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1 INTRODUÇÃO A Europa no período pós-Guerra Fria apresentou uma crescente aber- tura de suas fronteiras, criando uma intensa ligação entre os aspectos in- ternos e externos da segurança. Atualmente, o continente enfrenta ameaças à sua segurança que são mais diversificadas, menos visíveis e/ou previsíveis. A segurança dos países europeus é assegurada primeiramen- te pelos próprios Estados, e a União Europeia (UE) busca estar preparada e equipada para reagir de maneira coletiva a ameaças como as advindas de armas de destruição em massa, proliferação de armamentos, terro- rismo, além de conflitos regionais. O terrorismo representa uma crescen- te ameaça estratégica para a Europa, pois coloca vidas em risco, acarreta enormes custos e abala a abertura e a tolerância das comunidades euro- peias. Os conflitos regionais repre- sentam uma ameaça à estabilidade regional, pois estão presentes junto às suas fronteiras e sendo assim, é do interesse da Europa que os países em seu entorno sejam bem governa- dos, baseado na concepção de que o melhor para segurança da UE é a vizinhança constituída por Estados democráticos e estáveis. 2 A Política Externa e de Seguran- ça Comum e a Política Europeia de Segurança e Defesa pregaram o for- talecimento do bloco para atuar de maneira conjunta. 3 A Europa ‘rein- ventou o conceito de segurança’, in- corporando parceiros inter-regionais e dimensões diversificadas como o controle das migrações e a coope- ração militar, cultural e comercial, o que resultou em acordos-quadro sobre segurança com vários países extra-bloco. Os Estados membros da UE devem, de acordo com o Tratado de Maastricht, adaptar suas políti- cas externas no sentido da harmo- nização, ou seja, da ‘europeização’ e devem sustentar suas respectivas políticas em matéria de segurança na perspectiva de uma aproximação das suas prioridades e da harmonização das suas posições e suas ações com as do bloco. 4 Com relação ao terrorismo, seu con- ceito moderno aplica-se a ações vio- lentas que têm o intuito de alterar a ordem vigente, realizadas por indiví- duos e grupos e tendo uma motivação política. De acordo com Laqueur, ele é baseado no emprego sistemático da violência ou na ameaça de usá-la, partindo de entidades menores que o SEGURANÇA E TERRORISMO NA EUROPA Isabela Zorat Alonso Brenda Aparecida Furtado Marchiori Laura de Souza Oliveira Cruz Lucas Fortes Mulati Marjorie Luana Aquino Alonso Natália Barbieri Antunes 1

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V. 3, n. 4 - Agosto de 2016

Introdução A Europa no período pós-Guerra Fria apresentou uma crescente aber-tura de suas fronteiras, criando uma intensa ligação entre os aspectos in-ternos e externos da segurança.

Atualmente, o continente enfrenta ameaças à sua segurança que são mais diversificadas, menos visíveis e/ou previsíveis. A segurança dos países europeus é assegurada primeiramen-te pelos próprios Estados, e a União Europeia (UE) busca estar preparada e equipada para reagir de maneira coletiva a ameaças como as advindas de armas de destruição em massa, proliferação de armamentos, terro-rismo, além de conflitos regionais. O terrorismo representa uma crescen-te ameaça estratégica para a Europa, pois coloca vidas em risco, acarreta

enormes custos e abala a abertura e a tolerância das comunidades euro-peias. Os conflitos regionais repre-sentam uma ameaça à estabilidade regional, pois estão presentes junto às suas fronteiras e sendo assim, é do interesse da Europa que os países em seu entorno sejam bem governa-dos, baseado na concepção de que o melhor para segurança da UE é a vizinhança constituída por Estados democráticos e estáveis.2

A Política Externa e de Seguran-ça Comum e a Política Europeia de Segurança e Defesa pregaram o for-talecimento do bloco para atuar de maneira conjunta.3 A Europa ‘rein-ventou o conceito de segurança’, in-corporando parceiros inter-regionais e dimensões diversificadas como o controle das migrações e a coope-ração militar, cultural e comercial,

o que resultou em acordos-quadro sobre segurança com vários países extra-bloco. Os Estados membros da UE devem, de acordo com o Tratado de Maastricht, adaptar suas políti-cas externas no sentido da harmo-nização, ou seja, da ‘europeização’ e devem sustentar suas respectivas políticas em matéria de segurança na perspectiva de uma aproximação das suas prioridades e da harmonização das suas posições e suas ações com as do bloco.4

Com relação ao terrorismo, seu con-ceito moderno aplica-se a ações vio-lentas que têm o intuito de alterar a ordem vigente, realizadas por indiví-duos e grupos e tendo uma motivação política. De acordo com Laqueur, ele é baseado no emprego sistemático da violência ou na ameaça de usá-la, partindo de entidades menores que o

SEGURANÇA E TERRORISMO NA EUROPAIsabela Zorat Alonso

Brenda Aparecida Furtado Marchiori

Laura de Souza Oliveira Cruz

Lucas Fortes Mulati

Marjorie Luana Aquino Alonso

Natália Barbieri Antunes1

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Série Conflitos Internacionais

Estado.5 Segundo Hoffman, o terro-rismo é a “exploração do medo atra-vés da violência ou ameaça de vio-lência, na busca por uma mudança política”.6 A maioria dos países estaria vulnerável à ameaça do terrorismo, em decorrência da dificuldade do po-liciamento de fronteiras, da dissemi-nação de armas químicas e biológicas e das discordâncias regionais em rela-ção às políticas estatais adotadas.7

Hoje, o terrorismo empenha-se em atingir dimensões internacionais e causar impactos globais, com a fi-nalidade de conquistar a máxima publicidade de suas ações e o apoio do público que os grupos terroris-tas dizem representar. Os grupos atuais se organizam em redes, di-fusas e amorfas, não se limitando a práticas convencionais (como, por exemplo, o cyber-terrorismo), com o propósito de propagar a sensação de vulnerabilidade no Estado ou or-ganização alvo.8 Hoje, também, a re-ligião assumiu um papel importante na disseminação do terrorismo, com

o crescimento alarmante nos últimos anos de organizações terroristas in-ternacionais ligadas ao extremismo religioso.9 Segundo Hoffman, a re-ligião produz “sistemas de valores, mecanismos de legitimação, concei-tos de moralidade e visão de mundo radicalmente diferente”.10

Grupos ‘terrorIstas’ de destaque

O grupo paquistanês Al Qaeda foi criado em 1987, com o objetivo de implantar o código moral islâmico, conhecido como sharia, para comba-ter a influência ocidental em países de fé muçulmana. Abdullah Azzam, um de seus criadores, definiu a or-ganização como uma vanguarda dos fortes, em que atos independentes e arbitrários serviriam de exemplo para o resto da comunidade islâmica e a incitaria contra seus opressores.11 O grupo foi o responsável pelos ata-ques às torres gêmeas (Nova York) e ao Pentágono (Washington), ocorri-dos em 11 de setembro de 2001. Esse

evento e suas consequências levaram ao surgimento de outros grupos que também defendiam a fé e a moral atribuídas à religião muçulmana.

Nesse sentido, o Estado Islâmico (EI) surgiu como uma derivação da Al Qaeda, porém com ideais bem mais radicais, o que promoveu o afasta-mento de ambos. Inicialmente cha-mado de Al Qaeda no Iraque, o EI lutava contra os infiéis e os xiitas, além de ter como objetivo a criação de um Estado verdadeiramente islâ-mico.12 De acordo com seu fundador Abu Musab al-Zarqawi, a luta pelo poder muçulmano fracassaria se o grupo não possuísse bases territoriais no Oriente Médio. Nesse caso, o ob-jetivo era a recriação do Califado de Bagdá por meio de guerras com os inimigos ao redor.13

É importante salientar que ambos os grupos dominam territórios do Oriente Médio14, mas o EI apresen-tou um avanço militar impressio-nante e sua organização mostrou-se

Militantes do Estado Islâmico

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ser mais eficiente. A Al Qaeda tinha como principal função o patrocínio e o aconselhamento de grupos e in-divíduos interessados em defender as causas islâmicas. Já o EI ampliou o al-cance instalando células do grupo em todos os continentes e arregimentan-do membros de todos os tipos.

Após a reação pelos atentados de 11 de setembro de 2001 e a morte de Osama Bin Laden, ocorrida em 2011, a Al Qaeda ficou enfraquecida, apesar de ainda manter capacidade de pro-mover atentados. Já o EI, vem promo-vendo grandes atentados ativamente, tanto em países do Ocidente quanto do Oriente, geralmente em locais de grande concentração de pessoas.

o terrorIsmo na europa

O fenômeno do terrorismo é antigo em solo europeu. Os números de-monstram que na década de 1970 a taxa de incidência era ainda maior que a atual. Os atentados partiam, principalmente, de grupos separa-tistas como o Exército Republica-no Irlandês (IRA) no Reino Unido, o Euskadi Ta Askatasuna (ETA) na Espanha e a Frente de Libertação dos Açores em Portugal. Embora demonstrasse grande violência, na maioria dos casos da época, resulta-ram em nenhuma vítima fatal.15

Já os maiores atentados ocorridos na Europa nos últimos anos têm desta-

cado – com exceção ao caso de An-dreas Breivik, na Noruega em 2011 – a ligação com o terrorismo trans-nacional e ao extremismo islâmico.18

A tabela ao lado pontua os principais atentados, com vítimas fatais, dos úl-timos 16 anos que expuseram a fra-gilidade da Europa Ocidental no que tange ao combate ao terrorismo.19

o caso de madrId11 de março de 2004

Os atentados de Madrid, na Espanha, ocorreram na hora de rush, quando dez bombas explodiram, em quatro trens que se dirigiam para a estação ferroviária de Atocha. O governo de José Maria Aznar acusou o gru-po basco ETA pelo ocorrido, mas na mesma noite grupos da Al Qaeda reivindicaram a autoria do atenta-do.20 Os ataques aos trens foram uma espécie de troco da Al Qaeda pela participação espanhola na Guerra do Iraque. Nesse sentido, as bom-bas balançaram a opinião pública no que tange à confiança da população no governo de José Maria Aznar. A investigação realmente apontou a Al Qaeda como culpada. Os espanhóis, por sua vez, depositaram sua ira nas urnas. Revoltados com o preço do apoio à guerra no Iraque elegeram, com 43% dos votos, o Partido So-cialista Operário Espanhol e conse-quentemente, José Luis Rodriguez Zapatero se tornou o novo Primeiro-Ministro do país.

o caso ‘charlIe hebdo’07 de janeIro de 2015

O atentado ao jornal satírico fran-cês Charlie Hebdo pode ser descrito como de caráter religioso. O jornal era conhecido por publicar charges de caráter cômico, incluindo algu-mas do profeta Maomé. Na manhã de 07 de janeiro de 2015, terroris-

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tas invadiram o prédio do jornal e executaram 10 pessoas, entre elas o diretor, cartunistas ejornalistas da redação e um policial, aos gritos de ‘Allah Akbar’ (Deus é grande) e ‘o profeta foi vingado’.21 Nesse caso, os autores queriam se vingar pela sátira feita com o profeta Maomé, consi-derado pelo islamismo o mensageiro de Deus.22 O ocorrido causou indig-nação popular e a expressão “Je suis Charlie” (eu sou Charlie) foi propa-gada em textos e imagens, principal-mente nas redes sociais, como defesa da liberdade de expressão.23 Alguns dias após o ocorrido, o líder da Al Qaeda no Iêmen reivindicou a auto-ria do atentado.24

o caso de parIs13 de novembro de 2015

Os ataques de novembro em Paris ocorreram, simultaneamente, na casa de shows Bataclan, bares e próximo ao estádio de futebol Stade de France.

O mais grave foi na casa de shows. No dia seguinte, na nota de reivindi-cação dos atentados pelo Estado Islâ-mico, a França foi classificada como “capital da abominação e perversão”. A organização terrorista assumiu que os lugares dos atentados foram esco-lhidos “antecipadamente e especi-ficamente”. O estádio foi escolhido, pois se sabia da presença do presi-

dente François Hollande no jogo e a casa de shows por ser o lugar em que “centenas de idólatras se reuniam em uma festa de perversidade”.25 Como resposta, a França enviou caças à Sí-ria e passou a bombardear o Estado Islâmico.26 O presidente François Hollande declarou que a França es-tava em guerra e decretou o Estado de Emergência, além de anunciar novas formas de controle das fron-teiras e o aumento do financiamento para a polícia e a defesa.27

o caso de nIce14 de julho de 2016

Durante a tradicional queima de fo-gos em comemoração ao Dia da Bas-tilha em Nice, no sul da França, um caminhão conduzido por um fran-co-tunisiano atropelou a multidão. Um terço de suas vítimas fatais eram muçulmanas, segundo a União dos Muçulmanos dos Alpes-Marítimos e o ataque foi reivindicado pelo Es-tado Islâmico.28 O presidente francês anunciou que o atentado foi de ca-ráter terrorista, estendeu o estado de emergência, que vigorava desde os atentados de 2015, por mais três me-ses e aumentou as operações na Síria e no Iraque.29

o caso de Istambul28 de junho de 2016

No aeroporto de Ataturk, o 11º do mundo com maior fluxo de pessoas30, três homens-bomba se explodiram31, dois nos saguões de partidas e chega-das e o terceiro fora do aeroporto.32 Nenhum grupo terrorista reivin-dicou os atentados, porém o presi-dente turco Tayyip Erdogan acusou o Estado Islâmico.33 A Turquia é membro da coalizão militar contra o EI liderada pelos Estados Unidos, e abriga aproximadamente 3 milhões de refugiados sírios. Após o ocorrido em Ataturk, Erdogan fez um apelo

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Atentados na Europa Ocidental (1970-2014)

Mortos e feridos em atentados terroristas na Europa Ocidental (1970-2014)

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internacional afirmando que a luta contra as organizações terroristas é uma luta comum a ser travada em todo o planeta e com os países oci-dentais à frente.34

mudanças nos atentados terrorIstas

A partir dos casos expostos acima, é possível perceber a simplificação que as ações terroristas vêm sofrendo, bem como a alteração de seus alvos e objetivos. No caso de Madri, houve um planejamento sistemático para a instalação das bombas e sua ativação em trens específicos. O objetivo des-se ato era claramente vingativo, a or-ganização desejava chamar a atenção da mídia e impactar o governo espa-nhol, demonstrando sua capacidade de praticar violência.

Nos demais casos, o planejamento foi mais simples. Nos casos do ‘Charlie Hebdo’ e dos atentados de novembro de 2015, em Paris, membros do EI praticaram os ataques com bombas e fuzis. Com exceção do Estádio e do Bataclan, os demais alvos parecem ter sido escolhidos de forma alea-tória, baseado na oportunidade. No

caso de Nice, o ataque também foi reivindicado pelo EI, entretanto tal fato é questionável visto que não fo-ram encontradas ligações do acusado com a organização. Sendo assim, o caso por se considerado como ataque individual, do qual o EI fez uso. De qualquer forma, todos eles têm liga-ção com o extremismo islâmico.

Apenas no final da década de 1990, o termo ‘terrorismo’ passou a ter li-gação com o extremismo religioso.35 Analisando a prática de atos conside-rados terroristas desde aquela época, podemos perceber algumas mudan-ças. O primeiro tipo de terrorismo seria o praticado pela Al Qaeda. A organização planejava minuciosa-mente, financiava e executava atos contra alvos de valor simbólico para seus inimigos, que eram levados a cabo por membros da organização. O caso mais emblemático foram os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.36 O segundo tipo de terrorismo pode ser relacio-nado, especialmente, ao EI. Os alvos passaram a ser lugares diversos, nor-malmente com grande concentração de pessoas – meios de transportes, casas ou locais de eventos, entre ou-

tros. A organização usa as redes so-ciais para realizar forte propaganda de cunho religioso e ideológico e arregimentar adeptos que têm liber-dade de planejar e executar ataques em nome da organização. A mesma liberdade ocorre em relação aos gru-pos afiliados ao EI. Foram os casos dos atentados em Paris e Copenha-gen em 2015.37 Nesse segundo tipo, os ataques são planejados e executa-dos por indivíduos que passam um período na organização na Síria e no Iraque e recebem instruções sobre atos terroristas retornando aos seus países de origem aptos para execu-tarem atentados com liberdade para decidir quando, onde e como agir. O terceiro ‘tipo’ engloba os ataques mais recentes como os casos de Or-lando - EUA (junho 2016) e Nice. São atos cometidos por indivíduos, em lugares inesperados realizados em nome de uma organização ter-rorista sem que o praticante necessa-riamente faça parte dela, por motivos diversos e pessoais como homofobia, racismo, etc.38

Além disso, os atentados se tornaram mais simples com a utilização de ex-plosivos e fuzis automáticos, apro-veitando-se da facilidade de mobili-dade dentro de blocos como a União Europeia e da ligação com o crime organizado. Essas alterações aumen-tam a dificuldade em estabelecer ações anti e contra o terrorismo por parte dos órgãos responsáveis.39

consIderações FInaIs As estratégias utilizadas pela UE para o combate ao terrorismo nos últimos anos têm sido alteradas e adaptadas em decorrência dos aten-tados mais recentes. Tendo em vista a prioridade do terrorismo na agen-da de segurança, em 2015 o Conse-lho Europeu estabeleceu três novos pilares: promover a segurança da

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Ato contra atentado ao Charlie Hebdo

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população civil; prevenir a radicali-zação e proteger valores; e a coope-ração com parceiros internacionais.40 Tendo como base esses três pilares e pensando em uma política contra o terrorismo mais eficaz, entrou em cena uma nova proposta, o Passen-ger Name Records (PNR), uma es-pécie de monitoramento de todas as pessoas que se deslocam entre os países da União Europeia. Esse moni-toramento, na teoria, vale tanto para os europeus, quanto para os nacionais de outros países. Com essa medida é esperado poder identificar qualquer indivíduo que represente qualquer tipo de ameaça.41

Em fevereiro de 2015 já havia 47 emendas sobre o PNR, chegando ao mês de abril a mais de 700 propos-tas de emendas, negociadas dentro da Comissão Europeia. No entanto, mesmo com urgência das mudanças

e reajustes nas leis antiterroristas é muito difícil fazer com que todos os países pertencentes ao bloco che-guem a um consenso sobre como en-frentar o problema. As diversas pro-postas dificultam o trabalho da União Europeia como uma união de fato, e impedem que se chegue a um resul-tado rápido e eficiente. Na realidade, cada país acaba definindo seu grau de preocupação com o terrorismo.

Com esses empecilhos, o acordo de Schengen foi alvo de muitas críticas sendo visto como potencialmente perigoso para a segurança europeia.42 Isso resultou na intensificação do controle nas fronteiras, tanto terres-tres quanto nos aeroportos e portos dos países para identificar indivíduos que possam de alguma forma estar ligados ao terrorismo.43

Outro problema observado é que

frequentemente várias informações são negadas ou bloqueadas para di-vulgação entre os países da União Europeia. A Europol planeja instalar unidades em cada país para facilitar a obtenção e troca de informações que possam ajudar a combater radicais eu-ropeus que são treinados pelo EI para continuarem a ‘guerra santa’ quando voltarem ao território europeu.

Apenas em 2015, alguns Estados membros da EU se engajaram na tro-ca de informações para identificar previamente nomes que estejam en-volvidos com alguma ação terroris-ta.44 Estão também em vigor e sendo aprimorados mecanismos de fiscali-zação e filtragem da Internet, com ajuda da Europol, para identificar in-divíduos que se envolvam em ações terroristas ou que tenham ligações com o terrorismo de alguma forma, e para combater a radicalização e o

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Homenagem às vítimas dos ataques de novembro de 2015 em Paris

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2 CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Estratégia Europeia em Matéria de Segurança: uma Europa Segura num Mundo Melhor. Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2009.

3 CHARILLON, Frédéric. O Significado da Segurança na Europa: A UE – da PESC ao Colapso da Política Externa . Nação e Defesa, Lisboa, v. 2, n. 99, p.103-147, ago. 2001.

4 Idem.

5 LAQUEUR, Walter. The new terrorism: fanatic is hand the arms of mass destruction. New York: Oxford Univesity Press, 1999.

6 HOFFMAN, Bruce. Change and Continuity in Terrorism. Studies in Conflict and Terrorism. v. 24, n. 5, p. 417-428, 2001. HOFFMAN, Bruce. Inside Terrorism. New York: Columbia University Press, 2006.

7 POSEN, Barry. The Struggle against Terrorism: Grand Strategy, Strategy, and Tactics. International Security, v. 26, n. 3, p. 39-55, 2002.

8 COPELAND, Thomas. Is the ‘New Terrorism’ Really New?: An Analysis of the New Paradigm for Terrorism. Journal of Conflict Studies, v. XXI, n. 2, 2001. Disponível em: <http://www.oss.net/dynamaster/file_archive/040318/47dba82ca2738b4c4a15a7da90c75601/OSS2003-01-12.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2016.

9 GURR, Nadine; COLE, Benjamin. The New Face of Terrorism: Threats from Weapons of Mass Destruction. New York: St Martin Press, 2000.

10 HOFFMAN, 2006, op. cit.

11 BURKE, Jason. Al Qaeda. Foreign Policy, n. 142, p. 18-26, May 2004. Disponível em: <http://dx.doi.org/ 10.2307/ 4147572>. Acesso em: 15 jun. 2016.

12 NAPOLEONI, Loretta. A Fênix Islamista: o Estado Islâmico e a Reconfiguração

do Oriente Médio. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015.

13 Idem.

14 No caso da Al Qaeda por meio de grupos afiliados.

15 ATENTADOS na Europa Ocidental: dos anos 70 até agora. Diário de Notícias. Portugal, 24 mar. 2016. Disponível em: <http://www.dn.pt/mundo/interior/ataques-terroristas-na-europa-ocidental-dos-anos-70-ate-agora-5093935.html>. Acesso em: 15 jun. 2016.

16 GLOBAL Terrorism Database. University of Maryland, 2016. Disponível em:<https://www.start.umd.edu/gtd/>. Acesso em: 10 jun. 2016

17 ATENTADOS..., op. cit.

18 TERRORISMO o teto de vidro da Europa. Época. 2016. Disponível em: <http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/03/terrorismo-o- teto-de- vidro-da-europa.html>. Acesso em: 15 jun. 2016.

19 Tabela preparada com base em GLOBAL Terrorism Database, op. cit.; DESDE ataque à ‘Charlie Hebdo’, França teve média de 9 atos anti-islã por dia, o dobro de 2014. Disponível em: <http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/39209/desde+ataque+a+charlie+hebdo+franca+teve+media+de+9+atos+anti-isla+por+dia+o+dobro+de+2014.shtml>; POLÍCIA da Dinamarca afirma quesuspeito de ataques estava ‘inspirado em Charlie Hebdo’. Disponível e m : < ht t p : / / o p e r a mu n d i . u o l . c o m . b r / c o nt e u d o / n o t i c i a s / 3 9 5 1 6 /policia+da+dinamarca+afirma+que+suspe>; BATACLAN é palco de maior ataque em noite de terror em Paris. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/bataclan-e-palco-de-maior-ataque-em-noite-de-terror-em-paris-8t13qfwml16s4mthzh0d6hpny>; ATAQUES matam ao menos 31 em aeroporto e metrô de Bruxelas. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/03/1752660-aeroporto-de-bruxelas-registra-explosoes.shtml>; TERRORISTA que matou 84 em Nice teve a ajuda de cinco cúmplices. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/07/1793951-terrorista-que-matou-84-em-nice-teve-a-ajuda-de-cinco-cumplices.shtml>; ATAQUE suicida mata ao menos 36 no aeroporto de Istambul. 2016. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2016/06/28/explosoes-atingem-aeroporto-de-istambul-e-deixam-feridos.htm>. Acesso em: 25 jul. 2016.

1 Discentes do Curso de Relações Internacionais e membro do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Conflitos Internacionais (GEPCI) e do Observatório de Conflitos Internacionais (OCI).

recrutamento de jovens europeus. A Europol, no ano passado, chegou a idealizar um centro de cooperação in-ternacional de combate ao terrorismo.45

Fica nítido, então, que a União Eu-ropeia procura cada vez mais com-bater o processo de radicalização de jovens. Novas medidas vêm sendo adotadas desde o início da guerra ci-vil na Síria visando tanto o combate ao terrorismo de maneira eficiente e rápida, como melhorar a integração de migrantes nas sociedades euro-peias. Pessoas ligadas à área do Di-reito estão sendo orientadas a traba-lhar com assuntos que abordem essa questão e diversos workshops tra-tando do tema terrorismo estão sen-do realizados para os mais diferentes profissionais.46

O recente anúncio da saída do Reino Unido da União Europeia tem liga-ção com essa questão, principalmen-te relacionada com a recente onda

de imigração, tratada tradicional-mente como algo ameaçador para a segurança dos cidadãos e do Estado por conta de sua associação com a entrada de terroristas. A legislação sobre o tema no Reino Unido é uma das mais complexas da Europa e faz relação entre a imigração, cidada-nia e securitização. Não se considera como imigrante apenas o estrangei-ro que vai para o país, mas o natu-ralizado ou o cidadão britânico filho de imigrantes, os quais representam uma diferença cultural que desfaz a homogeneidade do Estado-nação.47 Nesse sentido, o imigrante, mesmo que não tenha cometido atos ilegais, sempre carrega a potencialidade da ilegalidade, o que serve para justifi-car o aparato de segurança. Ou seja, antes de cometerem qualquer crime já são pensados como criminosos.48

O medo pela imigração que a po-pulação britânica desenvolveu im-pulsionou a decisão de se retirar da

UE. A campanha pró-saída utilizou o argumento que a permanência no bloco dificultaria o controle de imi-grantes que entram no Reino Unido, tornando difícil o controle das fron-teiras e ameaçando a própria sobera-nia nacional.49

O caso britânico demonstra que o terrorismo faz com que outros temas sejam securitizados, como a imigra-ção. O desrespeito, o racismo, a xe-nofobia, a intolerância e a violência acabam sendo propagadas e aumen-tam a ameaça do terrorismo, esti-mulando novos ataques, formando um círculo vicioso onde as medidas contra terrorismo resultam em mais pessoas ligadas aos grupos radicais, e vice-versa. Ou seja, a ‘securitização do estrangeiro’ nas últimas décadas acabou implicando em violência que só pode ser revertida com o repen-sar do significado da cidadania e com uma mudança no tratamento da ‘di-ferença’ como ameaça.50

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Série Conflitos Internacionais

Série Conflitos Internacionais é editada pelo Observatório de Conflitos Internacionais da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Marília – SP

Editor: Prof. Dr. Sérgio L. C. AguilarLayout: Paula Schwambach MoizesISSN: 2359-5809Comentários para: [email protected]ível em: www.marilia.unesp.br/#oci

Série Conflitos Internacionais mais recentes:Haiti: a atual conjuntura da Minustah e o Brasil V. 2, n. 3Congo: desordem, interesses e conflito V. 2, n. 4Libia: 4 años después de la intervención humanitaria y el R2P V. 2, n. 5Mali: conflito complexo e multifacetado V. 2, n. 6O conflito na República Centro Africana V. 3, n. 1Conflito no Iêmen, o caso Huti V. 3, n. 2Grupos não estatais geradores de conflitos: Síria, Iraque, Somália, Nigéria, Líbia e Mali V. 3, n. 3

20 ESPANHA lembra 10 anos do maior atentado terrorista de sua História. O Globo. 2014. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/mundo/espanha-lembra-10-anos-do-maior-atentado-terrorista-de-sua-historia-11842357>. Acesso em: 06 jul. 2016.

21 COMO foi o ataque à revista Charlie Hebdo: veja o passo a passo da ação que teve planejamento militar. Zero Hora, Porto Alegre, 08 jan. 2015. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/01/como-foi-o-ataque-a-revista-charlie-hebdo-4677627.html>. Acesso em: 12 jul. 2016.

22 MAISONNAVE, Fabiano Dias. Entenda o que aconteceu no ataque ao jornal ‘Charlie Hebdo’ em Paris. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 jan. 2015. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2015/01/1576091-entenda-o-que-aconteceu-no-ataque-ao-jornal-charlie-hebdo-em-paris.shtml>. Acesso em: 15 jun. 2016.

23 BANCALEIRO, Cláudia. A indignação pelo ataque ao Charlie Hebdo está a cobrir a internet de negro. Público. Portugal, 07 jan. 2015. Disponível em: <https://www.publico.pt/mundo/noticia/je-suis-charlie-a-nova-expressao-pela-defesa-da-liberdade-1681506>. Acesso em: 15 jun. 2016.

24 LIDER da Al Qaeda no Iêmen assume ataque à revista Charlie Hebdo em Paris. Zero Hora. 14 jan. 2015. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/01/lider-da-al-qaeda-no-iemen-assume-ataque-a-revista-charlie-hebdo-em-paris-4680828.html>. Acesso em: 15 jun. 2016.

25 ESTADO Islâmico reivindica ataques em Paris e diz que França segue sendo ‘principal alvo’. Ópera Mundi. São Paulo, 14 nov. 2015. Disponível em: <http://operamundi.uol.com.br/conteudo/n o t i c i a s / 4 2 2 7 5 / e s t a d o + i s l a m i c o + r e i v i n d i c a + a t a q u e s + e m +paris+e+diz+que+franca+segue+sendo+principal+alvo.shtml>. Acesso em: 15 jun. 2016.

26 ATAQUES..., op. cit.

27 FRANÇOIS Hollande: “A França está em guerra”. Época, São Paulo, 16 nov. 2015. Disponível em: <http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/11/francois-hollande-franca-esta-em-guerra.html>. Acesso em: 15 jun. 2016.

28 MUÇULMANOS são um terço dos mortos em atentado terrorista em Nice. UOL, 19 jul. 2016.Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2016/07/19/muculmanos-sao-um-terco-dos-mortos-em-atentado-terrorista-em-nice.htm>. Acesso em: 21 jul. 2016.

29 HOLLANDE diz que atentado em Nice tem ‘caráter terrorista’. O Globo. 15 jul. 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/07/hollande-diz-que-atentado-em-nice-tem-carater-terrorista.html>. Acesso em: 26 jul. 2016.

30 ATAQUE suicida mata ao menos 36 no aeroporto de Istambul. UOL, 28 jun. 2016. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2016/06/28/explosoes-atingem-aeroporto-de-istambul-e-deixam-feridos.htm>. Acesso em: 24 jul. 2016.

31 ESTADO Islâmico é suspeito por ataque suicida que matou 41 pessoas no aeroporto de Istambul. Reuters, 2016. Disponível em: <http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRKCN0ZF2YK?pageNumber=2&virtualBrandChannel=0>. Aceso em 10 jul. 2016. EMMOT, Robin. Turkey defies EU pressure over anti-terrorism laws. Khaleej Times, Bruxelas, 1 jul. 2016, p.25.

32 Idem.

33 O QUE se sabe sobre o atentado no aeroporto de Istambul. 2016. El Pais, 29 jun. 2016. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/29/internacional/1467178625_743342.html>. Acesso em: 24 jul. 2016.

34 APÓS atentado em aeroporto turco, 130 feridos seguem internados: Ataque deixou 41 mortos, sendo 13 estrangeiros. Três homens-bomba executaram o ataque no aeroporto Ataturk. O Globo, 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/apos-atentado-em-aeroporto-turco-130-feridos-seguem-internados.html>. Acesso em: 24 jul. 2016.

35 AGUILAR, Sergio Luiz Cruz. O que é terrorismo afinal? UNESP Ciência. São Paulo: Unesp, v. 7, n. 76, jul. 2016.

36 Idem.

37 AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz. Estado Islâmico e terrorismo internacional. Folha de São Paulo. São Paulo, 20 nov. 2015.

38 AGUILAR, 2016, op. cit.

39 AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz. O terrorismo transnacional. Estadão. São Paulo, 26 nov. 2015.

40 JUNHO, João Paulo dos Santos. Rebeldia e Proteção: Uma análise acerca do sistema antiterrorista da união europeia e suas mudanças devido a ascensão de combatentes estrangeiros na Síria. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/158284/Monografia%20do%20Jo%C3%A3o%20Paulo.pdf?sequence=1&isAllowed=y> Acesso em: 27 de Jun.2016.

41 Idem.

42 Idem.

43 JUNHO, op. cit. CONSELHO EUROPEU. Estratégia antiterrorista da UE. Disponível em: <http://www.consilium.europa.eu/pt/policies/fight-against-terrorism/ > Acesso em: 28 de Jun.2016.

44 KHANDEKAR, Gauri. The EU as a Global Actor in Counter Terrorism. In: The EU as a Global Actor. Berlin. Anais. Berlin: Academy for Cultural Diplomacy, p. 1-16, 2011.

45 SCHWARTZ, Beth. 2015 GTD datas informs latest State Department Country Reports on Terrorism Release. 3 Jun. 2015. Disponível em: <https://www.start.umd.edu/news/2015-gtd-data-informs-latest-state-department-country-reports-terrorism-release > Acesso em: 27 de Jun.2016 . JUNHO, op. cit.

46 COUNCIL of the EUROPEAN UNION. 9422/15. EU Counter-Terrorism Coordinator. Bruxelas, 2 Jun. 2015.

47 VELASCO, Suzana de Souza Lima. Cidadania, nação e segurança: o imigrante como ameaça à identidade centrada no Estado. In: Imigração na União Europeia: uma leitura crítica a partir do nexo entre securitização, cidadania e identidade transnacional [online]. Campina Grande: EDUEPB, 2014, p. 23-63. Disponível em:< http://books.scielo.org/id/czm3m/pdf/velasco-9788578792817-02.pdf > Acesso em: 27 de jun. 2016.

48 Idem.

49 8 RAZÕES pelas quais os britânicos votaram pela saída da União Europeia. BBC Brasil, 24 de jun 2016. Disponível em < http://www.bbc.com/portuguese/internacional-36609225 > Acesso em: 28 de jun 2016.

50 VELASCO, 2014, op. cit.