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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

MARY LANE HUTNER

“ESSE ANO TEM ELEIÇÃO PARA DIRETOR NA ESCOLA, E AGORA?”

CURITIBA

2011

MARY LANE HUTNER

“ESSE ANO TEM ELEIÇÃO PARA DIRETOR NA ESCOLA, E AGORA?”

Caderno Temático apresentado para o Professor(a) orientador(a) Ângelo Ricardo de Souza da Universidade Federal do Paraná, do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.

CURITIBA

2011

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado durante o Programa de Desenvolvimento Educacional

aborda alguns aspectos do procedimento de escolha dos diretores escolares e suas

interferências no cotidiano escolar e conseqüentemente nos resultados do processo de

ensino e aprendizagem.

Este Caderno Temático foi dividido nas seguintes seções e subseções: Gestão

democrática, a escolha dos diretores escolares e o processo ensino e aprendizagem, o

impacto da eleição dos diretores escolares no cotidiano da gestão escolar, o diretor

escolar e os resultados do processo de ensino e aprendizagem e as atribuições dos

diretores escolares: administrativa, pedagógica e política.

O objetivo desse Caderno Temático é discutir, por meio dos temas apresentados

acima, os desafios presentes na condução do processo de eleição de diretores escolares,

numa perspectiva de oportunizar para a comunidade escolar um momento efetivamente

democrático que proporcione avanços no trabalho pedagógico.

Na última seção apresenta discussões sobre as atribuições do diretor escolar nas

questões administrativas, pedagógicas e políticas. Para isso, trás aspectos mais amplos

da gestão pública e suas dificuldades no que se refere a efetivação das políticas públicas

que conduzam a melhoria do trabalho realizado nas instituições públicas, tais como, a

Escola.

Esse trabalho parte do pressuposto que quando a gestão da escola é efetivamente

democrática e o gestor desempenha suas funções dentro de um padrão de qualidade a

escola consegue bons resultados no que se refere ao processo ensino aprendizagem.

1.0 GESTÃO DEMOCRÁTICA

A constituição Federal, no seu artigo 206, inciso VI, estabelece o princípio da

gestão democrática do ensino público e a Leis de Diretrizes e Bases da Educação

Brasileiro, no seu artigo 14, indica a gestão democrática através da participação efetiva do

projeto político pedagógico com a participação dos segmentos da comunidade escolar.

Mesmo previsto na legislação apresentada, é possível perceber que a gestão democrática

ainda está distante de ser realizada na maioria das escolas públicas.

Para Lima, a gestão democrática é um fenômeno político, de governo, que está articulado diretamente com ações que se sustentam em métodos democráticos. Mas, mais do que isto, para o autor, não se trata apenas de ações democráticas, ou de processos participativos de tomada de decisões, trata-se antes de tudo de ações voltadas à educação política, na medida em que são ações que criam e recriam alternativas mais democráticas no cotidiano escolar no que se refere, em especial, às relações de poder ali presentes. (SOUZA, 2006. p.145)

Um dos fatores que dificultam o estabelecimento de uma gestão democrática dentro

das unidades escolares é a questão da competência do diretor escolar na condução do

seu trabalho para este fim, ou seja, quais os mecanismos democráticos que devem ser

utilizados no desenvolvimento das ações de gestão para atender os anseios e

necessidades da comunidade escolar, proporcionando a efetivação do ensino.

O sistema educacional brasileiro, nas últimas décadas, passou por um grande

processo de mudanças no que se refere à área de gestão escolar, principalmente no que

se refere a própria legislação educacional vigente. A Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei nº 9394-96) no Art. 3º que define os princípios do ensino indica

um de seus incisos “a gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da

legislação dos sistemas de ensino” (DAVIES, 2004, p.136). E ainda nesta mesma lei, o

art. 15 exige que os sistemas de ensino devam assegurar às unidades escolares públicas

de educação básica, progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa.

Neste sentido, as políticas públicas encaminhadas pelos estados a partir destas

transformações para atender essa necessidade da escola que precisa caminhar com mais

autonomia para superar as dificuldades encontradas naquela comunidade escolar, devem

proporcionar condições para que as escolas possam realmente construir uma gestão

democrática.

Uma das ações encaminhadas pelo governo do Paraná, para construir a gestão

democrática nas escolas é o processo de eleição democrático para a escolha do diretor

escolar. Conforme a Lei nº 7.961, os diretores das escolas são escolhidos através de

eleição direta, nas próprias comunidades escolares. Processo democrático estabelecido

nas escolas estaduais, e iniciado em 21 de novembro de 1984, tem o professor de sala de

aula como a principal personagem.

O professor, escolhido pela comunidade escolar, tem que assumir todas as

responsabilidades na condução da escola e na efetivação das ações que visem contribuir

no cotidiano escolar e que atenda aos interesses daquela comunidade escolar.

É fundamental que este professor passe por um processo de formação específico

para diretores escolares que propicie reflexões, estudos e discussões sobre os recursos

que poderão ser utilizados na gestão, a legislação vigente necessária na condução da

escola, as concepções e modelos de gestão existentes e a otimização dos recursos

humanos e financeiros, entre outros. Para estruturar uma formação que contribua para o

fortalecimento do trabalho do gestor escolar é importante analisar a estrutura da gestão

pública brasileira.

Se for realizada uma análise sobre a gestão pública brasileira, os últimos vinte

anos foram significativos, pois trouxeram importantes avanços e inovações que

propiciaram, de forma geral, a modernização das atividades governamentais. Essa

necessidade de melhorar o fluxo do trabalho estatal, passa pela profissionalização do

serviço público, pela implantação de planejamento com metas e indicadores e seja

executado com eficiência pela efetividade das políticas públicas implementadas

(ABRUCIO, 2006).

2.0 A ESCOLHA DOS DIRETORES ESCOLARES E O PROCESSO ENSINO E

APRENDIZAGEM

No Brasil existe uma diversidade de procedimentos para a escolha dos gestores

públicos escolares. Cada estado, conforme sua legislação conduz este processo de

escolha buscando profissionais que no exercício das suas funções, possam contribuir

para a melhoria da escola pública. Os mais utilizados são: nomeação, eleição e concurso

público específico.

Quando ocorre nomeação o diretor recebe um cargo de confiança do governador

ou prefeito e permanece responsável pelo poder executivo da escola. Nessa situação o

diretor fica vulnerável na função porque pode ser substituído a qualquer tempo, além de

manter vínculos políticos partidários, que podem interferir no desenvolvimento do trabalho

realizado na gestão da escola. No concurso público para a função de diretor escolar, é

realizada uma avaliação teórica combinada com prova de títulos. Nesse tipo de escolha a

comunidade escolar não participa efetivamente do processo, além do diretor aprovado

não ser da escola e não demonstrar nas avaliações realizadas suas habilidades no que se

refere à liderança.

O processo de eleição, que acontece dentro dos limites da escola, favorece a

gestão democrática e pode possibilitar grandes avanços no desenvolvimento do trabalho

pedagógico da escola, desde que o diretor eleito tenha além de uma formação técnico-

administrativa para desempenhar as tarefas administrativas à função, “uma formação

política voltada a elucidar a sua própria função social de dirigentes públicos,

demonstrando a serviço de que(m) o gestor se posiciona”.(SOUZA, 2008.p.51)

O processo de escolha democrática de dirigentes escolares teve seu início na década de 60 quando, em 1966, os colégios estaduais do Estado do Rio Grande do Sul realizaram votação para diretores de escolas com base de lista tríplices. A partir da década de 80 e principalmente nos dias atuais, tem havido grande preocupação em relação aos processos de escolha de diretores escolares nos Municípios e Estados brasileiros, o que vem estimulando um permanente questionamento sobre o papel do dirigente na construção de uma gestão democrática da escola pública. (GADOTTI, 2004.p.93)

Os estabelecimentos de ensino são organismos vivos e dinâmicos, e

consequentemente, nestes espaços ocorre uma rede de relações que buscam um

objetivo comum que é a educação. Espaço importantíssimo no desenvolvimento do

sujeito que se constitui enquanto cidadão também através destas relações. De acordo

com Marx (1998, p.20)

Não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência. Na primeira forma de considerar as coisas, partimos da consciência como sendo o indivíduo vivo; na segunda, que corresponde à vida real, partimos dos próprios indivíduos reais e vivos, e consideramos a consciência unicamente como a sua consciência. Essa forma de considerar as coisas não é isenta de pressupostos. Ela parte das premissas reais e não as abandona por um instante sequer. Essas premissas são os homens, não os homens isolados e definidos de algum modo imaginário, mas envolvidos em seu processo de desenvolvimento real em determinadas condições, desenvolvimento esse empiricamente

visível.

Os estabelecimentos de ensino, enquanto espaços vivos e dinâmicos são

fundamentais na constituição da consciência do sujeito. E isso acontece através das

relações que se desenvolve no cotidiano escolar (aluno/aluno, aluno/professor,

aluno/funcionário, aluno/direção...) que são marcadas fortemente pelas concepções de

mundo, de sociedade e de homem dos integrantes desta comunidade escolar.

Neste contexto é importante ressaltar o papel do gestor escolar na condução deste

espaço de relações, no sentido de buscar a construção de uma proposta de educação

transformadora que crie e amplie os espaços de participação, permeada por princípios

democráticos que possibilite a garantia de uma escola que ensine com qualidade.

Por isso, a agenda da luta da esquerda, independentemente onde atue, tem que afirmar como estratégico e prioritário o direito da educação escolar básica (fundamental e média) unitária e politécnica e/ou tecnológica, que articule conhecimento científico, filosófico, cultural, técnico e tecnológico com a produção matéria e a vida social e política, para todas as crianças e jovens. (FRIGOTTO, 2009. P.79)

No Estado do Paraná os diretores escolares são escolhidos através de eleição

direta, desde 1984, conforme a Lei n° 7961, nas próprias comunidades escolares. Durante

esses últimos vinte anos o processo democrático estabelecido nas escolas estaduais do

Estado do Paraná, sempre tendo como principal ator o professor de sala de aula que

disputa o pleito com a intenção de conduzir o estabelecimento da melhor forma possível.

Nesta perspectiva, segundo Alonso (1979, p.53), “conferir à escola maior poder de

decisão é, sem dúvida, livrá-la das amarras que constituem entraves à realização dos

seus projetos, portanto, é vantajoso e inquestionável, porém implica aumento de

responsabilidades para seus membros sobretudo para o diretor”.

Propor no espaço escolar a possibilidade de escolha, mediante eleição direta, de

diretores dos estabelecimentos de ensino atinge aos anseios de uma gestão democrática.

Poder escolher os seus representantes é o início do processo democrático principalmente

na escola que como instituição formal tem a responsabilidade da formação do cidadão. A

perspectiva de escolha permite o desenvolvimento de uma cultura de participação e

comprometimento que, por sua vez supõe redimensionamento dos papéis

tradicionalmente executados e a utilização efetiva de órgãos colegiados existentes na

escola, tais como, Associação de Pais, Mestres e Funcionários, Grêmio Estudantil e

Conselho Escolar.

Segundo Paro (2001, p. 149),

A escola assume um papel efetivamente revolucionário na medida em que consiga levar as massas trabalhadoras a se apropriarem do saber historicamente acumulado e a desenvolverem a consciência crítica da realidade em que se encontram. Em contrapartida, a prática da administração escolar, entre nós, revela-se conservadora precisamente porque mantém esses objetivos apenas no nível do discurso. No processo prático, eles acabam por ser negligenciados e substituídos por interesses dominantes, como a própria sonegação do saber, ou a utilização da escola como álibi na solução de problemas sociais, ou ainda a transmissão de conteúdos vinculados aos interesses dominantes e desprovidos de utilidade prática para a população.

Portanto, escolher o diretor, e construir coletivamente o projeto político pedagógico

não é garantia de escola democrática, pois, as consequências das reais contribuições do

modelo de gestão escolar constituído à imagem e semelhança da administração

empresarial capitalista, frente à massa trabalhadora colaboram para fortalecer os

interesses dos que detém o poder. Desta maneira, evidencia as dificuldades encontradas

pelos gestores escolares no que se refere ao trabalho desenvolvido nos âmbitos

administrativo, pedagógico e social, na perspectiva da gestão democrática.

Neste sentido, cabe ao diretor a condução do processo de construção e

implantação do projeto político pedagógico da escola, que define os princípios filosóficos

e pedagógicos, buscando encaminhamentos, proposições e ações necessárias para

garantir aos educandos o acesso ao conhecimento historicamente acumulado pela

humanidade, além de buscar soluções mais adequadas às necessidades e aspirações da

comunidade escolar.

2.1 O impacto da Eleição dos Diretores Escolares no cotidiano da Gestão Escolar

O processo de eleição de diretores, na rede estadual do Paraná, acontece a cada

três anos, geralmente no final do ano letivo, entre outubro e novembro do ano anterior a

posse. É um ano sempre tenso e complicado na escola, principalmente no que se

refere às relações estabelecidas no cotidiano da escola, porque toda a tomada de

decisão realizada pelo diretor escolar ou sua equipe de trabalho, de alguma maneira,

pode interferir no processo eleitoral.

Se o diretor escolar pretende continuar na gestão, a situação tente a se agravar

porque toda a ação tem uma reação, que na maioria das vezes, está ligada as

questões de favorecimentos pessoais em detrimento das questões profissionais. Esse é

um dos momentos em que a gestão efetivamente democrática auxilia o diretor escolar

no desenvolvimento das ações que busquem a melhoria do processo ensino

aprendizagem.

A gestão democrática pode melhorar o que é específico da escola, isto é, o seu ensino. A participação na gestão da escola proporcionará um melhor conhecimento do funcionamento da escola e de todos os seus atores; propiciará um contato permanente entre professores e alunos, o que leva ao conhecimento mútuo, e em conseqüência, aproximará também as necessidades dos alunos dos conteúdos ensinados pelos professores. (GADOTTI, 2004. p.35)

Dessa forma, é possível a compreensão da tomada de decisão a partir das

necessidades do cotidiano escolar, e não por interesses dos professores ou do próprio

diretor escolar, que pode utilizar do poder para definir encaminhamentos que atende seus

interesses que muitas vezes são inadequados ao bom desenvolvimento das atividades

escolares.

Conforme Libâneo (2005, p.117) “devemos inferir, portanto, que a educação de

qualidade é aquela mediante a qual a escola promove para todos, o domínio dos

conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis

ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos”. Essa é a função da

escola, e é a partir desse entendimento que as ações dos profissionais da educação

devem ser planejadas e executadas, sempre com o apoio dos alunos e pais e o respaldo

da mantenedora.

Outra questão relevante do processo eleitoral para diretores escolares são as

disputas, articulações, conflitos e discussões que ocorrem no ano que acontece a eleição

para diretores.

Essa questão diz respeito à compreensão da natureza política da gestão escolar, pois se a política na escola representa operar a disputa com (grupos de) pessoas rivais em relação a diferentes compreensões, na busca pelo controle sobre a própria escola, então teremos a aproximação entre ação política e poder no sentido weberiano; mas, se a política na escola reconhece que o poder em questão decorre de um contrato firmado entre as pessoas que compõem essa instituição, e considera que o diálogo entre esses sujeitos é precondição para a sua operação, assim se terá uma ação política talvez mais democrática. (SOUZA, 2009 p.125)

Como ainda se faz necessário desenvolver uma cultura democrática que não gere

tanto desconforto e desentendimento entre os candidatos e seus apoiadores, e possibilite

articulações com transparência, debates de opiniões, apresentações e discussões dos

planos de ação que demonstrem qual será o trabalho realizado, o processo de eleição

para diretores escolares pode trazer conseqüências negativas para a gestão escolar.

Marilena Chaui apresenta o significado das eleições quando diz,

Que significam as eleições? Muito mais do que a mera rotatividade de governos ou alternância no poder. Simbolizam o essencial da democracia: que o poder não se identifica com os ocupantes do governo, não lhes pertence, mas é sempre um lugar vazio que os cidadãos, periodicamente, preenchem com um representante, podendo revogar seu mandato se não cumprir o que lhe foi delegado para representar. (CHAUI, 2004 p.404)

Muitas vezes, pela falta de entendimento do significado democrático da eleição, as

chapas são montadas praticamente no dia da inscrição para que não haja nenhuma

possibilidade de intervenção, coibição e repressão. Ou então a escola já convive com os

conflitos de grupos rivais, instituídos em pleitos anteriores, que buscam o poder sem

preocupação com os reais interesses da comunidade escolar.

Após as inscrições das chapas, o processo eleitoral ocorre dentro dos

encaminhamentos oficiais obrigatórios, com um sentimento de constrangimento entres os

candidatos, como se fosse uma aberração que as pessoas tivessem vontade e interesse

de assumir a gestão da escola. É devido a esse sentimento que muitas vezes os eleitores

fazem suas opções, ou seja, votam naquele que está na situação de “coitado” ou

“prejudicado”. Nesse momento, não existe uma postura democrática e profissional que

busque analisar a proposta de trabalho, as condições apresentadas, a formação dos

candidatos, e demais aspectos relevantes para o bom desempenho na função de gestor

escolar.

E por fim, após o processo eleitoral fica um sentimento de “vitorioso” e “derrotado”

que acaba interferindo durante toda gestão do diretor eleitor. Esse fato interfere inclusive

no momento da decisão a candidatura, pois, alguns possíveis candidatos declinam pela

dificuldade de estabelecer boas relações após o pleito eleitoral. A derrota trás uma

espécie de rótulo que conduz as relações nos anos posteriores, com conseqüências

profundas e prejuízos para o estabelecimento de ensino.

A situação apresentada nos parágrafos anteriores demonstra como é preciso discutir

muito a eleição de diretores escolares com toda a comunidade escolar. Esse processo de

formação deve trazer discussões sobre o que é democracia, política e poder, gestão

pública, a responsabilidade de todos os envolvidos na gestão pública, e demais temas

que aprofundem questões que permeiam a instituição chamada escola.

Os integrantes da comunidade escolar precisam entender que eleger o diretor

escolar não desresponsabiliza os demais das ações a serem realizadas. “O poder é

inseparável do político, ou antes, o político contém o poder, na medida em que não basta

a uma sociedade ser capaz de tomar decisões, definir suas normas de funcionamentos,

seus códigos sociais, seus sistemas de valores; é preciso fazê-los valer”. (OLIVEIRA.

2009 p.98) E nesse sentido, todos são partícipes e responsáveis pelas ações que

garantam a função social da escola.

2.2 O Diretor Escolar e os resultados do processo de ensino e aprendizagem

As demandas administrativas necessárias para o bom desenvolvimento do trabalho

pedagógico – entendendo aqui que o administrativo existe para sustentar o trabalho

pedagógico – são vistas como as principais atividades do diretor escolar e acabam

consumindo a maior parte do tempo da gestão escolar.

Essa ênfase exacerbada nas atividades administrativas acaba definindo o papel do

diretor escolar como um administrador do prédio e das condições de materiais do

ambiente escolar. O diretor é responsável pela limpeza da escola, pelos equipamentos

funcionando e adequados para o uso, organizar horários, suprimentos, pagamentos e

demais funções administrativas que atenda os anseios da comunidade escolar.

As atividades administrativas são fundamentais para a organização do espaço

escolar, mas não podem ser entendidas como as mais importantes para garantir a função

da escola, ou seja, o processo de ensino e aprendizagem. Será que escola limpa,

organizada administrativamente, com condições materiais para desenvolver o trabalho

pedagógico é garantia de um bom desempenho dos alunos nos resultados das avaliações

externas? A Escola não é só edificação e equipamentos educacionais. A escola precisa

ser um espaço de sociabilidade que possibilite a construção e socialização do

conhecimento produzido.

A educação, como prática social que se desenvolve nas relações estabelecidas entre os grupos, seja na escola ou em outras esferas da vida social, caracteriza-se como campo social de disputa hegemônica, disputa essa que se dá na perspectiva de articular concepções, a organização dos processos e dos conteúdos educativos na escola e, mais amplamente, nas

diferentes esferas da vida social, aos interesses de classes. Assim a educação constitui uma atividade humana e histórica que se define na totalidade das relações sociais. (OLIVEIRA. 2009, p.246)

Neste sentido, é importante compreender que o diretor escolar é muito mais do que

um administrador de prédio e equipamentos educacionais, ele precisa desempenhar

funções pedagógicas e políticas que contribuam no estabelecimento de relações

necessárias para a definição e execução das políticas educacionais que efetivem a

melhoria do processo de ensino e aprendizagem na escola.

O diretor escolar tem um papel fundamental na garantia da função social da escola.

Quando a gestão da escola é efetivamente democrática e o diretor desempenha suas

funções dentro de um padrão de qualidade a escola consegue bons resultados no que se

refere ao processo ensino aprendizagem. Isso pode ser demonstrado na pesquisa

Melhores Práticas em Escolas de Ensino Médio: pesquisa coordenada e financiada pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em parceria com o Ministério da

Educação (MEC) e as Secretarias Estaduais de Educação dos estados de Acre, Ceará,

São Paulo e Paraná em setembro de 2009.

Um dos fatores identificados na pesquisa para melhorar o processo de ensino e

aprendizagem, independentemente dos alunos que as freqüentam foi à atuação do diretor

escolar e a necessidade de capacitá-lo para exercer as atribuições administrativas,

pedagógicas e políticas.

Trata-se, portanto de capacitar dois públicos distintos, começando pelos gestores, para que venham a ser lideranças que, ao lado de gerenciarem bem as escolas, estejam também habilitados pedagogicamente para dirigir e atuar em equipes, propor e discutir metas para o ensino, coordenar ações educativas e incentivar os professores a lecionarem de acordo com as expectativas postas. Essa capacitação deve permitir que o gestor acompanhe, mais de perto, a maneira como o trabalho em sala de aula se desenvolve...(BRASIL, 2010, p.105)

Neste sentido, o Diretor Escolar precisa acompanhar a prática pedagógica

realizada na escola e buscar de forma continuada melhorar os resultados do processo de

ensino e aprendizagem. Para isso, é imprescindível conceber o diretor escolar como um

líder que deve proporcionar condições administrativas, pedagógicas e políticas com

adequada articulação entre os atores do trabalho pedagógico desenvolvido no cotidiano

escolar.

3.0 AS ATRIBUIÇÕES DOS DIRETORES ESCOLARES: ADMINISTRATIVA,

PEDAGÓGICA E POLÍTICA

Nesta seção serão apresentadas algumas competências necessárias aos diretores

escolares no desenvolvimento das ações de gestão – planejamento, formação

continuada, descentralização, tratamento de informações, trabalho em equipe, orçamento,

transparências, entre outros – que melhore o trabalho pedagógico da escola e,

conseqüentemente, os resultados obtidos nas avaliações de larga escala. Com base no

artigo de Lira, serão apresentados os “Dez pecados Capitais do gestor público”1, que

podem ser discutidos no ambiente escolar, e especialmente, aproximados do trabalho do

diretor escolar.

“O gestor público geralmente não programa suas ações de maneira

planejada”, ou seja, não segue um planejamento construído a partir das necessidades

respeitando as prioridades da escola. Simplesmente concebe suas ações a partir do

cotidiano e da urgência de cada situação (LIRA, 2002).

Na grande maioria das escolas, os documentos legais são elaborados apenas para

atender questões legais. Como por exemplo, o Plano de Direção, o Projeto Político

1 Texto produzido por Sérgio Roberto Bacury de Lira professor de Economia da UFPª, Doutorando em Economia,

Diretor Regional Norte da Federação Nacional dos Economistas (FENECON) e Conselheiro Efetivo do Conselho Federal de Economia (COFECON). Este artigo é resultado de uma palestra proferida para os alunos do Curso de Gestão de Órgãos Públicos da UNAMA, na disciplina ministrada pelo Prof. Lucival Teixeira.

Pedagógico, a Proposta Pedagógica Curricular, o Regimento Escolar, elaborados muitas

vezes sem a participação efetiva da comunidade escolar, inviabilizando as ações dos

sujeitos que irão efetivar o trabalho pedagógico e administrativo no espaço escolar. O

planejamento é importante em todas as esferas do trabalho pedagógico. Na sala de aula

o professor precisa elaborar seu plano de trabalho docente para organizar seu trabalho e

conseguir atender as expectativas dos alunos no que se refere ao acesso dos

conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade. Na coordenação

pedagógica, os pedagogos devem organizar seu trabalho para acompanhar de forma

articulada a prática pedagógica efetivada dentro de espaço escolar, buscando melhorar a

qualidade do processo de ensino aprendizagem.

Já o diretor escolar é na instância escolar o gestor público que irá propiciar

condições administrativas necessárias para que o trabalho pedagógico se efetive no

sentido de cumprir a função da escola na sociedade.

Um ponto relevante que interfere substancialmente na falta de formação dos

gestores públicos é a rotatividade devido ao processo democrático de escolha dos

governantes, que substituem os gestores públicos dos cargos que possuem a

responsabilidade de definir as políticas públicas a serem implementadas.

O gestor público, que através de concurso público ou por indicação política,

ingressa no serviço público tem obrigatoriamente que estar em permanente processo de

formação, pois o profissionalismo deve existir independente do vínculo. Nesta perspectiva

o gestor público necessita de formação específica para desempenhar a sua função com

responsabilidade pública, ou seja, atender as necessidades da população que tem nas

instituições públicas a única possibilidade de emancipação.

Ao se candidatar à função de diretor escolar numa instituição pública, o profissional

precisa realizar um diagnóstico situacional para que sejam identificados os problemas, as

prioridades e as necessidades a curto e em longo prazo. Isso realizado, inicia-se o

planejamento das ações e a elaboração do plano de direção que irá estabelecer metas,

estratégias, indicadores, acompanhamento e avaliação.

O planejamento deve ser construído pensando sempre na totalidade do

atendimento, pois, numa gestão pública, não se pode ter privilégios, apenas quando

houver situações que se busca com tratamento diferenciado superar a desigualdade.

Neste sentido é função do diretor escolar proporcionar a construção coletiva dos

documentos que sustentam a prática pedagógica efetivada na sala de aula, estimulando o

processo de implementação da gestão democrática.

Para haver democratização real do espaço escolar, é preciso que haja tanto a participação efetiva da sociedade civil na elaboração, discussão, planejamento e encaminhamento de propostas, quanto a valorização do conhecimento científico, como instrumento da emancipação humana. Esse deveria ser o sentido/objetivo da educação. (HIDALGO, 2001. p. 229)

Outra questão importante referente à atuação do gestor publico, é o orçamento

público. É fundamental que o gestor reconheça as limitações orçamentárias, que planeje

suas ações a partir da condição orçamentária, que monitore os investimentos e gastos

dos recursos financeiros utilizados para a execução das ações planejadas, buscando a

maior efetividade e aplicabilidade. “O orçamento público não pode ser entendido

como um entrave burocrático a sua gestão” (LIRA, 2002).

O dinheiro público deve ser empregado de forma a atender as reais necessidades

da instituição pública, aqui a escola. O orçamento deve ser visto como um instrumento de

planejamento dos investimentos que serão efetivados para que não haja duplicidade de

gastos, atendimento a um setor em detrimento de outro, falta de recursos no decorrer da

gestão e aplicação indevida dos recursos financeiros disponíveis. Na escola da rede

estadual de ensino do Paraná, existe o fundo rotativo que possibilita ao diretor escolar

recursos financeiros descentralizados disponibilizados mensalmente para garantir o

suprimento de materiais e a manutenção dos espaços escolares.

A definição das prioridades, a administração destes recursos financeiros e a

prestação de contas são de responsabilidade do diretor escolar e do Conselho Escolar,

que de forma integrada precisam discutir e definir os melhores encaminhamentos no

sentido de que os investimentos atendam as necessidades da escola. É importante

ressaltar o papel do Conselho Escolar neste processo de execução dos recursos

financeiros disponibilizados.

Os conselhos escolares na educação básica, concebidos pela LDB como uma das estratégias de gestão democrática da escola pública, tem como pressuposto o exercício, pela participação, das “comunidades escolar e local” (LDB, art. 14). Suas atribuições é deliberar, nos casos de sua competência, e “aconselhar” os dirigentes, no que julgar prudente, sobre as ações a empreender e os meios a utilizar para o alcance dos fins da escola. O conselho existe para dizer aos dirigentes o que a comunidade quer da escola e, no âmbito de sua competência, o que deve ser feito (BRASIL, 2004. p.34).

O gestor público também se depara com a questão da centralização das decisões

como forma de permanecer com o poder. “O mesmo tem receio de descentralizar as

ações, pois entende que pode perder o controle da situação e fortalecer outras

pessoas que acabem se destacando no grupo” (LIRA, 2002).

Na escola o diretor escolar que é eleito pela comunidade escolar, tem sua equipe

de trabalho definida e conhecida, já que os professores, pedagogos, funcionários

permanecem no estabelecimento de ensino. Só que nesse momento as relações que se

estabelecem são outras, com outros interesses tanto por parte do diretor escolar quanto

dos demais integrantes da comunidade escolar. Neste sentido é necessário cuidado no

que se refere às relações de poder que podem ser estabelecidas pelo pleito eleitoral.

Muitas vezes “concessões e acordos são firmados, estratégias e táticas são engendradas,

com vistas exclusivamente à continuidade no controle e no poder, ou simplesmente com

vistas a poder continuar existindo e agindo politicamente” (SOUZA, 2006. pg. 142)

Existe uma diferença fundamental entre, por exemplo, votar num diretor escolar

que durante sua gestão estará permanentemente em contato com seus eleitores, do que

num deputado que dificilmente terá contatos pessoais durante o mandato. Muitas vezes o

poder político interfere nas decisões tomadas pelo diretor escolar que para perpetuar no

poder acaba centralizando e definindo alguns encaminhamentos que prejudicam o

desenvolvimento do trabalho.

Para que isso não aconteça é necessário um trabalho em equipe, descentralizando

as ações, respeitando os documentos legais da escola, o seu plano de direção e as

prioridades da escola.

Portanto, o diretor-articulador deve exercer sempre uma liderança na escola, mas uma liderança democrática, que seja capaz de dividir o poder de decisão sobre os assuntos escolares com professores, funcionários, pais de alunos, alunos e comunidade escolar, criando e estimulando a participação de todos nas instâncias próprias que dirige, como por exemplo, no Conselho de Escola, nas Associações de alunos, etc. (GADOTTI, 2004 p.102).

É preciso definir os integrantes e suas funções de acordo com o perfil de cada

membro, buscando sempre o maior potencial. Bem como uma equipe de trabalho que

busque a responsabilidade das ações efetivadas e para que isso aconteça o gestor

público precisa efetivamente delegar e descentralizar as atividades.

Ainda com relação à gestão de pessoas, numa perspectiva democrática, o gestor

público deve conhecer sua equipe de trabalho e possibilitar contato direto, ou seja, é

nessa interação entre todos os membros da equipe que as ideias são incorporadas para

buscar as soluções mais adequadas aos problemas apresentados.

A gestão democrática é compreendida então como um processo político através do qual as pessoas que atuam na/sobre a escola identificam problemas, discutem, deliberam e planejam, encaminham, acompanham, controlam e avaliam o conjunto das ações voltadas ao desenvolvimento da

própria escola na busca da solução daqueles problemas. (SOUZA, 2006. pg.144)

Ao assumir um cargo de gestor público por indicação política, ou mesmo por

eleição direta no caso da escola, o gestor público fica acomodado e não investe na sua

formação. E muito menos na formação dos seus subordinados que muitas vezes são

escolhidos por critérios que diferem das melhores referências profissionais. “O seu foco é

político e não técnico” (LIRA, 2002).

A busca da formação deve ser uma premissa de qualquer profissional em todas as

áreas, e o diretor escolar precisa estar em permanente formação. O que ocorre, muitas

vezes, é o comodismo que impregna os gestores públicos pelas questões políticas de

indicação ou eleição. Esse fato interfere na efetividade das ações, pois as transformações

sociais e tecnológicas precisam ser incorporadas na gestão pública.

A discussão da transparência é outro fato importante na atuação do gestor público.

“Toda a ação desenvolvida pelo gestor público deve ser transparente e o gestor não

deve ter receio de ser questionado pelas ações desenvolvidas”. A transparência deve

ser um princípio da gestão pública, principalmente no momento atual, onde os

procedimentos de divulgação estão cada vez mais avançados tecnologicamente (LIRA,

2002).

A questão da transparência dos encaminhamentos, das ações realizadas e dos

investimentos financeiros aplicados é essencial para o bom andamento da gestão pública.

A transparência permite que todos acompanhem os procedimentos que estão sendo

realizados para superar as necessidades da comunidade escolar. Para o diretor escolar é

uma exigência já que a comunidade escolar participa da elaboração do planejamento e

das decisões realizadas através do Conselho Escolar.

O diretor escolar que trabalha integralmente numa perspectiva de transparência e

de gestão democrática, onde as ações e decisões são tomadas em conjunto pelos

responsáveis de cada segmento da comunidade escolar, consegue sustentar, justificar e

fundamentar os encaminhamentos realizados.

A questão da socialização das informações é outro aspecto que merece destaque

quando se fala na atuação do gestor público. Existe uma grande dificuldade no serviço

público em socializar as informações e de utilizá-la como instrumentos de implementação

e execução das ações. É evidente que se todos os envolvidos possuem as informações

necessárias para o desenvolvimento das ações é possível alcançar melhores resultados.

“Na gestão pública ainda existe uma ineficiência no que se refere à comunicação, e

isto acaba trazendo grandes prejuízos à população e até duplicidade de ações”

(LIRA, 2002).

No ambiente escolar, muitas ações não são socializadas entre os membros da

comunidade escolar pela ineficiência do processo de informação e comunicação que,

ainda, é um dos maiores problemas da gestão pública e pela necessidade de deter as

informações como forma de perpetuar no poder.

O diretor escolar deve definir procedimentos que contribuam para a divulgação das

atividades escolares realizadas, das políticas educacionais desenvolvidas pela

mantenedora, da legislação educacional e a demais informações que são necessários

para o entendimento do sistema educacional vigente.

Na gestão pública, pela rotatividade de gestores devido aos pleitos eleitorais, não

há uma continuidade de ações as quais deveriam ser realizadas pelas necessidades

da população, mas o que de fato ocorre é que os interesses dos gestores e dos

partidos políticos vencedores são mais relevantes.

O diretor escolar, depois de eleito, não pode ignorar as ações de sucesso que

estavam sendo desenvolvidas pela gestão anterior. Essas ações devem ser incorporadas,

ampliadas e fortalecidas no seu planejamento, pois a descontinuidade dos procedimentos

acarretam prejuízos para o diretor escolar eleito, que precisará de tempo para

implementar ações novas e para os agentes que independente do gestor público

desenvolvem seus trabalhos na instituição escolar.

Outra questão fundamental é que o gestor público não acompanha e não

avalia as ações que estão sendo executadas. O acompanhamento das ações

realizadas é outra tarefa que exige muita atenção, pois muitas ações ficam paradas em

determinados setores por falta de entendimento e acabam prejudicando as políticas

educacionais públicas necessárias para o fortalecimento e melhoria da qualidade de

ensino.

No caso do diretor escolar existe uma necessidade premente de acompanhar as

ações que foram definidas pelos integrantes da comunidade escolar, pois interfere

diretamente na formação do aluno que tem a instituição escolar pública como única

possibilidade de emancipação humana.

Com relação ao processo de avaliação das ações é necessário que seja feito pelos

integrantes da equipe de trabalho, pelo diretor escolar e, principalmente, pelos

representantes da sociedade civil que foram beneficiados pelas ações. É consultando os

agentes que efetivamente são atingidos pelas políticas educacionais implementadas que

se pode averiguar a eficiência da ação.

4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola é um espaço de relações, e o diretor pode desempenhar um papel

estratégico na medida em que consiga articular os atores do processo ensino e

aprendizagem, numa perspectiva de definir um caminho a ser seguido na busca da

melhoria da qualidade do ensino. Essa é a grande responsabilidade do diretor escolar que

necessariamente precisa ser um líder que agregue as pessoas na condução do trabalho

desenvolvido no cotidiano da escola.

Além de ser um líder, escolhido de forma democrática por meio de eleição de

diretores, o diretor escolar precisa de permanente formação que proporcione

conhecimentos que extrapolam as questões administrativas. Formação que garanta

conhecimentos históricos, filosóficos e conceituais sobre a função social da escola no

contexto atual, a partir da sociedade capitalista que classifica, seleciona, segrega, exclui e

que atrela a educação escolar às demandas produtivas e às alterações no mundo do

trabalho.

Outro aspecto relevante a ser considerado neste trabalho é em relação ao processo

de construção da cultura democrática na escola. O espaço escolar é um espaço de

formação, e como tal, deve proporcionar experiências aos atores do processo ensino e

aprendizagem sobre o que é democracia e como desenvolver dentro da escola um

ambiente democrático que proporcione discussões e definições sobre as normas, as

regras, as responsabilidades, as atividades a serem realizadas e demais ações

necessárias para o bom funcionamento da escola.

Um ambiente democrático onde todos desenvolvam suas funções com

compromisso, responsabilidade e entendimento que estar na Gestão Pública é

obrigatoriamente acreditar que o trabalho desenvolvido pelo serviço público é uma

possibilidade de emancipação e transformação da sociedade.

5.0 REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Melhores Práticas em escolas de ensino médio no Brasil. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2010. CHAUI, Marilena. Convite a Filosofia. 13ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2004. FERREIRA, Elisa. OLIVEIRA, Dalida. Crise da escola e políticas educativas. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

GADOTTI, Moacir. ROMÃO, José E. Autonomia da Escola: Princípios e propostas. 6 ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2004.

LIRA, S. R. B. Os 10 pecados capitais do gestor público. UNAMA Comunicado, Belém, 25 nov. 2002.

MARX, K; ENGEL, F. A Ideologia Alemã. Tradução de Luis Cláudio de Castro e Costa. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1998.

PARO, Vitor. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo: Editora Cortez, 2001.

SOUZA, Ângelo Ricardo. O Perfil da Gestão Escolar no Brasil. Tese de Doutorado (Educação: História, Política, Sociedade). São Paulo: PUC-SP. 2006. SOUZA, Ângelo Ricardo. A produção do conhecimento e o ensino da gestão educacional no Brasil. Revista Brasileira de Política e Administração da educação. V.24, n 1, p.1-184. Jan/abr.2008 SOUZA, Ângelo Ricardo. Explorando e construindo um conceito de gestão escolar democrática. Educação em Revista. Belo Horizonte: v.25 n.03 p.123-140. dez. 2009