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“São as pequenas coisas que importamsucesso, a riqueza. No topo há muito p passo que no fundo há muitos como voctamento e ninguém para instigá-lo. Nã por um momento que a vida de um gên disso. Seja grato por ser um joão-ning

“Uma coisa parece-me cada vez mais evidente: o caráter bási-co da pessoa não muda com opassar dos anos. Com rarasexceções, a pessoa não se desenvolve ou evolui. O carvalho continua sendo um carvalho, o porco um porco,e o burro um burro.”“A vida obriga-nos a aprender algumas lições, mas não necessariamente a crescer.”“A mocidade pode ser gloriosa,mas é também dolorosa para se suportar.”“O que eu prezo acima de tudo éo senso de maravilhamento. Pormais que possa vituperar contraa condição de vida em que nosencontramos, deixei de acreditarque sou capaz de remediá-la.Talvez seja capaz de alterar umpouco minha situação, mas não a dos outros.”“Tive, e ainda tenho, amigos quesão joões-ninguém e devo confessar que eles estão entremeus melhores amigos.”“Não tento mais converter aspessoas à minha visão dascoisas, nem curá-las.”“Deus não está do seu lado,mas a seu lado.”

“A gente pode aprender maiscom uma criança do que comum professor conceituado.”“Nada de valor aprendi na escola. Mesmo hoje, não creioque fôsse capaz de passar numexame de escola primária de qualquer matéria.”“O que está desgraçadamentefaltando em nosso mundo dehoje é grandeza, beleza, amor,compaixão --e liberdade. Foram-se os dias de grandes indivíduos,grandes líderes, grandes pensadores. Em seu lugar estamos criando uma ninhada de monstros, assassinos, terroristas.”“Somos incapazes de pemaneceranônimos, como aqueles homens que construíram asgrandes catedrais. Queremos ver nossos nomes escritos comluzes de neon.”“Você deixa de pensar em melhorar o mundo --ou mesmo asi próprio. Você aprende a vernão aquilo que quer ver, mastudo que existe. E aquilo queexiste é geralmente mil vezesmelhor do que aquilo que poderia ou deveria ser.”“Eu acreditava que para ser

m, não a fama, oouco espaço, ao

cê, não há ajun-o pense sequerio é feliz. Longeuém.”

escritor era necessário, pelo menos, escrever cinco milpalavras por dia. Acreditava que era preciso dizer tudo, dumasó vez, num só livro, e depois desaparecer.”“Nunca havia lido a Odisséia; sólera a Ilíada, e assim mesmo hápoucos meses. O que desejodizer é que, depois de haveresperado 67 anos para ler estesclássicos universalmente estimados, senti por eles umcerto menosprezo. N`A Ilíada, oumanual do açougueiro, como o chamo, mais do que n`A Odisséia.”“Não há crimes, não há guerras,não há revoluções, cruzadas,inquisições, perseguição e intolerância porque alguns denós somos malvados, mesquinhos de espírito ou assassinos de coração; existeesta maligna condição nosassuntos humanos porque todos nós, tanto os justos como os ignorantes e os maus, carecemos de verdadeira tolerância, verdadeira compaixão, verdadeiro conhecimento e compreensãoda natureza humana.”

“Conheço o meu destino. Eu nãosou um homem: sou dinamite.”“Prefiro mil vezes mais ser considerado um sátiro do que umsanto.”“Dentre toda a minha obra,Zaratustra ocupa um lugar predile-to. Com ele eu fiz à humanidade omais valioso dos presentes quelhe seria dado fazer.”“O homem é um rio turvo. É pre-ciso ser um mar para, sem setoldar, receber um rio turvo.”“Também ressentir-se da solidão éum título desfavorável; eu, pormim, sofri sempre da multidão”...“Eu mesmo não sou ainda atual;alguns nascem póstumos.”“Chegará o tempo em que surgirão institutos nos quais seviverá e ensinará aquilo que eu entendo por viver e ensinar; talvez se criarão cátedras especiais para interpretar oZaratustra.”“As mais formosas e estranhasconcepções de Leonardo da Vinciperdem o atrativo diante dosprimeiros acordes de Tristão.”“Essas coisinhas - nutrição, lugar,clima, devaneios, a casuística totaldo egoísmo - são infinitamentemais importantes do que tudoaquilo que até agora tem sido

considerado como importante.”‘O que é grande no homem, éque ele é uma ponte e não umfim: o que pode ser amado nohomem, é que ele é um passar eum sucumbir.”“Meu orgulho é o de dizer em dez frases o que qualquer outrodiz num volume, ou o que umoutro não consegue dizer numvolume.”“As intensidades do meu sentimento me fazem estremecere rir; inumeráveis vezes não pudesair do meu quarto pela ridícularazão de que meus olhosestavam irritados. E por que? Por que no dia anterior haviachorado demasiadamente durante minhas caminhadas. E não eramlágrimas sentimentais, eram lágrimas de júbilo, enquanto cantava e falava coisas dis-paratadas, penetrado por umavisão nova que me coloca nadianteira em relação a todos osdemais homens.”“Lou permanecerá esta semana comigo. É a mais inteligente dasmulheres. Apesar disso, a cadacinco dias vivemos uma pequenacena trágica. Nossas inteligênciase gostos são profundamenteafins, porém existe entre nós tan-

“É noite; agora falam mais fortemente to borbulhantes. E também a minha alma é borbulhante. É noite; despertam agora to amantes. E também a minha alma é uma amante. Há qualquer coisa em mim não a aplicável, que quer elevar a voz. Há em mamor que fala a linguagem do amor.”

tas oposições que somos, umpara o outro, os mais intrutivosobjeto e sujeito de observação.”“Nunca encontrei mulher dequem quisesse ter filhos senãoesta mulher que amo: porque teamo eternidade!”“Não se preste nenhuma fé apensamentos que não nasceramao ar livre e por uma ação natu-ral, na qual os músculos nãotivessem gozado de alegria.Todos os preconceitos provêmdos intestinos. ”“O que você sequer supõe é quetenho que pagar todos os gastosde impressão e distribuição demeus livros, cerca de 4 mil francos por ano. E como fuiestigmatizado pelos editores epela imprensa, não se vende nemum centena dos exemplaresimpressos. E minha aposentado-ria na Basiléia é modesta, 3 mil francos anuais.”“Eu amo o que quer criar qual-quer coisa superior a si mesmo edessa arte sucumbe.”“O corpo é uma razão em pontogrande, uma multiplicidade comum só sentido, uma guerra e umapaz, um rebanho e um pastor.”“Deus também tem o seu inferno:é o seu amor pelos homens.”

das as fontes uma fonte das as canções de canção deplicada nem

m im um anelo de

“A educação que não se apoiana vida e nos problemas maisvitais e imediatos de sua épocanão é educação; é apenassufocação e sabotagem.”“A arte jamais exige quealguém faça algo, pense algoou seja algo. Ela existe comoexistem as árvores: você podeadmirá-las, sentar-se à suasombra, colher bananas, apanhar lenha para o fogo,fazer o que bem quiser.”“Quando eu estava na escolapreparatória, Ibsen era umapiada nas revistas cômicas, eos grandes autores dossemanários literários e dasmelhores revistas eram...umasérie de homens hoje conheci-dos apenas dos estudiososdaquele período e dospesquisadores.”“A doença destes últimoscento e cinquenta anos temsido a abstração. Que seespalhou como a tuberculose.”“Todo ensino de literatura deveria ser efetuado pela apre-sentação e justaposição deespécimes de escrita e nãopela discussão da opinião deuma outra pessoa qualquer a respeito do relevo de um

poeta ou autor.”“Os artistas são as antenas daraça. Os escritores de umanação são os voltímetros e osmanômetros da vida intelectualdessa nação. São os seusinstrumentos registradores.”“A única crítica realmentedanosa é a crítica acadêmicados que fazem o grande sacrifício, que se recusam adizer o que pensam, se é quepensam e repetem as opiniões consagradas; esses homenssão a praga.”“É por uma razão dessa ordemque toda crítica deveria ser,reconhecidamente, uma críticapessoal. Ao fim e ao cabo, ocrítico só pode dizer gostodisto ou estou comovido oualgo parecido.”“Vamos, lamentemos os queestão em melhor situação quea nossa. Vamos, meu amigo, elembra-te: os ricos têm mor-domos e não têm amigos, enós temos amigos e nãotemos mordomos. Vamos,lamentemos os casados e ossolteiros. A aurora entra compés pequenos, Pavlova doura-da, e estou perto do meudesejo. E a vida não tem nada

“Há uma qualidade que une todos os granescolas e colégios são dispensáveis para maneçam vivos. Tirem-nos do currículo, l poeira das bibliotecas. Chegará um dia e casual, não subvencionado nem corrompirará e os trará de novo à tona. No mediev literatura oficial, mas todo mundo continu

de melhor que esta hora declaro frescor, a hora de acordarjuntos.”“Oh geração dos afetados con-sumados e consumadamentedeslocados, tenho vistopescadores em piqueniques aosol, tenho-os visto, com suasfamílias mal-amanhadas, tenhovisto seus sorrisos transbor-dantes de dentes e escutadoseus risos desengraçados. Eeu sou mais feliz que vós, eeles eram mais felizes do queeu; e os peixes nadam no lagoe não possuem nem o quevestir.”“Com usura nenhum homemtem casa de boa pedra...com usura nenhum homemtem um paraíso pintado naparede de sua igreja...com usura a lã não chega aomercado, a ovelha não dálucro...a usura embota a agulha nos dedos da donzela,tolhe a perícia dafiandeira...usura enferruja ocinzel, enferruja a arte e oartesão, rói o fio no tear...Usura mata a criança no ventre, detém o galanteio do moço”

n des escritores:que eles per-ancem-nos àm que um leitordo, os desenter-al, Virgílio era aava lendo Ovídio.”

“Tempo haverá, tempo haverápara moldar um rosto com que enfrentar os rostos que encontrares...Tempo para ti e tempo para mim,e tempo ainda para uma centenade indecisões e uma centena devisões e revisões, antes do chácom torradas.”“E valeria a pena, afinal, teria vali-do a pena, após os poentes, asruas e os quintais polvilhados derocio, após as novelas, as cháve-nas de chá, após o arrastar dassaias no assoalho”“Abril é o mais cruel dos meses,germina lilases para além da terramorta, mistura memória e desejo,aviva agônicas raízes com achuva da primavera.”“Filho do homem, não podesdizer, ou sequer estimas, porqueapenas conheces um feixe deimagens fraturadas, batidas pelosol, e as árvores mortas já nãomais te abrigam, nem te consolao canto dos grilos.”“Amigo, o sangue em meucoração se agita a tremendaousadia de um momento deentrega que um século deprudência jamais revogará.Por isso, e por isso apenas, existimos.”

“Assim expira o mundo nãocomo uma explosão, mas comum suspiro.”“Se a palavra perdida se perdeu, se a palavra usada segastou, se a palavra inaudita e inexpressainexpressa e inaudita pemanece, então inexpressa a palavra ainda perdura, o inaudito Verbo,o Verbo sem palavra, o Verbo”“O que poderia ter sido e o que foi convergem para um só fim, que é sempre presente.Ecoam passos na memória aolongo das galerias que não percorremos em direção à porta que jamais abrimos para o roseiral. Assim ecoam minhas palavras em tua lembrança.”“Ser consciente é estar fora do tempo. Mas somente notempo é que o momento noroseiral, o momento sob o caramanchão batido pela chuva,o momento na igreja cruzadapelos ventos ao cair da bruma,podem ser lembrados, envoltosem passado e futuro. Somenteatravés do tempo é o temporeconquistado.”“Ou seja, que o fim precede oprincípio, e que o fim e o princí-

“Existem poemas rúnicos e melopéias co dentes: evitar o mau-olhado, curar doençademônios. A poesia foi usada primeiramen giosos. É provável que as antigas epopéiaspara transmitir a mensagem histórica antemarem em entretenimento E a regularidadeva certamente muma excelente ajuda para

pio sempre estiveram lá antesdo princípio e depois do fim. E tudo é sempre agora.”“Para chegares ao que nãosabes deves seguir por um caminho que é o caminho da ignorância. Para possuires o que não possuis deves seguirpelo caminho do despojamento.Para chegares ao que não ésdeves cruzar pelo caminho emque não és. E o que não sabes éapenas o que sabes.E o que possuis é o que nãopossuis. E onde estás é onde não estás.”“Não estás aqui para averiguar,ou te instruíres a ti próprio, ou satisfazer a curiosidade, ou redigir um informe. Aqui estás para te ajoelharesonde eficaz tem sido a oração.”“Pois as palavras do ano findosó pertencem à linguagem doano findo, e as palavras do anopróximo outra voz aguardam.”“Acertemos nossos relógiospelos relógios das praças.”“O que chamamos princípio équase sempre o fim.E alcançarum fim é alcançar um princípio.”“Cada frase e cada sentença são um fim e um princípio.Cada poema um epitáfio.”

m finalidades evi-a s ou propiciar

te em rituais reli-s tenham servido s de se transfor-

e do verso resulta-a a memorização.”

“Seja o que for, era melhor não ter nasci interessante que é a todos os momentos, doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,dar gritos, de dar pulos, de ficar no chãode todas as casas, de todas as lógicas e sacadas, e ir ser selvagem para a morte esquecimentos, entre tombos...”

“Se depois de eu morrer, quiseremescrever a minha biografia, nãohá nada mais simples. Tem sóduas datas - a da minha nascençae a da minha morte. Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.”“Ó mar salgado, quanto do teu salsão lágrimas de Portugal!” “Valeu a pena? Tudo vale a penase a alma não é pequena.”“Ser poeta não é uma ambiçãominha. É a minha maneira de estarsozinho.”“Há metafísica bastante em nãopensar em nada. O que penso eudo mundo? Sei lá o que penso do mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso.”“O mistério das cousas? Sei lá oque é mistério! O único mistério éhaver quem pense no mistério.”“O único sentido íntimo das cousasé elas não terem sentido íntimonenhum.”“O meu misticismo é não querersaber. É viver e não pensar nisso.”“Da mais alta janela da minha casa,com um lenço branco digo adeus,aos meus versos que partem paraa humanidade.”“Se eu morrer novo, sem poderpublicar livro nenhum, sem ver a

cara que têm os meus versos emletra impressa, peço que, se sequiserem ralar por minha causa,que não se ralem, se assimaconteceu, assim está certo.”“Todas as opiniões que há sobrea natureza nunca fizeram cresceruma erva ou nascer uma flor.”“Não sou eu quem descrevo. Eusou a tela e oculta mão coloraalguém em mim.”“O teu silêncio é uma nau comtodas as velas pandas...todos osocasos fundiram-se na minhaalma...Ergueram-se a um tempotodos os remos...minha alma éuma lâmpada que se apagou eainda está quente...”“A minha infância está em todosos lugares.”“Amar é a eterna inocência.”“O Tejo é mais belo que o rio quecorre pela minha aldeia, mas oTejo não é mais belo que o rioque corre pela minha aldeia,porque o Tejo não é o rio quecorre pela minha aldeia.”“Procuro despir-me do queaprendi. Procuro esquecer-me do modo de lembrar que meensinaram, e raspar a tinta comque pintaram os sentidos, desencaixotar as minhas

do, porque de tãoa vida chega a

, a dar vontade de, de sair para forade todas asentre árvores e

emoções verdadeiras, desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro, mas um animal humano que a Naturezaproduziu,”“O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos.”“Se o que escrevo tem valor, nãosou eu que o tenho: o valor estáali, nos meus versos. Tudo isso éabsolutamente independente daminha vontade.”“Vem soleníssima, soleníssima echeia de uma oculta vontade desoluçar, talvez porque a alma égrande e a vida pequena, e todosos gestos não saem do nossocorpo e só alcançamos onde onosso braço chega, e só vemosaté onde chega o nosso olhar.”“Trago dentro do meu coração,como num cofre que se nãopode fechar de cheio, todos oslugares onde estive, todos osportos a que cheguei, todas aspaisagen que vi através dejanelas ou vigias, ou de tombadilhos, sonhando, e tudoisso, que é tanto, é pouco para oque eu quero.”“Eu sou o que sempre quer par-tir, e fica sempre, fica sempre.”

A família é pois uma arrumação de móvsoma de linhas, volumes, superfícies. E são portas, chaves, pratos, camas, e esquecidos, também um corredor, e o eentre o armário e a parede onde se dep certa porção de silêncio, traças e poeirlonge em longe se remove...e insiste.

“Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra disse:Vai, Carlos! ser gauche na vida.”“Mundo mundo vasto mundo, se eume chamasse Raimundo seria umarima, não seria uma solução.”“Eu também já fui brasileiro morenocomo vocês. Ponteei viola, guieiforde e aprendi na mesa dos baresque o nacionalismo é uma virtude.Mas há uma hora em que os bares se fecham e todas as virtudes se negam”.“Casas entre bananeiras mulheresentre laranjeiras pomar amor cantar.Um homem vai devagar.Um cachorro vai devagar. Um burrovai devagar. Devagar...as janelasolham. Eta vida besta, meu Deus.”“Meu verso é minha consolação.Meu verso é a minha cachaça.”“No elevador penso na roça,na roça penso no elevador.”“Perdi o bonde e a esperança.”“Carlos, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija,amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feiraninguém sabe o que será.”“Tenho apenas duas mãos e o senti-mento do mundo.”“Tive ouro, tive gado, tive fazendas.Hoje sou funcionário público.Itabira é apenas uma fotografia na

parede. Mas como dói!”“Chega um tempo em que não sediz mais: meu Deus. Tempo deabsoluta depuração. Tempo emque não se diz mais: meu amor.Porque o amor resultou inútil. Eos olhos não choram. E as mãostecem apenas o rude trabalho. E ocoração está seco.”“Teus ombros suportam o mundoe ele não pesa mais que a mão deuma criança.”“Não serei um poeta de ummundo caduco. Também nãocantarei o mundo futuro. Estoupreso à vida e olho meus companheiros. O tempo é aminha matéria, o tempo presente,os homens presentes, a vida presente.”“Não, meu coração não é maiorque o mundo. É muito menor.Nele não cabem nem as minhasdores.”“Como fugir ao mínimo objetoou recusar-se ao grande?”“Não faças versos sobre aconteci-mentos. Não há criação nemmorte perante a poesia. Diantedela, a vida é um sol estático, nãoaquece nem ilumina. O que pen-sas e sentes, isso ainda não époesia. A poesia (não tires poesiadas coisas) elide sujeito e objeto.”

v eis,

mbrulhos e spaço

osita r a que de

“As coisas. Que tristes são ascoisas consideradas sem ênfase.”“As leis não bastam. Os lírios nãonascem da lei.”“O último dia do ano não é o último dia do tempo. Outros diasvirão e novas coxas e ventres tecomunicarão o calor da vida. Oúltimo dia do tempo não é o último dia de tudo. Fica sempreuma franja de vida onde se sentam dois homens. Um homeme seu contrário, uma mulher e seupé, um corpo e sua memória, umolho e seu brilho, uma voz e seueco, e quem sabe até se Deus...”“Vamos, não chores...A infânciaestá perdida. A mocidade está per-dida. Mas a vida não se perdeu. Oprimeiro amor passou. O segundoamor passou. O terceiro amorpassou. Mas o coração continua.”“Amor é privilégio de madurosestendidos na mais estreita cama.Amor é o que se aprende no limite. Amor começa tarde.”“A mão escreveu tanto, e não sabecontar! A boca também não sabe.Os olhos sabem--e calam-se.”“Sou tão pequeno (sou apenas umhomem) e verdadeiramente só conheço minha terra natal, dois outrês bois, o caminho da roça,alguns versos que li há tempos.”

“Depois da primeira pátria,como parece a segunda incerta esem abrigo!”“Quem nos desviou assim, paraque tivéssemos um ar de despedi-da em tudo o que fazemos?”“Oh não porque a felicidadeexista, essa prematura dádiva deuma perda iminente.”“Estamos aqui para dizer ascoisas como elas mesmas jamaispensaram em ser intimamente.”“Oh! estar morto um dia e conhecer infinitamente todas asestrelas! Pois como esquecê-las,como?”“Não acredites que o destino seja mais do que a infância e oque ela contém.”“Ai, quem nos poderia valer? Nemanjos, nem homens e o intuitivo ani-mal logo adverte que para nós nãohá amparo neste mundo definido.”“Quem desconhece a angustiosaespera diante do palco sombriodo próprio coração?”“E em torno desse centro, a rosa do contemplar floresce edesfolha.”“Não amamos como as flores,depois de uma estação; circula em nossos braços, quandoamamos, a seiva imemorial.”“Não é tempo daqueles

que amam libertar-se do objetoamado e superá-lo frementes?Assim a flecha ultrapassa acorda, para ser no vôo mais doque ela mesma. Pois em partealguma se detém.”“Sim, as primaverasprecisavam de ti. Muitas estrelas queriam ser percebidas.Do passado profundo afluíauma vaga, ou quando passavassob uma janela aberta, umaviola d’amore se abandonava.”“Faz-se cada vez mais raro odesejo de ter uma morte particular. Mais um pouco, eserá tão raro quanto ter umavida particular. Meu Deus: tudoisso está aí. A gente chega,encontra a vida pronta, bastavesti-la.”“Também não quero mais escrever cartas. Para que diria aoutra pessoa que estou memodificando? Se me modifico,já não sou aquele que fui, soualgo diferente do que até agora era, então é evidente que não tenho conhecidos. E é impossível escrever cartas paragente desconhecida.”“Versos não são, como as pes-soas imaginam, sentimentos --são experiências. E por causa

“É possível que, apesar do progresso, dreligião e da sabedoria universais, tenh do na superfície da vida? E que mesmoesteja recoberta de um tecido tão incr monótono que nos pareça móveis de sade verão? Sim, é possível. É possível qda humanidade tenha sido um mal ente

de um verso é preciso ver muitascidades, pessoas e coisas, é preciso conhecer bichos, é preciso sentir como voam ospássaros, e saber com quegestos flores diminutas se abrem ao amanhecer.”“Nunca te vi, que não tivesse odesejo de te rezar. Nunca te ouvi,que não tivesse o desejo deacreditar em ti. Nunca te esperei,sem o desejo de sofrer por ti.Nunca te desejei, sem ter também o direito de me ajoelhar à tua frente.”“Não quero visitar países que osteus sonhos não tenham percorrido, nem habitar cabanas,que não tenham abrigado o teurepouso.”“A isto se chama destino: estarem face do mundo, eternamenteem face.”“Se uma só vez tivesses vistocomo o destino entra nos versose não regressa.”“Guarda-te melhor, guarda-tecaminhante do caminho que também caminha.”“Lembrar aqui não é o bastante, opuro existir daqueles momentostem de estar no fundo de mim.”“De quem estamos próximos? Damorte ou daquilo que ainda não é ?”

da cultura, daamos permaneci-essa superfícieivelmente

a la numas férias ue toda a históriandido?”

“Eu vim da geração das crianças traída montão de coisas destroçadas. Eu tentee nervos mas o rebanho morreu... Meu prisma. Eu sou que constrói porque é m o que não é contra mas o que se impõe.quando destrói, destrói com ternura e qarranca até a raiz e põe a semente no lu

“Vamos inventar-nos, sim, comonunca havíamos sido inventados,em nenhuma raça, em nenhumorgasmo, em nenhum amor.”“Poesia é terrível soerguimento.”“Ser amigo é conferir um mundointerior de possibilidades. Seramigo é a linguagem extrema.”“Tua solidão é a solidão do mundo:alegra-te. Sagra o coração com folhas de louro e cinzas claras dainfância.”“Bem sabes que as veredas dosdeuses pertencem aos que sabemconquistar. E amanhã o dia será denovos deuses e adeuses.”“E debaixo, bem debaixo daspontes, onde o tempo faz ninhosde ausência, por que podas aservas daninhas, se é idade de tantoflorir e água de tanto nascer?”“Sem saber, tudo te pertence semsaber: o favo solitário cuja doçurase funde à resina do galho que osuporta; os dias fincados comoestacas um ao lado do outro.”“Oh como dar mãos a quem nãotem mãos de dar.”“ Deixem-me calado na dor e noamor, deixem em paz minha desor-dem, meu canto rouco, meu viverinterior, meu delírio, meu submun-do, as águas da minha incertezaconstante. deixem em paz a fer-

rugem de meus planos abandon-ados, o quadro negro de meuexistir traçado a gis, não meensinem códigos, não me pon-ham sininhos no pescoço, euquero ter a certeza de ser livre.”“Não reis, cientistas, chefes,presidentes, deuses: ninguémvive sem a flor e sem o amor.”“ E nós, os de calças-curtas,sequer fazemos a ciranda doprotesto. Parecemos velhas atrásde vidraças olhando tempes-tades. E quando tudo passacomo num parto sem criançacaímos de bruços -- nós osmachos, nós os puros, nós osanjos, nós os do reino dos céusque apenas sabemos dizer:graças a Deus, graças a Deus.”“Nada se converte fora de si,apesar dos deuses. E não existeexoneração, existe vocação.”“Sempre há duas solidões quese aguardam. Por isso queroestar junto como raiz e tronco.”“Oh mãe, arca primeira docorpo, primeiro chão, primeiralasca do tronco abatido a machado.”“Viver é campo de passagem.Tenho sempre um tempo detransição.”“Ainda nesta noite ainda

s. Eu vim de um i unir células coração é umais difícil. Eu sou

. Eu sou o queuando arranca,

u gar.”

cometeremos o milagre.”“Oh Pai, núcleo de ternura.Quando voltarás à casa de ondenos legaste para teu legado?”“Convirá tantas vezes morrer, tan-tas vezes fluir, tantas vezes amar,tantas vezes viver com a vidaentre os dentes como um sabre?Convirá crescer para a possibili-dade de sermos podados? Conviráa pungência das horas amargas,das horas comuns? Assim nosconviremos, cheios de arestas edilemas. Nunca mais o fingir paracaber no porto.”“Não é a palavra fácil que procuro.Nem a difícil sentença.Procuro a palavra fóssil. A palavraantes da palavra.”“Sem atestados de existência oudistinção de classe, vou à deriva;não faço restrições à Vida.”“Amada, que tempo nos teve, quetempo nos houve, que tempodeteve aquelas águas que nos ala-garam no largo amado de nossotempo amado...”“E te aguardo com a lenha de meusangue e o sangue de meus diaspara sempre --para sempresangue de meus dias.”“Porque o minifundio se faz na terra da palavra. Enterrem-mena palavra.”

“A minha infância foi exata comoum relógio sem ponteiros.”“Eu te amo na praia. Eu te amo namontanha. Eu te amo no vale e nacordilheira. Eu te amo no muro. Eu te amo no murro. Eu te amo na aprendizagem do erre e na derrapagem do erro.”“Coisas da poesia...que, por incrívelque pareça, é dinamite pura. Algomeio zen e meio cristianismo primitivo que explode com todas as estruturas viciadas, protetoras,lineares ou lógicas. É um modo de conhecer muito especial. É linguagem em estado nascente.Daí ser ela muito direta e muitoconcreta.”“Este poema não diz nada. Damesma forma que a história nãodiz tudo. Língua cortada: estepoema não fala--falha. E insiste:dedo em riste.”“Parca é a palavra. Este é o celeirolivro, na livre escolha, esquálida,das espigas.”“Em que mar de marias con-sumou-se o silêncio? Respostainaudível. Com-sumida porta ondeos tatos removem a desmemóriadas madeiras.” “Ruidoído na rua que me deixavasquando as fechaves percursavamas fechaduras.”

“Quem sou eu na carnação doato, Fausto sem Goethe, holo-grama ou fogo-fátuo?”“Tua palavra é semente. Minhasolidão é serpente. Onde está obote?”“Entre o ato e o fato eu constatomeu tempo, seus silêncios, seusimpactos. Não negarei as pontesincendiadas, nem os rumos des-feitos. Eu vim para conhecer asfontes e recompor os rios.”“És tu que me acordas ou são os acordes da noite que nãoacolhes? Ó rosa em dez-pétalas,rosto em dez-acordes. Decimalaprendizagem do que é inumerável em ti...”“Difícil abandonar os limites docorpo sem premir o seio amigo,sem buscar a eternidade entreteus joelhos. Necessário entãoinvocar os deuses e as almassaídas da cidade.”“Pra os diabos literaturas intru-sos ilustres. Quando e quandovamos incutir sob a face neutrada palavra, o fôlego de um atleta e a direção de qualquercaminho?”“Só depois de armar a vigílianum alçapão, o soco contra aparede e o sonho contra amanhã, é que compreenderemos

“A poesia é uma necessidade atávica eser humano. Ninguém consegue viver s mais antiga e primitiva formulação de qcia vivida. Mais ainda: acho que a poesexpressar o espanto diante do fato nov cia nova que rompe e irrompe subitamerealidade. Ela serve para quebrar o pot

que tudo será cumprido, entre aloucura e o transe: os inteiros dramas, as despedidas todas e ospassados na varanda.”“É esta a paisagem que habita-mos desde a origem, desde aságuas livres, desde a terra fendida por vozes que ecoam atrás dos símbolos, atrás dossins que as bocas silenciam masnão podem dissolver.”“Não, não adianta libertara memória de teus vestígiosnem apagar a lousa, nem aban-donar a sombra cansada numacadeira e o sinal definitivo natorre do sarcasmo.”“Por isso somos lentos aoabraçar o ambíguo, este símboloque corrói o sim de todas asbocas e faz do mistério nossoúnico mister.”“Replanta teu nome com apalavra. Reinventa o gestocom a partida. E já sem força deguardar celebra o amor que emamor se guarda.”“Era sol sobre teus cabelose já era noite sob teus cabelosó insone área, Ariana desdobrada.”“Dez pétalas nomeadas de novoDez ovas inumadas no ovoAprendizagem sempre decimalCoragem lenta, final.”

concreta de todoem poesia. Ela é a

q ualquer experiên-s ia serve para

o ou da experiên-e nte o tecido da

e, revirar a ponte.”