segurança internacional, estudos estratégicos e política

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1 5° Encontro Nacional da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI) Redefinindo a Diplomacia num Mundo em Transformação 29 a 31 de julho de 2015 Belo Horizonte Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política de Defesa AVANÇOS E RECUOS NA CRISE UCRANIANA: ENTRE OS INTERESSES ESTRATÉGICOS E OS ESFORÇOS DIPLOMÁTICOS. Lauren Machado - UFRGS Larlecianne Piccolli UFRGS

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5° Encontro Nacional da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI)

Redefinindo a Diplomacia num Mundo em Transformação

29 a 31 de julho de 2015 – Belo Horizonte

Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política de Defesa

AVANÇOS E RECUOS NA CRISE UCRANIANA: ENTRE OS INTERESSES

ESTRATÉGICOS E OS ESFORÇOS DIPLOMÁTICOS.

Lauren Machado - UFRGS

Larlecianne Piccolli – UFRGS

2

Resumo: O objetivo deste artigo é efetuar uma análise do desenrolar da crise ucraniana à

luz dos esforços diplomáticos que estão sendo empreitados para solução do conflito. Para

tanto, buscar-se-á relatar o curso histórico dos avanços e recuos do Ocidente sob o entorno

russo, e a constante retórica de Moscou na tentativa de manter sua área de influência a

partir de um posicionamento caracterizado enquanto Defensivo-Reativo-Utilitário (DRU).

Destarte, pressupõe-se que os esforços diplomáticos para mediar uma solução pacífica à

contenda vêm de encontro aos interesses estratégicos pautados pela dicotomia cooperação-

confronto, perceptível na relação entre os atores envolvidos no imbróglio ucraniano. As

fontes bibliográficas que contribuirão para a pesquisa serão primordialmente artigos, dada a

atualidade do tema, mas também serão utilizados livros que versem tangencialmente sobre

a temática. Ao mesmo tempo, serão utilizadas fontes primárias e notícias veiculadas pelos

principais meios de comunicação. Ademais dos esforços diplomáticos já empregados no

conflito, o atual estágio da crise ucraniana é indicativo de uma sobreposição dos interesses

estratégicos materiais à diplomacia de fato.

Palavras-chave: Rússia, Segurança, Diplomacia

3

INTRODUÇÃO

No final de 2013, o declínio ucraniano da Parceria do Oriente (Eastern Partnership –

EaP) em preferência de estreitamento de laços com a Rússia iniciou uma crise em Kiev que

se estende até a atualidade. Muito além de que razões econômicas, o imbróglio ucraniano

revela diversas contradições profundas existentes na relação da tríade Rússia-Europa-

Estados Unidos da América (EUA). O presente artigo propõe-se a realizar um estudo sobre

a crise ucraniana à luz dos esforços diplomáticos empreendidos para a solução do conflito,

mas, ao mesmo tempo, levando em conta também os interesses estratégicos envolvidos na

questão. O artigo está dividido em três partes para a melhor compreensão do tema.

Inicialmente aborda-se a crise ucraniana sob o aspecto de suas causas e implicações,

assim como sumarizam-se os esforços diplomáticos para solução do conflito. A segunda

parte do texto aponta para o posicionamento estratégico da Ucrânia e também analisa as

relações entre a Rússia e o Ocidente através da dicotomia de cooperação e confronto,

apontando para questões energéticas (hidrocarbonetos) e securitárias (expansão da OTAN

para leste). A última parte discute o posicionamento russo frente à crise e demonstra a

política externa do Kremlin como adepta do marco conceitual DRU (Defensivo-Reativo-

Utilitário). A hipótese defendida, e observável no curso da pesquisa, aponta a crise

ucraniana como uma afronta à posição russa em sua área de influência e, além disso, é

perceptível uma sobreposição dos interesses estratégicos materiais à diplomacia de fato,

tendo em vista o curso histórico de negação do entorno russo, não-inédito ao Kremlin.

1. A crise ucraniana e a tentativa de solução diplomática

A começar por sua independência, marcada pelo fim da URSS, a política externa

ucraniana opera através de uma lógica de flerte multivetorial, por um lado com a Rússia e

por outro com a União Europeia (UE) e a OTAN (FEAN, 2010; MIELNICZUK, 2014). Eleito

democraticamente em 20101, o presidente Viktor Yanukovich adotou o mesmo padrão de

comportamento nas relações exteriores ucranianas e, ao final de 2013, negociações

econômicas eram estabelecidas tanto com russos, quanto com europeus. Entretanto,

quando do declínio ucraniano a um acordo comercial com a União Europeia, em favor da

1 A lógica do flerte multivetorial da política externa ucraniana é, em certa medida, reflexo da alternância de poder em Kiev e das preferências de seus governantes. Importa ressaltar que de 1994 a 2004 o governo de Leonid Kushma elevou as elites oligárquicas do país. Em 2004, a eleição de Vitor Yuschenko (líder pró-ocidental) fora reflexo das transformações requeridas pela Revolução Laranja. Em 2010 o pleito eleitoral indicou Viktor Yanukovych para a presidência da Ucrânia (LUNKES, PINTO, 2014), Aqui importa destacar a clara divisão entre pró-russos e pró-ocidentais refletida no resultado das eleições.

4

manutenção de laços privilegiados com a Rússia2, parte da população manifestou-se contra

a decisão do governo (UCRÂNIA REJEITA..., 2013).

A questão aqui se trata do embate de projetos de integração para a região. Por um

lado, a Parceria do Oriente (Eastern Partnership – EaP) é uma inciativa da União Europeia

para integrar as antigas repúblicas soviéticas Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia,

Moldávia e Ucrânia ao bloco europeu. O objetivo principal é formar um foro de discussão

sobre livre comércio, estratégicas econômicas, segurança energética, acesso a vistos, etc.

Ao fim e ao cabo é trazer para seio da integração europeia novos mercados consumidores

(alternativa para crescimento econômico pós-crise 2008), bem como assegurar vias de

influência e alternativas em termos de segurança energética, haja vista a dependência

energética europeia de Moscou. Por outro lado, o projeto russo da União Euroasiática

(Eurasian Economic Union), um bloco econômico estabelecido entre Armênia, Belarus

Cazaquistão e Rússia em janeiro de 2014. Trata-se da consolidação de um projeto da

década de 1990, cujo objetivo principal é estabelecer bloco comercial regional no intuito de

auxiliar o desenvolvimento econômico dos países membros. No entanto, pode ser visto

como uma manobra russa para servir-se de seus objetivos geopolíticos do que trazer

prosperidade aos países envolvidos (KRASTEV, LEONARD, 2015; RAHIMOV, 2010).

As justificativas para as manifestações na Praça Maidan perpassam as questões dos

acordos comerciais com os europeus, sendo de fato um reflexo da exaustão da população

para com os problemas internos que assolavam o país (crise econômica e política e seus

meandros adjacentes). Paulatinamente, as manifestações pacíficas rumaram a um cenário

de conflito na capital Kiev. O descontentamento da população (agora majoritariamente pró-

europeus) abriu espaço para ações extremistas que inflaram o cenário político do país,

impactando na escalada da violência das manifestações, cujos reflexos culminam na

deposição de Yanukovich3.

Um governo interino na Ucrânia foi apoiado pelos EUA e UE, diante da alegação de

que as mortes nas manifestações teriam sido causadas pelo próprio governo ucraniano

(MIELNICZUK, 2014). Apesar disso, o subsequente vazamento de uma conversa entre a

chefe das Relações Exteriores da UE e o Ministro das Relações Exteriores da Estônia

revelou que ambos tinham consciência de que os snippers da Praça Maidan atiraram sob

ordens da oposição, e não de Yanukovich (GANDER, 2014). A posição russa frente aos

2 O acordo em questão visava o estabelecimento de uma zona de livre comércio e ainda a expansão dos laços de cooperação política ente Kiev e a UE. O Kremlin alertou sobre as possíveis consequências (retaliação energética) da aproximação ucraniana do Ocidente e, a Ucrânia cedeu. 3 Estima-se que desde o fim de 2013 morreram mais de 5 mil pessoas na Ucrânia em razão desse conflito (UKRAINE..., 2015). Em 20 de fevereiro de 2014 snippers abriram fogo contra a população e dezenas de pessoas morreram. No dia seguinte, Yanukovich foi deposto e na sequência dos acontecimentos fugiu para a Rússia.

5

acontecimentos na Ucrânia em fevereiro de 2014 é posta nas palavras do Ministro das

Relações Exteriores russo Sergei Lavrov:

em razão do golpe apoiado por Washington e Bruxelas, em Kiev [...] o poder foi tomado por ultranacionalistas, os quais com suas ações levaram o país à beira do colapso e começaram uma guerra civil sangrenta (WHY CRIMEA...,2015, online – tradução nossa).

Nessa conjuntura, os quase nove milhões de russos4 que habitam a Ucrânia

assistiram o avanço de medidas que lhes eram prejudiciais5. A situação serviu de alerta para

Moscou, que passa a apregoar princípios de sua política externa como “garantir a proteção

integral dos direitos e interesses legítimos dos cidadãos residentes da Rússia e

compatriotas no exterior” (RUSSIA, 2013). Neste compasso, o Parlamento da Criméia

aprova sua reintegração ao território russo, e chama a população a um referendo, em cujo

resultado opta pela incorporação à Rússia.

O referendo foi amplamente questionado pelas instâncias Ocidentais e revelou uma

das mais graves crises entre a Rússia e os EUA desde o final da Guerra Fria. De acordo

com o embaixador da Rússia no Brasil:

falando da legitimidade do referendo da Crimeia [...], cujo resultado é bem conhecido e irreversível, antes de mais nada devemos sublinhar que nos últimos dias de fevereiro de 2014 na República da Ucrânia foi realizado de fato um golpe de estado armado. [...] A independência da Crimeia foi definida por meio da expressão da livre vontade do povo através do referendo. [...] Mais de 96% se pronunciaram a favor da reunificação com a Rússia (AKOPOV, 2015, p. 3).

Em 21 de março de 2014 a Rússia altera sua constituição a fim de abarcar o

processo legal de retomada da Crimeia a sua soberania6 (CRIMEA..., 2014). Pari passu,

forças separatistas se formaram no leste ucraniano e os russos vêm sendo acusados pelo

Ocidente em fornecer apoio aos grupos armados, sobretudo na região de Donetsk e

Lugansk. Nesse sentido, Moscou infere a preferência por “destruir a Ucrânia como um

4 A compreensão da significativa presença de russos em território ucraniano transita por dois aspectos complementares e não excludentes. O primeiro remonta à migração (forçada ou não) de russos para as então Repúblicas Socialistas Soviéticas no ímpeto de formação do homo sovieticus, prezando pela miscigenação da população enquanto elemento unificador estatal. Quando do colapso da URSS essa massa populacional não retornou à pátria mãe. Em segundo lugar, está a identificação com a nacionalidade russa, qual seja, dada pela princípio do jus sanguinis e não do jus solis, o que impele na identificação de parte da desta população (geograficamente localizada no leste do território) à etnia russa e não ucraniana. 5 Um exemplo concreto dessas medidas foi a revogação da lei ucraniana que admite que as regiões do país utilizem o russo como segunda língua oficial (CANCELED LANGUAGE...,2014). 6 A Crimeia passou a integrar o território russo em 1783, conquistada por Catarina, a Grande. A península permaneceu sob domínio efetivamente russo até 1954, quando o líder soviético Nikita Kruschev transferiu a região para a República Socialista Soviética da Ucrânia, em detrimento da russa. Enquanto o regime da URSS continuava vigente, tal mudança não foi tão significativa. Contudo, a dissolução e a reorganização do espaço territorial soviético fizeram sentir o efeito da decisão de Kruschev, aproximadamente quarenta anos depois (RIASANOVSKY; STEINBERG, 2005).

6

Estado funcional antes [...] de permitir que essa se torne uma fortaleza ocidental às portas

da Rússia” (MEARSHEIMER, 2014, online – tradução nossa).

Na tentativa de arrefecer a tensão entre as parte envolvidas e, ao mesmo tempo,

cessar as agressões no leste do território ucraniano, esforços diplomáticos foram

empreendido na tentativa de resolução do conflito. Ainda, com o objetivo de pressionar

Moscou a por um fim no conflito, Estados Unidos e União Europeia impuseram uma série de

sanções econômicas à Rússia, majoritariamente justificadas pela anexação da Criméia e

pelo apoio a separatistas do leste.

Em junho de 2014, representantes da Federação Russa e dos EUA encontraram-se

confidencialmente em Helsinki para discutir a crise ucraniana, sendo essa a primeira

iniciativa de negociação para a questão (US, RUSSIA...,2015). No mês seguinte, em Berlim,

Rússia e Ucrânia concordaram em iniciar negociações que envolvessem também os

separatistas. Nesse mesmo encontro foi criado um Grupo de Contato entre as três partes

envolvidas, que contaria com a mediação da Organização para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) e objetivava atingir um cessar-fogo multilateral

(BROWN; BALMFORTH, 2014). Em agosto, o Grupo de Contato reuniu-se novamente em

Berlim, porém, assim como definiu Lavrov, não houve “resultados positivos [nem] no

estabelecimento de um cessar-fogo nem no início de um processo político7” (RUSSIA

SAYS..., 2014). Concomitantemente, o presidente Vladimir Putin e seu equivalente

ucraniano, Petro Poroshenko, encontraram-se na Bielorrússia para uma conversa bilateral,

na tentativa de resolução do impasse regional (GONCHARENKO, 2015).

Enquanto isso, no início de setembro de 2014 foi acordado um armistício no leste

ucraniano, porém, logo em outubro o cessar-fogo foi violado e os combates prosseguiram

(WALKER, 2014). Quatro meses após a tentativa fracassada de interromper o conflito, em

fevereiro de 2015, foi realizado um encontro de paz em Minsk, o qual reuniu além de Rússia

e Ucrânia, também França e Alemanha e estabeleceu um cessar-fogo regional (UKRAINE

CRISIS..., 2015). Apesar da assinatura de um significativo passo para o fim do impasse

entre Moscou e Kiev, Poroshenko definiu o acordo de fevereiro como uma trégua fictícia, já

que a luta no leste do país continua (POROSHENKO BLASTS..., 2015).

Posteriormente, em maio do corrente ano, Sergei Lavrov e o Secretário de Estado

norte-americano, John Kerry, encontraram-se para discutir a questão ucraniana. Ambos

concordaram que o cessar-fogo continua sendo violado no leste, e apesar de discordarem

sobre as causas do conflito, o encontro de Sochi foi positivo para entibiar a tensão entre

Moscou e Washington (NO BREAKTHROUGH..., 2015). Depois de Sochi, a reunião de

7 Isso porque, ainda de acordo com Lavrov, o novo governo ucraniano tem estabelecido condições muito vagas e incertas para o cessar-fogo (RUSSIA SAYS..., 2014).

7

ministros da OTAN alertou para a necessidade de cumprimento do cessar-fogo e também

para a militarização russa do Mar Negro (NATO FOREIGN..., 2015).

Ainda que tenham sido positivos para arrefecer a tensão na Ucrânia, os esforços

diplomáticos empregados para resolução do imbróglio ainda não encontraram uma solução

permanente e duradoura que interrompa o conflito no leste do país. Recentemente, percebe-

se que, apesar do cessar-fogo acordado em Minsk, o conflito segue em território ucraniano.

Nessa conjuntura é possível inferir que o desenrolar da situação na Ucrânia demonstra mais

uma tentativa, por parte do Ocidente, de desestabilizar a Rússia em sua área de influência,

em dois momentos principais: primeiramente, na eclosão dos protestos e no apoio de um

novo governo ucraniano pró-europeu e avesso à Rússia e, um segundo momento em que se

impõem sanções ao Kremlin, ao mesmo tempo em que se objetiva ser parte das

negociações diplomáticas para resolver o conflito ucraniano. Para o entendimento dessas

questões é imperativo discorrer sobre a dicotomia de cooperação e confronto entre a Rússia

e o Ocidente, especialmente no que tange à área de influência russa e à Ucrânia, que se

insere nela.

2. A dicotomia cooperação-confronto e o posicionamento estratégico da Ucrânia.

Na esteira da compreensão do posicionamento russo frente à crise, faz-se

necessário analisarmos a importância estratégica do território ucraniano, para então melhor

figurar como a dicotomia cooperação-confronto entre a tríade Rússia-União Europeia-

Estados Unidos se estabelece na região.

Ilustração 1 – Ucrânia e sua posição geográfica estratégica.

Fonte: PERRY-CASTAÑEDA, 2008, adaptado pelas autoras.

8

O território ucraniano está geograficamente posicionado na linha de comunicação da

Rússia com a Europa Ocidental, estabelecendo-se enquanto “Estado-pino” na região. Para

Brzezinski (1989) a importância do Estado-pino deriva de sua posição geopolítica, de sua

influência política e econômica, ou de sua localização estratégica. Neste sentido, exercer

constante influência em Kiev apresenta-se como vital aos interesses russos, tanto no seu

curso histórico, mas principalmente quando se fixa enquanto hub de passagem de

infraestrutura energética à Europa. Ou seja, o território ucraniano orbita entre os interesses

de segurança e importantes laços comerciais entre Rússia e Europa, estando inserido na

dinâmica da tênue linha de cooperação-confronto entre as partes.

Em termos históricos, infere-se um padrão de relacionamento no qual o cenário

europeu exerce papel de influência política no curso decisório russo, mas também, de

grande disputa. Esta lógica aponta inúmeras iniciativas de cooperação russa, as quais foram

repelidas com atos imbuídos de confronto. O recurso à história evidencia momentos factuais

deste padrão: Tratado Ribbentrop-Molotov (1939), refutado pela Operação Barbarossa

(1941); a cooperação em Postdam (1945) e a resposta atribuída pela diretiva 432/D (início

da Guerra Fria); as negociações do grupo “Dois mais Quatro” (1985-1990) que levam ao

entendimento russo de que não haveria expansão da OTAN para o leste, ricocheteada com

a primeira onda de incorporação de novos membros ainda na década de 90 (FLACH, 2007;

IAKOVLEV, 1988; PICCOLLI, 2012).

Movendo a análise para o escopo da importância da Ucrânia, acredita-se que a crise

instaurada no país, nada mais é que uma nova tentativa de desestabilização o país e afastá-

lo da influência russa. Tais práticas possuem raízes que acompanham a Rússia ao longo de

sua história, podendo ser identificado em momentos como a guerra da Crimeia em 1853,

quando Grã Bretanha e França impediram o avanço russo na região do Mar Negro (FIGES,

2010), bem com a crise dos estreitos de 1946 e a subsequente política de contenção dos

EUA aplicada à URSS durante a Guerra Fria. Ou seja, a crise da Ucrânia seria, portanto,

mais uma investida para a contenção dos russos e a negação de sua área de influência.

Assim, o incentivo da União Europeia em instigar a população ucraniana a protestar

diante da negação da Parceria do Oriente por Kiev (MIELNICZUK, 2014), e também a

postura ocidental de ingerência no entorno russo não representa nenhuma novidade para

Moscou.

Não menos importante é a órbita econômica deste relacionamento, a qual o território

ucraniano está intimamente ligado. O fornecimento de energia russa para a Europa remonta

ao período czarista. Entretanto, grandes volumes de petróleo passaram a figurar na matriz

energética europeia somente a partir da década de 1960. Já em termos de gás natural, é a

Primeira Crise do Petróleo em 1973 que serve de alavanca para as exportações russas à

Europa (ADAMSON, 1985). Mesmo sendo prática recorrente o comércio de recursos

9

energéticos entre as décadas de 1960 e 1970, é no adentrar dos anos 2000 que ganha em

importância. Seja em termos de índices e estatísticas, mas também pela conotação política

que esse comércio passa a representar à Moscou, alertando europeus e norte-americanos

sobre as reais intenções do Kremlin em seu entorno estratégico.

A Ucrânia é um hub estratégico que une a Rússia à Europa. No que concerne ao

relacionamento comercial, é vital para o abastecimento energéticos dos europeus. Por seu

território passa uma importante infraestrutura de escoamento de recursos energéticos,

figurando enquanto rota de passagem de cerca de 80% do gás natural russo exportado e

30% do petróleo comercializado com o bloco (via oleoduto Druzhba)8 (ADAM, 2008;

PICCOLLI, 2012). Importa destacar que o comércio entre partes não se resume a

hidrocarbonetos, sendo a pauta de exportação composta por itens como minérios,

maquinários, produtos agrícolas (alimentos) e manufaturas9.

O viés cooperativo entre as partes é refletido na tríade energia-comércio-tecnologia,

garantindo a interdependência necessária para afastar ao horizonte a possibilidade de

confronto. Não obstante, o ínterim que mantém esta perspectiva de confronto no horizonte

se esvanece, impulsionado pelo avanço das instituições ocidentais a leste.

Os anos 1990, marcados pela dissolução da URSS e consequente fim da Guerra

Fria, retraíram o Kremlin para seus problemas domésticos (político, econômicos e sociais)

abrindo espaço para o aumento da presença de instituições ocidentais nas até então áreas

de influência russa. Fundamental ação foi a expansão da OTAN para leste, incorporando

incialmente Hungria, Polônia e República Tcheca (1999) e, posteriormente Bulgária,

Eslovênia, Romênia, Eslováquia, Albânia e Croácia (2004). Ainda mais aguçados com os

flertes da organização com Ucrânia e Geórgia (NATO, 2013).

8 É de conhecimento das autoras projetos concorrentes ao Druzhba, viabilizando novas rotas de fornecimento à Europa, sejam por iniciativa russa (Nord Stream, South Stream) ou europeia (BTC, Nabucco, White Stream) – na busca por novas fontes e rotas de fornecimento preconizando diminuir a dependência do fornecimento russo. 9 Aquém da influência do território ucraniano, importa aqui menção aos investimentos externos europeus em projetos de tecnologia na Rússia. Especial destaque ao projeto russo Skolkovo, que abarca grandes montantes de investimento de empresas europeias (SKOLKOVO..., 2015; POMERANZ, 2010).

10

Ilustração 2 - A expansão da OTAN para Leste

Fonte: FAILLE, 2013, adaptado pelas autoras.

Para os EUA, a ampliação da OTAN servia como forma de chancelar o declínio russo

e manter o país numa situação de fraqueza. No final dos anos 1990 a Rússia assistiu a

expansão dessa aliança militar e também da União Europeia para o Leste Europeu,

chegando perto das fronteiras do país, lembrando a ideia de cordão sanitário já antes

aplicada para isolar os russos (SEGRILLO, 2010).

A apreensão russa frente à OTAN se dá pelo fato da organização representar

ameaça direta à sua segurança, em especial pelo previsto no artigo quinto de seu tratado

constitutivo: um ataque em armas contra um Estado-membro da aliança será considerado

um ataque a todos os membros (NATO, 1949). Assim, quanto maior a proximidade da

OTAN das fronteiras russas, mais difícil para o país manter-se influente na região e garantir

sua estabilidade e proteção territorial. Ainda, a Federação Russa vê a aproximação da

OTAN às suas fronteiras "como uma ameaça à influência histórica russa sob seus vizinhos"

(TANGREDI, 2013, p. 218).

A inquietação ganha forma na Doutrina Militar da Rússia de 2010, e é reforçada em

2013 e 2015. No documento fica explícito que entre as principais ameaças externas ao país

está a expansão da OTAN e seus objetivos de mover a infraestrutura militar do bloco às

proximidades das fronteiras e das águas adjacentes da Federação Russa (RUSSIA, 2010;

RUSSIA, 2013; RUSSIA, 2015). Para além da ampliação de seu escopo para leste, importa

a participação efetiva da organização no projeto de instalação de um escudo antimíssil em

território europeu10. Em última análise, a principal implicação do escudo seria a anulação

10 O Escudo Antimíssil trata-se de uma conjugação de radares, satélites e mísseis interceptadores que poderia retirar da Rússia a sua capacidade de segundo ataque, ou seja, de ainda dispor de armas nucleares operacionais na hipótese do país ser atacado nuclearmente.

11

das capacidades estratégicas russas, garantido primazia nuclear aos Estados Unidos

(PICCOLLI, 2012).

Ainda nesta perspectiva de confronto, a análise do território ucraniano incita sua

importância estratégica por dois fatores não excludentes: a importância da Crimeia e o Mar

Negro. Na península da Crimeia está localizada a já mencionada passe de Sevastopol,

zelando pela principal linha de comunicação marítima russa, diretamente relacionada ao Mar

Negro, importante via de comunicação (marítima e de logística de infraestrutura de

escoamento de energia) entre Europa/Cáucaso/Ásia Central, bem como, via de acesso

russo aos mares de águas quentes.

Destarte, manter-se influente na Ucrânia é sinônimo de garantir sua esfera de

influência diante da tentativa de balanceamento russo por parte das instituições ocidentais,

nomeadamente OTAN e UE (MEARSHEIMER, 2014).

3. O posicionamento russo frente à crise da Ucrânia: padrão analítico de política

externa.

A pesquisa desenvolvida aponta caminhos que tangenciam a constante retórica de

Moscou em sua tentativa de manter sua área de influência. Desta forma há plausibilidade

em vincular a análise aqui posta ao marco conceitual DRU (Defensivo-Reativo-Utilitário), o

qual postula um posicionamento caracterizado por ações de reativas e defensivas, bem

como pragmáticas de política externa e de segurança (PICCOLLI, 2012).

O componente “defensivo-reativo” da PES da Rússia configura as ações russas

enquanto reações a constrangimentos advindos do cenário externo. Nesta perspectiva cabe

pontuar recente declaração do presidente russo Vladimir Putin em entrevista ao jornal

italiano Il Correire della Serra:

a Rússia não adota tom de conflito com ninguém [...] tudo que fazemos é simplesmente responder à ameaças voltadas contra nós. E fazemos isso em volume e escala completamente limitados, de modo, entretanto, a garantir a segurança da Rússia. [...] Vocês mencionaram a expansão da OTAN no sentido leste. Nós, por outro lado, não estamos nos movendo a lugar algum. É a infraestrutura da OTAN que se move em direção às nossas fronteiras, inclusive infraestrutura militar. Seria essa a manifestação da nossa agressividade? (PUTIN, 2015: online).

A pressão externa na crise ucraniana remonta a um posicionamento reativo de

Moscou. Os arranjos russos frente aos rumos políticos e econômicos que tomam a Ucrânia

deduzem cautela em relação ao avanço das instituições e infraestruturas ocidentais a sua

fronteira. A reintegração da Península da Crimeia remete a salvaguardar seus interesses

estratégicos, da mesma maneira que faz alusão à proteção de minorias russas (za

rubezhëm) nas ex-repúblicas soviéticas. Em termos estratégicos, age em defesa das linhas

de comunicação marítima, seja para alcance de águas quentes (acesso e controle de

12

estreitos), seja pelas vias de escoamento de mercadorias (porto de Novorossiysk e

infraestrutura de escoamento de energia). Já o segundo ponto endereça claro recado aos

países bálticos (Letônia, Lituânia e Estônia – já membros da OTAN).

Importa ressaltar que, de maneira complementar, o termo defensivo-reativo deve ser

compreendido por revelar uma orientação geral da política externa russa em se contrapor à

securitização da agenda internacional e por valorizar espaços multilaterais de negociação.

Assim, as negociações em torno da crise da Ucrânia, materializadas em Helsinki, Berlim,

Minsk e Sochi, são reflexos deste posicionamento valorativo a fóruns multilaterais,

constrangendo iniciativas que deixem Moscou em desvantagem.

O elemento “utilitário” faz referência ao caráter pragmático da política externa e de

segurança da Rússia, fazendo menção ao imperativo da cooperação com a Europa.

Igualmente, remete ao posicionamento estratégico da Ucrânia enquanto hub, aludindo à

interdependência comercial das partes. Para além, o utilitarismo aqui presente reporta-se de

maneira transversal às sanções econômicas impostas pela UE e pelos EUA como forma de

pressão diplomática à solução da crise na Ucrânia, as quais suscitam uma ampliação dos

parceiros comerciais russos a fim de driblar as medidas11.

Enquanto resposta, Moscou coteja a multilateralidade de suas relações exteriores

que, para além da necessidade imediata, são reflexo de uma visão de uma nova ordem

multifacetada e multivetorial do Sistema Internacional contemporâneo. Ainda, para além da

inferência cooperativa no SI, há o imperativo de conservar-se enquanto grande potência,

para o qual garantir sua área de influência é vital.

Considerações finais

Frente ao exposto, acredita-se que a crise ucraniana deve ser analisada a partir de

um quadro estratégico muito mais amplo que o mero embate entre propostas de acordos

comerciais. O imbróglio está envolto por interesses externos e, neste sentido, a análise e

compreensão da dicotomia cooperação-confronto estabelecida pela tríade Rússia-União

Europeia-Estados Unidos, tendo a Ucrânia enquanto centro, é essencial para a

compreensão da crise. Assim sendo, ademais dos esforços diplomáticos empreendidos para

mediar uma solução pacífica à contenda, as predileções dos atores envolvidos na questão

se sobrepõem às negociações, apontando para uma sobreposição dos interesses

estratégicos materiais à diplomacia de fato.

11 As sanções demonstraram uma oportunidade comercial para a Rússia aproximar-se dos BRICS e dos países do Sudeste Asiático, sendo que as exportações para essas regiões aumentaram em já em 2014. Especificamente no caso do Brasil, no primeiro semestre de 2014 a totalidade do comércio bilateral com os russos aumentou 13%, enquanto as exportações brasileiras para a Rússia cresceram 17,5% a mais do que em 2013, e, ao mesmo tempo, as exportações dos russos para o Brasil aumentaram quase 10% a mais no mesmo período (KUZMIN, 2014).

13

O posicionamento de Moscou é reflexo dos reiterados avanços e recuos do Ocidente

sob o entorno russo, e da constante retórica de Moscou na tentativa de manter sua área de

influência. Aqui, o avanço das instituições ocidentais, leia-se União Europeia – via Parceria

para o Oriente, e OTAN – via processo de expansão, é o principal catalisador do

posicionamento confrontacionista russo. Por este ângulo argumentou-se que esta retórica

russa se dá por um posicionamento caracterizado enquanto Defensivo-Reativo-Utilitário

(DRU). Se em sua concepção o marco conceitual DRU serviu de análise para o

relacionamento russo-europeu tendo como foco de análise do sistema de defesa antimíssil,

aqui ele se mostra adjacente a este. Remete a uma concepção atual sobre a forma de

atuação da Rússia no cenário internacional, tendo como elemento determinante sua relação

com a Europa. Essa interpretação é valorativa da cooperação, mas reconhece o potencial

de conflito, factual da crise na Ucrânia. A diplomacia, portanto, no caso da Ucrânia, é

barrada pelos interesses envoltos na questão.

REFERÊNCIAS

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