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1 SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM VITÓRIA-ES: UMA ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES DO BAIRRO DE GOIABEIRAS Gabriella Vasconcellos de Araújo Doutoranda – Ciências Sociais – PUC [email protected] Resumo Este trabalho apresenta uma reflexão da segregação socioespacial da cidade de Vitória- ES, com um olhar voltado para o bairro de Goiabeiras. Faz uma análise da segregação socioespacial do município por meio da relação entre a segregação residencial e a desigualdade em termos de renda, participação da população branca, negra e parda nas regiões administrativas da cidade e do IQU – Índice de Qualidade Urbana do município. A reprodução da desigualdade na cidade de Vitória segue a tendência histórica de diversas cidades brasileiras, sobretudo as metropolitanas, tendo a classe de alta renda produzido o espaço urbano conforme seus interesses, consumindo-o e controlando-o. O bairro de Goiabeiras faz parte das regiões de maior segregação socioespacial do município, apresentando grande desigualdade social e baixo índice de qualidade urbana. Palavras chave: Segregação Socioespacial; Desigualdade; Goiabeiras; Paneleiras de Goiabeiras. Introdução A economia capixaba, como a brasileira, até meados do século XX, era dependente basicamente da produção agrícola, mais especificamente da cafeicultura. O declínio do setor cafeeiro, a partir da década de 1950, afetou profundamente a economia capixaba, que tinha sua estrutura produtiva baseada na pequena produção familiar. Esse declínio levou à reorientação da economia estadual, que ocasionou o fenômeno de aceleração expressiva no processo de urbanização da Região Metropolitana da Grande Vitória – RMGV. Com isso, a partir de meados do século XX, tem início a transformação da estrutura urbana de Vitória, capital do Espírito Santo, que compõe a RMGV, em função das mudanças econômicas ocorridas no estado. Essa transformação impactou o bairro de Goiabeiras, localizado ao Norte da Baia de Vitória. Esse bairro, constituído de baixadas cobertas de manguezais, teve sua ocupação originada pelo crescimento desordenado da cidade, com surgimento de ocupações irregulares, sendo ocupado como área de periferia urbana, alternativa de moradia para os pobres da região da Grande Vitória. Neste local trabalham, moram e vivem as Paneleiras de Goiabeiras, artesãs capixabas cujo oficio é a confecção das panelas de barro.

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SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM VITÓRIA-ES: UMA ANÁLISE DAS

TRANSFORMAÇÕES DO BAIRRO DE GOIABEIRAS

Gabriella Vasconcellos de Araújo Doutoranda – Ciências Sociais – PUC

[email protected]

Resumo

Este trabalho apresenta uma reflexão da segregação socioespacial da cidade de Vitória-

ES, com um olhar voltado para o bairro de Goiabeiras. Faz uma análise da segregação

socioespacial do município por meio da relação entre a segregação residencial e a desigualdade

em termos de renda, participação da população branca, negra e parda nas regiões administrativas

da cidade e do IQU – Índice de Qualidade Urbana do município. A reprodução da desigualdade na

cidade de Vitória segue a tendência histórica de diversas cidades brasileiras, sobretudo as

metropolitanas, tendo a classe de alta renda produzido o espaço urbano conforme seus

interesses, consumindo-o e controlando-o. O bairro de Goiabeiras faz parte das regiões de maior

segregação socioespacial do município, apresentando grande desigualdade social e baixo índice

de qualidade urbana.

Palavras chave: Segregação Socioespacial; Desigualdade; Goiabeiras; Paneleiras de Goiabeiras.

Introdução

A economia capixaba, como a brasileira, até meados do século XX, era dependente

basicamente da produção agrícola, mais especificamente da cafeicultura. O declínio do setor

cafeeiro, a partir da década de 1950, afetou profundamente a economia capixaba, que tinha sua

estrutura produtiva baseada na pequena produção familiar. Esse declínio levou à reorientação da

economia estadual, que ocasionou o fenômeno de aceleração expressiva no processo de

urbanização da Região Metropolitana da Grande Vitória – RMGV. Com isso, a partir de meados do

século XX, tem início a transformação da estrutura urbana de Vitória, capital do Espírito Santo,

que compõe a RMGV, em função das mudanças econômicas ocorridas no estado.

Essa transformação impactou o bairro de Goiabeiras, localizado ao Norte da Baia de

Vitória. Esse bairro, constituído de baixadas cobertas de manguezais, teve sua ocupação

originada pelo crescimento desordenado da cidade, com surgimento de ocupações irregulares,

sendo ocupado como área de periferia urbana, alternativa de moradia para os pobres da região da

Grande Vitória. Neste local trabalham, moram e vivem as Paneleiras de Goiabeiras, artesãs

capixabas cujo oficio é a confecção das panelas de barro.

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As paneleiras de Goiabeiras, símbolo da cultura do estado do Espírito Santo, mantém sua

tradição, de mais de 400 anos, na confecção das panelas de barro. As panelas são modeladas

manualmente com o auxílio de ferramentas rudimentares, legado cultural dos índios Tupi-Guarani

e Uma. O ofício “fazer panelas de barro” foi inscrito no Livro do Registro dos Saberes, do Instituto

do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN em dezembro de 2002, sendo reconhecido

nacionalmente como um bem cultural de natureza imaterial e designado como Patrimônio Cultural

Imaterial Brasileiro.

Este trabalho aborda a temática da segregação socioespacial por meio da análise do bairro

de Goiabeiras, e tem como objetivo analisar a segregação imposta no uso do espaço urbano

desta localidade.

Por meio da análise da segregação socioespacial será possível analisar se houve

transformações no bairro de Goiabeiras nos últimos anos, enquanto área fortemente submetida ao

processo de segregação imposto na cidade de Vitória, mas por outro lado, área que ganhou maior

destaque com o trabalho das Paneleiras de Goiabeiras, especialmente depois que essas foram

reconhecidas pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A hipótese deste trabalho

é que a região de Goiabeiras, mesmo obtendo destaque regional e nacional após o

reconhecimento do Oficio das Paneleiras de Goiabeiras como um bem cultural de natureza

imaterial pelo IPHAN, permanece fortemente representado na zona de segregação socioespacial

da cidade de Vitória – ES.

Paneleiras de Goiabeiras

A panela de barro é um ícone da identidade cultural capixaba, a materialização de um

saber. Nesse recipiente é feito dois dos mais tradicionais pratos da culinária do Espírito Santo: a

moqueca capixaba e a torta capixaba, iguaria tradicional consumida na Semana Santa no Estado

do Espírito Santo.

Segundo o Dossiê Iphan 3 (2006) os colonos e descendentes de escravos africanos que

ocuparam a margem do manguezal em Goiabeiras, apropriaram dos índios o saber da fabricação

da panela de barro. As panelas de barro, reconhecidas como legado cultural Tupi-Guarani e Uma,

são fabricadas de forma artesanal, manual e rústica, a partir de argila sempre da mesma

procedência. A técnica preserva a modelagem manual da panela, com o auxilio de ferramentas

rudimentares, tendo como principal ferramenta as mãos das Paneleiras. A técnica empregada, o

processo de produção e a matéria-prima utilizada são seculares, permanecem inalteradas após

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quatro séculos de tradições indígenas (SANT’ANNA e CAMILETTI, 2008).

Fig. 1: Confecção manual das panelas de barro Fonte: http://www.guiacuca.com.br

A fabricação artesanal da panela de barro, Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, registrado

no Iphan como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, é uma atividade eminentemente feminina,

tradicionalmente repassada através de gerações, às filhas, netas, sobrinhas e vizinhas do bairro

de Goiabeiras, no convívio doméstico e comunitário. É um “ofício familiar, doméstico e

profundamente enraizado no cotidiano e no modo de ser da comunidade de Goiabeiras” (DOSSIÊ

IPHAN 3, 2006, p.13).

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Fig. 2: Fabricação artesanal, manual e rústica Fonte: http://sabordiario.com/oficio-das-paneleiras-de-goiabeiras-es/

As panelas de barro são produzidas a partir de matérias-primas provenientes do meio

natural. A argila empregada, ou barro como é chamado pelas Paneleiras, matéria-prima principal

na confecção das panelas de barro, é extraída de jazida, comumente conhecido como barreiro, no

Vale do Mulembá, em Vitória – ES. A argila de boa qualidade é elemento fundamental para a

confecção da autêntica panela de barro e influencia diretamente a qualidade do produto, por isso

a fonte da matéria-prima permanece a mesma utilizada por seus antecessores.

Fig. 3: Queima das panelas de barro Fonte: http://www.praquemquisermevisitar.com

Antes do Ofício das Paneleiras de Goiabeiras ser registrado pelo IPHAN, os interesses das

artesãs já eram representados por uma entidade de classe denominada Associação Paneleiras de

Goiabeiras. Essa Associação foi constituída em 1987, motivada pelo aumento da demanda de

panelas de barro. Nessa época, não havia estrutura física adequada para a produção das panelas

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de barro e essas eram produzidas de forma pouco profissional, porém conservadas as tradições

indígenas no processo de produção manual e artesanal.

A aceitação da Associação pela comunidade de paneleiras não foi de imediato, porém

quando perceberam os benefícios advindos da Associação, como a construção de um galpão para

a produção e comercialização das panelas de barro, a resistência foi diminuindo e as artesãs,

muitas autônomas, passaram a se dedicar exclusivamente ao Ofício de produzir panelas de barro,

exercendo a atividade mais profissionalmente (SANT’ANNA e CAMILETTI, 2008).

O galpão, espaço de trabalho coletivo das artesãs, atendeu as necessidades de muitas

Paneleiras, que já não tinham mais espaço suficiente e adequado em suas casas para produzirem

a panela de barro, o que levava muitas delas a buscarem outras atividades profissionais para

garantir o sustento de suas famílias.

Um dos maiores benefícios obtidos pela Associação Paneleiras de Goiabeiras foi a

manutenção da propriedade do “barreiro”, localizado no Vale do Mulembá, e a garantia de acesso

assegurada ao local de retirada da matéria-prima. O local do Barreiro tinha sido desapropriado

pelo Governo do Estado para a construção de uma estação de tratamento de esgotos, porém a

manutenção do Barreiro significava a continuidade da existência do produto fabricado pelas

artesãs.

Após o Ofício ter sido reconhecido e registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do

Brasil as paneleiras receberam maior valorização e reconhecimento da população capixaba, não

só pelo trabalho que realizam, mas também pela contribuição à cultura capixaba.

Bairro de Goiabeiras

No ano de 2014, a Lei Municipal nº 8.611/2014 criou mais duas Regiões Administrativas no

município de Vitória – ES: Região 08 (Jardim Camburi) e 09 (Jardim da Penha). Atualmente o

município é organizado em 09 Regiões Administrativas e 80 bairros, conforme mostra a Fig. 4.

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Fig. 4: Regiões Administrativas de Vitória Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

A Região Administrativa 06 (Goiabeiras) onde está localizado o bairro Goiabeiras, objeto

deste estudo, é uma das três Regiões que ficam na parte continental do município, ao Norte da

Baia de Vitória.

O bairro Goiabeiras, que pode ser visualizado na Fig. 5, constituído de baixadas cobertas

de manguezais, teve sua ocupação como área de periferia urbana há mais de 80 anos. A partir da

década de 1960, a ocupação da área foi sendo intensificada devido ao crescimento desordenado

da cidade, na incorporação de terras rurais para construção de conjuntos habitacionais pela

COHAB (Cooperativa Habitacional Brasileira), atendendo a população de baixa renda.

O despejo do lixo em áreas de mangue pelo próprio poder público também determinou a

ocupação do local, uma vez que em decorrência dos lixões, surgiram aterros sanitários, criando

assim espaço para ocupação irregular da área. Muitos proprietários de casas dos conjuntos

habitacionais tiveram dificuldades para manter os compromissos assumidos com a compra de

suas casas e acabaram se fixando em barracos e palafitas sobre o mangue.

Com as continuas ocupações irregulares e após a construção do Aeroporto Eurico Sales,

nas proximidades desta área de manguezais, a região expandiu e necessitou de intervenções

urbanas. Entre os projetos executados pela Prefeitura Municipal de Vitória na tentativa de reverter

PARQUE INDUSTRIAL

AEROPORTO

GOIABEIRAS

JARDIM CAMBURI

CENTRO

TABUAZEIRO

MATA DA PRAIA

JARDIM DA PENHA

SANTA LÚCIA

JOANA D´ARC

ENSEADA DO SUÁ

PRAIA DO CANTO

NOVA PALESTINA

ITARARÉ

SÃO JOSÉ

BENTO FERREIRA

GRANDE VITÓRIA

GURIGICAFRADINHOS

INHANGUETÁ

BONFIM

ROMÃO

RESISTÊNCIA

MARIA ORTIZ

SANTA TEREZA

MARUÍPE

SÃO PEDRO

SANTA MARTHA

SANTO ANTÔNIO

BELA VISTA

ILHA DO BOI

MONTE BELO

SANTA CECÍLIA

REPÚBLICA

CONQUISTA

REDENÇÃO

SANTA LUÍZA

SÃO CRISTÓVÃO

DA PENHA

JABOUR

FORTE SÃO JOÃO

CARATOÍRA

ILHA DO FRADE

CONSOLAÇÃO

PRAIA DO SUÁ

ESTRELINHA

BARRO VERMELHOUNIVERSITÁRIO

MÁRIO CYPRESTE

DE LOURDES

ILHA DO PRÍNCIPE

DO MOSCOSO

SÃO BENEDITO

BOA VISTA

JUCUTUQUARA

VILA RUBIM

FONTE GRANDE

DO CABRAL

SANTA HELENAHORTO

COMDUSA

JESUS DE NAZARETH

SANTA CLARA

NAZARETH

ILHA DE SANTA MARIA

CRUZAMENTO

PONTAL DE CAMBURI

ANDORINHAS

SANTO ANDRÉ

PIEDADE

SANTOS DUMONT

SANTOS REIS

PARQUE MOSCOSO

ILHA DAS CAIEIRAS

MORADA DE CAMBURI

ANTÔNIO HONÓRIO

SOLON BORGES

DO QUADRO

SEGURANÇA DO LAR

ARIOVALDO FAVALESSA

359800

359800

362400

362400

365000

365000

367600

367600

370200

370200

372800

372800

7754

000

7754

000

7756

600

7756

600

7759

200

7759

200

7761

800

7761

800

SERRA

CARIACICA

VILA VELHA

PREFEITURA DE VITÓRIASecretaria de Gestão Estratégica

Gerência de Informações Municipais

UTM - SIRGAS-2000Fonte: PMV, IJSN

Janeiro - 2014

0 0.7 1.4 2.10.35 km

Limite Municipal - Lei Estadual nº 9.972/2012

Limite de Bairro - Lei Municipal nº 8.611/2014

´

1 - Centro

2 - Santo Antônio

3 - Jucutuquara

4 - Maruípe

5 - Praia do Canto

6 - Goiabeiras

7 - São Pedro

8 - Jardim Camburi

9 - Jardim da Penha

REGIÕES ADMINISTRATIVAS DE VITÓRIA

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esse quadro de ocupações irregulares, destaca-se nas décadas de 1980 e 1990 o projeto,

parcialmente executado, que cria uma via de contorno do mangue de modo a conter a crescente

ocupação em área de preservação ambiental.

Fig.5 - Localização do bairro de Goiabeiras Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

Segregação Socioespacial

Nas metrópoles brasileiras, há segregações das mais variadas naturezas, como

segregação de classes, de etnias, de nacionalidades. A estruturação das metrópoles brasileiras,

segundo Villaça (2009) é dominada pela segregação das classes sociais.

AV FERNANDO FERRARI

RUA C

ARIJÓ

SRU

A TUP

INAM

BÁS

ROD SERAFIM DERENZI

AV HUGO VIOLA

RUA SÃO SEBASTIÃO

AV CARLOS GOMES DE SÁ

RUA A

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I

RUA D

OUTO

R DI

DO F

ONTE

S

RUA DOUTOR ANTÔNIO BASÍLIO

RUA SILVANA ROSA

RUA F

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ISCO

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RUA J

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RUA L

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A FILH

O

RUA BENEDITO MUNIZ

RUA JACIN

TO BRESCIANI

RUA RAULINO ROCHA

AV ANÍSIO FERNANDES COELHO

AV DOUTOR PEDRO FEU ROSA

RUA HOMERO NASCIMENTO

AV D

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OSÉ

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S CY

PRES

TE

RUA SEBASTIANA VIEIRA BORGES

TV L

UZ

RUA ALVIM SOARES BERMUDES

RUA ANGELINDO CARARETO

RUA DOUTOR DÓRIO SILVA

RUA LEOPOLDO SIQUEIRA

RUA JOANA ROSALÉM M

IOZI

RUA CÉSAR CALMON

RUA PRESIDENTE RODRIG

UES ALVES

RUA R

ONAL

DO S

CAMP

INI

RUA BERTINO BORGES

RUA PRESIDENTE PRUDENTE DE M

ORAES

RUA JOSÉ GOMES LORETO

RUA JOÃO NUNES COELHO

RUA JOÃO BAPTISTA CELESTINO

RUA DO ALMIRANTE

RUA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

RUA MARIA SALIBA BUAIZ

RUA O

SCAR

ROD

RIGU

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E OL

IVEIR

A

RUA MARQUÊS DE OLINDA

RUA D

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RUA R

ONAL

DO S

CAMP

INI

362700

362700

363250

363250

363800

363800

364350

364350

7756

800

7756

800

7757

350

7757

350

7757

900

7757

900

7758

450

7758

450

7759

000

7759

000

PREFEITURA DE VITÓRIA

UTM - SIRGAS 2000

±0 200 400100

m

SECRETARIA DE GESTÃO ESTRATÉGICAGERÊNCIA DE INFORMAÇÕES MUNICIPAIS

Fone: (27) 3382-6010Vitória em MapasFevereiro - 2012

SANTA MARTHA

LEGENDA

Limite Bairro - Lei 6.077/03

Arruamento

Estação Ecológica Ilha do LameirãoAPP Ilha do Campinho

CARIACICA

SERRA

VILA VELHA

BAIRRO

GOIABEIRAS

JARDIM DA PENHA

1 cm = 1,349 m

DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS

RESISTÊNCIA

GOIABEIRAS

ANTÔNIOHONÓRIO

MATA DA PRAIA

BOA VISTA

REPÚBLICA

AEROPORTO

MORADA DECAMBURI

JOANA D'ARC

JABOURMARIA ORTIZ

Informação Vitória Goiabeiras (%) Vitória

Área km² 93,38 2,37 2,54%

População 319.163 2.633 0,82%

Homens 149.833 1.255 0,84%

Mulheres 169.330 1.378 0,81%

Renda Média 1.661,99 988,91 -

Fonte: IBGE - Censo 2010

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Segundo Villaça (2011) nenhum aspecto da sociedade pode ser explicado e compreendido

sem considerar a enorme desigualdade econômica e de poder politico que ocorre na sociedade. O

autor salienta que o problema do Brasil não é pobreza, e sim a desigualdade e a injustiça

associada à pobreza. Dessa forma, torna-se importante o estudo da segregação socioespacial,

pois a segregação é a maior manifestação de desigualdade da sociedade e não é simplesmente e

somente um fator de divisão de classes no espaço urbano, mas também um instrumento de

controle desse espaço.

Compreender o processo de segregação é essencial para que seja possível compreender

a estrutura espacial intra-urbana das cidades. O espaço urbano tem sido objeto de estudo nos

mais diversos campos de saber, pois pensar o urbano por meio da organização espacial das

classes sociais nos remete a questões tanto de ordem econômica, quanto política, ideológica e

social, como a segregação, exclusão, pobreza, miséria, violência, desemprego, entre outras.

Segundo Villaça (1999), há uma tendência geral em pensar que há uma forte inter-relação

entre espaço e formação social, onde as transformações das estruturas sociais, particularmente

as transformações econômicas, provocam transformações no espaço. A análise do espaço

partindo das transformações sociais, econômicas e/ou políticas vem sendo estudada desde a

Escola de Chicago. Porém, há também estudos dos efeitos do espaço produzido sobre o social,

ainda que menos desenvolvidos, e segundo análise de Villaça (1999), com mais afirmações e

poucas demonstrações.

Com os estudos de Castells (1983) e Lefebvre (1974) o espaço urbano passa a ser

considerado produto social e há o consenso quanto ao reconhecimento de que o significado

essencial do fenômeno da segregação se dá sob a lógica da produção social do espaço urbano

(NEGRI, 2010). Lefebvre (1974) salienta que o espaço urbano não pode ser concebido como algo

passivo, vazio, como tendo apenas o sentido, como os outros “produtos”. Diz ainda que enquanto

produto, o espaço intervém na própria produção. Villaça (2009) corrobora, salientando que a

segregação é socialmente produzida, ou seja, não é dada pela natureza, mas é produto produzido

pelo trabalho humano.

Os estudos da segregação residencial tiveram origem na sociologia americana, derivada

da Escola de Chicago, nos Estados Unidos na década de 1910, com Park e Mackenzie, onde

compreendiam a segregação como fenômeno natural da urbanização em que os lugares de

moradia eram escolhidos pela população de acordo com suas preferências pessoais. Partiam da

crença de que os habitantes de uma metrópole são diferentes e interdependentes, e, justamente

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por serem diferentes e interdependentes determinam que espaço consideram desejáveis e até

que ponto é possível obtê-lo. Assim, a segregação se dá a partir da concentração de pessoas com

características semelhantes em uma mesma área residencial. Cabe ressaltar que os autores da

Escola de Chicago não tratam de classes e sim de pessoas ou de indivíduos.

Villaça (2009, p.142) entende segregação como “um processo segundo o qual diferentes

classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais

ou conjuntos de bairros da metrópole”. Villaça (2009) afirma que

desde a segunda metade do século XIX, quando a maioria das atuais metrópoles do país começou a apresentar altas taxas de crescimento, as classes de renda mais alta começaram a exibir um processo de segregação que segue, até hoje, a mesma tendência. Em todas elas, sem exceção, a tendência é a de essas classes se segregaram numa única e mesma região geral da cidade (VILLAÇA, 1999:224).

Os estudos da segregação socioespacial das metrópoles, de forma geral, mostram a

tendência dos bairros das camadas de alta renda se segregarem em uma mesma região da

cidade, não se espalhando aleatoriamente por toda metrópole. Por essa razão, Villaça (2009) dá

preferencia ao estudo da segregação por região geográfica, ou conjunto de bairros em detrimento

do estudo da segregação por bairro. A segregação por regiões da cidade é chamada de

macrossegregação.

A presença das camadas de mais alta renda em uma determinada região da metrópole

não impede a presença, tão pouco o crescimento de outras classes sociais na mesma área. Não

há exclusividade dessa ou daquela classe. As camadas de mais alta renda, mesmo que

concentradas em determinadas áreas, não representam a única classe social de determinada

região, uma vez que nessas áreas verifica-se também a presença das camadas de baixa renda. O

contrario não é verdadeiro, pois algumas áreas das metrópoles brasileiras são dominadas

exclusivamente por camadas de baixa renda. Dessa forma, as diferentes classes sociais podem

coexistir em um mesmo espaço. Isso significa que não é a concentração exclusiva das camadas

de alta renda que determinam a segregação de uma classe, mas sim a concentração significativa

dessa classe em uma determinada região, mais do que em qualquer outra área da metrópole

(VILLAÇA, 1999).

A segregação é, portanto, uma forma de exclusão social que apresenta uma dimensão

espacial (VILLAÇA, 2003). Assim, os lugares nas cidades são transformados pelo funcionamento

da sociedade urbana, onde as pessoas com maior renda, escolhem onde irão alojar-se, surgindo

então a segregação espacial dos bairros, ou das regiões, de acordo com as distintas classes

sociais (VILLAÇA, 2009).

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No estudo da estratificação espacial, Castells (1983) afirma que as características sociais,

quanto mais próximas, tanto mais tendem a reagrupar as pessoas espacialmente. Diz também

que essencialmente o que influencia a distribuição das residências no espaço é o prestigio social,

cuja expressão positiva é a preferência social, por vizinhos semelhantes, e a expressão negativa é

a distância social, que rejeita os vizinhos diferentes. Afirma ainda que o que determina a

acessibilidade ao espaço residencial desejado é a distribuição diferencial da renda.

A distribuição das residências no espaço, segundo Castells (1983), produz sua

diferenciação social e especifica a paisagem urbana de acordo com as características das

moradias e de sua população. A distribuição dos locais residenciais opera os reagrupamentos em

função da capacidade social dos indivíduos, de suas rendas, de seus status profissionais, de seus

níveis de instrução, etc. Assim se dá uma estratificação urbana, correspondendo, segundo este

autor, ao sistema de estratificação social, e nos casos em que a distância social é acentuada, se

dá a segregação urbana.

Castells (1983) compreende o processo de segregação socioespacial como reflexo da

distribuição espacial das diversas classes sociais, de acordo com o nível social dos indivíduos,

tendo determinações tanto ideológicas, econômicas quanto políticas. Assim, ele a define como a

“tendência à organização do espaço em zonas de forte homogeneidade social interna e de forte

disparidade social entre elas, entendendo-se essa disparidade não só em termos de diferença

como também de hierarquia" (CASTELLS, 1983:210). Os bairros, por exemplo, tendem a grande

homogeneidade social. Cabe ressaltar, que com a proliferação de favelas em áreas ocupadas, a

homogeneidade interna de muitos bairros ficou comprometida. Villaça (1999) discorre ainda que o

que se entende por “forte homogeneidade interna” é relativo, pois

no caso das metrópoles brasileiras, onde as camadas de mais alta renda são minoria na cidade como um todo, elas frequentemente são minoria, também, nas partes da cidade onde elas se concentram. Porém, por maior diversidade social que apresentem, tais áreas contém a maior parte das camadas de alta renda da metrópole (VILLAÇA, 1999:224).

A segregação residencial corresponde aos contrastes encontrados entre os residentes das

distintas zonas de uma mesma localidade e reproduz as desigualdades socioeconômicas e

reforça as condições de exclusão de parte da população. Segundo Villaça (2009, p.141) “o

funcionamento da sociedade urbana transforma seletivamente os lugares, afeiçoando-os às suas

exigências funcionais.” Assim, verifica-se as camadas de mais alta renda alojando-se em áreas

que lhes são mais convenientes, fazendo com que algumas áreas das cidades ganhem ou percam

valor ao longo do tempo. De um lado, há as classes de baixa renda que se isolam com suas

possibilidades restritas e de outro lado os ricos que se enclausuram em busca de exclusividade

residencial, evitando compartilhar a vida cotidiana com a classe de baixa renda (BONI, 2011).

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11

Assim, criam-se os bairros para os ricos, diminuindo a mistura social entre ricos e pobres. A

segregação espacial dos bairros residenciais criam sítios sociais muito particulares, tornando

essa, uma das características mais marcantes da metrópole brasileira (Villaça, 2009).

O que tem ditado essa tendência, segundo Villaça (1999) são os fatores de ordem cultural,

os atrativos do sítio natural e a localização, principalmente em termos de acessibilidade ao centro.

Nas metrópoles oceânicas, a valorização das orlas é uma realidade das camadas de alta renda,

levando a classificação da estrutura espacial interna das metrópoles brasileiras em dois grupos:

metrópole interior e a costeira. Na metrópole costeira, as camadas de alta renda dominam a

ocupação das residências da costa, mesmo que essas sejam cada vez mais distantes. Cabe

salientar que a distância do centro é relativa ao tamanho da cidade, à facilidade de locomoção e

essa distância para ser considerada longe do centro deve ser proporcional às distâncias ocupadas

pelos bairros populares. Os mesmos fatores, atratividade do sítio natural e proximidade ao centro,

determinam a localização das camadas de alta renda no caso da metrópole interior. A

acessibilidade ao centro é mais importante inclusive do que o sítio natural atraente. As camadas

de alta renda, abrem mão do sítio natural atraente para não se afastarem da linha reta em direção

ao centro.

Através da segregação, a classe dominante controla a produção e o consumo do espaço

urbano, dominam o espaço urbano não só produzindo suas áreas residenciais nas áreas mais

agradáveis e bem localizadas, mas também atuando sob e toda a estrutura urbana segundo seus

interesses” (VILLAÇA, 1999:224). Ainda segundo Villaça (1999:229) “a segregação é uma

determinada geografia produzida pela classe dominante e através da qual essa classe cerceia as

demais˜. Dessa forma, tem-se o efeito do espaço produzido sobre o social e não o contrário como

muitos autores interpretam o espaço.

A sociologia americana da Escola de Chicago faz uma distinção importante para a

compreensão de como se dá a segregação socioespacial. Distingue a segregação voluntária da

segregação involuntária (GIST e FAVA, 1986). A voluntária ocorre quando o indivíduo opta por

viver com outros indivíduos da mesma classe social, por iniciativa própria, como por exemplo os

condomínios fechados, os complexos residenciais murados. A segregação involuntária ocorre

quando, por forças alheias à vontade do indivíduo, ele se vê obrigado a morar em uma

determinada área, setor ou bairro da cidade, como por exemplo os excluídos na periferia das

metrópoles brasileiras. Nessas condições de segregação, há luta de classes, onde os vitoriosos,

pertencentes às camadas de alta renda desenvolvem a segregação voluntária e os derrotados,

pertencentes às camadas de baixa renda, desenvolvem a segregação involuntária, num processo

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12

dialético onde a segregação de uma classe provoca a segregação da outra. Segundo Villaça

(2009) a segregação centro x periferia é considerada uma segregação por classes e um exemplo

clássico de macrossegregação, onde o centro detém a maior parte dos serviços urbanos, públicos

e privados, sendo ocupado pelas camadas de mais alta renda e a periferia, ocupada

majoritariamente pela camada de mais baixa renda é subequipada e longínqua.

A tese sustentada por Lojkine (1981) de que as classes de mais alta renda dominam as

terras mais caras e as classes de mais baixa renda as terras mais baratas, já foi derrubada, uma

vez que, nas metrópoles brasileiras, nem sempre isso acontece. Apesar da camada de alta renda

ocupar muitas vezes as terras mais caras em termos de preço unitário do metro quadrado, ela

também ocupa terra barata na periferia. Verifica-se nos locais de terra barata, a camada de alta

renda ocupa terrenos grandes, assim como a classe média também ocupa terra cara, porém

consumindo pouca terra per capita ou por família. Dessa forma, não pode-se afirmar que o preço

da terra determina a segregação sócioespacial das metrópoles. Para Villaça (2009, pg. 151) é

mais provável que a verdade esteja no lado oposto: os preços do solo é que são fruto da

segregação.

O local de residência do individuo determina parte de suas oportunidades, assim como o

acesso a serviços públicos, saúde, educação, infraestrutura e trabalho. Assim a exclusão social

vai se configurando, já que são nas áreas desvalorizadas e com pouco investimento do Estado

que a população pobre vai se instalar, ocupando as periferias das cidades em áreas menos

desejadas, explicitando a forma desigual com o que o espaço é apropriado pelas diferentes

classes sociais.

Análise da Segregação Sócioespacial na Região do Bairro de Goiabeiras

Para analisar a segregação socioespacial da cidade de Vitória foram utilizados mapas da

cidade, elaborados pela Prefeitura, buscando retratar a segregação socioespacial no município,

com base em indicadores intraurbanos. Esses indicadores evidenciaram as áreas de maior

riqueza e sua distribuição espacial no município. As figuras 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e

16 permitem entender a dinâmica da segregação socioespacial no município de Vitória,

especialmente na região do bairro de Goiabeiras.

No ranking de bairro por densidade habitacional de Vitória (Figuras 6 e 7), o bairro

Goiabeiras aparece no ano de 2000 na posição 43, caindo para a posição 60 no ano de 2010. O

total de domicílios do bairro em 2000 era de 671, aumentando para 876 domicílios no ano de

2010. Apesar do aumento no número de domicílios, verifica-se uma diminuição na densidade

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habitacional na região, que caiu de 3,50 em 2000 para 3,01 em 2010.

Fig. 6 – Densidade Habitacional de Vitória Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

Densidade Habitacional de Vitória

PREFEITURA DE VITÓRIASecretaria de Gestão Estratégica

Gerência de Informações MunicipaisFonte: Censo e IQU

UTM - SIRGAS 2000

2010

20001991

Densidade Habitacional(hab/dom)

Até 3,00

De 3,01 a 4,00

De 4,01 a 5,00

Acima 5,01

´1 0 1 20.5

km

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Fig. 7 – Ranking de Bairro por Densidade Habitacional de Vitória - 2000 e 2010. Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

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15

As regiões administrativas de Vitória com maior população, em número de habitantes,

tanto no ano 2000 quanto em 2010, conforme mostra a Fig. 8, estão localizadas na Região 09

(Jardim da Penha), Região 08 (Jardim Camburi), Região 05 (Praia do Canto) e Região 04

(Maruípe). Verifica-se que na região do bairro de Goiabeiras não houve alteração significativa no

número de população entre os anos de 2000 e 2010.

Fig. 8 – Distribuição da População de Vitória por Bairro Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

As regiões administrativas de Vitória com maior crescimento de habitantes entre os anos

2000 e 2010 estão localizadas na Região 09 (Jardim da Penha), Região 08 (Jardim Camburi) e

Região 05 (Praia do Canto), regiões mais ricas do município, conforme pode ser visualizado na

Fig. 9. O crescimento absoluto da população no bairro de Goiabeiras foi na faixa de 100 a 500,

conforme mostra a figura abaixo, sendo uma das regiões com menor crescimento em número de

habitantes.

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04

Distribuição da População de Vitória por Bairro

PREFEITURA DE VITÓRIASecretaria de Gestão Estratégica

Gerência de Informações MunicipaisFonte: IBGE - Censo

±1 0 10.5 km

UTM - SIRGAS 2000

0138

26

39

46

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79

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08

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69

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03

70

4929

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04

2000 2010

LegendaHabitantes

Até 1.000De 1.001 a 2.000De 2.001 a 3.000De 3.001 a 4.000De 4.001 a 5.000De 5.001 a 6.000De 6.001 a 10.000De 10.001 a 16.000Acima de 30.000

Bairros

01 - Aeroporto02 - Andorinhas03 - Antônio Honório04 - Ariovaldo Favalessa05 - Barro Vermelho06 - Bela Vista07 - Bento Ferreira08 - Boa Vista09 - Bonfim10 - Caratoíra11 - Centro12 - Comdusa13 - Conquista14 - Consolação15 - Cruzamento16 - Da Penha17 - De Lourdes18 - Do Cabral19 - Do Moscoso20 - Do Quadro21 - Enseada do Suá22 - Estrelinha23 - Fonte Grande24 - Forte São João25 - Fradinhos26 - Goiabeiras27 - Grande Vitória28 - Gurigica29 - Horto30 - Ilha das Caieiras31 - Ilha de Santa Maria32 - Ilha do Boi33 - Ilha do Frade34 - Ilha do Príncipe35 - Inhanguetá36 - Itararé37 - Jabour38 - Jardim Camburi39 - Jardim da Penha40 - Jesus de Nazareth41 - Joana D'Arc42 - Jucutuquara43 - Maria Ortiz44 - Mário Cypreste45 - Maruípe46 - Mata da Praia47 - Monte Belo48 - Morada de Camburi49 - Nazareth50 - Nova Palestina51 - Parque Moscoso52 - Piedade53 - Pontal de Camburi54 - Praia do Canto55 - Praia do Suá56 - Redenção57 - República58 - Resistência59 - Romão60 - Santa Cecília61 - Santa Clara62 - Santa Helena63 - Santa Lúcia64 - Santa Luíza65 - Santa Marta66 - Santa Tereza67 - Santo André68 - Santo Antônio69 - Santos Dumont70 - Santos Reis71 - São Benedito72 - São Cristovão73 - São José74 - São Pedro75 - Segurança do Lar76 - Solon Borges77 - Tabuazeiro78 - Universitário79 - Vila Rubim

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Fig. 9 – Crescimento Absoluto da População em Vitória por Bairro Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

O IQU é um índice composto por quatro dimensões: ambiental, habitacional, educacional e

renda. A classificação do Índice de Qualidade Urbana (IQU) é feita em uma escala de zero a um,

sendo valores crescentes de qualidade de vida, com melhores condições os mais próximos de

um. O IQU médio da cidade em 2000 correspondeu a 0,59. Cerca de vinte e seis bairros

encontraram-se acima dessa média (IQU acima do valor de 0,64), quarenta e três bairros

apresentaram um IQU abaixo dessa média (abaixo de 0,54) e dez bairros ficaram próximo dessa

média (com IQU na faixa entre 0,54 e 0,64). O bairro de Goiabeiras apresentou IQU de 0,52 tanto

no ano de 1991 quanto em 2000, ficando abaixo da média da cidade em 2000.

Verifica-se mudanças no comportamento do IQU no interstício 1991 – 2000, onde é

possível visualizar por meio da Fig. 10 e da Fig. 11 a evolução do IQU médio das regiões de

Vitória. Em 1991 as áreas com IQU mais elevados concentravam-se nas regiões administrativas

05 (Praia do Canto) e 09 (Jardim da Penha), sendo essas, as áreas de poder aquisitivo mais

elevado do município. Esse padrão se repede no ano 2000, com essas mesmas regiões

apresentando índices mais elevados de IQU. Já nas regiões 02 (Santo Antônio), 07 (São Pedro),

01 (Centro), 04 (Maruípe), 08 (Jardim Camburi) e 03 (Jucutuquara) verifica-se crescimento na

média do IQU entre os anos de 1991 e 2000. A região do bairro de Goiabeiras (Região 06)

permanece na mesma média nos dois mapas, não apresentando evolução do IQU.

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CrescimentoHabitantes

Até 100

De 101 a 500

De 501 a 1.000

De 1.001 a 2.000

De 2.001 a 6.000

Acima de 15.000

Crescimento Absoluto da População em Vitória por Bairro

De 2000 para 2010

PREFEITURA DE VITÓRIAFonte: IBGE Censo Demográfico - 2010

Gerência de Informações Municipais - SEGES/PMV

±0 0.5 10.25 km

UTM - SIRGAS 2000

Bairros

01 - Aeroporto02 - Andorinhas03 - Antônio Honório04 - Ariovaldo Favalessa05 - Barro Vermelho06 - Bela Vista07 - Bento Ferreira08 - Boa Vista09 - Bonfim10 - Caratoíra11 - Centro12 - Comdusa13 - Conquista14 - Consolação15 - Cruzamento16 - Da Penha17 - De Lourdes18 - Do Cabral19 - Do Moscoso20 - Do Quadro21 - Enseada do Suá22 - Estrelinha23 - Fonte Grande24 - Forte São João25 - Fradinhos26 - Goiabeiras27 - Grande Vitória28 - Gurigica29 - Horto30 - Ilha das Caieiras31 - Ilha de Santa Maria32 - Ilha do Boi33 - Ilha do Frade34 - Ilha do Príncipe35 - Inhanguetá36 - Itararé37 - Jabour38 - Jardim Camburi39 - Jardim da Penha40 - Jesus de Nazareth41 - Joana D'Arc42 - Jucutuquara43 - Maria Ortiz44 - Mário Cypreste45 - Maruípe46 - Mata da Praia47 - Monte Belo48 - Morada de Camburi49 - Nazareth50 - Nova Palestina51 - Parque Moscoso52 - Piedade53 - Pontal de Camburi54 - Praia do Canto55 - Praia do Suá56 - Redenção57 - República58 - Resistência59 - Romão60 - Santa Cecília61 - Santa Clara62 - Santa Helena63 - Santa Lúcia64 - Santa Luíza65 - Santa Marta66 - Santa Tereza67 - Santo André68 - Santo Antônio69 - Santos Dumont70 - Santos Reis71 - São Benedito72 - São Cristovão73 - São José74 - São Pedro75 - Segurança do Lar76 - Solon Borges77 - Tabuazeiro78 - Universitário79 - Vila Rubim

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Fig. 10 – IQU Médio 1991 Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

Fig. 11 – IQU Médio 2000 Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

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Analisando a dimensão renda do IQU é possível verificar as condições de vida, em relação

ao poder aquisitivo, das famílias nas diferentes regiões administrativas de Vitória. A dimensão

renda inclui o rendimento médio dos responsáveis pelo domicílio e a distribuição da renda, que

pode ser compreendida como uma medida de desigualdade de renda. Assim é possível identificar

os focos de pobreza e de desigualdade de renda das regiões administrativas da cidade.

Analisando os mapas de distribuição territorial de classes sociais no município de Vitória, é

possível observar a segregação das camadas de alta renda. No ano de 1991 os maiores

rendimentos médios dos responsáveis pelos domicílios estavam concentrados nas regiões 05

(Praia do Canto) e 09 (Jardim da Penha). Esse padrão se repetiu no ano 2000, onde os maiores

rendimentos médios encontravam-se nas mesmas regiões, conforme pode ser visualizado na Fig.

12 e na Fig. 13, confirmando a segregação dos bairros residenciais das camadas de alta renda

nessas áreas.

Observando os resultados do interstício 1991 e 2000, verifica-se que a tendência

permanece similar, com os bairros situados nas regiões mais ricas apresentando as maiores taxas

de crescimento de renda.

Fig. 12 – IQU rendimento médio dos responsáveis pelo domicilio em salários mínimos 1991 Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

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Fig. 13 – IQU rendimento médio dos responsáveis pelo domicilio em salários mínimos 2000 Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

Ao analisar as regiões administrativas da Grande Vitória com maior rendimento nominal

médio mensal no ano de 2010, verifica-se que as regiões 05 (Praia do Canto) e 09 (Jardim da

Penha) possuem os maiores rendimentos do município. A região 06 (Goiabeiras) é uma das

regiões com menor rendimento nominal médio mensal de Vitória, conforme pode ser constatado

na Fig. 14.

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Fig. 14 – Rendimento Nominal Médio Mensal por Bairro de Vitória 2010 Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

As regiões mais ricas da cidade de Vitória - ES são as regiões com maior participação da

população branca no total de habitantes. Conforme pode ser observado na Fig. 15, as regiões 05

(Praia do Canto), 09 (Jardim da Penha) e 08 (Jardim Camburi) possuem percentual acima de 60%

de população branca. A população negra e parda está localizada em grande número nas regiões

mais pobres de Vitória, quais sejam: 02 (Santo Antônio), 03 (Jucutuquara), 04 (Maruípe) e 07 (Soa

Pedro), conforme pode ser visualizado na Fig. 16. Na região de Goiabeiras, o percentual de

população branca é de 20 a 40% e o percentual da população negra e parda é de 40 a 60%,

predominando a população negra e parda nesta área.

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PREFEITURA DE VITÓRIAFonte: IBGE Censo Demográfico - 2010

Gerência de Informações Municipais - SEGES/PMV

±1 0 10.5 km

UTM - SIRGAS 2000

RendimentoSalário Minimo (SM)

De 1 a 3 SMDe 3 a 5 SMDe 5 a 10 SMAcima de 10 SM

Rendimento Nominal Médio Mensal por Bairro de Vitória - 2010

Valor do rendimento nominal médio mensal daspessoas de 10 anos ou mais de idade (Reais).Salário Minimo R$ 510,00.

Bairros

01 - Aeroporto02 - Andorinhas03 - Antônio Honório04 - Ariovaldo Favalessa05 - Barro Vermelho06 - Bela Vista07 - Bento Ferreira08 - Boa Vista09 - Bonfim10 - Caratoíra11 - Centro12 - Comdusa13 - Conquista14 - Consolação15 - Cruzamento16 - Da Penha17 - De Lourdes18 - Do Cabral19 - Do Moscoso20 - Do Quadro21 - Enseada do Suá22 - Estrelinha23 - Fonte Grande24 - Forte São João25 - Fradinhos26 - Goiabeiras27 - Grande Vitória28 - Gurigica29 - Horto30 - Ilha das Caieiras31 - Ilha de Santa Maria32 - Ilha do Boi33 - Ilha do Frade34 - Ilha do Príncipe35 - Inhanguetá36 - Itararé37 - Jabour38 - Jardim Camburi39 - Jardim da Penha40 - Jesus de Nazareth41 - Joana D'Arc42 - Jucutuquara43 - Maria Ortiz44 - Mário Cypreste45 - Maruípe46 - Mata da Praia47 - Monte Belo48 - Morada de Camburi49 - Nazareth50 - Nova Palestina51 - Parque Moscoso52 - Piedade53 - Pontal de Camburi54 - Praia do Canto55 - Praia do Suá56 - Redenção57 - República58 - Resistência59 - Romão60 - Santa Cecília61 - Santa Clara62 - Santa Helena63 - Santa Lúcia64 - Santa Luíza65 - Santa Marta66 - Santa Tereza67 - Santo André68 - Santo Antônio69 - Santos Dumont70 - Santos Reis71 - São Benedito72 - São Cristovão73 - São José74 - São Pedro75 - Segurança do Lar76 - Solon Borges77 - Tabuazeiro78 - Universitário79 - Vila Rubim

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Fig. 15 – Participação da População Branca no Total de Habitantes por Bairro de Vitória em 2010 Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

Fig. 16 – Participação da População Negra e Parda no Total de Habitantes por Bairro de Vitória em 2010 Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória

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4929

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04

PREFEITURA DE VITÓRIASecretaria de Gestão Estratégica

Gerência de Informações MunicipaisFonte: IBGE - Censo 2010

±1 0 10.5 km

UTM - SIRGAS 2000

População BrancaPercentual

Até 20.00%De 20.01% a 40.00%De 40.01% a 60.00%Acima de 60.01%

Participação da Populacão Branca no Total de Habitantespor Bairro de Vitória - 2010

Bairros01 - Aeroporto02 - Andorinhas03 - Antônio Honório04 - Ariovaldo Favalessa05 - Barro Vermelho06 - Bela Vista07 - Bento Ferreira08 - Boa Vista09 - Bonfim10 - Caratoíra11 - Centro12 - Comdusa13 - Conquista14 - Consolação15 - Cruzamento16 - Da Penha17 - De Lourdes18 - Do Cabral19 - Do Moscoso20 - Do Quadro21 - Enseada do Suá22 - Estrelinha23 - Fonte Grande24 - Forte São João25 - Fradinhos26 - Goiabeiras27 - Grande Vitória28 - Gurigica29 - Horto30 - Ilha das Caieiras31 - Ilha de Santa Maria32 - Ilha do Boi33 - Ilha do Frade34 - Ilha do Príncipe35 - Inhanguetá36 - Itararé37 - Jabour38 - Jardim Camburi39 - Jardim da Penha40 - Jesus de Nazareth41 - Joana D'Arc42 - Jucutuquara43 - Maria Ortiz44 - Mário Cypreste45 - Maruípe46 - Mata da Praia47 - Monte Belo48 - Morada de Camburi49 - Nazareth50 - Nova Palestina51 - Parque Moscoso52 - Piedade53 - Pontal de Camburi54 - Praia do Canto55 - Praia do Suá56 - Redenção57 - República58 - Resistência59 - Romão60 - Santa Cecília61 - Santa Clara62 - Santa Helena63 - Santa Lúcia64 - Santa Luíza65 - Santa Marta66 - Santa Tereza67 - Santo André68 - Santo Antônio69 - Santos Dumont70 - Santos Reis71 - São Benedito72 - São Cristovão73 - São José74 - São Pedro75 - Segurança do Lar76 - Solon Borges77 - Tabuazeiro78 - Universitário79 - Vila Rubim

0138

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12

03

70

4929

76

52

75

20

04

PREFEITURA DE VITÓRIASecretaria de Gestão Estratégica

Gerência de Informações MunicipaisFonte: IBGE - Censo 2010

±1 0 10.5 km

UTM - SIRGAS 2000

População Negra e PardaPercentual

Até 20.00%De 20.01% a 40.00%De 40.01% a 60.00%Acima de 60.01%

Participação da Populacão Negra e Parda no Total de Habitantespor Bairro de Vitória - 2010

Bairros01 - Aeroporto02 - Andorinhas03 - Antônio Honório04 - Ariovaldo Favalessa05 - Barro Vermelho06 - Bela Vista07 - Bento Ferreira08 - Boa Vista09 - Bonfim10 - Caratoíra11 - Centro12 - Comdusa13 - Conquista14 - Consolação15 - Cruzamento16 - Da Penha17 - De Lourdes18 - Do Cabral19 - Do Moscoso20 - Do Quadro21 - Enseada do Suá22 - Estrelinha23 - Fonte Grande24 - Forte São João25 - Fradinhos26 - Goiabeiras27 - Grande Vitória28 - Gurigica29 - Horto30 - Ilha das Caieiras31 - Ilha de Santa Maria32 - Ilha do Boi33 - Ilha do Frade34 - Ilha do Príncipe35 - Inhanguetá36 - Itararé37 - Jabour38 - Jardim Camburi39 - Jardim da Penha40 - Jesus de Nazareth41 - Joana D'Arc42 - Jucutuquara43 - Maria Ortiz44 - Mário Cypreste45 - Maruípe46 - Mata da Praia47 - Monte Belo48 - Morada de Camburi49 - Nazareth50 - Nova Palestina51 - Parque Moscoso52 - Piedade53 - Pontal de Camburi54 - Praia do Canto55 - Praia do Suá56 - Redenção57 - República58 - Resistência59 - Romão60 - Santa Cecília61 - Santa Clara62 - Santa Helena63 - Santa Lúcia64 - Santa Luíza65 - Santa Marta66 - Santa Tereza67 - Santo André68 - Santo Antônio69 - Santos Dumont70 - Santos Reis71 - São Benedito72 - São Cristovão73 - São José74 - São Pedro75 - Segurança do Lar76 - Solon Borges77 - Tabuazeiro78 - Universitário79 - Vila Rubim

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Considerações Finais

O crescimento desordenado da cidade de Vitória é marcado por movimentos

populacionais, em que o fluxo e a mobilidade da população de baixa renda, assalariada ou

desempregada ocorreram em direção às periferias, morros e manguezais. Assim, o espaço

urbano de Vitória se desenvolveu de forma desordenada, sendo esse um dos principais motivos

de grande desorganização espacial e social, refletindo no isolamento espacial dos pobres em

relação aos ricos. O resultado desse crescimento desordenado, que não foi acompanhado de

politicas publicas eficientes, é a segregação urbana e social demonstrada neste trabalho. Isso

levou a um crescente processo de vulnerabilidade tanto econômica quanto social na cidade.

Ao analisar a distribuição das classes sociais no espaço, verifica-se na cidade de Vitória

uma região, formada por vários bairros, onde ocorre uma grande concentração das classes de alta

renda. Segundo Villaça (2009) desde meados do século XIX, as classes de alta renda vem

tendendo a se deslocar territorialmente segundo uma única direção. Essa constatação se confirma

na cidade de Vitória – ES, onde há concentração da população de alta renda nas regiões 05

(Praia do Canto) e 09 (Jardim da Penha). Apesar de ser uma pequena ilha, o município de Vitória

demostra uma grande proximidade física entre as áreas geográficas, porém uma distância social

entre ricos e pobres de grandes proporções.

O resultado desta pesquisa mostrou as regiões da cidade com baixo status

sócioeconômico e baixo índice de qualidade urbana. Observa-se que o aumento no índice de

qualidade urbana ocorreu ao longo dos anos, apontando para uma melhoria na qualidade de vida

da população do município, porém as áreas de vulnerabilidade social e pobreza permaneceram as

mesmas.

O bairro de Goiabeiras, apresentou-se como uma das regiões com menor crescimento em

número de habitantes no município. Constatou-se que com o passar dos anos, se manteve como

área fortemente submetida ao processo de segregação imposto na cidade de Vitoria, mesmo após

as Paneleiras de Goiabeiras terem obtido maior destaque ao serem registradas no IPHAN e

reconhecidas nacionalmente como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. As transformações

ocorridas no bairro de Goiabeiras ao longo dos anos não foram capazes de retirá-lo da zona de

segregação sócioespacial do município de Vitoria. O bairro permanece apresentando grande

desigualdade social, poucos investimentos em infraestrutura e baixo índice de qualidade urbana.

A região de Goiabeiras caracteriza-se por produzir situações de exclusão social, colocando-se

como desafio a redução da desigualdade nesta região.

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Referências

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ES. In: Anais... XIV Encontro Nacional da ANPUR, Associação Nacional de Pós-Graduação e

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LEFEBVRE, Henri. The Prodution of space. Massachusetts: Blackwell, 1974.

LOJKINE, J. O estado capitalista e a questão urbana. São Paulo, Martins Fontes, 1981.

NEGRI, Silvio Moisés. Segregação sócio-espacial: alguns conceitos e análises. Coletâneas do

Nosso Tempo, v. 8, n. 08, 2010.

SANT’ANNA, Giovana Gava; CAMILETTI, Sergio Robert. Tradição e Modernidade: uma reflexão

sobre os desencaixes nas paneleiras de Goiabeiras. V Encontro de Estudos Organizacionais da

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VILLAÇA, F. A segregação urbana e a justiça (ou A justiça no injusto espaço urbano). Revista

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341-346, 2003.

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__________. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, Fapesp, Lincoln Institute,

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2011.