saÚde e qualidade de vida de mulheres praticantes de...

32
121 REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 13 - Número 1 - 1º Semestre 2013 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA REGULAR INTENSA EM ACADEMIAS DOS ESTADOS DO CEARÁ E RIO GRANDE DO NORTE NO NORDESTE BRASILEIRO Cláudio José Monteiro da Costa 1 ; Flávio Henrique Ferreira Barbosa 2 RESUMO Saúde é designada por um conceito amorfo, não consensual com múltiplas aplicações nos mais diversos campos de conhecimento humano, contudo, com uma a natureza subjetiva e multidimensional do conceito de qualidade de vida. O estilo de vida (EV) tornou-se fundamental para qualquer política de promoção da saúde e qualidade de vida, assim como, na redução de inúmeras causas de mortalidade. Nas últimas décadas, ocorreram mudanças relevantes no perfil das causas de morbidade e mortalidade, anteriormente, as principais causas de mortes eram doenças infecciosas e parasitárias, as quais deram lugar às crônicas não transmissíveis. Essa pesquisa se inscreve como sendo descritiva com delineamento transversal e aplicada. A média e o desvio padrão foram aplicados para descrever os resultados da aplicação do questionário SF-36 validado no Brasil, com amostras compostas restritamente de mulheres ativas, praticantes de atividade física aeróbica mista intensa no mínimo a um mês dos estados do CE e do RN. Foram utilizados para análises dos dados o Excel 2010 e Bioestat. 5.0. O teste estatístico foi de Mann Whitney para amostras independentes, sendo o nível de significância adotado p<0,05. Foi também aplicado o Teste t de Student. Resultados: média dos domínios RN, CP 89,74; LAF 81,58; Dor 77,26; EGS 70,63; V 73,79; AS 82,81; LAE 76,92 e SM 74,10. Média dos domínios CE, CP 93,00; LAF 95,00; Dor 84,60; EGS 72,80; V 70,33; AS 86,67; LAE 86,67; SM74,40. Os resultados alcançados no estado do Rio Grande do Norte demonstram que a prática regular de exercícios físicos intensos, assim como, no estado do Ceará, geram inúmeros benefícios na promoção de qualidade de vida e saúde das agentes da pesquisa. Todavia, os escores foram inferiores aos do que do Ceará, mas superiores aos encontrados na literatura para grupo de mulheres sedentárias. Palavras-chave: Saúde, saúde da mulher, exercício físico, qualidade de vida. HEALTH AND QUALITY OF LIFE IN WOMEN PRACTITIONERS OF INTENSE REGULAR PHYSICAL ACTIVITY IN THE GYMNASTICS ACADEMIES IN CEARÁ AND RIO GRANDE DO NORTE IN NORTHEAST BRAZIL ABSTRACT Health is designated by conception an amorphous, non-consensual with multiple applications in several fields of human knowledge, however, it has a subjective and multidimensional nature of the concept of quality of life. The lifestyle (LF) has become fundamental for any policy to promote health and quality of life, and also for the reduction of many mortality causes. In recent decades, there were significant changes in the profile of the morbidity and mortality causes, formerly, the leading causes of death were infectious and parasitic diseases, which gave place to chronic non- transmissible diseases. This research classifies itself as being descriptive, cross-sectional and applied. The average and standard deviation were used to describe the application results of the SF-

Upload: vuliem

Post on 08-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

121  

REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228

Volume 13 - Número 1 - 1º Semestre 2013

SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA REGULAR INTENSA EM ACADEMIAS DOS ESTADOS

DO CEARÁ E RIO GRANDE DO NORTE NO NORDESTE BRASILEIRO

Cláudio José Monteiro da Costa1; Flávio Henrique Ferreira Barbosa2

RESUMO Saúde é designada por um conceito amorfo, não consensual com múltiplas aplicações nos mais diversos campos de conhecimento humano, contudo, com uma a natureza subjetiva e multidimensional do conceito de qualidade de vida. O estilo de vida (EV) tornou-se fundamental para qualquer política de promoção da saúde e qualidade de vida, assim como, na redução de inúmeras causas de mortalidade. Nas últimas décadas, ocorreram mudanças relevantes no perfil das causas de morbidade e mortalidade, anteriormente, as principais causas de mortes eram doenças infecciosas e parasitárias, as quais deram lugar às crônicas não transmissíveis. Essa pesquisa se inscreve como sendo descritiva com delineamento transversal e aplicada. A média e o desvio padrão foram aplicados para descrever os resultados da aplicação do questionário SF-36 validado no Brasil, com amostras compostas restritamente de mulheres ativas, praticantes de atividade física aeróbica mista intensa no mínimo a um mês dos estados do CE e do RN. Foram utilizados para análises dos dados o Excel 2010 e Bioestat. 5.0. O teste estatístico foi de Mann Whitney para amostras independentes, sendo o nível de significância adotado p<0,05. Foi também aplicado o Teste t de Student. Resultados: média dos domínios RN, CP 89,74; LAF 81,58; Dor 77,26; EGS 70,63; V 73,79; AS 82,81; LAE 76,92 e SM 74,10. Média dos domínios CE, CP 93,00; LAF 95,00; Dor 84,60; EGS 72,80; V 70,33; AS 86,67; LAE 86,67; SM74,40. Os resultados alcançados no estado do Rio Grande do Norte demonstram que a prática regular de exercícios físicos intensos, assim como, no estado do Ceará, geram inúmeros benefícios na promoção de qualidade de vida e saúde das agentes da pesquisa. Todavia, os escores foram inferiores aos do que do Ceará, mas superiores aos encontrados na literatura para grupo de mulheres sedentárias.

Palavras-chave: Saúde, saúde da mulher, exercício físico, qualidade de vida.

HEALTH AND QUALITY OF LIFE IN WOMEN PRACTITIONERS OF INTENSE REGULAR PHYSICAL ACTIVITY IN THE GYMNASTICS ACADEMIES IN

CEARÁ AND RIO GRANDE DO NORTE IN NORTHEAST BRAZIL

ABSTRACT

Health is designated by conception an amorphous, non-consensual with multiple applications in several fields of human knowledge, however, it has a subjective and multidimensional nature of the concept of quality of life. The lifestyle (LF) has become fundamental for any policy to promote health and quality of life, and also for the reduction of many mortality causes. In recent decades, there were significant changes in the profile of the morbidity and mortality causes, formerly, the leading causes of death were infectious and parasitic diseases, which gave place to chronic non-transmissible diseases. This research classifies itself as being descriptive, cross-sectional and applied. The average and standard deviation were used to describe the application results of the SF-

122  

36 questionnaire validated in Brazil, with samples consisting strictly of active women who practice intense mixed aerobic activity for at least a month in the states of Ceará (CE) and Rio Grande do Norte (RN). Excel 2010 and Bioestat 5.0 were used for data analysis. The statistical test was the Mann Whitney test for independent samples, adopting p <0.05 as significance level. It was also applied the Student`s t-Test. Results: average scores in the RN domains, FC 89.74; LFA 81.58; Pain 77.26; GHC 70.63, V 73.79, SA 82.81, LEA76.92 and MH 74.10. Average scores in the CE domains, FC 93.00; LFA 95.00; Pain 84.60; GHC 72.80, V 70.33, SA 86.67; LEA 86.67; MH74, 40. Conclusion: The results achieved in the state of Rio Grande do Norte show that the practice of regular intensive physical exercise, as well as in the state of Ceará, generates numerous benefits in promoting quality of life and health in the surveyed agents. However, the scores were lower than the ones in Ceará, but higher than those found in the literature for the sedentary women group.

Keywords: Health, women's health, exercise, quality of life.

INTRODUÇÃO Nas últimas décadas ocorreram

mudanças relevantes no perfil das causas de morbidade e mortalidade no Brasil, anteriormente as principais causas de mortes eram doenças infecciosas e parasitárias que deram lugar as crônicas não transmissíveis. Este novo quadro epidemiológico configura em alterações no desenvolvimento de novas políticas de saúde pública e estratégias no controle de doenças crônicas junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). (CASADO, VIANNA e THULER, 2009).

Modificações nas sociedades humanas nos campos sociais, tecnológico e ambiental como explosão populacional, aumento da expectativa de vida, aumento de patologias do coração, diabetes e câncer, justificam o novo perfil epidemiológico. Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA apresentados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2005 dois terços das patologias são provocadas por motivos que poderiam ter sido evitados, os fatores principais envolvidos são: inatividade física, alimentação equivocada e tabagismo (NAHAS, 2010).

A medicina tem desenvolvido diversos métodos de tratamentos de inúmeras infecções através de vacinas, novos fármacos; no combate ao envelhecimento, utilização de novas tecnologias diagnóstica e uso de biologia molecular aliado ao aumento da oferta de alimentos processados industrializados e crescimentos da expectativa de vida provocaram imensa mudança no estilo de vida das pessoas

nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Patologias associadas ao comportamento têm sido relatadas pelos órgãos de saúde como a principal causa do aumento do número de patologias crônico-degenerativas (PCD). (NAHAS, 2010). Entretanto, o que se configura nesse momento é que o estilo de vida passou a ser o principal instrumento de busca de saúde e qualidade de vida por parte da sociedade moderna, pois, influência diretamente no aparecimento ou evolução das doenças. Em relatório de inquérito domiciliar realizado pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer) sobre comportamento de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis nos anos de 2002 a 2003, publicado pelo Ministério da Saúde em seu sítio, destaca que a inatividade física seria responsável por mais de dois milhões de mortes no mundo, incluindo casos de cânceres de cólon e mama, diabetes e doenças isquêmicas do coração. Isso provoca uma relação atribuindo ao sedentarismo o avanço das manifestações das patologias crônico-degenerativas sendo umas dos grandes problemas de saúde pública no Mundo. Dados do CDC apontam que somente nos Estados Unidos da América (EUA) no ano de 2000 foram gastos mais de 76 bilhões de dólares em custos médicos em patologias associadas ao baixo nível de atividade. (BRASIL, 2004).

As PCD passaram a ser classificadas de acordo com os fatores interferentes em modificáveis: hipertensão arterial, ingestão de álcool em grandes quantidades, diabetes mellitus, tabagismo, o sedentarismo, estresse,

124  

obesidade e o colesterol elevado; e não modificáveis: idade, hereditariedade, sexo e etnia. (CASADO, VIANNA e THULER, 2009).

O estilo de vida (EV) tornou-se fundamental para qualquer política de promoção da saúde e qualidade de vida e na redução de inúmeras causas de mortalidade. Segundo Nahas (2010), EV designa o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas; caracterizando um importante determinante social de saúde nas populações de países desenvolvidos e em desenvolvimento, interferindo diretamente na busca de uma sociedade mais saudável.

O mesmo autor descreve como pode ser estimado o número de mortes associadas à inatividade física através do risco relativo deste comportamento com a prevalência do número de casos em uma população, citando como exemplo que sedentários apresentam duas vezes mais propensão a sofrer infarto agudo do miocárdio (IAM) quando comparados a indivíduos que praticam atividades físicas regularmente.

Com o envelhecimento da população a busca pela saúde e qualidade de vida relacionada ao bem estar tem se acentuado na última década no Brasil. Contudo, é importante ressaltar que a busca por hábitos mais saudáveis ainda é relacionada com a necessidade de adquiri-los, ou por indicação médica ou de sintomas relacionados com a velhice. Assumpção, Morais e Fontoura (2012), citando Bouchard (1990), indicam que saúde é uma condição humana com dimensões físicas, sociais e psicológicas, sendo cada um definindo um continuum com pólos positivo – associado à capacidade de apreciar a vida e resistir às dificuldades do cotidiano; e o negativo – associado a morbidade, sendo o extremo a mortalidade.

Podemos visualizar que a noção de saúde apresenta uma resultante social devido sua definição ser focada em uma construção coletiva dos padrões de conforto e tolerância que uma determinada sociedade estabelece, sendo inserida nas relações culturais do sujeito vai além de suas ações pessoais ganhando uma esfera subjetiva e uma esfera objetiva caracterizada pelos programas públicos para a

melhoria da condição de vida da população (MARQUES, 2004).

As possibilidades de ação do sujeito em seu grupo passam a indicar o seu estado de saúde e percepção do seu bem-estar (MARQUES, 2004). As pesquisas explicitam sobre o imenso impacto que os hábitos pessoais e do estilo de vida ocasionam em nossa saúde, mudanças de comportamento podem ser altamente eficazes na prevenção e controle de doenças relacionadas à inatividade descritas como doenças hipocinéticas (NAHAS, 2010).

Tendo a Qualidade de Vida relações com aspectos socioeconômicos da população, modo de vida de seus integrantes, apresenta uma relação íntima entre os elementos descritos acima referentes ao modo de vida das pessoas e a condição de saúde (VILARTA e GOLÇALVES, 2004). Marques (2004) citando Gonçalves (2004), afirma que a condição e o modo de vida dos indivíduos são designados por possibilidades de escolhas que estes adotam para suas vidas, determinando a incorporação de hábitos saudáveis derivados do acesso satisfatório a bens de consumo que proporcionariam um estilo de vida como saudável.

O foco de ações em saúde pública na promoção da saúde se desenvolveu a partir da mudança do conceito de saúde que vem acontecendo nos últimos 40 anos pela crise do paradigma biomédico da designação anterior. A Carta de Otawa elaborada em 1986 no Canadá na Conferência Internacional de Promoção da Saúde sedimentou as bases que doutrinam o tema estabelecendo elementos principais como: a integração da saúde como parte de políticas públicas, participação da comunidade na gestão do sistema de saúde, reorganização do sistema de saúde e mudanças no estilo de vida (BAGRICHEVSKY, PALMA e ESTEVÃO, 2003).

Entretanto, historicamente, houve um declínio das políticas de saúde e bem estar na Europa pela crise da socialdemocracia no continente limitando o crescimento até em países desenvolvidos. Como consequência, foi dado enfoque as ações de intervenções para mudanças de comportamentos individuais, em contra partida, às ações em estratégias de políticas de abrangência populacional, destacando a opção de modificação dos hábitos

123 

125  

considerados de risco, como o fumo, o sedentarismo, a dieta, etc. (BAGRICHEVSKY, PALMA e ESTEVÃO, 2003).

Um aspecto do comportamento humano tem sido constantemente inserido na discussão da promoção de saúde e em programas de aumento ou incremento da qualidade de vida de grupos populacionais, a prática de atividades físicas. Assumpção, Morais e Fontoura (2002) afirmam que o principal argumento teórico utilizado para fundamentar a relação atividade física e qualidade de vida está fundamentado em um paradigma contemporâneo do estilo de vida. Desta forma, o comportamento humano saudável é diretamente relacionado ao hábito de se praticar atividades físicas regulares melhorando os padrões de saúde e qualidade de vida.

O Mundo moderno impôs à sociedade um estilo de vida pouco saudável, estressante, com alimentação inadequada e a não adesão a prática regular de atividades físicas. Contudo, a população brasileira, por contribuição da mídia, revistas, jornais, que divulgam corpos perfeitos, tem procurado cada vez mais as academias aeróbicas de ginásticas e centros de treinamentos especializados (TAHARA et al, 2003).

Ao buscarmos os conceitos de saúde e qualidade de vida em uma população leiga encontramos definições distintas basicamente amparadas em expectativas individuais e de acordo com o período de vida no qual a pessoa se encontra, ou seja, o nível de satisfação com a saúde e a qualidade de vida alcançada através do incentivo a uma vida saudável é pessoal. Scliar (2007) afirma em seus estudos que saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas, está relacionada com a época, os valores individuais, concepções científicas e religiosas, etc. Segre e Ferraz (1997), acrescentam que a definição de saúde dada pela OMS é “irreal, ultrapassada e unilateral”.

A preocupação crescente com a busca da saúde e qualidade de vida teve seu desenvolvimento acentuado nessa última década, com proliferações de academias, espaços de lazer e exercícios físicos públicos, programas televisivos, etc. Existe um público específico dessa busca que apresenta características fisiológicas próprias, sociais e comportamentais na sociedade, a mulher.

Geralmente buscando modalidades diversificadas basicamente aeróbicas e ainda na sociedade moderna mantém o cargo de gestora familiar, sendo portanto, importante a avaliação de sua percepção a respeito de sua saúde e qualidade de vida (CHEIK, et al, 2003). O que se pode notar é que políticas de promoção de saúde esbarram no conceito que a população tem desta e a busca por atingi-la.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como um completo bem estar físico, mental e social, entretanto, por se tratar de um feito inatingível, tornou-se utópico (SEGRE e FERRAZ, 1997). Vislumbramos, dessa forma, um conceito subjetivo, amplo e discutível, o debate epistemológico para conceituar saúde data da Grécia antiga. Para Coelho e Almeida (2002) existe uma dificuldade de se definir saúde propriamente dita tornando um paradigma dos diversos campos científicos, ocasionado principalmente por uma carência de estudos.

Seu conceito dependerá de valores individuais, concepções científicas, religiosas e filosóficas (SCLIAR, 2007). Saúde não se restringe ao fato da ausência de doenças, passar a ser bem mais amplo e subjetivo. Os estudos parecem indicar uma dificuldade em definir de forma positiva pela presença do paradigma científico. Por outro lado, tal pobreza conceitual pode ter sido resultado da influência da indústria farmacêutica e de certa cultura da doença, que têm restringido o interesse e os investimentos de pesquisa a um tratamento teórico e empírico da questão da saúde como mera ausência de doença (COELHO e ALMEIDA, 2002; PITANGA, 2002).

Portanto, existe uma necessidade de verificação da percepção de saúde de mulheres ativas praticantes de exercício físico intenso, assim como, da qualidade de vida em comparação aos conceitos empregados pela Organização Mundial de Saúde em nossa sociedade. Principalmente ao considerarmos que as pesquisas presentes na literatura cientifica dizem respeito, em sua imensa maioria, sobre pessoas sedentárias, trabalhadores industriais ou atletas e não a população comum e especificamente ao gênero feminino.

Desta forma, o presente enfoque torna-se importante para uma avaliação em nível de saúde pública e bem estar social. Ao tratarmos

124 

126  

de um público específico de análises acarretará em dados cada vez mais direcionados e uma melhor interpretação da condição de saúde de mulheres praticantes de exercícios físicos moderados a vigorosos. Segundo Pieron (2004), a qualidade de vida de uma pessoa não pode ser considerada, naturalmente, apenas pela via da saúde. Esse conceito ainda está por amadurecer, mesmo porque, se considerarmos saúde apenas como ausência de doenças, estamos tendo uma visão simplista e sectária desse conceito amplo que envolve outros fatores já citados anteriormente.

O conceito de saúde O conceito de saúde, como já afirmado,

foi definido pela OMS como o completo bem estar físico, mental e social. Contudo, o termo depende da conjuntura social, econômica, cultural e política que a sociedade e seus elementos se encontram, ou seja, individualmente pode ter definições distintas, pois, dependerá das experiências vividas por cada pessoa, suas concepções religiosas, filosóficas e científicas, além do nível de conhecimento que a mesma detém (SCLIAR, 2007).

Historicamente, saúde e doença sempre estiveram entrelaçadas, a presença de um significava a ausência de outro. Primariamente a relação se baseava em algo fantasioso-mágico ou de punição, onde forças que não estavam ao controle humano introduziam as doenças por pecados passados de outras vidas ou maldições provocadas por outrem, por ações de espíritos malignos, demônios, etc. A Teoria dos Humores (Idade Antiga final da Idade Média) descrita por Hipócrates e Galeno descrevia que a saúde humana era mantida pelo equilíbrio dos líquidos corporais (sangue, água e linfa) mantidos segundo a vontade dos deuses, é um dos exemplos da visão mítica de doença criada pelo homem (KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005).

Entre os escritos atribuídos a Hipócrates (460-377 a.C.), que compunham o Corpus Hipocraticus, provavelmente construído por vários autores, já relatava uma visão mais avançada da medicina de forma racional fugindo da concepção religiosa e mágica que antes vigorava. Afirma sobre a existência de quatro fluidos no corpo, sendo esses: bile

amarela, bile negra, fleuma e sangue, a doença caracterizava-se pela desorganização desses humores (SCLIAR, 2007). É interessante ressaltar que Galeno (129-199) ao revisar a teoria dos humores percebeu que a causa dos males humanos teriam uma origem endógena em sua constituição física ou do seu estilo de vida.

Com o avanço da medicina a relação saúde/doença saiu da ação mística voltando para o organismo, em razão do aumento do conhecimento dos órgãos e sistemas do corpo e sua composição morfológica incluindo o ambiente como fator determinante, desenvolvendo o enfoque na relação de saúde-ambiente através de um conceito mais ecológico. Entretanto, as discussões sobre o tema apontam para um múltiplo campo de saberes que envolvem aspectos filosóficos, científicos, sociais, ambientais, culturais, sociológicos, etc. Analisando as práticas e políticas de saúde em vigência no mundo moderno percebe-se que o pensamento acima norteia uma ação em um modelo assistencialista individualista limitando a ação de cura da doença que segundo Souza e Olhovetchi (1994) e Mendes (1996) deu base para os conceitos de vigilância da saúde, políticas públicas saudáveis e cidades saudáveis aliando-os a noção de promoção da saúde envolvendo as condições de vida e trabalho da população.

Esta nova forma de pensar produziu uma proposta de políticas concentradas em ações que buscam romper com o processo que se limitava a relação saúde-doença-cuidado, não mais no conceito de que saúde era a mera ausência de doença. A Organização Mundial da Saúde em sua Carta de Princípios de 7 de abril de 1948 designa saúde através de pensamentos nascidos dos movimentos sociais do pós-guerra que reivindicava a saúde como um direito a vida plena sem privações: “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de enfermidade” (SCLIAR, 2007).

Documento este que também atribuía ao Estado a responsabilidade, dessa forma, Marc Lalonde então Ministro da Saúde e do Bem Estar do Canadá em seu postulado de 1974 determina os fatores interferentes sobre a saúde pública, sendo eles: a biologia humana, o meio ambiente, o estilo de vida e a organização da

125 

127  

assistência à saúde (SCLIAR, 2007; FLEURY-TEIXEIRA et al, 2008; COELHO e ALMEIDA FILHO, 2002; VILARTA e GONÇALVES, 2004, p.42).

Pode-se observar que as ações que refletem os valores, atitudes e as oportunidades das pessoas identificam seu estilo de vida na formação e composição do seu estado de saúde. Minayo et al, 2000, afirmam que “saúde não é doença, saúde é qualidade de vida”. A subjetividade do termo faz com que tenhamos análises da condição de vida e saúde, por vezes, conturbadas quando partimos do princípio de uma avaliação pessoal sem avaliação de perspectivas futuras.

O conceito da OMS recebeu críticas imediatas, por se tratar de algo extremamente amplo e inatingível, não poderia servir de objetivo pelos serviços de saúde, também que poderia permitir ao Estado intervir na vida dos cidadãos. Por tal, novas definições foram surgindo contrapondo a definida na Carta de Princípios. A Conferência Internacional de Assistência Primária à Saúde organizada pela OMS ocorrida na cidade de Alma-Ata (na ex-União Soviética) no ano de 1978 respondeu as diversas críticas surgidas abordando os desníveis das condições de saúde em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, a responsabilidade dos governos e a participação das comunidades no planejamento e implementação dos cuidados à saúde (SCLIAR, 2007). Como resultado tivemos a integração dos processos sociais e econômicos adaptados as situações socioculturais e políticas de cada região.

Segre e Ferraz (1997) discutem que o conceito proposto pela OMS, sendo este utópico por buscar uma perfeição completa de vida. No mesmo trabalho, os autores recorrem ao Pai da Psicanálise Dr. Sigmus Freud, afirmando que sempre procurar mostrar como a perfeita felicidade do indivíduo na sua civilização seria algo totalmente impossível. Também escrevem que suas colocações são uma tentativa de diminuir a tendência positivista dos conceitos de saúde que hoje existem, citam como exemplo, pessoas que tem debilidade em se alimentarem nos padrões da sociedade que estão inseridos devido não terem recursos, portanto, taxados como tendo uma qualidade de vida pior do que pessoas bem alimentadas, mas dependente do

seu status social. Ou seja, qualidade de vida também seria subjetivo.

Campolina e Ciconelli (2006) afirmam que a Organização Mundial de Saúde designou um conceito amorfo, não consensual com múltiplas aplicações nos mais diversos campos de conhecimento humano, contudo, chamam a atenção para a natureza subjetiva e multidimensional do conceito de qualidade de vida. Os autores também ressaltam a necessidade de se avaliar o nível de qualidade de vida de populações para a intervenção nos processos de decisões clínicas, de análises político-econômicas em saúde.

Podemos vislumbrar a dificuldade de abordar tal conceito, tanto que a Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu artigo 196 afirma que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”, evitando a discussão sobre saúde e o seu conceito.

O conhecimento e a busca por uma definição é extremamente importante pela sua resposta indicar a compreensão e a natureza do fenômeno, interferindo diretamente nas decisões a serem tomadas para a busca da qualidade de vida. Canguilhem (1995) um dos principais estudiosos do tema, afirmou que existe uma margem de tolerância das infidelidades do meio para com a saúde, ou seja, a capacidade do organismo e do homem em “agir e reagir, de adoecer e se recuperar” (BAGRICHEVSKY, PALMA e ESTEVÃO, 2003).

Os mesmos autores citam Lefèvre (1991) que escreve sobre a influência do meio como norteador dos rumos da saúde, no qual, tornou-se um comércio, pois, a mesma é um produto disponível à venda relacionando intimamente a “bens de consumo que objetivam a promover a própria saúde”. A OMS ao incorporar o termo “bem-estar” traz a marca do social, contudo, também indica uma busca por um conforto e melhora da sociedade de forma coletiva (STREETEN, 1986).

A VIII Conferência Nacional de Saúde ocorrida no ano de 1986, que é considerada o marco histórico do desenvolvimento da Saúde e do SUS no Brasil, em seu Relatório Final no

126 

128  

Tema 1, tópico 2, afirma que o conceito de saúde é determinado pelo processo histórico de cada sociedade e do momento que a mesma se encontra, devendo a população conquistar através da sua vida cotidiana. Anteriormente, o referido documento escreve que saúde “é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra e a serviços de saúde” (BRASIL, 1986).

Como pode ser observado, o tema está diretamente incrustado na experiência de vida e conhecimento do indivíduo acerca da mesma, portanto, por ele determinada. Bagrichevsky, Palma e Estevão (2003) descrevem a importância em provocar um debate sobre o conceito de saúde na tentativa de simplificar a sua abrangência e como o senso comum irá compreendê-la.

Todavia, esse reducionismo para os pressupostos biológicos e para ações estatísticas que hoje norteiam os estudos epidemiológicos alertam, os mesmo autores, podem ocasionar problemas nas seguintes conjunturas: a centralização do foco na doença, a transferência de culpa para o indivíduo de sua própria doença, crença na cura pela medicalização, a naturalização da enfermidade e o ceticismo frente às diferentes áreas do conhecimento para a compreensão dos fenômenos integrados à saúde.

De qualquer forma, é salutar destacar que o impacto dos cuidados com a saúde pode favorecer uma melhora da qualidade de vida do indivíduo. Com a transformação nos últimos anos do padrão de vida da população, avanços e mecanismos tecnológicos provocando o labor saving devices (mecanismos que poupam esforço) conduziram a uma diminuição da prática de exercícios físicos (MACEDO et al, 2001; NAHAS et al, 2000). O sedentarismo passou a ser o principal fator de risco prevalente na população brasileira, superando o tabagismo, hipertensão arterial e o álcool (MATSUDO et al, 1999). Destaca-se a melhora do padrão de vida da população, assim como maior acesso a informação tem provocado uma corrida pela busca da “saúde” e “qualidade de vida”, mas como foi dito anteriormente pode-se estar buscando um padrão estabelecido pela sociedade onde os resultados da prática regular

de exercícios, sendo o principal paradigma existente atualmente, devem ir ao encontro desses e não necessariamente provocar saúde.

A busca pela qualidade de vida (QV) e

saúde Após a Segunda Guerra Mundial o termo

e o conceito de qualidade de vida foram desenvolvidos nos Estados Unidos da América para descrever efeito de aquisição de diferentes bens na vida das pessoas, ou seja, a sua definição é subjetiva e variável, restritamente relacionada à percepção do indivíduo com o seu estado de saúde em grandes domínios ou dimensões de sua vida (FONSECA et al, 2005, p.236). No mesmo trabalho os autores destacam o aumento do interesse em mensurar a qualidade de vida em relação aos cuidados com a saúde, citando o incentivo que a OMS através de projeto desenvolvido por este órgão de avaliação internacional de qualidade de vida. Também considerado um conceito vago e até mesmo etéreo entidade, o debate sobre aumento nos últimos trinta anos incorporou o tema QV, contudo, relatos afirmam que o mesmo já foi utilizado na década de 30 (SEIDL e ZANOON, 2004).

Seidl e Zannon (2004) inserem que a discussão sobre o tema é recente, surgido a partir dos novos paradigmas que influenciam as políticas e práticas na promoção e busca da saúde. Desta forma, houve um interesse crescente na avaliação da qualidade de vida de populações, pois, servem de indicadores para mensurar a eficiência e impactos dos sistemas de saúde e a visão de populações sobre a sua própria.

Segundo Minayo et al (2000), qualidade de vida é inserido em dois grupos de análises distintas, sendo um formado por uma linguagem cotidiana, por pessoas da população, jornalistas, políticos, profissionais de diversos segmentos, além de gestores ligados às políticas públicas; e outro referente à pesquisa científica, em diferentes campos do saber, como economia, sociologia, educação, medicina, enfermagem, psicologia e demais especialidades da saúde.

Aspectos socioeconômicos das populações teriam íntima relação com a QV, caracterizada pela condição e modo que os integrantes vivem (VILARTA e GONÇALVES,

127 

129  

2004). Seria então a busca pela felicidade e satisfação que os indivíduos de determinada sociedade teria diante dos aspectos que norteiam a sua vida. Sendo uma noção restritamente humana com raízes baseadas no conhecimento, experiências e valores dos indivíduos e da coletividade (DANTAS, SAWADA e MALERBO, 2003).

Para Nahas (2010), a combinação de multifatores como: estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e espiritualidade determinam a amplitude da QV.

Em trabalho elaborado por Nogueira et al (2010), aborda QV como sendo a discrepância entre os níveis de satisfação e descontentamento nas diversas áreas da vida de acordo com a visão do próprio indivíduo da mesma. Isto é importante porque respalda as pesquisas em avaliações dos níveis em qualidade de vida a partir de respostas coletadas dos agentes diretos, relatando a sua percepção da condição no qual se encontra. Os dados referentes a essas análises têm como principal objetivo o incremento ou a melhoria da saúde das pessoas, ou seja, a promoção da saúde (PS). Bagrichevsky, Palma e Estevão (2003), citando Power et al (1991), que PS é o conjunto da assistência educacional e ambiental que incentivem ações e comportamentos em prol da saúde.

A partir do início dos anos 90, Seidl e Zannon (2004) afirmam que os pesquisadores do conceito de QV chegam a um consenso de que existe: a subjetividade que se refere restritamente ao indivíduo, sendo a sua percepção sobre o seu estado de saúde também em contexto não médico; e multidimensionalidade. Desta forma, o conceito de qualidade de vida é diferenciado para cada pessoa e é influenciado pelo momento da vida que a mesma se encontra.

A amplitude do termo engloba o bem-estar físico, funcional, saúde, aspectos emocionais e mentais, família, amigos, trabalho, lazer, suas expectativas e preocupações sem a exclusão de indivíduos que podem sofrer de algum agravo específico. Podemos verificar que depende da incorporação de hábitos saudáveis e práticas básicas de saúde (SILVA, ALMEIDA e SIMEÃO JÚNIOR, 2010; GUISELINI, 2006).

Silva, Almeida e Simeão Júnior (2010), citando Assumpção et al (2002), destacam que atualmente existe uma direção no pensamento de que a implementação da promoção de saúde e a qualidade de vida se dá pela incorporação de exercícios físicos, ou seja, baseado em um paradigma do estilo de vida mais ativo. É salutar acrescentar que a literatura científica já dispõe de uma gama de pesquisas e dados que comprovem os benefícios da incorporação de uma vida mais saudável aliada a prática regular de atividade física.

Em termos acadêmicos, é possível distinguir duas tendências quanto a conceitualização de QV, sendo um de aspecto geral e outro relacionado à saúde. A primeira foca para uma visão mais sociológica, excluindo a patologia, como podemos observar na designação elaborada pela OMS já descrito: “a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Qualidade de vida relacionada à saúde incorpora elementos mais diretamente ligados a manifestações de doenças (patologias) ou a ações de intervenção. Autores destacam a importância de pesquisas de avaliação da QV com enfoques mais específicos para melhor identificar as relações e percepções que interagem sobre a mesma em determinadas populações (SEIDL e ZANNON, 2004).

É interessante destacar que as pesquisas têm atribuído diferentes dimensões de estudos dentro da QV tornando-os mais claros, conseguindo incorporar construtos pessoais do indivíduo. Podemos caracterizar o termo nos âmbitos sociais e na perspectiva individual, sendo que, em grupos sociais indicadores estatísticos são bastantes utilizados para avaliação do grau de QV ou desenvolvimento humano, são exemplos: expectativa de vida, índices de mortalidade e morbidade, escolaridade, renda per capita, desemprego, desnutrição e obesidade (NAHAS, 2010). Os estudos direcionados à percepção de saúde e qualidade de vida em populações específicas ainda encontra-se incipientes.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define qualidade de vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores

128 

130  

nos quais ele vive, considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupação (WHO, 1995). Interdonato e Greguol (2010) descrevem em seu trabalho os diversos fatores que interferem na qualidade de vida dos indivíduos, assim como, também fazem uma discussão a respeito da subjetividade da conceitualização.

Os autores compararam os dados coletados para a análise de qualidade de vida de atletas e sedentários. Demonstraram que apesar de já ser conhecida a eficácia da incorporação de exercícios físicos na rotina diária das pessoas, atletas de rendimento tiveram índices, por vezes, inferiores aos dos sedentários. É importante ressaltar que esse grupo de pessoas está mais propenso a sofre lesões, consequentemente, dores devido ao seu estilo de vida.

Minayo et al (2000), determinam que qualidade de vida “é uma noção eminentemente humana” relacionada ao nível de satisfação que o indivíduo tem da sua vida, incluindo valores materiais de conquista e não materiais como amor, liberdade, solidariedade, inserção social, realização pessoal e felicidade, além de estar intimamente ligado com saúde. Nahas (2010) estabelece que os estilo de vida é o maior interferente para a busca de uma vida mais saudável, definindo EV como o “conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidade na vida das pessoas”. Sendo este fundamental para a prática de promoção da saúde e na redução de mortalidade por todas as causas.

A atividade física se fixou em nossa sociedade como uma das principais ferramentas da busca de saúde e qualidade de vida da população, principalmente por ter ações comprovadas na redução do risco de várias condições crônicas entre adultos mais velhos, incluindo a doença coronária, a hipertensão, diabetes, desordens metabólicas bem como de diferentes estados emocionais nocivos como a depressão (MOTA et al., 2006; HALL, et al, 2007).

Barros e Nahas (2001) identificaram na literatura especializada que aspectos demográficos e psicossociais estão associados ao comportamento de risco. Os autores citam os trabalhos publicados por Johansson e Sundquist (1998), além de Segovia et al (1989), que descrevem que a percepção do nível de saúde

está relacionada com a incorporação de comportamentos saudáveis e que a percepção de negativa de saúde relaciona-se com aqueles que consideram sua saúde geral como regular ou ruim (SILVA, ALMEIDA, SIMEÃO JR, 2010).

O interesse para esse estudo partiu de análises e vivências na área verificando que as respostas e manifestações de sucesso com a prática da atividade física regular de mulheres diferenciavam bastante entre as mesmas, onde cada uma determinava seu foco de saúde e objetivo da prática de exercícios. A literatura pouco descreve sobre esse tema em contextualização feminina e, principalmente, nas que praticam atividade física regular intensa não atletas buscando compreender a percepção de saúde e qualidade de vida que alcançaram.

Lopes, Ciconelli e Reis (2007) destacam que estudos publicados nas últimas décadas no intuito de investigar a qualidade de vida têm sido relacionados em questionários para relação com a saúde, capacidade funcional, escalas de dor, estados emocionais e satisfação com seu estado geral na perspectiva própria do indivíduo, tornando essa avaliação bastante subjetiva e pessoal.

Os instrumentos criados com o intuito de avaliar os níveis de qualidade de vida e saúde tem sidos classificados como genéricos e quantificam a percepção do individual sobre seu estado geral de saúde. Podem apresentar desvantagens quanto ao fato de não detectarem mudanças em aspectos específicos. Todavia, diversos autores relatam que são suficientemente precisos para as análises de grupos sobre aspectos geral da saúde. Geralmente, são formados por mais de um domínio e discriminam funções físicas, emocionais e sociais (LOPES; CICONELLI; REIS, 2007). O questionário Medical Outcomes Study 36- Item short- Form Health Survey (SF-36), selecionado como instrumento para este estudo, é um instrumento genérico, utilizado para avaliar de forma ampla e completa o termo qualidade de vida (CICONELLI, et al, 1999).

Campolina e Ciconelli (2006) descrevem que os instrumentos para a avaliação de qualidade de vida e índices de saúde, também por estes chamados de medidas de utilidades, são ferramentas com capacidade de acrescentar análises de decisão clínica e econômicas, além de possibilitar a construção de indicadores

129 

131  

populacionais de saúde (os QALYs) e descrições pessoais do estado de saúde, denominadas de sistemas multiatributos.

Patologias associadas à atividade física

e envelhecimento Segundo Nobre et al (2006), doenças

cardiovasculares como a hipertensão arterial sistêmica, aterosclerose coronária, doença cerebrovascular são as principais causas de morte precoce na idade adulta, de maneira geral, são patologias que podem ser prevenidas com atividade física. A Organização Mundial de Saúde publicou em seu sítio dados relevantes sobre a saúde da mulher, devido elas apresentar maior expectativa de vida em relação aos homens perfazem uma proporção cada vez maior de idosos no mundo. A própria organização mundial de saúde aponta que em 2007, 55% dos adultos com 60 anos ou mais eram do sexo feminino, salientando que a proporção sobe para 58% nos 70 anos.

Patologias crônicas são as principais causas de mortes entre as mulheres, principalmente problemas cardiovasculares e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) respondendo por 45% da mortalidade em indivíduos acima dos 60 anos, se forem considerados dados relativos a cânceres da mama, pulmão e cólon este índice sobe mais 15%. A OMS cita que esses problemas são consequências de fatores de riscos surgidos na adolescência e na vida adulta, como o uso do tabagismo, sedentarismo e alimentação inadequada. (WHO. The World Health Organization Quality of Life Assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Disponível em <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs334/en/index.html>).

Em outro trabalho publicado por Matsudo et al (2003), corrobora para a incorporação de atividade física regular como fator de contribuição no aumento da expectativa de vida em mulheres idosas, aliado ao estilo de vida minimizam os efeitos do processo de envelhecimento. Como podemos verificar em um aprofundamento bibliográfico existem diversos autores que descrevem os benefícios da prática regular de exercícios físicos para o organismo humano. (VEIRA et al, 2007).

Macedo et al (2001), afirmam que o estilo de vida sedentário é um fator de risco independente para patologia coronarianas e acidente vascular, alertando que 54% das mortes cardíacas estão relacionadas ao estilo de vida, alimentação, nível de atividade física, hipertensão, etc. No mesmo estudo, apontam que dados epidemiológicos do Estado de São Paulo determinam que o sedentarismo é o fator de risco mais prevalente na população brasileira, aproximadamente 70%. Sendo definido por Mattos et al, 2006, como a falta ou grande diminuição da atividade física, contudo, os autores descrevem que o conceito não está associado necessariamente à falta de uma atividade esportiva, pois, do ponto de vista da Medicina Moderna, o sedentário é o indivíduo que gasta níveis baixos de calorias semanais com atividades ocupacionais.

Inatividade física e obesidade como

principal fator de risco para índices de morbidade e mortalidade

A inatividade física (IF) é definida como

uma condição de atividade insuficiente para manter a boa saúde, contudo, existem diversas definições na literatura científica. O trabalho de doutorado elaborado por Gustavo (2010) relata 26 conceitos diferentes para IF e sedentarismo.

O aumento do sobrepeso e da obesidade tem sido descrito como um dos grandes problemas em saúde pública mundial. Kumar, Abbas e Fausto (2005), afirmam que a obesidade é uma doença epidêmica global, provocada pelo estilo de vida sedentário, melhores aspectos socioeconômicos e disponibilidade de alimentos processados de grande valor calórico e refrigerantes. Importante ressaltar que existem diversas maneiras para se avaliar a quantidade de gordura corporal direta ou indiretamente, podemos citar:

O Índice de Massa Corporal (IMC), calculado através do peso dividido pela altura ao quadrado, onde o resultado é comparado a uma tabela já definida.

Medidas de dobras cutâneas através de adipômetro.

E calculado por diversas circunferências corporais, principalmente a relação cintura quadril.

130 

132  

É salutar distinguir obesidade de sobrepeso, esse último geralmente designa uma condição de gordura excessiva, sem até mesmo a verificação da gordura corporal e o primeiro como um continuum de sobrepeso. (MCARDLE, KATCH e KATCH, 2008). Caracterizado por ser um processo em longo prazo e progressivo, não apresenta cura e sua prevenção e tratamento devem ocorrer em todo o período de vida do indivíduo. Também é salutar que a gordura corporal diretamente relacionada com altas manifestações de doenças cardíacas, vasculares e crônicas é a visceral, que acumula principalmente no tronco e na cavidade abdominal.

A etiologia da obesidade é bastante complexa e difusa, contudo, pode ser definida como a uma desordem do balanço enérgico derivada do excesso de alimentos, cronicamente o excesso de caloria é armazenado como triglicerídeo no tecido adiposo. (KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005). O mecanismo de controle do ganho e gasto energético é de responsabilidade hormonal, onde o aumento do consumo de calorias deve seguir o aumento do gasto. Os hormônios da leptina e da insulina exercem um papel fundamental no controle do ciclo energético através da ativação das vias catabólicas e inibição dos processos anabólicos. Em contrapartida, outro hormônio denominado de ghrelina tem sua quantidade aumentada momentos antes das refeições e diminui sua concentração com o estômago cheio. (KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005). Acrescentando que fatores genéticos e ambientais interferem no processo do desenvolvimento do ganho de peso

Com etiologia multifatorial e fisiopatologia extremamente complexa a obesidade caracteriza-se por uma doença de tratamento difícil, em longo prazo, e não apresenta cura. (VAISBERG e MELLO, 2010). McArdle, Katch e Katch (2008), determinam que o período de idade compreendido entre 25 aos 44 anos representa o mais perigoso para o acúmulo de adiposidade excessiva. Os autores apresentam dados que demonstram que nas mulheres a faixa etária entre os 20 a 29 e 30 aos 39 anos o ganho de peso corporal é extremamente superior ao ocorrido nos homens, mais precisamente o sexo masculino acumula um ganho médio de aproximadamente 17,55 Kg, enquanto no feminino foi de 24,04 Kg.

A condição patológica da obesidade interfere no funcionamento de diversos sistemas no organismo. A tolerância à glicose é debilitada já em crianças e adolescentes com excesso de massa gorda, podem ser citadas outras doenças crônicas não transmissíveis associadas como: hipertensão arterial sistêmica, disfunções cardíacas, aterosclerose, doença renal, hiperglicemia, diabetes melito tipo 2, câncer de mama pós-menopáusica e outros tipos, dislipidemias, etc. Assim como, comprometimento musculoesquelético provocando osteoartrite, doenças articulares degenerativas, distúrbios metabólicos manifestados na síndrome metabólica, problemas de nível psicológico como estresse e depressão, etc. (HALL, et al, 2007; MCARDLE, KATCH e KATCH, 2008).

Outro estudo desenvolvido por Ceschini et al (2009), resume os benefícios da prática de atividades físicas com evidências científicas relacionadas, agrupando em três grupos (1) Evidências Fortes: redução do risco de morte prematura, diabetes do tipo 2, doenças cardíacas, hipertensão, infarto, dislipidemia, síndrome metabólica, câncer de mama e colo, prevenção do ganho de peso corporal, perda de peso quando associado à dieta, melhora da função cardiorrespiratória e força muscular, prevenção de quedas, redução da depressão, melhora da função cognitiva (adultos e idosos). (2) Evidências moderadas para fortes: melhora na saúde geral: redução da adiposidade abdominal. (3) Evidência moderada: manutenção do peso corporal após programa de redução do peso: redução do risco de fratura de quadril, aumento da massa óssea, melhora da qualidade do sono, redução do risco de câncer de pulmão e endotelial.

A Organização Mundial de saúde considera a obesidade como uma doença epidêmica global, com maior prevalência no sexo feminino, resultante do estilo de vida e associado com a melhoria das condições socioeconômicas e da disponibilidade de alimentos processados de alto valor calórico. (KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005).

TAHARA et al (2003), citando SABA (2001), descrevem dos benefícios da prática de atividade física tanto ao nível orgânico, como psicológico. Os mesmos acrescentam as melhorias na capacidade cardiorrespiratória,

131 

133  

extensão da expectativa de vida, elevação da autoestima e diminuição do estresse. Um número cada vez mais acentuado de evidências científicas demonstram que a incorporação da prática de exercícios físicos não contribui somente para programas de promoção da saúde inibindo alterações orgânicas relacionadas a processos degenerativos, mas em reabilitação de quadros patológicos que aumentam os índices de morbidade e mortalidade. (MACEDO et al, 2001; HALL, et al, 2007).

Gustavo (2010), afirma que o maior nível de prática de atividade física em mulheres contribui para a diminuição de fatores de risco para patologias crônicas: diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares, em todas as idades. A autora destaca para a quantidade de AF a ser praticada, em acordo com o preconizado pela OMS de pelo menos 3 vezes semanais, sendo esses exercícios de moderados a intenso, acrescentando que o treinamento resistido (treinamento de força) deve ser complementar ao aeróbico regular para a perda de massa gorda. Entretanto, uma dieta mais saudável é imprescindível para acentuar os resultados conquistados com uma vida mais ativa.

Exercício físico no organismo feminino Nos estudos publicados por TAHARA et

al (2003), afirma que a modalidade de exercício físico mais procurada por populações fisicamente ativas é a musculação (40%), os basicamente aeróbicos vem na segunda colocação com 30%. Entretanto, os autores dessa pesquisa ressaltam a variedade de opções de modalidades que as academias oferecem, assim como, os motivos que levaram os sujeitos a aderirem à prática de exercícios: 26,67% por questões estéticas e 23,33% na busca da melhora da qualidade de vida. Sabemos, contudo, que a adesão a determinadas modalidades pode está mais relacionada ao gênero, como por exemplo, o gosto masculino pela musculação e o feminino pelas atividades aeróbicas das academias.

A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME), periodicamente publica informações a respeito de seus posicionamentos Oficiais ou Consensos em temas relativos as áreas da saúde, ciências e esporte. Em artigo assinado pela SBME publicado por Leitão et al

(2000), afirmam que a literatura médica até recentemente não detinha de dados epidemiológicos consistentes a respeito da influência da atividade física sobre a saúde da mulher. Os estudos contemporâneos têm apontando para o benefício que a prática de exercícios físicos tem mostrando em ambos os sexos.

Entretanto, como afirma a SBME em seu Posicionamento Oficial sobre Atividade Física e Saúde na Mulher que esta é possuidora de características próprias com diferenças hormonais, incidência de patologias específicas, respostas e adaptações ao exercício. Em mesmo posicionamento a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte exemplifica que na redução da pressão arterial os trabalhos mostram que na mulher, através do exercício, apresenta reduções de níveis tensionais mais eficazes que no homem. Aliados a maior expectativa de vida e o crescente papel social e profissional que este gênero vem conquistando em nossa sociedade.

Ainda nessa discussão incluímos a doença coronariana na mulher (DAC), estudos tem demonstrado que alterações nos níveis plasmáticos de lipoproteínas têm pouca importância na extensão da aterogênese, salientando que os efeitos do hormônio estrogênio sobre a parede dos vasos arteriais são mais determinantes na prevenção da aterosclerose (LEITÃO et al, 2000).

Com diferenças fisiológicas a mulher apresenta respostas distintas quando submetida a prática de exercícios físicos quando comparado ao homem, principalmente na composição corporal, eficiência termorregulatória durante atividades em ambientes quentes e menor volume das fibras musculares. Leitão et al (2000), afirma que nos exercícios aeróbicos é verificado um menor consumo máximo de oxigênio, com o principal mecanismo hemodinâmico é o menor débito cardíaco por conter menor volume sistólico.

Contudo, os exercícios físicos sendo adotados como prática regular apresenta resultados imensamente positivos em ambos os sexos. Especificamente no organismo feminino, estudos comprovam seu benefício na prevenção de diversas patologias associadas ao gênero, como osteoporose pós-menopáusica, depressão, tensão pré-menstrual, resultados positivos no

132 

134  

perfil lipídico na menopausa, na gestação e pós-parto.

MATERIAL E MÉTODOS

As mulheres apresentam diferenças

fisiológicas e comportamentais distintas aos dos homens, com isso, as reações provocadas por agentes externos também apresentam distinções significativas. A ideia de se comparar mulheres fisicamente ativas de diferentes cidades para avaliação da sua qualidade vida visa verificar as diferentes interpretações que esse conceito causa nas pessoas, além da possibilidade de estudos dos resultados da busca por um melhor estilo de vida. Dentre os aspectos fisiológicos que o sexo feminino apresenta pode ser debatido a produção dos hormônios estrogênio e progesterona, onde o primeiro exerce um fator de proteção as paredes dos vasos para a formação de placas de gorduras, contudo, na menopausa há um decaimento hormonal onde a exposição a aterosclerose, que pode ser combatido por um estilo de vida mais saudável.

Local de estudo O estudo foi realizado dentro de

academias somente para mulheres vinculadas a uma rede de franquias de fitness do Brasil com mais de 30 unidades presentes em 8 Estados. O programa de treinamento é produzido pela própria empresa sendo baseado em treinamento do tipo em circuito intervalado misto com predominância aeróbica e utilização de exercícios neuromusculares através de aulas pré-coreografadas modificados a cada dois meses ministradas por um educador físico capacitado, obedecendo a recomendação de prática regular de atividade física em pelo menos três dias na semana.

Desenho do estudo Essa pesquisa se inscreve como sendo

descritiva com delineamento transversal, buscando compreender a prática dos saberes de saúde e qualidade de vida. Elaborada através de extensa bibliografia presente no conhecimento científico sobre o tema.

Pesquisa aplicada com objetivos de gerar informações com aplicação prática para solução de problemas específicos com abordagem qualitativa e quantitativa afim, de os conhecimentos gerados, venha a ser classificados e analisados com recursos estatísticos, sem desconsiderar a relação dinâmica dos envolvidos com o mundo real, assim como a interpretação dos fenômenos presentes. Portanto, com características descritivas.

O instrumento utilizado para a realização da coleta de dados selecionado foi a versão brasileira do questionário genérico de qualidade de vida SF-36 (Medical Outcomes Study 36- Item short- Form Health Survey), já validado em nosso país e em mais de 15 outras nações, com ampla utilização em pesquisas pelo mundo em qualidade de vida e saúde.

A média e o desvio padrão foram aplicados para descrever os resultados da aplicação do questionário SF-36, reconhecido como eficiente ferramenta para avaliação dos componentes de saúde e qualidade de vida.

Universo de estudo A amostra foi composta por um grupo de

mulheres ativas, praticantes de atividade física aeróbica mista intensa a no mínimo um mês, assim designada por envolver as modalidades de treinamento aeróbico em minitrapolim caracterizado por utilizar mais de um sétimo dos músculos do corpo e ocorrer em abundância de oxigênio aliado ao treinamento neuromuscular de força também denominado de resistido, pois ocorre contra uma resistência, agrupando em um único treinamento os benefícios de programas diferentes proporcionando resultados acentuados, modelo adotado em uma grande rede de fitness com unidades de academias em mais de sete Estados do Brasil.

O grupo da amostra foi formada nos Estados do Ceará e Rio Grande do Norte, sendo o total de voluntárias aderidas espontaneamente à pesquisa foi de 34 pessoas. Os locais de escolha se deram pela localização de Fortaleza ser o atual endereço de residência do pesquisador e sede da Franquia de academias para mulheres do Brasil que disponibilizou o espaço e contribuiu para o andamento e processamento da pesquisa, Sobral-CE pela

133 

135  

proximidade a capital Fortaleza e contar com uma academia com considerável manutenção de clientes praticantes de atividade física e a cidade de Natal-RN detentora de unidade de sucesso em adesão e prática de exercícios físicos consolidada no Nordeste do País.

Critérios de inclusão Para esta pesquisa, foram selecionados

como critérios de inclusão na amostra somente mulheres adultas com maior idade civil, praticantes de atividade física regular intensa 3 vezes ou mais por semana (recomendando pela OMS), com pelo menos 4 (quatro) semanas no mínimo e praticantes de modalidade em circuito combinado treinamento aeróbico com neuromuscular, denominado Circuito Intervalado Misto. Todas as mulheres incluídas na pesquisa assinaram o TCLE e participaram de forma espontânea. A aplicação do questionário ocorreu no período de março a agosto de 2012.

Procedimentos de aplicação do

questionário SF-36 O questionário SF-36 teve

acompanhamento de pessoa treinada em hora marcada previamente com as clientes da academia que se disponibilizaram a participar espontaneamente da pesquisa. Tratando-se de uma ferramenta de fácil aplicação e compreensão, possíveis interferências do pesquisador foram reduzidas, apresentado resultados mais fidedignos. O pesquisador aguardou o preenchimento do questionário no momento da entrega. Acompanhando o SF-36.

O intuito é relacionar as respostas escritas com os resultados apresentados pelas análises do questionário e o nível de conhecimento sobre a saúde e qualidade de vida

para os indivíduos da pesquisa. Comparando esses resultados com os presentes na literatura.

Procedimentos para análise dos

resultados O questionário é composto por oito

domínios ou dimensões totalizando 36 itens de abordagem, distribuídos em: dez itens relacionados a capacidade funcional, quatro itens de aspectos físicos, dois sobre dor, cinco relacionados com o estado geral de saúde, quatro direcionados a vitalidade, dois aos aspectos sociais, três aos aspectos emocionais e mais cinco de saúde mental. (SOÁREZ et al, 2007). Após a ponderação dos dados pelos valores obtidos em cada questão segundo tabela 01 é realizado o cálculo do Raw de Scale onde é atribuído aos Domínios escore final de 0 a 100, no qual zero corresponde ao pior estado geral de saúde e 100 o melhor estado. A escolha desse instrumento foi alicerçada por ser um questionário já traduzido para a língua portuguesa de avaliação genérica de saúde com resultados demonstrados em outros trabalhos realizados no Brasil.

O procedimento de análises e cálculo dos resultados da aplicação do questionário SF-36 respeitou protocolo padrão validado. Para cada resposta são atribuídos valores numéricos que serão somados e avaliados por domínio, existem alternativas detém pontuação pré-estabelecida. Exemplificando: a questão 1, onde a resposta hum corresponde a pontuação 5,0; dois a pontuação 4,4; três a pontuação 3,4; quatro a pontuação 2,0 e cinco a pontuação 1,0. Outras questões serão calculadas pela soma direta de suas alternativas ou o valor isolado de uma delas. A tabela 01 apresenta os valores correspondentes a cada item e pontuação correspondente.

134 

‐ 6 ‐  

Tabela 1. Escore das questões do questionário SF-36 Pontuação do questionário SF-36 Questão Pontuação 01 Se a resposta for

1 2 3 4 5

Pontuação 5,0 4,4 3,4 2,0 1,0

02 Manter o mesmo valor 03 Soma de todos os valores 04 Soma de todos os valores 05 Soma de todos os valores 06 Se a resposta for

1 2 3 4 5

Pontuação 5 4 3 2 1

07 Se a resposta for 1 2 3 4 5 6

Pontuação 6,0 5,4 4,2 3,1 2,0 1,0

08 A resposta da questão 08 depende da nota da questão 7: Se 7 = 1 e 8 = 1, o valor da questão é 6. Se 7 = 2 à 6 e 8 = 1, o valor da questão é 5. Se 7 = 2 à 6 e 8 = 2, o valor da questão é 4. Se 7 = 2 à 6 e 8 = 3, o valor da questão é 3. Se 7 = 2 à 6 e 8 = 4, o valor da questão é 2 Se 7 = 2 à 6 e 8 = 5, o valor da questão é 1. Obs. Se a questão 7 não for respondida, o escore da questão 8 passa a

ser o seguinte: Se a resposta for 1 = 6,0 Se a resposta for 2 = 4,75 Se a resposta for 3 = 3,5 Se a resposta for 4 = 2,25 Se a resposta for 5 = 1,0

09 A resposta para as alternativas: (a), (d), (e) e (h) devem ter valores contrários, sendo:

Se a resposta for 1= 6,0 Se a resposta for 2 = 5,0 Se a resposta for 3 = 4,0 Se a resposta for 4 = 3,0 Se a resposta for 5 = 2,0 Se a resposta for 6 = 1,0 Para os demais itens: (b), (c), (f), (g) e (i) o valor será mantido o

mesmo A soma das alternativas a+e+g+i = Vitalidade A soma das alternativas b+c+d+f+h = Saúde mental

10 Soma de todos os valores 11 Devem ser atribuídos a soma normal nos itens: (a) e (c).

Para os itens (b) e (d), seguir a pontuação abaixo: Se a resposta for 1, o valor será 5,0 Se a resposta for 2, o valor será 4,0 Se a resposta for 3, o valor será 3,0 Se a resposta for 4, o valor será 2,0 Se a resposta for 5, o valor será 1,0

135 

‐ 7 ‐  

O processo de pontuação é distribuído

em duas fases: Fase 1: Ponderação dos dados:

caracterizada pelo valor total obtido nas questões correspondentes segundo a tabela 01 de pontuações SF-36.

Fase 2: Cálculo do Raw Scale: o valor encontrado nas questões será atribuído a oito domínios que variam de 0 (zero) a 100 (cem). Esta fase é assim denominada por não apresentar nenhuma unidade de medida. Os domínios são:

o Capacidade funcional; o Limitação por aspectos físicos; o Dor;

o Estado geral de saúde; o Vitalidade; o Aspectos sociais; o Aspectos emocionais; o Saúde mental. Para essa transformação deve ser

aplicada a seguinte fórmula:

Valor obtido nas questões correspondentes – limite inferior x 100 / Variação (Score Range) Os valores de limite inferior e variação

são fixos e estipulados na tabela abaixo:

Tabela 2. Pontuação de cada questão, limites inferiores e a variação para o cálculo dos escores por domínio do questionário SF-36.

Domínios Pontuação das questões correspondidas

Limite inferior Variação

Capacidade funcional 03 10 20 Limitação por aspectos físicos 04 4 4

Dor 07+08 2 10 Estado geral de saúde 01+11 5 20

Vitalidade 09 (itens a+e+g+i) 4 20 Aspectos sociais 06+10 2 8

Limitação por aspectos emocionais 05 3 3 Saúde mental 09 (itens b+c+d+f+h) 5 25

Os valores obtidos para cada domínio

não podem ser somados e devem ser mantidos separadamente. A questão dois não compõem o cálculo de nenhum domínio, é de utilização, tão somente, para avaliação de o quanto o indivíduo considera o seu estado melhor ou pior comparado há um ano. Durante a aplicação do questionário se houver alguma item não respondido, poderá ser considerada a questão que tiver 50% preenchida.

Pode ser tomada como exemplo a questão 03 (Vide Anexo) que corresponde ao domínio Capacidade Funcional, considerando que todas as alternativas assinaladas tenham o valor de 2,0 pontos cada e as mesmas sendo um total de 10 a soma dos valores corresponderá a 20,0. Aplicando a fórmula para o cálculo do Raw de Scala de acordo com os dados apresentados na tabela 02:

20 (Valor obtido na questão 03) – 10 (limite

inferior correspondente) x 100 / 20 Variação Correspondente (Score Range). Resumindo:

20 – 10/20 x 100 = 50 O resultado de 50 representa o escore

final do domínio Capacidade Funcional. Foram considerados para o cálculo do

escore todos os questionários preenchidos em sua totalidade, acompanhados pelo Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Os resultados serão apresentados em comparação entre os Estados Federativos e o total da amostra, além da análise com o que já existe descrito na literatura científica.

Os dados foram analisados para a construção de tabelas através do programa Excel 2010 e análise estatística pelo Bioestat. 5.0, subsequente construção gráfica. A análise descritiva é apresentada em média e desvio padrão (DP) em cima das variáveis numéricas dos domínios do questionário e na representação gráfica de distribuição das frequências percentuais dos escores de cada grupo formados por distintos domínios. O teste estatístico não paramétrico, devido não se conhecer a

136 

‐ 6 ‐  

distribuição da população componente e seus parâmetros selecionado para comparação entre as amostras de localidades diferentes foi de Mann Whitney para amostras independentes por se o mais indicado para dados que não projetam populações normais. Sendo o nível de significância adotado p<0,05. Foi também aplicado o Teste t de Student para comparação das idades entre os diferentes Estados Federativos onde ocorreu a pesquisa.

Aspectos éticos Todas as informações acerca do estudo

foram repassadas aos indivíduos da pesquisa, riscos, vantagens e desvantagens e somente após a assinatura do Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a coleta das amostras foi processada. Elaborado de acordo com as Diretrizes Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1996). Esta pesquisa esta em trâmite junto ao CONEP submetido a avaliação do CEP UNIFAP. O total de mulheres que aderiram a composição da pesquisa por livre e espontânea vontade foi de 34 (trinta e quatro), sendo 15 (quinze) no Estado do Ceará e 19 (dezenove) no Rio Grande do Norte.

Na presente pesquisa, no escopo de suas várias etapas, buscou-se o enquadramento aos termos que estabelece a Resolução nº196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde – Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), a qual preconiza a ética e o respeito ao sujeito da pesquisa na sua vulnerabilidade e observando o princípio da autonomia, da beneficência e não maleficência e princípio da justiça que prega a total igualdade dos seres humanos no acesso aos progressos da medicina. Um princípio é a formulação de normas unificadoras operando quando é desconstruído para manifestar em sua exequibilidade, em sua racionalidade e/ou legitimidade. Desta forma, acrescentamos ou outros princípios norteadores além daqueles já citados: sacralidade da vida humana, que obriga a respeitá-la onde e como se identifique, dignidade e permissão.

Os indivíduos interessados em participar do estudo foram encaminhados à sala de atendimento (Recepção da academia), onde lhes foi apresentado o termo de consentimento livre

e esclarecido (TCLE), contendo informações sobre o questionário e relevância da pesquisa, sendo de sua livre escolha a participação no projeto. Havendo concordância, a voluntária assinará o TCLE e, em seguida, aplicação do Questionário SF-36. Os sujeitos da amostra foram alertados que caso o desejassem, poderiam desistir sem ônus, a qualquer tempo, da participação no estudo.

A abordagem efetuada pelo pesquisador teve como base o respeito à autonomia da participante para que a mesma possa decidir se aceita ou não participar como voluntária na pesquisa ora mencionada, o cuidado de protegê-la, levando em conta o princípio da beneficência, o qual tem como fundamento buscar sempre o bem estar do mesmo. As voluntárias obtiveram informações claras e precisas sobre a pesquisa e ainda certificadas de que seus dados pessoais e resultados provenientes da execução do projeto serão mantidos sob total sigilo, resguardando-as de constrangimento ou desconforto de qualquer natureza, seja de ordem física ou emocional. No anexo I encontra-se o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

O presente teve sua submissão para avaliação e aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, Campus Marco Zero, através da Plataforma Brasil. (http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf), processo número:

RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a análise dos resultados,

primeiramente foi construída uma tabela com as quantidades do questionário respondida por Estado e suas respectivas cidades de coleta amostral, determinando o tamanho da amostra.

O maior quantitativo na cidade de Natal-RN se deu pela maior aceitação à participação da pesquisa nessa localidade. É salutar acrescentar que também houve a participação do professor de educação física responsável em ministrar a aula de exercício físico nas cidades com maiores índices, incentivando suas alunas a comporem a pesquisa, fato que pode justificar uma maior adesão.

Para efeito de análise da estatística descritiva, os dados amostrais foram realizados

137 

‐ 7 ‐  

por Estado e não por cidade, pois, dessa forma, a diferença dos quantitativos será minimizada.

Resultados e discussões dos domínios

encontrados no Ceará

As tabelas 3 e 4 apresentam os

resultados dos escores em cada local de aplicação do questionário SF-36 no estado do Ceará.

Tabela 3. Domínios (Raw Scale) SF-36 e idade, na cidade de Fortaleza-CE

Ordem Fortaleza-CE

F AF or GS S AE M dade

1 0 00 00 7 0 7,5 00 2 2

2 0 00 00 2 5 00 00 2 5

3 00 00 00 2 0 00 00 4 2

4 0 00 4 2 0 00 00 2 9

5 00 00 1 5 5 7,5 00 4 9

6 5 00 00 2 0 00 00 8 2

7 5 5 2 7 0 0 6,67 6 8 Fonte: Pesquisa CF – Capacidade Funcional; LAF – Limitações por Aspectos Físicos; EGS – Estado Geral de Saúde; V –

Vitalidade; AS – Aspectos Sociais; LAE – Limitações por Aspectos Emocionais; SM – Saúde Mental; DP – Desvio Padrão.

Tabela 4. Domínios (Raw Scale) SF-36 e idade, na cidade de Sobral-CE

Ordem Sobral-CE

F AF or GS S AE M dade

1 00 00 00 0 5 00 00 0 2

2 5 00 00 5 5 00 00 8 8

3 5 00 2 7 5 5 6,67 2 0

4 00 00 4 7 5 00 00 00 7

5 00 00 00 2 5 00 00 6 8

6 5 00 4 7 5 7,5 6,67 4 2

7 00 00 2 7 0 5 00 0 6

8 00 00 00 0 5 7,5 8 5 Fonte: Pesquisa CF – Capacidade Funcional; LAF – Limitações por Aspectos Físicos; EGS – Estado Geral de Saúde; V –

Vitalidade; AS – Aspectos Sociais; LAE – Limitações por Aspectos Emocionais; SM – Saúde Mental.

138 

122  

Tabela 5. Desvio padrão dos domínios SF-36 no Ceará

Estado do Ceará (DP)

CF LAF DOR EGS V AS LAS SM

±11.6190  ±19.3649  ±21.7840  ±13.4334 ±14.4502 ±19.8310 ±27.6021  ±14.4855

Fonte: Pesquisa CF – Capacidade Funcional; LAF – Limitações por Aspectos Físicos; EGS – Estado Geral de Saúde; V –

Vitalidade; AS – Aspectos Sociais; LAE – Limitações por Aspectos Emocionais; SM – Saúde Mental. Podemos observar nos dados

apresentados acima que os índices que mais variaram em torno da média foram os relativos a limitações por aspectos emocionais, dor e aspectos sociais. Isso é verificado quando julgamos o status social ocupado pela mulher no mundo contemporâneo, acumulando funções de gestora familiar e um novo patamar de destaque na sociedade moderna com o aumento dos níveis de estresse.

Ao compararmos os dados apresentados com o trabalho publicado por Martins et al (2012) que realizou a aplicação do SF-36 em mulheres praticantes de treinamento resistido (musculação), pode ser verificado que os resultados encontrados no domínio LAE são os que apresentaram maior desvio padrão, sendo divergentes com os do estudo aqui apresentado, seguido por LAF. Este último pode ser explicado pelo maior índice de lesões atribuído à prática de musculação em relação a atividades aeróbicas.

Pode ser destacado que a média de idade dos sujeitos da pesquisa foi de, aproximadamente, igual a 35,67 anos, entretanto, não foi um fator determinante para a verificação do estado geral de saúde e/ou o avanço da idade como fator limitante de bons resultados de interpretação de uma boa qualidade de vida e saúde. Ou seja, indivíduos com idade mais avançada alcançaram índices considerados de melhor avaliação (100), assim como, houve casos de mulheres mais jovens

com notas inferiores. Como descrito por Fleury-Teixeira et al (2008), a promoção da saúde é caracterizado por um controle das pessoas sobre os seus determinantes sociais de saúde, uma busca por autonomia. Concluímos que mulheres com idade mais avançada já alcançaram um conhecimento maior da sua condição e busca da saúde e uma maior autonomia na sociedade que são inseridas.

O domínio estado geral de saúde (EGS) tem como intuito avaliar como o indivíduo considera a sua condição global, na Tabela 5, pode notar, que este equivale ao menor desvio padrão apresentado, corroborando para a ideia de que a prática regular de exercícios físicos colaborou para o aumento da qualidade de vida e saúde da amostra pesquisada. Este fato descreve o que é visualizado na literatura científica que AF proporciona uma melhora da condição geral do organismo fisiológico e de aspectos mentais das pessoas. (LEITÃO et al, 2000; TAHARA et al, 2003; GUSTAVO, 2010).

Resultados e discussões dos domínios encontrados no Rio Grande do Norte As tabelas 06 e 07 apresentam os

resultados dos escores e o desvio padrão da cidade de Natal, local de aplicação do questionário SF-36 no estado do Rio Grande do Norte:

139 

‐ 122 ‐  

Tabela 6. Domínios (Raw Scale) SF-36 e idade, na cidade de Natal-RN

Qtde Natal

CF LAF Dor EGS V AS LAE SM Idade

1 95 100 100 72 85 100 100 76 34

2 70 100 72 72 75 75 66,67 80 34

3 85 75 84 67 60 100 100 72 34

4 95 100 84 72 70 75 66,67 76 37

5 90 100 84 72 100 100 100 88 53

6 100 100 100 87 80 87,5 66,67 84 22

7 85 100 52 42 50 62,8 66,67 68 42

8 90 50 100 92 85 50 0 76 33

9 85 25 74 72 85 100 100 76 39

10 90 100 84 52 70 100 100 76 18

11 100 100 62 47 65 62,5 66,67 60 28

12 90 100 62 72 50 50 0 36 36

13 85 0 22 72 50 50 100 56 24

14 85 100 72 62 60 100 100 80 27

15 100 100 84 80 85 100 100 88 29

16 90 0 32 67 55 50 0 64 29

17 90 100 100 87 90 100 100 92 60

18 90 100 100 80 100 100 100 100 65

19 90 100 100 75 87 75 62,5 60 53 Fonte: pesquisa CF – Capacidade Funcional; LAF – Limitações por Aspectos Físicos; EGS – Estado Geral de Saúde; V –

Vitalidade; AS – Aspectos Sociais; LAE – Limitações por Aspectos Emocionais; SM – Saúde Mental.

Tabela 7. Desvio padrão dos domínios SF-36 no Rio Grande do Norte Rio Grande do Norte (DP)

CF LAF DOR EGS V AS LAS SM

±6.9669 ±35.1999 ±23.0960 ±12.9667 ±16.4843 ±20.9718 ±36.1966 ±14.6890

Fonte: Pesquisa CF – Capacidade Funcional; LAF – Limitações por Aspectos Físicos; EGS – Estado Geral de Saúde; V –

Vitalidade; AS – Aspectos Sociais; LAE – Limitações por Aspectos Emocionais; SM – Saúde Mental. Os resultados encontrados são

semelhantes aos descritos no estado do Ceará, sendo o principal domínio de limitação de uma qualidade de vida melhor os aspectos emocionais (LAE), seguidos pelos aspectos físicos (LAF). Contudo, os valores atribuídos a cidade de Natal são mais baixos e mais próximos aos determinados no trabalho publicado por Martins et al (2012).

Em uma análise de comportamento histórico, a mulher brasileira tem a característica de ao longo de sua vida se envolver com as questões familiares com maior vigor que o

companheiro masculino, isto ocasiona em uma dedicação familiar e envolvimento emocional mais afetivo com os seus membros. A partir do momento que esta conquista um espaço cada vez maior dentro dos mais altos níveis hierárquicos da sociedade, vendo sua família adquirir determinado nível de sucesso, a mulher busca conquistas pessoais relativas a melhoria de sua dedicação a sua própria saúde e bem estar.

A incorporação de exercícios físicos no cotidiano passa a ser uma busca pelo aumento da sua qualidade de vida e saúde, entretanto, ela

140 

‐ 122 ‐  

ainda buscam universos com características próprias como aulas de ginásticas ou academias exclusivas ao gênero.

Comparação dos domínios encontrados

no Rio Grande do Norte e no Ceará O presente estudo avaliou a percepção

de qualidade de vida através do questionário SF-

36 de dois grupos de mulheres praticantes de exercícios físicos de forma regular nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, representado pela sua capital Natal. Os gráficos com as idade e os resultados dos domínios componentes do questionário SF-36 aplicado serão apresentados a seguir:

Gráfico 1. Variação da idade pelo Teste t student

O Gráfico 1 demonstra que as médias de

idade entre os estados são equivalentes, todavia, com uma maior variação no RN mesmo apresentando média ligeiramente superior ao do CE. Também é possível constatar que as voluntárias com menor e maior quantidade de

anos de vida pertencia ao grupo do Estado Potiguar.

Na tabela 08, é possível constatar que o único domínio de comparação com significância estatística entre as cidades pesquisadas é a capacidade funcional.

Tabela 8. Média, desvio padrão e significância estatística dos domínios apresentados na cidade de Natal e Fortaleza

mais Sobral

Domínios

Natal – RN Fortaleza + Sobral – CE

Média Desvio Padrão

Média Desvio Padrão

P

CF 89,74 ±6.9669 93,00 ±11.6190 0,0425*

LAF 81,58 ±35.1999 95,00 ±19.3649 0,3315

Dor 77,26 ±23.0960 84,60 ±21.7840 0,3062

EGS 70,63 ±12.9667 72,80 ±13.4334 0,5211

RN            CEIdade em anos 

141 

‐ 122 ‐  

V 73,79 ±16.4843 70,33 ±14.4502 0,5099

AS 82,81 ±20.9718 86,67 ±19.8310 0,5099

LAE 76,92 ±36.1966 86,67 ±27.6021 0,2670

SM 74,10 ±14.6890 74,40 ±14.4855 0,8487

Fonte: Pesquisa p* - p < 0,05 estatisticamente significante CF – Capacidade Funcional; LAF – Limitações por Aspectos Físicos; EGS – Estado Geral de Saúde; AS –

Aspectos Sociais; LAE – Limitações por Aspectos Emocionais; SM – Saúde Mental. Silva, Almeida e Simeão Júnior (2010),

realizaram um estudo comparativo de mulheres praticantes e não praticantes de exercícios físicos e em seus resultados encontraram valores no domínio capacidade física no grupo de mulheres ativas de 94,8 e 82,0 para as sedentárias. Os escores foram próximos ao encontrado no estado do Ceará que teve significância estatística considerável relativo ao do Rio Grande do Norte. Podendo ser afirmado que o CE obteve melhores resultados na avaliação do referido domínio. Os dados encontrados na pesquisa detêm concordância com o descrito na literatura, pois, os valores foram maiores aos encontrados para mulheres sedentárias, demonstrando que existe uma melhora considerável das capacidades funcionais descritas como andar, subir escadas, abaixar, realização das tarefas diárias por praticantes de atividades físicas de forma regular.

É interessante notar que para os demais domínios o valor de p não apresentou significância estatística considerável entre os dois estados pesquisados.

Como é observado a maioria das pesquisas de avaliação da qualidade de vida e saúde utilizando o questionário SF-36 ocorrem entre grupos de pessoas sem diferenciação dos gêneros e em comparação entre ativos, por vezes atletas, e não ativos (sedentários), sendo portanto, de imenso valor científico de especificidade os dados gerados por este estudo.

Contudo, ao analisarmos o escore alcançado pelo domínio referente aos aspectos sociais que dizem respeito às interações sociais no cotidiano do indivíduo, como relações com outra pessoa, trabalho, lazer, etc., os pesquisadores Silva, Almeida e Simeão Júnior (2010), encontraram escores superiores tanto para o grupo de mulheres ativas (91,00), acima dos valores encontrados no CE e RN, quanto sedentárias (85,00), sendo este último mais elevado ao apresentado no Estado do RN e equivalente ao do CE.

A seguir, serão apresentados os gráficos relativos aos resultados da comparação de cada domínio componente do questionário SF-36 entre os locais pesquisados.

142 

‐ 122 ‐  

Gráfico 2. Domínio capacidade funcional (RN – CE)

Conforme podemos observar no gráfico

2, os resultados obtidos no domínio capacidade funcional encontrados nas cidades do estado do Ceará apresentaram escores mais altos, uma ocorrência maior de 100 pontos (melhor estado) foram atribuídos, em comparação com o Estado do Rio Grande do Norte. Apesar de ser possível a visualização que no CE se atingiu o pior valor individual para a avaliação desse domínio ainda

manteve uma mediana superior apesar de obter o valor de escore mais inferior.

Como a CF é relativa á medida do grau de preservação da capacidade de um indivíduo realizar atividades do cotidiano observar-se que os dois grupos apresentam níveis elevados desse domínio, portanto, demonstrando os efeitos benéficos na saúde dos indivíduos em promover saúde e autonomia.

Gráfico 3. Domínio limitações por aspectos físicos (RN – CE)

Podemos observar que as mulheres praticantes de exercícios físicos no Ceará apresentaram

notas atribuídas ao domínio de análise limitações por aspectos físicos com a maior pontuação e apenas uma nota com destaque negativo no valor de 25. Isto representa melhor resultado obtido, salientando ainda, que no RN houve a ocorrência da nota zero, que confere o pior nível de saúde e uma maior variação para o domínio. A mediana no CE manteve-se no melhor estado de saúde do questionário.

Essa limitação pelo aspecto físico pode ser atribuída ao processo de envelhecimento e a procura pela prática regular de exercícios físicos ocorrerem geralmente após indicação médica ou quadro de sintomas percebidos pelo indivíduo associados ao processo de avanço da idade. Contudo, não houve diferenças significativas desse item quando comparadas as diferentes idades, o que equivale a resultados encontrados por outras pesquisas do gênero presentes na literatura científica. (VITTA, NERI PADOVANI, 2006).

RN               CE

RN               CE

143 

‐ 122 ‐  

Gráfico 4. Domínio dor (RN – CE)

Gráfico 5. Estado geral de saúde (RN – CE)

No gráfico 4, a variação entre ao dados

apresentados não apresentaram diferenças significativas, contudo, foram equivalentes aos encontrados na literatura para indivíduos praticantes de atividade física regular. (INTERDONATO E GREGUOL, 2010; CHEIK, 2003; SILVA, ALMEIDA E SIMEÃO JÚNIOR, 2010).

As mesmas considerações podem ser observadas no gráfico 5 que trata do domínio estado geral de saúde, que diz respeito a percepção do indivíduo sobre a sua própria

condição corporal de saúde. Os dados encontrados constatam que a prática regular de exercícios melhoram a percepção de saúde pelo indivíduo, contudo Vitta, Neri e Padovani (2006), alertam para valores encontrados na análise da saúde percebida o gênero é um fator de risco determinante, superior a idade, destacando que mulheres apresentam índices mais baixos de saúde percebida do que homens. Isto também pode ser explicado pelo sexo feminino considerar os aspectos emocionais mais importantes em relação aos homens.

RN                 CE

RN               CE

144 

‐ 122 ‐  

Gráfico 6. Domínio vitalidade (RN – CE)

Gráfico 7. Domínio aspectos sociais (RN – CE)

O gráfico 6 demonstra que a vitalidade

entre os dois estados são compatíveis com médias equivalentes. Entretanto, ao verificarmos o domínio aspectos sociais é possível constatar uma maior variação das notas conferidas no RN em relação ao CE, porém, as medianas são equivalentes. É interessante destacar que no primeiro estado citado o valor obtido é inferior ao encontrado para grupo de mulheres sedentárias (85,0) em pesquisa realizada por Silva, Almeida e Simeão Júnior

(2010) que teriam piores condições dos seus aspectos sociais frente a praticantes de exercícios físicos, ficando apenas CE com valor superior, contudo, bastante equivalente. As atividades físicas praticadas de forma coletiva propiciam uma maior interação social do indivíduo, proporcionando uma maior imersão e participação social auxiliando em patologias associadas depressão, estresse e cargas emocionais do cotidiano.

RN               CE

RN               CE

145 

‐ 122 ‐  

Gráfico 8. Domínio limitações por aspectos emocionais (RN – CE)

Gráfico 9. Domínio saúde mental (RN – CE)

Ao observar o gráfico 8, percebe-se que

as mulheres no CE apresentam uma menor variação do escore em comparação com o apresentado no RN. Contudo, os valores alcançados são inferiores aos descritos no trabalho de Silva, Almeida e Simeão Júnior (2010) para mulheres ativas e superiores em relação ao grupo de mulheres consideradas sedentárias. Durante a abordagem as mulheres demonstraram alta carga emocional, se referindo a academia como um escape da pressão do trabalho, familiar ou até mesmo da ociosidade.

O gráfico 9 verificamos os níveis avaliados relativos ao domínio saúde mental

com uma média equivalente (ver tabela 9), o que demonstra comportamentos similares nas duas localidades. Este item considera o bem estar psicológico do indivíduo, assim como, alterações comportamentais como, estresse, descontrole emocional, depressão, etc. Entretanto as medianas demonstram que o RN teve índices repetidos superiores ao do CE, sendo um aspecto de melhor estado de saúde.

A tabela 9 apresenta o número e porcentagem referentes às alternativas relacionada à saúde geral percebida há um ano correspondente no questionário SF-36 ao item 2.

RN               CE

RN               CE

146 

  

147  

Tabela 9. Número e porcentagem de respostas referentes às alternativas da questão 2 do questionário SF-36 Alternativas Rio Grande do Norte Ceará

N % N %

Muito melhor 8 42,11 4 26,67

Um pouco melhor 9 47,37 7 46,67

Quase a mesma 2 10,53 3 20,0

Um pouco pior 0 0 1 6,67

Muito pior 0 0 0 0

Fonte: Pesquisa Foi observado que o principal motivo

para a procura da prática regular de exercícios físicos fora impulsionado em primeiro lugar por aspectos estéticos e emocionais. Este último na busca de aumento da autoestima, isolamento social imposto muitas vezes pela posição de mestre do lar e sentimento de tristeza por acomodação no seu estilo de vida, uma busca pela autonomia social e felicidade com a sua própria imagem. (FLEURY-TEIXEIRA, et al, 2008; VIEIRA, PORCU e ROCHA, 2007).

Diversos estudos têm comprovado os efeitos benéficos da prática regular de atividades físicas sobre a condição geral de saúde. (LEITÃO et al, 2000; TAHARA et al, 2003; GUSTAVO, 2010). É interessante notar que de forma geral as mulheres pesquisadas descreveram uma melhora significativa da sua percepção de saúde no último ano, onde a maioria considera o seu estado “Um pouco melhor” quando comparado ao estado anterior. Trabalhos publicados com esta mesma análise em grupos de sedentários apresentaram índices percentuais compondo a maioria da resposta em “Quase a mesma” em torno de 44%, demonstrando, novamente, que a prática regular de exercícios contribui acentuadamente para uma condição de saúde favorável percebida pelos agentes da pesquisa. (SILVA, ALMEIDA E SIMEÃO JÚNIOR, 2010).

As doenças cardiovasculares e do aparelho respiratório são as principais causas de mortes de mulheres no Brasil e relevantes doenças crônicas não transmissíveis. Quando acrescentado de outras patologias com mortalidade inferior, mas com grandes índices epidemiológicos na população, como:

depressão, diabetes, câncer e obesidade, envolvemos quase que a totalidade das mortes em mulheres no nosso país. (LEÃO e MARINHO, 2003). Com o avanço da expectativa de vida do sexo feminino: 72,6 anos em 2000 (oitos anos superior ao do homem), devido a inúmeros fatores como proteções hormonais e um maior cuidado com a sua própria saúde historicamente enraizados nesse público, cada vez mais procuram os benefícios dos exercícios físicos bem orientados, ao contrário dos homens que se utilizam muitas vezes, das famosas “peladas de final de semana”. (NAHAS, 2010). Vale ressaltar que no Censo de 2010 a expectativa de vida de mulheres brasileiras foi de 77,32 anos, aumentando significativamente o que justifica uma maior exposição as ações do processo de envelhecimento e necessidade de atenção à saúde e qualidade de vida. (BRASIL, GOVERNO FEDERAL, IBGE. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2032&id_pagina=1>).

Araújo e Araújo (2000) destacam em seu artigo que ao se ampliar os efeitos benéficos de um estilo de vida mais ativo fisicamente para um universo além da saúde, sendo indispensável para a melhora da qualidade de vida do indivíduo colocamos o sedentário como detentor de uma qualidade de vida ruim. Entretanto, os mesmos autores citam o quadro de um “indivíduo de 30 anos, intelectual, artista plástico, fumante moderado, com nível de estresse inerente à profissão e sedentário” é um grande candidato para adquirir patologias crônico-degenerativas, mas quando perguntado

‐ 122 ‐  

sobre o seu estado de qualidade de vida, o mesmo responde que é satisfatório

Nessa mesma lógica, estudo publicado por Interdonato e Greguol (2010), ao avaliar o nível de qualidade de vida de atletas de alto rendimento, encontram resultados que distanciam os agentes da pesquisa para níveis considerados saudáveis de QV. Isto pode ser explicado pela função da satisfação pessoal dos atletas serem atrelados a resultados de sua performance esportiva, submetidos a estresse constante e a convivência com as dores provenientes do excesso de treinamento.

O pensamento que hoje rege a busca pela saúde baseado nos efeitos positivos que um determinado nível suficiente de atividade física foi imposto progressivamente em nossa sociedade. Todavia, a importância de se verificar a quantidade, a frequência e a intensidade que indivíduos ou grupos de uma determinada população realiza de exercícios ao longo da sua vida cotidiana, de trabalho e lazer é fundamental para a formação de uma sociedade plena do seu bem estar. (PIERON, 2004).

Como foi observado nas apresentações gráficas o inquestionável os benefícios alcançados pela prática regular de atividade física, salienta-se que as agentes da pesquisa não apresentavam corpos perfeitos, delineados por massivo exercício físico e nem tão pouco o auxílio de suplementos nutricionais para a perda de gordura e incremento de maiores volumes musculares. Foi tratado nessa pesquisa mulheres “normais” não atletas praticantes de exercícios físico regular a pelo menos 4 semanas, dados esses gerados não encontrados na literatura científica que exclui esse público.

CONCLUSÃO

A incorporação do paradigma de um EV

mais saudável tem modificado o comportamento humano, estima-se que mais de dois terços das mortes são provocadas por doenças que poderiam ter sido evitadas através da mudança do comportamento. Ou seja, existem fatores de nosso modo de viver que interferem de maneira positiva e negativa em nossas vidas, o bem-estar a curto ou em longo prazo.

A inclusão de hábitos saudáveis no estilo de vida tem sido massificada nos meios de comunicação e mesmo na literatura científica. Invariavelmente com o avanço da sociedade tecnológica tem transformado o comportamento dos indivíduos em uma situação cada vez mais sedentário aliado a inclusão de um comportamento de risco com a utilização de fumo, bebidas alcóolicas e alimentação inadequada. Entretanto, isso não significa, necessariamente, que as pessoas considerem que apresentam redução dos seus níveis de qualidade de vida, desta forma, uma avaliação da condição de vida torna-se imprescindível para a análise da percepção individual de um grupo populacional.

O nível de qualidade de vida e saúde é influenciado por inúmeros fatores, físicos, emocionais, sociais, financeiros, estilo de vida, gênero, etc. As pesquisas presentes na literatura apresentam como foco um público geral sem distinção sexual e com prevalência das amostras serem formadas por indivíduos restritamente atletas, sedentários e ativos fisicamente. Entretanto, o comportamento entre esses grupos é distinto, pois, os estudos de qualidade de vida são direcionados para pessoas com idade mais avançada como uma busca por reinserção social através de uma vida ativa.

Os resultados alcançados no estado do Rio Grande do Norte demonstram que a prática regular de exercícios físicos intensos, assim como, no estado do Ceará, inúmeros benefícios na promoção de qualidade de vida e saúde das agentes da pesquisa. Todavia, os escores foram inferiores ao Ceará, mas superiores aos encontrados na literatura para grupo de mulheres sedentárias. Somente o item LAE apresentou em comparação com uma pesquisa citada valor inferior.

Desta forma, foi possível constatar que existem diferentes níveis de qualidade de vida mesmo em pessoas que apresentam um estilo de vida considerado mais saudável, com alguns resultados distintos. É salutar acrescentar que os grupos em estudo foram submetidos exatamente ao mesmo programa de treinamento aeróbico e mesmo assim obtiveram resultados diferenciados, principalmente no que diz respeito a aspectos emocionais, pois, esse depende do momento da vida e reconhecimento

148 

‐ 123 ‐  

do sucesso alcançado ou não por parte do indivíduo.

O questionário SF-36 demonstrou ser eficaz ferramenta de análises da QV devido a sua fácil interpretação e aplicação, permitindo a coleta em diferentes localidades sem a interferência constante do pesquisador. Os dados colhidos foram confrontados com os existentes na literatura científica e apresentaram, na sua maioria, resultados concordantes com a incorporação de exercícios físicos no cotidiano da pessoa, entretanto, o tamanho da amostra e a aplicação do SF-36 em uma quantidade maior de localidades no mesmo perfil da amostra aqui pesquisa é necessária para uma leitura mais completa da avaliação e percepção da saúde e qualidade de vida em mulheres normais ativas, gerando melhores dados para a formação políticas públicas de promoção da saúde.

Ou seja, buscar a compreensão das necessidades humanas fundamentais, materiais e espirituais, pois, quando posta qualidade de vida em saúde a abrangência vai muito mais além do que um estado de ausência de doenças, mas na capacidade que as pessoas tem de superar suas dificuldades ou até mesmo condições de morbidade.

Como verificado anteriormente, aspectos comportamentais interferem diretamente na formação do quadro epidemiológico no Brasil, sendo de suma importância uma análise das varáveis respostas aos agentes causadores de doenças crônico-degenerativas, taxas de mortalidades associadas e longevidade, visto que, a atividade física é considerada variável preditora desses aspectos. Sugiro a realização de pesquisas desta natureza, com o intuito de buscar soluções cada vez mais específicas em busca de uma sociedade mais saudável e com condições de alcance de uma melhor qualidade de vida através de politicas de promoção da saúde centradas na autonomia individual e coletiva dos sujeitos envolvidos, possibilitando a escolha e deliberação sobre os determinantes sociais de saúde e respeito às diversidades de comportamento e do autocuidado.

Conclui-se que o enfretamento dos aspectos referentes aos determinantes sociais de saúde, sem perder a conjuntura do ordenamento social e as posições hierárquicas que os indivíduos ocupam em seu meio, pois, estes se

constituem em um fator primordial nas cadeias de causas para as principais patologias do mundo contemporâneo, cada vez mais pesquisas nesse sentido devem ser realizadas para a composição de dados para a formação de uma sociedade cada vez mais saudável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, Denise Sardinha Mendes Soares de. ARAÚJO, Cláudio Gil Soares de. Aptidão física, saúde e qualidade de vida relacionada à saúde em adultos. Revista Brasileira de Medicina Esporte. Rio de Janeiro, v. 6, n. 5, p. 194-203, set./out. 2000. ASSUMPÇÃO, Luís Otávio Teles; MORAIS, Pedro Paulo; FONTOURA, Humberto. Relação entre atividade física, saúde e qualidade de vida. Notas introdutórias. Efdeportes.com. Buenos Aires. n. 52. Set 2002. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd94/tecno.htm> Acesso em 07 jul. 2012. BAGRICHEVSKY, Marcos. PALMA, Alexandre. ESTEVÃO, Adriana. A saúde em debate na educação física. Edibes, Blumenau, dezembro. 2003. BARROS, Mauro V.G.; NAHAS, Markus Vinícius. Comportamentos de risco, auto-avaliação do nível de saúde e percepção de estresse entre trabalhadores da indústria. Revista de Saúde Pública, v.35, n.6, p.554-63, 2001. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Brasília: Ministério da Saúde, 1996. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Resultados Censo 2010. Brasília: Governo Federal, 2011. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2032&id_pagina=1> Acesso em: 09 de Junho de 2012. CAMPOLINA, Alessandro Gonçalves. CICONELLI, Rozana Mesquita. Qualidade de vida e medidas de utilidade: parâmetros clínicos para as tomadas de decisão em saúde. Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health. vol. 19, n. 2, p. 128-136, 2006.

149 

‐ 124 ‐  

CASADO, Leitão. VIANNA, Lucia Marques. THULER, Luiz Claudio Santos. Fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Cancerologia, São Paulo, vol. 55, n. 4, p. 379-388, 2009. CESCHINI, Fábio Luis. et al. Atividade física e saúde: importância dos statements para a prática de atividade física em crianças e adolescentes, adultos e idosos. Revista Brasileira de Ciências da Saúde. São Caetano do Sul, v. 7, n. 21, p. 6-9, jul./set. 2009. CICONELLI, Rozana Mesquita; et al. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev. Bras. Reumatologia. vol. 39. n. 3. Mai/jun, 1999. CHEIK, Nadia Carla, et al. Efeitos do exercício físico e da atividade física na depressão e ansiedade em indivíduos idosos . Revista Brasileira de Ci. e Movimento. Brasília, v. 11, n. 3, p. 45-52, jul./set. 2003. COELHO, Maria Thereza Ávila. ALMEIDA, Naomar Filho. Conceitos de saúde em discursos contemporâneos de referência científica. História Ciência e Saúde. Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, p. 315-333, mai./agos. 2002. DANTAS, Rosana Aparecida Spadoti. SAWADA, Namie Okino. MALERBO, Maria Bernade. Pesquisa sobre qualidade de vida: Revisão da produção científica das Universidades Públicas do Estado de São Paulo. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Riberão Preto, vol. 11, n. 4, p. 532-538. 2003. DARDENNE, Christiane. “Um olhar Crítico sobre as recomendações para a prática de atividade física”. Dissertação (mestrado). Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Rio de Janeiro. 226 p.2004. FONSECA, Eliana Suelotto Machado; et al. Validação do questionário de qualidade de vida (king’s health questionnaire) em mulheres brasileiras com incontinência urinária. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol. 27 n. 5: 235-42. 2005

FLEURY-TEIXEIRA, Paulo. et al. Autonomia como categoria central no conceito de promoção de saúde. Ciência e Saúde Coletiva, São Paulo, vol. 13 (sup), p. 2115-2122, 2008. GUISELINI, Mauro. Aptidão física, saúde, bem estar: Fundamentos teóricos e exercício prático. Phorte. 2ª edição. 2006. GUSTAVO, Andréia da Silva. Epidemiologia da atividade física e sua associação com a obesidade em amostra representativa da população adulta de Porto Alegre. Tese Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina e Pós-graduação em epidemiologia. Porto Alegre, 2010. HALL, Pedro Curi. et al. Evolução da pesquisa epidemiológica em atividade física no Brasil: revisão sistemática. Rev Saúde Pública, São Paulo, vol. 41, n 3, p. 453-460, 2007. INTERDONATO, Giovanna Carla; GREGUOL, Márcia. Qualidade de vida e prática habitual de atividade física em adolescentes com deficiência. Rev. Bras. Crescimento e Desenvolvimento Humano. vol. 21. n. 2. P. 282-95, 2011. JOHANSSON, S; SUNDQUIST, J. Change in lifestyle factors and their influence on health status and all-cause mortality. Int J Epidemiol. vol. 28 p. 1073-80. 1999. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul, K.; FAUSTO, Nelson. Robbins e Cotran Patologia: bases patológicas das doenças. Elsevier, Rio de Janeiro, 2005. LEÃO, Estela Maria. MARINHO, Lilian Fátima Barbosa. Saúde no Brasil: subsídios para as políticas públicas de saúde. Promoção da Saúde. Vol. 30, p. 31-36, 2003. LEITÃO, Marcelo Bichels; et al. Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: Atividade Física e Saúde na Mulher. Rev. Bras. Med. Esporte. Vol. 06, n. 06, nov/dez, 2000.

150

‐ 125 ‐  

LOPES, Andréa; CICONELLI, Rosana; REIS, Fernando. Medidas de avaliação de qualidade de vida e estados de saúde em ortopedia. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 42, n. 11, 2007. MACEDO, Christiane de Souza Guerino, et al. Benefícios do exercício físico para a qualidade de vida. Revista Brasileira de Atividade Física; Saúde. São Paulo, v. 8, n. 2, p. 19-27, 2001. MARQUES, Renato Francisco Rodrigues. Qualidade de vida, atividade física e saúde: Relações na busca de uma vida melhor. Eeferp.usp. 2004. Disponível em: <http://sistemas.eeferp.usp.br/myron/arquivos/7844237/1e0054d03941804c47f246c1b1811a4e.pdf> Acesso em: 09 jun. 2012. MARTINS, Ronildo Antônio. et al. Relação da qualidade de vida associado ao treinamento resistido medida por SF-36. Efdeportes.com. Buenos Aires. n. 166. Mar 2012. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd166/treinamento-resistido-por-meio-do-sp-36.htm> Acesso em: 28 Jun. 2012. MATTOS, Andréia Duarte, et al. Atividade física na sociedade tecnológica. Efdeportes.com, Buenos Aires, n. 94, mar. 2006. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd94/tecno.htm> Acesso em: 07 jul. 2012. MATSUDO, Victor Keihan Rodrigues. Vida ativa para o novo milênio. Revista de Oxidologia. Rio de janeiro, p. 18-24, set./out. 1999. MATSUDO, Sandra Mahecha. et al. Evolução do perfil neuromotor e capacidade funcional de mulheres fisicamente ativas de acordo com a idade cronológica. Rev Bra Med Esporte, São Paulo, v. 9, n 6, nov-dez, 2003. MCARDLE, Willian D. KATCH, Frank I. KACTH, Victor L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 6ª edição. Guanabara-Koogan. Rio de Janeiro, 2008. MENDES, Eugênio Vilaça. Uma agenda para a saúde. Hucitec. São Paulo, 1996.

MINAYO, Maria Cecília de Souza, et al. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência & Saúde Coletiva, São Paulo, v. 5, n. 1, p.7-18, 2000. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional do Câncer – INCA (2004). Inquérito domiciliar sobre comportamento de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis. Disponível no sítio: http://www.inca.gov.br/inquerito/docs/completa.pdf BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. VIII Conferência Nacional de Saúde. 1986. Disponível no sítio: www.saude.gov.br/biblioteca/Relatorios/relatório_8.pdf MOTA, Jorge. et al. Atividade física e qualidade de vida associada à saúde em idosos participantes e não participantes em programas regulares de atividade física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo, v. 20, n. 3, p; 219-25, jul./set. 2006. NAHAS, Markus Vinicius. Atividade física, saúde e qualidade de vida. Conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 5ª edição. Midiograf. Santa Catarina. 2010. NAHAS, Markus Vinícius. BARROS, Mauro. V. G. FRANCALACCI, Vanessa Lins. O pentáculo do bem estar: base conceitual para avaliação do estilo de vida de indivíduos ou grupos. Revista Brasileira de Atividade Física; Saúde. São Paulo, v. 5, n. 2, p. 48-59, 2000. NOBRE, Moacy Roberto Cuce. et al. Prevalência do sobre peso, obesidade e hábitos de vida associados ao risco cardiovascular em alunos do ensino fundamental. Rev Assoc Med Bras. São Paulo, v. 52, n 2, p. 118-124, 2006. NOGUEIRA, Ivan Daniel Bezerra. et al. Correlação entre qualidade de vida e capacidade funcional na insuficiência cardíaca. Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo, 2010. PIERON, Maurice. Conceitos de saúde em discursos contemporâneos de referência

151

‐ 126 ‐  

científica. Fitness Perfomance Journal. Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 10-17, jan./fev. 2004. PITANGA, Francisco José Gondim. Epidemiologia, atividade física e saúde. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, vol. 10, n. 3, p. 49-54, juj, 2002. SCLIAR, Moacyr. História do conceito de Saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 29-41, 2007. SEIDL, Eliane Maria Fleury. ZANNON, Célia Maria Lana da Costa. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Caderno de. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p.580-588, mar/ abr, 2004. SEGRE, Marco. FERRAZ, Flávio Carvalho. O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública. São Paulo, v. 31, n. 5, p. 538-42, 1997. SEGOVIA, J; BARTLETT, R. F; EDWARDS, A. C. The association between self-assessed health status and individual health practices. Can J Public Health. vol. 80. P. 32-7, 1989. SOÁREZ, Patrícia Coelho de; et al. Tradução para o português brasileiro e validação de um questionário de avaliação de produtividade. Rev. Panam. Salud. Publica/Pan Am. J. Public Health. vol 22. n 1, 2007. SOUZA, Maria de Fátima Marinho de. KALICHMAN, Artur Olhovetchi. Vigilância à saúde epidemiológica e qualidade de vida. Epidemiologia e Saúde. Medici. Rio de Janeiro, p. 467-476, 1994. SILVA, Wagner Dias da; ALMEIDA, Patrícia Alves de; SIMEÃO JR, Carlos Alberto. Estudo comparativo da percepção de qualidade de vida de mulheres praticantes e não praticantes de exercícios físicos. Edeportes.com. Buenos Aires. vol. 15. n. 148. Set. 2010. Disponível em:< http://www.efdeportes.com/efd148/estudo-comparativo-da-percepcao-de-qualidade-de-vida.htm> Acesso: 09 jun. 2012. STREETEN, Paul. Bem estar. In: SILVA, Benedicto (Org.). Dicionário de Ciências

Sociais. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas, p. 118-119, 1986. TAHARA, Alexander Klein, et. al. Aderência e manutenção da prática de exercícios em academias. Revista Brasileira de Ci. e Movimento. Brasília, v. 11, n. 4, p. 7-12, out./dez. 2003. VAISBERG, Mauro. MELLO, Marco Túlio, et al. O exercício físico e os aspectos psicobiológicos. Rev Bras Med Esporte, São Paulo, v. 11, n. 3, p.203-207, mai/jun, 2005. VAISBERG, Mauro. MELLO, Marco Túlio de. Exercícios na saúde e na doença. Manole. Barueri-SP. 2010. VIEIRA, José Luiz Lopes. PORCU, Mauro. ROCHA, Priscila Garcia Marques da. A prática de exercícios físicos regulares como terapia complementar ao tratamento de mulheres com depressão. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. Maringá, v. 56, n. 1, p. 23-28, 2007. VILARTA, Roberto; GONÇALVES, Aguinaldo. 2004. “Qualidade de vida - Concepções básicas voltadas à saúde”. In: Gonçalves, Aguinaldo e Vilarta, Roberto (Orgs.). Qualidade de vida e atividade física: explorando teorias e práticas. Barueri: Manole, p.27-62. VITTA, Alberto de. NERI, Anita Liberalesso, PADOVANI, Carlos Roberto. Saúde percebida em homens e mulheres sedentários e ativos, adultos jovens e idosos. Salusvita, Bauru, vol. 25, n. 1, p. 23-34, 2006. WHO. The World Health Organization Quality of Life Assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization. 1995. Social Science and Medicine 41(10):1.403-1.409. ______________________________________ 1 – Cláudio José Monteiro da Costa. PPGCS, Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. [email protected] 2 – Flávio Henrique Ferreira Barbosa. PPGCS, Universidade Federal do Amapá – UNIFAP.

152