sagmacs e centralidades
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ESTE TEXTO TECNICAMENTE FAZ PARTE DE UMA PESQUISA REALIZADA NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2010. NÃO CHEGUEI A CONCLUÍ-LA NA ÍNTEGRA, VISTO QUE ACABEI ENTRANDO EM UM ESTÁGIO. MAS FICA AÍ A SUGESTÃO DE LEITURA SOBRE O ESTUDO DA AGLOMERAÇÃO PAULISTANA REALIZADO PELAS SAGMACS NO FINAL DA DÉCADA DE 50 E ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE CENTRALIDADE: O QUE É ESSA IDÉIA E COMO ELA SE DÁ NO CAMPO DO URBANISMO.TRANSCRIPT
No final da década de 1950, o atual prefeito da cidade de São Paulo, Toledo
Piza, contrata o Estudo Urbano da Aglomeração Paulistana, desenvolvido
pelas SAGMACS, que buscava obter uma leitura da cidade de modo mais
humanizado, verificando questões pertinentes à população, e mapear os focos
dos principais problemas urbanos que São Paulo vinha apresentando naquele
período, em decorrência de seu passado histórico, visando ampliar o território a
ser analisado, estendendo-se o raio do estudo para além do município de São
Paulo. Tal estudo foi pioneiro no campo do planejamento urbano da capital
paulista, uma vez que possuía uma abrangência territorial que extrapolava a
região do centro econômico e financeiro da cidade.
a visão integrada de uma cidade, como a proposta de Lebret de se pesquisar a
mesma, é tida como uma crítica à metodologia empregada em trabalhos
urbanísticos anteriores aos anos 1950, arraigados do discurso modernista e
funcionalista defendidos por Le Corbusier, Robert Moses, Prestes Maia, entre
outros, que visavam apenas a organização funcional do espaço, discutindo o
tecido urbano a partir de intervenções para sua melhoria, sem levar em
consideração as necessidades e principais problemas da população.1
ESCALÕES DE ANÁLISE
A metodologia do Estudo Urbano da Aglomeração Paulistana constituía em
analisar não somente a capital paulista, mas, por se tratar de uma capital de
estado, procurar destacar as relações desta com as outras cidades do interior e
do litoral paulista, propondo uma visão de leitura e planejamento urbano em
1 CESTARO, 2009, p. 186.
uma escala muito maior, para além de um município, de um território a nível
estadual.
Através desta metodologia, as SAGMACS adotou uma maneira de hierarquizar
as cidades do Estado de São Paulo, classificando-as conforme proximidades,
hierarquias e escalões de análise, implantando, assim, uma lógica de
planejamento regional, expandindo a noção de planejamento para além do
município de São Paulo, apresentando, portanto, a seguinte divisão regional:2
Greatest São Paulo – Divisão que compreendia ao território do estado
inteiro
Greater São Paulo – incorporação de cidades industriais (os municípios
do Vale do Paraíba, São José dos campos e Taubaté), tanto do interior
(Jundiaí, Campinas, Limeira, Americana, Piracicaba, Rio Claro, São
Carlos, Araraquara, Jaú, Bauru, Botucatu, Sorocaba e São Roque),
quanto do litoral (Cubatão, Santos, Guarujá, São Vicente e Itanhaém) do
estado.
Great São Paulo – divisão que envolvia os municípios próximos à capital
e com certa dependência direta com São Paulo;
Aglomeração Paulistana – incorporação além do município de São
Paulo, as cidades de Santo André, São Bernardo do campo, Guarulhos e
São Caetano ;
E o município de São Paulo.
Uma vez dada a relação da capital com o restante do estado, bem como uma
proposta de planejamento urbano a nível territorial de estado, a pesquisa se
atém na questão da aglomeração paulistana. Visando compreender as 2 Idem, p.172.
necessidades urbanas da população e a situação em que se encontrava o
desenvolvimento urbano da cidade, foram definidos três níveis de investigação:
elementar, complexo e completo.
Unidades ELEMENTARES
As unidades elementares constituem os locais ou áreas da cidade
inseridas em um bairro, que contavam com o mínimo para suprir as
necessidades de consumo e oferta de serviço à população local,
considerando-se como equipamentos mínimos a existência de comércio
de gêneros alimentícios, Escola Primária, farmácia, bares e pontos de
parada de ônibus. A Aglomeração Paulistana foi então dividida em 364
unidades elementares, sendo 307 no município de São Paulo, 23 em
Santo André, 17 em São Bernardo do Campo, 12 em São Caetano e 5
em Guarulhos.
Unidades COMPLEXAS ou TERCIÁRIAS
Constituem-se unidades complexas aqueles territórios formados por
unidades elementares que possuam, em um diâmetro aproximado de 3
Km, um núcleo de comércio e serviços, com uma população mínima de
1000 habitantes, homogeneidade da área, devido ao desenvolvimento
de um loteamento, ou à idade do desenvolvimento, limites naturais ou
artificiais (como grandes espaços não habitados, rios, estradas de ferro,
descontinuidade de loteamentos, avenidas expressas, cemitérios,
parques, grandes depósitos e oficinas) e a identificação da unidade por
parte de seus habitantes.
No município de São Paulo, tais critérios ocasionaram a divisão do território em
17 unidades, sendo… e ainda as cidades da Aglomeração Paulistana (Santo
André, Guarulhos, São Bernardo do Campo e São Caetano).
Unidades COMPLETAS ou SECUNDÁRIAS
Estas unidades são formadas por unidades complexas e que teriam, por
sua vez, um caráter de auto-suficiência em relação ao centro de São
Paulo, com grande diversidade comercial, equipamentos escolares, de
saúde, administrativos e demais necessários à vida coletiva.
A partir dessa classificação em três unidades, apoiando-se no critério de
divisão em zonas fisiográficas, utilizadas pelo IBGE, as SAGMACS definiram
três regiões para a cidade de São Paulo:
CENTRAL – área que abrange a máxima concentração de atividades e
equipamentos comerciais e de serviços do município e da aglomeração
paulistana.
TRANSIÇÃO – em torno da região central, possuindo certa autonomia;
EXTERNA – onde a atração dos subcentros é maior que a do centro
principal, formando-se uma área periférica polarizada que compunha a
aglomeração paulistana.
CONCLUSÕES CHEGADAS A PARTIR DAS ANÁLISES DO ESTUDO
URBANO DA AGLOMERAÇÃO PAULISTANA
O estudo levanta a questão do centro não resolver bem seus problemas
em duas perspectivas: na zona de transição ocorre uma falta de
homogeneidade do tipo de implantação e da correspondência dos níveis de
densidade de população e eficiência dos equipamentos urbanos; enquanto na
zona central as condições de implantação de serviços são inadequadas do
ponto de vista funcional e orgânico.
A AGLOMERAÇÃO PAULISTANA
O estudo revela que a aglomeração possui manchas de alta densidade
populacional que se apresentam de maneira exótica e ilógica, formadas ao
sabor da especulação imobiliária, sendo necessárias algumas modificações
úteis para que estas se tornem projetos de unidades secundárias e terciárias –
elementos referentes ao espaço per capita de uso comercial e de serviços.
Foram verificadas, também através do estudo, implantações de
loteamentos desprovidos equipamentos básicos (entendendo-se como
equipamentos urbanos básicos as vias de circulação de veículos e de
pedestres, bem como sua pavimentação, os sistemas de coleta ou
abastecimento e canalização de águas pluviais, potáveis e servidas, e a
distribuição de energia elétrica e iluminação pública), devido à expansão
demasiada periférica, enquanto zonas residenciais mais centrais mantiveram
índices de ocupação muito baixos. Tais índices revelam que tais situações de
rarefação residencial não permitem o barateamento dos custos dos serviços e
equipamentos públicos, além dos equipamentos básicos.
A densidade média de população por unidade de área urbanizada, da
ordem de 70 habitantes por hectare, torna-se impraticável se o município
decidir promover a implantação e manutenção de um equipamento básico
satisfatório. Acrescenta ainda que, se a cidade estivesse implantada com
características de concentração média de população da ordem de grandeza do
índice preconizado de 200 habitantes por hectare, a população atual ocuparia
apenas 150 km² e as extensões existentes de equipamentos atenderiam às
seguintes proporções da área urbanizada:
Drenagem e pavimentação: 47% ao invés dos 16% atuais;
Água e esgotos: 73% ao invés dos 25% atuais;
Iluminação pública: 100% ao invés dos 42% atuais;
Foi verificada ainda a ocorrência de processos de subparcelamentos
clandestinos dos loteamentos residenciais nas zonas habitadas por população
de baixo poder aquisitivo, decorrente de problemas urbanos gerais como
pauperismo, valorização excessiva de terrenos urbanos, ausência de meios
legais para controle dos fenômenos correlatos da expansão urbana pelo poder
público.
Burgo
Paulista
Vila da
SaúdeMóoca Penha
Casa
VerdeOsasco
Santo
Amaro
Pinheiros Lapa Vila
Maria
Nova
Conceição
Santana Vila
Mariana
Itaim
Área levantada
(m²) 786.794 553.790 306.000 385.220 427.854 460.942 420.650
1.572.330 711.079 184.400 430.640 396.080 457.557 385.720
População
residente na
unidade
2316
(88,1%)
7663
(92,4%)
5760
(60,5%)
5698
(68,5%)
5255
(86%)
2811
(60,1%)
4055
(66,7%)
16043
(73,5%)
8587
(57,5%)
2046
(72,5%)
3328
(77%)
4622
(72%)
4779
(82,5%)
2903
(77,6%)
População
trabalhando na
unidade
40
(11,9%)
294
(7,6%)
3755
(39,5%)
5589
(31,5%)
5994
(14%)
1968
(39,9%)
1281
(33,3%)
3944
(26,5%)
5452
(42,5%)
1233
(27,5%)
1246
(23%)
2563
(28%)
1728
(17,5%)
1853
(22,4%)
Lotes vagos (%) 55,8 12,5 0,4 4,3 10,9 16,6 8,6 19,2 3,5 9,4 13,8 3,6 2,0 3,0
Densidade
territorial (hab/ha) 29 138 188 148 123 61 96
102 121 111 77 60 104 75
Densidade
residencial
(hab/ha) 126 233 397 334 197 168,5 212
242 256 230 160 117 199 156
Nº médio de
pavimentos 01 1,22 1,3 1,39 1,3 1,1 1,2
1,5 1,18 1,42 1,46 1,53 1,73 1,33
Índice de
ocupação 65 51 47 38 44
43 61 50 39 60 40 48
Quota de conforto
(m²/hab) 7,9 14,1 18,9 21,30 23,8 24,9 25
26,5 28,2 30,4 35,3 36,1 34,5 41
A partir desse levantamento das unidades elementares, o estudo aponta
que Lapa, Penha, e Brás-Móoca – devido à concentração de indústrias, altos
índices de congestionamentos de tráfegos urbanos (rodo-ferroviários) a partir
de mensurações do tempo de viagem dos transportes públicos da cidade –
necessitam de aperfeiçoamento com relação ao trânsito.
Tanto a Vila Jaguará quanto Vila dos Remédios são unidades que
superam a densidade over-all de 200 hab/ha, superando uma população de 40
mil habitantes nas áreas analisadas.
Centros de unidade mais estabilizados como Osasco, Lapa e Pinheiros
possuem cerca de 140m² por estabelecimento comercial, subentendendo por
tais espaços comerciais e de serviços, uma aglomeração de equipamentos e
serviços que abrangem uma área significativa daquela unidade, dotando-se de
um caráter de centralidade, enquanto unidades como Burgo Paulista e Vila da
Saúde possuem apenas cerca de 48m².
Também são apresentados estudos de tendências de desenvolvimento
das unidades complexas e completas (ver pranchas B).
PROPOSTAS PARA A AGLOMERAÇÃO, ZONAS PERIFÉRICAS E DE
TRANSIÇÃO
Segundo dados do Estudo Urbano da Aglomeração Paulistana, a
aglomeração não deve possuir mais do que 10 milhões de habitantes, pois o
custo por habitante se tornaria impraticável. Para os demais escalões da
hierarquia, propõe-se que cada região em análise também tenha um limite
máximo de população – na Great São Paulo, entre 10 e 12 milhões de
habitantes; na Greater São Paulo, até 16 milhões; e na Greatest São Paulo, de
25 a 30 milhões, de modo que a questão do custo por habitante seja controlada
em todo o território estadual.
O estudo destaca que é de extrema importância estipular limites, de modo
que se evitasse o crescimento espacial do município de São Paulo, a fim de
atingir a densidade over-all de 200 hab/ha em todos os loteamentos abertos,
traçando indicações de linhas gerais de um máster plan para a aglomeração.
Uma fez realizada a divisão da área urbana para efeito de estudo, propõe-
se que seja efetivado o caráter das unidades secundárias de planejamento e
subdivisão destas em unidades terciárias e elementares, conforme analisado
em pesquisa, localizando os centros secundários e terciários, aglomerações
como estações aero, rodo e ferroviárias, grandes mercados receptores de
gêneros, centros administrativos estaduais e municipais, indicando, quando
houver, as possibilidades de expansão, como zonas verdes e áreas destinadas
à indústria.
Propõe-se que sejam estabelecidos centros secundários em centralidades
atuais, percebidas ao longo das análises da pesquisa:
Ao longo e ao sul do rio Tietê – Brás, Móoca, Penha, São Miguel;
Rumo a Santos – Ipiranga, Vila Prudente, São Caetano do Sul, santo
André, São Bernardo do Campo;
Em direção sul – Saúde, Ibirapuera (Indianápolis), Santo Amaro;
Em direção oeste – Pinheiros, Osasco e Lapa;
Ao norte do Tietê – Santana, Tucuruvi, Vila Maria e Guarulhos
(município);
Freguesia do Ó e Casa Verde estão pouco equipadas e não exercem
um papel de centro secundário.
A partir de uma organização das indústrias em zonas, utilizando-se do
zoneamento como instrumento para tal proposição, permite-se realizar um
importante programa de crescimento industrial na aglomeração, distribuindo
tais zonas consideradas importantes para implantações industriais nas
seguintes regiões:
Regiões de várzea que parte de Guarulhos, ao norte do rio Tietê, e de
São Miguel Paulista, ao sul, estendendo-se até alcançar e ultrapassar
Santo Amaro;
Região ao longo da via Anchieta, em território de São Bernardo do
Campo;
Espaços ainda livres em Guarulhos, ao longo da via Dutra;
Serão necessárias, como o estudo prevê, comunicações rápidas entre os
centros secundários e o centro principal, às zonas industriais e às auto-
estradas, para diminuir o trânsito e o deslocamento de pessoas para seus
locais de trabalho.
CONCLUSÕES SOBRE O CENTRO DA CIDADE
Subentendendo centro como a região que exerce grande influência no
território, devido a grande aglomeração de atividades comerciais, econômicas,
financeiras e administrativas (no caso de São Paulo, administrações inclusive
de caráter estadual), além de serviços e equipamentos públicos, o centro
principal da capital paulista, essencialmente comercial, abriga cerca de 645 mil
habitantes, podendo chegar a 1 milhão com ordenação correta, possuindo
eixos comerciais que convergem para o mesmo, como a av. São João, a rua da
Consolação, a rua Augusta, a rua Domingos de Moraes, rua Vergueiro e rua da
Liberdade. A localização das indústrias é predominantemente ao longo das vias
férreas, no Bom retiro e na Barra Funda, dispersas na Vila Mariana e liberdade.
O centro da cidade já atingiu o máximo econômico e físico de saturação,
segundo dados estatísticos do centro de São Paulo, que indicam grande
população de habitantes e de trabalhadores no setor terciário e índices de
aproveitamento do terreno bastante elevados.
População estimada de São Paulo em 1956 de 3.100.000 habitantes. São
Paulo é centro de imigração ao menos nacional.
São Paulo é monopolar. Demais centros de serviços de áreas da
aglomeração são insuficientes às necessidades da população, sendo
necessário o deslocamento desta para o grande centro (a prancha G16 mostra
os deslocamentos efetuados em sua grande maioria de populações de outras
áreas da aglomeração para o centro principal).
Mesmo se verticalizando para atender às devidas funções, o centro
principal não poderá atender às necessidades crescentes da população da
aglomeração.
A implantação do metropolitano ajuda a agravar a questão na
monopolarização do centro. São recorrentes problemas de acesso á zona
central, sendo necessário a criação de novos centros. Caso contrário, haverá o
problema de uma circulação impossível se ser realizada.
PROPOSTA PARA AS UNIDADES LOCALIZADAS NA REGIÃO DE
TRANSIÇÃO E EXTERNA (PERIFERIA)
O cálculo para população que poderá ser ocupada nas unidades terciárias
considera a densidade over-all já avaliada de 200hab/há, baseado em outros
estudos e verificações realizadas em outras cidades do mundo, que permite um
adensamento de áreas sem gerar problemas de congestionamentos,
salubridade e conforto de tais espaços urbanos, como também otimizar e
baratear o investimento em equipamentos básicos para a cidade.
Os atuais pólos secundários espontâneos, segundo análises, não estão
em condições físicas e administrativas, estando mal-equipados, não
contribuindo para a multipolarização da aglomeração. Para tanto, são
propostas algumas reestruturações, de modo a alcançar o objetivo da proposta.
Para a unidade de São Miguel Paulista, propõe-se a construção de um
centro que se compreenda o centro atual e mais 800 metros para uma
população futura de 310 mil habitantes.
A unidade da Penha poderá ser ocupada com 530 mil habitantes. O
centro se localiza na extremidade oeste da zona e a proposta sugere um centro
secundário a uma distância média deste centro e do de São Miguel Paulista.
Na área que abrange Vila Maria, Jaçanã e parte sudoeste de Guarulhos,
o parque Mú Chaves é indicado para compor um centro secundário, sendo que
o conjunto poderá conter cerca de 300 mil habitantes.
Tucuruvi, Santana e Casa Verde formam um conjunto de 273 mil
habitantes, mas que poderia abrigar 840 mil, e cujo centro poderia se instituir
no Campo de Marte e nas vizinhanças.
Para Lapa e freguesia do Ó, cuja população soma 110 mil, mas que
poderia chegar até 640 mil habitantes, propõe-se a constituição de um centro
entre o rio Tietê e as linhas férreas.
Osasco é um atual centro com importância de centro terciário. Com uma
população de 93 mil, podendo atingir 450 mil, propõe-se a construção de um
novo centro compreendido entre o rio Tietê, Presidente Altino, Jaguaré e o
frigorífico Wilson.
A unidade de Pinheiros, cuja população em 57 era de 122 mil e poderia
atingir 390 mil, é um centro congestionado. Há a proposta de criação de um
centro secundário na parte baixa do alto de Pinheiros, em frente à cidade
universitária e englobar parte do norte do Butantã.
Já a unidade do Ibirapuera, cuja população atual de 105 mil, podendo
atingir os 710 mil habitantes, não possui um centro definido nitidamente. Há
uma pequena centralidade no Brooklyn, mas a concentração comercial se
localiza em dois eixos que margeiam Vila Nova Conceição e atravessa Itaim.
Propõe-se um centro novo ao longo do rio Pinheiros e zonas de indústrias
médias ao longo do canal.
A unidade de Santo Amaro, cuja população de 93 mil pode atingir até 720
mil habitantes, possui vastos terrenos de tendência industrial ao longo do canal
e da via férrea a Santos. Propõe-se uma extensão do centro da cidade a
sudoeste, estendendo-se até Socorro.
Dotada de uma população de 134 mil habitantes, com capacidade para
até 520 mil, a unidade de Saúde possui uma concentração comercial na av.
Jabaquara e centros terciários esboçados em partes não ocupadas do
Jabaquara e entre Jardim da Saúde e Vila Água Funda.
O município de São Bernardo do Campo, com uma população de 52 mil,
com capacidade de abrigar 500 mil, encontra-se em pleno desenvolvimento. É
proposta a construção de dois centros terciários: um no Caminho do Mar e
outro a oeste da Via Anchieta, nos arredores de Jardim Paulicéia. Neste último,
uma composição de um grande conjunto misto (industrial, residencial e
comercial).
Com a presença da linha férrea, o município de Santo André, de
população em torno dos 175 mil habitantes, com capacidade para 400 mil, tem
seu território cortado, além de áreas de implantação industriais já fixadas,
inclusive bastante extensas. Propõe-se uma unidade norte polarizada por dois
centros nos terrenos ainda disponíveis. Faz-se necessário a imposição de um
plano de ordenação para auxiliar as duas unidades separadas pela via férrea: a
unidade norte, com aproximadamente 150 mil habitantes; e a unidade sul, que
se desdobra a partir do centro atual em uma disposição linear na direção de
Vila Paraíso.
Para a Vila Prudente, cuja área abrange uma população de 115 mil e que
poderia suportar até 305 mil habitantes, quase que exclusivamente residencial,
propõe-se reservar alguns terrenos industriais à noroeste da Vila Prosperidade
e instituir um centro entre Vila Zelina e Jardim Independência.
Já para Itaquera, cuja população de 25 mil pode atingir sem problemas
140 mil habitantes, propõe-se a constituição de um centro contornando o
grande espaço verde localizado na área, além de espaços industriais próximos
à via férrea e a preservação do caráter rural de Guaianazes, além do
acréscimo de médias indústrias na região.
PROPOSTAS PARA AS UNIDADES CENTRAIS
Para a unidade do Ipiranga, cuja área abriga uma população de 155 mil,
podendo suportar até 370 mil habitantes, localizada à saída da via Anchieta,
propõe-se um centro secundário em Vila Heliópolis, em junção imediata com a
Via Anchieta e o atual centro comercial, estendendo-se pela rua comercial que
atravessa todo o bairro do Ipiranga. Além disso, zonas industriais entre Vila
Heliópolis e São Caetano, ao longo da via Anchieta, visto que na parte norte há
indústrias concentradas ao longo da ferrovia Santos-Jundiaí.
Nas unidades Brás e Móoca, propõe-se uma dupla polarização, em
virtude das numerosas indústrias nas duas unidades, que somam 570 mil
habitantes, podendo abranger até 650 mil. Na unidade da Móoca, para além do
atual centro, sugere-se a construção de um centro secundário entre Água Rasa
e Vila Formosa; enquanto na unidade do Brás, propõe-se um anexo à unidade
de Belenzinho, por esta ser uma unidade comercial bastante avançada.
Em Tatuapé, se faz importante a implantação de um centro secundário,
apoiando-se nas unidades Tatuapé, Parque São Jorge, Vila Moreira e,
transposta a linha férrea, Sílvio Romero e Vila Brasil.
Na faixa de Vila Carrão, criação de uma outra unidade terciária, próximo a
terrenos de vocação industrial.
PROPOSTAS PARA O CENTRO E CRIAÇÃO DE UM NOVO CENTRO COM
FUNÇÕES REGIONAIS E SUPRA-REGIONAIS
O estudo propõe a implantação de um centro com função de capital
política, administrativa e econômica, possivelmente no território atual de São
Mateus e seus prolongamentos, ficando distante do primeiro centro principal
apenas 15 km, com capacidade de 200 a 300 mil habitantes. Sustenta que o
centro atual deveria atender apenas à função urbana de centro de serviços
para a aglomeração, admitindo que áreas de serviços e comércios do escalão
primário estarão concentradas no mesmo, sendo proposta a transferência da
cidade administrativa para o Parque do Ibirapuera, com serviços coadjuvantes
e linhas de transporte rápido para servi-lo.
Para a aglomeração, é previsto um zoneamento funcional em seis
escalões:
Loteamento;
Conjunto de loteamentos (a unidade terciária ou complexa);
Conjunto de unidades elementares que constituem uma terciária ou
complexa;
Conjunto de unidades terciárias que constituem uma unidade secundária
ou completa;
A unidade municipal;
A aglomeração multimunicipal;
Construção de rodovias que interligam São Paulo às demais localidades
da aglomeração.
O plano completo supõe reunir, por uma semi-circular intermediária, os
atual centro, o centro proposto no Ibirapuera, Saúde, Ipiranga, Vila Prudente e
o centro novo de Vila Maria. Faz-se necessária também uma revisão de viário,
visando comunicação rápida entre os principais centros.
MULTIPOLARIZAÇÃO DA AGLOMERAÇÃO PAULISTANA
Com toda essa organização e hierarquização do centro principal, dos
centros secundários e terciários de comércio e serviços, e implantando zonas
industriais próximas a equipamentos públicos para facilidade do escoamento
da produção, o estudo propõe que o perfil da cidade de São Paulo seja
alterado, passando de uma cidade monopolarizada para uma multipolarizada.
O diagnóstico afirma que o urbanismo que não considera fatores
relacionados à sociologia e geografia acaba cometendo erros gravíssimos no
varietur. Além disso, o crescimento residencial segue o interesse de loteadores
e especulação imobiliária.
A descentralização multipolar fornece um caminho de solução para a
aglomeração em crescimento rápido, relacionando o conceito de aglomeração
orgânica e a concepção de zonning, utilizando-se do instrumento de
zoneamento funcional, procurando dialogar com as quatro funções urbanas
lecorbusianas – habitar, trabalhar, lazer e circulação.
Além da multipolarização orgânica em grandes centros, propõe-se
também um desdobramento do Mercado Municipal em vários outros menores.
Tornar uma cidade multipolarizada pressupõe que os vários centros
permitem um melhor rendimento dos equipamentos públicos e distribuição e
organização de equipamentos comerciais e de serviços, de modo a atender
uma área mais abrangente da capital, reduzindo os deslocamentos
populacionais de áreas mais afastadas, propiciando fácil acesso aos
equipamentos essenciais à vida urbana, evitando a saturação de um único
território para uma aglomeração urbana da dimensão da paulistana.
O estudo afirma, dentre outros aspectos, que uma Legislação urbanística
se faz necessária, assim como o planejamento racional, propondo a criação de
uma lei federal que regulamente o condicionamento do uso da propriedade
privada do solo urbano ao bem-estar social, de modo que o planejamento não
acabe se limitando por interesses pessoais ou de grupos restritos, em face a
uma legislação obsoleta.
Por fim, o estudo sugere a criação de um Ministério de Planejamento e
Urbanismo para o ano de 1957, visando, sobretudo, uma reorganização em
uma estrutura descentralizada político-administrativa, de modo a manter o
caráter multipolar da estrutura urbana, visto na proposta de eleição de
unidades secundárias a distritos ou subprefeituras, e unidades terciárias serem
eleitas conselhos subdistritais.
Faz-se necessária a ordenação em todas as escalas de São Paulo, pois
as alterações realizadas na aglomeração influenciarão nas demais regiões
relacionadas com a capital – principalmente alterações com a magnitude das
propostas – bem como a diminuição de polarização caso haja forte
desenvolvimento de outros pólos econômicos (comerciais e industriais)
capazes disso.