saúde informa 07

8
Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 7 - Ano I - Belo Horizonte, novembro de 2010 4 5 Página 3 E studo aponta para a coexistência de mais de um sorotipo do vírus em um vetor, e pro- põe pensar novas estratégias para a prevenção da doença. Fotografia: Anderson Siqueira PESQUISA Estudo sobre doenças mitocondriais é premiado em congresso nacional HOMENAGEM Professores recebem condecoração por notáveis serviços prestados MARCA-PASSO Vida útil do equipamento pode ser maior com uso de método simples Como combater a dengue? 7

Upload: faculdade-de-medicina

Post on 03-Apr-2016

239 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Saúde Informa 07

Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMGNº 7 - Ano I - Belo Horizonte, novembro de 2010

4 5

Página 3

Estudo aponta para a coexistência de mais de um sorotipo do vírus em um vetor, e pro-

põe pensar novas estratégias para a prevenção da doença.

Fotografia: Anderson Siqueira

PESQUISAEstudo sobre doenças mitocondriais é premiado em congresso nacional

HOMENAGEMProfessores recebem condecoração por notáveis serviços prestados

MARCA-PASSOVida útil do equipamento pode ser maior com uso de método simples

Como combater a dengue?

7

Page 2: Saúde Informa 07

Pesquisa e reconhecimento

Com as chuvas do final de ano a dengue vol-ta a ser assunto recorrente na mídia e tema de campa-nhas. O Saúde Informa de novembro traz, como ma-téria de capa, pesquisa que indica a existência de mais de um sorotipo do vírus em um mesmo vetor, e traça um panorama da do-ença em Belo Horizonte.

Outros estudos são destacados nesta edição. Um propõe uma alteração simples no marca-passo, para torná-lo mais eficien-te. Outro pode ajudar na prevenção de complica-ções originárias de altera-ções genéticas.

Premiada pela Associação Brasileira de Ensino Médico, pesquisa analisa os processos de avaliação das graduações em Medicina. O boletim traz, também, matéria so-bre os professores conde-corados que receberam, este mês, a Ordem do Mé-rito Médico.

Estas e outras no-tícias você confere nesta edição. O Saúde Informa faz uma pausa entre os meses de dezembro a fe-vereiro e retorna em mar-ço, com outras novidades.

Boa leitura e boas férias!

Editorial Saúde do português

Solecismo de uns, tristeza de outros

Tenho recebido contribuições de cole-gas do Hospital das Clínicas da UFMG e da Medicina. A primeira vem do professor José Nelson, do Serviço de Radiologia. Conta ele que estava em reunião com residentes, lá pe-los idos de 1995, quando o relator da semana diz: “Foi feito um raio X da paciente (...)”. José Nelson, que há meses vinha se segurando para não intervir, naquele dia, cedeu ao impulso. “Marcus, foi feita ‘uma radiografia’ da pacien-te!”. O residente, sem pestanejar, respondeu: “Desculpe-me, professor, mas o paciente era do sexo masculino. Portanto, ‘foi feito’ está correto”. Não estava. O radiologista respirou fundo, e provocou: “Você não apenas cometeu um solecismo como também não pode conse-guir ‘um único raio X’”. E acabou a reunião. Os demais residentes solidários ao compa-nheiro “acusado”. A tarde de sexta-feira cus-tou a passar. Na segunda-feira, o professor mal chegou à sala e três residentes bateram à porta. Algo cabisbaixos, se desculparam. O precep-tor abriu um largo sorriso e, colocando a mão sobre os ombros dos aprendizes, voltaram to-dos às tarefas. Os residentes haviam recorrido à biblioteca. Lá, aprenderam que solecismo não era condenação, mas um erro de sintaxe. Assim, concluíram que o correto era, de fato: “feita uma radiografia”, seja de homem ou de mulher. Não se faz “um” raio x. Ele já existe e vem em feixes de raios, não apenas um raíto. Como o sujeito da frase é radiografia, é com ele que o verbo deve concordar. Voz passiva.

Washington Cançado de AmorimProfessor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia

Contribua para a ‘Saúde do Portu-guês’. Envie sua sugestão ou opinião para [email protected].

Publicação

Adesão ao Tratamento Antirretroviral no Brasil: Coletânea de estudos do Projeto Atar

Dia 26 de novembro marcou o lança-mento na Faculdade de Medicina da UFMG do livro “Adesão ao Tratamento Antirretrovi-ral no Brasil: Coletânea de estudos do Projeto Atar”, publicado pelo Ministério da Saúde.

A obra, que será distribuída para os Serviços de Aids de todo o Brasil, foi orga-nizada pelo professor Mark Drew Crosland Guimarães, do Departamento de Medicina Preventiva e Social, coordenador do Grupo de Pesquisas em Epidemiologia e Avaliação em Saúde (GPEAS) da Faculdade de Medici-na da UFMG.

O objetivo é disseminar os mais recen-tes resultados sobre o tema, obtidos a partir de dissertações de mestrado, teses de douto-rado e artigos publicados em revistas cientí-ficas, produzidos por especialistas e estudan-tes de Pós-Graduação em Saúde Pública da UFMG, Farmácia e Enfermagem, a partir dos dados obtidos pelo Projeto Atar.

O projeto acompanhou e avaliou a adesão dos pacientes nos primeiros doze meses de tratamento com antirretrovirais no Centro de Tratamento e Referência Orestes Diniz (CTR/DIP), do Hospital das Clínicas da UFMG, e no Hospital Eduardo de Mene-zes, da Fundação Hospitalar de Minas Gerais. Editado pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais - Ministério da Saúde

ADESÃO AO TRATAMENTOANTIRRETROVIRAL NO BRASIL:

COLETÂNEA DE ESTUDOSDO PROJETO ATAR

2010

DST·AIDSHEPATITES VIRAIS

DST·AIDSHEPATITES VIRAIS

MINISTÉRIO DA SAÚDESecretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

MIN

ISTÉRIO D

A SA

ÚD

E - Projeto ATAR

Brasília - DF2010

ISBN 978-85-334-1702-1

9 7 8 8 5 3 3 4 1 7 0 2 1

1- AmilcarMartins 2

3 45

20 - Alfredo

Balena

6 7 8

9 -Cló

visSal

gado 10 11-

Luiz

AdelmoLodi 12 13

14 15 1617

18 19 21 22 23 24 25

Você sabe quem são essas pessoas? Ajude o Centro de Memória da Faculdade a identificar os professores da turma de 1938.

Envie um e-mail para [email protected]

Jogo Memóriada

Bar

ros

Mul

ato,

193

8

Page 3: Saúde Informa 07

Panorama da doença em BHO estudo também apontou que Belo

Horizonte é mais sensível que a maioria dos municípios do país na notificação da doença. A estimativa citada na literatura é que, em re-lação a dengue nacional, haja dez casos não conhecidos para cada notificado. A capital mineira apresenta uma relação bem melhor: três ocorrências sem notificação para cada episódio diagnosticado.

Pessanha relembra que o bom resul-tado é fruto da busca ativa pelos casos, que é possível pela ampliação das fontes de no-tificação. “Antes, esta informação era proce-dente somente das unidades de saúde da rede pública. Atualmente, laboratórios e consultó-rios médicos particulares também notificam os casos suspeitos da doença”, conta.

Planejamento estratégicoSegundo o pesquisador, essa medida

acarreta em prevenção e vigilância mais efica-zes. “Percebemos que dados individuais das pessoas infectadas são menos relevantes do que as condições físicas dos lugares em que moram. Por isto, conhecendo as áreas em que houve maior incidência de contaminação, é possível canalizar esforços para evitar que uma nova epidemia aconteça nestas regiões”.

3

Sorotipos do vírus da dengue podem coexistir em único vetor

Divulgação Científica

Novembro de 2010

Título: A dengue em Belo Horizonte: inquérito soroepi-demiológico de base populacional (2006-2007), estudo de vírus em vetores (2007). Avaliação do plano nacional de controle da dengue (2008).Autor: José Eduardo Marques PessanhaNível: DoutoradoPrograma: Pós-Graduação em Saúde Pública / Epide-miologiaOrientador: Professor Fernando Augusto ProiettiDefesa: 15 de março de 2010

A prevenção da dengue em Belo Horizonte deve ganhar novos cuidados nos próximos anos. A descoberta de larvas infectadas, simultaneamente, com dois sorotipos do vírus implica em maiores riscos das pessoas se contaminarem

mais de uma vez pela doença. “Ao ser infectado por um dos tipos virais da dengue, o paciente fica imunizado apenas ao sorotipo com o qual teve

contato. Em determinadas regiões já coexistem ao menos dois sorotipos da doença”, alerta o professor José Eduardo Marques Pessanha, autor do estudo que analisou vetores da dengue de três regiões de Belo Horizonte.

O estudo é parte da tese defendida por Pessanha, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG. Segundo o pesquisador a descoberta é de extrema relevância no planejamento de estratégias preventivas.

“Uma das hipóteses de ocorrência de casos mais graves da doença está relacionada à uma segunda infecção, inde-pendente do tipo viral em questão. É necessário manter a vigilância sempre, para reduzir os vetores, a incidência e óbitos entre a população que adoece”, explica Pessanha.

1- AmilcarMartins 2

3 45

20 - Alfredo

Balena

6 7 8

9 -Cló

visSal

gado 10 11-

Luiz

AdelmoLodi 12 13

14 15 1617

18 19 21 22 23 24 25

Você sabe quem são essas pessoas? Ajude o Centro de Memória da Faculdade a identificar os professores da turma de 1938.

Envie um e-mail para [email protected]

Jogo Memóriada

Bar

ros

Mul

ato,

193

8

Você está ao lado da dengue?

Dados individuais, como gênero, renda familiar, estado civil, etnia ou faixa etária, não se mostraram relevantes em relação à ocorrência da dengue.

Fique atento às localidades em que, tradicional-mente, há a ocor-rência de dengue. Como as condi-ções favoráveis à proliferação dos vetores mudam pouco, as chances de nova epidemia são maiores nes-ses locais.*Análise em 709 indivíduos

O mosquito transmissor não costuma voar grandes distâncias. Por isto, moradores de casas e barracões são mais vulneráveis aos vetores do que quem reside em prédios.

Ocorrência de dengue nas

regiões de Belo Horizonte*

Ilustração: Ana Cláudia Ferreira

Page 4: Saúde Informa 07

Novembro de 2010

Estudo favorece o diagnóstico de doenças mitocondriaisPesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da UFMG pode ajudar na prevenção de complicações originárias de alterações genéticas

Pesquisa

Progressivas, sistêmicas e ainda pouco co-nhecidas, as doenças mitocondriais foram

o tema do estudo desenvolvido pela professo-ra Juliana Gurgel Giannetti, do Departamen-to de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, premiado pela Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI).

O Congresso Brasileiro de Neurolo-gia Infantil, que aconteceu em São Paulo, na primeira quinzena de novembro, elegeu o trabalho “Doenças mitocondriais: Estudo de mutações em genes mitocondriais e nucleares em pacientes brasileiros” como o melhor tra-balho de casuística clínica.

“É um trabalho pioneiro no Brasil: realizado apenas na nossa Universidade e em Ribeirão Preto. O estudo irá favorecer o diagnóstico das doen-ças mitocondriais. Embora os ín-dices de mortalidade, geralmente, sejam altos, alguns grupos destas doenças têm tratamento e cuida-dos médicos que podem prevenir futuras complicações”, esclarece Giannetti.

DiagnósticoEla explica que a dificuldade

no diagnóstico ainda é um proble-ma para os pacientes que sofrem estas alterações genéticas. “Os exames necessários para compro-var as doenças são muito especiali-zados e, muitas vezes, os pacientes são erroneamente diagnosticados. Com a detecção precoce, será pos-sível realizar um melhor acompa-nhamento dos pacientes e ainda detectar outras pessoas da família que possam ser afetadas pela mes-ma doença”, ressalta.

Fruto de um projeto de pes-quisa de extensão da Faculdade de Medicina da UFMG com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), os pesquisadores realizaram estudo em tecido muscular, por meio de uma biópsia muscular com estudo histoquímico, além de estudos de DNA que inclui sequenciamento de tanto de genes nucleares quanto de mitocondriais.

Fibras vermelhas rasgadas indicam proliferação mitocondrial, comum em

doenças mitocondriais.

4

“Com a detecção precoce, será possível realizar um

melhor acompanhamento dos pacientes e ainda detectar outras pessoas da família

que possam ser afetadas pela mesma doença.”

Professora Juliana Gurgel Giannetti

Menos raras do que se imaginaVárias doenças são causadas

por disfunções das mitocôndrias, or-ganelas presentes em todas as células de vários tecidos. Usualmente, estas alterações acometem os sistemas ner-voso, esquelético e o coração, mas podem atingir quase todos os órgãos.

A professora Juliana Gurgel Giannetti explica que, embora haja pouca divulgação destas doenças, as taxas de ocorrência de alterações mi-tocondriais são consideradas altas. Maiores, inclusive que outras doenças mais conhecidas.

“Os trabalhos científicos atuais mostraram que ocorre um caso de alguma alteração mitocondrial para cada 3.500 a 5.000 pessoas. As taxas são maiores que as da fenilcetonúria, detectada pelo teste do pezinho, que tem uma ocorrência para cada 10.000 pessoas, por exemplo”, ensina.

Foto: Arquivo Laboratório de Investigação Neurom

usculares

Page 5: Saúde Informa 07

5

Homenagem

Os professores da Faculdade de Medicina da UFMG Ennio Leão, Ênio Roberto Pietra Pedroso, Francisco Eduardo de Campos, João Carlos Pinto Dias e José Saraiva Felipe receberam a Ordem do Mérito Médico, condecoração que, desde

1950, é concedida em reconhecimento a profissionais que contribuem para a saúde e melhoria da vida das pessoas. A Ordem é composta de cinco classes: grã-cruz, grande-oficial, comendador, oficial e cavaleiro.

Os agraciados foram anunciados via decreto presidencial, após indicação do ministro da Saúde, José Gomes Tem-porão. Francisco Eduardo de Campos receberá a condecoração de grande-oficial pela sua contribuição para a educação médica. Ennio Leão e Ênio Pietra serão feitos comendadores da ordem, pela criação de uma importante escola de Pediatria Social e pela humanização da prática médica. Também condecorado como comendador, João Carlos está sendo reconhe-cido por relevante participação nos estudos da doença de Chagas. José Saraiva Felipe será agraciado na classe de grã-cruz.

A cerimônia de outorga ocorreu no dia 24 de novembro, em Brasília.

Contribuição para a saúde da pátriaProfessores da Faculdade de Medicina são condecorados por serviços notáveis prestados ao país

Ênio Roberto Pietra PedrosoMestre e doutor em Medicina Tropical pela UFMG, especialista em Infectologia e Clínica Médica. É professor da Faculdade de Me-dicina e médico do Hospital das Clínicas desde 1975. As ativida-des de ensino e pesquisa desen-volvidas por ele abrangem, dentre outros, estudos sobre doença de Chagas, imunodefici-ência adquirida e infecções hospitalares. Atua também como editor geral da Revista Médica de Minas Gerais, da qual é membro do corpo editorial desde 1990. Rece-beu em 2001 a Ordem do Mérito da Saúde, concedida pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.

Francisco Eduardo de CamposDoutor em Saúde Pública (Fio-cruz), mestre em Saúde Coletiva pela UERJ, especialista em Medici-na do Trabalho (Fiocruz) e Política e Administração da Saúde (FGV-RJ). Ajudou a criar o Internato Rural da UFMG, hoje Internato em Saúde Coletiva. Em 1985 se tornou o primeiro a dirigir a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério da Saúde. Foi consultor permanente da Organização Pan-Americana da Saúde e temporário da Organização Mundial da Saúde. Atual-mente faz parte do Conselho Executivo da Organização Mundial da Saúde, representando o Brasil. Desde julho de 2005 é Secretário de Gestão do Trabalho e da Educa-ção na Saúde do Ministério da Saúde.

José Saraiva FelipeMestre e especialista em Saúde Pública pela ENSP. Foi professor de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenador-técnico do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon). Foi secretário municipal de Saúde e Ação Social em Montes Claros e secretário da Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Foi secretário da Saúde do Esta-do de Minas Gerais entre 1991 e 1994 e Ministro da Saúde entre 2005 e 2006.

João Carlos Pinto DiasMestre e Doutor em Medicina Tropical pela UFMG, especia-lista em Doenças Infecciosas e Parasitárias. Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, atuan-do em estudos sobre Epidemio-logia e Doença de Chagas. Criou o primeiro sistema de controle da Doença de Chagas com a

participação da comunidade e um programa de ca-dastramento de doadores de sangue em Minas Gerais na década de 80, antes da fundação do Hemominas. Sua contribuição para as pesquisas sobre Doença de Chagas já foi reconhecida pelo Ministério da Saúde através da Medalha da Ordem do Mérito Médico e Científico Carlos Chagas, em 1985.

Ennio LeãoDoutor em Ciências da Saúde pela UFMG, especialista em Residência Médica na área de Pediatria. Em 1994 foi nomeado Professor Emé-rito da UFMG. Foi um dos criadores da escola de Pediatria da UFMG, a maior do estado. Sua atuação na área da saúde materno-infantil foi

reconhecida pelo governo de Minas Gerais em 2006, quan-do da criação do Prêmio Ennio Leão, destinado aos municí-pios mais empenhados em reduzir a mortalidade infantil e materna. Recebeu em 2010 a Grande Medalha da Inconfi-dência, maior condecoração do Estado de Minas Gerais.

Foto

: Bru

na C

arva

lho

Foto

: Arq

uivo

ACS

Foto

: Fel

ipe

Zig

Foto: Bruna Carvalho

Foto: Arquivo Nescon

Page 6: Saúde Informa 07

Medicina da UFMG recebe prêmio Abem 2010Pesquisa analisou os processos de avaliação de cursos de Medicina

Faculdade debate saúde e direitos dos jovens

Ensino

Foto

: Arq

uivo

Pes

soal

O estudo “Cursos de gradua-ção em Medicina: uma aná-

lise a partir do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Supe-rior (Sinaes)” recebeu o primeiro lugar do Prêmio Associação Bra-sileira de Ensino Médico (Abem) de Pesquisa em Educação Médica 2010. A entrega do prêmio acon-teceu durante o 48º Congresso Brasileiro de Educação Médica (Cobem), realizado entre os dias

27 e 30 de outubro, em Goiânia. Além de receber diploma de qualificação, o estudo

será publicado, em português e inglês, na Revista Brasileira de Educação Médica. O prêmio foi entregue à coordena-dora do trabalho, professora Eliane Gontijo (foto), do De-partamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, que será apresentado no Congres-so Europeu de Educação Médica, em agosto de 2011, na cidade de Viena, na Áustria.

“Fiquei muito feliz por ter tido meu trabalho reco-nhecido pelos meus pares, docentes de prestigiadas institui-ções de ensino no Brasil e pela oportunidade de comparti-lhar, em Viena, experiências com professores de medicina de outros países”, comemora Eliane.

Nova metodologia de avaliaçãoDe acordo com a professora Eliane Gontijo, o ob-

jetivo da pesquisa é contribuir com o processo de avalia-ção e monitoramento dos cursos de graduação em Me-dicina. Ela pondera que existem evidências de inúmeros problemas metodológicos nos instrumentos e indicado-res do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).

O estudo propõe um indicador multicritério, ca-paz de discriminar as instituições bem conceituadas da área que contribuem para o melhor desempenho de seus alunos, tanto no componente específico quanto na for-mação geral. “Matrizes de referência compatíveis e ro-bustas são necessárias para o monitoramento de cursos que formem profissionais de excelência e que estejam conscientes de suas responsabilidades sociais”, conclui.

A pesquisa foi desenvolvida no ano passado, com a participação da professora da Faculdade de Odonto-logia da UFMG, Maria Inês Senna, do professor Luiz Duczmal e da pós-graduanda Luciana Lima, ambos do Instituto de Ciências Exatas da UFMG (ICEx). O estudo contou com apoio financeiro do Departamento de Ges-tão da Educação na Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (Deges - SGTES).

“Juventude e Direitos Humanos – Diálogos entre saú-de e educação na perspectiva do enfrentamento da

violência” será o tema do Seminário realizado pelo Obser-vatório da Saúde da Criança e do Adolescente do Depar-tamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG (ObservaPed) nos próximos dias 8 e 9 de dezembro.

“A expectativa é que recebamos cerca de 100 par-ticipantes, entre alunos e professores das áreas de saúde e educação e todos os demais que tenham interesse”, conta a professora Cristiane de Freitas Cunha, do Departamento de Pediatria, que coordena o evento ao lado da pós-gradu-anda em Ciências da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG, Cristina Campolina, e da estudante de graduação Raquel Carvalho. As três inte-gram a equipe do eixo “Criança, Adolescente e Violência” do ObservaPed.

Segundo Cristina, o Seminário é um meio de am-pliar o intercâmbio entre as áreas de saúde e da educação. “Será um evento de caráter científico e buscaremos fomen-tar o diálogo, especialmente, entre aqueles profissionais que atuam junto aos adolescentes em situação de vulne-

rabilidade à violência, além de dar visibilidade aos estu-dos e pesquisas da UFMG, orientados pela temática em questão”, esclarece.

O evento será organizado com o apoio do Núcleo de Promoção de Saúde e Paz da Faculdade de Medicina e do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Psicanálise e Educação da Faculdade de Educação, ambos da UFMG. As atividades são parte da 5ª Semana de Direitos Hu-manos: “Iguais na Diferença”, promovida pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da Repú-blica e sediada em Belo Horizonte.

Campolina ressalta, também, que a concretização desta proposta é fruto de mobilização da Coordenadoria de Direitos Humanos da Prefeitura de Belo Horizonte e da Subsecretaria de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais.

As inscrições podem ser feitas online, pela página http://www.cursoseeventos.ufmg.br. Mais informações e

programação estão na página do ObservaPed, em http://www.medicina.ufmg.br/observaped.

Debate

Page 7: Saúde Informa 07

7Novembro de 2010

Ilustração: Luiz Lagares

Reprogramação de marca-passo pode reduzir número de cirurgias do coração

Medida quer elevar qualidade de vida dos pacientes cardíacos graves e traz economia para o SUS

Uma alteração simples no marca-passo artificial, dispo-sitivo eletrônico que controla os batimentos do cora-

ção por meio de estímulos elétricos, pode torná-lo ainda mais eficiente. É o que propõe um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina. Leonor Garcia Rincón, em sua tese de doutorado na área de Medicina Tropical, sugere que os médicos programem o aparelho para fornecer apenas a energia necessária para regular o coração de cada indivíduo.

Esta medida pode ser determinada por meio do ele-trocardiograma, um exame igualmente simples, possível de ser feito em consultório médico. O fato é que atualmente todo marca-passo sai de fábrica com uma única e deter-minada voltagem pré-configurada para seu funcionamento. Nem todos os pacientes precisam desse nível de energia. O recurso, conhecido como “Busca da Condição Intrínseca”, pode elevar a vida útil do aparelho a nove anos, prolongan-do-a em torno de dois anos mais, sem riscos ao paciente.

O estudoLeonor Rincón, médica cardiologista do Serviço de

Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular do Hospital das Clí-nicas da UFMG e uma das responsáveis pela indicação de implante e controle de funcionamento de marca-passo ar-tificial cardíacos, analisou dados de 30 pacientes, colhidos entre março de 2005 a junho de 2007.

Durante o estudo os pacientes foram submetidos a uma série de exames, como ecocardiograma e telemetria do marca-passo, para verificar o funcionamento do aparelho antes de serem reprogramados. Após 60 dias com essa nova configuração, os pacientes realizaram outros exames, que permitiram calcular a longevidade do gerador de energia do marca-passo.

O orientador da pesquisa, professor Manoel Otávio da Costa Rocha, considera que a tese alcançou resultados

originais e relevantes. Para ele, “há repercussões prováveis tanto do ponto de vista econômico quanto da preservação do bem-estar dos pacientes”.

Benefícios “O paciente ganha com a redução do número de

cirurgias necessárias após a implantação do marca-passo”, destaca Leonor. “Quando a bateria acaba, é preciso trocar todo o aparelho, o que exige uma nova cirurgia”, esclarece. Ainda segundo a doutora, a duração da bateria, em geral, é estipulada quando o aparelho é implantado no paciente. Em média, sete anos. Apesar de atualmente ser um procedimen-to relativamente simples, sempre existem os riscos inerentes a uma cirurgia, como a possibilidade de infecção.

Por isso, a mudança também é boa para o sistema de saúde pública. Atualmente, cerca de 3.500 pessoas fa-zem acompanhamento regular no Hospital das Clínicas da UFMG. “A reprogramação consegue reduzir em 22% o custo por paciente da implanta-ção do marca-passo, uma econo-mia de, em média, R$1,3 milhão por ano para o SUS”, explica a cardiologista.

Para Leonor Rincón, o de-safio agora é convencer os profis-sionais que trabalham com pacien-tes portadores de marca-passo a fazerem essa reprogramação, que ainda não é um procedimento am-plamente utilizado. Apenas após a publicação da pesquisa, ainda inédita, é que poderemos verificar a aceitação da técnica em outros grandes centros cirúrgicos.

Reprogramação do aparelho,por médicos, para fornecer apenas a energia necessáriapara regular o coração de cada indivíduo.

AntesCusto anual: 1.714,00 Reais.7 Anos de duração da bateria.

DepoisCusto anual: 1.333,00 Reais.9 anos de duração da bateria.

Entenda Melhor

Custo do Implante do

Marca-passo} R$ 12.000,00

Divulgação Científica

Título: : Avaliação do im-pacto do recurso de busca da condução intrínseca em pacientes chagásicos e não chagásicos portadores de marca-passo Autora: Leonor Garcia Rincón Nível: DoutoradoPrograma: Ciências da Saúde/Medicina Tropical e InfectologiaOrientador: Prof. Manoel Otávio da Costa RochaDefesa: 30 de setembro de 2010

Page 8: Saúde Informa 07

Memória Acontece

O Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) é mais do que a entidade repre-

sentativa dos estudantes de Medicina. O espa-ço dedicado aos alunos representa uma parte fundamental da história da Faculdade de Me-dicina da UFMG, e tem grande participação na criação de ações que mudaram os rumos do curso na Instituição.

“Em 1958, o DAAB criou o Movi-mento Carlos Chagas de Assistência ao Inte-rior, idealizado pelo estudante Rubens Neri Simões, que foi precursor do Internato Ru-ral, e consistia em visitas às cidades onde não havia médicos”, relembra o pediatra Ely da Conceição Souza, que estudou na Faculdade de 1955 a 1960 e foi presidente do DAAB.

Ensino e extensãoSegundo ele, o Movimento contava

com apoio da Faculdade e da Secretaria do Estado de Saúde. “A Secretaria cedia o trans-porte, medicamentos e vacinas. E a Facul-dade dava microscópios e reagentes para os exames. Preparávamos palestras educativas

sobre higiene, prevenção de doenças e hábi-tos de saúde”, conta Ely.

Outra ação ressaltada por Ely foi a criação do primeiro curso de Medicina de Urgência da Faculdade. “A escola era con-siderada modelo na minha época, mas tinha várias deficiências, e tentávamos suprir isso com atividades do DAAB. O curso de Medi-cina de Urgência foi uma dessas ações”.

RepresentatividadeTambém foi o DAAB que lutou para

que os alunos tivessem participação na Con-gregação da Faculdade. “Era um D.A. muito político, e o foco principal era inserir o alu-no na Congregação. Achávamos que assim poderíamos propor melhorias para o curso, como de fato fizemos”, defende. Para ele, os estudantes eram unidos. “A participação do aluno era intensa, fazíamos atividades cultu-rais, bailes, era outro tempo. Nas eleições, tí-nhamos quase 100% de participação. Conhe-cíamos todo mundo e nossa união era muito forte”, lembra Ely, com saudades.

DAAB pelos estudantes e pelo ensino de MedicinaDiretório Acadêmico tem histórico de lutas pela qualidade do ensino e representatividade estudantil

Outubro de 20108

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura (Reg. Prof. MG 04961JP) – Editora: Mariana Pires – Redação: Jornalistas: Maíra Lobato e Marcus Vinícius dos Santos – Estagiários: Estefânia Mesquita, Leo Rodrigues e Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Janaina Carvalho – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 1.500 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e [email protected]. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

Expediente

IMP

RES

SO

Obras antigasA Biblioteca J. Baeta Vianna já cadastrou 981 títulos e 1.841 exem-plares de seu acervo antigo no catálogo on-line da UFMG. Grande parte da coleção foi pu-blicada no século XIX ou no início do século XX, e a previsão de incorpo-ração é de quatro mil exemplares por ano, em quatro anos.

Saúde InformaO boletim impresso mensal da Faculdade de Medicina da UFMG entra de férias no pró-ximo mês e retoma as atividades em março de 2011, junto com a volta às aulas. Em seu ano de estreia foram oito edições, que podem ser conferidas online em www.medicina.ufmg.br/saudeinforma.

CulturaDando continuidade às comemorações de seu Centenário, a Faculdade de Medicina da UFMG apresenta a ópera Car-mina Burana, em sua versão para dois pianos, percussão, solistas vo-cais, coro e coral infantil. A apresentação será no auditório da Escola de Engenharia da UFMG, nos dias 16 e 18 de de-zembro.

Foto: Bruna Carvalho

Ely Souza relembra histórias do DAAB