saúde -26 de agosto de 2012

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Sa úde Caderno E e bem- estar [email protected] MANAUS, DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012 (92) 3090-1017 Gerontólogo fala sobre a melhor idade Saúde e bem-estar E4 Em sintonia com a vida saudável e sem estresse Exercícios ao ar livre são tão eficazes quanto os praticados em academia, desde que feitos corretamente “O vento baten- do no rosto e a interação com diferen- tes pessoas e em diferentes ambientes”, é assim que o jornalista Carlos Eduardo Matos, 31, define sua pre- ferência por praticar exer- cícios ao ar livre. Adepto das corridas noturnas, para Cadu, como é comumente chamado, a atividade além de garantir a saúde e a boa forma física, também serve como válvula de escape para o estresse. “Acordo no dia seguinte bem mais disposto e motivado, por isso defendo que qualquer tipo de ativida- de física faz bem não só ao corpo, mas também para a mente”, destaca. Leonardo Bezerra, profes- sor de múltiplas ginásticas, afirma que toda forma de atividade física é benéfica ao ser humano, seja em am- bientes fechados ou aber- tos. “O importante é que se tenha uma boa orientação”, pontua o personal, que em breve disponibilizará para população manauense uma nova modalidade de exer- cícios físicos ao ar livre. A ideia é montar um gru- po com, aproximadamente, dez pessoas para realizarem conjuntamente exercícios de maneira dinâmica. Batizado de Leo’s Boys and Girls, o grupo trabalha den- tro do conhecido treinamento em circuito, que alterna de maneira elaborada ativi- dades aeróbicas e ana- eróbicas. “Essa já é uma técnica bastante disse- minada na capital, mas busquei novidades no eixo Rio-São Paulo para incrementar as aulas previs- tas pata come- çar nas primeiras semanas de setembro”, divulga Leonardo. As aulas terão duração de uma hora, começando sem- pre a partir das 21h. “O diferencial dessa dinâ- mica é o trabalho em equipe, social e dinâmico”, diz Le- onardo. A metodologia irá funcionar como se fosse o atendimento de personal trainer, elaborada de acordo com a necessidade do indi- víduo, mas trabalhada em conjunto, o que segundo o professor é um agente moti- vador. Ele reforça ainda que antigamente não existiam maquinários de academia e as pessoas se exercitavam a mãos livres, aliando as técnicas da ginás- tica calistêni- ca com os exercícios de treinamento funcional, melhorando as- sim o dia a dia do fortale- cimento corporal de dentro para fora. E é pensando nesse for- talecimento muscular pro- gressivo que o estudante de engenharia Felipe Falcão, 30, também é um entusias- ta da prática de exercícios físicos ao ar livre. Felipe faz corrida e/ou bicicleta, acompanhada de exercícios abdominais e levantamento de peso, pelos menos, três vezes na semana em sua casa e nas proximidades do conjunto Campos Elíseos. “Sinto-me mais livre nas ruas que nas academias, além do mais, não preci- so me preocupar em dividir aparelhos, o que comumente acontece nos horários de pi- cos nas academias”, relata. O universitário também faz questão de frisar que para se praticar exercício físico por conta própria o ideal é que se tenha a orientação de um profissional da área ou já seja conhecedor das limitações do corpo e da maneira correta de realizar cada exercício. Caso contrário, o resultado pode ser o oposto do desejado. ALITA MENEZES Equipe EM TEMPO EXERCÍCIOS Atualmente, a ginásti- ca calistênica consiste numa série de exercí- cios físicos executados sem aparelhos e ao ar livre, com a finalida- de de produzir saúde, força e bem-estar aos praticantes A palavra calistenia é originária do termo grego “kallistenés”, que significa cheio de vigor ou força harmoniosa (kallós = belo + sthenos = força). Para os helenos, ao se dizer cheio de vigor significava que a pessoa tinha a saúde da maneira mais plena possí- vel, ou seja, unia força físi- ca, à saúde mental e espi- ritual. Já para a civilização grega, a harmonia da força estava justamente no equi- líbrio de sua manifestação: força física, força mental e força espiritual. Atualmente, a ginástica calistênica consiste numa série de exercícios físicos executados sem aparelhos e ao ar livre, com a finali- dade de produzir saúde, for- ça e bem-estar, afetando principalmente as massas musculares de maior pro- porção que colaboram na manutenção ereta do tron- co e facilitam as atividades dos órgãos vegetativos. Na prática, essa modalidade pode ser praticada por qualquer pessoa, desde que não tenha restrições mé- dicas, sendo representada por exercícios localizados, com fins corretivos, fisioló- gicos e pedagógicos. A ginástica da força interior SERVIÇO AULAS DE PERSONAL AO AR LIVRE Quando Onde Quanto a partir de se- tembro, sempre das 21h30 às 22h30 CSU do Parque Dez (Rua 22, nº. 884, Parque 10 de Novembro, Zona Centro-Sul) R$ 120, individual Felipe Falcão (à esquerda) e o grupo de ciclismo que se reúne semanalmente para pedalar DIVULGAÇÃO/STCK

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Saúde - Caderno de saúde e bem estar do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: Saúde -26 de agosto de 2012

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e [email protected], DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012 (92) 3090-1017

Gerontólogo fala sobre a melhor idade

Saúde e bem-estar E4

Em sintonia com a vida saudável e sem estresseExercícios ao ar livre são tão eficazes quanto os praticados em academia, desde que feitos corretamente

“O vento baten-do no rosto e a interação com diferen-

tes pessoas e em diferentes ambientes”, é assim que o jornalista Carlos Eduardo Matos, 31, defi ne sua pre-ferência por praticar exer-cícios ao ar livre. Adepto das corridas noturnas, para Cadu, como é comumente chamado, a atividade além de garantir a saúde e a boa forma física, também serve como válvula de escape para o estresse. “Acordo no dia seguinte bem mais disposto e motivado, por isso defendo que qualquer tipo de ativida-de física faz bem não só ao corpo, mas também para a mente”, destaca.

Leonardo Bezerra, profes-sor de múltiplas ginásticas, afi rma que toda forma de atividade física é benéfi ca ao ser humano, seja em am-bientes fechados ou aber-tos. “O importante é que se tenha uma boa orientação”, pontua o personal, que em breve disponibilizará para população manauense uma nova modalidade de exer-cícios físicos ao ar livre. A ideia é montar um gru-po com, aproximadamente, dez pessoas para realizarem conjuntamente exercícios de maneira dinâmica.

Batizado de Leo’s Boys and Girls, o grupo trabalha den-tro do conhecido treinamento em circuito, que alterna de maneira elaborada ativi-dades aeróbicas e ana-eróbicas. “Essa já é uma técnica bastante disse-minada na capital, mas busquei novidades no eixo Rio-São Paulo para incrementar as aulas previs-tas pata come-

çar nas primeiras semanas de setembro”, divulga Leonardo. As aulas terão duração de uma hora, começando sem-pre a partir das 21h.

“O diferencial dessa dinâ-mica é o trabalho em equipe, social e dinâmico”, diz Le-onardo. A metodologia irá funcionar como se fosse o atendimento de personal trainer, elaborada de acordo com a necessidade do indi-

víduo, mas trabalhada em conjunto, o que segundo o professor é um agente moti-vador. Ele reforça ainda que antigamente não existiam maquinários de academia e as pessoas se exercitavam a mãos livres, aliando as técnicas da ginás-tica calistêni-ca com os

exercícios de treinamento funcional, melhorando as-sim o dia a dia do fortale-cimento corporal de dentro para fora.

E é pensando nesse for-talecimento muscular pro-gressivo que o estudante de engenharia Felipe Falcão, 30, também é um entusias-ta da prática de exercícios físicos ao ar livre. Felipe faz corrida e/ou bicicleta, acompanhada de exercícios abdominais e levantamento de peso, pelos menos, três vezes na semana em sua casa e nas proximidades do conjunto Campos Elíseos.

“Sinto-me mais livre nas ruas que nas academias, além do mais, não preci-so me preocupar em dividir aparelhos, o que comumente acontece nos horários de pi-cos nas academias”, relata. O universitário também faz questão de frisar que para se praticar exercício físico por conta própria o ideal é que se tenha a orientação de um profi ssional da área ou já seja conhecedor das limitações do corpo e da maneira correta de realizar cada exercício. Caso

contrário, o resultado pode ser o oposto do

desejado.

ALITA MENEZESEquipe EM TEMPO

EXERCÍCIOSAtualmente, a ginásti-ca calistênica consiste numa série de exercí-cios físicos executados sem aparelhos e ao ar livre, com a fi nalida-de de produzir saúde, força e bem-estar aos praticantes

A palavra calistenia é originária do termo grego “kallistenés”, que signifi ca cheio de vigor ou força harmoniosa (kallós = belo + sthenos = força). Para os helenos, ao se dizer cheio de vigor signifi cava que a pessoa tinha a saúde da maneira mais plena possí-vel, ou seja, unia força físi-ca, à saúde mental e espi-ritual. Já para a civilização

grega, a harmonia da força estava justamente no equi-líbrio de sua manifestação: força física, força mental e força espiritual.

Atualmente, a ginástica calistênica consiste numa série de exercícios físicos executados sem aparelhos e ao ar livre, com a fi nali-dade de produzir saúde, for-ça e bem-estar, afetando principalmente as massas

musculares de maior pro-porção que colaboram na manutenção ereta do tron-co e facilitam as atividades dos órgãos vegetativos. Na prática, essa modalidade pode ser praticada por qualquer pessoa, desde que não tenha restrições mé-dicas, sendo representada por exercícios localizados, com fi ns corretivos, fi sioló-gicos e pedagógicos.

A ginástica da força interior

SERVIÇOAULAS DE PERSONAL AO AR LIVRE

Quando

Onde

Quanto

a partir de se-tembro, sempre das 21h30 às 22h30CSU do Parque Dez (Rua 22, nº. 884, Parque 10 de Novembro, Zona Centro-Sul)R$ 120, individual

Felipe Falcão (à esquerda) e o grupo de ciclismo que se reúne semanalmente para pedalar

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MANAUS, DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012E2 Saúde e bem-estar

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Renomados pesquisadores so-ciais, no Brasil, proporcionaram muitos avanços para consolidar a estreita ligação das ciências sociais à medicina, buscando explicações para os componen-tes não biológicos do binômio saúde-doença.

A descrição de Engels das condições de trabalho e da saú-de dos operários ingleses, em 1844, representa o divisor de águas do quanto é importante compreender a realidade social e as condições de trabalho.

Não existe qualquer dúvi-da de que a industrialização desordenada com desmonte do ecossistema e o descaso pelas normas elementares de respeito à vida humana levará a todos, ricos e pobres, para o mesmo buraco.

Em 1910, o famoso Relatório Flexner sobre as 150 faculda-des de medicina, nos Estados Unidos, seguido, dois anos de-pois, pelo segundo relatório, que descreveu os cursos médicos da França, Inglaterra, Alemanha e Áustria, selaram o destino da nova metodologia do ensino da medicina.

Entre as consequências dos Relatórios Flexner, passou a

ser considerado exclusivamen-te como verdadeiro e produtor de saúde as relações científicas vindas da ciência e tecnologia. Tudo apoiado no pressuposto de que a utilização de apare-lhos para intermediar a ação médica seria responsável, em futuro muito próximo, pela me-lhoria das condições de saúde do homem.

Os anos que se seguiram mos-traram exatamente o contrário: o aumento da longevidade não está atrelado à tecnologia mé-dico-industrial e a supermedica-lização, mas às medidas básicas de saneamento, moradia, edu-cação, trabalho e lazer.

Os Relatórios Flexner contri-buíram eficazmente para a atual situação de descalabro em que se encontra a prática médica na atualidade. Os abusos dos medicamentos e das tecnolo-gias passaram a ser utilizados como suporte indispensável ao exercício da medicina.

O processo de industrializa-ção acelerado do pós-guerra, nos anos 1950, fincou a ação dos poderosos grupos econômicos defensores do lucro a qualquer preço, especialmente, ligados à venda da parafernália médi-

co-hospitalar desnecessária e predatória à saúde pública. Essa inquestionável realidade impe-diu, de diferentes maneiras, que as universidades discutissem plenamente as relações sociais da medicina. Assim foi mantida fora das salas de aula a clara causalidade entre a estrutura social e doença.

O início da mudança se con-cretizou na análise dos indica-dores de saúde que os países industrializados: a saúde não está ligada à tecnologia do apa-relho médico-hospitalar, mas à educação, saneamento básico, condições de trabalho e laser:

- A Escola de Chicago centra-lizou as atenções, a partir de 1939, com as análises psiquiá-tricas encontradas entre os ope-rários das periferias urbanas. As conclusões se voltaram de modo incisivo para a associação entre as doenças encontradas e as bruscas mudanças ocorridas na urbanização pós-industrial;

- A medicina fundamentada no consumo tecnológico começou a sofrer críticas, a partir dos anos 1960, por meio de estatís-ticas mostrando que a superme-dicalização em nada contribuía na melhoria da vida.

Tecnologias, saúde e doença

João Bosco [email protected]

João Bosco Botelho

João Bosco Botelho

Doutor Honoris

Causa

EditoraVera [email protected]

RepórterAlita Menezes

DiagramaçãoMarcelo Robert

RevisãoMarco Adolfs Antônio Fonseca

Expediente

www.emtempo.com.br

DICAS DE SAÚDE

A goji berry, uma frutinha de nome estranho, com cara de tomate-cereja e originária da China e do Tibete, depois de encantar europeias, americanas e canadenses, caiu nas graças das brasileiras. Por ser pouco calórica - uma colher (sopa) possui só 50 calorias -, e ter alto índice de vitamina C, proteínas e nutrientes como zinco e ferro, ela auxilia no processo de emagrecimento e ainda combate o envelhecimento precoce da pele. A goji berry está disponível em far-mácias de manipulação e lojas de produtos naturais e orientais na forma de fruta seca (desidratada) e cápsula manipulada.

A frutinha mágica que ajuda a emagrecer

Os anos que se seguiram mostraram exatamente o contrário: o aumento da longevidade não está atre-lado à tecno-logia médico-industrial”.

Decepção geral com a clas-sificação do Brasil e o número de medalhas conseguidas nas últimas Olimpíadas. Contabili-za-se o montante gasto e di-vide-se pelo número de vezes que subimos ao pódio, bate o arrependimento quadrienal. Surgem os cálculos de quantas salas de aulas poderiam ter sido construídas, quantos pacientes poderiam ter sido atendidos, quantas crianças poderiam ter sido tiradas das ruas, quantos hospitais melhorados etc. Ime-diatamente surgem as estra-tégias para os próximos jogos, como o patrocínio pelo mérito, melhorar as condições de treino, investir em novos talentos etc. Ao mesmo tempo observa-se as-sepsia da organização dos jogos na Inglaterra. A realeza, os sú-ditos, a elegância, a educação, a perfeita pronúncia da língua, como em nenhum outro lugar se ouve. Aliás, a pronúncia da língua inglesa é um marcador social muito forte naquele país, onde as pessoas são vistas com reservas ao falar o idioma de Shakespeare com sotaques alienígenas. Mas isso é outro assunto.

Assistimos aos nossos atle-tas dando o melhor de si. Foram atirados nas arenas dos jogos,

como os cristãos no Coliseu. As feras foram soltas. Aqui ficamos na torcida, esperando a superação de limites. As emis-soras de televisão começam a mostrar o quadro de medalhas. Talvez por um segundo, o Brasil apareceu como líder, quando a judoca brasileira ganhou me-dalha de ouro. Os jogos con-tinuaram e fomos empurrados para trás sem clemência, e lá permanecemos até o final do evento. Nossos atletas foram perdendo, foram se desclassi-ficando, foram desistindo de competir por vários motivos, foram caindo, escorregando, e o espírito crítico do país afloran-do. A prata do Brasil no futebol não contou, foi valorizada a perda do ouro como se fosse uma vergonha nacional.

Atletas emocionalmente frá-geis, que já se sentem vence-dores pelo simples fato de ter chegado aos jogos. O pódio é para um acontecimento que não aparece nem nos sonhos. De vez em quando surge um campeão inesperado para salvar a co-lheita. Profissionais do esporte que vivem com dificuldade, com exceção talvez para o hipismo e barco a vela, que é outro mun-do à parte. Profissionais que

carecem de patrocínios, locais adequados para treino. Profis-sionais oriundos de um país que lidera a economia da América do Sul, mas que convive a tran-sição epidemiológica, na qual o aumento de doenças crônicas como o câncer, cardiopatias e diabetes mellitus, coexiste com doenças muito antigas, que fo-ram erradicadas há muitos anos em Londres. Atletas que surgem em áreas de malária, dengue, doença de Chagas, esquistosso-mose, tuberculose, desnutrição, grande evasão escolar, baixos níveis de escolaridade, notícias diárias de desvios absurdos dos recursos públicos, pobre-za, salários aviltantes para os professores, escolas sucatea-das, dentição precária, menores abandonados nas ruas, violência urbana, transporte sofrível, entre outras coisas.

Utilizo, para saudar nossos Atletas Olímpicos, a frase de um cantor britânico, tenor de extensão e tessitura vocal inigualáveis, Farrokh Bulsara, descendente de indianos Par-se, que nasceu em Zanzibar (África) conhecido como Freddie Mercury:

“We are the champions”...... apesar de tudo!!!!!!!

Nós somos campeões

Atletas emocional-mente frá-geis, que já se sentem vencedores pelo simples fato de ter chegado aos jogos”.

A caralluma fi mbriata é um cacto comestível típico da Índia que faz parte da alimentação local há séculos. É consumida como vegetal, crua ou cozida, e, acreditam os indianos, proporciona sensação de estômago cheio, suprimindo o apetite — o benefício estaria ligado à presença de glicosídeos pregnanos em sua composição, que enviam ao cérebro sinais de saciedade. Daí a fama de aliada do emagrecimento e a venda de cápsulas com seu extrato. Duas ressalvas: o fi toterápico não consta das listas ofi ciais de medicamentos indicados para o emagrecimento e só pode ser encontrado em lojas de produtos naturais.

De estômago cheio, fi ca mais fácil evitar calorias

Aristóteles Alencar

Médico cardiologista

Aristóteles [email protected]

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MANAUS, DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012 E3Saúde e bem-estar

Coisa de [email protected]

A liberdade de ser felizVERA LIMA

Para elevar a autoestimaNão são apenas as mulheres que têm recorrido aos recursos da cirurgia plástica para enfrentar as cobranças do dia a dia. Atualmente, os homens também deixam aflorar a vaidade e fazem pequenas correções que ajudam no bem-estar

O nariz é a estrutura central e a mais pro-eminente da face, que quando despro-

porcional aos traços do rosto, é extremamente perceptível e dificilmente ocultável. Portan-to, é compreensível a grande demanda por cirurgias esté-ticas nele, com o intuito de aproximá-lo ao máximo do padrão de beleza determinado pela sociedade.

Na busca de um nariz es-teticamente melhor por meio de cirurgia, as funções fisio-lógicas devem ser sempre mantidas ou melhoradas, de forma que o paciente possa ter benefícios na respiração e nunca perdas dessa fun-ção. Sua forma e simetria devem ser proporcionais ao contorno geral da face, de cada indivíduo, de modo que cada nariz seja único e não um padrão de quem fez uma cirurgia plástica, correspon-dendo às expectativas do pa-ciente e não à do cirurgião, explica o cirurgião plástico Jorge Cabral Neto.

Segundo ele, a rinoplastia é uma cirurgia de difícil do-mínio, que envolve expectati-vas demasiadas do paciente, com um trabalho minucio-so, de detalhes milimétricos, aonde o cirurgião precisa pensar tridimensionalmente, tanto na arquitetura interna como na externa. Mas que como todo desafio, é a mais

gratificante entre todas as ci-rurgias, pela demonstração na face, principalmente com um sorriso em conjunto, de um trabalho bem feito.

O modelo Leofran Cunha se submeteu ao procedimento da rinoplastia por questões profissionais e para se sentir melhor, pois trabalha como garoto propaganda de uma grade marca de roupas e de uma academia de padrão e admite que as exigências para

consigo mesmo eram gran-des: “Achei que faltava algo para compor a estética em conjunto de meu rosto. Assim procurei ouvir três profissio-nais. Na época, me identifiquei com um grande cirurgião de nossa capital. Senti confian-ça e fiz a cirurgia. Confesso que, fora minha autoestima que ficou ainda melhor, os trabalhos aconteceram até mais com minha nova plástica facial”,finaliza o modelo.

RINOPLASTIANa busca de um nariz esteticamente melhor por meio de cirurgia, as funções fisiológi-cas devem ser sempre mantidas ou melhora-das, para que o pacien-te possa ter benefícios na respiração

O cirurgião plástico Jorge Cabral Neto fala sobre rinoplastia

HUDSON BARROS

O modelo Leofram Cunha se submeteu à cirurgia estética

Muito se fala sobre felicida-de e todos buscam uma fór-mula mágica que ofereça esta benesse em um kit completo que inclua saúde, paz, amor e prosperidade. A questão, que parece ficar esquecida nessa reivindicação aleatória à vida é que ninguém é feliz em tem-po integral e tampouco infeliz eternamente.

Felicidade é feita de peque-nas coisas que muitas vezes passam despercebidas na cor-reria do dia a dia. Quem nunca pronunciou a famosa frase: “Eu era feliz e não sabia?”. Era? Será que no momento presente você é uma pessoa infeliz ou apenas não se deu conta das inúmeras bênçãos que tem a agradecer? Será que infeliz é o termo exato para definir o seu estado de espí-rito atual? Ou será que você é apenas uma das pessoas eternamente insatisfeita com um olho no passado e outro no futuro e totalmente cego para o presente?

Bom, talvez seja hora de pa-rar e repensar alguns conceitos e valores e verificar se real-mente você não está postergando a sua feli-cidade real por uma ilusória, que talvez nunca aconteça. Muitas vezes deixamos de vivenciar o hoje e tudo o que temos imaginado é que pode-ríamos estar em situação di-ferente e quiçá melhor. Certo, talvez estivesse em situação melhor, mas também poderia estar em uma outra bem pior. A vida é sábia e nos coloca exatamente aquilo que pre-cisamos para aprender as nossas lições. Nada acon-tece por acaso e ninguém

aparece em nossa vida por coincidência. Pessoas e situ-ações que se apresentam em nosso cotidiano trazem lições preciosas que nos enriquecem como ser humano. Basta que saibamos aprender com tudo o que nos cerca.

Ora, se pensarmos bem, muitas vezes temos todos os ingredientes para sermos fe-lizes. Tantas vezes as pessoas só percebem o valor da saúde quando adoecem gravemen-te, ou só dão valor a um órgão do corpo quando ele enferma, ou só valorizam um emprego quando perdem a vaga. Faz parte da índole do ser humano. Temos a impressão que tudo nos é dado naturalmente e que não precisamos ser gratos por nada, mas até um dedo min-dinho faz uma enorme falta quando se está acostumado a viver com ele.

Com isso não estou fazendo apologia ao apego – embora seja apegada aos meus dedos – estou apenas lembrando que todos os dias devemos ser gra-tos pela vida e por tudo que ela nos concede. Eu até poderia dizer que devemos agradecer pelos contratempos, pelas di-ficuldades, pelos erros e, quem sabe, também pelos inimigos. Mas não sou tão nobre e nem tão generosa. Quero que os inimigos encontrem uma Nina pela frente e que me deixem em paz. Mas quanto ao resto tento ser agradecida porque sei que tenho uma boa baga-gem para ser feliz. E procuro ser sempre que posso.

Para quê vou ficar ansiando pelo dia de amanhã para ser feliz, apoiada em ilusões que poderão nunca passar disso.. Felicidade dificilmente é a soma de alguma coisa, por

isso, devemos agrade-cer pelo simples fato de estarmos vivos.

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E4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012 E5

A partir dos 60 anos o indivíduo já é considerado idoso. No Brasil, essa população quase triplicou nos últimos 50 anos, e a medicina se prepara para cuidar desses brasileiros da terceira idade oferecendo-lhes mais qualidade de vida e uma atenção diferenciada

“Com o aumento da expectativa de vida da popu-lação brasileira

para 72 anos, não existem muitas alternativas a não ser investir em políticas públicas para oferecer mais qualidade de vida ao idoso”. A declara-ção é do médico gerontólogo, Arnoldo Andrade, que vem realizando um trabalho de conscientização e prevenção na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) com pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

A gerontologia, conforme explica o especialista, é a resposta no presente para reduzir problemas que afeta-rão os idosos em um tempo muito próximo. “A população do Brasil está envelhecen-do e nós temos que estar preparados para encarar os problemas sociais que virão com essa nova expectativa

de vida”, sugere.O assunto não é para brinca-

deira e nem pode ser poster-gado para futuras discussões. O problema está batendo à porta das novas gerações que já têm que lidar com seus idosos dentro de casa e não sabem como. “A gerontologia estabelece que quem chega a 65 ou 70 anos já vai apresen-tar, no mínimo, seis doenças crônicas: catarata, deficiência auditiva, algum grau de defici-ência cognitiva, dor articular, hipertensão e diabetes”, ana-lisa Andrade.

Conforme explica o médico, quem cuida dessas e outras enfermidades é a geriatria, enquanto a gerontologia se encarrega de estudar o pro-cesso de envelhecimento do ser humano e as formas de promover uma melhor quali-dade de vida. “Por isso, pre-cisamos investir mais nessa área que é nova, mas que representa a oportunidade para que essas pessoas pos-sam viver mais e com melhor qualidade de vida”, afirma.

A população brasi-leira está envelhe-cendo e temos que estar preparados para encarar os

problemas sociais que virão

Arnoldo Andrade médico gerontólogo

A gerontologia vê o con-texto social do idoso, desde as patologias até os direi-tos sociais e se preocupa com todas as circunstân-cias que envolvem a vida desse indivíduo; onde ele vive, onde mora, com quem mora, seu suporte social e se é respeitado dentro da família, porque todos esses fatores repercutem em sua saúde física e mental, ex-plica o especialista.

Segundo o médico Ar-noldo Andrade, a maioria dos idosos que sofre abu-sos físicos ou psicológicos, passa por essas situações de humilhação dentro da própria família. Fato que muitas vezes é ocultado, o que dificulta ainda mais o diagnóstico dos traumas e sua eventual recuperação.

Isso sem contar, expli-

ca o médico, com outros tipos de problemas que acometem os idosos como, por exemplo, a iatrogenia medicamentosa que é co-mum nesses indivíduos e que acaba agravando os mecanismos de cura. “A questão é que cada mé-dico consultado pelo ido-so acaba passando uma medicação específica para determinado problema, e com o acúmulo de medica-mentos um acaba anulando o efeito do outro e todos têm efeitos colaterais que prejudicam o organismo”, alerta Andrade.

“Mas os problemas não param por aí, e eles sofrem a iatrogenia da palavra, que é o destrato do idoso por meio da humilhação, da esculhambação ou da depreciação”, adverte ele.

Como atua o gerontólogo

Atividades físicas são tão importantes para o idoso quanto uma ocupação com a mente

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

Tratar o idoso de for-ma diferenciada, respei-tando os seus limites é uma das propostas da gerontologia que já vem sendo aplicada na área de saúde, inclusive com a parceria da geria-tria. Segundo Andrade, os médicos não foram formados com a con-cepção de que os ido-sos são diferentes e por isso precisam de outra forma de tratamento. “Nos formamos achan-do que o idoso deveria ser tratado como um adulto mais velho e hoje sabemos que não é as-sim, porque existem di-ferenças do idoso para o adulto, assim como existem diferenças do adulto para a criança. Isso porque as funções vão se modificando no organismo e exigem uma visão diferenciada no tratamento”, garante.

O fato é que o ser hu-mano não está devida-mente preparado para receber a velhice com tranquilidade e, se puder, recorre às inúmeras pos-sibilidades de retardar esse processo inevitável. A velhice chega para to-dos, essa é a grande ver-dade, o que pode fazer a diferença é encarar esse período com mais saú-de e qualidade de vida e isso começa cedo, se possível, ainda na ges-tação, por meio do pré-natal. “A partir dos 30 anos, nós perdemos 1% da capacidade funcional do organismo a cada ano e isso se deve à teoria da queda hormonal”, diz ele. Mas existem outras teorias que embasam o envelhecimento, como a teoria da mutação gené-tica e a do estresse oxi-dativo. O que a geronto-logia se propõe é trazer qualidade de vida para o organismo por meio de uma alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares e bem-estar psicológico em um ambiente de respeito e tranquilidade. “Estamos nos preparando para vi-ver até os 200 anos e o grande desafio é viver com qualidade e saúde”, ressalta Andrade.

Diferença é fundamental nos cuidados

Gerontologia, o caminho para uma velhice melhor

O desenvolvimento social e tecnológico do Brasil, neste novo sécu-lo, não veio acrescido do conhecimento ade-quado para lidar com o envelhecimento da população. Nos últimos 50 anos, a população brasileira triplicou e pulou de 70 milhões, em 1960, para mais de 190 milhões, em 2010. O crescimento dos ido-sos passou de 3,3 mi-lhões, para mais de 20 milhões, no mesmo pe-ríodo. Esse crescimento exige uma nova pers-pectiva gerontológica interdisciplinar.

Envelhecimento com qualidade de vida não é milagre, é uma conquista que exige conhecimento e aperfeiçoamento de múltiplos fatores que envolvem essa popula-ção, a começar pela base familiar e terminar em políticas públicas que ofereçam opções para

lazer com qualidade e atendimento médico es-pecializado.

No Brasil, o idoso apo-sentado é tratado como um indivíduo que, por não ser mais produti-vo, é desconsiderado sob vários aspectos e diminuído em sua fun-ção social. Idoso apo-sentado, não produtivo é sinônimo de pária e é menosprezado, mesmo dentro da família.

“Aposentadoria é a morte social para o ido-so, se ele não estiver preparado para esse processo – e na maioria das vezes não está – ele envelhece mais, adoece gravemente e morre. Ele não tem objetivos, não tem valor social, vai para o isolamento e se acaba”, reflete Andrade.

Aposentados e esquecidos pela maioria

ABANDONONo Brasil, o idoso é tratado como um indivíduo que, por não ser mais produtivo, é des-considerado sob vários aspectos e, muitas vezes, hu-milhado por todos

Se a exclusão social do idoso é uma realidade cruel, a falta de políticas públicas para mudar esse quadro não é menos trágica. Os maltratos, o isolamento familiar, a vida sedentária e os erros de alimentação são fatores que contribuem para tornar esse idoso ainda mais refém de uma sociedade que privilegia o jovem e repudia a velhice como um mal contagioso.

A boa notícia é que, hoje, campos como o da geriatria e gerontologia aceleram as investigações para retar-

dar esse processo natural e inevitável. Quem possui recursos financeiros está investindo nestas duas áreas para retardar os fe-nômenos que causam o en-velhecimento e entrar com tratamentos preventivos para retardar as agressões biológicas, socioculturais e psicossociais que afetam o organismo. É um caminho para um futuro melhor para todos, mas é um caminho longo que precisa ser tri-lhado com a consciência que todos passarão por ele mais cedo ou mais tarde.

Realidade e mudanças sociais

No Brasil a velhice é sinônimo de inutilidade, e a falta de respeito e consideração com o idoso é uma realidade brutal

O médico gerontólogo Arnoldo Andrade cuida dos idosos Ter atividades culturais é importante para os aposentados

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E4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012 E5

A partir dos 60 anos o indivíduo já é considerado idoso. No Brasil, essa população quase triplicou nos últimos 50 anos, e a medicina se prepara para cuidar desses brasileiros da terceira idade oferecendo-lhes mais qualidade de vida e uma atenção diferenciada

“Com o aumento da expectativa de vida da popu-lação brasileira

para 72 anos, não existem muitas alternativas a não ser investir em políticas públicas para oferecer mais qualidade de vida ao idoso”. A declara-ção é do médico gerontólogo, Arnoldo Andrade, que vem realizando um trabalho de conscientização e prevenção na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) com pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

A gerontologia, conforme explica o especialista, é a resposta no presente para reduzir problemas que afeta-rão os idosos em um tempo muito próximo. “A população do Brasil está envelhecen-do e nós temos que estar preparados para encarar os problemas sociais que virão com essa nova expectativa

de vida”, sugere.O assunto não é para brinca-

deira e nem pode ser poster-gado para futuras discussões. O problema está batendo à porta das novas gerações que já têm que lidar com seus idosos dentro de casa e não sabem como. “A gerontologia estabelece que quem chega a 65 ou 70 anos já vai apresen-tar, no mínimo, seis doenças crônicas: catarata, deficiência auditiva, algum grau de defici-ência cognitiva, dor articular, hipertensão e diabetes”, ana-lisa Andrade.

Conforme explica o médico, quem cuida dessas e outras enfermidades é a geriatria, enquanto a gerontologia se encarrega de estudar o pro-cesso de envelhecimento do ser humano e as formas de promover uma melhor quali-dade de vida. “Por isso, pre-cisamos investir mais nessa área que é nova, mas que representa a oportunidade para que essas pessoas pos-sam viver mais e com melhor qualidade de vida”, afirma.

A população brasi-leira está envelhe-cendo e temos que estar preparados para encarar os

problemas sociais que virão

Arnoldo Andrade médico gerontólogo

A gerontologia vê o con-texto social do idoso, desde as patologias até os direi-tos sociais e se preocupa com todas as circunstân-cias que envolvem a vida desse indivíduo; onde ele vive, onde mora, com quem mora, seu suporte social e se é respeitado dentro da família, porque todos esses fatores repercutem em sua saúde física e mental, ex-plica o especialista.

Segundo o médico Ar-noldo Andrade, a maioria dos idosos que sofre abu-sos físicos ou psicológicos, passa por essas situações de humilhação dentro da própria família. Fato que muitas vezes é ocultado, o que dificulta ainda mais o diagnóstico dos traumas e sua eventual recuperação.

Isso sem contar, expli-

ca o médico, com outros tipos de problemas que acometem os idosos como, por exemplo, a iatrogenia medicamentosa que é co-mum nesses indivíduos e que acaba agravando os mecanismos de cura. “A questão é que cada mé-dico consultado pelo ido-so acaba passando uma medicação específica para determinado problema, e com o acúmulo de medica-mentos um acaba anulando o efeito do outro e todos têm efeitos colaterais que prejudicam o organismo”, alerta Andrade.

“Mas os problemas não param por aí, e eles sofrem a iatrogenia da palavra, que é o destrato do idoso por meio da humilhação, da esculhambação ou da depreciação”, adverte ele.

Como atua o gerontólogo

Atividades físicas são tão importantes para o idoso quanto uma ocupação com a mente

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

Tratar o idoso de for-ma diferenciada, respei-tando os seus limites é uma das propostas da gerontologia que já vem sendo aplicada na área de saúde, inclusive com a parceria da geria-tria. Segundo Andrade, os médicos não foram formados com a con-cepção de que os ido-sos são diferentes e por isso precisam de outra forma de tratamento. “Nos formamos achan-do que o idoso deveria ser tratado como um adulto mais velho e hoje sabemos que não é as-sim, porque existem di-ferenças do idoso para o adulto, assim como existem diferenças do adulto para a criança. Isso porque as funções vão se modificando no organismo e exigem uma visão diferenciada no tratamento”, garante.

O fato é que o ser hu-mano não está devida-mente preparado para receber a velhice com tranquilidade e, se puder, recorre às inúmeras pos-sibilidades de retardar esse processo inevitável. A velhice chega para to-dos, essa é a grande ver-dade, o que pode fazer a diferença é encarar esse período com mais saú-de e qualidade de vida e isso começa cedo, se possível, ainda na ges-tação, por meio do pré-natal. “A partir dos 30 anos, nós perdemos 1% da capacidade funcional do organismo a cada ano e isso se deve à teoria da queda hormonal”, diz ele. Mas existem outras teorias que embasam o envelhecimento, como a teoria da mutação gené-tica e a do estresse oxi-dativo. O que a geronto-logia se propõe é trazer qualidade de vida para o organismo por meio de uma alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares e bem-estar psicológico em um ambiente de respeito e tranquilidade. “Estamos nos preparando para vi-ver até os 200 anos e o grande desafio é viver com qualidade e saúde”, ressalta Andrade.

Diferença é fundamental nos cuidados

Gerontologia, o caminho para uma velhice melhor

O desenvolvimento social e tecnológico do Brasil, neste novo sécu-lo, não veio acrescido do conhecimento ade-quado para lidar com o envelhecimento da população. Nos últimos 50 anos, a população brasileira triplicou e pulou de 70 milhões, em 1960, para mais de 190 milhões, em 2010. O crescimento dos ido-sos passou de 3,3 mi-lhões, para mais de 20 milhões, no mesmo pe-ríodo. Esse crescimento exige uma nova pers-pectiva gerontológica interdisciplinar.

Envelhecimento com qualidade de vida não é milagre, é uma conquista que exige conhecimento e aperfeiçoamento de múltiplos fatores que envolvem essa popula-ção, a começar pela base familiar e terminar em políticas públicas que ofereçam opções para

lazer com qualidade e atendimento médico es-pecializado.

No Brasil, o idoso apo-sentado é tratado como um indivíduo que, por não ser mais produti-vo, é desconsiderado sob vários aspectos e diminuído em sua fun-ção social. Idoso apo-sentado, não produtivo é sinônimo de pária e é menosprezado, mesmo dentro da família.

“Aposentadoria é a morte social para o ido-so, se ele não estiver preparado para esse processo – e na maioria das vezes não está – ele envelhece mais, adoece gravemente e morre. Ele não tem objetivos, não tem valor social, vai para o isolamento e se acaba”, reflete Andrade.

Aposentados e esquecidos pela maioria

ABANDONONo Brasil, o idoso é tratado como um indivíduo que, por não ser mais produtivo, é des-considerado sob vários aspectos e, muitas vezes, hu-milhado por todos

Se a exclusão social do idoso é uma realidade cruel, a falta de políticas públicas para mudar esse quadro não é menos trágica. Os maltratos, o isolamento familiar, a vida sedentária e os erros de alimentação são fatores que contribuem para tornar esse idoso ainda mais refém de uma sociedade que privilegia o jovem e repudia a velhice como um mal contagioso.

A boa notícia é que, hoje, campos como o da geriatria e gerontologia aceleram as investigações para retar-

dar esse processo natural e inevitável. Quem possui recursos financeiros está investindo nestas duas áreas para retardar os fe-nômenos que causam o en-velhecimento e entrar com tratamentos preventivos para retardar as agressões biológicas, socioculturais e psicossociais que afetam o organismo. É um caminho para um futuro melhor para todos, mas é um caminho longo que precisa ser tri-lhado com a consciência que todos passarão por ele mais cedo ou mais tarde.

Realidade e mudanças sociais

No Brasil a velhice é sinônimo de inutilidade, e a falta de respeito e consideração com o idoso é uma realidade brutal

O médico gerontólogo Arnoldo Andrade cuida dos idosos Ter atividades culturais é importante para os aposentados

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MANAUS, DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012E6 Saúde e bem-estar

Radioterapia avança a passos largos em ManausO câncer é uma doença que possui um tratamento em três tripés que pode incluir a cirurgia, a quimio e a radioterapia

Tratamento que se faz por meio de radiação e atualmente com acelerador linear, a

radioterapia tem evoluído a passos largos e, na cidade de Manaus, esse avanço é observado com muito otimis-mo pela comunidade médica. Tanto é que, desde 2008, a Sensumed tem se equipado com os aparelhos e técnicas mais modernas para auxiliar na recuperação dos pacientes com câncer.

“Fomos os primeiros a ter o acelerador linear. O planeja-mento vem crescendo a cada ano e 2012 vai marcar bastan-te, porque estamos querendo equiparar de vez Manaus aos grandes centros”, define o on-cologista André Campana.

De acordo com Campana, em breve a cidade terá a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), uma téc-nica bastante precisa onde o médico consegue tratar o paciente dando poucas do-ses nos órgãos normais. “Por exemplo, quando tratávamos a próstata, que é uma região próxima à bexiga e ao reto, se atingia esses órgãos. A partir do momento que se é mais preciso, você conse-gue proteger muito mais o paciente. Em um câncer de mama do lado esquerdo, as chances de preservar a parte cardíaca da mulher e, conse-quentemente, de diminuir o risco de complicações futu-

ras aumentam”, aponta. O médico explica que a

agressão da radioterapia moderna é pequena. Exis-tem lugares onde há efeitos colaterais mais agressivos, como tumores de cabeça e pescoço. Contudo, as novas tecnologias evitam que o pa-ciente que sofre com esses tipos de câncer tenha a boca seca ou perca o paladar.

Ainda no fim de agosto, a Sensumed dará início à radio-cirurgia, procedimento usado para tratar tumores do siste-

ma central. Manaus vai ser a primeira cidade da América Latina a ter a tecnologia, o que mostra a importância que a cidade adquiriu nos últimos anos. “Isso significa que hoje não há mais aquela necessida-de do paciente sair da cidade. Psicologicamente, ir para uma região distante prejudica o indivíduo, já que ele abandona o convívio de sua família e amigos e vai para um local que não conhece”, afirma o oncologista.

Apesar de existir há algum

tempo, inclusive no Brasil, a radiocirurgia chega pela primeira vez a Manaus repa-ginada, com lâminas de es-pessura bem fina (2 mm). “Em pacientes com metástase ce-rebral, se fazia a radiação de todo o cérebro. Hoje em dia, só se trata aquela lesão. Com a implantação do IMRT e da radiocirurgia, Manaus terá os protocolos utilizados em qualquer centro de referên-cia do país. Temos parcerias com grandes professores no eixo Rio-São Paulo, que vão nos dar suporte para reuni-ões multidisciplinares”, des-taca Campana.

Os primeiros pacientes já estão se preparando para o tratamento, que está em fase final de testes. Segundo o on-cologista, o aparelho é sueco e consegue radiar pequenas lesões e tratá-las sem seque-las. “No passado, as pessoas com câncer sobreviviam bem menos que hoje. Agora, a so-brevida é maior, e os efeitos colaterais são mais tardios e com menores de aparecer”, acrescenta. O tratamento é liberado para qualquer idade e, como explica Campana, é possível que ele consiga curar o câncer. “É um procedimen-to curativo, e não paliativo. Em Manaus, por muito tempo não se teve tecnologia na radioterapia, e isso acabou criando uma ‘cultura’. Uma das mudanças mais significa-tivas é no planejamento, que atualmente leva mais tempo, tamanha é a precisão com a qual se trabalha”, enfatiza.

CAMILA HENRIQUESEspecial EM TEMPO

NOVIDADEEm breve a cidade terá a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), uma técnica bastante precisa onde o médico consegue tratar o paciente dan-do poucas doses nos órgãos normais

Em média, o tratamento dura de seis a oito sema-nas. Caso o tumor volte, os médicos devem verificar onde ele está. Alguns casos podem pedir uma “re-radio-

terapia”. Após a cirurgia, o paciente é encaminhado para a quimio e, no 28º dia, começa com a radioterapia. “Para esse tratamento o in-divíduo deve fazer uma to-

mografia, onde é delineada a área para atingir e proteger. E existem situações onde o paciente vai para a quimio ou radioterapia sem cirur-gia”, encerra Campana.

Tratamento dura até 8 semanas

Até o final deste mês, a Sensumed dará início à radiocirurgia para tratar tumores centrais

FOTOS: DIEGO JANATÃ

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MANAUS, DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012 E7Saúde e bem-estar

Personal Fitness Club

No caminho da saúde, com o pilatesA prática da musculação de

maneira regular vai lhe ofe-recer uma considerável van-tagem na melhoria da parte estética, com a conseqüente eliminação da gordura e au-mento da massa muscular.

No caso do pilates, que além das inúmeras vantagens já anunciadas hoje também tem merecido a atenção de mé-dicos e cientistas que veem na prática, não apenas uma forma de malhação, mas um caminho para a saúde integral com ganho adicional de força e flexibilidade, os benefícios são inegáveis e os resultados, se-gundo praticantes e especia-listas, já pode ser observado em apenas dez sessões.

Segundo pesquisa realizada no Centro de Saúde da Turquia com um grupo de 38 mulheres sedentárias, após cinco sema-nas do início das aulas o corpo já respondia aos estímulos dados pelos exercícios. Em 21 voluntárias submetidas à téc-

nica, houve aumento da força nos músculos abdominais e melhora na flexibilidade. Uma pesquisa semelhante realiza-da na Universidade do Estado do Colorado (EUA) constatou esses mesmos ganhos entre voluntários de meia-idade.

Se na malhação você tem que ter força para executar bem os exercícios, no pilates é mais importante fazer bem feito. Não há pressa, o que interessa é que as posturas sejam executadas de maneira correta com:

Concentração: pensar em quais músculos estão reali-zando o movimento, isto aju-da o sistema nervoso central a mandar o maior número de impulsos nervosos para o exercício;

Controle: os movimentos devem ser controlados pela a mente e não pelas molas que usamos no pilates, o não deixar a mola lhe puxar, você controla a mola;

Centralização: powerhou-se (músculos abdominais, par-te inferior das costas e os glúteos), todos os exercícios no pilates têm como foco o fortalecimento do powerhou-se, pois estabiliza a coluna per-mitindo uma postura correta para a realização do exercício. Com o powerhouse forte, pro-vavelmente não existirá dor, principalmente lombar;

Movimentos fluídos: mo-vimentos contínuos e ritma-dos, realizados a partir do centro de força, para fora, da forma mais harmônica possível;

Precisão: os movimentos devem ser coordenados para que se possa assumir o con-trole do corpo e realizar movi-mentos sempre corretos;

Respiração: Joseph Pilates enfatizava a importância de manter a circulação do sangue pura. A pureza é o resultado de uma respiração adequada ao exercício. Durante as posturas do pilates é fundamental manter a coluna ereta e a respiração certa

DIVULGAÇÃO/STCK

Na corrente contrária aos defensores da cesariana, o parto humanizado começa a ganhar força e adesão das mães

Humanizar o parto é esquecer a agenda mais conveniente ao médico e sua equipe

e respeitar a natureza, permi-tindo que a criança venha ao mundo no tempo certo. Com essa teoria, o ginecologista e obstetra, Alberto Jorge Gui-marães, defende que a rede pública hospitalar amplie o atendimento às gestantes, oferecendo condições para que sejam realizados mais partos humanizados. Segun-do ele, não precisa muito investimento, basta ter uma sala que ofereça mais confor-to à parturiente e condições para ela se movimentar e ficar com o marido.

O medico é defensor dos conceitos de parto humani-zado, idealizado pelo médi-co francês Michel Odent, e ressalta a importância de se adotar um novo modelo de assistência à parturiente, enfatizando o parto como um evento de máxima feminili-dade, quando a mulher e o bebê são os protagonistas. “Precisamos nos desvencilhar dessa vaidade que médicos e enfermeiras têm sobre a sua importante participação na hora do parto e entender que neste caso específico o papel

principal é da mãe”, afirma. Na opinião do especialista, um ambiente calmo e tranquilo, com o amparo do pai, são ele-mentos essenciais para que a mãe e o bebê vivenciem esse momento de forma livre, espontânea e ativa.

Encabeçando uma pro-posta de reformulação dos protocolos de assistência à mulher, o medico propõe um atendimento com menos in-tervenções farmacológicas e uma assistência mais huma-na no parto, enfatizando a importância da presença do pai, desde o pré-natal.

De uma maneira muito li-beral ele defende que o par-to humanizado seja realizado, preferencialmente, nos hos-pitais, levando em conta a infraestrutura para atender as pacientes em casos de urgên-cia. Mas diz que não tem nada contra os partos realizados em casa, desde que essa de-cisão seja tomada com muito “pé no chão”, porque tem que se considerar as dificuldades de logística e uma pequena porcentagem de complica-ções, algo em torno de 2%, que pode traumatizar os pais que não estiverem preparados para tais ocorrências.

“Nos hospitais tudo é defi-nido e no modelo atual não existe norma para atendimen-to domiciliar”, diz ele.

O parto que respeita ahora certa do seu bebê

A participação do pai é fundamental no parto natural, para apoiar a mãe, e também durante todo o processo de gestaçãoNo parto humanizado, a mãe tem mais contato com o bebê

FOTOS: DIVULGAÇÃO/STCK

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

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E8 MANAUS, DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012Saúde e bem-estar

Dia da Saúde em Manaus

O Dia da Saúde, em Ma-naus, levou informacão aos frequentadores do Millennnium Shopping na última terça-feira, quando profissionais de enferma-gem e nutrição estiveram na praça de alimentação para explicar sobre alimen-tação saudável e aferir a pressão do público, além de fazer a medição de pressão arterial, cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e oferecer dicas sobre almo-ços balanceados.

Caroline Paiva, nutricio-nista do Hapvida Saúde, respondeu as dúvidas das pessoas que passavam pelo shopping e disse que o tema mais perguntado foi sobre a alimentação saudável. “Muitos querem saber o que fazer para emagrecer, outros como ganhar massa muscular com saúde. A orientação geral é sempre evitar fri-turas e doces, comer a cada três horas e colocar sempre alimentos colori-dos no prato para variar as proteínas”, recomenda.

Segundo a profissional, a proporção para um prato saudável seria de 50 a 60% de carboidratos (massas e grãos); de 15 a 20% de proteína (carnes, peixes e frangos) e de 20 a 30% de lipídios (gorduras boas, óle-os e frutas como o açaí).

COMEMORAÇÃO

Campanha, a ser lançada no Dia do Ortopedista, pretende conscientizar população sobre a doença

Osteoporose é um perigo para as pessoas idosas

O aumento da expec-tativa de vida do bra-sileiro também tem revelado um cresci-

mento do número dos casos de fraturas na faixa etária acima dos 60 anos. Lesões no fêmur, provocadas pela osteo-porose, tem ocorrido com mais frequência, principalmente de madrugada quando o idoso vai ao banheiro, de acordo com o presidente da Sociedade Bra-sileira de Ortopedia, sessão Amazonas (SBOT/AM), Fran-cisco Mateus, que classificou a situação como epidêmica.

Professor da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e médico dos hospitais Getúlio Vargas e Adriano Jorge, Fran-cisco Mateus tem recebido um grande número de pacientes, a maioria mulheres acima dos 65, com fratura no fêmur. “Temos um número de 45 fra-turas, em média, por mês, de pacientes atendidos no servi-ço público. Posso afirmar que a cada quatro mulheres nesta faixa etária acima dos 65 anos, uma possui osteoporose com risco de fratura”, assegu-ra o presidente da SBOT/AM, que está programando uma campanha de conscientiza-ção pública voltada para o problema.

Provocada pela fragilidade

da estrutura do osso (poro-sidade do osso), a doença pode ter origem genética, uma pré-disposição, o pouco con-sumo de cálcio na alimentação diária e a falta de atividades físicas. A prevenção para a patologia está na identifica-

ção do histórico familiar por meio de exames clínicos com um ortopedista, endocrino-logista, ginecologista ou um clínico geral.

“Caso não haja um his-tórico familiar, a mulher, a partir da menopausa, tem que fazer exame periódico, praticar exercício, priorizar hábitos saudáveis como uma alimentação rica em cálcio consumindo leite e derivados verduras verdes do tipo bróco-lis, agrião, alface e espinafre”, orienta Francisco Mateus.

PATOLOGIAProvocada pela fragi-lidade da estrutura do osso (porosidade), a osteoporose pode ter origem genética, uma pré-disposição, o pou-co consumo de cálcio na alimentação diária e a falta de atividades

A situação é tão preocu-pante que a SBOT/AM vai lançar o projeto “Casa Se-gura”, no próximo dia 19 de setembro, Dia do Ortopedis-ta, no Parque do Idoso.

Como boa parte dos aci-dentes que resultam em fraturas ocorre dentro de casa, o projeto orienta en-

genheiros e arquitetos de como projetar um ambiente seguro, onde o piso seja antiderrapante, a altura do vaso sanitário adequada e com apoios, o mesmo acon-tecendo com a cama, cuida-dos com as escadas, apoio nas paredes e disposição dos móveis.

Ciclo de palestrasO tema também faz parte

da programação de um ciclo de palestra, realizado pela SBOT/AM todos os sábados, as 9h30, na Amazon Sat, com a participação de es-pecialistas da Sociedade de Ortopedia interagindo com os telespectadores.

Se antecipando aos acidentes

Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia, seção Amazonas, médico Francisco Mateus

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