carpio )

Seu regime alimentar é omnívoro, alimentando-se de zooplâncton nafase juvenil e animais de fundo - minhocas, larvas de insetos, detritos etc.- quando adulta. Em um ano de cultivo atinge peso médio de 1,0kg. Nosistema de policultivo, se adapta bem com o tambaqui, a carpa capim, acarpa prateada e a tilápia.

• • • • • Carpa Prateada (Hypophthalmichthys molitrix )

Alimenta-se das menores algas do viveiro e somente consome alimentosartificiais quando na forma farelada. Sua alimentação é incrementadaatravés da adubação. Em policultivo, se adapta bem com a carpa comume o tambaqui. Alcança com um ano de vida peso aproximado a 2,0kg.

156

• • • • • Carpa Cabeça Grande (Aristichthys mobilis )

Alimenta-se de algas em colônias, rotíferos e pequenos microcrustáceos.Cresce bem junto a carpa prateada, a curimatã e o tambaqui. Atingecerca de 2,0kg com um ano de cultivo.

••••• Carpa Capim (Ctenopharyngodon idella )

É um peixe herbívoro que consome não somente as plantas aquáticasmas também gramas e capins verde e fresco (não seco). É um peixe depiracema. Excelente produtor de adubo orgânico - pode consumirdiariamente de 30 a 80% do seu peso. Alcança cerca de 1,8kg com umano de cultivo.

157

••••• Curimatã Pacu (Prochilodus marggravii )

É um peixe lodófago e seu alimento natural constitui-se de matériaorgânica em decomposição ou de plantas e pequenos animais que vivemaderidos em pedras ou qualquer outro substrato no fundo do viveiro. Podeser usado no policultivo com carpa prateada, carpa cabeça grande etambaqui. Alcança com um ano de cultivo 1,0kg.

••••• Tambaqui (Colossoma macropomum )

A alimentação principal do tambaqui é constituída por microcrustáceosplanctônicos e frutas. Come também algas filamentosas, plantas aquáticasfrescas e em decomposição, insetos aquáticos e terrestres que caem naágua, caracóis, caramujos, frutas secas e carnosas e sementes duras emoles. Nos viveiros os tambaquis podem ser alimentados com frutas,tubérculos, sementes e rações peletizadas e extrusadas. O tambaquialimenta-se rápido e agressivamente, não dando tempo para outros peixescomerem, no entanto, em sistema de policultivo pode ser cultivado juntocom a curimatã, carpa comum, carpa prateada, carpa cabeça grande ecarpa capim. Atinge peso médio de 1,5kg em um ano de cultivo.

158

Despesca

É a colheita ou retirada dos peixes dos viveiros ao alcançarem o pesode mercado ou de consumo.

A despesca pode ser parcial - quando se retira o peixe a sercomercializado com rede de arrasto e total - quando o viveiro é totalmenteesvaziado e o peixe coletado no final.

A drenagem do viveiro deve ser feita lentamente, de modo a provocar orefúgio dos peixes na parte mais profunda reduzindo o tempo em que osmesmos ficam em contato com a lama do fundo.

Os viveiros devem ser secos anualmente para manutenção e assepsia.

MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DO PESCADO

O pescado é um produto que se decompõe em um curto espaço detempo e a velocidade de deterioração depende de vários fatores:

- Temperatura;

- Método de captura;

- Espécie de peixe trabalhada;

- Manuseio

A conservação do pescado tem por objetivo retardar o processo dedeterioração e torná-lo disponível durante todo o ano em diversaslocalidades onde se faça presente o mercado consumidor.

����� ResfriamentoÉ o método mais simples de conservação. Os peixes e o gelo devem

ser armazenados em camadas alternadas de modo que um peixe nãotoque em outro nem nas paredes da caixa coletora.

����� CongelamentoEmbora seja um dos métodos mais eficientes, é pouco utilizado para

peixes de água doce pela necessidade de armazenamento em túnel decongelamento.

159

����� SalgaMétodo utilizado para preservar o pescado através da penetração do

sal no interior dos tecidos musculares, reduzindo a quantidade de águapresente e inibindo a atividade bacteriana.

����� Defumação

O pescado é submetido a um tratamento térmico de modo a perdertoda a água contida nos tecidos e ao mesmo tempo receber partículas defumaça que lhe conferem gosto, aspecto e proteção especial.

BENEFICIAMENTO

Inúmeras são as formas de beneficiar as espécies atualmente maistrabalhadas na piscicultura brasileira, destacamos entre elas:

� Peixe inteiro eviscerado

� Peixe em posta

� Filé de peixe

� Peixe defumado

� Fishburguer

� Costelinhas, almôndegas e quibe

� Patê congelado e defumado

� Peixe salgado

� Caldo de peixe.

Do peixe ainda podemos beneficiar as peles através do curtimento,produzir a farinha de peixe e extrair a hipófise - glândula sexual utilizadano estímulo à propagação artificial de peixe de piracema.

COMERCIALIZAÇÃO

Os peixes podem ser comercializados “in natura” nas feiras livres oudiretamente para áreas de lazer e pesque-pague. Quando beneficiado, opescado pode ser comercializado junto a bares, lanchonetes, restaurantes,hotéis e supermercados.

160

BIBLIOGRAFIA

BOYD, C.E. Water quality in warmwater fishponds. 3 ed. Auburn: AuburnUniversity, 1984. 344p.

HONDA, E.M.S. Contribuição ao conhecimento da biologia de peixes doAmazonas. Alimentação do tambaqui, Colossoma bidens (Spix). ActaAmazonica, v.4, n.2. p.47-53. 1974.

PRIETO, A . Manual para la prevenciión y el tratamiento de enfermedadesen peces de cultivo en agua dulce. Santiago: ONU/FAO, 1991. 65p.

WOUNAROVICH, E., HORVATH, L. A propagação artificial de peixes deáguas tropicais. Manual de Extensão. Brasília - DF.: FAO/CODEVASF/CNPq., 1983. 220p.

BOYD, C.E. 1990. Water Quality in Ponds for Aquaculture. BirminghamPublishing Co., First printing, Alabama. 482p.

161

TERRITÓRIOS RURAIS COMO UNIDADE DE PLANEJAMENTODAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Elieser Barros Correia

INTRODUÇÃO

Msc em Desenvolvimento Regional e Meio AmbienteChefe do Centro de Extensão da CEPLAC

O enfoque territorial é uma estratégia essencialmente integradora deespaços, atores sociais, agentes, mercados e políticas públicas deintervenção, e tem na equidade, no respeito à diversidade, na solidariedade,na justiça social, no sentimento de pertencimento, na valorização da culturalocal e na inclusão social, as bases fundamentais para conquista dacidadania.

O objetivo dessa construção, que só se concretiza mediante amploprocesso democrático, é identificar e conceber os territórios a partir dacomposição de identidades regionais como elemento aglutinador e promotordo desenvolvimento rural sustentável.

Realçam-se como desafios dessa estratégia, a promoção e apoio aoprocesso de desenvolvimento de competências humanas e institucionaisnos espaços concebidos como territórios, articulando a construção eimplementação de políticas públicas através da elaboração participativade Planos de Desenvolvimento Territoriais Sustentável, tendo comoenfoque o fortalecimento das comunidades rurais, com ênfase naagricultura familiar.

A adoção da abordagem territorial como referência conceitual nosprocessos de desenvolvimento rural sustentável constitui premissafundamental para a concepção desse espaço enquanto unidade deplanejamento, bem como do seu reconhecimento como instrumento dedescentralização e de autogestão de políticas públicas.

162

CONCEITO DE TERRITÓRIO

Várias são as concepções existentes. A assimilação que os atores dodesenvolvimento territorial na Bahia possuem deste conceito levam acompreensão de território como a área geográfica de atuação de um projetopolítico-institucional, que se constrói a partir da articulação de instituiçõesem torno de objetivos e métodos de desenvolvimento comuns. Partindo-se deste entendimento político, desenvolvem-se projetos produtivos,sociais, culturais e ambientais, normalmente orientados ou liderados porum projeto dominante ou idéia-guia.

O território, enquanto espaço socialmente organizado, configura-se noambiente político institucional onde se mobilizam os atores regionais emprol do seu projeto (ou seus projetos, mesmo que encerrem conflitos deinteresses) de desenvolvimento. O principal objetivo é a geração derelações de cooperação positivas e transformadoras do tecido social.(ROCHA; SCHEFLER e COUTO, 2004).

TERRITÓRIO E TERRITORIALIDADE

A discussão acerca de território começa com as acepções do termo.Originário do latim territorium, adjetivo derivado de territorialis que significapedaço de terra apropriada, este sentido era-lhe atribuído antes do séculoXVIII. Nos anos 1920, os termos território e territorialidade transferem-sedo domínio político-administrativo para o da etologia, adquirindo statusde conceito científico, deixando de ser uma qualidade jurídica paratransformar-se num sistema de comportamento dos animais. No campoda etologia, o território está associado à demarcação e dominação delugar, à extensão e limites, enquanto territorialidade é definida como aconduta de um organismo para tomar posse de seu território e defender-se contra os membros de sua própria espécie. Em geografia, MiltonSantos refere-se ao território, como sendo “(...) o chão da população,isto é sua identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nospertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocasmateriais e espirituais e da vida, sobre os quais ele influi.” (SANTOS,2000, p.96).

163

UM ESPAÇO DE PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO RURAL

Busca-se um consenso em que o Estado deve ser gerido como umespaço público, onde a participação da sociedade seja um instrumentobásico de decisão sobre os rumos e prioridades do desenvolvimento. Ademocratização dos órgãos públicos, a transparência administrativa, aparticipação popular nos conselhos, câmaras e nos orçamentos sãoelementos balizadores do planejamento territorial.

Na análise de Sepúlveda (2003), in (SEI, 2004) o território surge comofoco do desenvolvimento rural sustentável. Parte-se de um conjunto deaspectos diagnosticáveis do território que compreendem: a) ascaracterísticas da economia rural da região; b) a heterogeneidade espaciale socioeconômica do setor rural; c) a diversidade institucional e políticados espaços locais; d) a variedade de oportunidades e possibilidadesregionais; e) as diferenças ecológicas entre as unidades territoriais; f) asinterligações entre essas unidades e o restante da economia. Deriva dessacompreensão, a formulação de políticas que garantam o desenvolvimentoe corrijam as desigualdades rurais. Além da coesão social, odesenvolvimento rural prescinde da coesão territorial, ressaltam (Rocha;Schefler e Couto, 2004).

Sepúlveda aponta ainda o caráter institucional-multidisciplinar dodesenvolvimento territorial. Este se revela importante na definição econdução das políticas públicas territoriais, que devem conter objetivosmúltiplos e promover um sistema participativo de base. O enfoque territorialpara o desenvolvimento apresenta uma nova concepção onde os aspectosambientais, econômicos, sociais, histórico-cultural, político e institucionalinteragem no espaço do território. A economia rural não é mais puramenteagrícola, e, sim compreende o conjunto de atividades agrícolas e não-agrícolas regionais e dos recursos naturais da região (SEPÚLVEDA, 2003).

Abramovay (2001b e 2003) sugere que o território possui, antes de tudo,um tecido social, com relações de bases históricas e políticas que vãoalém da análise econômica. À dimensão territorial do desenvolvimentosomam-se as já estudadas dimensões temporais (ciclos econômicos) esetoriais (a exemplo dos complexos agroindustriais). Citando os estudosde Casarotto Filho e Pires (1998), o autor lembra que a formação de umterritório – ou pacto territorial – deve responder a cinco pré-requisitos: 1)mobilizar os atores em torno de uma idéia-guia; 2) contar com o apoio

164

desses atores, não apenas na execução, mas na própria elaboração doprojeto; 3) definir um projeto orientado ao desenvolvimento das atividadesde um território; 4) realizar o projeto em um tempo definido; e 5) criar umaentidade gerenciadora que expresse a unidade entre os protagonistas dopacto territorial.

Uma estratégia para o planejamento de desenvolvimento territorialsustentável deve estar fundada num processo de implantação econsolidação de metodologias que se completa em dois momentos: umde apoio à auto-organização, formação dos fóruns e planejamento dosterritórios; e outro de desenvolvimento das capacidades territoriais earticulação interinstitucional de políticas públicas.

Diagrama da Construção Sistêmica do Desenvolvimento Territorial

ÿEqüidade entreterritórios emunicípios,desenvolvimentoregional e local.

Aborda g em

ÿcidadania, respeitoaos direitoshumanos e gestãoparticipativa daspolíticas públicas.

Econômica

ÿEstabilidadeeconômica, geraçãode emprego e renda ,ampliação dosinvestimentos e daprodutividade e ,conquista demercados comredução dos riscos.

Dimensão Ambiental

ÿHarmonia entredesenvolvimento emeio ambiente,sustentabilidadeambiental.

ÿInclusão social,acesso universal e dequalidade dosserviços públicos,valorização culturale étnica , comapropriação dosresultados do

Estratégia doDesenvolvimento

Territorial

165

Enquanto estratégia do Governo Federal para fortalecimento do Campobrasileiro, a Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério doDesenvolvimento Agrário (SDT/MDA) animou um processo de divisão daBahia, com a participação do Governo do Estado, organizações sociais eoutras instituições, em 23 potenciais territórios rurais. Desses, seis situadosna área de atuação da CEPLAC.

Paralelamente ao trabalho da SDT, a Organização das Nações Unidaspara Agricultura e Alimentação (FAO) firmou três Projetos de CooperaçãoTécnica (TCP) com o Governo Federal, visando apoiar a implementaçãodo Programa Fome Zero (PFZ). A junção das experiências avaliadas comoreplicáveis, permitiu à FAO montar uma metodologia de desenvolvimentoterritorial, que se assemelha à da SDT. Da mesma forma, outrasinstituições, governamentais e não-governamentais, têm trabalhado commetodologias semelhantes para o desenvolvimento territorial.

Essas metodologias foram discutidas no âmbito da CoordenaçãoEstadual dos Territórios da Bahia (CET) com o objetivo de se montar umametodologia de referência para o desenvolvimento de territórios rurais, quedeve ser usada pelos outros parceiros dos territórios. Explicando: alémdos territórios apoiados pela SDT, outros territórios estão sendo ou serãoapoiados por instituições parceiras, que precisam de uma metodologiapara implementar as ações. É o caso do projeto FAO/MDA (UTF/BRA/057) que vem implementando essa metodologia de referência no territóriodo Sertão do São Francisco. Da mesma forma a CEPLAC vem utilizandodessa metodologia nos territórios de Itapetinga, Médio Rio das Contas,Vale do Jiquiriçá e Extremo Sul. Outras instituições como CODEVASF,Governo da Bahia, Banco do Nordeste e DNOCS têm sinalizado com aintenção de usar essa metodologia em outros territórios baianos.

Para se atingir o desenvolvimento almejado, tem-se trabalhado duaslinhas estratégicas de atuação: a linha política, que deve ser entendidacomo ação-meio para alcance do desenvolvimento, e a linha técnica, queé a ação-fim.

Na linha política, deve-se buscar a articulação e o entendimento dasinstituições locais e outras externas ao território em torno de objetivos emétodos comuns de desenvolvimento. Espera-se que a concertaçãoinstitucional permita que: (1) seja formado um fórum para defenderpoliticamente o desenvolvimento do território e que (2) se definam

TERRITÓRIOS BAIANOS

166

responsabilidades para as instituições envolvidas, considerando-se suascompetências e áreas de atuação. Estas responsabilidades devem estarcolocadas em um Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável(PDTS).

Na linha técnica, deve-se estimular três processos: diagnósticosparticipativos nas comunidades; capacitação dos assentados da reformaagrária, agricultores familiares e de outras categorias fragilizadas, nas áreastemáticas de maior demanda identificadas nos diagnósticos; e elaboração,implementação e acompanhamento de projetos pilotos, de apoio àcapacitação (aprender fazendo) e que possam ser replicados a partir dasdecisões do fórum.

Tabela Resumo da Metodologia de Referência

Atividades Executor1 Organização de oficina preparatória para formação

do Fórum territorial, formação do Fórum,organização das reuniões do Fórum, elaboração doPlano de Desenvolvimento Sustentável Territorial(PDST).

Instituição Animadora , contratadapor dois anos

LinhaPolítica

2 Animação do Fórum, elaboração de pautas e atas,apoio na elaboração do PDST

Consultor Mediador , contratado pordois anos

3 Diagnóstico + capacitação/ projetos pilotos De duas a oito InstituiçõesExecutoras, contratadas por doisanos.

LinhaTécnica 4 Diagnóstico gerado com dados secundários e

identificação, caracterização e classificação dasexperiências existentes

Instituição de Pesquisa , contratadapor cinco meses

167

TERRITORIALIZAÇÃORURALBAHIA, 2004

168

TERRITÓRIOS RURAIS APOIADOSBAHIA, 2004

169

14º00

15º00

4 0 º 0 0 3 9 º 3 0 3 9 º 0 0

14º00

16º00

39º30

40º00

Taperoá

NiloPeçanha

Ituberá

Igrapiuna

Camamú

Maraú

Ibirapitanga

Nova BiáApuarema

Jitaúna

Aiquara Ipiaú

B do Rocha.

Ubatã

Gongogi

Itapitanga

Ubaitaba

Aurelino Leal

Itacaré

Coarací

AlmadinaBarro Preto

Uruçuca

Itajuipe

ItabunaIlhéus

BueraremaItapé

IbicaraíFlorestaAzul

Sta. C.Vitória S. José Vitória

Juçarí

ItajúColônia

Ipiraí

Norte

Gandú

W. Guimarães

Teolândia

Pres. Tancredo Neves.

Mutuipe

PauBrasil Camacã

Sta.Luzia

Una

Mascote Canavieiras

Belmonte

Itapebí

Itagimirim

Eunápolis

Itabela

Sat. Cruz Cabrália

Porto Seguro

Jucuruçú

Itamarajú

Prado

Alcobaça

Caravelas

Nova Viçosa

Mucurí

Ibirapuã

Lajedão

MedeirosNeto

Vereda

Itanhém

Guaratinga.

Itamarí

Ubaira

Itaquara

Jequié

Itagibá

Dário Meira

Arataca

Potiraguá

ManoelVitorino

Itagí

Boa Nova

Iguaí

NovaCanaã

Caatiba

Itambé

Itororó

Itapetinga

Maiquinique

Macaraní

Ibicuí

FirminoAlves

39º00

Jaguaquara

Cravolândia

Santa Inês

Lafaete Coutinho

Itarantin

Cairú

40º00�40º30�

OC

E AN

OA

TLÂ

NTI

CO

LEGENDA

SDT-MDA

CEPLAC

COMPILAÇÃO:Reg ina Alve FerreiraAntonio Fontes Fa ria FilhoCEPLAC - CEPEC- SENUP

200439º00

TERRITORIALIDADE NO ÂMBITO DE ATUAÇÃO DACEPLAC

170

DESAFIOS

O plano plurianual da CEPLAC para 2005/2007, consideradas asdimensões econômicas, sociais e ambientais no contexto da territorialidadede sua atuação, indicou trabalhar ações capazes de promover a “Inclusãosocial e redução das desigualdades sociais” e o “Crescimento com geraçãode emprego e renda, ambientalmente sustentável com redução dasdesigualdades”, Mega-Objetivos Estratégicos do Projeto BRASIL DETODOS, do Governo Federal.

Para tanto a intervenção institucional nos seus territórios se darámediante os seguintes desafios:

� Incorporar a Visão do Desenvolvimento Territorial

� Implementar metodologia que viabilize captar demandas dos diferentessegmentos da população rural, em especial, da Agricultura Familiar;

� Propiciar a participação efetiva das comunidades na definição eimplementação das políticas públicas

� Fortalecer a organização social e da produção numa perspectivaIntegral e, de Cadeias Produtivas.

LITERATURA CONSULTADA

ABRAMOVAY, Ricardo. Ruralidade e desenvolvimento territorial. GazetaMercantil, São Paulo, p. A-3, 15 abr. 2001a.

ABRAMOVAY, Ricardo. Sete desafios para o desenvolvimento territorial.Disponível em: www.banf.org.br. Acesso em: 04 set. 2005.

COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA –CEPLAC. Diretrizes para a Programação 2005. Ilhéus: CEPLAC/SUBES,2004, 23p.

COUTO FILHO, Vitor Athayde; SILVA Dr. Jeová Torres e GAVÍNIA Lydda.(Org.). Desenvolvimento Territorial na Bahia: (Cartilha/CD/DVD). 2005

ROCHA, Alynson dos S. ; SCHEFLER, Maria de L. M. e COUTO, Vitor deAthayde. Organização Social e Desenvolvimento Territorial: reflexos sobre

171

a experiência dos CMDRS na região de Irecê – Ba. In SUPERINTENDÊNCIADE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Análise Territorialda Bahia Rural. Salvador: SEI, 2004, 222p. (série estudos e pesquisas,71).

SABOURIN, Eric. Planejamento municipal. Brasília: Embrapa, 1999, 124p.

SANTOS, Milton. Território e sociedade: entrevista com Milton Santos. SãoPaulo: Fundação Perseu Abramo, 2000.

SEPÚLVEDA, Sérgio. Desarrollo rural sostenible: enfoque territorial. [19-?].

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DABAHIA. Análise Territorial da Bahia Rural. Salvador: SEI, 2004, 222p. (sérieestudos e pesquisas, 71).

172

PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DAAGRICULTURA FAMILIAR - PRONAF

Eng. Agr. Analista técnico rural regional de Ilhéus

José Brandt Silva Filho

O que é o PRONAF ?

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar –PRONAF é um programa do Governo Federal criado em 1995, com ointuito de atender de forma diferenciada os mini e pequenos produtoresrurais que desenvolvem suas atividades mediante emprego direto de suaforça de trabalho e de sua família.

Qual o objetivo ?

Tem como objetivo o fortalecimento das atividades desenvolvidas peloprodutor familiar, de forma a integrá-lo à cadeia de agronegócios,proporcionando-lhe aumento de renda e agregando valor ao produto e àpropriedade, mediante a modernização do sistema produtivo, valorizaçãodo produtor rural e a profissionalização dos produtores familiares.

Quais as vantagens do PRONAF ?

a) Para os produtores:

I. Obtenção de financiamento de custeio e investimento com encargose condições adequadas a realidade da agricultura familiar, de forma ágil esem custos adicionais;

173

II. O aumento de renda mediante melhoria de produtividade, do usoracional da terra e da propriedade;

III. Melhoria das condições de vida do produtor e de sua família;

IV. Agilidade no atendimento;

V. Para os produtores que honrarem seus compromissos, garantia derecursos para a safra seguinte, com a renovação do crédito até 5 anos, nocaso de custeio das atividades.

b) Para o país:

I. Maior oferta de alimentos, principalmente dos que compõem a cestabásica: arroz, feijão, mandioca milho, trigo e leite;

II. Estimula a permanência do agricultor no campo com mais dignidadee qualidade de vida.

Quem pode obter o financiamento ?

Os produtores rurais que atendam as condições abaixo e apresentema Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP, emitida pelas instituições eórgãos oficiais autorizados.

a) explorem a terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário,parceiro ou concessionário do Programa Nacional de Reforma Agrária;

b) residam na propriedade ou em local próximo;

c) possuam, no máximo 4 módulos fiscais (6 módulos fiscais, no casode atividade pecuária);

d) tenham o trabalho familiar como base da exploração doestabelecimento;

e) tenham renda bruta anual, conforme apresentado no Quadro 1.

174

Agricultores familiares assentados pelo Programa Nacional de Reforma Agráriaque não foram contemplados com operação de investimento sob à égide do PROCERAou com crédito de investimento para estruturação no âmbito do PRONAF; ebeneficiados por programas de crédito fundiário do Governo Federal.

Agricultores familiares egressos do Grupo A, que se enquadrem nas condições doGrupo C e que se habilitem ao primeiro crédito de custeio isolado

Agricultores familiares, inclusive remanescentes de quilombos, trabalhadores ruraise indígenas que obtém renda bruta anual de até R$ 2.000,00, excluídos os proventosvinculados a benefícios previdenciários decorrentes das atividades rurais.

Agricultores familiares e trabalhadores rurais, inclusive os egressos do PROCERAe/ou Grupo A, que obtém renda bruta anual familiar acima de R$ 2.000,00 e até R$14.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciáriosdecorrentes das atividades rurais..

Agricultores familiares e trabalhadores rurais, inclusive os egressos do PROCERAe/ou Grupo A, que obtém renda bruta anual familiar acima de R$ 14.000,00 e até R$40.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciáriosdecorrentes das atividades rurais.

Agricultores sociais e trabalhadores rurais egressos do PRONAF ou aindabeneficiários daquele programa, que obtém renda bruta anual familiar de até R$60.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciáriosdecorrentes de atividades rurais.

Quadro 1 – Beneficiários do PRONAF.

Grupos Características

A

A/C

B

C

D

E

175

Quais as demais condições de financiamento do PRONAF ?

Até 10anos c/até5 anos decarência

Até 2anos c/até 1 anocarência

-

Até 8anos c/até 5 anoscarência

Até 8anos c/até 5 anoscarência

Até 8anos c/até 3 anoscarência

-

-

Até 2anos

Até 2anos

Até 2anos

Até 2anos

40% s/principal

25% s/saldodevedor

-

R$ 700

-

-

-

-

R$ 200

R$ 200

-

-

1,15%ao ano

1% aoano

-

3% aoano

3% aoano

7,25%ao ano

-

-

2% aoano

4% aoano

4% aoano

7,25%ao ano

AtéR$ 16.500

R$ 1.000

-

R$ 1.500 aR$ 6.000

R$ 18.000

R$ 36.000 (*)

-

-

R$ 500 aR$ 3.000

R$ 500 aR$ 3.000

R$ 6.000

R$ 28.000 (*)

A

B

A/C

C

D

E

GruposPISO /TETO

Custeio Custeio Custeio Invest.Invest.Invest.Invest.Custeio

REBATE PRAZOENCARGOS

FINANCEIROS

Quadro 2 – Condições do Financiamento.

Obs.: (*) o somatório do crédito de custeio + investimento não pode ultrapassar 60% darenda bruta anual do beneficiário.

Os valores mencionados no quadro 2 poderão ser aumentados nosseguintes casos:

� Em operações de Custeio (não cumulativos):� Do Grupo C – os limites dos créditos podem ser aumentados em até

50%, desde que:

176

a) a proposta contemple novas atividades agregadoras de renda ouaumento da área explorada;

b) os recursos sejam destinados:I. à bovinocultura de corte ou de leite, bubalinocultura, carcinicultura,fruticultura, olericultura e ovinocaprinocultura;II. à avicultura e suinocultura desenvolvidas fora do regime de parceriaou integração com agroindústrias;III. a agricultores em fase de transição para a produçãoagroecológica,mediante comprovação por empresa credenciada;IV. a sistemas agroecológicos de produção, cujos produtos sejamcertificados;V. ao atendimento de propostas de créditos relacionadas com comprojetos específicos de interesse da mulher e/ou de jovens queapresentem DAP própria.

� Em operações de Investimento (não cumulativos):Dos Grupos C ou D – os limites de créditos poderão ser elevados em

até 50%, desde que o projeto técnico ou proposta de crédito contemplenovas atividades agregadoras de renda ou o aumento da área explorada eos recursos sejam destinados a:

a) bovinocultura de corte ou de leite, bubalinocultura, carcinicultura,fruticultura, olericultura e ovinocaprinocultura;

b) avicultura e suinocultura desenvolvida fora do regime de parceria ouintegração com agroindústrias;

c) a agricultores em fase de transição para a produção agroecológica,mediante comprovação por empresa credenciada;

d) a sistemas agroecológicos de produção, cujo produto seja certificado;

e) atividades relacionadas com o turismo rural (Pronaf Turismo);

f) aquisição de máquinas, tratores e implementos agrícolas, veículosutilitários, embarcações, equipamentos de irrigação e outros bens dessanatureza destinados especificamente à atividade agropecuária (PronafMáquinas e Equipamentos);

g) Projetos de infra-estrutura hídrica, inclusive aquelas atividadesrelacionadas com projetos que visem dar segurança hídrica aoempreendimento.

177

Quais as novas linhas de crédito do PRONAF ?

Pronaf Alimentos – crédito especial para estimular a produção de cincoalimentos básicos da mesa dos brasileiros – arroz, feijão, mandioca, milhoe trigo. Os agricultores terão 30% a mais de crédito para a produção dessasculturas. (Grupos A/C, C e D )

Pronaf Mulher – crédito especial de investimento relacionados comprojetos específicos de interesse das esposas ou companheiras dosagricultores familiares, sempre que o projeto técnico ou a proposta contemplaratividades agregadoras de renda e/ou novas atividades exploradas pela unidadefamiliar, observadas as condições previstas para os Grupos “C”, “D” e “E”,limitado a um crédito em cada grupo, independentemente dos tetos deinvestimentos já concedidos a unidade familiar.

Pronaf Jovem – crédito especial de investimento relacionados comprojetos específicos de interesse de jovens, de 16 a 25 anos, que tenhamconcluído ou estejam cursando o último ano em centros familiares deformação por alternância ou em escolas técnicas agrícolas de nível médioou que tenham participado de curso de formação profissional, filhos(as)dos agricultores familiares enquadrados nos Grupos “C”, “D” e “E”, queapresentem projeto técnico ou proposta contemplando as atividadesagregadoras de renda e/.ou novas atividades exploradas pela unidadefamiliar, observadas as condições: juros 1% ao ano e prazo de pagamentode até 10 anos, com até 3 anos de carência e teto máximo de R$ 6.000,00,limitado a um crédito em cada grupo, independentemente dos tetos deinvestimentos já concedidos a unidade familiar.

Pronaf Semi-Árido – crédito especial para os agricultores da região dosemi-árido, enquadrados nos Grupos “A”, “C” e “D”, destinados à construçãode pequenas obras hídricas, como cisternas, barragens para irrigação edessalinização da água, com juros de 1% ao ano e prazo para pagamentode 10 anos, com até 3 anos de carência e teto máximo de R$ 6.000,00..

Pronaf Florestal – Crédito especial de investimento destinados aofinanciamento de projetos de silvicultura e sistemas agroflorestais eexploração extrativista sustentável, para produtores enquadrados nosGrupos “C” e “D”, observadas as condições de juros de 3% ao ano, prazo

178

de até 12 anos, com até 8 anos de carência; limites/tetos de R$ 4.000,00(Grupo C) e R$ 6.000,00 (Grupo D), limitado a dois créditos por unidadefamiliar independentemente dos tetos de investimentos já concedidos aunidade familiar.

Pronaf Agroindústria – Créditos de custeio e de investimento paraAgregação de renda à atividade rural (agroindústria), destinado a produtoresenquadrados nos Grupos “C”, “D” e “E”, cooperativas, associações ououtras pessoas jurídicas e que comprovam, em projeto técnico, que maisde 70% da matéria prima a ser beneficiada ou industrializada seja deprodução própria ou de associados participantes, observadas as condições:juros de 8,75% ao ano (custeio) e de 3% ao ano (investimento), prazo depagamento de até 12 meses (custeio) e de até 8 anos, com até 5 anos decarência (investimento), limites/tetos de R$ 5.000,00 (custeio) e R$18.000,00 (investimento) por beneficiário em uma ou mais operações.

Pronaf Agroecologia – Créditos de investimento para financiarprodutores familiares enquadrados nos Grupos “C” e “D” e que estejamem fase de transição para a produção agroecológica, mediante aapresentação de documento fornecido por empresa credenciada conformenormas definidas pela SAF/MDA, ou que utilizam sistemas agroecológicosde produção, cujos produtos são certificados com observância das normasestabelecidas pelo MAPA, observadas as condições: juros de 3% ao ano,prazo de pagamento de até 8 anos, com até 3 anos de carência, limites deR$ 6.000,00 (Grupo C) e R$ 18.000,00 (Grupo D), por beneficiário emuma ou mais operações.

179

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO PARA O CULTIVO DACAJAZEIRA

Engº Agrº., MSc., Fitotecnia. Ceplac/Cepec/Sefop

INTRODUÇÃO

A cajazeira encontra-se amplamente disseminada em quase toda aregião Nordeste do Brasil. No Sul da Bahia, é encontrada como planta desombreamento permanente para o cacaueiro e como importante fonte derenda adicional ao produtor. Sua exploração, que envolve basicamentemão-de-obra familiar, ainda é feita de modo extrativista, em que a maiorparte da produção é perdida em virtude do método tradicional de coletados frutos. A qualidade deles, especialmente para a obtenção de polpa, éprejudicada por caírem naturalmente de plantas muito altas e por isso,são danificados. O elevado porte da planta que alcança 30 m de altura e ogrande período juvenil das cajazeiras oriundas de sementes sãoverdadeiros entraves para a exploração comercial dessa fruteira.

Na busca de soluções técnicas para o cultivo da cajazeira o Cepecvem desenvolvendo trabalhos de pesquisas nas áreas de seleção eavaliação de genótipos, estudos fenológicos, métodos de propagação,desenvolvimento de técnicas de manejo, sistemas agroflorestais ecaracterização físico-química dos frutos.

Os resultados de pesquisas obtidos até o momento são bastantepromissores para os produtores interessados na exploração industrialdessa importante fruteira.

Serão relatados de forma sucinta os resultados preliminares econclusivos dos trabalhos desenvolvidos pelo Cepec.

1. Propagação vegetativa

Foram testados os métodos de borbulhia, estaquia herbácea, enxertialateral e garfagem de topo em fenda cheia em mudas de cajazeira na

José Vanderlei Ramos

180

casa de vegetação do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec). O maioríndice de pegamento foi alcançado pelo método de garfagem no topo emfenda cheia com 65%, seguido pela enxertia lateral 45%, borbulhia 30% eestaquia 20%.

2. Seleção e avaliação de clones de cajazeiras ( Spondia mombinL.) no sul da Bahia.

Na avaliação das características fenológicas de crescimento, diâmetrode caule e da copa em altura, clones de cajazeiras mostrou uma grandevelocidade de crescimento vegetativo da planta, atingindo doze metros dealtura no clone Cepec 1 aos seis anos de idade.

Tabela 1 - Características fenológicas de seis clones com idade de 6 anos (altura daplanta, diâmetro do tronco e diâmetro da copa).

Características AP (m) DT (cm) DC (cm)

Cepec-1 12,0 0,34 12,0

Cepec-2 9,5 0,22 7,0

Cepec-3 11 0,36 10

Cepec-4 9,0 0,21 8,0

Cepec-5 8,0 0,23 8,0

Cepec-6 8,0 0,20 7,5

3. Fenologia da cajazeira na região sul da Bahia

Visando determinar os eventos fenológicos (queda de folhas, floração,frutificação, colheita) da cajazeira, foram avaliadas vinte plantas no municípiode Ilhéus, Pau Brasil, São José da Vitória e Santa Luzia durante cincoanos. Os dados revelaram que o período de queda de folha ocorre nosmeses de julho a agosto; a floração de outubro a dezembro; frutificaçãode novembro a janeiro e a colheita de janeiro a maio.

4. Plantio de estacas lenhosas

Foram plantadas estacas lenhosas com 1,20 m de comprimento e com

181

5 a 10 cm de diâmetro no espaçamento de 12 x 12 m na EstaçãoExperimental Lemos Maia, (Una). As cajazeiras iniciaram a produção após24 meses de campo. Visando reduzir o porte são realizadas podas paramanter as plantas com até 6 m de altura.

Sistemas agroflorestais (SAF)

Em face de seu elevado porte e de seu valor econômico, a cajazeiraestá sendo consorciada com cacaueiro e cupuaçuzeiro em doisexperimentos localizados na Estação Experimental Lemos Maia (Una) eno Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec).

As cajazeiras foram plantadas no espaçamento de 12 x 12 m; cacaueiros3 x 3 m e cupuaçuzeiro em dois espaçamentos 3 x 3 m e 6 x 6 m.

5. Caracterização físico química dos frutos de cajazeira dediversos genótipos no sul da Bahia.

Objetivando determinar a qualidade dos frutos do cajá de onzegenótipos, foi realizado um ensaio no Cepec no ano de 2004, cujosresultados médios foram: ºBrix 12,77; Acidez total titulável 1,26; mg,vitamina C 35,14; mg e Acides total 12,94; Massa do fruto 14,04 mg e,rendimento da polpa 55,57%.

182

BIOCALDAS PARA AGRICULTORES DE BAIXA RENDA

Antonio Carlos Murillo

CEPLAC/CENEX

Existem diversos tipos de caldas biológicas como: Biofertilizantes,biofungicidas, bioinseticidas e outros produtos utilizados na agriculturaecológica, oriunda de produtos facilmente encontrados no campo a exemploda cana-de-açúcar, caldo de cana, açúcar mascavo, cama de frangos,esterco bovinos e caprinos, leite, urina de vaca, manipueira, pimenta-do-reino, urtiga, samambaia, e outros oriundos da bioindústria de produtosecológicos.

Um modelo sustentável correta, tem como fundamental, reter o máximode renda gerado pela agricultura nas mãos dos agricultores, por issodestacamos primordialmente a utilização de biocaldas com matériasprimas existentes no próprio imóvel, de baixo custo, de fácil acesso emanipulação na região cacaueira.

1 - Manipueira: subproduto ou resíduo da mandioca por ocasião daprensagem da raiz para obtenção de fécula ou farinha de mandioca. Éum líquido com aspecto leitoso e cor amarelo-claro, rico em potássio (K),contendo outros macros e micros nutrientes, como nitrogênio (N), magnésio(Mg), fósforo (P), cálcio (Ca) enxofre (S), ferro (Fé), zinco (Zn), cobre (Cu),manganês (Mn), tendo em sua composição química cianetos livres e totaisácidos, (quadro 1 anexo) - que variam na concentração conforme asvariedades das mandiocas mansas ou bravas, produto este importantena eficiência, quando utilizamos a manipueira como fungicida, inseticida,bactericida, acaricida e outras utilidades a exemplo da Tabela 1 anexo.

183

2 – Urina de vaca ou cabra: é um biofertilizante que aumenta aresistência das plantas, com boa eficiência nas culturas do tomate, alface,quiabo, jiló e holerículas diversas, e o abacaxizeiro combate à doençafusariose.

Modo de preparar: colocar urina de vaca ou de cabra em recipienteplástico fechado durante três dias, para conversão da uréia em amônia.

Modo de usar: pulverizações quinzenais nas holerículas naconcentração de 1% (urina de vaca) ou 0,5% (urina de cabra), ou seja, 1litro de urina para 100 de água e 0,5 litro de urina para 100 de água, utilizandopulverizador costal manual.

Importante :� Urina de vaca ou cabra, utilizar animais que estejam em lactação,

porque tem mais substâncias hormonais e fenóis;� O uso do biofertilizante em alface deve ser dirigido ao solo e nunca

nas folhas.� Urina de vaca na concentração de 30% ou de cabra a 15%, combate

o carrapato.

3 – Franfresco: é um biofertilizante obtido dos resíduos de frango,usados em pulverizações foliares, promovendo desenvolvimento rápidodas mudas que apresentem deficiências nutricionais, principalmentenitrogênio.

Modo de preparar : em um recipiente, colocar cama de frango naconcentração de 10% ou utilizar esterco fresco entre 3 a 5% ou seja: 1 litrode cama de frango em 10 litros de água ou 370 gramas de esterco para 10litros de água. Quatro horas após o preparo coar e colocar no pulverizadore utiliza-lo.

4 – Biobov – obtido através da fermentação do esterco fresco debovinos, água, leite, caldo de cana, com efeito, no controle de fungos ebactérias sobre doenças das plantas, além da produção de componentesnutricionais principalmente nitrogênio e hormônios vegetais.

Modo de preparar: 80 a 100 kg de esterco bovino 05 litros de soro de leite ou leite sem sal 02 litros de caldo de cana 05 kg de cama de frango ou esterco de aves 100 litros de água limpa

184

Misturam-se todos os ingredientes dentro de um recipiente, utilizando-se água aos poucos até encher. Agita-se uma vez por dia durante 15 diasno verão e 30 dias no inverno, para poder usá-lo. Usa-se um recipientecom capacidade de 200 litros ou até mesmo um buraco no solo, revestidocom lona plástica preta com espessura de 150 a 200 micras, por umaproteção ou cobertura.

Modo de usar: a dose recomendada é 1 litro por cova, por ocasião dotransplante das mudas, o concentrado deve ser diluído 1 litro em 3 litrosde água. Em pulverizações a concentração é de 3 a 5%.- resultado deanálise químicas de amostras do biobov – Quadro nº 2 anexo.

5 – Bioframbov – obtido através da fermentação de esterco fresco debovino, cama de frango ou esterco fresco de galinha, água, leite, caldo decana. Além do nitrogênio (N), potássio (K) e cálcio (Ca), fornecemquantidade significativa de outros macros e micros nutrientes. Vide anexaquadro nº 3 anexo e pode ser utilizado em substituição ao uso de uréia ecloreto de potássio (K), nas adubações de cobertura, principalmente nacultura do tomateiro.

Modo de preparar: 50 kg de esterco de galinha ou cama de frango 50 kg de esterco bovino 05 litros de soro de leite ou leite sem sal 02 litros de caldo de cana

Procedimentos ao preparo igual ao biobov.Modo de usar. Vide igual ao biobov

6 – Água de cinzas e cal: é um protetor de plantas devido à qualidadede resistência ao que confere a mistura de cal e cinzas, contém macros(K, Ca e Mg) Vide quadro nº 4 anexo, com resultados de análise.

Além de contribuir como defensivo ecológico. É utilizado como auxiliarno controle de pragas, principalmente pulgão (Mysus persicae).

Modo de preparar: 05 kg de cal hidratada ou 0,5 kg de cal 05 kg de cinza vegetal 0,5 kg de cinza

100 litros de água 10 litros de água

Misturam-se os materiais em vasilhame plástico e agita-se a mistura 3a 4 vezes com o auxílio de um pedaço de madeira ou similar. A água decinza pode ser utilizada de 1 a 6 horas após o preparo, porém no quarto

185

agito do preparo dá um intervalo de 15 minutos, coar e colocar nopulverizador costal e utiliza-la na concentração de 2 a 5% (400 ml a 1 litroda solução cal e cinza para 19 litros de água). Importante colocar na misturaum espalhante adesivo, podendo ser utilizado a farinha de trigo a 2% ou 40gramas por pulverizador de 20 litros.

7 – Leite e cinza:Modo de preparar: 2,5 litros de leite

1,5 kg de cinza 1,5 de caldo de cana

1,5 de esterco fresco de bovino 100 litros de água

Modo de usar: Misture os ingredientes acima citados em um panofino, filtre o material e coloque no pulverizador e utiliza sobre as culturas.

Indicação: Fungos de pepino, pimentão, tomate, batata. Sem contraindicação para as hortaliças. Aplicar em culturas perenes a cada 15 dias aexemplo do café e em culturas temporárias a cada 10 dias.

8 – Pimenta: (Capsicum sp) inseticida biológico, indicado no tratamentode vaquinhas.

Modo de Preparar: 450 gramas de pimenta 50 gramas de sabão 4.5 litros de água

Macerar pimenta com sabão, colocar água dissolvendo a mistura atécompletar os 5 litros da solução, em seguida coar.

Modo de usar: colocar a solução integral no pulverizador costal manuale pulverizar sobre as plantas atacadas.

9 – Pimenta-do-reino : (Piper nigrum) inseticida biológico, indicado notratamento de pulgões, ácaros e cochonilhas.

Modo de Preparar: 100 gramas de pimenta-do-reino 60 gramas de sabão de coco 01 litro de álcool 01 litro de água

Primeira mistura – colocar 100 gramas de pimenta-do-reino em 1 litrode álcool durante 1 semana.

186

Segunda mistura – dissolver 60 gramas de sabão de coco em 1 litro deágua fervida, em seguida misturar a primeira mistura com a segunda,formando uma solução que deve ser coada.

Modo de usar: utilizar a solução obtida, e pulverizar a 1% (100ml dasolução em 10 litros de água).

10 – Samambaia : (Piteridium aquillinum) Inseticida biológica, indicadono tratamento de ácaro cochonilhas e pulgões.

Modo de Preparar: 500 gr de folhas frescas ou 100 g de folhas secas 01 litro de água

1ª Opção: deixar de molho durante 01 dia, em seguida ferver essamistura durante 30 minutos e a solução estará pronta.

2ª Opção : deixar de molho a solução durante o8 dias, e a solução estarápronta.

Modo de usar: pulverizações quinzenais da solução a 10% (1 litro dasolução em 10 litros de água).

11 – Urtiga (Urtiga urnes) inseticida e fungicida biológica, indicado notratamento de fungos e pulgões das plantas.

Modo de Preparar: 500 gramas de urtiga frescos ou 100 gramas secos. 10 litros de água

Colocar 500 gramas de urtiga em 10 litros de água podendo-se utilizara partir do 2º dia até o 15o dia.

1ª Opção : do 2º ao 8º dia na concentração de 5% (0,5 litro da soluçãoem 10 litros de água).

2ª Opção: do 9º ao 15º dia na concentração de 10% (1 litro da soluçãoem 10 litros de água).

187

COMPONENTE QUANTIDADE (ppm)

Quadro 1

MANIPUEIRA (Manihot esculenta Crantz)

CONCENTRADO

Nitrgênio (N) 425,5

Fósforo (P) 259,5

Potássio (K) 1853,5

Cálcio (Ca) 227,5

Magnésio (Mg) 405,0

Enxofre (S) 195,0

Ferro (Fe) 15,3

Zinco (Zn) 4,2

Cobre (Cu) 11,5

Manganês (Mn) 3,7

Boro (B) 5,0

Cianeto Livre (Cn) 42,5

Cianeto Total 604,0 *

* 55mg/Litro

188

CULTURA USO E UTILIDADEConcentração

%LOCAL DE

APLICAÇÃOTRATAME NTO DOSE DOSAGEM

PE RÍODO DEAPLICAÇÃO EQUIPAMENTO OBSERVAÇ Ã

Milho, feijão,mandioca,

hortaliças eholerículas

Recuperador dosolo/Praguecida

100

Cova/suco/canteiro/sacola

1:0

(MF) 0,25 L(M) 0,50L(H) 0,25 L

1150l/tarefa

Ano todo

Tambor/Vasilhame plástico 0,5

litros

Manipueira de mandio cmesmo dia, 8 dias ap ó

fazer o sem eGraviola,mamão e

outros (ciclomédio)

Recuperador dosolo/Praguecida 100 Cova 1:0 0,50 L

400 a 1000l/ha

Ano todoVasilhame plástico0,5 litros e tambor

Manipueira de mandio cmesmo dia, plantio 8

aplicaçãoCacau,

manga, jaca,jambo eoutros.

Recuperador dosolo/Praguecida 100 Cova 1:0 1,0 L

40 a 400l/ tarefa Ano Todo

Vasilhame plástico1 litros e tambor

Manipueira de mandio cmesmo dia, plantio 8

aplicaçãoRizoma dabananeira

Recuperador dosolo/Praguecida 100 Cova 1:0 1,0 L 1.000 l/ha Ano todo

Vasilhame plástico1 litros

Manipueira de man dcolhida no mes m

Muda dabananeira

Recuperador dosolo/Praguecida 100 Cova 1:0 0,5 L 500 l/ha

Períodochuvoso

Vasilhame plásticode 0,5 L

Carência de 8 dias p aapós o tratament o

DiversasControle do

Mato/herbicida100 Solo 1:0 6 L/m 2 26.000

l/tarefa

Evitarperíodoschuvosos

Pulverizadorcostal manual

Utilizar manipueira cmesmo dia que ten hcianeto superior a 5

Mudas deviveiros

Adubofoliar/carência

nutricional5

Nas folhasde

preferêncianas novas

1:19

1 L demanipueira

p/19 l deágua

5 l/ m 2 decanteiro

SemanalPulverizador

Costal Manual

Utilizar manipueir aadicionar o espalhan

farinha de trigo

Mudas deviveiros

Controle depragas/praguecidas 8 a 20 Folhas 1:4 a

1:11

1 L demanipueirapara 4 a 11L de água

5 l/ m 2 decanteiro

Semanal PulverizadorCostal Manual

Uso imediato na conc ea 15%, controle de ins e

controle de do e

Tomateiro ouquiabeiro

Fertilizante foliar 10 a 20 Folhas 1:4

0,3 L tomate0,03 Lquiabo 300 l/há Semanais

6 aplicações

PulverizadorCostal Manual e

Balde

Uso imediato � am pconcentração entre

Adicionar o espalha nfarinha de trigo

Tabela 1

USO DA MANIPUEIRA(Água da Mandioca)

Legenda: M = (milho) – MF = (milho e feijão) – H = (hortaliças) - Praguecida = Fungicida ou inseticida ou bactericida ou acaricida.

189

Quadro 2- Resultados de análises químicas de amostras de Biobov*

Determinação

01

Umidade a 75 0 C - % 92

Matéria seca - % 8

pH em água 6,5

Carbono orgânico - % 41

Nitrogênio total - % 1,48

Fósforo total - % 0,19

Potássio total - % 0,59

Cálcio total - % 0,50

Magnésio total - % 0,27

Cobre total � mg/kg 77

Zinco total � mg/kg 74

Ferro total - % 0,62

Manganês total � mg/kg 464

Sódio total � mg/kg 466

Enxofre total - % 0,21

Boro total � mg/kg 25

* Resultados expressos em material seco a 750C. Biofertilizantes elaborados por S.A.Claro. Análises realizadas no Laboratório de Análises do Departamento de Solos (FA/UFRGS)

190

Quadro 3- Resultados de análises químicas de amostras de cama de frango, para produção do Bioframbov*

Determinação 01 02

Amostra

Umidade a 750C - % 13 22

Matéria seca - % 87 78

pH em água 7,9 8,6

Carbono orgânico - % 20 14

Nitrogênio total - % 1,86 1,97

Fósforo total - % 1,45 1,73

Potássio total - % 1,87 2,06

Cálcio total - % 2,71 1,60

Magnésio total - % 0,65 0,58

Cobre total – mg/kg 97 100

Zinco total – mg/kg 513 497

Ferro total - % 2,74 2,55

Manganês total – mg/kg 553 530

Sódio total – mg/kg 0,21 0,20

Enxofre total - % 0,37 0,38

Boro total – mg/kg 60 49

* Resultados expressos em material seco a 750C. Biofertilizantes elaborados por S.A.Claro. Análises realizadas no Laboratório de Análises do Departamento de Solos (FA/UFRGS).

191

NutrientesK Ca mgTratamento

(mg/kg) (mg/kg) (mg/kg)Comparações

Cal - sólido 1.200 167.000 170.000Cinza � sólido 12.000 2.400 1.200

Cal versuscinza

Água, cinza e cal límpida (1h)* 256 654 17 Ág ua, cinza ecal límpidaversus

Ág ua, cinza e cal com turbidez(1h)*

175 808 120 á g ua cinza ecal comturbidez

Água, cinza e cal límpida (6h)** 143 599 6 Água, cinza ecal límpidaversus

Ág ua, cinza e cal com turbidez(6h)**

167 701 118 á g ua cinza ecal comturbidez

Água, cinza e cal límpida (1h)* 256 654 17 Ág ua, cinza ecal de 1 horaversus

Água, cinza e cal límpida (6h)** 143 599 6 á g ua cinza ecal de 6 horas

Ág ua, cinza e cal com turbidez(1h)*

175 808 120 Ág ua, cinza ecal de 1 horaversus

Ág ua, cinza e cal com turbidez(6h)**

167 701 118 á g ua cinza ecal de 6 horas

* = 1 hora. ** = 6 horas.Análises realizadas pelo Laboratório de análises de solo da UFRGS, em 1996. Amostrasde um experimento para investigar a composição da água de cinza e cal (filtrado) comdiferentes graus de turbidez (límpida e com turbidez) obtida uma hora após a misturados ingredientes e 6 horas após. Trabalho realizado por S.A. Claro no curso de mestradoem 1996 (UFRGS). Colaboradores: I. Barros e F. Paganella.

Quadro 4. Resultados das análises de cal hidratada sólida, cinza de cascade arroz sólida, água de cinza e cal límpida e com turbidez, analisados 1hora e 6 horas após a mistura do cal e da cinza com a água.

192

MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM E O SUCESSO DOAGRONEGÓCIO DE CARNE E LEITE

Eng. Agr. DS. 1FFA/Pesquisador - CEPLAC/CEPEC

CARACTERIZAÇÃO E PERSPECTIVAS DO AGRONEGÓCIO

O sudeste da Bahia apresenta condições edafoclimáticas ideais paraprodução de leite e carne a pasto. Adicionalmente, já existe disponibilidadede tecnologia, tais como novos genótipos de forrageiras altamenteprodutivos, técnicas de manejo racional da pastagem e qualidade genéticados rebanhos, entre outras, suficiente para se auferir índices competitivosde produtividade.

Infelizmente a produtividade média da pecuária regional ainda é baixa.Segundo dados oficiais a produtividade média de leite por vaca por diaainda está entre 800 e 1000 litros, correspondendo a cerca de 600 a 800kg de leite/ha/ano. Quanto ao gado de corte a produtividade é de 4,5 a 5,0@ de carcaça/ha/ano.

Esses índices são ainda muito insignificantes e bem abaixo dapotencialidade dos agrossistemas pastoris existentes na região e daspossibilidades tecnológicas disponíveis. A tecnologia disponível é adaptável adiferentes tamanhos de imóveis e principalmente à capacidade da sua adoçãopelos produtores. Com o uso de tecnologia de fácil adoção, portanto ao alcancede um número maior de produtores em face de sua baixa complexidade,pode-se exclusivamente em regime de pasto, obter cerca de 5.800 kg de leite/ha/ano para gado de leite e de 13 a 15 @ de carcaça/ha/ano para gado decorte. Em exploração com maior uso de tecnologia disponível e, portantomais intensiva e com mais investimentos pode-se obter respectivamente21.500 kg de leite/ha/ano e cerca de 35@ de carcaça/ha/ano.

José Marques Pereira

193

A Tabela 1 mostra as estimativas dos rendimentos brutos e líquidosobtidos com os índices de produtividade médios da região sul da Bahia,com os obtidos em sistemas de exploração com tecnologia de fácil adoçãoe com índices obtidos em sistemas de alta tecnologia, possível de adoção,mas restrita a um número menor de produtores.

Conforme se observa à atividade leiteira responde mais à adoção detecnologia em termos de rendimento líquido, embora à medida que aumentaa intensidade do sistema, o grau de especialização dos animais tambémaumenta havendo necessidade de suplementação com concentrado.Assim rendimentos líquidos de R$ 1.596,00 por ha podem ser obtidosnesses sistemas mais intensivos. Para gado de corte, foi considerada aexploração exclusivamente a pasto, somente com o uso de suplementomineral. Desta forma o aumento do rendimento líquido de um nível deexploração para outro cresce menos, mas a exploração é mais fácil deconduzir e mais apropriada para áreas mais extensas.

O aumento no ganho de peso diário dos bovinos de corte, semsuplementação com concentrados, também não cresce muito, devendo-se os ganhos ao aumento da capacidade de suporte das pastagens. Oslimites de ganhos médios por animal para bovinos em regime de pastoexclusivo podem chegar a 700 – 800 g/cab/dia, cerca de 80 a 100% amais do que os ganhos obtidos em regime extensivo, a exemplo da médiaregional(Tabela 2). No entanto a produtividade em termos de @/ha podechegar à cerca de seis vezes mais à média regional por conta do aumentoda capacidade de suporte. Esses ganhos, mesmo com suplementaçãocom concentrados e com volumoso no período seco ficariam entre 1.000 a1.100 g/cab/dia, considerando a média anual com índice de rentabilidade

Média estadual 245,00 218,50 171,50 163,87

Tecnologia de fácil adoção 2.030,00 650,00 812,00 414,00

Tecnologia de possível adoção(2) 6.387,50 1.610,00 1.596,87 724,50

Nível de exploração

R$/ha/ano

Rendimento bruto Rendimento líquido

Leite Carne Leite Carne

Tabela 1 – Estimativa de rendimentos brutos e líquidos em diferentes níveis deexploração pecuária.

194

Já a pecuária leiteira pode passar de 12 kg/ha de leite em regime depastagem exclusivo, para até 25 kg/ha com suplementação, desde que asvacas tenham potencial de produção( Tabela 3). No entanto a produção deleite e carne em regime de pastagem é a mais recomendada para oambiente tropical, principalmente porque animais leiteiros de alta produçãonão se adaptam bem ao regime de pasto, dependendo exageradamentede concentrados. Para essas condições tem-se obtido bons resultadoscom o uso de vacas mestiças holandês-zebu em regime de pastagemcom suplementação mínima estratégica para garantir bons índices dereprodução do rebanho (Tabelas 3 e 4).

Tabela 3. – Produção de leite por vaca e por hectare em pastagens do ecossistema Mata Atlântica.

1.Sem concentrado, águas 180 dias; 2. Concentrado - 2 kg/vaca/dia, 302 dias; 3. Concentrado -3 kg/vaca/dia; 4. Concentrado - 6 kg/vaca/dia.

Pastagem LocalAdubação

kg/ha/N kg/vaca/dia Kg/ha/dia Referência

Capim-elefante Cel. Pacheco, MG 200 10,5 1 57,3 DEREZ e MATOS1996

Capim-elefante G. Valadares, MG 200 14,3 2 47,5 WENDLING, et al,2004

Coast Cross Cel. Pacheco, MG 350 16,5 3 50,5 ALVIM, et al, 1997

Coast-Cross Cel. Pacheco, MG 350 19,5 4 73,1 ALVIM, et al, 1997

Tabela 2 – Produtividade das pastagens em diversas regiões do Brasil.

Pastagem Kg/ha de N Kg. PV/ha Fonte

Braquiarão1 160 756 PEREIRA (Prelo)

Tnazânia2 200/300 882 CORREIA, 2000

Coast Cross2 200 906 CORREIA, 2000

Tanzânia1 320 1370 TOSI, 1999

Tanzânia1 430 1672 MAYA, 2003

Napier3 300 2064 FONSECA et al (2001)

1Produção anual; 2Época das águas; 3Produção em aproximadamente 18 meses

líquida duvidosa em relação ao sistema exclusivo de pasto, em um sistemabem manejado.

195

Tabela 4 – Índices de produção - Faz. Barra de Manguinhos – Ilhéus, BA.

Lotação 3 vacas/ha – 7 litros/vaca/dia

MANEJO RECOMENDADO PARA A PASTAGEM

Foi evidenciado que a forma mais econômica para a produção de leitee de carne é em regime de pasto. Mostrou-se também que é possível aobtenção de índices de produtividade competitivos com esse sistema,desde que se adotem recomendações racionais de manejo da pastagem.Essas recomendações são apresentadas a seguir.

Escolha da forrageira

A produtividade da pecuária a pasto está diretamente relacionada como potencial da forrageira, sua adaptabilidade ao ecossistema eprincipalmente com o manejo adotado. As forrageiras, quanto à suaexigência nutricional e conseqüentemente resposta à adubação podemser classificadas em três grupos, apresentados na Tabela 5.

Tabela 5 – Classificação das forrageiras quanto à exigência nutricional.

Produção de leite - kg/ha/dia 21,0 100

Adubação custo � kg leite/ha/dia 1,8 8,6

Suplementação farelada � kg leite/ha/dia 1,4 6,6

Adubação + suplemento � kg leite/ha/dia 3,2 15,2

Custo adubação � litro/vaca/dia 0,6 -

Grupos Forrageiras

Grupo 1: elevada exigência nutricional Capins: elefante, tifton, coastcross, tanzânia,mombaça, colonião.Leguminosas:soja perenne, leucena.

Grupo 2: Média exigência nutricional Capins: braquiarão ou marandu, xaraés, jaraguá,ruziziensis, braquiária-de-brejo, estrela africana.Leguminosas: centrocema, siratro, tropical, guandu,amendoim forrageiro.

Grupo 3: Baixa exigência nutricional Capins: gordura, braquiária comum ( B. decum ben s),humidicola, B. dictyon eur a, andropogon.Leguminosas: stylozanthes (mineirão), desmodiumcv. Itabela, calopogônio, cudzu tropical.

196

É fundamental que na fazenda sejam atribuídas às áreas mais férteisforrageiras mais exigentes e produtivas. O plantio de forrageiras maisexigentes em solos pobres implica necessariamente na adubação dapastagem para que não haja queda de produtividade seguida da suadegradação. O capim-humidicola estabelecido em solo de tabuleiroscosteiros necessitaria pouquíssima adubação fosfatada para produzirsatisfatoriamente, já o capim-braquiarão (marandu), nessas mesmascondições, necessitaria de calagem, maior dosagem de fósforo, alémnitrogênio e potássio.

Além da exigência nutricional outro fator importante na escolha daforrageira é a sua adaptabilidade às condições de excessiva umidade dosolo e capacidade de cobertura do solo. Para áreas sujeitas a alagamentodevem-se preferir os capins, braquiaria-de-brejo, capim-bengo, humidicolae estrela africana, ordenados de acordo com o nível de tolerância. Áreascom topografia muito acidentada devem preferentemente ser deixadascomo áreas de reserva permanente. Nas áreas medianamente acidentadasdevem ser utilizadas forrageiras estoloníferas/decumbentes como é o casode alguns capins dos gêneros Brachiaria (decumbens e humidicola) e doCynodon (coastcross, tifton).

Na história da pecuária brasileira tem sido comum a substituição deforrageiras mais exigentes em fertilidade de solos, portanto mais produtivas,por forrageiras menos exigentes, à medida que se observa a queda dafertilidade do solo. Com isso acontece um verdadeiro retrocesso, comredução de produtividade, sem evitar que com o passar do tempo, ocorra àdegradação da pastagem. Nesse caso é preferível não substituir a forrageira,mas sim proceder à reposição dos nutrientes, seguida do manejo adequadoda pastagem. O mais grave também acontece, substituir forrageira de baixaexigência nutricional em pastagens degradadas por outra mais exigentesem o correspondente uso de fertilizante e manejo adequado.

Manejo da pastagem

O correto manejo das pastagens é fundamental para garantir aprodutividade sustentável do sistema de produção e do agronegócio.Atrelados ao bom manejo estão a conservação dos recursos ambientais,evitando ou minimizando os impactos negativos da erosão, compactaçãoe baixa infiltração de água no solo, de ocorrência comum em áreas malmanejadas e/ou degradadas. O manejo incorreto das pastagens é o

197

principal responsável pela alta proporção de pastagens degradadasobservada em todas as regiões do Brasil.

O princípio básico do bom manejo é manter o equilíbrio entre a taxa delotação e a taxa de acúmulo de massa forrageira, ou seja, a oferta deforragem (quantidade e qualidade). Para atender esse pré-requisito énecessário compreender a dinâmica dos componentes do ecossistemade pastagem: forrageira (potencial produtivo, taxa de crescimento,adaptabilidade), solo (fertilidade, textura, topografia) clima, animal(comportamento ingestivo, taxa de lotação). A taxa de lotação, o númerode cabeças/ha, novilhos/ha, vacas/ha ou UA/ha (UA= unidade animal =450 kg de PV), deve variar dentro e entre estações do ano em função daoferta de forragem. Essa oferta depende da taxa de crescimento dasforrageiras que por sua vez, varia em função do clima (chuva, temperatura,radiação solar). No sudoeste da Bahia observa-se variação nas taxas decrescimento entre estação e nas diferentes ecoregiões. Na ecoregião deItapetinga observa-se um período seco bem definido. Na ecoregião doextremo sul observa-se um inverno chuvoso, mas as baixas temperaturasobservadas nesse período (junho a agosto), reduzem a taxa decrescimento das forrageiras (Tabela 6) sugerindo redução na taxa delotação ou suplementação com volumoso nesse período.

Tabela 6 – Taxa de crescimento observada para gramíneas e leguminosas forrageirasno extremo sul da Bahia.

Forrageiras Mínima precipitação Máxima precipitação

Kg/ha/dia

Gramínea1 37,9 91,5

Leguminosas2 13,3 41,7

1Média de 5 espécies ou cultivares. 2Média de 5 espécies ou cultivares.Fonte: PEREIRA, et al. (1995)

No manejo das pastagens existem basicamente dois sistemas depastejo: o pastejo contínuo (lotação contínua) e o pastejo rotacionado(lotação rotacionada). Os demais são derivações do pastejo rotacionado,tais como pastejo alternado, pastejo diferido, etc. Esses sistemas depastejo estão representados na Figura 1.

198

Fonte: Adaptado de RODRIGUES e REIS (1997). Pastejo limite = pastejo alternado

Figura 1 - Sistemas de pastejo mais utilizados.

Tanto no pastejo continuo como no rotacionado pode-se se obter boasproduções desde que se respeite a taxa de crescimento das forrageiras,ou seja, a oferta de forragem. Aliás, em baixas lotações ou em exploraçõesextensivas, pouca diferença tem sido observada entre pastejo rotacionadoe contínuo. Já em sistemas intensivos com elevados níveis de adubaçãoe com forrageiras com elevado potencial produtivo, é imprescindível o usodo pastejo rotacionado, por apresentar maior aproveitamento da forragemproduzida (eficiência de pastejo), maior aproveitamento do adubo utilizadoe conseqüentemente maior produtividade animal.

No pastejo contínuo torna-se mais difícil o ajuste da taxa de lotação emfunção da oferta de forragem. O ideal nesse sistema, em termos práticos,seria a manutenção da pastagem em uma altura constante (área foliaruniforme) ou seja, o animal estaria consumindo quantidade de forragemcorrespondente ao consumo da forrageira mais as perdas. Na prática,

199

isso pode ser difícil principalmente em sistemas com aplicação de níveiselevados de insumos, onde a dificuldade de manter esse equilíbrio é maiorainda. A manutenção dos capins braquiarão/xaraés, decumbens ehumidicola com altura de respectivamente 40, 30 e 25 cm em pastejocontínuo pode ser recomendada. O que se observa em geral no campo, éque o produtor pratica um misto de sistemas, contínuo, alternado e àsvezes rotacionado, não sistematizado. No entanto, na última década temaumentado muito o uso de pastejo com lotação rotacionada, principalmentecom a adoção de forrageiras mais produtivas e com o uso da adubação

Na implantação do sistema de pastejo com lotação rotacionada torna-se necessário determinar: o período de descanso (PD), o período deocupação (PO) e o número e tamanho dos piquetes. O período de descansoé o tempo que o piquete fica sem animais para possibilitar a rebrotação daforrageira (capim ou leguminosa) após o pastejo. A duração do PD variacom a forrageira, com estação do ano (condições climáticas) e com onível de adubação utilizado. No período seco ou de menor precipitação asforrageiras crescem menos, então o PD deveria ser maior. No períodochuvoso seria menor. Se escolher o período chuvoso para definir o PD(mais curto), deve-se preparar para retirar parte dos animais do sistema,no período seco (ou de inverno) ou suplementa-los com volumosoproduzido fora do sistema. Em regiões com período seco definido, quantomaior for à taxa de lotação no período das águas maior será a necessidadede suplementação com volumoso no período seco. Se escolher o PD emfunção do período seco (PD mais longo), devem-se diferir alguns piquetespor um ou dois ciclos de pastejo e armazenar o excedente de forragemdesses piquetes para o período seco. Na região sudoeste da Bahia,principalmente na região cacaueira e do extremo sul, geralmente se tomacomo base o período de maior crescimento das forrageiras e suplementaos animais no período mais crítico, com volumoso produzido fora dosistema. O importante é que ao final do PD a forrageira tenha atingido ataxa máxima de acúmulo de forragem e que a forragem em oferta tenhaum bom valor nutritivo.

Conforme se deduz, o PD é muito variável e a rigor deve ser estudadopara cada caso ou unidade de produção. O número de dias estipulado éna verdade em função da quantidade e da qualidade da forragem acumuladano período. Se o período for mais curto pode-se ter baixa produção e aplanta não ter ainda tido tempo suficiente para recuperar suas reserva. Sefor muito longo o capim fica excessivamente maduro, com baixo valor

200

nutritivo (muita fibra, baixa digestibilidade, baixo teor protéico). Nessaocasião a taxa de crescimento é muito baixa ou nula, nenhuma folha novavai mais surgir e a quantidade de folhas senescentes (velhas ou mortas),tende a aumentar. O manejo da pastagem, portanto, deve ter uma certaflexibilidade, sem perder de vista a sua praticidade.

Uma forma prática de se definir o PD ideal é tomar como base a alturado pasto a ser atingida no final do período. Se não for atingida, o PD deveser reajustado. Para o sul da Bahia, à luz da experiência acumulada, poderiase sugerir para os principais grupos de forrageiras cultivadas, os períodosde descansos e altura do pasto para a entrada e saída dos animais nopiquete, detalhadas na Tabela 7.

O período de ocupação (PO), é o tempo que os animais ficampastejando em cada piquete. A sua duração deve ser compatível com aoferta de forragem acumulada e esta é realmente quem define a taxa delotação pretendida. Na definição do período de ocupação também deveser observado o resíduo pós-pastejo, que deve ser adequado para garantira rebrotação no período de descanso seguinte. Sugestões sobre alturasde resíduos para algumas forrageiras são apresentadas na Tabela 3. OPO nunca deve exceder a 7 dias. O ideal é que fique entre 1 e 3 dias paragado de leite e 3 a 5 dias para gado de corte, dependendo da intensidadee do potencial de produção dos animais. O gado de leite é mais sensível aperíodos de ocupação mais longos, pois à medida que passam os dias àprodução de leite cai. Assim, para vacas com produção acima de 12 kg deleite/dia, o ideal é adotar PO de 1 dia.

Capim-elefante 36 110 - 120 40 – 50

Colonião, tanzânia, mombaça 36 70 - 80 30 – 40

Braquiarão, xaraés 36 40 – 50 20 – 25

Brachiaria decumbens 28 30 – 40 15 – 20

Capim humidicola, tifton 85, 21 – 28 20 – 30 10 - 12

Tabela 7 – Período de descanso e altura do pasto na entrada e na saída dos animaisem pastejo com lotação rotacionado sugeridos para os principais grupos de forrageiras.

ForrageirasPeríodo de

descanso (dias)Altura do pasto (cm)

Entrada Saída

coastcross, estrela africana

201

O tamanho do piquete depende do número de animais definido em funçãoda oferta de forragem, do período de ocupação e da área total disponívelpara o sistema. A área dos piquetes não deve ser necessariamente amesma. O importante é que a disponibilidade de forragem dentro do piquete,ou seja, a área útil. Piquetes com topografia muita acidentada ou comáreas alagadas, pedras, etc. devem ser maiores. O número de piquetesquando se tem somente um lote por sistema de pastejo é calculado peloquociente do PD pelo PO, somado a 1. O uso de mais de um lote em ummesmo sistema de pastejo é mais difícil de ajustar, devendo ser evitado.

Devem-se preferir piquetes na forma quadrada ou retangular, com alargura mínima igual a um terço do comprimento. O planejamento dosistema deve ser feito por técnico especializado em manejo de pastagem.Corredores, bebedouros, cochos saleiros ou para suplementação, áreasde descanso, devem ser alocados de modo a reduzir e tornar mais ocômodo possível o percurso dos animais. Em área acidentada, oscorredores devem ser projetados cortando o declive, a fim de evitar aerosão e amenizar o esforço dos animais. Isso se torna mais importanteainda em gado leiteiro, onde a posição do estábulo/sala de ordenha devetambém ser levada em consideração no planejamento do sistema departejo. Uma vaca leiteira deixa de produzir cerca de 0,5 litro de leite/diapara cada quilometro percorrido em terreno plano. Em área acidentadaessa redução pode triplicar. O arranjo de sistema de partejo com lotaçãorotacionada mais utilizado é aquele que adota uma área de descanso(do piquete do animal), onde são alocados os bebedouros (ouaproveitamento de corpos de água naturais), cochos saleiros, com livreacesso dos animais a partir do piquete que estão utilizando. De acordo otamanho dos piquetes e área total do sistema pode haver de uma a váriasáreas de descanso.

O nível de produtividade obtido no sistema de pastejo está diretamenterelacionado com a fertilidade do solo ou com o nível de adubação adotadoe com o potencial de resposta da forrageira. Para forragens do grupo 1(Tabela 1) o nível de fósforo no solo deve ser mantido em no mínimo 10ppm. Utilizando-se os capins elefante e braquiarão e com adubação de160 kg/ha de N, 60 kg/ha de K

2O e 160 kg/ha de P

2O

5, em um sistema de

partejo com lotação rotacionada (3 x 36 dias), na Essul/Ceplac, Itabela,obtiveram-se taxas de lotação, ganhos de peso diário e ganho de peso/hade respectivamente, 4,6 e 4,1 UA/ha, 359 a 456 g/nov/dia e 785 e 756 kg/ha, no período de 385 dias.

202

LEGUMINOSAS COM POTENCIAL PARA INCLUSÃO NOSSISTEMAS DE PRODUÇÃO

A utilização de pastagens consociadas tem como vantagemprincipal aumentar o aporte de nitrogênio ao sistema de pastagem, reduzidoos custo com adubação. Adicionalmente contribui para manter a oferta deforragem para o animal ao longo do ano contornando o problema deescassez no período crítico.

São poucas as leguminosas forrageiras divulgadas atualmente e quetenham despertado interesse por parte dos produtores ou empresasdistribuidoras de sementes. Neste contexto, as que no momento tem maiorpotencial de uso são: Arachis pintoi (amendoim forrageiro cv. Belmonte) ,S. guianensis cv. Mineirão, Campo Grande (S. capitata e S. Macrocephala),Desmodium ovalifolium cv. Itabela, Pueraria phaseoloides, Calopogoniomuconoides, e leguminosas arbóreas/arbustivas, como a Leucaenaleucocephala (leucena) , Cajanus cajan (guandu), Gliricidia serpium, entreoutras. No entanto, mesmo essas leguminosas têm uso ainda muitorestrito, dependendo não só do aperfeiçoamento de técnicas de manejo,como também de maior trabalho de difusão.

No gênero Arachis sp, A. pintoí, com as cultivares Amarilho e Belmontee A. glabrata, despontam no momento como as mais promissoras, pelasua qualidade nutricional e persistência sob pastejo sendo motivo deentusiasmo no meio científico e despertando cada vez mais a atençãodos produtores. No entanto não vai ser a solução para todas as situações.A. pintoí, vem sendo difundida em vários ecossistemas, mas sua adaptaçãotem sido maior em ecossistemas úmidos ou semi-úmidos, com curtaestação seca, como é o caso da Amazônia, Mata Atlântica e tabuleiroscosteiros. Em regiões com maior período seco sua utilização pode ficarrestrita a várzeas úmidas.

O amendoim forrageiro cv. Belmonte com baixa produção de sementesvem sendo disseminada por meio de propagação vegetativa. Emconsorciação com os capins humidicola e dyctioneura, tem dados bonsresultados com produção média de 12 @/há e persistência por mais de15 anos. Há notícias de amplas áreas desta cultivar implantadas no estadodo Acre e em menor escala nos tabuleiros costeiros da Bahia eSergipe(observação do autor). No período 2003/04 a Ceplac distribuiumaterial de propagação para cerca de 1200 produtores em todo o Brasil,com ênfase para o Sul e Sudeste.

203

Em alguns casos ajustes de manejo devem ser feitos para evitar que aleguminosa, como é o caso do amendoim forrageiro, em face de suaagressividade, domine a gramínea, principalmente quando esta é tambémde boa qualidade, reduzindo a quantidade de energia disponível para osanimais. A lotação contínua parece aumentar a proporção desta leguminosana pastagem em regiões sem período seco definido.

O gênero Stylosanthes sp. com as cultivares Mineirão e Campo Grande(S. capitata e S. macrocephala) estão bastante divulgadas comoleguminosas adaptadas aos cerrados. O cv. Mineirão tem apresentadobaixa persistência quando associado aos braquiarias em geralprincipalmente ao cv. Marandu com reflexos na produção animal. A máximoperíodo de pastejo encontrado na literatura foi de três anos, permanecendona pastagem na proporção de 10% em média A sua utilização como bancode proteína e recuperação de pastagens degradadas parece ter maiorprobabilidade de adoção junto ao produtor. O estilosantes Mineirão vem setornando popular no Brasil, e alguns produtores de sementes estãointeressados na divulgação destes cultivares criando expectativas deaumentar o volume de adoção, ainda pequeno (Fazenda Primavera,observação pessoal). Pesquisas adicionais sobres manejo e formas deutilização desta cultivar foram detectadas na literatura revisada. Sobre omultilinha Campo Grande de lançamento recente, há ainda poucasinformações sobre sua qualidade e persistência sob pastejo.

Pueraria phaseoloides(cudzu tropical) e Calopogonio muconoides, têmsido muito utilizados na Amazônia e no sul da Bahia. Com relação ao cudzutropical as experiências obtidas no sul da Bahia pela Ceplac indicampersistência de até quatro anos quando consorciadas com os braquiariasem geral. São leguminosas que juntamente com Stylosanthes sp podemser mais utilizadas estrategicamente no período seco.

Desmodium ovalifolium cv. Itabela, lançado pela Ceplac, tem problemade qualidade influindo negativamente na sua palatabilidade, mas por sermuito persistente, sua presença na pastagem tem mostrado reflexospositivos no ganho de peso dos animais, face à reciclagem de N quebeneficia a gramínea. Tem atualmente uso restrito ao sul da Bahia, compouca saída de sementes para outros estados. È recomendada paraecossistemas úmidos e semi-úmidos.

Das leguminosas arbustivas a leucena, é a mais estudada. Èrelativamente bem disseminada em todo o Brasil, tendo o seu uso seconsolidado na formação de bancos de proteína. No semi-árido tem sido

204

utilizada como componente do sistema CBL (caatinga, capim-buffel,leucena). Nesse sistema a caatinga é utilizada do período das chuvas e ocapim-buffel juntamente com a leucena em banco de proteína e na formade silagem e feno, no período seco. Nos sul da Bahia é recomendada embanco de proteína principalmente com os braquiarias.

O Guandu e a gliricidia são menos utilizadas. A primeira tem problemade persistência e a segunda, mais adaptada a ecossistemas úmidos tempalatabilidade de regular a baixa.

205

O AGRONEGÓCIO BORRACHA COMO ALTERNATIVA AODESENVOLVIMENTO DO SUL DA BAHIA

Pesquisador da CEPLAC/CEPEC/SEFOP

Adonias de Castro Virgens Filho

1 - INTRODUÇÃO

A região cacaueira do Sul da Bahia teve o seu desenvolvimento alicerçadona economia do cacau. Ao longo do século passado, esta lavoura contribuiupara a geração de riquezas, chegando a produzir 360.000 toneladas emamêndoas secas, sustentando a economia de 102 municípios, figurandoem certo momento como o principal sustentáculo da economia do estado.

A partir da introdução e disseminação do fungo Crinipellis perniciosa,causador da doença vassoura-de-bruxa nos cacauais, a região passou avivenciar uma séria crise, devido à queda da produção de cacau, aocorrência de condições climáticas adversas e ao endividamento dosagricultores, reduzindo, desse modo, o nível de emprego nas propriedadesrurais, provocando tensões sociais tanto na zona rural como urbana. Talsituação obrigou milhares de famílias a migrarem para as cidades, dentroe fora da região, sem a qualificação profissional necessária àsobrevivência digna neste meio.

Nas quatro últimas décadas, inúmeros programas foram implementadosna tentativa de diversificar a economia regional, mas apesar daimportância dessa iniciativa, nenhum desses foi capaz de restabelecerparte da renda e dos empregos perdidos com a crise do cacau. Entre osproblemas encontrados mencionam-se: baixa produtividade dos sistemasprodutivos, sobretudo das palmáceas (coco, dendê e piaçava), daheveicultura tradicional, especiarias (cravo-da-índia, pimenta-do-reino), eestimulantes (guaraná); a comercialização dos produtos sem valoragregado; a baixa competitividade de uma parcela da pecuária e suavulnerabilidade às variações de preço. Diante dessa situação torna-se

206

necessária a busca de alternativas de investimento com melhorperspectiva de mercado, diversidade de renda e regularidade no fluxo decaixa. Entre as opções disponíveis mencionam-se os sistemasagroflorestais com a seringueira.

Os sistemas agroflorestais consistem na exploração de arranjosmulticulturais seqüenciados, que promovem melhor uso dos fatores deprodução, maior lucro por superfície cultivada e melhor distribuição dasreceitas ao longo do ano. Esses modelos possibilitam mecanismosbiológicos interativos, promovem maior reciclagem de nutrientes e melhoraproveitamento residual dos insumos.

2 - A HEVEICULTURA NA BAHIA

O estado da Bahia ocupa o terceiro lugar na produção nacional deborracha natural do país com 11.637 ton em 2004 (IBGE, 2005) e é oterceiro em área plantada. No final dos anos oitenta, a Bahia chegou aocupar a hegemonia na produção nacional, posição hoje conquistadapelo Estado de São Paulo.

A Bahia possui uma destacada infra-estrutura de produção eprocessamento da borracha, com três usinas de beneficiamento (AgroIndustrial Ituberá, Michelin e Inducompre/Vipal) que processaram 20.245mil toneladas de granulado escuro brasileiro (GEB) em 2005, segundamaior produção beneficiada do país. Dispõe de um expressivo contingentede mão-de-obra qualificada trabalhando nos seringais e uma experiênciaacumulada na tecnologia do cultivo. Adicionalmente, detém condições paraintegrar todos os ciclos da cadeia produtiva, pela possibilidade de atrair novosinvestimentos para o setor, o que já vem ocorrendo. Recentes investimentospara instalação de indústrias de pneumáticos, recauchutagem e artefatosapontam para a formação de um cluster, condição que no futuro próximotornará o a Bahia o segundo pólo da indústria de borracha do país.

3 - O MERCADO DA BORRACHA

O mercado mundial de elastômeros, correspondente à soma dasborrachas sintética e natural, até os anos recentes se caracterizava porapresentar uma oferta ligeiramente superior à demanda (Quadro 1).

207

Esse comportamento, apresentado no quadro 1, mostra que nos últimosdez anos houve um excedente médio de 240 mil toneladas, à exceção doano 2000, quando os preços mais baixos da borracha natural motivaramum aumento acentuado do consumo, sendo o déficit de 550 mil toneladase em 2005 com menos 12 mil toneladas.

Entre os anos de 1996 e 2005 o consumo total de elastômeros teve umaumento de 31,5 %, passando de 15.700 mil toneladas para 20.659 miltoneladas, enquanto a oferta incrementou em 27,4 %, evoluindo de 16.200mil toneladas para 20.647 mil toneladas.

3.1 - Borracha natural

3.1.1 - Produção e consumo mundial

Nas três últimas décadas o mercado mundial de borracha naturalregistrou praticamente um equilíbrio entre a oferta e a demanda (figura 1).Apenas no ano de 1996, período de baixos preços no mercado, a produçãosuperou o consumo em mais de 300 mil toneladas, enquanto nos anos2000 e 2002, o consumo foi maior que a oferta em 580 e 240 mil toneladas,respectivamente.

208

Nos anos 2003 e 2004, a retomada nos preços da borracha naturalestimulou o aumento da oferta na Tailândia, Indonésia, Malásia e Índia, oque contribuiu para a elevação da produção em mais de 800 mil toneladas,permitindo a superioridade da oferta em relação ao consumo.

A oferta de borracha natural evoluiu 184 % no período, passando de3.050 mil toneladas em 1975 para 8.682 mil em 2005 (Figura 1). Nessafase houve aumento na participação da Tailândia, Indonésia, Índia, China eVietnã. A Malásia, apesar de sofrer uma redução na produção no final dosanos noventa, voltou a aumentar a sua oferta nos últimos anos com amelhoria dos preços da borracha no mercado.

O consumo de borracha natural teve um crescimento de 183 % entreos anos de 1975 e 2005, passando de 3.080 mil toneladas para 8.742 miltoneladas.

No ano 2005, observou-se uma demanda global de 8.742 milhões detoneladas de borracha natural contra uma oferta de 8.682 milhões. Nesse

209

período a Ásia produziu 8.100 mil toneladas de borracha natural, o quecorrespondeu a 93,2 % da oferta global, enquanto o continente africanoproduziu 391 mil toneladas (4,5 %) e a América Latina 191 mil toneladas(2,2 %), conforme apresentado no quadro 2.

A produção asiática é concentrada na região sudeste com destaquepara a Tailândia, Indonésia, Índia, Malásia, China e Vietnã.

A China, apesar de participar com 5,7 % da produção mundial, possuidéficit em borracha natural, tendo em vista que nos últimos dez anos oseu consumo cresceu a taxas maiores que a oferta. A Malásia, apesar deser um país que figura entre os grandes produtores de matéria-prima,passou a grande exportadora de produtos manufaturados.

A Malásia, Indonésia e Tailândia passaram a adotar uma posturaalinhada, a partir do acordo firmado em dezembro de 2001 que deu origema International Tripartite Rubber Cooperation (ITRC). Esta organizaçãotem o objetivo de regular os preços internacionais da borracha natural,por meio do controle da produção e das exportações no mercado aberto.Apesar dos benefícios alcançados desde o início, este acordo começoua dar resultados mais concretos em outubro de 2003, após a formalizaçãodo International Rubber Consortium Ltd. - IRCo que passou a controlaros estoques e os preços da borracha natural.

210

Quanto ao consumo mundial de borracha natural, em 2005 a Ásiajunto a Oceania apresentaram uma demanda de 5.200 mil toneladascom destaque para a China, Japão, Índia, Coréia do Sul e Malásia. Emsegundo lugar participou a União Européia com 1.332 mil toneladas (15%), seguida da América do Norte com 1.316 mil toneladas (15 %)consumidas principalmente nos Estados Unidos. A América Latinaconsumiu 555 mil toneladas, sendo 304,5 mil toneladas utilizadas peloBrasil (Quadro 2).

3.1.2 - Tendências futuras do mercado da borr acha

Estudos realizados sobre o mercado da borracha natural por Burger K.& Smith H. P. (The Natural Rubber Market. Review, analyses, policies andoutlook, 1997) projetam para as próximas décadas, uma elevação nospreços do produto, devido ao aumento do consumo (11.000 milhões detoneladas em 2020) e ao menor incremento na oferta, o que se constituirianuma boa oportunidade para os países com possibilidades de expansãoda heveicultura, a exemplo do Brasil.

Os autores citados analisaram o aumento populacional, o crescimentoda economia mundial, e estimaram um incremento expressivo no consumode pneumáticos, que atingirá 14,7 milhões de unidades em 2020 - o dobrodo início dos anos noventa - enquanto o consumo global das borrachasnatural e sintética, estimado para este mesmo ano, atingirá a soma de 28milhões de ton.

Essas projeções vêm se confirmando ao longo dos anos e sãocorroboradas pela ANRPC, entidade que congrega os principais paísesprodutores de borracha. Em 2005 o consumo de borracha natural foi de20.659 mil toneladas, quantidade que nas previsões de Burguer & Smlithsó seria atingida em 2006.

Estimativas apresentadas por Vignes (2002), apontam para umaestabilização da oferta mundial de borracha natural, pelo menos nospróximos 15 anos, redução do nível atual de participação deste produtoem relação ao mercado total a pouco mais de 25 %, e crescimento domercado de elastômeros (BN + BS) (Figura 2).

As projeções indicam uma taxa de crescimento do consumo mundial deelastômeros de 2,2 % ao ano, nos próximos anos. Se a indústria não seadaptar a outras alternativas de complemento da oferta de matéria-prima, atendência dos preços será ascendente, até um nível suportável pelo mercado.

211

Figura 2. Projeção da produção de BN e sua participação noconsumo total de elastômaros (BN + BS)

Fonte: Vignes, 2002

3.1.3 - Produção e consumo nacional

A produção brasileira de borracha natural entre os anos de 1991 e 2005aumentou 238 %, passando de 29.587 toneladas para 100.000 toneladasde borracha seca (quadro 3).

O consumo de borracha natural evoluiu 146 % entre os anos de 1991 a2005, passando de 122.900 toneladas para 302.500 toneladas (quadro 3).O déficit entre a produção e o consumo tem aumentado à importação deborracha, a qual correspondeu a 203.900 toneladas em 2005 e tende acontinuar crescendo.

O consumo de pneumáticos foi responsável por 74 % da demanda porborracha natural em 2005, o que correspondeu a 224.910 toneladas, dasquais 63 % foram importadas. As indústrias de artefatos consumiram 77.591toneladas, correspondentes a 26 % do total da demanda, de acordo com aANIP (Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos) / ABIARB.(Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Borracha).

212

3.1.3.1 - Produção de borracha natural por estado

O quadro 4 apresenta a produção de borracha natural por estado naforma de látex coagulado conforme dados do IBGE (2005) - para converteresses dados em borracha seca, multiplicar por 61 %.

O Brasil, a partir da Segunda Guerra Mundial, passou da condição deexportador para importador de borracha natural. Até o ano de 1986, amaior parte da produção interna era oriunda dos seringais nativos daAmazônia, sendo o estado do Acre o primeiro produtor do país. Nessafase, a exploração era sustentada por preços praticados pelo governo emvalores superiores aos do mercado internacional.

Apesar dos incentivos governamentais para a expansão da heveiculturana região norte do país, não se alcançaram os resultados esperados, em

213

face de problemas fitossanitários e de infra-estrutura. A exceção do MatoGrosso que dispõe de áreas de escape ao mal-das-folhas da seringueira(Microcyclus ulei P. Henn), os plantios realizados ao abrigo do Programade Incentivo à Produção de Borracha Natural - PROBOR, não obtiveram osucesso esperado.

A partir da expansão da heveicultura nas áreas de escape, o Brasilaumentou a sua produção, o que contribuiu para reduzir parte do déficitentre o consumo e a demanda.

Entre os anos de 1995 e 2004 a produção brasileira de borracha naturalevoluiu de 79.958 toneladas de coágulo para 164.639 toneladas. Talincremento foi devido principalmente à entrada em produção dos seringaisdos estados de São Paulo e Mato Grosso, a melhoria da produtividade dosseringais da Bahia e Espírito Santo, e ao surgimento de novos estadosprodutores como Minas Gerais, Goiás e Tocantins.

214

Na Bahia, o crescimento da produção foi devido principalmente amelhoria dos métodos de exploração e manejo dos seringais, motivadopor um trabalho de assistência mais efetiva das usinas de borracha e dostreinamentos promovidos por estas em parceria com a CEPLAC.

Nos últimos dois anos, a produção brasileira se manteve estável etende a se manter estabilizada por um médio prazo, sendo issoconseqüência da falta de investimento em novos plantios. Tal fato aliadoà perspectiva de déficit no mercado da borracha, mostra a necessidadede uma política de fomento da heveicultura através de sistemasagroflorestais, a fim de fazer frente a crescente demanda, considerandoos benefícios que trarão às regiões produtoras.

4 - Bases para o desenvolvimento do Agronegócio Borracha naBahia

4.1 - Estratégia de ação

A iniciativa de promover o desenvolvimento do agronegócio borrachano estado da Bahia, fundamenta-se na perspectiva promissora do mercadoda borracha e na necessidade de desenvolver proposições geradoras detrabalho e renda que contribuam de maneira concreta para odesenvolvimento do sul da Bahia.

Tal proposta vem sendo implementada mediante a integração de esforçosdo governo federal com as esferas estadual e municipal, e em parceria coma sociedade e o setor privado. Para tanto, se tem buscado a integração dossetores primário e secundário, no sentido de promover o desenvolvimentodo agronegócio borracha sob a visão de cadeia agroindustrial.

Na esfera federal a ação do Ministério da Agricultura, Pecuária e doAbastecimento, através da CEPLAC, tem propiciado os trabalhos deassistência técnica e pesquisa. Brevemente contar-se-á com a participaçãoda EMBRAPA, sobretudo na concepção e execução de um programa deamplitude nacional, o qual será integrado à CEPLAC na sua área deatuação. O Ministério do Desenvolvimento Agrário, através do ProgramaNacional de Agricultura Familiar (PRONAF), vem participando com recursospara o financiamento e assistência aos mini, pequenos produtores eassentados da reforma agrária. Em face à visão integrada dessa iniciativatambém será relevante à interação com o Ministério do Meio Ambiente,

215

Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério do Desenvolvimento Social eCombate a Fome; e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

No âmbito regional as instituições locais têm manifestado o seu apoio,com o propósito de integrar essa iniciativa às estratégias municipais dedesenvolvimento. Para tanto se tem buscado uma ação conjunta com asprefeituras municipais e as associações regionais de municípios.

4.2 - Público meta

§ Agricultores caracterizados como mini e pequenos produtores, queintegram a agricultura familiar, organizados em associações, cooperativase assentamentos.

§ Médios e grandes produtores interessados em investir no plantio daseringueira em sistemas agroflorestais. O fomento inclui cooperativas,grupos organizados e produtores individuais.

§ Agricultores que estão em processo de renovação de suas plantaçõesde cacau por meio da clonagem com material produtivo e tolerante avassoura-de-bruxa.

4.3 - Pesquisa assistência técnica e capacitação

A CEPLAC, a Plantações Michelin da Bahia e a UESC vêmdesenvolvendo trabalhos de pesquisa com foco nas demandas da região,sobretudo quanto ao desenvolvimento de variedades clonais produtivas etolerantes ao Microcyvlus ulei e práticas de manejo e exploração dosseringais. Do mesmo modo, buscar-se-á a integração com outros centrosde pesquisa e universidades, como o Instituto Agronômico de Campinas,a EMBRAPA e a ENCAPA com vistas à participação em ações voltadas aodesenvolvimento de tecnologias que tenham amplitude nacional.

A CEPLAC e a EBDA vêm desenvolvendo trabalhos de assistênciatécnica e extensão rural em parceria com empresas privadas como aPlantações Michelin da Bahia e a Agroindústria Ituberá. O SENAR emparceria com os sindicatos rurais desenvolvem treinamentos de mão-de-obra em parceria com a CEPLAC, sobretudo quanto às práticas de enxertiae exploração de seringais. O SEBRAE, as escolas de formação deprofissionais de nível médio e as universidades também terão papelrelevante na difusão de informações e na capacitação de pessoal.

216

4.4 - Agentes financeiros

O Banco do Nordeste do Brasil vem participando ativamente nofinanciamento dos plantios com recursos do PRONAF e FNE-Verde.Também vem atuando na definição de normas de financiamento, visando àidentificação de planos que considerem o perfil do agronegócio borrachaem sistema agroflorestal, suas peculiaridades em termos de prazo ecarência, a necessidade de viabilizar a inclusão social, bem como adisponibilização dos recursos necessários para o crédito de investimentoe custeio.

4.5 - Metas e investimentos

È prevista a implantação de 60.000 hectares de seringueira em dezanos no estado da Bahia, conforme metas detalhadas no Quadro 5.

Para o alcance desses objetivos serão necessários R$ 530.978,80 aolongo de dez anos, sendo R$ 198.246,80 no plantio simultâneo de SAFscom seringueira com valor de R$ 9.912,30 por hectare e R$ 332.732,00na substituição de eritrina por seringueira no sombreamento do cacaueirocom o custo de 8.318,00 que inclui o plantio da seringueira, replantio eclonagem do cacau, e manutenção por quatro anos.

217

4.6 - Aumento da produção de borracha

A implantação dessa iniciativa possibilitará a retomada da produçãobaiana, após o início de uma fase de declínio da oferta de matéria-prima, aqual apresentará um período de crescimento até estabilizar, por volta doano 2026 com 73.730 mil toneladas de borracha seca (Figura 3).

Figura 3. Evolução da produção de borracha na Bahia.

4.7. Geração de emprego e renda

4.7.1. Geração de empregos

A heveicultura é conhecida pela sua capacidade de geração de trabalhopermanente, bem como pelo caráter intensivo no emprego da mão-de-obra, uma vez que a sua exploração não comporta mecanização.Adicionalmente, reserva um espaço ao trabalho da mulher, tendo em vista

218

que a sangria é uma atividade especializada, a qual exige habilidade,sensibilidade e não é associada a grande esforço físico.

O emprego da seringueira em sistema agroflorestal gera oportunidadepara a mão-de-obra familiar. Sob o ponto de vista da renda mensal, ummódulo de 3,0 hectares possibilita ganhos que variam de 2,0 a 4,0 saláriosmínimos na fase de reembolso do financiamento e 4,0 a 6,0 salários nafase subseqüente. Do ponto de vista da capacidade de trabalho, a áreaideal para uma família é de 6,0 hectares de sistema agroflorestal.

Considerando a relação de 6,0 hectares por família com força de trabalhode três membros cada, a expectativa é que o programa gere trabalho erenda para mais 10.000 trabalhadores na Bahia. Nas áreas de substituiçãode eritrina por seringueira em plantações de cacau, a relação é de doistrabalhadores para cada 6,4 hectares, o que corresponde à viabilizaçãode 12.500 empregos diretos, tendo em vista que essa sistema contribuirápara a modernização das áreas com cacau.

A oferta de empregos evoluirá de 2.933 postos de trabalho, existentesatualmente na Bahia para 22.500 até o ano 2015, enquanto a falta de umapolítica de incentivo ao agronegócio borracha natural representaria aredução do nível atual de emprego no setor para 2.200.até o ano 2022.

Com o fomento de novos plantios haverá necessidade de instalação demais usinas e ampliação das existentes, sendo essa uma oportunidadepara o produtor participar diretamente de projetos visando à agregação devalor, seja por meio de cooperativas ou de associações.

4.7.2. Geração de renda

A receita estimada com o incentivo ao agronegócio borracha na Bahiaevoluirá de R$ 39.960.000,00 para R$ 272.802.000,00 até 2026. Na faltade uma política de incentivo ao setor, a receita cairia para R$ 23.976.000,00,no mesmo período. Por sua vez a arrecadação de ICMS evoluirá de R$6.793.200,00 para R$ 46.376.400,00 até 2026, enquanto a inexistência deuma política de apoio ao setor provocaria a queda de produção devido aoestado de decadência dos seringais mais antigos, reduzindo aarrecadação de ICMS para R$ 4.075.900,00 até 2025.

4.8. Impactos ecológicos

Os sistemas agroflorestais buscam a simulação de um ecossistema

219

original, sendo, por isso, de importância no contexto ambiental. Elescontribuem para reduzir a degradação ambiental e a ineficiência energéticados sistemas produtivos tradicionais.

Eles promovem a diversificação da produção, fazem uso mais eficientedos recursos não renováveis, integram ciclos e controles biológicosnaturais, e sustentam a produtividade agrícola em longo prazo e contribuempara o seqüestro de carbono da atmosfera, funcionando assim como ummecanismo de desenvolvimento limpo, contribuindo para mitigar os efeitosdecorrentes da emissão de gases de efeito estufa.

As áreas implantadas, mesmo nas pequenas propriedades, serãoorientadas no sentido de se formar um corredor de vegetação naturalcom espécies nativas, objetivando a migração de espécies animais e aconseqüente dispersão de sementes o que contribui para a preservaçãoda biodiversidade.

220