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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE FUTEBOL AMERICANO NA CIDADE DE NATAL RN HEITOR LUIS DE MEDEIROS VARELA NATAL/RN DEZEMBRO/2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE FUTEBOL

AMERICANO NA CIDADE DE NATAL – RN

HEITOR LUIS DE MEDEIROS VARELA

NATAL/RN

DEZEMBRO/2020

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HEITOR LUIS DE MEDEIROS VARELA

Trabalho de Conclusão de Curso

Monografia apresentada como trabalho de conclusão de curso do curso de Educação Física – Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professor orientador: Ricardo Santos Oliveira

NATAL

DEZEMBRO/2020

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SUMÁRIO

1. RESUMO ................................................................................................. 5

2. ABSTRACT ............................................................................................. 6

3. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 7

3.1 Problema ............................................................................................ 9

4. JUSTIFICATIVA .................................................................................... 10

5. OBJETIVOS .......................................................................................... 11

5.1 Objetivo Geral .................................................................................. 11

5.2 Objetivos Específicos ....................................................................... 11

6. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 12

6.1 Futebol Americano ........................................................................... 12

6.1.1 Regras e o jogo ..................................................................... 12

6.1.2 Exigências e demandas do esporte ....................................... 13

6.1.3 Treinamento para o futebol americano .................................. 15

6.2 Lesão esportiva ................................................................................ 16

6.2.1 Lesões no futebol americano ................................................. 17

7. METODOLOGIA ................................................................................... 19

7.1 Caracterização do estudo ................................................................ 19

7.2 População e amostra ....................................................................... 19

7.3 Instrumentos .................................................................................... 19

7.4 Tratamento dos dados ..................................................................... 20

8. RESULTADOS ...................................................................................... 21

9. DISCUSSÃO ......................................................................................... 26

10. CONCLUSÃO ....................................................................................... 30

11. REFERÊNCIAS ..................................................................................... 31

12. APÊNDICES ......................................................................................... 39

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1. RESUMO

O futebol americano tem origem nos Estados Unidos, no século XIX e vem

ganhando popularidade ao redor do mundo. O esporte vem crescendo bastante

no Brasil nos últimos anos, contando com mais de 100 equipes registradas. Ele

é consideravelmente novo no nosso país, sendo um esporte agressivo e

altamente lesivo fisicamente para seus adeptos, na medida em que é um esporte

amador, traz consigo suas dificuldades na falta de investimento e preparação no

âmbito geral e isso acaba por aumentar os índices de lesão e a sua gravidade

nos atletas. O estudo teve como objetivo principal de identificar a prevalência de

lesões desportivas que acometem os atletas amadores de futebol americano na

cidade de Natal/RN. Foi utilizada como método uma pesquisa quantitativa de

objetivo descritivo, no qual, teve como base coletora de dados o questionário:

“Inquérito de morbidade referida” adaptada para o futebol americano, realizado

de forma online pela plataforma Google Forms. A investigação foi aplicada na

equipe do Bulls Potiguares que disputa a primeira divisão, com 37 atletas

referente a temporada 2019. Observou-se uma prevalência de lesões de 39% no

total da amostra. Os locais mais acometidos foram os joelhos, tornozelo, ombro

e coxa posterior. As posições de linebacker (60%) e wide receiver (57%)

registraram a maior proporção, na medida em que a maioria das lesões ocorre

durante o contato entre tackleador (que derruba o atleta com a bola) e tackleado

(que possui a bola e recebe o tackle). No entanto não foi encontrado efeito

relacionado à idade, peso, tempo de treinamento semanal e experiência de anos

jogados no esporte nas lesões dos atletas. Foi concluído que a prevalência de

lesão foi baixa se comparada a outros estudos que compararam atletas na

mesma liga, com apenas 39% dos jogadores reportando lesão e a maior parte

delas foi de moderada a grave quanto ao tempo perdido após o acometimento.

Palavras-chave: Futebol americano, lesões, atletas amadores

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2. ABSTRACT

American football (AM) originated in the United States in the 19th century and

is gaining popularity around the world. In Brazil, AM has increased considerably in

in recent years, with more than 100 teams playing in the national league. AM is

considered an aggressive and physically demanding sport in which there may be

a high likelihood of injuries and the amateur reality of sport increases the rates and

severity of injuries in AM. The main objective of the study was to identify the

prevalence of injuries in amateur football players in Natal / RN. A quantitative

research with a descriptive characteristic was used. For this, an online

questionnaire “inquérito de morbidade referida”, adapted to AM was applied using

Google Forms. The investigation was conducted in a team that disputes the first

division (BFA), with 37 athletes who played in the 2019 season. The results

showed a prevalence of injuries of 39% in the total sample. The most affected body

parts were the knees, ankles, shoulders, and posterior thighs. Linebackers (60%)

and wide receivers (57%) where the positions that registered the largest

proportion. The majority of occurrences occur during a contact between the tackler

and the tackler. No effect of age, weight, weekly training time and experience of

years played in the sport on injuries was observed. We concluded that the

prevalence of injury was low when compared to other studies that compared

athletes in the same league, with 39% of the players reporting injury and most of

them were moderate to severe in terms of time lost after being affected.

Keywords: American Football, Injuries, amateur athletes

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3. INTRODUÇÃO

O futebol americano tem origem nos Estados Unidos, no século XIX, Ele

“nasceu” em 1869 com a partida entre as universidades de Rutgers e Princeton,

que se parecia mais uma bagunça com regras parecidas com a do rugby e

futebol. Nas décadas seguintes, as regras do futebol americano foram mais bem

definidas, se distanciando dos seus “primos” rugby e futebol, em 1876 Walter

Camp escreveu o primeiro livro de regras, ele é conhecido como o pai do esporte

(NFL, 2013; KELLY, 2017). Desde então, o esporte mudou radicalmente as suas

regras e formato, se distanciando do rugby e futebol, com a adoção e de várias

regras, entre elas: o sistema de downs (jogadas que param e depois reiniciam

após os times se organizarem), 11 atletas por jogada em cada equipe, o uso dos

equipamentos como capacetes e shoulder pads (ombreiras), a invenção do

passe para frente e outras regras que tornaram o jogo mais aberto e com maior

uso do campo (KELLY, 2017).

O futebol americano vem ganhando popularidade ao redor do mundo, com

a copa do mundo sendo realizada desde 1999, contando com cinco edições. Em

países como Alemanha, Japão, México e França, o esporte está em estado

avançado, exportando atletas para universidades e ligas profissionais nos EUA

e Canadá (AMERICAN FOOTBALL INTERNATIONAL, 2018).

O Esporte chegou ao Brasil na década de 80, nas praias do Rio de

Janeiro, com uma bola trazida dos EUA e pessoas que acompanhavam o esporte

pela televisão ou vinham de intercambio nos Estados Unidos. Em 2000, no

mesmo local, ocorre o campeonato de futebol americano mais antigo do Brasil,

o Carioca Bowl. A Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) foi

criada em 2013 (COSTA, BUENO e RODRIGUES, 2018) e hoje conta com mais

de 100 equipes registradas e 32 na primeira divisão (a BFA).

A maioria dos times brasileiros possui um aspecto em comum: o

surgimento com um grupo de amigos que assistem futebol americano, começa

a praticar de forma recreativa e, logo depois, formam uma equipe. A maioria

absoluta dos atletas dessas equipes são amadores. Eles jogam por diversão,

pela emoção da competição, treinam nos finais de semana e estudam, ou

possuem um emprego fixo por fora do esporte (COSTA, BUENO e RODRIGUES,

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2018). O cenário brasileiro é diferente dos EUA, onde o esporte é

profissionalizado e movimenta bilhões de dólares anualmente e está enraizado

na cultura norte-americana.

Uma equipe para competições nacionais no Brasil possui em média 60

atletas nos elencos, a temporada acontece entre julho e dezembro, com

intervalos de 2 a 3 semanas entre as partidas, que ocorrem aos sábados e

domingos. Uma partida possui 4 quartos de 12 minutos, durando em média 3

horas, devido aos intervalos. O número total de snaps (jogadas) varia entre 130

a 170 a cada jogo (CBFA, 2019).

No que diz respeito às demandas físicas, o esporte tem característica

acíclica, e tem como fonte enérgica principal a creatina-fosfato e sistema

glicolítico anaeróbico. Possuindo como principais exigências a força, velocidade

e principalmente potência anaeróbica, sendo notável que os atletas não

possuem um sistema cardiovascular tão desenvolvido quanto o de outros

esportes (PINCIVEIRO e BOMPA, 1997).

Dessa forma, o treinamento visando o aumento do desempenho é feito

utilizando vários movimentos de potência multi-articular, integrando a parte

superior e inferior do corpo. Exemplos de exercícios utilizados são o Power

Clean, Snatch, saltos com contra movimento, sprints com sleds, supino reto,

agachamento livre, entre outros (SMITH et. al, 2013). Vários estudos reportaram

que a melhora da força, tamanho e potência podem predizer o sucesso dentro

de campo (BLACK e ROUNDY, 1994).

O esporte pode apresentar altos índices de lesão, devido à natureza de

um esporte de colisão. No nível universitário, foi estimado o número de 9.2

lesões por 100 atletas (KERR et. al, 2015). Um estudo encontrou uma

prevalência de 46.6% de lesões em atletas dentro de 1 ano de participação

dentro do nível universitário nos EUA (CANALE et. al, 1981). Alguns estudos

recentes verificaram a presença de lesões em atletas de futebol americano no

nosso país até o presente momento, e um deles encontrou a incidência de 1,67

lesões por jogador e que 49% tiveram lesões (COMERLATO FILHO, 2019) e

outro 1,20 lesões por jogador e 69% da amostra possuindo lesões (HENGLES

et al., 2016).

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Um estudo realizado pelo Football Outsiders relacionou os índices de

lesões com a posição que o jogador atua, e encontrou que a principal lesão que

faz os jogadores de todas as posições perderem jogos, é a de rompimento no

LCA ou outro problema no joelho. Já entre os jogadores de linha, as mais

comuns são as lesões nas costas e tornozelos. Para os recebedores são as

lesões de posteriores de coxa e ombro (BINNEY, 2015).

As posições em que os atletas atuam, exigem movimentos e

composições corporais diferentes o que pode levar a diferente prevalência de

lesões entre os jogadores. Sendo os jogadores de linha com movimentos mais

de empurrar e segurar o adversário em distâncias curtas, com um peso a alturas

elevadas (1,85m/130kg). Enquanto os corredores e recebedores atuam correndo

em alta velocidade com menor tamanho em campo aberto (DEMARTINI et. al,

2011). Um estudo feito com atletas finlandeses mostrou que os atacantes

possuem maiores índices de lesão que os defensores, e que as posições mais

perto do meio (Linhas, Running Backs e Linebackers) eram as mais sujeitas a

sofrerem lesões (KARPAKKA, 1993).

3.1 Problema

O presente trabalho busca verificar o perfil das lesões esportivas e a

prevalência delas dentro dos atletas amadores praticantes de futebol americano

na cidade de Natal/RN.

Adamczyk e Luboiñski (2002), definem a lesão esportiva como um termo

para todos os tipos de dano recebido durante uma atividade esportiva, que cause

a ausência em treinos ou jogos, sucedido da necessidade de tratamento médico.

Prevalência de lesões é o número que representa a quantidade de indivíduos

que reportam uma lesão e a proporção de lesões é o número de atletas que

reportaram terem sofrido lesões dividido pelo total de participantes do grupo

(BUENO et.al, 2018).

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4. JUSTIFICATIVA

O presente estudo se justifica nos grandes relatos de lesões no esporte

reportado na literatura internacional e nacional. As altas taxas de lesão acabam

colocando a temporada das equipes em risco, uma vez que atletas lesionados,

por não treinarem/jogarem acabam por afetar o desempenho das respectivas

equipes nos campeonatos. Entender esse fenômeno no contexto brasileiro se

faz importante sendo que foram realizados poucos estudos no Brasil que

objetivaram investigar leões no futebol americano e nenhum foi feito no estado

do Rio Grande do Norte. Tal entendimento é importante uma vez que os atletas

brasileiros se diferenciam bastante dos que atuam nos EUA devido a realidade

amadora do esporte em terras nacionais. Entender melhor como acontecem e

quais as características das lesões é crucial para trabalhar um plano de redução

das mesmas.

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5. OBJETIVOS

5.1 Objetivo Geral

Descrever a prevalência de lesões nos atletas de Futebol Americano da cidade

de Natal.

5.2 Objetivos Específicos

Verificar a influência da posição dos jogadores sobre as lesões;

Verificar os fatores associados as lesões como tempo de treino e idade;

Identificar se as lesões são reincidentes;

Analisar quais as regiões do corpo são mais acometidas por lesões;

Estabelecer qual o mecanismo mais causador de lesões.

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6. REVISÃO DE LITERATURA

6.1 Futebol americano

O futebol americano é um esporte de colisão, caracterizado por períodos

de esforços de alta intensidade, separados por breves períodos de recuperação

(WARD et. al, 2018).

No começo do século XX o esporte era conhecido por ser muito violento

e na maioria das vezes o jogo era visto com vários atletas em um curto espaço,

sem muito dinamismo, essa forma levaram a várias mortes no começo do século

XIX, o que levou a mudanças bruscas nas regras, visando a continuidade do

esporte. O passe para frente e mudanças nas regras de alinhamento, tornaram

o jogo mais aberto e o uso da velocidade e táticas em detrimento somente à

força. Nas décadas seguintes o jogo foi evoluindo até se tornar o favorito dos

EUA e alcançar o topo dos índices de audiência dos anos 70 em diante (NFL,

2013).

6.1.2 Regras e o Jogo

Hoje o jogo no nível profissional e universitário possui 4 quartos de 15mim

(no Brasil, são 4 de 12mim). O objetivo principal do jogo é a conquista de território

do adversário. A pontuação máxima é o Touchdown, quando a equipe entra na

área final do adversário com a posse de bola, e por esse feito, ela conquista 6

pontos. O jogo pode ser definido e separado com uma campanha de jogadas.

Na medida em que cada equipe possui a posse de bola e deve conquistar 10

jardas em no máximo 4 tentativas para poder manter a posse e atingir a zona de

pontuação ou devolver a bola para a outra equipe caso não consiga avançar. A

bola pode ser avançada através do passe para frente ou da corrida (quando é

passada para trás ou entregue a um companheiro) ( KELLY, 2017).

Os jogadores atuam ou no ataque ou na defesa, raramente atuando nos

dois (HOFFMAN, 2008). A defesa evita o avanço do ataque ao: derrubar o

atacante que possui a bola (ação conhecida como tackle) ou empurrá-lo para

fora de campo, impedir que um passe para frente seja completo ao desviar ou

interceptar ou por roubar a bola da mão de um carregador da bola. O papel dos

atacantes que não estão com a bola é de bloquear os defensores e permitir

assim o avanço de quem está com ela.

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São 11 jogadores em cada time dentro de uma jogada, na medida em que

cada uma delas dura em média, 5 a 6 segundos (HOFFMAN, 2008). Existem

vários esquemas ofensivos e defensivos que possuem o objetivo de avançar no

caso do ataque, criando ou atacando espaços dentro do campo e de neutralizar

o avanço no caso da defesa, que deseja fechar esses espaços.

6.1.3 Exigências e Demandas do Esporte

O futebol americano é um esporte de colisão, onde uma equipe possui o

objetivo de bloquear e avançar a bola pelo campo do adversário e a outra de

derrubar quem a possui. Devido à essas demandas, ele exige essencialmente

grande massa e boa composição corporal para a execução das atividades

(HOFFMAN, 2008; VITALE et, al., 2016) sendo bem semelhante ao rugby nesse

quesito (SOARES, SILVA e LIBERALINO, 2017).

Graças à natureza do esporte que se caracteriza pela disputa por espaço,

quem percorre esse espaço com maior velocidade ou chega primeiro, tem

vantagem dentro do jogo sendo crucial a força de membros superiores e

inferiores e principalmente potência (IGUCHI et. al, 2018). Uma das capacidades

mais valorizadas e importantes é a taxa de desenvolvimento de força, pois o

esporte requer a execução de rápidos movimentos, mas com tempo limitado para

tal, devido a necessidade de fazer isso antes que o adversário (SUCHOMEL;

NIMPHIUS, STONE, 2016).

A natureza intrínseca de contato dentro do esporte, é claramente refletida

pelos níveis de creatina quinase (CK) (marcador de dano muscular) que se

elevam bastante após os jogos ou períodos de treinamento. No entanto, dentro

do decorrer da temporada os níveis de CK é reduzida, demonstrando uma

adaptação fisiológica dos atletas frente aos repetidos contatos, o que permite

que eles suportem a prática de vários jogos dentro do período competitivo

(HOFFMAN, 2008).

O esporte exige muita movimentação de todos os envolvidos, seja para

atacar e avançar a bola ou para impedir esse avanço. Um estudo encontrou que

as distâncias médias percorridas pelos atletas de futebol americano dentro de

um treino (2938m) são bem menores que a de esportes semelhantes como o

rugby e futebol australiano (DEMARTINI et. al, 2011).

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Mas diferentes posições requerem diferentes demandas, e o estudo de

DeMartini e colaboradores (2011) encontrou que os jogadores de linha

percorrem menores distâncias com uma velocidade reduzida devido a sua

responsabilidade no esporte, que é de bloquear e empurrar o oponente e isso

ocorre em um curto espaço. No entanto, esses jogadores executam um maior

número de movimentos específicos ou técnicas (WARD et. al, 2017). Enquanto

os não linhas percorrem maior distância total e com velocidades mais altas,

devido a necessidade de correrem para receber ou marcar (DEMARTINI et. al,

2011; WARD et. al, 2017).

Os wide receivers (recebedores) e defensive backs (defensores que

marcam os recebedores) são os grupos que alcançaram as maiores velocidades

máximas, número de sprints e esforços de aceleração/desaceleração em

comparação as outras posições do jogo no nível universitário, indicando a

necessidade de especificidade no treinamento posicional para esses grupos em

relação à velocidade (WELLMAN, 2016).

No esporte, cada grupo posicional possui demandas fisiológicas e

biomecânicas diferentes, sendo relacionadas diretamente com aspectos

técnicos e exigências táticas (HOFFMAN, 2008). Onde diante da característica

do esporte de possuir rápidos e intensos esforços (2 a 5 segundos) e um

reduzido período de recuperação (25 a 35 segundos), os sistemas que possuem

maior contribuição para gerar energia são o da Creatina Fosfato e a glicólise

anaeróbica (PINCIVERO e BOMPA, 1997; HOFFMAN, 2008) se distanciado de

esportes como o futebol que dependem mais da capacidade aeróbica (PRAÇA,

MORALES e GRECO, 2017).

Em consequência à natureza do jogo, os melhores jogadores possuem

maior massa corporal e potência em relação aos mais inferiores (GILLEN et

al.,2019). Um estudo comparou atletas amadores de futebol americano na Itália

com os atletas da NFL e todos possuíam pior composição corporal, força,

velocidade, peso e altura em relação aos da NFL com dados medidos pelo

combine (VITALE et, al., 2016). Jogadores de linha tradicionalmente têm mais

de 120kg e 1,90m de altura dentro dos níveis universitário e profissional nos

EUA, o que reflete novamente a sua responsabilidade dentro do jogo.

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Uma das baterias de testes mais famosas para se avaliar as capacidades

físicas dos atletas é o Combine, na medida em que tradicionalmente os

treinadores se utilizam das medidas de peso, altura, velocidade e potência para

selecionarem seus atletas. Ele consiste de testes como o tiro de 40 jardas para

verificar a velocidade e aceleração linear em uma curta distância, salto vertical e

horizontal para analisar a potência relativa dos membros inferiores, supino reto

para força de membros superiores e testes como o shuttle para verificar a

mudança de direção (VITALE et, al., 2016; KUZMITS e ADAMS, 2008). O

desempenho nesses testes permite aos treinadores analisar os atletas que

possuem maior chance de ter destaque no esporte (HEDLUND, 2018).

6.1.4 Treinamento para o Futebol Americano

A periodização do treinamento para desenvolvimento das capacidades

físicas dentro do futebol americano possui um perfil bem característico. A

temporada de jogos é bem curta em comparação ao período de pré-temporada

e fora de temporada (COMERLATO FILHO, 2019).

Durante muito tempo a melhor forma de realizar a periodização para o

treinamento era a forma linear (KRAEMER et al., 2015) visando atingir o pico de

desempenho durante o período de jogos com o aumento gradual da intensidade

e diminuição do volume ao longo da temporada. No entanto, como os treinos

exigem constantes colisões e disputas com alto nível de exigência física, a

preparação não poderia ser focada com o ápice apenas no período competitivo.

Pois se colocaria em risco a integridade dos atletas dentro dos treinamentos.

Com isso, a abordagem de periodização ondulatória surge atualmente como

uma das melhores formas de trabalhar esses atletas (KRAEMER et al., 2015).

É desejado que os atletas aumentem sua massa muscular para aguentar

as colisões intrínsecas do esporte, então em algumas fases do treinamento, é

incentivado o uso de alto volume visando a hipertrofia como consequência

secundária. Isso é bem diferente de outros esportes como o futebol e lutas onde

se deseja que os atletas sejam mais fortes e potentes, mas sem alterar bastante

sua composição e massa corporal (IGUCHI et. al, 2018).

Page 16: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

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No Brasil, o esporte vem crescendo exponencialmente ano a ano, assim

como o perfil de quem pratica, no começo a realidade era de lazer e recreação

para todos os praticantes, mas nos últimos anos, algumas equipes vêm contando

com atletas que se dedicam exclusivamente para o esporte (COSTA, BUENO e

RODRIGUES, 2018). No entanto, a maioria absoluta dos clubes e jogadores é

amadora e assim a preparação deles é feita de forma aleatória, sem existir uma

sistematização por profissionais capacitados ou dentro de ambientes

estruturados de treinamento. Essa realidade amadora acaba por criar um

ambiente bastante propício para o desenvolvimento e agravamento de lesões no

esporte, pois o treinamento físico específico e o tratamento dos atletas são bem

pobres, como bem evidenciado em estudos nacionais (COMERLATO FILHO,

2019; HENGLES et al., 2016; SANTOS, MACENA e SIMÕES, 2019).

6.2 Lesão Esportiva

Uma lesão esportiva é definida como todos os tipos de dano recebido

durante uma atividade esportiva, que cause a ausência em treinos ou jogos,

sucedido da necessidade de tratamento médico (ADAMCZYK e LUBOIÑSKI,

2002). Partindo do princípio de que o futebol americano se trata de um esporte

de colisão, a definição de Fuller e colaboradores (2007, p.2) para o que seria

lesão em esportes de colisão como o rugby:

Qualquer reclamação física causada por uma transferência de energia que

excedeu a capacidade do corpo de manter sua integridade estrutural e/ou

funcional, sofrida por um jogador durante uma partida de rugby ou treinamento

de rugby, independentemente da necessidade de atenção médica ou perda de

tempo no esporte. Uma lesão que resulta em um jogador recebendo assistência

médica é referida como uma lesão de 'medical-attention' e uma lesão que resulta

em um jogador incapaz de participar completamente no treinamento de Rugby

ou partida como lesão de "time loss".

Nos esportes coletivos, os esportes com maiores índices e severidade de

lesões são os coletivos com contato físico em comparação com os esportes

individuais (PARVEEN, 2018), onde o futebol americano é o esporte onde as

lesões são mais comuns em relação a outros esportes (BUSAFI, JUFAILI e

WARDI, 2018), um estudo encontrou em atletas amadores de futebol americano

Page 17: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

17

na Alemanha que 54,7% das lesões ocorrem nos treinamentos e 46,1% em jogos

(GEßLEIN et al., 2019).

É importante avaliar o cenário amador e principalmente no nosso país com

relação a outros esportes para tentarmos traçar um paralelo. Um estudo com

atletas amadores de futebol mostrou que a prevalência de lesões ficou em 73%

(PINTO, 2018) e em outro variou de 64% a 53% (GONÇALVES et al., 2015) com

lesões acontecendo mais nos membros inferiores, fato este que acontece

também no basquetebol, que um estudo com atletas sub-23 e amadores,

apresentou que os joelhos e tornozelos são os locais mais acometidos (NETO,

TONIN e NAVEGA, 2013).

No rugby, que possui condições bem semelhantes ao futebol americano

no que se refere as colisões dentro do jogo, foram encontrados uma prevalência

de 58,3% (SOARES, SILVA e LIBERALINO, 2017) e 56,5% (TOLEDO,

EJNISMAN e ANDREOLI, 2015) dentro do cenário amador nacional e que a

maioria delas ocorrem após o contato com outro atleta ou no ato do tackle

(derrubar o oponente com a bola).

6.2.1 Lesões no Futebol Americano

Devido as características inatas ao esporte, o futebol americano conta

com altos índices de lesões, onde lesões derivadas de contato com outro atleta

são responsáveis por 47-57% das lesões nos membros inferiores. E as lesões

sem contato representam de 14 a 30% das lesões em competição e

treinamentos, respectivamente (KERR et. al, 2016). No entanto, lesões de

tornozelo em ações sem contato, representam os maiores índices nessa região

do corpo em atletas universitários e do ensino médio (CLIFTON et, al., 2016).

Um estudo investigou a força isocinética de atletas de futebol americano

no Brasil, e encontrou altos níveis de desequilíbrio muscular. Além disso, o

mesmo estudo mostrou que os brasileiros estão abaixo dos norte-americanos

em termos de capacidade na produção de torque nos músculos da coxa

(SILVEIRA et. al, 2017) o que aumenta a probabilidade de desencadear lesões

nos membros inferiores em situações sem contato (CROISIER et. al, 2008).

Page 18: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

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Outros estudos encontraram que atletas mais fortes nos membros inferiores,

possuem menores índices de lesões em esportes coletivos em comparação aos

atletas mais fracos e maior nível de desempenho (SUCHOMEL; NIMPHIUS e

STONE, 2016; LEHANCE et. al, 2008) e que os atletas que se preparam

fisicamente, possuem menores índices de lesões em comparação aos que não

se preparam (COMERLATO FILHO, 2019).

A principal diferença entre os atletas da primeira e segunda divisão do

futebol americano universitário no Japão, foi em questão de massa corporal e

força (IGUCHI et. al, 2018), resultados semelhantes foram encontrados nos

Estados Unidos, onde a habilidade para escapar de um tackle e a execução de

algumas habilidades, requerem potência e força muscular de membros

superiores (HRYSOMALLIS, 2010).

Vários estudos analisaram lesões no futebol americano em diferentes

níveis (TYLER et al., 2006; SAMPSON et al., 2018; CLIFTON et al., 2016),

relacionando com o tempo de prática (MCCUNN et al., 2017) e também com a

posição em que atuam (MCCUNN et al., 2017). Uma revisão produzida por

Teixeira e colaboradores em 2017 verificou que os membros inferiores são os

mais acometidos (TEIXEIRA et al, 2017) e que as partes mais prejudicadas por

lesões são joelhos, pés, quadris, ombro e mãos (WANG et al., 2018). Os joelhos,

tornozelos, ombros e posteriores de coxa são as partes anatômicas mais

acometidas pelas lesões e que a maioria das lesões são leves ou moderadas

(CANALE et, al., 1981).

Nos últimos anos a maioria dos estudos vem procurando lesões cerebrais

decorrente das pancadas sofridas no jogo e seus efeitos (REALMS et al., 2017;

LYNALL et al., 2017). O estudo de Krill e colaboradores (2018) investigou o efeito

de concussões cerebrais em lesões em membros inferiores de jogadores

universitários, e encontrou diferenças na resposta entre diferentes posições.

Page 19: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

19

7. METODOLOGIA

7.1 Caracterização do Estudo

Esse foi um estudo transversal que objetivou descrever o percentual de

atletas amadores de futebol americano que se lesionaram. Para isso, as lesões

foram investigadas usando um questionário em jogadores amadores desse

esporte da cidade de Natal com referência da temporada de 2019.

7.2 População e Amostra

A amostra foi composta de atletas atualmente ativos de futebol americano

na cidade de Natal no estado do Rio Grande do Norte, com a equipe que disputa

a Liga Nacional da modalidade na primeira divisão (Bulls Potiguares), com idade

entre 18 e 36 anos, todos do gênero masculino.

A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da UFRN, com

o CAAE de 35194119.5.0000.5537.

7.3 Instrumentos

Foi aplicado um questionário: o inquérito de morbidade referida, adaptado

para o futebol americano (RAVAZI, VENÂNCIO e GOIS, 2018), para saber os

locais de lesão, como ocorreu a lesão e o tempo que a lesão ocorreu até que o

atleta se recuperasse. Considerando lesão para o estudo, aquela que cause a

ausência em treinos ou jogos, sucedido da necessidade de tratamento médico.

Para aplicação do questionário foi utilizada a plataforma eletrônica Google

Forms. Para isso, o questionário e termos de consentimento foram inseridos na

plataforma. Sigilo foi obtido e os participantes fizeram a assinatura do termo livre

e esclarecido de forma online quando tomaram conhecimento dos objetivos do

estudo (apresentados nos termos). Nome e data de nascimento foram obtidos

para identificação única dos participantes. A planilha de análise, no entanto,

contém apenas um código aleatório gerado pelo responsável pela pesquisa.

Para recrutamento para participação, a pesquisa foi divulgada em redes sociais

e contato com o clube participante.

Com o objetivo de investigar os determinantes das associações obtidas,

os seguintes dados foram coletados: idade em anos, altura e massa corporal

Page 20: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

20

auto relatada. Além disso, o tempo de prática em anos e o total de treino semanal

foram obtidos visando investigar a ocorrência de lesões por horas praticadas.

7.4 Tratamento dos Dados

Médias, desvio padrão e frequências foram usadas para caracterização da

amostra. A prevalência de lesões foi obtida usando medidas de proporção. O

teste de Shapiro-Wilk foi usado para verificar a normalidade dos grupos (com e

sem lesão) com o intuito de verificar o tipo de lesão, efeito da idade e efeito do

tempo de prática. Foi aplicado o teste t para realizar a comparação dos grupos

para os dados normais e o teste de Mann-Whitney para os dados com

distribuição assimétrica. Para a comparação dos grupos de tempo de prática e

horas de treino semanal relativo às categorias, foi utilizado o teste do chi-

quadrado. As análises foram feitas em software estatístico Bio-estat 5.0. Para a

avaliação estatística, se utilizou o valor de p<0,05 como nível de significância.

Page 21: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

21

8. RESULTADOS

A amostra contou com 37 atletas amadores praticantes de futebol

americano na cidade de Natal/RN. O perfil dos atletas é apresentado na tabela

1.

Tabela 1. Perfil dos atletas selecionados na amostra.

Média Desvio Padrão Máximo Mínimo

Idade (anos) 26,20 5,01 40,00 19,00

Estatura (metros) 1,78 0,07 1,95 1,63

Massa corporal (quilos) 90,00 21,06 153,00 65,00

Frequência de treino (dias) 2,40 0,91 6,00 1,00

Em relação aos relatos de lesão esportiva, 15 relataram ter sofrido lesão

dentro da temporada, sendo assim 39% da amostra e 22 (61%) não relataram ter

sofrido. Dentre esses 15 foram informadas 36 lesões de acordo com os locais

anatômicos, na medida em que cada atleta só podia relatar no máximo cinco

lesões, dentre eles os mais comuns foram: joelho, ombro, lombar e posterior de

coxa (mostrados na figura 1).

Figura 1. Quantidade de lesões por região anatômica.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

Ombro Joelho Lombar Tornozelo CoxaPosterior

Punho Outros

Po

rcen

tage

m d

e re

lato

s re

lati

vo a

o n

úm

ero

to

tal d

e le

sões

Page 22: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

22

A figura 2 mostra a quantidade de lesões por posições. Duas posições

não contaram com lesões relatadas (kicker/punter que são os chutadores e os

quarterbacks (QB), que lançam a bola no ataque).

Figura 2. Número de atletas lesionados por posição

Já quanto ao mecanismo lesivo, o principal foi o de contato na ação de

dar ou receber o tackle (derrubar o atleta com a bola), seguido pelo jogo de

contato entre as linhas ofensivas e defensivas, como mostrado na figura 3.

DB DL K/P LB OL QB RB WR

mer

o d

e at

leta

s

Possuíam lesões Não se lesionaram

Page 23: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

23

Figura 3. Mecanismo causador das lesões

As lesões foram classificadas em leve, moderadas e graves, como

mostrado na figura 4:

Figura 4. Porcentagem em relação à gravidade das lesões.

Em relação a reincidência, mostrou-se que 44% das lesões voltaram a

acontecer em um momento posterior e 56% não aconteceram novamente entre

os sujeitos (figura 5).

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Contato no tackle Campo aberto Linhas Outros Sem contato

Po

rcen

tage

m d

e re

lato

s

36%

42%

22%

Leves Moderadas Graves

Page 24: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

24

Figura 5. Porcentagem relativa à reincidência das lesões.

Comparando os atletas que sofreram lesão com os que não sofreram,

comparamos as medidas de idade, peso, tempo de treinamento, frequência

semanal e horas de treino por semana. Elas são mostradas na tabela 2:

Tabela 2. Comparação de dados entre o grupo que relataram lesão e dos

que não relataram.

Grupo com

Lesão (n=15)

Grupo sem

lesão (n=22) p

Idade (anos) 27 ± 5,49 25,8 ± 4,30 0,60

Tempo de treinamento

Entre 1 e 3 anos

Entre 3 e 5 anos

Mais de 5 anos

27% (4)

40% (6)

33% (5)

60% (13)

22% (5)

18% (4)

0,99

Frequência semanal (dias) 2,53 ± 1,32 2,36 ± 0,63 0,28

Horas de treino por semana

Entre 1h – 2h

Entre 2h – 4h

Mais de 4h

20% (3)

33% (5)

47% (7)

28% (6)

54% (12)

18% (4)

0,94

Peso (quilos) 94,5 ± 24,2 87,3 ± 19,41 0,15

44%

56%

Reincidentes Não reincidentes

Page 25: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

25

Não houve diferença (p = 0,61) estatística entre os grupos dos atletas que

possuíram lesão com os que não relataram ter sofrido para a relação à idade.

Também não houve diferença (p = 0,29) para a frequência semanal. Da mesma

forma, não houve diferença para a prevalência de lesões (p = 0,99) entre os

grupos de tempo de treino e horas de treino por semana (p = 0,94).

Page 26: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

26

9. DISCUSSÃO

O objetivo do estudo foi verificar o perfil das lesões em atletas de futebol

americano de Natal/RN. Os principais achados do estudo foram: que os

principais tipos de lesão ocorrem nos membros inferiores e ombro. Na medida

em que o principal mecanismo causador de lesão é o contato direto entre o

tackleador e o tackleado seguido pelo jogo nas linhas. Outro achado foi que não

existiu diferença com relação à idade nos grupos lesão com o não lesão. E por

último achamos que as posições possuem uma influência com relação aos

índices de acometimento, visto que os recebedores e os linebackers possuíram

os maiores números em comparação aos corredores, lançadores e chutadores.

É interessante destacar a prevalência de atletas lesionados dentro do

nosso grupo de atletas, que ficou em 39%, abaixo dos níveis encontrados em

outros estudos, na medida em que um encontrou a prevalência de 49% em

atletas amadores na Bahia (COMERLATO FILHO, 2019) e outro registrou 69%

da amostra com atletas nacionais apresentando lesões (HENGLES et al., 2016).

Esses dados representam um espectro bem amplo em diferentes estados do

Brasil, com possíveis diferentes realidades de treino e competição. Os achados

do nosso estudo levam aos treinadores do nosso estado a evitarem que a

prevalência de lesões aumentarem além dessa faixa dentro de suas equipes,

podendo utilizar esse valor como limiar. Indicando assim uma revisão no

programa de prevenção de lesões caso o número esteja acima, diferentemente

de outros locais que possuem uma prevalência maior.

Nossos achados mostram que as regiões anatômicas mais acometidas

foram joelhos, tornozelos, ombro e coxa posterior, indo na mesma linha que

indica que as principais lesões no futebol americano são nos membros inferiores

(joelho, tornozelo e coxa) e ombros (TEIXEIRA et al, 2017; BEAULIEU-JONES

et, al., 2017). Isso está diretamente ligado aos contatos que são feitos nessa

região, além das fortes mudanças de direção e sprints repetidos, que estressam

os membros inferiores, sendo bem relacionado a outros estudos nacionais que

verificaram esses locais como os de maior acometimento (COMERLATO FILHO,

2019; HENGLES et al., 2016). É importante utilizar esses dados para os

preparadores físicos construírem os programas de treinamento físico que visem

reduzir os riscos de lesões. Pois os mesmos devem focar nos membros

Page 27: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

27

inferiores, principalmente joelhos e tornozelos principalmente no que se diz

respeito à estabilidade dessas articulações durante o contato com outros atletas.

No nosso estudo, verificou que o valor total das lesões sem contato ficou

em 15%, em paralelo ao estudo de Kerr e colaboradores (2017) que se verificou

que lesões sem contato representam de 14 a 30% das lesões em competição e

treinamentos, respectivamente. No presente estudo, todos os atletas que se

machucaram sem contato pertencem aos grupos de velocistas, como os

recebedores (wide receivers), corredores (running backs) e os que marcam os

recebedores (defensive backs). Isso indica que a preparação desses atletas

deve ter um grande foco na mudança de direção e capacidade de suportar

cargas repetidas de sprints, além na técnica de aterrissagem pós saltos.

Quanto à gravidade, nossa amostra trouxe 36% relatando lesões leves.

Esse achado é menor que o reportado com atletas universitários que revelou que

72% das lesões foram leves (CANALE et, al., 1981). Já as lesões graves

representaram 22% no nosso e 9,3% no estudo de Canale e colaboradores

(1981). Os dois estudos delimitaram a gravidade da mesma forma, sendo leve

com menos de 7 dias de ausência de atividades, e mais de 21 dias como sendo

grave. Um fator que pode explicar isso é a falta de preparação e cuidados pós

lesão dos atletas amadores do Brasil. Esses muitas vezes não conseguem

treinar e seguir de fato uma rotina de recuperação por falta de um treinador

específico para a parte física e um departamento médico. Assim, quando se

lesionam passam mais tempo sem poder retornar as atividades, pois o

tratamento da lesão foi feito de maneira mais lenta ou as vezes nem foi feito e o

dano foi mais grave.

As posições que tiveram maior prevalência de lesões dentro da nossa

amostra foram os linebackers (60%) e recebedores (com 57%), isso corrobora

em partes com um estudo feito com atletas finlandeses que mostrou que os

atacantes (setor dos recebedores) possuem maiores índices de lesão que os

defensores, e que as posições mais perto do meio (linhas, running backs e

linebackers) eram as mais sujeitas a sofrerem lesões (KARPAKKA, 1993). Os

nossos achados foram divergentes aos de atletas baianos na temporada 2018,

o quais os dois grupos mais acometidos foram os running backs e linha defensiva

(COMERLATO FILHO, 2019). Como a amostra foi pequena dentro das posições,

Page 28: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

28

não conseguimos encontrar de fato uma associação entre as posições e os

índices de lesão. Mas podemos traçar o paralelo dos recebedores estarem entre

os principais, pois o estilo de jogo no Nordeste passa pela grande participação

dos recebedores para avançar com a bola através do jogo aéreo e assim, eles

entram mais em campo e acabam por tocar mais vezes na bola em comparação

aos corredores e assim, possuem uma maior exposição ao contato. Já os

linebackers estão no meio das linhas e sofrendo intensas colisões (bloqueios dos

atacantes) e possuindo a responsabilidade de derrubar os corredores (o maior

mecanismo lesivo de acordo com nosso estudo).

Outro grupo com bastante relato foi o dos defensive backs, sendo um

resultado bem semelhante a outro estudo que avaliou atletas alemães, que

possuem uma realidade semelhante quanto à rotina de treinos e jogos (com

atletas amadores) a da nossa amostra (GEßLEIN et al., 2019) e isso pode ser

atribuído a alta velocidade e constantes mudanças de direção para marcar os

recebedores e aos impactos, por possuírem a responsabilidade de derrubar

jogadores muitas vezes maiores que eles.

A comparação dos grupos lesão contra não lesão traz dados

interessantes. Os dados referentes à idade e frequência semanal de treino, não

encontraram diferença estatística relacionado a influência desses fatores no

grupo que possuiu lesão no teste do chi-quadrado, algo que pode ter influenciado

esse resultado foi o baixo número de atletas na amostra. Mesmo se esperando

que tivesse uma influência devido à relação com o tempo de prática, pois atletas

mais velhos possuem mais tempo de exposição as pancadas e fatores de risco.

Pois isso foi verificado em outro estudo com atletas universitário os que mostrou

diferença significativa quanto ao tempo de prática e experiência no esporte

(MCCUNN et al., 2017). Os fatores associados a isso são que esses atletas como

possuem mais experiência, são muitas vezes titulares e assim, participam mais

das jogadas da equipe e possuem maior exposição dentro do jogo (MCCUNN et

al., 2017). Os atletas mais experientes tendem a serem titulares e esse grupo

possui uma maior participação e motivação para a prática pois como são

titulares, eles têm uma aderência aos treinamentos em comparação aos mais

novos e reservas que acabam faltando mais.

Page 29: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

29

O nosso estudo não mostrou diferença estatística quanto às horas de

treinamento por semana entre os grupos lesão e não lesão. Isso vai a

contraponto de outros estudos onde o grupo que possui lesão, tem maior índices

de lesões devido ao tempo maior de exposição por semana às colisões e fatores

de risco (WARD et al., 2018).

O nosso estudo está entre os pioneiros no país quanto a investigação de

lesões em atletas de futebol americano. Sendo apenas o segundo até hoje na

região nordeste. E nos forneceu importantes informações sobre a características

das lesões, como os principais locais e posições afetadas, mostrando que os

atletas potiguares possuem um perfil semelhante ao de outras populações de

atletas desse esporte.

O estudo teve como limitações o número de participantes que fizeram

parte do estudo, que foi considerado baixo, cerca de 40% do elenco da equipe.

Outro fator limitante foi a falta de conhecimento dos participantes sobre o

conceito de lesão e assim se ele entende que sofreu ou não uma. A

inconsistência quanto à frequência nos treinos é outro fator limitante, pois se

trata de uma equipe amadora e assim os atletas são muito heterogêneos quanto

ao tempo e preparação destinados ao esporte.

Page 30: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

30

10. CONCLUSÃO

Concluímos que a prevalência de lesão foi baixa se comparada a outros

estudos que compararam atletas na mesma liga, com apenas 39% dos jogadores

reportando lesão e a maior parte delas foi de moderada a grave quanto ao tempo

perdido após o acometimento.

Os principais locais anatômicos que foram acometidos ficaram nos joelhos,

tornozelos, ombros e coxa posterior e que a maioria das lesões ocorre durante

o contato entre tackleador (que derruba o atleta com a bola) e tackleado (que

possui a bola e recebe o tackle).

Os atletas que treinam mais e há maior tempo não possuem maior chance

de se lesionar de acordo com os dados estatísticos, assim como a idade e peso

não se relacionam com o acometimento.

É importante destacar, que as posições possuíram influência nos índices

lesivos, onde algumas delas tinham maiores relatos, como wide receivers e

linebackers em comparação com outras posições. Isso nos leva a discutir

futuramente a planejar melhor a carga de trabalho desses atletas dentro do

treinamento, no tocante ao tempo dentro de jogadas com colisões e quantidade

de repetições dos jogadores dessas posições.

Por último, o estudo nos fornece um entendimento a respeito das

características das lesões dos atletas amadores na cidade de Natal, levando os

preparadores físicos a focarem no fortalecimento dos membros inferiores,

principalmente nas articulações como joelho e tornozelo e que o tempo de

contato nos treinos de algumas posições devem ser controladas (linebackers e

wide receivers). Estudos futuros devem ser realizados com uma amostra maior

de atletas, junto a investigação do desempenho físico dos mesmos e dados mais

qualitativos da composição corporal, procurando especificar melhor o perfil

deles.

Page 31: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

31

11. REFERÊNCIAS

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Page 39: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

39

12. APÊNDICES

APÊNDICE 1. Inquérito de Morbidade Referida adaptado para o Futebol

Americano

Identificação:

Idade:

Estatura: Massa corpórea: IMC:

Tempo de Treinamento: Frequência semanal:

Horas de treino por semana:

Posicionamento ( ) 1 – Ataque ( ) 2 – Defesa ( ) 3 - Especialista

Subclasse do Ataque: ( ) Quarteback ( ) Running Back ( ) Offensive Lineman

( ) Wide Receiver ( ) Tight-End.

Subclasse Defesa: ( ) Defensive Lineman ( ) Linebacker ( ) Defensive Back

Nesta temporada, você parou ou modificou seu treino em algum momento por

lesão sofrida na prática desportiva:

( ) Sim ( ) Não

Se a última resposta foi SIM

No quadro abaixo, escreva sobre as informações da lesão (local anatômico,

mecanismo, momento, gravidade, retorno às atividades normais e recidivas),

com a respectiva identificação numérica, presente no segundo quadro.

Características das Lesões

Informações 1 2 3 4 5

A - Local Anatômico

B - Mecanismo de Lesão

C - Momento da Lesão

D - Gravidade da Lesão

E – Retorno às atividades normais

F – Recidivas

Codificação das Variáveis

A - Local Anatômico

B - Mecanismo de Lesão

C - Momento da Lesão

1- Ombro 1 - Contato Direto 1 – Treinamento

2 - Braço a) Tackleador 2 – Competição

3 - Cotovelo b) Tackleado

4 - Antebraço c) Open Field D - Gravidade da Lesão

5 - Punho d) Jogo nas linhas 1 - Leve (1 a 7 dias)

Page 40: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

40

6 – Mão

e) Colisão na cabeça 2 - Moderada (8 a 21 dias)

7 - Coxa Anterior f) Queda 3 - Grave (> 21 dias)

8 - Coxa Posterior g) Outros

9 - Joelho 2 - Sem Contato

10 – Perna E - Retorno às atividades normais

11 – Panturrilha 1 - Assintomático

12 – Tornozelo 2 – Sintomático

13 – Pé 3 - Não Retornou

14 – Tórax

15 – Abdômen F – Recidiva

16 – Cabeça 1 – Não

17 - Coluna Cervical 2 – Sim

18 - Coluna Lombar

19 - Cintura Pélvica

20 – Outro

Page 41: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

41

APÊNDICE 2. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO –

TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: Relação Entre as Posições

no Futebol Americano e Lesões Musculoesqueléticas, que tem como

pesquisador responsável o Prof. Dr. Ricardo Santos Oliveira.

Esta pesquisa pretende verificar a relação entre as diferentes posições no futebol

americano e a incidência de lesões nas respectivas posições.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é a alta incidência de lesões no

esporte, que acabam colocando a temporada das equipes em risco. Atletas

lesionados, por não treinarem/jogarem acabam por afetar o desempenho das

respectivas equipes nos campeonatos.

Caso decida participar, serão aplicados dois questionários: o OSTRC Overuse

Injury Questionnaire traduzido e validado em português buscando verificar

melhor as lesões em membros inferiores. O segundo sendo o inquérito de

morbidade referida, adaptada para o futebol americano, que possuem duração

de menos de 5 minutos de preenchimento para cada.

Durante a realização da pesquisa poderão ocorrer eventuais desconfortos e

possíveis riscos de Tomar o tempo do sujeito ao responder ao

questionário/entrevista ou responder a questões sensíveis com relação ao tipo

de lesão. Esses riscos poderão ser minimizados na medida em que será

garantindo um local reservado e liberdade para não responder questões

constrangedoras.

Como benefícios da pesquisa você verá quais as lesões mais comuns para a

sua posição e assim procurar melhores formas de prevenção.

Em caso de algum problema que você possa ter relacionado com a pesquisa,

você terá direito à assistência gratuita que será prestada pelo pesquisador, que

estará disponível para tirar todas as dúvidas que possam a existir.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para

um dos colaboradores da pesquisa, Heitor Luis de Medeiros Varela (84 99861-

1418).

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em

qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados

apenas em congressos ou publicações científicas, sempre de forma anônima,

não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar. Esses dados

serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local

seguro e por um período de 5 anos.

Page 42: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

42

Alguns gastos pela sua participação nessa pesquisa, eles serão assumidos pelo

pesquisador e reembolsado para vocês.

Se você sofrer qualquer dano decorrente desta pesquisa, sendo ele imediato ou

tardio, previsto ou não, você será indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê

de Ética em Pesquisa – instituição que avalia a ética das pesquisas antes que

elas comecem e fornece proteção aos participantes das mesmas – da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos telefones (84) 3215-3135 /

(84) 9.9193.6266, através do e-mail [email protected] Você ainda pode ir

pessoalmente à sede do CEP, de segunda a sexta, das 08:00h às 12:00h e das

14:00h às 18:00h, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador

Salgado Filho, s/n. Campus Central, Lagoa Nova. Natal/RN.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com

o pesquisador responsável o Prof. Dr. Ricardo Santos Oliveira.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como

os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos,

desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os

meus direitos, concordo em participar da pesquisa: Relação Entre as Posições

no Futebol Americano e Lesões Musculoesqueléticas, e autorizo a divulgação

das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas

desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal (RN), 08 de novembro de 2019.

Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo Relação Entre as Posições no

Futebol Americano e Lesões Musculoesqueléticas, declaro que assumo a inteira

responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e

direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo,

assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido

estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do

Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo

o ser humano.

Natal (RN), 08 de novembro de 2019

Page 43: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE …

43