diretrizes atencao paralisia cerebral

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  • 7/24/2019 Diretrizes Atencao Paralisia Cerebral

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    Diretrizes de Ateno

    MINISTRIO DA SADE

    Braslia DF

    2013

    Pessoa com Paralisia Cerebral

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    Diretrizes de Ateno

    MINISTRIO DA SADE

    Secretaria de Ateno Sade

    Departamento de Aes Programcas Estratgicas

    Braslia DF

    2013

    Pessoa com Paralisia Cerebral

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    3/82

    Ministrioda Sade

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    2013 Ministrio da Sade.

    Todos os direitos reservados. permida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que no sejapara venda ou qualquer m comercial. Venda proibida. Distribuio gratuita. A responsabilidade pelos direitos autorais detextos e imagens desta obra da rea tcnica. A coleo instucional do Ministrio da Sade pode ser acessada, na ntegra,na Biblioteca Virtual em Sade do Ministrio da Sade: . O contedo desta e de outras obras daEditora do Ministrio da Sade pode ser acessado na pgina: .

    Tiragem: 1 edio 2013 30.000 exemplares

    Elaborao, distribuio e informaes:MINISTRIO DA SADE

    Secretaria de Ateno SadeDepartamento de Aes Programcas Estratgicasrea Tcnica de Sade da Pessoa com DecinciaSAF Sul, Trecho 2, Edicio Premium, Torre 2, bloco F, trreo, sala 11CEP: 70070-600 Braslia/DFSite: www.saude.gov.brE-mail: [email protected]

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Ficha Catalogrca

    Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Aes Programcas Estratgicas.Diretrizes de ateno pessoa com paralisia cerebral / Ministrio da Sade, Secretaria de Ateno Sade, Departa-

    mento de Aes Programcas Estratgicas. Braslia : Ministrio da Sade, 2013.80 p. : il.

    ISBN XXXXXXXXXXX

    1. Paralisia Cerebral. 2. Sade Pblica. 3. Polcas Pblicas.

    CDU 616.899

    Catalogao na fonte Coordenao-Geral de Documentao e Informao Editora MS OS 2013/0189

    Ttulos para indexao:

    Em ingls: Care guidelines for the person with cerebral palsyEm espanhol: Directrices para la atencin a la persona con parlisis cerebral

    Colaboradores:

    Alyne Arajo

    Ana Maria Furkim

    Cludia Barata

    Dionsia Aparecida Cusin Lamnica

    Elizete Aparecida Lomazi

    Enia Maluf

    Luzia Iara Pfeifer

    Marisa Coa Mancini

    Sabrina Mendes

    Sonia Manacero

    Reviso Tcnica:

    Diego Ferreira

    Luzia Iara Pfeifer

    Vera Lcia Ferreira Mendes

    Coordenao:

    Drio Frederico Pasche

    Vera Lcia Ferreira Mendes

    Organizao:

    Diego Ferreira

    Luzia Iara Pfeier

    Vera Lcia Ferreira Mendes

    Projeto Grfco:

    Alisson Sbrana

    Fotos:

    Acervo rea Tcnica de Sade da Pessoa com Decincia

    Eduardo Jos de Castro

    Radilson Carlos NucomSAS

    Editora responsvel:

    MINISTRIO DA SADE

    Secretaria-Execuva

    Subsecretaria de Assuntos Administravos

    Coordenao-Geral de Documentao e Informao

    Coordenao de Gesto Editorial

    SIA, Trecho 4, lotes 540/610

    CEP: 71200-040 Braslia/DFTels.: (61) 3315-7790 / 3315-7794

    Fax: (61) 3233-9558

    Site: www.saude.gov.br/editora

    E-mail: [email protected]

    Equipe editorial:

    Normalizao: Daniela Ferreira Barros da Silva

    Reviso: Khamila Silva e Silene Lopes Gil

    Diagramao: Alisson Albuquerque

    Superviso editorial: Dbora Flaeschen

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    Diretrizes de Ateno Pessoa com Paralisia Cerebral

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    SUMRIO

    1 METODOLOGIA DE BUSCA E AVALIAO DE LITERATURA . . . . . . . . . . . 5

    2 OBJETIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    3 INTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

    3.1 Histrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

    3.2 Denio e Caracterizao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    3.3 Classicao para paralisia cerebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

    3.4 Prevalncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    4 CLASSIFICAO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE . . . . . . . . . . . 17

    5 DIAGNSTICO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    6 FATORES DE RISCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

    7 CONDIES ASSOCIADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

    7.1 Sensoriais e Percepvos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

    8 MOMENTOS DA NOTCIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

    9 ATENAO SADE DA PESSOA COM PARALISIA CEREBRAL . . . . . . . . 49

    9.1 Cuidados com a Sade da Criana at os 2 anos. . . . . . . . . . . . . . . .529.2 Cuidados com a Sade da Criana de 2 a 6 anos. . . . . . . . . . . . . . . .54

    9.3 Cuidados com a Sade da Criana de 6 a 12 anos. . . . . . . . . . . . . . .56

    9.4 Cuidados com a Sade do Adolescente de 12 a 18 anos . . . . . . . . . . 58

    9.5 Cuidado com a Sade do Adulto e do Idoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

    10 BENEFCIOS ESPERADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

    R E F E R N C I A S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 4

    SUMRIO

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    1 METODOLOGIA DE BUSCA E

    AVALIAO DE LITERATURA

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    A elaborao das Diretrizes de Ateno Sade da Pessoa com Pa-

    ralisia Cerebral baseou-se em busca sistemazada da literatura, li-

    mitada s lnguas inglesa, espanhola e portuguesa. Os dados foram

    analisados e revisados por um grupo de especialistas que, pautadosna literatura e em suas experincias, elaborou essas diretrizes.

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    2 OBJETIVO

    O objevo dessa diretriz oferecer orientaes s equipes mulprossionaispara o cuidado da pessoa com paralisia cerebral, nos diferentes pontos de

    ateno da rede de Sade ao longo do ciclo de vida.

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    3 INTRODUO

    3.1 HistricoA paralisia cerebral foi descrita pela primeira vez em 1843 por William

    John Lile, um ortopedista ingls, que estudou 47 crianas com qua-

    dro clnico de espascidade, as quais apresentavam histrico adverso

    ao nascimento, tais como: (1) apresentao plvica, (2) prematuri-

    dade, (3) diculdade no trabalho de parto, (4) demora em chorar e

    respirar ao nascer, e (5) convulses e coma nas primeiras horas de

    vida (PIOVESANA et al., 2002; MORRIS, 2007). Esta terminologia foi

    proposta por Sigmund Freud, em 1893, o qual idencou trs princi-

    pais fatores causais: (1) materno e congnito (pr-natal), (2) perinatal

    e (3) ps-natal (MORRIS, 2007).

    Desde ento, diversas reas de ateno sade das pessoas com pa-

    ralisia cerebral tm buscado estudar e propor terapucas de modo

    a prevenir, minimizar sequelas consequentes destas leses cerebrais

    e potencializar as capacidades. Atualmente, os avanos de neonato-

    logia permitem reduzir signicavamente as taxas de mortalidade

    de bebs, alm de favorecem a sobrevivncia de bebs de alto risco

    (extremo baixo peso ao nascer, prematuro extremo, anoxia neona-

    tal etc.), os quais podem apresentar morbidades, com maior risco

    para dcit de desenvolvimento e outras consequncias (CANS et al.,

    2007; GAMA, FERRACIOLI, CORRA, 2004). A paralisia cerebral afeta

    cerca de duas crianas a cada 1.000 nascidos vivos em todo o mun-

    do, sendo a causa mais comum de decincia sica grave na infncia

    (OSHEA, 2008; CANS et al., 2007).

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    A recente mudana observada na rea da Sade deixa de centrar-

    -se na doena para focar-se na idencao do impacto funcional

    individualizado, consequente de condies como a paralisia cerebral

    (MANCINI, 2011). Esta mudana resultou no desenvolvimento de no-

    vos modelos de classicao, instrumentos de avaliao funcionais e

    intervenes que incorporem a unidade pessoa-ambiente, amplian-

    do, assim, o dimensionamento da ateno sade da pessoa com

    paralisia cerebral (ROSENBAUM et al., 2007; MANCINI et al., 2012).

    3.2 Definio e Caracterizao

    A paralisia cerebral descreve um grupo de desordens permanentes do

    desenvolvimento do movimento e postura atribudo a um distrbio

    no progressivo que ocorre durante o desenvolvimento do crebro

    fetal ou infanl, podendo contribuir para limitaes no perl defuncionalidade da pessoa. A desordem motora na paralisia cerebral

    pode ser acompanhada por distrbios sensoriais, percepvos,

    cognivos, de comunicao e comportamental, por epilepsia e por

    problemas musculoesquelcos secundrios (ROSENBAUM et al.,

    2007). Estes distrbios nem sempre esto presentes, assim como no

    h correlao direta entre o repertrio neuromotor e o repertriocognivo, podendo ser minimizados com a ulizao de tecnologia

    assisva adequada pessoa com paralisia cerebral.

    Esta condio engloba um grupo heterogneo quanto eologia, aos

    sinais clnicos e severidade de compromementos. No que tange

    eologia, incluem-se os fatores pr-natais (infeces congnitas, falta

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    de oxigenao etc.); fatores perinatais (anoxia neonatal, eclmpsia

    etc.); e fatores ps-natais (infeces, traumas etc.) (PIOVESANA et al.,

    2002). Os sinais clnicos da paralisia cerebral envolvem as alteraes

    de tnus e presena de movimentos apicos e a distribuio topogr-

    ca do compromemento (CANS et al., 2007). A severidade de com-

    promementos da paralisia cerebral est associada s limitaes das

    avidades e presena de comorbidades (BAX et al., 2005).

    Apesar de se reconhecer que crianas e adultos com paralisia cere-

    bral frequentemente apresentem mudanas de padro nas manifes-

    taes clnicas, devem ser excludos os distrbios transitrios. Esta

    nova denio no determina um teto de idade especca, entretan-

    to, refora a ideia de que os distrbios devem ter ocorrido bem cedo

    no desenvolvimento biolgico da criana, antes de se ter as funes

    desenvolvidas (andar, manipular objetos etc.), assim, os 2 ou 3 pri-

    meiros anos de vida so os perodos mais importantes para resultaros distrbios da paralisia cerebral (ROSENBAUM et al., 2007).

    Os distrbios sensoriais, percepvos e cognivos associados podem

    envolver a viso, a audio, o tato, e a capacidade de interpretar as in-

    formaes sensoriais e/ou cognivas e podem ser como consequncia

    de distrbios primrios, atribudos prpria paralisia cerebral ou a dis-trbios secundrios, como consequncia das limitaes de avidades

    que restringem o aprendizado e o desenvolvimento de experincias

    sensrio-perceptuais e cognivas (ROSENBAUM et al., 2007).

    A comunicao expressiva, recepva e a habilidade de interao so-

    cial podem estar afetadas na paralisia cerebral por distrbios prim-

    rios ou secundrios. Entre as alteraes comportamentais e mentais

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    podem ocorrer distrbios do sono, transtornos do humor e da ansie-

    dade. comum a presena de diversos pos de crises convulsivas.

    Os problemas musculoesquelcos secundrios, contraturas muscu-

    lares e tendneas, rigidez arcular, deslocamento de quadril, defor-

    midade na coluna podem se desenvolver ao longo da vida e esto

    relacionados ao crescimento sico, espascidade muscular, entre

    outros (ROSENBAUM et al., 2007).

    3.3 Classificao para paralisia cerebral

    As pessoas com paralisia cerebral podem ser classicadas, de acordo

    com a caractersca clnica mais dominante, em espsco, discinco

    e atxico (CANS et al., 2007). A paralisia cerebral espsca caracteri-

    za-se pela presena de tnus elevado (aumento dos reexos miot-

    cos, clnus, reexo cutneo plantar em extenso sinal de Babinski)e ocasionada por uma leso no sistema piramidal (SCHOLTES et al.,

    2006). A espascidade predominante em crianas cuja paralisia

    cerebral consequente do nascimento pr-termo, enquanto que as

    formas discincas e a atxica so frequentes nas crianas nascidas a

    termo (HIMPENS et al., 2008).

    A paralisia cerebral discinca caracteriza-se por movimentos api-

    cos mais evidentes quando o paciente inicia um movimento volun-

    trio produzindo movimentos e posturas apicos; engloba a distonia

    (tnus muscular muito varivel desencadeado pelo movimento) e

    a coreoatetose (tnus instvel, com a presena de movimentos in-

    voluntrios e movimentao associada); ocasionada por uma le-

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    so do sistema extrapiramidal, principalmente nos ncleos da base

    (corpo estriado striatum e globo plido, substncia negra e ncleo

    subtalmico) (ROSENBAUM et al., 2007). A paralisia cerebral atxica

    caracteriza-se por um distrbio da coordenao dos movimentos em

    razo da dissinergia, apresentando, usualmente, uma marcha com

    aumento da base de sustentao e tremor intencional; ocasionada

    por uma disfuno no cerebelo (ROSENBAUM et al., 2007).

    Os quadros de espascidade devem ser classicados tambm quanto

    distribuio anatmica em unilateral (que engloba as anteriormente

    classicadas como monoplgicas e hemiplgicas) e bilateral (que en-

    globa as anteriormente classicadas como diplgicas, triplgicas, qua-

    dri/tetraplgicas e com dupla hemiplegia) (ROSENBAUM et al., 2007).

    Quanto distribuio anatmica, a paralisia cerebral espsca bilateral

    mais frequente que a unilateral, tanto em prematuros, com preva-

    lncia mdia de 73% e 21%, respecvamente, quanto nos nascidos atermo (48.5%, bilateral e 36.5% unilateral) (HIMPENS et al., 2008).

    Em funo da diversidade dos quadros clnicos de paralisia cerebral,

    outras classicaes tm sido associadas s classicaes de sinais

    clnicos e distribuio anatmica, visando idencar o nvel de com-

    promemento motor das funes motoras globais (GMFCS E&R) e defuno manual (MACS).

    O Gross Motor Funcon Classicaon System (GMFCS) (Sistema de

    classicao da funo motora grossa) um sistema padronizado para

    diferenciar crianas e adolescentes com diagnsco de paralisia cerebral

    por nveis de mobilidade funcional, em resposta s necessidades de uma

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    classicao para discriminar a severidade da disfuno do movimento

    (PALISANO et al., 1997). Esta classicao baseia-se no movimento

    iniciado voluntariamente, com nfase no sentar, transferncias e

    mobilidade, sendo possvel classicar a criana ou o adolescente com

    PC em cinco nveis, variando do I, que inclui a presena de mnima ou

    nenhuma disfuno com respeito mobilidade comunitria, at o V,

    quando h total dependncia requerendo assistncia para mobilidade.

    Esta classicao engloba a faixa etria de zero a 12 anos, subdivididas

    nas idades de zero a 2, 2 a 4, 4 a 6 e 6 a 12 anos de idade (PALISANO et

    al., 2007; HIRATUKA; MATSUKURA; PFEIFER, 2010).

    O GMFCS tem sido amplamente aceito na prca clnica e nas pesquisas

    (MORRIS; BARTLETT, 2004; OSTENJO; CARLBERG; VOLLESTAD, 2003)

    e, alm de permir uma comunicao clara entre os prossionais de

    Sade, curvas do desenvolvimento motor foram construdas a parr

    desta classicao, possibilitando conhecer o prognsco de cadanvel funcional que podem auxiliar no planejamento da reabilitao

    e fornecer maior aconselhamento famlia (ROSENBAUM et al.,

    2002). Recentemente foi publicada uma nova verso do sistema

    de classicao da funo motora grossa, o Gross Motor Funcon

    Classicaon System Expanded & Revised GMFCS E & R (PALISANO

    et al., 2008) na qual foram feitas alteraes na classicao original nafaixa etria de 6 a 12 anos e foi adicionada a faixa etria de 12 a 18

    anos. Esta verso, elaborada na lngua inglesa, j passou pelo processo

    de adaptao transcultural em diversos pases, inclusive no Brasil (SILVA

    et al., 2010b), viabilizando sua ulizao com crianas brasileiras.

    O MACS (Manual Ability Classicaon System) (Sistema de Classica-o da Habilidade Manual) consiste em um sistema de classicao

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    da funo manual de crianas e adolescentes com PC de 4 a 18 anos

    sem manter o foco no lado afetado, ou no po de preenso manual e,

    sim, no desempenho bimanual durante as avidades de vida diria em

    sua casa, na escola, ou na comunidade (ELIASSON et al., 2006). Assim

    como o GMFCS, o MACS tambm classica as crianas/adolescentes

    em cinco nveis, variando do I, que inclui as que manipulam objetos fa-

    cilmente, at o nvel V que inclui as que no manipulam objetos e tm

    habilidade severamente limitada para desempenhar at mesmo aes

    simples (ELIASSON et al., 2006). Esta classicao tambm j passou

    pelo processo de adaptao transcultural (SILVA et al., 2010a) e est

    disponibilizada para a ulizao da populao brasileira.

    Desta forma, para se chegar ao quadro clnico de uma pessoa com PC

    torna-se necessrio seguir as seguintes etapas:

    Figura 1 Aspectos a serem considerados para chegar ao quadro clnico

    Sinais clnicosEspascidade

    DiscinesiaAtaxia

    Unilaterale

    Bilateral

    QuadroClnico

    ExtremidadesSuperiores

    eExtremidades

    Inferiores

    Distribuioanatmica

    Classicao dafuno motora

    Distrbiosassociados

    +

    +

    +=

    Fonte:(PFEIFER, 2012).

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    3.4 Prevalncia

    No Brasil h uma carncia de estudos que tenham invesgado espe-

    cicamente a prevalncia e incidncia da paralisia cerebral (PC) no

    cenrio nacional, entretanto, com base em dados de outros pases,

    faz-se projeo do dimensionamento da PC em pases em desenvolvi-

    mento (LEITE; PRADO, 2004). Nos pases desenvolvidos, a prevalncia

    encontrada varia de 1,5 a 5,9/1.000 nascidos vivos; esma-se que a

    incidncia de PC nos pases em desenvolvimento seja de 7 por 1.000

    nascidos vivos (ZANINI; CEMIN; PERALLES, 2009; FONSECA, 2011). A

    explicao para a diferena na magnitude da prevalncia entre estes

    dois grupos de pases atribuda s ms condies de cuidados pr-

    -natais e ao atendimento primrio s gestantes.

    Estudos brasileiros tm informado sobre a caracterizao de crianas

    com PC, geralmente atendidas em ambulatrios de instuies de

    ensino superior, em determinadas regies do Pas. Por exemplo, o

    perl epidemiolgico de crianas com PC atendidas em ambulatrio

    na cidade de So Paulo encontrou maior frequncia do sexo mascu-

    lino e do po espsco (CARAVIELLO; CASSEFO; CHAMLIAN, 2006);

    perl semelhante foi evidenciado em estudo realizado na cidade de

    Recife (COSTA; COSTA; PEREIRA, 2007) e na cidade de Ribeiro Preto(PFEIFER et al., 2009), entre outros. Estas informaes so similares

    s de estudos estrangeiros (YEARGIN-ALLSOPP et al., 2008; MURPHY;

    SUCH-NEIBAR, 2003; RAINA; RAZDAN; NANDA, 2011).

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    4 CLASSIFICAO INTERNACIONAL DEFUNCIONALIDADE

    A Classicao Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Sa-

    de (CIF) faz parte do conjunto de classicaes da Organizao Mun-

    dial da Sade, foi publicada em 2001 (WHO, 2001) e teve a verso tra-

    duzida para o Portugus-Brasil disponibilizada em 2003 (OMS, 2003).

    Pautada no modelo biopsicossocial, a CIF foi desenvolvida para pro-

    mover linguagem internacional comum entre os diferentes prossio-

    nais da Sade e servir como parmetro conceitual para descrever a

    sade e os processos de funcionalidade e de incapacidade humana.

    A CIF complementar Classicao Internacional de Doenas (CID);

    enquanto a lma classica as doenas e sua sintomatologia, a pri-

    meira descreve a sade e o perl de funcionalidade e/ou de incapa-

    cidade do indivduo com determinada doena ou condio de sade.

    O modelo conceitual da CIF descreve sade como um fenmeno mul-

    fatorial que depende de fatores pessoais e ambientais, intrnsecos

    e extrnsecos. A CIF admite que a interao entre as especicidades

    de uma condio de sade (tendo aqui como exemplo a paralisia ce-

    rebral) com as caracterscas do(s) contexto(s) onde a pessoa vive

    (fatores ambientais e pessoais), inuencia diretamente nos proces-

    sos de funcionalidade e incapacidade. Os componentes de funciona-

    lidade incluem fatores intrnsecos, a saber, estruturas e funes do

    corpo, bem como componente que se centra na interao do indiv-

    duo com seu ambiente de referncia (avidades) e componente que

    descreve o envolvimento do indivduo em situaes de vida na socie-

    dade (parcipao). Este modelo ressalta o papel estruturante do(s)

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    ambiente(s) (incluindo os ambientes sico, social, atudinal etc.) na

    determinao da sade, funcionalidade e incapacidade, mantendo o

    nvel de anlise indissocivel indivduo-ambiente.

    Considerando-se as especicidades da natureza e da forma como o

    processo de funcionalidade e de incapacidade se manifesta em crian-

    as e adolescentes, recentemente a OMS publicou uma verso da

    CIF especca para crianas e jovens (WHO, 2006) que tambm foi

    traduzida para o Portugus-Brasil (OMS, 2011). A estrutura da CIF-CJ

    mantm a estrutura original da CIF, entretanto, o contedo dos com-

    ponentes deste modelo incorpora os processos de crescimento e de

    desenvolvimento e as transies dinmicas das crianas e jovens com

    seus diferentes contextos de relevncia.

    Diversas so as aplicaes da CIF e CIF-CJ para a pessoa com PC. Elas

    incluem descrio do perl de funcionalidade e incapacidade, mode-lo para nortear seleo de instrumentos de avaliao e desfechos de

    interveno e, para pautar o raciocnio clnico de prossionais e de

    atuao da equipe da Sade (BORNMAN; MURPHY, 2006; PALISANO,

    2006; ROSENBAUM; STEWART, 2004; TEMPEST; MCINTYRE, 2006),

    estrutura conceitual para anlise da evidncia cienca sobre de-

    terminado tema (DODD; TAYLOR; DAMIANO, 2002; WANG; BADLEY;GIGNAC, 2006), modelo norteador do desenvolvimento de estruturas

    curriculares e de polcas de sade (DARRAH et al., 2006).

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    5 DIAGNSTICO

    A PC uma condio bem reconhecida de alterao no desenvolvimento

    neurolgico que se manifesta na primeira infncia, usualmente antes dos

    18 meses de idade. O diagnsco denido em bases clnicas, caracte-

    rizadas por alteraes do movimento e postura, sendo os exames com-

    plementares ulizados apenas para diagnsco diferencial com encefa-

    lopaas progressivas (ROSENBAUM et al., 2007). Apesar da importncia

    do diagnsco precoce e interveno que possa se beneciar de grande

    plascidade cerebral nos primeiros meses de vida da criana, o diagns-co de PC muitas vezes consolidado por volta dos 24 meses de idade,

    principalmente em casos de gravidade leve, devido ao aparecimento de

    distonias transitrias, ou seja, sinais neurolgicos que aparecem, mas

    no se mantm.

    As crianas com PC apresentam sinais clnicos evidenciados por alteraes

    de tnus (espascidade, discinesia e ataxia), os quais merecem ateno

    especial durante a consulta de rona. Estudos tm demonstrado que

    crianas com PC, entre 3 e 5 meses de idade, j apresentam manifestaes

    clnicas tais como repertrio motor e padres posturais diferentes do que

    se esperado para o desenvolvimento pico (EINSPIELER et al., 2008).

    Movimentos globais espontneos anormais foram encontrados comoos principais marcadores conveis para o diagnsco da PC (PRECHTL

    et al., 1997; EINSPIELER; PRECHTL, 2005; ADDE et al., 2007; EINSPIELER,

    2008; BRUGGINK et al., 2009; HAMER; BOS; HADDERS-ALGRA, 2011).

    Normalmente, os movimentos globais manifestam-se em sequencias

    variveis na intensidade e velocidade de movimentos de braos,

    pernas, pescoo e tronco. So connuos, embora apresentem rotaes

    ou mudanas leves na direo, o que lhes conferem uma aparente

    complexidade (EINSPIELER; PRECHTL, 2005).

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    A presena de padres apicos de movimento e postura auxilia o

    diagnsco precoce da PC, sendo que o percentual de ocorrncia de

    alguns desses sinais indica o grau de evidncia para o diagnsco,

    conforme apresentado na Tabela 1 a seguir.

    Tabela 1 Sinais clnicos e respecvas ocorrncias no diagnsco pre-

    coce de PC

    Sinal Clnico Ocorrncia

    M

    OVI

    M

    E

    N

    T

    O

    S

    Ausncia de movimentos irriquietos 99%Pancadas/golpes repevos e de longa durao 4%

    Movimentos circulares de braos 11%

    Movimentos assimtricos dos segmentos 6%

    Movimentos recorrentes de extenso das pernas 18%

    Surtos sugesvos de excitao, no associados expressofacial prazerosa

    10%

    Ausncia de movimento das pernas 16%

    Movimentos de lateralizao bilateral da cabea repevosou montonos

    27%

    Movimentos repedos de abertura e fechamento da boca 29%

    Protruso repeva da lngua 20%

    PO

    ST

    UR

    AS

    Incapacidade de manter a cabea em linha mdia 63%

    Postura corporal assimtrica 15%

    Tronco e membros largados sobre o leito 16%

    Persistncia de resposta tnica cervical assimtrica (RTCA) 33%

    Braos e pernas em extenso 25%

    Hiperextenso de tronco e pescoo 11%

    Punho cerrado 35%

    Abertura e fechamento sincronizado dos dedos 19%

    Hiperextenso e abduo dos dedos das mos 16%

    Fonte: (YANG et al., 2012).

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    6 FATORES DE RISCO

    So preditores para encefalopaa a baixa idade gestacional, o baixo

    peso ao nascer, a asxia perinatal, a leucomalcia periventricular ou

    subcorcal, a hemorragia intraventricular grave, a isquemia cerebral

    e a leso da substncia cinzenta profunda (GLADSTONE, 2010; DE

    VRIES et al., 2011; HIMPENS et al., 2010).

    Pais e prossionais da Sade devem estar alertas para a possibilidade

    da existncia de danos neurolgicos, que podem ocorrer nas fases pr-

    -concepcionais, pr-natais, intraparto ou ps-natais (PAZ, 2004). Entre

    as causas pr-concepcionais merecem destaque o tratamento para in-

    ferlidade e a histria familiar de doena neurolgica ou de convulses

    (BRASIL, 2010).

    Quanto aos fatores pr-natais destacam-se o retardo de crescimentointrauterino e baixo peso ao nascer, doena reoidiana ou infeces

    virais agudas maternas durante a gestao, por exemplo, a exposio

    perinatal ao vrus herpes quase dobra o risco de PC nos recm-nascidos

    (GIBSON et al., 2005).

    Descolamento prematuro da placenta, prolapso de cordo umbilical

    e choque hipovolmico materno so eventos intraparto que podem

    causar injria cerebral em fetos previamente hgidos. Recm-nascidos

    prematuros, durante o parto e o perodo neonatal, so parcularmen-

    te vulnerveis a dano cerebral, possivelmente, por maior risco de he-

    morragia peri-intraventricular secundria fragilidade dos vasos san-

    guneos do sistema nervoso central. O kernicterus, leso secundria

    hiperbilirrubinemia no perodo neonatal; a displasia broncopulmonar;os distrbios bioqumicos e hematolgicos; as malformaes congni-

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    tas e as infeces congnitas ou neonatais esto associados PC (BRA-

    SIL, 2010; BEAR, 2004; RESEGUE, 2007).

    Outros fatores de risco aps o perodo neonatal ocorrem com menor

    frequncia, tais como, infeces do sistema nervoso central, hemor-

    ragia craniana associada a distrbio de coagulao, mal convulsivo,

    trauma craniano e distrbios eletrolcos graves (RESEGUE, 2007).

    Estudos epidemiolgicos mostraram que a maioria das crianas com

    asxia perinatal no desenvolve o quadro clnico de paralisia cerebral.

    A incidncia de encefalopaa neonatal atribuvel a eventos intraparto,

    na ausncia de qualquer outra anormalidade pr-concepcional ou ante-

    parto, de aproximadamente 1,5 por 10 mil crianas. Assim, esma-se

    que a encefalopaa hipxico isqumica seja responsvel por apenas 3%

    a 13% dos casos de paralisia cerebral congnita (NELSON; ELLENBERG,

    1987; BADAWI et al., 1998a e b).

    Os fatores de risco mais frequentes em lactentes para paralisia cere-

    bral so: a infeco congnita (15%), a infeco do sistema nervoso

    central (10,6%) e o estado de mal convulsivo (22,5%). A prematuri-

    dade esteve associada a esses fatores de risco em 50% dos lactentes

    (TMEGA; BARROS FILHO; PINTO, 2011).

    Finalmente, as evidncias mais atuais indicam que a paralisia cerebral

    resulta de uma associao de fatores incluindo a predisposio gen-

    ca e os desencadeantes ambientais intra e extrauterinos (BRASIL,

    2010). A tabela a seguir apresenta o risco relavo determinado pelos

    fatores mais prevalentes para a ocorrncia de paralisia cerebral.

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    Tabela 2 Fatores de risco do recm-nascido para Paralisia cerebral

    Fatores de Risco risco relavo* (IC 95%)

    1. Preconcepcionais

    Tratamento para inferlidade 4,43 (1,12 17,60)

    Historia familiar de doena eurolgica 2,73 (1,16 6,41)

    Historia familiar de convulses 2,55 (1,31 4,04)

    2. Perinatais

    Retardo de crescimento intrauterino

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    7 CONDIES ASSOCIADAS

    Conforme armado na denio, a desordem motora na paralisia cere-bral pode, frequentemente, vir acompanhada por distrbios sensoriais,

    percepvos, cognivos, de comunicao e comportamental; epilepsia e

    problemas musculoesquelcos secundrios (ROSENBAUM et al., 2007).

    7.1 Sensoriais e Perceptivos

    7.1.1 AudioA audio tem papel fundamental no desenvolvimento infanl e qual-

    quer alterao audiva poder trazer consequncias para o desenvolvi-

    mento lingusco, social e cognivo e, muitos dos fatores de risco para

    a ocorrncia da paralisia cerebral so tambm fatores de risco para aocorrncia de perdas da audio. Por tais razes, necessrio que o diag-

    nsco audiolgico seja realizado precocemente, uma vez que possvel

    a ocorrncia de perdas audivas sensorioneurais e tambm perdas con-

    duvas em indivduos com paralisia cerebral (REID et al., 2011).

    Quanto s perdas conduvas, elas ocorrem em decorrncia do ac-mulo de secreo na orelha mdia e, apesar do carter transitrio,

    dicultam a transmisso dos sons pela membrana mpnica e cadeia

    ossicular podendo interferir no processamento desses sons. Neste

    sendo, um dos aspectos prevenvos para a ocorrncia de otes

    o posicionamento adequado da criana na alimentao. Esta nunca

    deve ser alimentada deitada, pois o alimento pode passar para ore-

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    lha mdia e provocar quadros de otes de repeo, interferindo na

    qualidade da audio destes indivduos.

    Estudos apresentam que 12% das crianas com paralisia cerebral apre-

    sentam perda audiva de carter sensorioneural (BACCIU et al., 2009).

    Essas perdas podem ocorrer de leve a profunda e necessitam de inter-

    veno, o que implica no diagnsco, protezao e (re)habilitao.

    Aps o diagnsco, os prossionais devem realizar o plano de interven-

    o mais adequado para cada caso. Dependendo de critrios espec-

    cos, as crianas podero fazer uso de aparelho de amplicao sonoraindividual (AASI) ou ter indicao para o implante coclear (IC).

    O estabelecimento da funo audiva por meio do AASI e/ou IC em

    crianas com paralisia cerebral propiciar a integrao sensorial, a

    qual fator importante para o desenvolvimento global da criana

    (BERRETTINI et al., 2008). necessrio oferecer tratamento audio-

    lgico para crianas com paralisia cerebral, no intuito destas adquiri-

    rem os processos audivos, favorecendo o processamento das infor-

    maes audivas e a aquisio de habilidades linguscas.

    O processamento audivo descrito como habilidade do sistema

    nervoso central para processar a chegada dos sinais audivos. Estes

    incluem mecanismos audivos que sustentam as habilidades de lo-

    calizao e lateralizao sonora, reconhecimento do padro audivo,

    ateno, concentrao e discriminao audiva, aspectos temporais da

    audio, memria audiva, entre outros (AMERICAN SPEECH..., 2005).

    O objevo principal de qualquer interveno terapuca melhorar

    a funcionalidade da criana e favorecer seu desenvolvimento globalpara que tenha qualidade de vida (SANTOS, 2012).

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    7.1.2 VisoA viso capaz de captar 80% das informaes do ambiente. um ca-

    nal sensorial importanssimo na construo da coordenao visomo-

    tora, orientao espao-temporal (no sistema vesbular e propriocep-

    vo), comunicao, linguagem, aprendizado e memria (REGOLIN et

    al., 2006). A decincia visual um dos prejuzos mais comum associa-

    dos paralisia cerebral, sendo indispensvel idencar problemas e as

    possibilidades de facilitar o funcionamento visual dessas crianas em

    diferentes situaes (ALIMOVI, 2012; FAZZI et al., 2012).

    Gato e colaboradores (2008) vericaram que crianas com paralisia

    cerebral so encaminhadas tardiamente para uma avaliao oal-

    molgica, o que diminui as possibilidades de desenvolvimento visual

    em perodo adequado. Isso preocupante visto que a privao de

    esmulos visuais nos primeiros meses de vida pode acarretar alte-

    raes irreversveis tanto anatmicas como funcionais, interferindo

    na capacidade da criana em responder aos esmulos ambientais,

    diminuindo a parcipao nas avidades dirias, nas trocas afevas

    pelo olhar entre me e beb, e no desenvolvimento motor e cogni-

    vo (REGOLIN et al., 2006).

    A literatura refere que pessoas com paralisia cerebral podem apre-sentar problemas que interferem na funcionalidade visual causando

    restries no campo visual (REGOLIN et al., 2006; KOZEIS et al., 2007;

    GHASIA et al., 2008; VENKATESWARAN; SHEVELL, 2008). Neste sen-

    do, ao avaliar as alteraes visuais presentes em crianas brasileiras

    com paralisia cerebral, Regolin e colaboradores (2006) destacaram as

    ametropias (60% a 80%), o estrabismo (60%), a perda de percepo

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    visual (47%), a ambliopia (35%), o nistagmo (17%), a atroa pca

    (15% 20%) e a baixa viso corcal (5% 10%).

    Dcits visuais de crianas com paralisia cerebral diferem entre os dife-

    rentes nveis motores, sendo que as crianas com alteraes motoras

    mais altas (nveis motores 3 a 5) tendem a apresentar dcits mais gra-

    ves, no observados em crianas de desenvolvimento pico e as mais

    leves (nveis motores 1 e 2) tendem a apresentar dcits sensrio-mo-

    tores semelhantes aos de crianas com desenvolvimento neurolgico

    pico, tais como estrabismo e ambliopia (GHASIA et al., 2008).

    Considerando a distribuio anatmica dos compromementos, pos-

    svel vericar que as crianas classicadas em paralisia cerebral unila-

    terais tendem a apresentar maior porcentagem de alteraes visuais

    destacando-se o estrabismo (71%) e os erros de refrao (88%); j as

    crianas classicadas como bilaterais, com maiores compromemen-tos motores tendem a apresentar um perl neuro-oalmolgico mais

    grave, caracterizado por anormalidades oculares (98%), disfuno ocu-

    lomotora (100%) e acuidade visual reduzida (98%) (FAZZI et al., 2012).

    Muitas alteraes visuais so consideradas como consequncia nor-

    mal dos problemas motores das crianas com paralisia cerebral e,portanto, frequentemente no idencadas; entretanto, diante da

    amplitude de alteraes visuais presentes em crianas com paralisia

    cerebral, faz-se necessria uma avaliao oalmolgica ampla sem-

    pre que a criana apresente risco de desenvolvimento de disfuno

    neurolgica (ALIMOVI, 2012).

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    7.1.3 Cognitivas e comportamentaisA cognio pode ser denida por funes mentais especcas, espe-

    cialmente dependentes dos lobos frontais do crebro, sendo mais

    frequentemente chamada de funes execuvas (OMS, 2011). A

    funo execuva compreende uma srie de processos cognivos e

    comportamentais tais como: uncia verbal, resoluo de proble-

    mas, planejamento, sequncia, habilidade de sustentar a ateno,

    exibilidade cogniva, memria operacional, categorizao, controle

    inibitrio, tomada de deciso, criavidade, entre outras (BURGESS et

    al., 2000; SOHLBERG; MATTER, 2009).

    Na paralisia cerebral o processo cognivo global e especco pode ser

    afetado, tanto por distrbios primrios, quanto em consequncia se-

    cundria a limitaes neuromotoras que restringem as experincias

    da criana nos contextos de referncia e o processo de aprendiza-

    gem (ROSENBAUM et al., 2007). As alteraes cerebrais presentes napessoa com paralisia cerebral representam uma restrio biolgica

    que predispem consequncia na trajetria pica de desenvolvimen-

    to cognivo, acarretando muitas vezes, em decincia intelectual ou

    problemas cognivos especcos (BOTTCHER et al., 2010). A prema-

    turidade e o extremo baixo peso ao nascimento apresentam alta cor-

    relao com o desenvolvimento das habilidades cognivas (WOLKE;MEYER, 1999), entretanto, alm dos fatores biolgicos, os fatores so-

    cioeconmicos e educacionais, destacando-se aqui o nvel educacio-

    nal materno, podem inuenciar no desempenho cognivo da criana

    (KRGELOH-MANN; LIDZBA, 2012).

    Na primeira infncia o desenvolvimento cognivo evidenciado

    pela interao com outras pessoas, com o ambiente imediato, assim

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    como com objetos/brinquedos. Neste sendo, ao brincar de faz de

    conta a criana desenvolve/exercita a exibilidade do pensamento,

    a adaptabilidade, a aprendizagem, a resoluo de problemas, a in-

    tegrao de informaes do meio ambiente, alm de promover o

    desenvolvimento de habilidades sociais, intelectuais, emocionais e

    sicas (STAGNITTI; UNSWORTH; RODGER, 2000; NICOLOPOULOU et

    al., 2010; STAGNITTI, 2009). Assim de extrema importncia que es-

    tas crianas tenham oportunidades de explorar o ambiente que as

    cercam e objetos/brinquedos que possibilitem o desenvolvimento

    dessas habilidades de forma ldica e prazerosa.

    Entre 35% e 53% das pessoas com paralisia cerebral apresentam pro-

    blemas de funes execuvas, principalmente relacionadas aten-

    o, sendo mais frequente em paralisia cerebral bilateral (PIRILA et

    al., 2011; STRAUB; OBRZUT, 2009). Essas funes so especialmente

    importantes quando a criana se depara com situaes fora da rona,

    as quais frequentemente exigem novas estratgias de resoluo de

    problemas (SHALLICE, 2002).

    O esmulo dos pais e da escola, a quandade de recursos disponibili-

    zados para a criana brincar, assim como o convvio com outras crian-as podem inuenciar o desenvolvimento do brincar de faz de conta

    da criana com paralisia cerebral (SANTOS et al., 2010); assim como

    se observa a correlao negava entre o nvel de compromemen-

    to motor e a elaborao do brincar de faz de conta, ou seja, quanto

    mais compromeda motoramente a criana pior seu repertrio

    de brincadeiras de faz de conta (PFEIFER et al., 2011), provavelmente

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    porque essas no veram oportunidades efevas de brincar e, nesses

    casos, adaptaes e facilitaes durante as intervenes terapucas

    ocupacionais podem contribuir posivamente para o desenvolvimen-

    to dessas habilidades.

    O conhecimento acerca das habilidades cognivas de crianas com

    paralisia cerebral em idade escolar escasso, entretanto, o estudo

    de Van Rooijen e colaboradores (2011) idencou alta prevalncia de

    problemas de aprendizagem aritmca (reconhecer e contar nme-

    ros) e diculdades de leitura com essa populao.

    Alteraes comportamentais e/ou emocionais em crianas e adoles-

    centes com paralisia cerebral so pouco exploradas na literatura. Os

    problemas mais comuns relatados incluem: diculdade de interao

    com colegas, problemas de ateno e comportamentos hipera-

    vos, problemas emocionais, caracterscas anssociais, entre outros

    (BROSSARD-RACINE et al., 2012).

    Clinicamente, as alteraes comportamentais so mais frequentes nas

    crianas com paralisia cerebral em comparao s crianas com desen-

    volvimento pico (FREITAS, 2009). Trauner et al. (2001) encontraramalta frequncia de problemas sociais em crianas com leso cerebral

    comparadas a um grupo controle, possivelmente sugerindo maior ris-

    co de problemas sociais na presena de leso cerebral. Os atrasos no

    desenvolvimento de comportamentos sociais observados na infncia

    tendem a se agravar durante a adolescncia (ANDERSON et al., 1999).

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    7.1.4 Comunicao esmado que os distrbios da comunicao em paralisia cerebral

    podem variar de 31% a 88% (HIDECKER et al., 2011). Essa variao

    pode estar relacionada falta de consenso sobre a denio de dis-

    trbios da comunicao, gravidade da paralisia cerebral e variabi-

    lidade dos fatores interferentes no desenvolvimento da linguagem e

    da aquisio de habilidades comunicavas.

    O desenvolvimento da linguagem envolve a integridade do SNC,o processo maturacional, a integridade sensorial, as habilidades

    cognivas e intelectuais, o processamento das informaes ou

    aspectos percepvos, os fatores emocionais e as inuncias do

    ambiente (LAMNICA, 2008). As diculdades de aquisio podem

    estar ligadas presena de reexos primivos, ao atraso para o

    controle motor da cabea, para sentar sem apoio, para marchaindependente e presena de movimentos involuntrios.

    As diculdades motoras limitam as experincias da criana com para-

    lisia cerebral para interagir com pessoas, objetos e eventos, para ma-

    nipulao dos objetos, repeo de aes, domnio do prprio corpo

    e esquema corporal. Dessa forma, a criana com paralisia cerebralpode perder oportunidades concretas de viabilizar seu repertrio,

    podendo ocasionar lacunas nas reas percepva, cogniva, lingus-

    ca e social (GREN; HURVITZ, 2007). Assim, muito importante acom-

    panhar os marcos motores, pois estes inuenciam signicavamente

    no desenvolvimento da linguagem.

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    Quanto ao desenvolvimento comunicavo, indivduos com paralisia

    cerebral se constuem em grupo heterogneo, entretanto, algumas

    consideraes gerais so necessrias para a compreenso desse de-

    senvolvimento. O desenvolvimento percepvo vai ocorrer por aes

    integradas do prprio organismo, incluindo viso e audio, as dispo-

    sies psicomotoras, sendo estritamente dependentes da integrida-

    de sensorial, da esmulao ambiental e da maturao do sistema

    nervoso central. A percepo favorece a interpretao dos esmu-

    los por meio dos canais sensoriais que os tornaro aptos para deter

    um esmulo alvo em um determinado perodo de tempo (ateno e

    concentrao), discriminar um esmulo alvo entre outros esmulos

    irrelevantes, armazenar as informaes, compreender e estabelecer

    relaes para sua adequada interpretao.

    No que tange aos aspectos expressivos, o transtorno motor, agindo

    na regio da cintura escapular e tronco superior, atuando no controle

    da musculatura orofacial, na respirao e na coordenao pneumo-

    fonoarculatria, trar prejuzos diversos para a produo da fala.

    Os aspectos pragmcos tambm podero estar prejudicados pelo

    transtorno motor. A dependncia sica e a diculdade para experi-

    mentar ambientes sociais diversos so fatores que inuenciaro no

    uso da linguagem (PENNIGNTON; GOLDBART; MARSHALL, 2005).

    7.1.5 Crises Convulsivas

    Sndrome convulsiva ocorrncia frequente em pacientes com paralisia

    cerebral. Costumam iniciar-se simultaneamente instalao da doenacausadora da paralisia cerebral. Em neonatos a termo com encefalopaa

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    hipxico-isqumica (EHI), as convulses podem aparecer nas primeiras

    seis horas e, a reincidncia das crises (epilepsia) ocorre, na maioria das

    vezes, dentro dos primeiros 6 meses de vida, em cerca de 31% dos casos

    que desenvolvem paralisia cerebral (FUNAYAMA, 2005). Esse quadro

    j no to claro em sequelas de EHI em nascidos pr-termo, que

    apresentam menor risco de crises por serem as leses periventriculares

    mais frequentes do que as corcais. Na paralisia cerebral por outras

    causas, a epilepsia pode surgir em qualquer poca da vida.

    O diagnsco diferencial de crises epilpcas com movimentos anor-

    mais necessrio em casos com paralisia cerebral, pois podem ocorrer

    similaridades com outros sinais, como por exemplo: o reexo de moro

    com as mioclonias ou os espasmos infans; o clnus de tornozelo, que

    muitas vezes se estende aos membros inferiores, com as crises clni-

    cas; a hiperextenso, por mudanas posturais, ou mesmo o reexo t-

    nico cervical assimtrico (RTCA) com as crises tnicas. Muitas vezes so-mente um traado eletroencefalogrco durante esses episdios pode

    denir a natureza epilpca da manifestao.

    Quanto conduo terapuca das crises convulsivas na paralisia cere-

    bral, conhecido que no h contraindicao de qualquer medicao

    anconvulsivante, uso de sedavos ou anestesia geral. Em casos comhipotonia acentuada no eixo corporal ou mobilidade geral prejudica-

    da, o aumento de secrees pulmonares pode ocorrer como efeito ad-

    verso dos benzodiazepnicos (principalmente o clonazepam) e outros

    depressores do sistema nervoso. Crianas em uso de drogas ancon-

    vulsivantes devem ser monitorizadas regularmente quanto a efeitos

    colaterais hepato e mielotxicos.

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    Ao clnico geral cabe orientar a famlia quanto s atudes de segu-

    rana durante as crises convulsivas e da importncia do seu controle

    para evitar o agravamento das sequelas neurolgicas.

    7.1.6 Crescimento, Diagnstico Nutricional e TerapiaNutricionalMesmo quando adequadamente nutridas, crianas com paralisia cere-

    bral so menores que as crianas que no tem decincia, possivelmen-

    te, em razo de inavidade sica, foras mecnicas sobre ossos, arcula-

    es e musculatura, fatores endcrinos, altas prevalncias de prematu-

    ridade e baixo peso ao nascer (TAMEGA et al., 2011; HENDERSON et al.,

    2007). Os fatores que conferem menor crescimento linear e corpreo s

    crianas com paralisia cerebral parecem atuar de maneira sinrgica para

    afetar o crescimento em cada uma de suas dimenses, incluindo dimi-

    nuio do crescimento no linear, ganho de peso e alteraes na compo-

    sio corporal como o decrscimo na massa muscular, massa gordurosae densidade ssea. Angir ndices antropomtricos de peso e altura de-

    nidos em populaes gerais no deve constuir metas ideais quando

    tratamos de sade e crescimento de crianas com paralisia cerebral.

    Estudos recentes (ARROWSMITH et al., 2012; AISEN et al., 2011;

    KUPERMINC; STEVENSON, 2008 ) indicam a ulizao da prega cutneatricipital ou subescapular como o ndice antropomtrico mais adequado

    e que pode ser comparado com curvas de referncia para crianas

    saudveis. Valores inferiores ao percentual 10 indicam desnutrio

    (KUPERMINC; STEVENSON, 2008).

    De interesse clnico para os prossionais que cuidam de crianas com

    paralisia cerebral com nveis avanados de dcit motor, so as muito

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    recentemente publicadas curvas de referncia de peso em crianas

    com paralisia cerebral (BROOKS et al., 2011), estracadas de acordo

    com a gravidade funcional pelo GMFCS E & R (PALISANO et al., 2008)

    e o uso ou no de tubos de alimentao. Mobilidade e capacidade

    motora oral so os principais preditores de morte em crianas com

    paralisia cerebral (STRAUSS; SHAVELLE, 2001).

    7.1.6.1 Alimentao da criana com paralisia cerebralEsma-se que 19% a 99% das pessoas com paralisia cerebral

    tenham diculdades para se alimentar, em diversos graus de

    compromemento, o qual est inmamente ligado ao grau de

    compromemento motor (ERASMUS et al., 2012). Pacientes avaliados

    como grau IV e V do GMFCS em 99% dos casos apresentaram algum

    grau de disfagia (CALIS et al., 2008).

    Leses corcais e subcorcais poderiam explicar transtornos da fase orale farngea da degluo respecvamente. Os transtornos de degluo

    que podem causar desnutrio, desidratao ou aspirao traqueal so

    conhecidos como disfagias orofarngeas. As diculdades de alimentao

    mais comuns so: compromemento da fase motora oral, engasgo, tosse,

    nusea, diculdade de transporte do bolo alimentar, refeies prolongadas

    ou interrompidas e reuxo gastroesofgico (ANDREW; SULLIVAN, 2010;CALIS et al., 2008; REILLY et al., 2010; WILSON; HUSTAD, 2009).

    Para avaliao mais acurada do processo de degluo em todas as

    fases e estgios, a Videouoroscopia da Degluo tem sido mais

    indicada. Essa avaliao idencou percentuais de anormalidades

    superiores aos idencados na avaliao clnica, em parcular as

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    fases farngea e esofgica menos acessveis semiologia clnica (NOLL

    et al., 2011; SILVA et al., 2006; FURKIM; BEHLAU; WECKX, 2003). A

    aspirao traqueal, denida como a passagem do bolo pelas pregas

    vocais, o aspecto mais grave da disfagia orofarngea; por ser de

    dicil manejo clnico, j foi ressaltado que os aspiradores crnicos

    podem dessensibilizar a laringe, deixando de apresentar tosse aps

    longo perodo de aspirao (BUCHHOLZ; BOSMA; DONNER, 1985).

    Os quadros de infeco respiratria tambm podem ser causados

    pelo reuxo gastroesofgico, doena que pode aparecer em 50% das

    pessoas com paralisia cerebral, principalmente naquelas com maior

    compromemento motor (BENFER, 2012).

    As crianas com paralisia cerebral espsca bilateral do nvel motor V

    apresentam todos os fatores de risco para distrbios alimentares: pela

    alterao motora da dinmica orofaringeana; pela falta de compreenso

    do contexto alimentar e diculdade na ao motora voluntria da

    fase oral, podendo alterar a sequencializao da fase farngea e pela

    gravidade da aspirao traqueal (FURKIM; BEHLAU; WECKX, 2003).

    Nas disfagias orofaringeanas, as complicaes mais diceis de

    gerenciamento clnico so as afeces pulmonares causadas pela

    aspirao. Assim, a deteco e caracterizao dessa aspirao,

    que ocorre na fase farngea, so primordiais para o prognsco e

    reabilitao (ERASMUS et al., 2012; WEIR et al., 2011).

    Dieta por via oral deve ser manda nas crianas com funes motoras

    orais diagnoscadas como adequadas e que no apresentam risco

    de aspirao para as vias areas. Correo da postura da cabea

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    e consistncia adequada dos alimentos melhoram a ecincia da

    alimentao. A colocao de tubos para alimentao necessria

    em crianas desnutridas, mas no h melhora nos seus ndices

    antropomtricos com a ingesto de quandades e composies

    adequadas por via oral (KARAGIOZOGLOU-LAMPOUDI et al., 2012).

    A deciso de iniciar nutrio enteral pode ser dicil para a famlia que

    entende a colocao de tubos como um sinal de insucesso de sua

    habilidade em alimentar a criana. Tubos orogstricos ou nasogstricos

    so pouco invasivos e podem ser usados por curtos perodos, em geral,

    no mximo seis semanas. O uso duradouro pode facilitar a ocorrncia

    de otes, sinusites, ulceraes esofgicas, perfurao intesnal ou

    gstrica (PATRICK et al., 1986; BEST; HITCHINGS, 1994; MINARD, 1994).

    A escolha da frmula para uso enteral depende da idade da criana,

    da condio clnica, das necessidades energcas e da via de acesso

    enteral, alm do custo do uso de dietas especcas industrializadas.

    Frmulas-padro adequadas para a idade e baseadas em casena so

    administradas de rona, frmulas com protenas do soro do leite

    so mais bem toleradas, pois apresentam esvaziamento gstrico

    mais acelerado, diminuindo vmitos e reuxo, que as frmulas com

    casena (SAVAGE et al., 2012).

    As frmulas preparadas para adultos podem prevenir a

    hipoalbuminemia, mas podem resultar em decincias de ferro,

    vitamina D, clcio e fsforo durante perodos de recuperao

    nutricional (MCGOWAN et al., 2012).

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    O procedimento de gastrostomia recomendado diante da

    perspecva da necessidade prolongada, acima de seis semanas, de

    uso de via alternava oral, em geral, resultando em ganho de peso,

    melhora das condies de sade neurolgica e respiratria e reduzem

    o tempo gasto com alimentao da criana (MAHANT et al., 2009).

    Pode ser instalada por via endoscpica em um procedimento

    cirrgico minimamente invasivo e o disposivo pode ser ulizado

    algumas horas aps a colocao. Efeitos indesejveis da gastrostomia

    incluem infeco da ferida operatria, vazamento pelo estoma esada acidental do tubo (THOMSON et al., 2011).

    Gastrostomia cirrgica ca reservada para crianas com

    contraindicaes para a colocao da gastrostomia endoscpica,

    como a presena de reuxo gastroesofgico grave que requeira a

    confeco de fundoplicatura, necessria em 8% a 25% dos pacientes

    com paralisia cerebral (KAWAHARA et al., 2010).

    Crescimento sseo, avaliado em parte pela densidade mineral

    ssea, um aspecto do crescimento frequentemente negligenciado

    na criana com paralisia cerebral. Associado ao baixo crescimento

    linear, crianas com dcits motores moderados e intensos

    frequentemente apresentam dores musculares, fraturas patolgicasdevidas ao dcit de mineralizao ssea (STEVENSON et al., 2006).

    Prejuzo na densidade ssea tende a ser mais grave com o avano

    da idade, intensidade do prejuzo motor, desnutrio (medida pela

    prega cutnea tricipital) e disfuno motora oral que prejudique a

    degluo (HENDERSON et al., 2002). So fatores de risco para fratura:

    os elevados ndices de gordura corporal, o uso de gastrostomia e os

    antecedentes de fratura (STEVENSON et al., 2006).

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    7.1.7 Condies Musculoesquelticas SecundriasO grau de compromemento motor, a idade de aquisio das etapas

    motoras, tais como o sentar e o enganhar, e as decincias associadas

    como a decincia visual e mental devem ser analisados com base a al-

    canar o melhor padro funcional dentro do potencial de cada pacien-

    te. Avaliaes ortopdica e motora devem ser realizadas semestral-

    mente desde o incio do primeiro ano de vida em crianas com parali-

    sia cerebral. Essas avaliaes tm o objevo de prevenir deformidades

    sseas e contraturas musculares que se traduzam em perda de funo

    motora, dores musculares, restries respiratrias, cardacas e alimen-tares, parcularmente nas crianas espscas bilaterais nveis IV e V.

    importante promover, desde que haja prognsco para tal, a mar-

    cha independente de toda criana com paralisia cerebral. Uma pes-

    soa com paralisia cerebral que deambula tem menores nveis de mor-

    bidade e melhor qualidade de vida.

    A maior parte dos procedimentos prevenvos alada por meio da

    reabilitao sistemca (sioterapia e terapia ocupacional), sendo

    que o ortopedista dever entrar em cena quando a funo esver

    compromeda ou quando houver dor muscular importante.

    No tratamento da espascidade podem ser necessrias outras inter-

    venes tais como a aplicao da Toxina botulnica; a injeo intratecal

    de Baclofeno; a Rizotomia dorsal seleva; assim como a cirurgia orto-

    pdica. Quanto distonia (po de discinesia) no h melhora com rizo-

    tomia dorsal seleva. O tratamento da coreoatetose medicamentoso

    e no cirrgico (RETHLEFSEN; RYAN; KAY, 2010). Esses procedimentos,

    contudo, s devem ser ulizados como coadjuvantes terapia motora,

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    j que sua funo diminuir a espascidade e/ou melhorar o alonga-

    mento muscular, possibilitando o processo de reabilitao e a conduta

    do terapeuta, possibilitando ganhos na funcionalidade dessas pessoas.

    7.1.8 Doena respiratriaDoena respiratria pulmonar uma importante causa de morbida-

    de e mortalidade em pessoas com paralisia cerebral. Pelo menos dois

    teros desses pacientes apresentam tosse, chiado, a grande maioria

    apresenta tosse e rouquido durante a alimentao e, alguns, apneias

    (CARAM; MORCILLO; PINTO, 2010).

    Fatores relacionados que podem contribuir para o desenvolvimento

    de doena pulmonar nesses pacientes incluem a aspirao pulmonar,

    infeces recorrentes levando a bronquiectasias e a deformidades da

    coluna vertebral, principalmente a cifoescoliose, obstruo das vias areas

    superiores (hipertroa de amgdalas, adenoides, gengiva) e das vias areasinferiores (asma). A abordagem desses fatores implica no diagnsco de

    cada condio (FITZGERALD; FOLLETT; VAN ASPEREN, 2009).

    A aspirao silente de saliva, mesmo nos pacientes com gastrostomia,

    pode manter a inamao qumica da rvore respiratria. Este problema

    pode ser controlado com o uso de ancolinrgicos na forma de

    benzotropina ou glicopirrolato. O uso da toxina botulnica e a ablao de

    glndulas salivares so relatados como ecazes na maioria dos pacientes

    (FITZGERALD; FOLLETT; VAN ASPEREN, 2009; WEIR et al., 2011).

    Broncodilatadores ou inalaes com salina normal ou hipertnica

    so parcialmente teis quando h prejuzo da capacidade de limpeza

    mucociliar, mas sempre devero ser complementados pela sioterapia

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    respiratria. As infeces devem ser combadas com anbicos, por

    vezes ulizados em esquemas prolcos, de acordo com culturas

    de escarro, outras vezes so necessrios cursos prolongados de

    anbiocoterapia. Imunizao ava contra vrus inuenza e pneumococo

    indicada para evitar as infeces respiratrias recorrentes. Tratamento

    cirrgico da escoliose l tambm para liberar as vias areas baixas

    de atelectasias. E, nalmente, liberar as vias areas respiratrias

    superiores pode requerer procedimentos cirrgicos e uso de disposivos

    de assistncia venlatria no invasiva (FITZGERALD; FOLLETT; VAN

    ASPEREN, 2009; WEIR et al., 2011; SOMERVILLE et al., 2008).

    7.1.9 Distrbios do sonoDistrbios do sono na pessoa com paralisia cerebral podem ser de-

    correntes de obstruo das vias areas por glossoptose, fraqueza da

    musculatura farngea, hipertroa de amgdalas ou adenoide, disfun-

    es enceflicas que comprometem o controle respiratrio e carda-co, assim como o ritmo de viglia/sono e o nvel de alerta durante a

    viglia. Deformidades posturais que resultem em dor e desconforto

    por espasmos musculares que deslocam os quadris intensicam a

    escoliose, desviam as arculaes e resultam em espasmos muscu-

    lares associados inabilidade de modicar a postura em resposta ao

    desconforto, podendo tambm alterar o ritmo sono/viglia. Por m,

    outro fator associado aos distrbios do sono pode ser o uso de an-

    convulsivantes que determinam sonolncia excessiva durante o dia

    e afetam os padres de sono-viglia e, ainda, hipoxemia durante o

    relaxamento do sono (SANDELLA et al., 2011).

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    8 MOMENTOS DA NOTCIA

    O estabelecimento do diagnsco de paralisia cerebral geralmenteno possvel ao nascimento, no entanto, a presena de fatores de

    riscos pr e perinatais podem indicar essa possibilidade. Na presena

    desses fatores, a famlia deve ser orientada para acompanhamento

    regular pela equipe de Sade.

    No caso de conrmao diagnsca, prossionais capacitados devem

    informar a famlia quanto variabilidade de condies clnicas e n-

    veis de compromemento, possibilidades de diferentes tratamentos

    com vistas sade sica, mental e afeva da criana. Evitar qualquer

    po de prognsco sobre a evoluo sica e intelectual dessa criana.

    A nocia do diagnsco de paralisia cerebral tem impacto na aceita-

    o da famlia e em sua disposio e adeso ao tratamento. Espera-se

    do prossional que transmite a nocia, uma postura humana e ca,

    que garanta acolhida e informao adequada famlia.

    recomendvel que algumas diretrizes sejam levadas em conta para a co-

    municao da suspeita ou do diagnsco da paralisia cerebral famlia:

    1. O diagnsco de paralisia cerebral deve ser feito pelo

    mdico.

    2. A comunicao me deve ser feita preferencialmente

    na presena do pai ou, na sua ausncia, de outro

    membro da famlia que represente um relacionamento

    signicavo.

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    3. O local deve ser reservado e protegido de interrupes.

    4. O pediatra deve ter tempo disponvel para comunicar

    o diagnsco ou a suspeita de paralisia cerebral, bem

    como esclarecer quanto a dvidas e esgmas que

    esmulam o preconceito e a no aceitao da criana.

    Os pais devem ser esclarecidos sobre os sinais clnicos

    que deniram o diagnsco de paralisia cerebral.

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    9 ATENAO SADE DA PESSOA COMPARALISIA CEREBRAL

    As pessoas com paralisia cerebral, assim como qualquer outra condio de

    sade, necessitam de uma rede de cuidados devidamente arculada, na

    perspecva do comparlhamento do cuidado entre as equipes de Sade

    e a famlia, e nas melhores estratgias para o desenvolvimento de um pro-

    jeto terapuco de qualidade envolvendo todos os aspetos de sua sade,

    no centrado apenas nas condies atreladas paralisia cerebral.

    Como a paralisia cerebral se caracteriza por leso persistente e no

    progressiva cujas decincias e habilidades mudam com o tempo, em

    uma mesma pessoa, pode-se observar melhora devido maturao de

    regies do sistema nervoso que permaneceram intactas, alm do fen-

    meno da neuroplascidade associado esmulao e ao trabalho tera-puco da sioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Quanto

    menor o tempo para iniciar a esmulao, maior ser o aproveitamento

    da plascidade cerebral e menor o atraso do desenvolvimento. Porm

    pode haver piora do quadro devido ao advento de convulses, s vezes

    incontrolveis, assim como a degenerao osteoarcular decorrente

    de posturas anmalas (HERNNDEZ-MUELA; MULAS; MATTOS, 2004).

    Tecnologias assisvas so recursos e servios que visam promover a

    funcionalidade e a autonomia da pessoa com paralisia cerebral, mini-

    mizando os problemas e as diculdades decorrentes dessa condio

    de sade. Tais tecnologias so parte integrante do cuidado pessoa

    com paralisia cerebral.

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    A criana com paralisia cerebral deve ser classicada a parr de siste-

    mas que valorizem a sua funcionalidade, como GMFCS E & R e MACS,

    para ns de denio da idencao de limitaes e potencialida-

    des. E semestralmente para idencar a evoluo do seu desenvolvi-

    mento, bem como para o acompanhamento longitudinal da evoluo

    e documentao dos efeitos terapucos, so sugeridos:

    a) GMFM-66 Gross Motor Funcon Measure Medida da

    funo motora grossa

    1

    (RUSSEL et al., 2002) ul para avaliara evoluo motora grossa das crianas com paralisia cerebral.

    b) PEDI Pediatric Evaluaon of Disability Inventory Inven-

    trio de Avaliao Peditrica de Incapacidade (MANCINI,

    2005) l para avaliar o desempenho da criana em avi-

    dades e tarefas picas da vida diria.

    c) CHORES Children helping out responsibilies, expectaons

    and supports (DUNN, 2004) l para idencar a parcipao

    de crianas e adolescentes nas tarefas domiciliares.

    d) SCHOOL FUNCTION ASSESSMENT (COSTER, 1998) l

    para avaliar a parcipao de crianas em avidades e ta-refas relacionadas ao ambiente escolar.

    e) PEGS The perceived ecacy and goal seng system

    (MISSIUNA; POLOK; LAW, 2004) l para idencar a

    1Esta escala foi publicada em portugus: RUSSELL, D. J. et al. Medida da Funo Mo-tora Grossa(GMFM-66 & GMFM-88): manual do usurio. Traduo de Luara Tom

    Cyrillo e Maria Crisna dos Santos Galvo. So Paulo: Memnon Editora, 2011.

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    autopercepo da criana em relao competncia na

    realizao das avidades dirias, permindo, assim, sele-

    cionar metas para a interveno, de acordo com a pers-

    pecva da criana.

    f) Miniexame do Estado Mental (MEEM) adaptado para

    crianas (ANDRADE et al., 2011) um instrumento ade-

    quado para rastrear, de forma simples e rpida, o funcio-

    namento cognivo de crianas e adolescentes de 5 a 18

    anos, incluindo as leses cerebrais, podendo ser ulizado

    por prossionais de Sade de modo interdisciplinar.

    O tratamento deve centrar-se em objevos funcionais idencados

    como relevantes pela pessoa com paralisia cerebral e por seus cui-

    dadores de referncia, nos diferentes contextos (escolar, domiciliaretc.). O raciocnio clnico e a ao prossional devem pautar as aes

    terapucas, de forma que os procedimentos implementados sejam

    os mais adequados para atender as metas funcionais. Os efeitos re-

    sultantes das terapucas devem ser sistemacamente analisados

    com reavaliaes peridicas de modo a valid-las ou modic-las,

    visando atender aos objevos e metas traadas (MANCINI; COELHO,2008; FONSECA; MANCINI, 2008).

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    9.1 Cuidados com a Sade da Criana at os 2 anos

    Considerando a plascidade cerebral, que nos primeiros anos de vida

    possibilita alteraes estruturais e funcionais do sistema nervoso e

    musculoesquelco de uso dependente, recomenda-se que a inter-

    veno precoce seja implementada e priorizada, e que nas demais eta-

    pas do ciclo de vida da pessoa com paralisia cerebral, as formas e espe-

    cicidades dos tratamentos devam atender as necessidades individuais

    e demandas do contexto, mantendo-se a unidade pessoa-ambiente.

    Nesta faixa etria primordial atentar para as questes relacionadas

    aos aspectos percepto-sensrias, alimentares (amamentao), vaci-

    nao, entre outros. A seguir algumas aes direcionadas ao cuidado

    nesta fase de desenvolvimento:

    1. Unidade de Terapia Intensiva e Mtodo Me Canguru

    Nos casos em que o beb de risco, pode ser necessria

    a sua permanncia nas unidades de terapia intensiva e,

    em casos em que o beb se encontre clinicamente estvel,

    com peso adequado e sem a necessidade de venlao

    mecnica, ele pode ser beneciado pela abordagem do

    Mtodo Canguru.

    Ver mais: .

    2. Promoo do Aleitamento Materno

    Nas crianas com fator de risco para a paralisia cerebral,

    ateno especial pode ser dada capacidade de suco

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    desde o primeiro dia de vida, avaliando a ecincia da ama-

    mentao do seio materno e a capacidade de pega e ganho

    de peso. Nas alteraes de tnus e postura pode ser obser-

    vada a diculdade de amamentao, como tosse e alterao

    respiratria, diculdade de progresso das consistncias ali-

    mentares e utenslios ulizados. comum nessa faixa etria

    a permanncia por longo prazo do uso da mamadeira. Os

    prossionais da Sade devem ser consultados.

    3. Imunizao Bsica nas Unidades Bsicas de Sade

    No h contraindicao para qualquer procedimento pre-

    conizado no calendrio bsico do MS, orientando-se ape-

    nas para reaes adversas e contraindicaes gerais cons-

    tantes nesta norma.

    Ver mais: .

    4. Na presena de fatores de risco para paralisia cerebral, im-

    prescindvel a avaliao das habilidades e funes da respi-

    rao e degluo, o comportamento, a movimentao e o

    posicionamento. Tal avaliao deve ser feita no local de nas-

    cimento, e ao longo dos retornos mensais ao pediatra. Nasuspeita de alteraes nas funes avaliadas necessrio o

    encaminhamento, para acompanhamento regular, ao pros-

    sional de Sade capacitado ou por equipe mulprossional.

    5. Durante os exames clnicos possvel avaliar a necessida-

    de de invesgao especializada para situaes especcas(degluo, doena de reuxo gastresofgico, retardo de

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    esvaziamento gstrico, conspao intesnal, avaliao de

    quadril, avaliao da funo de MMII e MMSS e das neces-

    sidades de rteses).

    6. O Ministrio da Sade preconiza diretrizes para consultas

    com a Equipe de Sade da Famlia e o pediatra nas Unida-

    des Bsicas de Sade para acompanhar e monitorar o cres-

    cimento e estado nutricional, evoluo e aquisies dos

    marcos neuromotores e linguscos, sade bucal e higiene

    oral, funes cognivas e habilidades socioafevas pr-

    prias da idade. Cabe a essas equipes fazerem a referncia

    destes usurios s unidades de sade especializadas para

    o acompanhamento especco se necessrio, bem como

    monitorar a adeso e os resultados do tratamento.

    Ver mais: .

    7. Avaliao do servio social algumas vezes se faz necessria,

    em funo das necessidades especcas para devidas ar-

    culaes intersetoriais no territrio.

    8. O apoio familiar deve estar contemplado no cuidado inte-gral a esta criana.

    9.2 Cuidados com a Sade da Criana de 2 a 6 anos

    Nesta faixa etria o diagnsco de paralisia cerebral est, quase sem-

    pre, denido e as manifestaes clnicas so mais evidentes, dessa

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    forma, algumas aes passam a ser especcas para as crianas com

    paralisia cerebral enquanto outras so comuns a qualquer criana

    dentro da mesma faixa etria, conforme apresentado a seguir:

    1. A criana com paralisia cerebral deve manter o seu quadro

    vacinal em dia.

    Ver mais: .

    2. As diretrizes do Ministrio da Sade para consultas com a

    Equipe de Sade da Famlia e o pediatra nas Unidades Bsicas

    de Sade para acompanhar e monitorar o crescimento

    e estado nutricional, evoluo e aquisies dos marcos

    neuromotores e linguscos, sade bucal e higiene oral,

    funes cognivas e habilidades socioafevas. Cabe a essas

    equipes fazerem a referncia destes usurios s unidades desade especializadas para o acompanhamento especco.

    Ver mais: .

    3. Avaliar a necessidade de invesgao especializada para

    situaes especcas (posicionamento e mobilidade dacriana com avaliao da necessidade de adaptaes e

    utenslios de suporte, avaliao de quadril, avaliao da

    funo de MMII e MMSS e das necessidades de rteses,

    linguagem e avaliao da necessidade de ulizao de

    comunicao alternava, desenvolvimento de habilidades

    oral e escrita, avidades de vida diria autocuidado,

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    brincar etc., parcipao nos diferentes contextos

    e nos ambientes familiares e educacionais, condies

    gastrointesnais associadas).

    4. Avaliao do servio social das necessidades especcas

    para as devidas arculaes intersetoriais no territrio.

    5. O apoio familiar deve estar contemplado no cuidado

    integral a esta criana.

    9.3 Cuidados com a Sade da Criana de 6 a 12 anos

    Nesta faixa etria a ateno com o aumento da autonomia das crian-

    as deve ser priorizada, valorizando sua capacidade e independncia,

    desta forma destaca-se:

    1. A criana com paralisia cerebral deve manter o seu quadro

    vacinal em dia.

    Ver mais: .

    2. As diretrizes do Ministrio da Sade para consultas com aEquipe de Sade da Famlia e o pediatra nas Unidades Bsi-

    cas de Sade para acompanhar e monitorar o crescimento,

    estado nutricional e desenvolvimento puberal, evoluo e

    aprimoramento das habilidades e competncias motoras,

    comunicavas, sade bucal e higiene oral, funes cogni-

    vas e habilidades socioafevas. Cabe a essas equipes fa-

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    zerem a referncia destes usurios s unidades de sade

    especializadas para o acompanhamento especco.

    3. Avaliar a necessidade de invesgao especializada para

    situaes especcas (posicionamento e mobilidade da

    criana com avaliao da necessidade de adaptaes e

    utenslios de suporte, avaliao de quadril, avaliao da

    funo de MMII e MMSS e das necessidades de rteses,

    linguagem e avaliao da necessidade de ulizao de

    comunicao alternava, desenvolvimento de habilidades

    oral e escrita, avidades de vida diria autocuidado,

    brincar etc., parcipao nos diferentes contextos

    e nos ambientes familiares e educacionais, condies

    gastrointesnais associadas).

    Ver mais: .

    4. Em todas essas situaes especcas importante ter em

    mente que a maioria das crianas com paralisia cerebral

    ulizam medicamentos (anconvulsivantes, moduladores

    de tnus etc.) que podem comprometer sua funo cogni-

    va, motora e socioafeva.

    5. A incluso da pessoa com paralisia cerebral tem como

    momento muito importante o perodo escolar. Nesse con-

    texto, as habilidades e competncias de compreenso e

    expresso assumem um papel fundamental nesse proces-

    so. Muitas vezes, a comunicao da pessoa com paralisia

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    cerebral dar-se- por meio de comunicao alternava e/ou

    aumentava. A construo desses mecanismos de comuni-

    cao deve respeitar as especicidades individuais. Para ga-

    ranr a parcipao integral da criana no contexto escolar,

    e em outros, muitas vezes necessrio suprir suas necessi-

    dades por meio de tecnologias assisvas e adaptaes ao

    ambiente escolar e domiciliar, como tambm preparar estes

    ambientes e as pessoas para viabilizar essa incluso.2,3

    Ver mais: .

    9.4 Cuidados com a Sade do Adolescente de 12 a18 anos

    1. Mantm-se nesse ciclo de vida as necessidades espec-

    cas de ateno nutrio e incluso escolar. Contudodeve-se atentar que um adolescente ter novas demandas,

    como vida social, sexual e trabalho. preciso possibilitar o

    dilogo com prossional capacitado para lidar de maneira

    acolhedora com essas novas situaes.

    Ver mais: .

    2. Ateno ao sistema musculoesquelco, com a nalidade de

    prevenir condies que comprometam a mobilidade (dores

    2 As adaptaes estendem-se postura, alimentao e parcipao ava emtodas as avidades, inclusive s extraclasses.3Tanto no contexto escolar quanto no comunitrio muito importante a parcipao

    das crianas e jovens em avidades de grupo, e esporvas com as devidas adapta-es e adequaes necessrias para essas prcas.

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    musculares, desvios arculares e deformidades sseas).

    Devido ao crescimento acelerado natural da adolescncia

    (esro), importante manter a funcionalidade dessas

    pessoas, enfazando estratgias terapucas focadas na

    manuteno das funes adquiridas, potencializando-as

    conforme as necessidades de rteses, prteses e meios

    auxiliares de locomoo (OPMs), tecnologias assisvas que

    sejam compaveis com as avidades desse ciclo de vida.

    3. Garanr o apoio familiar, alm de idencar a suscebili-

    dade a abusos e violncias, bullying, marginalizao e in-

    fanlizao.

    Ver mais: .

    9.5 Cuidado com a Sade do Adulto e do Idoso

    1. Estudos recentes comprovam que o aumento da expecta-

    va de vida na populao geral, tambm observado em

    pessoas com paralisia cerebral, diante disso necessrio

    que as equipes mulprossionais estejam preparadas para

    acolher e orientar o cuidado de pessoas com paralisia ce-rebral dentro das necessidades desta faixa etria.

    2. Garanr uma transio e oferta de servios que seja capaz

    de atender s necessidades peculiares desse ciclo de vida,

    no qual se pode observar a reduo de funcionalidade, au-

    tonomia e agravamento de condies associadas (respira-

    trias, dor, osteomioarcular e alimentares).

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    3. Nesse pblico comum perceber a intensicao de isola-

    mento e fragilidade psicoafeva. necessria a orientao

    e aes em sade que favoream a manuteno da quali-

    dade de vida e avidades colevas.

    4. Em pessoas com paralisia cerebral em estado de reduzida

    autonomia, nessa faixa etria, no so mais indicadas

    terapucas intensivas, e sim cuidados que proporcionem

    melhores nveis de bem-estar enfazando a minimizao da

    dor, manuteno das funes respiratrias e posicionamento.

    5. Garanr, diante da necessidade, avaliao, prescrio con-

    cesso de OPMs e tecnologias assisvas que sejam compa-

    veis com as avidades desse ciclo de vida.

    6. Na senescncia deve ser observado o estado de nutrio e

    hidratao, pois nessa faixa etria ocorre a fragilizao dos

    mecanismos de degluo bem como os de hidratao.

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    10 BENEFCIOS ESPERADOS

    Espera-se que as diretrizes de cuidado sade da pessoa com pa-ralisia cerebral contribua para a construo e a manuteno de sua

    sade sica, mental e afeva, bem como o desenvolvimento da sua

    autonomia e incluso social. Deseja-se em lma anlise que o traba-

    lho dos vrios prossionais de Sade em conjunto com a comunidade

    se concreze em uma vida saudvel e plena.

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