saÚde mental em crianÇas, e o uso indiscriminado...

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1 SAÚDE MENTAL EM CRIANÇAS, E O USO INDISCRIMINADO DE MEDICAMENTOS, COMO UMA FORMA DE VIOLAÇÃO DE SEUS DIREITOS Vol. I - Ano 2016 ISSN 2446-5518 Ieda Maria da Silva 1 Rosineide Maria Fagundes 2 Inês Terezinha Pastório 3 EIXO TEMÁTICO 01: Serviço Social, Educação e Saúde. RESUMO: Este artigo tem por objetivo discutir sobre a importância de diagnóstico em saúde mental nas crianças, levando-se ao uso de medicamentos adequados, e o atendimento Interdisciplinar como forma de obter-se melhores resultados no diagnóstico e controle do quadro da doença, e o Assistente Social como parte integrante dessa equipe. A temática busca conscientizar as pessoas que tiverem acesso a este trabalho, sobre a importância de diagnostico adequado de transtorno mental bem subsídios às Políticas de Saúde quanto à importância do tema. A metodologia utilizada foi revisão bibliográfica 4 . Como resultados obteve-se algumas considerações como: o uso do medicamento ritalina ao longo do tempo passou de um uso médico para um uso costumeiro e vantajoso há muitas pessoas, fato este comprovados em estudos e depoimentos descritos por alguns estudiosos e especialistas. Com as exigências na sociedade atual para a sobrevivência e a agitação da sociedade moderna forçou-se a atitudes em até certo ponto impensadas de muitas pessoas e profissionais quanto a aplicação da Ritalina à crianças e adolescentes, no anseio de buscar respostas imediatas aos “problemas” indisciplinares e comportamentais. Palavras-chave: Diagnóstico Precoce. Crianças. Direitos Humanos e Serviço Social. INTRODUÇÃO 1 Acadêmica de Serviço Social, Faculdades Itecne Cascavel/PR. [email protected] Estagiária de Serviço Social, Secretaria Municipal de Planejamento (SEPLAN) Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). 2 Acadêmica de Serviço Social, Faculdades Itecne Cascavel/PR. [email protected]Estagiária de Serviço Social, Associação Educacional Espírita “Lins de Vasconcellos” (A.E.E.L.V.) Guarda Mirim. Alunas do 8º Semestre do Curso de Serviço Social, participantes do Curso de Extensão de Saúde Mental. 3 Assistente Social pela UNIOESTE. Pesquisadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade (GEPPAS) e do Grupo Interdisciplinar e Interinstitucional de Pesquisa e Extensão em Desenvolvimento Sustentável (UNIOESTE). Professora Orientadora e Coordenadora do Projeto de Extensão em Saúde Mental na Faculdade Itecne Cascavel. Mestre em Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGDRS), pela UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon.Email:[email protected] 4 A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. (GIL, 2007, p. 65)

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SAÚDE MENTAL EM CRIANÇAS, E O USO INDISCRIMINADO DE MEDICAMENTOS, COMO UMA FORMA DE VIOLAÇÃO DE SEUS DIREITOS

Vol. I - Ano 2016 ISSN 2446-5518

Ieda Maria da Silva1 Rosineide Maria Fagundes2

Inês Terezinha Pastório3

EIXO TEMÁTICO 01: Serviço Social, Educação e Saúde.

RESUMO: Este artigo tem por objetivo discutir sobre a importância de diagnóstico em saúde mental nas crianças, levando-se ao uso de medicamentos adequados, e o atendimento Interdisciplinar como forma de obter-se melhores resultados no diagnóstico e controle do quadro da doença, e o Assistente Social como parte integrante dessa equipe. A temática busca conscientizar as pessoas que tiverem acesso a este trabalho, sobre a importância de diagnostico adequado de transtorno mental bem subsídios às Políticas de Saúde quanto à importância do tema. A metodologia utilizada foi revisão bibliográfica 4 . Como resultados obteve-se algumas considerações como: o uso do medicamento ritalina ao longo do tempo passou de um uso médico para um uso costumeiro e vantajoso há muitas pessoas, fato este comprovados em estudos e depoimentos descritos por alguns estudiosos e especialistas. Com as exigências na sociedade atual para a sobrevivência e a agitação da sociedade moderna forçou-se a atitudes em até certo ponto impensadas de muitas pessoas e profissionais quanto a aplicação da Ritalina à crianças e adolescentes, no anseio de buscar respostas imediatas aos “problemas” indisciplinares e comportamentais.

Palavras-chave: Diagnóstico Precoce. Crianças. Direitos Humanos e Serviço

Social.

INTRODUÇÃO

1 Acadêmica de Serviço Social, Faculdades Itecne – Cascavel/PR. [email protected] Estagiária de Serviço Social, Secretaria Municipal de Planejamento (SEPLAN) Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). 2 Acadêmica de Serviço Social, Faculdades Itecne – Cascavel/PR. [email protected]ária de Serviço Social, Associação Educacional Espírita “Lins de Vasconcellos” (A.E.E.L.V.) Guarda Mirim. Alunas do 8º Semestre do Curso de Serviço Social, participantes do Curso de Extensão de Saúde Mental. 3 Assistente Social pela UNIOESTE. Pesquisadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade (GEPPAS) e do Grupo Interdisciplinar e Interinstitucional de Pesquisa e Extensão em Desenvolvimento Sustentável (UNIOESTE). Professora Orientadora e Coordenadora do Projeto de Extensão em Saúde Mental na Faculdade Itecne Cascavel. Mestre em Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGDRS), pela UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon.Email:[email protected] 4 A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. (GIL, 2007, p. 65)

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A infância era desconhecida ou não era dada a devida importância

para as crianças.

Por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou a falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância neste mundo. (FLASKSMAN, s/d, P. 17)

Podemos perceber que era uma fase sem importância, isso podia ser

percebido através das pinturas onde as crianças eram representadas com

rostos angelicais, e com o do tamanho representando miniaturas dos adultos,

com o passar do tempo essa história veio mudando, criando condições de

possibilidade de uma infância moderna, isso foi possível através de alguns

fatores como: imposição do controle da família e da criança, da promoção da

vida; instituição da escola como mecanismos educacional disciplinador e

normatização das regras para a infância.

Portanto a humanização e os direitos a saúde, teve início com a

Declaração Universal dos Direitos Humanos, quando a Organização das

Nações Unidas (ONU) estabelece essa declaração em 1948, que no seu art. 1º

trás: “Todos são seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em

direitos”. (D.U.D.H, 2016, S/P) Em 1990 sob a Lei 8.069, de 13/07 foi

estabelecido o (ECA) Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 2012, p. 6).

Trazendo um leque de Leis na proteção as crianças e adolescentes, trazendo

os ainda como sujeitos de direitos e as formas de deveres e obrigações que a

sociedade tem para com eles.

São vários os tipos de violência existentes, mas no nosso artigo vamos

abordar um tipo que na maioria das vezes não é visto como uma violação e sim

como uma forma de prevenir algum dano psíquico ou até mesmo trazer

descanso para os pais e educadores nas escolas.

A avaliação aplicada em crianças e adultos temas mesmas

características, mas tem um diferencial, as crianças são seres em

desenvolvimento, podendo apresentar peculiaridades diferenciadas conforme a

idade. Para um diagnóstico mais preciso os instrumentais utilizados deverão

apresentar variantes específica para as faixas etárias. Para os adultos a

avaliação é por meio de observação direta onde é avaliado o comportamento,

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podendo ser feitas perguntas, utilizando questionários a respeito da avaliação

da inteligência.

No caso de avaliação com crianças se utilizar um questionário, as

perguntas feitas serão feitas para quem? Para as crianças, para os

responsáveis legais do menor, ou até para os professores dela? Aí se tem um

dilema o diagnóstico será preciso sobre o porquê dos atos da criança?

Através de pesquisas em artigos sobre o assunto foi possível

identificar-se que as informações fornecidas pela criança, responsável e

professores fornecem “informações adequadas, mas se for utilizados

instrumentos diferentes para cada informante”. (DUARTE; BORDIN, 2000, S/P)

Pelo que pesquisamos há sim instrumentos para se identificar

problemas de saúde mental em crianças, mas o problema até que ponto são

usados de forma correta e se o medicamento é de fato preciso, essas são as

inquietações deste artigo.Na maioria das vezes quando não se tem um

diagnóstico preciso são usados medicamentos de forma indiscriminada, um

exemplo a Ritalina que pode levar a criança a um processo depressivo

(podendo levar até cometerem suicídio em tenra idade) quando muitas vezes

seria necessário um investimento maior de tempo dos pais no estabelecimento

de limites claros.

1. SAÚDE MENTAL DA CRIANÇAX DIGNÓSTICO/TRATAMENTO

A saúde mental em crianças deveria receber um diagnóstico, mediante

uma investigação mais aprofundada. Como traz as autoras:

O instrumento mais utilizado mundialmente para identificar problemas mental em crianças e adolescentes a partir de informações dos pais é o Child Bhavior Checklist (CBCL), que inclui 118 itens e já foi traduzido em 55 idiomas. O princípio de construção do CBCL foi totalmente empírico, baseado no tratamento estatístico (análise fatorial) de uma lista de queixas na área de saúde mental, frequentemente presentes em prontuários médicos. A versão brasileira do CBCL (4-18 anos) é denominada “Inventário de Comportamento da Infância e Adolescência” e possui dados preliminares de validação. Outros dois instrumentos foram desenvolvidos pelo mesmo autor para o rastreamento de problemas de saúde mental em crianças e adolescentes a partir de informações do professor (Teacher Report Form- TRF) e do próprio jovem (Youth Self-Report-Form-YSR) [...]. (DUARTE, et al, 2000, S/P)

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Um fator importante quanto à identificação de transtornos psiquiátricos

é que a avaliação precisa ser realizada dentro do contexto onde a criança está

inserida, desta forma seria mais preciso o resultado, muitas vezes a avaliação

é feita em um lugar que a criança não conhece e muda seu comportamento,

pois é necessário considerar o contexto familiar e cultural.

Como estamos falando de criança, vale aqui ressaltar um importante

aspecto inerente e de muita relevância na vida desses seres; o fator

educacional é justamente neste viés que consideraremos as ações e

intervenções dos profissionais responsáveis com a função de ensinar, os quais

estão diretamente ligados com uma parcela significativa do tempo na formação

dos futuros cidadãos. Nesta linha de raciocínio nossa análise vale para as

demais áreas que também tem grande relevância na vida de nossas crianças.

Diante desses fatores podemos ressaltar a importância do trabalho

interdisciplinar, e o acompanhamento precoce por esses profissionais das

várias áreas do saber, evitando assim que essa criança seja um adulto

problemático.

Como podemos observar nas Diretrizes Assistenciais em Saúde Mental,

(ANS),

Os transtornos mentais envolvem não apenas o setor saúde, mas necessariamente vários setores da sociedade como a educação, emprego, a justiça e assistência social, entre outros. É importante que exista um engajamento e um esforço conjunto entre o Estado, Associações de Portadores de Transtornos Mentais, os familiares e a sociedade civil organizada, no sentido de desenvolver diretrizes específicas e serviços de saúde nesta área.(FUNK; SARACENO, 2004).

O Brasil é um país que não tem muitos instrumentos padronizados

nesta área. Tendo é claro iniciativas para serem buscados, quem sabe num

futuro próximo conseguiremos diagnosticar com precisão quanto à saúde

mental das crianças, o que é preciso para isso acontecer um planejamento

melhor da Política de Saúde Mental infantil e aí oferecerem um tratamento

adequado para as mesmas.

Um dos medicamentos mais usados para problemas de saúde mental é

a ritalina, muitos dizem que é um medicamento muito antigo e que ele não faz

mal, pois já deu prova que não oferece nenhum risco a saúde, mas engano de

quem pensa desta maneira, qualquer medicamento ainda mais de tarja preta

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oferece danos á saúde, como os efeitos colaterais, vamos elencar alguns que

são mais comuns, tais como: dor de cabeça, perda do apetite e insônia,

pressão no peito, taquicardia, os tremores, sudorese nas mãos, em alguns

casos ansiedade.

Isso acontece devido ao efeito dos psicoestimulantes, na atuação no

sistema nervoso central atuando sobre os neurotransmissores dopamina e

noradrenalina.

Temos também a sensação de nervosismo que afeta as pessoas que

sofrem de ansiedade e o uso dos psicoestimulantes podem afetar ainda mais e

causar crises de ansiedade e pânico, principalmente naquelas que tem

transtornos de humor (bipolar), podendo até ocorrer surtos psicóticos.

As crianças que não se alimentam direito, normalmente têm sua altura

inferior á da idade, com problemas de crescimento ou mesmo hormonais

(principalmente os meninos), podem ter o crescimento afetado, devido á falta

de apetite. Podendo também afetar a sexualidade, como a ereção masculina, a

hiperatividade na sexualidade, podendo levar a excessos, compulsões e etc.

Em estudos feitos pacientes que utilizam o Venvanse, este é outro

medicamento utilizado para saúde mental relatam sentir dificuldade de ficar

quietos de relaxar, mesmo depois do efeito do medicamento ter passado.

Então como tratar uma criança com medicamentos que causam esse tipo de

reação, como ela vai ter uma vida tranquila, poder estudar, brincar, levar uma

vida normal.

Em atenção à condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento preconizada pelo ECA, o Ministério da Saúde (MS) publicou recomendações, [..], para adoção de práticas não medicalizantes e para adoção de protocolos estaduais e municipais de dispensação do metilfenidato para prevenir excessiva medicalização de crianças e adolescentes. Essas recomendações destacam que o Brasil é o segundo mercado consumidor mundial de metilfenidato, comercializado com os nomes de “ritalina” ou “concerta” e que a venda desse medicamento teve um aumento de 77% em 10 anos, evidenciando um preocupante cenário de excessiva medicalização de crianças e adolescentes. (BRAZIL, 2016, S/P)

A seguir trazemos uma entrevista com uma Psicóloga falando sobre

um medicamento bastante utilizado no tratamento de saúde mental inclusive

em crianças.

Em matéria vinculada na GLOBO NEWS, com o título: “Brasil dispara no

vício induzido pelos pais na droga da obediência” onde a entrevistada uma

especialista na área da psicologia a Senhora Marilene Proença, Presidente do

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conselho federal de psicologia, traz algumas considerações muito interessante

sobre o medicamento Ritalina.

Desta forma trazemos na integra a fala da Senhora Marilene Proença:

Problemas normais da vida são designados pelas indústrias farmacêuticas como DOENÇAS MENTAIS, precisando assim de remédios cuja eficácia não podem ser mensurados, mas que causam efeitos secundários notáveis. Dessa forma: Timidez………….vira…..Desordem de Ansiedade Social……………código 300.23 Perda de um ente…..vira…..Desordem Depressiva Maior………… código 296.2 Saudades de casa….vira..Desordem de ansiedade de separação… código 309.21 Desconfiança…..vira …..Desordem de Personalidade paranóica…código 301.00 Ter altos e baixos…..vira……Transtorno Bipolar………….………….código 296.00 Ser distraído…………vira.….. DHDA5………………….…………………… código 314.9 (PROENÇA, 2013, S/P)

Normalmente o que seria um acontecimento ou problema na vida das

pessoas que na maioria das vezes poderia ser tratados de maneira diferente

com terapia sem precisar ser dopados de remédios acaba virando um comércio

para os capitalistas, um exemplo disso é a comercialização de remédios, onde

as indústrias farmacêuticas lucram com isso. Desta forma alguns estudiosos

destacam que é quase impossível passar por uma consulta psiquiátrica sem

sair dela com um diagnóstico de doença mental. Neste sentido Proença (2013,

s/p) destaca que

{...]. Em quase 100% destes diagnósticos são recomendados psicoativos. No geral, eles causam cerca de 700.000 reações adversas e 42.000 mortes durante um ano. Os psiquiatras recebem comissões pela indicação destes remédios e a indústria farmacêutica lucra U$ 330.000.000.000 por ano. Estes remédios não tem um poder de cura comprovados. A única coisa que se comprova é uma extensa lista de efeitos secundários nocivos. Está cada vez mais proibido viver com dores, o sofrimento é proibido, temos que viver dentro de uma propaganda de absorvente. Sem sofrimento, não aprendemos a lidar com o mundo real, não evoluímos e não temos coragem para suportar a vida como ela é. (PROENÇA, 2013, S/P)

5D.H.D.A: Distúrbio de [ hiperatividade com] déficit de atenção (DDA, DHDA). (BIBLIOTECA ON-LINE, da Torre de Vigia).

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Infelizmente hoje tudo é na base de remédios, parece estar na moda

tomá-los, as pessoas precisam de um estimulante para enfrentar os desafios

cotidianos, mesmo sabendo que o medicamento vai trazer danos para a saúde.

Os estudos feitos mostram que os psicoativos não curam só amenizam

o problema de saúde mental, mas causam outras reações quem já vem sendo

elencadas no decorrer deste trabalho.

O Cebes é um espaço plural e suprapartidário cuja missão histórica é a defesa da democracia, dos diretos sociais e da saúde. Desde 1976, a entidade desenvolve ações voltadas para a ampliação da consciência e do pensamento crítico em saúde. (PROENÇA, 2013, s/p)

Notamos na fala dessa especialista, o quanto está sendo comum e em

até certo ponto fácil, diagnosticar qualquer problema emocional mesmo que

momentâneo como um problema mental passivo a ser medicalisado com

drogas que fatalmente causa vários efeitos colaterais e até mesmo uma certa

dependência aos que fazem uso continuo. É fato, que também percebermos o

crescente números de pessoas que se auto denominam como depressivas e

afirmam usarem certos tipos de medicamentos para auxílio do seu “auto

controle” e para dormirem; os chamados “antidepressivos”.

Notadamente existem especulações envolta desta emblemática

questão dos remédios onde alguns críticos da automedicação que afirmam que

existe um grande interesse de indústrias farmacêuticas na venda e no consumo

desse tipo de medicação, os quais visam somente os lucros, deixando assim

os interesses financeiros sobrepor aos do bem estar da população. Só para

termos uma ideia, na última década, nos países da América do Norte, a

quantidade de medicamentos para tratar crianças com TDAH aumentou quatro

vezes (SCHACHAR et al.,2002). No Brasil, nos últimos cinco anos, as vendas

de metilfenidrato triplicaram (SEGATTO; PADILLA; FRUTUOSO, 2006). Como

também podemos verificar na reportagem feita por CASSIANA PURCINO

PEREZ e JULIANA PASSOS, intitulada como: “O excesso de medicação em

uma sociedade que precisa ser feliz” vinculada na revista CONCIÊNCIA, como

segue a seguir:

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A indústria farmacêutica nunca vendeu tanto no Brasil. Em balanço divulgado na primeira semana de setembro a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais registrou a superioridade das fabricantes nacionais diante das estrangeiras. As companhias brasileiras registraram faturamento de R$15,7 bilhões entre janeiro e junho de 2014, ou 51% do montante comercializado. O uso de antidepressivos e reguladores de humor está entre os cinco principais responsáveis por essa alta. Uma projeção do instituto de pesquisa IMS Health aponta que em 2017 o Brasil será o quarto país que mais consome remédios no mundo. Entre 2007 e 2012 a posição brasileira

subiu da décima posição para a sexta. (CHRISTOFARI, Ana Carolina; FREITAS, Claudia Rodrigues; et al; 2015, S/P)

Nesta citação podemos ver como os brasileiros usam medicamentos e o

faturamento das indústrias farmacêuticas, aí voltamos ao nosso

questionamento será que em todos os casos as pessoas realmente precisam

ser medicadas ainda mais com medicamentos que prejudicam a saúde, até

mesmo o desempenho das tarefas diárias.

Seria bem mais fácil um diálogo com o paciente, conscientizando-o

sobre o problema que está vivenciando, esclarecê-lo que tem outras formas de

se tratar, sem ser tomar remédio.

Contudo faz necessário cultivar uma boa relação entre todos os

profissionais das diversas áreas, principalmente nas da saúde e educação

incentivando assim a interdisciplinaridade no diagnóstico de transtorno mental

em criança.

2. A IMPORTÂNCIA DA PRATICA INTERDISCIPLINAR NO

DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO MENTAL EM CRIANÇA

Para começar a falar sobre este sub-item nos reportemos

aproximadamente a década de 1970 onde ingressa o movimento de

trabalhadores de saúde mental organizando ideias e propondo algo para

melhorar o contexto dos ambulatórios. Estava diminuindo os leitos nos

hospitais psiquiátricos, estavam reordenando os espaços para atendimentos

em saúde mental, as internações estavam sendo controladas em serviços

públicos e também nos privados.

Então neste contexto fez se necessário que os profissionais

“Psiquiatras, Psicólogos, Assistentes Sociais, Enfermeiros, Terapeutas

Ocupacionais e Fonoaudiólogos”. O objetivo dessa junção era a “humanização

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dentro dos asilos públicos e privados” (VASCONCELOS, 2000 apud

SCHEFFER; SILVA, 2014, S/P)

Não foi alcançado o objetivo num primeiro momento, pois almejavam

uma cidade sem manicômio, porque estes eram deposito de pessoas com

problemas mentais sem as mínimas condições de tratar de pacientes. No

entanto o movimento foi crescendo ganhando campo que no ano de 1986 foi

criado o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil, este teve

como incentivo a I Conferência Nacional de Saúde ocorrida neste mesmo ano.

(SCHEFFER; SILVA, 2014, S/P)

Isso mostra a importância que tem o trabalho multiprofissional ou

interdisciplinar

O Serviço Social surgiu como assistencialismo, aproximadamente na

década de 1930. Com a Constituição Federal de 1988 registra-se um grande

avanço em relação aos direitos sociais. Podemos então dizer que foi através

dela a porta de entrada para o início da construção da Política de Assistência

Social, quanto política pública.

Desta maneira o Estado passa a ter dever com a população e está

passa a ter direitos. A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) trás essa

regulamentação, sendo assim a assistência social deixa de ser uma ação posta

pela classe dominante e passa a ser direito do cidadão.

Na contemporaneidade o profissional trabalha nas políticas de saúde,

habitação, educação, assistência social podendo-se dizer que a partir de 1990

vem-se conquistando campo nos serviços públicos e o trabalho em equipes

multiprofissionais tendo de se valer da interdisciplinariedade.

Como (está previsto no Código de Ética do Assistente Social Capítulo lll,

Art 10, alínea d). “Das relações com assistente sociais e outros(as)

profissionais” Art. 10: “São deveres do Assistente Social”: Alínea d) Incentivar

sempre que possível a prática profissional interdisciplinar. (CFESS, 2012, p.33)

O Assistente Social tem a responsabilidade de amparar os direitos dos

seus usuários nas políticas sociais, pautados no seu Código de Ética. Além de

tudo é um profissional preparado desde a academia para lidar com o contexto

social onde o indivíduo está inserido, por isso ele faz toda diferença quando se

fala em trabalho interdisciplinar.

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[...] A interdisciplinaridade não pressupõe unicamente a integração, mas a interação entre os setores e disciplinas, conceitos, diretrizes, metodologias, procedimentos, conhecimentos, devem ser colocados a serviço da criação de caminhos que promovam a sustentabilidade das ações propostas. (MITRE, ARAUJO, 2013, p.09)

Como viemos trazendo neste trabalho a importância de se descobrir se

a criança realmente tem algum transtorno mental diferenciando-se de

transtornos de déficit de atenção e principalmente se estes estão relacionados

ao estabelecimento de regras claras, que permitam a criança um ambiente que

não o faça estar ansioso e angustiado em demasia, que permitam internalizar

regras e limites para então fechar-se o diagnóstico e o tratamento adequado.

Em pesquisas feitas, podemos perceber que o direito de uma pessoa quando

não recebe o tratamento apropriado é violado, pois ela é um sujeito de direito,

ainda mais quando se trata de uma criança.

Portanto a intersetorialidade na saúde mental é importante para rever

este diagnóstico, pois vai colocar um novo viés para o paciente, transformando

em uma pessoa não mais vista como doente e sim como um ser humano

reconhecido dentro da sociedade.

O Assistente Social juntamente com os outros profissionais tem como

intervir para garantir a integralidade da pessoa e a articulação dos serviços em

prol do bem estar do sujeito de direito atendido.

Portanto a intersetorialidade são parcerias que tem conseguido

conquistar lugar no âmbito social para a loucura e é uma estratégia que vem

dando certo na construção de projetos de saúde.

CONSIDERAÇÕES

Algo de causar espanto a qualquer ser humano sensato, principalmente

em se tratando do futuro da população, pois ao prescrever um medicamento a

uma criança sem o devido cuidado, e sem um preciso e real diagnóstico poderá

prejudicar a vida desse futuro adulto para sempre. Isso tem causado grande

preocupação que o Ministério da Educação encaminha recomendações do

Ministério da Saúde sobre a medicalização em criança.

Como viemos trazendo desde o início deste trabalho a criança é um ser

em desenvolvimento e o uso alguns medicamentos podem causar grandes

danos á saúde orgânica/neurológica e ao desenvolvimento do indivíduo.

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Ter uma criança quieta na sala de aula ou até mesmo em casa seria

maravilhoso, muitas vezes a baixo de remédios e isso custam quanto para a

mesma, desta forma está sendo violado o direito dela.

Também podemos ver que o uso de medicamento para saúde mental

na última década cresceu muito e o Brasil está em segundo lugar

mundialmente, este não é um dado favorável para a população brasileira e sim

somente para os capitalistas.

Também elencamos o tratamento com o medicamento famoso, muito

utilizado em pessoas com problemas psiquiátricos que é a Ritalina e os danos

que ela pode causar, destruindo muitas vezes a vida do paciente tratado com

essa medicação.

Ainda destacamos a importância do trabalho interdisciplinar entre as

categorias Educação, Médico, Psicólogo, Psiquiatra e Assistente Social, a

união destes profissionais poderá reverter esse quadro gritante no aspecto da

medicalização em saúde mental posto na nossa sociedade brasileira

envolvendo crianças e adolescentes.

REFERENCIAS

BRASIL, Declaração Universal dos Direitos Humanos (D.U.D.H.), O que são os direitos humanos? 2016. BRASIL, ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente e Instrumentais Normativos para a Proteção Integral de Crianças e Adolescentes. 2012. Curitiba/PR. BRASIL, Ministério da Educação, Encaminha Recomendações do Ministério da Saúde pra adoção de práticas não medicalizantes e para adoção de protocolos estaduais e municipais de dispensação do metilfenidato para prevenir a excessiva medicalização de crianças e adolescentes. Brasília, 2016. CFESS, Código de Ética do/Assistente Social. Lei 8662/93. Brasília, 2012. Diretrizes Assistenciais em Saúde Mentalna Saúde Suplementar (www.ans.gov.br) agencia nacional de saúde suplementar, Acesso dia 10/07/2016. DUARTE, Cristiane S.; BORDIN, Isabel A. S. Instrumentos de avaliação. Ver. Bras. Psiquiatr. Vol. 22 s. 2. São Paulo, Dec. 2000. WWW.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462000000600015&script=sci_arttex&ting=es, acessado dia 06/07/2016.

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FLAKSMAN, Dora. História Social da Criança e da Família. Apostila da disciplina Política Atendimento, 2015. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2007.

CEBES. Brasil dispara no vício induzido pelos pais na droga da

obediência – Ritalina. Disponível em: http://cebes.org.br/2013/09/brasil-

dispara-no-vicio-induzido-pelos-pais-na-droga-da-obediencia-ritalina.

Acesso dia julho de 2016

CHRISTOFARI, Ana Carolina, FREITAS Claudia Rodrigues; BAPTISTA; Claudio Roberto. Medicalização dos Modos de Ser e de Aprender. Porto Alegre/2015. http://comciencia.scielo.br/scielophp. Acesso dia 10 de julho de 2016 MITRE, Maristela Jorge; ARAUJO, Wânia Maria de. A intersetorialidade e a interdisciplinaridade no desenvolvimento urbano. Disponível em: WWW.2coninter.com.br/artigos/pdf 738>. Acesso dia 31 de julho de 2016. SCHEFFER, Graziela; SILVA, Lahana Gomes. Saúde Mental, intersetoralidade e Questão Social: um estudo na ótica dos sujeitos. São Paulo, 2014.

Psicologias do Brasil. Ritalina, a droga legal que ameaça o futuro. 2016 http://www.psicologiasdobrasil.com.br/ritalina-a-droga-legal-que-ameaca-o-futuro. Acesso dia 31 de julho de 2016.