saude mental da crianca na atencao basica por wagner ranna
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A Saúde mental da criança na atenção básica Detecção e intervenção a partir do Programa de Saúd e da Família e do apoio matricial 1
Wagner Ranña2
O perfil dos problemas de saúde da infância mudou na última década, sendo que um dos
aspectos importantes desta mudança foi o deslocamento do foco de atenção, que antes era sobre as
doenças relacionadas com a mortalidade infantil e hoje assistimos uma crescente presença de
problemas relacionados com a qualidade do desenvolvimento infantil, destacando-se atualmente os altos
índices de problemas na aprendizagem, os problemas de saúde mental e a violência entre os
adolescentes
Nas décadas de oitenta e noventa, a rede básica de saúde tinha como desafio as ações de
promoção de saúde que visavam impacto sobre doenças que implicavam em aumento no índice de
mortalidade infantil. O crescimento, a desnutrição, as doenças diarréicas, as doenças respiratórias e a
cobertura das imunizações eram os focos de atenção. Os dispositivos apontados para as intervenções
nesses problemas da saúde da criança eram referidos ao modelo biomédico e de educação em saúde,
historicamente mais conhecidos pelos profissionais que compunham as equipes das Unidades Básicas
de Saúde (UBS).
Quando analisamos os novos desafios que se destacam das análises epidemiológicas atuais,
ficam evidentes as mudanças acima apontadas (1,2). Hoje, a atenção volta-se então para os
adolescentes e para a detecção e intervenção precoce nos problemas desenvolvimento e de saúde
mental da criança nos seus primeiros anos.
Esse novo cenário coloca na ordem do dia dos processos de capacitação das equipes de saúde
que trabalham na rede básica de atenção, o domínio de uma tecnologia que até então não fazia parte
marcante de suas intervenções, qual seja: o conhecimento sobre o desenvolvimento infantil, sobre os
1 Publicado em -Ribeiro E.L. & Tanaka O.U. (Orgs.), Saúde mental de crianças e adolescentes - contribuições ao SUS, Ed. Hucitec 2 Médico, Pediatra e Psiquatra lnfantil, com Mestrado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Assistente Docente do Departamento de Pediatria Social da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP); Supervisor em Saúde Mental da Residência de Medicina da Família e Comunidade. Professor do Curso de Psicossomática do Instituto Sedes Sapientiae. Possui vários trabalhos publicados na área de Desenvolvimento Infantil e Desenvolvimento Precoce
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fatores que intervêm no mesmo, sobre os sinais precoces de seus problemas e sobre os dispositivos de
intervenção nos mesmos. Outra necessidade que se coloca para as equipes de atenção à saúde na
atenção básica é o reconhecimento dos problemas de saúde mental da infância e da adolescência, bem
como ter apoio especializado adequado para se responsabilizar pelo acompanhamento longitudinal de
casos detectados
Ao lado desses aspectos acima apontados, na última década ocorreu uma importante mudança
na composição das equipes de atenção básica de saúde, com destaque à implantação das equipes do
Programa de Saúde da Família, que numa tentativa de superar o modelo biomédico de concepção sobre
os processos do adoecimento e recuperação da saúde, passam a tomar como objeto de suas ações um
território, onde vivem famílias, nas quais vivem os sujeitos em relações.
O apoio matricial
O apoio matricial é destacado como uma estratégia para fazer frente a esses desafios. A
concepção de uma rede organizada pelo apoio matricial implica na crítica às formas hierarquizadas de
organização dos serviços e do trabalho dos profissionais da equipe interdisciplinar implicados nos
projetos terapêuticos e nas intervenções no território, entre outras modalidades de intervenção, bem
como na superação dos métodos tayloristas de organização e gestão do trabalho em saúde
Seguindo as colocações de Campos (3), o apoio matricial é uma metodologia que inicialmente
foi utilizada para promover a reforma do trabalho em saúde que teve repercussão nas áreas de saúde
mental, na atenção básica e em setores da assistência hospitalar. Antes dessas experiências o pioneiro
em utilizar os princípios da organização matricial de trabalho interdisciplinar em saúde no Brasil foi o
Instituto da Criança HC-FMUSP, nas décadas de 70/80(4).
Os modelos tayloristas de organização do trabalho partem do pressuposto ingênuo de que a
soma das ações burocraticamente organizadas, a partir das equipes multiprofissionais e da
hierarquização dos níveis de atenção em primário (atenção básica), secundário (ambulatório de
especialidades) e terciário (assistência hospitalar) seriam suficientes para fazer frente à crescente
complexidade das ações em saúde, reduzindo-as aos moldes das divisões de trabalho em série tal como
nas organizações industriais. Mesmo nesses setores, além das críticas a esse modelo no que diz
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respeito à alienação do trabalhador em relação aos produtos fabricados, alienação esta apontada como
responsável por várias patologias do trabalho, o modelo matricial era proposto como uma reforma que
visava principalmente a produção de alta tecnologia
Assim o modelo matricial implica em uma concepção interdisciplinar, com uma horizontalização
nas relações entre profissionais e uma aproximação dos membros das equipes com os especialistas de
forma horizontal e direta, sendo então essa aproximação a matriz necessária para vencer os obstáculos
pertinentes à complexidade e singularidade do trabalho em saúde e convocar todos para uma postura
criativa e autônoma.
Deixa-se de pensar em uma central pensante e detentora do saber, em oposição á uma filial
executora de programas estabelecidos pelos especialistas e implementados verticalmente, aumentando
as divergências entre executores e produtores do saber, para pensar-se em um modelo onde todos se
articulam horizontalmente para envolver-se em todos os processos da produção, desde a criação até a
execução
No que diz respeito ao trabalho em saúde o modelo matricial procura, de um lado aproximar as
equipes de referência com a comunidade e de outro aproximar a equipe e comunidade com os
especialistas. Essa forma de organização pode desencadear três processos muito importantes, se não
fundamentais para o trabalho em saúde, ou seja: ajuda na produção de concepções interdisciplinares,
aumenta o vínculo entre equipes, usuários e especialistas e é um processo de capacitação permanente
em todos os sentidos, pois assim como os membros de uma equipe de referência necessitam dos
conhecimentos especializados, os especialistas necessitam de capacitarem-se em problemas
pertinentes à atenção básica.
Cria-se assim uma organização do trabalho calcada no modelo de uma rede, onde o nível
hierárquico é superado pela interação horizontal e a organização centrada na complexidade da patologia
é superada pela criação de projetos terapêuticos integrais e longitudinais. A realidade epidemiológica
atual não permite que as equipes de referência assumam apenas os casos menos graves e os
especialistas os mais graves, mas todos os níveis tem um papel a ser identificado em cada projeto
terapêutico.
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Essa forma de organização das ações de saúde, ou do trabalho em saúde necessita de alguns
organizadores entre os quais destacamos os espaços de encontro entre profissionais das equipes de
referência da atenção básica, usuários e especialistas, nesse caso denominados de apoiadores
matriciais.
A construção de intervenções dentro desse cenário nos parece profundamente sintonizada com
a complexidade pertinente à atenção em saúde, onde determinantes os biológicos, psicológicos, sociais,
antropológicos e históricos estão presentes e atuantes, não nos deixando iludir pelos processos
fragmentados, especializados e hierarquizados, que ao recortar e reduzir a realidade do trabalho em
saúde nos leva a uma simplificação amplamente identificada como ineficaz
As ações em rede vêm então substituir os paradigmas da organização tradicional, com os
fundamentos calcados na especialização e na hierarquização, lançando um novo paradigma de REDE
como forma de desenhar a estrutura organizacional das ações de saúde num território. Vale dizer aqui
que esse paradigma redireciona as tradicionais rupturas entre objeto e agentes das ações, integrando-os
na sua complexidade irredutível (5).
Os referenciais teóricos e saúde mental na atenção básica.
Nos territórios de atuação das equipes de referência em saúde da família estão as famílias, nas
quais encontramos os bebês, as crianças e os adolescentes e seus cuidadores, que freqüentemente são
pais adolescentes, pois a gravidez precoce ocorre na passagem para a vida adulta. Os adolescentes,
diante dos enormes desafios a serem enfrentados para atingir a maturidade, vítimas de um sistema
educacional falho e promotor de exclusão, vêem na maternidade uma forma de concluir o seu processo
de adolescimento e assumir precocemente a condição de adultos. Não é incomum vermos então os
adolescentes, ou os jovens pais, terem que dividir os papéis de cuidadores com outros membros da
família ou com outras instituições (6).
Os dois extremos do processo de desenvolvimento do sujeito humano se relacionam. Esse é
apenas um dos aspectos do que é bem conhecido sobre os problemas de desenvolvimento e de saúde
mental da criança, que se refere ao fato de estarem ligados a problemas de saúde mental dos pais e a
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problemas na dinâmica familiar. Então o Programa de Saúde da Família deve ser considerado com
muita atenção, sendo este o nosso objetivo neste capítulo.
Pensando no desenvolvimento infantil é necessário atentar para a questão da detecção e
intervenção precoces, as quais são apontadas como relevantes por qualquer que seja o referencial
tomado para a organização das ações em Atenção Básica de Saúde Mental com crianças e
adolescentes. Mas é igualmente necessário levantar uma crítica aos modelos de intervenção, que
tomando como referencial as concepções das neurociências, vão se estruturando a partir de modelos
biomédicos, tendo como dispositivo central os métodos de estimulação precoce. Não restam dúvidas de
que a neurociência e suas descobertas sobre as bases neurológicas do desenvolvimento do cérebro
infantil trazem importantes contribuições para este campo, principalmente no que se refere à construção
da rede neuronal e a importância dos processos epigenéticos na mesma (7). Mas é também importante
destacar que dentre as descobertas no campo do desenvolvimento humano que ocorreram no século
XX, talvez as mais importantes sejam aquelas que se referem aos processos de constituição da
subjetividade e seus determinantes.
Essas descobertas vieram mostrar, de forma inequívoca, que o desenvolvimento humano se dá
prioritariamente por processos epigenéticos, a partir de uma dialética entre impotência e prematuração e
sua antecipação no desejo e no discurso do outro ser humano que estabelece uma relação de amor com
a sua cria. O pequeno e novo homem, o bebê, ou a criança, não advêm como ser subjetivado e inserido
na cultura se esses elementos mínimos não forem fornecidos ao mesmo. As bases do desenvolvimento
têm como irredutível a necessidade de uma criança ser tomada como objeto de amor pelo adulto
cuidador, ser tomada como um suposto sujeito, identificar suas demandas de forma singular e esteja
antecipada em um lugar significante para este adulto, que atua como mediador entre o novo ser e a
cultura. Essa trajetória rumo à cultura do pequeno ser não pode ser redutível apenas aos processos
maturativos, neurológicos e genéticos, mas são amplamente determinados pelas relações constitutivas
com o outro adulto cuidador, encarnado nas mais diversas formas que o ambiente social propicia para
dar conta de suas “crias” (8).
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Dessa forma destacamos a importância das ações de saúde que tenham como objeto a criança
e seus objetos primordiais, ou seja, seus cuidadores, como integrantes de uma família, com suas
histórias, seus mitos, suas crises e principalmente com sua potencia criativa.
Anteriormente falávamos em ações sobre o real do ambiente, que por efeito do saneamento,
dos alimentos e dos medicamentos atuariam na manutenção da vida de uma criança. Agora o que se
coloca é a necessidade de intervirmos na dinâmica familiar, onde a criança por vezes é só um efeito da
mesma. É evidente que uma criança necessita de atividades lúdicas, de ser auxiliada adequadamente
para adentrar no mundo da linguagem e do letramento, mas antes de tudo, e de forma irredutível, esta
criança deve ser tomada como objeto de amor pelos adultos e nesta relação afetiva ser antecipada
como um sujeito na cultura. É no desejo que o outro deposita sobre a criança que ela encontra os meios
para se constituir como um novo ser no mundo de forma verdadeira e prazerosa
Olhar o desenvolvimento humano sob esse aspecto significa admitir que o melhor e mais
fundamental determinante do mesmo é o lugar imaginário e simbólico que cada criança assume no
grupo familiar. Phillipe Áries, no seu clássico trabalho sobre a origem histórica da família e da infância,
aponta que ambas são criações que emergem na contemporaneidade, exatamente no momento
histórico em que se constata que o novo ser em desenvolvimento necessita destes pressupostos
mínimos e só o meio familiar dispõe dos mesmos. Hoje após muitas pesquisas, muitos erros e acertos,
sabemos que por mais que as instituições criadas pelo estado e outras para garantir o desenvolvimento
de crianças sem família estejam adequadas, o que está longe de ser uma realidade, esse mínimo
indispensável só pode ser oferecido pelo grupo familiar
A partir dessa introdução geral poderemos seguir com a discussão e apresentação de exemplos
de trabalho em rede, com apoio matricial, tendo como foco as possíveis ações que uma equipe de
Programa de Saúde da Família visando o desenvolvimento infantil e as expressões de sofrimento
psíquico por parte dos infantes e adolescentes.
Defendemos o ponto de vista, que pode ser deduzido de nossas colocações anteriores, que as
ações sobre o desenvolvimento infantil e sobre a saúde mental da criança, devem ter como base as
ações sobre o grupo familiar como um todo e que as equipes de saúde da família podem ter relevante
papel nessas ações, desde que tenham uma capacitação e uma rede de apoio matricial suficiente.
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A psicanálise é tomada como referencial interdisciplinar nesse processo, nos referenciais
propostos entre outros por A. Jeruzalinsk, quando esse aborda o desenvolvimento infantil e os sinais de
risco para o mesmo. Em relação às intervenções precoces vamos nos referir ao trabalho publicado
sobre o assunto por W. Ranna (9). Além disso, é importante salientar que a psicanálise com crianças
tem esse caráter interdisciplinar, intersetorial e de estar profundamente ligada á saúde mental da família,
sendo a criança o mais sensível indicador da qualidade das relações que se estruturam em um dado
grupo familiar e da qualidade das ações de saúde um dado território.
No estudo dos casos trabalha-se então com o referencial psicanalítico que nos oferece os
conceitos de função materna e função paterna como estruturantes para o novo ser. A função materna
opera a passagem do organismo para um corpo e é responsável também por instalar no psiquismo
infantil o desejo de ser amado e amar o outro . A função paterna tem como objeto a subjetivação da
criança, ao liberá-la da relação simbiótica e alienante da função materna, bem como colocar o sujeito
submetido às leis da cultura . Tais funções não têm necessariamente que ser desempenhadas pelo pai
e pela mãe. Vários atores no grupo assumem essas funções, sendo que é a dinâmica das relações
familiares, suas histórias e seus mitos, que determinará como e por quem essas serão encarnadas e
desempenhadas
A saúde mental da criança depende, como já afirmamos, da posição subjetiva da criança na
família e da saúde mental dos familiares. A criança pode ser vista como um excelente indicador do
grau de desenvolvimento da família . O investimento na saúde mental, além de beneficiar a criança,
repercute na saúde mental da família como um todo. Não se consegue tratar a criança sem melhorar a
qualidade do vínculo, da relação, da interação e da posição dela na família, aspectos que estão em
sintonia com o princípio de integralidade da atenção básica em saúde
Os problemas do desenvolvimento no bebê podem se expressar pelas vias do comportamento,
das dificuldades em aquisições cognitivas ou pela via das somatizações. Kreisler (10) aponta para o fato
de que esses distúrbios são efeito tanto do excesso , como da falta de investimentos sobre a criança. A
incoerência e a instabilidade nas relações também são consideradas. Não há apenas crianças
carentes de estímulos e de amor. Há casos de pais que sufocam o novo ser com suas próprias
necessidades afetivas ou pela angustia frente ao desamparo.
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Outro processo que integra as operações constitutivas do sujeito humano é o que pode ser
denominado estádio de espelho (11) . O espelhamento ocorre principalmente entre seis meses e dois
anos da criança. Nesse estádio a criança reflete as características do cuidador e da família. Por
exemplo, uma família hiperativa e desatenta vai estruturar na criança um comportamento hiperativo e
desatento, que pode, erradamente, ser tomado como um distúrbio da criança. A epigenética no ser
humano é decisiva e o conceito de estádio do espelho é ferramenta muito esclarecedora para o
entendimento do alcance deste aspecto
O trabalho aqui proposto implica em uma verdadeira “microscopia” das relações constitutivas do
grupo familiar, o que só é possível se estivermos próximos, olhando e escutando a intimidade das
relações com o ser em desenvolvimento. Dessa forma fica evidente a potência do método do apoio
matricial, onde a equipe de referência, o especialista e a família se reúnem para identificar esses
processos sutis, mas importantíssimos para a condução dos casos.
São utilizadas metodologias e dispositivos simples e adequados para o contexto e o cenário
existente: população pobre, com recursos de saúde simples. A observação sobre o olhar, a alternância
entre presença e a ausência , o brincar do bebê , as projeções do sujeito sobre a criança, as
reedições transgeracionais e o vínculo entre os pais e os profissionais de saúde são os elementos
sobre os quais a nossa investigação deve incidir. Observamos o acontecer das relações. Em outras
palavras, a fala, a continência, o jeito de pegar, o jeito de trocar, o jogo, o brincar e o imaginário dos pais
acerca da criança. As expressões dos distúrbios de desenvolvimento ou dos sofrimentos psíquicos são
consideradas nas suas variadas vertentes de expressão: psicossomáticos, comportamentais, mentais. A
presença de morbidades na família também é investigada
Levamos em conta também alguns referenciais da teoria da complexidade , já citada acima,
que ajuda a pensar e organizar os projetos de intervenções, considerando a singularidade de cada uma.
Essa teoria aponta para a necessidade de haver um segmento para avaliar os efeitos das ações.
Somente saberemos se o que fizemos hoje foi eficiente para aquele caso depois. A questão do “apres-
coup”, ou do “a posteriori”, decorre do fato de que as ações que tem efeito sobre um caso, não
necessariamente terão em outro. Tudo passa pelos sujeitos envolvidos, daí a complexidade, mas daí
também decorre uma potencialidade inerente a cada caso. Nem sempre é a gravidade que determina o
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tipo e a intensidade das ações, pois acorrem casos em que intervenções simples têm efeito inesperado,
que somente a longitudinalidade pode revelar
As equipes de referência de saúde da família e o apoio matricial – discussão a partir de casos clínicos.
Vamos adotar o método da apresentação de casos, pois entendemos se tratar de uma
metodologia pertinente aos objetivos proposto. Serão apresentadas algumas experiências ocorridas no
âmbito da atuação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em um programa de
saúde da família, no Distrito de Saúde Escola do Butantã (bairro da zona oeste de São Paulo), que
funciona como campo de treinamento para alunos em graduação e alunos da residência em Saúde da
Família e Comunidade.
Os elementos que são destacados nas intervenções podem ser resumidos nos seguintes:
• Observação de bebês e crianças;
• Análise da dinâmica familiar;
• Orientações aos pais, buscando detectar e intervir nesses distúrbios das relações
parentais, que têm papel constitutivo para a criança;
• Capacitação dos profissionais das equipes de Saúde da Família;
• Capacitação de profissionais de setores da educação, assistência social, terapia
ocupacional, e outros
O programa de saúde da família envolve equipes de médicos, enfermeiras e agentes
comunitários de saúde, dentre outros profissionais. Os agentes comunitários são pessoas pertencentes
à comunidade. Essas equipes contam com um grupo de supervisores e uma rede de cuidadores no
modelo de apoio matricial já discutido anteriormente
Os alunos residentes em formação, tanto do primeiro ano como do segundo ano da residência
em Saúde da Família e Comunidade, integram essas equipes. Oitenta por cento do programa dessa
residência desenvolve-se nas unidades de saúde. Cada equipe é responsável pelo atendimento a mil
famílias de um território delimitado
Trata-se de um modelo de assistência que adota os princípios da atenção básica, como a
integralidade, a resolutividade e a territorialidade. Nas intervenções sobre os casos de crianças, trabalha-
se com no mínimo três pessoas: pai, mãe e criança. Mas os avôs e outros cuidadores, bem como as
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instituições do território, são chamados para participarem das discussões com a equipe de referência e
os especialistas do apoio matricial, na medida das necessidades de cada caso. Dessa forma todos são
convocados para se posicionarem como sujeitos frente aos problemas identificados para cada criança.
Na cidade de São Paulo o Programa de Saúde da Família foi implantado seguindo os
indicadores dos índices de violência e de mortalidade, atendendo aos bairros com os piores índices. As
famílias têm as mais diversificadas composições, com histórico de migrações, separações, abandonos,
mortes e convívio com a violência
Apresentação de casos.
Caso 1 - família de um menino com 10 anos. A mãe encontrava-se deprimida. Teve dois filhos
que se envolveram no tráfico de drogas e foram assassinados. O marido, segurança de uma padaria,
também foi assassinado. O caso é discutido na reunião com o apoio matricial em saúde mental da
criança, pois o menino está com seu desenvolvimento escolar paralisado. Fez-se uma avaliação e
constatou-se que havia uma dupla, mãe e filho, bastante deprimida a traumatizada pelas ocorrências
relatadas.
Muitos trabalhos na literatura apontam para os efeitos paralisantes da violência sobre os
processos de desenvolvimento, bem como da vivência de perdas de membros de uma família,
principalmente por violência. Optamos no caso por um trabalho visando a possibilidade de elaboração
dos lutos sucessivos, que pudesse tirar essa dupla, mãe-criança desse estado de vazio depressivo em
que se encontrava.
As famílias que vivem em regiões com altos índices de violência têm nas suas histórias muitos
membros eliminados. Os bebês nascem nesse contexto. A violência é devastadora para o
desenvolvimento do psiquismo da criança Além disso, encontramos muitos casos de bebês que foram
desejados e gerados como forma de aliviar as perdas nesses grupos familiares, tornando-se o que na
literatura se chamou de “bebês de reposição”, com todos os efeitos positivos e negativos sobre sua
constituição como sujeitos por estarem neste lugar
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Caso 2 - Jonas, menino de três anos hiperativo, agressivo com a mãe e com outras crianças.
Foi solicitada a avaliação do caso no apoio matricial, pois a equipe de referência fica sabendo de sua
possível exclusão da creche. Algo impensável, por tratar-se de uma criança com três anos
A mãe foi vítima de muita violência familiar, por parte de seu pai e posteriormente de seu
companheiro. Abandonada pelo marido vivia com o pai, ao qual ela se referia como um sujeito agressivo
e violento – ela odiava o pai. Possuía várias doenças ginecológicas, entre outras uma endometriose e
relatava um histórico de abuso pelo próprio pai e por outros parceiros
Uma dinâmica de relações agressivas e violentas regia a família. O avô, tratado pela equipe de
saúde da família, era um doente crônico. Hipertenso e começava a desenvolver Mal de Alzheimer. Na
reunião de avaliação do caso, com o apoio matricial é levantada a hipótese de determinante
psicossomático para os problemas ginecológicos da mãe. A avaliação psicológica dessa mãe mostrava
uma pessoa muito impotente, incapaz de dar continência, afeto e limites para a criança, repetindo com a
criança uma dinâmica de submissão e domínio
Foi solicitado à equipe de saúde que agendasse com o pessoal da creche uma reunião na
unidade básica de saúde para discutir a reinclusão da criança e mobilizarmos a equipe da creche para
assumir o papel de parceira no trabalho. Foram priorizados os atendimentos da mãe nos seus
problemas de saúde ginecológicos, mas com uma escuta para seus problemas psíquicos e sua estória
de abusos e violência, desde a adolescência. Aos poucos a mãe pode assumir uma posição mais ativa e
pode ser capaz de desempenhar uma função materna mais potente.
Caso 3 - Maria, uma menina adolescente adotada, de 14 anos, mãe de um bebê de três meses.
Sua mãe adotiva a agredia e queria interná-la como psicótica. Ameaçava: “Se você não fizer isso que eu
falo, vou te devolver para tua mãe, porque a tua mãe era moradora de rua. Eu te tirei da tua mãe e você
tem essa dívida comigo...”. Em meio a essa relação de violência entre a mãe adotiva e a menina, Maria
teve o bebê, em parte como uma maneira de vingar-se da “mãe” (qual mãe?), em parte como um desejo
de ter um filho com o atual namorado, tido como muito amigo e fiel. Após uma briga com a mãe, por
causa do namorado, ela resolveu transar com ele. A equipe trabalha no sentido de reatar as relações da
adolescente com a mãe adotiva, com o bebê e com o pai do bebê
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Maria tem uma compulsão: abandona a criança e sai de casa para morar na rua. Mas a equipe a
convence a voltar. Numa conversa na unidade básica, afirmou ter resolvido ser moradora de rua, pois
não queria mais ficar na própria casa. Lembrou-se a ela que essa era a condição de sua mãe biológica.
Ela disse: “Nossa, é mesmo! Será que eu fui para a rua procurar minha mãe?”. A adolescente estava
dominada por um desejo inconsciente de encontrar, ou se espelhar no mito materno imaginário, pois a
mãe real, a adotiva, estava em crise com a ela. Entre espelhar-se na mãe adotiva ou na mãe biológica
imaginaria, decide pela segunda alternativa, evidentemente mobilizada pela relação conflituosa com a
mãe adotiva. A possibilidade de se ver mais sujeito e menos compulsiva nas suas atitudes vai dando
maior consciência para atravessar a crise. Alem disso fica evidente que a adolescente estava vivendo
uma crise com sintomas bem lógicos para a situação, colocando em discussão o diagnóstico de psicose,
que inclusive foi dado por um serviço de psiquiatria, talvez por influência da mãe adotiva, que diante das
dificuldades com a filha, lança mão deste recurso para ter domínio sobre a mesma.
Colocar o sujeito diante de sua própria questão na vida é algo que a psicanálise faz e a
adolescente estava sendo ouvida pela equipe, supervisionada pela saúde mental e atendida pela
psicóloga da UBS em sessões periódicas.
Maria convenceu-se que não deveria voltar para sua casa por causa dos problemas com a mãe
adotiva. Foi para um abrigo para adolescentes em risco, que trabalha em rede com a UBS. A avó ficou
cuidando do bebê e a equipe cuidou de que ela pudesse vê-lo com freqüência. Após alguns meses
Maria volta para sua casa e a dinâmica familiar se equilibra novamente. O bebê é objeto de atenção por
parte da equipe, evoluindo sem sintomas. A rede de cuidados envolveu o bebê, Maria e sua família
adotiva, bem como a discussão do caso com todos os agentes institucionais.
A adolescente não era psicótica, mas uma adolescente em crise, crise de identidade
características da adolescência, crise com a adoção e com uma dinâmica familiar complicada. Precisava
de cuidados e apoio no seu desejo de assumir a maternidade e ter mais autonomia. Não há como cuidar
desse bebê sem cuidar de Maria e sua situação de adolescente, adotada, em crise com sua família
Caso 4 - Carlos, tem um ano e seis meses. Trata-se de um menino obeso grave. Quando
chegou ao atendimento, o médico de saúde da família discutiu o caso no apoio matricial. Pesava 18
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quilos, sendo um raro caso de obesidade mórbida em bebê. Apresentava também distúrbio de sono, não
dormindo se não fosse colado à mãe. A equipe pensou inicialmente em um regime alimentar. Sem êxito
O agente de saúde esteve na casa da mãe e relatou que havia um armário com diversas latas
de enriquecedores de mamadeiras, a base de amido. Aos poucos foi se esclarecendo para a equipe e o
especialista do apoio matricial que essa mãe apresentava uma compulsão que consistia em alimentar a
criança com mamadeiras ricas em carboidratos, mais motivada por seus fantasmas do que por demanda
da criança. Mudou-se o enfoque do atendimento, levando em conta a insônia e a obsessão da mãe com
a alimentação do bebê.
Nesse novo enfoque descobre-se que o bebê não desgrudava da mãe, havendo uma falha no
jogo de presença- ausências entre mãe e filho, com um evidente excesso de presença materna, que
tinha seus efeitos no distúrbio de sono, pois a função onírica e o sono profundo precisam de uma boa
presença e uma boa ausência materna para se instalar, sendo a insônia dos bebês quase sempre
decorrente de uma relação com uma mãe que traumatiza o bebê com sua angustia (12). A dinâmica de
excesso na presença materna durante a noite deslocava-se para o excesso no objeto comida durante o
dia. A equação simbólica mãe-alimento, tão apontada nos casos de obesidade e anorexia, neste caso se
fazia bem presente.
Esta dinâmica foi objeto de conversas com a mãe para que ela se alternasse em presença e
ausência, com a orientação de colocar o menino na creche e de incluir o pai nos cuidados noturnos. O
caso era exatamente de “desinvestir” ou de diminuir a intensidade do afeto e do amor da mãe
Nos atendimentos posteriores, como é comum acontecer nesses casos, a mãe relata a perda de
um bebê anterior por morte súbita, o que já era conhecido pela equipe. A morte súbita de bebês tem
efeitos traumáticos que reincidem sobre os novos filhos. A cadeia de significados vai sendo revelada; a
ansiedade materna ligava-se aos fantasmas de uma repetição da morte súbita e a super presença, bem
como a super alimentação, estavam no inconsciente associadas. A revelação desta cadeia simbólica faz
com que as compulsões possam ser controladas.
Dormir tinha o sentido de morrer no inconsciente materno, o que deixava o bebê diante de um
fantasma que o impedia de adormecer. Essa criança estava sobre duplo risco: de se tornar um obeso
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mórbido e suas conseqüências desastrosas para a saúde e de estruturar uma neurose grave ou ainda
uma psicose em algum momento de sua evolução constitutiva
Caso 5 - Tomé estava sendo acompanhado pela equipe de referência desde os dois anos e
nove meses. Tinha sido adotado por Ivone. Sua mãe biológica era moradora de rua e, talvez, viciada em
álcool, crack ou cocaina. Trata-se, então, de uma criança com a possibilidade de ter sido exposta a
tóxicos e ao alcoolismo intra-útero, além dos problemas nos cuidados desde o inicio da vida. Ivone em
princípio queria ajudar a mãe de Tomé, mas esta desapareceu, deixando o bebê com Ivone, quando
tinha um ano e seis meses
Estamos diante de uma adoção forçada? Essa senhora, hipertensa e diabética, era atendida
pela equipe de saúde da família. O diabetes e a hipertensão pioraram depois da adoção. Sua família não
apoiava sua atitude e a culpam-na pelo problema que criou com a “adoção”.
A equipe de saúde da família juntamente com o apoio matricial entra no caso para ajudá-la a
estabelecer um vínculo e cuidar do Tomé. Tomé é agressivo, fóbico, hiperativo e tem crises de terror
noturno. Dorme agarrado à Ivone.
Na investigação subjetiva, Tomé mostra-se muito inteligente. Desenha, conversa e tem uma
relação com Ivone que demonstram estar inseguro e lutando para ser aceito. Era como um pânico de
ser novamente abandonado. Não descola o olhar da mãe adotiva. Registros na memória dos tempos de
morador de rua, filho de alcoólatra e viciada em crack foram pensados como desencadeantes dos
comportamentos e do terror noturno. Eventuais distúrbios na organização dos impulsos em decorrência
da exposição intra-uterina aos tóxicos também foram levantados. Por outro lado a experiência e a
literatura mostram que a intervenção precoce pode reorganizar o funcionamento emocional e subjetivo
da criança, em função de uma melhor para-excitação e acolhimento por parte dos cuidadores. De
acordo com Kreisler a criança apresentava uma Desordem Psicossomática, sendo que a hiperatividade,
o terror noturno e a asma estavam associados a sua organização subjetiva e ao equilíbrio
psicossomático (13).
Tudo era discutido com Ivone. Havia grande angustia frente à possibilidade de desamparo. Mas
as hipóteses de uma lesão cerebral, ou uma síndrome da criança filho de mãe alcoólatra são
descartadas.
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Na observação, percebeu-se também que Tomé estáva absolutamente subjetivado: fala, sabe
quem é e quem fala com ele. Diz que tem três anos e nove meses. Tomé desenha figura humana
bastante completa, o que é precoce para um menino de três anos e nove meses. Portanto é muito
inteligente.
A mãe relata que em um atendimento feito em um serviço de psiquiatria infantil foram receitados
os seguintes medicamentos: imipramina 75mg, clorpromazina 25mg e carbamazepina 200mg e deram
um diagnóstico de TDAH. Tanto a equipe de referência, como o apoio matricial em saúde mental da
criança questionam o diagnóstico de TDAH e a conduta e iniciam um processo cuidadoso de retirada
gradual das medicações e iniciam um atendimento conjunto com a mãe, o especialista em saúde mental
e a médica da equipe de referência
O projeto terapêutico incide sua atuação em três vertentes: primeiro trabalhar a adoção real do
menino, segundo conscientizar a mãe e os familiares da não necessidade dos medicamentos, desde
que se superassem as angustias do menino pela melhoria da qualidade das relações. Foi assegurado
para a família dos potenciais de Tomé e que o diagnóstico dado de TDAH e os medicamentos podiam
ter uma base clínico-fenomenológica, mas não atentavam para as questões subjetivas e relacionais. Em
terceiro lugar estruturou-se contatos com a escola infantil para sua inclusão adequada
Após meses de acompanhamento foi possível concluir a retirada dos medicamentos, o seu
processo de inclusão foi bem sucedido e a adoção definitiva consumada e oficializada. Num dos
atendimentos Tomé aponta para sua certidão de guarda definitiva e diz: meu nome agora é Tome
OLIVEIRA! Cheio de júbilo, demonstrando segurança e sentimentos de pertença bem estabelecidos. (os
nomes em todos os relatos são fictícios)
Conclusões
Os casos apresentados mostram o tipo de trabalho em rede, onde há um distrito, com famílias e
unidades de saúde; onde as unidades de saúde dispõem de equipes de saúde, e a unidade funcional
dos atendimentos são as famílias. Nas famílias, encontram-se essas crianças em relações com essas
pessoas. Os profissionais entram em contato com essa capilaridade da organização social por meio das
suas observações, mas principalmente por meio de uma escuta qualificada sobre essas tramas de
A Saúde mental da criança na atenção básica - Wagner Ranña 16
subjetividades e daí emergem as oportunidades de ajudarem essas famílias enfrentarem melhor seus
conflitos e reconhecer suas posições diante dos enigmas que estão implicados na origem dos sujeitos e
seus transtornos ou sintomas. Apesar de adultos, poderem se perguntar: “de onde vêm as crianças”?
Essa clássica pergunta implica em curiosidades a respeito da sexualidade dos pais, quando formuladas
por crianças. Mas ao atentarmos para a subjetividade e seus transtornos são os adultos que a fazem,
pois é mesmo sempre um enigma a origem da subjetividade que nos constitui.
E o que é o sujeito? É evidente que as concepções genético-neurológicas são importantes, mas
estão longe de abarcar toda dimensão da constituição da subjetividade humana e suas infinitas formas
de existir, pois o sujeito “é uma instância psíquica inconsciente que se const rói, desde o início da
vida de uma criança, a partir de um campo social pr eexistente- a história de um povo, de uma
família, do desejo dos pais-, mas também a partir d os encontros, das intercorrências e dos
acasos que incidem na trajetória singular de cada c riança” (14)
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9- Ranna, W. Caso clínico: a pequena Elizabeth. A separação e suas metábolas. Em Cuidados
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14-