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// A A A artista belga Sarah Vanhee coleccionou todo o “lixo” real e virtual que produziu durante um ano inteiro, compilou-o num projecto e chamou-lhe " Oblivion". Embalagens de produtos, sentimentos de relações antigas ou os emails que apagou. Tudo o que descartou, nesse período, está compilado numa performance, ali, no teatro, pronto a ser explicado pela artista. A perfomance "Oblivion" pode ser vista hoje, dia 7, e amanhã, dia 8 de Abril, no Teatro Maria Matos, em Lisboa, sempre pelas 21h30. "Oblivion" — esquecimento em português — diz respeito a tudo o que é esquecido ao fim de algum tempo. A relação com o projecto é óbvia: apesar de já não serem usadas ou mantidas, as coisas têm um lugar nas nossas vidas. A artista quis "trazer o invisível para o regime do visível” e isso foi algo que requereu “muita colaboração e inspiração”, contou ao P3 em entrevista pelo telefone. Com várias pessoas envolvidas no projecto, tanto directa como indirectamente, a performance de "Oblivion" divide-se em dois eixos: um que sublinha o desperdício e outro que sublinha a abundância. Entre este equilíbrio, a peça demorou cerca de dois anos a estar acabada. “Tudo é alguma coisa”. Foi assim que as pessoas próximas de Sarah se deram conta de que o projecto havia começado. “Viam-me a lavar o lixo e a secá-lo pela casa. Foi muito complicado arranjar espaço para todas as coisas. Tive de arranjar uma maneira logística de as manter. As pessoas tinham sempre perguntas sobre o que é que eu estava a guardar.” “No meio daquele processo, as coisas tornaram-se em algo mais, algo valioso. No início, senti-me muito rica, porque pensei que tudo tinha permissão para ser alguma coisa. Normalmente, no trabalho artístico normal há uma selecção das coisas que valem a pena, acabando por haver uma restrição das escolhas", reflecte Sarah. "Mas, depois, tornou-se em algo paradoxal: a partir do momento em que dizes que algo não faz parte, começa a fazer parte, e depois torna-se em alguma coisa”, acrescenta. Na prática, embora pensemos que não, está tudo interligado. “Oblivion” mostra-nos que as coisas, ainda que inutilizáveis, têm valor e, especialmente, um significado nas nossas vidas. “Temos a ilusão de que somos indivíduos separados dos outros e das coisas. Mas não, nós somos uma 'network'. Iludimo-nos ao pensar que seguimos em frente e que deixamos as coisas e a conexão que temos com elas para trás”, explica a autora de iscreamed. “Acima de tudo, esta peça é uma viagem — não sobre a propriedade material que produzo, mas sobre a relação que estabeleço com ele”, conta. Depois de Portugal, seguem-se França e Bruxelas. A viagem da “viagem” continua. Voltar ao topo | Corrige Eu acho que Tags Vê também // Convento São Francisco, em Coimbra, quer ser escola de dança e espaço de criação // 3Pês: das “pints” de Glasgow ao indie português // Arte urbana em Lisboa: os artistas têm uma loja e a loja tem os artistas Teatro Maria Matos Sarah Vanhee compilou o lixo de um ano e fez uma performance "Oblivion", que pode ser vista hoje e amanhã no Teatro Maria Matos, em Lisboa, divide-se em dois eixos: um que sublinha o desperdício e outro que sublinha a abundância Texto de Adriana F. Afonso • 07/04/2016 - 17:38 Cultura Mp3 Filmes Palcos Livros Exposições Design Arquitectura Actualidade Vícios Fotografia Phile Deprez Phile Deprez Phile Deprez + Vistas - Vistas Tags O preservativo que não se rompe Imóvel centenário de Viana agora é a... Geração "CrossFit" ou a maleita do "... O nomadismo digital chegou e está... Portuenses são os mais felizes da... É preciso fé para andar de bicicleta... Fotolivro Portugal: o retrato de um paí... O norte-americano Nick Tauro Jr. passou um mês em Portugal à procura da "saudade" e garante, é quase palpável. Em entrevista ao P3 disse que noutros países... Entra Redes Sociais PHILE DEPREZ 2068 // Leituras 2 // Eu acho que 186 Gosto Gosto Tweetar 0 Pesquisar 9 amigos gostam disto P3 Gostar da Págin Orienta-te PORTUGAL ECONOMIA MUNDO DESPORTO CULTURA-ÍPSILON TECNOLOGIA CIÊNCIA OPINIÃO MULTIMÉDIA MAIS Sarah Vanhee compilou o lixo de um ano e fez uma performan... http://p3.publico.pt/cultura/palcos/20126/sarah-vanhee-compi... 1 of 2 10/08/16 14:29

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A artista belga Sarah Vanhee coleccionou todo o “lixo” real evirtual que produziu durante um ano inteiro, compilou-o numprojecto e chamou-lhe "Oblivion". Embalagens de produtos,sentimentos de relações antigas ou os emails que apagou.Tudo o que descartou, nesse período, está compilado numaperformance, ali, no teatro, pronto a ser explicado pela artista.A perfomance "Oblivion" pode ser vista hoje, dia 7, e amanhã,dia 8 de Abril, no Teatro Maria Matos, em Lisboa, semprepelas 21h30. "Oblivion" — esquecimento em português — diz respeito atudo o que é esquecido ao fim de algum tempo. A relação como projecto é óbvia: apesar de já não serem usadas oumantidas, as coisas têm um lugar nas nossas vidas. A artistaquis "trazer o invisível para o regime do visível” e isso foi algoque requereu “muita colaboração e inspiração”, contou ao P3em entrevista pelo telefone. Com várias pessoas envolvidas no projecto, tanto directacomo indirectamente, a performance de "Oblivion" divide-seem dois eixos: um que sublinha o desperdício e outro quesublinha a abundância. Entre este equilíbrio, a peça demoroucerca de dois anos a estar acabada. “Tudo é alguma coisa”. Foi assim que as pessoas próximas deSarah se deram conta de que o projecto havia começado.“Viam-me a lavar o lixo e a secá-lo pela casa. Foi muitocomplicado arranjar espaço para todas as coisas. Tive dearranjar uma maneira logística de as manter. As pessoastinham sempre perguntas sobre o que é que eu estava aguardar.” “No meio daquele processo, as coisas tornaram-se em algomais, algo valioso. No início, senti-me muito rica, porquepensei que tudo tinha permissão para ser alguma coisa.Normalmente, no trabalho artístico normal há uma selecçãodas coisas que valem a pena, acabando por haver umarestrição das escolhas", reflecte Sarah. "Mas, depois,tornou-se em algo paradoxal: a partir do momento em quedizes que algo não faz parte, começa a fazer parte, e depoistorna-se em alguma coisa”, acrescenta. Na prática, embora pensemos que não, está tudo interligado.“Oblivion” mostra-nos que as coisas, ainda que inutilizáveis,têm valor e, especialmente, um significado nas nossas vidas.“Temos a ilusão de que somos indivíduos separados dosoutros e das coisas. Mas não, nós somos uma 'network'.Iludimo-nos ao pensar que seguimos em frente e quedeixamos as coisas e a conexão que temos com elas paratrás”, explica a autora de iscreamed. “Acima de tudo, esta peça é uma viagem — não sobre apropriedade material que produzo, mas sobre a relação queestabeleço com ele”, conta. Depois de Portugal, seguem-seFrança e Bruxelas. A viagem da “viagem” continua.

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// Arte urbana emLisboa: os artistas têmuma loja e a loja tem osartistas

Teatro Maria Matos

Sarah Vanhee compilou o lixo deum ano e fez uma performance"Oblivion", que pode ser vista hoje e amanhã no Teatro Maria Matos,em Lisboa, divide-se em dois eixos: um que sublinha o desperdício eoutro que sublinha a abundânciaTexto de Adriana F. Afonso • 07/04/2016 - 17:38

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