saude-hackeada
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50 / INFO Novembro 2012
/
Geração saúde⁄O jogador de vôlei Bruno Rezende teve o código genético sequenciado.
Aqui, fizemos uma simulação com um circuito flexível colado à pele que monitora o organismo
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hacke
ada
Saúde
Com monitoramento permanente de várias funções e tratamento personalizado, a medicina alia-se à tecnologia para nos ajudar a
viver sem nenhuma doença crônica. Entenda como isso é possível
/ Por MarCus ViníCius Brasil fotos Dulla
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fotos Ken RichaRdson52 / INFO Novembro 2012
Durante a última temporada da
Superliga Brasileira de Vôlei, um gru-
po de jogadores de 11 times foi subme-
tido a um exame diferente, no centro
de treinamento de Saquarema, no Rio
de Janeiro. Amostras de saliva de 138
atletas foram seladas dentro de tubos
de ensaio. Depois de embalado, o mate-
rial biológico seguiu para um centro de
pesquisa em Pittsburgh, nos Estados
Unidos, onde os códigos genéticos pas-
saram por um processo de sequencia-
mento. O jogador Bruno Rezende, 26
anos, filho do técnico Bernardinho e da
ex-jogadora de vôlei Vera Mossa, estava
entre os atletas que foram analisados.
O levantador Bruno não tem ne-
nhum problema de saúde. Participou da
experiência pensando no longo prazo.
“Tenho uma genética boa para o espor-
te, por causa dos meus pais, mas é inte-
ressante fazer o teste”, afirma. O estudo
busca marcadores genéticos específicos
que indiquem predisposição para a ten-
dinopatia, uma lesão nos tendões que
afeta atletas de alto rendimento. Um
desses marcadores pode apontar ca-
racterísticas hereditárias que pioram o
quadro inflamatório, dificultam a recu-
peração ou potencializam os sintomas.
“Buscamos informações consisten-
tes, que ofereçam segurança aos nossos
atletas”, afirma o professor José Inácio
Salles Neto, preparador físico da seleção
brasileira de vôlei masculino e coorde-
nador do laboratório de pesquisa neu-
romuscular do Into (Instituto Nacional
de Traumatologia e Ortopedia), ór-
gão ligado ao Ministério da Saúde.
“Analisamos os aspectos bioquímicos
vinculados às doenças e o treinamen-
to é modulado para cada atleta a partir
desse mapeamento”, afirma Salles Neto.
No início das temporadas, Bruno
Rezende passa por uma série de testes
que analisam amostras de sangue, uri-
na e fezes, além de frequência cardíaca e
outros sinais vitais. Isso tudo para que
o treino esteja totalmente adequado à
sua condição física naquele momento.
O que acontece no centro de trei-
namento da seleção de vôlei ilustra
bem uma tendência que vai muito
além da medicina esportiva. Em to-
das as outras grandes áreas da saú-
de, como a oncologia e a cardiologia,
avanços apontam para um futuro
em que a medicina estará adaptada
às particularidades de cada paciente.
Tecnologias como mapeamento ge-
nético, marcadores moleculares, super-
computadores e até aplicativos móveis
ajudam médicos e pacientes a entender
o que está havendo no organismo e a
prever o futuro. Bem-vindo ao univer-
so da medicina personalizada, só pos-
sível com muita inovação tecnológica.
“Existe um velho ditado que diz que
com informação suficiente, o erro desa-
parece”, afirma o médico David B. Agus,
professor da University of Southern
California e um dos oncologistas que
tratou Steve Jobs. “Os próximos anos
serão incríveis. Teremos exames que di-
rão o que está havendo com o corpo na-
quele exato momento. Em vez de todo o
mundo ter que fazer uma colonoscopia
quando chegar aos 50 anos, vamos pro-
curar no exame de sangue uma proteí-
na-marcadora que sinalize um pólipo. E
apenas se a encontrarmos é que faremos
o procedimento”, disse Agus a INFO.
MonitoraMento⁄Placa com circuitos eletrônicos flexíveis da
startup americana MC10. Eles são colocados em um polímero que estica e,
grudados à pele, podem medir desde o nível de hidratação até os batimentos
cardíacos. Os dados vão por tecnologia sem fio para o celular, que os registra
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Entre as novas áreas de estudo que
prometem transformar as velhas con-
cepções de tratamento está a proteômi-
ca, que desbrava o papel das proteínas
como reguladoras dos processos do
organismo, além das pesquisas do uni-
verso de micróbios que vivem instala-
dos em nossos órgãos e que controlam
desde a maneira como metabolizamos
alimentos até a produção de hormônios.
Em seu livro The End of Illness
(“O fim da doença”, ainda sem versão
em português), David Agus argumenta
que a medicina está próxima de redu-
zir drasticamente o número de mortes
prematuras por conta de doenças como
câncer, problemas respiratórios e car-
diovasculares. “Com as tecnologias
preventivas que temos hoje, estamos
muito perto disso”, afirma. Sem o enten-
dimento dos processos em escala indi-
vidual, esse cenário não seria possível.
O MÉDICO PROCURA O PACIENTEEm São Paulo, uma iniciativa inédita
do Instituto do Coração (InCor) e do
Hospital Samaritano pretende levar a
medicina preventiva a um elevado ní-
vel de inovação na área da cardiologia.
No lugar de esperar que o paciente pro-
cure um médico, muitas vezes já com
um quadro avançado do problema, o
médico chegará antes a esse paciente.
“Principalmente em casos mais
sérios, como os de infarto, vemos que
há uma influência genética importan-
te”, afirma o cardiologista José Krieger,
diretor do Laboratório de Genética e
Cardiologia Molecular do InCor. Hoje
já existem genes e proteínas suspeitos
de funcionarem como marcadores des-
se tipo de predisposição e a iniciativa do
InCor pretende usá-los para identificar
possíveis pacientes que venham so-
frer de doenças cardíacas hereditárias
muito antes que a doença se manifeste.
Colocado em prática em caráter ex-
perimental, o projeto do InCor começa
pela instalação de um sistema integra-
do entre o instituto e postos de saúde da
Zona Oeste de São Paulo. Assim, quan-
do um paciente fizer um exame de san-
gue que aponte colesterol elevado, essa
informação chegará ao instituto, que,
por sua vez, mandará uma enfermeira
para coletar uma nova amostra dessa
pessoa, usada para fazer o mapeamento
genético. Com os avanços na tecnologia
de sequenciamento, é possível analisar
em questão de dias se aquele indivíduo
possui alguma predisposição que pode
levá-lo a um ataque cardíaco precoce.
“Nossa intenção é atuar de maneira
mais ativa. Não vamos esperar que a
pessoa tenha um infarto e venha até o
InCor”, diz Krieger, que participou, em
A MEDICINA
DO FUTUROCinCo áreas que devem
transformar a prátiCa médiCa nos próximos anos
Proteômica_enquanto o dna
pode ser comparado a uma lista de
ingredientes do organismo, as pro-
teínas guardam o segredo dos pro-
cessos que acontecem no corpo.
entender seu funcionamento leva à
medicina preventiva e personalizada.
Micróbios_estima-se que temos
dez vezes mais células bacterianas
que humanas no corpo. esses mi-
crorganismos influenciam na manei-
ra como metabolizamos os alimen-
tos, por exemplo. Compreendê-los é
uma das fronteiras médicas de hoje.
Big data_processar enormes
quantidades de dados ajudará no
diagnóstico e na elaboração de trata-
mentos para doenças de alta comple-
xidade. supercomputadores como o
Watson, da iBm, trabalham nisso. o
desafio é torná-los mais precisos.
Técnicas microinvasivas_Há dez
anos, uma cirurgia de câncer no fíga-
do durava seis horas, com uma gran-
de incisão. Hoje existem técnicas de
introdução de moléculas no organis-
mo que se associam e atacam o tu-
mor de modo inteligente. robôs como
o da vinci, já usados em hospitais
brasileiros, fazem cirurgias cardíacas
sem abrir o peito dos pacientes.
Telemedicina_as tecnologias
não presenciais já são uma realidade.
videoconferências são usadas por
centros médicos de são paulo para
auxiliar médicos de outras cidades.
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ilustração evandro bertol54 / INFO Novembro 2012
outubro último, de um simpósio sobre
o tema na cidade de Kyoto, no Japão.
“A medicina personalizada pode ser
uma alavanca para fazer uma reenge-
nharia no sistema de saúde. Ela forçará
o sistema a se adaptar”, afirma Krieger.
LABORATÓRIOS AMBULANTESMas não é só por meio de análises com-
plexas do DNA que a medicina persona-
lizada se transformou em realidade pro-
missora. Alguns dos indicadores mais
importantes para monitorar a saúde são
mais óbvios que a análise das proteínas
e dos genes. São informações de referên-
cia, como frequência e variação cardía-
cas, a quantidade de exercícios físicos e
a qualidade do sono. Esse conjunto res-
ponde por boa parte do estado de saúde
de uma pessoa. Médicos estimam, por
exemplo, que passar cinco horas por
dia sentado tenha um efeito prejudicial
à saúde semelhante ao de fumar um
maço e um quarto de cigarros por dia.
A diferença é que a tecnologia está
tornando essas medições uma tarefa
cotidiana, que pode ser feita com o ce-
lular. Aplicativos já registram esses
dados de maneira eficiente (leia na pá-
gina 57). Assim, não é preciso esperar o
check-up anual para monitorar a saúde.
“Nos velhos tempos, o paciente ia ao
seu médico e ele media a pressão san-
guínea às duas da tarde. Mas não havia
como medir de manhã, ou à noite, ou
quando o paciente ficou chateado após
uma discussão”, afirma David Agus.
“Com essas novas ferramentas, é possí-
vel ir ao médico com três meses de dados
coletados, para que possamos tratar as
pessoas de uma maneira mais eficaz.”
Doutor Agus conta que tem sido
cada vez mais comum os pacientes apa-
recerem em seu consultório com dados
detalhados que eles mesmos coletaram
com seus aplicativos ou com aparelhos
O MATADOR DE DOENÇASo oncologista DaviD B. agus, um Dos méDicos que tratou steve JoBs e autor Do livro the end of Illness, acreDita que Doenças que poDem nos matar antes Dos 90 anos serão erraDicaDas
Estamos muito longe do “fim da doença” que o senhor descreve em
seu livro? o fim da doença significa se livrar de qualquer coisa que evite
que a pessoa viva até a sua nona ou décima década. acho que com as
tecnologias preventivas que temos hoje estamos muito próximos disso. o
problema é que a maioria das pessoas não adere a essas tecnologias e téc-
nicas preventivas. são coisas simples. trata-se de comer sua refeição num
horário regular, tomar aspirina, falar com seu médico sobre estatinas e se
movimentar. essas coisas têm um impacto profundo sobre a nossa saúde.
O senhor acredita que a prática médica pode mudar com a introdu-
ção de celulares e apps que permitem às pessoas monitorar sua saúde?
pode ser um aplicativo de smartphone, um equipamento de medição de
pressão sanguínea, um acelerômetro que mede como você se move ao lon-
go do dia. todas as métricas são importantes, pois nos ajudam a entender o
organismo. essas tecnologias vão nos auxiliar a perceber os comportamen-
tos que são bons e os que são ruins para o corpo de cada pessoa.
Em que áreas de estudo a medicina está avançando mais? os próxi-
mos cinco anos serão incríveis para a proteômica e para um novo campo,
que estuda os microrganismos em nossos corpos. Há dez vezes mais bac-
térias do que células no corpo. e elas controlam como metabolizamos a co-
mida, os níveis de hormônio. pela primeira vez começamos a caracterizá-las
e haverá uma dimensão de estudos completamente nova adiante.
Entender como diferentes campos se relacionam é um caminho para
vencer doenças como o câncer? essa é a chave. somos um sistema com-
plexo, o que significa que há tantos níveis que às vezes não é preciso enten-
dê-los, mas controlá-los. se eu perguntar a meu filho de 12 anos como parar
um trem, ele dirá "puxe o freio". ele não precisa perguntar quanto pesa ou do
que é feito o trem. você pode controlar coisas que não compreende. criar
modelos para todo o sistema é essencial. isso inclui genética, proteômica,
estudo do metabolismo, de microrganismos. tudo em um único sistema.
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munidos de sensores especializados.
“Pode ser um aplicativo de smartpho-
ne, um equipamento de medição de
pressão sanguínea, um acelerômetro
que registra como a pessoa move-se
ao longo do dia. São todas métricas
muito importantes, que nos ajudam a
entender o organismo”, afirma Agus.
cIrcuItOs Na PELE
O próximo passo da tecnologia é minia-
turizar os medidores e adaptá-los para
que permaneçam colados à pele. Assim,
será possível monitorar o organismo
o tempo todo. Em Massachusetts, nos
Estados Unidos, uma startup chamada
MC10 já trabalha para tornar essa ideia
viável. A empresa fabrica circuitos ele-
trônicos flexíveis que podem ser utiliza-
dos de diversas maneiras, colados à pele
ou passeando pelo sistema circulatório
no formato de pequenos balões infláveis.
Esses circuitos são colocados em
uma superfície feita com um políme-
ro que estica. Eles se comunicam por
tecnologia sem fio a celulares que re-
gistram os dados coletados. A MC10
desenvolveu, por exemplo, um medidor
de hidratação que funciona conectado
à pele e trabalha em outros sensores
que analisam batimentos cardíacos,
respiração e oxigenação do sangue.
Tudo isso faz parte da grande mu-
dança que ocorre no sistema de saúde
em todo o mundo. “Em vez de focar
no tratamento dos doentes, a intenção
agora é manter as pessoas saudáveis”,
afirma o escritor David Ewing Duncan,
especializado nos avanços da medici-
na e autor de When I’m 164, publicado
pela editora TED Books, sobre o pa-
pel da tecnologia no aumento radical
da expectativa de vida da população.
ONcOLOGIa PErsONaLIZaDa
Uma das áreas que mais têm focado nos
avanços da medicina personalizada é a
oncologia. Pela natureza do câncer, que
se manifesta de maneiras diferentes em
cada organismo, mostrou-se necessária
uma evolução dos métodos atuais de
identificar tumores, até hoje derivados
das mesmas técnicas de comparação de
padrões desenvolvidas lá atrás, no sé-
culo 19. “Estamos redefinindo o câncer
sob o ponto de vista genômico”, afirmou
a INFO o médico Otis Webb Brawley,
membro da Sociedade Americana do
Câncer. “Aprendemos cada vez mais so-
bre a célula cancerígena e encontramos
supercomputador⁄O Watson, da IBM, ajuda médicos do Memorial Sloan-Ketering Cancer Center, de Nova York, a analisar sintomas para sugerir possíveis diagnósticos com base em big data. O desafio agora é diminuir sua margem de erro, ainda alta
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e é associada ao fator de crescimento ce-
lular. Esse tipo de câncer pode ser trata-
do com o medicamento Herceptina. Ou
no caso da leucemia mieloide crônica
com uma droga chamada Glivec, que
apresenta taxa de resposta de até 90%.
No Hospital Israelista Albert Einstein,
em São Paulo, um projeto de sequencia-
mento genético de tipos raros de leuce-
mia pretende levar o entendimento do
funcionamento molecular da doença a
casos pouco estudados até agora. Dez
amostras de pacientes foram coletadas
e os resultados dos testes devem co-
meçar a sair nos próximos dois meses.
“É um quebra-cabeças gigantesco, que
precisamos montar peça por peça”, diz
o hematologista Fábio Pires de Souza,
que coordena a pesquisa no hospital.
“Cânceres são heterogêneos”, afir-
ma Pilar Estevez Diz, coordenadora da
Oncologia Clínica do Instituto do Câncer
do Estado de São Paulo. “Mutações po-
dem fazer com que a doença seja mais
ou menos resistente a um determinado
tratamento. A medicina personaliza-
da serve para aumentar a eficiência
dos remédios e para ajudar a dimi-
nuir seus efeitos colaterais”, diz Pilar.
Enquanto drogas-alvo e estudos de
proteínas tentam enfrentar os tumo-
res agindo no sistema molecular, ou-
tra tecnologia está sendo utilizada no
combate ao câncer: a análise de big data
para diagnóstico. No Memorial Sloan-
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caminhos químicos que nos permitem
desenvolver drogas que interferem
diretamente em seu funcionamento.”
Em São Paulo, o hospital Sírio-
Libanês se prepara para a inauguração,
no próximo ano, de um laboratório liga-
do ao Centro de Oncologia Molecular,
onde começarão a ser realizadas análi-
ses genéticas no material que o hospital
vem coletando, desde setembro passado,
de cerca de 40 pacientes. “A oncologia
personalizada depende de saber mais
sobre alterações genéticas e bioquími-
cas do tumor e usar essas informações
para orientar o tratamento”, afirma a
pesquisadora Anamaria Camargo,
coordenadora do Centro de Oncologia
Molecular do Instituto Sírio-Libanês.
Esse tipo de pesquisa de mapea-
mento do DNA de células canceríge-
nas permitiu o surgimento, na última
década, de uma série de drogas que
atuam de maneira muito mais pre-
cisa, ao contrário dos tratamentos
quimioterápicos tradicionais. Elas
atacam proteínas específicas ligadas
ao crescimento descontrolado de uma
célula e, mesmo que não tenham um
impacto dramático na redução da mor-
talidade, têm-se mostrado eficazes na
diminuição da velocidade com que a
doença se desenvolve. Um exemplo é o
tratamento de tumores com amplifica-
ção da proteína ERBB2, que responde
por cerca de 30% dos cânceres de mama,
O mapeamento do DNA permitiu o surgimento de drogas-alvo para o câncer, que atuam apenas nas proteínas ligadas ao crescimento desenfreado das células
Kettering Cancer Center, em Nova
York, o supercomputador Watson,
criado pela IBM e famoso por ter ven-
cido humanos no programa de quizzes
Jeopardy, ajuda médicos a analisar sin-
tomas e sugere possíveis diagnósticos.
Dados médicos alimentam o super-
computador, que faz uma análise se-
mântica desse conteúdo e depois sugere
prováveis diagnósticos. As opções ofe-
recidas pelo Watson, que indicam um
tipo ou outro de câncer, por exemplo,
vêm dentro de uma margem de erro ain-
da considerada alta. Atualmente, uma
equipe de desenvolvedores trabalha
para reduzir ao máximo essa margem.
“Um mesmo tipo de câncer pode ter
inúmeras propostas de tratamento”, diz
Fabio Gandour, médico de formação e
cientista chefe da IBM Brasil que traba-
lhou nos Estados Unidos no desenvol-
vimento da memória que hoje equipa o
supercomputador Watson. “O número
de drogas para quimioterapia aumenta
a cada mês, gerando muitas variáveis
para análise. Então, fica a pergunta:
como os médicos vão conferir os resul-
tados produzidos no mundo todo?”,
afirma Gandour. Aí entra a inteligência
da máquina, capaz de processar todas
essas informações e gerar resultados
compreensíveis para a equipe médica.
“Somos um sistema complexo”, afir-
ma David Agus. “Precisamos desen-
volver modelos que integrem todo esse
sistema. Isso inclui genética, proteômi-
ca e metabolismo”. Com o total controle
dos processos individuais que regem o
organismo, acredita Agus, chegaremos
à nona ou décima década de vida saudá-
veis, sem sofrer com nenhum mal crô-
nico. E nesse estágio a tecnologia pode-
rá finalmente decretar o fim da doença.
LeIa maIs em www.INFO.
abrIL.cOm.br/extras
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