secretaria de estado da educaÇÃo · palavras-chave: mecanização agrícola. Êxodo rural. ......
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais
Programa de Desenvolvimento Educacional
Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP
Campus de Cornélio Procópio.
ARTIGO /PDE AUTORA: Profª Teresinha Richter Abujamra
ORIENTADORA: Profª Dda. Coaracy Eleutério da Luz NRE: Cornélio Procópio ESCOLA: Colégio Estadual Cyríaco Russo – Ensino Médio e Normal DISCIPLINA: Geografia TÍTULO: A modernização da agricultura como condicionante à nova relação urbano-rural, no município de Bandeirantes – PR.
CORNÉLIO PROCÓPIO – PR 2010
1
A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA COMO CONDICIONANTE À NOVA RELAÇÃO URBANO-RURAL, NO MUNICÍPIO DE BANDEIRANTES – PR.
1Teresinha Richter Abujamra
2Coaracy Eleutério da Luz
RESUMO
A abordagem do tema associa-se a percepção do esvaziamento do campo e o inchaço dos centros urbanos a partir de 1960 no Brasil. Diversas foram as causas que motivaram essa migração, podendo-se destacar: a mecanização agrícola, o estatuto do trabalhador rural e da terra, a estrutura fundiária concentrada que tornou a terra escassa para pequenos agricultores. Atuando como professora de Geografia e trabalhando por longo tempo, com a Educação de filhos de pequenos e médios agricultores, acompanhei de forma muito próxima essa transferência das famílias para a cidade. Aqueles agricultores, tal como os operários da cana-de-açúcar da década atual, não estavam preparados para o enfrentamento destas mudanças. Por esta razão, é importante resolver o problema da expulsão da população, criando novas alternativas de adaptação à nova realidade. O trabalho resulta de uma pesquisa descritiva, apresentada em sala de aula e envolvendo os alunos nas atividades; atividades programadas e aplicadas aos docentes inscritos no Grupo de Trabalho em Rede (GTR) e um questionário aplicado à membros da comunidade. Situado no campo da Geografia Humana, o estudo buscou cumprir os requisitos do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) executado pela Secretaria de Estado da Educação (SEED) do governo do Estado do Paraná.
Palavras-chave: Mecanização Agrícola. Êxodo Rural. Urbanização.
THE MODERNIZATION OF THE AGRICULTURE AS RESTRICTION TO THE NEW
RELATION RURAL-URBANE, IN THE PIONEERS' LOCAL AUTHORITY – PR.
1 Professora da Rede Estadual de Educação no NRE de Cornélio Procópio.
E-mail: [email protected] 2 Professora Dda
. do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus de Cornélio Procópio. E-mail: [email protected]
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1 Teresinha Richter Abujamra
2 Coaracy Eleutério da Luz
ABSTRACT
The approach of the subject associates to itself the perception of the emptying of the
field and the inchaço of the urbanecentres from 1960 in Brazil. Much were the
causes that caused this migration, being able to point out: the agricultural
mechanization, the statute of the rural worker and of the land, the agrarian
concentrated structure that made the scarce land for small farmers. Acting like
teacher of Geography and working for long time, with the Education of children of
boys farmers and a half, I accompanied in the very near form this transfer of the
families for the city. Those farmers, such as the workers of the sugar-cane of the
current decade, were not prepared for the enfrentamento of these changes. For this
reason, it is important the problem decides of the expulsion of the population,
creating new alternatives of adaptation to the new reality. The work results from a
descriptive inquiry presented in classroom and wrapping the pupils in the activities;
activities planned and devoted to the teachers registered in the Group of Work in Net
(GTR) and a questionnaire devoted to the members of the community, situated in the
field of the Regional Geography and it carried out the requisites of the Program of
Education Development (PDE) executed by the General office of State of the
Education (SEED) of the government of the State of the Paraná.
Key words: Agricultural mechanization. Rural exodus. Urbanization.
1 Professora da Rede Estadual de Educação no NRE de Cornélio Procópio.
E-mail: [email protected] 2 Professora Dda. do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus de Cornélio Procópio. E-mail: [email protected]
1 Introdução
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O êxodo rural é o processo de transferência da população da zona rural para
as cidades, normalmente dos pequenos produtores e isto tem acontecido no mundo
todo, sendo a causa principal os avanços das tecnologias aplicadas à agricultura.
No Brasil a ocorrência do êxodo rural se deu nos anos de 1950-1960, devido
a industrialização, que gerou expectativas de melhores salários e condições de vida
e atraiu os moradores do campo para as cidades. Por outro viés, nas demais
décadas, o êxodo rural tornou-se fruto das novas relações de trabalho, a
concentração de latifúndios e o uso intensivo da mecanização nas atividades rurais.
Os pequenos proprietários sem assistência adequada para manterem o
custeio de suas atividades sentiram-se forçados a vender suas terras e enfrentar os
desafios da cidade. Com a transferência do homem do campo para a cidade, os
problemas de ordem sócio-econômica aumentaram: inchaço das cidades, moradias
em locais inadequados, desemprego, subemprego, violências e outros.
No momento, a expulsão do homem do campo tem origem na proibição da
queima de cana-de-açúcar para seu despalhamento pré-colheita e representa um
dilema socioambiental. Ao mesmo tempo em que, a sua proibição pode contribuir
para melhoria da qualidade do ar e, portanto, para a sustentabilidade ambiental e a
prevenção de doenças, ela pode suprimir milhares de empregos no campo, gerando
insustentabilidade social e espacial.
Alguns poucos estudos foram realizados no Brasil e no exterior para avaliar
efeitos da queimada de cana-de-açúcar na saúde da população que vive em seus
arredores. A grande maioria deles, preocupou-se em avaliar efeitos agudos de
episódios de queima à saúde da população, em curto prazo. Destacam-se, no Brasil,
as pesquisas de Cançado (2003) e Lopes & Ribeiro (2006), que indicaram que, em
períodos de queima de cana, há maior quantidade de visitas hospitalares, inalações
e internações hospitalares por doenças respiratórias em cidades próximas.
tendência de hospitalizações por asma nos meses de queima de palha de cana.
No Brasil, muitos municípios devido a alta concentração de terras em mãos
de poucos, ficaram refém da monocultura, como é o caso da cana-de-açúcar. Nesta
perspectiva, para cumprir a legislação ambiental, a cana-de-açúcar deverá substituir
a mão-de-obra pela máquina, em média, na proporção de 1 máquina para 90
operários.
O município de Bandeirantes é um dos que enfrentará essa nova situação de
desemprego, caso não sejam implantadas à curto prazo políticas públicas de
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atendimento às questões emergenciais. É sob esta ótica que foi desenvolvido este
estudo, contribuindo também, para atender as Diretrizes Curriculares que
demandam uma abordagem geográfica e constitui uma ferramenta importante para a
aprendizagem do espaço e da paisagem, além da possibilidade de trabalhar com
realidades mais próximas das relações sociais que se estabelecem entre alunos,
professores e a sociedade em que vivem e atuam.
O regional é o espaço primeiro de atuação humana, por isso ao trabalhar
nesta perspectiva é necessário também configurar a proposição de promover uma
reflexão constante das ações dos indivíduos que vivem em uma determinada região,
no caso, região norte do Estado do Paraná.
2 ASPECTOS GERAIS DA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Estabelecer um período da história do Brasil para descrever os avanços da
ocupação do território é uma tarefa complexa, porém, de acordo com Furtado apud
Santos e Silveira (2005, p. 25) pode-se classificar em cinco etapas: a) fundamentos
econômicos da ocupação territorial (até a implantação da empresa agrícola); b)
economia escravagista da agricultura tropical (século XVI e XVII); c) a economia
escravagista mineira (século XVIII); d) economia de transição para o trabalho
assalariado (século XX) com a economia cafeeira, a imigração européia, a
transumância amazônica e a eliminação do trabalho escravo e finalmente, e) a
economia de transição para um sistema industrial (século XX), com a crise do café e
o deslocamento do centro dinâmico.
No entanto, Santos e Silveira (2005, p. 27) relatam esses avanços de
conformidade com a sucessão de meios geográficos e destacam três momentos: o
primeiro – marcado pela lentidão do tempo, quando a natureza dominava as ações
humanas; o segundo – com a incorporação dos diversos meios técnicos, que
gradualmente buscam atenuar a natureza e o terceiro – com a construção e a
difusão do meio técnico-científico-informacional, caracterizada pela
telecomunicação, na década de 1970.
Sendo assim, o objeto de estudo da Geografia na escola, é o espaço
geográfico, entendido como o espaço social, concreto, em movimento dinâmico e
possível de sucessivas mudanças, na medida em que a sociedade também se
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modifica, porém, cada novo tempo não apaga de todo o espaço anterior, de maneira
que o passado deixa marcas no presente (SANTOS & SILVEIRA, 2005, p. 18).
O espaço é tempo acumulado, é história geografizada. Sendo, portanto, produto histórico, a geografia ensinada não deve descuidar da historicização dos fatos, já que o aluno é um ser histórico que traz consigo e em si uma história e um conhecimento adquirido na sua própria vivência (SANTOS, 1994, p. 114).
Em termos mais concretos, os estudantes deveriam aprender a não apenas
avaliar a sociedade de acordo com suas próprias pretensões, mas devem também
ser ensinados a pensar e agir de forma que tenham a ver com diferentes
possibilidades da sociedade e diferentes modos de vida.
Nessa perspectiva Rossini apud Santos e Silveira (2005, p. 49) os anos 70
são um marco de modernização da agricultura brasileira, no desenvolvimento do
capital agrário, na expansão das fronteiras agrícolas e na intensificação dos
movimentos dos trabalhadores volantes – os bóias-frias. Segundo os estudos, o
volante é parcialmente liberado pela agricultura e convidado a participar nos
momentos de “pico” dos trabalhos agrícolas, enquanto que nos demais momentos
se refugia no trabalho do setor terciário.
A política de crescimento estimula a produção de bens de capital, porém, não
existe demanda no mercado interno. Nesse momento o capital comanda o território
e o trabalho passa a desempenhar papel indireto e assim as diferenças regionais
passam a ser diferenças sociais e não mais naturais, frisa Santos e Silveira (2005, p.
52).
Nesse olhar, Santos e Silveira (2001, p. 272-273) abordam o território e a
sociedade, reconhecendo a existência de “Quatro Brasis”: uma região densamente
povoada, formada pelo Sudeste e Sul, o Brasil do Nordeste, o Centro Oeste e a
Amazônia.
Segundo os autores, o primeiro Brasil é representado pela região
Concentrada do país em que o meio técnico-científico-informacional se implantou
sobre um meio mecanizado, com denso sistema de relações abrangendo
urbanização, consumo empresarial e familiar, atividades comerciais intensas e cita a
cidade de São Paulo como pólo nacional (2001, p. 276).
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Abordando sobre a região sul, os autores enfatizam que ela reúne
povoamento mais antigo, incorporada à civilização mecânica desde fins do século
XX e outras, cuja incorporação tardia à civilização técnica lhes permitiu um
desenvolvimento urbano mais rápido. Cita-se como exemplo a marcha da
urbanização do Estado do Paraná, especialmente em sua região norte (2005, p.
276).
O segundo Brasil, comenta Santos e Silveira (2005, p. 275) é representado
pelo Nordeste, caracterizado por núcleos urbanos extensos devido a baixa
mecanização do território e uma agricultura pouco intensiva. A introdução de
inovações materiais e sociais iria encontrar a resistência de um passado cristalizado
na sociedade e no espaço, atrasando o processo de desenvolvimento.
O terceiro Brasil, representado pelo Centro-Oeste tem sustentação nos
produtos de uma agricultura mecanizada (soja, milho, algodão, arroz) ocupando uma
área que abriga as maiores densidades de mecanização agrícola (um trator para
cada 8,8 habitantes agrícolas e uma colheitadeira para cada 54,7 habitantes
agrícolas), o maior consumo de fertilizantes e defensivos agrícolas e a utilização de
tecnologia de ponta, como a agricultura de precisão, observa Santos e Silveira
(2001, p. 276).
O quarto Brasil, representado pela Amazônia corresponde a região que mais
demorou a ampliar a sua mecanização, mas essas áreas agrícolas evidenciam a
penetração na região, dos nexos da globalização, cujas conexões com áreas mais
dinâmicas do país são asseguradas pelos recursos modernos de telecomunicações,
enfatizam Santos e Silveira (2001, p. 277).
Na Amazônia houve, desde o século XIX, condições para a concentração da
população em poucos núcleos, exatamente em função da descontinuidade e
raridade do povoamento. Registram Santos e Silveira (2005, p. 277) que “o que há
de comum a esses subespaços é o aparecimento de um processo vigoroso de
urbanização que aconteceu no resto do país, onde o povoamento precedia a
urbanização”.
O processo de urbanização no Brasil vincula-se as transformações sociais
que vêm mobilizando a população dos espaços rurais e incorporando-a à economia
urbana, bem como aos padrões de sociabilidade e cultura da cidade. A inserção no
mercado de trabalho capitalista e a busca por estratégias de sobrevivência e
mobilidade social implicam na instalação em centros urbanos e em uma mobilidade
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espacial constantemente reiterada, que se desenrola no espaço da cidade ou tem
nela sua base principal, relata Santos (1994, p.111).
No período de 1930-1945 que se promoveram as primeiras medidas para se
industrializar significativamente o país, o que deslocaria o eixo populacional do país
do campo para a cidade, no governo de Getúlio Vargas. A política industrial do
governo era marcadamente nacionalista, adotando medidas expressivas em defesa
da indústria nacional e do seu desenvolvimento, observa Filizola (2005, p. 320).
Na seqüência, no período de 1955-1960, durante o governo de Juscelino
Kubitschek de Oliveira, deu-se novo impulso ao processo, com abertura ao capital
estrangeiro que facilitou a instalação de empresas transnacionais, destacando as
montadoras de automóveis. Este período histórico do país provocou fortes impactos
na sociedade e na organização do espaço geográfico, incluindo as mudanças no
meio rural e urbano, na estrutura industrial, nos sistemas de transporte e enfim, na
economia nacional, transformava definitivamente o Brasil numa sociedade urbano-
industrial, conclui Filizola (2005, p.321).
É na dependência das lavouras, como café, cana-de-açúcar e algodão, que
as cidades crescem e se desenvolvem. Instalam-se bancos, para financiar as
lavouras, necessita-se também de produção para a nova sociedade, voltada para o
mercado interno (FILIZOLA, 2005, p. 323).
As cidades ofereciam oportunidades de trabalho e de melhoria da qualidade
de vida, atraindo a população do campo, onde novas técnicas agrícolas e a
mecanização da agricultura tornavam cada vez menor a necessidade (FILIZOLA,
2005, p. 326).
No fim do século XX as fronteiras econômicas se expandem e aumenta a
densidade humana em todo o território nacional. Ao fenômeno de êxodo rural
acrescenta-se também, o êxodo urbano, argumentam Santos e Silveira (2005, p.
279).
Escreve Ladislau Dowbor apud Santos e Silveira (2005, p. 213) que o êxodo
rural criara um “nomadismo profissional”, referindo-se aos deslocamentos de mão de
obra agrícola, graças à expansão da mecanização e da pecuária, mas também, às
necessidades de mão de obra estacional em lavouras como a cana-de-açúcar e em
culturas modernas.
Relatam os autores, que o fenômeno da migração circular tem início na
década de 1980, quando um terço das famílias não dispunham de terra e já não
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sobreviviam em pequenas propriedades. Essa população (cerca de 40 milhões)
estava em permanente migração, tentando fixar-se no campo, mas frequentemente
não conseguindo. É um novo patamar do êxodo rural, devido a uma combinação
explosiva de uma estrutura fundiária arcaica em zonas agrícolas tradicionais e da
modernização capitalista do campo em zonas dinâmicas e em áreas de colonização
agrícola e de ocupação recente. Em anos recentes, todas as regiões brasileiras
continuam a registrar alta mobilidade de pessoas. Ressalte-se as populações da
região sul onde muitos agricultores se dirigem ao Paraguai, onde se fixam como
agricultores e em outras atividades e passam a serem denominados de
“Brasilguaios” (FILIZOLA, 2005, p. 328).
Neste contexto, observa Rossini apud Santos (1994, p. 31) a população
brasileira cresce 43,3% entre os anos de 1950 e 1960. Nesse espaço de tempo,
surgem espaços agrícolas e espaços urbanos. Nos espaços agrícolas contém
cidades e nos espaços urbanos contém atividades rurais, enfatiza Santos (1994, p.
65).
Nos estudos de Filizola (2005, p. 354) no Brasil contemporâneo, de cada 100
pessoas, aproximadamente 80 vivem na cidade e somente 20 no meio rural.
Segundo Filizola (2005, p. 354) a população brasileira apresenta a seguinte
evolução (GRÁFICO 01):
GRÁFICO 01 : Brasil – população urbana e rural (em %)
FONTE: IBGE, 2001.
O fato de o rural brasileiro conviver com outras atividades agrícolas que vão
do lazer ao turismo e a agroindústria, passando pela preservação ambiental, requer
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novos meios de ocupação e uso do solo e da água, escreve Filizola (2005, p. 355).
Com essas novas medidas podem ser criados novos campos de trabalho e a
melhoria da qualidade de vida, contribuindo para a fixação do homem no campo.
Explicam Santos e Silveira (2005, p. 208) que a urbanização no Brasil
também aumenta porque cresce a quantidade de agricultores residentes nas
cidades. O Brasil tem desde as primeiras aldeias modernas, não conheceu o
fenômeno do village. Observando essa realidade, verifica-se que uma população
com atividades rurais reside em áreas urbanas e uma outra população residente em
áreas rurais com atividades nas cidades.
No entendimento de Santos e Silveira (2005, p. 209) a cidade torna-se o lugar
da regulação do que se faz no campo. É ela que assegura a nova cooperação
imposta pela nova divisão do trabalho agrícola, porque obrigada a afeiçoar-se às
exigências do campo, respondendo às suas demandas cada vez mais prementes e
dando-lhe respostas cada vez mais imediatas.
Nos estudos de Théry (2010, p. 30)
[...] a população do Brasil aumentou e migrou maciçamente para as cidades, por outro lado, as principais culturas (café, cana-de-açúcar, algodão, soja, etc.) se mudaram para o norte e oeste, atingindo regiões Norte, Mato Grosso e Pará, ameaçando a floresta tropical da bacia amazônica.
Nos levantamentos de Farias (2010, p. 46)
o acelerado desenvolvimento da industrialização brasileira, a partir dos anos sessenta demandou mão-de-obra para a indústria têxtil e de alimentos, construção civil e outros serviços, provocando o deslocamento da população rural para as cidades, na expectativa de melhores condições de vida. Segundo o autor, nas décadas de sessenta a oitenta, trinta e três milhões de produtores rurais foram banidos do campo (cerca de 33% da população rural) e vieram para os centros urbanos.
Nesse raciocínio Trein e Livien (2001, p.12)
[...] registraram que a mecanização trouxe mudanças na agricultura e pecuária muito impactantes no meio ambiente como: erosão do solo, desertificação, deflorestamento, poluição do solo e água e o maior agravante, a expulsão do homem do campo, que migra para as cidades em busca de emprego, salários e condições dignas de vida.
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Na pesquisa relatada por Souza (2002, p. 265)
o êxodo rural é um dos maiores responsáveis pelo aumento desordenado dos centros urbanos, quando a família do agricultor sai do campo sem ter a menor capacidade de competir no mercado de trabalho, se tornando por vezes, marginalizada na sociedade e consequentemente engrossando cada vez mais as periferias.
Em um levantamento feito pelo Jornal Estadão (2010, p. 11) “a
Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que o Brasil em 2005, atingiu uma
taxa de urbanização de 84,2% e a projeção para 2050 é que a taxa atinja 93,6%”.
Ainda, em estudos relatados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em 2001 e Damiani (2004, p. 23)
também apresentam as taxas de crescimento urbano em relação ao rural por região: região Centro-oeste (86,7%); região Sul (80,9%); região Norte (69,9%) e região Nordeste (69,1) perfazendo no país a taxa de urbanização de 90,5%.
O maior desafio hoje é resolver os problemas das áreas de expulsão de
população, pois o homem sempre procura se fixar onde existe melhor condição
de vida material e também social. Por isso, a necessidade de se criar uma
economia sem violentos desequilíbrios regionais, para que a população possa se
distribuir melhor pelo espaço, conclui a autora (2004, p.26).
Nos estudos de Cerqueira (2010, p. 46)
[...] relatam que o desenvolvimento do êxodo rural é conseqüência de outros fatores como: a relação do capital com os modos de produção rural; a ordem do modelo econômico que privilegia o latifúndio; a intensa mecanização agrícola que expulsa os pequenos produtores do campo, pois, a sua baixa produtividade os coloca em desvantagem no mercado.
Assim, expulsos do campo, mudam-se para as cidades que são
surpreendidas sem planejamento adequado, para absorver a massa migrante em
suas necessidades básicas, têm como conseqüência problemas sociais e
ambientais sérios. Dentre eles, destacam-se alta criminalidade, alcoolismo,
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drogalização, desemprego, prostituição, favelização e poluição ambiental, relata
Cerqueira (2010, p. 47).
Diante dos problemas vivenciados nas cidades, esses trabalhadores rurais
não têm alternativas senão, voltar a trabalhar no campo em atividades que
ocupam mão-de-obra sem qualificação, como empregados diaristas, volantes ou
bóias-frias, nos cultivos de cafeicultura, algodoeiro, citros, vinicultura e cana-de-
açúcar dentre outros, e fazem da cidade apenas dormitório, comenta Cerqueira
(2010, p. 47).
Do ponto de vista de Santos (1994, p. 126) o futuro urbano vai depender
da forma que tomará a flexibilização tropical das cidades. A questão do trabalho
e a pergunta crucial: como será o trabalho nas próximas décadas? Da forma
como ele for, dependerá a forma de como se dará a urbanização, até porque aí
pode estar a nova semente da conscientização política, pois, a vontade política é
por excelência fator das transfusões sociais.
Abordando sobre a organização do espaço geográfico e o processo de
industrialização do país, Filizola (2005, p. 322) relata que a necessidade da nova
organização espacial se deu diante da demanda de integração do território
nacional. Era necessário assegurar a circulação de mercadorias entre os centros
industrializados e os centros consumidores, além das regiões fornecedoras de
matérias primas e mão de obra para a indústria.
Relata o autor, que no novo modelo de organização espacial, as rodovias
passaram a ser predominantes no transporte de cargas e passageiros, foram
traçadas de modo a convergirem para os centros econômicos do país, situados
no Sudeste: o eixo Rio-São Paulo (2005, p. 322).
Segundo Filizola (2005, p. 323) o deslocamento médio de cargas por
sistema de transporte é representado por 63% rodoviário; 22% ferroviário e 15%
hidroviário.
Neste contexto, observa Filizola (2005, p. 356) que “o meio rural brasileiro
está adquirindo novas funções, além de outros tipos de ocupações que não
apenas as tradicionais, atividades agropecuárias e agroindustriais”. Isso ocorreu,
explica o autor, devido a expansão das atividades não-agrícolas, notadamente no
Centro-sul do país. São exemplos significativos o turismo rural, ecoturismo,
hotéis-fazenda, pesque-pague e outros.
12
Com essas atividades ocorreu uma certa urbanização do campo,
intensificando a melhoria de infraestrutura como a eletrificação rural, a
pavimentação de estradas rurais, a ampliação da telefonia fixa e móvel, a
distribuição de água tratada, a coleta e o tratamento do esgoto sanitário e o
recolhimento do lixo estão entre os serviços que chegaram ao campo e alteraram
a qualidade de vida das pessoas (FILIZOLA, 2005, p. 327).
Assim, a sociedade e espaço guardam relações muito próximas que
ocorrendo mudanças em um, o outro inevitavelmente, muda. Nesse sentido, as
transformações desencadeadas são marcantes. Essa questão da organização do
espaço capitalista na criação do Estado-nação não ficou restrita somente a esse
aspecto. Mudanças na organização espacial no interior do país também
ocorreram de forma a assegurar não só o desenvolvimento da atividade em si,
mas também para possibilitar uma margem ainda maior dos lucros dos
empresários (FILIZOLA, 2005, p. 327).
No Brasil ao longo da década de 90 importantes mudanças ocorrem no
sistema de transporte, começando pela privatização de rodovias e ferrovias, além
das reformas do sistema portuário. Vale ressaltar, a criação dos chamados
Corredores Multimodais de Transportes, que contribuiu para redução do custo
operacional e o prazo de entrega das mercadorias, relata Filizola (2005, p. 359).
Nesta proposta de estudo vale ressaltar ainda, a questão da terra em
nosso país explorada por diversos grupos como minifundiários, posseiros,
grileiros, bóias-frias, colonos, garimpeiros e grandes proprietários e ainda dispor
de 13% do território nacional ainda não se encontrar incorporado ao processo
produtivo agropastoril, observa Filizola (2005, p. 361).
Paralela a essas questões, tem-se no campo, revelando-se que em nosso
país, o urbano e o rural encontram-se fortemente integrados (FILIZOLA, 2005, p.
364).
Neste contexto, foram elaboradas atividades na forma de texto ilustrado
com perguntas reflexivas para docentes participantes no Grupo de Trabalho em
Rede (GTR) e aplicados em sala de aula e, ainda, foi aplicado um questionário
para cinquenta pessoas da comunidade intra e extra-escolar abordando o tema.
3 EXECUÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
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As atividades programadas foram realizadas em quatro etapas. A primeira
em sala de aula, com aplicação de textos para leitura, reflexão e debates; a
segunda via on line com docentes da disciplina de Geografia, de diversos outros
municípios paranaenses; a terceira com entrevista com diferentes segmentos da
sociedade local e no final, a produção do presente artigo.
3.1 Atividades em sala de aula
As atividades desenvolvidas em sala de aula foram previstas na Unidade
Didática que constou de uma bateria de dez textos com atividades de leitura,
interpretação e reflexão sobre os temas que despertaram o interesse dos alunos. Foi
estabelecido durante o processo de execução das tarefas um clima de ternura e
ficou evidente que “ensinar é encontrar o ritmo e a força (ou a fraqueza) de cada um,
para acrescentar interesse, conhecimento e prazer” como ensina Schettini Filho
(2010).
Dos textos trabalhados, um dos mais destacados foi “Eu, etiqueta”, de Carlos
Drummond. Afirmaram ter extraído exemplares lições, sobretudo a valorização do
trabalho e o consumismo. As reflexões sobre o tema foram reforçadas com a visita
técnica realizada a dois shoppings centers em Londrina (um popular e outro
elitizado). Durante a visita, perceberam a importância do idioma estrangeiro (inglês)
desde as pequenas coisas, tais como: entrar, sair, abrir, fechar, etc., até as mais
complexas como estabelecer uma conversação.
Outro ponto significativo foi a visita aos estúdios da Rádio Jovem Pan,
(Londrina) que entrevistou alunos e deu ampla cobertura ao trabalho desenvolvido
pela proposta. Importante ressaltar também, a mudança comportamental positiva
dos alunos com referência aos estudos dos conteúdos de Geografia.
3.2 Entrevista com o gestor municipal
Os alunos procederam uma entrevista com o Gestor do município para
conhecer as possíveis alternativas para absorção da mão-de-obra dispensada
devido a mecanização da colheita da cana-de-açúcar.
14
A entrevista ocorreu no gabinete do Prefeito Municipal, que se fez
acompanhar de assessores técnicos. Dentre as alternativas, a requalificação
profissional é a prioridade do município.
Por iniciativa da própria Indústria de Açúcar e Álcool vem sendo
desenvolvido um projeto de requalificação profissional em parceria com o
Ministério das Relações de Emprego e Trabalho, destinado a 1.500 operários
visando a requalificação profissional e o reaproveitamento de uma parcela
destes, em funções diversificadas na própria organização.
a. Atividades do GTR via EaD
Durante o Curso PDE foi realizado um Curso de Formação Tecnológica
ofertado pela Secretaria de Estado da Educação – SEED, para exercer a função
inovadora de professora-tutora de atividades apresentadas para o Grupo de
Trabalho em Grupo (GTR), composto por quinze docentes de outros municípios
paranaenses. À medida em que, as atividades eram desenvolvidas on line com os
docentes, estes as reapresentavam aos seus alunos, nos seus respectivos
estabelecimentos de ensino como uma contribuição didático-pedagógica de
relevância.
Dos quinze professores inscritos, doze concluíram as atividades com pleno
êxito. O comprometimento dos docentes participantes do GTR e a multiplicação das
propostas de estudos foi um dos pontos altamente positivos do projeto de
intervenção pedagógica, que contribuiu significativamente para o ensino com
qualidade da Disciplina de Geografia.
b. O que pensa a comunidade sobre a mecanização agrícola?
Para complementar a pesquisa bibliográfica e descritiva, foi realizado
uma entrevista envolvendo pessoas da comunidade, algumas com
experiência de vida no campo. O questionário estruturado com perguntas
fechadas, foi aplicado para 100 pessoas, buscando conhecer as percepções
sobre a questão da mecanização agrícola e a expulsão do homem do campo,
enfatizando a realidade local, com a substituição da mão-de-obra manual pela
15
máquina na colheita da cana-de-açúcar e a reabsorção da mão-de-obra
ociosa.
a) Perfil do(a) entrevistado(a): o perfil foi constituído pelos seguintes
elementos: sexo, idade, grau de instrução e ocupação atual.
QUADRO 01 – Perfll do(a) entrevistado(a)
Perfil do(a) entrevistado (a)
Sexo Idade Grau de
Instrução
Ocupação
Atual
60% Feminino 25% 16-20
anos
20% 21-24
anos
30% 25-28
anos
25% > 29
anos
30% médio
completo
50%
fundamental
incompleto
20%
alfabetizado
15% estudantes
30% comércio
35% doméstica
20% agricultura
40% Masculino 35% 16-20
anos
15% 21-24
anos
25% 25-28
anos
25% >
29 anos
40% médio
completo
40%
fundamental
incompleto
20% superior
completo
15% estudantes
30% comércio
15% construção
civil
40% agricultura
FONTE: Pesquisa de campo, out./2011.
b) GRÁFICO 02 – Teve residência fixa no meio rural?
16
FONTE: Pesquisa de campo, out./2011.
c) GRÁFICO 03- Porque mudaram-se para a cidade?
65%
30%
5%
Migração para cidade
A atividade agrícola nãodava condições de
sobrevivência.
A cidade ofereciamelhores oportunidades
de renda.
Falta de segurança nomeio rural
FONTE: Pesquisa de campo, out./2011.
d) GRÁFICO 04 – Que tipo de atividade exerce na cidade?
17
FONTE: Pesquisa de campo, out./2011.
e) GRÁFICO 05- A substituição do homem pela máquina na cultura da cana-de-açúcar no município de Bandeirantes pode causar consequências danosas?
35%
25%
40%
A substituição do homem pela máquina na cultura da cana-de-açúcar no município de Bandeirantes pode
causar consequências danosas?
Sim, as pessoas migram embusca de trabalho, diminuindo apopulação.
A automação na colheita da cananão afetará, porque poucasfamílias dependem da indústria
Existem outra fontes de trabalhono município que absorvem amão-de-obra.
FONTE: Pesquisa de campo, out./2011.
Nas conversas paralelas percebeu-se que nas migrações as pessoas têm
preferências pelo Estado de São Paulo, notadamente a capital e as cidades
interiorana de Limeira e Americana, devido as oportunidades de trabalho que
imaginam serem mais acessíveis.
18
Outro fator que chama a atenção é a mudança de hábito: as pessoas se
declaram mais confortáveis na cidade devido a troca do fogão à lenha, pelo fogão à
gás e micro-ondas; o chuveiro à corda, pelo chuveiro elétrico; a água retirada de
poço ou mina, pela água encanada; a iluminação dos candeeiros pela energia
elétrica; o salário mensal (para aquele que detém emprego fixo) pela renda da safra
a cada 180 dias. Para muitos, a saída do campo representa evolução na vida,
enquanto para outros (os mais velhos) representa saudosismo.
4 Considerações finais
O estudo mostrou-se produtivo e de fundamental importância para a
compreensão da expulsão do homem do campo, na presença de novas formas de
produção agrícola e tecnologia.
Historicamente, o Brasil experimentou na década de 1950 um processo de
industrialização e urbanização que atraiu os pequenos produtores rurais para a
cidade, com a expectativa de melhoria das condições de vida. Logo na década
seguinte, as inovações tecnológicas aplicadas à modernização da agricultura
começaram a se expandir no mundo e na década de 1970 chegou ao Brasil.
A mecanização agrícola foi um dos principais instrumentos da expulsão das
famílias do meio rural. Sem condições econômico-financeiras de aderir à
mecanização, os pequenos proprietários venderam suas terras e se transferiram
para as cidades em busca de novas oportunidades. Poucos foram bem sucedidos,
devido a falta de qualificação profissional.
Na região de Bandeirantes, devido as mudanças na legislação de proteção do
meio-ambiente, a cultura canavieira terá a queima proibida a partir de 2014,
significando que, a partir daí, a colheita será mecanizada, deixando sem emprego os
trabalhadores braçais.
Neste contexto, foi realizado este estudo como Projeto de Intervenção
Pedagógica e os alunos tiveram contato com variadas formas de atividade e
também, com autoridades representativas do município, para refletir sobre a nova
forma de retirada do homem do campo pela tecnologia.
Em pesquisa realizada com a comunidade, 40% dos entrevistados vêem no
município outras formas de produção que podem absorver a mão-de-obra,
19
principalmente o cultivo protegido de hortaliças que vem se expandindo
vertiginosamente na região. Para 35% dos entrevistados, a tendência é a migração
das pessoas para outras regiões em busca de novas oportunidades, se o poder
público não agilizar novos postos de trabalho. O poder público deve buscar
alternativas para manter a população, evitando o processo de migração, até porque,
a maior receita do município é oriunda do Fundo de Participação dos Municípios –
FPM, calculada sobre o número de habitantes. E, para outros 25% dos entrevistados
não vêem impacto na medida, pois, a indústria do setor sucroalcooleiro já não
emprega tantas pessoas como no passado.
Espera-se que este artigo tenha contribuído para novas abordagens que
tenham como objetivo o estudo de temas relacionados com a Geografia Agrária e
Regional paranaense, pouco explorada no Ensino Fundamental e Médio.
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