sagmacs e centralidades

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No final da década de 1950, o atual prefeito da cidade de São Paulo, Toledo Piza, contrata o Estudo Urbano da Aglomeração Paulistana, desenvolvido pelas SAGMACS, que buscava obter uma leitura da cidade de modo mais humanizado, verificando questões pertinentes à população, e mapear os focos dos principais problemas urbanos que São Paulo vinha apresentando naquele período, em decorrência de seu passado histórico, visando ampliar o território a ser analisado, estendendo-se o raio do estudo para além do município de São Paulo. Tal estudo foi pioneiro no campo do planejamento urbano da capital paulista, uma vez que possuía uma abrangência territorial que extrapolava a região do centro econômico e financeiro da cidade. a visão integrada de uma cidade, como a proposta de Lebret de se pesquisar a mesma, é tida como uma crítica à metodologia empregada em trabalhos urbanísticos anteriores aos anos 1950, arraigados do discurso modernista e funcionalista defendidos por Le Corbusier, Robert Moses, Prestes Maia, entre outros, que visavam apenas a organização funcional do espaço, discutindo o tecido urbano a partir de intervenções para sua melhoria, sem levar em

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ESTE TEXTO TECNICAMENTE FAZ PARTE DE UMA PESQUISA REALIZADA NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2010. NÃO CHEGUEI A CONCLUÍ-LA NA ÍNTEGRA, VISTO QUE ACABEI ENTRANDO EM UM ESTÁGIO. MAS FICA AÍ A SUGESTÃO DE LEITURA SOBRE O ESTUDO DA AGLOMERAÇÃO PAULISTANA REALIZADO PELAS SAGMACS NO FINAL DA DÉCADA DE 50 E ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE CENTRALIDADE: O QUE É ESSA IDÉIA E COMO ELA SE DÁ NO CAMPO DO URBANISMO.

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Page 1: SAGMACS E CENTRALIDADES

No final da década de 1950, o atual prefeito da cidade de São Paulo, Toledo

Piza, contrata o Estudo Urbano da Aglomeração Paulistana, desenvolvido

pelas SAGMACS, que buscava obter uma leitura da cidade de modo mais

humanizado, verificando questões pertinentes à população, e mapear os focos

dos principais problemas urbanos que São Paulo vinha apresentando naquele

período, em decorrência de seu passado histórico, visando ampliar o território a

ser analisado, estendendo-se o raio do estudo para além do município de São

Paulo. Tal estudo foi pioneiro no campo do planejamento urbano da capital

paulista, uma vez que possuía uma abrangência territorial que extrapolava a

região do centro econômico e financeiro da cidade.

a visão integrada de uma cidade, como a proposta de Lebret de se pesquisar a

mesma, é tida como uma crítica à metodologia empregada em trabalhos

urbanísticos anteriores aos anos 1950, arraigados do discurso modernista e

funcionalista defendidos por Le Corbusier, Robert Moses, Prestes Maia, entre

outros, que visavam apenas a organização funcional do espaço, discutindo o

tecido urbano a partir de intervenções para sua melhoria, sem levar em

consideração as necessidades e principais problemas da população.1

ESCALÕES DE ANÁLISE

A metodologia do Estudo Urbano da Aglomeração Paulistana constituía em

analisar não somente a capital paulista, mas, por se tratar de uma capital de

estado, procurar destacar as relações desta com as outras cidades do interior e

do litoral paulista, propondo uma visão de leitura e planejamento urbano em

1 CESTARO, 2009, p. 186.

Page 2: SAGMACS E CENTRALIDADES

uma escala muito maior, para além de um município, de um território a nível

estadual.

Através desta metodologia, as SAGMACS adotou uma maneira de hierarquizar

as cidades do Estado de São Paulo, classificando-as conforme proximidades,

hierarquias e escalões de análise, implantando, assim, uma lógica de

planejamento regional, expandindo a noção de planejamento para além do

município de São Paulo, apresentando, portanto, a seguinte divisão regional:2

Greatest São Paulo – Divisão que compreendia ao território do estado

inteiro

Greater São Paulo – incorporação de cidades industriais (os municípios

do Vale do Paraíba, São José dos campos e Taubaté), tanto do interior

(Jundiaí, Campinas, Limeira, Americana, Piracicaba, Rio Claro, São

Carlos, Araraquara, Jaú, Bauru, Botucatu, Sorocaba e São Roque),

quanto do litoral (Cubatão, Santos, Guarujá, São Vicente e Itanhaém) do

estado.

Great São Paulo – divisão que envolvia os municípios próximos à capital

e com certa dependência direta com São Paulo;

Aglomeração Paulistana – incorporação além do município de São

Paulo, as cidades de Santo André, São Bernardo do campo, Guarulhos e

São Caetano ;

E o município de São Paulo.

Uma vez dada a relação da capital com o restante do estado, bem como uma

proposta de planejamento urbano a nível territorial de estado, a pesquisa se

atém na questão da aglomeração paulistana. Visando compreender as 2 Idem, p.172.

Page 3: SAGMACS E CENTRALIDADES

necessidades urbanas da população e a situação em que se encontrava o

desenvolvimento urbano da cidade, foram definidos três níveis de investigação:

elementar, complexo e completo.

Unidades ELEMENTARES

As unidades elementares constituem os locais ou áreas da cidade

inseridas em um bairro, que contavam com o mínimo para suprir as

necessidades de consumo e oferta de serviço à população local,

considerando-se como equipamentos mínimos a existência de comércio

de gêneros alimentícios, Escola Primária, farmácia, bares e pontos de

parada de ônibus. A Aglomeração Paulistana foi então dividida em 364

unidades elementares, sendo 307 no município de São Paulo, 23 em

Santo André, 17 em São Bernardo do Campo, 12 em São Caetano e 5

em Guarulhos.

Unidades COMPLEXAS ou TERCIÁRIAS

Constituem-se unidades complexas aqueles territórios formados por

unidades elementares que possuam, em um diâmetro aproximado de 3

Km, um núcleo de comércio e serviços, com uma população mínima de

1000 habitantes, homogeneidade da área, devido ao desenvolvimento

de um loteamento, ou à idade do desenvolvimento, limites naturais ou

artificiais (como grandes espaços não habitados, rios, estradas de ferro,

descontinuidade de loteamentos, avenidas expressas, cemitérios,

parques, grandes depósitos e oficinas) e a identificação da unidade por

parte de seus habitantes.

Page 4: SAGMACS E CENTRALIDADES

No município de São Paulo, tais critérios ocasionaram a divisão do território em

17 unidades, sendo… e ainda as cidades da Aglomeração Paulistana (Santo

André, Guarulhos, São Bernardo do Campo e São Caetano).

Unidades COMPLETAS ou SECUNDÁRIAS

Estas unidades são formadas por unidades complexas e que teriam, por

sua vez, um caráter de auto-suficiência em relação ao centro de São

Paulo, com grande diversidade comercial, equipamentos escolares, de

saúde, administrativos e demais necessários à vida coletiva.

A partir dessa classificação em três unidades, apoiando-se no critério de

divisão em zonas fisiográficas, utilizadas pelo IBGE, as SAGMACS definiram

três regiões para a cidade de São Paulo:

CENTRAL – área que abrange a máxima concentração de atividades e

equipamentos comerciais e de serviços do município e da aglomeração

paulistana.

TRANSIÇÃO – em torno da região central, possuindo certa autonomia;

EXTERNA – onde a atração dos subcentros é maior que a do centro

principal, formando-se uma área periférica polarizada que compunha a

aglomeração paulistana.

Page 5: SAGMACS E CENTRALIDADES

CONCLUSÕES CHEGADAS A PARTIR DAS ANÁLISES DO ESTUDO

URBANO DA AGLOMERAÇÃO PAULISTANA

O estudo levanta a questão do centro não resolver bem seus problemas

em duas perspectivas: na zona de transição ocorre uma falta de

homogeneidade do tipo de implantação e da correspondência dos níveis de

densidade de população e eficiência dos equipamentos urbanos; enquanto na

zona central as condições de implantação de serviços são inadequadas do

ponto de vista funcional e orgânico.

A AGLOMERAÇÃO PAULISTANA

O estudo revela que a aglomeração possui manchas de alta densidade

populacional que se apresentam de maneira exótica e ilógica, formadas ao

sabor da especulação imobiliária, sendo necessárias algumas modificações

úteis para que estas se tornem projetos de unidades secundárias e terciárias –

elementos referentes ao espaço per capita de uso comercial e de serviços.

Foram verificadas, também através do estudo, implantações de

loteamentos desprovidos equipamentos básicos (entendendo-se como

equipamentos urbanos básicos as vias de circulação de veículos e de

pedestres, bem como sua pavimentação, os sistemas de coleta ou

abastecimento e canalização de águas pluviais, potáveis e servidas, e a

distribuição de energia elétrica e iluminação pública), devido à expansão

demasiada periférica, enquanto zonas residenciais mais centrais mantiveram

índices de ocupação muito baixos. Tais índices revelam que tais situações de

Page 6: SAGMACS E CENTRALIDADES

rarefação residencial não permitem o barateamento dos custos dos serviços e

equipamentos públicos, além dos equipamentos básicos.

A densidade média de população por unidade de área urbanizada, da

ordem de 70 habitantes por hectare, torna-se impraticável se o município

decidir promover a implantação e manutenção de um equipamento básico

satisfatório. Acrescenta ainda que, se a cidade estivesse implantada com

características de concentração média de população da ordem de grandeza do

índice preconizado de 200 habitantes por hectare, a população atual ocuparia

apenas 150 km² e as extensões existentes de equipamentos atenderiam às

seguintes proporções da área urbanizada:

Drenagem e pavimentação: 47% ao invés dos 16% atuais;

Água e esgotos: 73% ao invés dos 25% atuais;

Iluminação pública: 100% ao invés dos 42% atuais;

Foi verificada ainda a ocorrência de processos de subparcelamentos

clandestinos dos loteamentos residenciais nas zonas habitadas por população

de baixo poder aquisitivo, decorrente de problemas urbanos gerais como

pauperismo, valorização excessiva de terrenos urbanos, ausência de meios

legais para controle dos fenômenos correlatos da expansão urbana pelo poder

público.

Page 7: SAGMACS E CENTRALIDADES
Page 8: SAGMACS E CENTRALIDADES

Burgo

Paulista

Vila da

SaúdeMóoca Penha

Casa

VerdeOsasco

Santo

Amaro

Pinheiros Lapa Vila

Maria

Nova

Conceição

Santana Vila

Mariana

Itaim

Área levantada

(m²) 786.794 553.790 306.000 385.220 427.854 460.942 420.650

1.572.330 711.079 184.400 430.640 396.080 457.557 385.720

População

residente na

unidade

2316

(88,1%)

7663

(92,4%)

5760

(60,5%)

5698

(68,5%)

5255

(86%)

2811

(60,1%)

4055

(66,7%)

16043

(73,5%)

8587

(57,5%)

2046

(72,5%)

3328

(77%)

4622

(72%)

4779

(82,5%)

2903

(77,6%)

População

trabalhando na

unidade

40

(11,9%)

294

(7,6%)

3755

(39,5%)

5589

(31,5%)

5994

(14%)

1968

(39,9%)

1281

(33,3%)

3944

(26,5%)

5452

(42,5%)

1233

(27,5%)

1246

(23%)

2563

(28%)

1728

(17,5%)

1853

(22,4%)

Lotes vagos (%) 55,8 12,5 0,4 4,3 10,9 16,6 8,6 19,2 3,5 9,4 13,8 3,6 2,0 3,0

Densidade

territorial (hab/ha) 29 138 188 148 123 61 96

102 121 111 77 60 104 75

Densidade

residencial

(hab/ha) 126 233 397 334 197 168,5 212

242 256 230 160 117 199 156

Nº médio de

pavimentos 01 1,22 1,3 1,39 1,3 1,1 1,2

1,5 1,18 1,42 1,46 1,53 1,73 1,33

Índice de

ocupação 65 51 47 38 44

43 61 50 39 60 40 48

Page 9: SAGMACS E CENTRALIDADES

Quota de conforto

(m²/hab) 7,9 14,1 18,9 21,30 23,8 24,9 25

26,5 28,2 30,4 35,3 36,1 34,5 41

Page 10: SAGMACS E CENTRALIDADES

A partir desse levantamento das unidades elementares, o estudo aponta

que Lapa, Penha, e Brás-Móoca – devido à concentração de indústrias, altos

índices de congestionamentos de tráfegos urbanos (rodo-ferroviários) a partir

de mensurações do tempo de viagem dos transportes públicos da cidade –

necessitam de aperfeiçoamento com relação ao trânsito.

Tanto a Vila Jaguará quanto Vila dos Remédios são unidades que

superam a densidade over-all de 200 hab/ha, superando uma população de 40

mil habitantes nas áreas analisadas.

Centros de unidade mais estabilizados como Osasco, Lapa e Pinheiros

possuem cerca de 140m² por estabelecimento comercial, subentendendo por

tais espaços comerciais e de serviços, uma aglomeração de equipamentos e

serviços que abrangem uma área significativa daquela unidade, dotando-se de

um caráter de centralidade, enquanto unidades como Burgo Paulista e Vila da

Saúde possuem apenas cerca de 48m².

Também são apresentados estudos de tendências de desenvolvimento

das unidades complexas e completas (ver pranchas B).

PROPOSTAS PARA A AGLOMERAÇÃO, ZONAS PERIFÉRICAS E DE

TRANSIÇÃO

Segundo dados do Estudo Urbano da Aglomeração Paulistana, a

aglomeração não deve possuir mais do que 10 milhões de habitantes, pois o

custo por habitante se tornaria impraticável. Para os demais escalões da

hierarquia, propõe-se que cada região em análise também tenha um limite

máximo de população – na Great São Paulo, entre 10 e 12 milhões de

habitantes; na Greater São Paulo, até 16 milhões; e na Greatest São Paulo, de

Page 11: SAGMACS E CENTRALIDADES

25 a 30 milhões, de modo que a questão do custo por habitante seja controlada

em todo o território estadual.

O estudo destaca que é de extrema importância estipular limites, de modo

que se evitasse o crescimento espacial do município de São Paulo, a fim de

atingir a densidade over-all de 200 hab/ha em todos os loteamentos abertos,

traçando indicações de linhas gerais de um máster plan para a aglomeração.

Uma fez realizada a divisão da área urbana para efeito de estudo, propõe-

se que seja efetivado o caráter das unidades secundárias de planejamento e

subdivisão destas em unidades terciárias e elementares, conforme analisado

em pesquisa, localizando os centros secundários e terciários, aglomerações

como estações aero, rodo e ferroviárias, grandes mercados receptores de

gêneros, centros administrativos estaduais e municipais, indicando, quando

houver, as possibilidades de expansão, como zonas verdes e áreas destinadas

à indústria.

Propõe-se que sejam estabelecidos centros secundários em centralidades

atuais, percebidas ao longo das análises da pesquisa:

Ao longo e ao sul do rio Tietê – Brás, Móoca, Penha, São Miguel;

Rumo a Santos – Ipiranga, Vila Prudente, São Caetano do Sul, santo

André, São Bernardo do Campo;

Em direção sul – Saúde, Ibirapuera (Indianápolis), Santo Amaro;

Em direção oeste – Pinheiros, Osasco e Lapa;

Ao norte do Tietê – Santana, Tucuruvi, Vila Maria e Guarulhos

(município);

Freguesia do Ó e Casa Verde estão pouco equipadas e não exercem

um papel de centro secundário.

Page 12: SAGMACS E CENTRALIDADES

A partir de uma organização das indústrias em zonas, utilizando-se do

zoneamento como instrumento para tal proposição, permite-se realizar um

importante programa de crescimento industrial na aglomeração, distribuindo

tais zonas consideradas importantes para implantações industriais nas

seguintes regiões:

Regiões de várzea que parte de Guarulhos, ao norte do rio Tietê, e de

São Miguel Paulista, ao sul, estendendo-se até alcançar e ultrapassar

Santo Amaro;

Região ao longo da via Anchieta, em território de São Bernardo do

Campo;

Espaços ainda livres em Guarulhos, ao longo da via Dutra;

Serão necessárias, como o estudo prevê, comunicações rápidas entre os

centros secundários e o centro principal, às zonas industriais e às auto-

estradas, para diminuir o trânsito e o deslocamento de pessoas para seus

locais de trabalho.

CONCLUSÕES SOBRE O CENTRO DA CIDADE

Subentendendo centro como a região que exerce grande influência no

território, devido a grande aglomeração de atividades comerciais, econômicas,

financeiras e administrativas (no caso de São Paulo, administrações inclusive

de caráter estadual), além de serviços e equipamentos públicos, o centro

principal da capital paulista, essencialmente comercial, abriga cerca de 645 mil

habitantes, podendo chegar a 1 milhão com ordenação correta, possuindo

Page 13: SAGMACS E CENTRALIDADES

eixos comerciais que convergem para o mesmo, como a av. São João, a rua da

Consolação, a rua Augusta, a rua Domingos de Moraes, rua Vergueiro e rua da

Liberdade. A localização das indústrias é predominantemente ao longo das vias

férreas, no Bom retiro e na Barra Funda, dispersas na Vila Mariana e liberdade.

O centro da cidade já atingiu o máximo econômico e físico de saturação,

segundo dados estatísticos do centro de São Paulo, que indicam grande

população de habitantes e de trabalhadores no setor terciário e índices de

aproveitamento do terreno bastante elevados.

População estimada de São Paulo em 1956 de 3.100.000 habitantes. São

Paulo é centro de imigração ao menos nacional.

São Paulo é monopolar. Demais centros de serviços de áreas da

aglomeração são insuficientes às necessidades da população, sendo

necessário o deslocamento desta para o grande centro (a prancha G16 mostra

os deslocamentos efetuados em sua grande maioria de populações de outras

áreas da aglomeração para o centro principal).

Mesmo se verticalizando para atender às devidas funções, o centro

principal não poderá atender às necessidades crescentes da população da

aglomeração.

A implantação do metropolitano ajuda a agravar a questão na

monopolarização do centro. São recorrentes problemas de acesso á zona

central, sendo necessário a criação de novos centros. Caso contrário, haverá o

problema de uma circulação impossível se ser realizada.

PROPOSTA PARA AS UNIDADES LOCALIZADAS NA REGIÃO DE

TRANSIÇÃO E EXTERNA (PERIFERIA)

Page 14: SAGMACS E CENTRALIDADES

O cálculo para população que poderá ser ocupada nas unidades terciárias

considera a densidade over-all já avaliada de 200hab/há, baseado em outros

estudos e verificações realizadas em outras cidades do mundo, que permite um

adensamento de áreas sem gerar problemas de congestionamentos,

salubridade e conforto de tais espaços urbanos, como também otimizar e

baratear o investimento em equipamentos básicos para a cidade.

Os atuais pólos secundários espontâneos, segundo análises, não estão

em condições físicas e administrativas, estando mal-equipados, não

contribuindo para a multipolarização da aglomeração. Para tanto, são

propostas algumas reestruturações, de modo a alcançar o objetivo da proposta.

Para a unidade de São Miguel Paulista, propõe-se a construção de um

centro que se compreenda o centro atual e mais 800 metros para uma

população futura de 310 mil habitantes.

A unidade da Penha poderá ser ocupada com 530 mil habitantes. O

centro se localiza na extremidade oeste da zona e a proposta sugere um centro

secundário a uma distância média deste centro e do de São Miguel Paulista.

Na área que abrange Vila Maria, Jaçanã e parte sudoeste de Guarulhos,

o parque Mú Chaves é indicado para compor um centro secundário, sendo que

o conjunto poderá conter cerca de 300 mil habitantes.

Tucuruvi, Santana e Casa Verde formam um conjunto de 273 mil

habitantes, mas que poderia abrigar 840 mil, e cujo centro poderia se instituir

no Campo de Marte e nas vizinhanças.

Para Lapa e freguesia do Ó, cuja população soma 110 mil, mas que

poderia chegar até 640 mil habitantes, propõe-se a constituição de um centro

entre o rio Tietê e as linhas férreas.

Page 15: SAGMACS E CENTRALIDADES

Osasco é um atual centro com importância de centro terciário. Com uma

população de 93 mil, podendo atingir 450 mil, propõe-se a construção de um

novo centro compreendido entre o rio Tietê, Presidente Altino, Jaguaré e o

frigorífico Wilson.

A unidade de Pinheiros, cuja população em 57 era de 122 mil e poderia

atingir 390 mil, é um centro congestionado. Há a proposta de criação de um

centro secundário na parte baixa do alto de Pinheiros, em frente à cidade

universitária e englobar parte do norte do Butantã.

Já a unidade do Ibirapuera, cuja população atual de 105 mil, podendo

atingir os 710 mil habitantes, não possui um centro definido nitidamente. Há

uma pequena centralidade no Brooklyn, mas a concentração comercial se

localiza em dois eixos que margeiam Vila Nova Conceição e atravessa Itaim.

Propõe-se um centro novo ao longo do rio Pinheiros e zonas de indústrias

médias ao longo do canal.

A unidade de Santo Amaro, cuja população de 93 mil pode atingir até 720

mil habitantes, possui vastos terrenos de tendência industrial ao longo do canal

e da via férrea a Santos. Propõe-se uma extensão do centro da cidade a

sudoeste, estendendo-se até Socorro.

Dotada de uma população de 134 mil habitantes, com capacidade para

até 520 mil, a unidade de Saúde possui uma concentração comercial na av.

Jabaquara e centros terciários esboçados em partes não ocupadas do

Jabaquara e entre Jardim da Saúde e Vila Água Funda.

O município de São Bernardo do Campo, com uma população de 52 mil,

com capacidade de abrigar 500 mil, encontra-se em pleno desenvolvimento. É

proposta a construção de dois centros terciários: um no Caminho do Mar e

Page 16: SAGMACS E CENTRALIDADES

outro a oeste da Via Anchieta, nos arredores de Jardim Paulicéia. Neste último,

uma composição de um grande conjunto misto (industrial, residencial e

comercial).

Com a presença da linha férrea, o município de Santo André, de

população em torno dos 175 mil habitantes, com capacidade para 400 mil, tem

seu território cortado, além de áreas de implantação industriais já fixadas,

inclusive bastante extensas. Propõe-se uma unidade norte polarizada por dois

centros nos terrenos ainda disponíveis. Faz-se necessário a imposição de um

plano de ordenação para auxiliar as duas unidades separadas pela via férrea: a

unidade norte, com aproximadamente 150 mil habitantes; e a unidade sul, que

se desdobra a partir do centro atual em uma disposição linear na direção de

Vila Paraíso.

Para a Vila Prudente, cuja área abrange uma população de 115 mil e que

poderia suportar até 305 mil habitantes, quase que exclusivamente residencial,

propõe-se reservar alguns terrenos industriais à noroeste da Vila Prosperidade

e instituir um centro entre Vila Zelina e Jardim Independência.

Já para Itaquera, cuja população de 25 mil pode atingir sem problemas

140 mil habitantes, propõe-se a constituição de um centro contornando o

grande espaço verde localizado na área, além de espaços industriais próximos

à via férrea e a preservação do caráter rural de Guaianazes, além do

acréscimo de médias indústrias na região.

PROPOSTAS PARA AS UNIDADES CENTRAIS

Para a unidade do Ipiranga, cuja área abriga uma população de 155 mil,

podendo suportar até 370 mil habitantes, localizada à saída da via Anchieta,

Page 17: SAGMACS E CENTRALIDADES

propõe-se um centro secundário em Vila Heliópolis, em junção imediata com a

Via Anchieta e o atual centro comercial, estendendo-se pela rua comercial que

atravessa todo o bairro do Ipiranga. Além disso, zonas industriais entre Vila

Heliópolis e São Caetano, ao longo da via Anchieta, visto que na parte norte há

indústrias concentradas ao longo da ferrovia Santos-Jundiaí.

Nas unidades Brás e Móoca, propõe-se uma dupla polarização, em

virtude das numerosas indústrias nas duas unidades, que somam 570 mil

habitantes, podendo abranger até 650 mil. Na unidade da Móoca, para além do

atual centro, sugere-se a construção de um centro secundário entre Água Rasa

e Vila Formosa; enquanto na unidade do Brás, propõe-se um anexo à unidade

de Belenzinho, por esta ser uma unidade comercial bastante avançada.

Em Tatuapé, se faz importante a implantação de um centro secundário,

apoiando-se nas unidades Tatuapé, Parque São Jorge, Vila Moreira e,

transposta a linha férrea, Sílvio Romero e Vila Brasil.

Na faixa de Vila Carrão, criação de uma outra unidade terciária, próximo a

terrenos de vocação industrial.

PROPOSTAS PARA O CENTRO E CRIAÇÃO DE UM NOVO CENTRO COM

FUNÇÕES REGIONAIS E SUPRA-REGIONAIS

O estudo propõe a implantação de um centro com função de capital

política, administrativa e econômica, possivelmente no território atual de São

Mateus e seus prolongamentos, ficando distante do primeiro centro principal

apenas 15 km, com capacidade de 200 a 300 mil habitantes. Sustenta que o

centro atual deveria atender apenas à função urbana de centro de serviços

Page 18: SAGMACS E CENTRALIDADES

para a aglomeração, admitindo que áreas de serviços e comércios do escalão

primário estarão concentradas no mesmo, sendo proposta a transferência da

cidade administrativa para o Parque do Ibirapuera, com serviços coadjuvantes

e linhas de transporte rápido para servi-lo.

Para a aglomeração, é previsto um zoneamento funcional em seis

escalões:

Loteamento;

Conjunto de loteamentos (a unidade terciária ou complexa);

Conjunto de unidades elementares que constituem uma terciária ou

complexa;

Conjunto de unidades terciárias que constituem uma unidade secundária

ou completa;

A unidade municipal;

A aglomeração multimunicipal;

Construção de rodovias que interligam São Paulo às demais localidades

da aglomeração.

O plano completo supõe reunir, por uma semi-circular intermediária, os

atual centro, o centro proposto no Ibirapuera, Saúde, Ipiranga, Vila Prudente e

o centro novo de Vila Maria. Faz-se necessária também uma revisão de viário,

visando comunicação rápida entre os principais centros.

MULTIPOLARIZAÇÃO DA AGLOMERAÇÃO PAULISTANA

Com toda essa organização e hierarquização do centro principal, dos

centros secundários e terciários de comércio e serviços, e implantando zonas

industriais próximas a equipamentos públicos para facilidade do escoamento

Page 19: SAGMACS E CENTRALIDADES

da produção, o estudo propõe que o perfil da cidade de São Paulo seja

alterado, passando de uma cidade monopolarizada para uma multipolarizada.

O diagnóstico afirma que o urbanismo que não considera fatores

relacionados à sociologia e geografia acaba cometendo erros gravíssimos no

varietur. Além disso, o crescimento residencial segue o interesse de loteadores

e especulação imobiliária.

A descentralização multipolar fornece um caminho de solução para a

aglomeração em crescimento rápido, relacionando o conceito de aglomeração

orgânica e a concepção de zonning, utilizando-se do instrumento de

zoneamento funcional, procurando dialogar com as quatro funções urbanas

lecorbusianas – habitar, trabalhar, lazer e circulação.

Além da multipolarização orgânica em grandes centros, propõe-se

também um desdobramento do Mercado Municipal em vários outros menores.

Tornar uma cidade multipolarizada pressupõe que os vários centros

permitem um melhor rendimento dos equipamentos públicos e distribuição e

organização de equipamentos comerciais e de serviços, de modo a atender

uma área mais abrangente da capital, reduzindo os deslocamentos

populacionais de áreas mais afastadas, propiciando fácil acesso aos

equipamentos essenciais à vida urbana, evitando a saturação de um único

território para uma aglomeração urbana da dimensão da paulistana.

O estudo afirma, dentre outros aspectos, que uma Legislação urbanística

se faz necessária, assim como o planejamento racional, propondo a criação de

uma lei federal que regulamente o condicionamento do uso da propriedade

privada do solo urbano ao bem-estar social, de modo que o planejamento não

Page 20: SAGMACS E CENTRALIDADES

acabe se limitando por interesses pessoais ou de grupos restritos, em face a

uma legislação obsoleta.

Por fim, o estudo sugere a criação de um Ministério de Planejamento e

Urbanismo para o ano de 1957, visando, sobretudo, uma reorganização em

uma estrutura descentralizada político-administrativa, de modo a manter o

caráter multipolar da estrutura urbana, visto na proposta de eleição de

unidades secundárias a distritos ou subprefeituras, e unidades terciárias serem

eleitas conselhos subdistritais.

Faz-se necessária a ordenação em todas as escalas de São Paulo, pois

as alterações realizadas na aglomeração influenciarão nas demais regiões

relacionadas com a capital – principalmente alterações com a magnitude das

propostas – bem como a diminuição de polarização caso haja forte

desenvolvimento de outros pólos econômicos (comerciais e industriais)

capazes disso.