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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais
Programa de Desenvolvimento Educacional
Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP
ARTIGO PDE 2012
TÍTULO: As atividades experimentais e o ensino de Química em Ciências.
AUTORA: Profª Vania Maria Uzae Gonçalves
ORIENTADOR: Prof. Ms. Márcio Akio Ohira
NRE: Cornélio Procópio
ESCOLA: Colégio Estadual Professor Mailon Medeiros – E F M P.
DISCIPLINA: Ciências
Bandeirantes
2012
AS ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E O ENSINO DE QUÍMICA EM CIÊNCIAS
Vânia Maria Uzae Gonçalves1
Márcio Akio Ohira2
RESUMO
Este artigo resulta do projeto de intervenção pedagógica, cujo objetivo foi preparar
um material de apoio para que os professores possam enriquecer as suas aulas de
atomística, com experimentos fáceis de realizar e ainda, fornecer um material
multimídia para que utilizassem nessas aulas, contribuindo para melhor
ressignificação do conteúdo ensinado e aprendido. O estudo utilizou–se de
metodologias conjugadas: Pesquisa de Opinião, Visita ao Laboratório da UENP,
Questionário e Desenvolvimento do Material Didático Pedagógico, representado por
Material Multimídia: Produção de um DVD com as atividades experimentais que
foram trabalhadas por intermédio da realização de experimentos. A disciplina de
Ciências, espaço de ensino e aprendizagem, deverá nortear o seu olhar para a
estrutura atômica e compreender como o conhecimento científico está relacionado
no seu contexto, ampliando as suas concepções sobre a natureza e seus
integrantes, sobre os avanços científicos e tecnológicos. As atividades foram
executadas no período compreendido entre o mês de agosto de 2011 a dezembro
do mesmo ano. A temática de estudo está inserida no campo de estudos de
Ciências de conformidade com as Diretrizes Curriculares Estaduais da Secretaria de
Estado da Educação - SEED e faz parte do requisito parcial para conclusão do
Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE, executado pelo governo do
Estado do Paraná.
Palavras chave: experimentos; multimídia; pesquisa; química; atomística.
1 Professora da Rede Estadual de Educação no NRE de Cornélio Procópio.
E-mail: [email protected] 2
Professor Mestre do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Norte do Paraná –
Campus Luiz Meneghel. E-mail: [email protected]
2
EXPERIMENTAL AND EDUCATIONAL ACTIVITIES IN CHEMICAL SCIENCES
Vania Maria Gonçalves Uzae1
Márcio Akio Ohira2
ABSTRACT
This article follows the pedagogical intervention project, whose goal was to prepare a
support material for teachers to enrich their lessons atomistic, with experiments easy
to perform and also provide a multimedia material to that used in these classes,
contributing to better redefinition of the content taught and learned. The study used
the combined methods: Opinion Poll, Visit to the Laboratory of UENP, Survey and
Development of Educational Courseware, represented by Multimedia Material:
Production of a DVD with the experimental activities that have been worked through
the realization of experiments. The discipline of science, space for teaching and
learning, should guide your looking for the atomic structure and understand how
scientific knowledge is related in its context, broadening their conceptions of the
nature and its members, on the scientific and technological advances. The activities
were performed in the period between August 2011 to December of that year. The
theme of this study is inserted in the field of science studies in accordance with the
curriculum guidelines of the State Ministry of Education - SEED and is part of a
partial requirement for completion of the Educational Development Program-PDE,
run by the state government of Paraná.
Keywords: experiments, multimedia, search; chemistry; atomistic
1 Professora da rede estadual de educação no NRE de Cornélio Procópio.
E-mail: [email protected] 2
Professor Mestre do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Norte do Paraná – campus Luiz Meneghel. E-mail: [email protected]
1. INTRODUÇÃO
O fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me põe numa posição em face ao mundo que não é de quem nada tem a ver com ele. Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da história. (Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, p.60)
O objetivo deste artigo foi elaborar com auxílio da tecnologia, um material de
apoio ao professor do ensino de Ciências, enfatizando as experiências facilitadoras
da aprendizagem, especificamente ao trabalhar com o conteúdo de Atomística.
Dessa maneira os alunos serão capazes de compreender os conceitos
envolvidos e elaborar explicações plausíveis sobre a prática em estudo. A
experimentação promove a apreensão dos significados, favorecendo o
desenvolvimento da curiosidade e interesse, indispensável ao desenvolvimento da
aprendizagem. Com o intuito de responder o questionamento: como as atividades
experimentais podem contribuir para a aprendizagem de atomística, resgatando o
prazer do aluno em aprender e a satisfação do professor em mediar a aprendizagem
significativa. O presente estudo apresenta uma análise sobre a utilização de aulas
com atividades experimentais e o envolvimento dos alunos. As experiências,
contudo, facilitam a compreensão de como os fenômenos científicos que se
encontram no seu contexto podem influenciar na sua qualidade de vida.
Partindo deste pressuposto, é preciso ressaltar a importância de aulas
práticas e o uso de recursos tecnológicos para as séries finais do ensino
fundamental como base para uma boa aprendizagem, despertando o interesse em
conhecer a estrutura atômica, devido a necessidade de compreensão sobre a
estrutura básica da matéria.
Assim, o estudo reuniu atividades experimentais no conteúdo – estrutura
atômica, identificando as relações entre conhecimento e tecnologia, proporcionando
uma reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem, por meio da
experimentação.
O estudo pautou pela pesquisa bibliográfica e qualitativa e se caracteriza
numa proposta que enfatiza a imagem, a descrição e o significado, com ênfase de
interesse maior no processo que no resultado. Como ensina Bogdan e Biklein (1994,
p.49) “a abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado
com a ideia de que nada é trivial, que tudo tem potencial para constituir uma pista
que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto
de estudo”.
Portanto, é com a ideia de trabalhar com a imagem das experiências
desenvolvidas em laboratório que se pretende mudar a rotina da escola, quando o
assunto é ensino de Ciências.
As atividades foram realizadas no Laboratório de Ciências Biológicas da
UENP, filmadas e apresentadas aos docentes do ensino de Ciências da escola onde
se implantou o projeto e também, aos docentes que participaram do Grupo de
Estudo em Rede – GTR, uma experiência inovadora de ensino a distância – EaD,
que contribuiu positivamente para os questionamentos e as trocas de ideias entre o
grupo e a professora tutora. Para avaliar o material disponibilizado em DVD foi
aplicado um questionário estruturado com perguntas fechadas e abertas e
direcionado aos docentes que atuam no ensino fundamental, na disciplina de
Ciências.
2. METODOLOGIA
A experiência foi realizada usando, o almofariz e o pistilo, as folhas verdes
trituradas (hortelã e espinafre). Adicionou-se o acetato de etila. (acetona). A solução
foi filtrada em um Becker e reservada. O filtrado foi observado, na ausência (a) e na
presença (b) de radiação UV. Na presença de uma lâmpada UV-A, foi utilizada uma
amostra de água tônica. Foram quebrados os ovos de cor marrom, desprezando-se
a clara e a gema, utilizaram-se as cascas. A cor marrom da casca do ovo deve-se à
presença da protoporfirina IX, um intermediário da síntese do grupo heme do
sangue, responsável pelo transporte de oxigênio. Quando adicionamos ácido
clorídrico sobre a casca do ovo, que é constituída de carbonato de cálcio (CaCO3),
ocorre a seguinte reação química: 6CO2(g) + 6H2O(l) ―› C6H12O6(s) + 6O2(g).
Triturou-se comprimido de vitamina de complexo B, (pode ser substituído por leite ou
ovos), dissolvido em água, iluminando a mistura com a lâmpada UV-A. Dissolveu-se
1(uma) colher de sabão em pó em 100 mL de água e iluminou a mistura com a
lâmpada UV-A. No sabão em pó a substância responsável em deixar o branco mais
branco é o branqueador óptico. A roupa brilha sob luz negra por causa de um
aditivo dos sabões em pó que absorve a radiação UV-A. Escreveu-se em uma folha
de sulfite com caneta marca texto e iluminou com a lâmpada UV-A. A caneta marca
texto possui substâncias químicas com grande capacidade de emitir fluorescência,
os chamados fluoróforos. Outros exemplos são as marcas d’água fluorescentes em
ingressos e papel moeda de diversos países (por exemplo, no Euro). Todas as fases
foram filmadas e as imagens editadas no programa adobe premiere para produção
do DVD. Na produção pedagógica – materiais multimídia, além das imagens estão
transcritos em slides os seguintes conteúdos: Como Manipular Líquidos Inflamáveis
e Combustíveis, Produtos Tóxicos, Produtos Corrosivos, Normas de segurança no
laboratório de Ciências e Técnicas de Laboratório. O material produzido é
instrumento que pode substituir o laboratório de Ciências nas aulas práticas.
Anexo
Material de Laboratório e Sua Utilização Segura
Manipulação de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis
Manipulação de Produtos Tóxicos
Manipulação de Produtos Corrosivos
Experimento Vídeo Referências
FundamentaçãoFicha Catalográfica
Figura 1 (links do DVD produzido) Material Didático Pedagógico
Na sequência o DVD foi apresentado ao grupo de professores que atuam
como docentes em Ciências no Ensino Fundamental e finalizando as ações
implementadas pelo projeto, procedeu-se a entrevista. O instrumento utilizado para a
entrevista foi o questionário com perguntas abertas e fechadas, tendo como objetivo
colher, de determinada fonte ou pessoa, dados relevantes para complementar a
pesquisa. Como explica Bogdan e Biklen (1994, p. 134) “a entrevista é utilizada para
recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao
investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos
interpretam aspectos do mundo”.
3. O ENSINO DE CIÊNCIAS E A PRÁTICA DOCENTE
As escolas de ensino fundamental de modo geral, não dispõem de
laboratório adequado para as aulas práticas de Ciências e há uma acomodação por
parte dos docentes, gerando uma dissociação entre a teoria e a prática e com isso,
provocando desinteresse dos alunos por uma disciplina.
Ao estudar esse comportamento, encontramos as seguintes justificativas:
falta de atividades preparadas, pouco tempo para o professor planejar e montar suas
atividades, recurso insuficiente para reposição e compra de equipamentos e
materiais de laboratório (PESSOA et al, 1985; BORGES, 2002), excessivo número
de alunos por sala, formação precária do professor, bibliografia deficitária para
orientação, restrições institucionais como falta de tempo para as aulas,
indisponibilidade de sala de laboratório (ZANON e SILVA, 2000; ARRUDA e
LABURÚ, 1996), e quando há laboratório é dito que os alunos não se comportam
direito nesse ambiente, conversam demais e mexem nos materiais, professor não
tem domínio de sala etc.
Como se percebe de acordo com os autores as explicações para a
resistência dos professores em utilizar atividades experimentais, como práticas de
ensino das ciências, concentram-se frequentemente num discurso da carência ou da
deficiência de algo.
Entretanto, de acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado Paraná
(2008, p.34) o professor de Ciências é responsável pela mediação entre
conhecimento cientifico escolar representado por conceitos e modelos e as
concepções alternativas dos estudantes. Ele deve lançar mão de encaminhamentos
metodológicos que utilizem recursos diversos, planejados com antecedências, para
assegurar a interatividade no processo ensino aprendizagem e a construção de
conceitos de forma significativa para os estudantes.
Consciente da necessidade de se desenvolver o ensino de ciências de um
modo atrativo e diferenciado do atual, ou seja, superando ainda que parcialmente,
as aulas desvinculadas da realidade do contexto dos alunos, apresentamos esse
material, inserido numa metodologia de fácil execução e que pode ser incorporada
ao ensino de Ciências, com capacidade para estimular os alunos a desenvolver as
suas criatividades e curiosidades, para melhor exploração dos conteúdos
trabalhados no cotidiano da sala de aula.
3.1 O USO DA IMAGEM COMO METODOLOGIA DE ENSINO
Nos estudos de Baccon (2005, p.25) ressalta que, para realizarem
concretamente as suas tarefas, além dos saberes, competências e habilidades, os
professores, mesmo sem o perceberem, acabam utilizando-se de diversos discursos
na sala de aula. Esses discursos, às vezes, podem ser intencionais ou não-
intencionais, mas, de qualquer forma, há sempre algo implícito no seu discurso.
Como o professor trabalha com o inesperado, com o imprevisto, seu discurso pode
causar, ou não, as mais variadas situações, porque não há como prever a atividade
docente, pois ela nunca é totalmente “transparente”.
Para Aumont (1993, p.80) ao longo da história, as imagens foram utilizadas
pelas sociedades para educar, informar, influenciar ou agradar, propiciando
estímulos e interferências na realidade humana em seus diversos aspectos (social,
biológico, cultural, dentre outros) por meio e a partir das diversas experiências
vivenciadas por cada indivíduo em sua época.
Pode se dizer que no contexto educativo, a imagem desempenha três
funções. A função simbólica, na medida em que reflete valores, função
epistemológica por transmitir informações de diversas naturezas, e função estética,
por interferir na percepção, na identificação e no nível de prazer que o ambiente
virtual de aprendizagem oferece. Então:
[...] a articulação das novas potencialidades produtivas das tecnologias digitais aliada a uma prática docente voltada para a superação da racionalidade instrumental e instauração de uma racionalidade substantiva, faz brotar a importância e a força dos processos analógicos, processos indispensáveis, decisivos, criativos e produtivos da malha do saber. [...] Para o ensino, enormes possibilidades são abertas, pois não se trata mais apenas (como no caso de utilização de recursos audiovisuais) de introduzir imagens pré-fabricadas de forma ilustrativa, mas de interagir com as imagens, criando ilustrações, representações, simulações, realidades virtuais como cenários futuros possíveis de escolhas presentes. (TENÓRIO, 1998 apud GADÉLIA, 2002, p.9).
O uso de recursos audiovisuais em especial Vídeo/DVD pode ser uma
alternativa que contribui para o aumento de interesse dos alunos na disciplina de
Ciências, possibilitando a construção de conhecimento de forma dinâmica, servindo
como aliado no trabalho do professor em sala de aula.
3.2 ENSINO DA ESTRUTURA ATÔMICA
A estrutura atômica é um conteúdo de difícil abordagem, principalmente no
9º ano do ensino fundamental, porém importante por ser um conceito central nas
explicações de todos os fenômenos químicos os quais se tornam mais claras e com
uma compreensão facilitada, mais próximas das situações reais da química
experimental, com auxílio de um DVD.
Figura 2 (materiais utilizados no experimento - ausência da luz negra)
Fonte: da pesquisa julho/2011
Propostas que interfiram nos objetivos da educação cientifica, conjugando a
dimensão da aprendizagem disciplinar com dimensão formativa e cultural, são
discutidas desde as últimas décadas do século XX. Torna-se necessário favorecer o
desenvolvimento com uma postura de reflexão e investigação no educando, haja
vista que ele não é somente o cidadão do futuro e sim o cidadão de hoje, o que faz
sentido conhecer a ciência e ampliar a sua possibilidade na participação social e
mental para exercer a cidadania que lhe é de direito.
Hoje, e cada vez mais no futuro, a ciência e os resultados de suas
aplicações tecnológicas estão permeando a nossa vida, interferindo no processo
social, seja com aspectos positivos, seja com aspectos negativos. De seu lado, o
homem comum, aquele que constitui a imensa maioria da população brasileira, de
pouca ou nenhuma escolaridade, embora faça uso e conviva com alguns desses
produtos, tem pouca chance de refletir sobre eles, colocando-se numa situação de
mero espectador. À margem de um conhecimento para ele inatingível, acaba
mistificando-o (DELIZOICOV, 1991, p.46).
Segundo as Diretrizes Curriculares de Ciências do Estado do Paraná a
inserção de atividades experimentais na prática docente apresenta-se como uma
importante ferramenta de ensino e aprendizagem, quando mediada pelo professor
de forma a desenvolver o interesse nos estudantes e criar situações de investigação
para a formação de conceitos. (PARANÁ, 2008 p.76).
Aprender ciências é entender como essa atividade humana tem se
desenvolvido ao longo dos anos, como os seus conceitos explicam os fenômenos
que nos rodeiam e como podemos fazer uso de seu conhecimento na busca de
alternativas para melhorar a qualidade de vida. A escola deve propiciar ao aluno
uma educação que contemple o despertar da consciência, de forma critica e
reflexiva, proporcionando condições de mudança e transformação, contando com a
participação e cumplicidade da família.
A educação deve ser concebida como um processo incessante, inquieto e,
sobretudo, permanente de busca ao conhecimento, pois:
A aprendizagem consiste em uma aquisição de informações e de demonstrações transmitidas, é a que propicia a formação de reações estereotipadas, de automatismo, denominados hábitos, geralmente isolados um dos outros e aplicáveis, quase sempre, somente às situações idênticas em que foram adquiridas. (MIZUKAMI, 1986, p. 13).
Portanto, em escolas onde a experimentação não está incorporada ao
processo de aprendizagem faz-se necessário uma mudança de postura que
pressuponha um novo modo de conceber o papel da experimentação na aquisição
de conhecimentos.
3.3 CONTRIBUIÇÃO DOS EXPERIMENTOS EM DVD NA PRÁTICA DOCENTE
Para provar leis e teorias a experimentação é simples, se comparada aos
objetivos de aquisição de conhecimentos básicos em ciências. Através da
experimentação o professor deve provocar discussão e interpretação com objetivo
de desenvolver conceitos, leis e teorias conforme Delizoicov (1991, p. 45).
De fato faz-se necessário articular os experimentos ao conteúdo de estrutura
atômica, contextualizando e problematizando, a fim de provocar situações de
investigação e reflexão. As práticas devem instigar a imaginação e motivar a
solucionar problemas do cotidiano.
As aulas práticas não são vistas como repetição mecânica de receitas
técnicas, mas principalmente oportunidade de discussão, da integração de
discussão. Da integração da teoria-prática, da interação com o cotidiano e mesmo
de discussão interdisciplinar.
[...] Na área de Ciências da Natureza, como é o caso das disciplinas de Química, Física e Biologia, as aulas expositivo-memorizativas não devem ser priorizadas em detrimento de outras práticas pedagógicas a serem utilizadas [...] É uma área da Ciência experimental, por isso é difícil para o aluno apropriar-se do conhecimento sem a realização de atividades práticas. (AIDA; KAVANAGH; MIOTTO, 1998, p.9)
É imprescindível discutir a importância da capacitação do profissional da
educação quanto às normas de uso adequado dos materiais de laboratório, bem
como a postura que se deve manter neste local, pois são diversos os riscos
existentes, independente da prática realizada.
Assim, é relevante que a experimentação seja um elemento essencial nas
aulas de ciências, demonstradas em DVD, pois, enquanto a atividade teórica recorre
a enunciados verbais de compreensão abstrata, a atividade experimental em mídia,
garante o desencadeamento de uma interação social motivadora e eficiente.
4. PLANO DE TRABALHO DOCENTE
O plano de trabalho docente deve contemplar atividades práticas,
acompanhada por uma reflexão sobre sua relevância pedagógica, enfatizando os
riscos reais ou potenciais à integridade física dos estudantes, em se tratando de
normas de segurança em atividades experimentais.
É necessário insistir em atitudes de segurança, sobretudo se os alunos forem manusear os reagentes (óculos de segurança, luvas e avental), destacando o efeito nocivo dos metais pesados quando absorvidos pelo corpo (o que é mais fácil quando estão na forma de ínos em solução) e enfatizando a necessidade do correto descarte das soluções e dos precipitados, a fim de não contaminar as águas. Sugerimos que o professor entre em contato com universidades, colégios técnicos ou indústria da localidade, a fim de verificar como proceder para enviar os precitados de metais pesados para descarte adequado (PERUZZO E CANTO, 2003, p.36).
Antes de realizá-las, tanto a escola como professor terão de tomar
providências, especialmente, elaborando um roteiro de instruções e os alunos
deverão conhece-los para tomarem os cuidados especiais para trabalhar num
laboratório. Todavia, com o uso do DVD os alunos terão oportunidade de
acompanhar todas as etapas de uma experiência, sem correr riscos.
5. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA: AÇÕES E RESULTADOS
Esta pesquisa, de caráter bibliográfico, descritivo e qualitativo sobre a
experimentação como ferramenta de aprendizagem faz parte do Projeto de
Implementação Pedagógica e integrante do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, lançado pelo Governo do Estado do Paraná e executado pela
Secretaria de Estado da Educação – SEED foi desenvolvido no Colégio Estadual
Professor Mailon Medeiros – Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante, no
município de Bandeirantes, no segundo semestre de 2011, compreendendo as
seguintes ações:
a) Visita técnica de um grupo de professores de Ciências do ensino
fundamental, ao Laboratório de Ciências Biológicas da UENP, Campus
de Bandeirantes, onde vivenciaram na prática o conteúdo de da
experiência com a estrutura atomística;
b) Produção de um DVD com prática envolvendo conteúdo de Química do
9º ano do ensino fundamental, contemplados no plano de trabalho
docente e na proposta curricular de ciências. Utilizando uma câmera e os
materiais relacionados como: acetato de etila , ácido clorídrico 10% ,
água tônica, ovo de galinha de casca marrom, sabão em pó, caneta
marca texto e sulfite, folhas de hortelã, comprimido de vitaminas do
complexo B, leite ,ovo, almofariz e pistilo, filtro de papel, béqueres de
250 ml, lâmpada de luz negra de 28 W, luz negra, uma caixa de madeira
pintada na cor preta, foram filmadas e editadas as fases do experimento;
Figura 3 (materiais utilizados no experimento – presença da luz negra)
Fonte: da pesquisa julho/2011
c) Durante a semana pedagógica e no decorrer do semestre, utilizando a
hora atividade, o DVD foi apresentado e discutido, capacitando os
professores para a realização da experiência em sala, independente do
laboratório de Ciências. Os professores, utilizando a TV pendrive,
assistiram ao DVD produzido e refletiram sobre as vantagens e
desvantagens da utilização do mesmo em sala de aula.
d) Grupo de Trabalho em Rede – GTR: o material de apoio foi apresentado
por meio virtual para quinze docentes de Ciências, de diferentes regiões
do Estado do Paraná, que o analisaram e comentaram com outros
docentes, além de interagir com esta professora tutora, ampliando o
leque de discussões sobre o significado das experiências como fator
relevante para o interesse e o aprendizado dos alunos, não só do Ensino
Fundamental, como de outras modalidades e níveis de ensino.
e) Aplicou-se um questionário estruturado, com quatro perguntas fechadas
e quatro abertas para oito professores, buscando conhecer as suas
percepções sobre o uso do DVD com experiências do conteúdo de
Ciências a serem aplicadas para o 9º ano do Ensino Fundamental.
A pesquisadora, nesse contexto, demonstrou interesse em conhecer sobre
algum saber que foi construído pelo professor participante e perceber o que de
pessoal, de singular ou com seu próprio estilo, cada professor ao ser entrevistado
manifestou. Foram elaborados os gráficos com as respectivas informações.
QUADRO 01 – Perfll do(a) entrevistado(a)
Perfil do(a) entrevistado (a)
Sexo Idade Grau de
Instrução
Ocupação
Atual
100% Feminino
60% 25-28 anos
40% > 29 anos
30% superior
completo na
área específica
70% com pós-
graduação em
nível de
especialização
100% docentes do
ensino fundamental
público, dos quais 60%
atuam também na rede
particular no ensino
fundamental e médio.
FONTE: Pesquisa de campo, out./2011.
a) GRÁFICO 02 – Atua há mais de 10 anos no magistério?
Fonte: da pesquisa – out/2011.
Das entrevistadas, 68% atuam há mais de dez anos no ensino fundamental
da rede pública e 60% atuam também, na rede particular de ensino. Os 32% são
docentes com menos de dez anos, com atuação no ensino fundamental, contratados
temporariamente pelo sistema PSS (Plano de Seleção Simplificado).
b) Gráfico 2 - Habitualmente ministra aulas práticas (experiências)?
Fonte: da pesquisa, out/2011
Das entrevistadas, 65% responderam que não ministram aulas práticas
frequentemente; 30% responderam que têm dificuldades para trabalhar com
experiências em todos os conteúdos e 5% responderam que trabalham o conteúdo
teórico e fazem as experiências mais comuns, referentes aos conteúdos de
Ciências.
c) Gráfico 3 - Nas aulas práticas os estudantes mudam o comportamento
disciplinar?
Das entrevistadas, 40% observaram que nas aulas com experiências
práticas os estudantes demonstram mais interessados e o comportamento
disciplinar melhora; 30% responderam que os estudantes tumultuam a aula; 20%
responderam que os estudantes ficam curiosos e questionadores e 5% responderam
que “depende do tema” a reação comportamental dos estudantes, quando é do
interesse , ficam atentos e comportados.
d) Gráfico 4 - O uso do DVD pode melhorar as aulas de Ciências?
Fonte: da pesquisa, out/2011.
Das entrevistadas, 40% responderam que sim, pois, o material de apoio é
excelente e acessível ao docente; 35% responderam que o material é interessante e
fácil de usar e os outros 25% responderam que o material facilita o planejamento e a
organização das aulas práticas, principalmente onde não tem laboratório de
Ciências.
Após a transcrição das “falas” dos professores, pode-se inferir que o material
de apoio foi aceito e cumpre com o objetivo formulado no início deste artigo e
espera-se que seja realmente aplicado no dia-a-dia do ensino de Ciências e possa
ajudar na melhoria do aproveitamento e do rendimento escolar.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao iniciarmos este artigo, abordamos sobre as dificuldades dos
professores para o ensino de Ciências, associando a teoria e prática. As principais
fragilidades foram destacadas como falta de laboratório de ciências nas escolas,
número de alunos em excesso na sala, falta de tempo para planejamento das aulas
e postura do professor, que prefere a teorização à prática.
Ao desenvolvermos este projeto de implementação pedagógica, pode-se
observar que essas fragilidades descritas não são maioria, os docentes na
verdade, sentem-se carentes de novas informações, procedimentos inovadores e
alternativas didático-pedagógicas que possam conduzi-los à superação na sala de
aula.
Espera-se que este estudo possa contribuir para novas abordagens sobre
temas ligados às experiências em laboratórios, transcritos para vídeos ou outras
ferramentas e que possam apoiar os docentes em sala de aula, na tarefa de
ensinar com seriedade e comprometimento os estudantes da Educação Básica do
Paraná.
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