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ALINE CRISTINA FERREIRA VENTURA Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para componentes automotivos São Paulo 2018

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Page 1: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

ALINE CRISTINA FERREIRA VENTURA

Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para componentes

automotivos

São Paulo

2018

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ALINE CRISTINA FERREIRA VENTURA

Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para componentes

automotivos

Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Orientador: Prof. Dr. Marcelo Massarani

São Paulo

2018

Page 3: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

ALINE CRISTINA FERREIRA VENTURA

Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para componentes

automotivos

Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Área de Concentração: Engenharia Automotiva Orientador: Prof. Dr. Marcelo Massarani

São Paulo

2018

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Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob

responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.

São Paulo, _______de_____________________de 2018

Assinatura do autor: _____________________

Assinatura do orientador: ____________________

Catalogação-na-publicação

Ventura, Aline Cristina Ferreira Ventura Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para componentes automotivos / A. C. F. Ventura -- versão corr. -- São Paulo, 2018. 140 p. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Centro de Engenharia Automotiva. 1.Seleção de plásticos 2.Risco 3.Índice de mérito I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Centro de Engenharia Automotiva II.t.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à instituição, aos professores participantes da banca e aos educadores

que contribuíram com a minha formação, especialmente ao meu orientador, o Prof.

Dr. Marcelo Massarani pelo seu incentivo e colaboração durante este trabalho.

A Fiat Chrysler por ter me proporcionado a oportunidade valiosa de participar do

programa de Residência Tecnológica contemplado dentro do projeto INOVAR Auto.

A minha querida família por compartilhar minhas experiências e oportunidades. Com

afeto e dedicação ao meu filho querido Lucca.

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A persistência é o caminho do êxito.

(Charles Chaplin)

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RESUMO

Este estudo se refere a um método para selecionar os materiais plásticos resistentes

a riscos mais adequados para peças automotivas. Estabelecer este procedimento é

fundamental para as montadoras devido à versatilidade, qualidade e custo

competitivo que os polímeros apresentam. Contudo, essa é uma atividade árdua,

pois nota-se a ausência de profissionais familiarizados em trabalhar com materiais

plásticos e a existência de milhares de materiais disponíveis para utilização. Deste

modo, formular um processo estruturado para facilitar a seleção de plásticos tem

como objetivo minimizar os riscos e erros do projeto. Portanto, o processo concebido

para esta pesquisa foi gerado a partir da estratégia de seleção desenvolvida por

Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados

conceitos da matriz de decisão de Pahl & Beitz, incluindo índice de mérito. Dois

exemplos de aplicação da metodologia são apresentados através de estudos de

caso, com os componentes tampa do porta-luvas e base do espelho lateral.

Palavras-Chave: Seleção de plástico. Risco. Índice de mérito.

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ABSTRACT

This dissertation work is focused on a method to select the most suitable plastic

material with scratch resistance for automotive parts. This process is essential for the

automakers due to the versatility, improved quality and cost competitiveness of resin

materials. Nonetheless, the lack of professionals specialized in plastic materials and

the large variety of polymeric materials makes the proper material selection

challenging. In this way, it is necessary to define a systematic method to simplify

polymeric materials selection in order to reduce the project risks and errors. For this

reason, the process proposed in this study was generated based from the selection

strategy developed by Ashby, as this is a reference in the field. In addition, two other

concepts were adopted: Pahl & Beitz decision matrix and merit index. In order to

evaluate this systematic method, two case studies were analyzed: glove

compartment and side mirror base.

Keywords: Polymer selection. Scratch deformation. Index of merit.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Seleção de materiais: evolução e opções ................................................ 22

Figura 2 - Tendência em longo prazo do uso de polímeros compósitos e

plásticos em veículos .............................................................................. 23

Figura 3 - Classificação dos polímeros .................................................................... 25

Figura 4 - Vedação do vidro da porta – FIAT Punto ................................................. 26

Figura 5 - Plásticos de engenharia para aplicações automotivas............................. 27

Figura 6 - Duas diferentes configurações, (a) influência da deformação

plástica e (b) influência do desgaste (perda de massa) .......................... 32

Figura 7 - Cinco modos de riscos distinguíveis em uma superfície

danificada de acordo com o incremento da força normal ........................ 33

Figura 8 - Riscos próximo a ignição ........................................................................ 34

Figura 9 - Riscos no painel ...................................................................................... 34

Figura 10 - Riscos na região da porta ....................................................................... 34

Figura 11 - Imagem do equipamento de teste de riscos ........................................... 37

Figura 12 - Contorno do comprimento do risco referente à resistência do

risco. A magnitude de L é obtida utilizando a técnica de perfilometria. .. 38

Figura 13 - O plástico com modificações pode ser movido para qualquer

posição na figura atendendo a diferentes requisitos. ............................. 40

Figura 14 - Teste de dureza ...................................................................................... 44

Figura 15 - Testes de Izod e Charpy ......................................................................... 45

Figura 16 - Influência do raio da ponta do entalhe na resistência ao impacto

de alguns termoplásticos (observar a escala logarítmica utilizada para

expressar o raio). .................................................................................... 45

Figura 17 - Orientação de moléculas, (A) randomicamente dispostas e (B)

alinhadas ................................................................................................ 46

Figura 18 – Teste de flexão. ...................................................................................... 47

Figura 19 - Significados do ensaio de tração ............................................................ 49

Figura 20 – Equipamento para teste do índice de fluidez. ........................................ 53

Figura 21 - Teste de deflexão .................................................................................... 54

Figura 22 - Representação esquemática da etapa de iniciação da fotooxidação...... 55

Figura 23 - Diagrama esquemático de um glossímetro (a) e micro-TRI-gloss,

Page 10: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

glossímetro (b)........................................................................................ 57

Figura 24 – Fenômeno da metameria ....................................................................... 58

Figura 25 – Teste de fadiga com 3 pontos de flexão. ................................................ 65

Figura 26 - Teste de fadiga com 4 pontos de flexão. ................................................ 65

Figura 27 - Teste de Voigt-Maxwell ........................................................................... 67

Figura 28 - a) Curvas de fluência calculadas segundo o modelo de Voigt,

apresentadas em escala linear e logarítmica ......................................... 67

Figura 29 - Esboço de processos de conformação e moldagem de plásticos,

elastômeros e materiais compósitos. (TP = termoplástico, TS =

termofixo, E = elastômero) ...................................................................... 69

Figura 30 - Relação entre custo relativo por unidade fabricada e produtividade dos

principais processos de fabricação de produtos poliméricos .................. 71

Figura 31 - Esquema de moldagem por injeção (a) por embolo e (b) parafuso rotativo

alternativo ............................................................................................... 72

Figura 32 - Relação entre a faixa de pressões para moldagem por injeção e

viscosidade aparente dos polímeros nas suas respectivas faixa de

temperatura de processamento. ............................................................. 74

Figura 33 - (a) Esquema de um parafuso extrusor típico (b) geometria de um

parafuso extrusor.................................................................................... 75

Figura 34 - Importância da seleção de materiais no desenvolvimento do produto .... 78

Figura 35 - Problema central da seleção de materiais no projeto mecânico: a

interação entre função, material, forma e processo................................ 79

Figura 36 - Taxonomia dos materiais, da esquerda para a direita, classificados por

reinos (kingdom), famílias (family), classes e tipos de membros (class &

member) e atributos dos materiais. ........................................................ 80

Figura 37 - O “afunilamento” de um típico procedimento de seleção de materiais e

alguns critérios de decisão ao longo do evento ...................................... 82

Figura 38 - Um exemplo dos mapas das propriedades dos materiais como

inicialmente desenvolvidos (mapa módulo de Young versus

densidade) ............................................................................................... 83

Figura 39 - Processo sistemático de seleção ............................................................ 84

Figura 40 - A estratégia para seleção de materiais ................................................... 87

Figura 41 - Propriedades materiais – a ligação entre a estrutura e o desempenho .. 88

Figura 42 - Diagrama esquemático E-ρ que apresenta um limite inferior para E e um

Page 11: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

limite superior para ρ .............................................................................. 91

Figura 43 - Tampa do porta-luvas (modelo Peugeot 107) ....................................... 101

Figura 44 - Balanço de propriedades ...................................................................... 109

Figura 45 - Base do espelho lateral ......................................................................... 110

Figura 46 - Vista da geometria externa do retrovisor (parte traseira) ...................... 110

Figura 47 - Características PC/ASA WX-7010 ........................................................ 118

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela de propriedades materiais .......................................................... 42

Tabela 2 - Considerações de projeto ...................................................................... 51

Tabela 3 - Sensibilidade espectral de alguns polímeros comerciais ....................... 55

Tabela 4 - Escala do teste olfativo .......................................................................... 59

Tabela 5 - Técnica de injeção - características ....................................................... 74

Tabela 6 - Técnica de extrusão - características ..................................................... 77

Tabela 7 - Características de desempenho material ............................................... 89

Tabela 8 - Requisitos técnicos ................................................................................ 90

Tabela 9 - Índices de mérito para projetos regidos por rigidez e resistência

mecânica. ............................................................................................... 93

Tabela 10 - Escala de valor ....................................................................................... 95

Tabela 11 - Matriz de decisão para avaliação de produto ......................................... 96

Tabela 12 - Especificações por desempenho (tampa do porta-luvas) ..................... 102

Tabela 13 - Propriedades mecânicas (tampa do porta-luvas) ................................. 103

Tabela 14 - Índice de mérito (tampa do porta-luvas) ............................................... 104

Tabela 15 - Técnica ponderacional (tampa do porta-luvas) .................................... 106

Tabela 16 - Especificações por desempenho (base do espelho lateral retrovisor) . 112

Tabela 17 - Propriedades mecânicas (base do espelho lateral retrovisor) .............. 113

Tabela 18 - Índice de mérito (base do espelho lateral retrovisor) ............................ 114

Tabela 19 - Técnica ponderacional (base do espelho lateral retrovisor) ................. 116

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABS Acronitrila Butadieno Estireno

ACC American Chemistry Council

ASA Acronitrila Estireno Acrilato

ASTM American Society for Testing and Materials

BMW Bayerische Motoren Werke

BVSE Bundesverband Sekundärrohstoffe und Entsorgung e.V.

Co Corporation

COF Coeficiente de Atrito

CTFE Fluoroplástico

CTE Coeficiente Térmico de Expansão

DIN Deutsches Institut für Normung

DTUL Deflection Temperature of Plastics Under Flexural Load

E Módulo de Elasticidade (Young)

E Elastômero

F Força

FIAT Fábrica Italiana Automobilística de Turim

FMVSS Federal Motor Vehicle Safety Standards

G Geometria

GE General Electric

GM General Motors

GU Unidades de brilho

IDS Integrated Defense Systems

IM Índice de Mérito

Inc Incorporação

ISO International Organization for Standardization

NASA National Aeronautics and Space Administration

NHTSA National Highway Traffic Safety Administration

OEM Original Equipment Manufacturer

PA Poliamida

PBT Tereftalato de Polibutileno

PC Policarbonato

Page 14: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

PE Polietileno

PET Politereftalato de etileno

PMMA Poli Metil Metacrilato

PP Polipropileno

PPO Polioxifenileno

PS Poliestireno

PVC Policloreto deVinila

SAE Society of Automotive Engineers

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SR Scratch Resistance

TP Termoplástico

TPO Poliolefina Termoplástica

TS Termofixo

UV Ultra-violeta

VDA Verband der Automobilindustrie

VIAQ Vehicle interior air quality

VOC Componentes orgânicos voláteis

VW Volkswagen

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LISTA DE SÍMBOLOS

% Porcentagem

°C Grau Celsius

CaCO3 Carbonato de Cálcio

cm Centímetro

cm2 Centímetro Quadrado

COF Coeficiente de Atrito

CTE Coeficiente Térmico de Expansão

σ Resistência

ε Deformação

E Módulo de Elasticidade (Young)

EUR Moeda Euro

F Força

G Geometria

in Polegada

Hs Número de Dureza ao Risco

J Joule

Kg Quilograma

Kgf Quilograma Força

Klc Tenacidade à fratura

m2 Metro Quadrado

mm Milímetro

mm2 Milímetro Quadrado

M Propriedades do Material

N Newton

π Pi

P Métrica de Desempenho

Pa Pascal

SW1 Largura do Risco

ρ Densidade

s Segundo

t Tempo

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US United States

US$ Moeda Dólar Americano

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 18

1.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................... 20

1.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ........................................................................ 20

1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA ................................................................ .....20

2 PLÁSTICOS DE ENGENHARIA PARA AUTOMÓVEIS ............................. 22

2.1 HISTÓRICO ................................................................................................. 22

2.2 DEFINIÇÃO ................................................................................................. 23

2.3 DESAFIOS E APLICAÇÕES DE POLÍMEROS PARA AUTOMOTIVEIS ... 26

2.4 MATERIAIS PLÁSTICOS RESISTENTES A RISCO .................................. 31

2.5 INFLUÊNCIA DE ADITIVOS EM MATERIAIS RESISTENTES A RISCO ... 35

2.6 PRINCIPAIS PROPRIEDADES MATERIAIS .............................................. 39

2.6.1 Dureza superficial ........................................................................................ 43

2.6.2 Resistência ao impacto (tenacidade) ........................................................... 44

2.6.3 Módulo de flexão (rigidez) ............................................................................ 47

2.6.4 Módulo de elasticidade (resistência à tração) .............................................. 47

2.6.5 Contração no molde ..................................................................................... 49

2.6.6 Absorção de umidade .................................................................................. 51

2.6.7 Índice de fluidez ........................................................................................... 52

2.6.8 Deflexão sob ação de cargas ....................................................................... 53

2.6.9 Resistência a radiação ultravioleta (intempérismo) ...................................... 54

2.6.10 Brilho (brilho especular) ................................................................................ 57

2.6.11 Colorimétria .................................................................................................. 57

2.6.12 Resistência a odor ........................................................................................ 59

2.6.13 Emissão de formaldeído ............................................................................... 60

2.6.14 Emissão de FOG, componente orgânico volátil (VOC) ................................ 60

2.6.15 Resistência a chamas (flamabilidade) .......................................................... 61

2.6.16 Resistência química ..................................................................................... 62

2.6.17 Densidade .................................................................................................... 63

2.6.18 Resistência à fadiga ..................................................................................... 64

2.6.19 Resistência à deformação em longo prazo (fluência ou creep) .................... 66

2.7 PROCESSOS .............................................................................................. 68

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2.7.1 Injeção..... ..................................................................................................... 72

2.7.2 Extrusão.... ................................................................................................... 75

3 SELEÇÃO DE MATERIAIS .......................................................................... 78

3.1 MÉTODOS DE SELEÇÃO DE MATERIAIS ................................................ 81

4 MÉTODO PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS PLÁSTICOS

RESISTENTES A RISCOS ......................................................................... 86

4.1 ETAPA 1 – ANÁLISE DOS REQUISITOS DO PROJETO ........................... 87

4.2 ETAPA 2 – FILTRO DOS MATERIAIS CANDIDATOS .............................. 922

4.3 ETAPA 3 – SELEÇÃO DOS MATERIAIS CANDIDATOS ............................ 94

4.4 ETAPA 4 – PROCURAR DOCUMENTAÇÃO .............................................. 99

5 ESTUDOS DE CASO ................................................................................ 100

5.1 PROPOSTA DA PEÇA – TAMPA DO PORTA-LUVAS ............................ 100

5.1.1 Identificação das funções e definição dos requisitos – tampa do porta-

luvas........ ................................................................................................... 101

5.1.2 Filtro dos materiais candidatos – tampa do porta-luvas ............................. 104

5.1.3 Seleção do material – tampa do porta-luvas .............................................. 105

5.1.4 Documentação dos materiais selecionados – tampa do porta-luvas ......... 108

5.2 PROPOSTA DA PEÇA – BASE DO ESPELHO LATERAL

RETROVISOR ........................................................................................... 110

5.2.1 Identificação das funções e definição dos requisitos – base do

espelho lateral retrovisor ........................................................................... 111

5.2.2 Filtro dos materiais candidatos – base do espelho lateral retrovisor ......... 114

5.2.3 Seleção do material – base do espelho lateral retrovisor .......................... 115

5.2.4 Documentação dos materiais selecionados – base do espelho

lateral retrovisor ......................................................................................... 117

5.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................ 119

6 ANÁLISE DO MÉTODO PROPOSTO.......................................................121

6.1 ASPECTOS NEGATIVOS ......................................................................... 122

6.2 ASPECTOS POSITIVOS .......................................................................... 122

7 CONCLUSÕES ......................................................................................... 124

7.1 TRABALHOS FUTUROS .......................................................................... 125

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 127

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18

1 INTRODUÇÃO

Os materiais plásticos apresentam um potencial econômico expressivo, ao

considerar os avanços de polímeros no projeto de veículos. Com significantes

implicações na redução de peso do automóvel, permitindo o aumento da eficiência

energética (FUCHS et al, 2008). Além disso, o interior do automóvel normalmente

feito de materiais plásticos dispõe da estética como fator fundamental para atrair os

clientes e deste modo, garantir a competitividade da marca. O Conselho Americano

de Química (American Chemistry Council - ACC) estima que no ano de 2006, 50%

do total de plásticos empregados em veículos comerciais correspondiam a

componentes e peças no interior do automóvel (National Highway Traffic Safety

Administration - NHTSA, 2007).

Logo, materiais plásticos (compostos e resinas) são usados em inúmeras

peças no interior do veículo, como painel de instrumentos, painéis das portas, porta

luvas e revestimento das colunas devido a sua versatilidade, extensa faixa de

propriedades físicas e mecânicas, processabilidade e relativo custo baixo (NOH et

al, 2011).

Portanto, Noh et al (2011), pesquisadores do time de Pesquisa de Materiais

Poliméricos da Hyundai Motor Co., afirmam que a resistência ao risco é um dos

requisitos chaves para materiais moldados com cor principalmente para aplicações

no interior do automóvel. Este assunto é um dos maiores desafios para os

engenheiros da indústria automotiva que trabalham com estes materiais. O

fenômeno do risco em materiais plásticos consiste na deformação da superfície por

força de atrito externa e normalmente acompanha embranquecimento da área

danificada. O nível do dano causado pelo risco depende da velocidade, força,

geometria do objeto responsável pelo dano, profundidade, temperatura ambiente,

umidade, pigmentos utilizados (cor) e tribologia do material.

Deste modo, é imprescindível entender a relação entre os fatores citados

anteriormente com a propriedade de resistência ao risco, pois este elemento

influencia o resultado final do produto e inclusive o plano estratégico da empresa,

pois:

Page 20: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

19

O conceito de durabilidade do produto é afetado negativamente diante da

quantidade percebida de riscos, logo o produto deixa de atender as

expectativas do cliente;

O consumidor almeja por um produto com aspecto novo mesmo depois de um

período de uso;

A resistência ao risco gera um elevado valor de reconhecimento da marca,

principalmente em relação à frotistas (UBER, Lyft, entre outros) e taxistas;

O emprego de materiais resistentes ao risco permite um preço maior na

revenda do veículo mesmo após o uso extensivo do mesmo;

É gerada uma relação de fidelização do cliente em relação à marca e

consequentemente aos seus produtos, que por fim influência positivamente

na aquisição de novos automóveis da mesma marca.

Outro desafio às empresas é aliar o melhor desempenho do produto a um

custo competitivo, em face aos prazos para lançamento de produtos cada vez

menores. Por isso, a seleção de materiais é um fator que afeta diretamente o

resultado final do projeto.

Segundo Shanian e Savadogo (2006), tradicionalmente a escolha de um novo

material acontece quando suas características são conhecidas, ou em virtude da

substituição de um material existente por outro com melhor desempenho, em que

especialistas na maioria dos casos trabalham com métodos empíricos, ou

consideram a experiência adquirida em casos anteriores.

No entanto, é visível que a opção por um material inapropriado para

determinada aplicação, pode resultar em falhas na peça e também em custo

desnecessário (DIETER, 1991). Sendo assim, a solução definida pode não

representar às vezes a melhor relação entre custo, estética e desempenho do

material. Ademais, nota-se a ausência de engenheiros e projetistas familiarizados

com propriedades especificas dos materiais plásticos, o que pode produzir uma

análise tão detalhada do projeto.

Neste contexto, um dos fatores que se torna cada vez mais relevante é a

qualidade (estética e bom acabamento superficial – resistência a riscos) de peças

plásticas. Tem-se com isso um potencial que permite desenvolver uma pesquisa

para definir uma metodologia para seleção de materiais plásticos resistentes a riscos

para automóveis. Sendo assim, identifica-se uma oportunidade que favorece a

Page 21: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

20

aplicação dos conceitos idealizados por Ashby (2012) em sua obra, sobre a

interação entre a forma, função, material e processo para seleção do material.

1.1 OBJETIVO GERAL

O trabalho tem como objetivo principal desenvolver um processo sistemático

para seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para componentes

automotivos, com perspectiva de explorar melhor as propriedades materiais.

1.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Neste sentido, considera-se como objetivos específicos deste trabalho:

- Identificar materiais resistentes a risco com o intuito de criar um banco de

dados que será utilizado no processo de seleção de materiais.

- Criar um modelo prático com orientações para seleção de materiais

resistentes a risco que contemple a indicação das melhores práticas, utilizando

conceitos de Ashby, Pahl & Beitz e índice de mérito.

- Analisar o desempenho de materiais com custo mais acessível

(commodities) em frente a materiais com maior prática de uso por montadoras.

- Avaliar as consequências que a inexistência de leis brasileiras relacionadas

a baixos níveis de emissões (no habitáculo do veículo) acarretam na venda de

veículos brasileiros no mercado internacional.

1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA

Para atingir os objetivos propostos, a pesquisa foi estruturada da seguinte

forma, no capítulo 1 é apresentada a necessidade de se ter um método para seleção

de materiais plásticos resistentes a riscos. Assim como os objetivos e o contexto

geral do desenvolvimento do trabalho que será realizado.

Em seguida, o capítulo 2 tem por finalidade introduzir a definição, origem e

aplicações de materiais plásticos. Também são abordados os desafios inerentes ao

uso deste tipo de material para o desenvolvimento de peças automotivas. Além da

caracterização e importância da propriedade de resistência a riscos. A definição de

outras propriedades materiais associadas a esta classe de materiais e os processos

de manufatura mais usuais são descritos nesta etapa também.

Por sua vez, o capítulo 3 reuniu um levantamento com os métodos mais

utilizados para seleção de materiais e técnicas de ponderação. Neste momento,

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algumas citações de empresas são realizadas associando a companhia à técnica

empregada.

Posteriormente, o capítulo 4 expõe detalhadamente todas as etapas do

método proposto para seleção de materiais plásticos resistentes a riscos.

Deste modo, o método citado no capítulo anterior é colocado em prática no

capítulo 5, momento em que é realizada a aplicação da técnica em dois estudos de

caso.

Por fim, uma discussão sobre os resultados obtidos é efetuada no capítulo 6,

incluindo aspectos positivos e negativos do método proposto.

O capítulo 7 retoma os principais pontos apresentados no trabalho e formula

as suas conclusões. É colocado em destaque também propostas para estudos

futuros.

Page 23: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

22

2 PLÁSTICOS DE ENGENHARIA PARA AUTOMÓVEIS

2.1 HISTÓRICO

A real revolução na indústria automotiva iniciou em 1950, com o

desenvolvimento de novos materiais como o ABS (acronitrila, butaedino e estireno),

poliamida, poliacetal e policarbonato, e posteriormente com a introdução das

blendas de vários polímeros, conforme observa-se na Figura 1. Originalmente, os

materiais poliméricos foram especificados devido a suas boas propriedades

mecânicas combinadas com a sua excelente aparência, incluindo a possibilidade de

coloração do material (DIPAK; LALITKUMAR, 2013).

Figura 1 - Seleção de materiais: evolução e opções

Fonte: Adaptado de ASHBY (2012)

Dipak e Lalitkumar (2013) menciona que a primeira aplicação veicular foi no

modelo Corvette de 1953, e que desde então a aplicação dos componentes plásticos

na indústria automotiva tem crescido, sendo mais expressiva nas últimas décadas

como pode ser visto na Figura 2. Atualmente, os polímeros são usados

principalmente para fabricação de veículos mais eficientes do ponto de vista

energético devido à redução de massa, juntamente com as características

Page 24: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

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fornecidas de durabilidade, resistência à corrosão, resistência a riscos, dureza do

material, flexibilidade de forma, resiliência e alto desempenho a baixo custo.

Figura 2 - Tendência em longo prazo do uso de polímeros compósitos e plásticos em veículos

Fonte: Adaptado de A.T. KEARNEY (2012)

2.2 DEFINIÇÃO DE PLÁSTICOS

Segundo Kalpakjian e Schmid (2001), a palavra plástico é originada do grego

(palavra plastikos), e seu significado é “capacidade de ser moldado e formado”. E o

termo “plásticos” como conhecemos foi introduzido primeiramente em 1909 e depois

amplamente empregado como um sinônimo para polímeros (termo utilizado pela

primeira vez em 1866).

Em vista disso, é significativo que os polímeros tenham suas particularidades

especificadas de acordo com as suas classes distintas. Pois, Silva et. al. (2009)

esclarece que processamento do material polimérico proveniente dos polímeros

termoplásticos ou dos polímeros termofixos acarreta em processos diferentes.

Portanto, Canevarolo Júnior (2006) enfatiza as características técnicas dos materiais

de acordo com o grupo:

Termoplástico – material plástico que quando submetido a um aumento de

temperatura e pressão possui a capacidade de amolecer e fluir. O polímero

ao ser retirado ocorre então o processo de solidificação do produto com

formas definidas. O efeito equivalente ao amolecimento e fluxo pode ser

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24

obtido novamente com a submissão do material a variações de temperatura e

pressão. Logo, essa transformação física é reversível. Conhecidos também

pelas características: fusível, solúvel e reciclável. Exemplos: poliamida

(Náilon), poliestireno (PS), polietileno (PE), e etc.

Termofixo (conhecido também como termorrígido ou termoendurecido) –

material plástico que quando submetido ao aquecimento, sofre uma

transformação química irreversível no processo de cura, com a formação de

ligações cruzadas, tornando-se rígido. Com características infusível e

insolúvel, pois mesmo que seja submetido a aquecimentos subsequentes não

haverá alteração de estado físico e por conta disso, também não haverá

amolecimento. Exemplos: baquelite, resina epóxi.

Neste contexto, ainda em relação ao processamento do material, cabe

destaque a grande diferença existente na viscosidade do material nos dois

processos mencionados anteriormente, com referência a aplicação de texturas. Pois

para os termoplásticos fundidos a viscosidade varia de 100 a 106 Pa.s, enquanto os

termofixos apresentam valores na faixa de 0,1 a 10 Pa.s (MORTON-JONES, 1989).

A importância da texturização em polímeros se deve pelos resultados estéticos

obtidos, tanto do ponto de vista, de tornar o aspecto da peça mais autêntico a

materiais naturais como marfim, couro e diferentes tipos de madeira (com aplicação

de texturas características), mas de também camuflar ou minimizar imperfeições

superficiais e marcas de processamento, ou seja, reduzir rejeitos (SILVA et al,

2009).

Comercialmente, a distinção entre os polímeros pode ser feita também

conforme o grau de diferenciação, nível de consumo, escala produtiva e por fim valor

agregado. Deste modo, estes materiais poliméricos são classificados em: polímeros

para usos gerais (commodities), polímeros para usos específicos (quasi-

commodities) e polímeros de alto desempenho (especialidades) (HEMAIS, 2003). A

representação desse mercado é disposta na Figura 3:

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25

Figura 3 - Classificação dos polímeros

Fonte: Adaptado de BOMTEMPO, 1994 apud HEMAIS (2003)

Contudo, é importante ressaltar que polímeros classificados como

commodities podem receber uma modificação em sua estrutura para adquirir

propriedades especificas, como as de polímeros de especialidade que são mais

caros e produzidos em menor escala. Um exemplo recorrente disso segundo Hemais

(2003) é a aplicação do Polipropileno (PP) que pertence ao grupo de commodities e

possui valor bem baixo, mas que tem sido modificado para adquirir um desempenho

melhorado, um exemplo disso no setor automotivo é o componente de vedação do

vidro da porta, do modelo Fiat Punto, que utiliza polipropileno reforçado em talco

(Ver Figura 4).

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26

Figura 4 - Vedação do vidro da porta – FIAT Punto

Fonte: ALMEIDA JÚNIOR (2003)

Estes materiais plásticos podem ser formados, usinados, fundidos e unidos

em vários formatos com relativa facilidade. E quando necessário, uma quantidade

mínima de operações adicionais pode ser realizada na superfície final, o que

representa uma importante vantagem em relação aos metais. Os plásticos estão

disponíveis comercialmente na forma de filme, folha, chapa, haste e tubos em várias

seções transversais. E por causa de suas diversas propriedades exclusivas, os

polímeros estão em expansão e estão substituindo componentes metálicos em

inúmeras aplicações. Essas substituições refletem as características mecânicas dos

materiais (KALPAKJIAN; SCHMID, 2001).

2.3 DESAFIOS E APLICAÇÕES DE POLÍMEROS PARA AUTOMÓVEIS

No cenário atual, o uso de materiais plásticos em automóveis é visto como

parte integrante fundamental do produto, pois é extenso e abrange inúmeras

aplicações. A Figura 5 mostra aplicações de diferentes plásticos de engenharia no

projeto veicular. De acordo com a Plastics Europe (2013), os plásticos de

engenharia são o segundo material mais utilizado na manufatura de veículos, pois

representam entre 12 e 15% do total de materiais utilizados em veículos médios com

peso de 1500 kg. Contribuições relevantes estão presentes no projeto do veículo,

através da melhora no desempenho em testes de impacto, aumento considerável na

eficiência energética do produto (significante do ponto de econômico e ambiental) ou

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27

ainda nas funcionalidades geométricas e sensoriais que reforçam o elemento de

qualidade no acabamento final.

Figura 5 - Plásticos de engenharia para aplicações automotivas

Fonte: Adaptado de ELETRONIC SPECIFIER (2015)

De acordo com a associação de fabricantes de plásticos, Plastics Europe

(2013), o automóvel moderno têm um número superior a 2000 peças plásticas,

incluindo diferentes formas e tamanhos, desde lanternas, para-choques,

componentes do motor, painel de instrumentos, teto panorâmico, assentos, airbags

e cintos de segurança.

No quesito qualidade, o emprego de materiais poliméricos possibilita a

sofisticação do design, ampla possibilidade de formas e durabilidade. Além disso, de

acordo com a mesma associação, Plastics Europe (2013), rápidas inovações de

design com custo reduzido e a personalização do produto (tailor-made) só são

possíveis de serem implementadas na linha de produção devido à versatilidade dos

polímeros. Hemais (2003) menciona que no Brasil, as montadoras passaram a exigir

que os produtos tivessem o mesmo nível de qualidade que as matrizes, quando a

produção de veículos com plataforma global teve inicio no país.

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No entanto, estes materiais apesar dos benefícios também possuem

determinadas desvantagens, em relação à reciclagem e níveis de emissões do

material, que necessitam de mais pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Segundo

a NHTSA (2007), aspectos importantes relacionados a este assunto têm sido

constantemente citados e representam os desafios recorrentes para o

desenvolvimento futuro do uso de plásticos em automóveis:

1. Desenvolver classificações materiais, padrões de teste e especificações –

Encorajar engenheiros de projeto e fabricantes de equipamentos originais

(Original Equipment Manufacturers - OEMs) para definir plásticos de materiais

concorrentes, os projetistas necessitam ser confiantes na habilidade de atingir

o desempenho requerido na aplicação. Comparando aos metais, os

engenheiros de projeto estão menos familiarizados com os materiais

plásticos. Por isso, a indústria do plástico deve avaliar o desempenho e criar

classificações materiais para caracterizar os seus produtos. Também é

importante enfatizar que a indústria de polímeros é muita rápida no

desenvolvimento de seus materiais em comparação aos materiais

convencionais. Depois, existe a necessidade em atualizar e expandir a

especificação de materiais OEM e os métodos de teste para refletir as

propriedades únicas e a capacidade desses novos materiais.

2. Tornar a segurança automotiva acessível com plásticos em testes de impacto

– Aperfeiçoar a seleção material para componentes de segurança automotiva

irá requerer que plásticos se tornem mais acessíveis, pois o material permite

ganhos de eficiência diretamente na manufatura e processo de montagem do

veículo. Ao mesmo tempo, a percepção entre os clientes de automóveis

necessita ser mudada para estimar o valor das funcionalidades de segurança

possíveis através dos plásticos e consequentemente, aumentar sua

disposição em considerar estas características.

3. Aprimorar a caracterização e modelagem preditiva de plásticos – A melhoria

continua na modelagem preditiva do desempenho na colisão de componentes

plásticos é vital para o fortalecimento da posição dos plásticos como material

automotivo indispensável. Engenheiros automotivos também demandam de

dados de caracterização extensiva de materiais para novos plásticos à

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medida que estiverem disponíveis. Obtendo confiabilidade, os dados

constitutivos podem exigir um esforço coordenado, em toda a indústria.

4. Melhorar o desempenho em testes de colisão com Gerenciamento de Energia

Otimizado – Controlar a energia de impacto gerada durante uma colisão e

proteger os ocupantes de absorverem demasiadamente essa energia é parte

fundamental da segurança dos veículos. Portanto, componentes e sistemas

plásticos avançados no interior, carroceria, exterior e sistemas de transmissão

são utilizadosdos para permitir que as montadoras gerenciem a energia da

colisão de forma criativa e mais eficaz.

5. Oportunidades plásticas descobertas envolvendo padrões de segurança ativa,

passiva e regulações de redução de peso – Compreender as necessidades

tecnológicas para atender a evolução dos padrões de segurança e regulações

de redução de peso, que estão relacionados à resistência ao choque e a

prevenção da colisão, são elementos necessários para o planejamento de

pesquisas futuras sobre plásticos. A indústria precisa determinar de maneira

mais adequada, os requerimentos de desempenho dos plásticos de novos

padrões de segurança e utiliza-los com novos componentes integrados,

veículos com combustível alternativos, novas opções de transmissão e motor

e uma infraestrutura de transporte. Considera-se que esses assuntos são

oportunidades para otimizar a segurança e a redução de peso com materiais

plásticos, portanto devem ser identificados.

6. Acompanhar mudanças demográficas para população idosa – Em virtude do

crescimento da população de motoristas com mais idade, é necessário

aumentar as medidas de prevenção de sistemas contra colisão para manter

esses passageiros seguros. Pois, muitos motoristas idosos tem baixa

tolerância biomecânica e requerem características de segurança especiais

para evitar acidentes. Com pesquisas direcionadas, os plásticos altamente

versáteis podem possibilitar importantes avanços nas características de

segurança necessários para proteger a população de 65 anos ou mais,

conforme dados do relatório da NHTSA.

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Diante do que foi exposto anteriormente, enfatiza-se o papel do processo de

desenvolvimento do produto, como sendo um dos processos-chave nas empresas

líderes de mercado. O êxito nas vendas do produto acontecerá pelas empresas com

capacidade de gerar valor de mercado a partir das possibilidades que o produto

pode proporcionar as pessoas que irão adquiri-lo. Portanto, o processo de

desenvolvimento do produto precisa identificar e compreender as necessidades do

mercado (ROZENFELD et al, 2006). Sejam estas necessidades, veículos mais

seguros, eficientes e confortáveis.

Dentro deste contexto, o recente panorama introduzido pela Economia de

Compartilhamento (Sharing Economy) é visto com grande relevância devido a sua

rápida transformação. Este novo segmento trouxe perspectivas inovadoras capazes

de aumentar a acessibilidade das pessoas, ao mesmo tempo em que otimiza o uso

de ativos já existentes (veículos que atendem ao serviço de compartilhamento de

viagens ao invés da depreciação sem uso). Segundo Wallsten (2015) Uber, Lyft e

Sidecar são os serviços mais proeminentes de compartilhamento de viagens. Sendo

que a empresa Uber (fundada em 2009) já possuía 8 milhões de usuários em 2014,

dentre 160 mil motoristas em 250 cidades (em mais de 40 países). E a mesma

companhia atingiu o patamar de 40 bilhões de dólares em valor de mercado no ano

de 2009.

Em vista disso, a compreensão e análise desse novo mercado, que inclui

também a introdução dos carros autônomos, é mais ampla e relevante. Por isso,

esse perfil de consumidor deve ser considerado para orientar o desenvolvimento de

produtos futuros, de modo que os atributos de estilo, conforto e durabilidade

configurem uma percepção de qualidade ao mesmo tempo em que emprega

métodos para reduzir a quantidade de ferramentas no projeto.

Outro aspecto pertinente a ser avaliado é o desafio que as aplicações de

polímeros representam para a venda de automóveis de fabricação nacional no

exterior. Pois, o produto brasileiro sofre os efeitos da influência da imposição de

normas rígidas (VDA 270, VDA 275 e VDA 278) para a redução da emissão de

poluentes em peças plásticas nos mercados norte-americano e europeu. Como

consequência, a indústria automobilística nacional está consolidada basicamente no

mercado interno, que sofreu forte desaceleração nos anos de 2014 e 2015, de

acordo com os dados do SEBRAE (2015). Enquanto o mercado externo se

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concentra na Argentina, México, Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia, Equador e

Peru) e África do Sul, mas com taxas mínimas de exportações (SEBRAE, 2015).

2.4 MATERIAIS PLÁSTICOS RESISTENTES A RISCO

O uso de materiais plásticos é bastante vantajoso, entretanto implica em ter

de preponderar certas dificuldades que surgem desde a escolha do material,

montagem e inclusive o uso cotidiano do veículo.

Polímeros resistentes a riscos são utilizados principalmente no interior do

automóvel, espaço que devido à movimentação de passageiros e cargas está

exposto à geração de defeitos caracterizados como riscos e/ou arranhões. Este tipo

de defeito pode ser causado pelo contato de pessoas e/ou objetos com os painéis

produzidos a partir de material plástico devido a características materiais deficientes

ou alguma falha na fabricação da peça. Segundo Blau (2002), a resistência a risco é

definida como “a resistência de um corpo sólido a penetração por uma aresta ou

protuberância em um segundo corpo que se move ao longo de sua superfície”.

Normalmente, o risco inclui a deformação, mas pode envolver a fissuração,

descamação e remoção do material, conforme é mostrado na Figura 6. O termo

conhecido como “marring” tem como significado estragar e é utilizado para descrição

de riscos superficiais relativamente finos, distribuído em uma área grande que

tipicamente deteriora o aspecto e a aparência da superfície. Logo, pode ser

conveniente considerar a resistência ao desgaste como uma propriedade de

superfície, uma vez que, a resistência ao risco ou à abrasão envolve o corpo do

material também (TABER INDUSTRIES, 2017).

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Figura 6 - Duas diferentes configurações, (a) influência da deformação plástica e (b) influência do

desgaste (perda de massa)

Fonte: SHEN; JIANG (2006)

Grande parte dos riscos e arranhões encontrados nas superfícies dos

materiais podem ser classificados em cinco modos de defeitos definidos pela

medição das forças críticas, conforme podem ser vistos na Figura 7. A faixa de

variação está compreendida desde a aplicação da força normal com valores mais

baixos na superfície (classificados como “mar”) até momentos que o incremento da

força normal ocasione a fissuração na superfície dos revestimentos, podendo

produzir a delaminação e outros danos mais severos (“chipping”).

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33

Figura 7 - Cinco modos de riscos distinguíveis em uma superfície danificada de acordo com o

incremento da força normal

Fonte: Adaptado de SHEN et al (2004)

Geralmente, o risco é produzido nas seguintes situações:

Movimentar as chaves para dar partida no veículo;

Haver contato de areia e terra com o painel;

Haver contato da unha, arranhando o painel;

Movimentar ou alocar cargas sobre ou próximo ao painel;

Movimentar repetitivamente o joelho ou pé em determinada região do

painel da porta ao adentrar e sair do carro.

As imagens Figura 8, Figura 9 e Figura 10 demonstram alguns defeitos

descritos nas condições citadas anteriormente.

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Figura 8 - Riscos próximo a ignição

Fonte: FIAT FORUM (2015)

Figura 9 - Riscos no painel

Fonte: TRIM TECHNIQUE (2015)

Figura 10 - Riscos na região da porta

Fonte: DETAILING WORLD (2009)

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Além disso, materiais com baixo custo, por exemplo, como o polipropileno

(conforme mencionado anteriormente, material pertencente ao grupo de

commodities com valor inferior a US$ 2/kg) cresceu rapidamente em aplicações

automotivas. No entanto, mesmo com o uso de reforços como talco, com a

finalidade de melhorar as propriedades mecânicas, este material plástico ainda

possui facilidade em ser riscado, especialmente nos carros populares, modelos em

que são mais empregados.

Patty, Calhoun e Shields (2006) pontuam ainda que os fabricantes de veículos

(OEM’s) almejam que os materiais plásticos utilizados no interior dos veículos

(consoles, portas, guarnições e painel de instrumentos) obtenham um nível muito

baixo de brilho. Pois, o brilho tem a capacidade de evidenciar mais o risco. Segundo

os mesmos autores, o brilho é geralmente especificado em 2.0 ou no nível de brilho

Gardner menor que 60° para a maior área da primeira superficie de componentes de

interior moldados em cor (MIC – Molded in Color), sem pintura ou em um processo

secundário como manta vinilíca (PATTY, CALHOUN e SHIELDS, 2006).

Neste sentido, a indústria acompanha a tendência em substituir materiais ABS

por PP, devido ao menor brilho estético e menor gradiente de brilho que o

polipropileno apresenta. No entanto, grandes beneficios proporcionados pelo

material ABS são negligenciados, dentre eles podem ser citados, estabilidade

dimensional, resistência ao impacto e a riscos. Cabe ressaltar, o impacto que esta

substituição também acarreta na manufatura (processo de moldagem por injeção)

para adequação do novo material as mesmas aplicações que o ABS desempenha.

Pois, o PP necessita de um período maior de duração do processo de cura (pós

moldagem) para elevar a sua cristalinidade, e consequentemente, aumentar assim a

resistência a riscos e riscos relativamente finos (mar resistance) (PATTY;

CALHOUN; SHIELDS, (2006).

Logo, pesquisas têm sido desenvolvidas para evitar esses danos ao produto através

de mecanismos para eliminar as deficiências materiais, e elevar a resistência ao

risco. Pois este é um dos maiores desafios para os especialistas dessa área na

indústria.

2.5 INFLUÊNCIA DE ADITIVOS EM MATERIAIS RESISTENTES A RISCO

Primeiramente, com o intuito de atender aos requerimentos do consumidor,

design da qualidade e a competitividade nos custos, as indústrias tiveram a

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necessidade de otimizar os seus processos produtivos. Adicionalmente, as

regulamentações que envolvem questões ambientais tem exercido grande influência

nesse processo. Logo, a redução da quantidade de tinta, permitiria minimizar os

custos de manufatura ao eliminar a etapa de pintura dos plásticos de produtos

eletrônicos. Consequentemente, iniciou-se uma nova tendência com materiais sem

pintura com design negro de alto brilho de produtos moldados por injeção. E a

utilização de ABS e posteriormente PMMA (poli metil metacrilato) para dispositivos

eletrônicos foi expandida. Entretanto, esses produtos não pintados tem pior

desempenho nas propriedades relacionadas ao risco, em contrapartida das peças

pintadas, o que representa um grande problema para a indústria (KIM et al, 2011).

Em segundo, também é crescente o interesse em substituir o ABS pelo

polipropileno na indústria automotiva para facilitar o processo de reciclagem (CHU;

RUMAO; COLEMAN, 1998). Todavia, um fator limitante para a substituição é a

susceptibilidade do polipropileno a danos na superfície, como riscos e deterioração

como foi evidenciado por pesquisadores (BRISCOE et al, 1996).

Segundo Dasari et al (2002), a visibilidade do risco é relacionado a fatores

como tamanho (profundidade e largura), o fenômeno de embranquecimento sob

tensão (dano conhecido como stress whitening) e o mecanismo de deformação do

risco. É importante ressaltar que riscos também atuam como concentradores de

tensão e podem reduzir a força mecânica do material polimérico por fadiga. Zokaei,

Lesan Khosh e Bagheri (2007), afirmam que foram introduzidos vários métodos com

a finalidade de avaliar a resistência de polímeros a riscos (SR – Scratch resistance).

As maiorias dessas técnicas usadas possuem como base riscar um polímero com

um indentador com ponta de diamante sob uma carga e determinada velocidade (ver

Figura 11), e então a medição de uma das dimensões de risco é definida como

critério para avaliação da resistência ao risco.

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Figura 11 - Imagem do equipamento de teste de riscos

Fonte: ZOKAEI; LESAN KHOSH; BAGHERI (2007)

Zokaei, Lesan Khosh, Bagheri (2007), dizem que a resistência dos polímeros

também é influenciada por vários fatores em relação aos danos de risco. Alguns

deles estão relacionados a tribologia do material, comprimento da cadeia molecular,

dureza, módulo de elasticidade e produção de tensão. Fatores extrínsecos que

influenciam o desempenho do risco incluem a taxa de esforço, temperatura, a

geometria do indentador e o coeficiente de atrito.

De acordo com a normatização da ASTM (American Society for Testing and

Materials), o número de dureza ao risco em largura, Hs é expresso em termos de

força por unidade área, que caracteriza a resistência de uma superfície sólida para

penetração de um indentador sob uma constante de força normal e velocidade. A

largura do risco é usada para medir o tamanho do dano. Com referência a esta

norma, Hs é calculada conforme a equação 1 (ASTM STANDARD, 2009):

Onde F é a força, L é a carga no identador e SW1 é a largura do risco, conforme a

Figura 12 ilustra.

(1)

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Figura 12 - Contorno do comprimento do risco referente à resistência do risco. A magnitude de L é

obtida utilizando a técnica de perfilometria.

Fonte: ZOKAEI; LESAN KHOSH; BAGHERI (2007)

Misra et al (2004), consideram que a relação entre a largura do risco e a

profundidade (indentador piramidal com ângulo cônico de 120̊), utilizado no risco

profundo visa avaliar as propriedades de polimeros, conforme a Equação 2:

Onde HD é a dureza do risco em profundidade, SD é a média de SD1 e SD2,

profundidades do risco em relação a superfície do material.

Inúmeros pesquisadores identificaram a melhora da resistência ao risco

devido ao preenchimento de compósitos na matriz de polímeros, como CaCO3, talco,

wollastonite e silicone (WANG; ZHANG; TIAN, 2012, LIN; GAO; LI, 2006, YOUXI;

CHENGHUI; YUAN, 2007 e ZOKAEI; LESAN KHOSH; BAGHERI, 2007)

Chu et al (2000), evidenciou no entanto, que o talco aumenta a visibilidade do

risco (especialmente em profundidade), mas o mineral wollastonite tendo as mesmas

características de fratura na superfície da amostra, induz menor deformação plástica

que consequentemente conduz a menos stress whitening. Isto foi mostrado por

Hadal e Misra (2005) que usaram agentes de acoplamento para aumentar o

desempenho das propriedades envolvendo o risco, principalmente quando utilizadas

finas partículas de wollastonite.

A relação linear entre a resistência ao risco (Scratch resistance - SR) e taxa

de tensão tem sido também confirmada por alguns pesquisadores, ao incorporar

(2)

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diferentes reforços em polipropileno, como pode ser constatada a resistência a risco

aumenta com a taxa de tensão e uma menor deformação ocorre no material (MISRA

et al, 2004).

A relação entre a resistência ao risco e as propriedades mecânicas, envolve o

fato de que o módulo pode ser melhorado pela adição de aditivos rígidos ou

aumentando a cristalinidade como demonstrou Dasari et al (2002), este fato permite

que a matriz com reforços seja mais resistente a penetração do indentador.

Polímeros macios são mais sensíveis a risco que alguns plásticos mais duros.

O uso de silicone no nível de 2% até 10% ajuda a reduzir o coeficiente de atrito

(COF) e correspondentemente melhora a resistência a risco. Por exemplo, a

resistência a risco de TPOs com preenchimento de talco e modificados com

acréscimo entre 2 – 3% de silicone na matriz, é significantemente melhorada e

visível clareamento é suprimido sob condições em que o mesmo TPO teria dano

sem a presença de silicone em sua estrutura. A pintura necessita ser verificada, mas

um baixo nível de silicone (por exemplo 2,5%) não afetará a pintura, e a resistência

as intempéries aumenta apresentando menos mudança no aspecto que o controle

sem silicone. O tratamento da superfície com resina dura também é utilizada

(BIRON, 2007).

2.6 PRINCIPAIS PROPRIEDADES MATERIAIS

O conceito sobre riscos é um assunto relevante e recentemente tem ganho

maior repercussão na indústria. Pois, o tema se reflete no aumento das aplicações,

consequências dos avanços na ciência e tecnologia dos polímeros. Diferentemente

dos materiais tradicionais como cerâmicas e metais, que possuem um longo

histórico de pesquisa, o estudo de polímeros com foco em riscos continua em

estágio inicial em comparação aos materiais tradicionais. Uma amostra disto é a

inexistência de métodos de testes padronizados e equipamentos para conduzir

experimentos de riscos em polímeros até há pouco tempo. Testes padronizados

para os defeitos de riscos surgiram somente em 2003 na ASTM e no ano de 1997

para a ISO (LIM, 2005).

Portanto, este capítulo introduz as propriedades (físicas, mecânicas, entre

outras) associadas ao desenvolvimento de materiais plásticos resistentes a riscos

com aplicação automotiva. Primeiramente devido à amplitude do assunto, serão

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relacionados os principais conceitos destas propriedades, incluindo citação dos

testes mais empregados e terminologias referentes às mesmas.

O processo de desenvolvimento do produto considera que o desempenho de

materiais plásticos resistentes a risco está relacionado a características importantes

do material, as propriedades materiais e ao processo de fabricação também. A

Figura 13 ilustra a inter-relação de diversos materiais plásticos e suas propriedades,

vale ressaltar Rosato et. al. (2004) diz que os materiais presentes na Figura 13 não

possuem reforços em sua matriz e que o uso de reforços pode alterar

significativamente o desempenho do material e suas propriedades materiais,

conforme já foi citado anteriormente. Portanto, do ponto de vista do projeto de

materiais resistentes a riscos, é necessário destacar o balanço essencial entre a

rigidez e a alta resistência ao impacto que deve existir.

Figura 13 - O plástico com modificações pode ser movido para qualquer posição na figura atendendo

a diferentes requisitos.

Fonte: Adaptado de ROSATO; ROSATO; ROSATO (2004)

Quando se fala em materiais plásticos resistentes a riscos com ótimo

desempenho e qualidade, segundo Brydson (1999) estes devem apresentar rigidez,

dureza, resistência à deformação em longo prazo (creep), recuperação da

deformação ao aliviar o stress e resistência à degradação térmica.

Claramente existem outras propriedades materiais que necessitam ser

consideradas dependendo da região de aplicação da peça. No interior do veículo,

por exemplo, a resistência ao impacto, resistência a riscos e rigidez são

demandadas, todavia, baixo brilho, boa resistência à abrasão e resistência química,

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toque suave, níveis baixos de odor, excelente solidez na coloração também são

desejáveis. Ademais a possibilidade de moldar a peça na cor desejada é

perseguida, pois gera economia devido à eliminação do processo de pintura.

A avaliação de condições climáticas da mesma forma é especialmente

importante para peças plásticas no interior do veículo, pois além da resistência ao

risco o bom desempenho do material ao longo do tempo faz parte dos requisitos de

qualidade esperados pelo usuário.

Régula (2004) diz que parte destas condições inclui o uso de estabilizantes

UV, que evitam os desvios de tonalidade, a resistência do material ao calor, ou ainda

o enfoque em materiais com baixa emissão de formaldeídos (predominantemente

empregados no interior do veículo) e o uso de agentes para evitar o efeito fogging

(nebulização).

A Tabela 1 sumariza as propriedades que serão descritas neste capítulo,

conforme as suas normas e aplicação no veículo.

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Tabela 1 - Tabela de propriedades materiais

Item

Requisitos Técnicos Todas as

peças

Somente para peças

visíveis

Somente peças em contato com o ar

circulante na cabine de ocupantes

Peça exposta a condições climáticas

Peça sujeita a

transferência de energia Propriedades Normas

2.6.1 Dureza superficial ASTM D785, ISO 2039

x

2.6.2 Resistência a impacto

ASTM D 256, ASTM D6110, ISO 179, ISO

180

X

2.6.3 Módulo de flexão ASTM D790, ISO 178

X

2.6.4 Módulo de elasticidade

ASTM D638, ISO 527

x

2.6.5 Contração no molde ASTM D955, ISO 294-4

X

2.6.6 Absorção de umidade

ASTM D570, ISO 62 x

2.6.7 Índice de Fluidez ASTM D1238, ISO 1133

X

2.6.8 Deflexão sob ação de cargas

ASTM D648, ISO 75 x

2.6.9 Resistência UV, Intemperismo

ASTM D2565, ASTM D4329, , ISO 4892

x

2.6.10 Brilho (Brilho Especular)

ASTM D523, ISO 2813

x

2.6.11 Colorimétria x

2.6.12 Resistência a odor SAE J1351, VDA 270 X

2.6.13 Emissão de Formaldeídos

VDA 275 X

2.6.14 Emissão de Fogging, Componente Orgânico Volátil

ISO 6452, SAE J1756, VDA 278

X

2.6.15 Flamabilidade ASTM D635, FMVSS 302

X

2.6.16 Resistência Química ASTM D543, ISO 22088

x

2.6.17 Densidade ASTM D1505, ASTM D792, ISO 1183

X

2.6.18 Resistência a Fadiga ASTM D7774, ISO 13003

X

2.6.19 Resistência à deformação em longo prazo

ASTM D2990, ISO 899

x

Fonte: Autor (2017)

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43

2.6.1 Dureza superficial

A definição aceita de dureza que se refere ao plástico é a resistência à

penetração ou identação por outro corpo. Logo, a dureza geralmente é usada para

descrever a resistência da superfície do material a indentação, riscos ou marring

(riscos relativamente finos). Estes fenômenos são considerados estreitamente

relacionados (PROGELHOF; THRONE, 1993).

No entanto, de acordo com Dorneles Filho (2006) ao envolver a fluência e

resiliência para determinar a dureza, não é coerente comparar a dureza entre

diferentes materiais plásticos com este indicador somente. Segundo o mesmo autor,

a Dureza Rockwell deve ser analisada como parâmetro de resistência a risco e não

como métrica para condições de uso de material ou de resistência à abrasão. O

valor de dureza Rockwell, segundo a norma ASTM D785 (2015), está diretamente

relacionado à dureza de endentação de um material plástico, ou seja, quanto maior

o valor medido mais duro é o material.

Inúmeros instrumentos diferentes podem ser utilizados para medir a dureza

de identação. Eles diferem na forma e tamanho do identador e na magnitude e

duração da força aplicada. A penetração e deformação da superfície é fortemente

dependente da natureza viscoelástica do polímero. Vários testes de dureza podem

ser citados e as amostras são condicionadas de acordo com a norma ASTM D618.

Cabe destacar que cada sistema de medição possui vantagens e desvantagens,

portanto, a escolha por um método em particular, forma do indentador e natureza do

indicador irá depender principalmente do módulo do plástico (PROGELHOF;

THRONE, 1993).

O teste de Dureza Rockwell , descrito pelas normas ASTM D785 e ISO 2039,

é um dos mais conhecidos e inicialmente foi desenvolvido para metais. O seu

procedimento de identação consiste em na adição e remoção sucessiva de cargas

sobre um identador esférico na superfície plástica por determinados períodos,

conforme a Figura 14.

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44

Figura 14 - Teste de dureza

Fonte: LESKO (2004)

2.6.2 Resistência ao impacto (tenacidade)

A resistência ao impacto é um indicador da tenacidade do material e

representa a resistência de um material rígido submetido à deformação a uma

velocidade muito alta. O teste de resistência ao impacto se baseia na quantificação

da energia de impacto, sendo expressa em J/m e em cm.kgf/cm2. Os métodos

conhecidos para realizar o teste são Izod e Charpy, através do principio de absorção

da energia, com a energia potencial por meio de uma agulha com peso acima ou

pêndulo, sendo o teste de impacto por queda livre ou teste de impacto sob tração

(ver a Figura 15). Para o método de Izod, o corpo de prova injetado submete-se ao

impacto do pêndulo, onde um peso ajustável cai sobre o corpo de prova sob uma

altura fixa, até que a amostra seja deteriorada em 50%, então um entalhe simulando

uma trinca é efetuado neste corpo de prova. Enquanto o método sob tração submete

a amostra a deformação do pendulo a elevadas velocidades (CANEVALORO

JÚNIOR, 2006). Os procedimentos para realizar o teste de Izod estão descritos nas

normas ASTM D256 e ISO 180 e para o teste Charpy as normas são as ASTM

D6110 e ISO 179.

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45

Figura 15 - Testes de Izod e Charpy

Fonte: LESKO (2004)

A Figura 16 apresenta a influência do raio do entalhe em relação à resistência

ao impacto para vários materiais. Neste gráfico é possível observar a

susceptibilidade dos materiais Náilon e PVC ao entalhe em comparação aos outros.

O entalhe gerado na amostra representa a ação de uma força em um canto vivo de

uma peça.

Figura 16 - Influência do raio da ponta do entalhe na resistência ao impacto de alguns termoplásticos

(observar a escala logarítmica utilizada para expressar o raio).

Fonte: CANEVAROLO JÚNIOR (2006)

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46

A resistência ao impacto deve ser utilizada na seleção de materiais em

conjunto a outros requisitos, mas não como requisito único, pois Dorneles Filho

(2006) cita como exemplo, os materiais de Náilon e Poliacetal que possuem menor

resistência ao impacto (são sensíveis ao entalhe no método Izod), mas que,

entretanto, possuem excelentes propriedades mecânicas. Canevarolo Júnior (2006),

também recomenda para o processo de seleção de materiais a realização de

ensaios com solicitações sob impacto em materiais poliméricos que incluam choques

mecânicos em quedas ou batidas, assim como também a detecção de tendência à

fratura frágil sob impacto, pois agentes de concentração de tensão podem existir

devido a defeitos ou ao próprio projeto da peça, mesmo que estes mesmos materiais

sejam considerados dúcteis em testes em que taxas de deformação são baixa ou

moderada.

Brydson (1999) expõe como ponto relevante, o modo como à tenacidade é

influenciada pelo projeto do produto e pelo método de manufatura, assim como pela

temperatura também. Portanto, a propriedade não é simplesmente uma função da

estrutura do polímero ou um modo de tensão. Por exemplo, considerando dois

produtos A e B em que as moléculas estão randomicamente dispostas como em A e

alinhados como em B, conforme a Figura 17. Na amostra A não há indícios de

fraqueza, enquanto B ao ser atingido por um impacto no ponto P é mais provável

que uma falha ocorra ao longo de XY do que em outro ângulo em relação a essa

linha. Logo, para obter uma resistência considerada desejada, deve-se minimizar

essa orientação pelo fabricante, condições com concentração de tensão devem ser

evitadas desde o projeto até a sua fabricação.

Figura 17 - Orientação de moléculas, (A) randomicamente dispostas e (B) alinhadas

Fonte: BRYDSON (1999)

Enfatizando que a concentração de tensão tende a acontecer com a presença

de entalhes ou ângulos agudos ou de vazios ou orifícios, assim como com a inclusão

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47

de partículas. E a sensibilidade ao entalhe varia bastante conforme o polímero como

já foi mostrado na Figura 16 anteriormente. O fenômeno também pode propiciar a

propagação de trinca ou o aparecimento de fraturas por fadiga.

2.6.3 Módulo de flexão (rigidez)

Segundo Dorneles Filho (2006), grande parte das peças automotivas estão

expostas a esforços de flexão. O módulo elástico na flexão, normalmente retratado

como módulo inicial na deflexão da curva de carga, ocorre quando uma peça sofre

uma deflexão entre dois apoios, em grande parte dos casos o componente possui

secção transversal retangular, e durante este fenômeno é possível identificar

determinada superfície do material deformada em tração e a outra superfície sob

compressão, até o instante em que o eixo neutro ou linha de tensão zero é atingida.

O ensaio do módulo de flexão é importante para definir um material que

possua elevada rigidez mecânica, pois é fundamental preponderar o módulo

elástico, que corresponde a uma medida da rigidez material (DORNELES FILHO,

2006).

O procedimento para os ensaios de flexão é descrito nas normas ASTM D790

e ISO 178. Neste ensaio utiliza-se uma barra do plástico a ser testado e, após apoiar

o material utilizando-se um aparato com três pontos de fixação, aplica-se uma força

no meio da amostra até quebrá-la ou dobrá-la à uma distância específica, conforme

mostra a Figura 18.

Figura 18 – Teste de flexão.

Fonte: APM TESTING (2017).

Em adição é importante destacar que a quantidade, o tipo de reforços ou

carga irá influenciar na rigidez mecânica do material, pois Dorneles Filho (2006) cita

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48

que a rigidez mecânica será maior mediante a elevada presença de cargas ou

reforços.

2.6.4 Módulo de elasticidade (resistência à tração)

Conhecida também como resistência a tração na ruptura, os métodos de

ensaio para resistência à tração seguem as normas ASTM D638 e ISO 527 e os

valores são expressos em MPa, Pa, N/m2, kgf/mm2. No teste de resistência à tração

é avaliada a tenacidade do material, pela carga aplicada ao material por unidade de

área, no instante da ruptura. Em relação aos polímeros é interessante salientar que

estes possuem valores de resistência à tração que são considerados baixos, quando

comparados aos metais (MANO, 1991).

A resistência à tração abrange 3 diferentes fenômenos, a tensão de

escoamento (N/mm2), a tensão no ponto de ruptura para fratura em zona plástica

(tenacidade) e a máxima tensão para a fratura instantânea (DORNELES FILHO,

2006).

De acordo com Dorneles Filho (2006), a relação entre a tensão aplicada e a

deformação resultante no corpo de prova, conhecida como o módulo de tração ou

módulo elástico se apresenta de modo linear e proporcional à tensão. Este módulo é

uma medida de rigidez do material polimérico e indica alta resistência mecânica.

Logo, o comportamento esperado para polímeros para aplicação automotivas deve

ser semelhante ao módulo medido na Figura 19, em que a resistência é maior

quando o módulo apresenta valor maior também.

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49

Figura 19 - Significados do ensaio de tração

Fonte: TICONA (2006 apud DORNELES FILHO, 2006)

2.6.5 Contração no molde

No molde por injeção a diferença entre as dimensões da cavidade do molde e

a peça moldada pode variar de acordo com o projeto do molde e a operação do

processo de moldagem. Fatores como molde, temperatura de fusão, tempo de

preenchimento e condições de embalagem são conhecidos por afetar a contração

significativamente. No molde por compressão, a diferença entre as dimensões da

cavidade do molde e a peça moldada pode variar de acordo com o projeto do molde

e operação do processo de moldagem. Conforme ASTM D955 (2014), fatores como

a quantidade de material em carga, tempo de resfriamento e pressão de aplicação

são conhecidos por afetar significativamente a contração. O procedimento para

avaliar a contração dos plásticos está descrito nas normas ASTM D955 e ISO 294.

Com base nos dados mencionados anteriormente, Lokensgard (2004)

também afirma que a manutenção das tolerâncias dimensionais da peça está

intimamente relacionada com o fenômeno de contração. Tolerâncias dimensionais

de única cavidade de elementos moldados devem ser mantidos em ± 0,05 mm/mm

[± 0,002 in./in.] ou em valores ainda menores para os plásticos selecionados. Erros

em ferramental, variações na contração entre multicavidades das peças, incluindo

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50

diferenças em temperatura, carga e pressão de cavidade a cavidade podem

aumentar todas as tolerâncias dimensionais dos moldes multicavidades. Por

exemplo, na hipótese de o número de cavidades aumentar para 50, a tolerância

prática mais próxima pode ser então de ± 0,025 mm/mm [± 0,010 in./in.]. De acordo

com MortonJones (1989), polímeros semicristalinos contraem entre 1 a 4% e

polímeros amorfos apresentam valores na faixa de 0,3 a 0,7%.

Dentro desta perspectiva, padrões de tolerância tem sido estabelecidos por

moldadores técnicos especializados e pelo Comitê de Normas da Sociedade da

Indústria Plástica (Standards Committee of Society of the Plastics Industry, Inc.).

Essas normas estabelecidas são usadas somente como um guia para a definição do

material plástico e o projeto. Sendo assim, existem três classes de tolerâncias

dimensionais para peças plásticas moldadas (expressas em in./in. ou mm/mm), a

primeira é a tolerância fina, definida como o limite possível mais estreito da variação

possível. A segunda é conhecida como tolerância padrão, que representa a

dimensão de controle médios que podem ser obtidos no processo de manufatura. E

por fim, a tolerância grosseira em que peças não consideram a precisão dimensional

como fator critico ou primordial (LOKENSGARD, 2004). A Tabela 2 retrata a

classificação mencionada anteriormente, exibindo valores de contração no molde de

vários materiais plásticos.

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51

Tabela 2 - Considerações de projeto

Plásticos

Contração Molde Linear,

mm/mm Fina

Tolerância Dimensão Prática mm/mm (Única

Cavidade) Padrão Grosseira

Graus

Fina Padrão Grosseira

ABS 0.127-0.203 0.051 0.102 0.152 0.25 0.50 1.00

Acetal 0.508-0.635 0.102 0.152 0.229 0.50 0.75 1.00

Acrílico 0.025-0.102 0.076 0.127 0.178 0.25 0.75 1.25

Alquídico (preenchimento) 0.102-0.203 0.051 0.102 0.127 0.25 0.50 1.00

Amino (com preenchimento) 0.279-0.305 0.051 0.076 0.102 0.125 0.50 1.00

Celulósico 0.076-0.254 0.076 0.127 0.178 0.125 0.50 1.00

Poliéter clorado 0.102-0.152 0.102 0.152 0.229 0.25 0.50 1.00

Epóxi 0.025-0.102 0.051 0.102 0.152 0.25 0.50 1.00

Fluoroplástico (CTFE) 0.254-0.381 0.051 0.076 0.127 0.25 0.50 1.00

Ionômero 0.076-0.508 0.076 0.102 0.152 0.50 1.00 2.00

Poliamida (6.6) 0.203-0.381 0.127 0.178 0.279 0.125 0.25 0.50

Fenólico (com prenchimento) 0.102-0.229 0.038 0.051 0.064 0.125 0.50 1.00

Óxido de fenileno 0.025-0.152 0.051 0.102 0.152 0.25 0.50 1.00

Policarbonato 0.127-0.178 0.076 0.152 0.203 0.25 0.50 1.00

Poliéster (termoplástico) 0.076-0.457 0.051 0.102 0.152 0.25 0.50 1.00

Polietileno (alta densidade) 0.508-1.270 0.076 0.127 0.178 0.50 0.75 1.50

Polipropileno 0.254-0.635 0.076 0.127 0.178 1.00 1.50 2.00

Poliestireno 0.025-0.152 0.051 0.102 0.152 0.25 0.50 1.00

Polissulfona 0.152-0.178 0.102 0.127 0.152 0.25 0.50 1.00

Poliuretano 0.254-0.508 0.051 0.102 0.152 0.25 0.50 1.00

Poli vinil (PVC) (rígido) 0.025-0.127 0.051 0.102 0.152 0.25 0.50 1.00

Silicone 0.127-0.152 0.051 0.102 0.152 0.125 0.25 0.50

Fonte: Adaptado de LOKENSGARD, 2004

2.6.6 Absorção de umidade

A higroscopia é a capacidade de que determinados materiais possuem de

absorver água. As normas ASTM D570 e ISO 62 descrevem o procedimento de

teste para quantificar a taxa de absorção de água, sendo este valor expresso em

porcentagem.

Bielecki, Chang e Poorman (2004) afirmam ser conhecido o fato de que

plásticos expostos à atmosfera estão propensos à umidade desde o processo de

moldagem dos produtos plásticos. Como consequência disso, a etapa de secagem é

fortemente recomendada para o processo de moldagem plástica por injeção. E

quando este processo é insuficiente ou mesmo omitido, pode ser atribuída à

umidade a responsabilidade das imperfeições nas peças finais.

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52

De acordo com a norma ASTM D570 (2010), a quantidade de água absorvida

por um plástico está intimamente relacionada com o desempenho de suas

propriedades como isolação, perdas dielétricas, força mecânica, aparência e

dimensões. Um dos processos de degradação material é conhecido como hidrólise,

processo em que a quebra das cadeias de polímeros é provocada pela presença da

água, que por fim diminui o peso molecular médio e as propriedades mecânicas.

Desta forma, a condição de degradação hidrolítica necessita ser observada em

projetos em que exista prolongada exposição à umidade, pois longos períodos de

exposição em elevadas temperaturas e/ou cargas intensificam o ataque hidrolítico

(LESKO, 2004).

Logo, a minimização do vapor de água em peças automotivas é importante

para os fabricantes de veículos, pois peças como as lâmpadas automotivas, são

afetadas em seu desempenho fotométrico e na aparência apresentada ao cliente

final. Deste modo, é considerada a quantidade máxima absorvida de água de 0,4%

pela maioria dos plásticos em condições de equilíbrio (BIELECKI; CHANG;

POORMAN, 2004).

2.6.7 Índice de fluidez

O índice de fluidez é um parâmetro empiricamente definido e é muito útil para

classificar termoplásticos e seu controle de qualidade, por exemplo, em determinar

muita consistência da resina. O índice de fluidez opera em taxa baixa de

cisalhamento, para baixo índice de fluidez valores na taxa de 0.3 a 20,

correspondendo a taxa de cisalhamento iniciando de 1 a 50 s-1. (MATHUR;

BHARDWAJ, 2003)

As normas ASTM D1238 e ISO 1133 descrevem os métodos de teste

disponíveis para medição do índice de fluidez. Neste teste a resina plástica é

extrutada através de um forjado com um comprimento e diâmetro de orifício

específicos e sobre condições pré-determinadas de temperatura, carga e posição do

pistão (ver Figura 20).

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Figura 20 – Equipamento para teste do índice de fluidez.

Fonte: ASTM D1238 (2013)

2.6.8 Deflexão sob ação de cargas

Este parâmetro é um dos mais importantes para especificação de material em

várias aplicações e, em especial para veículos, pois o automóvel fica exposto aos

raios solares durante a sua utilização ou quando se encontra estacionado, podendo

atingir temperaturas de até 70 ̊C, conforme demonstraram os trabalhos de McLaren,

C.; Null, J.; Quinn, J. (2005), Fedoruka; Kergerb (2003) e Grundstein, Meentemeyer e

Dowd (2009).

O teste de temperatura de deflexão sob ação de cargas (Deflection

Temperature of Plastics Under Flexural Load - DTUL) foi originalmente chamado de

Heat Distortion Test, Teste de Distorção do Calor. A proposta era fornecer uma

forma de o projetista obter uma classificação de polímeros para aplicações de altas

temperaturas (PROGELHOF; TRHONE, 1993).

Segundo Lesko (2004), o teste é relativamente simples, , onde uma barra de

teste é apoiada sobre suportes e é carregada até uma determinada tensão.

Enquanto a câmera de teste eleva a sua temperatura em 2 °C por minuto, até o

momento em que a carga flexione a barra em 0,010 polegada adicional, de acordo

com a Figura 21.

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54

Figura 21 - Teste de deflexão

Fonte: LESKO (2004)

Os procedimentos para realizar o teste estão descritos nas normas ASTM

D648 e ISO 75. Contudo, deve-se destacar que os resultados do método proposto

pela ASTM D648 não deve ser comparado com os resultados obtidos através da

ISO 75.

2.6.9 Resistência a radiação ultravioleta (intempérismo)

A habilidade de um material plástico de resistir à deterioração das

propriedades elétrica, mecânica e ópticas causadas pela exposição à luz, calor e

água pode ser muito significante para várias aplicações. Essa prática é desejada

com a finalidade de induzir mudanças de propriedades associadas com as

condições do uso final do produto, incluindo os efeitos da luz solar, absorção de

umidade e calor (ASTM D2565, 2016).

Materiais com estabilizante para radiação ultra-violeta (UV) diminuem e

desaceleram o processo de degradação produzida pela radiação UV ao longo do

uso do produto. Rabello (2011) enfatiza que esta é a mais nociva aos polímeros.

Peças plásticas veiculares estão expostas especialmente à condições

adversas do ambiente, por exemplo, longos períodos de exposição aos raios solares

em elevadas temperaturas, que podem afetar negativamente o desempenho do

material. Em virtude disso, Rabello (2011) explica que os fenômenos de

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55

envelhecimento provenientes dessa exposição à radiação UV (comprimento de onda

mínimo de 290 nm já resultante do filtro da camada de ozônio) produzem uma

excitação eletrônica em grupos específicos dos polímeros, que podem provocar uma

cisão molecular. Logo, o processo de fotooxidação (processo com características

similares ao da oxidação, com exceção da etapa inicial) inicia-se na presença de

oxigênio como pode ser verificado na Figura 22.

Figura 22 - Representação esquemática da etapa de iniciação da fotooxidação

Fonte: Adaptado de RABELLO (2011)

A absorção de radiação UV do material é dependente da sensibilidade

espectral. Portanto, um comprimento de onda específico irá incidir sobre cada

material e conforme a quantidade de energia absorvida haverá a cisão homolítica da

cadeia polimérica nos pontos em que houver maior susceptibilidade para isto

(RABELLO, 2011). A Tabela 3 reúne alguns polímeros comerciais e sua respectiva

sensibilidade espectral.

Tabela 3 - Sensibilidade espectral de alguns polímeros comerciais

Polímero Sensibilidade espectral (nm)

PET <315

PE <250

PC 280-305; 330-360

PP <250

PA aromática <470

PPO 370 Fonte: DAVIS e SIMS (1983 apud RABELLO, 2011)

Rabello (2011) diz que além da sensibilidade espectral do polímero, outro

fator determinante na degradação fotooxidativa é a temperatura de exposição da

superficie do material, que é influenciada pela cor da superfície, ou seja, do

pigmento utilizado, pois existem pigmentos que trabalham como absorvedores de

radiação UV (por exemplo, o azul de ftalocianina) e aumentam a vida útil do material,

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56

enquanto outros pigmentos como o vermelho de manganês no polietileno, agilizam o

processo de degração.

Convém mencionar os principais fatores que influenciam na velocidade da

fotodegradação, segundo Rabello (2011):

Condições ambientais (intensidade e composição espectral da radiação solar

UV, temperatura, umidade e outros componentes atmosféricos);

Estrutura física e química do material (sensibilidade espectral, reatividade,

difusão de oxigênio e outras espécies reativas, etc);

Composição (Inibidores de fotooxidação e aditivos fotosensíveis)

Degradação oxidativa anterior;

Condições de síntese (resíduos de catalisadores e outros grupos cromóforos);

Transmissão de radiação UV por meio de amostrar espessas (delimita o perfil

de degradação).

Contudo, as mudanças nas propriedades de materiais plásticos podem ser

amenizadas pela adição de aditivos com a finalidade de proteção do polímero. Estes

estabilizantes são denominados como fotoestabilizantes, sendo classificados em:

Absorvedores de UV;

Antioxidantes primários;

Antioxidantes secundários;

Desativadores de estados excitados;

Bloqueadores de UV;

Desativadores de metais.

Existem duas fontes de luz para simular o espectro de luz natural para teste

de intempéries acelerado: lâmpada fluorescente, descrito pelas normas ASTM

D4329 e ISO 4892, ou de xenônio, padronizados pelas normas ASTM D2565 e ISO

4892.

Lâmpadas de xenônio são indicadas para reproduzir o espectro de luz visível

e comprimentos de ondas mais longos. Em contraste, a lâmpada fluorescente é mais

eficaz para reproduzir o espectro de ondas menores do que 365 nanômetros. Como

a região do espectro que causa maiores danos para os polímeros é a de ondas

curtas, é esperado que o método que utiliza lâmpada fluorescente é o mais indicado

para simular os efeitos da radiação UV (FEDOR; BRENNAN, 1996).

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57

2.6.10 Brilho (brilho especular)

A percepção do brilho está associada a forma como um objeto reflete luz

branca em vários ângulos de observação, particularmente a luz refletida próxima ao

ângulo especular (MIRJALILI; MORADIAN; AMERI, 2014).

Nanna (1997) expõe as dificuldades relacionadas ao brilho e reflexo de

superficies de interior automotivas. Pois quando este possui níveis fora da

especificação, representa problemas aos usuários e para os fabricantes. Por

exemplo, os reflexos no parabrisa podem variar desde irritações menores (cansaço

nos olhos) até preocupações maiores de segurança. Outro ponto significativo refere-

se também a adequação (matching) dos inúmeros componentes de interior

produzidos por diferentes empresas, podendo gerar problemas.

O brilho é medido com o equipamento chamado glossímetro, suas unidades

são expressas em GU (unidades de brilho), conforme a Figura 23. E as condições

ambientais (intempéries), riscos ou abrasividade da superficie podem impactar no

brilho. As normas ASTM D523 e ISO 2813 guiam os testes de medição da taxa de

brilho. Quatro variáveis afetam diretamente o brilho, sendo estas, a superfície

topográfica (ou textura), o comprimento de onda, o ângulo incidente de luz e o índice

de refração do material. São três ângulos de incidência (20°, 60° e 85°) para

medição de brilho (PISCIOTTI, BOLDIZAR; RIGDAHL, 2005).

Figura 23 - Diagrama esquemático de um glossímetro (a) e micro-TRI-gloss, glossímetro (b)

Fonte: STREITBERGER; DOSSEL (2008)

2.6.11 Colorimétria

A cor é percebida pela emissão, reflexão ou transmissão da radiação

eletromagnética, na faixa visível de 380 a 780nm, de um objeto. Com base nas

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mediações visuais ou de percepção, as cores configuram um sistema de ordenação

de cores apresentado em três características: a tonalidade ("hue"), a luminosidade

("value") e a saturação ou croma ("chroma"). A averiguação das cores é muito

importante, pois pode ocorrer alteração da cor ao longo do tempo. Isso dependerá

dos corantes, pigmentos ou substrato, além da forma de armazenagem, que pode

acarretar em mudanças perceptíveis após semanas, meses ou anos. Esse exame

das cores pode ser de forma visual ou instrumental e em ambos os casos existe a

necessidade de comparação (RÉGULA, 2004).

Régula (2004) diz que no controle visual, deve-se observar que a amostra real

considerada como padrão não é permanente. Além disso, existe uma dificuldade em

sua reprodução em quantidade adequada e com reprodutibilidade aceitável. E

apesar do uso de coleções de cores padrões nas indústrias, pode haver ainda uma

diferença entre amostras inclusive da mesma edição. Enquanto, no controle virtual

se faz necessário definir o efeito da estrutura da amostra (não apresentada pelos

valores de refletância) na cor percebida e os limites de tolerância permissíveis na

iluminação primária, a luz do dia, assim como nas iluminações fluorescente e

incandescente.

A influência do fenômeno da Metameria também afeta a tolerância

colorimétrica, por conta disso, a indústria da cor tenta reduzir os seus efeitos.

Segundo Régula (2004), a metameria é definida como o fenômeno que ocorre

quando duas superfícies coloridas são consideradas semelhantes sob o mesmo

iluminante, mas diferentes sob outro iluminante. Um exemplo do fenômeno descrito

é mostrado logo na Figura 24.

Figura 24 – Fenômeno da metameria

Fonte: BASF (2017)

Existem diversas causas que contribuem para o aparecimento da metameria.

Por exemplo, se a composição da cor base e/ou pigmento não corresponde ao

pigmento da composição da tinta original, ou a mistura de uma sombra de cor

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59

desconhecida (onde nenhuma fórmula da mistura está disponível) sem avaliar a

sombra sob diferentes formas de luzes antes do uso, ou ainda o tingimento de uma

cor sem a referência da base de cores usadas na formulação original da cor (BASF,

2017).

2.6.12 Resistência a odor

Vários fabricantes de veículos na Europa necessitam avaliar a qualidade do ar

no interior do automóvel (Vehicle interior air quality - VIAQ), examinando os níveis de

emissões de materiais de acordo com as normas pertinentes. Emissões oriundas de

peças plásticas utilizadas no interior do veículo podem contribuir para um odor

intenso.

O teste de odor baseado na norma VDA 270 é realizado para avaliar as

características de odor sob a influência de temperatura e clima. A norma VDA 270

(1992) diz que o teste é realizado nos materiais do interior de um veículo motorizado

e também nas peças em contato com o ar introduzido para o interior do automóvel.

Como o odor é uma propriedade difícil de quantificar, os resultados deste teste são

distinguidos de acordo com a seguinte escala, 1 (não perceptível) até 6 (não

aceitável), como a Tabela 4 ilustra.

Tabela 4 - Escala do teste olfativo

Escala de Avaliação

Grau 1 Não perceptível

Grau 2 Perceptível, não perturbador

Grau 3 Claramente perceptível não perturbador

Grau 4 Perturbador

Grau 5 Fortemente perturbador

Grau 6 Não aceitável Fonte: VDA 270 (1992)

A taxa média da intensidade de odor deve ser inferior a 3 (claramente

perceptível, mas não perturbador) para estar dentro dos limites de aceitação nos

testes (HENNEUSE-BOXUS; PACARY, 2003).

Outro teste olfativo similar é conduzido conforme a norma SAE J1351. As

montadoras também possuem suas normas internas relacionadas ao assunto,

VW/Audi – PV 3900, GM/Opel – GME 60276/GMW 3205, Ford – BO 131-01, PSA –

D10 5517, Toyota – TSM 0505G.

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2.6.13 Emissão de formaldeído

A norma VDA 275 refere-se à propriedade sobre os níveis de emissões de

formaldeído, com a finalidade de delimitar esse gás de odor penetrante. O National

Center for Biotechnology Information - NCBI (2010) evidenciou que este gás causa

os seguintes efeitos na saúde: alergia, asma, irritação das vias aéreas, irritação dos

olhos, inflamação, efeitos pulmonares, entre outros.

De acordo com Callis (2003), existe uma tendência grande em eliminar o odor

na cabine do carro, que incluem medidas como filtros de odor ou a restrição de odor

a determinadas peças. No entanto, este odor é proveniente do processamento do

material, como o poliacetal, por exemplo. Neste processo o formaldeído residual

liberado pelo poliacetal permanece na peça. A pigmentação influência na emissão

de formaldeído, especialmente para cores de interior, a paleta de cinzas. Então é

necessário um processamento avançado para evitar esse inconveniente.

O teste padronizado pela norma VDA 275 consiste em medir o teor de

formaldeído residual de uma peça moldada. A amostra é colocada em um frasco

com água e devido a enorme solubilidade do formaldeído com a água, ocorre uma

transferência para o líquido. De acordo com os requisitos do teste é realizada a

medição do teor que ainda está presente no corpo de prova. (CALLIS, 2003).

Testes similares ao VDA 275, também são encontradas na condição de

norma interna nos seguintes fabricantes de veículos, GM (GMW 15635), VW/Audi

(PV 3925) e BMW (AA 0061). Enquanto outras grandes empresas como Daimler

Chrysler e FORD consideram a própria VDA 275 como norma obrigatória.

2.6.14 Emissão de FOG, componente orgânico volátil (VOC)

A quantidade de emissões de gases de Compostos Orgânicos Voláteis (VOC

- Volatile Organic Compound) e substâncias condensáveis (FOG) também devem

ser controladas e são avaliadas conforme a VDA 278.

Segundo Henneuse-Boxus e Pacary (2003), a técnica de dessorção térmica é

utilizada para determinar VOCs, em que a amostra é fechada em um tubo de vidro

vazio e aquecida por 30 minutos em 90 ̊C. E depois um novo ciclo se inicia para

verificar o potencial de condensação, a amostra é aquecida por 60 minutos a uma

temperatura de 120 C̊. Os gases voláteis desorvidos são coletados então e

transferidos para quantificação e identificação pela espectrometria de massa.

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61

Além da VDA 278, as normativas SAE J1756, ISO 6452, DIN 75201 também

são referentes à determinação de características de nebulização nos materiais. Nos

testes realizados, a quantidade de partículas condensáveis a partir das leituras do

glossímetro é realizada, a perda de peso da amostra de teste é calculada.

2.6.15 Resistência a chamas (flamabilidade)

Os automóveis são o tipo de veículo mais propensos a queima, sendo

considerado como causas primárias do fogo, defeitos mecânicos e falhas no projeto.

Portanto, é necessário entender previamente como funciona a reação química do

fogo, que requer três componentes, calor, oxigênio e combustível. Sendo o calor

mais conhecido como a fonte da ignição, seja por faísca elétrica ou calor radiante,

enquanto o oxigênio é fornecido pela atmosfera e o combustível é o plástico. Então,

durante o processo de queima (conhecido como pirólise) o plástico se quebra em

pequenas moléculas (monômeros) tornando-o mais inflamável. Logo, o retardante

de chamas é uma substância que surge com a finalidade de interferir no processo de

queima pela remoção de um ou mais de três componentes necessários para

sustentar a combustão (EDENBURN, 2001).

A capacidade de resistir ao fogo é melhorada pela incorporação de aditivos na

matriz, com a exceção de poucas resinas resistentes a chamas. É importante

salientar a atenção devida a especificação do grau de retardo a chamas, pois isto

acarreta em custos maiores e problemas de moldagem e ainda em uma menor

resistência mecânica (LESKO, 2004).

De acordo com Edenburn (2001), existem três tipos de retardadores de

chamas químicos em uso comercial, halogênios (bromo, cloro, flúor), fósforo

(normalmente combinados com nitrogênio) e inorgânicos (minerais contendo água

ligada quimicamente em sua estrutura).

Uma das normas automotivas pertinente a resistência a chamas é a FMVSS

302, em que o teste executado se baseia em submeter uma amostra a uma chama,

e a taxa de propagação da chama é determinada ao longo do comprimento medido.

Neste teste, o material será avaliado como resistente a chamas se a taxa máxima

permitida de propagação da chama não exceder 101,6 mm/min (FMVSS, 1972 apud

RAULT; GIRAUD; SALAUN; ALMERAS, 2015).

Outra norma utilizada é a ASTM D635. Essa norma foi desenvolvida para

materiais poliméricos e o resultado é uma indicação preliminar da aceptibilidade

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com relação a flamibilidade. O procedimento estabelecido pela ASTM D635 compara

a taxa de propagação da chama ou o tempo de queima ou ambos.

2.6.16 Resistência química

Polímeros frequentemente são considerados para aplicações em ambientes

agressivos, onde metais, cerâmicas ou materiais naturais como a madeira ou fibras

orgânicas naturais podem ter um desempenho inadequado, às vezes sendo muito

custosas ou também muito pesadas.

Dentro deste contexto, um dos pontos fortes dos polímeros é o fato de serem

impermeáveis ao solvente, destacando que a solvência é um efeito físico primário,

que consiste na separação das moléculas de polímeros por pequenas moléculas de

solvente. Contudo, é importante evidenciar a existência de alguns solventes que são

suficientemente tão agressivos que podem até mesmo romper a estrutura do

polímero. Estes reagentes podem estar presentes em agentes de limpeza, tintas e

lubrificantes, por exemplo. E o efeito da ação destas substâncias químicas é o

ataque na estrutura polimérica, resultando na redução do peso molecular do

polímero e, portanto reduzindo o seu desempenho mecânico (PROGELHOF;

THRONE, 1993).

Cabe enfatizar que a sistemática adotada por grande parte dos usuários de

veículos é de realizar a sua limpeza com produtos abrasivos e com silicone. Devido

a isso é relevante assegurar à resistência química dos materiais plásticos utilizados

nos automóveis. Além disso, Lesko (2004) também declara que variações mesmo

que reduzidas nos níveis de tensão em uma peça, como as produzidas pela redução

no raio de curvatura podem provocar falhas quando esta peça é exposta a um

ataque químico.

Portanto, o teste de resistência quimica tem por finalidade avaliar o

comportamento do material quando exposto a diferentes reagentes químicos, a fim

de simular as condições de uso do material plástico. Logo, são verificados

alterações de peso, dimensões, resistência mecânica, deformações sob carga em

função do tempo para determinar se o polímero é resistente ao ataque ou não

(DORNELES FILHO, 2006).

As normas utilizadas como referência para realizar o ensaio de resistência

química são a ASTM D543 e a ISO 22088. Contudo, vale ressaltar que, apesar das

normas terem o mesmo objetivo, os resultados desses dois métodos não devem ser

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comparados. Como resultados para materiais com boa resistência química são

esperados que nenhuma alteração no grau de brilho se desenvolva ou então que

não apareçam manchas que não possam ser removidas com um pano molhado.

2.6.17 Densidade

Rosato el al (2001) definem a densidade absoluta como sendo, a massa de

qualquer substância por unidade de volume de um material. Geralmente, essa

propriedade é expressa em gramas por centímetro cúbico (g/cm3) ou quilograma por

metro cúbico (kg/m³). É frequentemente usada como atributo integrante dos

requisitos de especificação para materiais plásticos. Enquanto, que a gravidade

específica de acordo com os mesmos autores (ROSATO et al, 2001) é a taxa da

massa no ar de um dado volume comparado a massa de mesmo volume na água.

Tanto a densidade como a gravidade específica são medidas de acordo com

a temperatura da sala (23°C). A gravidade específica é adimensional e a mesma é

utilizada extensivamente para a determinação de custos de produtos versus

espessura média do produto, peso do produto, controle de qualidade e etc.

A taxa de valores para gravidade específica para plásticos é extensa, o

polipropileno por exemplo é de 0,9 e termofixos com cargas de fibra de vidro ou

mineral podem exceder 2,0. (MUCCIO, 1997).

Sendo assim, a escolha por materiais plásticos que possuem baixa densidade

é considerado um ótimo atributo, pois resultará em menor peso e logo, em menor

consumo de combustível também.

Além disso, mudanças na densidade podem também afetar algumas

propriedades mecânicas. Em materiais como polietileno (PE), a densidade tem um

efeito direto em propriedades como rigidez e permeabilidade a gases e líquidos.

A ASTM D792 fornece a relação de densidade e gravidade específica em

23°C, conforme se apresenta na Equação 3 (ROSATO et al, 2001).

Densidade, g/cc = Gravidade específica x 0,9975 (3)

Outra norma equivalente a ASTM D792 é a ISO 1183. Todavia, a fim de

realizar uma medição mais precisa (< 0,05%), a densidade pode ser determinada

conforme a norma ASTM D1505.

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64

2.6.18 Resistência à fadiga

Mano (1991) menciona que a resistência à fadiga ou resistência à flexão

dinâmica representa a tensão máxima atingida alternadamente como tração e

compressão que determinado material é capaz de resistir quando o corpo de prova é

submetido a dobramentos e desdobramentos sucessivos.

Muitos estudos foram realizados para determinar a vida em fadiga de

componentes metálicos. No entanto, há pouca pesquisa com foco nas

características em fadiga dos plásticos, apesar da larga aplicação desse material na

indústria. De acordo com a norma ASTM D7774 (2017), a resposta em fadiga não é

idêntica para todos os plásticos. Por exemplo, se um plástico não tem uma região

elástica, onde a tensão é reversível, a deformação do plástico irá ocorrer durante o

teste de fadiga, causando uma amplificação da carga programada ou deformação

durante o ensaio. Neste caso, deve-se tomar cuidado na análise dos resultados pois

geralmente não é um indicativo da propriedade em fadiga do material.

As normas ASTM D7774 e ISO 13003 estabelecem os procedimentos a

serem utilizados para realizar os testes de fadiga. Entretanto, os resultados da

ASTM D774 e ISO 13003 são distintos e não devem ser comparados. Além disso, a

norma ASTM D7774 possui dois procedimentos de teste diferentes: com 3 pontos

(ver Figura 25) ou 4 pontos, Figura 26, de flexão.

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Figura 25 – Teste de fadiga com 3 pontos de flexão.

Fonte: ASTM D7774 (2017)

Figura 26 - Teste de fadiga com 4 pontos de flexão.

Fonte: ASTM D7774 (2017)

Outro ponto que dificulta a análise do comportamento dos materiais em fadiga

é o elevado número de fatores que podem afetar essa propriedade. Segundo a ASM

International (2008), uma fratura por fadiga pode ocorrer bem no começo da vida em

serviço do componente através da formação de uma pequena trinca, geralmente em

um ponto na superfície externa, devido à presença de defeitos como rugosidade

superficial ou existência de pontos de concentração de tensão, que se originam

devido à forma geométrica da peça ou do processo de manufatura, como por

exemplo, tensões residuais introduzidas pelo tratamento térmico. Além disso, outro

fator que contribui para propagação da trinca é a formação de corrosão.

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Logo, como os componentes mecânicos possuem uma variedade grande de

fatores geométricos que podem gerar um espectro amplo de gradientes de tensão, o

ideal é que se realizem testes com a peça a ser utilizada para se estabelecer o

comportamento em fadiga do material selecionado.

2.6.19 Resistência à deformação em longo prazo (fluência ou creep)

Canevarolo Júnior (2006) diz que a interdependência das propriedades

mecânicas ao longo do tempo é uma particularidade substancial dos polímeros. Esta

relação ocorre através do fenômeno conhecido como fluência, em que um corpo de

prova de material polimérico é sujeito a um peso constante, neste processo haverá

uma deformação continua ao decorrer do tempo, seja sob tração, flexão ou

compressão.

Termoplásticos são particularmente propensos a problemas de fluência que é

o fluxo do polímero sólido por períodos longos de tempo. Os reforços reduzem a

fluência de polímeros sólidos. Os melhores tipos de preenchimentos que reduzem a

fluencia são aqueles que são altamente anisotrópicos e também aqueles que são

bem ligados ao polímero. A boa interação pode ser devido a alta superfície de área,

como nanoparticulas ou através de interação intriseca entre o polímero e o

preenchimento da superficie, ou por ultimo pelo uso de agentes de acoplamento. A

efetividade do acoplamento é especialmente importante para prevenir a fluência em

elevadas temperaturas e quando o modo esta presente, como estes fatores tendem

a interferir na adesão do preenchimento ao polímero (BRYDSON, 1999).

Para o ensaio de fluência, o corpo de prova é sujeito a uma tensão constante,

então a deformação produzida pode ser constatada. No caso dos polímeros a

melhor identificação do fenômeno de fluência é obtida pelo emprego do modelo de

Voigt (conforme a Figura 27). A fim de relaxar a tensão aplicada, as moléculas ao

serem requisitadas, escoam umas sobre as outras por causa de sua mobilidade

natural, o que produz em um aumento de deformação continua ao longo do tempo.

O emprego deste modelo produz a curva de fluência da Figura 28, que expõe a

relação exponencial entre a deformação ε e o tempo t (CANEVAROLO JÚNIOR,

2006). É importante mencionar que as curvas de fluência não dependem da

temperatura, umidade e presença de solventes na atmosfera, além da tensão.

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Figura 27 - Modelo de Voigt-Maxwell

Fonte: LESKO (2004)

Figura 28 - a) Curvas de fluência calculadas segundo o modelo de Voigt, apresentadas em escala

linear e logarítmica

Fonte: Adaptado de CANEVAROLO JÚNIOR (2006)

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As normas ASTM D2990 e ISO 899 estabelecem as condições e

procedimentos para medir a deformação sob carregamento constante durante

período mínimo de 1000 horas.

2.7 PROCESSOS

Os processos de fabricação de materiais plásticos constituem relações

complexas que englobam desde a análise de custo, dificuldades relacionadas a

manufatura, ao volume produtivo e ainda questões ambientais referentes ao material

também. Além disso, a indústria automobilística possui uma série de critérios e

legislações que devem ser atendidos, que permeiam requisitos de desempenho,

segurança e qualidade do produto.

Em adição, é essencial dizer que a seleção final do produto às vezes irá

considerar os melhores processos de fabricação para o produto em questão.

Algumas necessidades de determinados elementos no produto como fina seção,

encaixes longos e delicados, requisitos de concentricidade exata, transparência e/ou

extrema precisão de dimensões, torna certa técnica de fabricação mais desejável

que outras. Portanto, alterar o procedimento usual de seleção é frequentemente

necessário para determinar o material a ser usado e especificar o processo e a

técnica a ser empregada antes do projeto final do produto (ROSATO; ROSATO;

ROSATO, 2004).

E como mencionado, Ghassemieh (2011) indica que a escolha específica de

um método depende do custo e dos requisitos do componente a ser produzido.

Deste modo, para garantir métodos com taxa produtiva elevada, pode-se buscar

ciclos com menor duração ou a maior integração de peças. Além disso, outro fator a

ser preponderado é a possibilidade de conceber um projeto com uma quantidade

menor de componentes no veículo, visando custos menores associados ao

ferramental, ou ainda aproveitar as mesmas ferramentas para outros modelos.

Plásticos normalmente são encaminhados às plantas de fabricação na forma

de pastilhas, pós, grânulos e são fundidos (para termoplásticos) previamente ao

processo de modelagem. E plásticos líquidos que curam em forma sólida são

usados especialmente na fabricação de termofixos e de peças plásticas com

reforços. Com o aumento da consciência sobre o meio ambiente, as matérias-primas

também podem consistir de plásticos reciclados ou picados obtidos nos centros de

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reciclagem. Como esperado, contudo, a qualidade do produto não é elevada para

estes materiais (KALPAKJIAN; SCHMID, 2001).

Assim, o processamento dos plásticos envolve operações similares aos

empregados para os metais. Forming é o termo denominado para o material que já

possui forma e será extrudido enquanto shaping é o termo que representa o

processo que dá forma ao grânulo polimérico na injeção. Segundo Kalpakjian e

Schmid (2001), o fluxograma apresentado na Figura 29, descreve os processos

básicos e econômicos de plásticos para shaping e forming, considerando

elastômeros, termoplásticos e termofixos, conforme a representação na legenda.

Também descrevem técnicas de processamento para a matriz-metal e compósitos

para matriz-cerâmica, que tem aumentado a sua importância em várias aplicações

com requisitos críticos.

Figura 29 - Esboço de processos de conformação e moldagem de plásticos, elastômeros e materiais

compósitos. (TP = Termoplástico, TS = Termofixo, E = Elastômero)

Fonte: KALPAKJIAN; SCHMID (2001)

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De acordo com Kalpakjian e Schmid (2001) é conhecido que o ponto de fusão

e cura de termoplásticos e termofixos ocorre em baixas temperaturas. Deste modo,

diferentes dos metais, eles são relativamente fáceis de manipular e requisitam muito

menos força e energia para processa-los. Os plásticos em geral podem ser

moldados, fundidos, formados e usinados em formas complexas em poucas

operações, com relativa facilidade e em taxas produtivas elevadas. Eles também

podem ser unidos de vários modos e pintados (geralmente para melhorar a

aparência) através de diversas técnicas. Plásticos podem ser modelados em

produtos discretos ou em folhas, chapas, haste e tubos que podem então ser

formados por processos secundários em uma variedade de produtos discretos.

Deve-se acrescentar que as propriedades de polímeros, a forma e complexidade de

componentes produzidos são influenciados em grande parte pelos métodos de

manufatura e parâmetros de processo.

E com ênfase maior nas técnicas de manufatura aplicadas aos componentes

automotivos, se nota uma significante demanda pelos procedimentos de adição de

cores e aplicação de texturas, pelo fato de conseguirem reproduzir os anseios do

Design com maior fidelidade reproduzindo materiais naturais como couro, marfim,

diferentes tipos de madeira, entre outros. Vale destacar que as técnicas possuem

grande relevância devido a aplicação das mesmas nas áreas de acabamento no

interior do automóvel. Ademais, Silva et. al. (2009) expõe a existência do benefício

econômico, pois a texturização como já foi mencionado no início do capitulo 2,

diminui a visibilidade de defeitos como imperfeições superficiais e marcas de

processamento (marcas de fechamento de molde ou pequenos “rechupes”). No

entanto, a viscosidade do material detém atenção, sendo decisiva para a realização

da texturização em polímeros. Em razão de que, esta variável é que define a

capacidade do material em fluir para reentrâncias menores (textura na superfície do

molde) que serão reproduzidas na superfície do produto. E pelo fato de que há uma

grande diferença de valores de viscosidade entre materiais termoplásticos e

termofixos (com faixa de variação entre 0,1 Pa.s e 106 Pa.s).

Logo, conforme os aspectos citados anteriormente, Silva et. al. (2009) declara

que a texturização será eficaz ao ser implementada em larga escala produtiva e pela

fabricação de produtos em série, o que reflete a realidade da cadeia produtiva

automobilística. Portanto, a Figura 30 mostra o custo relativo unitário em relação a

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produtividade (unidades/hora), considerando diversos processos produtivos de

polímeros.

Figura 30 - Relação entre custo relativo por unidade fabricada e produtividade dos principais

processos de fabricação de produtos poliméricos

Fonte:SILVA et al (2009)

De um modo geral, a partir da Figura 30, Silva et. al. (2009) realizaram

algumas considerações sobre as técnicas de processamento para polímeros

termoplásticos e termofixos em relação a texturização. Então, destaca-se os custos

menores por unidade associados a um indice de produtividade maior aos processos

de termoplásticos (injeção, sopro e termoformagem), do que quando comparados

aos termofixos (representados por injeção reatuva e “casting”). O mesmo autor,

ressalta ainda a questão ambiental destes materiais, apoiado no fato de que os

termopláticos são recicláveis e produzidos em maior volume, portanto mais

sustentáveis do que os termofixos que apresentam grandes limitações em relação a

reciclagem.

Como parte relevante dos materiais plásticos resistentes a risco é processada

nas técnicas, extrusão e injeção. As mesmas serão explicadas mais especificamente

a seguir.

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2.7.1 Injeção

Segundo Kalpakjian e Schmid (2001), a moldagem por injeção possui

algumas características como tamanhos diversos e formas complexas, espessura

fina, taxa produtiva elevada e boa precisão dimensional. É conhecida por ser um

processo em que as pastilhas ou grânulos são introduzidos no cilindro aquecido e a

fusão é forçada para dentro do molde por um êmbolo hidráulico ou pelo sistema de

parafuso rotativo de uma extrusora. Tal como na extrusão de plástico, o cilindro é

aquecido externamente para promover a fusão do polímero. Em máquinas de

moldagem por injeção, contudo, uma porção muito maior de calor é transferida para

o polímero devido ao aquecimento por atrito.

As máquinas mais atuais são do tipo de parafuso alternativo ou de

plastificação, com taxas de pressão desenvolvidas geralmente entre 70 a 200 MPa

(Ver Figura 31). À medida que a pressão se acumula na entrada do molde, o

parafuso de rotação começa a mover-se para trás sob pressão até uma distância

pré-determinada. Este movimento controla o volume de material a ser injetado. E o

parafuso então para de girar e é empurrado para frente hidraulicamente, forçando o

plástico fundido na cavidade do molde. (KASPAKJIAN; SCHMID, 2001).

Figura 31 - Esquema de moldagem por injeção (a) por embolo e (b) parafuso rotativo alternativo

Fonte: KALPAKJIAN; SCHMID (2001)

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Ainda de acordo com Kalpakjian e Schmid (2001), para os termoplásticos, os

moldes são mantidos relativamente frios em 90°C. Enquanto, as peças termofixas

são moldadas em moldes aquecidos em 200°C, onde a polimerização e a

reticulação ocorre. Depois que a peça esfria suficientemente (para os

termoplásticos) ou ocorre à cura (para os termofixos), os moldes são abertos e os

ejetores são usados para remover a peça do molde. Os moldes são então fechados

e o processo automaticamente é repetido. Elastômeros também são moldados por

injeção em produtos discretos por esses processos. Por causa do material que é

fundido quando injetado no molde, podem ser obtidas formas complexas com boa

precisão dimensional. Contudo, devido ao arrefecimento irregular da peça no molde,

desenvolvem-se tensões residuais.

Os moldes com deslocamento e mandris desenroscados são também

utilizados na moldagem por injeção, eles permitem o molde de peças com múltiplas

cavidades ou características de roscas internas e externas. Para acomodar o projeto

da peça, os moldes tem tido inúmeros componentes, incluindo núcleos, cavidades,

canais de arrefecimento, insertos, pinos knockout e ejetores (KALPAKJIAN;

SCHMID, 2001).

É preciso mencionar também o uso da técnica de texturização no processo de

injeção, devido a sua utilização na indústria no acabamento de produtos e pelo fato

de grande parte dos termoplásticos poderem ser texturizados, se as condições do

molde e processamento forem adequadas. Dentro deste contexto, é importante dizer

que a qualidade final do produto sofre influência da pressão imposta no molde,

assim como pela viscosidade do polímero. De tal modo, que as melhores condições

de processo têm como premissa, uma pressão maior e viscosidade menor (deve-se

lembrar de que a viscosidade de cada material sofre influência da mudança de

temperatura de processamento). Pois, quanto maior for a pressão mais rápida será a

injeção e, portanto, a duração do processo também será menor. Contudo, o

surgimento de rebarbas poderá ocorrer se houver excessos tanto no aumento da

pressão quanto na diminuição da viscosidade, por conta do fluxo do plástico nas

bordas do molde (Silva et al, 2009).

A fim de ilustrar melhor a relação entre pressão e viscosidade, na Figura 32

um mapa apresenta uma correspondência entre as faixas de viscosidades com as

faixas de pressão para moldagem, de acordo com o material polimérico.

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74

Figura 32 - Relação entre a faixa de pressões para moldagem por injeção e viscosidade aparente dos

polímeros nas suas respectivas faixa de temperatura de processamento.

Fonte: Silva et al, 2009 apud CES Edupack (2005)

A seguir foram reunidas em forma de tabela (Tabela 5) as características

específicas relativas à técnica de injeção para materiais termoplásticos.

Tabela 5 - Técnica de injeção - características

Características Injeção

Valores

Peso (kg) 0,01 a 25

Espessura mínima (mm) 0,3 a 10

Complexidade (perfil) Alta

Tolerância (mm) 0,05 a 1

Rugosidade superficial (μm) 0,2 a 1,6

Lote econômico 10 mil a 1 milhão Fonte: Adaptado de MIGUEL et al (2010)

Conforme citado no início deste capítulo, o molde por injeção possui taxa

produtiva considerada elevada, conforme demonstrado na Tabela 5.

Consequentemente, isto representa um custo menor por peça produzida, enquanto,

a boa superfície de acabamento e precisão dimensional acarreta em uma mínima

necessidade de arremate. E o motivo pelo qual a qualidade obtida nas peças

injetadas é superior se dá pela diferentes forças de compactação e taxas de pressão

Page 76: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

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maiores do que no processo de extrusão. No entanto, existem outros fatores que

necessitam ser avaliados, pois Lokensgard (2004) destaca o elevado custo do

equipamento e ferramental ao comparar este processo em relação a outros.

2.7.2 Extrusão

O processo de extrusão é conhecido pelas altas taxas de produtividade (lote

econômico de 10 a 1 milhão), relativo custo baixo com o ferramental e por ser um

processo contínuo, além de outras características.

Na extrusão, é produzido um grande volume de plásticos. Matérias-primas em

forma de pastilhas termoplásticas, granulados ou pós são colocados em um funil e

introduzidos no barril de um extrusor de parafuso (Figura 33). O barril é equipado

com parafuso helicoidal que mistura as pastilhas e os transporta para baixo no barril.

Os aquecedores de barril e o atrito interno de uma ação mecânica do parafuso

aquece as pastilhas e liquefazem elas. A ação do parafuso também acumula

pressão no barril (KALPAKJIAN; SCHMID, 2001).

Figura 33 - (a) Esquema de um parafuso extrusor típico (b) geometria de um parafuso extrusor

Fonte:KALPAKJIAN; SCHMID (2001)

Kalpakjian e Schmid (2001) citam as três seções distintas dos parafusos:

1. Seção de alimentação: Transporta o material do funil para a região central do

barril.

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2. Seção de fusão (também chamada de seção de compressão ou de transição):

Onde o calor gerado pelo cisalhamento viscoso dos grânulos de plástico e pelos

aquecedores externos faz com que a fusão comece.

3. Secção de medição ou de bombeamento: Onde ocorre o cisalhamento adicional

(a uma taxa elevada) e a fusão ocorre, com a pressão aumentando.

Kalpakjian e Schmid (2001) dizem que os comprimentos dessas seções

individuais podem ser alterados para acomodar as características de fusão de

diferentes tipos de plásticos. O plástico derretido é então forçado para o molde em

processo similar ao da extrusão de metais. Uma tela de filtro de fio de metal

normalmente é instalada antes do molde a fim de filtrar resina solidificada ou não

derretida. A tela também ajuda aumentar a contrapressão no barril e é substituído

periodicamente. Existe também um mecanismo com inúmeros furos para ajudar na

mistura do polímero no molde. O produto extrudido é em seguida refrigerado,

normalmente ocorre pela exposição a sopro de ar ou pela passagem de água

através de um canal. O controle da taxa de uniformidade da refrigeração é

importante para minimizar os efeitos de contração e distorção no produto.

Por causa da alimentação contínua de material do funil, produtos longos

(como hastes sólidas, seções, canais, folhas, tubos, tubulações e componentes

arquitetônicos) podem ser extrudidos continuamente. Formas complexas com

secção constante cruzada pode ser extrudida com relativo custo ferramental baixo.

Além disso, parâmetros importantes que afetam o mecanismo de extrusão do

polímero tem impacto direto na qualidade do produto no projeto do extrusor, devido

a essas razões têm sido estudados extensivamente. Parâmetros como velocidade

rotacional do parafuso extrusor, temperatura da parede do barril, projeto do molde e

taxa de refrigeração são importantes para garantir a integridade do produto e

precisão dimensional uniforme (KALPAKJIAN; SCHMID, 2001).

Materiais poliméricos em geral (termoplásticos) processados com a técnica de

extrusão estão de acordo com as seguintes características apresentadas na Tabela

6.

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Tabela 6 - Técnica de extrusão - características

Características Extrusão

Valores

Peso (kg) 1 a 1000

Espessura mínima (mm) 0,1 a 900

Complexidade (perfil) Baixa

Tolerância (mm) 0,2 a 2

Rugosidade superficial (μm) 0,5 a 12,5

Lote econômico 10 mil a 1 milhão Fonte: Adaptado de MIGUEL et al (2010)

Em relação a extrusão, as necessidades do projeto da peça devem considerar

fatores como a baixa complexidade obtida com a utilização desse processo, e os

requisitos de acabamento, uma vez que as características da extrusão (conforme

apresentado na Tabela 6) como tolerância e rugosidade superficial não

proporcionam o mesmo nível de precisão que a injeção, outro processo amplamente

utilizado.

Ao analisar os fatores enconômicos associados a este processo identifica-se

o lote com taxas de produtividade tão elevadas quanto as de injeção. No entanto,

diferentemente da injeção, a extrusão possui um custo menor para o ferramental

(Lokensgard, 2014).

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3 SELEÇÃO DE MATERIAIS

A seleção de materiais é uma atividade que se relaciona com todas as áreas

e é de extrema importância para o processo de desenvolvimento do produto.

Segundo SAPUAN (2001), isto pode ser identificado através do conceito de

engenharia simultânea, em que a definição de materiais influência o modelo de

projeto, desde a investigação de mercado (devido à especificação do produto), a

forma do produto, a análise do projeto, a manufatura e montagem. A Figura 34

ilustra o fluxo do processo descrito, por meio de um modelo de projeto global

existente para qualquer produto.

Figura 34 - Importância da seleção de materiais no desenvolvimento do produto

Fonte: Adaptado de SAPUAN (1998)

Além das inter-relações expostas no parágrafo anterior, Azevedo (2011) diz

que para executar de forma satisfatória o projeto de um produto, os engenheiros

necessitam demonstrar as seguintes características:

Adquirir uma perspectiva maior dos materiais e processos.

Entender as propriedades dos materiais e suas origens.

Ter habilidade de selecionar os melhores materiais e processos de

acordo com os requerimentos do projeto.

Acessar informações e ferramentas para comparação e seleção.

No entanto, a seleção de materiais não é uma tarefa simples, baseia-se na

análise racional do problema. E às vezes é dificultada por dados de propriedades

insuficientes ou imprecisos, mas tipicamente se torna uma decisão tomada em frente

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de múltiplas restrições sem que tenha sido definida uma função objetiva.

Geralmente, a questão que envolve a seleção de materiais abrange as seguintes

situações (DIETER, 1991):

1. A seleção de materiais para um novo produto ou novo design.

2. Reavaliação de um produto existente ou projeto para reduzir custo,

aumentar a confiabilidade, aumentar o desempenho e etc.

Ressaltando que a substituição de um material por outro não explora todo o

potencial do material e que a escolha do material envolve também o processo. Neste

contexto, Ashby (2012) afirma que o projetista deve considerar as propriedades

materiais e a forma da seção para otimizar o desempenho de um componente

durante o processo de desenvolvimento do produto. E a principal questão em

realizar a seleção de materiais é que a definição do material não ocorre

independentemente da escolha do processo, pois existe uma interação entre função,

material, forma e processo (ver Figura 35).

Figura 35 - Problema central da seleção de materiais no projeto mecânico: a interação entre função,

material, forma e processo.

Fonte: Adaptado de ASHBY (2012)

Deste modo, como pode ser visto na Figura 35, ao optar por um material, os

processos são influenciados em função da capacidade de um material ser

manufaturado. Enquanto, as propriedades geométricas e tolerâncias são

determinadas conforme o processo. E assim a especificação do processo delimita a

opção do material e as formas possíveis, da mesma forma, que a especificação da

forma demarca a seleção do material e processo (ASHBY, 2012).

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No caso de polímeros, em um projeto, ao utilizar material compósito, é

necessário analisar o mesmo. Pois, a escolha não representa simplesmente

substituir um material metálico por um novo, mas sim redefinir o projeto da peça e

selecionar o tipo de tecnologia de produção que será usada na manufatura do

componente. Sendo esta uma decisão que afetará profundamente o desempenho

estrutural, o custo e a taxa produtiva (CAMPBELL, 2004).

Somadas as dificuldades oriundas das relações existentes entre forma,

material, processo e função, há outro problema considerável a cerca da imensa

quantidade de materiais que tem aumentado a cada dia. Ashby (2012) cita a

existência de mais de 240 mil materiais e consequentemente devido a esta enorme

quantidade de materiais disponíveis, houve a necessidade de utilizar outra forma de

classifica-los, pois pesquisar individualmente os materiais de forma enciclopédica se

torna inviável.

De acordo com Assunção et al (2013), uma forma de classificação que pode

ser utilizada, conhecida como fenomenológica, associa a composição e a estrutura

dos materiais em relação a suas propriedades e usos (taxonomia evolutiva). Então,

deste modo os materiais são qualificados em três grupos principais, em

conformidade com as estruturas atômicas, tipos de ligações químicas predominantes

e conforme a necessidade em até mais três grupos adicionais que englobam

características de fabricação ou utilização, conforme pode ser visto na Figura 36.

Figura 36 - Taxonomia dos materiais, da esquerda para a direita, classificados por reinos (kingdom),

famílias (family), classes e tipos de membros (class & member) e atributos dos materiais.

Fonte: ASHBY (2012)

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3.1 MÉTODOS DE SELEÇÃO DE MATERIAIS

Como foi exposta na seção anterior a atividade de definição do material

envolve vários fatores e no campo de pesquisa já foram desenvolvidas diferentes

metodologias para este assunto:

Assunção et al (2013) afirmam que o trabalho desenvolvido pelo engenheiro

Michael Ashby tem sido relevante para a comunidade acadêmica e para a

indústria também. Sua metodologia para seleção de materiais se diferencia

devido à elaboração de mapas de seleção de materiais em função de

propriedades mecânicas (dureza, módulo de elasticidade) e ao conceito de

índice de mérito. Nesta sistemática são definidos requisitos de projeto, para

posteriormente determinar funções que estão relacionadas a propriedades

mecânicas e delimitadas por restrições também. Ashby ainda disponibilizou a

sua metodologia para aplicação na forma de software, CES Selector (Granta

Design). Segundo Azevedo (2011) inúmeras empresas, Airbus, Boeing IDS,

GE Aviation, Honeywell Aerospace, NASA Glenn Research Center, NASA

Marshall Space Flight Center, Parker Aerospace, Raytheon Rolls Royce e

inclusive instituições do governo norte-americano como US Army Research

Laboratory, US Naval Surface Warfare Center Williams International têm feito

uso do software devido a sua funcionalidade, custo e redução de tempo.

Dieter apud Assunção (1999) desenvolveram outro modelo para seleção de

materiais bastante relevante e que vem sendo aplicado no meio acadêmico e

em várias empresas. Seu modelo é bem estruturado e se baseia no seguinte

processo: primeiramente na análise de requisitos funcionais para os materiais,

na subtração de materiais e processos que não atendem os requisitos e

seleção de materiais com potencial em termos de desempenho, custo,

fabricação e por fim verificar experimentalmente o material especificado em

condições de serviço a fim de se obter dados estatísticos confiáveis.

Callister (2008) expôs alguns casos para demonstrar o processo de seleção

de materiais que se baseia nos requisitos de projeto e gráficos para a seleção

prévia de materiais potenciais, para posteriormente realizar uma análise

técnica mais depurada em relação às propriedades materiais. Callister

também considera uma abordagem econômica sobre a escolha do material, e

análise de falha assim como Dieter.

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As técnicas mais tradicionais para a seleção de materiais foram mencionadas

e pode-se dizer que todas possuem aspectos positivos, mas também dificuldades

em relação a sua aplicabilidade quando existe uma quantidade imensa de materiais

disponíveis ou uma grande limitação no projeto (como restrição diversas

propriedades materiais). Portanto, é necessário conceber um novo processo capaz

de empregar as melhores práticas possíveis para plásticos de engenharia em

automóveis. Para isto, a viabilidade deste método dependerá de sua facilidade em

ser utilizado, assim como a assertividade dos resultados encontrados a partir dele.

Deste modo, algumas questões precisam ser analisadas, como a

complexidade da tarefa. Ferrante (2000) compara o processo de seleção de

materiais a um funil, pois em um primeiro momento, oportunidades coerentes são

consideradas, mas à medida que as restrições são aplicadas o procedimento se

torna mais especifico e minucioso. Como pode ser visto na Figura 37.

Figura 37 - O “afunilamento” de um típico procedimento de seleção de materiais e alguns

critérios de decisão ao longo do evento

Fonte: FERRANTE (2000)

Este cenário complexo inclui múltiplos objetivos e capacidades técnicas

diversas que irão resultar em uma quantidade de materiais candidatos. Para que isto

ocorra, várias atividades estão vinculadas a metodologia, como reunir e ordenar os

dados de propriedades materiais. Estas atividades apesar de serem trabalhosas são

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fundamentais para a obtenção do banco de dados. E caso o primeiro filtro não

aconteça a partir de um banco de dados (tabela em Excel ou busca

computadorizada), a seleção também poderá ocorrer através dos mapas das

propriedades de materiais (técnica desenvolvida por Ashby, representada na Figura

38). No entanto, a melhor opção levará em conta a quantidade de propriedades a

terem os seus dados comparados, pois apesar da praticidade e fácil solução

encontrada pelo uso dos mapas de propriedades, a mesma pode ser dispendiosa

quando se tem muitas restrições a serem avaliadas (FERRANTE, 2000).

Figura 38 - Um exemplo dos Mapas das Propriedades dos Materiais como inicialmente desenvolvidos

(mapa módulo de Young versus densidade)

Fonte: ASHBY (2012)

Além disso, embora a metodologia desenvolvida por Ashby seja considerada

a melhor até o momento, a mesma encontrou dificuldades em ser utilizada na

indústria, pois não pondera diversos fatores desejados pelas empresas e também

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determina somente um material como escolha final do processo (como pode ser

visto na Figura 39).

Figura 39 - Processo sistemático de seleção ASHBY

Fonte: Adaptado de ASHBY (2012)

Entende-se que o balanço desses fatores é mais bem efetuado ao se fazer

uso de técnicas de ponderação, pois critérios estéticos e de custos também podem

ser avaliados.

De acordo com Ferrante (2000), as matrizes de decisão representam a

importância numérica relativa dos critérios. Enquanto a atribuição da

proporcionalidade ou pesos pode ser influenciada por fatores:

Mercadológico – escala produtiva, custo, estética, durabilidade, etc.

Técnico – análise dos efeitos de propriedades mecânicas e físicas nas

condições de operação.

Industriais e corporativos – disponibilidade de materiais na entrada do

processo (insumos), reciclabilidade, impacto ambiental e existência de

normalização.

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Como pode ser observada, a seleção de materiais transpõe diversas áreas da

engenharia. Logo, o procedimento de matriz de decisão é o mais amplo e

competente para classificar os requisitos do produto. Em vista disso, o pesquisador

Ferrante (2000) diz que a matriz de decisão desenvolvida por Pahl & Beitz, é

considerada a mais qualificada nesta área. No entanto, existem outras metodologias

de decisão conhecidas, como a de Pugh, considerada inteiramente qualitativa e por

tanto o seu uso é aconselhado somente no inicio do projeto. Existe também a

metodologia de Dominic que permite certo grau de quantificação/atribuição de notas,

assim como Pahl & Beitz. Por sua vez Ferrante et al (2000) ampliaram a

possibilidade de quantificação do método de Pahl & Beitz ao empregarem valores de

índices de mérito em vez de utilizar notas.

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4 MÉTODO PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS PLÁSTICOS RESISTENTES A

RISCOS

Estabelecer um procedimento para selecionar os materiais mais adequados

para determinada aplicação no projeto automotivo pode produzir inúmeros

benefícios. Contudo, essa é uma atividade árdua, pois existem milhares de materiais

disponíveis para utilização. Deste modo, uma forma de se reduzir os riscos de definir

um material que não seja a melhor opção, ou até mesmo, que não atenda os

requisitos do produto em desenvolvimento, é estabelecer um processo estruturado

que tem por objetivo facilitar a seleção do material.

Este processo de seleção de materiais plásticos resistentes a riscos foi

gerado a partir da estratégia de seleção desenvolvida por Ashby, um método que

evoluiu e se aperfeiçoou ao longo do tempo e é tido como referência na área. Além

deste, outros conceitos pertinentes ao tema serão utilizados, como matriz de

ponderação de Pahl & Beitz e índice de mérito, todos já introduzidos no capítulo

anterior.

Com o objetivo de tornar o procedimento formulado mais praticável aos

propósitos da pesquisa, o mesmo sofreu modificações em relação ao método de

Ashby. Como contribuições da pesquisa foram acrescentados o índice de mérito na

segunda etapa e a matriz ponderacional no terceiro passo, que possibilitaram uma

avaliação mais adequada aos objetivos do trabalho. Portanto, as próximas seções

descreverão a estratégia de seleção de materiais plásticos resistentes a riscos

desenvolvida para esta pesquisa. Para isto, um modelo de processo de decisão tem

como base os seguintes aspectos:

Condições de serviço da peça, propriedades materiais mais críticas, a análise

comparativa de materiais com maior potencial de atender as especificações.

Análise do material classificado com as melhores características para

exposição de dados relacionados a custo, manufaturabilidade e

disponibilidade.

É proposta ainda uma busca mais detalhada de informações dos materiais

selecionados.

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87

Para melhor explicar o procedimento, este foi divido em quatro partes

conforme é apresentado no fluxograma a seguir (ver Figura 40) que corresponde ao

processo descrito.

Figura 40 - A estratégia para seleção de materiais

Fonte: Autor (2016)

4.1 ETAPA 1 – ANÁLISE DOS REQUISITOS DO PROJETO

A primeira etapa do processo consiste em determinar as condições de serviço

que o produto (componente ou peça) possui como atribuições. A seguir, devem-se

ser especificadas as propriedades críticas dos materiais e certificar quais materiais

plásticos possuem os requisitos necessários para atender as condições requeridas

na faixa de operação da peça.

Para isso Azevedo (2011) diz que primeiramente é necessário avaliar a

função da peça, ou seja, o que o componente faz. Deste modo, para realizar a

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abordagem funcional neste sistema, a elaboração das funções terá como base a

metodologia proposta por Miles apud Mercuri (2005), ou seja, “verbo” +

“substantivo”, com a forma verbal no infinitivo. Sendo assim, as funções serão

estabelecidas a partir de requisitos de desempenho (características de desempenho

material) que por sua vez estão associados à especificação funcional do produto.

Dieter (1991) diz que o desempenho ou os requisitos funcionais de um

material normalmente são expressos em termos físicos, mecânicos, térmicos,

elétricos ou de acordo com as propriedades químicas. Logo, as propriedades

materiais estão ligadas com a estrutura básica, ou seja, a composição do material e

o desempenho de uma peça, conforme a Figura 41 ilustra.

Figura 41 - Propriedades materiais – a ligação entre a estrutura e o desempenho

Fonte: Adaptado de DIETER (1991)

Em geral, as especificações são definidas através de propriedades materiais,

podendo ser registradas como requisitos de desempenho que tem como base a

especificação funcional do produto, bem como os parâmetros básicos que podem

ser desenvolvidos no projeto com a finalidade de atender a satisfação do cliente e

evitar riscos e consequentes falhas. Ou ainda pelas condições de projeto que

informará como os componentes serão comprados ou manufaturados (ASHBY,

2012).

A Tabela 7 a seguir exemplifica as características de desempenho material

que podem constituir a lista de especificações por desempenho.

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Tabela 7 – Características de desempenho material

Características de desempenho material

Propriedades Físicas: Propriedades Mecânicas: Propriedades Térmicas:

Estrutura cristalina Dureza Condutividade

Densidade Módulo de elasticidade Calor específico

Ponto de fusão Tensão Coeficiente de expansão

Pressão de vapor Compressão Emissividade

Viscosidade Coeficiente de Poisson Absortividade

Porosidade Curva de Tensão e deformação Taxa de ablação

Permeabilidade Limite de escoamento Resistência ao fogo

Refletividade Tensão

Transparência Compressão Propriedades Químicas:

Propriedades Ópticas Cisalhamento Posição de

Estabilidade Dimensional Resistência à ruptura Series eletromotriz

Tensão Corrosão e degradação

Propriedades Elétricas: Cisalhamento Atmosférica

Condutividade Rotativa Água salina

Constante dielétrica Propriedades de Fadiga Ácidos

Força coercitiva Suave Gases quentes

Histerese Entalhado Ultravioleta

Corrosão Fadiga Oxidação

Propriedades Nucleares: Contato de Rolamento Estabilidade térmica

Meia vida Desgaste Estabilidade biológica

Seção cruzada Temperatura de Transição Charpy Corrosão sob tensão

Estabilidade Tenacidade à fratura (Klc) Fragilização poor hidrogênio

Alta temperatura Permabilidade hidráulica

Fluência

Tensão de ruptura Propriedades de Fabricação:

Propriedades de amortecimento Fundibilidade

Propriedades de desgaste Tratabilidade do calor

Severo Endurecimento

Abrasão Formabilidade

Erosão Usinabilidade

Cavitação Soldabilidade

Fadiga de contato

Impacto balístico

Fonte: Adaptado de DIETER (1991)

A Tabela 7 engloba somente uma amostra das características de desempenho

material disponíveis, pois além destas existem outras mais. E conforme discutido no

capítulo anterior, com foco na especificação de materiais plásticos resistentes a

riscos as principais propriedades definidas são vistas na Tabela 8.

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Tabela 8 - Requisitos técnicos

Item Funções

Requisitos Técnicos Todas as

peças

Somente para peças

visíveis

Somente peças em contato com o ar circulante na cabine de

ocupantes

Peça exposta a condições climáticas

Peça sujeita a

transferência de energia

Propriedades Normas

2.6.1 Resistir a riscos Dureza superficial ASTM D785, ISO 2039 X

2.6.2 Suportar impactos Resistência a impacto ASTM D256, ASTM D6110, ISO 179, ISO 180 x

2.6.3 Suportar montagem Módulo de flexão ASTM D790, ISO 178 x

2.6.4 Suportar deformação Módulo de elasticidade ASTM D638, ISO 527 x

2.6.5 Apresentar estabilidade geométrica

Contração no molde ASTM D955, ISO 294 x

2.6.6 Absorção de umidade ASTM D570, ISO 62 X

2.6.7 Expansão térmica ASTM D696, ASTM E831, ISO 11359 x

2.6.8 Índice de Fluidez ASTM D1238 2.6.9 Suportar carga em

temperaturas elevadas Deflexão sob ação de cargas ASTM D648, ISO 75 X

2.6.10 Aumentar beleza Resistência acelerada às intempéries UV ASTM G154 x

Resistência acelerada às intempéries Arco de xênon

ASTM D2565, ASTM D4459, ASTM G155, ISO 4892 x

2.6.11 Brilho (Brilho Especular) ASTM D523, ISO2813 x 2.6.12 Eliminar odor Resistência a odor VDA 270 x

2.6.13 Minimizar emissões Emissão de Formaldeídos VDA 275 x

2.6.14 Emissão de Fogging, Componente Orgânico Volátil (VOC)

VDA 278 x

2.6.15 Retardar chamas Resistência a chamas FMVSS 302 x

2.6.16 Resistir a solventes Resistência Química ASTM D543 X

2.6.17 Aumentar Vida Útil Resistência à Fadiga ASTM D7774 x

2.6.18 Resistência à Deformação a Longo Prazo ASTM D2990 x

2.6.19 Reduzir Peso Densidade ASTM D792, ISO 1183 x

Fonte: Autor (2017)

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Posteriormente, devem-se aplicar os limites das propriedades definidas pelos

requisitos do produto. Segundo Ashby (2012) essa triagem pode ser realizada

aplicando os limites dos atributos graficamente através de diagramas de seleção de

materiais, conforme o exemplo da Figura 42. Nestes diagramas de seleção de

materiais o objetivo principal é determinar a chamada região de busca, que

representa a janela enquadrada pela restrição dos limites.

Figura 42 – Módulo Diagrama esquemático E-ρ que apresenta um limite inferior para E e um limite

superior para ρ

Fonte: ASHBY (2004).

O exemplo ilustrado na Figura 42 apresenta a região de busca que tem como

propósito identificar materiais plásticos com maiores valores de módulo de

elasticidade (E) e baixa densidade (ρ). Sendo a redução de massa no veículo um

dos principais objetivos na indústria automotiva.

Neste processo, Ashby (2012) demonstra que a utilização dos mapas de

seleção de materiais proporciona uma grande vantagem, possibilita eliminar

inúmeros materiais que não correspondem à limitação determinada pelas restrições.

Entretanto, a técnica será mais útil quando a quantidade de propriedades a serem

examinadas não for numerosa.

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4.2 ETAPA 2 – FILTRO DOS MATERIAIS CANDIDATOS

Nesta etapa deve-se analisar a resistência dos polímeros a risco. Através da

análise de um banco de dados de materiais plásticos deve-se selecionar alguns que

atendam os critérios definidos na etapa anterior e tenham um potencial promissor

para aplicação desejada. Para realizar essa seleção será utilizado o Índice de Mérito

(IM).

De acordo com Ferrante et al (2000), o IM é uma fórmula algébrica que, no

contexto de determinado requisito, identifica um compromisso entre duas

características ou propriedades. O IM é uma fração, tendo no numerador a

propriedade que se quer maximizar e no denominador a que se deseja minimizar ou

também pode ser um produto, quando as propriedades devem ser maximizadas.

Ferrante et al (2000) enfatiza que a metodologia de dedução do IM adequado

a uma situação particular é a seguinte:

Estabelecimento da função do produto ou componente

Identificação da restrição

Estabelecimento do objetivo principal

A função, conforme Ferrante et al (2000), pode ser estabelecida a partir do

conhecimento de sua finalidade, enquanto que a restrição identifica-se com a função

e a propriedade que a controla. Logo, devido ao foco deste trabalho, a restrição

escolhida será a resistência ao risco (Scratch resistance - SR).

Ferrante et al (2000), define o objetivo como um requisito a ser imposto para

seleção do material. Para este estudo será adotado a resistência a risco como

objetivo, pois este é o ponto central para o trabalho, principalmente ao considerar a

exposição ou mobilidade que o componente apresenta no veículo.

A Tabela 9 mostra um exemplo de IM de cinco modos de carregamento para

duas condições de projeto: elasticidade e resistência mecânica. Para elasticidade o

numerador é representado pelo módulo de elasticidade (E) e para resistência

mecânica a resistência (σ). Em ambos os casos o objetivo principal é a redução de

peso e, com isso, o denominador é representado pela densidade (ρ).

Page 94: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

93

Tabela 9 – Índices de mérito para projetos regidos por rigidez e resistência mecânica.

Modo de

Carregamento Forma

Índice de Mérito

Rigidez Resistência

Flexão Barra, Tubo E1/2 / ρ σ2/3 / ρ

Chapa E1/3 / ρ σ1/2 / ρ

Tração Barra E / ρ σ / ρ

Flambagem Coluna, Tubo E1/2 / ρ -

Chapa E1/3 / ρ -

Torção Barra, Tubo - σ / ρ

Pressão Interna Vaso de Pressão

Cilíndrico E / ρ σ / ρ

Fonte: Adaptado de Ferrante et al (2000)

Com base nisso, neste estudo o IM adotado tem no numerador o índice de

fluidez e no denominador a dureza superficial, de acordo com a Equação 4.

A propriedade de Índice de fluidez foi utilizada por estar diretamente

relacionada com a viscosidade do material. Pois, quanto maior a viscosidade do

material, este aceitará uma quantidade menor de pigmentos. Enquanto um material

com menor viscosidade, ou seja, maior índice de fluidez aceitará uma quantidade

maior de pigmentos. Isto se refletirá na profundidade da cor alcançada no material

plástico e pode até eliminar o processo de pintura. Além de proporcionar uma maior

qualidade no acabamento da peça no molde.

A propriedade de dureza superficial foi utilizada por representar a resistência

que um corpo possui a penetração de outro material.

Deste modo, foram considerados os aspectos de manufatura e resistência ao

risco do material. No entanto, outras escolhas para o índice de método também

podem ser adotadas. Isto dependera principalmente da finalidade do projeto,

podendo englobar perspectivas de custo, redução de massa, entre outros.

(4)

Page 95: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

94

4.3 ETAPA 3 – SELEÇÃO DOS MATERIAIS CANDIDATOS

Neste passo o objetivo é realizar a análise (termo conhecido como trade off em

que se define uma escolha em situações em que existe o conflito de escolhas) para

comparar os materiais selecionados na etapa anterior e definir o melhor material

para aplicação desejada.

Segundo Pahl et al (2007), para casos em que a avaliação será conduzida

durante a fase conceitual do projeto e que, nesse caso, se tem poucas informações

em relação aos critérios que serão utilizados, o mais indicado é fazer uma avaliação

qualitativa dos critérios pois ao se estimar valores numéricos para as variáveis pode-

se introduzir um falso senso de convicção para análise.

Sendo assim, para este trabalho será adotado o método qualitativo proposto

por Pahl et al (2007), o qual possui os seguintes passos:

i) Identificação dos critérios de avaliação: Compilar as características técnicas

e as demandas mínimas (restrições) do projeto;

ii) Análise do peso dos critérios de avaliação: Determinar fator de peso se

houver diferença significativa de importância entre os critérios de avaliação.

Uma vez que o peso seja necessário, a soma dos pesos de todos os critérios

deve ser igual a 1;

iii) Determinação do parâmetro dos critérios de avaliação (ver Tabela 10):

Classificar cada critério com base em uma solução ideal;

iv) Comparação dos materiais candidatos: Comparar a classificação dos

diferentes materiais propostos.

Para o primeiro passo, de acordo com Pahl et al (2007), a avaliação para

selecionar o material não deve ser baseada em um aspecto individual e deve

considerar todos aspectos em um balanço apropriado. Desta forma, além do

desempenho (propriedade mecânica) do material, será considerado o custo, a

manufaturabilidade e a disponibilidade do material.

Conforme descrito no passo ii, o uso de peso para os critérios é opcional e só

deve ser utilizado caso a influência do critério seja significativa. Ao contrário, Pahl et

al (2007) recomenda dispensar a adoção de peso para os critérios. Desta forma, o

passo ii do procedimento só será realizado nos casos em que o time que estiver

realizando a seleção do material entenda que um ou mais critérios tenham uma

importância significativa para a avaliação.

Page 96: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

95

Para determinação do parâmetro de magnitude dos critérios em avaliação Pahl

et al (2007) indica a adoção de pontos para os valores em uma escala de 0 à 4,

conforme mostrado na Tabela 10. A vantagem dessa escala é que, como o

conhecimento em relação aos critérios em análise é pouco, avaliações mais simples

são suficientes e com significado mais apropriado.

Tabela 10 – Escala de valor

Magnitude Pontos

Insatisfatório 0

Tolerável 1

Adequado 2

Bom 3

Ideal 4

Fonte: Pahl et al (2007)

Para finalizar, deve-se obter uma classificação dos materiais candidatos

através da soma dos valores apurados para cada critério aplicando o peso

respectivo, se for o caso. Um padrão da matriz de decisão a ser utilizada é

apresentado na Tabela 11:

Page 97: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

96

Tabela 11 – Matriz de decisão para avaliação de produto

Fonte: Autor (2017)

Supondo que o material tenha sido selecionado na etapa de triagem, o mesmo será avaliado

neste momento conforme a matriz de decisão exibida na

Tabela 11. Deste modo, os critérios serão ponderados primeiramente conforme

o critério desempenho:

(a) Aumentar beleza. Este critério compreende as propriedades de Resistência

acelerada às intempéries UV e Arco de Xênon, além do Brilho especular.

Caso a ficha do material analisado não conste o preenchimento do critério em

relação a nenhuma das 3 propriedades, a nota será 0 (insatisfatório). Se uma

das propriedades atender o índice, a nota será 1 (tolerável). Na hipótese de

duas propriedades satisfazerem o critério, a nota será 2 (adequado). E na

condição de três propriedades cumprirem os requisitos, a nota será 3 (bom).

E quando as três propriedades superarem muito os índices determinados,

então receberá nota 4 (ideal).

Page 98: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

97

(b) Eliminar odor. Quando o material não satisfizer o índice referente à norma da

Resistência a odor, sua nota será 0 (insatisfatório). Caso a norma seja

atendida o material será avaliado com nota 2 (adequado). E quando o

polímero exceder bastante o índice da norma, o mesmo pode ser pontuado

com nota 4 (ideal).

(c) Minimizar emissões. Refere-se às propriedades de Emissão de

Formaldeídos, FOG e Componente Orgânico Volátil. Para o material que não

satisfizer os índices de nenhuma das 3 propriedades, receberá a nota 0

(insatisfatório). Caso uma das propriedades seja atendida, a nota será 1

(tolerável). Na condição de duas propriedades atingirem os índices das

normas, então a nota atribuída será 2 (adequado). E na hipótese das três

propriedades cumprirem os requisitos, a nota concedida será 3 (bom). Ao

ultrapassar os índices das três propriedades, logo a nota será 4 (ideal).

(d) Retardar chamas. Está relacionada com Resistência a chamas. Se o material

não satisfizer o índice referente à norma associada à Resistência a chamas,

sua nota será 0 (insatisfatório). Quando a norma for atendida a nota será 4

(ideal).

(e) Resistir a solventes. Está associada à propriedade de Resistência química.

Caso o material não atinja o índice relacionado ao índice de Resistência

química, então receberá nota 0 (insatisfatório). Se o material avaliado atender

o critério, a pontuação será 2 (adequado). E na condição de o polímero

exceder consideravelmente o índice, o mesmo pode será avaliado com nota 4

(ideal).

(f) Reduzir peso. Está correlacionado a propriedade Densidade. A nota 4 (ideal),

será atribuída quando o material avaliado possuir densidade entre 850 e 1025

kg/m³. Ao compreender valores de densidade na faixa de 1025 até 1200

kg/m³, o material receberá nota 3 (bom). Caso a amostra apresente valores

entre 1200 e 1370 kg/m³, a pontuação pode ser 2 (adequado). Quando a

densidade do polímero estiver entre 1370 e 1550 kg/m³, então a nota

concedida será 1 (tolerável). Para valores acima de 1550 kg/m³, a nota

atribuída será 0 (insatisfatório).

Neste momento, a manufaturabilidade são enquadrados conforme:

Page 99: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

98

(a) Peso. Comporta peso até 25 Kg para injeção e 1000 Kg para extrusão. Para

atender o critério a nota a ser atribuída será 4 (ideal). Caso não satisfaça a

nota será 1 (tolerável).

(b) Espessura mínima. Compreende valores de espessura mínima até 10 mm

(injeção) e 900 mm (extrusão). A nota 4 (ideal) será dada quando o critério for

atendido, do contrário a nota será 1 (tolerável).

(c) Precisão dimensional. Tolerância de 0,05 a 1 mm (injeção) e 0,2 a 2 mm

(extrusão). Peças com elevada precisão dimensional conceder nota 4 (ideal),

peças com baixa precisão dimensional avaliar como 1 (tolerável).

(d) Complexidade. Complexidade alta (injeção) ou baixa (extrusão). Peças com

complexidade baixa classificar como 4 (ideal), peças com elevada

complexidade avaliar como 1 (tolerável).

(e) Rugosidade superficial. Faixa de valores de 0,2 a 1,6 (μm) para injeção e

0,5 a 12,5 (μm) para extrusão. Considerar nota 4 (ideal) ao atender o critério e

nota 1 (tolerável) para valores fora do especificado.

(f) Taxa de produção. A taxa produtiva é equivalente para ambos, sendo entre

10 mil a 1 milhão. Quando o índice for atendido a nota concedida é 4 (ideal),

em hipótese contrária receberá nota 1 (tolerável).

(g) Contração no molde. Na ausência de dados do polímero e para valores

superiores ao índice determinado pontuar com nota 0 (insatisfatório). E

considerar nota 4 (ideal) para materiais com contração no molde dentro da

especificação.

(h) Absorção de umidade. Na ausência de dados do material e para valores

acima do índice considerar nota 0 (insatisfatório). E para valores abaixo do

índice de absorção de umidade avaliar com nota 4 (ideal).

A disponibilidade é estabelecida de acordo com o critério:

(a) América latina. Para materiais disponíveis geograficamente na América

latina a nota concedida é 4 (ideal). Enquanto a indisponibilidade do mesmo na

região resulta em nota 0 (insatisfatório).

Enquanto, o custo é determinado a partir do seguinte critério:

(a) Preço. Preços de polímeros estimados com referência na tabela de preços da

empresa Plasticker (2017). Preços compreendidos entre 0,40 e 0,55 EUR/kg

terão atribuição de nota 4 (ideal). Valores na faixa entre 0,55 e 0,70 EUR/kg

receberão nota 3 (bom). Será considerada nota 2 (adequado) para preços na

Page 100: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

99

faixa de 0,70 e 0,85 EUR/kg. Enquanto que para valores de 0,85 até 1,00, os

materiais serão avaliados com nota 1 (tolerável). Acima de 1,00 EUR/kg os

polímeros serão pontuados como 0 (insatisfatório).

4.4 ETAPA 4 – PROCURAR DOCUMENTAÇÃO

Para finalizar deve-se procurar informações disponíveis dos materiais indicados

como melhor escolha, incluindo aspectos referentes a seu histórico, utilização em

outras aplicações, comportamento em ambientes relevantes, dados experimentais,

de forma a se estruturar um perfil detalhado do material selecionado.

Page 101: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

100

5 ESTUDOS DE CASO

Como resultado, do conhecimento obtido a cerca dos tópicos que envolvem a

falha de deformação no material plástico (conhecida como risco), incluindo a

metodologia elaborada para seleção de materiais que será aplicada nesta

dissertação, conforme os conteúdos desenvolvidos nos capítulos 2 e 3. Neste

momento, as seguintes etapas serão colocadas em prática:

Analisar os requisitos do projeto

Filtrar os materiais candidatos

Selecionar materiais candidatos

Procurar documentação

Portanto, neste capítulo foram realizados dois estudos de caso para ilustrar o

método de seleção de materiais plásticos resistentes a riscos. O primeiro

componente é a tampa do porta-luvas e a segunda aplicação foi realizada com a

peça conhecida como base do espelho lateral do veículo. Os estudos de caso se

desenvolveram a cerca dos requisitos de projeto estabelecidos a partir das

propriedades críticas e operacionais das peças.

5.1 PROPOSTA DA PEÇA – TAMPA DO PORTA-LUVAS

O porta-luvas está presente em quase todos os automóveis, geralmente

localizado no painel do veículo, em frente ao passageiro. Existem desde modelos

simples até compartimentos climatizados que possibilitam a refrigeração de bebidas.

Outra opção que varia conforme o veículo é ter vários compartimentos instalados

para maximizar a capacidade de armazenamento no veículo. Sendo assim, a tampa

do porta-luvas tem por objetivo permitir a abertura e fechamento do compartimento,

de modo que os objetos (por exemplo, manual do automóvel, documentos e chaves)

estejam acondicionados no interior do porta-luvas e se mantenham protegidos. Seu

mecanismo de funcionamento se baseia na utilização de dobradiças, pinos de

retenção e/ou alças para abrir e travar a porta. A peça também está sujeita a

movimentação, exposição a elevadas temperaturas, além da radiação ultravioleta e

substâncias químicas durante a limpeza, e necessita também suportar possíveis

impactos durante o fechamento e/ou contra objetos. O componente descrito pode

ser visualizado na Figura 43.

Page 102: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

101

Figura 43 - Tampa do porta-luvas (modelo Peugeot 107)

Fonte: PREMIER PEUGEOT (2017)

5.1.1 Identificação das funções e definição dos requisitos – tampa do porta-

luvas

Para atingir os propósitos da pesquisa, é essencial garantir que os atributos

corretos do componente sejam conhecidos. Logo, após determinar qual peça será

estudada, nesta fase pode-se dar inicio a análise de funcionalidade. É importante

afirmar que devido à localização (sujeita a fatores climáticos) e também por possuir

grande apelo estético, a tampa do porta-luvas deve:

- “Apresentar estabilidade geométrica”;

- “Aumentar beleza”;

- “Eliminar odor”;

- “Minimizar emissões”;

- “Reduzir peso”;

- “Resistir a riscos”;

- “Resistir a solventes”;

- “Retardar chamas”;

- “Suportar impactos”;

- “Suportar montagem”;

- “Suportar carga em temperaturas elevadas”.

A fim de tornar mais claro o significado destas funções, as relações existentes

entre funções e requisitos técnicos (propriedades) da tampa do porta-luvas são

expostas na Tabela 12.

Page 103: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

102

Tabela 12 - Especificações por desempenho (tampa do porta-luvas)

Item Funções Requisitos Técnicos

Índice Propriedades Normas

2.6.1 Resistir a riscos Dureza superficial ASTM D785, ISO 2039-2 <60 (Escala R)

2.6.2 Suportar impactos Resistência a impacto ASTM D256, ASTM D6110, ISO 179, ISO

180

1,5 – 60 kJ/m2

2.6.3 Suportar montagem Módulo de flexão ASTM D-790, ISO 178 ≤ 1700 MPa

2.6.5 Apresentar estabilidade geométrica

Contração no molde ASTM D955, ISO 294 0,4%

2.6.6 Absorção de umidade ASTM D570, ISO 62 Máximo 3%

2.6.7 Índice de Fluidez ASTM D1238 Maior valor possível

2.6.8 Suportar carga em temperaturas elevadas

Deflexão sob ação de cargas ASTM D648, ISO 75 Acima de 60 ̊C

2.6.9 Aumentar beleza Resistência acelerada às intempéries UV

ASTM G154 Sem alteração significativa na

aparência (amarelamento, bronzeamento,

manchas de água ou aderência)

Resistência acelerada às intempéries Arco de xênon

ASTM D2565, ASTM D4459, ASTM G155, ISO

4892

Alterações de cor não devem exceder ΔE de

3 unidades (Não deve exibir

aderência superficial, fragilização, alteração

na dureza, bolhas) 2.6.10 Brilho especular ASTM D523, ISO 2813 60° gloss (0-10 GU)

2.6.12 Eliminar odor Resistência a odor VDA 270 ≤ 3

2.6.13 Minimizar emissões Emissão de Formaldeídos VDA 275 < 10 mg/kg

2.6.14 FOG VDA 278

≤ 100 μg/g (ppm) (2 mg máx. de substâncias

condensáveis) Componente Orgânico Volátil (VOC)

VDA 278 ≤ 250 μg/g (ppm)

2.6.15 Retardar chamas Resistência a chamas FMVSS 302 + (101,6 mm/min)

2.6.16 Resistir a solventes Resistência química ASTM D543 Sem alteração no grau de brilho ou manchas

2.6.17 Reduzir peso Densidade ASTM D792, ISO 1183 Menor valor possível

Fonte: Autor (2017)

Neste ponto, é efetuada uma triagem inicial dos materiais disponíveis em um

banco de dados de materiais plásticos com aplicação automotiva. Neste contexto,

foram selecionados somente os materiais capazes de atender tecnicamente as

funções da tampa do porta-luvas conforme a especificação das propriedades de

Page 104: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

103

módulo de flexão (≤ 1700 MPa), resistência ao impacto (entre 1,5 – 16 kJ/m2) e

temperatura de deflexão (Acima de 60 ̊C). Os materiais selecionados nessa fase

inicial são apresentados na Tabela 13.

Tabela 13 - Propriedades mecânicas (tampa do porta-luvas)

Polímero Fabricante Classe Aplicação

Módulo de Flexão 23 °C

2mm/min [MPa]

(ISO 178 )

Resistência ao impacto

com entalhe IZOD

23°C, 4mm [kJ/m² ]

(ISO 180/A)

Temperatura de deflexão sob ação de

cargas [°C]

(ISO 75-2)

PP

BRASKEN

HOMO (H 202HC) Aplicações de interior automotivo 1950 (1.6 - 6.5)1 127

HOMO (H 502HC) Aplicações de interior automotivo 2200 3.3 130

HECO (CP 202XP) Interior automotivo, peças com

elevada rigidez 1700 4.6 65

TRINSEO INSPIRE™ TF7000

ES

Painel de instrumentos, componentes inferiores e outras

aplicações de acabamento inferior 2400 29 61

BOREALIS

DAPLEN (EF188AI) Painéis de instrumentos, painéis das

portas, outras peças no interior automotivo

1900 (2.0 - 51) 1 100

DAPLEN (EF198HP)

Painéis de instrumentos, revestimentos de assentos, painéis

das portas, consoles de centro, revestimentos dos pilares e

aplicações de interior automotivo

2000 (2.0 - 51) 1 95

DAPLEN (RC101) Acabamento interior, grades,

molduras 2900 3.2 70

DAPLEN (EG265HP)

Painel de instrumentos, painéis das portas, peças interiores automotivas

1800 (2.0 - 51)* 97

ABS

Samsung (LOTTE

ADVANCED MATERIALS)

STAREX Heat Resistant

(SR-0340M) Aplicações no interior do veículo 2500 14 70

1Valores típicos de Resistência ao impacto com entalhe IZOD para materiais PP

Fonte: Autor (2017)

Convém mencionar que para alguns dados referentes à propriedade de

Resistência ao impacto, foram considerados os valores médios da família do

material devido à dificuldade em se obter todos os dados junto ao fabricante do

material.

Page 105: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

104

5.1.2 Filtro dos materiais candidatos – tampa do porta-luvas

Como descrito no capítulo 4, o índice de mérito (IM) é calculado através da

razão das variáveis das propriedades de Índice de Fluidez e Dureza Superficial,

conforme é mostrado na Tabela 14.

Tabela 14 - Índice de mérito (tampa do porta-luvas)

1Valores típicos de Índice de Fluidez para materiais PP

2Valores típicos de Índice de Fluidez para materiais ABS

3Valores típicos de Dureza Superficial para materiais PP

4Índice de Mérito estimado com base na faixa de valores do Índice de Fluidez e/ou Dureza Superficial

Fonte: Autor (2017)

É necessário evidenciar que as propriedades foram escolhidas para estimar o

IM com o objetivo de obter os materiais com menor viscosidade, ou seja, maior

índice de fluidez e, por conseguinte ofereçam menor resistência ao fluxo no

Polímero Fabricante Classe Aplicação

Índice de Fluidez

230 °C/2.16 kg (cm³/10 min)

ISO 1134

Índice de Fluidez

220 °C/10 kg (cm³/10 min)

ISO 1134

Dureza Superficial Rockwell [R scale]

(ISO 2039-2)

IM (Índice de

Fluidez / Dureza)

PP

BRASKEN

HOMO (H 202HC)

Aplicações de interior automotivo

23 - 109 0.211

HOMO (H 502HC)

Aplicações de interior automotivo

3.3 - 110 0.03

HECO (CP 202XP)

Interior automotivo, peças com elevada rigidez

(1.80 - 135)1 - 97 (0.018 – 1.391)4

TRINSEO INSPIRE™ TF7000 ES

Painel de instrumentos, componentes inferiores e

outras aplicações de acabamento inferior

27 - (60 - 88)3 (0.306 - 0.45)4

BOREALIS

DAPLEN (EF188AI)

Painéis de instrumentos, painéis das portas, outras

peças no interior automotivo (7.85 – 18.1)1 - (90 - 98)3 (0.080 – 0.201)4

DAPLEN (EF198HP)

Painéis de instrumentos, revestimentos de assentos,

painéis das portas, consoles de centro, revestimentos dos

pilares e aplicações de interior automotivo

(7.85 – 18.1)1 - (90 - 98)3 (0.080 – 0.201)4

DAPLEN (RC101)

Acabamento interior, grades, molduras

22 - 102 0.215

DAPLEN (EG265HP)

Painel de instrumentos, painéis das portas, peças

interiores automotivas 21 - (90 - 98)3 (0.214 – 0.233)4

ABS

Samsung (LOTTE

ADVANCED MATERIALS)

STAREX Heat Resistant

(SR-0340M)

Aplicações no interior do veículo

- (1.30 - 41.2)2 110 (0.011 – 0.374)4

Page 106: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

105

processo de fundição, como também determinar materiais que detenham melhores

propriedades de resistir ao risco.

A partir dos quocientes determinados previamente na Tabela 14, os materiais

com os melhores índices de mérito foram identificados:

HECO CP 202XP (BRASKEN) – 0.704

DAPLEN EG265HP (BOREALIS) – 0.223

DAPLEN RC101 (BOREALIS) – 0.215

Homo H 202HC (BRASKEN) – 0.211

STAREX Heat Resistant SR-0340M (Samsung) – 0.192

Em relação aos materiais HECO CP 202XP, DAPLEN EG265HP e STAREX

Heat Resistant SR-0340M foram calculados o valor médio para os IMs a fim de

identificar os quocientes com melhores pontuações.

5.1.3 Seleção do material – tampa do porta-luvas

O próximo passo no mecanismo de seleção de polímeros com resistência a

riscos consiste no acréscimo das funções “aumentar beleza”, “eliminar odor”,

“minimizar emissões”, “retardar chamas”, “resistir a solventes” e “reduzir peso”. Até o

momento, as mesmas não haviam sido incluídas na análise preliminar, no entanto,

serão inseridas nesta fase como requisitos constituintes do fator desempenho na

matriz ponderacional (ver Tabela 15). A estratégia da pesquisa assegura o exame

de funções ainda não avaliadas, relacionadas à estética do produto e a requisitos

legais (ainda não vigentes em nosso país) para que sejam consideradas

características contribuintes para um maior desempenho do material.

Sendo assim, os melhores materiais identificados no processo de atribuição

de índice de mérito, HECO CP 202XP, DAPLEN EG265HP, DAPLEN RC101, Homo

H 202HC, STAREX Heat Resistant SR-0340M, serão avaliados neste momento de

acordo com a técnica ponderacional. A decisão sobre o material final a ser escolhido

será caracterizada pelo exame dos elementos de desempenho, manufaturabilidade,

disponibilidade e custo, conforme é demonstrado na Tabela 15.

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106

Tabela 15 - Técnica ponderacional (tampa do porta-luvas)

FATOR PESO

CRITÉRIO HECO

CP 202XP (Injeção)

HOMO H 202HC (Injeção)

DAPLEN EG265HP (Injeção)

DAPLEN RC101 (Injeção)

STAREX Heat Resistant SR-0340M (Injecão)

DESEMPENHO 1

AUMENTAR BELEZA

ELIMINAR ODOR

MINIMIZAR EMISSÕES

RETARDAR CHAMAS

RESISTIR A SOLVENTES

REDUZIR PESO

MANUFATURABILIDADE 1

PESO

ESPESSURA MÍNIMA

PRECISÃO DIMENSIONAL

COMPLEXIDADE

RUGOSIDADE SUPERFICIAL

TAXA DE PRODUÇÃO

CONTRAÇÃO NO MOLDE

ABSORÇÃO DE UMIDADE

DISPONIBILIDADE

AMÉRICA LATINA

CUSTO 1 PREÇO (EUR)/Kg

TOTAL 11,63 12,13 13,46 12,63 12,79

Fonte: Autor (2017)

1

0

6

6

1 6 6

1 2 6 2

0 6 6 0 0

6

6

0 6

0

0

6

6

1 6

4 6

0 6

0 6

4 6

4 6

4

4

1

3

6

6

6

6

0

4

1

3

6

6

6

6

2

4

2

3

6

6

6

6

4

4

1

1 3 1

1

8

1

1

1

4

4 1

1 4 1

4

4

4

4

4

1

4

4

8

8

8

8 8

8

8

4 8

4 8

4

8

4

4 4

8 1

8 1

8 8

8

8 4

8 4

8 4

8

8

8

8

8

8

4 8

8

1

4

4

4 4

4 8

4 8

1 8

4 4 8

4 4 8

0

0

8

8 8

8

4

4

4 8

8

8

8

4 8

0

4 8

8

4

0 0

0

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107

Baseado nos dados obtidos na Tabela 15, têm destaque os critérios “Eliminar

odor” e “Minimizar emissões” associados ao elemento Desempenho, pois

apresentaram notas insatisfatórias em geral. Quanto as funções “aumentar beleza”,

“retardar chamas” e “resistir a solventes”, estas não atingiram notas elevadas, com

exceção do material HOMO H 202HC (a função “Resistir a solventes”). Ou seja,

dentro quesito desempenho todos os materiais candidatos não atendem plenamente

os requisitos.

Para o elemento de manufaturabilidade, não há distinção de pontuação entre

os materiais, porque todos são obtidos pelo processo de injeção. Entretanto, sabe-

se que as técnicas mais empregadas para este tipo de aplicação são principalmente

injeção e extrusão em menores quantidades. Quanto à disponibilidade, verificou-se

que todos os materiais são comercializados na região da América Latina. E que a

condição do polímero STAREX Heat Resistant SR-0340M, é menos competitiva

financeiramente que os demais, por este ser de material ABS.

É importante dizer que embora o elemento custo, seja um fator substancial

em qualquer processo de seleção de materiais, neste caso, o mesmo teve a mesma

atribuição de peso que os demais elementos (desempenho, manufaturabilidade,

disponibilidade). A ponderação foi realizada com base na estimativa do custo relativo

dos materiais, devido ao impedimento em conseguir os valores específicos junto aos

fabricantes. Em vista disso, o custo do material ABS foi estimado com base nos

valores obtidos a partir do relatório da BVSE (2017).

Com isso, a somatória da pontuação designada aos materiais candidatos

destacou o material DAPLEN EG265HP como sendo uma das melhores escolhas

dentre os que foram examinados. O resultado superior nos critérios relacionados ao

elemento desempenho determinou que este material como uma boa escolha. É

importante expor também que o DAPLEN EG265HP é um material indicado para

aplicação no interior do veículo (Painel de instrumentos, painéis das portas, entre

outras), conforme pode ser visto na Tabela 13.

Enquanto que o gráfico de bolhas (Gráfico 1) evidencia além do material

DAPLEN EG265HP, o HECO CP202XP como um material com melhor desempenho

na resistência ao risco, além de ter um bom desempenho na ponderação também.

Planilha e gráficos gerados a partir dos dados de materiais plásticos filtrados para a

peça tampa do porta-luvas, aplicando a metodologia de seleção de materiais

descrita no trabalho.

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108

Gráfico 1 – Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos – Tampa do porta-luvas

Fonte: Autor (2017)

5.1.4 Documentação dos materiais selecionados – tampa do porta-luvas

Ao analisar os resultados obtidos com o emprego da ponderação determinou-

se que os polímeros que obtiveram maior pontuação foram o DAPLEN EG265HP e o

Starex SR-0340M, respectivamente, com pontuações de 13,46 e 12,79 (de até 16,00

pontos possíveis). Nessa abordagem a diferença mais significativa nos resultados

surgiu devido ao critério de custo, pelo fato de o polipropileno ter custo inferior ao

ABS. Ambos possuem valores semelhantes de Dureza superficial, Temperatura de

deflexão sob ação de cargas, todavia, o material com maior pontuação detém

também a menor densidade, aspecto relevante para análises com foco na redução

de peso.

Nota-se ainda que o material DAPLEN EG265HP é o único entre 5 candidatos

que atende ao critério referente a emissões. Contudo, o mesmo não satisfaz o

critério relativo a odor. Outro aspecto atrativo neste polímero se deve ao conceito

ecológico, pois este plástico é reciclável.

A Figura 44 apresenta outras propriedades do DAPLEN EG265HP em

comparação com um plástico polipropileno genérico, em um gráfico de radar.

Page 110: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

109

Figura 44 - Balanço de propriedades

Fonte: Ultraprospector (2017)

O uso de mineral no nível de 20% demonstra melhora expressiva no

desempenho do material na resistência ao impacto com o teste Charpy, como pode

ser visto na Figura 44. Em termos de processo, um significativo aumento no índice

de fluidez pode ser observado também. O que reflete diretamente no bico da

injetora, como uma oposição que um plástico mais viscoso ofereceria para escorrer.

Com relação a preço, o gráfico de radar coloca os dois materiais com valores

similares.

No entanto, dentro da análise da capacidade de resistência maior ao risco o

HECO CP202XP, também de polipropileno sai-se melhor, conforme a representação

gráfica de desempenho dos materiais no Gráfico 1.

Agora em outra perspectiva, o material DAPLEN RC101 pode ser uma

alternativa viável também em comparação com o STAREX SR-0340M, uma vez que

os dois obtiveram pontuações próximas, sendo o primeiro 12,63 e o material ABS

12,79. Em termos de desempenho o material STAREX SR-0340M possui um

desempenho relativamente um pouco melhor, mas considerando custos, o DAPLEN

RC101 se mostra mais competitivo. Logo, conclui-se que para aplicações de interior

o polipropileno pode ser empregado.

Page 111: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

110

5.2 PROPOSTA DA PEÇA – BASE DO ESPELHO LATERAL RETROVISOR

A base do espelho lateral retrovisor é posicionada nas portas a frente do

motorista e do passageiro frontal, está sujeita a condições climáticas (intempéries),

sendo exposta a elevadas temperaturas e substâncias químicas como detergentes

durante a limpeza. Esta peça sustenta o conjunto do espelho retrovisor (a mesma

pode ser identificada na Figura 45 e Figura 46), sendo reconhecida como parte

integrante de um dos elementos de segurança ativa no veículo. O componente da

base também está sujeita a movimentação deste mesmo conjunto (composto pelo

protetor do espelho, invólucro do espelho, moldura, sinal de direção, unidade de

ajuste e espelho) contra possíveis obstáculos, incluindo motos, outros veículos e

portão.

Figura 45 - Base do espelho lateral

Fonte: BASF (2013)

Figura 46 - Vista da geometria externa do retrovisor (parte traseira)

Fonte: THOR; CHIPPA; MAJAGE (2015)

A base do espelho lateral possui importância estética e aerodinâmica também

(na área frontal do veículo). Ao avaliar o segundo item, a base é responsável por

produzir mínima vibração no conjunto a fim de evitar vibrações no espelho e

Page 112: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

111

minimizar os ruídos produzidos pelas complicações provenientes da coluna A, área

localizada entre o compartimento do motor e a porta dianteira, uma região de fluxo

instável e vórtices (OLSSON, 2011).

5.2.1 Identificação das funções e definição dos requisitos – base do espelho

lateral retrovisor

A peça definida como objeto deste estudo é a base do espelho retrovisor,

sendo caracterizada como uma peça localizada na região exterior do veículo que

necessariamente deve:

- “suportar vibrações”;

- “suportar impactos”;

- “suportar montagem”;

- “apresentar estabilidade dimensional”;

- “resistir a riscos”;

- “suportar carga em temperaturas elevadas”;

- “aumentar beleza”;

- “resistir a solventes”.

Consequentemente as exigências para a escolha do material devem

satisfazer as propriedades relacionadas aos requisitos funcionais da peça, através

das funções declaradas anteriormente. Assim, as características de desempenho

material resultaram na elaboração da Tabela 16:

Page 113: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

112

Tabela 16 - Especificações por desempenho (base do espelho lateral retrovisor)

Item Funções Requisitos Técnicos

Índice Propriedades Normas

2.6.1 Resistir a riscos Dureza superficial ASTM D785, ISO 2039-2 60 - 130 (Escala R)

2.6.2 Suportar impactos Resistência a impacto ASTM D256, ASTM D6110, ISO 179, ISO

180

1,5 – 60 kJ/m2

2.6.3 Suportar montagem Módulo de flexão ASTM D-790, ISO 178 2000 – 4000 MPa

2.6.5 Apresentar estabilidade geométrica

Contração no molde ASTM D955, ISO 294 0,4%

2.6.6 Absorção de umidade ASTM D570, ISO 62 Máximo 3%

2.6.7 Índice de Fluidez ASTM D1238 Maior valor possível

2.6.8 Suportar carga em temperaturas elevadas

Deflexão sob ação de cargas

ASTM D648, ISO 75 ≤60 ̊C

2.6.9 Aumentar beleza Resistência acelerada às intempéries UV

ASTM G154 Sem alteração significativa na

aparência (amarelamento, bronzeamento,

manchas de água ou aderência)

Resistência acelerada às intempéries Xenon Arc

ASTM D2565, ASTM D4459, ASTM G155, ISO

4892

Alterações de cor não devem exceder ΔE de

3 unidades (Não deve exibir

aderência superficial, fragilização, alteração

na dureza, bolhas)

2.6.10 Brilho especular ASTM D523, ISO 2813 60° gloss (0-10 GU)

2.6.16 Resistir a solventes Resistência química ASTM D543 Sem alteração no grau de brilho ou manchas

2.6.17 Reduzir peso Densidade ASTM D792, ISO 1183 Menor valor possível

Fonte: Autor (2017)

Nesta etapa, será realizada uma prévia seleção de materiais plásticos, a partir

do processo de compilação realizado para gerar um banco de dados com a ficha

técnica de vários materiais com aplicação no setor automotivo.

O resultado desta triagem preliminar apontou os materiais candidatos

qualificados para atender as funções do produto estipuladas anteriormente. Desta

forma, a especificação do produto inclui a análise de inúmeras propriedades, dentre

elas, resistência ao impacto, módulo de flexão, resistência ao impacto e resistência

térmica sob carga em elevadas temperaturas. Na Tabela 17, são mostrados os

materiais selecionados neste primeiro estágio da aplicação da metodologia para

seleção de materiais resistentes a riscos.

Page 114: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

113

Tabela 17 - Propriedades mecânicas (base do espelho lateral retrovisor)

Polímero Fabricante Classe Aplicação

Módulo de Flexão 23 °C

2mm/min [MPa]

(ISO 178 )

Resistência ao impacto

com entalhe IZOD

23°C, 4mm [kJ/m² ]

(ISO 180/A)

Temperatura de deflexão sob ação de

cargas [°C]

(ISO 75-2)

PP

TRINSEO INSPIRE™ TF7000

ES

Painel de instrumentos, componentes inferiores e outras

aplicações de acabamento inferior 2400 29 61

BOREALIS DAPLEN

(EF198HP)

Painéis de instrumentos, revestimentos de assentos, painéis

das portas, consoles de centro, revestimentos dos pilares e

aplicações de interior automotivo

2000 (2.0 - 51) 1 95

ABS

Samsung (LOTTE

ADVANCED MATERIALS)

STAREX Heat Resistant

(SR-0340M) Aplicações no interior do veículo 2500 14 70

STAREX Heat Resistant SR-

0330M

Peças no interior do habitáculo do veículo

2350 14 96

Sabic CYCOLAC Resin

X11 Peças automotivas 2300 25 93

Ineos Styrolution

Novodur High heat Ultra 4000PG

Invólucro do espelho retrovisor, interior automotivo, itens de

decoração no interior 2350 23 98

Novodur P2MC Peças automotivas 2100 23 94

Novodur High heat H702

Espelhos retrovisores automotivos (pintados), invólucro da lanterna

traseira, peças automotivas 2400 17 99

Novodur High heat H604

Invólucro do espelho retrovisor, interior automotivo, itens de

decoração no interior 2400 21 98

ABS/PA Ineos

Styrolution

Terblend N NG-02 UV

Peças automotivas 2850 6 108

Terblend N NG-02EF

Peças automotivas 2800 12 118

PC/ABS

Samsung (LOTTE

ADVANCED MATERIALS)

General Purpose HP-1000XA

Console central, invólucro da lanterna traseira

2100 45 102

INFINO WP-1069 Console central, invólucro da lanterna traseira, ventilação

2300 44 105

INFINO WP-1089 Console central, invólucro da lanterna traseira

2200 46 107

Trinseo PULSE™ 2100LG Grade do para-choque, trilho do teto,

spoilers, invólucro de espelho retrovisor

2300 32 106

PC/ASA Lotte

Advanced Materials

INFINO WX-7010 Grade do radiador, invólucro do

espelho lateral retrovisor, rack de teto 2250 50 101

1 Resistência ao impacto média para materiais PP

Fonte: Autor (2017)

Page 115: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

114

5.2.2 Filtro dos materiais candidatos – base do espelho lateral retrovisor

Em seguida, o índice de mérito (IM) é mensurado. Este valor é obtido pela

razão das variáveis de índice de fluidez e dureza superficial. A Tabela 18 apresenta

os materiais encontrados na triagem inicial com seus respectivos IMs.

Tabela 18 - Índice de mérito (base do espelho lateral retrovisor)

Polímero Fabricante Classe Aplicação Índice de Fluidez

(ISO 1134)

Dureza Superficial Rockwell [R scale]

(ISO 2039-2)

IM (Índice de

Fluidez / Dureza)

PP

TRINSEO INSPIRE™ TF7000 ES Painel de instrumentos,

componentes inferiores e outras aplicações de acabamento inferior

27 (60 – 88) 2 (0.306 - 0.45)

BOREALIS DAPLEN (EF198HP)

Painéis de instrumentos, revestimentos de assentos, painéis

das portas, consoles de centro, revestimentos dos pilares e

aplicações de interior automotivo

(7.85 – 18.1)1 (90 - 98) 2 (0.080 – 0.201) 3

ABS

Samsung (LOTTE

ADVANCED MATERIALS)

STAREX Heat Resistant (SR-0340M)

Aplicações no interior do veículo (1.30 - 41.2)1 110 (0.011 – 0.374) 3

STAREX Heat Resistant SR-0330M

Peças no interior do habitáculo do veículo

(1.30 - 41.2)1 113 (0.011 – 0.364) 3

Sabic CYCOLAC Resin X11 Peças automotivas (1.30 - 41.2)1 (97 - 117) 2 (0.011 – 0.352) 3

Ineos Styrolution

Novodur High heat Ultra 4000PG

Invólucro do espelho retrovisor, interior automotivo, itens de

decoração no interior 6 (97 - 117) 2 (0.051 - 0.061) 3

Novodur P2MC Peças automotivas 25 (97 - 117) 2

(0.213 - 0.257) 3

Novodur High heat H702 Espelhos retrovisores automotivos (pintados), invólucro da lanterna

traseira, peças automotivas 16 (97 - 117)

2 (0.136 - 0.164) 3

Novodur High heat H604 Invólucro do espelho retrovisor,

interior automotivo, itens de decoração no interior

8 (97 - 117) 2

(0.068 - 0.082) 3

ABS/PA Ineos

Styrolution

Terblend N NG-02 UV Peças automotivas 30 (116 - 118) 2

(0.254 - 0.258) 3

Terblend N NG-02EF Peças automotivas 40 (116 - 118) 2 (0.338 - 0.344) 3

PC/ABS

Samsung (LOTTE

ADVANCED MATERIALS)

General Purpose HP-1000XA

Console central, invólucro da lanterna traseira

(8.00 - 26.2)1 113 (0.070 – 0.231) 3

INFINO WP-1069 Console central, invólucro da lanterna traseira, ventilação

(8.00 - 26.2)1 113 (0.070 – 0.231) 3

INFINO WP-1089 Console central, invólucro da lanterna traseira

(8.00 - 26.2)1 113 (0.070 – 0.231) 3

Trinseo PULSE™ 2100LG Grade do para-choque, trilho do teto,

spoilers, invólucro de espelho retrovisor

(8.00 - 26.2)1 (90 - 121) 2 (0.066 – 0.291) 3

PC/ASA Lotte

Advanced Materials

INFINO WX-7010 Grade do radiador, invólucro do

espelho lateral retrovisor, rack de teto 30 110 0.272

1 Valores médios para Índice de Fluidez

2 Valores médios para Dureza superficial

3 Faixa de valores de índice de Mérito

Fonte: Autor (2017)

Page 116: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

115

De acordo com os índices de méritos alcançados (ver Tabela 18), foram

relacionados os materiais com maiores valores e com perspectivas de oferecer

maior desempenho técnico ao projeto da peça. Assim sendo:

INSPIRE™ TF7000 ES (TRINSEO) - 0,603

Terblend N NG-02EF (Ineos Styrolution) - 0,341

INFINO WX-7010 (Lotte Advanced Materials) - 0,272

Terblend N NG-02 UV (Ineos Styrolution) - 0,256

Novodur P2MC (Ineos Styrolution) - 0,235

5.2.3 Seleção do material – base do espelho lateral retrovisor

Em continuidade, o próximo passo da metodologia é avaliar os materiais

candidatos já selecionados utilizando a técnica ponderacional. Dentre os critérios

definidos na ponderação, as funções “aumentar beleza”, “resistir a solventes” e

“reduzir peso” serão examinados neste momento, além dos elementos de

manufaturabilidade (envolvendo também a função “apresentar estabilidade

geométrica”), disponibilidade e custo, de acordo com os dados da Tabela 19.

Page 117: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

116

Tabela 19 - Técnica ponderacional (Base do espelho lateral retrovisor)

FATOR PESO

CRITÉRIO INSPIRE™ TF7000 ES (INJEÇÃO)

Terblend N NG-02EF (INJEÇÃO)

INFINO WX-7010 (INJEÇÃO)

Terblend N NG-02 UV (INJEÇÃO)

Novodur P2MC

(INJEÇÃO)

DESEMPENHO 1

AUMENTAR BELEZA

RESISTIR A SOLVENTES

REDUZIR PESO

MANUFATURABILIDADE 1

PESO

ESPESSURA MÍNIMA

PRECISÃO DIMENSIONAL

COMPLEXIDADE

RUGOSIDADE SUPERFICIAL

TAXA DE PRODUÇÃO

CONTRAÇÃO NO MOLDE

ABSORÇÃO DE UMIDADE

DISPONIBILIDADE 1 AMÉRICA LATINA

CUSTO 1 PREÇO (EUR)/kg

TOTAL 7,63 11,29 13,29 11,29 11,63

Fonte: Autor (2017)

4

4

4

1

4

4

0

0

0

4

8

8

8

8 8

8

8

8

8

1

1

4 8

4 8

4

8

4

4 4

8 1

8 1

8 8

8

8 4

8 4

8 4

8

8

8

8

8

8

4

8

8

3

4

4

3

1

1

8

8

1

4

4

4 4

4 8

4 8

1 8

4 4 8

4 4

8

8

1

8

8

8

1

0

3

4

0

0 8

8

1

1

4

4

4 1

1

3

0

3

4

0

0

3

3

2 3 3

2 2 3 0

0 3 3 0 0

3

3

0 3

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

0

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117

A partir da Tabela 19 constatou-se que ao empregar a técnica por

ponderação, o material INFINO WX-7010 apresentou a maior nota, sendo 13,29

pontos atingidos de até 16,00 pontos possíveis de serem alcançados. O maior

destaque deste material em relação aos outros, ocorreu nos seguintes critérios,

“aumentar beleza” (devido à boa resistência a intempéries) e custo do material, além

dos ótimos valores para absorção de umidade e contração no molde.

O material Novodur P2MC apresentou resultado interessante graças aos

critérios de contração no molde e absorção de umidade. No entanto, o mesmo

material não atendeu as especificações referentes a custo e obteve nota 3,

considerada satisfatória mas ainda assim inferior a outros candidatos.

Os outros materiais conquistaram notas inferiores por não satisfazerem toda a

especificação do elemento manufaturabilidade, embora os materiais avaliados sejam

processados pela mesma técnica de manufatura. Neste sentido, merece atenção a

capacidade de absorção de umidade do polímero, pois a base lateral do espelho

retrovisor está localizada na região exterior do veículo e que, portanto, pode haver

uma diminuição da elasticidade e rigidez do material, caso o mesmo venha reter

muito líquido.

Em relação ao custo, as estimativas são relativas considerando a tabela de

preços médios da Plasticker (2017). Dentre os materiais analisados o PP e PC/ASA

possuem custo relativamente inferior à família de plásticos ABS, que também é

bastante utilizada para aplicações automotivas. Além do mais, são competitivos em

comparação ao material ABS/PA também.

5.2.4 Documentação dos materiais selecionados – base do espelho lateral

retrovisor

O INFINO WX-7010 é um material da família PC/ASA, que apresenta boa

resistência às condições climáticas (intempéries). Este fator é considerado positivo

ao avaliar as condições que a peça estudada está exposta. A Figura 47 ilustra bem o

desempenho do material, ao mostrar o balanço de suas propriedades em relação a

outro material com valores médios da mesma família, portanto, é notável a sua

distinção para a resistência a intempéries e estabilidade térmica.

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118

Figura 47 - Características PC/ASA WX-7010

Fonte: Lotte Advanced Materials (2016)

A mesma figura apresenta também dados referentes à exposição do material

a luz de arco de xênon na presença de umidade a fim de reproduzir a degradação

material (alteração de cor) quando expostos a efeitos climáticos (temperatura,

umidade e chuva), conforme descritos na norma ISO 4892. Como pode se identificar

o material WX-7010 possui índices menores de 3, sendo o maior valor alcançando

próximo de 1 quando exposto a 1500 KJ.

Alternativas de diferentes composições surgiram também nesse quadro final,

entre elas podem ser citadas, materiais com PP, ABS/PA e o próprio ABS. Com

resultados próximos ao primeiro colocado, os polímeros N NG-02EF, N NG-02 UV e

P2MC se diferenciam na resistência a intempéries, contração no molde e absorção

de umidade. Uma representação gráfica que demonstra o desempenho destes

materiais é mostrada no Gráfico 2 através de um gráfico de bolhas.

Page 120: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

119

Gráfico 2 – Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos – Base do espelho retrovisor

Fonte: Autor (2017)

5.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Esta seção apresenta a análise proveniente dos resultados do trabalho,

incluindo uma observação sobre os aspectos positivos e negativos do método

proposto de seleção de materiais plásticos resistentes a riscos.

Foram avaliados 167 materiais plásticos disponíveis no mercado, de

empresas diversas como BASF, BOREALIS, BRASKEN, CELANESE, EXXON Mobil,

Ineos Styrolution, LG Chem Ltd., LOTTE ADVANCED MATERIALS, LyondellBasell

Industries, Sabic, Saudi Basic Industries Corporation e Trinseo. Verificou-se que

entre os materiais que melhor atenderam a especificação definida, alguns possuíam

como informação em sua ficha técnica, o uso dos materiais candidatos em espelhos

retrovisores e no interior do veículo. O que demonstra a assertividade da

metodologia em selecionar os materiais adequados para a aplicação estipulada.

Vale destaque a importância da análise do requisito que se refere a emissões,

mesmo não havendo a imposição do aspecto legal no Brasil. Convém esclarecer

que esta condição irá contrastar com a necessidade do fabricante de veículos em

Page 121: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

120

exportar estes automóveis de fabricação nacional para mercados com esta

exigência em forma de lei. Por consequência, fabricantes interessados nestes

mercados irão desenvolver e aplicar normas internas (variadas), que possibilitem

este comércio. Portanto, um maior número de dados deve ser coletado em relação

as funções “minimizar emissões” e “eliminar odor”, considerando também o mercado

final do produto, uma vez que o uso de aditivos no material para inibir a emissão de

odores e particulados no interior do habitáculo do veículo produz um acréscimo de

despesas para o fabricante. O impacto que estes aditivos acarretaram na

propriedade de resistência a risco também deve ser estudada.

Com ênfase no uso de aditivos na matriz polimérica, notou-se a presença de

materiais desta classe entre os que tiveram melhores pontuações, com destaque

para cargas de mineral e fibra de vidro. Estes demonstraram bom desempenho nas

propriedades de resistência ao impacto e dureza superficial, conhecidas por estarem

diretamente relacionadas aos danos de riscos. E realmente foram demonstrados e

reconhecidos os ganhos econômicos pelo uso do PP, assim como a possibilidade de

ter no portfólio do produto materiais mais sustentáveis (recicláveis), como, por

exemplo, o DAPLEN EG265HP.

Embora o uso de aditivos contribua significativamente para o desempenho do

polipropileno, também é relevante mensurar os impactos no custo final do material e

examinar o aspecto final da peça quando houver elevadas porcentagens de carga.

Pois, custos adicionais referentes a acabamento irão encarecer o preço final do

produto, com a prática da texturização ou a necessidade de modificar o molde da

peça devido a dificuldades de remoção ou inclinação do componente.

Cabe mencionar ainda a importância das propriedades de resistência à fadiga

e resistência a deformação a longo prazo (fluência) como parte do processo de

avaliação e seleção de materiais plásticos, pois comtempla as observações sobre a

vida útil da peça. No entanto, esta pesquisa não abrangeu esse ponto, devido à

necessidade de realizar uma coleta de dados mais densa a cerca destas

propriedades. Além do fato de a norma solicitar que a peça seja submetida sob

carregamento constante por período mínimo de 1000h como condição de teste para

a realização do ensaio de fluência, o que implica em custos significativos para a

realização do mesmo.

Page 122: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

121

6 ANÁLISE DO MÉTODO PROPOSTO

O objetivo desta seção do trabalho é apresentar a eficácia e reflexões sobre

as dificuldades do método proposto de seleção de materiais plásticos resistentes a

riscos para componentes automotivos.

É possível afirmar que o método foi adequado para a seleção de materiais

essencialmente por conta de sua simplicidade e rapidez de resposta. Logo, torna-se

possível conduzir inúmeros testes para confirmação dos resultados por diferentes

especialistas de uma mesma equipe.

Além disso, a variação do custo é gigantesca, quando se compara o custo de

aquisição, manutenção da licença e treinamento do software de Ashby com o

sistema idealizado nesta pesquisa. Portanto, existem vantagens competitivas em

relação a métodos similares já existentes.

Outra vantagem é o controle sobre os critérios estabelecidos na especificação

do produto, que podem abranger fatores com maior subjetividade, importantes para

o cliente como estética e qualidade percebida, por exemplo. Alguns destes fatores

podem inclusive fazer parte da decisão estratégica da montadora.

Através do estudo também ficou claro onde estão localizadas as dificuldades

mais significativas deste método, como a falta de confiabilidade no processo. Esta

pode comprometer os resultados, uma vez que o método de seleção necessita ser

reproduzido em uma quantidade maior de casos para a identificação de erros.

O tempo utilizado no inicio do projeto para reunir os dados dos materiais junto

aos fabricantes foi muito grande, em comparação com a execução dos estudos de

caso. Neste sentido, como oportunidade de melhoria deve-se, portanto, avaliar

outros meios de obter estas informações de modo que o tempo gasto e o desgaste

para realizar essa atividade possam ser diminuídos.

Ao implementar a ferramenta em uma empresa deve-se também verificar os

empecilhos que possam surgir diante de uma equipe multidisciplinar, pressionada a

atender prazos curtos. Ou as situações que poderão surgir quando engenheiros que

não possuam tanto conhecimento sobre materiais plásticos fizerem uso da

metodologia.

Diante da complexidade que o objetivo da pesquisa impôs, definiu-se a

estratégia adotada como sendo a melhor durante os estudos. Verificou-se ainda a

Page 123: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

122

ausência de trabalhos práticos aplicados neste campo, pois não existem muitas

referências. Contudo, no futuro, com o desenvolvimento da ferramenta pode-se

identificar outra técnica ou forma mais interessante de se realizar a seleção de

materiais plásticos resistentes a risco.

6.1 ASPECTOS NEGATIVOS

Dentre os pontos a serem melhorados, o método proposto possui as

seguintes limitações:

A precisão dos dados é fundamental para a efetiva aplicação da metodologia,

uma vez que uma faixa de valores médios para materiais de uma família pode

ser muito ampla, e desta forma comprometer a seleção dos materiais já na

triagem inicial. Portanto, houve casos em que materiais com potencial

deixaram de participar no processo de escolha devido à falta de dados

materiais.

Permitir que a subjetividade do avaliador interfira na ponderação da matriz de

decisão.

Compilar todos os dados de materiais plásticos no banco de dados é

considerado uma tarefa trabalhosa.

Outra dificuldade encontrada foram os diferentes padrões, normas que tratam

o mesmo assunto, mas que, no entanto acabam gerando discrepâncias nos

dados coletados em testes, prejudicando assim a análise, não permitindo a

comparação entre os resultados.

6.2 ASPECTOS POSITIVOS

Destacam-se entre os principais pontos obtidos através do método os

seguintes aspectos:

Realizar uma análise ágil mesmo obtendo uma elevada quantidade de

materiais disponíveis para o processo de seleção. Favorecendo assim, a

redução da duração de tarefas do Processo de Desenvolvimento de Produtos

(PDP).

A ferramenta é capaz de guiar projetistas de modo que o tempo seja mais

bem utilizado na realização dos testes dos materiais.

Page 124: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

123

O Índice de mérito permite identificar propriedades relevantes para o projeto

ao se trabalhar com funções. Pois, direciona o trabalho de pesquisa para

materiais com melhor desempenho e estimula a criatividade dos engenheiros

envolvidos.

A matriz de decisão de Pahl & Beitz é positiva por não ser focada somente no

desenvolvimento do produto, incluindo também aspectos de manufatura,

disponibilidade e custo.

A comparação realizada através da representação gráfica dos gráficos de

radar e de bolhas é de fácil entendimento.

Detectar funções desnecessárias ao projeto da peça com mais facilidade,

permitindo a proposta de novas composições materiais em conjunto com o

fabricante. Avaliando somente eventuais necessidades na matriz do material

para determinada aplicação ou região do veículo.

Efetuar o processo de engenharia reverso do componente da empresa

concorrente, uma vez que as funções e dados respectivos às propriedades

materiais tenham sido identificados com a realização de alguns testes.

Page 125: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

124

7 CONCLUSÕES

Materiais plásticos são cada vez mais utilizados, em especial na indústria

automobilística, em substituição a partes metálicas. O segredo para um

desenvolvimento de produto com sucesso é a escolha adequada do material,

processo e requisitos apropriados. Além disso, devido à concorrência acirrada e com

o intuito de melhorar a qualidade dos produtos, os requisitos de projeto possuem

características mecânicas bem restritivas, tendo como destaque a resistência a

risco. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo desenvolver uma metodologia

que permitisse identificar, de forma ágil e estruturada, o material plástico que atenda

os requisitos de projeto e, ao mesmo tempo, possuísse a maior resistência a risco

possível.

Ao executar a estratégia de seleção definida, dificuldades foram identificados

como a incerteza existente ao utilizar uma matriz que não é objetiva. Uma vez que

os resultados podem ser comprometidos pela subjetividade do avaliador na

ponderação. No entanto, não houve êxito em encontrar outra forma menos

prejudicial aos objetivos propostos.

Ademais, a consolidação dos dados de propriedades materiais demandou

muito tempo e grande disposição para a sua obtenção junto aos fabricantes. Este é

um fator fundamental para a execução do trabalho e cabe dizer que caso não seja

feita de forma apropriada pode gerar dificuldades e afetar os resultados. Para este

trabalho foi utilizado o software Excel para geração do banco de dados, mas convém

esclarecer que as empresas têm a acesso a mais informações e ferramentas mais

robustas, facilitando dessa forma a tarefa a ser realizada.

Além disso, não foram contemplados neste estudo os efeitos dos aditivos na

propriedade de resistência a riscos. Também é importante dizer que os materiais

encontrados durante o processo de seleção nos dois estudos de caso não são

materiais inovadores, mas sim materiais tradicionalmente já empregados pelos

fabricantes. Ou seja, seria relevante para a pesquisa se entre os resultados da

seleção um material novo fosse encontrado.

Sobretudo, o presente estudo não abordou com profundidade a relação

existente entre a forma geométrica do componente e o material. Esta deficiência

existente é explicada pelo fato que representaria em um aumento do grau de

Page 126: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

125

complexidade para o estudo. Contudo, essas considerações enriqueceriam ainda

mais os testes realizados.

A metodologia proposta foi aplicada para dois casos distintos, um para uma

peça no interior do veículo, tampa do porta-luvas, e outra do exterior do automóvel,

base do espelho lateral retrovisor. A análise dos resultados demonstrou que a

ferramenta proposta tem como vantagem agilidade na seleção do material e o

benefício de, ao se trabalhar com funções, facilitar a priorização de características

que irão agregar valor ao produto.

Por fim, pode-se afirmar que a metodologia proposta é viável e que o

potencial da ferramenta será tornará mais consolidado quanto melhor for o banco de

dados utilizado, ressaltando com isso a necessidade de se trabalhar integrado com

os fornecedores e investir em pesquisa e procedimentos para aperfeiçoar o

processo de seleção de materiais. Porém, deve se lembrar de que é necessário

avançar consideravelmente no seguinte aspecto, uma quantidade maior de testes a

serem realizados para que o método se desenvolva mais, adquira maior

confiabilidade e diminua o seu grau de subjetividade. Pois, o mesmo não foi testado

suficientemente a fim de ter a sua eficácia comprovada. Para ser validada, a

metodologia necessita ser colocada em prática com um número maior de casos,

diversificando as aplicações do veículo também, caso contrário os resultados obtidos

talvez sejam comprometidos.

O Índice de mérito também necessita ser mais bem explorado, estudando

outras propriedades, a fim de distinguir qual o melhor resultado para o objetivo do

projeto. Seja utilizando propriedades como dureza superficial, resistência ao

impacto, densidade, custos, entre outras.

7.1 TRABALHOS FUTUROS

O método proposto não se apresenta definitivo, o tema é amplo e complexo.

Portanto, poderá sofrer alterações ao longo do tempo como melhoria contínua,

havendo sequência por não estar inteiramente finalizado. Logo, propõem-se

algumas sugestões:

i. Realizar novos testes com diferentes componentes para validar a

metodologia proposta para seleção de materiais plásticos resistentes a

riscos, pois só foram efetuados dois testes.

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126

ii. Realização dos ensaios de longa duração (resistência à fadiga e à

deformação em longo prazo) para que se possa estimar com maior

precisão a vida útil dos componentes, pois estes dados são escassos

bem limitados pelos fabricantes de materiais. Com isso, também

espera-se obter dados capazes de contribuir com a análise de ciclo de

vida do produto.

iii. Priorização de requisitos técnicos com o objetivo de delimitar melhor o

campo de estudo, para que este não seja muito abrangente e dificulte

assim a percepção de alternativas oportunas (com elevado potencial).

iv. Outro ponto significativo e capaz de agregar valor em uma pesquisa

futura é a exploração de novas técnicas de fabricação (como

impressão 3D). Realizando assim, comparações destas técnicas com

as mais tradicionais. Além de avaliar e detalhar mais minuciosamente

os custos relativos ao molde do componente.

v. Identificação e abordagem de propriedades elétricas que sejam

relevantes para a seleção de materiais em estudos futuros, pois não

fizeram parte do escopo da pesquisa.

Page 128: Seleção de materiais plásticos resistentes a riscos para ... · Ashby, método tido como referência na área. Além deste, também foram utilizados conceitos da matriz de decisão

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