saÚde mental em crianÇas, e o uso indiscriminado...
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SAÚDE MENTAL EM CRIANÇAS, E O USO INDISCRIMINADO DE MEDICAMENTOS, COMO UMA FORMA DE VIOLAÇÃO DE SEUS DIREITOS
Vol. I - Ano 2016 ISSN 2446-5518
Ieda Maria da Silva1 Rosineide Maria Fagundes2
Inês Terezinha Pastório3
EIXO TEMÁTICO 01: Serviço Social, Educação e Saúde.
RESUMO: Este artigo tem por objetivo discutir sobre a importância de diagnóstico em saúde mental nas crianças, levando-se ao uso de medicamentos adequados, e o atendimento Interdisciplinar como forma de obter-se melhores resultados no diagnóstico e controle do quadro da doença, e o Assistente Social como parte integrante dessa equipe. A temática busca conscientizar as pessoas que tiverem acesso a este trabalho, sobre a importância de diagnostico adequado de transtorno mental bem subsídios às Políticas de Saúde quanto à importância do tema. A metodologia utilizada foi revisão bibliográfica 4 . Como resultados obteve-se algumas considerações como: o uso do medicamento ritalina ao longo do tempo passou de um uso médico para um uso costumeiro e vantajoso há muitas pessoas, fato este comprovados em estudos e depoimentos descritos por alguns estudiosos e especialistas. Com as exigências na sociedade atual para a sobrevivência e a agitação da sociedade moderna forçou-se a atitudes em até certo ponto impensadas de muitas pessoas e profissionais quanto a aplicação da Ritalina à crianças e adolescentes, no anseio de buscar respostas imediatas aos “problemas” indisciplinares e comportamentais.
Palavras-chave: Diagnóstico Precoce. Crianças. Direitos Humanos e Serviço
Social.
INTRODUÇÃO
1 Acadêmica de Serviço Social, Faculdades Itecne – Cascavel/PR. [email protected] Estagiária de Serviço Social, Secretaria Municipal de Planejamento (SEPLAN) Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). 2 Acadêmica de Serviço Social, Faculdades Itecne – Cascavel/PR. [email protected]ária de Serviço Social, Associação Educacional Espírita “Lins de Vasconcellos” (A.E.E.L.V.) Guarda Mirim. Alunas do 8º Semestre do Curso de Serviço Social, participantes do Curso de Extensão de Saúde Mental. 3 Assistente Social pela UNIOESTE. Pesquisadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade (GEPPAS) e do Grupo Interdisciplinar e Interinstitucional de Pesquisa e Extensão em Desenvolvimento Sustentável (UNIOESTE). Professora Orientadora e Coordenadora do Projeto de Extensão em Saúde Mental na Faculdade Itecne Cascavel. Mestre em Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGDRS), pela UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon.Email:[email protected] 4 A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. (GIL, 2007, p. 65)
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A infância era desconhecida ou não era dada a devida importância
para as crianças.
Por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou a falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância neste mundo. (FLASKSMAN, s/d, P. 17)
Podemos perceber que era uma fase sem importância, isso podia ser
percebido através das pinturas onde as crianças eram representadas com
rostos angelicais, e com o do tamanho representando miniaturas dos adultos,
com o passar do tempo essa história veio mudando, criando condições de
possibilidade de uma infância moderna, isso foi possível através de alguns
fatores como: imposição do controle da família e da criança, da promoção da
vida; instituição da escola como mecanismos educacional disciplinador e
normatização das regras para a infância.
Portanto a humanização e os direitos a saúde, teve início com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, quando a Organização das
Nações Unidas (ONU) estabelece essa declaração em 1948, que no seu art. 1º
trás: “Todos são seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em
direitos”. (D.U.D.H, 2016, S/P) Em 1990 sob a Lei 8.069, de 13/07 foi
estabelecido o (ECA) Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 2012, p. 6).
Trazendo um leque de Leis na proteção as crianças e adolescentes, trazendo
os ainda como sujeitos de direitos e as formas de deveres e obrigações que a
sociedade tem para com eles.
São vários os tipos de violência existentes, mas no nosso artigo vamos
abordar um tipo que na maioria das vezes não é visto como uma violação e sim
como uma forma de prevenir algum dano psíquico ou até mesmo trazer
descanso para os pais e educadores nas escolas.
A avaliação aplicada em crianças e adultos temas mesmas
características, mas tem um diferencial, as crianças são seres em
desenvolvimento, podendo apresentar peculiaridades diferenciadas conforme a
idade. Para um diagnóstico mais preciso os instrumentais utilizados deverão
apresentar variantes específica para as faixas etárias. Para os adultos a
avaliação é por meio de observação direta onde é avaliado o comportamento,
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podendo ser feitas perguntas, utilizando questionários a respeito da avaliação
da inteligência.
No caso de avaliação com crianças se utilizar um questionário, as
perguntas feitas serão feitas para quem? Para as crianças, para os
responsáveis legais do menor, ou até para os professores dela? Aí se tem um
dilema o diagnóstico será preciso sobre o porquê dos atos da criança?
Através de pesquisas em artigos sobre o assunto foi possível
identificar-se que as informações fornecidas pela criança, responsável e
professores fornecem “informações adequadas, mas se for utilizados
instrumentos diferentes para cada informante”. (DUARTE; BORDIN, 2000, S/P)
Pelo que pesquisamos há sim instrumentos para se identificar
problemas de saúde mental em crianças, mas o problema até que ponto são
usados de forma correta e se o medicamento é de fato preciso, essas são as
inquietações deste artigo.Na maioria das vezes quando não se tem um
diagnóstico preciso são usados medicamentos de forma indiscriminada, um
exemplo a Ritalina que pode levar a criança a um processo depressivo
(podendo levar até cometerem suicídio em tenra idade) quando muitas vezes
seria necessário um investimento maior de tempo dos pais no estabelecimento
de limites claros.
1. SAÚDE MENTAL DA CRIANÇAX DIGNÓSTICO/TRATAMENTO
A saúde mental em crianças deveria receber um diagnóstico, mediante
uma investigação mais aprofundada. Como traz as autoras:
O instrumento mais utilizado mundialmente para identificar problemas mental em crianças e adolescentes a partir de informações dos pais é o Child Bhavior Checklist (CBCL), que inclui 118 itens e já foi traduzido em 55 idiomas. O princípio de construção do CBCL foi totalmente empírico, baseado no tratamento estatístico (análise fatorial) de uma lista de queixas na área de saúde mental, frequentemente presentes em prontuários médicos. A versão brasileira do CBCL (4-18 anos) é denominada “Inventário de Comportamento da Infância e Adolescência” e possui dados preliminares de validação. Outros dois instrumentos foram desenvolvidos pelo mesmo autor para o rastreamento de problemas de saúde mental em crianças e adolescentes a partir de informações do professor (Teacher Report Form- TRF) e do próprio jovem (Youth Self-Report-Form-YSR) [...]. (DUARTE, et al, 2000, S/P)
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Um fator importante quanto à identificação de transtornos psiquiátricos
é que a avaliação precisa ser realizada dentro do contexto onde a criança está
inserida, desta forma seria mais preciso o resultado, muitas vezes a avaliação
é feita em um lugar que a criança não conhece e muda seu comportamento,
pois é necessário considerar o contexto familiar e cultural.
Como estamos falando de criança, vale aqui ressaltar um importante
aspecto inerente e de muita relevância na vida desses seres; o fator
educacional é justamente neste viés que consideraremos as ações e
intervenções dos profissionais responsáveis com a função de ensinar, os quais
estão diretamente ligados com uma parcela significativa do tempo na formação
dos futuros cidadãos. Nesta linha de raciocínio nossa análise vale para as
demais áreas que também tem grande relevância na vida de nossas crianças.
Diante desses fatores podemos ressaltar a importância do trabalho
interdisciplinar, e o acompanhamento precoce por esses profissionais das
várias áreas do saber, evitando assim que essa criança seja um adulto
problemático.
Como podemos observar nas Diretrizes Assistenciais em Saúde Mental,
(ANS),
Os transtornos mentais envolvem não apenas o setor saúde, mas necessariamente vários setores da sociedade como a educação, emprego, a justiça e assistência social, entre outros. É importante que exista um engajamento e um esforço conjunto entre o Estado, Associações de Portadores de Transtornos Mentais, os familiares e a sociedade civil organizada, no sentido de desenvolver diretrizes específicas e serviços de saúde nesta área.(FUNK; SARACENO, 2004).
O Brasil é um país que não tem muitos instrumentos padronizados
nesta área. Tendo é claro iniciativas para serem buscados, quem sabe num
futuro próximo conseguiremos diagnosticar com precisão quanto à saúde
mental das crianças, o que é preciso para isso acontecer um planejamento
melhor da Política de Saúde Mental infantil e aí oferecerem um tratamento
adequado para as mesmas.
Um dos medicamentos mais usados para problemas de saúde mental é
a ritalina, muitos dizem que é um medicamento muito antigo e que ele não faz
mal, pois já deu prova que não oferece nenhum risco a saúde, mas engano de
quem pensa desta maneira, qualquer medicamento ainda mais de tarja preta
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oferece danos á saúde, como os efeitos colaterais, vamos elencar alguns que
são mais comuns, tais como: dor de cabeça, perda do apetite e insônia,
pressão no peito, taquicardia, os tremores, sudorese nas mãos, em alguns
casos ansiedade.
Isso acontece devido ao efeito dos psicoestimulantes, na atuação no
sistema nervoso central atuando sobre os neurotransmissores dopamina e
noradrenalina.
Temos também a sensação de nervosismo que afeta as pessoas que
sofrem de ansiedade e o uso dos psicoestimulantes podem afetar ainda mais e
causar crises de ansiedade e pânico, principalmente naquelas que tem
transtornos de humor (bipolar), podendo até ocorrer surtos psicóticos.
As crianças que não se alimentam direito, normalmente têm sua altura
inferior á da idade, com problemas de crescimento ou mesmo hormonais
(principalmente os meninos), podem ter o crescimento afetado, devido á falta
de apetite. Podendo também afetar a sexualidade, como a ereção masculina, a
hiperatividade na sexualidade, podendo levar a excessos, compulsões e etc.
Em estudos feitos pacientes que utilizam o Venvanse, este é outro
medicamento utilizado para saúde mental relatam sentir dificuldade de ficar
quietos de relaxar, mesmo depois do efeito do medicamento ter passado.
Então como tratar uma criança com medicamentos que causam esse tipo de
reação, como ela vai ter uma vida tranquila, poder estudar, brincar, levar uma
vida normal.
Em atenção à condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento preconizada pelo ECA, o Ministério da Saúde (MS) publicou recomendações, [..], para adoção de práticas não medicalizantes e para adoção de protocolos estaduais e municipais de dispensação do metilfenidato para prevenir excessiva medicalização de crianças e adolescentes. Essas recomendações destacam que o Brasil é o segundo mercado consumidor mundial de metilfenidato, comercializado com os nomes de “ritalina” ou “concerta” e que a venda desse medicamento teve um aumento de 77% em 10 anos, evidenciando um preocupante cenário de excessiva medicalização de crianças e adolescentes. (BRAZIL, 2016, S/P)
A seguir trazemos uma entrevista com uma Psicóloga falando sobre
um medicamento bastante utilizado no tratamento de saúde mental inclusive
em crianças.
Em matéria vinculada na GLOBO NEWS, com o título: “Brasil dispara no
vício induzido pelos pais na droga da obediência” onde a entrevistada uma
especialista na área da psicologia a Senhora Marilene Proença, Presidente do
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conselho federal de psicologia, traz algumas considerações muito interessante
sobre o medicamento Ritalina.
Desta forma trazemos na integra a fala da Senhora Marilene Proença:
Problemas normais da vida são designados pelas indústrias farmacêuticas como DOENÇAS MENTAIS, precisando assim de remédios cuja eficácia não podem ser mensurados, mas que causam efeitos secundários notáveis. Dessa forma: Timidez………….vira…..Desordem de Ansiedade Social……………código 300.23 Perda de um ente…..vira…..Desordem Depressiva Maior………… código 296.2 Saudades de casa….vira..Desordem de ansiedade de separação… código 309.21 Desconfiança…..vira …..Desordem de Personalidade paranóica…código 301.00 Ter altos e baixos…..vira……Transtorno Bipolar………….………….código 296.00 Ser distraído…………vira.….. DHDA5………………….…………………… código 314.9 (PROENÇA, 2013, S/P)
Normalmente o que seria um acontecimento ou problema na vida das
pessoas que na maioria das vezes poderia ser tratados de maneira diferente
com terapia sem precisar ser dopados de remédios acaba virando um comércio
para os capitalistas, um exemplo disso é a comercialização de remédios, onde
as indústrias farmacêuticas lucram com isso. Desta forma alguns estudiosos
destacam que é quase impossível passar por uma consulta psiquiátrica sem
sair dela com um diagnóstico de doença mental. Neste sentido Proença (2013,
s/p) destaca que
{...]. Em quase 100% destes diagnósticos são recomendados psicoativos. No geral, eles causam cerca de 700.000 reações adversas e 42.000 mortes durante um ano. Os psiquiatras recebem comissões pela indicação destes remédios e a indústria farmacêutica lucra U$ 330.000.000.000 por ano. Estes remédios não tem um poder de cura comprovados. A única coisa que se comprova é uma extensa lista de efeitos secundários nocivos. Está cada vez mais proibido viver com dores, o sofrimento é proibido, temos que viver dentro de uma propaganda de absorvente. Sem sofrimento, não aprendemos a lidar com o mundo real, não evoluímos e não temos coragem para suportar a vida como ela é. (PROENÇA, 2013, S/P)
5D.H.D.A: Distúrbio de [ hiperatividade com] déficit de atenção (DDA, DHDA). (BIBLIOTECA ON-LINE, da Torre de Vigia).
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Infelizmente hoje tudo é na base de remédios, parece estar na moda
tomá-los, as pessoas precisam de um estimulante para enfrentar os desafios
cotidianos, mesmo sabendo que o medicamento vai trazer danos para a saúde.
Os estudos feitos mostram que os psicoativos não curam só amenizam
o problema de saúde mental, mas causam outras reações quem já vem sendo
elencadas no decorrer deste trabalho.
O Cebes é um espaço plural e suprapartidário cuja missão histórica é a defesa da democracia, dos diretos sociais e da saúde. Desde 1976, a entidade desenvolve ações voltadas para a ampliação da consciência e do pensamento crítico em saúde. (PROENÇA, 2013, s/p)
Notamos na fala dessa especialista, o quanto está sendo comum e em
até certo ponto fácil, diagnosticar qualquer problema emocional mesmo que
momentâneo como um problema mental passivo a ser medicalisado com
drogas que fatalmente causa vários efeitos colaterais e até mesmo uma certa
dependência aos que fazem uso continuo. É fato, que também percebermos o
crescente números de pessoas que se auto denominam como depressivas e
afirmam usarem certos tipos de medicamentos para auxílio do seu “auto
controle” e para dormirem; os chamados “antidepressivos”.
Notadamente existem especulações envolta desta emblemática
questão dos remédios onde alguns críticos da automedicação que afirmam que
existe um grande interesse de indústrias farmacêuticas na venda e no consumo
desse tipo de medicação, os quais visam somente os lucros, deixando assim
os interesses financeiros sobrepor aos do bem estar da população. Só para
termos uma ideia, na última década, nos países da América do Norte, a
quantidade de medicamentos para tratar crianças com TDAH aumentou quatro
vezes (SCHACHAR et al.,2002). No Brasil, nos últimos cinco anos, as vendas
de metilfenidrato triplicaram (SEGATTO; PADILLA; FRUTUOSO, 2006). Como
também podemos verificar na reportagem feita por CASSIANA PURCINO
PEREZ e JULIANA PASSOS, intitulada como: “O excesso de medicação em
uma sociedade que precisa ser feliz” vinculada na revista CONCIÊNCIA, como
segue a seguir:
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A indústria farmacêutica nunca vendeu tanto no Brasil. Em balanço divulgado na primeira semana de setembro a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais registrou a superioridade das fabricantes nacionais diante das estrangeiras. As companhias brasileiras registraram faturamento de R$15,7 bilhões entre janeiro e junho de 2014, ou 51% do montante comercializado. O uso de antidepressivos e reguladores de humor está entre os cinco principais responsáveis por essa alta. Uma projeção do instituto de pesquisa IMS Health aponta que em 2017 o Brasil será o quarto país que mais consome remédios no mundo. Entre 2007 e 2012 a posição brasileira
subiu da décima posição para a sexta. (CHRISTOFARI, Ana Carolina; FREITAS, Claudia Rodrigues; et al; 2015, S/P)
Nesta citação podemos ver como os brasileiros usam medicamentos e o
faturamento das indústrias farmacêuticas, aí voltamos ao nosso
questionamento será que em todos os casos as pessoas realmente precisam
ser medicadas ainda mais com medicamentos que prejudicam a saúde, até
mesmo o desempenho das tarefas diárias.
Seria bem mais fácil um diálogo com o paciente, conscientizando-o
sobre o problema que está vivenciando, esclarecê-lo que tem outras formas de
se tratar, sem ser tomar remédio.
Contudo faz necessário cultivar uma boa relação entre todos os
profissionais das diversas áreas, principalmente nas da saúde e educação
incentivando assim a interdisciplinaridade no diagnóstico de transtorno mental
em criança.
2. A IMPORTÂNCIA DA PRATICA INTERDISCIPLINAR NO
DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO MENTAL EM CRIANÇA
Para começar a falar sobre este sub-item nos reportemos
aproximadamente a década de 1970 onde ingressa o movimento de
trabalhadores de saúde mental organizando ideias e propondo algo para
melhorar o contexto dos ambulatórios. Estava diminuindo os leitos nos
hospitais psiquiátricos, estavam reordenando os espaços para atendimentos
em saúde mental, as internações estavam sendo controladas em serviços
públicos e também nos privados.
Então neste contexto fez se necessário que os profissionais
“Psiquiatras, Psicólogos, Assistentes Sociais, Enfermeiros, Terapeutas
Ocupacionais e Fonoaudiólogos”. O objetivo dessa junção era a “humanização
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dentro dos asilos públicos e privados” (VASCONCELOS, 2000 apud
SCHEFFER; SILVA, 2014, S/P)
Não foi alcançado o objetivo num primeiro momento, pois almejavam
uma cidade sem manicômio, porque estes eram deposito de pessoas com
problemas mentais sem as mínimas condições de tratar de pacientes. No
entanto o movimento foi crescendo ganhando campo que no ano de 1986 foi
criado o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil, este teve
como incentivo a I Conferência Nacional de Saúde ocorrida neste mesmo ano.
(SCHEFFER; SILVA, 2014, S/P)
Isso mostra a importância que tem o trabalho multiprofissional ou
interdisciplinar
O Serviço Social surgiu como assistencialismo, aproximadamente na
década de 1930. Com a Constituição Federal de 1988 registra-se um grande
avanço em relação aos direitos sociais. Podemos então dizer que foi através
dela a porta de entrada para o início da construção da Política de Assistência
Social, quanto política pública.
Desta maneira o Estado passa a ter dever com a população e está
passa a ter direitos. A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) trás essa
regulamentação, sendo assim a assistência social deixa de ser uma ação posta
pela classe dominante e passa a ser direito do cidadão.
Na contemporaneidade o profissional trabalha nas políticas de saúde,
habitação, educação, assistência social podendo-se dizer que a partir de 1990
vem-se conquistando campo nos serviços públicos e o trabalho em equipes
multiprofissionais tendo de se valer da interdisciplinariedade.
Como (está previsto no Código de Ética do Assistente Social Capítulo lll,
Art 10, alínea d). “Das relações com assistente sociais e outros(as)
profissionais” Art. 10: “São deveres do Assistente Social”: Alínea d) Incentivar
sempre que possível a prática profissional interdisciplinar. (CFESS, 2012, p.33)
O Assistente Social tem a responsabilidade de amparar os direitos dos
seus usuários nas políticas sociais, pautados no seu Código de Ética. Além de
tudo é um profissional preparado desde a academia para lidar com o contexto
social onde o indivíduo está inserido, por isso ele faz toda diferença quando se
fala em trabalho interdisciplinar.
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[...] A interdisciplinaridade não pressupõe unicamente a integração, mas a interação entre os setores e disciplinas, conceitos, diretrizes, metodologias, procedimentos, conhecimentos, devem ser colocados a serviço da criação de caminhos que promovam a sustentabilidade das ações propostas. (MITRE, ARAUJO, 2013, p.09)
Como viemos trazendo neste trabalho a importância de se descobrir se
a criança realmente tem algum transtorno mental diferenciando-se de
transtornos de déficit de atenção e principalmente se estes estão relacionados
ao estabelecimento de regras claras, que permitam a criança um ambiente que
não o faça estar ansioso e angustiado em demasia, que permitam internalizar
regras e limites para então fechar-se o diagnóstico e o tratamento adequado.
Em pesquisas feitas, podemos perceber que o direito de uma pessoa quando
não recebe o tratamento apropriado é violado, pois ela é um sujeito de direito,
ainda mais quando se trata de uma criança.
Portanto a intersetorialidade na saúde mental é importante para rever
este diagnóstico, pois vai colocar um novo viés para o paciente, transformando
em uma pessoa não mais vista como doente e sim como um ser humano
reconhecido dentro da sociedade.
O Assistente Social juntamente com os outros profissionais tem como
intervir para garantir a integralidade da pessoa e a articulação dos serviços em
prol do bem estar do sujeito de direito atendido.
Portanto a intersetorialidade são parcerias que tem conseguido
conquistar lugar no âmbito social para a loucura e é uma estratégia que vem
dando certo na construção de projetos de saúde.
CONSIDERAÇÕES
Algo de causar espanto a qualquer ser humano sensato, principalmente
em se tratando do futuro da população, pois ao prescrever um medicamento a
uma criança sem o devido cuidado, e sem um preciso e real diagnóstico poderá
prejudicar a vida desse futuro adulto para sempre. Isso tem causado grande
preocupação que o Ministério da Educação encaminha recomendações do
Ministério da Saúde sobre a medicalização em criança.
Como viemos trazendo desde o início deste trabalho a criança é um ser
em desenvolvimento e o uso alguns medicamentos podem causar grandes
danos á saúde orgânica/neurológica e ao desenvolvimento do indivíduo.
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Ter uma criança quieta na sala de aula ou até mesmo em casa seria
maravilhoso, muitas vezes a baixo de remédios e isso custam quanto para a
mesma, desta forma está sendo violado o direito dela.
Também podemos ver que o uso de medicamento para saúde mental
na última década cresceu muito e o Brasil está em segundo lugar
mundialmente, este não é um dado favorável para a população brasileira e sim
somente para os capitalistas.
Também elencamos o tratamento com o medicamento famoso, muito
utilizado em pessoas com problemas psiquiátricos que é a Ritalina e os danos
que ela pode causar, destruindo muitas vezes a vida do paciente tratado com
essa medicação.
Ainda destacamos a importância do trabalho interdisciplinar entre as
categorias Educação, Médico, Psicólogo, Psiquiatra e Assistente Social, a
união destes profissionais poderá reverter esse quadro gritante no aspecto da
medicalização em saúde mental posto na nossa sociedade brasileira
envolvendo crianças e adolescentes.
REFERENCIAS
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CHRISTOFARI, Ana Carolina, FREITAS Claudia Rodrigues; BAPTISTA; Claudio Roberto. Medicalização dos Modos de Ser e de Aprender. Porto Alegre/2015. http://comciencia.scielo.br/scielophp. Acesso dia 10 de julho de 2016 MITRE, Maristela Jorge; ARAUJO, Wânia Maria de. A intersetorialidade e a interdisciplinaridade no desenvolvimento urbano. Disponível em: WWW.2coninter.com.br/artigos/pdf 738>. Acesso dia 31 de julho de 2016. SCHEFFER, Graziela; SILVA, Lahana Gomes. Saúde Mental, intersetoralidade e Questão Social: um estudo na ótica dos sujeitos. São Paulo, 2014.
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