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Ministério da Saúde

Secretaria de Vigilância à Saúde Secretaria de Atenção à Saúde

Departamento de Atenção Básica Coordenação Nacional de Saúde Bucal

Manual do Coordenador Municipal

Brasília, DF Setembro de 2009

Projeto SBBrasil 2010 – Manual do Coordenador Municipal

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Projeto SBBrasil 2010 José Gomes Temporão Ministro da Saúde Alberto Beltrame Secretário de Atenção à Saúde Claunara Schilling Mendonça Diretora do Departamento de Atenção Básica Gilberto Alfredo Pucca Jr. Coordenador de Saúde Bucal Comitê Técnico Assessor em Vigilância em Saúde Bucal Angelo Giuseppe Roncalli da Costa Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Lenildo de Moura Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis/SVS/MS Marco Aurélio Peres Universidade Federal de Santa Catarina Maria do Carmo Matias Freire Universidade Federal de Goiás Maria Ilma de Souza Gruppioni Côrtes Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG Mario Vianna Vettore Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP-Fiocruz Paulo Capel Narvai Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – FSP/USP Paulo Sávio Angeiras de Góes Universidade de Pernambuco – FOP-UPE Samuel Jorge Moysés Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC-PR Coordenação Executiva do SBBrasil nos Centros Colaboradores e Ministério da Saúde Cláudia Helena Soares de Morais Freitas Centro Colaborador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Nilcema Figueiredo Centro Colaborador da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco – FOP-UPE Sandra Cristina Guimarães Bahia Reis Centro Colaborador da Universidade Federal de Goiás – UFG Rafaela da Silveira Pinto Centro Colaborador da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG Elisete Casotti Centro Colaborador da Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP-Fiocruz Regina Auxiliadora de Amorim Marques Centro Colaborador da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – FSP/USP Antonio Carlos Nascimento Centro Colaborador da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC-PR Karen Glazer de Anselmo Peres Centro Colaborador da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Moacir Paludetto Jr. Coordenação de Saúde Bucal/DAB/SAS/MS Lenildo de Moura Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis/SVS/MS Coordenação Geral Angelo Giuseppe Roncalli da Costa Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Assessoria em Amostragem Nilza Nunes da Silva Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP)

Projeto SBBrasil 2010 – Manual do Coordenador Municipal

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Sumário 1. Introdução .................................................................................................... 5 2. Características da Pesquisa .............................................................................. 5

2.1. Condições a serem pesquisadas ................................................................ 6 2.1.1. Cárie Dentária ............................................................................ 6 2.1.2. Condição Periodontal ................................................................... 6 2.1.3. Traumatismo dentário .................................................................. 6 2.1.4. Condição da oclusão dentária ........................................................ 7 2.1.5. Fluorose Dentária ........................................................................ 7 2.1.6. Edentulismo ............................................................................... 7 2.1.7. Condição socioeconômica, utilização de serviços odontológicos e

autopercepção de saúde bucal ...................................................... 7 2.2. Plano Amostral ....................................................................................... 7

2.2.1. Domínios e Unidades Primárias de Amostragem (UPA) ...................... 7 2.2.2. Segundo estágio: sorteio dos domicílios a serem percorridos ............. 8 2.2.3. Tamanho da Amostra .................................................................. 8 2.2.4. Idades-índices e grupos etários ..................................................... 9 2.2.5. Inferências ............................................................................... 10

3. Operacionalização do Projeto ......................................................................... 10 3.1. Fluxograma Operacional ........................................................................ 10 3.2. Fases da Pesquisa ................................................................................. 13

3.2.1. Primeira Fase: Oficinas de trabalho com Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e os Centros Colaboradores ........................... 13

3.2.2. Segunda Fase: Reuniões técnicas com os instrutores de calibração ................................................................................ 14

3.2.3. Terceira Fase: Treinamento das equipes locais .............................. 14 3.2.4. Quarta Fase: Coleta de dados ..................................................... 15 3.2.5. Quinta fase: Tabulação dos dados ............................................... 15 3.2.6. Sexta fase: Análise dos dados e elaboração do relatório ................. 15

4. O Trabalho do Coordenador Municipal .............................................................. 15 4.1. Participar da oficina de trabalho com todos os componentes envolvidos no

projeto. ............................................................................................... 15 4.2. Providenciar as informações necessárias para o delineamento amostral ........ 16 4.3. Identificação e recrutamento das equipes de campo. ................................. 16 4.4. Organizar o local e infra-estrutura para realização da pesquisa .................... 16

4.4.1. Na fase de treinamento das equipes locais .................................... 16 4.4.2. Na fase de coleta de dados ......................................................... 17

4.5. Manter comunicação atualizada com a Coordenação Estadual ...................... 17 4.6. Gerenciar o uso do instrumental a ser utilizado. ........................................ 17

5. Cronograma ................................................................................................ 18 6. Referências ................................................................................................. 18

Projeto SBBrasil 2010 – Manual do Coordenador Municipal

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1. Introdução Os três grandes levantamentos nacionais realizados em 1986, 1996 e 2003 foram de grande relevância para a construção de uma consistente base de dados relativa ao perfil epidemiológico de saúde bucal da população brasileira. Contudo, é fundamental que a realização destes estudos faça parte de uma estratégia inserida no componente de vigilância à saúde da Política de Saúde, na perspectiva da construção de uma série histórica de dados de saúde bucal com o objetivo de verificar tendências, planejar e avaliar serviços. A Política Nacional de Saúde Bucal – Brasil Sorridente – se constitui num marco na história das Políticas Públicas no Brasil na medida em que incorpora uma agenda em discussão desde o Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira e traduz, em seus pressupostos operacionais, os princípios do Sistema Único de Saúde. Ao trabalhar os eixos da atenção à saúde bucal a partir do incremento da atenção básica por meio da Estratégia Saúde da Família, da implementação dos Centros de Especialidades Odontológicas como elemento estruturante da atenção secundária, além das ações de caráter coletivo, o Brasil Sorridente se insere no conjunto de programas estratégicos na atual Política de Saúde. Dentre os pressupostos dessa política, que visam à reorientação do modelo de atenção à saúde bucal, destacam-se: (a) “utilizar a Epidemiologia e as informações sobre o território subsidiando o planejamento” e (b) “centrar a atuação na Vigilância à Saúde, incorporando práticas contínuas de avaliação e acompanhamento dos danos, riscos e determinantes do processo saúde doença”. Tais pressupostos devem, portanto, ser postos em prática a partir de diversas estratégias, dentre elas a realização de pesquisas epidemiológicas de base nacional. Desse modo, a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – Projeto SBBrasil 2010 faz parte de um processo histórico que se ampliou e se aprofundou com o Projeto SBBrasil 2003, o qual proporcionou um dos mais completos diagnósticos da saúde bucal dos brasileiros. Pretende-se, com este projeto, dar continuidade a esse processo, realizando uma pesquisa em moldes semelhantes, de maneira a construir uma série histórica, contribuindo para as estratégias de avaliação e planejamento dos serviços, ao mesmo tempo em que consolida um modelo metodológico e demarca o campo de atuação do componente de vigilância à saúde da Política Nacional de Saúde Bucal. Do ponto de vista operacional, o SBBrasil 2010 possui uma lógica de organização em que os diferentes níveis de gestão do SUS (Municipal, Estadual e Federal) trabalham articuladamente, com a coordenação técnica dos Centros Colaboradores em Vigilância à Saúde e com o apoio de entidades de classe, universidades e centros de pesquisa. Este Manual do Coordenador Municipal tem a principal função de subsidiar a atuação da coordenação local da pesquisa, orientando as principais ações que devem ser tomadas, em nível do município, para o bom andamento do projeto. Deverá servir, portanto, como um guia para o trabalho do coordenador municipal e da sua equipe. Lembramos, também, que as situações eventualmente não contempladas aqui deverão ser discutidas e resolvidas com as coordenações estaduais e com a coordenação técnica do Centro Colaborador.

2. Características da Pesquisa O Projeto SBBrasil 2010 tem, como objetivo principal, conhecer as condições de saúde bucal da população brasileira em 2010, subsidiar o planejamento e a avaliação das ações e serviços junto ao Sistema Único de Saúde e manter uma base de dados eletrônica para o componente de vigilância à saúde da Política Nacional de Saúde Bucal. Como desdobramento disso, espera-se que o projeto permita subsidiar pesquisas que visem o estabelecimento de relações entre os dados encontrados e a realidade socioeconômica e demográfica da população brasileira, além de contribuir para o desenvolvimento da investigação epidemiológica a partir da construção e consolidação de

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um referencial teórico-metodológico. Além disso, fornecerá subsídios relativos à Saúde Bucal aos profissionais da área da saúde, educação, planejamento e administração. Trata-se de uma pesquisa de base nacional, com representatividade para as capitais de estado e o distrito federal e para as cinco regiões administrativas (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste). Do ponto de vista de sua estratégia metodológica, compõe um estudo com base em uma amostra de indivíduos residentes em 177 municípios, nos quais serão realizados exames bucais e aplicados questionários para avaliar a prevalência e a gravidade dos principais agravos bucais, assim como fatores relacionados à situação socioeconômica, acesso a serviços odontológicos e percepção de saúde. Com relação ao componente operacional, esta pesquisa se constitui em um estudo coordenado e financiado pelo Ministério da Saúde, com a participação das secretarias estaduais e municipais de saúde, entidades odontológicas, universidades e institutos de pesquisa, articulados pela Coordenação Nacional de Saúde Bucal, por intermédio do seu Comitê Técnico Assessor para Vigilância em Saúde Bucal (CTA) e dos Centros Colaboradores em Vigilância em Saúde Bucal. Os Centros Colaboradores foram criados com o intuito de dar suporte aos estados e municípios nas questões relativas ao eixo da Vigilância em Saúde Bucal da Política Nacional de Saúde. Dentre suas atribuições está a de coordenar tecnicamente o Projeto SBBrasil 2010 em articulação com as secretarias e entidades parceiras

2.1. Condições a serem pesquisadas A proposição dos índices a serem utilizados neste estudo e as devidas adequações dos mesmos, atendem às recomendações da OMS na 4a edição de seu Manual de Instruções para Levantamento Epidemiológico Básico em Saúde Bucal (WHO, 1997). Além dos índices tradicionais para aferição dos agravos bucais, será aplicado, também, um questionário aos indivíduos examinados em domicílios, o qual contém questões relativas à caracterização socioeconômica, à utilização de serviços odontológicos e morbidade bucal autoreferida e à autopercepção de saúde bucal.

2.1.1. Cárie Dentária Será utilizado o índice preconizado pela OMS (WHO, 1997), de onde se pode inferir o CPO-D médio (dentição permanente) e o ceo-d (dentição decídua). Através do registro das necessidades de tratamento, pode-se identificar, além necessidades propriamente ditas, a presença de lesões não cavitadas (mancha branca presente) e os diferentes níveis da doença ativa (cárie de esmalte, cárie de dentina e cárie próxima à polpa). Portanto, uma maior qualificação do índice pode ser proporcionada pela combinação das distintas necessidades de tratamento.

2.1.2. Condição Periodontal Será empregado do Índice CPI – que é a proposta atual da OMS onde são suprimidas as necessidades de tratamento -, complementado pelo exame da Perda de Inserção Periodontal (PIP) para população adulta e idosa. As condições relativas ao CPI deverão ser codificadas separadamente, possibilitando a observação da prevalência de cada condição especificamente (sangramento, cálculo e bolsa).

2.1.3. Traumatismo dentário É importante que o traumatismo dentário seja avaliado como uma medida específica, em separado. Para tanto serão utilizados apenas os critérios que indiquem sinais de fratura coronária e avulsão dentária. Para este exame, serão considerados os incisivos superiores e inferiores permanentes.

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2.1.4. Condição da oclusão dentária Com base nos objetivos deste projeto, propõe-se a aplicação dos critérios do Índice de Estética Dental (DAI), para avaliação das anormalidades dentofaciais, na idade de 12 anos e na faixa etária de 15 a 19 anos. A oclusão na dentição decídua será verificada pela aplicação do índice proposto pela OMS em sua versão anterior (3a edição), sendo, ainda, incorporados os critérios de Foster e Hamilton (1969) para a dentição decídua, baseado na avaliação da Chave de Caninos, Sobressaliência, Sobremordida e Mordida Cruzada Posterior.

2.1.5. Fluorose Dentária Para registro da ocorrência de fluorose, e seguindo as recomendações da OMS, será utilizado o Índice de Dean, com o exame dos dois dentes mais afetados e um escore a ser registrado.

2.1.6. Edentulismo Na prática, a avaliação do uso e necessidade de prótese ajuda a entender o agravo “edentulismo”, servindo, ao mesmo tempo, para estimar a gravidade do problema pela análise conjunta dos dados de uso e necessidade e para subsidiar ações de planejamento a partir da análise das necessidades. A verificação da necessidade de prótese deve incluir uma avaliação da qualidade da prótese quando a mesma está presente. Os dois índices não são excludentes, ou seja, é possível estar usando e também necessitar de uma prótese.

2.1.7. Condição socioeconômica, utilização de serviços odontológicos e autopercepção de saúde bucal

Na população que será pesquisada em domicílios, será aplicado um questionário no sentido de avaliar condições subjetivas importantes que ajudarão a compreender o processo saúde-doença bucal, bem como avaliar a condição socioeconômica e de utilização de serviços, contribuindo, desse modo, para uma melhor estruturação da rede assistencial. O questionário constará de três blocos: (a) caracterização demográfica e socioeconômica; (b) utilização de serviços odontológicos e morbidade bucal referida e (c) autopercepção e impactos em saúde bucal.

2.2. Plano Amostral O Brasil, com sua dimensão territorial bastante ampla e diversificada, exige um desenho amostral de características complexas. Em se tratando de uma pesquisa de base nacional, deve-se buscar uma melhor alternativa que permita a geração de dados representativos do território nacional considerando suas diversidades. Serão descritos a seguir os procedimentos relativos à definição dos domínios e Unidades Primárias de Amostragem, bem como ao tamanho da amostra.

2.2.1. Domínios e Unidades Primárias de Amostragem (UPA) O Plano Amostral constará de domínios relativos às capitais e municípios do interior. Cada capital de Unidade da Federação (Estados e Distrito Federal) comporá um domínio e cada região um outro, representativo dos municípios do interior. Desse modo, teremos 27 domínios de capital mais 5 domínios de interior, um para cada região, num total de 32. Em cada um desses, 5 grupos etários serão analisados (veja Figura a seguir).

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Figura 1. Esquema do processo de composição da amostra.

Em cada domínio serão utilizadas 30 Unidades Primárias de Amostragem (UPA). No caso do domínio “capital” a UPA será o setor censitário e no domínio “interior” será o município. Neste último serão utilizados 30 UPA, portanto foram sorteados 30 municípios do interior em cada região. No caso das capitais, foram sorteados 30 setores censitários em cada município, exceto para os casos em que o número de domicílios a ser percorrido por setor passa de 25.

2.2.2. Segundo estágio: sorteio dos domicílios a serem percorridos

O papel fundamental das coordenações municipais se dará a partir dessa etapa, quando ocorre o segundo estágio de sorteio e são definidos os domicílios que devem ser percorridos para a obtenção dos exames. Nas capitais e nos municípios de grande porte (de características semelhantes às capitais), cada coordenador municipal deverá receber os setores censitários sorteados, o número de domicílios que deve ser percorrido e a técnica de percurso nos setores. Para o caso de municípios do interior de menor porte populacional, as informações de mapeamento por setores censitários nem sempre estão disponíveis. Nestes casos, delineamentos específicos deverão ser elaborados. A regra geral é que se deve procurar, de algum modo, chegar a um modelo de mapeamento em que os domicílios possam ser identificados e sorteados. Em municípios com alta cobertura do Programa Saúde da Família, por exemplo, podem ser usados os mapas deste Programa para identificar os domicílios e consequentemente, realizar o sorteio, percorrê-los e examinar os indivíduos residentes. O coordenador técnico do Centro Colaborador responsável pelo município, auxiliado pela assessoria em amostragem do Projeto SBBrasil, fornecerão as orientações necessárias à coordenação municipal.

2.2.3. Tamanho da Amostra O tamanho da amostra tomou como base a gravidade da cárie dentária estimada pelo CPO-D, de acordo com os dados do SBBrasil 2003. Para cada grupo etário e cada

Região Norte

Rio Branco

Manaus

Boa Vista

Belém

Macapá

Palmas

Interior: 30 mun.

Porto Velho

x 5 grupos etários

Teresina

Fortaleza

Natal

João Pessoa

Recife

Maceió

Interior: 30 mun.

São Luís

x 5 grupos etários

Aracaju

Salvador

Vitória

Rio de Janeiro

São Paulo

Interior: 30 mun.

Belo Horizonte

x 5 grupos etários

Região Nordeste

Região Sudeste

Florianópolis

Porto Alegre

Interior: 30 mun.

Curitiba

x 5 grupos etáriosRegião Sul

Goiânia

Campo Grande

Brasília

Interior: 30 mun.

Cuiabá

Região Centro-Oeste

x 5 grupos etários

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domínio (Capital e Interior por região) a média e o respectivo desvio-padrão do CPO-D (ou ceo-d para o caso de 5 anos) foi utilizado como referência para o cálculo do tamanho da amostra associado ao uma determinada margem de erro. Considerando as proporções populacionais em cada domínio, foi, então, calculado o número de domicílios a serem percorridos para a obtenção do “n” requerido. Durante a oficina de treinamento das equipes locais, cada equipe de cada município receberá a informação a respeito de quantos domicílios terá que pesquisar, o modo como deverá percorrer o setor censitário ou equivalente e quantos indivíduos deverá, aproximadamente, encontrar em cada grupo etário.

2.2.4. Idades-índices e grupos etários A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere, para estudos de saúde bucal, a composição da amostra em determinadas idades-índice e grupos etários os quais serão utilizados na presente pesquisa com algumas modificações. As descrições colocadas a seguir foram retiradas parcialmente da 4a edição do Manual da OMS, de 1997. 5 anos. Esta idade é de interesse em relação aos níveis de doenças bucais na dentição decídua, uma vez que podem exibir mudanças em um período de tempo menor que a dentição permanente em outras idades-índice, além de ser usada internacionalmente para aferição do ataque de cárie em dentes decíduos. 12 anos. Esta idade é especialmente importante, pois foi escolhida como a idade de monitoramento global da cárie para comparações internacionais e o acompanhamento das tendências da doença. 15 a 19 anos. Considerando a possibilidade de comparação com os dados de 1986 e levando-se em conta, ainda, que, ao se trabalhar com idades restritas como 15 e 18 anos dificulta-se bastante o delineamento amostral (em função da sua proporção no conjunto da população), foi definido manter a faixa etária de 15 a 19 anos. Caso se deseje uma análise mais apurada de cada idade em particular, pertencente a este intervalo, os dados poderão ser agregados por porte ou região ou ainda outra variável que permita este nível de análise. 35 a 44 anos. Este grupo etário é o grupo padrão para avaliação das condições de saúde bucal em adultos. O efeito total da cárie dentária, o nível de gravidade do envolvimento periodontal e os efeitos gerais do tratamento prestado podem ser monitorados usando-se dados deste grupo etário. 65 a 74 anos. Este grupo etário tem se tornado mais importante com as mudanças na distribuição etária e no aumento da expectativa de vida que vem ocorrendo em muitos países. Os dados deste grupo são necessários tanto para o planejamento adequado do tratamento para os mais idosos como para o monitoramento dos efeitos gerais dos serviços odontológicos prestados a uma população. Os indivíduos de cada grupo etário e idade-índice serão avaliados com relação às doenças bucais explicitadas anteriormente e de acordo com o Quadro a seguir.

Quadro 1. Condições e idades/grupos etários a serem pesquisados

Idade / Grupo Etário (anos)

Cárie Dentária Traumatismo Dentário

Condição Periodontal Fluorose

Condição de oclusão dentária Edentulismo

Coroa Raiz CPI PIP OMS (1987) DAI

5

12

15 a 19

35 a 44

65 a 74

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2.2.5. Inferências O delineamento proposto assegurará a produção de inferências para estimar o ataque de cárie dentária para cada uma das cinco macrorregiões e para cada capital, considerando cada idade ou grupo etário.

3. Operacionalização do Projeto 3.1. Fluxograma Operacional

O modelo operacional do SBBrasil 2010 tem como base uma pesquisa em que as diversas esferas de gestão do SUS (federal, estadual e municipal) estão diretamente envolvidas, além da participação das entidades odontológicas, instâncias de pactuação, de controle social, universidades e institutos de pesquisa. A estratégia para a sua condução obedecerá ao seguinte fluxograma.

Figura 2. Fluxograma operacional do Projeto SBBrasil 2010.

A Coordenação Nacional de Saúde Bucal é o gestor principal do Projeto, responsável pela sua oficialização nos Estados e Municípios e pela sua pactuação como um eixo do componente transversal da Vigilância em Saúde da Política Nacional de Saúde Bucal. Ao Comitê Técnico Assessor foi incumbida à tarefa de construir o projeto técnico e operacional da pesquisa e de dar suporte para que os Centros Colaboradores a operacionalize. A coordenação executiva do projeto se dará a partir dos 8 (oito) Centros Colaboradores espalhados em quatro regiões (Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste). Em cada um destes Centros, há um responsável pela articulação dos Estados e Municípios que lhe foram designados, a fim de executar conjuntamente as etapas previstas. Em cada Secretaria Estadual de Saúde deverá ser designado um coordenador estadual da pesquisa e, em cada Secretaria Municipal envolvida, um coordenador municipal. São atribuições: Do Centro Colaborador

a) Trabalhar dando apoio às Coordenações Estaduais, Municipais e Instituições parceiras na realização da pesquisa em cada Estado;

b) realizar as Oficinas de Trabalho com as Coordenações Estaduais, Municipais e Instituições parceiras;

Ministério de SaúdeCoordenação Nacional

de Saúde Bucal

Secretarias Estaduais de Saúde

Secretarias Municipais de Saúde

Comitê Técnico Assessor

Centro Colaborador em Vigilância à Saúde Bucal

Grupo Gestor do SBUniversidades/ Institutos de Pesquisa

Relação de apoio e assessoramentoVinculação constitucional

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c) realizar reuniões técnicas com os instrutores de calibração; d) coordenar a distribuição (para a Coordenação Estadual do Projeto) do

instrumental a ser utilizado na pesquisa e seu posterior recolhimento; e) acompanhar os Planos de Trabalho Estaduais e Municipais; f) analisar os dados coletados e elaborar relatório final do Projeto - tarefa conjunta

dos Centros Colaboradores. Da Coordenação Estadual da Pesquisa

a) Trabalhar em conjunto com Centro Colaborador nas diferentes etapas da pesquisa no Estado;

b) solicitar a identificação dos coordenadores municipais da pesquisa e convocá-los sempre que necessário;

c) identificar e convidar, junto com o Centro Colaborador, os potenciais parceiros (Instituições de Ensino Superior, Associações, etc) para a primeira Oficina de Trabalho do Projeto;

d) disponibilizar local e infra-estrutura para realização das etapas de trabalho com características estaduais (oficinas e reunião técnica de calibração);

e) definir, junto as instituições parceiras e as coordenações municipais, os responsáveis pela etapa de calibração em cada município;

f) coordenar a execução do Plano de Trabalho Estadual para realização do Projeto SBBrasil 2010, apoiando os municípios;

g) manter comunicação atualizada com o Centro Colaborador informando o andamento das etapas previstas, os avanços e as dificuldades;

h) coordenar a distribuição, para os municípios, do instrumental utilizado na pesquisa e seu recolhimento e envio ao Centro Colaborador de referência.

Da Coordenação Municipal da Pesquisa

a) Trabalhar em conjunto com a Coordenação Estadual nas diferentes etapas da pesquisa no município;

b) identificar a equipe de campo (examinadores/anotadores) – preferencialmente servidores do SUS – e garantir sua liberação para participação na pesquisa;

c) disponibilizar local e infra-estrutura para realização das etapas de trabalho com características municipais;

d) dar suporte para a participação dos parceiros – especialmente na fase de calibração;

e) coordenar a execução do Plano de Trabalho Municipal para realização do Projeto SBBrasil 2010 e realizar a supervisão de campo das equipes de exame;

f) manter comunicação atualizada com a Coordenação Estadual informando o andamento das etapas previstas, os avanços e as dificuldades;

g) receber o instrumental a ser utilizado na pesquisa e providenciar, ao final da coleta de dados, seu recolhimento e envio à Coordenação Estadual do Projeto;

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Figura 3. Centros Colaboradores e respectivo número de municípios e estados.

Os municípios a serem pesquisados terão o número de equipes de campo (composta por um examinador e um anotador) definido em função do seu porte populacional. Municípios do primeiro estrato (até 20 mil habitantes) trabalharão com 2 equipes; os do segundo estrato (20 a 50 mil) com 3 equipes; os do terceiro estrato (de 50 a 150 mil) com 4 equipes; os do quarto estrato (mais de 150 mil) com 5 equipes e as capitais contarão com 10 equipes. Na Tabela a seguir, estão descritos os municípios da pesquisa de acordo com o porte e Estado, distribuídos pelos Centros Colaboradores, com o respectivo número de equipes.

CC UFRN – Natal (25)

Rio G. do Norten = 3

Parán = 17

Amapán = 2

Paraíban = 3

Sergipen = 2

Alagoasn = 2

Pernambucon = 6

Cearán = 6

Piauín = 2

Maranhãon =5

CC FOP-PE – Recife (23)

Minas Geraisn = 11

Bahian = 10

CC PUC-MG – B. Horizonte (21)

Mato Grosson = 10

São Paulon = 16

Acren = 3

CC FSP-USP – São Paulo (29)

Mato Grosso do Suln = 7

Paranán = 12

CC PUC-PR – Curitiba (19)

Sta. Catarinan = 8

Rio G. do Suln = 13

CC UFSC – Florianópolis (21)

Amazonasn = 6

Roraiman = 1

Rondônian = 4

CC Fiocruz – Rio de Janeiro (18)

Espírito Santon = 2

Rio de Janeiron = 5

Goiásn = 16

CC UFG – Goiânia (21)

Tocantinsn = 4

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Tabela 1. Municípios da amostra de acordo com Centro Colaborador, Estado, porte e número de equipes a serem utilizadas na pesquisa.

3.2. Fases da Pesquisa 3.2.1. Primeira Fase: Oficinas de trabalho com Secretarias

Estaduais e Municipais de Saúde e os Centros Colaboradores

Num primeiro contato entre a Coordenação Nacional de Saúde Bucal e os Estados e Municípios participantes da amostra do SB2010, estes serão comunicados sobre o projeto e da importância de sua participação. Também serão solicitados a indicar coordenadores (estadual e municipal) que, vale lembrar, não necessariamente correspondem aos coordenadores estaduais e municipais de saúde bucal. Deverão ser profissionais que, de preferência, tenham alguma experiência em estudos epidemiológicos ou que se disponham a trabalhar nesta área. Ficará claro que o Estado ou o município dará todo o apoio a este profissional, liberando-o para responder pelas atividades relativas ao SB2010 em seu Estado ou município. Os coordenadores locais do Projeto (estadual e municipais) serão reunidos em oficinas de trabalho, dirigidas pelo Centro Colaborador, na sede das coordenações estaduais, ou em outro local mais apropriado, para detalhamento do processo de operacionalização do

Centro Colaborador RN (UFRN) Centro Colaborador PE (FOP-UPE) Centro Colaborador GO (UFG) Centro Colaborador MG (PUC-MG)

UF Porte Município Eq. UF Porte Município Eq. UF Porte Município Eq. UF Porte Município Eq.

PA Até 20 mil São Francisco do Pará 2 MA Até 20 mil Luís Domingues 2 TO Até 20 mil Brejinho de Nazaré 2 BA Até 20 mil Aiquara 2

20 a 50 mil Concórdia do Pará 3 Trizidela do Vale 2 Goiatins 2 Caldeirão Grande 2

Jacareacanga 3 20 a 50 mil Cururupu 3 50 a 150 mil Gurupi 4 Cafarnaum 2

Juruti 3 Mais de 150 mil Imperatriz 6 Capital Palmas 10 20 a 50 mil Ibirapitanga 3

Mãe do Rio 3 Capital São Luís 10 GO Até 20 mil Edealina 2 Serra do Ramalho 3

Oeiras do Pará 3 PI Até 20 mil Castelo do Piauí 2 Mundo Novo 2 Livramento de N. Senhora 3

Rondon do Pará 3 Capital Teresina 10 Campinorte 2 50 a 150 mil Itapetinga 4

50 a 150 mil Breves 4 CE Até 20 mil Catunda 2 Uruana 2 Teixeira de Freitas 4

Cametá 4 20 a 50 mil Marco 3 Campos Belos 2 Mais de 150 mil Camaçari 6

Capitão Poço 4 Mauriti 3 20 a 50 mil Itapuranga 3 Capital Salvador 10

Igarapé-Miri 4 50 a 150 mil Aracati 4 Itaberaí 3 MG Até 20 mil Alvorada de Minas 2

São Félix do Xingu 4 Mais de 150 mil Juazeiro do Norte 6 Morrinhos 3 Claro dos Poções 2

Tucuruí 4 Capital Fortaleza 10 50 a 150 mil Goianésia 4 Grão Mogol 2

Mais de 150 mil Ananindeua 6 PE Até 20 mil Jupi 2 Planaltina 4 20 a 50 mil Paraopeba 3

Parauapebas 6 20 a 50 mil Gameleira 3 Novo Gama 4 Oliveira 3

Santarém 6 50 a 150 mil Salgueiro 4 Trindade 4 50 a 150 mil Curvelo 4

Capital Belém 10 Abreu e Lima 4 Mais de 150 mil Luziânia 6 Passos 4

AP 50 a 150 mil Santana 4 Mais de 150 mil Caruaru 6 Anápolis 6 Mais de 150 mil Sete Lagoas 6

Capital Macapá 10 Capital Recife 10 Aparecida de Goiânia 6 Betim 6

RN Até 20 mil Alto do Rodrigues 2 AL 20 a 50 mil Viçosa 3 Capital Goiânia 10 Uberlândia 6

Mais de 150 mil Parnamirim 6 Capital Maceió 10 DF Capital Brasília 10 Capital Belo Horizonte 10

Capital Natal 10 SE Até 20 mil Arauá 2 Total 21 91 Total 21 87

PB Até 20 mil Alagoinha 2 Capital Aracaju 10 Centro Colaborador PR (PUC-PR) Centro Colaborador SC (UFSC)

50 a 150 mil Sousa 4 Total 23 117 UF Porte Município Eq. UF Porte Município Eq.

Capital João Pessoa 10 Centro Colaborador SP (FSP-USP) PR Até 20 mil Lobato 2 SC Até 20 mil Rio das Antas 2

Total 25 120 UF Porte Município Eq. Vera Cruz do Oeste 2 São José do Cedro 2

Centro Colaborador RJ (Fiocruz) AC Até 20 mil Manoel Urbano 2 Planalto 2 20 a 50 mil São Joaquim 3

UF Porte Município Eq. 50 a 150 mil Cruzeiro do Sul 4 Quatro Barras 2 50 a 150 mil Laguna 4

RO Até 20 mil Seringueiras 2 Capital Rio Branco 10 20 a 50 mil Goioerê 3 Tubarão 4

20 a 50 mil Machadinho D'Oeste 3 SP Até 20 mil Bento de Abreu 2 Lapa 3 Mais de 150 mil Itajaí 6

50 a 150 mil Vilhena 4 Engenheiro Coelho 2 50 a 150 mil Francisco Beltrão 4 Blumenau 6

Capital Porto Velho 10 20 a 50 mil Dois Córregos 3 Arapongas 4 Capital Florianópolis 10

AM Até 20 mil Ipixuna 2 Presidente Epitácio 3 Mais de 150 mil São José dos Pinhais 6 RS Até 20 mil Erval Grande 2

20 a 50 mil Barreirinha 3 50 a 150 mil Cosmópolis 4 Foz do Iguaçu 6 Sinimbu 2

Iranduba 3 São João da Boa Vista 4 Londrina 6 Ibirubá 2

50 a 150 mil Tefé 4 Ribeirão Pires 4 Capital Curitiba 10 20 a 50 mil Teutônia 3

Parintins 4 Bragança Paulista 4 MS Até 20 mil Santa Rita do Pardo 2 Santo Antônio da Patrulha 3

Capital Manaus 10 Mais de 150 mil Rio Claro 6 Terenos 2 50 a 150 mil Carazinho 4

RR Capital Boa Vista 10 Taboão da Serra 6 20 a 50 mil Aparecida do Taboado 3 Alegrete 4

ES 50 a 150 mil Linhares 4 Guarujá 6 Coxim 3 Bagé 4

Capital Vitória 10 Bauru 6 Aquidauana 3 Mais de 150 mil Rio Grande 6

RJ 20 a 50 mil Pinheiral 3 Osasco 6 50 a 150 mil Corumbá 4 Gravataí 6

50 a 150 mil Maricá 4 Campinas 6 Capital Campo Grande 10 Pelotas 6

Mais de 150 mil Niterói 6 Santos 6 Total 19 77 Novo Hamburgo 6

Duque de Caxias 6 Capital São Paulo 10 Capital Porto Alegre 10

Capital Rio de Janeiro 10 MT Até 20 mil Nova Santa Helena 2 Total 21 95

Total 18 98 Ribeirão Cascalheira 2

Marcelândia 2

São José do Rio Claro 2

20 a 50 mil Mirassol d'Oeste 3

Juara 3

50 a 150 mil Alta Floresta 4

Cáceres 4

Mais de 150 mil Várzea Grande 6

Capital Cuiabá 10

Total 29 132

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levantamento. Também serão convidados a enviar representantes as faculdades de Odontologia do(s) estado(s) participante(s), as entidades de classe (ABO, CRO, Sindicatos, entre outras), FUNASA e demais parceiros loco-regionais. Estas oficinas terão a duração de 8 a 16 horas e ocorrerão em número necessário para cobrir todos os Estados e Municípios, o que pode ficar em torno de uma oficina por Estado. Na oficina que ocorrerá no Estado de Santa Catarina, por exemplo, estarão presentes o coordenador do Centro Colaborador da UFSC, o coordenador estadual do levantamento (indicado pelo coordenador estadual ou ele próprio), os coordenadores municipais de todos os municípios sorteados no Estado de Santa Catarina e representantes das Faculdades de Odontologia e das entidades. São etapas da Oficina:

a) apresentar as características gerais do projeto; b) discutir as atribuições do Centro Colaborador e das Coordenações (estadual e

municipal); c) definir as Instituições parceiras e detalhar as atribuições de cada uma; d) apresentar a metodologia amostral e, fundamentalmente, as peculiaridades de

cada Município; e) definir Plano de Trabalho e responsabilidades para as próximas etapas.

A ideia básica é que os coordenadores estaduais do projeto se capacitem a conduzir o levantamento em seus respectivos estados e os coordenadores municipais do projeto estejam aptos para trabalhar com suas equipes locais. O objetivo, portanto, dessa primeira Oficina é constituir um grupo de trabalho capaz de assumir a condução da pesquisa de forma parceira e articulada. Assim, é esperado que os coordenadores estaduais e municipais do projeto, atendendo suas atribuições, exerçam as funções de articulação das equipes loco-regionais e, junto com o Centro Colaborador, desenvolvam o cronograma pactuado. As faculdades de Odontologia e entidades de classe poderão oferecer apoio técnico-científico colaborando, particularmente, na indicação de instrutores de calibração. Ainda que um dos objetivos do Projeto SB2010 seja capacitar os municípios nas atividades de epidemiologia em saúde bucal, em algumas situações será avaliada a necessidade de deslocamento de equipes de examinadores de municípios de maior porte até aqueles sem condições (ausência de dentista na cidade, por exemplo).

3.2.2. Segunda Fase: Reuniões técnicas com os instrutores de calibração

Definidos os instrutores de calibração em cada Município, estes se reunirão novamente com o coordenador do Centro Colaborador para que seja discutido o processo de treinamento das equipes locais, buscando uma padronização do processo de calibração, incluindo todos os critérios dos índices a serem utilizados no levantamento. Este processo terá uma operacionalização semelhante ao da fase anterior, no que diz respeito aos locais e Estados participantes, sendo que, neste momento, participarão, apenas, o coordenador do Centro Colaborador e os instrutores de calibração. Será designado 1 instrutor para cada 2 municípios em média. Dependendo das características dos municípios e da logística de deslocamento entre eles, esse número pode ser alterado.

3.2.3. Terceira Fase: Treinamento das equipes locais Nesta fase, os instrutores de calibração, que, dependendo do caso, poderão ser os próprios coordenadores municipais, coordenadores estaduais ou ainda professores de faculdades de Odontologia ou profissionais de entidades de classe, conduzirão o treinamento das equipes locais ou microrregionais. O treinamento terá como referência

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os manuais produzidos para o Projeto SB2010 a serem utilizados pela equipe de campo que fará os exames.

3.2.4. Quarta Fase: Coleta de dados Nesta fase, uma vez que as equipes locais já estão devidamente treinadas, se dará início à coleta de dados. Os exames ocorrerão, conforme detalhado no projeto, em domicílios sorteados previamente, de acordo com as características de cada município. A seqüência com que estes exames ocorrerão será definida, de acordo com a realidade local. Após o sorteio dos elementos amostrais é fundamental visitar a área para estabelecer a estratégia de abordagem, identificar os recursos e as atividades para divulgação do trabalho, a fim de obter a colaboração da população, aspecto fundamental para o êxito do estudo.

3.2.5. Quinta fase: Tabulação dos dados Um software de entrada e processamento de dados será desenvolvido nos mesmos moldes do que foi elaborado para o SBBrasil 2003. O processo de digitação ocorrerá de forma centralizada, de modo a padronizar o processo e evitar erros.

3.2.6. Sexta fase: Análise dos dados e elaboração do relatório A equipe de coordenadores dos Centros Colaboradores se responsabilizará pela análise dos dados e elaboração do relatório final. Este relatório constará dos principais dados relativos às macrorregiões brasileiras, sendo que as tabelas básicas seguirão o padrão do Projeto SBBrasil 2003. Todo o banco de dados será posteriormente disponibilizado, via internet ou por solicitação à CNSB, para que outros estudos sejam conduzidos por institutos de pesquisa, faculdades de Odontologia, secretarias estaduais e municipais e outros interessados. O relatório final será amplamente divulgado, com cópias sendo enviadas a todos os Municípios participantes da amostra, às secretarias estaduais, faculdades, entidades, como também à imprensa leiga, para divulgação em todo o território nacional. Os dados serão também enviados à Organização Mundial da Saúde para fazer parte do Global Oral Data Bank (GODB), como dado oficial do Brasil para o período 2009/2010.

4. O Trabalho do Coordenador Municipal Conforme descrito no item 3.1, a boa condução da pesquisa só ocorrerá a partir de um esforço articulado entre os diversos níveis de gestão envolvidos. Detalharemos um pouco mais a partir de agora as tarefas e produtos a serem desenvolvidas pelos coordenadores municipais.

4.1. Participar da oficina de trabalho com todos os componentes envolvidos no projeto.

A participação do coordenador nesta primeira oficina é fundamental para que o mesmo tenha conhecimento das características gerais da pesquisa, entenda seu modelo operacional e se aproprie dos conhecimentos necessários para a adequada condução da pesquisa em seu município. Neste sentido, é importante a leitura dos documentos relativos à pesquisa, especialmente este manual e o projeto técnico, disponível na página do SBBrasil na Internet. Toda e qualquer dúvida de caráter técnico deverá ser dirigida ao coordenador técnico do Centro Colaborador responsável pelo município. Estes contatos também estão disponíveis na página do projeto e deverão ser, também, compartilhados por ocasião da primeira oficina.

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4.2. Providenciar as informações necessárias para o delineamento amostral

Como discutido anteriormente, as capitais terão o seu delineamento definido e os coordenadores receberão as informações sobre quais setores percorrer e quais domicílios visitar. O papel do coordenador, nestes casos, é contribuir na organização da logística da pesquisa nos domicílios, ajudando a definir a melhor sequência para as visitas, realizando a distribuição dos setores entre as equipes e articulando parcerias locais (com equipe de Agentes Comunitários, por exemplo). Além disso, deverá procurar viabilizar estratégias de divulgação que facilitem o trabalho das equipes em locais de difícil acesso. Para o caso dos municípios do interior, particularmente aqueles de menor porte populacional, o coordenador municipal deverá coletar o maior número de informações possíveis que facilitem a organização do delineamento da pesquisa. Oportunamente, quando estes delineamentos já estiverem definidos, os coordenadores municipais receberão uma matriz com as informações a serem coletadas.

4.3. Identificação e recrutamento das equipes de campo. Em primeiro lugar, observe na Tabela 1 a quantidade de equipes de campo que serão utilizadas em seu município. Entende-se como equipe de campo, um examinador, que deve ser um Cirurgião-Dentista, e um anotador que deve ser, prefencialmente, um Auxiliar em Saúde Bucal (ASB). Em situações excepcionais, em que este profissional não esteja disponível, podem ser utilizados outros profissionais de nível elementar e médio dos serviços de saúde (como Agentes Comunitários de Saúde, por exemplo). Um aspecto importante que o coordenador municipal deve estar atento é com relação ao perfil destes profissionais. Recomenda-se que esta equipe seja, preferencialmente, formada por pessoas com alguma experiência em levantamentos epidemiológicos de saúde bucal, ou que tenham tido acesso a este tipo de conhecimento em algum momento de sua carreira, como cursos de especialização ou aperfeiçoamento. Além disso, devem ser profissionais com vínculo profissional estabelecido com a secretaria municipal, seja por concurso público, seja mediante contratação via Programa Saúde da Família. Obviamente este é um perfil preferencial e não impeditivo de realização da pesquisa, servindo apenas como um guia para o coordenador municipal. Uma vez identificados os profissionais que participarão do projeto, os mesmos devem ser convidados a se incorporarem à pesquisa e deve ser garantida a sua participação por parte da gestão local. Este é um aspecto relevante que deve ser discutido com a Secretaria Municipal de Saúde, deixando claro que estes profissionais devem estar dedicados integralmente à pesquisa por um período que pode variar de um a dois meses.

4.4. Organizar o local e infra-estrutura para realização da pesquisa

4.4.1. Na fase de treinamento das equipes locais Depois da primeira oficina, a segunda etapa da pesquisa é o treinamento das equipes locais. Em muitas situações, esse treinamento deverá ocorrer no próprio município e serão necessárias algumas providências importantes para dar suporte às atividades de treinamento e calibração:

• Um local para o treinamento teórico, que pode ser uma sala com capacidade para até 25 pessoas (para o caso de municípios que exijam 10 equipes, como as capitais). A sala deverá ser equipada com computador e data-show e deve permitir escurecimento parcial, considerando a necessidade de projeção de slides.

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• Escolas previamente contactadas para servirem como campo de treinamento para as idades de 5 e de 12 anos e outros espaços para o treinamento em adolescentes, adultos e idosos.

• Condições de deslocamento das equipes para estes locais de treinamento (veículo com motorista).

Maiores detalhes sobre essas providências serão acrescentados por parte do instrutor de calibração designado para o treinamento no município.

4.4.2. Na fase de coleta de dados a) Dar o suporte necessário para o trabalho das equipes

Neste caso, há dois principais aspectos a serem considerados. Em primeiro lugar, para o caso de municípios de grande porte ou com grandes extensões territoriais, deve ser viabilizada uma logística de transporte para estas equipes. Um segundo aspecto diz respeito à sistemática para o uso adequado dos instrumentais. Para aqueles que exigem esterilização, como as sondas, por exemplo, deve ser estudada a melhor maneira de organizar este processo, definindo uma ou mais Unidades de Saúde onde estes ciclos de esterilização possam ser realizados, de modo a manter um fluxo de exames sem interrupções desnecessárias. Cada equipe de campo receberá instrumental suficiente para a realização de 20 exames sem necessidade de esterilização. Em geral, esse montante é suficiente para um turno de trabalho, de modo que devem ser pensadas alternativas para a realização de ciclos de esterilização entre os turnos da manhã e da tarde.

b) Realizar a supervisão de campo A supervisão de campo é um aspecto extremamente importante na execução da pesquisa pois garante que os dados serão coletados de maneira padronizada em todo o país. Uma documentação específica será disponibilizada para o coordenador municipal quando da realização das oficinas de treinamento das equipes locais.

4.5. Manter comunicação atualizada com a Coordenação Estadual

Esta comunicação deve ser realizada periodicamente informando o andamento das etapas previstas, os avanços e as dificuldades. Sempre que ocorrer algum imprevisto, tentar resolvê-lo junto à coordenação estadual. Nas situações em que isto não seja possível, entrar em contato com a coordenação técnica do Centro Colaborador.

4.6. Gerenciar o uso do instrumental a ser utilizado. O coordenador municipal receberá o material necessário para cada equipe de campo, composto de:

• Duas bolsas para guarda do material de pesquisa • Dois jalecos ou coletes • Dois bonés • Duas garrafas plásticas para água • Dois crachás de identificação • Duas canetas esferográficas • 20 sondas para exame bucal • Espelhos bucais descartáveis em quantidade suficiente para o total de exames

requerido • Uma caixa metálica para guarda de material estéril • Uma caixa plástica para guarda de material contaminado

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• Uma pinça • Luvas e máscaras em quantidade suficiente para o total de exames requerido • Uma pasta de abas com elástico • 5 envelopes de papel pardo para acondicionamento das fichas de exame • Fichas e termos de consentimento em quantidade suficiente para o total de

exames requerido Para os materiais que devem ser descartados, a coordenação municipal deverá entrar em contato com a Vigilância Sanitária local para estabelecer a melhor estratégia para o descarte destes materiais. Para os outros instrumentais, como sondas, pinças e caixas, ao final do período de coleta de dados, os mesmos deverão ser recolhidos e entregues, esterilizados, à coordenação estadual do projeto.

5. Cronograma Ano/Mês 2009 2010

Fase Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Consulta Pública e submissão ao CEP do Projeto Técnico

Delineamento Amostral

Oficinas de Treinamento com coordenadores locais

Treinamento das equipes de campo

Coleta dos dados

Análise dos dados

Elaboração do Relatório

Impressão e divulgação do Relatório

6. Referências 1. BRASIL. Ministério da Saúde - Divisão Nacional de Saúde Bucal. Levantamento

Epidemiológico em Saúde Bucal: Brasil, zona urbana. 1986. 137p. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília: 2004 (mimeo).

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Projeto SB Brasil 2003: condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 68 p.: Série C. Projetos, Programas e Relatórios.

4. CONS NC, JENNY J, KOHOUT FJ, SONGPAISAN Y, JOTIKASTIRA D. Utility of the dental aesthetic index in industrialized and developing countries. J Pub Health Dent. 1989; 49(3):163-6.

5. DEAN HT. Classification of mottled enamel diagnosis. J Am Med Assoc1934;21:1421-6. .

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9. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Resoluções do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas envolvendo seres humanos. http://www.datasus.gov.br/conselho/comissoes/etica/Resolucoes.htm. 1999.

10. NARVAI PC, FRAZÃO P, RONCALLI AG, ANTUNES JLF. Cárie dentária no Brasil: declínio, polarização, iniqüidade e exclusão social. Rev Panam Salud Publica. 2006;19(6):385–93.

11. O’BRIEN M. Children’s dental health in the United Kingdom 1993. HMSO London; 1994.

12. PINE C, PITTS NB, NUGENT ZJ. British Association for the study of Community Dentistry (BASCD) guidance on sampling for surveys of child dental health. A BASCD coordinated dental epidemiology programme quality standard. Community Dental Health. 1997;14: (Suppl 1): 1-17.

13. RONCALLI AG. Levantamentos epidemiológicos em saúde bucal no Brasil. In: ANTUNES JLF, PERES MA. Epidemiologia da saúde bucal. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2006. Cap.3, p.32-48.

14. SILVA NN. Amostragem probabilística. São Paulo: EDUSP, 1998.124p.

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17. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, Faculdade de Saúde Pública, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Levantamento das Condições de Saúde Bucal - Estado de São Paulo, 1998. Caderno de Instruções. São Paulo, 1998. [mimeo]

18. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Calibration of examiners for oral health epidemiological surveys. Geneva: ORH/EPID, 1993.

19. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health surveys: basic methods. 3 ed. Geneva: ORH/EPID, 1987.

20. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health surveys: basic methods. 4 ed. Geneva: ORH/EPID, 1997.