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ALIANÇA ESPÍRITA EVANGELICA 3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE 28 de Outubro 2006 28 de Outubro 2006 28 de Outubro 2006 28 de Outubro 2006–São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo PRÉ-ESTUDO 1 TEMA: Proposta do Espírito Verdade através de Bezerra de Menezes para o Espiritismo nos alvores deste novo milênio. OJETIVO: Ampliar e alinhar a visão estratégica dos dirigentes e equipes de suporte da EAE com as diretrizes do Plano Espiritual Superior. CONTEUDO: Para iniciarmos o nosso pré-estudo do 3º. Encontro de Dirigentes de EAE, nós julgamos importante reafirmarmos nossa visão da Escola de Aprendizes olhando-a de fora e como um todo perante os objetivos da Doutrina dos Espíritos, o seio em que ela nasceu e se propagou para dar-lhe cumprimento. Vale lembrar que o conteúdo da mensagem abaixo não nos é de todo desconhecido posto que nosso companheiro, e fundador da AEE, Valentin Lorenzetti, assim que retornou a pátria espiritual trouxe-nos orientações alinhadas com esta que Bezerra nos oferta. Destacamos a mensagem em que ele nos disse que o projeto do Plano Espiritual Superior, em que as EAE são pedra capital, teve inicio com a fundação desta escola em 1952 e compreendia a partir daí três períodos de 50 anos de realização tal sejam: 1º. A preparação, 2º. A implantação e o 3º. A consolidação. Deixamos ao nosso caro leitor a tarefa de ligar este dado e outros, com os que Bezerra nos oferta abaixo, reafirmando os objetivos de nossa EAE perante os da nossa inestimável Doutrina Espírita. ATITUDE DE AMOR Um Novo Tempo para a Doutrina Espírita Pois, se amardes os que vos amam, que galardão havereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? Jesus em Mateus. 5:46 A Conferência de Bezerra de Menezes Na primeira noite após o memorável Congresso Espírita Brasileiro (1), fomos convocados para ouvir a palavra sóbria e cândida do paladino da unificação, Bezerra de Menezes, em ativo núcleo de nosso plano destinado aos empreendimentos voltados para o Consolador. Ainda invadidos pelos sentimentos sublimes despertados pelo inesquecível conclave ora encerrado na cidade de Goiânia, trazíamos nossa mente imersa em profundas meditações acerca do quanto a ser feito ante as perspectivas descerradas. No momento azado, dirigimo-nos para o salão onde se daria o conclave. Chegamos minutos antes no intuito de rever companheiros queridos que labutavam em plagas distantes e que, a convite de Bezerra, mantiveram-se ali após o congresso exclusivamente para ouvir-lhe a palestra. A lotação era para cinco mil participantes e não havia lugares desocupados. Eram os trabalhadores do evento ora realizado, militantes da Seara em outros continentes, poetas, educadores, seareiros dos primeiros tempos, personagens da história brasileira, enfim, grupo imenso; todos comprometidos com os destinos do Espiritismo. Representações de caravaneiros de todos os estados brasileiros e dos países participantes do magno evento também estavam presentes, além dos servidores anônimos que se prestaram aos mais variados serviços de amparo e defesa pelo bem da tarefa concluída no plano físico.

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Page 1: AEE - 3º Encontro de Dirigentes - pré-estudo

ALIANÇA ESPÍRITA EVANGELICA

3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE 28 de Outubro 200628 de Outubro 200628 de Outubro 200628 de Outubro 2006––––São PauloSão PauloSão PauloSão Paulo

PRÉ-ESTUDO 1 TEMA:

Proposta do Espírito Verdade através de Bezerra de Menezes para o Espiritismo nos alvores deste novo milênio.

OJETIVO:

Ampliar e alinhar a visão estratégica dos dirigentes e equipes de suporte da EAE com as diretrizes do Plano Espiritual Superior.

CONTEUDO:

Para iniciarmos o nosso pré-estudo do 3º. Encontro de Dirigentes de EAE, nós julgamos importante reafirmarmos nossa visão da Escola de Aprendizes olhando-a de fora e como um todo perante os objetivos da Doutrina dos Espíritos, o seio em que ela nasceu e se propagou para dar-lhe cumprimento.

Vale lembrar que o conteúdo da mensagem abaixo não nos é de todo desconhecido posto que nosso companheiro, e fundador da AEE, Valentin Lorenzetti, assim que retornou a pátria espiritual trouxe-nos orientações alinhadas com esta que Bezerra nos oferta. Destacamos a mensagem em que ele nos disse que o projeto do Plano Espiritual Superior, em que as EAE são pedra capital, teve inicio com a fundação desta escola em 1952 e compreendia a partir daí três períodos de 50 anos de realização tal sejam: 1º. A preparação, 2º. A implantação e o 3º. A consolidação. Deixamos ao nosso caro leitor a tarefa de ligar este dado e outros, com os que Bezerra nos oferta abaixo, reafirmando os objetivos de nossa EAE perante os da nossa inestimável Doutrina Espírita.

ATITUDE DE AMOR

Um Novo Tempo para a Doutrina Espírita Pois, se amardes os que vos amam, que galardão have reis?

Não fazem os publicanos também o mesmo?

Jesus em Mateus. 5:46

A Conferência de Bezerra de Menezes

Na primeira noite após o memorável Congresso Espírita Brasileiro (1), fomos convocados para ouvir a palavra sóbria e cândida do paladino da unificação, Bezerra de Menezes, em ativo núcleo de nosso plano destinado aos empreendimentos voltados para o Consolador.

Ainda invadidos pelos sentimentos sublimes despertados pelo inesquecível conclave ora encerrado na cidade de Goiânia, trazíamos nossa mente imersa em profundas meditações acerca do quanto a ser feito ante as perspectivas descerradas.

No momento azado, dirigimo-nos para o salão onde se daria o conclave. Chegamos minutos antes no intuito de rever companheiros queridos que labutavam em plagas distantes e que, a convite de Bezerra, mantiveram-se ali após o congresso exclusivamente para ouvir-lhe a palestra.

A lotação era para cinco mil participantes e não havia lugares desocupados. Eram os trabalhadores do evento ora realizado, militantes da Seara em outros continentes, poetas, educadores, seareiros dos primeiros tempos, personagens da história brasileira, enfim, grupo imenso; todos comprometidos com os destinos do Espiritismo. Representações de caravaneiros de todos os estados brasileiros e dos países participantes do magno evento também estavam presentes, além dos servidores anônimos que se prestaram aos mais variados serviços de amparo e defesa pelo bem da tarefa concluída no plano físico.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE Seria impossível relacionar todos, mas com intuitos que atendem a nossas ponderações do momento destacamos a presença de Robert Owen (o filho), César Lombroso, Humberto Mariotti, Milton O'Relley, Anita Garibaldi, Helena Antipoff, Edgard Armond , Torteroli, Jean Baptiste Roustaing, Benedita Fernandes, Deolindo Amorim, Herculano Pires, Carlos Imbassahy, Freitas Nobre, Toulosse Lautrec, Tarsila do Amaral, Frederico Fígner, Cassimiro de Abreu, Olavo Bilac, Castro Alves, Antônio Wantuil de Freitas, Alziro Zarur, Rui Barbosa, Antônio Luiz Sayão, Antônio Olímpio Telles de Menezes, Cairbar Schutel.

Fomos chamados para o instante aguardado. Uma pequena e singela mesa com um belíssimo ornamento de flores embelezava o palco ao lado de potente aparelho sonoro dirigido ao grande público presente. Tudo guardando extrema simplicidade. Sem cerimônias e delongas, após oração comovida por parte de nosso condutor é passada a oportunidade ao imbatível “médico dos pobres”(2):

Um Novo Tempo para o Movimento Espírita.

Irmãos, Jesus seja nossa inspiração e Kardec a luz de nossos raciocínios.

O cinqüentenário do acordo de unificação, o Pacto Áureo, ainda agora enaltecido pela comunidade espírita mundial, é vitória de incomensurável quilate espiritual para a glória do Espiritismo. Os esforços não foram em vão.

Passado o conclave nosso olhar se volta, mais que nunca, para o futuro.

Sem demérito de qualquer espécie a corações que têm feito o melhor que podem, os que aqui se encontram presentes conhecem de perto a extensão das necessidades com as quais estamos lidando.

E ainda agora, enquanto muitos se encontram inebriados com a nobre comemoração face às conquistas logradas em meio século de serviço austero, atentemos para o quanto nos falta caminhar, a fim de merecermos com justiça o título de Cristãos da nova era.

Evolução Cronológica das Idéias Espíritas.

Desde as primeiras idéias para a formação das bases organizativas do movimento, são passados quase cem anos. O progresso é evidente.

Entretanto, não será demais e insano afirmar que, a despeito das conquistas, encontramo-nos na infância de nosso movimento libertador ante a envergadura da missão a nós confiada na humanidade.

A progressão do ideário espírita está em boas mãos e a Falange Verdade continua o programa com sucesso, não obstante os empecilhos que são variados.

Inteiremo-nos com acerto sobre o que o momento espera de todos e façamos o que for preciso, a fim de impedirmos o prolongamento da conveniência prejudicial ao prosseguimento de planos maiores.

Os primeiros setenta anos do Espiritismo constituíram o período da consagração das origens e das bases em que se assentam a Doutrina, que lhe conferiram legitimidade . Heróis da tenacidade e fibra moral, dispostos a imolar-se pela causa, venceram o preconceito do tempo e a pressão da inferioridade humana no resguardo e defesa da empreitada de Allan Kardec. O último lance que delimitou esse período foi o Congresso Internacional de Espiritismo realizado em Paris (3), onde o arauto do bem, Leon Dénis, suportou a lâmina sutil da mentira e consolidou o perfil definitivo do Espiritismo como Doutrina dos Espíritos, eximindo-a de desfigurações que em muito prejudicariam sua feição educativa e conscientizadora.

O segundo período de mais setenta anos, que coincide com o fechamento do século e do milênio, foi o tempo da proliferação . Uma idéia universal jamais poderia ficar confinada a grupos de estudo ou experimentos da fenomenologia mediúnica de materialização; fazia-se necessária a intensificação dos conhecimentos dentro de um crescimento ordenado e defensivo na elaboração de um perfil filosófico. Eis o mérito das entidades promotoras da unificação e da multiplicação de centros espíritas. Sob o regime de controle e zelo foram predicados os seus objetivos primaciais. A literatura subsidiária provocou o questionamento, a discussão, o estudo, e com isso o aprendizado dilatou-se.

A primeira etapa consagrou o Espiritismo como ideário do bem, atraindo a simpatia e superando o preconceito; a segunda ensejou a difusão. Penetramos agora o terceiro portal de mais setenta anos, etapa na qual pretende-se a maioridade das idéias espíritas

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE É necessário atestar a vitalidade dos postulados espiritistas como alavanca de transformações sociais e humanas. Sua influência na cultura, nas artes, na ciência, nas leis, na filosofia e na religião conduzirá as comunidades, que lhe absorverem os princípios, a novos rumos para o bem do homem através da mudança do próprio homem.

Esse novo tempo deverá, igualmente, conduzir a efeitos salutares a nossa coletividade espírita, criando entre nós, seus adeptos, o período da atitude. O velho discurso sem prática deverá ser substituído por efetiva renovação pela educação moral. É a etapa da fraternidade na qual a ética do amor será eleita como meta essencial, e a educação como o passo seguro na direção de nossas finalidades.

Jesus definiu seus discípulos por muito se amarem, o Espírito Verdade assinalou o “amai-vos e instrui-vos” como plataforma do verdadeiro espírita, e esses ensinos deverão constituir a base do programa transformador para nossas metas ante a era nova.

Assim como nas demais fases foram programadas reencarnações missionárias, a exemplo do que sucedeu no iniciar dos séculos XIX e XX, igualmente se apronta uma geração nova para os novéis ofícios da causa, dentre os quais muitos de vós aqui presentes estão esclarecidos sobre seu auspicioso retorno às fileiras do Consolador em missões de solidariedade e renovação, enquanto os que guardam maiores compromissos na vida extra-física estão conscientes dos desafios que a todos nos esperam.

Descrevamos algo de essencial acerca dessas batalhas que enfrentaremos, para não localizarmos o “joio” onde está o “trigo” e definirmos melhor as estratégias de ação.

Nosso Maior Inimigo: o Orgulho.

Afirmamos outrora que o serviço da unificação é urgente, porém, não apressado(4). Verificamos no tempo que alguns corações sinceros e leais, entretanto, sem larga vivência espiritual, inspirados em nossa fala, elegeram a lentidão em nome da prudência e a acomodação passou a chamar-se zelo, cadenciando o ritmo das realizações necessárias ao talante de propósitos personalistas na esfera das responsabilidades comunitárias. O receio da delegação, a pretexto de ordem e vigilância, escondeu propósitos hegemônicos em corações desavisados, conquanto amantes do Espiritismo. Em verdade, a tarefa é urgente, não apressada, mas exige ousadia e dinamismo sacrificial para encetar as mudanças imperiosas no atendimento dos reclames da hora presente, e o hábito de esperar a hora ideal converteu-se, muita vez, em medida emperrante.

Ninguém pode vendar os olhos a título de caridade, porque deliberadamente o apego institucional marcou esse segundo período de nossas lides , em muitas ocasiões, com enfermiças atitudes de desamor como forte influência atávica de milenares vivências. Isso era previsível e, por fim, repetimos velhos erros religiosos...

Honrar e respeitar os antepassados e a história não significa aboná-la de todo, embora os nossos sentimentos devam ser enobrecidos no perdão, no entendimento, na oração e no trabalho. Foi o melhor que conseguimos em se considerando as imperfeições que nos são peculiares.

Na seara espírita, que declara inspirar sua ação em Jesus, o Mestre operoso, e em Kardec, o infatigável trabalhador, não deve haver o pacto insensato com os privilégios e a representatividade improdutiva. Se o Senhor deixou definido que o maior seria quem se fizesse servo de todos (5), de igual forma a função das entidades doutrinárias, de qualquer âmbito, é servir e servir sempre, mais e mais, no atendimento das extensas necessidades a vencer nas lavouras doutrinárias, cumprindo o roteiro dos deveres de orientação e apoio sem jamais avocar para si direitos ilusórios no campo do poder.

Há de se ter em conta que nos referimos ao institucionalismo como grilhão pertinente a todos nós, sem jamais vinculá-lo a essa ou àquela entidade organizativa em particular, porque semelhante marca de nosso psiquismo, por muito tempo ainda, criará reflexos indesejáveis na obra do bem.

O institucionalismo é fruto da ação dos homens; ele em si não é o nosso adversário maior e sim os excessos que o tornam nocivo.

Nosso maior inimigo , de fato, é o orgulho em suas expressões inferiores de arrogância, inflexibilidade, perfeccionismo, autoritarismo, intolerância, preconceito e vaidade, seus frutos infelizes que, sem dúvida, insuflam a institucionalização perniciosa e incentivam o dogmatismo e a fé cega, adubando a hierarquização e o sectarismo.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE Seus frutos geram sementes, e precisamos interromper essa semeadura do “joio” que sustenta a ilusão de trabalhadores desprevenidos e invigilantes.

Quando os homens forem bons farão boas instituições(6), asseverou o insigne apóstolo de Lyon, Allan Kardec.

Nossa luta deve ser íntima e não exterior, não contra organizações, mas contra nós mesmos quando em atitudes praticadas sob o manto da mentira que acostumamos a venerar em favor de vantagens pessoais.

Esses desvios perpetrados lembram os primeiros momentos do Evangelho sobre a Terra, quando teve circunscrito seu raio de ação ao Judaísmo dominante. Tal realidade levou o Mais Alto a chamar o espírito corajoso e nobre de Paulo de Tarso na ingente missão de servir para além dos muros institucionais da capital do religiosismo, e tornar universal a mensagem do Sábio Pastor.

Conclamamos novos apóstolos para a “gentilidade” nesse momento delicado de nossa seara, porque o orgulho humano reeditou, em larga amplitude, os ambientes estéreis à propagação dos ensinos do Senhor. Temos um novo centro de convergência estipulado pela egolatria humana, buscando fixar estacas demarcatórias injustas e dispensáveis para o futuro glorioso da religião cósmica da verdade e do amor.

Essa velha bagagem da alma tem solução. Melhorando os homens, melhoramos as instituições. Por isso, nossa meta prioritária jamais foi ou será incentivar dissidências a fim de comprovar a eficácia de alguma ideologia, porque, em verdade, todas cooperam para um destino comum no futuro.

Apenas não podemos mais adiar medidas, esperando que os homens acordem naturalmente para as realidades que os cercam, junto às perigosas investidas levadas a efeito pelos inimigos confessos do Evangelho do Cristo na humanidade, em ambos os planos da vida. A hora é de ação e campanha para chamar na Estrada de Damasco os que queiram suportar o sacrifício, a renúncia e a obstinação em nome de uma nobre causa que é libertar a mensagem de Jesus dos círculos impregnados de bazófia e fascinação, através de exemplos de vida e do serviço construtivo de uma mentalidade em plena identificação com a mensagem moral do Espiritismo Cristão.

A hora pede clareza e determinação para a segurança dos ideais.

Há um momento em que a atitude de amor pede a verdade a fim de escapar dos pântanos da omissão. Estamos nesse momento. As diretrizes do Espírito Verdade não pactuam com as conveniências, embora não incentive o desamor. Esse tempo é daqueles que souberem ser coerentes, sem que a coerência custe o preço da discórdia tempestuosa. O desagrado existirá, porque a verdade incomoda quem se acostumou aos caminhos largos. Estamos no tempo dos “caminhos estreitos”, e os que aceitarem perlustrá-lo não terão as coroas de glórias passageiras e nem a aclamação geral dos distraídos do caminho. Serão taxados de egoístas simplesmente por decidirem buscar a “contra-mão” das opiniões e a percorrer o caminho inverso das consagrações humanas. Entretanto, terão um “contrato de assistência” permanente e irrevogável para angariarem as condições justas ao desiderato. Contudo, justiça aqui não significa facilidades, mas ação mediadora da Divina Providência para o bom andamento dos labores encetados. Temos grupos dispostos a comprometer-se com os misteres da hora a custo de sacrifício; eles serão os apóstolos da “gentilidade” dos tempos modernos.

Respeitaremos em nome do amor a quantos ainda estagiam nas formalidades e convencionalismos. Firmaremos bases seguras fora dos limites da conveniência, para assegurar, aos mais novos que chegarão, a oportunidade de vislumbrarem horizontes que atendam as suas exigentes expectativas, com as quais renascerão no soerguimento desse período de moralização e atitude, nesse momento de Espiritismo por dentro e não fora de nossos corações.

Carecemos de um movimento espírita forte, marcado por uma cultura de raciocínios lógicos e coerentes, e por atitudes afinadas com a ética do amor.Temos sim um problema, temos um inimigo. Atitude, eis a questão. Más atitudes, eis nosso problema. Atitudes de orgulho, nosso maior inimigo.

Nossa Meta Essencial: o Amor.

Para que não nos chafurdemos em análises míopes, torna-se prioritário definir nossa grande meta em auxílio aos que mourejam na coletividade doutrinária, para maximizarem seus esforços nas direções mais nobres e úteis aos deveres dessa nova etapa de maioridade espiritual.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE A meta primordial é aprendermos a amarmo-nos uns ao s outros , para que tudo o que for criado em nome da causa espírita reflita a essência do Espiritismo em nossas movimentações.

Nossa meta essencial é o amor , a atitude que reflete Deus em nós.

Meditemos na inolvidável pergunta do Mestre: Que galardão teremos em amar somente os que nos amam? (7)

A diversidade é uma realidade irremovível da Seara e seria utopia e inexperiência tratá-la como “joio”. Imprescindível propalar a idéia do ecumenismo afetivo entre os seareiros , para que a cultura da alteridade seja disseminada e praticada no respeito incondicional a todos os segmentos . A atitude de alteridade será o termômetro do progresso das idéias espíritas no movimento, será o “trigo” vicejante e plenificado na ética da fraternidade vivida. As instituições embebidas desse espírito promoverão o diálogo franco e transparente e construirão através das relações as transformações. O desafio está lançado.

Temos como certo que as barreiras de aproximação estão mais frágeis que se imagina em alguns setores, embora muitos apostem na impossibilidade de rompê-las. Falta habilidade para conduzir processos que desafiam a inteligência das direções segmentares, e, não propriamente, o desejo de efetivá-las. Precisaremos todos de muita humildade para construir um terreno neutro como frisou Kardec (8), e de muito amor para garantir perpetuidade às novas relações de pluralismo e convivência com as diferenças.

Voltemos a atenção para a influência dos exemplos cristãos que constituem referências decisivas para os que, legitimamente, anseiam empreender o discipulado com Jesus e Kardec. Apesar das lutas humanas, necessárias e naturais, não faltaram e não faltam as balizas na Seara para que os espíritas, dispostos ao desafio de superar a si mesmos, encontrem inspiração para travarem o bom combate em direção ao crescimento e à libertação. A jornada é árdua e o calvário é doloroso, por isso muitos preferem as poltronas macias de valores temporais nos regimes institucionais.

No entanto, a despeito da certeza que guardamos sobre a atitude de amor, devemos estar conscientes sobre as sendas a seguir, a fim de não permitirmos romantismo e ingenuidade num momento de lutas ingentes. Para isso, divulguemos a diretriz a tomar para que não aprisionemos tal meta nos sonhos fantasistas do menor esforço e das crenças improdutivas.

Nossa Diretriz Insuperável: a Renovação de Atitudes .

A renovação de atitudes na edificação de uma nova mentalidade solicita uma inevitável mudança cultural em nossos ambientes doutrinários . O repúdio ao debate e a aversão ao confronto de opiniões são expressões do institucionalismo que ainda estão presentes no psiquismo humano, muita vez realimentado por organismos e oradores respeitáveis.

Quando Jesus convocou seus discípulos ao serviço do amor “deu-lhes poder”, conforme assevera o texto de Mateus(9). Reeditar esse fato é fundamental, a fim de alcançarmos melhores condições morais ao movimento espírita. Conferir poder é propiciar respostas, caminhos, horizontes, alternativas pedagógicas para instrumentalizar e capacitar alguém para alguma coisa. O Mestre, como educador, após os ingentes deveres públicos do dia, recolhia-se em colóquios íntimos com os corações dos apóstolos, ampliava-lhes as perspectivas sobre os ensinos, dimensionava as realizações extra-físicas em torno dos feitos de todo o grupo, e respondia a questões símplices, porém, de rara profundidade moral. Era ali, naqueles momentos íntimos, que se efetivava o poder de percepção e o desenvolvimento das condições necessárias ao apostolado, porque havia debates sinceros e resolução de conflitos em clima pacífico, sob a tutela do Senhor.

Hoje, mais que nunca, precisamos repetir tal episódio e permitir o “espírito do Senhor” na contenção de nossos impulsos de desagregação e isolamento. É urgente trabalhar por uma cultura de trocas e crescimento grupal , habituando-se a ter nossas certezas abaladas pelo conflito e pela permuta, para que ampliemos a capacidade de enxergar com mais exatidão as questões que supomos terem sido esgotadas. Essa diretriz conduzirá os homens a uma maior possibilidade de diálogo e intercâmbio, fazendo-os perceber a inconveniência do isolamento em muros de pseudo-sabedoria ou nas masmorras do autoritarismo institucional, ditando normas e idéias em nome de uma verdade exclusivista. Daí a importância de incentivarmos os dirigentes ao contato sadio com a dinâmica operacional dos centros espíritas e dos diversos segmentos da Seara, estabelecendo contatos, atualizando conceitos, tirando dúvidas, agendando encontros, criando ensejos ecumênicos para servirem de exemplos aos menos afeiçoados ao hábito da complacência com a diversidade do entendimento.

A melhor instituição será a que mais expandir as co ndições para o amor.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE O melhor homem será o que mais apresentar tenacidad e em amar.

A melhor Casa será a que mais implementar o regime de amor em grupo, imprimindo a seus deveres um caráter educacional.

Os heróis da fibra moral estão despedindo-se da Terra, porque cumpriram seu ministério de amor. Agora é o tempo dos atos solidários pela união das forças, relembrando o calvário no qual Jesus despediu-se glorioso, conferindo a continuidade da obra a quantos partilharam Seu percurso Divino.

Melhoremos o homem, despreocupemos dos excessos de medidas quanto à renovação de modelos institucionais que, inevitavelmente, surgirão sem pressa. Urgente é nossa adesão consciente aos princípios éticos da mensagem de Jesus atualizada pelo Espiritismo, sem o qual os modelos organizativos, por mais ajustados, vão ruir improfícuos.

Carecemos estabelecer programas centrados em valores éticos ao lado das bases fundamentais já esquadrinhadas pelo estudo. Favorecer os trabalhadores e lideranças com melhores noções sobre “As Leis Morais”, contidas na terceira parte de “O Livro dos Espíritos”, e aprofundar o entendimento sobre o inesquecível e universal sermão do monte de Jesus, assim como o fez Allan Kardec em “O Evangelho Segundo Espiritismo”, construindo um programa eficiente de renovação moral baseado na sábia filosofia de Jesus.

O conhecimento das verdades espíritas, por si, levará a velhas mazelas do saber se não for acompanhado pela vivência.

O fascínio resultante dos princípios espíritas não ocorre em função de estar o homem diante de conhecimentos novos que o surpreendem, mas sim porque está retomando o contato com idéias que já fizeram parte de seu patrimônio cultural, as quais não teve ele a capacidade de utilizar para a transformação de si mesmo, submetendo-se às injunções das idéias pagãs e do rompimento com a ética do bem. Destarte, é preciso hoje conjugar esse conhecimento, que é milenar, com a moralização, pela educação.

O tão decantado processo educacional de si mesmo passa pela melhor compreensão do mundo moral e suas implicações, que resultarão em melhor auto-conhecimento, pois, o “conhecimento de si mesmo é a chave do progresso individual”.(10)

Esse investimento no homem é a nossa chance de subtrair a noção inferior, que tenta subjugar o Espiritismo a mera religião de formalidades atualizadas, e colocá-lo, onde deveria estar, no patamar de roteiro lúcido de educação integral da humanidade.

A diretriz insuperável de Jesus continua como roteiro de rara oportunidade. Precisamos “conferir poder”. Como amar o próximo? Como obter abnegação? Como treinar a alteridade? Comprometimento é difícil para quem? É possível desenvolver a indulgência? Como dialogar em climas adversos? Como dialogar? O que é solidariedade e parceria? Como conceber a unificação em tempos de pluralismo? Ela é viável? Como oferecer essas condições de “poder” aos novos servidores da causa cristã? Qual o poder de transformação estamos viabilizando a homens comuns que encontram esperanças e alento nos celeiros de paz da casa espírita? Que temos feito para que as direções abram-se ao espírito de simplicidade? Que propostas temos a apresentar para facilitar um tempo de aproximação pacífica entre as várias tendências da Seara? Por que é tão importante essa aproximação?

O Espírito Verdade legou-nos o inspirado roteiro no “amai-vos e instruí-vos”. Instrução e amor, conhecimento e dinamização ética.

Levantemos a bandeira da unificação ética em torno da qual ser-nos-á possível atrair pela ação, mais que pelo discurso, ensejando a formação de pólos de congraçamento ecumênico entre nós, os espíritas com diversidade de idéias, mas num único sentimento, o do amor exalando a fraternidade.

Tomemos como lema a tríade inspirada do Codificador “trabalho, solidariedade, tolerância” (11), e cerremos esforços na campanha para que essa indicativa torne-se o programa da Casa e do movimento espírita mundial.

O trabalho opera as mudanças pela força das circunstâncias, a tolerância cria o clima indispensável para torná-las possíveis e a solidariedade é a mola propulsora capaz de fazê-las acreditáveis.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE De que nos valerá conhecer a imortalidade e viver intencionalmente o materialismo? Essa foi uma indagação levantada pelo Codificador com fito de chamar-nos a atenção para a essência ética do Espiritismo.(12)

Se Kardec assim indaga quanto ao Espiritismo, perguntamo-nos de que nos valerá o Evangelho sem a vivência? Por que chamar Jesus se não atentamos para Sua presença no desenvolvimento de relações eticamente ajustadas com Seus ensinos?

Enveredemos pela religião, pela filosofia ou pela ciência, estudemos o Espiritismo ou o Evangelho, adotemos essa ou aquela prática com a qual melhor nos afeiçoemos, criemos essa ou aquela entidade para servir a novas experiências, tudo isso pouco importa se não tivermos amor. Recordemos o apóstolo Paulo em sua belíssima poesia: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”. (13)

Nosso Caminho de Solução: a Educação.

Qual a solução?

Mencionamos a meta prioritária, conhecemos a diretriz insuperável, mas todos sentimos um vácuo no coração quando pensamos nesse ideário maior confrontado com a realidade moral de nosso movimento bendito. O que fazer já sabemos. A indagação que agora toma-nos a mente é: como fazer?

A melhor campanha para a instauração de um novo tempo na Seara passa pela necessidade de melhoria das condições do centro espírita, que é a célula operadora do objetivo do Espiritismo. Lá sim se concretizam não só o conhecimento e o trabalho, mas a absorção das verdades no campo individual consentidas em colóquios íntimos e permanentes, que reproduzem os momentos de Jesus com seu colégio apostólico.

Por isso, temos que promover as Casas, de posto de socorro e alívio a núcleo de renovação social e humana , através do incentivo ao desenvolvimento de valores éticos e nobres capazes de gerar a transformação.

Para isso só há um caminho: a educação .

O núcleo espiritista deve sair do patamar de templo de crenças e assumir sua feição de escola capacitadora de virtudes e formação do homem de bem , independentemente de fazer ou não com que seus transeuntes se tornem espíritas e assumam designação religiosa formal.

Elaboremos um programa educacional centrado em valores humanos para dirigentes, trabalhadores, médiuns, pais, mães, jovens, velhos, e o apliquemos consentaneamente com as bases da Doutrina.

Saber viver e conviver serão as metas primaciais desse programa no desenvolvimento de habilidades e competências do espírito.

O que faremos para aprender a arte de amar? Como aprender a aprender? Como desenvolver afeto em grupo? Como “devolver visão a cegos, curar coxos e estropiados, limpar leprosos, expulsar demônios”?

Muitos adeptos conhecem a profundidade dos mecanismos desencarnatórios à luz dos princípios espíritas, entretanto, temos constatado quantos chegam por aqui em deploráveis condições por não se imunizarem contra os padrões morais infelizes e degeneradores.

A melhoria das possibilidades do centro espírita indiscutivelmente facilitará novos tempos para o pensamento espírita, haja vista que estaremos ali preparando o novo contingente de servidores da causa dentro de uma visão harmonizada com as implicações da hora presente. Dessa forma, estaremos retirando a Casa da feição de uma “ilha paradisíaca de espiritualidade”, projetando-a ao meio social e adestrando seus partícipes a superarem sua condição sem estabelecer uma realidade fictícia e onerosa, insufladora de conflitos e de medidas impositivas, longe das reais possibilidades de transformação que a criatura pode e precisa efetivar em si mesma.

Interagindo com o meio em permuta incessante de valores e experiências, o centro espírita sai da condição de um reduto isolado no cumprimento de sua missão, e passa a delinear a formação de uma rede de intercâmbios, fenômeno esse que vem abarcando a humanidade inteira sob a designação de globalização.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE Contudo, a interação da casa doutrinária com o meio deve ser ativa a ponto de transformar-se em pólo irradiador de benesses a outras co-irmãs e, igualmente, para o agrupamento social no qual encontra-se inserida.

Por isso, mais uma vez torna-se imprescindível renovar conceitos e reciclar métodos, a fim de atingirmos os patamares de instituições multiplicadoras da mentalidade imortalista e fraternal.

Esse processo de interação social reclama posturas novas , dentre elas a de abrir canais de permanente relação inter-institucional, na qual o centro espírita catalise fulcros de cultura e modelos experimentais, transformando-se em ambiente de diálogo e convivência para dirigentes e trabalhadores de outros grupos afins, passando suas vivências e aperfeiçoando suas realizações ao tempo em que converte-se em pólo espontâneo da união entre co-idealistas, no regime do mais livre pluralismo de concepções acerca dos postulados espíritas.

Mais uma vez a visão futurista do Codificador, prenunciando esse tempo, levou-o a declarar: “esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã”. (14)

A criação desses pólos são medidas salutares contra o isolacionismo e, pela sua característica essencial de fortalecimento de idéias, ensejam uma relação mais participativa, descentralizadora, operando entre os grupos a prática da solidariedade.

Incentivaremos não só a renovação cultural nas casas espíritas, mas também a estruturação das entidades específicas que, pela sua neutralidade institucional, obterão um trânsito mais intenso junto à seara na dinamização de um arejamento cultural, no atendimento das necessidades humanas que abarrotam em solicitações e demandas.

Há serviço intenso a realizar, e devemos ver com bons olhos a multiplicidade de funções e a diversificação de medidas em favor dos clamores da sociedade.

Os dirigentes, ricos de boa-vontade e espírito cooperativo, anseiam por novos horizontes, todavia, tem faltado quem se disponha a dividir vivências ou a edificar um ambiente que se constitua verdadeira oficina de idéias e diálogo para a criação de caminhos novos.

Serão esses pólos as cooperativas de afeto cristão que permitirão aos servidores e condutores das responsabilidades doutrinárias renovarem esperanças, quebrando os circuitos de rotina dentro do labirinto de obrigações a que se renderam no ramerrão do centro espírita. Serão pólos de arejamento e solidariedade mútua regidos por intenso e espontâneo desejo de somar que, em última análise, é a unificação no que de mais sublime exprime o sentido dessa palavra.

Um Programa Renovador para o Movimento Espírita.

Estamos, portanto, meus irmãos e amigos do coração, instaurando o período da unificação ética, da maioridade das idéias espíritas através do melhor aproveitamento individual dos seareiros dispostos a mais amplos vôos de renúncia, sacrifício e amor à causa.

Assim, todos nós aqui hoje reunidos estamos convocados a cerrar esforços continuados ao programa renovador de nosso abençoado movimento espírita, com vistas a ampliar na humanidade a mensagem de esperança e libertação trazida por Jesus e explicada com lucidez pelo trabalho de Allan Kardec.

Estamos em campanha.

Campanha pela unificação com amor.

Campanha pela renovação das atitudes.

Temos um problema na Seara: as más atitudes.

Temos uma solução para a Seara: novas atitudes. Seja essa a nossa campanha no bem pelos tempos novos a que todos somos chamados.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE Todos aqui, mormente os que se acostumaram à docilidade e ternura de meu coração, não se surpreendam com a franqueza de minhas palavras.

Estejam certos que o sentimento é o mesmo e sempre será.

A clareza e a definição de minha fala são em obediê ncia incondicional e servil a ordens maiores que cumpro em nome do Espírito Verdade.

Sem perder a fraternidade, vós outros que têm o acesso livre pela palavra mediúnica, levai essa mensagem ao conhecimento de todos. Aqueles que hoje aqui se encontram temerosos ante as novas chances que logo envergarão na carne, levai convosco a esperança de que em plena infância serão bafejados pelas claridades desse momento de renovação, dentro e fora das movimentações espirituais a que se matricularão. Aqueles que servem a outras fileiras de obrigações junto à humanidade, cooperem com nosso ideal incentivando a superação dos preconceitos e abrindo picadas para a penetração das idéias espíritas frente à sociedade.

Enaltecendo a comemoração, da qual ainda agora quase todos aqui presentes tivemos a benção de acompanhar junto aos irmãos no Congresso Espírita Brasileiro, peçamos ao Senhor da Vida que fortaleça sempre os ideais em nosso coração, para que as medidas salvadoras representem mãos estendidas e guiadas pelo coração sempre pulsante no bem, em favor das lutas e do aprendizado daqueles que receberam de Deus a gloriosa oportunidade de regressarem à carne no torrão brasileiro, fruindo das benesses do Consolador Prometido. Amparemos nossa bendita Seara em seus novos dias, relembrando sempre a nossos tutelados a importância do amor.

Rememoremos como fonte inspiradora de nossa campanha a sublime e inesquecível fala de nosso Mestre: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros ”. (15)

Encontros Inesquecíveis.

Terminada a fala de nosso benfeitor Bezerra, estávamos todos como que hipnotizados pelo afeto e pela autoridade com que externava seus conceitos.

Dissera ele muito bem acerca da surpresa que, durante muitos trechos de sua alocução, tomou-nos de assalto graças à franqueza e clareza com que explanava suas idéias.

Ele fora claro e fraterno, sendo que estávamos habituados somente com sua paternal e ilimitada complacência para com a extensão de nossas necessidades.

Percebia-se durante sua apresentação que irradiações muito intensas vinham de esferas superiores, para nós ainda desconhecidas, deixando evidenciar que, além de sua grandeza espiritual peculiar, realmente ele cumpria a determinações excelsas frente aos assuntos dissertados.

Terminada a palestra, tivemos o ensejo de presenciar encontros inesquecíveis que merecem nossos registros, para que os corações na Terra meditem sobre as realidades impostas pela imortalidade na jornada dos antigos servidores da coletividade espírita.

Destacamos o abraço fraterno entre Torteroli e Bezerra que se olharam como irmãos queridos de longa caminhada; em canto discreto do salão, percebíamos um dos mais procurados para o abraço afetivo e a palavra amiga que era Jean Baptiste Roustaing, cercado por amigos da Itália e da França; em outra cena presenciamos amigos queridos vinculados às propostas do Pacto Áureo discutindo as graves medidas que os aguardavam: ali estavam Wantuil de Freitas, Manuel de Quintão, Armando de Oliveira Assis, Osvaldo de Mello, Djalma Montenegro Farias, Militão Pacheco e outros mais. Era indisfarçável o interesse de todos em fraternizar com os nomes que fizeram história no país como Rui Barbosa e Olavo Bilac, cercados por Freitas Nobre, Carlos Imbassahy e outros políticos e religiosos. Observávamos também as caravanas vindas de vários estados e países reunindo-se a esse ou àquele coração de seu interesse no campo do aprendizado, e no caso da Caravana Mineira, composta por um grupo valoroso de servidores, estava ao centro das considerações o nosso estimado Antônio Lima tecendo alvitres quanto ao futuro.

Para nós, porém, entre tantos encontros e reencontros, ficou gravado no coração o instante de abraçarmos o nosso benfeitor Bezerra.

Acompanhando-nos, discreta como de costume, a nossa Ermance Dufaux, que tem sido o coração de nossas movimentações espirituais.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE Constatei surpreendido que os olhos de Bezerra dilataram-se com o aproximar de Ermance; ele, que sempre ensaiava um termo ou outro na sua costumeira ternura, emudeceu-se, pegou as mãos delicadas da nossa amiga, beijou-as e disse: “Filha, suas mãos representam troféus luminosos da vitória do Espiritismo nascente, quando as cedeste para a sublime consecução de “O Livro dos Espíritos”, e se anseias por torná-las úteis novamente nos serviços do bem, providenciaremos rumos a teus inspirados desejos.”

Ermance enrubesceu e lacrimejou, porque o sentimento elevado de Bezerra lhe havia sondado as profundezas da alma, percebendo-lhe a súplica velada na intensa disposição de contribuir com os destinos novos da causa.

Ela, num ímpeto generoso, mas guardando a típica fleuma de uma dama francesa, osculou com um fraterno afago a cabeleira do paladino, e sem dizer uma só palavra abraçou-o incontinente, com efusivo amor.

Terminada a atividade, olhamos para o infinito no firmamento e ficamos a meditar longamente sobre o que nos aguardava no futuro...

Referências : (1) Realizado na cidade de Goiânia a 05 de outubro de 1999, em comemoração ao cinqüentenário do acordo de unificação, o Pacto Áureo. (2) Nota da editora: o texto que segue é a descrição que o autor espiritual fez da palavra de Bezerra de Menezes. (3) Congresso Internacional de Espiritismo em 1925 coordenado por Leon Dénis. (4) Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, na Comunhão Espírita Cristã, em 20 de abril de 1963, Uberaba - MG, publicada na revista Reformador de dezembro de 1975. (5) Mateus, 20:26 a 27. (6) Obras Póstumas, segunda parte, Credo Espírita, Preâmbulo. (7) Mateus, 5:46. (8) A Gênese, Allan Kardec, capítulo XVII, item 32. (9) Mateus, 10:1. (10) O Livro dos Espíritos, questão 919a. (11) Obras Póstumas, biografia de Allan Kardec. (12) O Livro dos Médiuns, item 350. (13) I Coríntios, 13:1. (14) O Livro dos Médiuns, item 334. (15) João, 13:35.

Transcrito do livro Seara Bendita, publicado pelo INEDE - Instituto Espírita de Estudo e Divulgação do Evangelho (site: www.inede.com.br / e-mail: [email protected]) ditado por diversos Espíritos e psicografado pelos médiuns Maria José C. Soares de Oliveira e Wanderley Soares de Oliveira (MG).

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

BEZERRA DE MENEZES REAFIRMA FASE DE RENOVAÇÃO DO PL ANETA

Filhos da alma: Que o Senhor nos abençoe!

A criatura terrestre destes dias, guindada pela ciência e pela tecnologia a patamares elevados do conhecimento, ainda estorcega nas aflições do seu processo evolutivo.

As conquistas relevantes logradas até este momento não conseguiram equacionar o problema da criatura em si mesma.

Avolumam-se os conflitos entre as nações apesar do esforço de abnegados missionários na área da política e da diplomacia internacionais. Cresce o conflito entre os grupos sociais, nada obstante o empenho de dedicados seareiros do Bem, tornando-se pontes para o entendimento entre os grupos litigantes.

O espectro da fome vigia as nações tecnológica e economicamente menos aquinhoadas, ameaçando de extermínio larga fatia da população terrestre, não se considerando os milhões de indivíduos que, sobrevivendo à calamidade, permanecerão com seqüelas inamovíveis.

A violência urbana, por todos conhecida, atinge níveis quase insuportáveis. E apesar do sacrifício de legisladores abençoados pelo Mundo Espiritual Superior, cada dia faz-se mais agressiva e hedionda, sem arrolarmos os prejuízos dos fatores pretéritos que a desencadearam através dos impositivos restritivos à liberdade individual e das massas.

Não podemos negar que este é o grande momento de transição do Mundo de Provas e de Expiações para o Mundo de Regeneração.

Trava-se em todos os segmentos da sociedade, nos mais diferenciados níveis do comportamento físico, mental e emocional, a grande batalha.

O Espiritismo veio para estes momentos, oferecendo os nobres instrumentos do amor, da concórdia, do perdão, da compaixão.

Iluminou o conhecimento terrestre com as diretrizes próprias para o encaminhamento seguro na direção da verdade.

Ensejou à filosofia uma visão mais equânime e otimista a respeito da vida na Terra.

Facultou à religião o desalgemar das criaturas humanas, arrebentando os elos rigorosos dos seus dogmas e da sua intolerância, a fim de que viceje a fraternidade que deve viger entre todas criaturas.

Cabe a todos nós, aos espíritas encarnados e aos Espíritos-espíritas, a tarefa de ampliar as balizas do Reino de Deus entre as criaturas da Terra.

Divulgar o Espiritismo por todos os meios e modos dignos ao alcance, é tarefa prioritária.

A dor é colossal neste momento no mundo terrestre... E o Consolador distende-lhe as mãos generosas para enxugar as lágrimas e os suores de todos aqueles que sofrem, mas, sobretudo, para eliminar as causas do sofrimento, erradicando--as por definitivo... E essa tarefa cabe à educação . Criando nas mentes novas o pensamento perfeitamente consentâneo com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo, retirando as

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE anfractuosidades teológicas e dogmáticas com que o revestiram, produzindo arestas lamentáveis geradoras de atritos e de perturbações.

Não é possível mais postergar o momento da iluminação de consciência. E o sofrimento que decorre da abnegação e do sacrifício que nos deve constituir estímulos são os meios únicos e eficazes para que seja demonstrada a excelência dos paradigmas e dos postulados da Codificação Espírita.

As criaturas humanas estão decepcionadas com as propostas feitas pelo utopismo que governa algumas mentes desavisadas. Mulheres e homens honestos encontram-se sem rumo, cansados de palavras ardentes e de propostas entusiastas, mas vazias de conteúdo e de significação.

O Espiritismo, meus filhos, é a resposta do Céu aos apelos mudos ou não formulados mentalmente sequer, de todas as criaturas terrestres.

Estais honrados com a bênção do conhecimento libertador. Estais investidos da tarefa de ressuscitar a palavra da Boa Nova, amortalhada pela indiferença ou sob o utilitarismo apressado dos que exploram as massas inconscientes, conduzindo-as para o seu sítio de exploração e de ignorância.

Vós recebestes o chamado do Senhor para preparar a terra, a fim de que a ensementação da verdade faça-se de imediato.

Unidos, amando-vos uns aos outros, mesmo quando discrepando em determinadas colocações de como fazer ou quando realizar, levai adiante o propósito de servir ao Mestre antes que o interesse de cada qual servir-se a si mesmo.

Já não há tempo para adiarmos a proposta de renovação do planeta.

Conhecemos as vossas dificuldades pessoais, sabemos das vossas lutas íntimas e identificamos os desafios que se vos apresentam amiúde, testando-vos as resistências morais.

Não desfaleçais! Os homens e as mulheres, a serviço do bem com Jesus, são as suas cartas vivas à Humanidade, a fim de que todas as criaturas leiam nas suas condutas o conteúdo restaurado do Evangelho, as colocações seguras dos Imortais e catalogadas pelo insigne mensageiro Allan Kardec.

Uma nova mentalidade, uma mentalidade nova vem surgindo nos arraiais do Movimento Espírita. Cada lutador compreende a necessidade de mais integrar-se na atividade doutrinária, a fim de que, com mais rapidez se processe a Era de Renovação Social e Moral preconizada pelo preclaro mestre de Lyon.

Não vos faltam os instrumentos próprios para o êxito, a fim de que areis as terras do coração humano, para que desbraveis as províncias das almas terrestres, porfiando nessa ação, sem temerdes, sem deterdes o passo e sem retrocederdes.

Estais acompanhando Jesus que, à frente, continua dizendo: “Vinde pois a mim, vós todos que estais cansados e aflitos, conduzindo o vosso fardo e sob as vossas aflições, comigo esse fardo é leve e essas aflições são consoladas, porque eu vos ofereço a vida plena de paz e de felicidade.”

Avancemos pois, filhos da alma!

Corações em festa, embora as lágrimas nos olhos; passo firme, inobstante os joelhos desconjuntados, Espírito erecto, não obstante o peso das necessidades.

O Senhor, que nos ama, é nossa força e garantia de êxito.

Nunca vos faltarão os recursos próprios, que vindes recebendo e que recebereis até o momento final e depois da jornada cumprida, para que desempenheis a missão que vos diz respeito hoje e quando a tivestes em épocas transatas e falhastes...

Já não há tempo para enganos. A decisão tomada precede a ação da vitória, e com o amor no sentimento, o conhecimento na mente, tereis a sabedoria de permanecer fiéis até o fim.

Que o Senhor de Bênçãos vos abençoe, amados filhos da alma.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE São os votos dos vossos amigos espirituais que aqui estão convosco e do servidor humílimo e paternal de sempre,

Bezerra ---<>---

Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da Reunião do Conselho Federativo Nacional, em 21 de novembro de 2004, na Federação Espírita Brasileira, em Brasília, DF. Nota: Texto revisado pelo Autor espiritual.

* * *

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ALIANÇA ESPÍRITA EVANGELICA

3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE28 de Outubro 2006–São Paulo

PRÉ-ESTUDO 2TEMA:

A REFORMA INTIMA DIRECIONADA PARA A FELICIDADE DO SEROJETIVO:

Trazer aos dirigentes as diretrizes do Plano Espiritual Superior com relação apostura que devemos adotar, também em relação a renovação intima, frente ao novomomento que o espiritismo esta sendo conduzido na Terra como fundamento do mundoregenerado.CONTEUDO:

Capítulo 1 do Livro Reforma Íntima sem Martírio - Ermance Dufaux.

DORES DO MARTÍRIONão consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirde s osprazeres que as vossas condições humanas vos permitem.Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco,para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais decinzas. Um Espírito Protetor . (Bordéus, 1863.) O Evangelho Segundo oEspiritismo – Capítulo XVII SEDE PERFEITOS

No capítulo do crescimento espiritual torna -se essencial distinguir o que são asdores do crescimento e as dores do martírio. Não existe reforma íntima sem sofrer, masmartírio é uma forma de autopunição; são "penitências psicológicas" que nos impomoscomo se com isso estivéssemos melhorando.

Em razão do complexo de inferioridade que assola expressiva parcela das almasna Terra, e cientes de que semelhante vivência psicológica deve -se ao nosso voluntário"afastamento de Deus", ao longo das etapas evolutivas, fazendo -nos sentir inseguros eimpotentes, hoje criamos as "capas mentais" para nos sentirmos minimamente bem elevar avante o desejo de existir e viver. Essas capas são as estrut uras do "eu ideal" quenos leva a crer sermos mais do que realmente somos, uma defesa contra as mazelas quenão queremos aceitar em nós mesmos.

A melhoria íntima autêntica ocorre pelo processo de conscientização e não pelasdores decorrentes de cobranças e conflitos interiores, que instalam "circuitos fechados" epane na vida mental.

Sem dúvida, todos sofremos para crescer; martírio, no entanto, é o excesso quenasce da incapacidade de gerir com equilíbrio o mundo emotivo, assumin do proporções efacetas diversificadas conforme o temperamento e as necessidades de cada qual. Não oconfundamos também com sacrifício - ato que ocasiona dores intensas com objetivo dealcançar alguma meta ou superar alguma dificuldade.

O que define a condição psíquica de martiri zar-se é o fato de se crer nodesenvolvimento de qualidades que, de fato, não estão sendo trabalhadas na intimidade.São as dores impostas a nós mesmos pelas atitudes de desamor, quando acreditamos no"eu ideal" e negamos ou fugimos do "eu real".

Quase sempre as dores do martírio decorrem de não querermos experimentar as

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

dores do crescimento. Um exemplo típico é quando somos convocados a examinar certaimperfeição apontada por alguém e, entre a dor da auto -avaliação e a dor da negação,preferimos a segunda, a qual integra a lista das "dores -excesso".

Dentre as formas autopunitivas mais comuns, destacamos que a maneira pelaqual reagimos a nossos erros tem sido um canal de acesso a infinitas dimensõesexpiatórias. Muitos corações transformam o erro e a insa tisfação com suas experiênciasem quedas lamentáveis e irrecuperáveis, quando a escola da vida é um gesto desabedoria e complacência convidando -nos sempre a reerguer e recomeçar, perante todosos insucessos do caminho.

Quando digo assim: "não posso mais falhar" será mais difícil a conquista de si.Dessa forma começamos a conhecer os grandes inimigos do auto -amor no nosso íntimo.Um deles é o perfeccionismo - uma das fontes de martírio que costuma dizimar a energiade muitos aprendizes da espiritualização. Querendo se transformar, partem para umprocesso de auto-inaceitação e de auto-reprovação muito cruéis, inclinando -se para acondenação. A questão não é de lutar contra nós, e sim conquistar essa parte enferma,recuperá-Ia, e isso jamais conseguiremos se não aprendermos a amar esse nosso "ladodoentio".

Essa forma inadequada de reagir a nossos erros abre porta para muitasconseqüências graves, e às vezes maiores que o próprio erro em si, tais como: estadoíntimo de desconforto.e.desassosseg o quase permanente, torturante sensação de perdade controle sobre sua existência, baixa tolerância à frustração , ansiedade de origemignorada, medo incontroláveis de situações irreais, irritações sem motivos claros, angústiaperante o.porvir com aflição e sofrimento por antecipação, excesso de imaginação antefatos corriqueiros da vida, descrença.no. esforço de mudança e nas tarefas doutrinárias,mau humor, decisões infelizes no clima emotivo de confusão mental, intenso desgasteenergético decorrente de conflitos, desâni mo - são algumas dores do martírio.

Quando permanecem prolongadamente, esses estados psicológicos configuramuma auto-obsessão que pode atingir o campo do vampirismo e de ilimitadas doençasfísicas.

Poder-se-ia indagar a origem mais profunda de tantas lu tas e teríamos que vagarpor um leque de alternativas tão amplo quanto são as individualidades. Todavia, paranossos propósitos desse momento, convém -nos refletir sobre uma das mais pertinentesatitudes que têm levado os discípulos espíritas aos sofrimento s voluntários com seuprocesso de interiorização. Sejamos claros e se m subterfúgios para o nosso bem. O cultoà dor: tornou-se uma cultura nos ambientes espíritas. Condicionou-se a idéias de quesofrer é sinônimo de crescer, de que sofrer é resgatar, quita r. Portanto, passou-se acompreender a "dor-punitiva" como instrumento de libertação, quando, em verdade,somente a dor que educa liberta. Há criaturas dotadas de largas fatias de conhecimentoespiritual sofrendo intensamente, mas que continuam orgulhosas, insensatas, hostis erebeldes.

Não é a intensidade da dor que educa, e sim o esforço de aprender amenizá -Ias.O espírita costuma "neurotizar" a proposta da reforma íntima. É a "neurose de

santificação", um modo imaturo de agir em razão da ausência de no ções mais profundassobre a sua verdadeira realidade espiritual. Constatamos que existe muita impaciênciacom a reforma íntima devido à angústia causada ao espírito devido ao contato com suaverdadeira condição diante do Universo. Cria -se assim para si, através de mecanismosmentais, as "virtudes de adorno" ou "compensações artificiais" a fim de sentir -sevalorizado perante a consciência e o próximo. São os esconderijos psíquicos nos quaisquase sempre enfurnamos para não tomarmos contato com a ''verdade pe ssoal" ...

Essa neurotização da virtude gera um sistema de vida cheio de hábitos e condutasrígidas, a título de seguir orientações da doutrina. A dota-se procedimentos que não sãosentidos e ''triturados'' pela arte de pensar. Isso nos desaproxima ainda m ais da autênticamudança e passamos então a nos preocupar com o que não devemos fazer, esquecendo

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

o que devíamos estar fazendo. Certamente esse caminho gera martírio e ônus para a vidamental.

Existem muitas dores naturais no crescimento espiritual que es tabelecem umprocesso crônico de pressão psicológica, entretanto, diferem muito da auto -flagelação,porque elas impulsionam e fazem parte da grande batalha pela promoção de todos nós.Observa-se, inclusive, que alguns corações sinceros, inseridos no esforç o autoeducativo,experimentam essa "silenciosa expiação", mas, por desconhecerem os percalços dotrabalho renovador, terminam por desistirem de prosseguir e atolam -se no desânimo.Acreditam-se piores quando constatam semelhantes quadros de dor psicológica ededuzem que, ao invés de progredirem, estão em plena derrocada. Diga -se de passagem,não são poucos os quadros com essas características que temos observado no seio domovimento doutrinário.

Freqüentemente existe um trio de sicários da alma que a chico teiam durante asetapas do amadurecimento, são eles: baixa auto-estima, culpa e medo de errar. Apesarde serem sofrimentos psíquicos, funcionam como emuladores do progresso quando noshabilitamos para gerenciá-Ios. Assim, a culpa transforma-se em auto-aferição da condutae freio contra novas quedas, a baixa auto -estima converte-se em capacidade de descobrirvalores e o medo de errar promove -se a valoroso arquivo de experiências e desapego depadrões.

Face ao exposto, indaguemos sobre quais seriam as medidas que deveriam serimplementadas nos núcleos educativos do Espiritismo, em favor da mel hor compreensãodos roteiros de transformação interior. Aprofundemos debates entre dirigentes sobre quaisiniciativas poderiam ser facilitadas aos novéis trabalhadores, em favor de um aprendizadosem os torturantes conflitos originados da crueldade aplicada a nós mesmos, quando nãosomos criativos o bastante para lidar com nossa sombra e tombamos em martírios inúteis.

Reforma íntima deve ser considerada como melhoria de n ós mesmos e não aanulação de uma parte de nós considerada ruim. Uma proposta de aperfeiçoamentogradativo cujo objetivo maior é a nossa felicidade .

Quem está na reforma interior tem um referencial fundamental para se auto -analisar ao longo da caminhada educativa, um termômetro das almas que se aprimoram;inevitavelmente, quem se renova alcança a maior conquista das pessoas livres e felizes: oprazer de viver.

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ALIANÇA ESPÍRITA EVANGELICA

3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE28 de Outubro 2006–São Paulo

PRÉ-ESTUDO 3TEMA:

A PROPOSTA EDUCACIONAL DE JESUSOJETIVO:

Situar o processo de renovação intima , preconizado pela EAE, dentro do contextoda proposta de Jesus e da Doutrina dos Espíritos para a redenção do Ser .CONTEUDO:

Destacamos duas orientações espirituais. A primeira, atualíssima, é destinada aomovimento espírita em geral, tem a ver com as diretrizes trazidas do mais alto por Bezerra,e versa sobre a relevância de primarmos por um “espiritismo por dentro”. A outraorientação, já bem conhecida de nosso movimento de Aliança, trata de maneirasemelhante da mesma questão: de buscarmos em primeiro lugar a renovação dossentimentos.

Capítulo 1 do Livro Mereça Ser Feliz - Ermance Dufaux: A Palestra de EuripedesBarsanulfoCapitulo 1 do Livro Vivência do Espiritismo Religioso: A grande Mensagem

A Palestra de Euripedes Barsanulfo

“Vem um dia em que ao culpado cansado de sofrer , com o orgulho afinal abatido, Deus abreos braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés. As provas rudes , ouvi-mebem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito,quando aceitas com o pensamento em Deus. É um momento supremo, no qual, sobretudo,cumpre ao espírito não falir, murmurando, se não quiser perder o fruto d e tais provas e ter derecomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona devencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundoterrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos,.serei s aí aclamados como o soldado quesai triunfante da refrega.”

Apesar dos volumosos afazeres junto ao Hospital Esperança<1>, Eurípedes Barsanulfosempre destaca periodicamente alguns dias para a tarefa de esclarecimento e preparação deservidores para os labores do bem.

Oportunamente, reuniu cem cooperadores desencarnados em atividade nos serviços depsicografia mediúnica durante vinte dias em regime intensivo, a fim de ministrar -nos um curso cujotítulo foi “A Proposta Educacional de Jesus”. Foram dias d e profunda meditação e sabedoria quepreencheram nossos corações de idealismo e sensibilidade.

Deixaremos a seguir um breve resumo da “aula inaugural” que serviu de fio condutor para osdebates e estudos dos dias subseqüentes, considerando que a abordagem do benfeitorcompromete diretamente a todos os que se encontram envolvidos com as atividades libertadorasda abençoada Doutrina Espírita, incluindo

“Irmãos, Jesus seja nossa inspiração.”

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

“A proposta educacional de Jesus tem por objetivo a felicidade e sua pedagogiaassenta-se no amor e na esperança. Essa felicidade, no entanto, tem um preço: aconstrução do Reino dos Céus aludido pelo Mestre na intimidade de cada ser.”

“Ele asseverou que “o Reino de Deus não vem com aparência exterior.'” Contudo,para a maioria esmagadora dos homens Deus ainda é procurado por fora - um atavismoque tem raízes em tempos imemoriais nos degraus do processo evolutivo.”

“Aqui no Hospital Esperança temos constatado todos os dias, e cada vez mais, aurgência de se conclamar os nossos co-idealistas na Terra a uma campanha pelo“Espiritismo por dentro”. Lamentavelmente, embora seja compreensível, o “vazioexistencial” que toma conta do homem comum tem sufocado também as esperançasfrágeis de muitos corações espíritas que se enco ntram à míngua de uma réstia de força.”

"Por que estariam muitos confrades nessa situação? Qual a razão de optarem pelatreva quando a luz já lhes ilumina os rumos novos?”

“Todos que aqui nos reunimos somos testemunhas dos efeitos da negligência e dainvigilância de muitos amigos queridos que foram bafejados pela luz do Consolador, masque não se deixaram penetrar pelos raios da educação espiritual.”

“Compete-nos fazer algo mais em favor desse estado de coisas!” “Precisamos dilatar as concepções dos trab alhadores da seara acerca dos objetivos

de sua adesão aos serviços de esclarecimento e edificação moral. Muitos discípulos, maisdesatentos e mal informados que infiéis, têm procurado o serviço espírita imbuídos deelevadas expectativas de vantagens pessoa is embaladas por sonhos de imediatismo efacilidades. Recorrem aos centros espíritas à cata de soluções fáceis e raramente secomprometem com a essência do “Espiritismo por dentro”. Demonstram boa vontade egenerosidade, todavia, em muitas ocasiões, as pró prias organizações doutrinárias nãolhes orientam coerentemente para serem eles próprios a solução de suas vidas, atravésdo trabalho transformador em busca da felicidade individual.”

“Expressiva parcela dos aprendizes do Consolador acostumam -se assim a veremnas tarefas um pesado ônus que assumem como se estivessem resgatando extensosdébitos na busca da felicidade, deixando de efetuar a educação de si mesmos nas tarefasde amor e estudo. Passam anos ou a própria existência nessa condição do “Espiritismopor fora”, entregues a posturas pudicas sem renovarem o sentimento, evitando o mal masnem sempre com desejo real de afastar -se dele, entrincheirando-se nos labores dacaridade como quem paga extensa conta com o próximo, mas nem sempre exercitando ossentimentos nobres com os quais faria sua redenção pessoal.”

“Procuram, quase sempre, folga e facilidade, quando o serviço do Cristo se operaexatamente na direção aposta.”

“Depois desencarnam à espera de louros que não fizeram realmente por merecer,porque plantaram o bem no próximo e nem sempre cultivaram o bem a si mesmos.”

“Levemos ao plano físico conceitos mais lúcidos sobre o que seja a felicidade paranão se confundirem em ilusões fascinantes ou teorias doutrinárias mal interpretadas.”

“Felicidade é o estado de satisfação existencial, uma questão toda interior edefinitiva, bem diferente dos momentos fugazes de bem -estar e alegria que podem serauferidos por empréstimo através do amparo espiritual, das genuflexões e da fluidoterapiaespírita.”

“Se algo podemos acrescer aos amigos domiciliados na carne será apontar oconhecimento de si mesmo como roteiro de equilíbrio e caminho para a tão almejadafelicidade, a fim de assumirem “o bom combate” no enfrentamento íntimo.”

“Os Sábios Guias da Verdade já re gistraram que a felicidade dos EspíritosSuperiores consiste em conhecerem todas as coisas<3>..”

“Saber o que se passa conosco, entender as causas de nossas reações, mergulharnos motivos de nossas afinidades e antipatias, pesquisar as origens de nossas t endênciase pendores, conhecer as raízes das emoções e pensamentos indesejáveis são conquistasinteriores, fonte imensurável de realização pessoal.”

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

“Definitivamente fica claro que ser feliz é uma questão de interiorização, umainvestigação perseverante sobre a bagagem integral do espírito. Essa viagem interiorpermitirá resgatar, paulatinamente, o reencontro com a “Centelha Divina”, o Pai que foi“abandonado” pelo Filho Pródigo, a parcela “imaculada” de Deus no íntimo. Esse passoserá um laborioso trabalho de “dissolver” os escombros morais sob os quais encontram -sesoterrados, há milênios, os valores espirituais em razão da tragédia da “orfandadeescolhida”, ou seja, a infeliz escolha de abandonar a segurança da plenitude, emcomunhão com as Leis Divinas, pela opção da “liberdade” para construir o caminho dainsatisfação e da insaciedade através do egoísmo.”

“A exemplo do Filho Pródigo do Evangelho, o homem está escravizado pelainsegurança perturbadora causando -lhe dores inconsoláveis e sentimentos de re volta,desamor e tristeza que nascem do reflexo cruel do personalismo viciado.”

“Nesse trajeto de distanciamento da “luz paternal” nasceu o maior inimigo de todosnós, o orgulho, como sendo saliente sentimento de superioridade que nos vimos obrigadosa gestar para “encenarmos” a segurança que perdemos por “desligarmos” do Pai.Sentimento esse que nos transportou a todo tipo de arbitrariedades nos domínios dailusão, ampliando mais e mais nossa frustração e desajuste consciencial.”

“A retomada desse processo exigirá o compromisso de operar incansavelmente nasfaixas da renovação interior em favor de “novos padrões de existir e de ser”, tornando -nosmerecedores dos júbilos da alma perante a vida.”

“Até agora o que compreendemos por felicidade, quase sempre, tem sido oresultado da Misericórdia Divina, que nunca nos desampara em nome do amor,oferecendo-nos recursos que “não merecemos”, a fim de que tenhamos as condiçõesmínimas para palmilhar o caminho das conquistas interiores na busca da felicidademerecida, que ninguém poderá nos retirar no futuro glorioso que nos espera a todos.”

“A advertência inesquecível de Jesus, Mestre e profundo conhecedor da psicologiahumana, assinalou que o Reino de Deus não surgiria com aparências exteriores; e esseestado íntimo assinalado é o reinado da paz, decorrente das almas felizes que se fizeram“escolhidas” para serem filhos pródigos de retorno à Casa Paternal.”

“Essa ensancha de optar e renovar os caminhos nessa direção está entregue a cadaum de nós, recordando que o simples fato de renascer no corpo físico é indício certo deque Deus abriu “Seus braços” para nós, os filhos infiéis, e nos disse: “Porque este meufilho estava morto, e reviveu, tinha -se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar -se."<4>

“Nossa tarefa será levar aos irmãos iluminados pela Doutrina da imortalidade que épreciso vencer as aparências e exterioridades, vigiar as decisões para não permitir oequívoco de procurar a felicidade nas questões efêmeras, repetindo velhas atitudes dereligiosidade estéril em comportamentos moralistas e autoritários com os quais acredita -sepossuir o reino dos céus.”

“Confirmemos, em nome da caridade que pede a sinceridade, que o joio da atitudepernóstica e arrogante tem rondado a sementeira do Cristo com ares de t rigo vicejante...”

“Os túmulos caiados, da passagem do Evangelho, estão ressurgindo em nossa obrade amor... Ressurgem nas fileiras da caridade espírita na condição daqueles queacreditam estar com suas questões espirituais resolvidas tão somente em razão darefazente sensação de paz nos movimentos abençoados das doações, que, no entanto, sefortalecem a alma, não são suficientes para resolver seus problemas de consciência –única salvaguarda para a “morte feliz”.

“Além de caridade e estudo, na forma como nossos companheiros terrenos têmcompreendido, precisamos ensinar -lhes a cultivar ideais, a desenvolverem projetos devida, a terem metas existenciais afinadas com a Proposta Educacional de Jesus e aentenderem com mais acerto o que é a humildade, para nã o cederem às injunçõesdolorosas da depressão e da desistência, tão comuns mesmo sob a tutela das tarefasdoutrinárias. Conduzamo-los o quanto antes ao contato com as Verdades Evangélicas,estudadas com sensatez e fé racional, para sedimentarem uma esteira nova demotivações em todos os campos de sua vida.”

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

“Levemos, portanto, ao plano físico, especialmente aos lidadores espíritas, amensagem de que felicidade tem preço: o preço da renúncia e da abnegação de si mesmoem favor da efetiva implantação dos ide ais renovadores no cérebro e no coração. A vitóriasobre o nosso orgulho será o triunfo da paz nos rumos da humildade – sentimento dereconhecimento da real condição de Filhos Pródigos diante do universo.”

“Enquanto muitos irmãos operosos e idealistas est ão comparando-se a missionáriosdos tempos modernos, carecemos incutir -lhes nas nascentes do coração o sentimento dehumildade no resgate da realidade da qual são portadores, que não ultrapassa a excelentecondição de filhos arrependidos em busca de melhor a e recuperação.”

“A Proposta Educacional de Jesus utiliza -se da pedagogia do amor a Deus, aopróximo e a si mesmo. Sua didática está contida no ensino: aquele que quiser vir apósmim, negue-se a si mesmo...<5>

“Portanto, amor e renúncia da personalidade exigente são nossos caminhos delibertação espiritual e resgate para a aquisição da condição de Filhos de Deus.”

“Felicidade está amplamente vinculada ao merecimento, e merecimento é a DivinaConcessão da Vida que responde aos nossos esforços no bem com m aiorespossibilidades para trabalhar e servir, aprender e amar, na conquista da harmonia interiorque é o outro nome da felicidade.”______________________________(1) Obra de amor fundada por Eurípedes Barsanulfo na vida espiritual(2) Lc 17:20(3) O Livro dos Espíritos – Questão 967(4) Lc 15:24(5) Mt 16:24

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

CONFRATERNIZAR PARA MELHOR SERVIR...Agora a sinfonia sideral,entoa hinos de imortalidade.E um coro canta em ritmo triunfal:

FRATERNIDADE, IRMÃOS, FRATERNIDADE!Jésus Gonçalves

DA ESTACA ZERO!

Quando o elevador chegou, os pe nsamentos turbilhonavam em nossa mente, prestes a entrar emebuluição. Era chegado um daqueles momentos em que concluíamos estar tudo errado e a soluçãomais própria seria recomeçar tudo da estaca zero!Há apenas 10 minutos tudo estava muito tranqüiilo den tro de uma rotina ameaçada de monotonia: foiquando o amigo espiritual dirigiu -nos a palavra.

A GRANDE MENSAGEM

- Meu amigo, muita paz em seu coração... Após um breve silêncio, prosseguiu com firmeza: vocêstêm realizado muitas obras, não é verdade?Sem entender o que estava se passando, respondemos reticentes:- É... temos feito o possível.- Sim, obras para a criança para doentes, para favelados.. muito bem. Um novo silêncio seguiu -se àspalavras do amigo espiritual.- Fique sabendo, meu amigo, que, não o bstante essa demonstração de esforço, essas obras nemsempre merecem ser contabilizadas do lado de cá...- Não entendi, interrompemos, até que um pouco agressivamente, destoando do clima de respeitoque reinava no ambiente.- É fácil e uma análise honesta o levará a conclusões acertadas; vejamos o seguinte; fez outra pausa eprosseguiu: Considere, prezado amigo, que se vocês hoje trabalham é porque, de uma formaindireta, a Doutrina Espírita os obriga a tal , não é mesmo?Diante da indagação confessamos a no ssa surpresa e pedimos ao generoso irmão espiritual queprosseguisse.- É isto mesmo: até certo ponto trabalham por obrigacão e, conquanto seja louvável a reforma dosatos, o que se pretende aqui é, na realidade, a reforma dos sentimentos.- Mas será que não poderemos começar dessa forma?- Não, meu amigo, interrompeu-nos, qualquer tentativa de se inverter a ordem natural das coisas serádesastrosa: primeiro, a renovação dos sentimentos e como conseqüência, a renovação dos atos.- Então qual será a solução para tão grave problema? perguntamos curiosos.- Não interferimos no setor executivo que compete a vocês, exclusivamente. Boa tarde meu amigo, emuita paz.

UMA VERDADE INCONTESTE

Após esse evento, o amigo leitor poderá compreender as inúmeras horas que dis pendemos emprofunda meditação. Realmente o amor escasseia entre os nossos confrades. Muitos constróem obrasadmiráveis e quando solicitados ao trabalho desprezam os assistidos, encarando -os como peças deum jogo, ou até mesmo maltratando -os. Dentro das reflexões, veio-nos á mente um grande lar decrianças que visitamos no crepúsculo da década de sessenta e onde os dirigentes eram autênticosfeitores.Não precisamos ir mais longe para concluirmos que o trabalho mecânico prolifera dentro das obrasespíritas. Anotávamos as nossas considerações quando recebemos um telefonema:- Olha, aquela entidade que se manifestou na quinta -feira passada, para reforçar o que havia ditomandou o sequinte recado: paradoxalmente, há certas obras nas quais os trabalhadoresprocuram dar amor para os semelhantes conquanto não saibam amar entre si!

UMA CONDIÇÃO INERENTE

Não saber amar é uma condição inerente ao nosso estado evolutivo, seres que somos recém -saídosda animalidade. Contudo, se estamos dispostos a promover a reforma int erior, torna-se imprescidível

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

começarmos pela renovação dos sentimentos para que possamos, nas obras que construirmos,dignificá-las com um atendimento verdadeiramente cristão.

E QUAL A FINALIDADE DA ALIANÇA?

Em nossas preocupações, fomos conversar com o n osso Comandante Armond que, após o relatoinicial, respondeu:- Mas essa tendência era de se esperar, levando -se em conta que todos nós emergimos há pouco doprimitivismo e hoje nos empenhamos no sentido de nos vencermos a nós mesmos para alcançarmosa perfeição. Respondendo á sua pergunta, prosseguiu o Cmte., pondere o seguinte: qual a finalidadeda Aliança? Não é a evangelização? E a base desta não é o "amai -vos uns aos outros"? Isto nãoé, porventura, aprimoramento de sentimentos?Realmente, amigo leitor, a Aliança Espírita Evangélica tem por objetivo precípuo uma verdadeiraaliança, um movimento de confraternização de grande amplitude com efeitos extraordinários, pois,amando-nos como irmãos, de forma incondicional e irrestrita, estaremos aptos a amar os nossossemelhantes. Por outro lado, não nos esqueçamos, seremos beneficiados por essa grande fraternidadeno que se refere á nossa sustentação espiritual.

META PARA O FUTURO

Estamos prestes a um grande passo que nos permitirá o ingresso na vivência frater nal.CONFRATERNIZAR PARA MELHOR SERVIR será o nosso lema e, atentos que estamos,ouvimos a sinfonia sideral de Jésus Gonçalves entoando seus hinos de imortalidade e o coro emritmo triunfal cantando: FRATERNIDADE, IRMÃOS, FRATERNIDADE!

Jacques Conchon

Diretor Geral da Aliança

Estando em contato com o Plano Espiritual desde 1985, através de GruposMediúnicos de Sustentação, em várias ocasiões temos tido oportunidade de dialogar comcompanheiros discípulos e servidores desencarnados. Uma parte deles comunicam-separa trazer-nos palavras de estimulo para a boa luta, reafirmando os benefícios queobtiveram na vida espiritual através de seus testemunhos aqui na Terra. Uma parcelamaior, trazem-nos suas queixas, indignações e advertências: não encontraram em si ascondições mínimas para uma integr ação de paz no mundo espiritual. Outros mais secomunicam revoltados, pois suas folhas de serviço não lhes outorgou privilégiosesperados. E mais alguns ainda, perturbados, assediam nossos meios e companheirosencarnados buscando compensações pelo “céu que não encontraram” , mesmo tendosidos admitidos após a EAE ao grau de “Discípulos de Jesus”.

São situações que nos remetem a profundas reflexões e ações como dirigentesde EAE, para que não percamos de vista a priorização da iniciação intima de cadaaprendiz a par de todas as atividades que ele normalmente é encaminhado a fazer.

P.Avelino

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ALIANÇA ESPÍRITA EVANGELICA

3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE28 de Outubro 2006–São Paulo

PRÉ-ESTUDO 4TEMA:

AUTOCONHECIMENTOOJETIVO:

Ampliar nosso entendimento a respeito do autoconhecimento, facilitando eampliando nossas abordagens ao tema Reforma Intima e Caderneta Pessoal .CONTEUDO:

Destacamos algumas orientações espirituais o espíri to HAMMED enfeixadas nolivro Os prazeres da alma, e um texto de Irmão José do Livro Se teus olhos forem bons.

AfetividadeTudo o que existe tem sua origem no amor - essência fundamental de todasas coisas que vivem sobre a Terra. A busca do amor é o principal anseio detodo ser humano.

A história da vida de cada criatura é um relato sobre seus antecedentes vivenciais; o conjunto de suasexperiências pretéritas somadas às de sua existência atual. Quando um indivíduo conta sua história pessoale única, estamos apenas ouvindo sua própria interpretação, filtrada por suas crenças, valores, argumentos,pressuposições, cultura, elementos de que ele se utiliza para nos apre sentar seu modo de pensar e de ver omundo.

Podemos contar muitos fatos e ocorrência s sobre nós, dando maior importância a alguns aspectos eignorando outros, ou mesmo selecionando diferentes atos e comportamentos que tivemos nas mais diversasocasiões. Somos seletivos por natureza, e tudo o que falamos, pensamos ou fazemos tem certa rel atividadequando comparado com outros momentos, situações ou fases evolutivas.

Cada um de nós possui uma individualidade original e exclusi va. Utilizando-nos de uma singelametáfora, podemos dizer: "Toda vez que Deus cria um Espírito, Ele quebra o molde" .

A alma passa por um grande número de encarnações no curso dos séculos, sendo diversificadas suasexperiências na área da afetividade. Como resultado disso, o Espírito adquire, nesse pro cesso, um conjuntopeculiar de conhecimentos, ou seja, vive inú meras situações e ocorrências na noite dos tempos.

Não somos o que pensamos, somos o que sentimos. A busca do amor é o principal anseio de todo serhumano. Ele é legítimo e saudável, e nos incentiva ao despertar da inteligência e dos talentos inatos, a fimde criarmos, renovarmos e crescermos, quer no cam po da religião, da filosofia, quer no campo da ciência,da arte e em outros tantos setores do desenvolvimento humano.

Tudo o que existe tem sua origem no amor - essência fundamental de todas as coisas que vivem sobrea Terra.

O ponto de partida de todas as ações humanas é a alma nosso mais profundo centro amoroso -, quetransmite energeticamente a afetuosidade para nossos sentidos físicos periféricos, isto é, para o nível físico -sensitivo.

A aspiração do amor causa em inúmeros indivíduos uma sen sação de inadequação ou medo; por essemotivo, eles a reprimem, de modo inconsciente ou voluntário. No entanto, apesar de tenta rem recalcar ou"apagar" a emoção, eles nunca conseguirão silen ciar por muito tempo o sentimento amoroso que flui daintimidade da própria alma.

Nosso grande equívoco é acreditar que o desejo de amar é motivo de fraqueza, vergonha, submissãoou domínio. Esse anseio, quando reprimido, acarreta conseqüências angustiantes e desas trosas, tanto naárea física como na psicológica.

Os Espíritos não têm sexos "( ... ) como o entendeis, pois, os sexos dependem do organismo. Entreeles há amor e simpatia baseados na identidade de sentimentos" 1.

A soma de todos os atos de nossa história de vida poderia ser resumida unicamente no fato de que não

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

somos nem santos nem vilões, apenas criaturas em busca do amor. Por certo, poderíamos dizer que,apesar dos mais diversificados "pontos de vista" e "mode los de mundo" que possuímos, o desejo de amarou a "identidade de sentimentos", é o mais sublime propósito da existência de todo ser humano.

Usamos mecanismos de evasão, por exemplo, a robotização - serviços automáticos sem prazer oucriatividade -, para compensar nossa insatisfação no amor, trabalhando incessante e exaustivamente. Emoutras ocasiões, aspiramos à completa aprovação alheia de tudo que fazemos ou acreditamos parapreencher a sensação de falta e incompletude que toma conta de nosso universo afetivo.

Queremos ser compreendidos a qualquer preço, parecer perfeitos, importantes, impressionar aspessoas. A máscara é a vontade de ser aceito plenamente por todos; em última análise, querer forçar aspessoas a nos aceitar, custe o que custar. A atitude de compreen der e de amar só é satisfatória quandosincera e espontânea.

A concepção junguiana de sombra - modelo ou representação de tudo aquilo que não admitimos ser eque nos esforçamos por ocultar e/ou valores inconscientes e qualidades em potencial esquecidas nasprofundezas de nossa intimidade que precisamos despertar dentro de nós.

Nesse sentido, disse Lucas: "Pois nada há de oculto que não se tome manifesto, e nada em segredoque não seja conhecido e venha à luz do dia" 2.

Quando um indivíduo vai gradativamente tomando contato com os aspe ctos de sua sombra, ele se tomacada vez mais consciente de seus impulsos, emoções, sentimentos e atributos que igno rava ou negava emsi mesmo. A partir daí, consegue perceber claramente nos outros os mesmos conteúdos inconscientes quenão via ou não admitia em si mesmo. Afinal, pensa consigo mesmo:"Não me importo, todos somos iguais. Possuímos a mesma estru tura humana, só precisamos aprender aachar o equilíbrio, pois a virtude está no caminho do meio".

No amor ou afetividade está incluída a habilida de de ver e reconhecer a relatividade da vida, em toda asua validade e seu perfeito equilíbrio. "Entre eles (os Espíritos) há amor e simpatia baseados na identidadede sentimentos".

A dignidade da pessoa humana não está fundamentada em "parecer amar", e sim em "amarverdadeiramente". O verniz enco bre o mal, mas não o suprime; um sepulcro pintado de branco parecerámenos lúgubre, todavia continuará sendo um sepulcro.

O hipócrita dissimula ser o que não é, buscando no fingimento uma cobertura para continu ar sendoaquilo que de fato quer parecer aos olhos do mundo.

No lugar em que o amor reina, não há imposição e repressão; onde a imposição e a repressãoprevalecem, o amor está ausente. A autêntica afetividade está associada a uma ampliação de consci ência ea um amadurecimento espiritual. Quem a possui aprende a ser caridoso, generoso, benevolente, deixandoos outros livres não apenas para errar, para aprender, para discordar, mas também para amar,reconhecendo que as fragilidades que muitas vezes recrimi namos nos outros podem ser as nossas amanhã.

HAMMED – Os prazeres da alma – pág. 571 Questão 200Os Espíritos têm sexos?"Não como o entendeis, pois, os sexos dependem do organismo. Entre eles há amor e simpatia baseado s na identidade desentimentos."2 Lucas, 8:17

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

Autoconhecimento IO autoconhecimento é a capacidade inata que nos permite perceber; de formagradativa, tudo que necessitamos transformar. Ao mesmo tempo, amplia aconsciência sobre nossos potenciais adormecidos, a fim de que possamos vir aser aquilo que somos em essência.

O autoconhecimento nos dá a habilidade de saber como e onde agem nossos pontos frágeis e até aquem atribuímos nossas emoções e sentimentos, facilitando -nos compreender melhor os que nos rodeiam.Caminhar no processo do autoconhecimento significa desenvolver gradativamente o respeito aos nossossemelhantes, impedindo que façamos projeções triviais e levianas de nossas deficiências nos outros.

Apenas quando tivermos um considerável conhecimento de nós mesmos é que po deremos ajudarefetivamente alguém. Se desconhecemos nosso mundo interior, como poderemos transmitir segurança edeterminação ou dar força aos outros? O autoconhecimento requer constante auto -reflexão.

Muitos relacionamentos não dão certo porque as pessoa s não olham para dentro de si mesmas, nãopercebendo, assim, seus pontos vulneráveis e suas limitações. Quando atenuamos ou amenizamos ascríticas a nosso respeito e a respeito dos outros, estamos assimilando de forma verdadeira as lições que oautoconhecimento nos proporciona.

Não são os grandes conflitos que tomam nossas relações (de negócios, de amizade, de farm1ia,conjugais) malsucedidas, e sim um conjunto de "insignificantes diferenças", reunidas através de longoperíodo de tempo. Cobranças, indelica dezas, petulância, insensibilidade, autoritatismo, desinteresse,impaciência, desrespeito - essas pequenas faltas no dia-a-dia podem destruir até mesmo as mais antigas eafetuosas convivências.

Embora não possamos perceber de forma clara e direta, lançamo s na vida interpessoalpensamentos e emoções inaceitáveis. Eles formam nosso lado escuro - aquela área do inconsciente quegoverna e, ao mesmo tempo, dita as normas tanto nos confrontos desagradáveis como nos ímpetos dedeboches e gracejos em nossos inúmer os relacionamentos.

Descobrimos o quanto nosso "eu oculto" está em plena atividade quando rimos exageradamente deuma pessoa que escorrega na rua, ou que se equivoca diante de uma palavra, ou mesmo quando ela sofrealgum tipo de comparação sarcástica com ponto "censurado" do seu corpo.

Nossa "área sombria" é uma região inexplorada e indomada que atua de forma imperceptível emnossas ações e atitudes. Geralmente, é essa "área" que participa de nossas "supostas brincadeiras" einfluencia com precisão o tipo de palavras engraçadas e picantes que deveremos usar nas piadas chulas,nas expressões maliciosas e zombeteiras.

A mensagem subliminar desse nosso "mundo oculto" aparece quando nos horrorizamos com ocomportamento sexual das pessoas, recriminando e discr iminando cruelmente raças, credos e grupos de"minoria".

Os demônios, na Idade Média, e igualmente as bruxas e hereges simbolizaram brutais projeções denosso desconhecido "lado escuro". Suplícios e fogueiras, guilhotina e ferro em brasa são marcas queassinalaram a história da humanidade com os ferretes da nossa crueldade inconsciente. É surpreendentecomo nossas tendências desconhecidas sempre arrumam uma forma de se "dourarem" de princípiosfilosóficos, redentores ou salvacionistas.

O desconhecimento de nossa vida interior profunda nos conduz ao vale da incompreensão denossos sentimentos para com nós mesmos e para com os outros. "( ... ) os Espíritosforam criados simples eignorantes (. .. ) Se não houvesse montanhas, o homem não poderia compreender qu e se pode subir edescer, e se não houvesse rochedos, ele não compreenderia que há corpos duros. É preciso que o Espíritoadquira experiência e, para isso, é preciso que ele conheça o bem e o mal ( ... )" 1.

Projetamos nossa sombra quando "pegamos alguém para Judas" 2; quando denegrimos e julgamos asexualidade alheia sem nos dar conta dos próprios conflitos sexuais. Ela não somente se manifesta em umindivíduo, mas pode exprimir -se em um corpo social inteiro: nas perseguições raciais (nazismo, apartheid, KuKlux Klan e outros tantas) e nas chamadas "guerras santas" ou "religiosas". Em outras circunstâncias, narepugnância e no ódio visivelmente explícitos e sem controle revelados por meio de palavras e gestosviolentos; na aversão ou irritabilidade diante de certas reportagens publicadas pelos veículos de divulgação;nas atitudes de cinismo e nas mais corriqueiras situações e acontecimentos da vida social; e também nasprojeções satíricas ou maliciosas em presença de pessoas consideradas "diferentes". Já é tempo de nãomais apontarmos o "cisco" no olho alheio.

Lembremo-nos de Jesus Cristo, o Notável Terapeuta de nossas almas, ao analisar os conflitos queatormentavam os seres humanos por não admitirem os diversos aspectos da própria sombra: "Assume logouma atitude conciliadora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para não acontecer queo adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão" 3.

Nossos piores inimigos ou adversários estão dentro de nós, não fora. É imprescindível nos

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

reconciliarmos com os opositores íntimos, ou seja, enxergar com bastante nitidez nosso "lado escuro", paraatingir paz e tranqüilidade de espírito.

Não somos necessariamente aquilo que parecemos ser. O autoconhecimen to é a capacidade inataque nos permite perceber, de forma gradativa, tudo que necessitamos transformar. Ao mesmo tempo, ampliaa consciência sobre nossos potenciais adormecidos, a fim de que possamos vir a ser aquilo que somos emessência.

HAMMED – Os prazeres da alma – pág. 611 Questão 634Por que o mal está na natureza das coisas. Eu falo do mal moral. Deus não poderia criar a Humanidade emmelhores condições?"Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e ignorantes (115). Deus deixa ao homem a escolha do caminho;tanto pior para ele, se toma o mau: sua peregrinação será mais longa. Se não houvesse montanhas, o homem nãopoderia compreender que se pode subir e descer, e se não houvesse rochedos, ele não compreenderia que há corposduros. É preciso que o Espírito adquira experiência e, para isso, é preciso que ele conheça o bem e o mal. Por isso, há aunião do Espírito e do corpo (119)."

2 Nota da EditoraExpressão alusiva ao apóstolo Judas lscariotes, aquele que traiu Jesus e que caiu na antipat ia do povo. Até hoje,infelizmente, esse episódio é lembrado e o boneco que o representa é malhado e queimado no Sábado de Aleluia, empraça publica.

Autoconhecimento IISó tememos o que desconhecemos. O autoconhecimento requer umconstante exercício, no reino do pensamento reflexivo, sobre as sensaçõesexternas e internas. Viver uma vida sem reflexão é como escutar uma músicasem melodia.

Aqueles que não conhecem a si mesmos dificilmente terão um bom relacionamento com os outros. Oser humano deve afastar de sua vida hábitos e crenças que o tomam inconsciente da própria vida íntima. Sótememos o que desconhecemos. O autoconheci mento requer um constante exercício, no reino dopensamento reflexivo, sobre as sensações externas e internas. Viver uma vida s em reflexão é como escutaruma música sem melodia.

Examinando o Novo Testamento com os olhos da psicologia, chegamos à conclusão de que JesusCristo foi uma criatura extra ordinária e fascinante, um psicoterapeuta por excelência, além designificativamente moderno. As palavras, os atos e a vida do Mes tre possuem, sob muitos aspectos, umsignificado oculto que é desvendado por todos aqueles que possuem "olhos de ver e ouvidos de ouvir".

Narra-nos o apóstolo Mateus: "(...) ele dirigiu -se a eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos, porém,vendo que caminhava sobre o mar, ficaram atemorizados e diziam: É um fantasma! E gritaram de medo.Mas Jesus lhes disse logo: Tende confiança, sou eu, não tenhais medo. Pedro, interpelando -o, disse:Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro sobre as águas. E Jesus res pondeu: Vem" 1.

A água é a imagem da dinâmica da vida, -das energias e dos conteúdos desconhecidos da alma, dasmotivações secretas e ignoradas. Ela é o simbolismo da "sombra"2, da vida inconscien te, ou "além-mar" denossa existência de espíritos imortais. A água re presenta tudo aquilo que está contido imperceptivelmentena alma, e que o homem se esforça para trazer à superfície porque pressente que poderá alimentá-lo esustentá-lo seguramente.

O Mestre pairava sobre as águas, ou seja, dominava o lado escuro da natureza humana. Ele entendia omedo e a insegurança em que viviam os homens - efeitos da sombra pessoal e coletiva e os motivos dadesunião ou segregação da maioria das pessoas e dos grup os sociais.

Renegamos ou não percebemos de forma lúcida essa área ocul ta e profundamente influente que existeem nossa intimidade. Por essa razão, projetamos nossa sombra "lá fora", nas qualidades ou nas atitudesdesagradáveis dos outros. Quando sentimos grande admiração por uma criatura, ou quando reagimosintensamente contra alguém, essa reação talvez seja a manifestação de nossa sombra.

A negação da sombra faz com que abominemos as deficiên cias alheias, evitando vê-Ias em nós.Também atribuímos aos outros nossos potenciais não desenvolvidos, fazendo deles heróis ou gurus -nutrimos enigmáticas alianças ou paixões desmedidas.

A sombra surge sempre em nosso cotidiano; por exemplo, quando lançamos nossas emoções ocultas,nossa fragilidade, nossa insegurança e nossos medos em algo ou alguém.

"Diabo" - do grego diábolos e do latim diabolus - significa literalmente "o que separa", "o que desune". A"separação" é que nos impede de ver a unidade que há em nós e a unidade de todos nós, porquantodificulta a percepção dos diferentes aspectos evolutivos em nossa intimidade. Ao aceitarmos nossos

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

"opostos" (autoritarismo-subserviência, bajulação-desprezo, futilidade-desleixo, artimanha-credulidade,possessividade-insensibilidade), aprendemos o ponto de equilíbri o das polaridades - é admitindo os ladosque chegamos ao meio-termo.

Ao aceitarmos a "unidade" ou "caminho do meio", começa mos a dar fim à nossa rivalidade com nósmesmos e com os outros. Ficamos a favor de nossa realidade, ao invés de hostilizá~la.

Nossa visão de mundo ainda depende dos lados positivo e negativo; da nossa ambivalência de sereshumanos em crescimento evolutivo; em outras palavras, da coexistência de atitudes, tendên cias esentimentos opostos, inerentes à condição humana.

A qualidade mediadora para unir os opostos e que nos leva ao equilíbrio se chama amor. O amor uneas pessoas e, ao mesmo tempo, as interliga com as outras criaturas.

Não podemos projetar nossas atitudes rudes, sombrias, insu portáveis e complicadas sobre entidadesexteriores, como os "demônios". A característica básica daqueles que acreditam em seres criadosespecificamente para o mal é buscar constantemente um "bode expiatório" para tudo na vida. As criaturasque assim crêem precisam, no fundo, negar seu lado fraco ou impulsos inaceitáveis, culpando o mundo pelodesequili'brio que elas não vêem em si mes mas. São consideradas caçadoras crônicas de bodes expiatóriose quase sempre escapam de suas responsabilidades, atos e conse qüências com uma projeção do tipo: "odiabo ou os maus espíritos me levaram a fazer ou falar isso".

O Espiritismo ensina que o desequilíbrio reside na intimidade dos indivíduos; quando temos a coragemde ouvir os nossos "demônios" interiores - que simbolizam alguns aspectos de nossa sombra, isto é, aquelastendências em nós que mais tememos e das quais fugimos -, atingimos com mais facilidade nossaautomelhoria. "Se houvesse demônios, eles seriam obra de Deus, e Deus seria justo e bom se houvessecriado seres devotados eternamente ao mal e infeli zes? Se há demônios, eles habitam em teu mundoinferior e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo, um Deus maue vingativo ( ... )"3.

"( ... ) ele dirigiu-se a eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos, porém, vendo que caminhava sobreo mar, ficaram atemorizados (. .. )". O Mestre de Nazaré nos convida a andar sobre as águas, a não sentirmedo de olhar para dentro de nós mesmos e sondar as nossas profundezas. A sombra parece ser um"espectro horrível" que habita no sso íntimo; no entanto, ao trazermos nosso lado escuro à luz daconsciência, veremos que se trata apenas de nós mesmos, "viajores do Universo", carentes deaprendizagem e conhecimento da Inteligência Divina que se manifesta dentro e fora de nós.

HAMMED – Os prazeres da alma – pág. 65

1 Mateus, 14: 25 a 29.

2 Nota da EditoraVer a definição de sombra no capítulo "Afetividade" ( acima).

3 Questão 131Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra?"Se houvesse demônios, eles seriam obra de Deus, e Deus seria justo e bom se houvesse criado seres devotadoseternamente ao mal e infelizes? Se há demônios, eles habitam em teu mundo inferior e em outros semelhantes. Sãoesses homens hipócritas que fazem de um Deus justo, um Deu.f mau e vingativo, e crêem lhe serem agradáveis pelasabominações que cometem em seu nome. "

Nota - A palavra demônio não implica a idéia de Espírito mau senão na sua significação moderna, porque a palavragrega daimôn, da qual se origina, signi fica gênio, inteligência, se emprega para designar os seres incorpóreos, bonsou maus, sem distinção. ( ... )

RespeitoSomente optando pelo auto -respeito é que conseguiremos orespeito alheio. Encontraremos nos outros a mesma dignidade quedamos a nós mesmos.

De que maneira as pessoas nos tr atam? Sentimo-nos constantemente usados ou desrespeitados? Àsvezes, permitimos que os ou tros nos tracem metas ou objetivos sem antes nos consultar? Sabemosdistinguir quando estamos doando realmente ou quando estamos sendo explorados? Respeitamos nossosvalores e direitos inatos? Costumamos representar papéis de vítimas ou de perfeitos?

A pior situação que podemos viver é passar toda uma exis tência sem nos dar o devido amor e respeito,fazendo coisas completamente diferentes do que sentimos.

Nossos sentimentos são parte importante de nossa vida. Se permitirmos que eles fluam em nós, entãosaberemos o que fazer e como nos conduzir diante das mais variadas situações do cotidiano.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

Em virtude disso, não devemos nos esquecer de que, quando nos respeitamos plenamente, mostramosaos outros como eles devem nos tratar.

Se nós não nos aceitamos, quem nos aceitará? Se nós não nos amamos, quem nos amará?Marcos relata em seu Evangelho a seguinte orientação: "Pois ao que tem será dado, e ao que não tem,

mesmo o que tem lhe será tirado" 1.Realmente, "será dado" (respeito) ao que se respeita e não "ao que não tem ou pensa ter". Assim

funciona tudo em nossa vida íntima - "temos o que damos". Devemos esperar dos outros a mesma dignidadeque damos a nós mesmos.

Examinemos nossos sentimentos e atitudes e nos pergunte mos: Por que permito que me tratem comdesconsideração? O que estimula os outros a se comportarem com desprezo em rela ção à minha pessoa?

Se nós não nos auto-responsabilizamos pela forma como so mos tratados, continuaremos impotentespara mudar o contexto penoso em que estamos vivendo. É muito cômodo culpar os ou tros por qualquerdesilusão ou sofrimento que estejamos passan do. Não é fácil aceitar a responsabilidade pelas nossaspróprias ilusões e desenganos.

Quando renunciamos ao controle de nós mesmos, com toda certeza outros indivíduos tomarão asrédeas de nossa vida.

Somos iguais perante os olhos da Divindade. "(...) todos tendem ao mesmo fim e Deus fez suas leispara todos. Dizeis freqüentemente: o sol brilha para todos. Com isso dizeis uma verdade maior e mais geraldo que pensais" 2.

Realmente "o sol brilha para todos", pois "(...) Deus não deu, a nenhum homem, superioridade natural,nem pelo nascimento, nem pela morte (...)".

Não somos nem melhores nem piores que ninguém. Ao recu sarmos o respeito a nós mesmos, estamosabdicando do direito de exigi-Io. Sem senso de valor individual, nos sentiremos diminuídos diante do mundoe destituídos da habilidade de dar e de receber amor.O mais valioso tesouro que possuímos é a dignidade pessoal. Não é lícito sacrificá -la por nada ou porninguém. Quando autorizamos os outros a determinar o quanto valemos, uma sensação de vazio nos tomaconta da alma.O autodesrespeito é um grande desserviço a nós me smos.Quando ele se instala em nossa casa mental,passamos a não mais prestar atenção aos avisos e intuições que brotam espontaneamente do reino interior.As vozes de inspiração divina são sempre idéias claras, providas de síntese e simplicidade, que a VidaProvidencial murmura no imo de nossa alma.

Quando nos respeitamos, somos livres para sentir, agir, ir, di zer, pensar e saber o queautodeterminamos, confiantes de que, se estivermos prontos, no tempo exato o Poder Superior do Univer sonos dará todo o suprimento, todo o apoio e toda a orientação para cumprirmos o sublime plano que Ele nosreservou.

Somente optando pelo auto-respeito é que conseguiremos o respeito alheio. Encontraremos nos outrosa mesma dignidade que damos a nós mesmos.

HAMMED – Os prazeres da alma – pág. 69

1 Marcos, 4:25.

2 Questão 803Todos os homens são iguais diante de Deus?"Sim, todos tendem ao mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis freqüentemente: O sol brilha para todos. Com isso

dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais."

Nota - Todos os homens serão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem com a mesma fraqueza, estão sujeitosàs mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Portanto, Deus não deu, a nenhum homem, superio ridadenatural, nem pelo nascimento, nem pela morte. Diante dele, todos são iguais.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

Autoconhecimento IIIQual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida eresistir ao arrastamento do mal?- Um sábio da antiguidade vos disse:"Conhece-te a ti mesmo",

("O Livro dos Espíritos", questão no. 919)

Sem dúvida, autoconhecer-se é constatar a sua essência espiritual e a sua origemdivina; em outras palavras, autoconhecer-se é tomar consciência do seu deus interno, vivendoem perfeita integração consigo mesmo ...

Quem procura se autoconhecer despreza o que é transitório, porquanto verifica que amatéria está sujeita a ininterruptas transformações; quem se esforça pelo autoconhecimentoexercita o desapego, não valorizando aquilo que se constitui em elemento gerador de carmanegativo.

O Espiritismo, revivendo o Evangelho, ensina o homem a autoconhecer -se através dopróximo; o próximo é o seu laboratório na tarefa de mergulhar mais profundamente na própriaintimidade ...

Os que se isolam, fugindo do contato social, aspirando a uma ascese solitária, não logramo seu intento, porquanto o próximo é o estímulo externo que lhe põe à mostra o interior, lhespossibilitando o aperfeiçoamento das qualidades e o combate sistemático às deficiências.

Quem vive disperso de si mesmo não se descobre e, conseqüentemente, não reverencia aVida; quem não se ama, com certeza, não amará aqueles com os quais foi chamado a conviver ...

Sócrates, a quem se atribui a frase em questão - "Conhece-te a ti mesmo" -, através' dachamada maiêutica, induzia a todos a tomarem consciência da Verdade que existe no âmago decada ser; quando questionado, questionava e, das abordagens mais simples, chegava às maiscomplexas. E, porque libertava o pensamento, foi condenado à cicuta.

Jesus afirmava que o Reino Divino se encontra dentro de cada um e concitava os homens aque fIzessem resplandecer a própria luz; "sede perfeitos, como perfeito é o .nosso Pai Celestial" -exortava-nos a todo instante. E, porque ensinou o caminho, foi morto na cruz .

A introspecção para o autoconheci mento só é válida quando o homem se dispõe, após, adescentrar-se, ou seja, projetar-se para fora de si no anseio maior de elevar -se ... Deus, Senhordo conhecimento perfeito, exteriorizou -se na Criação - não quis bastar-se a si mesmo, não desejouficar sozinho ...

O autoconhecimento que gera o egoísmo é perturbação; os que sobem a montanha e nãodescem para contatar os que permanecem no vale, ignorando a própria realidade, não seposicionam na altura em que se crêem.

Os grandes luminares da Espirituali dade, com o propósito de mais ascender, tomam ainiciativa de se corporificarem no Planeta - é da Lei: mais possui quem mais abre mão do que tem;mais é quem Jamais aspira ao não -ser ...

Constatando sua essência espiritual, o homem avança vertiginosamente na escala dosvalores em que a Vida se estrutu ra, porquê não valoriza o desejo - segundo Buda o móvel de todosofrimento humano.

Neste sentido, uma vez mais aponta ríamos a solidariedade, ou seja, a vivência do amor naprática da caridade, como sendo para a criatura o melhor exercício de autoconhe cimento,porquanto, na ação infatigável do bem, o homem estará sempre em co ntato consigo mesmo, com opróximo e conseqüentemente, com Deus lhe intermediando "os atributos e as atitudes.

A reflexão, originária da leitura edificante e da prece, é, sem dúvida importante, todavia nãopassa de experiência teórica não-sancionada pelo exemplo. Ningué m se autoconhece sem oconcurso de suas próprias mãos mergulhadas na ação transformador a do mundo!

Irmão José – Se teus olhos forem bons... Capitulo 47

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ALIANÇA ESPÍRITA EVANGELICA

3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE28 de Outubro 2006–São Paulo

PRÉ-ESTUDO 5TEMA:

PERCEBENDO E COMUNICANDO SENTIMENTOSOJETIVO:

Desde as orientações espirituais e constatações vivencias que culminaram naadoção dos Exercícios de Vida Plena em nosso programa de escola, no inicio da últimadécada, temos carecido de mais amplas bases para a orientação dos alunos quanto aotema sentimentos e seu valor dentro do processo de auto-conhecimento e auto-renovação.

O objetivo deste pré-estudo é complementar os anteriores com uma visão bemfocada ao sentimento como plataform a do trabalho de renovação intima, e chavefacilitadora para o bom uso da caderneta pessoal.CONTEUDO:

Em seu ultimo livro, “Escutando Sentimentos”, lançado dia 16 de setembro ultimo, oespírito Ermance Dufaux nos brinda com uma série de ensinamentos relat ivos ao assunto.

Destacamos alguns capítulos que nos pareceram mais propícios a dar bases novaspara as várias discussões, a que seremos chamados em nosso encontro.

Educação para o Auto-amor

"O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último , tendes, no fundo do coração, a centelhadesse fogo sagrado. " - Fénelon. (Bordéus, 1861)

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo Xl - item 9

O mais genuíno ato de amor a si consiste na laboriosa tarefa de fazer bri lhar a luz que há emnós. Permitir o fulgor da criatura cósmica que se encontra nos bastidores das máscaras e ilusões.Somente assim, escutando a voz de nosso guia interior, nos 'esquivaremos das falácias do ego quenos inclina para as atitudes insanas da arrogância.

Quando não nos amamos, queremos agradar mais aos outros que a nós, mendigamos o amoralheio, já que nos julgamos insuficientes ou incapazes de nos querer bem.

Neste momento de perspectivas alvissareiras com a chegada do século XXI, a esperançaacena com horizontes iluminados para a caminhada de ascensão espiritual da humanidade.

O resgate de si mesmo há de se tornar meta prioritária das sociedades sintonizadas com oprogresso. O bem-estar do homem, no seu mais amplo sentido, se tornará o centro das cogitações daciência, da religião e de todas as organizações humanas.

Perante esse desafio social, sejamos honestos acerca do quanto ainda temos por laborar paraerguer a comunidade espírita ao patamar de "escola capacitadora de virtudes" em favor dasconquistas interiores.

Quantos se encontrem investidos da responsabilidade de dirigir e cooperar com osgrupamentos do Espiritismo, priorizem como compromisso essencial de suas vinhas o ato corajoso

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

de trabalhar pela formação de ambientes educativos, motivadores da confiança espontâ nea e docomprometimento pelo coração.

Trabalhar pela felicidade do homem deve ser o objetivo maior das agremiações doutrináriasorientadas pela mensagem de amor do Evangelho. Os modelos e conceitos inspirados nos princípiosespíritas que não se adequarem à condição de instrumentos facilitadores para a alegria e a liberdadehaverão de ser repensados.

Não podemos ignorar fatores de ordem educacional e social que estimulam vivências íntimasda criatura em sua caminhada de aprendizado. As últimas duas geraçõ es que sofreram de modo maisacentuado os processos históricos e coletivos da repressão atingem a meia idade na atualidade.Renasceram ao longo das décadas de cinqüenta e sessenta e se encontram em plena fase de vidaprodutiva, sofridas pelas seqüelas psic ológicas marcantes de autodesamor.

Outro fator, mais grave ainda, são as crenças alicerçadas em sucessivas vidas reencarnatóriasque constituem sólida argamassa psicológica e emocional, agindo e reagindo, continuamente, contraos anseios de crescimento ín timo. O complexo de inferioridade é a condição carmica criada pelohomem em seu próprio desfavor.

Nada, porém, é capaz de bloquear ou diminuir o fluxo de sentimentos naturais e divinos queemanam da alma como apelos de bondade, serenidade e elevação. Nem a formação educacionalrígida ou os velhos condicionamentos são suficientes para tolher a escolha do homem por novosaprendizados. O self emite, incessantemente, energias sublimadas, a despeito dos fatores sociais ereencarnatórios que agrilhoam a mente ao s cadinhos regenerativos do conflito e da dor.

Paulo, o apóstolo de Tarso, asseverou: "Porque não faço o bem que quero, mas o mal quenão quero esse faço. " (1)

Contra os objetivos da vida profunda, temos forças vivas em nós mesmos como efeitos denossos desatinos nas experiências pretéritas.

Considerando essa manifestação celeste do "ser profundo", compete -nos talhar condiçõesfavoráveis para o aprendizado das mensagens da alma. Aprender a ouvir nossos sentimentosverdadeiros, os reclames do Espírito qu e somos nós mesmos.

A palavra educação vem do latim educare ou educere. Provérbio: e. Verbo: ducare, ducere.

Seu significado é trazer à luz uma idéia, levar para fora, fazer sair, extrair. Essa a tarefa dos centros

espíritas: oferecer condições para que o homem extraia de si mesmo seu valor divino na Obra da

Criação.

Em nossos projetos de religiosidade no centro espírita, o auto -amor deve constituir liçãoprimordial. Espiritualidade significa grandeza de sentidos para viver. Essa é a visão do centroespírita em sintonia com a alma do Espiritismo, uma verdadeira noção de imortalidade sentida eaplicada.

O auto-amor é um aprendizado de longa duração. Conectar seu conceito a fórmulas

comportamentais para aquisição de felicidade instantânea é uma atitude próp ria de quantos se

exasperam com a procura do imediatismo. Amar é uma lição para a eternidade.

Que habilidades emocionais temos que desenvolver para o auto -amor? Que cuidados adotarpara aprendermos uma relação de amorosidade conosco? Como alcançar a condi ção de núcleosavançados para desenvolvimento dos valores da alma? Que iniciativas tomar para que as casasespíritas sejam redutos de aprimoramento de nossos sentimentos e escolas eficientes de criatividadepara superação de nossas dores? Que técnicas e mé todos nos serão úteis para incentivar a alegria e a

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

espontaneidade afetiva? Como implementar escolas do sentimento em nossos grupos doutrinários deestudo sistematizado? Que temas enfocar na melhor compreensão das manifestações profundas daalma?

Fala-se, em nossos ambientes de educação espiritual, que não somos bons ouvintes. De fato,uma das habilidades que carecemos aperfeiçoar nas relações interpessoais é a arte de ouvir. Mas, damesma forma que guardam limitações para ouvir o outro, também não sabemos ouvir a nós mesmos.Que técnicas adotar para estimular nossa habilidade de ser um bom ouvinte?

Ouvir a alma é aprender a discernir entre sentimentos e o conjunto variado de manifestaçõesíntimas do ser, sedimentadas na longa trajetória evolutiva, tais co mo instintos, tendências, hábitos,complexos, traumas, crenças, desejos, interesses e emoções.

Escutar a alma é aprender a discernir o que queremos da vida, nossa intenção -básica. Aintenção do Espírito é a força que impulsiona o progresso através do lequ e dos sentimentos. Aintenção genuína da alma reflete na experiência da afetividade humana, construindo a vastidão dasvivências do coração - a metamorfose da sensibilidade. A conquista de si mesmo consiste em saberinterpretar com fidelidade o que buscamo s no ato de existir, a intenção magnânima que brota dasprofundezas da alma em profusão de sentimentos.

Os discípulos sinceros do Espiritismo reflitam na importância do auto -amor como condiçãoindispensável ao bom aproveitamento da reencarnação. Estar em paz consigo é recurso elementar naboa aplicação dos Talentos Divinos a nós confiados.

Amar-se não significa laborar por privilégios e vantagens pessoais, mas o modo comoconvivemos conosco. Resume-se, basicamente, na forma como tratamos a nós próprios. A relaçãoque estabelecemos com nosso mundo íntimo. Sobretudo, o respeito que exercemos àquilo quesentimos. A auto-estima surge quando temos ati tude cristã com nossos sentimentos.

o amor a si não se confunde com o egoísmo, porque quem tem atitude amorosa consigo estácentrado no self. Deslocou o foco de seus sentimentos para a fonte de sabedoria e elevação, criandoressonância com o ritmo de Deus. Amar -se é ir ao encontro do Si Mesmo como denominava Jung.

Alinhavemos alguns tópicos sugestivos que poderão constar no programa de debates parareeducação da vida emocional e psicológica à luz dos fundamentos do Espiritismo. Tomemos porbase a análise educacional de Allan Kardec que diz na questão número 917 de O Livro dosEspíritos:

'A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral.Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar asinteligências, conseguir-se-a corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essaarte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação. É grave erro pensar-seque, para exercê-la com proveito, baste o conhecimento da Ci ência. "

• Responsabilidade - Somos os únicos responsáveis pelos nossos sentimentos.

• Consciência - O sentimento é o espelho da vida profunda do ser e expressa os recados daconsciência. Nossos sentimentos são a porta que se abre para esse mundo glorioso que seencontra "oculto", desconhecido.• Ética para conosco - Somos tratados como nos tratamos. Como sermos merecedores deamor de outro, se nao recebemos nem o nosso próprio?

• Juízo de valor - Não existem sentimentos certos ou errados.

• Automatismos e complexos - O sentimento pode ser sustentado por mecanismos alheiosà vontade e à intenção.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

• Auto-amor é um aprendizado - Construir um novo olhar sobre si, desenvolversentimentos elevados em relação a nós, constitui um longo caminho de experiências nasfieiras da educação.

• Domínio de si - Educar sentimentos é tomar posse de nós próprios.

• Aceitação - Só existe amor a si através de uma relação pacífica com a sombra.

• Renovação do sistema de crenças - Superar os preconceitos. Julgamentos formulados apartir do sistema de crenças desenvolvidas com base na opinião alheia desde a infância.

• Ação no bem - Integração em projetos solidários. A aquisição de valor pessoal econvivência com a dor alheia trazem gratidão, estima pelas vivências pessoais. Cuidandobem de nós próprios, somos, simultaneamente, levados a estender ao próximo o tratamentoque aplicamos a nós. Quando aprendemos a gostar de nós, independente de sermos amados,passamos a experimentar mais alegria em amar. A ética de amor a si deve estar afinada como amor ao próximo.

• Assertividade - Diálogo interno. Uma negociação íntima para zelar pelos limites dointeresse pessoal.

• Florescer a singularidade - O maior sinal de maturidade. Estamos muito afastados doque verdadeiramente somos.

• Ter as rédeas de si mesmo - Para muitos o personalismo surge nesse ato de gerir a vidapessoal com independência. Pelo simple s fato de não saberem como manifestar seus desejose suas intenções, abdicam do controle íntimo e submetem se ao controle externo de pessoas enormas.

• Construção da autonomia - Autonomia capacidade de sustentar sentimentos nobres יacerca de nós próprios.

• Identificação das intenções - aprender a reconhecer o que queremos, qual nossa busca navida. Quase sempre somos treinados a saber o que n ão queremos.

Sentir -se bem consigo é sinônimo de felicidade, acesso à liberdade. É permitir que acentelha sagrada de Deus se acenda em nós. Conhecer a arte de manejar caracteres.

Portanto, a feliz colocação de Fénelon merece a nossa mais ardorosa atenção: O amor é deessência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelhadesse fogo sagrado.

Não esqueçamos a recomendação de Lázaro: "O Espírito precisa ser cultivado, como umcampo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do quebens terrenos: a elevação gloriosa. "(2)

(1) Romanos, 7: 19

(2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XI - item 8

Identidade Cósmica

"E aqui está o segundo que é semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. "

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XV - item 4

Chamamos de atitude amorosa o tratamento benevolente com nosso íntimo através dacriação de um relacionamento pacífico com as imperfeições. Desenvolve r habilidadesbenevolentes para consigo é a base da vid a saudável e o ponto de partida para o crescimentoem harmonia.

Amar a si mesmo é o cerne da proposta educativa de Ser na fieira das reencarnações.O aprendizado do auto-amor tem como requisito essencial à descoberta de nossa "identidadecósmica", ou seja, a realidade do que somos na Obra Incomensurável do Pai, nossasingularidade. A singularidade é a "Marca de Deus" que define nossa história real no trajeto daevolução. É como o Pai nos "conclama" ser na Sua Criação.

Importante frisar que a singularidade é o conjunto de caracteres morais e espirituaispeculiares à criatura única que somos. Nela se incluem também as mazelas cujosprincípios foram colocados no homem para o bem, conforme acentuam os SábiosOrientadores da codificação. (1)

Quando rejeitamos alguns aspectos dessa "identidade exclusiva", nasce o conflito,que é a tormenta interior da alma convocada a transformar para melhor sua condiçãoindividual. O Doutor Carl Gustav Jung definiu esse movimento da vida mental como sendoindividuação, isto é, viver em busca da individualidade, do Si Mesmo. Não se trata de viver oindividualismo, o personal ismo, mas aprender a ser, permi tindo a expressão de suascaracterísticas divinas latentes e de sua sombra sem as máscaras sociais. Individuação vemdo latim individuus cujo sentido é "indiviso", "inteiro".

O progresso pessoal de cada um de nós é a arte de saber integrar os "fragmentos"da vida íntima, harmonizando-os para que reflitam as leis naturais de cooperação,trabalho e liberdade.

Somente vibrando na freqüência do amor, esse movimento educativo da almaplenifica-se sem a angústia e o martírio - patrocinadores de longas e dolorosas crisesnesse caminhar evolutivo. A convivência compassiva com nossa sombra só será possívelcom aceitação de nossa "identidade cósmica". Aceitar os nossos sentimentos, desejos,ações, impulsos e pensamentos. Aceitar é entrar em contato sem reprimir. Criar umaconexão sem julgamento e condenação. Aceitação não significa acomodação ou adesãopassiva, mas entender, investigar e redirecionar esse patrimônio sem rigidez e desamor. Écuidar bem de si mesmo com ternura e respeito ao patrimônio adquirido, incluindo osmaus pendores. Aceitação é a maneira carinhosa de tratar nossa intimidade, semrivalidade.

Aceitar-se é confundido com passividade, irresponsabilidade. O conceito éexatamente o inverso, pois quando eu aceito as coisas como são, resgato minha força epoder transformador.

Se nós não nos aceitamos, magoamos a nós mesmos, por isso o auto -amor étambém autoperdão. Perdoar é ter uma ati tude de compaixão que nos distancie dosjulgamentos e críticas severas e inflexíveis.

O remédio será aprender a amar a vida que temos, o que somos, o que detemos eviver um dia após o outro, cultivando na intimidade a certeza de que o percurso quefizemos deve ser visto como o melhor e mais proveitoso às necessidade s que

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

carregamos. É a nossa "marca personalizada" na Obra da Criação pela qual devemosresponder com siso moral.

Certamente as Leis Divinas, a todo instante, conspiram para que afinemos essasingularidade com a "Freqüência de Deus", sempre elevando -nos e progredindo. Aproposta do auto-amor, impele-nos, sobretudo, a conhecer nosso ritmo evolutivo, nossacapacidade pessoal de ajustarmo-nos a essa melodia universal.Ninguém consegue ultrapassar seus limites pessoais de uma para outra hora. A palavralimite quer dizer o "ponto máximo". Em termos espirituais, só daremos conta daquilo quepodemos. Nem mais nem menos. O martírio representa alguém querendo dar além do queconsegue, idealizando caminhos, cobrando de si o impossível. Uma postura de inaceitação desua condição íntima, gerando insatisfações e desequilíbrios.

Quando não amamos a nós mesmos, vivemos à mercê da influência dos palpites ereprimendas. A aprovação alheia é mais importante que a aprovação interior. Nessa situaçãoescasseiam estima e confiança a si próprio, que impossibilitam a expressão da condiçãoparticular. Assim sentimo-nos prisioneiros adotando máscaras com as quais procuramos evitara rejeição social, fazendo-nos infelizes e revoltados.

Ninguém pode definir para nós "o quanto ou o com o deveríamos". Podemos ouviropiniões e conselhos, corretivos e advertência, porém, o exercício do auto -amor nos ensinaráa tirar de cada situação aquilo que, de fato, nos seja útil ao crescimento. Cada pessoa ousituação de nossas vidas é como o cinzel qu e auxiliará a esculpir a obra incomparável daascensão particular. Mas recordemos: apenas um cinzel! Apenas instrumentos! Pois a tarefaintransferível de talhar é com cada um de nós, escultores da individuação.

Quem se ama, imuniza-se contra as mágoas, guarda serenidade perante acusações,desapega-se da exterioridade como condição para o bem -estar, foca as soluções e valores,cultiva indulgência com o semelhante, tem prazer de viver e colabora espontaneamente com obem de todos e de tudo.

Por longo tempo ainda exerci taremos esse amor a nós mesmos, alfabetizando nossashabilidades emocionais para um relacionamento intrapessoal fraterno, equilibrado. A primeiracondição para nos engajarmos na Lei do Amor é essa caridade conosco, o encontro do selfdivino, sem o qual ficaremos desnorteados no labirinto das experiências diárias, à mercê depessoas e fatos, adiando o Instante Celeste de sintonizar nossos passos com a paz interiorque todos, afanosamente, estamos perseguindo.

(I) o Livro dos Espíritos - questão 907

Carta de Misericórdia

"Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, q uando não vedes uma trave no vosso olho? -Ou, como é que dizeis ao vosso irmão:Deixa-me tirar um argueiro ao teu olho, vós que tendes no vosso uma trave? - Hipócritas, tirai primeiro a traveao vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (S. Mateus, cap. VII,vv. 3 a 5.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo X-item 14

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

Um dos efeitos mais inconfessáveis da arrogância em nossos relacionamentos é anossa falta de habilidade para conviver com honestidade emo cional perante o brilho dosêxitos alheios.

Com rara facilidade, sob ação fascinadora da arrogância, julgamos -nos os melhoresnaquilo que fazemos. Esse é um efeito dos mais perceptíveis do estado orgulhoso de ser,isto é, a propriedade mental de nos toldar a visão para enxergar o quanto nos iludimoscom as fantasias do ego.O senhor Allan Kardec teve ensejo de destacar: "Com efeito, como poderá um homem,bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e na supremacia dassuas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ressaltar em outrem obem que o eclipsaria, em vez do mal que o exalçaria?” (2)

Na maioria das vezes, o mérito alheio ainda é recebido no nosso coração comouma ameaça ou até mesmo uma afronta. Raramente, admitimos tal verdade. O hábitomilenar de racionalizar nossos sentimentos constitui uma couraça psicológica enrijecidapelo orgulho.

"O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não su portardes uma comparação quevos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer emespírito, quer em posição social, quer mesmo em v antagens pessoais, que o menor paralelo vos irritae aborrece." Um Espírito protetor. (Bordéus, 1863.)(2)

A educação dos sentimentos depende de abundante honestidade emocional paraconduzir-nos à verdade sobre nós mesmos. Sem consciência de suas raízes, jamaisadmitiremos a presença do ciúme e da invej a - monstros roedores da paz in terior.

Combalidos por antigas frustrações, desgostosos conosco mesmo, sentimo -nosdesvalorizados, tomados por uma sensação de inutilidade e abandono que tentamosmascarar com alegrias fictícias e conquistas perecíveis. Nesse cl ima psicológico, comocultivar empatia e entusiasmo com as virtudes alheias?

Os relacionamentos a todo instante sofrem os efeitos indesejáveis da cargavibratória dessas desconhecidas sombras íntimas, criando estados de desconforto queestipulam a antipatia ou mesmo a aversão, sem que haja, de nossa parte, qualquerintenção nesse sentido. São reflexos automáticos que trazemos na vida mental, comenorme poder de ação sobre as atitudes, sem que disso tenhamos consciência.

E o que é mais grave: por desconhec er a natureza dessas emoções, vemos oargueiro no olho alheio, sendo que temos uma trave em nossa visão espiritual, conforme aassertiva evangélica. Sentimos que as relações não vão bem, mas por incapacidade oufalta de habilidade em analisar a nós próprio s, instintivamente fazemos uma projeção natentativa de descobrir do lado de fora, aquilo que, em verdade, está dentro de nós.

Que nenhum discípulo de Jesus, perante os fracassos e perdas na vidainterpessoal, julgue-se derrotado ou mal-intencionado. Nos serviços da Obra Cristã nosquais somos colaboradores iniciantes, jamais devemos nos permitir desacreditar nasintenções sinceras que sustentam nossos ideais de ascensão. Quase sempre, elasconstituem nossa única garantia legítima em direção aos projetos d e iluminação espiritualque abraçamos.

Se assim nos pronunciamos é porque, mesmo entre os discípulos da Boa Nova, anobreza de intenções não é suficiente para impedir os efeitos lamentáveis da altivez quecarregamos em nossos corações. Por muito tempo ain da, lutaremos tenazmente na

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

colheita infeliz dos reflexos de prepotência e competição, que assinalam nossos impulsosuns perante os outros.É um processo natural da evolução. Nada há de errado em sentir o que sentimos. Oproblema surge quando rebelamos em aceitar e investigar a existência de semelhantesatitudes de cada hora.

Não agimos assim por mal. Deliberamente. São as compulsões morais quegeramos nas experiências sucessivas da ambição e da loucura nas vitórias perecíveis.

Perdoar e nos perdoar sempre será a solução. Olhemos para nós com lealdade,mas, igualmente, com carinho e misericórdia. Somos almas recém egressas das fileiras domal. Estamos, a exemplo do Filho Pródigo da passagem evangélica, retomando nossoscaminhos após as atitudes enfermiças de esbanjamento psicológico e emocional, que nosaprisionaram nas refregas do vazio existencial.

Segundo o benfeitor Calderaro (5), o capítulo dez de O Evangelho Segundo oEspiritismo, "Os Que São Misericordiosos", deveria ser um dos textos mais estudado s entrenós, os seguidores da Doutrina Espírita.

Os ambientes educativos dos centros espíritas que não cultivarem a misericórdiaterão enormes obstáculos com o conflito improdutivo - resultado da maledicência e dahipocrisia, da severidade e da intolerânc ia.

Tolerância, indulgência, perdão, compaixão e benevolência são algumas dasexpressões morais imprescindíveis no trato de uns para com os outros. Sem essasatitudes de amor, como nos suportaremos?

A comunidade doutrinária espírita avizi nha o momento de seu desabrochar para amaioridade. A consciência da extensão de nossas enfermidades nos levará a concluirmosque nosso movimento libertador é um hospital de vastas proporções e especificidades.Como doentes em busca da cura, reconheceremos as necessidades do amor, sem o qualadiaremos nossa alta médica. E que manifestação de amor aplicado mais palpável podeexistir que a misericórdia?

Nada dói tanto aos seguidores sinceros de Jesus quanto a ofensa não intencional,as rusgas não desejadas, as perdas afetiv as, as reações inesperadas de ingratidão, ovício em colecionar certezas irremovíveis que traduzem prepotência, a indiferença e omenosprezo. São os frutos da ausência de misericórdia no coração humano.

Enquanto procurarmos as causas das decepções de noss as relações no estudo dasimperfeições, não encontraremos respostas satisfatórias às nossas indagações e nemconsolo para nossa alma. Somente compreendendo sinceramente quais liçõesevangélicas deixamos de aplicar em cada passo do caminho, obteremos alento ,orientação e estímulo. Misericórdia para com as imperfeições alheias, piedade para comnossas falhas!

Portanto, as casas espíritas orientadas pelas atitudes de amor adotem sem dem orao projeto da misericórdia; f raternal. Grupos que se reúnam em vivência s de honestidadeemocional. Que tenham bondade para tratar de seus sentimentos e discutí -los em equipe.Sinceros, Porém, acolhedores. Grupos que possam olhar de frente para a arrogância queainda nos domina, e que tenham coragem de confrontá -la em público. Grupos que saibampedir perdão. Conjuntos doutrinários dispostos a estimular o brilho das qualidades uns dosoutros e dispostos à compaixão com os defeitos e motivados pela abolição da rigidez

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

mórbida.

No Hospital Esperança, Dona Modesta desenvolve u ma atividade de fidelidade aossentimentos. Chama-se Tribuna da Humildade. É um recurso terapêutico aplicado empacientes depois de certo tempo de tratamento emocional. Depoimentos, cartas, pedidosde perdão, histórias de vida, fracassos e vi tórias são apre sentados como forma de cuidardos sentimentos secretos, não admitidos durante a vida física.

Gostaríamos de passar aos amigos de ideal na carne a síntese de uma carta quefoi lida por destacado líder espírita ao ocupar, oportunamente, a Tribuna. Não importa oque se passou ou o que virá, nosso intuito é pensarmos, a todo instante, que a aplicaçãoda misericórdia é a virtude que abranda nossos corações e o testemunho da leveza emnossas almas.

Senhores e senhoras, irmãos de doutrina, paz na alma.

Vir aqui falar de meus sentimentos é uma honra. Só lamento que tenha descoberto tão tarde obem que me faz falar do que s into.

A vida física brindou-me com a benção de ser espírita. Três décadas e meia em ininterrupta eafanosa atividade doutrinária.

Sou uma vítima de mim mesmo. É incrível como ouvi tantas e tantos vezes, assim comoacredito que tenha ocorrido igualmente com muitos aqui presentes, sobre a importância de perdoar e,no entanto, tal esclarecimento ficou apenas no cérebro. Impermeável ao coração.

Tenho aprendido sob custódia de Dona Modesta que, quando a lembrança de alguém '{)emem nossa mente e desperta maus sentimentos, estamos magoados. Segundo ela, a mágoa quepermanece por mais de uma hora e m nossa cabeça, desce para o coração. E só Deus sabe q uandosairá daí...

É o meu caso! Deixei a mágoa por mais de uma hora na cabeça!

Talvez alguém possa perguntar: por que apenas sessenta minutos de magoa nacabeça?

Segundo Dona Modesta, os sessenta minutos são suficientes para perguntar a nós mesmospor que nos magoamos, e descobrir em nós próprios os remédios para curar -nos. Livrar-nos dasalgemas da ofensa.

A princípio, pode parecer uma ati tude ingênua e desproposital, mas somente quem já sofreuo bastante com as mágoas sabe da importância de exonerá -las o quanto antes da intimidade. Aoadquirir consciência dos males que ela nos traz, temos mais moti vos ainda para extirpá-las.

Eu trouxe durante décadas a lembrança desagradá vel de pessoas e situações que permitimorarem em meu pensamento por mais de uma hora na condição de opositores.

Olhei demais para fora e a doença desceu da cabeça para o coração.

Pois bem! Isso me custou um câncer, o desencarne prematuro, perdas afeti vas muito caras,lágrimas sem conta, angústia intermináv el e isolamento.

Aqui estou eu diante de mim mesmo. E os meus supostos inimigos, aqueles que me feriram,onde e como estão.

Certamente seguem seus caminhos e não lev am más lembranças, especialmente de minha

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

pessoa.

Meus amigos, o drama é um só! Tivesse lucidez suficiente e basta riam sessenta minutospara descobri-lo!

Faltou-me honestidade emocional para admitir que fosse invejoso, ciumento, competitivo,avesso a críticas e melindroso. Meu orgulho impediu -me de admitir que outras pessoas fossem tãoboas quanto eu naquilo que eu f azia. Fracassei em um dos testes mais difíceis da jornada hum ana:exaltar a importância do outro com legítima alegria no coração e "diminuir para que o Cristocrescesse". (3)

Em meu favor; apenas tenho as minhas intenções. Em nenhum momento, conscientemen te,calculei conflitos ou interesses pessoais. Sou v ítima de mim mesmo, do meu passado desemeadura na arrogância.

Tudo passou no tempo, mas ainda trago a mente presa ao passado. Isso é a mágoa nocoração.

Permiti-me adoecer. Magoar é admitir ser ferido, machucado.

A cicatrização pode demorar. A minha está se processando somente depois da morte.

Como? Como cicatrizar essas ulcerações que eu mesmo provoquei? Como esquecer ?Foram as perguntas que fiz desesperadamente ao tomar maior consci ência do quanto me faziamsofrer.

Dona Modesta, aqui presente, é testemunha da minha dor.

Como religiosos, raramente escapamos de uma v elha armadilha: a presunção. Eu nãoescapei.

Por presunção tornei-me um exímio juiz dos atos alheios, recheado de certezas sobre aconduta dos outros, um psicólogo implacável do comportamento do próximo. Tinha nos lábios asexplicações perfeitas para a atitude de todos que me ofendera m. Quanto a mim, sempre medesculpava.

Como pude ser tão descuidado!

Olhei demais para o argueiro do próx imo e não vi minha própria trave.

É preciso muita coragem para nos confrontar! Admitir a presença da invej a. Reconhecerque todos os nossos dissabores c omeçam em nós mesmos. Conscienti zar que somos os únicosresponsáveis pelo que sentimos. Que podemos a q ualquer momento retornar nossa alegria,nossas metas, nosso processo de crescim ento, conforme a orientação ev angélica que jápossuímos.

Foi então que surgiu uma palav ra fundamental na minha recuperação. Misericórdia.Compaixão.

Permitam-me a leitura de um parágrafo que se tornou a fonte de inspiração para minharecuperação:

"Espíritas, jamais vos esqueçais de que, tanto por palav ras, como por atos, o perdão dasinjúrias não deve ser um termo vão. Pois que vos dizeis espíritas, sede-o. Olvidai o mal que voshajam feito e não penseis senão numa coisa: no bem que podeis fazer. Aquele que env eredou poresse caminho não tem que se afastar daí, ainda que por pensamento, uma vez que soisresponsáveis pelos vossos pensamentos, os qu ais todos Deus conhece. Cuidai, portanto, de osexpungir de todo sentimento de rancor.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele quepode todas as noites adormecer dizendo: Nada tenho contra o meu próximo. Simeão. (Bordéus,1862.)" (4)

Misericórdia! Ao invés de estudar as razões das ofensas, passei a pensar e aplicar a atitudede misericórdia. Mentalizei meus supostos adv ersários que me traziam más recordações e osenvolvia em luzes de cores calmantes. Orei com sinceridade pedindo a Deus por eles.

Lamentavelmente não pude fazer o que faria hoje se estiv esse no corpo: os procuraria paraum abraço sincero.

Misericórdia, inclusive para mim, foi o que pratiquei, pois perdi, além de tudo, a minha paz.Autoperdão, admitir a minha participaçã o em tudo aquilo que tinha motivo para queixar. Como édoloroso tomar contato com as nossas ilusões.

lncrível! Hoje tenho conhecido dramas terrí veis de pessoas que foram efeti vamente feridas edilaceradas na vida física, e que se encontram aqui nessa casa d e amor em estados melhores que omeu.

Como nós espíritas nos ferimos sem moti vos reais para tanto!

Somente quando conseguirmos rir das atitudes que nos feriram, estaremos nos curando.

Quanta arrogância totalmente desnecessária em uma obra que nem nos pertence!

Que vergonha a minha! Como eu gostaria que tudo ti vesse sido diferente! Sem dissensões,inimizades, perdas.

Só tenho uma virtude em toda a minha história. Não desisti de refazer meus caminhos.Talvez por isso sofra tanto. Por isso estou aplicando a misericórdia comigo também.

Não existe para mim conceito mais claro de misericórdia que acolher com afeto e carinho,estímulo e alegria o valor alheio, ceder da minha importância pessoal em função da motivação deoutrem para sua caminhada.

Hoje, creio sinceramente que se concedermos apenas uma hora para analisarmos asimperfeições e usarmos o restante do tempo para nos amar, a vida nos presenteará com maismotivos para ser feliz.

Penso muito em Jesus. Sabendo de todas as nossas mazelas, mesmo hoje com o espíritas,continua contando conosco.

Essa tem sido a minha força.

Saber que o Mestre ainda conta comigo tem sido meu descanso, minha moti vação.

Obrigado a todos por me ouvirem.

(1) o Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo X - item 10(2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo IX - item 9(3) João, 3:30(4) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo X - item 14(5) Calderaro é o iluminado mentor de André Luiz na obra “No Mundo Maior”, Psicografia Francisco CandidoXavier.

Sombra Amigável

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

"Pois nado há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido ede aparecer publicamente. (S. LUGAS, cap. VI If, vv. 16 e 17.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XXIV - item 2

A sombra designa "o outro lado" do ser humano, aquele em que vige a escuridão .

. Comumente destacamos a sombra negativa nos ambientes educativos da doutrina.Convém, porém, uma menção à sombra positiva, que são nossos potenciais e talentos aindanão expressados ou descobertos. Em meio a essa escuridão da vida inconsciente existe muitasabedoria e riqueza ainda não exploradas.

Escutando nossos sentimentos e o que eles têm a nos ensinar sobre nós mesmos,estaremos entrando em contato com esse "material" reprimido no inconsciente, com todas ashabilidades instintivas que nos asseguram a herança inalienável de Filhos do Altíssimo emSua Obra magnânima.

Escutar sentimentos é aceitá -los. Aceitação quer dizer pensar sobre eles.Habitualmente exaramos a colocação: "não quero nem pensar nisso!", referindo-nos aquestões desagradáveis do mundo íntimo. Os sentimentos são os principais canais deconexão emitindo constantes mensagens do inconsciente.

Quando usamos a expressão sentimentos mal resolvidos, estamos tratando desentimentos não aceitos ou negados pela consciência e reprimidos para o inconscientepor alguma razão particular. A sombra originou-se basicamente em função dessa relaçãoinsatisfatória com nosso poder de sentir e os arquivou em forma de culpas, desejosestagnados, bloqueios, traumas, medos, criando todo um complexo psíquico que, emmuitos lances, são fatores geradores das psicopatologias, desde as mais toleráveis até àsmais severas.

Ao longo dos últimos milênios (aproximadamente quarenta mil anos, dependendoda história individual), o que mais fizemos foi negar e temer nossos sentimentos -um fatonatural na trajetória evolutiva da animalidade para a hominilidade. O medo de sentir e doque sentimos acompanha-nos desde o momento em que começamos a tomar consciênc iadesse mecanismo bio-psíquico-emocional-espiritual. Ainda hoje, esconder o que se sente,é uma conduta social comum e até necessária para a maioria das pessoas.

O mundo, no entanto, prepara -se para o século do amor vivido e sentido. Apergunta mais formulada em todas as latitudes neste momento é: como está você? E ointeresse por uma resposta que fale de sentimentos é eminente; tend e a tornar-se umhábito. Estamos com enorme necessidade de falar do que sentimos e saber com maisclareza sobre o mundo das emoções, em bora ainda temerosos de suas conseqüências.

Quando digo ''sou minha sombra" não significa que tenho que viver conforme suaorientação. Apenas admiti -la, entender suas mensagens.

A sombra só é ameaça quando não é reconhecida. Só pode ser prejudicial qu andonegligenciamos identificá-la com atenção, respeito e afabilidade.

"É importante para a meta da indiv iduação, isto é, da realização do si -mesmo, que oindividuo aprenda a distinguir entre o que parece ser para si mesmo e o que é para os outros. Éigualmente necessário que conscientize seu invisível sistema de relações com o inconsciente, ouseja, com anima, a fim de poder diferenciar -se dela. No entanto, é impossível que alguém sediferencie de algo que não conheça.” (1)

Essa colocação do Doutor Jung é c lara. Escutar sentimentos é a primeira lição na

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

nossa educação espiritual para o auto -amor. Amaremos a nós mesmos somente quandodeixarmos de culpar os outros pelas nossas dores e desacertos e tivermos a coragem deperscrutar o íntimo, interrompendo o flux o das projeções e fugas ainda ignoradas nasnossas atitudes.

Recebemos contínuos "chamados" do inconsciente através do que sentimos. Umaanálise atenta de nossos impulsos emotivos e da nossa "reação afetiva" a tudo que noscerca levar-nos-á a entender com exatidão as "reclamações" do psiquismo profundo.Nessa investigação da alma encontraremos indicativas seguras no entendimento das maisocultas raízes de nossos conflitos. Percorreremos caminhos mentais até entãoincognoscíveis. Igualmente, descobriremos v alores adormecidos que solicitam nossacriatividade para desenvolvê-los a contento.

Entretanto, somente daremos importância às mensagens da sombra quando nosrelacionarmos amigavelmente com ela. O processo de ouvir a voz do inconsciente atravésdos sentimentos passa por algumas etapas na alfabetização do sentir:

• Imprescindível o auto-respeito. O que sentimos é indiscutível, individual, é a nossaforma de viver a vida. Com isso não devemos admitir que os apelos do coraçãodevam ser seguidos como brotam. Muito menos supô-los a expressão da Verdade.Apenas tenhamos respeito por nós sem reprimendas e condenações, procurandocompreender os recados do coração .

• Havendo respeito, instaura-se o clima da serenidade, da ausência de conf litos ebatalhas interiores. Somente serenos vamos conseguir uma comunicação seminterferências. É o silencio interior. O fio que nos leva ao intercâmbio produtivo.

• Aprender a linguagem dos sentimen tos exige meditação, atenção. Separar a"imagem programada" pela educação social da "imagem idealizada" é um trabalholento. Diferenciar o que pensam que sou daquilo que penso que sou é o caminhopara se chegar ao que sou verdadeiramente.

• Utilizar indagações. A sombra adora dar respostas. Nossa tarefa será discernir no

tempo a natureza dessas respostas. No início elas serão confusas, enganosas,

talvez decepcionantes.

Na medida que se dilata esse exercício, a intuição vai aclarando a capacidade deperceber e sentir o que nos convém. Teremos a sensação do melhor caminho, dasmelhores escolhas, do que queremos. É o início da identificação com o projeto singular doCriador a nosso respeito.

O Doutor Jung estipulou: 'As pessoas, quando educadas para enxergarem claramente olado sombrio de sua própria natureza, aprendem ao mesmo tempo a c ompreender e amar seussemelhantes. " (2)

Ao conquistarmos a sombra de maneira amigável, criaremos uma relação de pazcom a vida íntima e, nesse ponto, as projeções não serão mecanismos defensivos contranossas imperfeições, mas reflexos da bondade e harm onia que habitarão a vida mental.Nessa postura mental amaremos a vida com mais ardor. Será muito mais interessanteolhar o nosso próximo, sentí -lo e perceber a grandeza da vida que nos cerca.

A Lei Divina contida na fala de Jesus é determinan te: Pois nada há secreto que não

haja de ser descoberto.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

O crescimento pessoal e a felicidade incluem a missão de explorar as riquezas doinconsciente.

Escutar sentimentos é a arte de mergulhar na vida profunda e descobrir omanancial de força e beleza que possuímo s.

(1) The Collected Works of CG Jung (CW) - 17 Vol. VII par. 28

(2) The Collected Works of CG Jung (CW) - 16 Vol VII par 310

Uma Leitura para o Coração

"Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de cura!: Os fracos, ossofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos." O Espirito de Verdade. (Bordéus, 1861.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capitulo VI- item 7

Afastemos um pouco das reflexões mais densas e façamos uma pausa parameditação.

Dilata tua sensibilidade e lê com o sentimento as anotações a seguir. Depois escutaos recados do teu coração.

***

A Doutrina Espírita é a medicação recuperativa das nossas vidas. Sua "substânciaativa" é o Evangelho. Sua "bula" é estritamente individual. Para cada um haverá umadosagem e forma de aplicação.

O movimento espírita é a nossa enfermaria abençoada onde encontramo -nosinternados na busca de nossa alta médica.

Tarefa e estudo, provas e oportunidades são terapêuticas necessárias na soluçãode nossas enfermidades.

Perante esse quadro de experiências da nossa trajetória de aprendizado, listemosalgumas prescrições indispensáveis para a cura:

• Onde se reúnem doentes, torna -se dispensável realçar imperfeições e deslizes.Todos sabemos de nossa condição. Falemos de saúde e apr oveitamento.

• Esqueçamos as vivências dolorosas e examinemos as conquistas. Indaguemos:em que melhorei? O que aprendi?

• Somos doentes graves, mas temos o melhor médico, Jesus.

• Perdoemos incondicionalmente o companheiro de enfermaria. Ele também éalguém em busca de si mesmo.

• Trazemos na intimidade todos os antídotos para nossas imperfeições. Resta -nosdescobrí-Ios.

• De fato, alguns doentes esquecem suas necessidades. O melhor a fazer para

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

auxiliá-Ios é a oração.

• Alguns enfermos carecem de tr atamentos específicos. Por não entendermos taismedidas, evitemos julgá-Ios.

• Uma única certeza: todos nós teremos alta médica e alcançaremos a saúde.

• As raras criaturas sadias foram chamadas a Postos Maiores. Cuidam de nós.

• Uma pergunta diária: que farei pela minha recuperação?

• Uma atitude diária: doses elevadas de prece e trabalho.

• O caminho seguro para fortalecimento e alegria: a amizade sincera, leal e fraterna.

• O que nunca devemos esquecer: antes repudiávamos a idéia da internação. Hoje

desejamos tratar.

• Esqueçamos a noção de tempo e sejamos gratos pela oportunidade de uma vaga

nessa benfazeja enfermaria.

• Nos momentos de crise, evitemos projetar decepções e revolta nos outros ou

reclamar do ambiente que nos acolheu para refazimento e orientação. Crises são

indícios oportunos para exames e diagnósticos mais apurados sobre nossas dores.

• Saber que estamos enfermos não basta. É preciso sentir. Nossa cura virá do

coração.

Recordemos a frase confortadora do Espírito Verdade: Os fracos, os sofredores e osenfermos são os meus filhos prediletos.

Agora vá e escuta os recados do teu coração e Deus te abençoe com paz íntima.

Sentimento e Obsessão

"Quem quer que escuta a palavra do reino e não lhe dá atenção, vem o espírito maligno e tira o quelhe fora semeado no coração." (S. MATE US, capo XII I. vv. J 8 a 23.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XVII - item 5

Costuma-se relacionar obsessão com condutas viciosas como alcoolismo,tabagismo, sexolatria e outros vícios corporais. Entretanto, existe uma infinidade deconúbios obsessivos ainda não investigados que se operam em decorrência dos estadospsicológicos e emocionais do ser humano.

Obsessão é uma interação de mentes que evolui no tempo através da sustentaçãode vínculos pela Lei de Sintonia, mantendo duas ou mais criaturas ligadas pelos seusinteresses. Alterando ou deixando de existir tais in teresses, a vinculação passa a sercircunstancial. Chamamo-la de pressão psíquica.

Que processos interiores experimenta a alma para que estabeleça um circuito deforças mentais dominadoras? Que estados psicológicos e emotivos servem de base naconstrição mente a mente?

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

Analisemos, didaticamente, nesse terreno sutil, a seqüência de interação mentalmais freqüente a partir da intenção o bsessiva, nutrida por um Espírito desencarnado sobreas "brechas" oferecidas pelo encarnado.

Etapa um Existe a intenção do agente (obsessor).

São acionados elementos de sintonia no receptor (obsidiado) .

Etapa dois O agente invade os limites psicológi cos e emocionais do receptor.

Permissão do receptor.

Etapa três Produção de clichês induzidos.

Assimilação de idéias intrusas e surgimento do confli to mental.

Etapa quatro Sugestões hipnóticas de manutenção. e Enfraquecimento da vontade.

Etapa cinco Implantação de tecnologias

Adesão intencional ao plano do agente indutor através do sentimento.

Etapa seis Evolução e sofisticação do domínio sobre o receptor .

Dependência através de simbiose afetiva compartilhada.

Adotando a progressividade didát ica utilizada pelo senhor Allan Kardec no capítuloXXIII de O Livro dos Médiuns, assim se enquadram as etapas acima referidas:

1) Obsessão simples - estabelecimento da sintonia - etapas 1 a 3.

2) Fascinação - invasão dos limites alheios - etapas 4 e 5.

3) Subjugação - simbiose - etapa 6.

Na educação interior, certos comportamentos sujeitam -se à obsessão. Ao longo dotempo, os embates interiores causam em alguns discípulos espíritas a sensação de"fadiga na alma". Os esforços e vitórias parecem insignifi cantes e infrutíferos. Um nocivosentimento de inutilidade toma conta da vida mental. Desponta a dúvida e com elamultiplicam-se as perguntas sobre a validade de perseverar. Não estará faltando algo?Melhorei de fato? Estarei sendo hipócrita?!

Nessa "hora psicológica" nascem muitas obsessões. Discípulos sinceros quesacrificaram longamente na conquista de si próprios estacionam em lamentação edescrença, desprezando as vitórias e fixando -se no derrotismo e na acomodação.

Um dos pontos educacionais da auto -aceitação consiste em valorizar os nossosesforços de reeducação espiritual - ponto crucial na conquista de condições psicológicasadequadas ao crescimento interior. Quando não valorizamos o que já podemos realizar,abrimos a freqüência da vida interior p ara a descrença, o desânimo e a desmotivação,convidando os famanazes da maldade para que dilapidem os tesouros de nossa vidaíntima.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

Façamos agora, portanto, uma radiografia da exploração obsessiva sobre osentimento de "menos valia" ou baixa auto -estima, valendo-nos das etapas supraenumeradas.

Etapa um• O agente encontra campo vibratório para sua intenção constritora.

• A sensação de incapacidade é aceita pelo receptor, através de suas própriascrenças derrotistas programadas no inconsciente.

Etapa dois

• O agente penetra a vida psíquica do receptor e estimula o sentimento deindignidade já presente na "vítima".

• Adesão espontânea no clima da revolta em função das frustrações da vida.

Etapa três

• O agente trabalha com informações sobre as maze las de seu alvo.

• São criadas as justificativas autodefensivas para a conduta invigilante.Etapa quatro• Sugestões hipnóticas de autodesvalorização através de idéias imaginárias dodesprezo de outrem.

• Estado íntimo de insatisfação consigo próprio, levando à culpa e apatia ante os ideaissuperiores.

Etapa cinco

• Tecnologias avançadas para instalar a descrença -o sentimento básico para consumaruma queda moral.

• Estado íntimo de falência cujo nome é desânimo -a doença de quem desistiu.

Etapa seis

• Exploração do receptor nos programas de ataque e interferência na sociedade carnal.''Assalariado carnal" .

• Total dependência em quadros de adoecimento psíquico.

O conceito de vigilância vai muito além de disciplinar os pensamentos. É no campo dosentimento que nasce esmagadora maioria das obsessões. A capacidade de "pensar livre" oudecidir por nós é "quase nula" no concerto universal. Vivemos em regime de contínuointercâmbio e interdependência.

Nesse contexto fenomenológico da vida mental não s erá incoerente afirmar que todosrespiramos, em maior ou menor grau, nas faixas da obsessão. A questão é saber se somospor ela dominados ou se a temos sob nosso controle. Sob essa ótica as obsessões sãoconvites educativos contidos nas Leis Naturais para nosso aprimoramento.

Somente a oração ungida pelos sentimentos elevados, a intenção nobre eperseverante, seguidas da conduta reta, podem estabelecer um clima de autonomiapsíquica desejável, que nos defenda da dominação dos interesses inferiores à nossavolta.

Essa autonomia interrompe o processo na "etapa dois", quando elabora no terreno

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

dos sentimentos o auto-amor - reconhecimento de nossa pequenez, seguido da alegria depoder contar sempre com a manifestação da Divina Providência em favor de nossasvastas necessidades espmtuais.

"Quem quer que escuta a pala vra do reino e não lhe dá atenção, vem o espírito maligno etira o que lhe fora semeado no coraçao”

Com sua habitual lucidez Jesus estabeleceu em Mateus, capítulo quinze, versículodezenove: Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição,furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.

Só carregamos por fora o resultado do que temos por dentro.

Que Sentimos Sobre Nós?

"Quando saiam de Betânia, ele teve fome; e, vendo ao longe ume. figueira, para ela encaminhou-se, a verse acharia alguma coisa; tendo-se, porém, aproximado, só achou folhas, visto não ser tempo de figos. "

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XIX - item cS

Os sentimentos que mais necessi tamos compreender para nossa harmonia sãoaqueles que dizem respeito a nós próprios.

Que sentimos sobre nós? Qual a relação afetiva que temos conosco? Como temostratado a nós mesmos? A partir de uma viagem nesse desconhecido mundo íntimo,faremos descobertas fascinantes e primordiais para uma integração harmoniosa com a LeiDivina e o próximo. A partir da harmonia que podemos criar com nossa "vida profunda",essa busca de si mesmo terá como prêmio o encontro com o "eu verdadeiro", aquilo querealmente somos - a singularidade.

Como começar essa viagem de auto -encontro em favor da consolidação de umarelação pacífica e amorosa conosco? Como trabalhar a aplicação do auto -amor?Façamos, inicialmente, algumas indagações.

Que fatores íntimos determinam a nossa dependência de situações e pessoas?Que causas emocionais ou psicológicas podem afastar -nos do desejo de sermos criativose espontâneos? O que nos impede de avançar em direção aos nossos sonhos íntimos derealização e felicidade? Por que ainda não temos consegu ido progresso na construção devalores pessoais em sintonia com os propósitos iluminados da Doutrina Espírita? O querealmente queremos da vida?

O primeiro ato educativo na construção do valor pessoal é diluir a ilusão dainferioridade. Buscar as raízes d o desamor que usamos conosco. O Criador nos amacomo estamos. Temos um nobre significado par a Deus. Somente nós, por enquan to,ainda não descobrimos o valor que possuímos. Inegavelmente, poucos de nósapresentamos bom aproveitamen to nas oportunidades corporais pretéritas, no entanto, odestaque acentuado aos deslizes e quedas nas vidas sucessivas somente agrava oestado íntimo de amargura da alma. Renascemos com novo corpo para esquecer e olharpara frente. As indagações que devemos assinalar nesta etapa sã o: Por que não me sintodigno? Quais são minhas reais intenções? Que lições tenho a aprender quando me sintoinferior? Por que determinada atitude ou acontecimento me faz sentir inferior?

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

Outro aspecto na valorização pessoal a considerar são os julgamento s que aplicam a nós.O que importa é o que faremos diante deles. Como reagiremos? Podemos nos culpar ouadotar o cuidado de refletir sobre o valor que tenham para nós. Quando não cultuamos oauto-amor, os julgamentos alheios constituem espessas algemas das mais nobresaspirações. Em quaisquer situações o amor é nossa couraça pessoal. Quem se ama sabese defender sem fugas e ter respostas emocionais inteligentes e serenas aos estímulos domeio. Não crescemos sem conviver; isso não significa que devamos permitir a ou tremultrapassar os limites em relação à nossa intimidade. Somente nós próprios podemospenetrar com sabedoria e naturalidade a subjetividade de nosso ser.

Portanto, temos um processo interior - o sentimento de inferioridade - e uma forçaexterna - os julgamentos, a aprovação social. Ambos consorciam -se, frequentemente,contra nossos anseios de crescimento. Somente com a aquisição da autonomiasaberemos lidar com tais fatores educativos.

Não fomos educados para devolver o outro a si mesmo na busc a de seuscaminhos. Fomos educados para manter o outro pensando como nós, escolhendo pornossas escolhas, opinando conforme os padrões de pensamento que adotamos e agindode conformidade com nossa avaliação de certo e errado. É o regime de possessividade esubmissão nas relações. É mais confortável ser orientado, ter respostas prontas paranossas dúvidas e angústias ou pedir a alguém que nos indique a escolha mais acertada.Em inúmeras ocasiões é mais cômodo se ajustar a muitos julgamentos que acreditar nosideais pessoais e nos nossos sentimen tos. Consideremos, dessa forma, quantonecessitamos investir na erradicação da acomodação em busca da solidificação daautonomia psicológica em favor da liberdade que ansiamos.

Um impedimento freqüente na construção da autonomia é o medo de rejeição - umadas mais graves conseqüências da baixa auto -estima. Como seremos interpretados? Qualserá o conceito que farão de nós a partir do instante em que decidirmos por um caminhoafinado com o que sentimos e pensamos?

A necessidade da aprovação alheia é extremamente enraizada na vida emocional.Todas as pessoas e suas respectivas idéias a nosso respeito merecem carinho econsideração, respeito e fraternidade. Porém, conceder a outrem o direito de aprovar oureprovar ...

A palavra aprovação, entre outros sinônimos, quer dizer: ter a nossa atitudereconhecida como moralmente boa. Analisando com cuidado, a aprovação se torna umjulgamento, uma forma de interpretar e definir o que deve ou não ser feito e da forma comodeve ser feito.

Sigamos a intuição, aprendendo a ler as mensagens sutis da vida interior despachadaspelo sentimento, evitando o desprezo ao que sentimos. Mesmo as sensações desconfortáveisà consciência nos ensinam algo. A garan tia de que vamos aprender depende do trato quedaremos ao nosso mundo íntimo. O respeito incondicional que devemos usar conosco. Amar -nos como merecemos ser amados.

Uma vez alfabetizados pelo coração, passaremos a fruir uma vida mais plena, felizescom nossa condição, permitindo -nos evoluir com naturalidade, sem condenações eseveridade.

O Espiritismo é remédio para nossas dores e roteiro para libertação de nossasconsciências. Estudá-lo, sim: entretanto, a maioridade espiritual nas atitudes somenteflorescerá ao renovarmos o modo de sentir a nós, ao próximo e à vida.

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3º. ENCONTRO DE DIRIGENTES DE EAE

Informação e transformação. Do contrário, ficaremos na superfície da proposta doamor, assim como a figueira na qual Jesus procurou fru tos, adornados pelas folhas dacultura e vazios dos frutos do crescimento real.