segunda lei 2013

22
1 Segunda Lei da Termodinâmica As mudanças nas várias formas de Energia podem ocorrer a priori sem nenhum tipo de restrição desde que obedecida a Primeira Lei da Termodinâmica. Entretanto, existem certas transformações de energia que na prática não ocorrem na Natureza. Exemplos: Bases empíricas da Segunda Lei Enunciado de Classius: É impossível construir uma máquina cujo único efeito seja o de converter completamente calor em trabalho. OBS: É importante ressaltar que na conversão de calor em trabalho parte da energia é perdida (cedida para uma fonte mais fria). Enunciado de Kelvin-Planck - É impossível construir uma máquina cujo único efeito seja o de retirar calor de uma fonte fria e armazenar numa fonte quente. OBS: É importante ressaltar que o processo de retirada de energia de uma fonte fria para uma fonte quente só é possível através do fornecimento de trabalho (Exemplo: geladeira na qual fornece-se trabalho através do compressor para resfriamento do meio e rejeita-se calor nas vizinhanças ).

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Page 1: Segunda Lei 2013

1

Segunda Lei da Termodinâmica

As mudanças nas várias formas de Energia podem ocorrer a priori sem nenhum

tipo de restrição desde que obedecida a Primeira Lei da Termodinâmica. Entretanto,

existem certas transformações de energia que na prática não ocorrem na Natureza.

Exemplos: Bases empíricas da Segunda Lei

Enunciado de Classius: É impossível construir uma máquina cujo único efeito

seja o de converter completamente calor em trabalho. OBS: É importante ressaltar que

na conversão de calor em trabalho parte da energia é perdida (cedida para uma fonte

mais fria).

Enunciado de Kelvin-Planck

- É impossível construir uma máquina cujo único efeito seja o de retirar calor de uma

fonte fria e armazenar numa fonte quente. OBS: É importante ressaltar que o

processo de retirada de energia de uma fonte fria para uma fonte quente só é

possível através do fornecimento de trabalho (Exemplo: geladeira na qual fornece-se

trabalho através do compressor para resfriamento do meio e rejeita-se calor nas

vizinhanças ).

Page 2: Segunda Lei 2013

2

Na natureza existem restrições na direção das modificações das formas de

energia bem como na direção que ocorrem os processos.

Exemplos

a)- Direcionalidade Mecânica

Quando a válvula é aberta ocorre o fluxo de

massa na direção do tanque para as

vizinhanças e este processo termina apenas

quando o sistema entra em equilíbrio, neste

caso, tem-se que: Pc=Patm.

b)-Direcionalidade Térmica

Quando um sólido quente é colocado em

contato com o ar ambiente, neste caso, ocorre

transferência de calor do corpo quente para o

ar até que o sistema entre em equilíbrio, neste

caso, tem-se que: Tc=Tviz.

c)-Direcionalidade química

Considere um sistema constituído de

dois tanques conectados por uma

válvula. Inicialmente o tanque I contém

o gás A e o tanque II contém o gás B

puro, ambos na mesma temperatura e

pressão. A válvula é aberta e ocorre a

Tanque I

Gás A

(T,P)

Tanque II

Gás B

(T,P)

Tviz

TS>Tviz TS

PC

Patm

PC>Patm

Page 3: Segunda Lei 2013

3

Em todos estes três casos existe uma direcionalidade do processo. Existem

alguns casos em que a direcionalidade não é tão óbvia e torna-se necessário o

desenvolvimento de uma teoria que permita identificar se a viabilidade do processo (se

ele pode ocorrer na natureza). Por exemplo, quando se misturam dois gases (A e B) num

vaso isolado e deseja-se saber se estas espécies irão reagir para formar a espécie C. Para

responder a todas estas questões emprega-se a Segunda Lei da Termodinâmica, cuja

fundamentação baseia-se na propriedade termodinâmica denominada de entropia.

Definição: A entropia (denotada pelo símbolo S) é uma função de estado. Em

um sistema na qual existem ambos os fluxos de calor e trabalho (eixo e mudança de

volume) através da fronteira do sistema, o fluxo de calor é quem causa a mudança de

entropia do sistema (mais não o fluxo de trabalho), e a taxa de mudança de entropia é

dada por TQ / , onde T é a temperatura absoluta termodinâmica do sistema durante a

transferência de calor.

Balanço de entropia em sistemas fechados:

t

ger

t ST

QdS

, onde:

NUNCA

reversível processo

eisirreversív processos

0

0

0t

gerS

Balanço de entropia para sistemas abertos

t

ger

t

saientra

t ST

QmSmSdS

,

Algumas considerações a respeito do balanço de entropia

1. A entropia de um sistema isolado não pode diminuir: 0 t

ger

t

isoladoSistema SdS ;

transferência de massa entre os tanques

até que o sistema entre em equilíbrio,

neste caso II

A

I

A e II

B

I

B .

Page 4: Segunda Lei 2013

4

2. A entropia de um sistema fechado e adiabático não pode

diminuir: 0 t

ger

t

adiabáticoeFechado SdS ;

3. Todo processo real provoca um aumento de entropia no Universo;

4. A variação de entropia de um sistema que sofre uma modificação do estado para

o estado 2 é a mesma para todos os processos que ligarem estes dois estados.

Definições

1. Fonte de calor: é um sistema fechado não uniforme, não em movimento, que só

pode trocar calor 0W , para o qual 0t

gerS , portanto: T

QdS

tt

fonte

.

2. Reservatório de calor: é uma fonte de calor isotérmica

Confirmação das bases empíricas da segunda Lei da Termodinâmica

.(a)- A troca de calor entre dois corpos rígidos (fonte de calor) em contato e isolados do

resto do Universo se dá no sentido do corpo de temperatura mais alta para o de

temperatura mais baixa.

DEMONSTRAÇÃO

Hipóteses

- FQ TT

- os corpos rígidos podem ser considerados

como reservatórios de calor

Balanço de entropia:

Fonte quente: Q

t

Qt

QT

QdS

Fonte fria: F

t

Ft

FT

QdS

Balanço de entropia no sistema (Fonte quente + fonte fria)

QQ Fonte quente TQ

Fonte fria TF QF

Page 5: Segunda Lei 2013

5

0F

t

F

Q

t

Qt

F

t

Q

t

T

Q

T

QdSdSdS

Balanço de Energia: 0 t

F

t

Q QQ

011

QF

t

F

t

F

t

Q

t

TTQdSdSdS , Como: 0t

FQ , logo, pode-se concluir que o

fluxo de calor ocorre na direção de maior temperatura para menor temperatura.

Demonstração do enunciado de Kelvin-Planck

Considere uma máquina térmica reversível que opera em ciclos retirando calor

de uma fonte fria e armazenada numa fonte quente.

Balanço de entropia:

Fonte quente: Q

t

Qt

QT

QdS

Fonte fria: F

t

Ft

FT

QdS

Balanço de entropia no sistema (Máquina + Fonte quente + fonte fria)

t

F

t

Q

t

M

t dSdSdSdS , como 0t

MdS , pois a máquina é REVERSÍVEL e opera em

ciclos (todo o calor absorvido da fonte quente é liberado para a fonte fria), portanto:

F

t

F

Q

t

Qt

T

Q

T

QdS

que deve ser maior que zero para que o processo possa ocorrer.

Balanço de Energia: 0 t

F

t

Q QQ

Máquina

Reservatório de calor

Corpo Frio TF

Reservatório de calor

Corpo quente TQ QQ

FQ

Page 6: Segunda Lei 2013

6

FQ

t

Q

t

F

t

Q

t

TTQdSdSdS

11 , Como: 0t

QQ e 011

FQ TT, logo, este

processo não obedece a Segunda Lei da Termodinâmica 0tdS e não pode ocorrer

na prática.

Enunciado de Classius: É impossível construir uma máquina cujo único efeito seja o

de converter completamente calor em trabalho. OBS: É importante ressaltar que na

conversão de calor em trabalho parte da energia é perdida (cedida para uma fonte mais

fria).

Balanço de entropia:

Fonte quente: Q

t

Qt

QT

QdS

Balanço de entropia no sistema (Máquina + Fonte quente)

t

Q

t

M

t dSdSdS , como 0t

MdS , pois a máquina é REVERSÍVEL e opera em ciclos

(todo o calor absorvido da fonte quente é liberado para a fonte fria), portanto:

Q

t

Qt

T

QdS

.

Como: 0 t

QQ e 0QT , logo, este processo não obedece a Segunda Lei da

Termodinâmica 0tdS e não pode ocorrer na prática.

Máquina

Reservatório de calor

Corpo Quente TQ

W

QQ

Page 7: Segunda Lei 2013

7

Princípio do trabalho Máximo: Considere uma térmica que produz trabalho a partir

do calor cedido de um fonte quente e que parte do calor é cedido pela máquina a uma

fonte fria, conforme ilustrado na Figura abaixo.

Balanço de entropia:

Fonte quente: Q

t

Qt

QT

QdS

Fonte fria: F

t

Ft

FT

QdS

Balanço de entropia no sistema (Máquina + Fonte quente + fonte fria)

t

F

t

Q

t

M

t dSdSdSdS , como 0t

MdS , pois a máquina opera em ciclos (REGIME

PERMANENTE), portanto: F

t

F

Q

t

Qt

T

Q

T

QdS

Balanço de Energia: 0 t

F

t

Q QQW , portanto: t

F

t

Q QQW

Q

t

Qt

F

t

FT

QdSTQ , Como: 0t

QQ ,

Q

t

Qt

F

t

QT

QdSTQW e t

F

Q

Ft

Q dSTT

TQW

1

logo, a quantidade máxima de trabalho produzido é obtida quando 0tdS .

A eficiência da máquina térmica é definida por: Q

TQ

W , neste caso a maior eficiência

será obtida quando 0FT (zero absoluto !!) ou quando QT (infinito), na prática

estas condições não podem ser obtidas.

Máquina

Reservatório de calor

Corpo Quente TQ

Reservatório de calor

Corpo frio TF FQ

QQ

W

Page 8: Segunda Lei 2013

8

Cálculo do trabalho mínimo na máquina de refrigeração de Carnot

Considere uma máquina térmica reversível que opera em ciclos retirando calor

de uma fonte fria e armazenada numa fonte quente.

Balanço de entropia:

Fonte quente: Q

t

Qt

QT

QdS

Fonte fria: F

t

Ft

FT

QdS

Balanço de entropia no sistema (Máquina + Fonte quente + fonte fria)

t

F

t

Q

t

M

t dSdSdSdS , como 0t

MdS , pois a máquina opera em ciclos (todo o calor

absorvido da fonte quente é liberado para a fonte fria), portanto: 0F

t

F

Q

t

Qt

T

Q

T

QdS

,

isto é: F

t

F

Q

t

Q

T

Q

T

Q .

Balanço de Energia: 0 tt

F

t

Q WQQ , LOGO: t

F

t

Q

t QQW

Do balanço de entropia tem-se que:

t

Q

t

F

F

Qt

Q dSTQT

TQ , aplicando na Equação do balanço de energia, tem-se que:

t

Q

t

F

F

Qt

F

t

Q

t

F

F

Qt dSTQT

TQdSTQ

T

TW

1

A menor quantidade de trabalho requerida no processo de refrigeração é quando o

processo é REVERSÍVEL, neste caso, tem-se que: 0tdS e pode ser calculado pela

Máquina

Reservatório de calor

Corpo Frio TF

Reservatório de calor

Corpo quente TQ QQ

FQ

W

Page 9: Segunda Lei 2013

9

seguinte equação: t

F

F

FQt

F

F

Qt QT

TTQ

T

TW

1 , a eficiência da máquina de

refrigeração é dada por

FQ

FFR

TT

T

W

Q.

Cálculo da entropia em termos de propriedades termodinâmica

Considere um sistema fechado, monocomponente e monofásico, partir da primeira Lei

da Termodinâmica tem-se que:

ttt WQdU

Quando a única forma de trabalho é o de mudança de volume, tem-se que:

t

rev

t PdVW

Num sistema fechado que sofre mudança devido a um processo reversível, tem-se que:

T

QSd

t

revt

rev

Aplicando ambas as equações na equação do balanço de energia, tem-se que:

t

rev

t

rev

t PdVTdSdU

A divisão da equação acima pelo número de mols ou massa do sistema, resulta na

seguinte equação:

revrev PdVTdSdU

Apesar para a obtenção desta equação foi considerado o processo reversível, ela é válida

para qualquer tipo de variação por envolver apenas variáveis termodinâmicas. Esta

equação é denominada de equação fundamental. A entropia de uma substância pura

pode ser calculada a partir da seguinte equação:

dVT

PdU

TdS

1

A partir da definição de capacidade calorífica a volume constante VC tem-se que:

dVT

PdTC

TdS V

1

No caso de líquidos e sólidos, pode-se considerar que: 0dV e PV CC , portanto:

Page 10: Segunda Lei 2013

10

dTCT

SSF

I

T

TPIF

1

Cálculo da entropia para um gás ideal

Para um gás ideal, tem-se que: RTPV , logo: V

R

T

P , portanto:

dVV

RdTC

TdS

F

I

F

I

F

I

V

V

T

T

ig

V

S

S

ig

1

Equação para o cálculo da entropia do gás ideal em termos de T e V.

I

F

T

T

ig

V

ig

I

ig

FV

VRdTC

TSS

F

I

ln1

Para um gás ideal, tem-se que: P

RTV , portanto: dT

P

RdP

P

RTdV

2, então:

dTT

RdP

P

RdV

T

P

dTT

RdP

P

RdTC

TdS ig

V

ig 1

dPP

R

T

dTRCdS ig

V

ig

F

I

F

I

igF

igI

P

P

T

T

ig

P

S

S

ig

P

dPR

T

dTCdS

Equação para o cálculo da entropia do gás ideal em termos de T e P

I

F

T

T

ig

P

ig

I

ig

FP

PR

T

dTCSS

F

I

ln

Entropia – Visão Microscópica

Em 1877, Ludwing Boltzman conceitou a entropia em termos de comportamento

molecular. Esta formulação é a base da termodinâmica estatística. Neste contexto, a

entropia está relacionada com a probabilidade e a estatística moleculares. Quanto maior

Page 11: Segunda Lei 2013

11

for o número de configurações moleculares possíveis para um determinado estado, mais

provável é a existência deste estado e maior a sua entropia.

A Mecânica Estatística tem por base o conceito de microestado, isto é, a caracterização

do sistema com base no estado das suas partículas elementares (moléculas ou ións) em

cada instante.

Para examinar o problema de probabilidade molecular e configurações, consideremos o

problema de distribuir duas bolas (branca e vermelha) em duas caixas. As possíveis

distribuições são as seguintes:

A B C D

Entretanto, quando se tratar de moléculas ao invés de bolas, do ponto de vista

microscópico, estas são indistinguíveis, logo as distribuições (B) e (C) são equivalentes.

As distribuições A, B, C e D são denominadas de microestados. Os macroestados são

identificados com uma classe que apresenta um mesmo conjunto de propriedades

termodinâmicas (ESTADOS). Os microestados B e C apresentam as mesmas

propriedades termodinâmicas, por exemplo: volume específico: 11

21

t

C

t

C VVV , ou

nível de energia .

Microestados A, B, C e D

Macroestados: I, II, e III.

Cada macroestado tem um determinado número de microestados, neste caso, tem-se

que:

Macroestados: I Microestados A

Macroestados: II Microestados B e C

Macroestados: III Microestados D

Neste exemplo, o número de microestados é 4.

O número de microestados correspondente ao Macroestado j, pode ser calculado pela

seguinte equação:

Page 12: Segunda Lei 2013

12

!!....!

!

21 R

jNNN

N

Em que: N é o número de partículas, iN corresponde ao número de partículas no estado

i, ou seja, de quantas maneiras pode ser arranjadas N bolinhas em R caixas, tendo N1

bolas na primeira caixa, N2 bolas na segunda caixa, etc..

Neste exemplo:

1!2!0

!2I

2!1!1

!2II

1!0!2

!2III

A probabilidade de cada macroestado pode ser calculado pelo princípio da igual

probabilidade a priori, neste caso, tem-se que:

n

i

i

j

jp

1

, em que: n é o número de

macroestados.

Neste exemplo: 4/1Ip , 2/1IIp e 4/1IIIp .

A entropia (estatística) de um sistema relaciona-se com o número de microestados

distintos que são compatíveis com o seu macroestado. Para um sistema com N

partículas, contidas num certo volume V e com uma certa energia total U, essa relação é

traduzida pela equação de Boltzmann:

lnKS ,

Em que: K é constante de Boltzmann, é o número de microestados.

Em cada conjunto de condições vai predominar uma distribuição das N partículas do

sistema nos diferentes níveis energéticos permitidos. Nessa distribuição mais provável

(bem como em qualquer outra), há um número Ωm de estados distintos para o conjunto

das N partículas. Isto ocorre devido à degenerescência dos níveis energéticos, isto é, à

Page 13: Segunda Lei 2013

13

existência de diferentes estados quânticos para uma mesma energia. A contribuição da

distribuição mais provável para a entropia é preponderante, podendo-se desprezar a

contribuição de outras distribuições, dado que ln Ω ≈ ln Ωm

Para ilustrar este comportamento, são apresentados os gráficos da probabilidade em

função do número de macroestados, quando se distribui N partículas (N=4, 32, 64, 256 )

em duas caixas.

N = 4

N = 32

N = 64

N = 256

O comportamento destes gráficos mostra que com o aumento do Número de partículas,

o macroestado predominante fica mais acentuado.

Serão a entropia termodinâmica e a entropia estatística equivalentes?

Demonstração

Page 14: Segunda Lei 2013

14

Considere um sistema isolado constituído de dois compartimentos (A e B) com o

mesmo volume. O compartimento A contem inicialmente N (Número de Avogadro =

6,022x1023

) de um gás ideal, enquanto que o segundo compartimento está vazio

(vácuo). A parede que separa os dois compartimentos se rompe o gás passa ocupar os

dois compartimentos.

Estado Inicial Estado Final

Cálculo da entropia do ponto de vista microscópico

IF KKS lnln ,

1!0!

!

N

NI

2!2/

!

!2/!2/

!

N

N

NN

NF

Desta forma, tem-se que:

!2/ln2!ln!2/

!ln

2NKNK

N

NKS

Aproximação assintótica de Stirling (Válida para N grande)

NNNN ln!ln

KNN

KNKNNKNNNN

KKNNKNS

2lnln

22ln

22ln

2ln2/

ln KNN

NKNS

Para um gás ideal, tem-se que:

2lnln RV

VRdT

T

CSS

F

I

T

T I

FVIF

Em que: K é a constante de Boltzman, dada por: NRK /

Gás

Ideal

TI,PI

Vácuo Gás

Ideal

TI, PI/2

Page 15: Segunda Lei 2013

15

Cálculo da variação de entropia devido a um processo de mistura

Considere um vaso isolado constituído por dois compartimentos. Inicialmente, cada

compartimento contem os gases ideais A e B puros, ambos na mesma T e P. O gás A

está confinado no primeiro compartimento. A parede que divide os dois compartimentos

se rompe e ocorre a mistura dos dois gases. Determine a variação de entropia deste

processo.

Estado Inicial Estado Final

Processo equivalente (Etapa I + Etapa II)

Etapa I: Expansão irreversível

Estado Inicial Estado Final

Em que: pA = nA R T / Vt e pB = nB R T / V

t

Como: pA = (nA / n) n R T / Vt = xAP e pB = xB P

Gás B

Puro

T,pB

Gás B

Puro

T,pB

Vácuo Gás

Ideal B

T,P, nB

Gás A

Puro

T,pA

Gás A

Puro

T,pA

Gás

Ideal A

T,P, nA

Vácuo

Mistura

nA e nB

T,P

Mistura

nA e nB

T,P

Gás

Ideal A

T,P, nA

Gás

Ideal B

T,P, nB

Page 16: Segunda Lei 2013

16

pA e pB são as pressões parciais do gás A e B, respectivamente. Esta grandeza

corresponde a pressão exercida pela espécie i quando ocupa todo o compartimento com

o mesmo número de mols da espécie i na mistura.

Etapa II Mistura dos gases num único

Estado Inicial Estado Final

Para o gás A tem-se que:

t

II

t

I

t SSS

0 t

IIS , pois a nível microscópico o número de estados acessíveis permanece o

mesmo.

Uma vez que a etapa I envolve mudança de estado das espécies puras, a variação de

entropia nesta etapa I pode ser calculada a partir da seguinte:

I

F

I

F

T

T

ig

P

ig

I

ig

FP

PR

P

PR

T

dTCSS

F

I

lnln

P

pRn

P

pRnSnSnS B

BA

ABBAA

t lnln

BBAA

t xRnxRnS lnln

Isto mostra que o processo de mistura de dois gases é um processo IRREVERSÍVEL.

Mistura

A+B

T,P, nA

Misutra

A+B

T,P, nB

Gás B

Puro

T,PB

Gás B

Puro

T,PB

Gás A

Puro

T,PA

Gás A

Puro

T,PA

Page 17: Segunda Lei 2013

17

A Segunda Lei da Termodinâmica diz--nos que sistemas isolados evoluem no sentido

de um aumento de entropia, atingindo um valor máximo no equilíbrio. Assim, a um

estado de equilíbrio corresponde também um número máximo de microestados

possíveis.

Terceira Lei da Termodinâmica.

A entropia de um cristal perfeito na temperatura de 0 K é zero.

A terceira lei da termodinâmica está relacionada a nível microscópico a organização do

sistema, portanto, o estado que corresponde a maior organização do sistema a entropia

tem o menor valor possível (zero). Quanto maior a desorganização do sistema maior a

entropia, desta forma: Sgases > Slíquidos > SSólidos

Máquina térmica de Carnot operando em ciclos

Uma máquina térmica que utiliza como fluido de trabalho gás ideal é ilustrado na Figura

abaixo.

Page 18: Segunda Lei 2013

18

As etapas deste processo são as seguintes: ab Compressão adiabática; bc

Expansão Isotérmica; cd Expansão adiabática; da Compressão isotérmica

A eficiência da máquina térmica que opera em ciclos pode ser calculada a partir da

seguinte expressão: H

net

Q

W , no processo isotérmicos, tem-se que:

Etapa Q W U

ab 0 FQV TTC

FQV TTC

bc

(ISOTÉRMICA)

c

bQ

V

VRT ln

c

bQ

V

VRT ln

0

cd 0 FQV TTC

FQV TTC

da

(ISOTÉRMICA)

a

dF

V

VRT ln

a

dF

V

VRT ln

0

FQV

c

bQ

a

dF

H

net

TTC

V

VRT

V

VRT

Q

W

lnln

Entropia e equilíbrio

Num sistema isolado, tem-se que: t

ger

t SdS , a entropia, neste sistema aumenta até que

seja alcançado a condição de equilíbrio.

0 2 4 6 8 100

4

8

12

St

eq

St

tempo

Figura 2 – Variação da entropia com o tempo

Page 19: Segunda Lei 2013

19

Portanto, neste processo, o sistema passa por uma sucessão de estados e a direção na

qual ocorre as mudanças de estado é sempre na direção do aumento de entropia, até que

seja encontrada a condição de equilíbrio, que corresponde ao máximo valor da entropia.

Portanto, num sistema isolado, que corresponde Ut e V

t tem-se que:

dSt =0 (PONTO DE MÁXIMO)

Exercícios:

Considere uma máquina de Carnot que opera em ciclos utilizando como fluido de

trabalho um gás ideal. Calcule a eficiência da máquina térmica que opera nas seguintes

condições: qT =450 K, fT =300 K, aP =350 kPa e cP =800 350 kPa , o gás possui a

seguinte capacidade calorífica RCp 2/7 .

Resposta: 42.4 %

EXERCÍCIOS

Um tanque rígido com capacidade de 2 m3 contém água a 150

oC com título de 0,5.

Calcule a variação de entropia deste sistema se for adicionado 2500 kJ de energia na

forma de calor.

Cinco mols de um gás ideal (T = 400 K e P=100 kPa) é comprimido até a pressão de

1000 kPa. Calcule a variação de entropia de gás, das vizinhanças e total causada pelo

processo de compressão isotérmica, quando:

(a)- O processo é reversível e as vizinhanças pode ser considerada como num

reservatório de calor a 400K.

(b)- O processo é reversível e as vizinhanças pode ser considerada como num

reservatório de calor a 300K.

(c)- O processo é irreversível, requerendo 20% a mais de trabalho do que o processo de

compressão reversível considere que e as vizinhanças como num reservatório de calor a

300K.

Uma máquina térmica foi projetada para operar em ciclos, conforme ilustrado na figura

abaixo. A máquina produz 43 hp de trabalho a partir de 2500 kJ de energia extraída por

minuto. Verifique se esta máquina térmica pode funcionar nestas condições.

Page 20: Segunda Lei 2013

20

Mostre que para um gás ideal que sofre transformações devido a um processo adiabático

e reversível, tem-se as seguintes relações:

1

I

F

I

F

V

V

T

T e

1

I

F

I

F

P

P

T

T, OBS: Considere pC constante.

Ar é comprimido no motor de um automóvel de 14,7 psia a 2000 psia. Considerando a

temperatura inicial de 60oF. Estime a temperatura final. Considere Cp

ig = 7/2 R.

Uma turbina opera com vapor d’água a 10 MPa e 600oC, com uma vazão mássica de 2

kg/s e produz 2000 kW de trabalho. Na saída da turbina a pressão é 300 kPa e

temperatura de 160oC. Considerando que as vizinhanças estejam a 30

oC, determine a

taxa de produção de entropia.

Considere dois compartimentos (A e B) com volumes iguais de 2m3, isolados

termicamente e estão conectados por uma válvula que inicialmente está fechada. O

compartimento contém vapor d’água a P=350 kPa e T=200oC, enquanto que o

compartimento B contém vapor d’água a P=1000kPa e T=300oC. A válvula é aberta e

ocorre fluxo de massa entre os dois compartimentos. Determine a temperatura e pressão

final do sistema.

Máquina

Reservatório de calor

TH = 900oC

Reservatório de calor

TC = 20oC

W

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Um tanque contém 10 kg de vapor a 1 MPa e T=700oC é conectado por uma válvula a

um cilindro vertical. O pistão possui um peso que matem a pressão constante em 200

kPa a válvula. Inicialmente o pistão repousa no fundo do cilindro. A válvula é

parcialmente aberta permitindo a entrada muito lenta de vapor, até que as pressões no

tanque e no cilindro se igualem. Supondo não existir perdas de calor para as vizinhanças

(nem trocas entre o tanque e o cilindro), determine as temperaturas finais do tanque e do

cilindro.

Aviões são lançados de porta aviões por meio de uma catapulta de vapor conforme

ilustrado na Figura abaixo. A catapulta é constituída por um complexo sistema de

roldanas e um cilindro termicamente isolado que contem vapor e possuiu um pistão sem

atrito. O pistão é ligado ao avião por meio de um cabo. A medida que o vapor se

expande, o movimento do pistão causa o movimento do avião. O projeto de uma

catapulta requer P=14 MPa, T = 700oC e 1300 kg de vapor que é expandido até a

pressão de 350 kPa. Verifique se esta catapulta será adequada para acelerar um avião de

caça com de 27 toneladas do repouso até a velocidade de 320 km/h. Despreze as

resistências do pistão e do cabo, assim como as resistências do avião no processo.

Considere dois tanques isolados (A e B) que estão conectados por uma válvula. O

tanque A com capacidade de 3 m3, contem inicialmente vapor d´água a 300 kPa e 400

C. O tanque B contem com capacidade de 8 m3, contem vapor d´água saturado na

pressão de 1,2 MPa. A válvula é aberta e ocorre a mistura dos gases. Determine a

variação de entalpia deste processo.

Um tanque rígido com volume de 1m3 contem inicialmente água saturada a uma

temperatura de 200oC e com o título de 0,4. O topo do tanque contem um válvula de

ajuste de pressão que matem a pressão do vapor a uma pressão constante. Adiciona-se

calor ao tanque até que todo o líquido se vaporize. Considerando que não ocorra queda

de pressão ou transferência de calor na linha de saída e que as vizinhanças estejam a

200oC, determine a variação de entropia deste processo.

Uma turbina a vapor em uma pequena usina de energia elétrica é projetada para operar

com fluxo de entrada de 4500 kg/h a 6 MPa e 500oC e um fluxo de saída de vapor a 1

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MPa. A taxa de transferência de calor para as vizinhanças é e 68,96 kW (Tviz = 300 K).

Determine:

(i)- Calcule a potência máxima que a turbina pode gerar;

(ii)- Determine a temperatura de saída de vapor (para o item i);

(iii)- A eficiência da turbina é de 65%, calcule a potência real produziad;

(iv)- Determine a temperatura da turbina para o item iii).

Considere uma montagem pistão-cilindro isolada contem inicialmente 5kg de vapor a

540oC e 6 MPa e sofre uma expansão até 2MPa. As vizinhanças estão a 101.3 kPa e

25oC. Responda as seguintes perguntas:

(i)- Qual é a variação de entropia para este processo ?

(ii)- Qual é a temperatura final da água ?

(iii)- O volume final do sistema ?

(iv)- Qual é o trabalho neste processo ?

Considere o preenchimento de um cilindro com água a partir de uma linha de

abastecimento de alta pressão (3 MPa e 773K). O cilindro está vazio inicialmente. A

válvula é então aberta, e ocorre o enchimento do tanque até que seja alcançada a pressão

de 3 MPa. A válvula é então fechada. O volume do cilindro é de 50 L.

(a)- Calcule a variação de entropia do processo após o enchimento do cilindro

(considere que o processo é rápido e que a transferência de calor para as vizinhanças é

desprezível).

(b)- Calcule a variação de entropia do gás no cilindro quando ele fica armazenado por

um longo período de tempo a uma temperatura de 293K.