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RELATÓRIO DE GESTÃO 20112015 SAÚDE MENTAL NO SUS CUIDADO EM LIBERDADE, DEFESA DE DIREITOS E REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL MINISTÉRIO DA SAÚDE

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RELATÓRIO DE GESTÃO 2011‐2015

SAÚDE MENTAL NO SUS CUIDADO EM LIBERDADE, DEFESA DE DIREITOS        

E REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

MINISTÉRIO DA SAÚDE

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MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Atenção à Saúde 

Departamento de Ações Programáticas Estratégicas 

SAÚDE MENTAL NO SUS 

CUIDADO EM LIBERDADE, DEFESA DE DIREITOS         

E REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 

RELATÓRIO DE GESTÃO 2011‐2015 

Brasília – DF 

2016 

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Elaboração, distribuição e informações   Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (Dapes) Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) Ministério da Saúde (MS) Setor de Autarquia Federal Sul (SAF/SUL), Trecho 2, Lote 05/06, )  Edifício Premium, Bloco F, Torre 2, sala 13 Brasilia, DF CEP: 70.070600  Contatos: Telefone Geral: (55 61) 3315.9144 Email: [email protected]   Redação, dados e organização do Relatório:  Equipe da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS: Adélia  Benetti  de  Paula  Capistrano  Alexandre  Teixeira  Trino  Ana  Carolina  da  Conceição  Andrea  Borghi Moreira Jacinto Aretuza Santos de Oliveira Freitas Barbara Coelho Vaz César Henrique dos Reis Cinthia Lociks de  Araújo  Clarisse Moreira  Aló  Claudio  Antônio  Barreiros  Daniel  Adolpho  Daltin  Assis  Daniela  Piconez  e Trigueiros  Debora  Estela Massarente  Pereira  Enrique  Araújo  Bessoni  Fernanda  Rodrigues  da  Guia  Flora Moura  Lourenzo  Gabriela  Hayashida  Isadora  Simões  de  Souza  Izadora  Isa  Soares  Luz  Janaina  Barreto Gonçalves Jaqueline Tavares de Assis Hinara Helena Silva Pereira de Souza Ivana Gomes de Almeida Julianna Godinho Dale  Coutinho  June  Correa  Borges  Scafuto  Kayan  Vogado  Alves  Karen  Costa Oliva  Keyla  Kikushi Câmara Larissa de Andrade Gonçalves Leisenir de Oliveira Marcel Henrique de Carvalho   Mariana da Costa Schorn Marina  Rios  Amorim Michaela  Batalha  Juhasova Milena  Leal  Pacheco  Nádia Maria  Silva  Pacheco  Patricia  Portela  de Aguiar  Patrícia  Santana  Santos  Paula  Silva Oliveira  Pedro  de  Lemos MacDowell  Pedro Henrique Marinho Carneiro Polliana Barbosa da Rocha Pollyanna  Fausta Pimentel de Medeiros Raquel de Aguiar  Alves  Raquel  Turci  Pedroso  Roberto  Tykanori  Kinoshita  Rubia  Cerqueira  Persequini  Samia  Abreu Oliveira Taia Duarte Mota Thais Soboslai Thiago Monteiro Pithon Viviane Paula Rocha    Arte da Capa e Contracapa: Obra de Maria do Socorro Santos, pintora e militante do Movimento da  Luta Antimanicomial do Rio de Janeiro, que faleceu em março de 2005. Direitos  autorais:  Projeto  Maria  do  Socorro  Santos/Instituto  Franco  Basaglia/Projeto  Transversões  – ESS/UFRJ.   

  Brasil. Ministério da  Saúde.  Secretaria de Atenção  à  Saúde. DAPES. Coordenação Geral de  Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas.  Saúde Mental no SUS: Cuidado em Liberdade, Defesa de Direitos e Rede de Atenção Psicossocial. Relatório de Gestão 2011‐2015. Ministério da Saúde: Brasília. Maio, 2016, 143 p.  

Versão preliminar 1, fechada em 09/06/2016 

 

   

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LISTA DE SIGLAS 

AB – Atenção Básica 

ACS – Agente Comunitário de Saúde 

AIH ‐ Autorização de Internação Hospitalar – AIH 

Anvisa ‐ Agência Nacional de Vigilância Sanitária 

ATSM ‐ Área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde  

BPA/C – Boletim de Produção Ambulatorial Consolidado 

BPA/I ‐ Boletim de Produção Ambulatorial Individualizado 

CAB 34 ‐ Caderno de Atenção Básica nº 34 – saúde mental 

CAPS – Centro de Atenção Psicossocial 

CAT – Casa de Acolhimento Transitório 

CDPD ‐ Convenção Internacional das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 

Cebas ‐ Certificação das Entidades Beneficentes de Assistência Social 

CGMAD – Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas 

CGPC ‐ Coordenação Geral de Promoção da Cidadania 

CGPDS ‐ Coordenação de Promoção dos Direitos Sociais 

CGSI ‐ Coordenação Geral de Sistemas de Informação/DRAC/SAS/MS 

CIF ‐ Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidades e Saúde 

CIR – Comissão Intergestores Regional 

CISM ‐ Comissão Intersetorial de Saúde Mental 

CIST ‐ Cadastro de Inclusão Social pelo Trabalho 

CNES ‐ Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde 

CNMP ‐ Conselho Nacional do Ministério Publico 

CnR – Consultório na Rua 

CNS ‐ Conselho Nacional de Saúde 

Coasa ‐ Coordenação de Acompanhamento das Ações de Saúde e Segurança Alimentar 

Cogem ‐ Coordenação de Gênero e Assuntos Geracionais 

Conad ‐ Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas 

Conasems ‐ Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde 

Conass ‐ Conselho Nacional de Secretários de Saúde 

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito 

COPOLAD ‐ Cooperation Programme on Drugs Policies between Latin America and the European Union 

COPPE/UFRJ  ‐  Instituto Alberto  Luiz Coimbra de Pós‐graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade 

Federal do Rio de Janeiro 

Cosems ‐ Conselho de Secretários Municipais de Saúde 

CT – Comunidade Terapêutica 

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DAB ‐ Departamento de Atenção Básica  

Dahu ‐ Departamento de Atenção Hospitalar e Urgências 

Dasi ‐ Departamento de Atenção à Saúde Indígena  

Datasus ‐ Departamento de Informática do SUS 

DCNT ‐ Doenças Crônicas Não Transmissíveis 

Deges ‐ Departamento de Gestão da Educação na Saúde  

Demas ‐ Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS/SE/MS 

Denasus  – Departamento Nacional de Auditoria do SUS 

DEPEN ‐ Departamento Penitenciário Nacional/MJ 

DPDS ‐ Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Social 

Drac ‐ Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas/SAS/MS 

DSEI ‐ Distritos Sanitários Especiais Indígenas  

EAD – Educação à Distância 

ECA ‐ Estatuto da Criança e do Adolescente 

E‐CAR ‐ Sistema de Planejamento e Monitoramento 

eCR ‐ Equipe de Consultório na Rua 

ECT ‐ eletroconvulsoterapia 

Enraps ‐ Encontro de Nacional de Redes de Atenção Psicossocial do SUS 

ESF – Estratégia de Saúde da Família 

eSF – Equipe de Saúde da Família  

EU‐DAP ‐ European Drug Addiction Prevention Trial 

FCES ‐ Ficha Cadastral de Estabelecimento de Saúde 

FIOCRUZ ‐ Fundação Osvaldo Cruz 

FORMSUS ‐ serviço para criação de formulários na web do Datasus 

FUNAD ‐ Fundo Nacional Antidrogas 

FUNAI ‐ Fundação Nacional do Índio 

GBG ‐ Good Behavior Game 

GUIA AD ‐ Guia Estratégico para o Cuidado de Pessoas com necessidades relacionadas ao consumo de álcool 

e outras drogas 

GT – Grupo de Trabalho 

GTI ‐ Grupo de Trabalho Intersetorial  

HCTP ‐ Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico  

IBGE ‐ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 

IDHM ‐ Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 

IES ‐ Instituições de Educação Superior 

IPCA ‐ Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 

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Ipea ‐ Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 

LBI ‐ Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência 

LDO ‐ Lei de Diretrizes Orçamentárias 

LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais  

LOA ‐ Lei Orçamentária Anual 

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 

ME – Município Elegível 

MEC – Ministério da Educação 

MinC – Ministério da Cultura 

MJ ‐ Ministérios da Justiça 

MS – Ministério da Saúde 

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego 

Nasf – Núcleo de Atenção à Saúde da Família 

NuteE‐UFSC ‐ Núcleo Multiprojetos de Tecnologia Educacional da Universidade Federal de Santa Catarina 

OEA ‐ Organização dos Estados Americanos 

ONU ‐ Organização das Nações Unidas 

OPAS/OMS ‐ Organização Pan‐Americana de Saúde ‐ Organização Mundial da Saúde 

PAB ‐ Piso de Atenção Básica  

Pacs ‐ Programa de Agentes Comunitários de Saúde 

PAR ‐ Plano de Ação Regional 

PET‐Saúde ‐ Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde 

PMAQ‐AB ‐ Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica 

PNAISARI ‐ Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei, em Regime 

de Internação e Internação Provisória 

PNAISP  ‐  Política  Nacional  de  Atenção  Integral  à  Saúde  das  Pessoas  Privadas  de  Liberdade  no  Sistema 

Prisional 

PNASH/Psiq – Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares/Psiquiatria 

PNEPS ‐ Política Nacional de Educação Permanente em Saúde 

PNH ‐ Política Nacional de Humanização 

PNPS ‐ Política Nacional de Promoção da Saúde 

PNS ‐ Plano Nacional de Saúde 

Pnud – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 

PO ‐ Programas Orçamentários  

PPA ‐ Plano Plurianual 

PREVINE ‐ I Congresso Internacional de Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas 

PRH ‐ Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar Psiquiátrica no SUS 

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Pronacoop Social ‐ Programa Nacional de Apoio ao Associativismo e Cooperativismo Social 

PSE ‐ Programa Saúde na Escola 

PTS – Projeto Terapêutico Singular 

PVC – Programa de Volta para Casa 

RAADH ‐ Reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos 

RAAS ‐ Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde 

RAPS – Rede de Atenção Psicossocial 

RAS – Redes de Atenção à Saúde 

RD – Redução de Danos 

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada 

RHS ‐ Rede Humaniza SUS 

RUE – Rede de Atenção às Urgências 

Saips ‐ Sistema de Apoio à Implementação de Politicas de Saúde 

Samu – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 

SARR ‐ Serviços de Atenção em Regime Residencial 

SAS – Secretaria de Atenção à Saúde 

SAV ‐ Suporte Avançado de Vida 

SBV ‐ Suporte Básico de Vida 

SDH ‐ Secretaria dos Direitos Humanos 

Senad – Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas do Ministério da Justiça 

Senaes ‐ Secretaria Nacional de Economia Solidária/TEM 

Senasp ‐ Secretaria Nacional de Segurança Pública/MJ 

Sesai ‐ Secretaria Especial de Saúde Indígena  

SFP ‐ Strengthening Families Program 

SGTES ‐ Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde  

SGEP ‐ Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa 

SIA/SUS ‐ Sistema de Informações Ambulatoriais 

SIH/SUS ‐ Sistema de Informações Hospitalares do SUS 

Sinase ‐ Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo 

Sinpas ‐ Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social 

Sismob ‐ Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo 

Sisnad – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas 

Sisprofns ‐ Sistema de Propostas Fundo a Fundo 

SNJ ‐ Secretaria Nacional da Juventude 

SNPDCA ‐ Secretaria Nacional de Direitos Humanos/SDH 

SRT – Serviço Residencial Terapêutico 

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Suas ‐ Sistema Único de Assistência Social 

SUPERA ‐ Sistema para detecção do uso abusivo e dependência de substâncias psicoativas: encaminhamento, 

intervenção breve, reinserção social e acompanhamento 

SUS – Sistema Único de Saúde 

SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde 

TEA ‐ Transtornos do Espectro do Autismo 

TED – Termo de Execução Descentralizada 

Tepac ‐ Tópicos Especiais de Policiamento e Ações Comunitárias 

TETO MAC – Teto Financeiro de Média e Alta Complexidade 

UA – Unidade de Acolhimento 

UAA – Unidade de Acolhimento Adulta 

UAi – Unidade de Acolhimento Infantojuvenil 

UBS ‐ Unidade Básica de Saúde 

UFRN ‐ Universidade Federal do Rio Grande do Norte 

UFSC ‐ Universidade Federal de Santa Catarina 

Unasus ‐ Universidade Aberta do SUS 

UnB ‐ Universidade de Brasília 

UNGASS ‐ Assembleia Especial da Organização das Nações Unidas 

Unifesp ‐ Universidade Federal de São Paulo 

UNODC ‐ Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime 

UPA – Unidade de Pronto Atendimento 

 

   

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Lista de figuras 

Figura 1. Regiões de Saúde Brasil.................................................................................................................8  

Figura  2. Mapas  Evolução  do  Indicador  de  Cobertura  de  CAPS/100 mil  habitantes  (Brasil,  dez/2006, 

dez/2011 e dez/2015).................................................................................................................................46 

Figura 3. Distribuição dos (as) alunos (as) formados (as) nos três Cursos à Distância em Saúde Mental por 

curso (Brasil, dez/2014)............................................................................................................................113 

Figura 4. Número de profissionais titulados como enfermeiros especialistas em saúde mental por estado 

(2015)........................................................................................................................................................114 

 

Lista de gráficos 

Gráfico  1.  Evolução  do  investimento  financeiro  federal  nos  Centros  de  Atenção  Psicossocial  (Brasil, 

dez/2002 a dez/2015).................................................................................................................................25  

 Gráfico  2.  Série  histórica  de  expansão  dos  CAPS  (Brasil,  dez/1998  a 

2015)...........................................................................................................................................................45 

Gráfico  3.    Série  histórica  Indicador  de  Cobertura  de  CAPS/100  mil  habitantes,  por  região  (Brasil, 

dez/2002 a dez/2015) ................................................................................................................................48 

Gráfico  4.  Evolução  dos  registros  de  procedimentos  ambulatoriais  em  saúde  mental  aprovados  e 

estimativa da produção se mantida a tendência anterior. Brasil, 2008‐ 2014 ........................................ .55 

Gráfico 5. Série histórica habilitação Serviços Residenciais Terapêuticos 2013‐2015................................65 

Gráfico 6. Número Beneficiários Programa de Volta para Casa 2003 – 2015............................................66 

Gráfico  7.  Série  histórica  percentual  de  Hospital  Psiquiátrico  por  porte  (Brasil,  dez/2002‐ 

dez/2015)....................................................................................................................................................68 

Gráfico 8. Leitos SUS em hospitais psiquiátricos por ano (Brasil, dez/2002 a dez/2015) ..........................69 

Gráfico 9. Repasses de recursos federais de incentivo financeiro para o desenvolvimento de estratégias 

do componente Reabilitação Psicossocial (Brasil, 2005 a 2013)................................................................72 

Gráfico  10.  Repasses  de  recursos  federais  de  incentivo  para  as  Chamadas  de  Protagonismo  e 

Reabilitação Psicossocial de 2012 e 2013, por Região do Brasil.................................................................73 

 

Lista de Quadros 

Quadro 1. Componentes da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS..............................................................9  

Quadro 2. Portarias instituição Grupos Condutores Estaduais da RAPS por estado .................................11 

Quadro 3. Redução parâmetro populacional para implantação de CAPS .................................................47 

Quadro  4.  Audiências  Públicas  na  Câmara  Legislativa  e  Senado  Federal  com  participação  da 

CGMAD.......................................................................................................................................................97 

Quadro 5. Produções Técnicas no Campo de Álcool e outras Drogas entre 2011‐2015............................98 

Quando 6. Módulos da I Chamada Projeto Percursos Formativos da RAPS.............................................111 

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Lista de tabelas 

Tabela 1. Pactuação Planos de Ação da RAPS por estado..........................................................................12 

Tabela 2. Emendas Parlamentares designadas à CGMAD (Brasil, 2011‐2015)...........................................26 

Tabela  3.  Propostas  de  construção  aprovadas  por  programa,  por  ano  e  por  inserção  de  Ordem  de 

Serviço (Brasil, 2015)..................................................................................................................................31  

Tabela  4.  Total  de  propostas  aprovadas  por  programa  e  por  emenda,  por  tipo  (Brasil,  2013  a 

2015)...........................................................................................................................................................31 

Tabela 5. Total de propostas aprovadas por programa e por emenda, por tipo e por UF (Brasil, 2013 a 

2015 )..........................................................................................................................................................32  

Tabela 6. Vagas ofertadas do Curso de Formação Caminhos do Cuidado, por UF (Brasil, 2015)...............40  

Tabela  7.  Série  histórica  do  número  de  CAPS  habilitados  no  Brasil  por  Tipo  (Brasil,  dez/2006  a 

2015)...........................................................................................................................................................49 

Tabela 8. – Distribuição dos CAPS por Município Elegível (ME), e nº de municípios com CAPS Habilitado 

por UF (Brasil, dez/2006 a 2015)................................................................................................................50 

Tabela 9. Unidades de Acolhimento habilitadas (Brasil, 2015)..................................................................61 

Tabela  10.  Serviços  Hospitalares  de  Referência  com  leitos  de  saúde mental,  álcool  e  outras  drogas 

habilitado por UF (dez/2015)......................................................................................................................63 

Tabela  11.  Iniciativas  de  geração  de  trabalho  e  renda,  empreendimentos  econômicos  solidários  e 

cooperativas sociais da RAPS (Brasil, dez/2005 a dez/2013)......................................................................74 

Tabela 12. Alcance em números de escolas, educadores e educandos por território no Pré‐piloto do GBG 

(Jogo Elos) em números ‐ 2013 ..................................................................................................................89 

Tabela 13. Alcance em números de escolas, educadores, turmas e educandos por território no Piloto do 

Jogo Elos ‐ 2014..........................................................................................................................................89 

Tabela  14.  Alcance  em  número  de  escolas,  turmas  e  educandos  por  território  no  Piloto  Jogo  Elos  ‐ 

2015............................................................................................................................................................90 

Tabela 15. Alcance em números de escolas, professores, turmas e educandos por território no Pré‐piloto 

Unplugged ‐ #Tamojunto ‐ 2013 ............................................................................................................91 

Tabela 16. Alcance em números de escolas, professores, profissionais da saúde, turmas e educandos por 

território do #Tamojunto ‐ 2014.............................................................................................................91 

Tabela  17. Alcance  em  números  de  escolas,  professores,  turmas,  educandos,  profissionais  da  saúde, 

multiplicadores locais por território do #Tamojunto ‐ 2015......................................................................92 

Tabela  18.  Alcance  em  números  de  grupos  e  famílias,  por  território  por  território  no  Pré‐piloto  do 

Fortalecendo Famílias ‐ 2013......................................................................................................................93 

Tabela  19.  Alcance  em  números  de  facilitadores,  grupos  e  famílias  por  território  no  Piloto  do 

Fortalecendo Famílias ‐ 2014 .....................................................................................................................94 

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Tabela  20.  Alcance  em  números  de  facilitadores,  grupos  e  famílias  por  território  no  Piloto  do 

Fortalecendo Famílias ‐ 2015 .....................................................................................................................94 

Tabela 21. Resumo dos programas de PET Saúde Mental apoiados entre 2011 e 2015..........................107 

Tabela 22. Número de programas de PET Saúde Mental apoiados por UF entre 2011 e 2015................108 

Tabela 23. Programas de Residência Médica em Psiquiatria e Psiquiatria da Infância e Adolescência por 

ano............................................................................................................................................................109 

Tabela 24. Programas de Residência Multiprofissional em Saúde Mental por ano............ ....................109

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SUMÁRIO 

Apresentação ...................................................................................................................................... 1

1. 1. Ética e cuidado ............................................................................................................................. 2

1.1. Desinstitucionalização ............................................................................................................... 2

1.2. Reabilitação Psicossocial ............................................................................................................ 4

1.3. Redução de Danos ..................................................................................................................... 5

2. Gestão da Política ............................................................................................................................ 7

2.1. Regionalização e Territórios ....................................................................................................... 7

2.2. 14ª e 15ª Conferências Nacionais de Saúde ............................................................................... 22

2.3. Financiamento em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas no SUS ................................................ 24

2.4. Gestão da Informação e Comunicação....................................................................................... 28

2.5. Programa Crack, É Possível Vencer ............................................................................................ 29

3. I Encontro Nacional de Redes de Atenção Psicossocial do SUS (ENRAPS) ............................................. 34

4. Rede de Atenção Psicossocial ‐ RAPS ............................................................................................... 36

4.1. Atenção Básica em Saúde ......................................................................................................... 36

4.2. Atenção Psicossocial Estratégica ............................................................................................... 44

4.3. Atenção de Urgência e Emergência ........................................................................................... 57

4.4. Atenção Residencial de Caráter Transitório ................................................................................ 59

4.5. Atenção Hospitalar .................................................................................................................. 62

4.6. Estratégias de Desinstitucionalização ........................................................................................ 64

4.7. Estratégias de Reabilitação Psicossocial e de Fortalecimento do Protagonismo de Usuários e 

Familiares da RAPS ........................................................................................................................ 71

5. Temas transversais da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas ........................... 79

5.1. Ações junto às Populações Tradicionais ................................................................................ 79

5.2. Populações em vulnerabilidade e a equidade no acesso à Saúde Mental ................................. 83

5.3. Ações relacionadas ao campo de Álcool e Outras Drogas ........................................................ 85

5.4 Ações relacionadas ao público Infantojuvenil ...................................................................... 102

5.5 Ações de Formação e Educação Permanente ....................................................................... 106

5.6 Direito é Qualidade (QualityRights)..................................................................................... 115

5.7 Parcerias Internacionais .................................................................................................... 116

Anexos ........................................................................................................................................... 117

Anexo I: Carta da XIII Reunião do Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental .............................. 117

Anexo II: Relatório Final Do XVIII Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental, Álcool e outras 

Drogas ........................................................................................................................................ 118

Anexo III: Legislação da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas referentes ao 

período entre 2011 e 2015 ........................................................................................................... 131

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Anexo IV: RESUMO EXECUTIVO – Relatório de Gestão 2011‐2015 .................................................... 132

Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 141

 

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Apresentação 

 Este  relatório  registra os principais avanços, diretrizes e desafios da  implantação da Política 

Nacional de Saúde Mental, durante o período de 2011‐2015, em termos de  legislação, ampliação do acesso,  qualificação  do  cuidado  e  gestão  da  política,  com  vistas  a  subsidiar  a  continuidade  dos processos de reforma em todas as esferas de gestão.  

O Ministério  da  Saúde,  por meio  da  Coordenação Geral  de  Saúde Mental,  Álcool  e Outras Drogas  (CGMAD),  trabalha desde o  início da década de 1990 na construção de  instrumentos para a indução da implantação do modelo de atenção à saúde mental de base comunitária, orientado para a defesa e promoção dos direitos humanos das pessoas com necessidades decorrentes de sofrimento psíquico e/ou decorrentes do uso de álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).   Um  importante  marco  dessa  trajetória,  na  gestão  atual,  é  a  publicação  do  Decreto  nº 7.508/2011  que  estabeleceu  a  exigência  da  atenção  psicossocial  como  um  dos  requisitos  para  a instituição  das  Regiões  de  Saúde  e  para  a  organização  das  Redes  de  Atenção  à  Saúde  (RAS), considerando a necessidade de que o SUS ofereça uma rede de serviços de integrada, articulada e resolutiva. 

Nesse sentido, instituiu‐se a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) por meio da publicação da Portaria nº 3.088/2012 baseada nos princípios e diretrizes do SUS e da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras  Drogas.  Espera‐se  que  o  fortalecimento  da  RAPS  promova  a  oferta  qualificada  de  atenção integral e continua, de modo a produzir transformação nas realidades sociais em prol do cuidado em liberdade,  de  equidade,  de  tolerância  às  diferenças,  de  ampliação  da  autonomia  e  de  garantia  de direitos humanos e de cidadania. 

No  caminhar  das  construções  técnico‐políticas  desse  período,  podemos  destacar  dois importantes marcos:  a  ênfase  e  o  redirecionamento  do  olhar  sobre  as  questões  relacionadas  aos problemas  decorrentes do  uso  das  drogas  lícitas  e  ilícitas,  e  a  contínua mobilização  e  articulação interfederativa (União, Estados e municípios) para aceleração dos processos de  desinstitucionalização. Ambos  destaques  trouxeram  como  desafios  a  necessidade  de  ampliação  de  estratégias  para qualificação do cuidado nos territórios, ampliação da implantação dos pontos de atenção da RAPS e o fortalecimento da  articulação intersetorial com diversos atores da sociedade.  

A construção das ações que serão apresentadas contou com a colaboração de diversos atores nacionais  e  internacionais  e  com  a  participação  de  usuários  e  familiares,  num  amplo  processo  de debates  e  construção  coletiva  no  sentido  de  dar  continuidade  a  história  da  reforma  psiquiátrica brasileira que até o presente momento pode  ser marcada pela experiência  concreta dos  territórios orientando as diretrizes da política.  

O primeiro capítulo, intitulado de Ética do Cuidado, aborda questões referentes aos princípios e diretrizes para o cuidado no campo da saúde mental, álcool e outras drogas. No segundo, Gestão da Política,  são  descritos  os  processos  colegiados  de  construção  da  política  com  os  territórios, financiamento, informação e comunicação em saúde mental e o Programa Crack. No terceiro capítulo é  apresentado  o  I  Encontro  Nacional  de  Redes  de  Atenção  Psicossocial  do  SUS  e  no  quarto,  os componentes da RAPS e ações vinculadas aos seus pontos de atenção. Finalmente, no quinto capítulo, Temas  Transversais  da  RAPS, encontram‐se  as  Ações  junto  a  Povos  Indígenas  e  Populações Tradicionais, Populações em vulnerabilidade e Equidade do acesso, Ações relacionadas ao campo de álcool  e  outras  drogas  e  ao  público  infantojuvenil,  Formação  e  educação  permanente,  Direito  é Qualidade (QualityRights) e Parcerias Internacionais. Segue ainda em anexo o Resumo Executivo deste Relatório (anexo IV). 

 Brasília, maio de 2016. 

   

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1. 1. Ética e cuidado 

O Brasil, enquanto  signatário da Declaração Universal de Direitos Humanos e da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), tem sido ética e politicamente coerente com esses compromissos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, tem se buscado produzir nas  diretrizes  da  atual  política  de  saúde mental,  instrumentos  de  fomento  e  garantia  de  direitos, especialmente no que se refere às construções históricas do campo da Reforma Psiquiátrica brasileira.  

A saúde constitui um direito fundamental, sendo tema crucial para a compreensão do Estado Democrático de Direito,  do  tipo  de  sociedade  em que  se  vive  e dos  avanços que  se  almejam  com relação à evolução das garantias e direitos  fundamentais dos  indivíduos. Nesse  sentido, as políticas assistenciais assumem o compromisso de superar formas punitivas e excludentes por meio de práticas inclusivas e integrais.  

O compromisso ético no contexto das ações de cuidado no SUS vem, ao longo da sua história, sendo  pautado  em  legislações  consonantes  com  os  preceitos  da  Reforma  Sanitária  e  Reforma Psiquiátrica Brasileira.  

A Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, com base nas Leis nº 10.216/01, nº 10.708/03 e nº 11.343/06,  configurou‐se  como uma politica de Estado alinhada aos princípios e diretrizes de organismos internacionais que objetivam o alcance do maior grau possível de saúde por todos os povos.    

A salvaguarda de direitos humanos e de cidadania que a Lei 10.2016/01 trouxe a possibilidade real  de  transformações  de  relações  e  paradigmas,  desde  seu  processo  de  formulação  até  os  dias atuais, principalmente quando se aplica e/ou considera a  lei nas ações do cotidiano. Podemos dizer que, sobretudo, ela afirma o usuário como sujeito de direitos, cabendo ao Estado promover espaços de  participação  política  e  de  protagonismo,  reconhecendo  em  suas  ações  a  autonomia  e  as manifestações dos movimentos sociais. 

1.1. DESINSTITUCIONALIZAÇÃO 

A  Política  Nacional  de  Saúde  Mental  brasileira  tem  como  eixo  organizador  a desinstitucionalização,  compreendida  como  um  processo  complexo  que  envolve  não  apenas  a desospitalização  de moradores  de  hospitais  psiquiátricos, mas  fundamentalmente  a  construção  de condições efetivas para um cuidado comunitário contínuo e qualificado para todos os que necessitem de atenção, tratamento, reabilitação e reinserção social. 

Estão implicadas no direito à vida comunitária e social de pessoas com transtornos mentais: a) a montagem de redes amplas e diversificadas de base territorial; b) a construção na sociedade de uma nova sensibilidade cultural para a questão da loucura; c) a produção de conhecimento científico e de outros  saberes oriundos da  cultura  relacionados à  inovação do  cuidado; d) a oferta de qualificação permanente para os operadores da mudança; e) a abertura e garantia de condições sustentáveis para a participação e protagonismo dos usuários e  familiares, e  f) o  compromisso das esferas de gestão pública,  diretamente  ligadas  ao  tema,  para  conduzir  e  mediar  os  inevitáveis  conflitos  que  se apresentam no projeto ético‐político de construção de um lugar social para a loucura. 

O  processo  de mudança  de modelo  assistencial  encontra‐se  em  curso  e  apresenta  ampla participação  social, com destacado protagonismo de usuários e  familiar. A atuação dos movimentos sociais na crítica às instituições asilares e sua superação prática por meio de novos modos de organizar e  trabalhar,  gerando  novas  instituições  e  novas  sociabilidades  é  uma  característica  do  Brasil  que diferencia e qualifica a Política Nacional de Saúde Mental brasileira e é valorizada pela OMS e OPAS. 

Sugerimos  cinco  chaves  de  leitura  para  a  compreensão  da  importância  do  processo  de desinstitucionalização em todos os níveis. Essas cinco dimensões são fundamentais para a superação do modelo asilar: 

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O Circuito de Controle  

O manicômio não pode ser compreendido senão a partir do lugar que ocupa em um circuito de controle,  central  no modo  de  funcionamento  da  nossa  sociedade.  Esse  circuito  envolve  um  amplo conjunto de instituições (o sistema de saúde, o sistema de educação, o sistema de justiça, o sistema de assistência  social,  entre  outros)  que  produzem  e  reproduzem  lógicas  de  normalização  impositiva, sempre  envolvendo  algum  nível  de  uso  da  força. O manicômio  ocupa  nesse  circuito  uma  posição fundamental para a sustentação do modelo de normalização  impositiva, ele é o  local de escoamento de toda a falha dos demais sistemas de normatização (educação, justiça, saúde, assistência social etc), e  assume  a  condição  de  depositário  do  não  normal.  Nesse  sentido,  exerce  uma  função primordialmente negativa, caracterizando‐se como uma instituição de reclusão, contenção e exclusão de  sujeitos que, em  sua  lógica,  são  considerados  incuráveis e  sem valor  social. Resumidamente, na lógica manicomial  o  que  opera  não  é  apenas  o  binômio  normal‐anormal, mas  também  formas  de invalidação do sujeito. 

Assim,  no  circuito  do  controle,  a  intersetorialidade  só  estará  efetivamente  a  serviço  do processo de desinstitucionalização se for capaz de tensionar os processos de normalização impositiva nos diversos níveis institucionais do circuito, revertendo o fluxo de exclusão. 

Instituição Aberta e Instituição Fechada 

O  desafio  do  fechamento  do manicômio  corresponde  ao  da  abertura  da  instituição.  Uma instituição aberta é aquela em que o poder institucional não tem como norte a normalização. Isso não significa que  a  instituição não  tenha normas. Pelo  contrário, o desafio é produzir  regras, normas  e condutas  a  partir  do  consenso,  da  negociação,  da  mediação,  baseadas  na  participação  e  no protagonismo dos usuários. A normatização não pode vir  formatada, alheia às  relações próprias de cada  instituição.  Essa  noção  de  abertura  ou  não  de  uma  instituição  vincula‐se  aos  movimentos dinâmicos  das  relações  de  poder  envolvidas:  as  relações  institucionais  abrem  e  fecham constantemente.  As  instituições,  portanto,  dificilmente  são  inteiramente  abertas, mas  o  desafio  é mantê‐las abertas pelo maior tempo possível. A participação na produção das normas sempre envolve o  exercício  do  poder.  Este,  contudo,  não  deve  ser  unidirecional, mas  dialógico. Na  relação  com  o usuário esse exercício dialógico deve se dar em ato, produzindo abertura. 

O Exercício do Poder 

 As  instituições  estão  estruturadas  por  relações  de  poder  hierarquizadas,  que  se  produzem tanto  a  partir  de  atribuições  formais  quanto  a  partir  do  cotidiano.  Essas  estruturas  hierárquicas facilmente  enrijecem  as  relações,  produzindo  alienação  e  falta  de  autonomia  entre  aqueles participantes  que  se  encontram  em  posições  inferiores  na  hierarquia. Quem  está  abaixo  não  tem acesso às  informações que orientam as  tomadas de decisões acima, mesmo quando é diretamente impactado por estas. Técnicas e  tecnologias como a medicalização excessiva ou o eletrochoque, por exemplo, promovem a alienação da autonomia dos usuários a elas submetidos, que não participam da escolha sobre o tratamento adequado e não são satisfatoriamente informados de suas consequências. A mudança nas relações de poder deve se dar no regime formal e também no regime cotidiano, nas relações  que  se  constroem  no  dia  a  dia  do manicômio.  Abrir  a  instituição  é  a  alternativa  ao  seu funcionamento baseado nas hierarquias de poder. 

Manter as contradições abertas 

Essa chave relaciona‐se diretamente com a segunda, e pressupõe a  inevitabilidade de que as instituições alternem momentos de maior abertura ou fechamento. Essas contradições são  inerentes às  relações,  sobretudo  as  institucionais,  e  implicam  a  necessidade  de  respostas  dinâmicas  e  de maleabilidade.  Para manter  as  contradições  abertas  é  necessário  recorrer  a  dispositivos  como  as 

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reuniões de equipe, as assembleias de usuários, entre outros, cujo sentido é a produção de normas em consenso. Mesmo que não seja possível o tempo todo, o consenso deve ser o norteador das ações. 

Ação Prática 

É em ato, nas relações empíricas, que podemos validar todas essas chaves. Na produção e na transformação participativa das normas, o sujeito consegue se superar e se adaptar, processo que gera potência  para  que  ele  possa  transitar  de  forma mais  coesa  nas  relações  sociais. A  participação  do sujeito  na  norma,  sua  capacidade  de  fazê‐la  cumprir,  são  percursos  para  a  cidadania.  Saúde, participação e cidadania geram autonomia. Essa autonomia produz  interdependência com o coletivo para a pactuação e o consenso sobre outras normas.  

O processo de desinstitucionalização, apesar dos avanços, ainda é um desafio, especialmente se  considerarmos que muitas equipes de  saúde ainda utilizam o  recurso da  internação em hospital psiquiátrico  como  principal  resposta  às  situações  de  crise  em  saúde  mental  e  às  necessidades decorrentes do uso de álcool e outras. Desta forma, assegurar o compromisso dos profissionais do SUS no processo de desinstitucionalização é um passo  importante para qualificar o trabalho e garantir os direitos dos usuários. Trata‐se, portanto, de considerar a desinstitucionalização como um eixo ético‐técnico‐político  da  prática  cotidiana  e  da  transformação  do  cuidado  na  atenção  psicossocial  e, portanto, um eixo norteador das práticas de toda a RAPS. 

Desinstitucionalizar  significa  promover mudança,  transformação  de  toda  ordem,  não  só  da vida  dos  moradores  de  hospitais  psiquiátricos,  mas  também  dos  familiares,  profissionais,  da comunidade, entre tantos outros atores envolvidos neste processo. Assim, Rotelli (2001) compreende que:  

Estamos  sempre mais  convencidos  de  que  o  trabalho  terapêutico  seja  este trabalho de desinstitucionalização voltado para  reconstruir as pessoas como atores  sociais,  para  impedir‐lhes  o  sufocamento  sob  o  papel,  o comportamento,  a  identidade  estereotipada  e  introjetada  que  é  a máscara que se sobrepõe à dos doentes. Que tratar signifique ocupar‐se aqui e agora para que se transformem os modos de viver e sentir o sofrimento do paciente que ao mesmo tempo transforme sua vida concreta cotidiana (ROTELLI, 2001). 

De acordo  com Nicácio  (2001), essa  transformação passa por um encontro  com o  cotidiano que  fala  da  vida,  da  criação,  da miséria,  da  política,  da  transformação  do  papel  de  técnicos,  do encontro/desencontro  com  famílias, da aproximação  com organizações do bairro, da  construção de uma nova cultura. Assim, algumas perguntas são necessárias: como mover as relações  institucionais? Como  ir  desconstruindo  os  anéis  da  corrente  da  violência  e  exclusão  legitimada  pelas  instituições, transformar  relações  de  objetivação  e  submissão  em  relações  que  produzem  diferentes  formas  de agir, pensar e sentir? 

No  curso  do  processo  de  desinstitucionalização  é  fundamental  que  seja  considerado  o exercício de poder do usuário, possibilitando que ele tenha voz e volte a assumir a responsabilidade sobre  as  decisões  e  condutas  de  sua  vida.  Dessa  forma,  o  que  se  propõe  não  é  simplesmente  a desospitalização de moradores de hospitais psiquiátricos, mas a construção de um lugar social no qual se  invente cotidianamente  tecnologias para a produção de uma  teia de  relações necessárias para a emancipação dos sujeitos. Essa emancipação, portanto, é necessariamente coletiva. 

1.2. REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL 

As estratégias de reabilitação psicossocial são entendidas como um conjunto de práticas que buscam  transformar as  relações de poder entre as pessoas e as  instituições  (ROTELLI, 1994). Visam promover o protagonismo para o exercício dos direitos de cidadania de usuários e familiares da RAPS por meio da  criação  e desenvolvimento de  iniciativas  articuladas  com os  recursos do  território nos campos do trabalho/economia solidária, da habitação, da educação, da cultura, da saúde, produzindo 

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novas possibilidades de projetos para a vida (ASSIS et al, 2014). 

Em outras palavras, a  reabilitação psicossocial é constituída de ações de emancipação  junto aos usuários e familiares no sentido da garantia de seus direitos e da promoção de contratualidade no território. É importante ressaltar que as estratégias de reabilitação psicossocial e de protagonismo não se restringem a um ponto de atenção ou ações isoladas, mas envolvem a criação de novos campos de negociação e formas de sociabilidade.  

O Projeto Terapêutico Singular neste contexto 

O Projeto Terapêutico Singular  (PTS) é um plano de ação voltado ao  futuro de alguém, que acompanha  e  está  presente  na  busca  da  realização  dos  sonhos  de  uma  pessoa,  com  projeções  de curto, médio  e  longo  prazo.  Significa  que  as  ações  de  hoje  devem  ser  orientadas  a  pavimentar  o caminho para uma vida melhor (CARNEIRO, H.; OLIVEIRA, W. F., 2014). A construção do PTS pressupõe a desconstrução de ideias, valores, crenças e normas construídas socialmente sobre o louco, a loucura e o manicômio, tais como as de periculosidade (para si e para os outros), normalidade, cura e custódia, separação mente e corpo, entre outras. Segundo Tykanori:  

O  principal método  para  a modificação  de  crenças  é  através  das  ações  e  vivências práticas  que  podem por  em  cheque  estas  crenças,  de modo  a possibilitar  um  novo olhar,  uma  nova  percepção  e  principalmente  um  novo  modo  de  se  emocionar, 

diferente do que se está acostumado (CARNEIRO, H.; OLIVEIRA, W. F., 2014). 

O PTS parte do princípio de que  

Cada pessoa/família/comunidade é o produto das  interações que  teve durante a sua história  e  contexto  de  vida.  Cada  uma  dessas  histórias  é  única.  Desse modo,  para constituir  um  projeto  futuro  precisamos  de  um  plano  pensado  de  modo  muito especial, na medida  justa para  a pessoa e/ou  coletivo  (família/comunidade). E  aqui, para  que  seja  na medida  justa,  o  principal  parâmetro  é  a  participação  da  própria 

pessoa/família/comunidade na elaboração do PTS (CARNEIRO, H.; OLIVEIRA, W. F., 2014). 

O  PTS  se  configura  como  uma  ferramenta  fundamental  para  os  trabalhadores  de  saúde envolvidos  no  acompanhamento  de  pessoas  com  longa  permanência  em  hospitais  psiquiátricos, garantindo  que  estas  consigam  protagonizar  a  reconstrução  de  seus  percursos  de  vida  de  forma autônoma. 

1.3. REDUÇÃO DE DANOS 

A Redução de Danos apresenta‐se no contexto desse relatório de gestão como aspecto amplo, polissêmico e que está presente no conjunto normativo da RAPS como diretriz para o cuidado. Nesse sentido, não se afirma apenas como  tecnologia de cuidado, mas antes, busca a  redução de danos à saúde decorrentes do uso, abuso e dependência de drogas, por meio de ações que valorizem o diálogo e o reconhecimento dos desejos dos usuários. Dessa forma valoriza‐se o exercício da contratualidade e das  contradições  engendradas  nas  relações  sociais,  visando  à  superação  da  relação  vertical  entre “especialistas” e usuários em que a autoridade técnica prescinde das particularidades experienciadas pelos  usuários  para  prescrever  procedimentos  ou medicamentos  associados  aos  sinais  e  sintomas apresentados. A Redução de Danos é um elemento fundamental para o aprofundamento das relações entre  os  sujeitos  e  favorece  a  ampliação  do  acesso  aos  serviços  de  saúde  na medida  em  que  seu horizonte não hipoteca o cuidado oferecido a uma certa postura do usuário (p.e. abstinência). 

É  preciso  lembrar  que  a  Redução  de  Danos  é  uma  estratégia  que  vem  sendo  discutida  e experienciada no SUS há  longa data e está refletida em  importantes documentos normativos como a Política de Atenção Integral aos Usuários de Álcool e Outras Drogas publicada pelo Ministério da Saúde 

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em 2003 que institui como diretriz para o cuidado dos usuários de álcool e outras drogas a Redução de Danos, assim como na Portaria 3088 de 2011 que institui a Rede de Atenção Psicossocial. 

Dessa  forma,  compreendem‐se  as  abordagens orientadas pela RD  como  compromisso  ético nos contextos de cuidado por reconhecer o usuário em suas singularidades, permitindo construir com ele estratégias para a defesa e manutenção da vida (BRASIL, 2004).  

É a perspectiva de Redução de Danos que oferece amparo para a noção de baixa exigência preconizada na RAPS. A baixa exigência no cotidiano dos serviços traduz‐se na disponibilidade para o contato com o usuário e suas possibilidades de relação, visando a diminuição de barreiras de acesso e desestimulando julgamentos morais acerca das condições experienciadas pelos sujeitos. Nesse sentido não está associada exclusivamente a um ponto de atenção. Trata‐se de um elemento norteador no contexto  da  RAPS  que  ultrapassa  inclusive  o  âmbito  da  saúde.  O  reconhecimento  amplo  das necessidades  dos  sujeitos  relacionadas  ao  acesso  aos  direitos  sociais  (habitação,  educação,  justiça, assistência  social,  cultura...)  inspiraram  a  implantação  de  ações,  no  Brasil,  relacionadas  à  baixa exigência, que foram observadas e  incentivadas pela CGMAD. Exemplos disso são Programas como o Programa  “De  Braços  Abertos”  em  São  Paulo  (SP)  e  Atitude  em  Recife  (PE)  que  expressam características de baixa exigência em suas ofertas. Tais ações guardam semelhanças importantes como experiências  internacionais  de  “Housing  First”  onde  a  moradia  é  um  elemento  central  para  um conjunto de ofertas de assistência e cuidado. 

Por  fim  um  outro  aspecto  importante  que  tange  o  debate  sobre  a  Redução  de Danos  é  o surgimento de “novas  institucionalizações” em volume significativo nos  territórios. Ações de caráter asilar e com orientação única pela abstinência, por entidades de caráter majoritariamente religioso e filantrópico, muitas vezes dissociadas no SUS e do SUAS (Comunidades Terapêuticas) tem impactado a discussão  sobre  as  estratégias  de  oferta  de  cuidado.  A  análise  e  discussão  sobre  as  “novas institucionalizações”  constituem‐se  como um desafio  importante para  a  construção do  cuidado, no âmbito do SUS, de base  territorial que promova os direitos de  cidadania dos usuários e  fortaleça o protagonismo e o exercício da liberdade.    

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2. Gestão da Política 

2.1. REGIONALIZAÇÃO E TERRITÓRIOS 

No  âmbito do  SUS,  este  período  foi marcado pela  ênfase da  regionalização  e  nas  redes  de atenção  a  saúde  a  partir  da  publicação  do Decreto  nº  7508/2011. Muito  embora  não  se  trate  de conceitos novos, vistos  serem amplamente debatidos nas universidades e nas práticas dos  serviços, considerando a Constituição Federal de 1988 e as diretrizes do SUS.  

Inaugurou‐se  a  definição  de  novos  parâmetros  para  a  conformação  de  ações  e  arranjos institucionais  potentes  para  dar  concretude  aos  princípios  constitucionais  de  integralidade  e descentralização, a saber: 

Regiões de Saúde 

A Região de Saúde constitui‐se como  

espaço  geográfico  contínuo  constituído  por  agrupamentos  de Municípios  limítrofes, 

delimitado  a  partir  de  identidades  culturais,  econômicas  e  sociais  e  de  redes  de 

comunicação  e  infraestrutura  de  transportes  compartilhados,  com  a  finalidade  de 

integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde. No 

âmbito  da  gestão,  coube  à  esfera  estadual  em  articulação  com  os  municípios  a 

definição das regiões de saúde (BRASIL, 2011a).  

Atualmente há 438 regiões de saúde no âmbito das microrregiões, circunscritas à instância das 

Comissões Intergestores Regionais (CIR), organizadas em 438 Redes Regionais de Atenção à Saúde. 

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Figura 1. Regiões de Saúde ‐ Brasil

 

Fonte: PROADI‐SUS – Mapa da Saúde. Disponível em: http://mapadasaude.saude.gov.br/mapadasaude/ 

O  desafio  da  regionalização  é  premente  na  estruturação  solidária  e  organizativa  do  SUS, especialmente  se  considerarmos  que  89%1 dos municípios  do  território  nacional  são  de  pequeno porte,  isto  é,  contêm  população  de  até  50.000  habitantes.  Por  outro  lado  há  um  significativo adensamento  populacional,  uma  vez  que  apenas  5%  dos municípios  concentram mais  de  50%  da população brasileira.  

O  fortalecimento da governança no processo da  regionalização é  fundamental e se constitui como questão complexa na medida em que implica na necessidade de análise e pactuação de ações e serviços  que  ultrapassam  os  limites  geográficos  dos  municípios,  exigindo  a  construção  de  novas estruturas  formais  nos  territórios  para  que  seja  possível  superar  o  planejamento  das  ações  locais baseado apenas nas realidades municipais. Dessa forma a região é potente para que sejam discutidas e produzidas ações que incidam efetivamente sobre os contextos reais de vida das pessoas, a partir das suas diversas dimensões, não se restringindo somente ao âmbito da saúde. Isto porque é no território que  se  expressa  a  vida  cotidiana, na dinamicidade  que  lhe  é  inerente, de  forma  a  incidir  sobre os modos de viver, as tomadas de decisão e o exercício de direitos.   Além da saúde, outras importantes políticas  sociais que operam  sobre o  transporte, educação e assistência  social  têm  lançado mão da noção  de  território  e  da  regionalização.    Isso  implica  na  afirmação  de  uma  tendência  em  que  se ressalta a importância das ações intersetoriais.  

1 IBGE 2010

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Redes de Atenção à Saúde: a Rede de Atenção Psicossocial 

O Ministério da Saúde adotou a estratégia da organização do SUS a partir da criação das Redes de  Atenção  à  Saúde,  com  sub‐redes  temáticas,  com  a  finalidade  de  superar  a  fragmentação  no contexto da atenção nas Regiões de Saúde, bem como para assegurar ao usuário o conjunto de ações e serviços para responder à suas necessidades de saúde. 

A Rede de Atenção  à  Saúde  é definida na  legislação  vigente  como  “o  conjunto de  ações  e serviços de  saúde articulados em níveis de  complexidade  crescente,  com a  finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde” (BRASIL, 2011a).  

A  constituição  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  instituída  pela  Portaria  GM,  3.088,  de dezembro de 2011, republicada em maio de 2013 se vale de processos de pactuação circunscritos à dimensão  regional  e  da  construção  de  ações  e  serviços  que  ofereçam  respostas  adequadas  às particularidades  dos  territórios,  sendo  responsável  pelo  cuidado  continuado  e  pela  reabilitação psicossocial. 

Com esta perspectiva, compõem a RAPS sete componentes, com diversos pontos de atenção regulamentados por normativas específicas, a saber: atenção Básica; atenção psicossocial estratégica; atenção de urgência e emergência; atenção residencial de caráter transitório; atenção hospitalar em hospitais gerais; estratégias de desinstitucionalização; e reabilitação psicossocial. 

Quadro 1. Componentes da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS 

 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

No entanto, destacamos que: 

“A efetivação das diretrizes e dos objetivos da rede de atenção psicossocial e de um 

trabalho em rede não se dá pela somatória de pontos de atenção implantados nem 

pelo elenco organizativo dos componentes ou, ainda, pela simples modernização do 

circuito assistencial. A RAPS se efetiva – isto é, só existe – na dependência de pessoas 

(de  pontos  de  atenção  diversos)  que  se  conectam  e  se  coordenam  com  uma 

finalidade comum.” (ASSIS et al, 2014). 

 

Ressaltando, que: 

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“...  nessa  nova  configuração  das  RAPS,  os  hospitais  psiquiátricos  não  constituem 

pontos  de  atenção  e  estão  colocados  como  objeto  do  componente  de 

desinstitucionalização.” (ASSIS et al, 2014). 

Para  a  concretização dessa RAPS  a  intensificação da  articulação  interfederativa  foi uma das 

estratégias fundamentais para o direcionamento da reorganização dos territórios, nesse sentido: 

“A implantação das regiões e das RAPS dentro do novo quadro institucional exige que 

os  três  níveis  de  gestão  do  SUS  –  federal,  estadual  e  municipal  –  estabeleçam 

mecanismos de pactuação adequados. Um dos mecanismos propostos foi a criação de 

Grupos Condutores das Redes Temáticas,  instância onde os gestores se articulam de 

modo  a  produzir  consensos  em  torno  de  Planos  de  Ação  da  RAPS.  Para  que  o 

Ministério da Saúde, através da Coordenação Geral de Saúde Mental, pudesse estar 

presente com regularidade nesses fóruns, a equipe foi ampliada de modo que cada um 

dos 27 estados tivesse um profissional dedicado às questões locais. Esta aproximação 

entre  federação, estados e municípios tem permitido a  formação de uma visão geral 

da  reforma  psiquiátrica  no  Brasil  e  os  debates  que  ocorrem  dessas  instâncias 

alimentam  a  compreensão  da  enorme  diversidade  institucional,  cultural  e  social  do 

país.  O  desafio  está  em  combinar  as  diretrizes  gerais  da  política  nacional  com  as 

particularidades e especificidades das regiões” (ASSIS et al, 2014). 

A  estratégia  de  Referência  Técnica  desenhada  pela  Coordenação‐Geral  de  Saúde Mental, 

Álcool e Outras Drogas (CGMAD) neste período de gestão desenvolveu‐se ao mesmo tempo em que se 

produziu  de  forma  ampliada  no Ministério  da  Saúde  discussões  e  arranjos  no  formato  do  apoio 

institucional,  tendo  como  finalidade  a  articulação/integração  das  diferentes  políticas  e  Redes  de 

Atenção à Saúde nos territórios. 

  No contexto da RAPS, a atuação das referências técnicas junto aos Estados constituiu‐se como 

uma  estratégia  de mão  dupla  tendo  como  resultados  destacados:  a)  o  fortalecimento  da  Política 

Nacional  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas  nos  territórios,  no  sentido  da  mudança  de 

paradigma assistencial à  luz da  reabilitação psicossocial; b) a construção de novas agendas e pautas 

que  emergem  dos  contextos  locais  para  o  âmbito  nacional,  com  vistas  à  elaboração  de  subsídios 

técnicos e criação de novas práticas para a sustentação da RAPS, somando‐se às demais instâncias de 

controle social do SUS.  

  O planejamento, a pactuação e acompanhamento da implantação e qualificação da RAPS são 

dimensões  fundamentais  para  a  consolidação  da  rede,  motivo  pelo  qual  as  referências  técnicas 

participaram  ativamente  da  constituição  dos Grupos  Condutores  Estaduais  da  RAPS,  formalmente 

instituídos em 25 estados do país. 

 

 

 

 

 

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Quadro 2. Portarias instituição Grupos Condutores Estaduais da RAPS por estado 

UF  Normativa Estadual 

Acre  Portaria nº 538, de 01 de agosto de 2012 

Alagoas  Portaria SES nº 46, de 27 de fevereiro de 2012 

Amapá  Portaria Estadual GAB/SESA‐AP nº 230/2013 

Amazonas  Portaria GSUSAM nº 332, de 5 de maio de 2014 

Bahia Deliberação CIB‐BA, de 10 de julho de 2012 (Grupo Condutor Estadual de Redes de Atenção à Saúde) 

Ceará  ‐‐‐ 

Distrito Federal  ‐‐‐ 

Espírito Santo  Portaria nº 331‐S, de 06 de novembro de 2012 

Goiás  Resolução CIB/GO nº 183, de 05 de junho de 2012 

Maranhão  Resolução CIB/MA nº 129, de 19 de junho de 2012 

Mato Grosso  Portaria nº 096/2012/GBSES, de 27 de junho de 2012 

Mato Grosso do Sul  Resolução nº 095/SES/MS, de 13 de dezembro de 2011 

Minas Gerais  Resolução SES/MG nº 3149, de 17 de fevereiro de 2012 

Pará  Resolução SES/MG nº 95, de 20 de abril de 2012 

Paraíba  Portaria SES 473 de 10 de setembro de 2012 

Paraná  Deliberação CIB/PR nº 228, de 19 de julho de 2012 

Pernambuco  Resolução CIB/PE nº 1944, de 07 de maio de 2012 

Piauí  Portaria SESAPI/GAB nº 362, de 29 de agosto de 2012 

Rio de Janeiro  Deliberação CIB/RJ nº 1647, de 08 de março de 2012 

Rio Grande do Norte  Portaria nº 121/GS/SESAP, de 19 de abril de 2012 

Rio Grande do Sul  Resolução CIB/RS nº 592, de 11 de novembro de 2013 

Rondônia  Resolução CIB/RO nº 43, de 19 de abril de 2012 

Roraima  Resolução CIB/RR  nº 29, de 13 de setembro de 2012 

Santa Catarina  Deliberação CIB/SC nº 108, de 19 de abril de 2012 

São Paulo  Deliberação CIB/SP nº 35, de 25 de maio de 2012 

Sergipe  Deliberação CIB/SE nº 078/2012, de 24 de maio de 2012 

Tocantins  Portaria SESAU nº 648, de 17 de agosto de 2012  

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

  Por meio da implantação dos Grupos Condutores da RAPS, induziu‐se a pactuação do Plano de 

Ação  Regional  da  RAPS,  contendo  análise  do  contexto  local  bem  como  as  propostas  de  ações  e 

serviços previstos para o desenvolvimento e consolidação da RAPS. A dimensão político‐administrativa 

dos estados e das microrregiões de saúde tem impactado nos processos de pactuação. 

  No  que  se  refere  aos  Grupos  Condutores  da  RAPS  despontam  como  desafios:  assegurar  a 

regularidade das  reuniões, a análise  sobre a diversidade de  composições e membros  integrantes, o 

fortalecimento dos Grupos Condutores Regionais e Municipais a  fim de ampliar os espaços coletivos 

nas  diferentes  instâncias  de  discussão  e  pactuação,  e  o  desenvolvimento  de  estratégias  de 

monitoramento e avaliação dos Planos de Ação Regionais (PAR) pactuados. Além disso, há necessidade 

de  se  discutir  formas  de  integrar  as  discussões  das  redes  temáticas,  considerando  que  em muitas 

localidades  os  representantes  das  gestões  nos  grupos  condutores  são  as mesmas  pessoas, mas  as 

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pautas e particularidades de cada temática mantém‐se fragmentada.  No período de 2012‐2015 foram 

pactuados 169 Planos de Ação da RAPS, como pode ser visto na Tabela 1. 

 

Tabela 1. Pactuação Planos de Ação da RAPS por estado 

UF Nº Regiões de 

Saúde Nº Regiões com PAR 

% Regiões com PAR 

Norte 

AC  3  0  0% 

AM  9  0  0% 

AP  3  3  100% 

PA  13  0  0% 

RO  7  0  0% 

RR  2  2  100% 

TO  8  0  0% 

Nordeste 

AL  10  10  100% 

BA  28  2  7% 

CE  22  0  0% 

MA  19  19  100% 

PB  16  0  0% 

PE  12  0  0% 

PI  11  0  0% 

RN  8  0  0% 

SE  7  7  100% 

Cen

tro Oeste  DF  1  0  0% 

GO  18  17  94% 

MS  4  0  0% 

MT  16  0  0% 

Sudeste  ES  4  4  100% 

MG  77  77  100% 

RJ  9  9  100% 

SP  63  19  30% 

Sul 

PR  22  0  0% 

RS  30  0  0% 

SC  16  0  0% 

Brasil  438  169  35% Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

  Atualmente  há  Planos  de  Ação  da  RAPS  sendo  pactuados  progressivamente,  conforme  o 

encaminhamento dos planejamentos de cada microrregião, enquanto outros estão sendo pactuados 

abrangendo a totalidade do estado. Tal singularidade se expressa, também, na abrangência dos Planos 

de Ação  (PAR) pactuados. Há 10 estados com a  totalidade de regiões de saúde com RAPS pactuada, 

enquanto outros 14 Estados do país  têm a  totalidade de  seus PAR em processo de elaboração nas 

regiões de saúde ou em análise técnica pelo Ministério da Saúde.   

  O  fortalecimento dos mecanismos de planejamento das ações e  serviços  sistematizados por 

meio dos Planos de Ação Regionais da RAPS é estratégico para a definição de compromissos de gestão 

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elaborados a partir das necessidades reais de saúde da população. Para tanto, há desafios da ordem 

da governança, do  cofinanciamento e da  legitimidade desse processo  como  instrumento efetivo de 

gestão. É preciso  recolocar para os gestores no âmbito das CIR a atribuição pela  indicação dos seus 

representantes nos Grupos Condutores da RAPS, de modo  a  conferir‐lhes  também  governabilidade 

política, para além de técnica, nos processos de elaboração dos Planos de Ação.  

  No  âmbito  dos  desafios  relativos  à  pactuação  dos  Planos  de  Ação  Regionais  da  RAPS, 

problematizamos,  ainda,  alguns  aspectos  a  serem  desenvolvidos:  a  necessidade  de  ampliação  das 

discussões sobre o caráter regional dos serviços territoriais e avaliar seus limites e potencialidades no 

contexto  da  atenção  psicossocial;  o  pouco  investimento  na  proposição  de  ações  e  ampliação  de 

serviços concernentes ao componente de atenção básica; a diversificação de ações e estratégias do 

componente de reabilitação psicossocial; a dificuldade na pactuação de pontos de atenção e ações que 

não tenham financiamento federal regular; a discussão relativa ao planejamento da redução dos leitos 

em hospitais psiquiátricos.  

As Regiões do Brasil e os territórios da RAPS 

O dimensionamento dos  contextos políticos, econômicos, históricos, geográficos,  culturais e de  saúde  locais  possibilita  uma  análise  mais  singularizada  das  diferentes  realidades  e  territórios brasileiros. Nesse  sentido  apresentamos  uma  breve  síntese  de  especificidades  regionais  relevantes para o processo de implantação e consolidação da RAPS.   

A Região Norte  é  composta  por  450 municípios  distribuídos  em  sete  estados  – Amazonas, Pará,  Acre,  Rondônia,  Roraima,  Amapá  e  Tocantins.  Os  Estados  do  Norte  correspondem  a aproximadamente 8% da população brasileira. Há predominância de municípios de pequeno porte, com  380 municípios  com  população  inferior  a  50 mil  habitantes. Destes,  211 municípios  possuem população inferior a 15 mil habitantes. Apenas 39 municípios têm mais de 70 mil habitantes e somente 14 municípios têm mais de 150 mil habitantes. A vasta dimensão territorial da região, que corresponde a  mais  de  45%  do  território  nacional,  implica  na  baixa  densidade  populacional.  Outro  aspecto importante é a dificuldade de acesso, havendo muitos municípios com áreas territoriais gigantescas, grandes áreas de floresta e rios, o que impõe um importante desafio para as redes de políticas sociais.  

Há na região norte uma forte presença de comunidades  indígenas e populações tradicionais, em todos os estados e em um número muito significativo de municípios, o que também traz desafios importantes para as redes e os serviços, na garantia do acesso e na promoção de cuidado adequado às especificidades étnicas, sociais e culturais de uma população bastante diversa. Hoje, segundo dados do IBGE, mais de 38% da população indígena do Brasil vive na região norte, sendo mais de 20% apenas no estado do Amazonas. Além disso, 21 dos 34 Distritos  Sanitários Especiais  Indígenas  (DSEI) estão na região Norte ou possuem parte de seu território de abrangência na região. Algumas especificidades do perfil  de morbi‐mortalidade  em  saúde mental  da  população  indígena  reforçam  a  necessidade  de discriminação  positiva  e  estratégias  especiais  para  a  região  norte,  a  exemplo  das  altas  taxas  de suicídio, que  são mais do que o dobro do que entre não  indígenas, ou dos efeitos do processo de alcoolização entre os povos indígenas. Entre os 500 municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal  (IDHM)2, 81  estão na  região norte  e  apenas 3 municípios  figuram  entre os 500 maiores  IDHM.  Esse  aspecto  evidencia  o  grande  desafio  de  implantação  e  qualificação  de  políticas sociais  na  região.  Além  disso,  a  presença  de  grandes  empreendimentos  em  algumas  regiões  tem impacto significativo na flutuação da população das cidades, gerando ondas migratórias significativas, com  impactos  sociais  de  grandes  dimensões.  Exemplos  disso  são  as  grandes  hidrelétricas, mineradoras, estradas e portos construídos em Rondônia e no estado do Pará. 

2 Dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 2010. Disponível em http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/idhm/

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As  capitais  apresentam  uma  importante  concentração  de  recursos  de  média  e  alta complexidade no  âmbito da  Saúde,  sendo outra  característica marcante uma  certa  centralidade do papel do estado na organização das  redes. Apesar dessa centralidade marcante, havendo,  inclusive, muitos  serviços  de  gestão  estadual,  sendo  que  apenas  o  Tocantins  instituiu  recentemente  o cofinanciamento estadual para os CAPS. 

Foi  observado  um  crescimento  expressivo  de  serviços  da  RAPS  na  região  no  período  entre 2011 e 2014, sendo a região do país com o maior crescimento proporcional na  implantação de CAPS no período. Um aspecto  relevante da  região é dificuldade de  formação e  fixação de profissionais de saúde nos municípios de menor porte, sendo marcante a centralização de recursos humanos em saúde nas capitais e cidades com mais de 150 mil habitantes. As dificuldades de acesso, especialmente aos municípios de pequeno porte, associadas à escassez de profissionais e os custos elevados justificam a elaboração de parâmetros diferenciados de financiamento. 

No entanto é a única região do Brasil que organizou de forma regular reuniões do Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental. Foram  realizadas  reuniões do Colegiado Norte nos anos de 2012, 2013  e  2014,  sendo  temas  de  debate:  Gestão  e  Planejamento  da  RAPS  para  a  Região  Norte, Complexidades  Amazônicas,  Financiamento  (Fator  Amazônico  na  Saúde  Mental),  Educação Permanente  (caminhos  do  cuidado,  Percursos  Formativos,  CAPS  Escola,  projetos  de  pesquisa), “Programa Crack, é possível vencer”, Saúde Mental no Sistema Prisional e Saúde Mental em contextos Indígenas. No Colegiado de 2014  foi  consensuada a Carta de Palmas, apontando para estratégias e perspectivas para a expansão e qualificação da RAPS na região, com a superação dos desafios listados acima. 

A  Região  Nordeste  é  composta  por  1794 municípios  distribuídos  em  09  estados.  Seus  53 milhões de habitantes, representam cerca de 26% da população nacional, cuja densidade demográfica média de 23,8 hab/km2 é ultrapassada pela nordestina, que é de 30,54 hab/km2. Os municípios de pequeno porte são predominantes no nordeste, mas, diferentemente das regiões norte e centro‐oeste – que também possuem tal característica ‐, suas sedes urbanas são bastante próximas entre si. Porém, quanto  mais  se  aproxima  do  sertão,  mais  se  identificam  municípios  com  infraestrutura  precária, saneamento básico quase inexistente e mobilidade intermunicipal insuficiente. Esses e outros aspectos da  região constituem uma  realidade em que convivem extremos: alto e  rentável  turismo nacional e internacional e concentração populacional de grande renda per capita na faixa litorânea pareiam com a  baixa  densidade  demográfica  (fruto,  também,  do  êxodo  rural)  e  baixa  condição  de  renda  da população dos interiores. Nesse âmbito, 50,12% da população nordestina tem renda familiar de meio salário mínimo, tornando‐se a região mais empobrecida do país. Ainda do ponto de vista econômico, contudo, é preciso destacar que é a região que, nos últimos anos, mais cresce nos índices do setor de serviços  e  agricultura  (sobretudo  fruticultura),  o  que  converge  com  a  alta  resolutividade  dos programas  de  transferência  de  renda  que  lograram  diminuir  radicalmente  a  população  que  se localizava  abaixo  da  linha  de  pobreza.  Essa  histórica  situação  da  vida  nordestina,  especialmente  a sertaneja,  só  recentemente  afetada  pelo  crescimento  econômico  conjuntural  da  região,  impacta imediatamente os planejamentos na saúde pública, vindo a Rede de Atenção Psicossocial a localizar‐se em fase incipiente. 

Entre as 5  regiões do país, a  região nordeste é a que  tem maior quantitativo de CAPS. Até dezembro de 2015, são 821 CAPS em números absolutos e em segundo lugar o sudeste com 801 CAPS. Observa‐se que, dos 872 municípios elegíveis, 625 municípios possuem,  sendo o CAPS  I  a principal modalidade com 501 em funcionamento para 144 CAPS II, apenas 22 CAPS III, 45 CAPSi, 84 CAPS AD, 25 CAPS ADIII. 

Analisando esses números em termos de parâmetro de cobertura (CAPS/100.000), o Nordeste praticamente empata com a região sul com cobertura de 1,11 (tomando como referência a projeção do IBGE para 2015, que estabelece uma população de 56.560081). 

A Região Centro Oeste  é  composta por  três estados – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás  –  e  o  Distrito  Federal,  totalizando  466 municípios,  conforme  dados  do  IBGE  2010,  os  quais correspondem  a  aproximadamente  7%  da  população  brasileira.  A  região  tem  baixa  densidade 

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populacional,  a  concentração  é maior nas  capitais  e nos municípios  considerados de  grande porte, sendo estes em menor número na região.  

Os  municípios  de  pequeno  porte,  por  outro  lado,  são  maioria,  sendo  característica  a dificuldade de acesso, devido às  longas distâncias entre os municípios. Dessa  forma o planejamento regional necessita, muitas vezes, de rearranjos das portarias para garantir da atenção continua para toda população. Entre outras características semelhantes dessas quatro unidades da federação, está a presença maciça de populações tradicionais, principalmente indígena, sendo o Estado do Mato Grosso aquele com maior número de distritos sanitários especiais indígenas da região e o Mato Grosso do Sul com a segunda maior população indígena do país. Devido à organização fundiária, as condições de vida e a presença maciça destes povos nestas unidades da  federação,  trata‐se de uma prioridade para a CGMAD/MS,  principalmente  nos  estado do Mato Grosso  e Mato Grosso do  Sul onde o  sofrimento decorrente do uso de substâncias psicoativas e o grande número de tentativas de suicídio obrigam a RAPS  a  se  reorganizar para  garantir o  cuidado  em  saúde mental, o que  ainda é um desafio para  a gestão, já que nessa região ainda encontramos a necessidade de expansão e qualificação dos serviços.  

A região conformada pelo DF e seu entorno possui características peculiares que se refletem diretamente  na  definição  das  políticas  públicas,  uma  vez  que  a  relação  observada  não  se  limita  à proximidade  geográfica.  Esses  aspectos  têm  reflexos  em  praticamente  todos  os  setores  ‐  saúde, educação,  transporte,  segurança  e  meio  ambiente  –,  como  acontece  nas  grandes  regiões metropolitanas,  com  a  diferença  fundamental  de  que  envolve  territórios  de  três  unidades  da Federação.  Entre  2012  e  2013,  um  ciclo  de  rodas  de  conversa  foi  planejado  e  realizado  pelos municípios  da  Região  Intermunicipal  de  Desenvolvimento  Econômico  (RIDE)  do  DF  e  GO.  Pela proximidade  territorial, o ciclo procurou discutir acesso aos serviços da RAPS, matriciamento, saúde mental na atenção básica, entre outros desafios da regionalização. O acesso a serviços também é uma pauta  transversal a  todas as unidades, haja vista a densidade populacional e o porte municipal para implantação de serviços.  

Para o planejamento dessas e outras ações, de acordo  com os princípios da  regionalização, todos os estados têm Grupo Condutor Estadual da RAPS implantados e Grupos Condutores Municipais implantados nas capitais, com exceção do DF, esse possui um colegiado gestor de saúde mental, que conta com apoio  técnico desta Coordenação. Por  fim, apenas o Estado de Goiás  tem Plano de Ação aprovado e publicado em portaria pelo Ministério da Saúde, enquanto o demais tem pactuados pelas CIR e ou em fase de desenvolvimento.  

A Região Sudeste é composta por quatro estados – Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo –  totalizando 1668 municípios, que  juntos correspondem a 42% da população brasileira (estimativa  IBGE 2015).  Reúne os  três estados com maior PIB per capita e maior população do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), constituindo‐se como a região mais rica, populosa e com maior  densidade  populacional,  apresentando  índices  sociais  relativamente  elevados,  alta  taxa  de urbanização,  além  das  maiores  possibilidades  de  investimentos  na  área  da  saúde,  mas  também importantes  problemas  ligados  à  violência,  vulnerabilidade  e  desigualdade  sociais,  falta  de  água  e demais problemas típicos das grandes metrópoles. 

Ao  contrário  do  que  se  observa  em  outras  regiões  do  país,  o  Sudeste  caracteriza‐se  pela diversidade de realidades locais, marcada pela coexistência de grandes áreas metropolitanas em todos os estados e de um número expressivo de municípios de pequeno porte. Cerca de 60% dos municípios conta com população inferior a 15 mil habitantes e somente 92 municípios (5,5%) desta região têm de 150 mil habitantes. Tal aspecto evidencia a importância e complexidade dos arranjos loco‐regionais na conformação e consolidação das redes de atenção à saúde.    No contexto da RAPS, para além dos Grupos Condutores Estaduais  implantados em todos os estados, há experiências consolidadas de Grupos Condutores Regionais e Municipais. Com exceção de São Paulo, os demais estados têm Planos de Ação Estaduais da RAPS pactuados e aprovados. 

Nessa  região  encontram‐se  os  maiores  polos  manicomiais  do  Brasil,  abrangendo  o  maior número de moradores e de  leitos em hospital psiquiátrico. No período entre 2011 e 2015,  todos os estados  da  região  desenvolveram  ações  vinculadas  aos  processos  de  desinstitucionalização  que 

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resultaram no fechamento de grandes hospitais psiquiátricos ou na diminuição de seus leitos, muitas vezes desencadeadas pela atuação do Ministério Público ou outras instituições do poder judiciário.  

Em  São Paulo, destacaram‐se processos de desinstitucionalização e  adequação da RAPS  em curso  nas  Regiões  de  Saúde  de  Araçatuba, Marília,  Presidente  Prudente,  Piracicaba,  São  José  dos Campos, São João da Boa Vista e Sorocaba.  

No Rio de  Janeiro, cinco das  sete  regiões com hospitais psiquiátricos estavam nessa mesma situação: Centro Sul, Médio Paraíba, Metropolitana  I – com dois hospitais psiquiátricos desabilitados na capital Rio de Janeiro em 2015 ‐, Metropolitana II – em que o processo de desinstitucionalização do Hospital Colônia de Rio Bonito se encontrava na etapa final em 2015 ‐ e Noroeste, que ao final de 2014 fechou seu último hospital psiquiátrico em Bom Jesus de Itabapoana.  

Em  Minas  Gerais  as  ações  de desinstitucionalização  culminaram  com  o  fechamento  de quatro hospitais psiquiátricos na macrorregião de Saúde Sudeste, sendo três hospitais no município de Juiz de Fora e 01 hospital em Leopoldina, seguido da expansão da RAPS na região; em Belo Horizonte houve o fechamento da Clinica Serra Verde e em Barbacena da Clinica Mantiqueira.   

No Espírito Santo  intensificou‐se o processo de desinstitucionalização da Clínica Santa  Izabel do município de Cachoeiro do Itapemirim ‐ único hospital privado entre os três existentes no Estado, sobretudo a partir do final de 2015, quando a instituição anunciou o término do convênio de 140 leitos com SUS. Este processo envolve a qualificação da RAPS de muitos municípios do Estado. 

 A sustentabilidade e consolidação desta rede abarcam desafios relacionados ao cofinanciamento dos estados para a RAPS; aos desenhos de gestão construídos nas relações de parceria público‐privado impulsionadas  pelos  limites  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  e  pela  vinculação  das  Organizações Sociais de Saúde (OSS) no SUS; assim como à transformação da lógica assistencial ambulatorial com o fortalecimento  da  atenção  psicossocial  na  atenção  básica  e  sua  articulação  com  os  demais componentes da RAPS e da rede  intersetorial na perspectiva da  integralidade. Compõe este cenário, ainda,  a  coexistência de programas  estaduais no  campo de  álcool  e outras drogas não  alinhados  à Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, especificamente nos estados do Espírito Santo e São Paulo. 

A  região  Sul  é  composta  por  1.191 municípios,  divididos  pelos  estados  do  Paraná,  Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A população total da região, em 2010, totalizava 27.386.981 habitantes (IBGE), sendo 84,9% dessa população urbana, e 15,1% rural.   

Reunindo  cenários  ambientais  e  socioculturais  diversificados,  a  região  teve  sua  história marcada  desde  o  período  colonial  por  diferentes  processos migratórios,  principalmente  de  povos europeus, como italianos, alemães, entre outros. A diversidade étnica e cultural igualmente se revela pela  presença  de  povos  indígenas,  quilombolas,  e  outros  povos  e  comunidades  tradicionais,  como faxinalenses e grupos de matrizes africanas. Do ponto de vista econômico, as atividades se distribuem por diferentes setores, como os da agropecuária, indústria, turismo, extrativismo, agricultura familiar. Os  Índices de Desenvolvimento Humano  (IDHM) dos  três estados da  região  sul estão entre os mais altos do país3, e também as posições relativas do PIB per capita estão entre o 4º e 7º lugar entre os 27 estados brasileiros. Em relação à evolução da desigualdade a partir dos dados dos Censos de 2000 e 2010,  a  região  sul  apresentou  os menores  índices  de  desigualdade  social,  e  apresentou  a maior redução no índice de Gini.  

Importante  destacar  que  os  três  estados mostram  números  expressivos  de municípios  de pequeno  porte,  e  cerca  de  70%  do  total  dos municípios  conta  com menos  de  15 mil  habitantes  – parâmetro populacional mínimo para a implantação dos serviços de CAPS I. Esse dado revela um duplo aspecto, de um lado apontando para o papel da atenção básica na oferta de cuidado em saúde mental com base comunitária. Por outro lado, aponta a importância da articulação entre serviços em âmbito regional,  e  do  fortalecimento  das  Comissões  Intergestores  Regionais  –  CIR.  De  outro  modo,  e complementando esse cenário, em relação aos municípios que podem  implementar todos os pontos da RAPS, ou seja, municípios a partir de 150 mil habitantes, são 09 no Estado do Paraná, 08 municípios em Santa Catarina e 12 municípios no Rio Grande do Sul.  

3 Disponível em http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/idhm

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Em relação à presença de Grupo Condutor da RAPS, os  três estados  instituíram seus Grupos Condutores em momentos distintos, Paraná e Santa Catarina formalizaram seus GC já no ano de 2012; Rio Grande do Sul o fez dois anos depois. Contudo, os encontros do GC  nos três estados apresentaram alguns  momentos  de  descontinuidade,  fato  que  não  contribui  para  o  fortalecimento  da  relação interfederativa  em  torno  das  questões  da  RAPS. Ainda  não  houve  a  publicação  pelo Ministério  da Saúde do Plano de Ação da RAPS de nenhum dos três estados, embora  já tenha ocorrido aprovação técnica no âmbito da CGMAD  do Plano de Ação Estadual da RAPS  em Santa Catarina e no Rio Grande do  Sul,  faltando  para  a  conclusão  desses  processos,  a  publicação  das  Portarias  pelo Ministério  da Saúde. Do ponto de vista estadual e regional, ocorreram discussões e pactuações no Rio Grande do Sul acerca  do  Plano  de  Ação  Estadual  da  RAPS  (Resolução  655/14  CIB‐RS),  e  no  Paraná  discussões  e pactuações em âmbito regional. De um modo geral, uma discussão importante nos três estados para o fortalecimento  do modelo  de  atenção  psicossocial  é  aquela  referente  aos  leitos  de  saúde mental, particularmente  quanto  ao  dimensionamento  da  implantação  de  leitos  a  partir  dos  parâmetros definidos pela portaria 148, de 31 de  janeiro de 2012. Outro desafio para a  região é a efetivação e continuidade  dos  processos  de  desinstitucionalização,  com  uma  efetiva  substituição  do  modelo associado aos hospitais psiquiátricos ainda presentes na região, pelo modelo de atenção psicossocial com base  territorial e  comunitária, por meio dos diferentes  componentes e  serviços que  compõe a RAPS. 

Reuniões dos Colegiados de Coordenadores de Saúde Mental 

A  criação  de  colegiados  de  gestão  tripartite  da  Política  de  Saúde Mental,  Álcool  e  outras Drogas do  SUS é uma das mais  importantes  conquistas dos últimos  anos. O Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental surgiu em 2003, e foi instituído formalmente pela Portaria GM/MS nº 3.796,  de  06  de  dezembro  de  2010,  tendo  em  sua  composição  representações  da  Coordenação Nacional de Saúde Mental, Coordenações Estaduais de Saúde Mental, Coordenações de Saúde Mental das  Capitais,  além  de  representações  do  Conselho  Nacional  de  Secretários  de  Saúde  (CONASS), Conselho  Nacional  de  Secretários  Municipais  de  Saúde  (CONASEMS),  Conselho  de  Secretários Municipais  de  Saúde  (COSEMS),  Conselho  Nacional  de  Saúde  (CNS)  e  de  representações  do componente  intersetorial  da  Política  Nacional  de  Saúde Mental:  Secretaria  dos  Direitos  Humanos (SDH),  Ministérios  da  Justiça  (MJ),  do  Trabalho  e  Emprego  (MTE),  do  Desenvolvimento  Social  e Combate à Fome (MDS), da Cultura (Minc) e da Educação (MEC).  

Desde  sua  implantação,  o  Colegiado  Nacional  de  Coordenadores  de  Saúde Mental  tem  a determinação de se reunir duas vezes ao ano, com a finalidade de assessorar o Ministério da Saúde na condução da Política Nacional de Saúde Mental; propor mecanismos de avaliação e monitoramento dessa Política; elaborar relatórios técnicos sobre situações complexas que necessitam de  intervenção da  gestão;  analisar e propor  as  atualizações necessárias para  as normas  técnicas e  as diretrizes do Ministério da Saúde  sobre  saúde mental e atenção  integral em álcool e outras drogas; e  contribuir para ampliar a interlocução da gestão da política de saúde com as organizações da sociedade civil, das entidades científicas e profissionais, e das políticas intersetoriais.  

No  período  de  2011  a  2015,  o  Colegiado Nacional  de  Coordenadores  de  Saúde Mental  se reuniu seis vezes, sempre em Brasília/DF. A seguir serão apresentadas as sínteses de cada uma dessas reuniões, com destaque para os pontos de maior relevância para Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, bem como eventuais encaminhamentos. 

 XIII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2011) 

A XIII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental aconteceu nos dias 09 e 10 de agosto de 2011 e teve sua programação voltada para a discussão das questões relacionadas à Rede de Atenção Psicossocial nos âmbitos estadual e municipal, com ênfase nas questões de álcool e outras drogas. A Reunião contou com a presença do Senhor Ministro da Saúde Alexandre Padilha, que participou do debate em relação às propostas do Ministério da Saúde para a RAPS.  

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Dentre as deliberações da Plenária Final, destacam‐se: 

Que  a  Área  Técnica  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas/MS  apoie  técnica  e financeiramente,  a  realização  do  I  Fórum  Panamazônico  de  Saúde Mental, Álcool  e Outras Drogas,  visando  o  fortalecimento  da  política  na  região  da Amazônia  Legal,  sob  a  ótica  das especificidades e a construção de modelos que contemplem a realidade regional; 

Que o Ministério da Saúde revise o texto e imagens das campanhas publicitárias de prevenção ao uso do álcool e outras drogas, deixando de focar na pedagogia do horror, na produção de estigma, culpa e preconceito; 

Que o Ministério da Saúde amplie a Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas/MS, dotando‐a  de  infraestrutura,  equipe  técnica  e  recursos  institucionais  para  acompanhar  a implantação  da  Política Nacional de  Saúde Mental, Álcool  e outras Drogas, no  contexto  da Reforma Psiquiátrica em todos os cantos do país, inclusive com núcleos regionais de gestão do Ministério da Saúde. 

A partir das discussões nesta  reunião, o Colegiado de Coordenadores Estaduais e Municipais  se posicionou a respeito de orientações para a temática de álcool e outras drogas na carta intitulada “Em Defesa da Cidadania dos Usuários de Álcool e outras Drogas” (anexo I). 

Além disso, no dia 11 de agosto  foi realizado o  lançamento do Relatório Final da  IV Conferência Nacional  de  Saúde  Mental  –  Intersetorial,  bem  como  sessão  solene  no  Senado  Federal  em comemoração  aos  10  anos da  Lei  10.216,  com  discussão das principais  proposições para  a  Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas  ‐ gestão 2011‐2014, apresentada  como uma das marcas prioritárias do SUS no governo vigente. 

 XIV Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (1º sem/2012) 

A XIV foi realizada nos dias 20, 21 e 22 de março de 2012, contou com a presença de cerca de 150 pessoas entre  coordenadores estaduais e municipais de  saúde mental,  representantes do CNS, CONASS, CONASEMS e dos parceiros intersetoriais da cultura e dos direitos humanos. Destacaram‐se a presença de uma usuária da RAPS, trabalhadora de um empreendimento solidário da saúde mental, na mesa  “Reabilitação  Psicossocial:  estratégias  para  fortalecimento  do  cooperativismo  social  e  de intervenções na cultura” e de gestores de dois Distritos Sanitários de Atenção à Saúde Indígena. 

Os temas discutidos nas Mesas e Grupos de Trabalho do Colegiado Nacional de Coordenadores de  Saúde Mental  foram:  a  RAPS,  seus  Componentes,  Pontos  de Atenção  e  sua  articulação  com  as demais Redes de Atenção a Saúde (RAS); Vulnerabilidade, Sofrimento e Estado de Direitos no contexto do  uso  de  álcool  e  outras  drogas;  estratégias  de Desinstitucionalização  e  Reabilitação  Psicossocial; Atenção Psicossocial  aos Povos  Indígenas; e  fortalecimento do processo de Gestão das Políticas de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas os territórios. 

Neste ano, ao  considerar a necessidade de  fortalecer o processo de gestão das políticas de saúde  mental  levando  em  conta  as  características  loco  regionais  e  considerando  também  a necessidade de subsidiar a definição de pautas prioritárias no âmbito nacional, o Colegiado Nacional deliberou pela criação de Colegiados Regionais. 

Estes Colegiados Regionais  seriam desdobramento do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental anterior e, ao mesmo tempo, preparação para o seguinte: estratégia que expande a possibilidade de participação dos municípios nas reuniões de Colegiado, fortalecendo a democracia e a participação de todos na construção da RAPS. 

No ano de 2012 foram realizados quatro Colegiados Regionais: Norte, Nordeste, Centro‐Oeste e Sul. A região Sudeste não realizou Reunião de Colegiado Regional. 

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XV Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2º sem/2012) 

A XV Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental ocorreu nos dias 13 e 14 de dezembro de 2012. No primeiro dia, a Conferência “Projetos, ações, resultados do trabalho da rede de atenção psicossocial no ano de 2012 e perspectivas para 2013” buscou apresentar o panorama dos  resultados  conquistados naquele  ano, bem  como produzir  subsídios  aos  coordenadores para  a realização do raciocínio gerencial e político necessário para o ano seguinte. Foram discutidos também processos de Desinstitucionalização e as interfaces com o Judiciário: tanto em situações de internação compulsória quanto por meio de Termos de Ajustamento de Conduta.  

Houve  ainda  Grupos  de  Trabalho  divididos  por  região,  com  a  finalidade  de  retomar  as discussões dos Colegiados Regionais, avaliando encaminhamentos, dificuldades, resultados positivos, além de indução da Rede para o ano seguinte. Desta reunião, foram produzidos os seguintes encaminhamentos: 

A necessidade de todos os estados realizarem seus Colegiados Regionais até maio de 2013; 

Que os técnicos da ATSM continuem apoiando a realização destes Colegiados Regionais; 

Que  a  ATSM  compile  os  relatórios  finais  de  cada  Colegiado  Regional  a  fim  de  subsidiar  e produzir discussões e encaminhamentos comuns para o coletivo das regiões; 

Que a ATSM faça recomendações aos municípios sobre a continuidade das ações em curso e daquelas pactuadas no processo de implementação/implantação da RAPS; 

Que os gestores de estados e municípios  fomentem espaços coletivos para a rediscussão do cuidado  dos  usuários  de  SM  internos  dos  Hospitais  de  Custódia  e  Tratamento  Psiquiátrico (HCTP), no processo de fechamento desses hospitais. 

Além disso, o Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental recomendou que todos os gestores  e  apoiadores  se  comprometessem  a  pautar/defender  em  todos  os  espaços  coletivos  de pactuação/deliberação do SUS, o necessário compromisso no financiamento da RAPS. 

 XVI Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2013) 

O XVI Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental, aconteceu no dia 23 de julho de 2013, em Brasília – DF, e  foi organizado  juntamente com o “Seminário Nacional dos Consultórios na Rua  e  Saúde Mental  na  Atenção  Básica:  novas  tecnologias  e  desafios  para  a  gestão  do  cuidado”, realizado nos dias 24 e 25 de julho.  

Além do Colegiado Nacional, o ano de 2013 contou com uma  série de encontros de grande porte como o “I Congresso Brasileiro de CAPSi” (ConCAPSi), que aconteceu no Rio de Janeiro, a fim de discutir  serviços  estratégicos  da  RAPS  para  crianças  e  adolescentes;  o  “Fórum  Nacional  de  Saúde Mental Infantojuvenil”, que aconteceu em Brasília, e contou com a presença de Promotores Estaduais, Defensores Públicos e Coordenadores de Saúde Mental para alinhamento das ações para garantia de cuidados na RAPS;; o  “I Simpósio  Internacional Sobre Drogas: da Coesão à Coerção”,  com parcerias interministeriais;  o  Seminário  “Radica(lizar)  a  Formação  em  defesa  da  Reforma  Psiquiátrica”,  a  “I Reunião Regional de Usuários de Saúde Mental e Familiares” das Américas e a “1ª Oficina de Formação sobre o WHO QUALITYRIGHTS”, realizados em Brasília; e o “I Encontro Nacional da Rede Psicossocial (ENRAPS)” no final de 2013 em Pinhais/PR.  

Demais  eventos  realizados  neste  ano,  com  o  apoio  da  Coordenação  Nacional  de  Saúde Mental/MS foram os Colegiados Regionais, I Fórum de Saúde Mental Infanto‐juvenil da Região Sul e II Colegiado  de  Coordenadores  de  Saúde Mental  da  Região  Sul,  em  Curitiba/PR;  I  Fórum  de  Saúde Mental  Infantojuvenil da Região Centro‐Oeste e  II Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental da 

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Região Centro ‐ Oeste, em Campo Grande/MS, e também o I Fórum de Saúde Mental Infantojuvenil da Região Norte e II Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental Região Norte, em Belém/PA.  

XVII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2014) 

A XVII reunião do Colegiado Nacional ocorreu de 2 a 4 de dezembro de 2014 e contou com a presença  do Ministro  Arthur  Chioro  em  sua  abertura. Os  principais  temas  abordados  no  encontro foram: O Bem Viver dos Povos Indígenas; desafios para  implantação da RAPS, com ênfase no projeto Percursos Formativos e Engrenagens da Educação Permanente; Desconstrução de mitos na Política de Álcool e outras Drogas; Racismo e  Saúde Mental;  Situações de Crise e  atenção  contínua nos CAPS; Ações de Saúde Mental na Atenção Básica; Processos de Desinstitucionalização; e Quality Rights como estratégia de garantia de Direitos dos usuários de Saúde Mental 

XVIII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2015) 

A XVIII Reunião do Colegiado Nacional aconteceu nos dias 08 a 10 de dezembro de 2015. A programação  desse  evento  estimulou  reflexões  sobre  temas  específicos  relacionados  com  a sustentabilidade da Rede de Atenção Psicossocial ‐ RAPS, considerando toda a conjuntura econômica e política e o risco de retrocessos nas Reformas Sanitária e Psiquiátrica. Esse evento teve a participação de  mais  de  250  pessoas,  estando  presentes  os  Coordenadores  de  Saúde  Mental  de  Estados  e Municípios,  usuários  e  familiares,  pesquisadores,  trabalhadores  do  SUS,  parlamentares, representantes  de  diversas  áreas  técnicas  do  Ministério  da  Saúde  (Secretaria  Especial  de  Saúde Indígena – SESAI, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – SGEP, Departamento de Atenção Básica  –  DAB,  Departamento  de  Gestão  da  Educação  na  Saúde  –  DEGES),  participação  de  outros Ministérios  (Secretaria  Nacional  de  Economia  Solidária  –  SENAES/MTE,  Secretaria  Nacional  Sobre Drogas  –  SENAD/MJ),  entidades  e  associações  de Movimentos  de  apoio  à  Luta  Antimanicomial  e representantes da Organização Pan‐americana de Saúde – OPAS/OMS do Brasil. 

O Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental encerrou‐se no dia 10 de dezembro, Dia Internacional  dos  Direitos  Humanos.  Não  por  acaso  foram  reafirmados  como marcos  da  Reforma Psiquiátrica e Sanitária que não devem retroceder:  

Princípios do SUS; 

Princípios da Redução de Danos como ética de cuidado; 

Protagonismo; 

Direitos Humanos; 

Produção de vida; 

Cuidado em liberdade, integral e longitudinal. 

A metodologia de  trabalho deste Colegiado  se deu por meio de  rodas de  conversas que  foram divididas nos seguintes temas: Saúde Mental na Atenção Básica; Demandas associadas ao Consumo de Álcool  e  outras  Drogas;  Saúde  Mental  Infantojuvenil;  Atenção  à  Crise;  Desinstitucionalização  e  a Reabilitação Psicossocial.  

As sínteses dos grupos refletiram a avaliação elaborada por três gerações de gestores, a partir do acúmulo de debates não apenas relativos aos anos de 2011 a 2015, mas sim dos últimos 25 anos, a partir de uma avaliação da Política de Saúde Mental no Brasil desde Declaração de Caracas, de 1990, marco da Reforma Psiquiátrica no mundo. 

A plenária final, conduzida pelos Coordenadores possibilitou a troca do consolidado das seis rodas de  conversa  realizadas  durante  o  evento  bem  como  aprovação  das  cartas  abertas  de  apoio 

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e as moções de apoio e repúdio (anexo II). Duas (02) Cartas: 1‐ “Carta aberta ao Exmo. Sr. Ministro da Saúde Marcelo Castro” e 2 – “Carta aos Gestores e Trabalhadores da RAPS” 

Quatro (04) Moções: 1 – “Moção de Repúdio à Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul a uma Política Manicomial”; 2 – “Moção em Defesa da Democracia”; 3 – “Moção de Apoio à Descriminalização do porte e plantio para consumo próprio das drogas  ilícitas”; 4 – “Moção de Apoio ao processo de Desinstitucionalização de Sorocaba e região no Estado de São Paulo”. 

Menção Honrosa Póstuma ao Sr. Braz Geraldo Peixoto, pela contínua luta antimanicomial que empreendeu, como pai e familiar, na Reforma Psiquiátrica e na defesa dos CAPS.  

Colegiados Regionais de Coordenadores de Saúde Mental: Norte, Nordeste, Centro‐Oeste, Sul 

O Norte sustentou encontros anuais de 2011 a 2014 e na estética de escrita técnica e afetiva da  Carta  de  Palmas,  anunciada  em  2014,  expressou‐se  a  importância  do  encontro  e  da  afetação presencial para construção coletiva. Deste modo foram sublinhadas: a  importância do Apoio Técnico do âmbito federal junto às gestões locais e território; e também a visibilidade das práticas e dos povos tradicionais, em especial povos indígenas, assentados recorrentemente mais no saber fazer e no relato oral  em  grupo  do  que  nos  registros  formais  escritos,  típicos  da  burocracia  do  poder  público  e  das regras de produção de conhecimento de acadêmico.  

Na  Região  Nordeste,  realizado  em  2012,  as  discussões  foram  em  torno  do  processo  de responsabilidade  e  sustentabilidade  da  RAPS  entre  os  entes‐federativos  e  construção  do  cuidado longitudinal. 

Nas  reuniões dos Colegiados do  Sul, que aconteceram em 2012 e 2013, houve a ênfase na necessidade de articulação intra e intersetorial, bem como reflexões interdisciplinares, para ampliação da  capacidade de  elaboração de  respostas  complexas  inerentes  à  atenção psicossocial,  envolvendo fatores  como:  condição  de  saúde  e  cuidado  integral;  direitos  civis  e  direitos  humanos; desintitucionalização  e  reabilitação  psicossocial;  cuidado  produtor  de  autonomia.  Foi  apontado também o desafio de implantação de CAPS regionais e governança.  

No  Centro‐Oeste,  realizado  em  2012,  o  destaque maior  ficou  na  discussão  sobre  o  tema indígena, considerado inédito pelos participantes, pois essa discussão nunca havia sido tema da Saúde mental. Esteve presente uma  indígena  (Guaraní‐Kawoá) que nos relatou as dificuldades  referentes à saúde  mental  dos  seus  indígenas,  dando  destaque  ao  alcoolismo  e  suicídio.  Em  paralelo,  foram apresentadas  questões  fundamentais  sobre  álcool  e  outras  drogas,  incluindo  a  descrição  dos dispositivos da RAPS, experiências do Centro‐Oeste, e apontamento de haver pouca prática e escassez de serviços. A programação abarcou um painel infanto‐juvenil sobre a expansão dos CAPS i no Brasil e outro sobre a questão indígena.  

Não foram realizadas reuniões de Colegiado Regional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas na região Sudeste no período. 

Esta modalidade de participação dos diferentes entes na construção da RAPS nos  territórios privilegiou  o  exercício  da  democracia.  Da  mesma  forma,  possibilitou  que  decisões  importantes relativas à  implantação e  implementação da RAPS fossem mais condizentes com os contextos vividos nos territórios.  

Podemos destacar  algumas discussões que  partiram dos  colegiados  regionais  e  pautaram  a política nacional: as estratégias de educação permanente para estruturação e fortalecimento da RAPS; as estratégias para potencializar  encontro com as populações tradicionais e a criação de estratégias de cuidado  que  levem  em  consideração  essa  população;  a  ampliação  do  fortalecimento  da intersetorialidade para o olhar para questões da  infância  e  juventude;  a organização da RAPS  e  as necessidade de diversificação dos pontos de atenção. 

 

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2.2. 14ª E 15ª CONFERÊNCIAS NACIONAIS DE SAÚDE 

O período desta gestão foi marcado pela realização de duas Conferências Nacionais de Saúde, espaços fundamentais do controle social para avaliar e propor diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis municipais, estaduais e nacional.  

A 14ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 2014 com o temário “Todos usam o SUS! SUS  na  Seguridade  Social,  Política  Pública  e  Patrimônio  do  Povo  Brasileiro”,  destacou  o  desafio  de garantir  o  acesso  e  acolhimento  com  qualidade,  afirmando  a  necessidade  de  implementação  das políticas pautadas na garantia dos direitos humanos e na superação dos preconceitos, destacando a necessidade de um SUS público e com a ampliação da participação da sociedade brasileira, sobretudo dos segmentos excluídos.  

Especificamente  no  que  tange  ao  campo  da  atenção  psicossocial,  destacamos  as  propostas aprovadas na 13ª diretriz, que  tratam da  consolidação e  ampliação das políticas  e  estratégias para saúde mental, deficiência e dependência química: 

1. Fazer  cumprir  a  Lei  nº  10.216/2001,  garantindo  a  estruturação  de  toda  a  rede  de  serviços substitutivos aos manicômios, como CAPS I, II e III, CAPSi, CAPS ad, Residências Terapêuticas, leitos em hospital geral e de urgência, consultórios de rua, etc., de acordo com os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira.  

2. Rever e  flexibilizar os critérios de base populacional para  implantação dos Caps, de  forma a permitir a expansão da rede e garantir o acesso às populações de municípios com menos de 20 mil habitantes.  

3. Implantar  serviços  de  saúde mental  na Atenção  Básica,  com  a  inclusão  de  profissionais  de saúde  mental,  em  especial  nas  cidades  menores  que  não  têm  contingente  populacional suficiente para implantação de CAPS.  

4. Assegurar a continuidade e o monitoramento da rede de atenção à Saúde Mental, criando o Sistema Nacional de Informação em Saúde Mental ligado ao Ministério da Saúde.  

5. Garantir a implantação do CAPS para a infância e adolescência (CAPSi) para facilitar o controle das medicações  indicadas às crianças comprometidas psiquicamente, portadoras de autismo, psicoses,  neuroses  graves  e  todos  aqueles  que,  por  sua  condição  psíquica,  estão impossibilitados de manter ou estabelecer laços sociais. 

6. Garantir que as três esferas de governo realizem campanhas publicitárias sobre saúde mental, por meio  da mídia,  com  o  objetivo  de  esclarecer  a  população  sobre  as  doenças mentais, visando combater o preconceito e possibilitar a  inserção dos doentes mentais na sociedade, além de promover ampla discussão sobre a problemática da somatização (problemas de saúde gerados ou agravados por distúrbios emocionais), com impacto sobre a demanda de exames e especialistas,  criando  políticas  específicas  para  a  sua  abordagem  por  equipes multiprofissionais.  

7. Usar a estratégia da Redução de Danos na Política Nacional  sobre o uso de álcool e outras drogas,  garantindo  a  cobertura  de  serviços  assistenciais  como  centros  de  recuperação  e reabilitação, CAPS ad, leitos em urgências e hospitais gerais para desintoxicação, consultórios de rua, e investindo também no apoio familiar e comunitário e na inclusão social dos usuários.  

8. Criar um  Fundo Nacional  de Reabilitação para usuários de drogas  composto pela  venda  de bens e valores apreendidos do tráfico de drogas, com repasses aos fundos municipais de saúde respectivos.  

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9. Efetivar  as  políticas  de  saúde  dirigidas  a  pessoas  portadoras  de  necessidades  especiais  nas deficiências:  física, motora,  auditiva,  visual,  transtorno mental,  entre  outras,  qualificando  o acesso  e  prioridade  em  lugares  públicos  e  privados  com  sinalização  visual,  faixas,  placas  e adesivos informativos, e um sistema de transporte adaptado para locomoção desses cidadãos.  

10. Garantir interlocução e integração entre SUS e perícia do INSS para os casos de benefícios para portadores  de  qualquer  deficiência,  inclusive  os  pacientes  com  sofrimento  mental,  para avaliação  dos  laudos  com  a  conclusão  indicativa  de  afastamento  ou  não  e  o  porquê,  com qualidade e coerência, proporcionando um atendimento. 

Outras deliberações aprovadas que envolvem as questões de saúde mental:  

1. Reativar os Conselhos de Seguridade Social nas esferas municipal, estadual/DF e federal como espaços  de  definição  de  estratégias  e  responsabilidades  complementares  voltadas  à valorização da vida, prevenção das doenças, violências, uso de drogas, acidentes, violações de direitos e de afirmação da cultura da paz. 

2. Rever  os  critérios  para  concessão  de  benefício  sócio  previdenciário  para  que  incluam  as pessoas que usam drogas e que estejam em tratamento. 

3. Agir para que os conselhos de saúde (estaduais/DF, municipais e federal) atuem no sentido da proibição da propaganda de drogas lícitas na mídia. 

4. Criar  novos parâmetros  de  avaliação  que  levem  em  conta,  além  do  índice  populacional,  as características epidemiológicas da população, para implantação de programas nos municípios, como, entre outros, o de enfrentamento ao uso de crack e outras drogas. 

5. Incluir a Saúde do Adolescente como um dos eixos prioritários no Pacto da Saúde, garantindo o  acesso  aos  serviços  integrais da Rede de Atenção na Promoção, Proteção  e Recuperação relacionadas ao: Planejamento Familiar, Gravidez na Adolescência, DST‐Aids, Hepatites Virais, Violências,  uso  de  álcool,  cigarro,  crack  e  outras  drogas,  estimulando  hábitos  alimentares saudáveis e a prática regular de atividade física, entre outros. 

6. Implantar políticas públicas de acordo com as diretrizes da Política Nacional Sobre o Uso de Álcool e Outras Drogas, alinhada aos preceitos da  reforma psiquiátrica brasileira, garantindo assistência  universal  e  integral  ao  usuário,  e  apoio  aos  familiares  visando  a  reestruturação familiar e demais formas de redução de danos, promovendo a inclusão social do grupo familiar ao qual pertence, exigindo do Estado participação  tripartite no  financiamento, ampliando os Caps AD e Capsi e  leitos hospitalares para desintoxicação em hospital geral, consultórios de rua. 

7. Garantir  o  aumento  dos  recursos  para  investimentos  em  pesquisas,  monitoramento  e implantação de novos serviços relacionados ao uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas. 

A  15ª  Conferência  Nacional  de  Saúde  foi  realizada  em  2015  com  o  tema  “Saúde  pública  de qualidade  para  cuidar  bem  das  pessoas:  direito  do  povo  brasileiro”,  destacando  o  desafio  da mercantilização e privatização da saúde pública e a  transformação das práticas visando a superação das iniquidades que afetam de forma diferenciada a população brasileira. 

A seguir destacamos as diretrizes relacionadas ao campo da saúde mental: 

1. Garantir a implantação do CAPS AD nos municípios; 

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2. Ampliar,  fortalecer  e  implementar  a  Rede  de  Atenção  Psicossocial:  CAPSI,  CAPSII,  CAPS  III, CAPS AD, oficina de trabalho e renda, serviço residencial terapêutico, leitos de saúde metal em hospitais gerais ambulatórios de saúde mental, consultórios na rua, unidades de colhimento e equipe  de  redução  de  danos  na  abordagem  de  rua  dia  e  noite,  de  acordo  com  o dimensionamento populacional e indicadores de saúde do território e portaria vigentes;  

3. Ampliar e fortalecer a Política Nacional de Saúde Mental, garantindo o direito à  implantação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros serviços de saúde mental, independente dos  critérios por base populacional, nos Planos Municipais e Estaduais, na  rede de atenção psicossocial e atenção básica. (96,2% de aprovação);  

4. Implementar e fomentar a formação de redes da atenção à saúde, em especial, a de atenção às  pessoas  com  deficiência  e  a  de  atenção  psicossocial,  investindo  nos  CAPS  existentes  e implementando novos serviços de base territorial;  

5. Efetivar  a  Reforma  Psiquiátrica  (Lei  nº  10.216/2001  e  Lei  nº  9.716/92)  com  ampliação  e fortalecimento  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  priorizando  os  dispositivos  de  cuidado vinculados à Atenção Básica (oficinas terapêuticas e grupos de convivência) garantindo, ainda, o cofinanciamento tripartite para os Centros de Atenção Psicossocial; e, 

6. Implementar  a Reforma  Psiquiátrica  garantindo  a  desinstitucionalização  de  forma  imediata, com efetiva ampliação, implantação e fortalecimento dos serviços substitutivos que compõem as Redes de Atenção Psicossocial: CAPS I, II, III,  infantil, unidades de acolhimento, residências terapêuticas, centros de convivência, consultórios na rua, etc. 

2.3. FINANCIAMENTO EM SAÚDE MENTAL, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS NO SUS 

O financiamento da Saúde faz parte de debate permanente no SUS. A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 198. § 1º, “determina que as três esferas de governo – federal, estadual e municipal –  financiem  o  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS)”  (BRASIL,  1988)  e  a  Lei  Complementar  nº  141,  de 13/01/2012 definiu os valores mínimos a  serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde e estabeleceu os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas três esferas de governo.  

A partir de 2011, uma nova proposta de Programação Geral das Ações e Serviços de Saúde passou  a  ser  desenhada  em  consonância  com  o  Decreto  nº  7.508/2011,  com  vistas  a  garantir  a equidade de aporte de recursos financeiros federais a partir da avaliação de perfis epidemiológicos e das necessidades em saúde das Regiões.  

Para  garantia  da  expansão  da  RAPS,  é  imprescindível  maior  investimento  tripartite.  No entanto, a contrapartida dos Estados no financiamento da RAPS permanece como desafio, o que tem sido  motivo  de  interpelação  dos  municípios  no  sentido  de  maior  participação  dos  Estados  para garantia  da  sustentação  dos  serviços.  No  cenário  federal,  podemos  destacar  a  continuidade  da ampliação dos investimentos em serviços territoriais e de base comunitária iniciado em 2005: 

O ano de 2011  foi marcado pelo  reajuste  regulamentado através da Portaria GM/MS nº 3.089, de 23 de dezembro de 2011, que  instituiu novos valores para  financiamento dos Centros  de  Atenção  Psicossocial  (CAPS)  e  possibilidade  futura  de  regulamentação  de componente  variável  de  financiamento  para  estes  serviços,  que  necessita  de  maior discussão  considerando  o  fortalecimento  das  estratégias  territoriais  e  clínicas  em conformidade com a complexidade da atenção de qualidade. Ainda, a Portaria GM/MS Nº 1.966, de 11 de setembro de 2013 instituiu novos valores de financiamento mensal para o CAPS  III e CAPS ad  III, possibilitando  importante  salto no  valor médio de  financiamento federal  dos  serviços  24h.  Além  disso,  ocorre  o  estabelecimento  do  custeio mensal  dos 

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serviços  residenciais  terapêuticos  com  a  publicação  da  Portaria  nº  3.090  de  23  de dezembro de 2011; 

Em  2012,  iniciou‐se  o  financiamento  dos  leitos  de  retaguarda  clínica  destinado  aos usuários com sofrimento decorrente de transtorno mental e/ou do uso álcool e outras, a partir  da  publicação  da  Portaria  nº  148  de  31  de  janeiro  de  2012,  Portaria GM/MS  nº 1615/2012,  Portaria GM/MS  nº  349/2012  e  Portaria  SAS/MS  nº  953/2012.  Além  disso, regulamentou‐se o financiamento dos Serviços Residenciais de Caráter Transitório  a partir da portaria nº 121 de 25 de janeiro de 2012; 

No ano de 2013 destacamos o aumento do valor do benefício do Programa de Volta para a Casa, que através da Portaria 1.511, de 24 de julho de 2013, foi fixado mensalmente em R$ 412,00  (quatrocentos e doze reais). Ainda, houve o  incremento do custeio dos CAPS 24h (CAPS III e CAPS AD III). 

O gráfico abaixo apresenta o aumento de  recursos  financeiros  federais aplicados no custeio dos CAPS (coluna esquerda em comparação com a linha vermelha), em função do aumento do número de serviços (coluna direita em comparação com a linha azul) ao longo dos anos.   Gráfico 1. – Evolução do  investimento  financeiro federal nos Centros de Atenção Psicossocial  (Brasil, dez/2002 a dez/2015). 

 

Fonte: Subsecretaria de Planejamento e Orçamento (SPO/MS), DATASUS, e Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

 

Ressalta‐se  ainda  no  ano  de  2013  o  início  do  destaque  de  repasses  dos  Blocos  de 

Financiamento via redes temáticas, através de marcações dos Planos Orçamentários (PO) específicos 

da  RAPS  nos  Componentes: Gestão  do  SUS,  Investimentos  na  Rede  de  Serviços  de  Saúde  e Alta  e 

Média  Complexidade  Ambulatorial  (Teto  MAC).  Este  movimento  tem  impacto  importante  ao 

proporcionar maior transparência e viabilizar o monitoramento dos repasses financeiros destinados às 

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ações e serviços de saúde mental por gestores, trabalhadores e controle social, que podem acessá‐los 

no  Fundo Nacional  de  Saúde  (FNS4),  no  Sistema  de Controle de  Limite  Financeiro  da Média  e Alta 

Complexidade (SISMAC5) e na Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE6).  

Emendas parlamentares 

Durante  o  período  de  2011  a  2015  foi  observado  significativo  aumento  nos  cadastros  de 

propostas que contemplam recursos de  investimentos (construção, ampliação e equipamentos) e de 

custeio  (capacitação em saúde mental e reformas), com o objetivo de ampliar e qualificar a RAPS. A 

Tabela  2  apresenta  informações  sobre  as  emendas  designadas  à  CGMAD  entre  os  anos  de  2011  e 

2015. 

Tabela 2 – Emendas parlamentares designadas à CGMAD (Brasil, 2011‐2015) 

Ano  Cadastros Parecer favorável 

Valor 

2011  2  2  R$ 696.145,00 

2012  8  5  R$ 567.565,00 

2013  51  30  R$ 18.016.813,49 

2014  161  133  R$ 54.996.934,00 

2015  155  129  R$ 47.394.574,00 

Total  377  299  R$ 121.672.031,49 Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Planos Plurianuais e Planos Nacionais de Saúde 

O Plano Nacional de Saúde (PNS) 2012‐2015 foi estruturado em 14 diretrizes, sendo a Diretriz 4  o “Fortalecimento da rede de saúde mental, com ênfase no enfrentamento da dependência de crack e  outras  drogas”,  abrangendo  a  ampliação  do  acesso  e  a  qualificação/diversificação  das  ações  de prevenção  de  agravos,  redução  de  danos  e  promoção  da  saúde,  do  tratamento  a  usuários  com necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas,  bem  como  o  atendimento  de  seus familiares. 

Dentre  as  estratégias  fundamentais,  são  estabelecidas  ações  condizentes  à  expansão  dos pontos de atenção da RAPS e ampliação do número de beneficiários do Programa De Volta para Casa; implantação de pontos de Telessaúde nas unidades de atenção á saúde mental, álcool, crack e outras drogas; desenvolvimento de ações de formação e educação permanente para toda a rede de atenção; o desenvolvimento do programa de educação para o trabalho; campanhas de comunicação e educação relacionadas à prevenção da dependência de drogas e de  fortalecimento da  rede de  saúde mental, com  foco para  a população  adolescente e  jovem. Destacam‐se  ainda  as estratégias de desenvolver ações  intersetoriais  para  geração  de  renda  e  moradia,  em  parceria  com  o  Ministério  do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e o Ministério das Cidades e com o Ministério do Trabalho e Emprego, na constituição de projetos de geração de renda e economia solidária e as iniciativas para reinserção social. 

O Plano Plurianual  (PPA) 2012‐2015 estabeleceu o “PROGRAMA 2015  ‐ Aperfeiçoamento do Sistema Único de  Saúde  do Ministério da  Saúde”,  com  16 objetivos  estratégicos,  sendo um destes “Fortalecer a rede de saúde mental, com ênfase no enfrentamento da dependência de crack e outras 

4 http://www.fns.saude.gov.br/ 5 http://sismac.saude.gov.br/ 6 http://sage.saude.gov.br/

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drogas”. A esse objetivo foram associadas metas relativas à expansão dos pontos de atenção da RAPS e  ampliação  do  número  de  beneficiários  do  Programa  De  Volta  para  Casa.  Como  iniciativas, destacaram‐se a “Promoção da  inclusão  social dos usuários de  saúde mental, crack, álcool e outras drogas, por meio da cultura, redes sociais e fomento às ações  intersetoriais” e a “Reestruturação da rede  de  atenção  psicossocial,  com  responsabilização  clara  dos  diversos  pontos  de  atenção,  com priorização para o enfrentamento do Crack, álcool e outras drogas”. 

Quanto ao PPA 2016‐2019, publicado em outubro de 2015, no bojo das estratégias definidas pelo Ministério da Saúde, há o “Programa 2015  ‐ Fortalecimento do Sistema Único de Saúde  (SUS)” que definiu o  “Objetivo  1120: Aprimorar  e  implantar  as Redes de Atenção  à  Saúde nas  regiões de saúde, com ênfase na articulação da Rede de Urgência e Emergência, Rede Cegonha, Rede de Atenção Psicossocial, Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, e da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com  Doenças  Crônicas”.  Dentre  as  metas  a  serem  alcançadas,  há  a  ampliação  do  número  de beneficiários  do  PVC,  implantação  de  CAPS,  SRT  e  Unidade  de  Acolhimento  Infantojuvenil,  e construção de CAPS. Nas  iniciativas, há a  indução do  implemento da RAPS em  todas as Regiões de Saúde e a implantação do programa de qualificação “Direito é Qualidade”. 

Além  disso,  destacam‐se  os  compromissos  pactuados  pelo Ministério  da  Justiça  através  do “PROGRAMA  2085  ‐  Redução  do  impacto  social  do  álcool  e  outras  drogas:  Prevenção,  Cuidado  e Reinserção Social”. Para tanto, estabeleceram‐se três objetivos: 1) Fortalecer a prevenção do uso de álcool  e  outras  drogas,  com  ênfase  para  crianças,  adolescentes  e  jovens;  2)  Articular,  expandir  e qualificar  a  rede de  cuidado e de  reinserção  social das pessoas e  famílias que  têm problemas  com álcool e outras drogas; e 3) Fortalecer a prevenção do uso de álcool e outras drogas, com ênfase para crianças, adolescentes e jovens. Cabe ressaltar que nos dois primeiros objetivos citados, há metas sob responsabilidade do Ministério da Saúde a serem executadas.   

Por  fim,  há  ainda  um  Objetivo  específico  da  Secretaria  de  Direitos  Humanos,  iniciativa  de elaboração de programa  de  educação  em  direitos  humanos  e  saúde mental para  trabalhadores da RAPS e a articulação e implementação do Comitê Nacional de Direitos Humanos e Saúde Mental. 

É interessante notar que no PPA 2012‐2015 há um objetivo específico do Ministério da Saúde relacionado ao fortalecimento da RAPS, com ênfase nas necessidades decorrentes do uso de álcool e outras  drogas  e  previsão  de  articulação  intersetorial.  Enquanto  no  PPA  2016‐2019  a  RAPS  está circunscrita ao objetivo comum às demais Redes de Atenção à Saúde, focando na expansão serviços e qualificação da rede. 

Vale destacar a articulação e desenvolvimento de programas voltados ao cuidado no campo de álcool  e  outras  drogas  por  outros  órgãos  do  governo  federal,  para  além  do Ministério  da  Saúde, sobressaindo‐se, nesse sentido, o Ministério da Justiça. Este aspecto permite um ganho na apropriação e incorporação desta temática por outros setores, o que pode potencializar a articulação intersetorial. Entretanto, é preciso envidar esforços a  fim de evitar possíveis  fragmentações e  sobreposições das ações. A  ampliação do  escopo do  PPA, no que  tange  as questões  relacionadas  à  temática  álcool  e outras drogas, não deve gerar sua desvinculação do âmbito da saúde. Nesse sentido a integralidade do cuidado,  tão  fundamental  para  a  construção  de  estratégias  efetivas  diante  da  complexidade  dos contextos de vida dos sujeitos, é um elemento central no conjunto de atribuições do SUS presentes na lei 8.080 em seu Art. 5º inciso III onde se afirma que são objetivos do SUS     “a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização  integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas”. 

 Sistema de Apoio à Implementação de Politicas de Saúde 

Durante muito  tempo,  os  processos  de  solicitação  para  implementação  de  dispositivos  de 

saúde nos territórios, eram encaminhados em papel para o Ministério da Saúde, via Correio. Percebeu‐

se que, desta  forma, este processo estava condicionado a várias  intemperes, que deixava o  trâmite 

mais  lento e burocrático. Diante disso, em meados de outubro de 2012, a Secretária de Atenção à 

Saúde (SAS) começou a planejar em conjunto com diversas coordenações, dentre as quais a CGMAD, a 

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criação de um sistema que facilitasse o processo, e assim começava o nascimento do Sistema de Apoio 

à  Implementação  de  Politicas  de  Saúde  (SAIPS),  que  foi  instituído  pela  Portaria  nº  281,  de  27  de 

fevereiro de 2014. 

 Hoje  o  sistema  já  está  implementado,  e  além  CGMAD,  atende  todas  as  Coordenações 

vinculadas à SAS. O sistema tem por objetivo modernizar,  informatizar e oferecer a possibilidade de 

acompanhamento  da  situação  (análise,  aprovação,  empenho  e  pagamento)  em  tempo  real,  pelos 

gestores das  solicitações e de  transferências de  recursos ou credenciamento/habilitação de serviços 

necessários  à  implantação  de  políticas  em  saúde,  bem  como  habilitação  ou  credenciamento  de 

equipes.  Isso permite maior  transparência, agilidade, organização e monitoramento das solicitações. 

Os  arquivos  digitais  referentes  às  documentações  necessárias  para  a  implantação/qualificação  dos 

serviços, de acordo a normativa vigente, são  inseridas diretamente no sistema, sem necessidade de 

protocolar documentação  física no Ministério da Saúde. Os documentos originais, apresentados em 

sua forma eletrônica, na proposta, são guardados conforme a legislação em vigor. (Portaria nº 1.954, 

de 6 de setembro de 2013). 

As propostas apenas podem ser cadastradas no SAIPS por pessoas autorizadas pelo Gestor. O 

acesso para o Gestor Estadual, Municipal ou do Distrito Federal deve ser realizado com a inserção do 

CNPJ do Fundo de Saúde e a senha que é mesma utilizada para acesso aos sistemas do Fundo Nacional 

de Saúde. Existem diferentes perfis disponibilizados pelo sistema: Gestor Estado, Município e Distrito 

Federal, Cadastrador, Administrador, Parecerista, Gestor da Área Técnica, Gestor Federal. Para maior 

detalhamento sobre cada perfil, consultar manual do sistema7. 

O  sistema  SAIPS  passa  por  constantes  mudanças,  visando  melhorias  e  a  qualificação  das 

informações, para que o banco de dados do mesmo esteja  sempre atualizado e  completo, e possa 

atender às diferentes demandas de todas as Redes que fazem uso do mesmo. E, apesar de sua recente 

implementação, o SAIPS tem conseguido cumprir os objetivos de desburocratizar as solicitações. Pode‐

se afirmar que, de forma geral, o sistema teve boa receptividade pelos municípios, já que em 2 anos, 

foram cadastradas 1998 propostas, entre incentivos e habilitações. Espera‐se que no futuro tenhamos 

um banco de dados efetivo e um sistema SAIPS esteja  interligado, estrategicamente, com os demais 

sistemas utilizados pelo MS. 

2.4. GESTÃO DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 

Conforme  explicitado  em  diversas  recomendações  da  IV  Conferência  Nacional  de  Saúde Mental Intersetorial e entendendo a necessidade de qualificar a gestão da informação e comunicação de  temas  relacionados à Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, a gestão 2011‐2015 procurou instituir recursos mais efetivos de divulgação de suas ações.  

Dentre  as  publicações  produzidas  ou  apoiadas  pela  CGMAD  acerca  da  garantia  de  direitos  de populações em vulnerabilidade, direcionamento e operacionalização dos pontos de atenção da RAPS, qualificação da atenção, divulgação de produções de Fóruns, Congressos, Encontros e Reuniões, dados da RAPS e programas realizados, destacamos: 

Viramundo  ‐  Boletim  (In)formativo,  em  formação  e  desformatado  da  RAPS,  canal  de comunicação  e  debate  livre  sobre  temas  que  envolvem  o  trabalhado  da  CGMAD  com usuários/as, trabalhadores/as e gestores/as da RAPS e com o público em geral: edições nº 1, 2 e 3 em 2012 e 4 em 2014.  

7 http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/oministerio/principal/secretarias/585-sas-raiz/saips/l1-saips/10617-manuais

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Saúde Mental em Dados: edições nº 9 (2011), 10 e 11 (2012) e 12 (2015); 

Entendendo que a internet e as redes e mídias sociais constituem hoje canais indispensáveis para a comunicação com o público em geral, e  formas privilegiadas de democratização da  informação, a CGMAD  investiu na divulgação de videoconferências, web seminários, entrevistas e na promoção de uma campanha virtual de manifestação voluntária da população com o tema "A Reforma Psiquiátrica em sua vida...", que contou com boa adesão em diversos  territórios. A  tentativa de  tornar a página institucional da CGMAD um  instrumento potente de difusão de  informações e dados  relacionados à Política de  Saúde Mental, Álcool  e Outras Drogas, veiculando de  forma  acessível  a  reorientação do modelo, foi  limitada em 2014 devido a mudanças na estrutura do portal do Ministério da Saúde, que exigiram a suspensão das páginas de coordenações e áreas  técnicas ao  longo de quase  todo aquele ano. A estrutura do portal ainda se encontra em fase de ajustes, com limitações para a alimentação e atualização  da  página  da  CGMAD.  Ainda  assim,  a  equipe  da  Coordenação  vem  trabalhando  para garantir a disponibilidade do maior número possível de documentos e informações ao público. 

Houve também, a partir de 2011, a necessidade de qualificar e tornar mais eficiente a capacidade de responder às demandas da população por informações, com a promulgação em novembro daquele ano da Lei de Acesso à Informação, nº 12.527/2011. A CGMAD estabeleceu fluxos internos e processos de trabalho para garantir a resposta a todos os questionamentos recebidos respeitando os prazos e os parâmetros estabelecidos. 

Apesar  dos  esforços  da  Coordenação,  avalia‐se  que  o  campo  da  gestão  da  informação, comunicação e divulgação ainda necessita uma maior consolidação, com o objetivo de democratizar as informações e criar mecanismos  interativos de comunicação envolvendo gestores (as), trabalhadores (as) e sociedade civil, garantindo maior transparência na gestão. 

2.5. PROGRAMA CRACK, É POSSÍVEL VENCER  

O programa “Crack é possível vencer” foi  instituído pelo Decreto nº 7.179, de 20 de maio de 2010,  tendo  como  objetivo,  no  campo  do  cuidado,  fortalecer  a  RAPS  e  promover  articulação  as diferentes esferas de gestão para diminuir as consequências negativas que o crack e outras drogas, incluindo o álcool, podem causar. 

O  programa  decorreu  de  esforço  de  articulação  intersetorial  e  interfederativo  por meio  da integração das  ações do poder  executivo  em  âmbito  federal  e da  adesão de  estados  e municípios. Todos os  estados  aderiram  ao programa  e  118 municípios  com mais de  200 mil habitantes, o que corresponde a mais de 80% dos municípios desse porte no Brasil. 

É  importante ressaltar que as questões relacionadas ao crack se expressaram  inicialmente de forma  difusa  nos  territórios,  o  que  trouxe  reflexos  que  fortaleceram  visões  distorcidas  sobre  o fenômeno. A partir da publicação dos resultados de Pesquisa da Fiocruz (BASTOS, F; BERTONI, N. (org), 2014)  sobre  o  tema,  em  que  se  evidenciou  um  número  de  usuários  até  10  vezes menor  do  que estimativas iniciais apresentadas por entidades ligadas aos municípios (como a Confederação Nacional de Municípios)  foram sendo delimitados os campos de ação e dirimindo a noção de que havia uma epidemia de crack no Brasil. 

No Ministério da Saúde, a CGMAD, em  conjunto  com o Departamento de Atenção Básica e com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde  (SGTES), promoveu ações no eixo cuidado e no eixo prevenção, que consistiam na ampliação de serviços com funcionamento 24 horas para  usuários  de  crack  e  outras  drogas,  além  do  aumento  de  vagas  em  residências médicas  e  em cursos de formação e qualificação para profissionais de saúde. No eixo prevenção, o Ministério ofertou novas metodologias  para  abordagem  da  prevenção  às  drogas  no  ambiente  escolar,  desenvolvida  a partir de parceria com Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). 

Ao Governo Federal, de  forma geral,   coube definir diretrizes e contribuir com  recursos para as ações dos estados e municípios. Desta forma, as diretrizes do programa eram: 

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Articulação  entre  os  governos  federal,  estaduais, municipais  e  distrital,  para  implementar ações, compartilhando compromissos e responsabilidades;  

Monitoramento  da  execução  das  ações  (pactuação  e  implantação  de  serviços,  oferta  de capacitação, realização de pesquisas);  

Financiamento de  ações relacionadas ao tema no âmbito do SUS e SUAS  

Democratização do acesso e da utilização dos espaços e serviços públicos;  

Valorização da  integração das redes de prevenção e cuidado, para atendimento adequado às pessoas com necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool e outras drogas; 

Respeito e aproveitamento das potencialidades e  recursos  locais e  regionais na elaboração, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas; 

Acompanhamento e apoio técnico aos Comitês Gestores locais do Programa 

Oferta de atenção especial às crianças e aos adolescentes, considerando as vulnerabilidades inerentes à fase de desenvolvimento infanto‐juvenil. 

O programa envolveu entre 2011 e 2015 a disponibilização de recursos da ordem de R$ 4 bilhões.  

Principais dificuldades e desafios 

Apesar  do  processo  de  consolidação  das  ações  de  Programa  Crack  é  Possível  Vencer,  foram identificados alguns desafios do eixo cuidado nos territórios:  

Necessidade  da  articulação  intersetorial  no  território  para  a  construção  de  Projetos Terapêuticos Singulares dos usuários e familiares;  

Necessidade de mudar o paradigma de  intervenção coercitiva a partir de ações da segurança pública para uma perspectiva com base na ampliação do acesso e garantia de direitos; 

Fortalecer  intervenções  baseadas  na  participação  dos  usuários  e  na  participação  local  para contemplar a discussão sobre os determinantes sociais da saúde, considerando o “problema das  drogas”  como  um  fenômeno mais  amplo  que  não  se  restringe  ao  binômio  repressão‐cuidado e que é profundamente relacionado com a pobreza e a exclusão. 

Resultados 

No  contexto  do  Programa  Crack,  a  CGMAD  passou  a  contar  com  incentivo  financeiro  de investimento para construção de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades de Acolhimento (UA), previstos pela Portaria GM nº 615, de 15 de abril de 2013. Nestes últimos anos constituiu‐se uma carteira de obras de construção através do SISMOB – Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo.   

Ampliação de propostas de  construção de CAPS. Em 2013  foram  cadastradas mais de 2.000 propostas de construção no sistema, para todos os tipos de CAPS e UA. Contudo, houve priorização da análise  das  propostas  de  CAPS  AD  III  e  UA,  por  serem  serviços  integrantes  do  Programa  Crack,  É Possível Vencer.  Aprovação de 295 propostas de CAPS e UA através de programa (47% CAPS AD  III, 30% UA Adulto e 23% UA Infantojuvenil): 

 

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Tabela  3.  Propostas  de  construção  aprovadas  por  programa,  por  ano  e  por  inserção  de Ordem  de 

Serviço (Brasil, 2015). 

Tipo  2013  2014  Total Geral 

CAPS AD III  111  28  139 

UAA  72  16  88 

UAI  54  14  68 

Total Geral  237  58  295 

Fonte: SISMOB – Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo 

Foram aprovadas também 70 propostas através de emenda parlamentar, de 2013 a 2015 (33% CAPS I, 19% CAPS II, 17% CAPS III, 8% CAPSi, 4% CAPSad, 16% CAPS AD III e 3% UA InfantoJuvenil). 

 Desta forma, até o final de 2015 foram publicadas dezessete portarias, sendo 6 via programa e 

onze via emenda parlamentar. O total de propostas aprovadas foi:  

Tabela 4. Total de propostas aprovadas por programa e por emenda, por tipo (Brasil, 2013 a 2015) 

Tipo  Quantidade Valor Aprovado

CAPS I  23  R$      18.400.000,00

CAPS II  13  R$        9.600.000,00

CAPS III  13  R$      12.000.000,00

CAPSi  6  R$        4.000.000,00

CAPS AD  3  R$        2.400.000,00

CAPS AD III 149  R$ 149.000.000,00

UAA  88  R$      44.000.000,00

UAI  70  R$      35.000.000,00

Total de CAPS  207  R$195.400.000,00

Total de UA 158  R$      79.000.000,00

Total Geral  365  R$274.400.000,00 

 

Fonte: Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo (SISMOB), Sistema de Propostas Fundo a Fundo (SISPROFNS) 

Com exceção do Estado de Rondônia, todos os demais 26 entes federativos tiveram ao menos uma proposta aprovada, seja através de programa como através de emenda parlamentar. Os estados contemplados com maior número de propostas aprovadas  foram  respectivamente São Paulo, Minas Gerais e Ceará. Entretanto, no universo de propostas aprovadas via emenda parlamentar, os estados mais contemplados foram Bahia, São Paulo e Roraima. 

 

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Tabela 5 ‐ Total de propostas aprovadas por programa e por emenda, por tipo e por UF (Brasil, 2013 a 2015) 

FONTE: SISTEMA DE MONITORAMENTO DE OBRAS FUNDO A FUNDO (SISMOB) 

Além disso, houve o aumento de custeio dos Centros de Atenção Psicossocial 24 horas ‐ CAPS AD III (Portaria 1.966, de 10 de setembro de 2013), de R$ 78.800,00 para R$ 105.000,00 mensais. 

Apontamentos para o futuro (Desdobramentos da Política ‐ efeitos e impactos) 

A. Articulação  é  a  grande  riqueza  e  desafio  do  programa:  A  constituição  de  atuações articuladas e integradas entre as políticas de Saúde, Assistência Social, Segurança Pública, sobre Drogas e Direitos Humanos nos  territórios é um processo  complexo e  estabelece grandes desafios para gestores e profissionais de todo o país, mas as experiências exitosas neste sentido sinalizam a positividade de se seguir por este caminho. A ampliação desse horizonte  de  intervenções  sobre  problemas  e  situações  adversas  deve  incidir,  entre outros, no equilíbrio da demanda espontânea com a programada, ampliando o acesso da população  aos  diferentes  serviços  e  na  sinalização  para  a  construção  de  políticas governamentais  de  enfrentamento  a  certos  problemas  e  necessidades  de  grupos específicos. 

B. Fortalecer  fatores de prevenção entre crianças e adolescentes: A prevenção ao abuso de drogas  se  dá  com  o  fortalecimento  de  políticas  sociais  que  garantam  a  dignidade  das famílias e oportunidades para os  jovens,  como o Bolsa  Família,  a  valorização do  salário mínimo, o menor desemprego da história do país, a educação  integral, o PRONATEC e o 

CAPS AD III CAPS III UAA UAITotal

ProgramaCAPS AD CAPS AD III CAPS I CAPS II CAPS III CAPSi UAI

Total Emenda

AC 1 1 1 1 2

AL 7 8 5 20 1 1 2 22

AM 0 3 3 3

AP 2 2 2 2 4

BA 8 6 4 18 1 1 2 3 2 1 10 28

CE 14 11 6 31 0 31

DF 0 2 1 3 3

ES 0 1 1 1

GO 8 3 6 17 1 1 2 19

MA 5 3 4 12 1 1 2 14

MG 17 8 8 33 2 2 4 37

MS 3 2 2 7 1 3 4 11

MT 2 2 1 5 0 5

PA 2 2 2 6 1 1 7

PB 5 2 4 11 1 1 12

PE 4 4 2 10 1 1 1 1 4 14

PI 1 1 2 4 1 2 1 4 8

PR 7 1 8 1 1 2 4 12

RJ 7 6 5 18 1 1 2 20

RN 3 2 5 1 1 6

RR 0 4 1 1 6 6

RS 7 1 2 10 1 3 4 14

SC 6 3 2 11 0 11

SE 2 1 3 1 1 4

SP 28 20 10 58 2 1 4 7 65

TO 3 1 1 5 1 1 6

Total 138 1 88 68 295 3 11 23 13 12 6 2 70 365

UFPROGRAMA EMENDA TOTAL

PROGRAMA E EMENDA

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PROUNI, que  foram  fortalecidos e ampliados nesse governo e que ajudam mais  jovens a encontrar seu lugar na sociedade. 

C. Integração social dos usuários de crack marginalizados: Foi  feita a maior pesquisa sobre crack já realizada no mundo, que dimensionou o problema e retratou o perfil dos usuários no país  (“Pesquisa Nacional sobre o uso de crack – Quem são os usuários de crack e/ou similares  do  Brasil?  Quantos  são  nas  capitais  brasileiras?”,  realizada  pela  Fundação Oswaldo  Cruz).  Ela  mostra  que  a  grande  maioria  dos  dependentes  de  crack  quer tratamento, mas também precisa de apoio social. Os dados revelaram que os usuários não são zumbis, mas cidadãos com desejos e sonhos, que querem estudar, trabalhar e tratar sua  dependência.  A  grande  maioria  deles  tem  histórias  de  vida  de  exclusão  social  e pobreza. Se é verdade que a riqueza não impede a entrada no mundo da droga, a pobreza certamente dificulta a  saída. Por  isso, a presença e o apoio do estado é  tão  importante para que estes cidadãos consigam refazer suas vidas. 

D. Política de drogas baseada em evidências científicas: A elaboração de políticas de saúde com base em evidências resulta em maior efetividade na formulação de políticas, pois ela advém  de  processos mais  sistemáticos  e  transparentes  e  facilita  a  tomada  de  decisões melhor estruturadas. 

   

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3. I Encontro Nacional de Redes de Atenção Psicossocial do SUS (ENRAPS) 

 

De 04 a 06 de dezembro de 2013, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, aconteceu o I Encontro de Nacional de Redes de Atenção Psicossocial do  SUS – Reci‐pró‐cidade na diferença, o  I ENRAPS, promovido pelo Ministério da Saúde por meio da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras drogas  (CGMAD/SAS/MS),  com  apoio da Organização Pan Americana da  Saúde  (OPAS), da Organização  Mundial  da  Saúde  (OMS),  da  Secretaria  dos  Direitos  Humanos  da  Presidência  da República (SDH/PR) e também da Secretária Municipal de Saúde de Curitiba e da Secretária Estadual de  Saúde  do  Paraná.  Esse  evento  teve  como  objetivo  promover  a  troca  de  experiências  entre  os diversos  atores  que  compõem  a  RAPS  e  fortalecer  as  diretrizes  e  respostas  efetivas  ao  desafio  de consolidar e encampar novas práticas emancipatórias a partir da garantia ao direito da Saúde Mental.  

Tal  evento  tem  uma  importância  histórica  por  ter  contado  com  a  participação  de  cerca  de 3.000  pessoas,  de  todos  os  estados  do  país,  entre  trabalhadores,  usuários,  familiares,  gestores, docentes, pesquisadores, estudantes, participantes de movimentos sociais da luta antimanicomial, das Redes de Atenção à Saúde e das políticas públicas intersetoriais.  

Nas palavras de Roberto Tykanori Kinoshita, então Coordenador‐Geral de Saúde Mental, Álcool e outras drogas, durante a conferência de abertura, o I ENRAPS “demarca não um ponto de chegada, mas  um  ponto  de  partida,  sinalizado  pelas  trocas  resultantes  da  convivência  entre  todos  ao  longo desses três dias e expressa a certeza sobre o percurso político que escolhemos seguir à luz da Reforma Psiquiátrica  [...];  permitiu  a  interlocução  entre  os  diversos  atores  que  participam  da  história  e  do cotidiano  da  construção  da  RAPS,  para  trocar  formas  de  produzir  cuidado,  trocar  experiências, aprender e ensinar”. 

A  organização  deste  encontro  teve  como  importante marca  a  participação  dos  atores  do cotidiano da reforma psiquiátrica, incluindo gestores, trabalhadores, usuários, familiares e acadêmicos desde  sua  concepção.  Foram organizadas  comissões,  cuja participação  foi  aberta, e para  garantir  a participação  plural  foram  realizadas  diversas  reuniões  por  Skype,  nos  períodos  que  permitissem  a participação do maior número possível de atores, inclusive à noite. 

Além  da  garantia  da  participação  nas  comissões  de  organização  do  evento  foi  aberto  um formulário público de pré‐inscrição, para consulta acerca dos temas mais presentes e urgentes no dia a dia  da  RAPS,  que  recebeu  centenas  de  contribuições.  As  principais  indicações  foram:  os  novos dispositivos de saúde; a ampliação do acesso; a garantia da qualidade do cuidado; a questão do álcool e das outras drogas; o debate das internações compulsórias; os processos de desinstitucionalização; a intersetorialidade; a saúde mental na  infância e na adolescência; a  interface com a atenção básica; o protagonismo de usuários e familiares e a afirmação e construção de direitos.  

Foram  três  dias  de  intensos  debates  tecidos  em  Conferências,  Mesas‐Redondas,  Ágoras, apresentações de Pôsteres e Rodas de Conversa, Cursos e Programações Culturais (música, escolas de samba, teatro).  

Já na Conferência de abertura ficou clara a pluralidade e a  intersetorialidade colocadas como fundamentos na RAPS. Proferida pelo Professor Paul Singer, então Secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho,  resgatou a  longa história de  relação entre as duas políticas, de mais de 10 anos, e promoveu uma discussão sobre as estratégias de reorganização do trabalho para dentro  dos  serviços,  com  vistas  à  construção  da  efetivação  dos  direitos  de  cidadania.  Partiu  do conceito  de  Felicidade  Interna  Bruta,  como  um  instrumento  para  questionamento  da  organização econômica, propondo a necessidade de uma sociedade que se organize não para produção de riqueza, mas para construção de pessoas e coletivos mais felizes e solidários. 

Ainda vale destacar a organização de uma mesa histórica, para a qual foram convidados todos os  ex‐coordenadores  nacionais  de  saúde  mental,  desde  a  criação  do  SUS.  Nessa  mesa,  os  ex‐coordenadores e o então coordenador nacional de saúde mental promoveram um importante resgate histórico  da  construção  da  Política Nacional  de  Saúde Mental,  destacando  a  importância,  desde  o 

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início,  da  participação  dos  trabalhadores,  usuários,  familiares,  gestores,  do  controle  social,  da academia, além dos atores internacionais que atuavam na saúde mental de seus países de origem. 

A discussão apontou para o caráter de política de Estado alcançado pela Reforma Psiquiátrica, sobretudo a partir da promulgação da Lei 10.216 em 2001, mas iniciada já em 1990, com a afirmação de que desde então  foi defendida e  fortalecida por  todos os governos que  se alternaram. Desde  a discussão da Lei Paulo Delgado, até a aprovação do substitutivo em 2001 com a Lei nº 10.2016 e até os anos  mais  recentes,  foi  possível  verificar  as  disputas  políticas  que  fizeram  parte  da  história  da concretização da Reforma Sanitária, sendo que todos os coordenadores destacaram a importância da participação dos movimentos sociais de defesa do SUS e da Reforma Psiquiátrica como fundamentais para o avanço desse campo. 

Vale a pena destacar,  conforme  relatou Domingos  Sávio, primeiro  coordenador nacional de saúde mental, que quando assumiu o cargo, no início dos anos 1990, havia 85 mil leitos em hospitais psiquiátricos,  que  representavam  a  segunda  maior  despesa  do  sistema  público  de  saúde  e representavam  proporcionalmente  19%  de  todos  os  leitos  do  SUS,  apenas  superados  pela  clínica médica,  que  possuía  21%  de  todos  os  leitos. Destacou  ainda  a  realização  da  primeira  Conferência Nacional de  Saúde Mental, que  recomendou  a mudança do modelo  assistencial  e  a  ampliação dos direitos das pessoas com problemas mentais, e que contou com a participação de mil pessoas, com alto grau de  consenso em  torno desse  tipo de proposição. Outros  fatos  relevantes  citados  foram a abertura, em 1987, do primeiro CAPS no Brasil, o Centro de Atenção Psicossocial Luis Cerqueira, em São  Paulo,  que  inaugurou  um  serviço  aberto,  comunitário  e  ambulatorial  para  cuidar  de  pacientes graves, e a  intervenção do Hospital Psiquiátrico Anchieta no município de Santos/SP, que  culminou com o seu fechamento e a criação dos primeiros dispositivos substitutivos à internação psiquiátrica.  

A despeito dos momentos de maiores avanços e momentos de maior dificuldade, a mudança do modelo proposto pela Reforma Psiquiátrica  tornou‐se, ao  longo desses 25 anos, uma política de Estado, que teve na alternância de governos sua consagração.  

Uma  das  propostas  que  saíram  desse  encontro  é  que  devido  a  sua  importância  deveria acontecer com alguma periodicidade, tendo‐se pactuado que no ano de 2016 aconteceria o II ENRAPS. 

Houve a preocupação de registrar em gravações de áudio todas as mesas e ágoras realizadas, tendo  a  clareza  da  importância  das  discussões.  Até  o momento  não  foi  possível  a  publicação  de relatórios  sobre  cada  tema,  tarefa  importante  a  ser  realizada pela CGMAD  com  a maior brevidade possível. 

   

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4. Rede de Atenção Psicossocial ‐ RAPS 

Como  discutido  anteriormente,  quando  foi  abordado  o  tema  da  regionalização  e  da 

territorialização do SUS, a criação das Redes de Atenção à Saúde tem o objetivo de articular as ações e 

os serviços de saúde nos territórios para promover uma maior integralidade do cuidado, considerando 

os diferentes níveis de complexidade. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS),  instituída pela Portaria 

nº 3088/2011, tem como finalidade a “criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde 

para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, 

álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)” (BRASIL, 2011b). A organização da 

RAPS em diversos componentes e pontos de atenção retrata a necessidade de uma rede complexa de 

cuidados para responder às diferentes necessidades de saúde da população, sendo que cada ponto de 

atenção desempenha um papel no Projeto Terapêutico Singular de cada usuário da RAPS.  

No  presente  capítulo,  apresentam‐se  os  sete  componentes  da  RAPS  de  forma  separada, 

apenas  por  uma  necessidade  didática,  já  que  o modelo  da  rede  não  pressupõe  qualquer  tipo  de 

hierarquia definida entre cada um deles. As necessidades de cuidado de cada usuário são atendidas 

em  um  itinerário  vivo,  que  se  desenha  conforme  os  imperativos  de  cada momento  do  processo 

terapêutico. Os componentes, assim, aparecem como elementos diversos, mas interdependentes, que 

apontam para a complexidade das necessidades individuais, manifestas no PTS.  

4.1. ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE 

A  Política  Nacional  de  Saúde  Mental  compreende  as  práticas  da  Atenção  Básica  como 

imprescindíveis para o cuidado na atenção psicossocial à medida que se preste a fortalecer estratégias 

que  superem a medicalização do  sofrimento e patologização do  sujeito. Nesse  sentido,  tais práticas 

compreendem  a  articulação da  rede de  cuidados  tendo  como  objetivo  a  integralidade  do  cuidado, 

constituindo um processo de trabalho voltado para suas necessidades individuais e sociais.  

Busca‐se resgatar a singularidade de cada usuário, com o investimento em seu protagonismo e 

potencialidades, de  forma  a  romper  com  a  lógica da doença  considerando  a  identidade do  sujeito, 

fortalecendo  laços  sociais  e  investindo  na  força  do  território  como  alternativa  para  a  reabilitação 

social. Nesses propósitos, é notória a  convergência de princípios entre a  saúde mental e a atenção 

básica.  

A Politica Nacional de Atenção Básica, por meio da portaria nº 2488, de 21 de outubro de 

2011, estabeleceu uma revisão de diretrizes e normas de organização da Atenção Básica na Estratégia 

Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), para regulamentação 

dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Além disso, reafirma a atenção básica como principal 

porta de entrada do Sistema Único de Saúde. Para a Rede de Atenção Psicossocial, o componente da 

Atenção Básica é estratégico para facilitar o acesso das equipes nos territórios e no cuidado às pessoas 

com algum sofrimento psíquico e,  inclusive,  junto aos usuários que busquem os serviços por outras 

queixas.  

Para que a saúde mental aconteça de fato na atenção básica, é necessário que os princípios do 

SUS  se  transformem  em  prática  cotidiana.  Podemos  sintetizar  como  princípios  fundamentais  da 

articulação  entre  saúde mental  e  atenção  básica:  promoção  da  saúde  no  território,  acolhimento, 

vínculo e responsabilização pelo cuidado,  integralidade,  intersetorialidade, organização da atenção à 

saúde em rede, participação da comunidade e promoção da cidadania dos usuários. Considerando que 

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a  incorporação  da  Atenção  Básica  na  Rede  de  Atenção  Psicossocial  ratifica  a  relevância  desses 

princípios, tem‐se intensificado as práticas conjuntas entre as áreas para fortalecimento da articulação 

entre os serviços. Tais estratégias visaram ampliar o debate  junto às  regiões de saúde e equipes de 

gestão  para  aprimorar  ações  de  educação  permanente,  formulação  de  indicadores  e  revisão  das 

práticas que  superem a  lógica do especialismo,  transcenda a cultura estritamente ambulatorial e se 

estabeleça a tão almejada prática integral, longitudinal e intersetorial. 

Na articulação entre a saúde mental e a atenção básica, o apoio matricial constitui um arranjo 

organizacional que  visa  ações  conjuntas.   Nesse  arranjo,  a  referência de  saúde mental participa de 

reuniões de planejamento das equipes de ESF, realiza discussão de caso e atendimento compartilhado. 

Além  disso,  participa  das  iniciativas  de  capacitação  e  de  gestão  do  atendimento  de  modo  a 

proporcionar  continuidade  no  atendimento.  Esse  compartilhamento  se  produz  em  forma  da  co‐

responsabilização pelos casos, que pode  se efetivar por meio de discussões conjuntas,  intervenções 

junto às  famílias e  comunidade. Assim, o apoio matricial  caracteriza‐se  como  suporte assistencial e 

técnico‐pedagógico que produz ações de apoio educativo com e para a equipe.  

É clara a dimensão sinérgica do apoio matricial com a educação permanente. Nesse sentido, o 

Núcleo  de  Apoio  à  Saúde  da  Família  (NASF)  se  configura  como  um  importante  dispositivo  para 

fortalecer  a  articulação  dos  serviços  de  saúde  e  promover  ações matriciais  no  cuidado.  Tal  prática 

requer estratégias  incessantes de  todas as esferas de gestão a  fim de ampliar seu  fortalecimento. A 

viabilidade desse processo tem amparo na portaria 154 de 24 de janeiro de 2008 regulamenta o NASF 

e prevê a  formação destas equipes, com  recomendação explícita de que cada NASF conte com pelo 

menos um profissional de saúde mental. Não para que encerre o cuidado em sua própria estrutura, 

mas, sobretudo, para facilitar as interfaces necessárias que façam valer os princípios norteadores das 

politicas de saúde.  

A  discussão  acerca  da  efetividade  na  atuação  da  Atenção  Básica  em  saúde mental  se  fez 

presente  também  na  IV  Conferência  de  Saúde  Mental  –  Intersetorial  em  2010,  que  indica  a 

necessidade de fortalecer ações e promover estratégias de educação permanente para as equipes de 

atenção básica  (BRASIL, 2011c). O  foco dessa proposta apontava para a necessidade de subsidiar os 

Agentes  Comunitários  de  Saúde  –  ACS  na  identificação  das  demandas  referentes  ao  sofrimento 

psíquico. 

É importante que se ressalte aqui a estrutura da Atenção Básica que se articula com os demais 

componentes da RAPS. Conforme a Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 20113.088/2011,  são 

esses: 

I ‐ Unidade Básica de Saúde ‐ UBS;  

II ‐ Equipes de Atenção Básica para populações em situações específicas;  

III ‐ Centro de Convivência. 

Com  relação  às  Equipes  de  Atenção  Básica  para  populações  em  situações  específicas,  as 

mesmas  se  dividem  em:  a)  Equipes  de  Consultório  na  Rua;  b)  Equipe  de  apoio  aos  serviços  do 

componente  Atenção  Residencial  de  Caráter  Transitório.  Apenas  municípios  maiores  de  15  mil 

habitantes  possuem  parâmetro  para  implantação  de  CAPS  sendo  a  Atenção  Básica  a  principal 

estratégia  de  cuidado  para  as  demandas  de  sofrimento mental  nos  territórios  de  pequeno  porte 

populacional.  

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O Brasil possui 5.570 municípios, totalizando uma população de 193.976.530 habitantes (IBGE, 

2012, projeção). Desses, 3.375 municípios (61%) possuem menos de 15 mil habitantes, o que totaliza 

uma  estimativa  de  23.478.055  habitantes  (12%)  que  têm  na  Atenção  Básica  o  principal  acesso  de 

cuidados em saúde mental. 

Tanto para os municípios de maior porte populacional quanto para os de pequeno porte, é 

fundamental a parceria das equipes da atenção básica e dos demais pontos de atenção da RAPS, a 

partir  de  estratégias  de matriciamento  e  articulação  do  cuidado  integral  de modo  a  considera  a 

distribuição território dos serviços. 

Há 1.705 municípios no Brasil com população abaixo de 15 mil habitantes que não possuem 

equipes de NASF. Esse mesmo conjunto de municípios possui 3.731 equipes de Saúde da Família (eSF) 

implantadas.  Outro  dado  importante  é  que  dos  1.705  municípios  sem  NASF,  1.596  (93,6%)  têm 

cobertura de eSF superior a 50%. Ou seja, na maioria dos municípios sem NASF, há uma boa cobertura 

de eSF. 

Tais dados são relevantes para a construção de estratégias que busquem fortalecer e qualificar 

a Atenção Básica, eSF e NASF a fim de que atuem   com propriedade na  identificação, acolhimento e 

cuidado às pessoas em sofrimento mental e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras 

drogas nos municípios de pequeno  porte populacional.  Evita‐se  assim o  atendimento  especializado 

como  primeira  estratégia,  bem  como  a medicalização  do  sofrimento,  a  cronificação  de  agravos  de 

saúde e a negligência  comum aos estados de  sofrimento mental, por vezes ainda entendidos como 

demandas que não podem ser cuidadas na Atenção Básica. 

Estratégias como o curso “Caminhos do Cuidado”, “Curso de Apoio Matricial, com ênfase nos 

NASF” e  “Curso de  cuidado a população em  situação de  rua,  com ênfase nos Consultórios na Rua” 

foram primordiais para superar a lógica do cuidado especializado em saúde mental, ao potencializar e 

valorizar o conjunto de ações  já desenvolvidas pelos profissionais da Atenção Básica. Tais ações têm 

contribuído  para  a  autonomia  na  produção  do  cuidado  à  população,  como  parte  integrante  do 

repertório de ações e serviços oferecidos no território. 

Principais Ações Desenvolvidas 2011‐2015 

As ações da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas desenvolvidas com 

foco  no  componente  de  atenção  básica  em  saúde  se  desenvolveram  com  principal  enfoque  em 

produção de material de apoio e ações de educação permanente sobre a temática, buscando atender 

às demandas levantadas na IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial, de 2010. 

Transição de Consultórios de Rua para Consultórios na Rua  

A  indução  de  um  dispositivo  itinerante  no  Ministério  da  Saúde  teve  início  em  2009  na 

Coordenação de Saúde Mental, como estratégia de redução de dano no uso de álcool e outras drogas.   

Até o ano de 2012, entraram em funcionamento 66 serviços, então denominados Consultório de Rua 

Estes  serviços  eram  vinculados  exclusivamente  à  Área  Técnica  de  Saúde  Mental,  por  meio  de 

Chamadas de Seleção, nos termos da Portaria GM1059/. Desses, 61 migraram para Consultório na Rua, 

passando a atuar na perspectiva das práticas integradas da Atenção Básica em Álcool e Outras Drogas.  

 As Portarias nº 122 e nº 123, de 25 de  janeiro de 2012 e nº 1.238, de 09 de  junho de 2014, 

definem as diretrizes de organização, funcionamento e repasse de custeio das equipes de Consultório 

na Rua  (eCR) nas modalidades  I,  II e  III, conforme sua composição de equipe. A orientação definida 

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para  a  coordenação  desse  equipamento  de  saúde  nos municípios  privilegiou  o  compartilhamento 

entre  Saúde  Mental  e  Atenção  Básica.  A  transição  de  um  dispositivo  estritamente  vinculado  às 

estratégias de redução de danos para uso de álcool e outras drogas, para práticas voltadas à atenção 

integral demandou esforços para reorientação e incorporação de novos procedimentos e dinâmica de 

trabalho  dos  serviços  visando  adequação  à  ampliação  do  espectro  de  sua  atuação.  Tal  processo 

demandou esforços conjuntos da Saúde Mental e Atenção Básica que orientassem as novas práticas a 

serem incorporadas. 

I Seminário Nacional sobre Consultórios na Rua e Saúde Mental (2013) 

Em 2013,  foi  realizado o  I Seminário Nacional sobre Consultórios na Rua e Saúde Mental na 

Atenção Básica. Este evento, realizado em Brasília em dias 24 e 25 de  julho/2013 com a participação 

de aproximadamente 400 profissionais da saúde mental e Atenção Básica, objetivou a promoção do 

debate entre gestores e coordenadores de Atenção Básica e de Saúde Mental para discutir tecnologias 

de gestão e  cuidado em  saúde mental. Realizado em  conjunto  com o Colegiado Nacional de Saúde 

Mental,  este  evento  foi  uma  importante  ação  para  integrar  a  Atenção  Básica  na  RAPS,  e  espaço 

privilegiado para definir estratégias comuns do cuidado. 

Participação na reformulação dos Indicadores de Saúde Mental do PMAQ 

As propostas de reformulação dos indicadores do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e 

da  Qualidade  da  Atenção  Básica  (PMAQ–AB),  uma  vez  considerados  insuficientes  para  abarcar  os 

interesses de gestão em Saúde Mental na Atenção Básica, foram intensificadas em 2015 e não foram 

conclusivas.    A  retomada  deste  processo  em  2016  deve  render  debates  profícuos  para  que  se 

produzam  indicadores  eficazes. As  propostas  da  CGMAD,  após  contextualização  das  limitações  das 

fichas e formulários utilizados, foram apresentadas de modo a produzir dados referentes às demandas 

em  saúde mental no que  se  refere a acesso aos  serviços de  saúde;  resolutividade e articulação em 

rede; longitudinalidade; integralidade; matriciamento; e intersetorialidade. 

Programa Caminhos do Cuidado (2013 – 2015) 

O projeto de  formação de Agentes Comunitários de  Saúde  (ACS) e Auxiliares e Técnicos de 

Enfermagem  (ATEnf) em  saúde mental,  com  ênfase em  crack,  álcool e outras drogas é um projeto 

pactuado  pelo Ministério  da  Saúde,  Fiocruz/ICICT  ‐  RJ,   Grupo Hospitalar  Conceição  ‐RS;    Rede  de 

Escolas Técnicas do SUS. Este projeto consta entre as prioridades da Presidência da República no plano 

de enfrentamento ao Crack.   Sua execução pressupõe a articulação entre as  instituições do SUS que 

tem protagonizado essa formação, as Escolas de Saúde Pública e Escolas Técnicas do SUS, com as áreas 

de Saúde Mental e Atenção Básica dos três entes federativos. 

Lançado em Outubro de 2013 o projeto foi finalizado no final do ano de 2015, com oferta de 

capacitação  292.196  profissionais  de  saúde,  compreendendo  a  totalidade  dos  ACS  do  território 

nacional. Estão em andamento análises para viabilidade do programa  junto a outros profissionais da 

saúde.  Encontra‐se  em  andamento  a  organização  de  um  observatório,  que  reunirá  tecnologias  e 

metodologias para aproximar, cada vez mais, a Atenção Básica da Saúde Mental, visando melhorar a 

atenção ao usuário e seus familiares na Rede de Atenção Básica à Saúde. O quadro abaixo apresenta 

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quantitativo  de  vagas  oferecidas  no  “Caminhos  do  Cuidado”.  Ressalta‐se  que  o  número  de  vagas 

ofertadas considera o interesse e adesões regionais, previamente firmadas.  

Tabela 6. Vagas ofertadas do Curso de Formação Caminhos do Cuidado, por UF (Brasil, 2015) 

Região    UF   Total de profs.  Vagas ofertadas  Proporção vagas/meta 

 Centro‐Oeste  

 DF            1.004               994  99%

 GO            9.956            9.956  100%

 MS            4.950            4.950  100%

 MT            5.366            3.578  66,67%

 Subtotal Centro‐Oeste          21.276          19.478  91,55%

 Nordeste  

 AL            6.835            6.835  100%

 BA          29.462          25.252  85,71%

 CE          17.304          12.397  71,64%

 MA          17.191            8.922  51,89%

 PB            9.074            7.754  85,45%

 PE          17.457          16.482  94,41%

 PI            8.164            6.509  79,72%

 RN            6.259            6.259  100%

 SE            4.573            4.447  97,24%

 Subtotal Nordeste        116.319          94.857  81,55%

 Norte  

 AC            2.231            2.231  100%

 AM            6.526            4.757  72,89%

 AP            1.382            1.382  100%

 PA          14.940          10.166  68,04%

 RO            3.297            2.128  64,54%

 RR               785               637  81,14%

 TO            4.184            4.184  100%

 Subtotal Norte          33.345          25.485  76%

 Sudeste   ES            5.901            5.901  100%

 MG          33.137          19.852  59,90%

 RJ          16.699            8.853  53,01%

 SP          31.359          18.931  60,36%

 Subtotal Sudeste          87.096          53.537  61,47%

 Sul   PR          14.189          11.228  79,13%

 RS          11.340          11.290  99,55%

 SC          11.374          10.446  91,84%

 Subtotal Sul          36.903          32.964  89,33%

 TOTAL        294.939        226.321  76,73%Fonte: www.caminhosdocuidado.org.br (acesso em 11/05/2015) 

Caderno de Atenção Básica – Saúde Mental – CAB 34 (2013) 

Em 2013, o Ministério da Saúde, por meio da parceria do Departamento de Atenção Básica 

(DBA) e CGMAD,  investiu na elaboração e divulgação do Caderno de Atenção Básica nº 34 –  saúde 

mental  que  tem  como  objetivo  estimular  e  compartilhar  o  conhecimento  sobre  saúde mental  na 

Atenção Básica, ampliando a capacitação dos profissionais da atenção básica através da elaboração de 

ferramentas  e  estratégias  de  intervenções  terapêuticas  para  o  cuidado  em  saúde mental  (BRASIL, 

2013a). Esta produção foi dividida em três partes referenciando o cuidado da pessoa em sofrimento: 

conceitos  gerais  e  aplicações  práticas;  saúde  mental  e  a  cartografia  da  pessoa,  da  família  e  da 

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comunidade  e  o  cuidado  da  pessoa  que  sofre.  Com  isso,  Apresenta  situações  mais  comuns  no 

território sobre o tema apresentado, instrumentos para intervenção e outras práticas (BRASIL, 2013a). 

Baseado  em  conceitos  da  Politica  de  Humanização,  Atenção  Básica  e  Saúde  Mental, 

apresentam  conceitos  norteadores  de  acolhimento,  cuidado,  sofrimento  mental,  territorialidade, 

coesão  social, projeto  terapêutico  singular,  redução de danos,  rede ampliada,  fatores de  risco e de 

proteção e reabilitação psicossocial. Além disso, também apresentam orientações sobre os principais 

medicamentos, com sua ação e sintoma (BRASIL, 2013a). 

O CAB 34 foi elaborado com o propósito de servir como produção referencial para estruturar o 

cuidado  pela  ótica  do  sofrimento  e  desenvolvimento  das  estratégias  de  educação  permanente.  A 

primeira edição foi publicada em  julho 2013 com tiragem de 50 mil exemplares. Nova tiragem de 30 

mil exemplares para os CAPS, prevista para 2016, ação ainda não realizada.  

Ações de articulação entre Saúde Mental e Atenção Básica  

A partir das produções  referenciais, mais especificamente o CAB 34, as equipes  técnicas de 

Saúde  Mental  e  de  Atenção  Básica  estabeleceram  como  ação  transversal  o  fortalecimento  da 

articulação entre Saúde Mental e Atenção Básica. O tema foi constantemente discutido em fóruns e 

eventos realizados em todo o território nacional sobre atenção psicossocial, em reuniões  locais com 

gestores e trabalhadores, bem como nas reuniões das CIR e de Grupos Condutores da RAPS.  

No âmbito da gestão pública ministerial, o  tema da atenção básica em  saúde mental  fez‐se 

presente na maioria dos eventos e encontros nacionais produzidos, tanto aqueles realizados pela área 

da Saúde Mental quanto pela Atenção Básica.   Nas duas áreas, equipes foram designadas para atuar 

com  especificidade  nessa  interface.  Reuniões  entre  as  áreas  da  Saúde  Mental  e  Atenção  Básica 

passaram  a  ocorrer  de  modo  sistemático,  com  pelo  menos  01  reunião  mensal.  Tais  encontros 

produziram serviram ao propósito de discutir a articulação das politicas culminando em documentos e 

orientações conjuntas voltadas para as ações de educação continuada nas duas áreas, destinadas aos 

trabalhadores e gestores das mais diversas áreas e  localidades. Cabe  ressaltar que a atenção básica 

compõe  módulos  de  Educação  à  Distância  (EAD)  em  Saúde  Mental,  Telessaúde,  e  Percursos 

Formativos,  sendo  este  último  a  principal  estratégia  desenvolvida  pela  Coordenação  Nacional  de 

Saúde Mental para educação permanente e intercâmbio entre trabalhadores nos territórios. 

   O  exercício  conjunto de  formular práticas do  cuidado  em  Saúde Mental na Atenção Básica 

culminou na submissão de publicação como capítulo de  livro sobre Saúde Mental na Atenção Básica, 

da Universidade Federal da Bahia, previsto para ser publicado no  início de 2016. Neste material, são 

apresentadas  propostas  de  cuidado  em  saúde mental  a  serem  realizadas  nos  territórios  de modo 

articulado  com  a  atenção  básica.  Neste  material,  incorporam‐se,  assim,  propostas  de  ações 

comunitárias  e  estratégias  de  participação  social  e  protagonismo,  de  modo  a  promover  o 

fortalecimento da atenção psicossocial. 

Outra ação digna de nota que se encontra em andamento, acontece  junto ao Departamento 

de Gestão da  Educação  em  Saúde  (DEGES) da  Secretaria de Gestão do  Trabalho  e da  Educação na 

Saúde (SGETS)/MS e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Trata‐se de compromisso 

firmado  que  vai  apresentar  novos  recursos  de  capacitação  a  ser  implementado  no  Módulo  de 

Capacitação em Saúde Mental para o Telessaúde. 

 

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Equipe de apoio aos serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório 

As equipes de apoio teriam lugar de especial importância para facilitar e garantir a integração 

das  Comunidades  Terapêuticas  na  RAPS.  Considerando  que  até  o momento  não  houve  qualquer 

dispositivo implantado pela Portaria nº 131, de 26 de janeiro de 2012, que institui incentivo financeiro 

aos Serviços de Atenção em Regime Residencial, as discussões  tornaram‐se  incipientes.   Quanto aos 

demais  pontos  de  atenção,  entendeu‐se  que  o  fortalecimento  das  práticas  e  das  equipes  de 

matriciamento já previstas na rede teriam  incorporadas tal atribuição, sobretudo, se considerados os 

quantitativos de serviços disponíveis. 

Centro de Convivência e Cultura 

Os Centros de Convivência é um dispositivo  implantado em algumas  regiões,  custeados por 

Estados  e Municípios.  Tanto  pela  área  da  Saúde Mental  quanto  Atenção  Básica,  é  reconhecida  a 

potência  desse  dispositivo  para  a  promoção  de  saúde  e  atenção  integral.  Contudo,  no  âmbito  das 

politicas  ministeriais,  não  há,  atualmente,  portaria  específica,  ou  mecanismo  legal  para  repasses 

financeiros que viabilizem sua implantação e custeio.  Esta pauta não assumiu caráter prioritário entre 

as ações desenvolvidas pela Atenção Básica após publicação da portaria 3.088 em 2011. Assim, sugere‐

se que este dispositivo, por sua relevância, amplamente reconhecida e pleiteada, principalmente no 

âmbito da saúde mental, deve ser considerada nos planejamentos e estratégias a serem delineados 

para  a  RAPS  (ver  outras  informações  sobre  Centros  de  Convivência  em  ‘Reabilitação  Psicossocial’, 

neste material). 

Avanços, Dificuldades e Perspectivas para os Próximos Anos

Considerando os investimentos iniciados e produzidos nos últimos anos para o fortalecimento 

da  Rede  de  Atenção  Psicossocial  concernente  à  Atenção  Básica,  apontamos  a  necessidade  de 

continuidade das ações que atendam aos seguintes propósitos: 

Fortalecer o alinhamento conceitual e de diretrizes entre atenção básica e saúde mental na esfera 

federal, com enfoque para ações de promoção de saúde de modo a produzir efeitos visíveis que 

expressem aproximação das práticas entre as duas áreas

A. Construção  de  agenda  de  formação  entre  a  equipe  da  CGMAD  e  DAB  para  temáticas 

correlatas. 

B. Promover  intercâmbio entre o campo da saúde mental na atenção básica com países com os 

quais o Brasil mantenha cooperação técnica. 

C. Promover agendas que envolvam as equipes e gestores da Saúde Mental  juntamente com a 

Atenção Básica nos estados e municípios em que se deve abordar o  tema dos CnaRua, com 

enfoque na qualificação do cuidado à população em situação de rua. 

D. Construção de agenda sobre o planejamento e práticas do cuidado à população em situação 

de rua nos territórios. 

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E. Inclusão de temas sobre discriminação (LGBT, racismo, imigrantes e refugiados, mulheres, etc) 

nas pautas e ações de educação permanente para Atenção Básica, uma vez que esses temas 

exercem papel importante, em relação à discriminação, na Saúde Mental dos usuários do SUS. 

F. Promover  debates  para  superação  da  prática medicamentosa  e  ambulatorial  exacerbada  e 

ainda predominante no conjunto das ações observadas na rede. 

G. Retomar o debate sobre a viabilidade de implementação dos Centros de Convivência. 

H. Prosseguir na construção de consensos conceituais e práticas convergentes em coerência ao 

que é preconizado nas politicas de saúde.  

I. Fortalecer  junto  aos  Grupos  Condutores  Estaduais  da  RAPS  as  discussões  sobre  atenção  à 

saúde mental na atenção básica e desenvolver estratégias  junto aos  territórios para difusão 

dessas ações. 

J. Retomar discussão  sobre  cuidados  em  saúde mental no pré e pós‐natal,  articulando  com  a 

Coordenação  de  Saúde  da Mulher,  da  Saúde  da  Criança,  da  Saúde  do  Adolescente  e  com 

Departamento de Atenção Básica. 

Qualificar e difundir o CAB 34 ampliando sua aplicabilidade nos territórios  

Nesse  sentido,  sugere‐se  apropriação  das  recentes  produções  desenvolvidas  na  CGMAD  do 

Ministério da  Saúde, que  visa  contribuir para  construção de práticas de  cuidado que  considerem o 

sujeito em  sua  subjetividade. Tal produção visa propor práticas que expressam a  lógica da atenção 

psicossocial a partir de  reflexões que  reafirmam os princípios do SUS e da Política de Saúde Mental 

incorporando conceitos do campo da filosofia, promoção de saúde e desenvolvimento sustentável em 

torno da felicidade como utopia social, bem como suas implicações para o planejamento do cuidado. 

Nessa direção apontam‐se como estratégias: 

A. Interface com Núcleo de Formação e Educação Permanente e articulação com SGTES, escolas 

de  saúde  pública,  escolas  técnicas  do  SUS  e  entidades  formadoras  parceiras,  numa 

coordenação de esforços pela  transformação do modo de agir  tradicional de boa parte das 

equipes de saúde. 

B. Maior  aproximação  com núcleo de CAPS  a  fim de  construir no  território um entendimento 

compartilhado entre profissionais da Saúde Mental e da Atenção Básica. 

C. Construção de agenda sobre saúde mental na atenção básica nos estados, a ser desenvolvida 

com o apoio local. 

Fortalecer e produzir efeitos práticos da estratégia de formação do projeto Caminhos do Cuidado 

A. Realização de formação e sensibilização para gestores e outros profissionais da ESF (além dos 

ACS). 

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B. Qualificação do cuidado à população de  rua, com enfoque na  implementação das ações dos 

CnR e da questão racial nos municípios. 

Em síntese, a atenção básica é estratégica para o cuidado em saúde mental, pois está instalada no 

território  de  abrangência  do  usuário,  portanto,  a  acessibilidade  é  considerada  uma  estratégia 

fundamental para o acompanhamento em saúde. Desta forma o cuidado em Saúde Mental apresenta 

uma maior ramificação e potencialidade de cobertura de serviços e atenção às pessoas pertencentes 

ao território. 

  Neste  sentido,  o  reconhecimento  Atenção  Básica  como  Componente  da  RAPS,  traz 

importantes respostas para a proposta do cuidado integral aos usuários de álcool e outras drogas sem 

perder a perspectiva da construção de autonomia e exercício de cidadania destas pessoas.  

  As Equipes de Apoio aos serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório 

e os Centros de Convivência  e Cultura não  foram  implantadas  conforme preconizado pela  Portaria 

3088/2011, dado que os equipamentos referentes não foram implantados.  

Desde  2013,  apesar  dos  desafios,  é  evidente  que  o  Governo  Federal  está  investindo  para 

qualificar  os  serviços  existentes  e  estruturar  os  demais  pontos  de  atenção  da  RAPS.  É  preciso 

intensificar as estratégias de matriciamento e fortalecimento de uma lógica de cuidado compartilhado 

que  expresse,  de  modo  mais  efetivo,  os  princípios  das  duas  políticas  e  cujas  interfaces  são 

reconhecidamente potência para qualidade do cuidado. 

4.2. ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ESTRATÉGICA 

Constituído pelos Centros de Atenção Psicossocial  (CAPS) em suas diferentes modalidades, o 

Componente Atenção Psicossocial Especializada é entendido como ordenador do cuidado de pessoas 

com  necessidades  decorrentes  de  sofrimento  psíquico  e/ou  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas, 

juntamente com a Atenção Básica, tendo como princípios a integralidade, a atenção comunitária e em 

rede.  Dessa  forma,  é  estratégica  a  sua  ampliação  e  qualificação  para  efetivação  da 

desinstitucionalização, da garantia do exercício da cidadania e da promoção de possibilidades de vida. 

Por este motivo, decidiu‐se nomeá‐lo: Componente Atenção Psicossocial Estratégica. 

Com a  instituição da RAPS, reitera‐se o papel do CAPS como articulador e regulador da rede 

em seus diferentes pontos de atenção, aspecto estruturante quando considerado a sua atuação junto 

às Unidades de Acolhimento e Serviços Residenciais Terapêuticos (cadastrados no CNES dos CAPS de 

referência), para  além dos  leitos de  saúde mental  em hospital  geral,  equipes de  Saúde da  Família, 

SAMU etc. 

Atualmente é possível verificar a capilaridade deste componente junto aos territórios, que no 

ano de 2015 totalizava a existência de 2328 serviços habilitados pelo Ministério da Saúde. Os gráficos e 

tabelas abaixo demonstram o panorama da expansão e implantação dos CAPS no país.  

 

 

 

 

 

 

 

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Gráfico 2. Série histórica de expansão dos CAPS (Brasil, dez/1998 a 2015)  

 Fonte:  Coordenação  Geral  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas/DAPES/SAS/MS.  Após  2001:  Sistematização  dos Estabelecimentos Habilitados por meio de portaria específica. Antes de 2001: Levantamento CAPS Disque‐Saúde. 

Os  dados  acima  indicam  um  padrão  de  crescimento  relativamente  estável  e  progressivo, 

apontando  para  a  consolidação  do modelo  territorial  e  comunitário  de  cuidado  para  pessoas  com 

sofrimento  e/ou  transtornos mentais  e  com  necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras 

drogas. 

Isso pode  ser visualizado  também na evolução dos mapas com  indicadores de  cobertura de 

CAPS/100 mil habitantes em 2006, 2010 e 2015. A escala  indica, em  tons de azul, a  cobertura dos 

municípios. Quanto mais escuro o azul, melhor a cobertura. 

   

148 179 208295

424 500605

738

10101155

13261467

16201742

19372062

22092328

0

500

1000

1500

2000

2500

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015CA

PS

Anos

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Figura 2. Mapas com evolução do indicador de cobertura de CAPS/100 mil habitantes (Brasil 2006, 2011 e 2015)    

2006              2011              2015    

             

    Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

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Os mapas acima permitem  visualizar  a expansão e a  interiorização de  serviços no  território 

brasileiro  ao  longo  dos  anos. Observa‐se,  ainda,  o  adensamento  de  serviços  no  litoral  do  país  e  o 

importante crescimento da implantação de serviços na região Norte. 

Outro  fato  que  pode  ter  impulsionado  esta  expansão  nos  últimos  anos  foi  a  redução  do 

parâmetro  populacional  para  implantação  de  CAPS,  conforme  a  republicação  em  30/12/2011  da 

Portaria nº 3088 de 23 de dezembro de 2013, como pode ser visto no quadro abaixo: 

Quadro 3. Redução parâmetro populacional para implantação de CAPS 

   Parâmetro anterior Parâmetro após Republicação 

Portaria 3088/2011 

Componente Atenção Psicossocial Estratégica 

CAPS I 

Municípios  ou  regiões  com 

pop.  acima  de  20  mil 

habitantes 

Municípios  ou  regiões  com  pop. 

acima de 15 mil habitantes 

CAPS II 

Municípios  ou  regiões  com 

pop.  acima  de  70  mil 

habitantes 

Municípios  ou  regiões  com  pop. 

acima de 70 mil habitantes 

CAPS III 

Municípios  ou  regiões  com 

pop.  acima  de  200  mil 

habitantes 

Municípios  ou  regiões  com  pop. 

acima de 150 mil habitantes 

CAPS 

AD 

Municípios  ou  regiões  com 

pop.  acima  de  70  mil 

habitantes 

Municípios  ou  regiões  com  pop. 

acima de 70 mil habitantes 

CAPS 

AD III 

Municípios  ou  regiões  com 

pop.  acima  de  200  mil 

habitantes 

Municípios  ou  regiões  com  pop. 

acima de 150 mil habitantes 

CAPS i 

Municípios  ou  regiões  com 

pop.  acima  de  150  mil 

habitantes 

Municípios  ou  regiões  com  pop. 

acima de 70 mil habitantes 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Esta mudança permite contemplar um número maior de municípios de pequeno e médio porte 

para  implantação  de  serviços  do  tipo  CAPS  I,  municípios  de  médio  porte  para  CAPSi,  e  novos 

municípios de grande porte  com a possibilidade de  terem  serviços de atenção 24 horas  (CAPS  III e 

CAPS ad III). 

O  Gráfico  2  abaixo  apresenta  a  série  histórica  do  indicador  de  cobertura  CAPS/100  mil 

habitantes nas quatro regiões brasileiras: 

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Gráfico 3. Série histórica Indicador de Cobertura de CAPS/100 mil habitantes, por região (Brasil, dez/2002 a dez/2015)

 Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Instituto Brasileiro de 

Geografia e Estatística (IBGE).  

Destaca‐se o contínuo crescimento do  Indicador nas regiões Nordeste e Sul, que apresentam 

os  índices mais altos de cobertura de CAPS/100 mil habitantes no Brasil, seguidos da região Sudeste, 

Centro‐Oeste e Norte. Todas as regiões do país apresentam taxa positiva de crescimento, o que aponta 

para o comprometimento nacional com a ampliação dos serviços substitutivos de base comunitária. A 

expansão de serviços segue mesmo nas regiões com o Indicador de Cobertura considerado muito bom.  

Entre os anos de 2014 e 2015, as Regiões Norte e Nordeste  tiveram expressivo aumento de 

cobertura. Destaca‐se o  esforço dos  estados das Regiões Norte  e Nordeste, nos últimos dois  anos, 

voltado ao  fomento de espaços de discussão colegiada e pactuação dos Planos de Ação da Rede de 

Atenção Psicossocial  (PAR/RAPS), o que pode  ter contribuído para a difusão e compartilhamento da 

Política  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas  nos  territórios,  bem  como  para  o  avanço  na 

construção mais coletiva do diagnóstico das necessidades e particularidades locais, incluindo as formas 

de  enfrentamento  para  a  efetivação  da  Política  e  a  apropriação  dos mecanismos  de  solicitação  de 

recursos federais destinados aos pontos de atenção da RAPS.  

 Vale  salientar, no entanto, que este  indicador é menos  sensível às peculiaridades da  região 

Norte, tendo em vista sua grande extensão territorial, a dispersão e a baixa densidade populacionais, 

as  dificuldades  de  acesso,  a  diversidade  étnico‐cultural  entre  outras,  que  constituem  desafios 

particulares  para  a  implantação  dos  serviços  e  a  garantia  de  acesso,  exigindo  aperfeiçoamento  do 

próprio sistema de saúde e de sua gestão.  

Análise da Expansão dos CAPS  

No ano de 2012,  frente à discussão do Plano  Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras 

drogas,  publicou‐se  a  Portaria  nº  130  de  26  de  janeiro  de  2012  redefinindo  o  Centro  de  Atenção 

Psicossocial,  Álcool  e  outras Drogas  24  horas  (CAPS  ad  III)  e  os  respectivos  incentivos  financeiros. 

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Centro‐oeste

Nordeste

Norte

Sudeste

Sul

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Conforme a Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas se consolida, novos serviços são 

instituídos,  com base nas necessidades vivenciadas e  inovações/experiências  criadas nos  territórios. 

Foi o que  se deu  com a expansão do  cuidado  contínuo, nas 24 horas dos 07 dias da  semana, para 

pessoas  com  necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas  em  situações  de maior 

complexidade. Desde a publicação desta portaria, foram implantados 88 CAPS ad III em todo o país.  

A tabela abaixo a expansão do número de CAPS no Brasil por tipologia. Pode‐se verificar que 

no período de 2011 a 2015 houve uma expansão de 708 CAPS (374 CAPS I, 70 CAPS II, 37 CAPS III, 88 

CAPS AD III, 82 CAPS i, 57 CAPS ad).   

Tabela 7. Série histórica do número de CAPS habilitados no Brasil por Tipo (Brasil, dez/2006 a 2015) 

Ano   CAPS I  CAPS II  CAPS III  CAPSi  CAPSad  CAPSad III Total 

2006  437  322  38  75  138   ‐  1010 

2007  526  346  39  84  160   ‐  1155 

2008  618  382  39  101  186   ‐  1326 

2009  686  400  46  112  223   ‐  1467 

2010  761  418  55  128  258   ‐  1620 

2011  822  431  63  149  272  5  1742 

2012  907  464  72  174  293  27  1937 

2013  978  471  78  187  301  47  2062 

2014  1069  476  85  201  309  69  2209 

2015  1135  488  92  210  315  88  2328 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS. Sistematização dos Estabelecimentos Habilitados por meio de portaria específica. 

 

Destaca‐se  a  ampliação  dos  CAPS  I  entre  2011  e  2015,  dispositivos  estratégicos  para 

municípios com população a partir de 15 mil habitantes, sendo responsáveis pela atenção psicossocial 

das  diferentes  demandas  do  território  de  adultos  e  da  população  infanto‐juvenil,  considerando  as 

necessidades relacionadas ao sofrimento e/ou transtornos mentais, bem como aquelas decorrentes do 

uso de álcool e outras drogas. Por  conta do escopo da  sua atuação, este ponto de atenção  requer 

maior  articulação  e  desenvolvimento  de  arranjos  de  trabalho  conjunto  com  os  componentes  da 

Atenção Básica ‐ recurso de saúde mais presente nos municípios de pequeno e médio porte. Por outro 

lado, a necessidade de  suporte de outros  componentes da RAPS, para garantia da  continuidade do 

cuidado, como  leitos de  saúde mental em hospital geral, por exemplo, configura‐se como  tarefa de 

uma pactuação  regional. Apesar de normatizada  a possibilidade de  realização do procedimento de 

acolhimento noturno nestes serviços, percebe‐se uma limitação prática em sua implementação, o que 

acarreta também na necessidade de apoio de outros serviços em municípios próximos e maiores para 

efetivação de uma  rede  integral. No mais,  cabe destacar o desafio de  fortalecer  a  estruturação de 

ações nos CAPS  I de modo  a  garantir‐se  a  atenção  integral  também  ao público  infanto‐juvenil,  em 

conformidade com as normativas vigentes.    

No que tange aos CAPSi, é preciso apontar que seu processo de expansão não condiz com a 

necessidade  do  assistencial  do  público  infantojuvenil.  Os  fóruns  de  saúde mental  infantojuvenil  e 

demais espaços coletivos de discussão sobre a atenção psicossocial a essa população apontam para a 

necessidade de ampliação da cobertura de CAPSi no país, ressaltando a premissa de que tais serviços 

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ofertem ações que respondam às diferentes necessidades de saúde mental e álcool e outras drogas de 

crianças, adolescentes e jovens.  

Outro desafio apresentado refere‐se à expansão de CAPS com  funcionamento 24 horas, seja 

CAPS  III ou CAPS ad  III. Dos 191 municípios com mais de 150 mil habitantes  (estimativa  IBGE 2015), 

apenas 64 contam atualmente com ao menos um CAPS 24 horas. Destes, 48 municípios possuem CAPS 

III e 37 CAPS ad III. Apenas 22 municípios contam com pelo menos 01 CAPS III e 01 CAPS ad III. A tabela 

abaixo apresenta dados dos CAPS por tipo, UF e quantidade de Municípios Elegíveis. 

Tabela  8.  Distribuição  dos  CAPS  por  município  elegível  (ME)  e  número  de  municípios  com  CAPS habilitados por UF (Brasil, dez/2006 a 2015) 

UF População 

(IBGE 2013) CAPS I 

CAPS 

II 

CAPS 

III CAPSi 

CAPS 

AD 

CAPS 

AD III 

Total 

Geral 

Municípios 

com CAPS ME  

Região 

Norte 15864454  94  33  6  6  9  7  155  127  239 

AC  733559  3  1     1 5 5  14

AM  3483985  14  5  1  1 1 22 19  52

AP  669526           1 1 1 3 2  7 

PA  7581051  48  16  4  3 6 1 78 63  119

RO  1562409  14  5     1 1 21 18  27

RR  450479  5  1  1  1 8 6  6 

TO  1383445  10  5     3 18 14  14

Região 

Nordeste 53081950  501  144  22  45  84  25  821  625  872 

AL  3120494  47  6     1 2 1 57 51  56

BA  14016906  158  35  3  10 16 4 226 181  255

CE  8452381  65  30  3  7 23 3 131 93  132

MA  6574789  45  16  3  3 7 74 63  135

PB  3766528  53  8  4  9 6 8 88 60  57

PE  8796448  49  26  4  8 15 4 106 72  131

PI  3118360  41  8  1  2 6 2 60 47  36

RN  3168027  18  11  1  3 5 2 40 30  34

SE  2068017  25  4  3  2 4 1 39 28  36

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Região 

Centro‐

Oeste 

14058094  75  27  2  9  20  6  139  96  157 

DF  2570160  1  3     1 4 3 12 1  1 

GO  6003788  34  15  1  3 8 2 63 47  66

MS  2449024  11  6  1  2 3 1 24 17  39

MT  3035122  29  3     3 5 40 31  51

Região 

Sudeste 80364410  274  200  55  108  135  29  801  456  685 

ES  3514952  10  8  1  1 4 1 25 18  47

MG  19597330  139  53  15  21 32 11 271 194  255

RJ  15989929  43  46  3  25 21 2 140 77  75

SP  41262199  82  93  36  61 78 15 365 167  308

Região Sul  27389572  191  84  7  42 67 21 412 265  338

PR  10444526  56  28  4  12 25 8 133 84  125

RS  10696610  76  42  1  21 29 12 181 108  124

SC  6248436  59  14  2  9 13 1 98 73  89

Total Geral  190758480  1135 488  92  210 315 88 2328 1569  2291

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 

 

A tabela acima apresenta a distribuição dos CAPS habilitados pelo Ministério da Saúde, por UF, tipo de serviço, até dezembro de 2015. Considerando  a  elegibilidade,  somente  os  estados  de  Roraima  e Mato Grosso  ainda  não  possuem 

nenhum CAPS com atenção contínua (CAPS III ou CAPS ad III) habilitados, e outros três da Região Norte 

(AC, RR e TO) não dispõem de CAPSi habilitados. 

Este cenário apresenta o momento atual da  implementação da Política de Nacional de Saúde 

Mental, Álcool e Outras Drogas e  indica também a necessidade de fortalecer e avançar na expansão 

dos CAPS e da RAPS como um todo. 

Com publicação do Decreto nº 7508/2011,  a discussão  sobre os  efeitos  e  as  estratégias de 

regionalização dos serviços no contexto da RAPS configura‐se como um aspecto a ser priorizado nos 

próximos anos. No que se  refere aos CAPS, a organização de serviços com cobertura  regional, deve 

implicar no planejamento e construção de arranjos específicos pelos municípios, a fim de garantir‐se 

no cotidiano de trabalho o seu princípio territorial e comunitário.  Ao longo dos anos foram habilitados 

junto ao Ministério da Saúde CAPS com cobertura  regional. É  fundamental que a organização deste 

tipo de  serviço, em  sendo  referência para mais de um município, considere novos dispositivos para 

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efetivação da articulação intersetorial, das ações de matriciamento vinculada a diferentes municípios, 

bem  como  para  o  acompanhamento  cotidiano  dos  usuários  de  referência  na  relação  com  os  seus 

espaços de  vida, a partir da  construção de um Plano Terapêutico  Singular,  construído em  conjunto 

com a finalidade responder as reais necessidades de saúde.  

Os apontamentos acima não são novidade para os atores sociais implicados com a construção 

da  reforma  psiquiátrica,  pois  são  frutos  das  deliberações  das  Conferências  de  Saúde Mental  e  dos 

demais encontros para a consolidação da política. Sendo assim, optamos por trazer neste relatório de 

gestão  alguns  desafios  a  serem  considerados  quando  na  discussão  do  CAPS  regional  junto  aos 

territórios:  

As estratégias de fortalecimento do cuidado em saúde mental nos serviços de atenção básica, especialmente nos municípios com menos de 15 mil habitantes, quando  tal componente da RAPS é prioritário no território, realizando o acompanhamento psicossocial no cotidiano.  

A  constituição  de  dispositivos  e  fluxos  de  rede  adequados  às  características  e  dimensões populacionais, com vistas à garantia da continuidade do cuidado nas 24h do dia.  

A  composição  e  tamanho  da  equipe  adequadas  às  necessidades  dos  CAPS  para  que  tais serviços  possam    desenvolver  ações  da  clínica  psicossocial  em  determinado  território  com população adscrita, abarcando práticas diárias de atenção que  superem a  lógica biomédica, promovam  articulação  com  demais  dispositivos  intersetoriais  e  serviços  de  saúde,  além  de novos espaços  sociais de  cidadania e participação  social,  com protagonismo de usuários de familiares.   

No bojo dos desafios prementes para o fortalecimento e sustentabilidade dos CAPS mantém‐

se  como  um  desafio  de  gestão  a  discussão  aprofundada  dos  valores  dos  recursos  financeiros  de 

custeio,  bem  como  a  revisão  na  composição  e  da  quantidade  de  profissionais  previstos  na  equipe 

mínima  (Portaria nº 336/2002) destes serviços. Ambos os aspectos estão  interligados, sobremaneira 

pelo fato de serem exceções os estados que dispõem de recursos para o cofinanciamento dos CAPS.  

O cuidado ofertado pelos CAPS  

A  constituição  de  uma  rede  efetivamente  forte  e  que  supere  à  lógica,  as  instituições  e  as 

estruturas manicomiais exige a  implicação de  serviços articulados e  comprometidos  com a atenção 

contínua, o que significa garantir o atendimento às situações de crise em saúde mental, álcool e outas 

drogas  nos  cenários  reais  do  cotidiano  dos  territórios.  Quais  os  formatos  e  arranjos  de  rede 

necessários  para  que  se  garanta  a  atenção  psicossocial  nas  24  horas  do  dia?  Para  a  verdadeira 

substituição das internações em instituições manicomiais é fundamental que haja serviços fortemente 

organizados para garantir o acolhimento noturno e nos finais de semana. 

Com  a  publicação  da  Portaria  nº  854,  de  22  de  agosto  de  2012,  todos  CAPS  –  nas  suas 

diferentes modalidades – passaram a ter a possibilidade de realizar o acolhimento noturno e de final 

de  semana,  de  forma  a  ampliar  os  recursos  terapêuticos  nas  situações  de  crise.  Trata‐se  de  uma 

estratégia  recente para os CAPS que  não  são habilitados  como  serviços  24 horas  e, nesse  sentido, 

configura‐se  como  estratégico  promover  articulações  junto  aos  territórios  para  que  tais  ações  se 

capilarizem.  Torna‐se,  então,  imprescindível  a  discussão  sobre  financiamento,  visto  que  a 

implementação da estratégia do acolhimento noturno e de final de semana implica na disponibilidade 

da equipe e adequação dos espaços internos dos serviços. Entretanto, tal medida é insuficiente frente 

ao  desafio  permanente  de  criar  condições  para  que  os  serviços mantenham  as  “portas  abertas”, 

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garantindo o acesso irrestrito e desburocratizado. Como manter as contradições abertas no cotidiano 

dos CAPS de modo a manter sempre viva a necessidade de problematizar as ofertas e “cardápios” de 

ações desenvolvidas? 

Nos  contextos  dos  CAPS  24h,  destaca‐se  a  perspectiva  da  hospitalidade  em  lugar  da 

internação. Os espaços e ambientes dos CAPS  foram objeto de publicação neste período de gestão, 

quando, oportunamente,  reiterou‐se o propósito do  acolhimento  integral  e hospitalidade,  tratando 

desta  última  como  uma  dimensão  relacionada  à  possibilidade  de  “hospedar”, motivo  pelo  qual  os 

CAPS 24h dispõem, essencialmente, de quartos com camas e não de leitos. 

No ano de 2012, o Ministério da Saúde publicou uma série de Portarias que instituíram novos 

procedimentos condizentes ao registro das ações realizadas nos CAPS (Portaria SAS nº 854/2012), nas 

Unidades de Acolhimento (Portaria SAS nº 855/2012) e nas Residências Terapêuticas (Portaria SAS nº 

857/2012).  É  importante  aqui  destacar  o  papel  dos  CAPS  neste  processo,  considerando  ser  este  o 

serviço responsável pelo suporte assistencial e pelas  informações condizentes aos demais pontos de 

atenção. Isto se deve ao fato de não considerarmos as Unidades de Acolhimento e nem as Residências 

Terapêuticas  estabelecimentos  de  saúde  –  por  isso  não  têm  CNES  próprio  –, mas  sim,  dispositivos 

residenciais  destinados,  respectivamente,  ao  acolhimento  temporário  de  pessoas  em  situação  de 

vulnerabilidade  decorrente  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas  e  às  pessoas  egressas  de  internações 

psiquiátricas de longa permanência.  

A alteração da  tabela de procedimentos  relativa às ações promovidas nos CAPS buscou dar 

sequência  às  medidas  de  superação  da  lógica  de  produtividade  atrelada  ao  funcionamento  dos 

serviços,  incidindo  sobre  os  conceitos  de  intensividade  (intensivo,  semi‐intensivo  e  não  intensivo) 

baseados  na  frequência  e  no  número  de  procedimentos  realizados  pelos  serviços  na  atenção  aos 

usuários  e  familiares.  A  substituição  da  APAC  para  o  Registro  das  Ações  Ambulatoriais  de  Saúde 

(RAAS)  tem em vista, nesse  sentido, a  indução de novas práticas, bem  como a maior visibilidade e 

diversificação da  informação das ações desenvolvidas pelos CAPS,  levando em conta a complexidade 

deste  ponto  de  atenção  da  RAPS  e  o  alinhamento  à  perspectiva  da  reabilitação  psicossocial  como 

produção de cidadania.  

Definiram‐se 20 procedimentos pautados nas necessidades  reais dos  contextos de  vida dos 

usuários  e  familiares  nos  serviços  e  no  território.  Destaca‐se  a  criação  de  procedimentos  de 

acolhimento inicial, atendimento familiar, atendimento domiciliar, atenção às situações de crise, ações 

de Redução de Danos, ações de articulação em redes intra e intersetoriais, matriciamento de equipes 

da atenção básica, matriciamento dos pontos de atenção da Rede de Urgência e Emergência e dos 

Serviços Hospitalares de Referência, promoção de contratualidade e fortalecimento do protagonismo 

de usuários.  Incluiu‐se, ainda, a possibilidade de  registro das ações  realizadas pela equipe do CAPS 

voltadas  ao  acompanhamento  dos  Serviços  Residenciais  Terapêuticos  (SRT),  das  Unidades  de 

Acolhimento (UA) e Serviços de Atenção em Regime Residencial (SARR). 

Além disso, a Portaria nº 854/2012 ampliou a relação de quadros diagnósticos (CID) e a faixa 

etária do público dos serviços (0 a 110 anos), com destaque para a possibilidade de atendimento de 

jovens  com  até 25 anos nos CAPSi e a partir de 06 anos nos CAPS ad e CAPS ad  III. Esta mudança 

corrobora com o propósito de contribuir para que a lógica do cuidado nos CAPS, independente da sua 

tipologia,  ponha  em  evidência  a  dimensão  psicossocial  dos  sujeitos  em  seus  contextos  e,  entre 

parênteses, a dimensão biomédica.  

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Estabeleceu‐se,  ainda,  a  obrigatoriedade  de  preenchimento  da  Ficha  Cadastral  de 

Estabelecimento  de  Saúde  (FCES)  complementar  nº  35,  no  Sistema  de  Cadastro  Nacional  dos 

Estabelecimentos  de  Saúde  –  SCNES.  A  FCES  foi  criada  em  conjunto  com  o  Departamento  de 

Regulação,  Controle  e  Avaliação  de  Sistemas  (DRAC/SAS)  do Ministério  da  Saúde,  com  intuito  de 

atualizar  os  dados  de  endereço  e  equipe  dos  pontos  de  atenção  e  disponibilizar  informações 

atualizadas sobre a estrutura do serviço e sobre a rede de atenção municipal e/ou regional. 

Instrumentos de registro das informações  

Os  novos  procedimentos  de  CAPS  vêm,  portanto,  acompanhados  de  novo  instrumento  de 

informação  das  ações  realizadas,  qual  seja  o  RAAS  psicossocial,  que  traz  também  informações 

importantes relativas ao usuário e o seu atendimento, tais como:  

Informação sobre o uso de álcool, crack e/ou outras drogas por parte do usuário;  

Informações sobre a origem do usuário;  

Informações sobre encaminhamentos;  

Possibilidade de informar se a ação foi realizada no CAPS ou no território.  

O sistema de Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde possui formulário próprio para a atenção 

psicossocial  (RAAS psicossocial) e a  lógica do  registro de ações proposta pela Portaria nº 854/2012, 

estabeleceu  que  os  procedimentos  relativos  ao  cuidado  direto  dos  usuários  do  serviço  e/ou  seus 

familiares dentro ou fora da unidade, após ingresso no serviço, devem ser informados através do RAAS 

da  Atenção  Psicossocial.  Cada  usuário  possui  um  RAAS  único,  que  poderá  conter  diversos 

procedimentos. 

Além  do  RAAS,  também  foram  estabelecidos  como  instrumentos  de  informação  para  os  novos 

procedimentos  o  BPA/I  ‐  Boletim  de  Produção  Ambulatorial  Individualizado  e  BPA/C  ‐  Boletim  de 

Produção Ambulatorial Consolidado.  

O  BPA/C  é  o  instrumento  de  registro  das  ações  institucionais,  de  articulação  e  sustentação  de 

redes de cuidado, tais como matriciamento, ações de Redução de Danos, ações intra e intersetoriais, 

etc. O único procedimento a ser informado através do BPA/I é o procedimento de Acolhimento Inicial 

por Centro de Atenção Psicossocial. A criação deste procedimento e o estabelecimento de formulário 

próprio para esta informação têm como objetivo dar visibilidade e ofertar uma base de dados para que 

o município tenha informações para a organização de sua Rede.  

No entanto, como ocorre em toda mudança nos sistemas de informação, observa‐se, desde 2012, 

uma  queda  significativa  nos  registros  de  atendimentos  pelos  CAPS.  No  período  de  2008  a  2011, 

observava‐se uma tendência crescente no registro ambulatorial em saúde mental, com um aumento 

médio de quase dois milhões de procedimentos ao ano (Fig. 1). Considerando a expansão dos CAPS, 

caso  essa  tendência  fosse  mantida,  seria  esperado  um  volume  de  cerca  de  28,9  milhões  de 

procedimentos/ano em 2014. No entanto, essa tendência foi alterada a partir de 2012, provavelmente 

em decorrência de mudanças nos instrumentos de registro e procedimentos. 

 

      

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Gráfico  4.  Evolução  dos  registros  de  procedimentos  ambulatoriais  em  saúde mental  aprovados  e estimativa da produção se mantida a tendência anterior. Brasil, 2008‐2014 

 

 Fonte: Datasus e S.I.A.‐SUS 

Diante  das  alterações  instituídas  pela  Portaria  nº  854/2012,  a  CGMAD  realizou  ações  para 

qualificar tanto o entendimento acerca dos procedimentos quanto da alimentação dos  instrumentos 

de informação por parte dos territórios, quais sejam: 

Nota  Técnica da CGMAD de  setembro de 2012 destinada  a  coordenadores  (as)  estaduais  e 

municipais  de  saúde mental  e  trabalhadores  (as) dos Centros de Atenção  Psicossocial  e  da 

RAPS, com  informações que visavam esclarecer possíveis dúvidas e facilitar o preenchimento 

dos novos procedimentos; 

Videoconferência realizada em 21 de novembro de 2014 sobre os procedimentos da Portaria 

nº 854/2012, com o intuito de fortalecer a compreensão acerca das ações desenvolvidas nos 

CAPS,  qualificar  a  informação  produzida  e  fomentar  a  discussão  entre  gestores  (as), 

trabalhadores  (as), usuários  (as) e  familiares  sobre o papel desempenhado pelos pontos de 

atenção da RAPS. 

Videoconferência realizada em 06 de  julho de 2015 sobre o Registro de Ações Ambulatoriais 

de  Saúde  (RAAS),  com  vistas  a  melhorar  o  processo  de  alimentação  dos  sistemas  de 

informação pelos CAPS,  frente à manifestação de dúvidas remanescentes sobre o manuseio 

do sistema, com a participação de referência  técnica para assuntos relacionados ao sistema 

RAAS da Coordenação Geral de Sistemas de Informação ‐ CGSI/DRAC/SAS/MS. 

Ofícios  enviados  em  julho  de  2015  a  gestores  municipais  e  estaduais  com  o  intuito  de 

comunicar  a  ausência  de  registro  no  Sistema  de  Informação  Ambulatorial  (SIA/SUS)  dos 

procedimentos resultantes de ações dos CAPS e, ainda, informar a necessidade de tomada de 

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

CAPS 1.326 1.467 1.620 1.742 1.937 2.062 2.212

registrado 21.572.4 24.073.1 25.976.2 27.470.4 26.522.4 13.162.4 15.530.3

estimado 21.572.4 24.073.1 25.976.2 27.470.4 30.285.1 32.239.4 34.584.7

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

35.000.000

40.000.000

Reg

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providências  cabíveis  com maior  brevidade  para  identificação  de  problemas  que  poderiam 

comprometer  o  registro mensal  dos  atendimentos,  garantindo  a  alimentação  regular  nos 

sistemas de  informações,  sob o  risco de  suspensão de  recurso na  falta de  registro por  três 

competências consecutivas. 

É  notória  a  relevância  dessa  temática  na  conjuntura  atual  da  RAPS,  se  considerarmos  que  a 

Videoconferência  realizada  em  julho  de  2015  obteve  mais  de  4.000  acessos  em  tempo  real, 

abrangendo cerca de 200 municípios do Brasil, além de visualizações provenientes do Reino Unido e 

Estados Unidos. A participação em tempo real de profissionais e gestores dos estados de Amazonas, 

Piauí, Espírito Santo, Roraima, Paraíba, Rio de Janeiro, Paraná, Ceará, Acre, Tocantins e Pará, através 

dos  pontos  do  DATASUS  estaduais,  contribuiu  para  a  troca  de  informações  e  busca  por  soluções 

coletivas, a partir  também das experiências dos  territórios. O desafio posto  incorre na  regularização 

dos registros pelos serviços com base nas ações realizadas, no acesso ao relatório consolidado com as 

informações produzidas pelos CAPS mensalmente, na análise dos dados para possibilitar a discussão 

do projeto institucional pelos serviços, na simplificação dos mecanismos de alimentação dos sistemas 

de informação, na ampliação das condições de suporte (recursos humanos e materiais) nos CAPS para 

adequação às necessidades de alimentação dos dados. 

Os dados disponíveis no SIA‐SUS ainda não permitem apontar de forma conclusiva os efeitos do 

ofício enviado em  julho/15 aos municípios  com CAPS  sem  registros de procedimentos em 2014, na 

medida em que só dispomos de dados até a competência de outubro/2015 e os  três últimos meses 

(agosto, setembro, outubro) ainda estão no prazo de atualização. Entretanto, apesar da tendência de 

recuperação no volume de registros das ações ambulatoriais de saúde, há necessidade de adoção de 

novas estratégias a fim de construírem‐se subsídios para a definição de indicadores de qualidade para 

a RAPS.  

Diante  da  necessidade  de  intensificar  a  regularização  dos  registros  das  ações  realizadas  pelos 

serviços, além da demanda de alguns estados e municípios relativa à ampliação de mecanismos para 

visibilidade  do  funcionamento  dos  seus  serviços  com  base  nos  sistemas  de  informação,  a  CGMAD 

selecionou  um  conjunto  de  indicadores  de  saúde  mental,  os  quais  estão  sendo  testados  pelo 

Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS (DEMAS/SE/MS) com o objetivo de futuramente 

implantar  um  aplicativo  de monitoramento  com  indicadores  que  se mostrarem mais  consistentes. 

Muitos  desses  indicadores  dependem  da  individualização  dos  dados  por  usuário,  o  que  ainda  não 

constitui uma realidade devido ao fato de que uma mesma pessoa pode ter vários números de cartão 

SUS, problema que exige a utilização de abordagens estatísticas complexas para sua solução. Acredita‐

se que os primeiros resultados desse monitoramento não serão fidedignos devido a esse sub‐registro, 

mas  dará maior  visibilidade  àquilo  que  os  serviços  estão  registrando,  induzindo  dessa  forma  uma 

melhoria na qualidade e quantidade dos dados registrados. Para além disso, o fato do monitoramento 

e avaliação da RAPS constituírem‐se como responsabilidades compartilhadas entre as três esferas de 

gestão  do  SUS,  aponta  para  a  necessidade  de  desenvolver‐se,  de  forma  participativa  e  também 

compartilhada, propostas de indicadores consensuadas e que atendam a complexidade dos territórios.  

Há que se destacar a aqui a Portaria SAS/MS nº 854/2012, que buscou  instrumentalizar os CAPS 

para superar alguns dos desafios aqui mencionados e qualificar a prática dos serviços ao alterar e criar 

novos  procedimentos  para  os  CAPS,  propondo  a  superação  do  mero registro  de  procedimentos 

baseados na frequência do usuário e a  indução de novas práticas alinhadas à clínica realizada nestes 

serviços e aos contextos de vida dos usuários e  familiares. A  instituição desse novo  instrumento de 

registro, juntamente com a organização da rede por meio dos seus componentes, recoloca os desafios 

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da  Política,  no  que  se  refere  ao  lugar  estratégico  ocupado  pelos  CAPS  na  RAPS.  Nesse  sentido,  é 

necessário o aprofundamento da discussão sobre o componente variável de financiamento dos CAPS, 

previsto  pelo  artigo  2º  da  Portaria  GM/MS  nº  3089/2011,  considerando  o  fortalecimento  das 

estratégias territoriais e clínicas em conformidade com a complexidade da atenção de qualidade. 

A estrutura física dos CAPS e Unidades de Acolhimento como lugares da atenção psicossocial 

No  ano  de  2013  foi  publicada  a  Portaria  GM  nº  615/2013,  que  destinou  recursos  para  a 

construção de edificações que  sediem CAPS e Unidades de Acolhimento. No mesmo ano a CGMAD 

iniciou  discussão  em  parceria  com  a  Política  Nacional  de  Humanização  (PNH)  e  com  a  Secretaria 

Executiva  do Ministério  da  Saúde  sobre  a  elaboração  de  projeto  arquitetônico  básico  adequado  à 

proposta  terapêutica  dos  CAPS  e  que  dialogue  com  as  realidades  regionais,  climáticas,  étnicas  e 

sociais.  Essa  discussão  gerou  a  elaboração  dos  projetos  padrões  de  arquitetura8 e  do  documento 

Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como Lugares da Atenção Psicossocial 

nos Territórios  ‐ Orientações para elaboração de projetos de  construção,  reforma e ampliação de 

CAPS e UA9. 

Este  documento  teve  por  objetivo  oferecer  subsídios  e  orientar  gestores,  profissionais  e 

demais  atores  implicados  no  planejamento  de  projetos  de  construção,  reforma  e  ampliação  dos 

ambientes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e das Unidades de Acolhimento (UA), valendo‐

se  da  compreensão  de  que  a  estrutura  física  e  seus  ambientes  constituem  base  operacional 

fundamental  para  a  garantia  da  qualidade  do  cuidado  e  das  relações  entre  usuários,  equipes  e 

territórios  e  que  pode  contribuir  para  a  expansão,  sustentabilidade  e  fortalecimento  da 

implementação das RAPS.  

Com  a  proposta  de  diálogo  e  adequação  às  realidades  e  contextos  socioculturais  locais, 

levando‐se em conta  tanto o número previsto de profissionais, usuários,  familiares, comunidade em 

geral, bem  como  residentes, estagiários e docentes, estes pontos de atenção  são entendidos  como 

cenários de práticas para os processos de formação de profissionais em consonância com as diretrizes 

e princípios do SUS. Propõe‐se que os projetos arquitetônicos e de ambiência promovam relações e 

processos de trabalho também em consonância com as diretrizes e objetivos da RAPS, caracterizados 

pela atenção humanizada, de base comunitária/territorial, substitutiva ao modelo asilar, pelo respeito 

aos  direitos  humanos,  à  autonomia  e  liberdade  das  pessoas,  orientada  pelas  pela  garantia  da 

qualidade e da humanização da atenção no SUS.  

4.3. ATENÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 

O  componente  de  atenção  às  urgências  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial  (RAPS) marca  a 

necessária transversalidade entre a RAPS e a Rede de Atenção às Urgências (RUE). As normativas que 

regulamentam  a  Política  Nacional  de  Atenção  às  Urgências  e  a  RUE  (Portaria  GM  1600,  de  2011) 

estabelecem que as urgências ditas psiquiátricas devam ser acolhidas pelos pontos de atenção da RUE. 

Ao mesmo tempo, as normativas da RAPS também  incluem pontos de atenção, tais como Serviço de 

Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Portas Hospitalares 

de Atenção às Urgências (Pronto Socorro) como serviços da RAPS.  

8 http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/802-sas-raiz/daet-raiz/saude-mental/l1-saude-mental/17820-projetos-padroes-de-arquitetura 9 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.pdf

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No entanto, podemos afirmar que há muitas barreiras de acesso das pessoas com transtorno 

mental  e/ou  usuários  de  drogas  a  serviços  que  não  sejam  “exclusivos”  da  RAPS.  O  imaginário  da 

periculosidade, o estigma, o preconceito e o desconhecimento revelam‐se como barreiras de acesso 

para pessoas em situações de crise em saúde mental aos serviços do SUS de maneira geral. A resposta 

ofertada  historicamente  para  as  situações  de  crise  em  saúde  mental  traduzia‐se  única  e 

exclusivamente  pela  internação  em  hospitais  psiquiátricos.  Diante  desse  contexto,  apontamos  a 

necessidade  de  qualificação  das  práticas  de  cuidado  nas  situações  de  crise  e  urgências  em  saúde 

mental. 

Outro ponto que merece  ser destacado em  relação  a este  componente é que  somente  em 

torno de 3% da totalidade dos municípios brasileiros (em torno de 180) possuem população acima de 

150 mil  habitantes,  que  é  o  critério  populacional  definido  pelas  normativas  para  implantação  de 

serviços CAPS 24h. Do  total de CAPS habilitados pelo Mistério da Saúde apenas 8%  são habilitados 

como serviços 24h (180 CAPS).  

Dessa  forma,  destaca‐se  como  uma  das  principais  dificuldades  a  garantia  de  hospitalidade 

noturna nos CAPS. Durante o ano de 2012 foram realizadas visitas técnicas a municípios que possuíam 

CAPS II e CAPS AD para tentativa de indução de qualificação para funcionamento 24h.  

Desponta como um desafio o aumento de custeio para ações e serviços com foco na atenção à crise.   

Nesse sentido, no período de 2011‐2015, a CGMAD trabalhou no apoio aos estados e municípios para 

que a atenção contínua na perspectiva da desinstitucionalização possa ser favorecida por: 

Centros de Atenção Psicossocial que funcionem 24h. 

SAMU  e  UPA  acessíveis  para  as  demandas  de  saúde mental  e  que  possam  ofertar 

suporte noturno para os CAPS. 

Leitos de retaguarda em hospital geral com articulação com a rede. 

Regulação  do  acesso  a  RAPS  que  garanta  a  primazia  dos  serviços  territoriais  em 

detrimento da internação como principal resposta. 

É um grande desafio construir arranjos locais e pactuações regionais que garantam a atenção 

contínua, principalmente considerando os municípios de menor porte. Sessenta por cento (60%) dos 

municípios brasileiros apresentam população  inferior a 15 mil habitantes  (critério populacional para 

implantação de CAPS I). Logo, construir processos junto à Atenção Básica (AB) para que demandas da 

atenção psicossocial possam ser acolhidas,  incluindo situações de crise e algumas urgências, também 

se mostra como um desafio, principalmente se considerarmos localidades onde não há CAPS ou que se 

encontram geograficamente distantes dos grandes centros e cidades maiores. 

A  função estratégica do CAPS no acolhimento das situações de crise e seu papel articulador 

junto aos demais pontos de atenção da RAPS são tensionamentos que se fazem constantes junto aos 

estados e municípios por meio do apoio técnico institucional. No entanto, apesar da diversificação dos 

espaços e estratégias, algumas práticas manicomiais permanecem operando nos momentos de maior 

fragilidade que são os momentos de crise. A ênfase na tutela e no controle por meio de intervenções 

invasivas tais como contenção física, química e internações involuntárias ainda são comuns. 

Podemos  apontar  três  ações  importantes  para  qualificação  da  atenção  à  crise  e  urgências  em 

saúde mental: 

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1. Realização de  curso na modalidade EAD Atenção à Crise e Urgências em Saúde Mental, em parceria com a SGTES/MS e Universidade Federal de Santa Catarina por meio de um convênio. O curso chegou a 1189 municípios do Brasil e certificou 1.994 alunos no período de 2014 e 2015, dos quais 117 alunos atuavam em UPA e Pronto Socorro. 

2. A  Linha de Ação de Atenção à Crise em Saúde Mental, do Projeto Percursos Formativos na RAPS,  abrangendo  18  municípios  envolvidos  na  construção  de  práticas  que  sustentem  o cuidado no território, sendo três deles redes receptoras.  

3. A  construção dos Protocolos Assistenciais em  Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas para o SAMU. 

A  interlocução  com  o  Departamento  de  Atenção  Hospitalar  e  Urgências  (DAHU)  sempre  foi 

buscada como uma estratégia para fortalecimento das ações da RAPS para atendimento das urgências 

e  emergências.  Em  2014  foi  criado  um  grupo  de  trabalho  composto  por  diversos  profissionais  de 

SAMU do Brasil  e  alguns  representantes do MS para  elaboração de protocolos  assistenciais para o 

SAMU. Cabe destacar que os protocolos de apoio para manejo de  situações  relacionadas à atenção 

psicossocial estão na parte dos Protocolos Clínicos. O protocolo de contenção física traduz‐se por um 

procedimento, não se restringindo ou vinculando diretamente às situações de saúde mental. 

No final de 2014 foram publicados, tanto para suporte básico de vida (SBV) quanto para suporte 

avançado (SAV), os seguintes protocolos: 

Manejo da Crise em Saúde Mental ‐ BC28 (SBV), AC39 (SAV)  

Agitação e situação de violência ‐ BC29 (SBV), AC40 (SAV) 

Intoxicação e abstinência alcóolica ‐ BC30 (SBV), AC41 (SAV) 

Intoxicação por drogas estimulantes ‐ BC31 (SBV), AC42 (SAV) 

Um  aspecto  que  se  configura  como  desafio  corresponde  ao  necessário  aprofundamento  das 

discussões  sobre  as  crises  relacionadas  ao  uso  de  álcool  e  outras  drogas  para  além  dos  casos  de 

intoxicação e abstinência.  

Outra  ação  que merece  ser  destacada  foi  a  realização,  em  novembro  de  2015,  do  I  Simpósio 

Internacional  de  Saúde  Mental  na  Gestão  Integral  de  Riscos  e  Desastres.  O  evento  reuniu  150 

participantes entre gestores e trabalhadores do Sistema Único de Saúde, Sistema Único de Assistência 

Social, Defesa Civil, docentes da área de Saúde Mental e áreas afins. Resultado da união de esforços 

entre o Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, a Organização 

Pan  Americana  de  Saúde  e  a  Universidade  de  Brasília,  a  proposta  do  Simpósio  foi  ampliar  as 

possibilidades de trabalho e aprendizado, bem como auxiliar a capacidade de gestores e profissionais 

(SUS,  SUAS  e Defesa  Civil)  na  promoção  de  atenção  psicossocial  e  cuidados  em  saúde mental  em 

situações de desastres. 

4.4. ATENÇÃO RESIDENCIAL DE CARÁTER TRANSITÓRIO 

  Este Componente busca assegurar o disposto na Lei 10.216/01 e está organizado na RAPS por 

iniciativas  que  visam  garantir  às  pessoas  com  necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras 

drogas, em situação de vulnerabilidade, o cuidado  integral por meio de estratégias substitutivas, na 

perspectiva da garantia de direitos com a promoção de autonomia, contratualidade e o exercício de 

cidadania, buscando sua progressiva inclusão social. 

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A  Portaria  nº  3088/2011,  no  seu  artigo  9º  estabelece  os  pontos  de  atenção  na  Rede  de 

Atenção Psicossocial referentes ao componente Atenção Residencial de Caráter Transitório: 

I  ‐ Unidade  de Acolhimento  (Portaria  nº  121,  de  25  de  janeiro  de  2012):  oferece  cuidados 

contínuos  de  saúde,  com  funcionamento  de  vinte  e  quatro  horas,  em  ambiente  residencial,  para 

pessoas com necessidade decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de ambos os sexos, que 

apresentem  acentuada  vulnerabilidade  social  e/ou  familiar  e  demandem  acompanhamento 

terapêutico e protetivo de caráter transitório; 

II  ‐ Serviços de Atenção em Regime Residencial  (Portaria nº 131, de 26 de  janeiro de 2012), 

entre os quais Comunidades Terapêuticas: serviço de saúde destinado a oferecer cuidados contínuos 

de saúde, de caráter residencial transitório por até nove meses para adultos com necessidades clínicas 

estáveis decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. 

Unidade de Acolhimento 

As Unidades de Acolhimento (UA) foram concebidas a partir da necessidade de ampliação de 

recursos territoriais e comunitários para o cuidado de necessidades de saúde decorrentes do uso de 

álcool e outras drogas. Nesse sentido, as Unidades de Acolhimento se configuram como residências e 

podem ser categorizadas em duas modalidades (Adulto e Infantojuvenil). 

Da mesma forma que as SRT, as Unidades de Acolhimento não se constituem como serviços de 

saúde  autônomos, dada  sua  característica de dispositivo  residencial. Dessa  forma está diretamente 

relacionada aos CAPS e figura como recurso  importante para os Projetos Terapêuticos Singulares. Os 

espaços de habitação relacionados à RAPS estão inseridos na perspectiva da Reabilitação Psicossocial. 

Assim,  o  “habitar”  é  um  dos  eixos  centrais  nos  processos  de  reabilitação  psicossocial  que  visam  à 

promoção  de  autonomia,  de  participação  nas  trocas  sociais,  e  de  ampliação  do  poder  de 

contratualidade social, de acesso e exercício de direitos das pessoas com a experiência do sofrimento 

psíquico  incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas (ROTELLI, 

1994; SARACENO, 1999; TYKANORI, 1996).  

As  Unidades  de  Acolhimento  buscam  romper  com  a  noção  de  abrigamento,  ou  asilo, 

tradicionalmente presentes no contexto assistencial brasileiro. Dessa  forma, espera‐se que não  seja 

um  ambiente  centrado  em  regramentos  institucionais  externos,  garantindo‐se  a  privacidade  e  a 

complexidade das  relações cotidianas nos ambientes presentes nos ambientes  residenciais. Trata‐se 

de um recurso que busca o fortalecimento e/ou reconstrução de projetos de vida e, desse modo, um 

espaço que possibilite a garantia de suporte dos recursos da RAPS (BRASIL, 2012a). 

Nesse sentido não há orientação, no conjunto normativo, que aponte para seu funcionamento 

divido por sexo, com presença de alimentação pronta ou serviços de faxina. As tarefas relacionadas à 

reprodução da  vida  cotidiana deverão  ser  solidariamente dividas. Por  conta disso  são benvindas as 

utilizações. 

 As  Unidades  de  Acolhimento  decorrem  de  experiências  anteriores  realizadas  em  menor 

escala,  induzidas  por  editais.  O  edital  nº  003/2010/GSIPR/SENAD/MS  financiou  as  Casas  de 

Acolhimento Transitório (CAT).  

Até 2015, havia 50 UA habilitadas pelo Ministério da Saúde, e mais 19 CAT ou UA que estavam 

funcionando, mas que ainda não haviam sido habilitadas pelo MS. Portanto, durante o período desse 

relatório,  69  experiências  de  Atenção  em  caráter  residencial  transitório  de  base  territorial  e 

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comunitária foram financiadas, seja por meio de repasse regular de recursos de custeio (UA), seja via 

editais (CAT) conforme indicado em tabela a seguir: 

Tabela 9. Unidades de Acolhimento habilitadas (Brasil, 2015) 

Região  UF  UAA  UAI  Total 

Norte  AC  1  1 

Nordeste 

AL  1  1 

CE  4  4  8 

PB  2  1  3 

PI  1  1 

SE  2  2 

Centro‐Oeste 

DF  1  

Sudeste MG  2  4  6 

SP  10  4  14 

Sul 

PR  3  2  5 

RS  2  2  4 

SC  1  1 

Total geral  28  19  47 Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

 

A  compreensão  e  operacionalização  do  funcionamento  das  UA  ainda  é  algo  em  franco 

desenvolvimento no âmbito da Reforma Psiquiátrica e distintas compreensões têm sido utilizadas no 

cotidiano das residências. 

Entre  2011  e  2015  foram  elaboradas Notas  Técnicas  sobre  as UA,  bem  como  foi  realizada 

videoconferência sobre o  tema. As UA  foram ainda de discussão no  I ENRAPS. Reconhece‐se   nesse 

relatório a necessidade de realização de um Encontro amplo para discutir e trocar experiências sobre 

as Unidades de Acolhimento.   

Serviço de Atenção em Regime Residencial  

A  Portaria  nº  131  de  26  de  Janeiro  de  2012,  instituiu  os  Serviços  de  Atenção  em  Regime 

Residencial (SARR), quais sejam, serviços de saúde de atenção residencial transitória para o cuidado de 

adultos  com  necessidades  clínicas  estáveis  decorrentes  do  uso  de  álcool,  crack  e  outras  drogas. 

Entendem‐se  como  um  gênero  deste  tipo  de  serviço,  as  Comunidades  Terapêuticas  (CT)  (BRASIL, 

2012b). 

Os  SARR  são  entidades  prestadoras  de  serviço  que  para  se  inserirem  no  contexto  dos 

pressupostos da RAPS devem  se adequar quanto à: Existência de RAPS constituída; Certificação das 

Entidades  Beneficentes  de  Assistência  Social  (CEBAS);  observância  às  disposições  contidas  na 

Resolução nº 63, de 25 de novembro de 2011, da ANVISA; comprovação da existência e do efetivo 

funcionamento da entidade beneficiária há pelo menos três anos quando da publicação desta Portaria. 

A  estruturação  da  entidade  prestadora  de  serviço  de  atenção  em  regime  residencial  deve 

observar as Resoluções da ANVISA de números 50, de 21 de fevereiro de 2002, e 29, de 30 de junho de 

2011.  É  preciso  apontar  que  durante  os  anos  de  2011  a  2015  houve  apenas  três  solicitações  de 

incentivo  financeiro  para  Comunidades  Terapêuticas  no  âmbito  do  SUS  por  meio  da  Portaria  nº 

131/2012. As três propostas não apresentavam as condições exigidas pela referida normativa. 

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No contexto das ações destinadas ao desenvolvimento de estratégias de cuidado às pessoas 

com  necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas,  neste  período  de  gestão  foram 

publicados  três  editais  de  Chamamentos  Públicos,  em  2012,  para  seleção  de  Projetos  voltados  à 

prestação  de  Serviços  em  Regime  de  Residência.  Na  seleção  foram  aprovados  11  projetos  com 

documentação adequada aos critérios previstos nas chamadas. 

Entre os anos de 2011 e 2015 nenhuma Comunidade Terapêutica foi habilitada com base na 

Portaria  131  de  2012.  Dessa  forma  não  há  registros  no  período  apontado  de  repasse  regular  de 

recursos de custeio para as referidas entidades. 

4.5. ATENÇÃO HOSPITALAR 

O  componente  de  Atenção  Hospitalar  da  RAPS  habilita  Hospitais  Gerais,  Maternidades  e 

Hospitais de Pediatria para oferta de  leitos de saúde mental que funcionem como retaguarda para a 

RAPS. As atuais normativas sobre este componente são: 

Portaria GM/MS Nº 148, de 1º de fevereiro de 2012, define as normas de funcionamento e habilitação do Serviço Hospitalar de Referência para atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno mental  e  com  necessidades de  saúde decorrentes  do uso de  álcool,  crack  e outras  drogas,  do  Componente  Hospitalar  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  e  institui incentivos financeiros de investimento e de custeio; 

Portarias GM/MS Nº 349, de 1º de março de 2012 e Nº 1.615, de 27 de julho de 2012 que alteram e acrescem dispositivos à Portaria n° 148/GM/MS, de 2012; 

Portaria SAS/MS Nº 1.615, de 26 de julho de 2012, altera o item II do artigo 9º e os artigos 12º e 13º da Portaria nº 148/GM/MS, de 31 de janeiro de 2012; 

Portaria SAS/MS Nº 953, de 13 de setembro de 2012, institui a habilitação via SCNES e de procedimentos referentes aos leitos de saúde mental. 

O principal objetivo deste ponto de atenção é oferecer cuidado hospitalar para pessoas com 

transtornos mentais e/ou com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, com vistas 

a: 

A. Avaliação diagnóstica e discriminação de patologias somáticas e/ou psiquiátricas; 

B. Manejo de situações de crise e/ou vulnerabilidade extrema que apresentem risco de vida para o usuário. 

O acesso deve ser regulado a partir de critérios clínicos e as  internações devem ser de curta 

duração, priorizando a superação da lógica asilar realizada pelos Hospitais Psiquiátricos. Essa premissa 

representa  um desafio.  É necessário  construir  critérios para  a  regulação  e  fluxos organizativos que 

propiciem maior  integração  desse  componente  da  RAPS  com  os  demais  componentes  da  rede  de 

saúde.  

A implantação desse componente sempre enfrentou muita resistência por parte dos hospitais 

gerais. Como estratégia de superação, buscamos parceria com o Departamento de Atenção Hospitalar 

e Urgências, com vistas ao apoio da Rede de Urgência e Emergência e com o Ministério da Educação, 

com vistas à sensibilização dos Hospitais Universitários Federais, além da elaboração de notas técnicas 

e realização de videoconferências com estados e municípios para esclarecimentos quanto este ponto 

de atenção. 

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Como grande parte dos hospitais gerais é de gestão estadual, muitos municípios dependem do 

estado  para  implantação  desse  componente.  Outro  ponto  importante  é  que  contamos  com  um 

número significativo de  leitos que  foram  incentivados e não  foram habilitados. Abaixo, segue  tabela 

com  os  Serviços  Hospitalares  de  Referência  com  leitos  de  saúde  mental  habilitados  por  UF  até 

dezembro de 2015. 

Tabela  10.  Serviços Hospitalares de Referência  com  leitos de  saúde mental,  álcool  e outras drogas habilitado por UF (dez/2015) 

Região  UF  Hospitais   Leitos 

Norte 

AC  1  18 

RO  2  12 

TO  2  21 

Subtotal Norte  5  51 

Nordeste 

AL  2  15 

BA  1  2 

CE  4  25 

PB  1  20 

PE  4  25 

PI  1  10 

RN  1  6 

SE  2  30 

Subtotal Nordeste  16  133 

Centro‐Oeste 

DF  7  45 

GO  2  15 

MS  1  4 

Subtotal  Centro‐Oeste 

10  64 

Sudeste 

MG  51  207 

RJ  22  127 

SP  2  30 

Subtotal Sudeste  75  364 

Sul 

PR  2  10 

RS  93  346 

SC  5  37 

Subtotal Sul  100  393 

Total  206  1005 Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Em 2015 havia 1005 leitos de saúde mental habilitados em 206 hospitais gerais. 40% dos leitos encontram‐se na Região Sul, 36% na Região Sudeste, 13% na Região Nordeste, 6% na Região Centro Oeste e 5% na Região Norte. Do total de leitos em torno de 45% estão em municípios com menos de 15 mil habitantes em hospitais de pequeno porte (menos de 50 leitos) e somente 17% em municípios com mais de 150 mil habitantes. 

O monitoramento desse ponto de atenção  tem  se dado por meio do acompanhamento das taxas de ocupação e média de permanência  junto a CGSI/DRAC/SAS, bem como por meio de visitas técnicas. 

Considerando  as  informações  registradas  no  SIH,  os  procedimentos  relacionados  a  álcool  e drogas  são  os mais  informados  nas AIH  das  internações  nos  leitos  de  saúde mental. Dessa  forma, podemos  inferir que os  leitos  são mais  acessíveis para  as demandas de  álcool  e drogas,  revelando ainda todo o estigma e preconceito em relação à loucura.  

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4.6. ESTRATÉGIAS DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO 

  Este Componente busca assegurar o disposto na Lei 10.216/01 e está organizado na RAPS por 

iniciativas que visam garantir às pessoas com transtorno mental e com necessidades decorrentes do 

uso  de  crack,  álcool  e  outras  drogas,  em  situação  de  internação  de  longa  permanência,  o  cuidado 

integral por meio de estratégias substitutivas, na perspectiva da garantia de direitos com a promoção 

de autonomia, contratualidade e o exercício de cidadania, buscando sua progressiva  inclusão social.

  Como  dito  anteriormente,  a  desinstitucionalização  é  compreendida  como  um  processo 

complexo que envolve não apenas a desospitalização de moradores de hospitais psiquiátricos, mas 

fundamentalmente  a  construção  de  condições  efetivas  para  um  cuidado  comunitário  contínuo  e 

qualificado para  todos, promovendo atenção,  tratamento e reabilitação psicossocial. O Componente 

de  Estratégias  de Desinstitucionalização  é  uma  ferramenta  para  garantir  efetivamente  um modelo 

distinto,  substituindo  a  atenção  centrada  na  custódia,  pelo  cuidado  em  liberdade  pautado  na 

emancipação e protagonismo. 

Serviço Residencial Terapêutico (SRT) 

Atos normativos: Portaria nº 106/GM/MS, de 11 de fevereiro de 2000 e Portaria nº 3.090/GM/MS, de 

23 de dezembro de 2011 

Os  Serviços  Residenciais  Terapêuticos  são moradias  inseridas  na  comunidade,  destinadas  a 

acolher pessoas com internação de longa permanência (dois anos ou mais ininterruptos), egressas de 

hospitais psiquiátricos e hospitais de  custódia. A  inserção em um SRT  compõe o  longo processo de 

reabilitação  que  deverá  buscar  a  progressiva  inclusão  social  do  morador.  Assim,  as  residências 

terapêuticas constituem‐se como alternativas de moradia para um grande contingente de pessoas que 

estão internadas há anos em hospitais psiquiátricos, a partir da construção de seu Projeto Terapêutico 

Singular. 

Até o final de 2011, a contrapartida federal para os SRT dizia respeito ao incentivo financeiro, 

em parcela única, utilizado na  implantação da moradia.   O financiamento de custeio mensal se dava 

pela realocação do valor da AIH hospitalar. No Relatório de Gestão 2007‐2010 e nas Recomendações 

da  IV Conferência Nacional de  Saúde Mental –  Intersetorial, apontou‐se a necessidade de mudar  a 

forma de financiamento deste serviço e instituir uma tipologia adequada às necessidades de cuidados 

clínicos mais intensivos (BRASIL, 2011c e BRASIL, 2011d).  

Assim,  a  Portaria  n°3090/GM/MS,  de  23  de  dezembro  de  2011,  além  de  aumentar  o  valor 

destinado ao  incentivo para  implantação do  serviço de R$ 10.000,00 para R$ 20.000,00,  instituiu o 

custeio mensal por grupo de moradores, ampliou o acesso a pessoas egressas de Hospitais de Custódia 

e Tratamento Psiquiátrico e estabeleceu diferentes de modalidades para residências, que podem ser 

de tipo I ou de tipo II, a partir da avaliação das condições de saúde dos moradores, no que diz respeito 

ao grau de dependência e às necessidades de cuidados  intensivos específicos, do ponto de vista da 

saúde em geral. Em função dessas mudanças, o gráfico abaixo apresenta uma nova série histórica dos 

SRT, considerando as habilitações segundo a regulamentação mais recente. 

 

 

 

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Gráfico 5. Série histórica habilitação Serviços Residenciais Terapêuticos 2013‐2015 

 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Nos anos de 2013 a 2015 há uma crescente habilitação das SRT, considerando tanto moradias 

novas, quanto moradias  já existentes que se adequaram à regulamentação da Portaria nº3090/2011. 

Neste sentido, é importante destacar que existem SRT em funcionamento anteriores a 2011 que ainda 

não foram habilitados, uma vez que é necessária a solicitação pelo gestor local junto ao Ministério da 

Saúde. 

É possível avaliar que, de maneira geral, a cobertura dos SRT no país ainda é baixa. Entre os 

fatores  que  ainda  inibem  sua  expansão  estão  as  dificuldades  políticas  e  técnicas  dos  processos  de 

desinstitucionalização e as questões socioculturais evidenciadas nas comunidades ao iniciar processos 

de reintegração de pacientes de longa permanência, entre outros. 

Sobre o  financiamento, uma vez que acontece por grupos de moradores, está em análise a 

elaboração  do melhor  procedimento  a  ser  adotado  para  os  casos  de  aumento  ou  diminuição  de 

moradores nos módulos já habilitados.  

Por fim, a revisão da publicação Residências Terapêuticas: o que são, para que servem (2004) é 

uma  perspectiva.  Esta  revisão  pretende  atualizar  discussões  e  recomendações  para  os  desafios 

apontados acima.  

Programa De Volta Para Casa (PVC) 

Atos normativos: Lei 10.708 de 31 de  julho de 2003, Portaria nº 2.077/GM/MS, de 31 de outubro de 

2003. Portaria nº 1.511/GM/MS, de 24 de julho de 2013 

O Programa De Volta Para Casa prevê o auxilio reabilitação psicossocial através de um recurso 

financeiro mensal, atualmente fixado em R$ 412,00 (Portaria nº 1.511 de 24 de julho de 2013), para os 

portadores  de  transtorno mental  que moraram  em  hospitais  psiquiátricos  por mais  de  dois  anos 

ininterruptos (até o ano de 2003, data de publicação da lei). Por meio do pagamento de um benefício, 

este  programa  se  propõe  a  fortalecer  o  poder  de  contratualidade,  favorecendo  o  processo  de 

desinstitucionalização,  a  inclusão  social  e  a  reabilitação  psicossocial.  O  objetivo  deste  programa  é 

contribuir  efetivamente  para  o  processo  de  inserção  social  dessas  pessoas  e  assegurar  o  exercício 

pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania. 

267

289

362

250

270

290

310

330

350

370

2013 2014 2015

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Em dezembro de 2014, o Programa de Volta Pra Casa alcançou mais de 4 mil beneficiários. Os 

processos de fechamento de hospitais psiquiátricos, em especial nos estados de Pernambuco, Rio de 

Janeiro e São Paulo, contribuíram de forma significativa para o aumento de beneficiários cadastrados 

no Programa.  

Este programa completou 12 anos em 2015, e ao longo do curso da sua execução apresentou‐

se  como  um  instrumento  de  resgate  da  cidadania  através  da  emancipação  financeira,  a  partir  da 

possibilidade  conquistada  pelos  usuários  de  colaborar  na  renda  familiar,  escolher  o  que  comprar, 

como querem viver, onde morar. 

Gráfico 6. Número de beneficiários do Programa de Volta para Casa 2003 – 2015 

 

 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, e DATASUS 

A meta do programa, desde  seu  início,  foi de 600 novos beneficiários, por ano. Ao  final de 

2014,  o  Programa  alcançou mais  de  5 mil  cadastros,  incluindo  aqueles  que  já  faleceram.  Entre  as 

dificuldades  para  se  alcançar  a meta  está  a  falta  de  documentação  pessoal  e  documento  de  alta 

hospitalar,  além  de  algumas  barreiras  em  agências  bancárias  para  a  abertura  das  contas, mesmo 

quando a orientação nacional da Caixa Econômica Federal indica não haver diferença de exigências na 

abertura de contas para beneficiários do programa em relação os demais correntistas. 

Historicamente,  o  Programa  teve  apenas  dois  reajustes. O  primeiro,  em  2005,  reajustou  o 

valor  para  R$  320,00  e  o  segundo,  em  2014,  para  R$  412,00,  como  citado  acima.  Ambos  foram 

calculados  com  base  no  Índice  Nacional  de  Preços  ao  Consumidor  Amplo,  o  IPCA.  Este  índice  foi 

adotado por orientação da área de Economia da Saúde, do Ministério da Saúde. É um esforço para 

manter  o  recurso  atualizado,  diante  das  oscilações  de  inflação.  O  desafio,  porém,  é  promover  o 

reajuste anual, acompanhando o do salário mínimo e, se possível, promover a equiparação. 

Como desafios e perspectivas, portanto, há uma parceria com o Conselho Nacional de Justiça, 

sobre  a  emissão  de  Certidões  Tardias,  de  modo  a  favorecer  a  solicitação  do  benefício;  o 

estabelecimento de prazos e indicadores fixos para o reajuste da bolsa auxílio reabilitação psicossocial; 

a  ampliação  do  potencial  público  alvo,  definindo  critérios  coerentes  com  a  desinstitucionalização; 

garantia de ampliação orçamentária. Em  termos de procedimentos do  trabalho, há a atualização da 

página eletrônica do Programa; possibilidade de tornar digital parte ou todo o processo de solicitação 

de  cadastro; articular estratégia para agilizar a habilitação dos municípios, estando em estudo uma 

possibilidade de portaria para habilitação de todos existentes.  

206

879

19912519

28683192

3486 36353961 4156 4245 4349 4394

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015Número de Ben

eficiários PVC

Ano

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Por fim, a revisão do manual do Programa De Volta Para Casa pretende também atualizar as 

discussões e recomendações para os desafios apontados acima. 

Programa de Desinstitucionalização 

Ato normativo: Portaria nº 2.840, de 29 de dezembro de 2014 

O Programa de Desinstitucionalização,  criado pela Portaria nº 2.840/2014, é uma estratégia 

que visa intensificar os processos de desinstitucionalização dos usuários em situação de internação de 

longa permanência, a partir do  financiamento de equipes multiprofissionais  focadas exclusivamente 

nestes processos nos territórios.  

Entre  as  ações  sob  responsabilidade  da  Equipe  de  Desinstitucionalização  está  o  apoio  à 

equipes  dos  hospitais  psiquiátricos,  a  fim  de  construir  conjuntamente,  a  partir  de  vínculos 

estabelecidos  dentro  das  instituições,  o  processo  de  desinstitucionalização  dos moradores.  Neste 

sentido, também elaborando novos processos de trabalho territoriais,  intersetoriais e regionalizados, 

articulando diferentes dispositivos. 

A  adesão  ao  Programa  é  exclusiva  e  fundamentalmente  municipal,  pois  se  reconhece  a 

condição de munícipe dos egressos das  internações de  longa permanência e,  consequentemente, a 

responsabilidade sanitária do gestor local. As gestões estaduais, por sua vez, têm o fundamental papel 

de  articular,  apoiar  o  planejamento  e  acompanhar  as  ações.  Especificamente,  quando  não  houver 

Grupos  Condutores Regionais,  é  o Grupo  Condutor  Estadual  que  colaborará  para  a  composição  da 

Comissão de Acompanhamento e para suas ações. 

O  incentivo  financeiro  estabelecido  nesta  portaria  visa  à  contratação  de  profissionais,  para 

dedicação exclusiva ao processo de desinstitucionalização, desde a entrada nos hospitais psiquiátricos 

até o desenvolvimento do trabalho nos componentes da RAPS no território. A criação deste Programa 

contou com a colaboração de diferentes áreas do Ministério da Saúde, durante quatro anos, até ser 

publicada a portaria.  

Ainda existem desafios para a adesão ao Programa, uma vez que a habilitação dos municípios 

depende  da  publicação  de  Portarias  subsequentes  com  informações  sobre  os  modos  de 

cadastramento no CNES e os procedimentos a serem registrados pelas equipes – responsabilidade do 

Ministério da Saúde. 

Hospitais Psiquiátricos 

Uma das diretrizes fundamentais da Política Nacional de Saúde Mental diz respeito à redução 

gradual,  pactuada  e  planejada  dos  leitos  em  hospitais  psiquiátricos.  De  tal modo  a  reforçar  essa 

diretriz,  a  Portaria  3088/2011  que  instituiu  a  RAPS  não  considera  os  hospitais  psiquiátricos  como 

pontos de atenção da rede de saúde, e  indica que as regiões de saúde devem priorizar a expansão e 

qualificação  dos  pontos  de  atenção  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial  para  dar  continuidade  ao 

processo de substituição dos leitos em hospitais psiquiátricos. 

Para  os  hospitais  psiquiátricos  ainda  existentes,  há  duas  estratégias  complementares:  o 

Programa Anual de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no SUS – PRH (Portaria nº 52 

de 20 de  janeiro de 2004, atualizado pela Portaria nº2644 de 28 de outubro de 2009) e o Programa 

Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares – PNASH/Psiquiatria  (PT nº251 de 31 de  janeiro de 

2002). 

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O PRH tem como objetivo a redução planejada de leitos em hospitais psiquiátricos, de modo a 

garantir uma  transição  segura para o modelo  comunitário de atenção, a partir da  recomposição do 

valor das diárias hospitalares de acordo com a diminuição dos leitos e a qualificação do atendimento. 

Esta  estratégia  visa  garantir  também  que  os  recursos  financeiros  deixem  progressivamente  de  ser 

utilizados no componente hospitalar e sejam direcionados às ações territoriais da RAPS. 

 O  gráfico  abaixo  apresenta  a  série histórica do perfil do porte dos hospitais  existentes  até 

2015, com notável predominância de hospitais de até 160 leitos, considerados de pequeno porte. 

   

Gráfico 7 – Série histórica percentual de hospital psiquiátrico por porte (Brasil, dez/2002 a dez/2015) 

 

Fontes:  Em  2002  e  2003:  SIH/SUS, Coordenação de  Saúde Mental, Álcool  e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS  e Coordenações  Estaduais de 

Saúde Mental; de 2004 a 2012,: PRH/CNES e Coordenações Estaduais de Saúde Mental; a partir de 2013: PNASH, CNES e Coordenações 

Estaduais. 

Visando o aprimoramento e a visibilidade do PRH, recentemente,  foi publicada a Portaria nº 

1.121  de  21  de  outubro  de  2015,  que  retira  a  habilitação  dos  hospitais  que  foram  fechados  e/ou 

encerraram a prestação de serviço ao SUS, portanto descredenciados pelos estados e municípios.   

O  gráfico  abaixo  apresenta  a  série  histórica  da  redução  dos  leitos  em  hospitais  psiquiátricos.  De 

maneira geral, o gráfico apresenta uma queda contínua do número de leitos, acompanhando a média 

de aproximadamente 1.800 leitos por ano nos últimos 04 anos. Entre 2011 e 2015 houve uma redução 

de aproximadamente 7.150 leitos, acompanhada das ações de implementação da RAPS nos territórios. 

0

10

20

30

40

50

60

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

o t

ota

l de

HP

Anos

Até 160 leitos

De 161 a 240leitos

De 241a 400leitos

Acima de 400leitos

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Gráfico 8. Leitos SUS em hospitais psiquiátricos por ano (Brasil, dez/2002 a dez/2015)

 

Fontes: Entre 2002 e 2003: SIH/SUS, Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Coordenações Estaduais; 

de 2004 a 2012: PRH/CNES e Coordenações Estaduais; a partir de 2013: PNASH, CNES e Coordenações Estaduais. 

O  PNASH  é  um  programa  de  avalição  da  assistência  prestada  pelos  hospitais  psiquiátricos, 

balizado  na  necessidade  de  garantir  o  cumprimento  das  diretrizes  e  normas  para  a  assistência 

hospitalar  em  psiquiatria.  O  PNASH  2012‐2014  pretendeu  avaliar  172  instituições,  sendo  estes 

hospitais psiquiátricos públicos e conveniados ao SUS que não foram indicados ao descredenciamento 

nas edições anteriores do PNASH/Psiquiatria. As ações foram iniciadas em julho de 2012 e finalizadas 

em  julho  de  2014.  Foram  visitados  143  hospitais  localizados  em  19  estados,  abrangendo  100 

municípios. O estado do Rio de Janeiro (26 hospitais) e o município de Juiz de Fora/MG (3 hospitais) 

não realizaram a avaliação. 

Ao disparar o processo de avaliação em  julho de 2012,  foram  identificadas dificuldades por 

parte dos gestores locais em cumprir o cronograma previamente estabelecido, o que ocasionou atraso 

no envio dos dados para o Ministério da Saúde. Desta  forma,  foi estabelecido um novo período de 

envio dos dados, de julho a agosto de 2013.  

Em  setembro  de  2013  iniciou‐se  o  processo  de  análise  dos  dados  e  foram  identificadas 

inconsistências  entre  informações  sobre  o  número  de  leitos  e  o  número  de moradores  em  cada 

unidade hospitalar  levantadas pelo PNASH, pelo Relatório  “Avaliação dos Hospitais Psiquiátricos no 

Âmbito do SUS” produzido pelo DENASUS de 2011 e as informações cadastradas no CNES. Estes dados 

apontam a necessidade urgente de um sistema de informação adequado, bem como a importância de 

que os gestores mantenham os dados atualizados nos atuais sistemas de informação existentes.  

Após a análise dos dados das vistorias do PNASH/PSIQUIATRIA 2012/2014, foram calculados os 

resultados finais a seguir: 99 (noventa e nove) hospitais psiquiátricos obtiveram percentuais acima de 

61% do  total da pontuação; 42(quarenta e dois) hospitais psiquiátricos obtiveram percentual entre 

40% e 61% do  total da pontuação, portanto  indicados para  revistoria e 2  (dois) hospitais obtiveram 

51.39348.303

45.81442.076

39.56737.98836.797 34.601 32.735 32.284 

29.958 28.248 25.988  25.126

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Nº de Leitos

Anos

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percentual abaixo de 40% do total da pontuação, portanto indicados para descredenciamento. Dentre 

estes apenas 1 (um) Hospital no município de Camaragibe/PE que foi solicitado não realizou o PNASH. 

Os  resultados das  vistorias do  PNASH/Psiquiatria  foram  enviados  aos  gestores  estaduais de 

referência  dos  hospitais  psiquiátricos  avaliados  em  dezembro  de  2014.  As  revistorias  necessárias 

aconteceram no decorrer do ano de 2015, com prazo de envio das documentações para o Ministério 

da  Saúde  até  o  início  de  2016.  Assim,  o  resultado  final  do  PNASH/Psiquiatria  está  em  fase  de 

publicação. 

Conforme o processo de análise dos dados das vitorias recebidos foram constatados  indícios 

de situações de violação de direitos humanos (31 hospitais), como a existência de espaços restritivos 

(26  hospitais  com  celas  fortes),  eletroconvulsoterapia  sem  consentimento  (4  hospitais  com  ECT)  e 

contenção  física  prolongada  (1  hospital).  Tais  situações  foram  encaminhadas  ao Ministério  Público 

Federal para que fossem tomadas as medidas cabíveis. 

O  PNASH,  segundo  legislação  atual,  tem  por  objetivo  a  avaliação  de  serviços  de  saúde. Os 

Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) são instituições do Ministério da Justiça, sendo 

deste  a  responsabilidade  integral  pela  instituição,  incluindo  a  avaliação.  Esta  é  uma  condição 

fundamental para as ações intersetoriais. 

Porém, em  relação  a  assistência  a  saúde das pessoas  internadas nos HCTP, o Ministério da 

Saúde e o Ministério da Justiça publicaram a Portaria Interministerial nº 1/MS/MJ, de 2 de janeiro de 

2014, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no 

Sistema Prisional (PNAISP) no Sistema Único de Saúde. E o Ministério da Saúde instituiu pela Portaria 

GM  nº  94,  de  14  de  janeiro  de  2014,  no  âmbito  do  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS),  o  serviço  de 

avaliação e acompanhamento de medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental em 

conflito com a Lei, vinculado à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de 

Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). 

As  publicações  das  portarias  foram  coordenadas  pela  Área  Técnica  da  Saúde  no  Sistema 

Prisional,  com  a  colaboração  da  CGMAD.  Vale  considerar  que  este  tema  ainda  demanda  muitos 

esforços diante da complexidade das questões de vulnerabilidade sociais envolvidas. 

Seminário Internacional 

Vale destacar o apoio do Ministério da Saúde no Seminário  Internacional de Saúde Mental – 

Desinstitucionalização e Atenção Primária, realizado pela Fiocruz e a Fundação Calouste Gulbenkian, 

23 a 25 de março de 2015, no Rio de Janeiro. Neste seminário, com a participação do presidente da 

Fiocruz, do diretor de  saúde mental da OMS, do  vice‐diretor da  Fundação Calouste Gulbenkian, da 

representante  da  OPAS/OMS,  do  Coordenador  de  Saúde Mental  do MS  e  diversos  pesquisadores 

nacionais e internacionais, foi avaliada a experiência brasileira de desinstitucionalização, identificando 

os avanços, as barreiras e as estratégias efetivas no campo da saúde mental e sua contribuição para os 

demais países do mundo. 

 

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4.7. ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL E DE FORTALECIMENTO DO PROTAGONISMO DE USUÁRIOS E FAMILIARES DA RAPS  

A  CGMAD  compreende  a  estratégia  de  reabilitação  psicossocial  e  de  fortalecimento  do 

protagonismo  de  usuários  e  familiares  como  um  conjunto  de  ações  que  buscam  a  inclusão  e  o 

exercício de direitos de cidadania de usuários e  familiares da RAPS. Esse processo se dá mediante a 

criação  e  desenvolvimento  de  iniciativas  articuladas  com  os  recursos  do  território  nos  campos  do 

trabalho/economia  solidária,  assistência  social,  habitação,  educação,  cultura,  esporte,  lazer,  entre 

outros direitos sociais. Em intersecção com os demais componentes das RAPS, das Redes de Atenção à 

Saúde  (RAS)  e  da  rede  intersetorial  (SUAS,  Habitação,  Educação,  Trabalho  etc.),  a  reabilitação 

psicossocial é uma dimensão de construção de novos campos de negociação, formas de sociabilidade e 

projetos  de  vida  de  usuários  e  familiares  da  RAPS.  Neste  sentido,  a  reabilitação  psicossocial  é 

concebida  como  uma  diretriz  ético‐político  articulada  com  a  desinstitucionalização  e  na  não 

institucionalização,  calcada  na  defesa  e  na  promoção  dos  direitos  de  cidadania,  alicerçada  na 

intersetorialidade, sendo transversal a todos componentes, pontos de atenção e iniciativas do campo 

da Reforma Psiquiátrica em curso no SUS. Trata‐se, portanto, de um componente fundamental para o 

cuidado  em  saúde  mental,  potente  nos  processos  de  validação  e  de  ampliação  de  circulação  e 

apropriação do território, bem como de incremento de autonomia, rede social e inclusão dos usuários 

dos serviços de saúde mental. 

É  nesse  contexto  que  se  produzem  novas  perspectivas  de  reabilitação  psicossocial,  dado  o 

caráter  centrífugo desse  componente  na RAPS.  Em outras palavras,  ao  se  tratar de uma dimensão 

estratégica  que  se  fundamenta  exclusivamente  pela  relação  com  a  garantia  de  outros  direitos,  a 

reabilitação psicossocial propõe‐se a reconhecer um sujeito de direitos que se reposiciona no mundo a 

partir da revelação de antigos e da produção de novos direitos. No período de 2011‐2015, a CGMAD 

empenhou‐se  a  desenvolver  um  conjunto  de  ações  articuladas  com  as  políticas  públicas  sociais, 

construindo parcerias com diversas áreas da gestão federal e com a sociedade civil/controle social, de 

forma a dar continuidade a projetos de reabilitação psicossocial e de fortalecimento do protagonismo 

de  usuários  e  familiares  iniciados  em  anos  anteriores,  à  luz  das  conferências  nacionais  de  saúde 

mental, economia solidária e cooperativismo social. 

 

Fortalecimento Institucional e Financiamento de Projetos de Reabilitação Psicossocial 

A  publicação  das  Portarias  GM  nº  3088,  de  23  de  dezembro  de  2011,  republicada  para 

correções de texto em 30 de dezembro de 2011 e em 21 de maio de 2013, e a GM nº 132, de 23 de 

janeiro  representam  conquistas  importantes  para  a  Reforma  Psiquiátrica  por  demarcarem  o 

fortalecimento  institucional e  financeiro desse componente. A primeira, ao  instituir a RAPS,  inscreve 

em  suas  diretrizes  gerais  de  funcionamento  as  perspectivas  de  direitos  humanos,  autonomia, 

liberdade,  participação  e  protagonismo  de  usuários  e  seus  familiares.  Dessa  forma,  apresenta  a 

reabilitação psicossocial como um de seus componentes, apontando sobre a necessidade de criação 

de  estratégias  para  ampliação  do  acesso  ao  trabalho,  renda,  moradia,  cultura  nos  projetos 

terapêuticos singulares de usuários e familiares. Ainda que nessa Portaria seja explicitado o campo da 

geração  de  trabalho  e  renda,  de  empreendimentos  econômicos  solidários  e  cooperativas  sociais, 

entende‐se  que  iniciativas  relacionadas  à  cultura,  arte,  esporte,  lazer  e  habitar  desenvolvidas  em 

diferentes  pontos  de  atenção  da  RAPS  e  da  rede  intersetorial  também  compõe  a  reabilitação 

psicossocial. 

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Já  com  a  Portaria  GM  nº  132/2012,  instituiu‐se  incentivo  financeiro  de  custeio  para  o 

desenvolvimento  do  componente  Reabilitação  Psicossocial  da  RAPS,  com  incremento  do 

financiamento de ações de reabilitação psicossocial para estados e municípios. Anteriormente regidos 

pela  Portaria  n.  1.169,  de  07  de  julho  de  2005,  recebiam  R$5.000,00  (até  10  participantes); 

R$10.000,00  (de  11  a  50  participantes)  e  R$15.000,00  (acima  de  50  participantes).  A  partir  da 

publicação  da  portaria  GM  nº  132/2012  esses  valores  passaram  para  R$15.000,00,  R$30.000,00  e 

R$50.000,00,  respectivamente.  Este  incentivo  pode  ser  utilizado  para  o  custeio  de  capacitações, 

aluguel, material  de  consumo,  serviço  de  pessoa  jurídica,  entre  outros.  Permanece,  no  entanto,  o 

desafio  do  financiamento  de  equipamentos  considerados  material  permanente,  reivindicado  por 

inúmeras experiências para melhor estruturação dos projetos.   

O Gráfico 9 mostra o valor total dos recursos federais de incentivo aprovados pelas Chamadas 

de Seleção e Projetos de Reabilitação Psicossocial e de Protagonismo Social de Usuários e Familiares 

da RAPS. Ressalta‐se que, a partir da publicação da Portaria n. 132/2012, com o aumento dos valores 

de  incentivo, houve um  importante  incremento de recursos destinados para o  financiamento destas 

ações. As Chamadas realizadas em 2012 e 2013 totalizam R$8.555.000,00 para ações de reabilitação 

psicossocial  nos  eixos  trabalho,  cultura  e  inclusão  e  R$4.005.000,00  para  o  desenvolvimento  de 

projetos de fortalecimento do protagonismo social de usuários e familiares.  

 

Gráfico 9. Repasses de recursos federais de incentivo financeiro para o desenvolvimento de estratégias 

do componente Reabilitação Psicossocial (Brasil, 2005 a 2013) 

 

 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE) 

   Outro dado importante a ser analisado é a distribuição regional de recursos de incentivo para 

ações de Reabilitação Psicossocial, como pode ser visto no Gráfico 10. Destaca‐se o maior volume de 

repasses para as  regiões  Sudeste e Nordeste e  importante  capilaridade em municípios de pequeno 

porte. 

R$ 70.000,00

R$ 190.000,00

R$ 65.000,00

R$ 275.000,00

R$ 995.000,00

R$ 1.545.000,00

R$ 4.230.000,00R$ 4.325.000,00

R$ 1.260.000,00

R$ 2.745.000,00

R$ 0,00

R$ 500.000,00

R$ 1.000.000,00

R$ 1.500.000,00

R$ 2.000.000,00

R$ 2.500.000,00

R$ 3.000.000,00

R$ 3.500.000,00

R$ 4.000.000,00

R$ 4.500.000,00

R$ 5.000.000,00

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2012 2013

Total de RecursosRepassados

AnosProjetos de Reabilitação Psicossocial

Chamadas Reabilitação Psicossocial: Trabalho, Cultura e Inclusão Social na RAPS

Chamadas Fortalecimento do Protagonismo de Usuários e Familiares da RAPS

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Gráfico 10. Repasses de recursos federais de incentivo para as Chamadas de Protagonismo e 

Reabilitação Psicossocial de 2012 e 2013, por Região do Brasil.

 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE) 

 As Chamadas de Reabilitação  Psicossocial  contemplaram projetos  relacionados  à  economia 

solidária e geração de trabalho e renda (produção de produtos alimentícios e artesanais, reciclagem, 

estamparia, confecção, agricultura, prestação de serviços, comercialização de artigos), à alfabetização, 

à educação continuada e  inclusão digital e à cultura (expressões artísticas e culturais e comunicação 

audiovisual e impressa). Os projetos apresentam a reabilitação como um potente dispositivo no que se 

refere  à  ampliação  de  trocas  sociais,  autonomia,  democracia,  autogestão,  cooperação,  cidadania, 

solidariedade e desenvolvimento local.  

 As Chamadas de Protagonismo de usuários e familiares da RAPS contemplaram projetos cujos 

principais  temas  envolveram  o  fortalecimento  do  controle  social,  inclusão  social,  criação  e 

fortalecimento  de  associações  de  usuários  e  familiares,  atividades  comunitárias,  eventos  e 

publicações, encontro de  coletivos, acesso à cultura e articulação em  rede de  saúde e  intersetorial. 

Ressaltamos que os editais abarcaram pessoas de todas as  idades envolvidas com o campo da saúde 

mental, incluindo as com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. 

Em 2015, a CGMAD realizou a V Chamada de Reabilitação Psicossocial e de Fortalecimento do 

Protagonismo  de  Usuários  e  Familiares  da  RAPS.  Foram  selecionados  133  projetos  em  102 

municípios/estado, totalizando a previsão de repasse de recursos no valor de R$ 3.470.000,00. 

R$ 150.000,00

R$ 1.115.000,00

R$ 375.000,00

R$ 1.640.000,00

R$ 725.000,00

R$ 835.000,00

R$ 3.285.000,00

R$ 1.330.000,00

R$ 3.490.000,00

R$ 2.150.000,00

R$ 0,00

R$ 1.000.000,00

R$ 2.000.000,00

R$ 3.000.000,00

R$ 4.000.000,00

R$ 5.000.000,00

R$ 6.000.000,00

Valor

Região

ReabilitaçãoPsicossocial

Protagonismo

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Cadastro de Iniciativas de Inclusão Social pelo Trabalho (CIST) 

Em 2013 foi realizado o último  levantamento de  iniciativas de geração de trabalho e renda e 

empreendimentos econômicos solidários, por meio do Cadastro de  Iniciativas de  Inclusão Social pelo 

Trabalho (CIST), o que resultou em 1.008 experiências mapeadas pelo Ministério da Saúde em todas as 

regiões do Brasil, como pode ser visto na Tabela 11 abaixo: 

Tabela  11.  Iniciativas  de  geração  de  trabalho  e  renda,  empreendimentos  econômicos  solidários  e cooperativas sociais da RAPS (Brasil, dez/2005 a dez/2013) 

Cadastro de Iniciativas de Geração de Renda 2015 

Região  Estado  Número de iniciativas

Norte 

Acre  5 

Amapá  1 

Amazonas  16 

Pará  24 

Rondônia  2 

Tocantins  36 

Nordeste 

Alagoas  48 

Bahia  92 

Ceará  49 

Maranhão  21 

Paraíba  47 

Pernambuco  42 

Piauí  19 

Rio Grande do Norte 27 

Sergipe  18 

Centro‐Oeste 

Distrito Federal  14 

Goiás  21 

Mato Grosso  19 

Mato Grosso do Sul  26 

Sudeste 

Espírito Santo  11 

Mins Gerais  96 

Rio de Janeiro  95 

São Paulo  203 

Sul 

Paraná  71 

Rio Grande do Sul  73 

Santa Catarina  46 

Total  1.137 Fonte: Coordenação Geral de  Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Cadastro de  Iniciativas de  Inclusão Social pelo Trabalho – CIST no FormSUS  

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Saúde Mental e Economia Solidária: Inclusão Social pelo Trabalho  

Entre  2011  e  2015  foram  estabelecidos marcos  que  fortaleceram  o  campo  da  geração  de 

trabalho  e  renda  e  Economia  Solidária  para  a  população  com  transtornos mentais  e  necessidades 

decorrentes do uso de álcool e outras drogas no Brasil. 

A CGMAD e a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal do 

Rio  de  Janeiro  (COPPE/UFRJ),  em  parceria  com  a  Secretaria  Nacional  de  Economia  Solidária  do 

Ministério  do  Trabalho  e  Emprego  (SENAES)  e  as  Coordenações  Estaduais  e Municipais  de  Saúde 

Mental, deram continuidade ao Curso de Capacitação Gestão de Empreendimentos Solidários para a 

Saúde Mental realizado em anos anteriores, nas modalidades presencial e a distância, o que resultou 

na capacitação de 260 associados/cooperados em 2011 e 120 em 2012. Além disso, foram realizados 

em  2011  o  II  Encontro  Nacional  de  Experiências  de  Geração  de  Trabalho  e  Renda:  Rumo  ao 

Cooperativismo Social e o Caia na Loucura V – Inovação para o Desenvolvimento Inclusivo, também em 

parceria  com a SENAES e a COPPE/UFRJ. Na ocasião, participantes do encontro debateram  sobre o 

cenário atual dos empreendimentos solidários da saúde mental e estratégias para a implementação de 

uma política e sustentabilidade para as cooperativas sociais. Ao mesmo tempo, o Programa Nacional 

de Incubadoras de Cooperativas Populares – Proninc (Decreto Presidencial nº 7357/2010), que busca 

fortalecer  os  processos  de  incubação  de  empreendimentos  econômicos  solidários  através  da 

articulação e  integração de políticas públicas e  iniciativas propulsoras do desenvolvimento  local, de 

novas  metodologias  de  incubação,  capacitação,  formação  e  geração  de  trabalho  e  renda  na 

perspectiva da economia solidária, realizou editais priorizando nos critérios de seleção de projetos os 

processos de incubação de iniciativas de geração de trabalho e renda, empreendimentos econômicos 

solidários e cooperativas sociais da RAPS. 

Isto foi fortalecido através da instituição do Programa Nacional de Apoio ao Associativismo e 

ao Cooperativismo Social (Pronacoop Social) através do Decreto nº 8.136 de 20 de dezembro de 2013. 

O  Pronacoop  Social  constitui,  atualmente,  o  principal  conjunto  de  ações  voltadas  para  as 

relações de trabalho das pessoas em situação de “desvantagem no mercado econômico” (lei federal n. 

9.867/99), nas quais se encontram as com transtornos mentais. Ineditismo presente na afirmação do 

necessário tratamento desigual diante de relações desiguais, o Programa Nacional é gerido por Comitê 

Gestor  coordenado  pela  Secretaria  Nacional  de  Economia  Solidária  do  Ministério  do  Trabalho  e 

Emprego,  composto  por  entidades  do  governo  federal,  tais  como  a  Coordenação  Geral  de  Saúde 

Mental, Álcool e outras Drogas e a sociedade civil, com a finalidade de planejar, coordenar, executar e 

monitorar  as  ações  voltadas  ao  desenvolvimento  das  cooperativas  sociais  e  dos  empreendimentos 

econômicos  solidários  sociais.  Entre  2013  e  2015  este  tratou  do  alinhamento  conceitual  sobre 

cooperativismo  social,  troca  de  experiências  e  perspectivas  com  atores  (as)  da  Itália  e  Uruguai, 

construção  sobre  o  marco  jurídico  do  Cooperativismo  Social  e  suas  implicações,  necessidade  de 

criação de linhas de financiamento e crédito para projetos de inserção no trabalho, assessoramento a 

projetos,  entre  outros  temas.  Essa  parceria  eminente  evidencia  a  importância  histórica  da 

aproximação dos públicos da luta antimanicomial e da economia solidária, vindo, ao longo das últimas 

duas décadas, a se configurar na relação direta que promove a inserção produtiva e geração de renda 

por parte de usuários de serviços de saúde mental e seus familiares. 

Paralelamente, a partir do Programa Brasil Próximo (acordo entre os governos de Brasil e Itália 

sobre projetos de cooperação com foco no desenvolvimento local), foram realizadas em 2013 ações de 

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intercâmbio entre estes dois países que favoreceram o fortalecimento das estratégias nacionais para o 

desenvolvimento  do  cooperativismo  social  no  Brasil.  Em  maio  de  2015  ocorreu  o  Seminário 

“Cooperativismo  Social  no Brasil  e  Itália:  desafios  para  o marco  jurídico,  no  contexto  do  Programa 

Brasil‐Próximo”, em parceria com a SENAES/TEM, com o objetivo de promover a troca de experiências 

e contribuir para o avanço de formulação e implementação do marco jurídico. 

A  reforma  ministerial  ocorrida  em  2015em  conjunto  com  limitações  políticas  e  econômicas  que 

marcaram  o  ano  de  2015,  dificultam  o  vislumbre  da  efetivação  do  marco  regulatório  para  o 

Cooperativismo Social e segue como grande desafio sobre o tema.   

Protagonismo Social de Usuários e Familiares e Associativismo 

Dentre as ações relacionadas ao protagonismo social de usuários e familiares e associativismo 

nesta gestão, destaca‐se a participação da CGMAD na Comissão Intersetorial de Saúde Mental – CISM 

(Resolução  CNS  nº  298,  de  02  de  dezembro  de  1999)  para  oferecer  subsídios  e  responder  aos 

questionamentos sobre ações desenvolvidas e recursos investidos para a implementação da Política de 

Saúde Mental,  Álcool  e  outras Drogas  em  âmbito  nacional,  bem  como  apoiar  e  induzir  ações  que 

fortaleçam a participação destes atores. 

Em 2012,  a CGMAD  apoiou  a  realização da Mostra de Arte  Insensata  Itinerante,  com  tema 

“Tato, Trato e Retrato”, que contou com a exposição de obras de arte de usuários artistas dos Centros 

de  Convivência  de  Belo  Horizonte  (MG),  agregando  trabalhos  locais.  A  exposição  passou  por  Belo 

Horizonte, Rio de Janeiro e Goiânia, cuja programação contemplou a exposição de obras de usuários, 

rodas de  conversa  e mesas  redondas que  foram disparadoras para o debate  e  a  reflexão  sobre  as 

contribuições  da  arte  e  da  cultura  no  combate  ao  estigma,  na  ampliação  das  trocas  sociais  e  na 

ampliação do acesso aos direitos dos usuários da RAPS. 

Em outubro de 2013 a Organização Panamericana de Saúde da Organização Mundial de Saúde 

(OPAS/OMS)  e  o  Ministério  da  Saúde  do  Brasil  realizaram  em  Brasília,  a  I  Reunião  Regional  de 

Usuários de Serviços de Saúde Mental e Familiares, com os objetivos de: 

Promover o  intercâmbio de  experiências pessoais e  institucionais  sobre  a  autonomia  e protagonismo  dos  usuários  e  familiares  da  região  das  Américas,  para  favorecer  a  sua organização  social  e  sua  participação  nas  decisões  relacionadas  às  políticas  de  saúde mental, dando continuidade aos compromissos firmados ao nível regional;  

Promover a discussão e reflexão sobre a política pública de saúde mental da região, em particular a em desenvolvimento no Brasil e 

Empoderar  familiares e usuários para avaliação da qualidade e da garantia dos direitos humanos nos serviços. 

Com representantes de 18 países da região das Américas, em sua maioria representantes de 

associações  e  organizações  de  usuários  dos  serviços  de  saúde  mental,  resultou  no  Consenso  de 

Brasília, documento importante e atual que reflete as lutas e as propostas dos usuários dos serviços de 

saúde mental e  familiares para  a  garantia e o  respeito  aos direitos humanos, o  fortalecimento das 

organizações de usuários e familiares e a participação efetiva dos usuários e familiares nos processos 

de  formulação, desenvolvimento, qualificação  e  avaliação de políticas públicas de  saúde mental na 

região  das  Américas,  que  contribuem  para  o  desenvolvimento  e  o  fortalecimento  de  ações 

governamentais,  setoriais e  intersetoriais e da  sociedade em geral. O Consenso de Brasília  indica o 

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cuidado em liberdade, a garantia dos direitos humanos, o incremento da contratualidade, a promoção 

da autonomia, a ampliação do acesso ao cuidado de base comunitária e territorial, e a  luta contra o 

estigma e o preconceito associado às pessoas com sofrimento decorrente ao transtorno mental, álcool 

e outras drogas. 

Ainda  com  o  intuito  de  contribuir  para  a  disseminação  dos  debates  sobre  o  tema  e  as 

estratégias  de  cuidado,  a  CGMAD  financiou  a  elaboração  e  publicação  de  documento  didático‐

orientador para quaisquer pessoas que se aproximem das questões em torno do suporte entre pares e 

familiares através da Ajuda e  suporte mútuos em  saúde mental,  lançada em 2013,  sob os  seguintes 

formatos:  “Cartilha  para  participantes  de  grupos”  e  “Cartilha  simplificada  para  participantes  de 

grupos”. Além disso, financiou em 2014 a publicação  Manual  de  direitos  e  deveres  dos  usuários  e 

familiares em saúde mental e drogas, destinada a problematizar e orientar, também sob a linguagem 

da diversidade, acerca das questões que afetam o sujeito em sua órbita de liberdades, bem como na 

relação com as instituições e comunidade. 

Desafios para os próximos anos 

Ao se fundamentar na garantia de diversos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, 

as ações de  reabilitação psicossocial visam a  reinventar a  representação social dos sujeitos usuários 

dos  serviços  de  saúde,  reconhecendo‐os  não  como  novos  “usuários‐trabalhadores”  ou  “usuários‐

estudantes”  ou  “usuários‐com‐habitação‐própria”.  Pelo  contrário,  passa‐se  a  ver‐lhes  como 

trabalhadores, estudantes, pessoas com moradia – e que, eventualmente, vinculam‐se aos serviços de 

saúde.  Essa  “virada”  é  fundamental  no  processo  emancipatório,  de  modo  que  deixem  de  ser 

intitulados como “usuários dos serviços”, e sim como cidadãos  (as) que acessam a saúde. É  isso que 

temos  vivido  nos  últimos  anos,  com  especial  fundamentação  na  Convenção  Internacional  sobre  os 

Direitos  da  Pessoa  com  Deficiência  (2009),  no  Programa  Nacional  de  Apoio  ao  Associativismo  e 

Cooperativismo Social (Pronacoop Social) e com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência 

(LBI,  2015). Dentre  as  articulações  iniciadas  nesta  gestão  que  permanecem  como  desafios  futuros, 

além do apresentado acima, destacam‐se: 

Construção de marcos normativos e de políticas públicas para os Centros de Conveniência e cultura, com participação das experiências em curso, o Departamento de Atenção Básica/SAS do Ministério da Saúde e o Ministério da Cultura; 

Desenvolvimento de estratégias para garantia do direito à moradia, através da articulação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Ministério das Cidades; 

Ampliação de programas de  alfabetização e educação de  jovens e  adultos para  inclusão de usuários e familiares da Rede de Atenção Psicossocial; 

Elaboração de documentos técnico‐orientadores sobre Reabilitação Psicossocial; 

Temos, ainda, a recentemente promulgada Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas com Deficiência 

(Lei  Federal  nº  13.146/2015),  em  vigor  a  partir  de  02  de  janeiro  de  2016.  O  texto  atualiza  o 

ordenamento jurídico brasileiro, vindo, no que tange à reabilitação psicossocial, a dispor de uma série 

de instrumentos de exigibilidade de direitos civis, políticos e coletivos. Como exemplo, há 1) o “auxílio‐

inclusão”,  benefício  que  não  concorre  com  a  renda  auferida  de  atividade  remunerada;  2) 

excepcionalidade  da  curatela  e  proibição  expressa  da  restrição  de  direitos  existenciais  e  de 

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personalidade, como ao voto, casamento, educação, trabalho, adoção, sexualidade e ao próprio corpo; 

3)  tomada  de  decisão  apoiada.  Ademais,  uma  importante  norma  dessa  lei  impõe  a mudança  dos 

métodos  avaliativos:  a  partir  da  afirmação  da  Classificação  Internacional  de  Funcionalidades, 

Incapacidades e Saúde  (CIFIS), que deve  ladear a Classificação  Internacional de Doenças  (CID‐10), as 

avaliações diagnósticas necessitam ser oriundas de produção  interdisciplinar e multiprofissional, não 

sendo mais restrito apenas ao saber médico. E com maior rigor, o mesmo vale para as equipes técnicas 

judiciárias. A difusão destes conceitos e práticas relacionadas constitui um dos grandes desafios para a 

estratégia de Reabilitação Psicossocial. 

   

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5. Temas  transversais  da  Política  Nacional  de  Saúde Mental,  Álcool  e  outras 

Drogas 

 

5.1. AÇÕES JUNTO ÀS POPULAÇÕES TRADICIONAIS 

Durante o período 2011‐2015, as estratégias  relacionadas à atenção psicossocial para povos indígenas  e  povos  tradicionais  foram  construídas  de modo  gradativo,  intersetorial,  reforçando‐se  a importância  do  diálogo  com  povos  e  grupos  indígenas  e  tradicionais  e  da  contextualização sociocultural de cada comunidade indígena, e compreensão os condicionantes e determinantes sociais relacionados aos problemas enfrentados. 

 Alguns marcos normativos são fundamentais para essa construção. Entre eles, a definição de Povos  e Comunidades  Tradicionais  como  grupos  culturalmente diferenciados  e que  se  reconhecem como  tais,  que  possuem  formas  próprias  de  organização  social,  que  ocupam  e  usam  territórios  e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição  (BRASIL, 2007). 

Igualmente,  desde  a  publicação  da  Portaria  GM  nº  2.759  de  2007,  que  estabeleceu  as diretrizes  gerais  para  a  Política  de  Atenção  Integral  à  Saúde Mental  das  Populações  Indígenas,  as estratégias  relacionadas  à  atenção psicossocial para povos  indígenas  têm  se  consolidado nas  ações desenvolvidas pelos Distritos Sanitários Especiais  Indígenas – DSEI, pelos pontos da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS e demais pontos da  rede de cuidados. Esta política  se baseou nos princípios de atenção diferenciada e integralidade.  

É  necessário  ressalta  que  ao  longo  do  processo  histórico  de  colonização,  e  em  função  de condições  econômicas  e  fundiárias  conflituosas,  os  povos  indígenas  e  tradicionais  brasileiros  têm sofrido fortes impactos sociais, culturais e econômicos em seus territórios e sobre seus modos de vida, o que tem gerado aprofundamento de situações de sofrimento, e de problemas em saúde mental e decorrentes  do  abuso  de  álcool  e  outras  drogas.  Diante  desse  cenário,  têm  se  intensificado  a necessidade de estratégias e ações para atenção psicossocial aos povos indígenas e tradicionais. 

Assim, as ações desenvolvidas em diálogo com diferentes instituições e setores, têm buscado a promoção  de  uma  política  de  saúde  que  não  se  limite  à  dimensão  individual  e  à  perspectiva biomédica, mas  considere  diferentes  aspectos  relacionados  às  condições  da  vida  em  sociedade  de diferentes  povos.  A  noção  de  ‘bem  viver’  tem  contribuído  a  essa  perspectiva,  permitindo  que  se considerem formas e projetos próprios de cada comunidade para buscar a felicidade ou o bem estar coletivos.    A descrição abaixo das ações realizadas no período 2011‐2015 considerou duas perspectivas: a de ações gerais, e a de ações em regiões prioritárias. Observa‐se que em sua grande maioria, as ações foram  voltadas  a  povos  indígenas.  Ações  específicas  voltadas  a  outros  povos  tradicionais  foram pontuais,  ou  articuladas  a  outras  pautas  (como  a  do  racismo,  e  das  relações  entre  discriminação, preconceito e saúde mental), sendo ainda um horizonte a ser ampliando junto à CGMAD nos próximos anos. 

Primeiramente,  a  descrição  sobre  ações  gerais  indica  atividades  que  desenvolveram  e aprofundaram  as  premissas  anteriormente mencionadas,  em  ações  intersetoriais  e  referenciais  no campo da  saúde mental e da atenção psicossocial para povos  indígenas e  tradicionais. As principais atividades descritas referem‐se à atuação junto ao grupo intersetorial de saúde mental. 

Em  seguida,  são descritas ações em  regiões prioritárias, que  foram definidas em  função da gravidade  de  algumas  situações.  A  Coordenação  Geral  de  Saúde  mental,  Álcool  e  outras  Drogas (CGMAD/MS)  previu  um  acompanhamento mais  próximo  a  quatro  regiões,  três  delas  em  áreas  de fronteiras nacionais, que  revelam dados preocupantes  associados  a  violências,  ao uso  excessivo de álcool e ao suicídio, principalmente entre jovens.  

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 Ações Gerais  

A. Fortalecimento do Grupo  Intersetorial Saúde Mental e Povos  Indígenas, com  reuniões  semanais para  construção  das  ações  de  atenção  psicossocial  aos  povos  indígenas.  Grupo  de  Trabalho composto  pelo Ministério  da  Saúde  (Secretaria  Especial  de  Atenção  à  Saúde  Indígena  –  SESAI, Secretaria de Atenção à Saúde – SAS, e Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS) e pela Fundação Nacional  do  Índio  (Diretoria  de  Promoção  dos  Direitos  Sociais  e  Diretoria  de  Promoção  ao Desenvolvimento Social – DPDS), com o propósito de analisar conjuntamente as prioridades e, a partir daí, construir estratégias e ações a serem realizadas junto às equipes dos territórios. 

Desde o  início de  sua  formação,  em  2013,  tornou‐se  consenso  que  as  ações  em  saúde mental deveriam ser construídas em conjunto com os povos  indígenas, pois o cuidado em saúde mental tem a finalidade de responder às necessidades concretas das pessoas, ressaltando que tais povos possuem  suas  próprias  concepções  acerca  do  processo  saúde‐doença  e  sofrimento  e  formas próprias de lidar com tais situações. 

Compreendeu‐se que para a construção de um cuidado efetivo é  fundamental a composição de diversos atores  intersetoriais que garantam a autodeterminação desses povos,  tal qual define a Constituição  Federal.  Dessa maneira,  além  das  reuniões  regulares  do  grupo,  e  da  participação conjunta em ações, foram realizadas viagens aos territórios para que o grupo intersetorial pudesse compreender realidades  locais, a forma de organização de cada povo, o sofrimento, as respostas locais para tal sofrimento, a RAPS local e tudo mais que fizesse sentido em cada contexto. 

B. Participação na I e II Reunião de Referências Técnicas de Saúde Mental nos DSEIS (2013/Brasília e 2014/Manaus). 

C. Participação no Encontro de Saúde Materno Infantil e da Oficina sobre Saúde Mental realizados no âmbito  do  Programa  conjunto  de  Segurança  Alimentar  e  Nutrição  de  mulheres  e  crianças indígenas. Brasília, março e abril de 2013. 

D. Participação  na  produção  (2013/2014)  do  Documento  Orientador  sobre  a  gestão  da  Atenção Psicossocial  nos  DSEI,  já  utilizado  pelas  equipes  dos  DSEI,  ainda  a  ser  publicado  pela  SESAI (Coordenação de Atenção Primária à Saúde Indígena/DASI). 

E. Diante da demanda de qualificação das equipes locais, organizou‐se ao longo de 2015, proposta de educação permanente, no bojo do Projeto Percursos Formativos da RAPS, destinada à atenção às questões decorrentes do uso de álcool e outras drogas em contextos  indígenas, que  selecionou quatro  redes em  formação,  incluindo os  respectivos DSEI de  referência: Parauapebas/PA, Ponta Porã/MS, Porto Seguro/BA e Teófilo Otoni/MG. Devido ao contingenciamento orçamentário não foi possível executar o módulo, que se mantém como uma  importante ação a ser priorizada pela CGMAD.  Além  disso,  houve  o  desenvolvimento  de  outras  ações  de  capacitação  às  Equipes Multidisciplinares de Saúde  Indígena nos  territórios prioritários e em outros  territórios,  como o Curso  sobre  Saúde Mental  Indígena  no  DSEI  Araguaia  realizado  em  parceria  com  a  SESAI  e  a Superintendência de Políticas de Atenção  Integral à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SPAIS/SES/GO). 

F. Participação no Grupo Executivo SAS/SESAI, entre 2013 e 2015, com o objetivo de coordenar as ações  em  saúde  destinadas  às  populações  indígenas  desenvolvidas  pelas  duas  secretarias, buscando ampliar o acesso às redes de atenção à saúde. 

G. Construção de edital para financiamento de ações de protagonismo  indígena, em parceria com a SESAI  e  a  FUNAI,  com  o  objetivo  de  promover  a  saúde mental  indígena  por meio  de  projetos construídos pelas comunidades, nas seguintes linhas: Fortalecimento e valorização das práticas de cuidado  e  saberes  indígenas;  Expressão  cultural  e  artística;  Formação  de  jovens  lideranças  e 

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Política Indigenista; Projetos de Atividades Econômicas Sustentáveis; Projetos de fomento ao lazer e esportes. O edital foi discutido e construído entre 2014 e 2015, apresentado e discutido junto ao Conselho dos Presidentes dos CONDISI em 2015, e conta com a expectativa  de  ser  lançado em 2016.  

H. Participação  na  Oficina  de  Qualificação  das  Estratégias  de  Prevenção  do  Suicídio  entre  Povos Indígenas, realizada em Brasília, em agosto de 2015, para construção e qualificação das estratégias de prevenção do  suicídio  entre os povos  indígenas  e de promoção da  saúde mental  e do bem viver; 

I. Participação na Oficina de Mobilização das Populações Quilombolas, População Indígena, Cigana e População do Campo, Floresta e das Águas para  implantação do Comitê Estadual de Atenção à Saúde  dos  Povos  Tradicionais.  Secretaria  de  Estado  da  Saúde  (SES‐GO).  Em  setembro  de  2015, Goiânia – GO. 

 Ações nas Regiões Prioritárias 

As regiões de atenção definidas como prioritárias foram as seguintes: a) Dourados, no Estado do Mato Grosso do  Sul, próximo à  fronteira Brasil‐Paraguai; b) Tabatinga, no estado do Amazonas, região  do Alto  Solimões  na  tríplice  fronteira  Brasil‐Colômbia‐Peru;  c)  São Gabriel  da  Cachoeira,  no estado do Amazonas, na  fronteira  com a Venezuela e a Colômbia, e d)  Ilha do Bananal, maior  ilha fluvial do mundo, situada no estado do Tocantins, e na divisa com os estados do Mato Grosso e Goiás. Constituem‐se como quatro cenários de grande complexidade sociocultural, econômica e política,  que reúnem  diversos  povos  indígenas,  configurando  espaços  intensos  de  relações  interétnicas,  trocas interculturais, e conflitos de diversas ordens. 

Região de Dourados/ DSEI Mato Grosso do Sul 

Região  de  destaque  por  ter  a  segunda maior  população  indígena  do  país,  que  apresenta importantes questões de saúde mental, dentre elas, necessidades em  função do uso de substâncias psicoativas, afetando principalmente os Guarani Kaiowa da região. Um importante problema apontado pelos trabalhadores do DSEI Mato Grosso do Sul foi a falta de integração com a rede de saúde mental, dificultando o cuidado dessa população. 

Decorrente de tal fato organizou‐se visitas técnicas realizadas entre 2013 e 2014 ao município de Dourados e Campo Grande no Mato Grosso do Sul, envolvendo equipe  intersetorial  formada por representantes  da  Funai  e  Ministério  da  Saúde10.  De  modo  mais  geral,  procurou‐se  ampliar  o conhecimento sobre o contexto de vida e o modelo de atenção à saúde mental na Reserva Indígena de Dourados, tendo como objetivos específicos: a) fortalecer a comunicação entre órgãos públicos (locais, estaduais e federais), lideranças e organizações indígenas; b) identificar, conjuntamente, dificuldades, fragilidades e potencialidades que  condicionam o modelo de atenção à  saúde  indígena e à atenção psicossocial na região de Dourados; c) conhecer projetos e ações realizadas por outros setores, ou que estejam em curso, envolvendo atenção psicossocial; d) articular um processo coletivo,  intersetorial e que  fortaleça o protagonismo  indígena, voltado à  construção de alternativas próprias de atenção e cuidado psicossocial, e que responda às necessidades dos povos Kaiowá, Ñandeva e Terena, na região de Dourados; e) desenvolver um plano de ação  intersetorial para a atenção psicossocial na Reserva Indígena de Dourados. 

Durante  as  visitas,  foram  realizadas  reuniões  com  diferentes  grupos,  nos  municípios  de Dourados  e  de  Campo  Grande  incluindo  os  indígenas,  os  trabalhadores  da  saúde  e  da  rede  10 Ver Relatório de Visita Técnica Intersetorial à Dourados e Campo Grande – MS 13 a 17 de outubro de 2014 BEM VIVER E SAÚDE MENTAL em CONTEXTOS INDÍGENAS: DOURADOS. Funai e Ministério da Saúde.

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intersetorial,  representantes  da  gestão  municipal  e  o  ministério  público  federal.  Definiu‐se  o planejamento de  ações para os próximos  anos,  com destaque  à necessidade de  atuação  junto  aos municípios para ampliação e qualificação da RAPS e a necessidade de ampliação da rede intersetorial para atuação, devido a gravidade da situação na região. 

Uma importante ação decorrente da visita técnica foi a realização do Mutirão para Efetivação do Direito à Convivência Familiar e Comunitária das Crianças e  Jovens  Indígenas no do Cone Sul, no Mato Grosso do Sul,  realizado de 20 a 26 de  junho de 2015, organizada pela Fundação Nacional do Índio  (FUNAI),  em parceria  com  a  Secretaria Nacional dos Direitos da Criança  e do Adolescente da Secretaria  Nacional  de  Direitos  Humanos (SNPDCA/SDH).  Essa  ação  levou  diversos  ministérios  ao território  do  Cone  Sul,  além  dos  supracitados,  como  Ministério  da  Saúde,  Ministério  do Desenvolvimento  Social,  Ministério  da  Justiça,  Ministério  das  Relações  Exteriores,  entre  outras entidades  como  o  Conselho  Nacional  do Ministério  Público.  O  resultado  dessa  ação  culminou  no lançamento  do  “Plano  de  Ação  para  promoção  da  efetivação  do  Direito  à  Convivência  Familiar  e Comunitária de Crianças e Jovens  Indígenas  junto ao seu povo no Cone Sul do Mato Grosso do Sul”, com  ações  a  serem  desenvolvidas  no  período  2015‐2018.  O  Plano  foi  oficialmente  lançado  em 11/09/2015, em reunião do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda. 

Tabatinga/Alto Solimões 

A Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (CGMAD/SAS) construiu  junto ao município de Tabatinga, ao Estado do Amazonas, à Área Técnica de Saúde Mental da SESAI e ao DSEI Alto Rio  Solimões agendas de  construção de desenho para a Rede de Atenção Psicossocial da região,  tendo participado,  com este objetivo, de  reuniões da CIR em agosto de 2014 e outubro de 2015. O município de Tabatinga encontra‐se em processo de implantação de seu primeiro CAPS, tendo tido ampla participação do DSEI em  todo o processo e contemplando na proposta a necessidade de adequação às demandas indígenas. 

São Gabriel da Cachoeira/ Região da Terra Indígena Balaio 

Intercâmbio Cultural entre Povos Indígenas entre os Povos Tukano, Baniwa e Ashaninka: para multiplicar os saberes tradicionais. 

  A  Coordenação  de  Saúde Mental,  Álcool  e Outras  Drogas  (CGMAD/SAS)  tem  desenvolvido atividades junto aos povos indígenas da região do Alto Rio Negro desde 2013 em conjunto com SESAI e do DSEI Alto Rio Negro. Das ações  junto aos territórios construiu‐se parceira com representantes da Terra  Indígena Balaio,  e  a  partir  daí  o  projeto  de  intercâmbio  cultural,  proposto  pela  comunidade, permitiu a construção de um entendimento conjunto e coletivo sobre questões de saúde mental no contexto  indígena  e  comunitário,  a  sensibilização  sobre  a  construção  de  estratégias  de  ação,  e  a elaboração  de  um  projeto  conjunto  para  os  anos  de  2015‐2016,  com  a  premissa  de  que  ações  de atenção  psicossocial  aos  povos  indígenas  devam  levar  em  consideração  a  diversidade  e  a complexidade  sociocultural  desses  povos,  seus  direitos  culturais,  territoriais  e  políticos,  junto  ao consentimento e à ênfase no protagonismo e participação. 

  Tal estratégia teve como principal objetivo valorizar, promover e difundir a diversidade étnica regional, bem como ser um instrumento para fortalecimento da identidade e a cultura dos povos  indígenas, unindo diferentes aldeias ou povos habitantes de uma mesma região e permitindo que a memória seja resgatada ou saberes trocados por meio de práticas cotidianas que remetem às tradições locais.    Em 2015, as ações do  intercâmbio  foram discutidas e  integradas ao Projeto PNUD – Acesso  de  Populações  Vulneráveis  e  Estratégicas  RAS,  vinculando  as  diferentes  áreas  do DAPES ao subprojeto “Interculturalidade em Saúde como estratégia para Promoção do Bem Viver em Contexto Indígena no Brasil”, com a realização da etapa Ashaninka do intercâmbio, na Aldeia Apiwtcha, prevista para janeiro de 2016.  

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Ilha do Bananal/ DSEI Araguaia e Tocantins 

As ações da CGMAD e parceiros na  região dos DSEI Araguaia e Tocantins,  sobretudo na  Ilha do Bananal, tiveram  início, após o conhecimento do número muito expressivo de suicídios entre  jovens Karajás e  Javaés, a partir de 2012. As ações ocorreram em ambos os  lados da  Ilha do Bananal, nos Estados do Mato Grosso e Tocantins,  junto aos Karajás e Javaés, com ações referentes à formação e qualificação das equipes dos DSEI Tocantins e Araguaia: 

A. Realização da Ação Karajá, nos anos de 2013, 2014 e 2015, em parceria com as aldeias Karajás da região, o Ministério Público, o DSEI Araguaia, municípios de Lagoa da Confusão/TO e São Félix do Araguaia. 

B. Realização de Oficina de Prevenção do Suicídio junto ao DSEI Araguaia e às RAPS de São Félix do Araguaia e região, em 2015. Participaram dessa ação Ministério da Saúde, DSEI Araguaia ‐ agentes de saúde  indígenas e não  indígenas, enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem, entre outros parceiros locais. 

C. Realização  do  curso  de  Formação  Sobre  Saúde  Mental  em  Contexto  Indígena  para Trabalhadores do DSEI Araguaia e da RAPS de São Félix do Araguaia, em parceria com a SESAI e a SPAIS/SES/GO. 

5.2. POPULAÇÕES EM VULNERABILIDADE E A EQUIDADE NO ACESSO À SAÚDE MENTAL 

No  ano  de  2011,  a  Organização Mundial  de  Saúde  (OMS)  publicou  documento  técnico11 com orientações para o desenvolvimento de políticas de combate às iniquidades em saúde através da ação sobre os determinantes sociais. A implementação de ações que incidam sobre as condições de saúde e bem‐estar  dos  indivíduos  e  populações,  com  vistas  à  redução  de  iniquidades,  deve  implicar  no reconhecimento de determinantes estruturais tais como classe, gênero, orientação sexual, raça/etnia, entre  outros.  Isto  traz  à  luz  populações  muitas  vezes  excluídas  em  um  processo  onde  o  modus operandi se foca normalmente em um estereótipo padronizado de usuário do SUS, que poucas vezes corresponde às necessidades da maior parte da população. 

Além disso, muitas das populações em vulnerabilidade no país  sofrem de violência  institucional por parte dos  serviços do  SUS, pois a discriminação  contra aqueles que não  se enquadram em um padrão historicamente construído gera sofrimento e agravos em saúde mental. A discriminação em si pode gerar sofrimento, mas também pode ser um fator agravante quando o sujeito sofre com algum transtorno mental mais grave.  

A Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, atenta para a busca da equidade no  acesso  à  saúde,  têm  se  comprometido  com  ações que busquem  a  visibilização dessas questões dentro de  todos os componentes da RAPS. Dessa  forma, desde 2011,  tem‐se desenvolvido oficinas, reuniões e ações  junto ao Departamento de Apoio à Gestão Participativa  (DAGEP) do Ministério da Saúde e outros grupos para desenhar as  linhas necessárias de destaque na relação entre raça/etnia, gênero, orientação sexual e população em situação de rua com o sofrimento em saúde mental, que possam culminar em estratégias de cuidado mais abrangentes.  Saúde Mental e População em Situação de Rua 

As  políticas  públicas  de  saúde  para  a  população  em  situação  de  rua  são  balizadas  pelas diretrizes da  atenção básica, da  rede de atenção psicossocial,  considerando  a  lógica da  redução de danos, a fim de garantir o acesso dessa população ao SUS.  

Nesta  perspectiva,  o  desenvolvimento  de  ações  e  estratégias  no  sentido  de  facilitação  do acesso e baixa exigência dos serviços de saúde constituem‐se como elementos  fundamentais para a 

11 http://www.who.int/sdhconference/discussion_paper/Discussion_Paper_PT.pdf

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garantia dos direitos e produção de ofertas de cuidado condizentes às necessidades de saúde dessa população.  Os Consultórios na Rua tem se consolidado como um dispositivo potente nesse contexto, aspecto reconhecido pelo Comitê da Saúde para População de Rua, colegiado este que conta com a CGMAD em sua composição.     Outra ação que tem repercutido na qualidade da atenção à população em situação de rua são os  “Encontros  Estaduais  de  Planejamento  do  Cuidado”  com  recorte  específico  para  este  grupo.  A CGMAD participou  em duas destas  iniciativas em 2015 envolvendo diversas  áreas do Ministério da Saúde, realizadas em Maceió/AL e Curitiba/PR. Cabe ainda ressaltar, que a população em situação de rua está destacada, de maneira expressa, na proposta de  regulamentação do Programa Nacional de Apoio ao Associativismo e Cooperativismo Social, instituído pelo Decreto nº 8.163, de 20 de dezembro 2013. 

Saúde Mental e População Negra 

A atuação da CGMAD na produção de pautas  relacionadas à discriminação  racial  tem  como premissa o notório e indesejável efeito do racismo, que pode se configurar como sofrimento psíquico. Reconhecer  as  expressões  manifestas  ou  tácitas  do  racismo  e  seus  efeitos  em  indivíduos  e  na coletividade é um primeiro passo para dimensionar suas  implicações na conformação do sofrimento psíquico. É  imprescindível que  reflexões dessa ordem permeiem as  relações  sociais e  comunitárias. Não  apartado  dessa  dinâmica,  é  importante  que  as  implicações  do  racismo  estejam  presentes, também, como parte do saber e  fazer dos serviços de saúde e, sobretudo, nas práticas relacionadas mais diretamente ao cuidado em saúde mental. Propósito disso é o aprimoramento da atenção e do cuidado  oferecido  pela  RAPS,  de modo  a  envolver  em  suas  práticas,  um  olhar  sobre  os  efeitos  do preconceito  e  da  segregação,  referencialmente  imbricados  nas  questões  étnico  raciais  em  nossa cultura. Essas considerações refletem um pouco daquilo de que se ocupa o Grupo de Trabalho sobre Racismo e Saúde Mental,  instituído em abril de 2014 pelo Ministério da Saúde, por meio da parceria da CGMAD com o Departamento de Gestão Estratégica e Participativa  ‐ DAGEP/SGEP, Departamento de Gestão da Educação na Saúde ‐ DEGES/SGTES, Departamento de Atenção Básica ‐ DAB/SAS e com a Politica Nacional de Humanização/SAS. Além de representantes do Ministério da Saúde compõem este grupo representantes das universidades e da sociedade civil organizada vinculada ao tema da questão racial e Saúde Mental.     Destacam‐se como desafios o aprimoramento da escuta e acolhimento aos usuários de seus serviços, a adoção de propostas  intersetoriais no  campo da promoção da  saúde que  compreendam negros e não negros, bem como o aumento da visibilidade da questão no contexto de construção dos Projetos Terapêuticos Singulares, considerando o pertencimento étnico e identitário do usuário, e seus impactos psicossociais.  

Considera‐se,  ainda, que  a necessidade  ampliação  da notificação do quesito  raça/cor  como primordial para a formulação das políticas públicas de saúde, inclusive em saúde mental.  

Especificamente  no  que  diz  respeito  ao  tratamento  relacionado  ao  uso  de  álcool  e  outras drogas,  é  imprescindível que o profissional de  saúde  esteja  atento  às  vinculações  equivocadas que associam a população negra aos problemas de dependência e homicídios. O racismo é uma violência que deve ser tratada em seu aspecto estrutural social. A criação, difusão e apropriação das tecnologias para lidar com a temática racial também é ainda um desafio da RAPS. 

Ainda  que  se  ressalte  a  sensibilidade  humanística  dos  trabalhadores  de  saúde mental,  há pouco acúmulo e reflexão que tangencia o tema étnico‐racial na RAPS. Para além da saúde mental, é possível dizer que as produções que tratam com profundidade as relações entre racismo e sofrimento psíquico  são  escassas  e  pouco  difundidas.  É  preciso  recuperar  a  própria  história  da  reforma psiquiátrica vinculada à questão racial.  

Como iniciativa primeira para desencadeamento das ações e propositivas acima mencionadas, o Grupo de Trabalho sobre racismo, propôs a organização de uma publicação que se configurará como coletânea  de  textos  sobre  a  discriminação  como  fator  de  sofrimento  envolvendo  diversos  grupos identitários. Prevê‐se que  tal  conteúdo  seja  referência para ações de  formação à distância a  serem 

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desdobradas na RAPS.  Tais ações, redimensionadas na segunda metade de 2015 devido às restrições orçamentárias, mas ainda compatíveis com as programações previstas no ECAR, aguardam definição da nova gestão para que se proceda a sua execução.  Saúde Mental, Gênero e Orientação Sexual 

Em relação às dimensões de gênero e orientação sexual destaca‐se o desafio de reconhecer os processos de  exclusão  e  sua  invisibilidade histórica,  assim  como  a patologização do  sofrimento, de modo a  incidir diretamente sobre as práticas dos serviços. Muitas vezes os trabalhadores perdem de vista tais aspectos por pensarem ser secundários ou de cunho pessoal do usuário. Na realidade, essas questões  são  atravessadas  por  dimensões  políticas,  culturais  e  psicossociais,  e  necessitam  ser visibilizadas pelo fato de incidirem diretamente na relação com os processos de saúde, adoecimento e o  cuidado  de  si.  A  articulação  para  produção  de  ações  tem  sido  construída  pela  CGMAD conjuntamente  com  a  Coordenação  Geral  de  Saúde  das Mulheres/SAS,  Coordenação  Nacional  de Saúde dos Homens/SAS e Departamento de Apoio a Gestão Participativa (DAGEP/MS)  

Avanços, Desafios e Perspectivas Futuras 

Nos  últimos  anos,  a  CGMAD  tem  sido  convocada  a  participar  de  diversos  fóruns  nos mais diversos  grupos  identitários  a  fim  de  discutir  as  implicações  da  discriminação  e  do  preconceito  na constituição do sofrimento humano. É consenso, expresso em todos esses fóruns, os efeitos diretos da discriminação e do preconceito na produção do sofrimento.  

Contudo, ainda é necessário que tais discussões alcancem e representem cada grupo em sua particularidade, considerando suas  identidades grupais e as formas peculiares em que o preconceito se  expressa  como  sofrimento.  Tal  perspectiva  incide  de modo  determinante  para  legitimação  das conquistas de cada grupo social e validação de seu protagonismo de modo particular.  

Nessa perspectiva, a CGMAD pactuou e firmou como meta para o próximo ano a organização de um ciclo de debates e coletânea de textos para elaboração de uma publicação. Esta publicação tem, assim, o propósito de apresentar, no contexto da RAPS, reflexões que considerem as diversidades, a discriminação,  suas  implicações  na  conformação  do  sofrimento,  adentrando  nas  estratégias  de atenção no SUS. 

5.3. AÇÕES RELACIONADAS AO CAMPO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 

As ações  relacionadas ao campo “Álcool e outras Drogas” estão presentes em diferentes partes desse  relatório. Os  atos  normativos  que  constituem  a  RAPS  buscam  a  todo  tempo  a  afirmação  da equidade e da  integralidade e ampliação do acesso, de forma que as ações voltadas às necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool e outras drogas podem ser identificadas de maneira eloquente, por exemplo, em componentes como o de Atenção Hospitalar e Atenção Psicossocial Estratégica. O “campo  de  álcool  e  outras  drogas”  tem  expressão  importante  ainda  no  debate  sobre  a  infância  e juventude  e  nas  ações  de  educação  permanente. Ou  seja,  busca‐se  superar  a  compreensão  de  tal temática como domínio de “especialistas” e afirmar o tema como transversal no contexto da RAPS, de forma a vincular a atenção psicossocial às dimensões da integralidade e intersetorialidade.  

Destacam‐se  as  ações  relacionadas  à prevenção  ao uso prejudicial de  álcool e outras drogas:  a participação  durante  o  período  de  2011‐2015  no  Conselho  Nacional  de  Políticas  Sobre  Drogas (CONAD),  a  contribuição  e  interlocução  com  o  legislativo  por meio  da  participação  em  audiências públicas  sobre  temas  importantes  como  a  revisão  da  Lei  11.343/2006,  que  concentra  as  ações  do Estado brasileiro  sobre o  tema drogas. Por  fim  apresenta‐se uma  síntese dos  eventos  e produções técnicas que foram realizados e que contribuíram para a ampliação do cuidado promovida no contexto da RAPS. 

Dentre  as  produções  técnicas  cabe  ressaltar  a  publicação  em  2015  do Guia  Estratégico  para  o Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao Consumo de Álcool e Outras Drogas: Guia AD, 

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documento  este  que  ofereceu  a  diferentes  públicos  elementos  para  a  discussão  sobre  o  tema  no contexto  da  RAPS  e  abordou  temas  importantes  como  PTS,  Redução  de Danos  e  Judicialização  da Saúde. 

O  período  entre  2011  e  2015  constituiu‐se  como  um momento  de  consolidação  dos  serviços territoriais então existentes e de  criação de novos dispositivos de  cuidado,  com aporte de  recursos financeiros federais, tais como os Consultórios na Rua e as Unidades de Acolhimento, da mesma forma que  foi estimulada a pactuação e  implantação de CAPS AD  III e Leitos de Saúde Mental em Hospital Geral.  

A Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas tem sido construída, até o presente momento, por esforços coletivos entre os diferentes níveis de gestão e com abertura para o diálogo com a sociedade brasileira, numa perspectiva democrática que busca qualificar os espaços de diálogo com  os  diferentes  setores  envolvidos  com  o  SUS.  Dessa  forma,  boa  parte  das  ações  que  estão incorporadas no contexto da RAPS pelo conjunto normativo produzido entre os anos de 2011 e 2015, reflete em um contexto mais geral,  iniciativas que  já vinham sendo desenvolvidas de forma pontual, por  iniciativa de gestores  locais, ou por meio da  inscrição em editais. É preciso apontar que entre os anos de 2011 e 2015 foram desenvolvidos duas  iniciativas  inovadoras em âmbito  local que contaram com a colaboração e disponibilidade para apoio do Ministério da Saúde.   

O governo do Estado de Pernambuco, em 2011, criou o Programa ATITUDE ‐ Atenção Integral aos Usuários  de  Drogas  e  seus  Familiares,  coordenado  pela  Secretaria  de  Desenvolvimento  Social  e Direitos Humanos  através da Gerência Geral de Políticas  sobre Drogas. Presente  em municípios da Região Metropolitana de Recife, Sertão e Agreste pernambucano, o ATITUDE integra o Pacto pela Vida, programa mais amplo criado em 2007 para diminuir o número de homicídios no Estado, a partir da integração de serviços de saúde, assistência social e de segurança. 

O ATITUDE proporcionou atendimento aos usuários de crack, álcool e outras drogas com atenção também  direcionada  aos  familiares,  oferecendo  cuidados  de  higiene,  alimentação,  descanso, atendimento psicossocial, além de outros, e com encaminhamentos direcionados para a rede SUS e do Sistema Único de Assistência  Social  (SUAS) e demais políticas  setoriais. A estratégia  é  centrada em graus  progressivos  de  vínculo  com  usuários  para  afastá‐los  das  drogas  e  da  violência  associada  ao tráfico e ao combate ao mesmo. O público alvo são pessoas em situação de extrema exclusão, a quem o projeto ajuda tentando restabelecer qualquer tipo de vínculo social. 

Em  2014,  o município  de  São  Paulo  implantou  o  Programa  De  Braços  Abertos  e,  de maneira inédita, lançou mão de uma política integral de cuidado às pessoas com necessidades decorrentes do uso de  álcool  e outras  drogas, baseada na  articulação das  redes  e  na  concepção do usuário  como sujeito de direitos [dignidade, respeito, trabalho e renda]. Sem exigir a abstinência e em acordo mútuo com os usuários, a prefeitura atuou  inicialmente no desmonte dos barracos na área da cena de uso, então  existentes  na  região  da  Luz,  no  Centro  de  São  Paulo,  e  propôs‐se  à  oferta  de  adesão  ao programa por meio de acolhimento em hotéis sociais, fornecimento de  três  refeições e proposta de trabalho remunerado.  

Essa  proposta inovadora  pautou  os  temas  do  acesso  ao  trabalho  e moradia  como  dimensões centrais  da  política  destinada  às  pessoas  com  necessidades  decorrentes  o  uso  de  álcool  e  outras drogas, de modo a priorizar o acesso e garantia de direitos de cidadania em detrimento de exigências de adesão aos tratamentos de saúde. A finalidade do Programa De Braços Abertos é a reinserção social das pessoas em situação de vulnerabilidade, com garantia de direitos básicos e de cidadania, baseadas no conceito de baixa exigência. É fundamental que o estado promova ações intersetoriais envolvendo a  saúde,  assistência  social,  segurança  pública,  direitos  humanos,  trabalho,  cultura  e  outras  pastas. Destacam‐se nesse  contexto o desenvolvimento de:  atividades  laborais  remuneradas  e qualificação profissional; moradia provisória, como quartos em hotéis do território; garantia das refeições diárias; acesso  a documentação  civil e encaminhamento para programas habitacionais, de  transferência de renda e outros a que façam jus; requalificação do ambiente urbano, com ações de limpeza, iluminação, segurança e cuidado; estímulo à autonomia econômica dos beneficiários do Programa, por meio de intermediação de mão‐de‐obra e fomento ao cooperativismo e ao associativismo; fortalecimento, em 

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articulação com a segurança pública estadual, das ações de inteligência para enfrentamento ao tráfico de drogas.  

Considerando  a  complexidade  das  questões  relativas  às  drogas  que  exigem  a  articulação  de diversos  atores no  âmbito da  política  social,  as  iniciativas  apontadas  são  ações que demonstraram alinhamento  com o  contexto da RAPS, devendo  ser observadas, apoiadas e avaliadas para que  seja possível ampliar ações de redução de danos e atenção integral no contexto do SUS.  

Os Programas de Prevenção ao uso prejudicial de álcool e outras drogas  

A  prevenção  ao  uso  prejudicial  de  álcool  e  outras  drogas  tem  se  constituído  como  ação estratégica de diferentes Políticas Públicas instituídas pelo Governo Federal na última década.  

No contexto da Política Nacional sobre Drogas, regulamentada pela SENAD/MJ em 2005, cabe destacar a publicação da Lei n.º11.343/2006 e a proposição do Programa “Crack, É Possível Vencer”, em 2010. A lei estabeleceu medidas de prevenção ao uso indevido de drogas, de atenção e reinserção social de pessoas com necessidades decorrentes do uso de drogas, bem como propôs a superação do foco  repressivo  e  de  “guerra  às  drogas”.  O  Programa  “Crack,  É  Possível  Vencer”,  por  sua  vez, configurou‐se  por  meio  de  ações  intersetoriais  envolvendo  os  Ministérios  da  Educação,  Saúde, Desenvolvimento  Social  e  Justiça,  com  base  em  três  eixos  estruturantes:  cuidado,  autoridade  e prevenção,  sendo  este  último  regulamentado  pelas  diretrizes  da  promoção  de  saúde  e  do fortalecimento de fatores de proteção individuais e comunitários contra o uso prejudicial de drogas. 

No âmbito das políticas de saúde, a prevenção ao uso prejudicial de drogas foi indicada como ação dentro de diversas políticas, tal qual a Política Nacional de Atenção Básica (Portaria nº 2.488, de 21  de  outubro  de  2011),  a  Política  Nacional  de  Promoção  da  Saúde  (Portaria  nº  2.446,  de  11  de novembro de 2014), o Programa Saúde na Escola (Portaria Interministerial nº 1.413, de 10 de julho de 2013), o Programa de Controle da SIDA ou AIDS (Portaria 236, de 02 de maio de 1985) e as diretrizes da Rede de Atenção Psicossocial (Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011).  

No  âmbito  da  RAPS,  definiu‐se  como  objetivo  específico  a  proposição  de  ações  e  o desenvolvimento  de  estratégias  intersetoriais  envolvendo  a  redução  de  danos  e  prevenção  ao consumo prejudicial de substâncias psicoativas. 

No  início de 2013, a CGMAD em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime  (UNODC)  selecionou,  com  base  em  evidências  científicas,  três  programas  internacionais  de prevenção  largamente  avaliados  em  países  com  estruturas  políticas  e  sociais  semelhantes  às brasileiras:  o Good  Behavior Game  (GBG)  –  para  crianças  de  6  a  10  anos  –  e  o Unplugged  –  para adolescentes de 11 a 14 anos –, ambos programas escolares; e o Strengthening Families Program 10‐14  (SFP)  –  destinado  a  famílias  com  adolescentes  de  10  a  14  anos  –  desenvolvido  em  contextos comunitários.  Destacamos como foco dos programas: 

A. Garantir  às  crianças,  adolescentes  e  jovens,  especialmente  aqueles  em  situação  de vulnerabilidade social, o desenvolvimento de habilidades de vida, educando para o convívio e compensando desvantagens sociais; 

B. Desenvolver  o  pensamento  crítico  entre  adolescentes  e  jovens,  especialmente  sobre  uso prejudicial de álcool e outras drogas; 

C.  Disseminar normas claras e consensuais que regulem o processo do conviver em sociedade e de construção de coletivos democráticos, que  impactem sobre o consumo de álcool e outras drogas. 

Com o intuito de promover a articulação intersetorial foi proposta a composição de um Comitê Gestor  Federal  para  a  implantação  dos  programas  no  Brasil,  com  representantes  da  CGMAD, Coordenação‐Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno  (MS),  Coordenação‐Geral de Saúde dos Adolescentes e  Jovens (MS), Programa Saúde na Escola  (PSE/MS), Departamento de DST, AIDS e 

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Hepatites Virais  (MS); UNODC, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas  (SENAD/MJ), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).  

Durante o ano de 2013, a CGMAD em cooperação com o UNODC contratou equipe específica para a  implantação dos Programas de Prevenção. Nessa fase  inicial, denominada pré‐piloto, realizou‐se  a  tradução  para  o  português  dos  materiais  didáticos  concernentes  a  cada  programa  e  os profissionais  foram  capacitados  pelos  desenvolvedores  internacionais  dos  programas  para  atuarem como  supervisores  e  formadores  no  âmbito  nacional.  Os  três  programas  foram  implementados intersetorialmente por meio de parcerias com Secretarias Estaduais/Municipais de Saúde e Educação (Programas GBG e Unplugged) e Secretarias Estaduais/Municipais de Assistência Social (Programa SFP) em  pequena  escala nos municípios  de  Florianópolis/SC,  São Bernardo do Campo/SP,  São  Paulo/SP, Tubarão/SC  e  Distrito  Federal/DF.  Para  isso,  profissionais  vinculados  à  CGMAD  conduziram  as formações  inicias  dos  profissionais  da  saúde,  educação  e  assistência  social  nos  âmbitos  locais  e acompanharam e apoiaram a aplicação dos programas registrando as experiências e necessidades de adaptação  cultural  identificadas,  por meio  de  diários  cartográficos.  Em  setembro  de  2013,  após  o Simpósio  Internacional  sobre  Drogas:  da  Coerção  a  Coesão,  a  CGMAD  realizou  o  Seminário Internacional  sobre  Prevenção  para  sensibilizar  os  coordenadores  de  saúde  mental  e  gestores estaduais  e municipais  de  saúde  e  educação  sobre  a  importância  de  avaliação  de  efetividade  das estratégias de prevenção. 

A  Universidade  de  Brasília  (UnB),  Universidade  Federal  de  Santa  Catarina  (UFSC)  e Universidade Federal de São Paulo  (UNIFESP)  realizaram a avaliação do processo de  implementação dos três programas no Brasil e conduziram grupos focais e nominais para identificar os elementos dos programas a serem adaptados.  

No  início de 2014, a equipe da CGMAD efetivou a adaptação  cultural dos  três programas a partir das necessidades identificadas ao longo do pré‐piloto para as suas primeiras versões brasileiras. O  GBG  foi  base  para  a  criação  do  Programa  Jogo  Elos  ‐  Construindo  Coletivos  (a  partir  de  2016 denominado Programa Elos), o Unplugged para o #Tamojunto e o SFP para o Fortalecendo Famílias (a partir de 2016 denominado Famílias Fortes). As adaptações incluíram revisão da linguagem e conteúdo do  material  didático,  revisão  do  formato  de  acompanhamento,  criação  de  instrumentos  de monitoramento  (via  FORMSUS)  e uma primeira proposta de  expansão dos programas por meio de multiplicadores  locais,  visando  a  transferência  de  tecnologia  para  os  territórios  garantindo  a  sua autonomia e sustentabilidade. As primeiras versões brasileiras dos programas foram implementadas já numa escala maior, abrangendo 11 municípios brasileiros, nas cinco regiões do Brasil. 

Além disso, em 2014, a Coordenação  investiu em desenvolvimento de aulas complementares do programa #Tamojunto (com temáticas de raça e etnia, violência, identidade, gênero e saúde sexual e  reprodutiva)  e  do  componente  familiar  do  Programa  Elos  ‐  ambos  por  meio  de  processos participativos, envolvendo parceiros de outros setores. As sessões de acompanhamento do programa Fortalecendo Famílias foram experimentadas em pequena escala.  

No  final de 2014 e  início de 2015, os  três programas  foram  revisados novamente, devido às novas  necessidades  identificadas  durante  a  ampliação  territorial  dos  programas.  O  modelo  de multiplicação dos programas foi aprimorado, por meio da elaboração de guias para os multiplicadores locais e revisão do processo de capacitação. Em 2015, expandiu‐se a  implantação dos programas em novos  serviços/equipamentos públicos nos municípios participantes  e, por meio de parceria  com  a SENAD/MJ, deu‐se início à implantação em 10 novos municípios do estado de Ceará/CE. 

Na sequência, apresentamos em  linhas gerais as dimensões fundamentais de cada programa, incluindo informações sobre as etapas de implantação no Brasil e impactos constatados. 

Programa Jogo Elos: Construindo Coletivos (Good Behavior Game ‐ GBG) 

O GBG foi criado a partir da premissa de que as crianças com comportamentos disruptivos e agressivos  tendem  a  desenvolver  posteriormente  problemas  de  saúde mental,  ter  dificuldades  em fazer parte do coletivo e ter problemas relacionados ao uso abusivo de drogas. Por meio do  jogo, os educandos  são  incentivados  a  desenvolver  hábitos  de  sociabilidade  e  cooperação,  reduzindo  a ocorrências de conflitos em sala de aula. O GBG promove o sentimento de pertencimento a um grupo 

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social  por meio  de  criação  das  condições  para  que  a  colaboração  e  aceitação mútua  possam  ser aprendidas pelas crianças em sala de aula. Além disso, a metodologia contribui para a desconstrução de  estigmas  dentro  do  ambiente  de  sala  de  aula  e  potencializa  o  papel  do  educador  como  um mediador de conflitos. 

O  programa  foi  desenvolvido  e  testado  pelos  pesquisadores  estadunidenses  na  década  de 1960 com crianças em idade escolar. O acompanhamento em longo prazo mostrou que a participação no programa produziu efeitos na redução de uso e abuso de substâncias psicoativas, como também em outros aspectos da vida. Diminuiu cerca de 70% a frequência de conflitos entre os alunos em sala de aula; bem como redução na ocorrência de violência e bullying na escola e melhorou o desempenho escolar dos participantes. 

A  implantação do Pré‐piloto do GBG no Brasil,  intitulado  Jogo Elos  se deu em  territórios de dois Estados da federação: São Paulo e Santa Catarina, conforme detalhamento abaixo: 

Tabela 12. Alcance em números de escolas, educadores e educandos por  território no Pré‐piloto do GBG (Jogo Elos) em números ‐ 2013 

Pré‐piloto do GBG (Jogo Elos) em números (2013) 

Território  Escolas  Educadores Educandos 

São Paulo – SP  1  1  30 

São Bernardo de Campo – SP  2  4  100 

Florianópolis – SC  1  17  455 

Tubarão – SC  2  13  239 

TOTAL  6  35  824 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

No ano de 2014, a expansão do Programa Jogo Elos caracterizou‐se pela implantação do Piloto 

em novas escolas nos municípios participantes e ampliação do Programa em novos  três estados do 

país. 

Tabela 13. Alcance em números de escolas, educadores, turmas e educandos por território no Piloto 

do JOGO ELOS ‐ 2014 

Piloto do JOGO ELOS em números (2014) 

Território  Escolas  Educadores Turmas Educandos 

Curitiba – PR  1  12  11  324 

Florianópolis – SC  3  16  21  329 

Fortaleza‐ CE  2  6  2  43 

João Pessoa‐PB  2  6  4  96 

São Bernardo do Campo – SP  3  12  11  304 

São Paulo – SP  3  8  8  235 

Taboão da Serra‐ SP  1  4  4  250 

Tubarão – SC  6  14  16  294 

TOTAL  21  78  77  1.875 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Dados  de  avaliação,  realizada  pela  UNIFESP  e  UFSC,  e  de  monitoramento  do  processo  de implementação do Jogo Elos: Construindo Coletivos, mostraram que, na percepção dos educadores, o 

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programa  contribuiu  para  o  desenvolvimento  de  algumas  habilidades  de  vida,  aprimoramento  da qualidade nas relações em sala de aula e trouxe  impactos positivos na autopercepção do educador e em seu manejo de sala de aula:  

95% dos educadores afirmaram que o programa contribuiu para uma mudança de percepção positiva sobre si mesmos como educadores;  

85% dos educadores afirmaram organizar suas turmas em equipes com frequência ou sempre, enquanto no início 37,5% o faziam; 

64% dos professores afirmaram estar bastante ou totalmente contentes com o jogo; 

Tanto  os  professores  (60%),  quanto  os  diretores  (55%)  consideram  o  Jogo  Elos  bastante  ou totalmente útil para gerenciar o comportamento dos alunos em sala de aula. 

No ano de 2015 deu‐se a expansão do Programa em novos municípios do Ceará/CE. Além disso, duplicou‐se o número de escolas participantes e o programa atingiu mais de 2.500 educandos. 

Tabela 14. Alcance em número de escolas, turmas e educandos por território no Piloto Jogo Elos ‐ 2015 

JOGO ELOS em números (2015) 

Território  Escolas  Turmas Educandos 

Aracati‐CE  2  3  84 

Barbalha‐CE  2  2  70 

Camocim‐CE  2  3  84 

Caucaia‐CE  2  4  108 

Crateús‐CE  2  3  101 

Florianópolis – SC  2  9  225 

Fortaleza‐ CE  2  8  258 

Iguatú‐CE  2  3  84 

Juazeiro do Norte‐CE  2  2  60 

Quixeramobim‐CE  2  3  74 

São Bernardo do Campo – SP  3  13  390 

São Paulo – SP  7  13  383 

Taboão da Serra‐ SP  4  13  426 

Tianguá‐CE  2  2  56 

Tubarão – SC  5  11  198 

TOTAL  41  92  2.601 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

#Tamojunto (Unplugged) 

O  programa  Unplugged  foi  desenvolvido  pelo  Instituto  EU‐DAP  (European  Drug  Addiction Prevention Trial) a partir do Modelo de Influência Social Global, baseado no tripé: desenvolvimento de habilidades de vida, pensamento crítico em relação a informações e crenças normativas. A efetividade do programa foi avaliada num estudo controlado randomizado em sete países europeus entre 2004 e 2006,  com  estudantes  de  12  a  14  anos.  Em  comparação  com  o  grupo  controle,  os  jovens  que participaram do programa tinham uma probabilidade 30% menor de fumar cigarro diariamente e de experimentar uma intoxicação alcoólica (binge drinking), além da redução de 23% da probabilidade de 

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fazerem uso de maconha no último mês. Além disso, em relação ao uso do tabaco por adolescentes, o programa se mostrou efetivo ao prevenir a transição do não uso ou uso esporádico para o uso diário.  

A  implantação do Pré‐piloto do Unplugged no Brasil se deu em territórios de dois Estados da federação: São Paulo e Santa Catarina, conforme detalhamento abaixo: 

Tabela 15. Alcance em números de escolas, professores,  turmas e educandos por  território no Pré‐piloto Unplugged ‐ #Tamojunto ‐ 2013 

Pré‐piloto do Unplugged em números (2013) 

Território  Escolas  Professores Turmas  Educandos 

São Paulo – SP  3  9  23  837 

São Bernardo de Campo – SP  1  4  17  547 

Florianópolis – SC  4  23  20  777 

TOTAL  8  36  60  2.161 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Na avaliação do pré‐piloto, a UNIFESP e UFSC realizaram um estudo quasi‐experimental sobre efetividade  do  programa,  que  demonstrou  que  os  educandos  que  não  passaram  pelo  programa aumentaram o uso de drogas num porcentual maior do que os que participaram. O binge drinking (tomar mais que 5 doses numa ocasião) diminuiu entre os participantes do Unplugged, em relação ao grupo controle. 

No  ano  de  2014,  a  implantação  do  Programa  Piloto  #Tamojunto  caracterizou‐se  pela significativa expansão do número de escolas e de educandos participantes, abrangendo 12 municípios das cinco regiões do Brasil. 

Tabela 16. Alcance em números de escolas, professores, profissionais da saúde, turmas e educandos por território do #Tamojunto ‐ 2014 

Piloto do #Tamojunto em números (2014) 

Território  Escolas  Professores Profissionais 

da Saúde 

Turmas  Educandos 

Curitiba – PR  12  22  27  55  1.954 

Cruzeiro do Sul‐ AC  3  4  6  5  157 

Distrito Federal ‐ DF  6  16  5  35  1.072 

Florianópolis – SC  12  29  8  35  1.070 

Fortaleza‐ CE  13  42  11  48  1.456 

João Pessoa‐PB  18  33  17  39  1.071 

Rio Branco‐AC  4  8  5  12  481 

Rodrigues Alves – AC  1  2  2  2  65 

São Bernardo do Campo – SP  12  25  12  47  1.360 

São Paulo – SP  39  79  33  113  3.619 

Taboão da Serra ‐ SP  6  21  20  31  1.072 

Tubarão – SC  4  8  6  10  212 

TOTAL  130  289  152  432  13.589 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

A efetividade do Programa #Tamojunto na prevenção do uso e abuso de álcool e outras drogas foi avaliada por meio de estudo  controlado  randomizado  realizado pela UNIFESP e UFSC. Tal processo 

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incluiu etapa pré‐teste  (antes do  início do programa) e pós‐teste  (no  final de 2014 e em 2015). Os resultados  estarão  disponíveis  somente  em  2016.  Os  dados  de  monitoramento  do  processo  da implementação do #Tamojunto em 2014, coletados por meio de  formulários FORMSUS preenchidos pelos professores, multiplicadores locais e formadores, demonstraram que: 

Dos 289 professores que participaram na  implementação do programa em 2014, somente 5 desistiram (1,7%); 

64.75% dos professores relatam que utilizaram algumas técnicas do programa #Tamojunto em outras aulas; 

Os professores  relatam que os educandos estão mais  receptivos  ao  convívio  com eles para além do programa (82% dos relatos); e 

Os professores relataram que o programa contribuiu para ampliar positivamente a percepção sobre  si  mesmo  como  educador  sempre  (53%  dos  relatos)  e  frequentemente  (44%  dos relatos). 

No ano de 2015 deu‐se continuidade à expansão do Programa em novos municípios do Ceará/CE, bem como dos demais estados participantes. Para além disso houve significativa ampliação do número de profissionais (saúde e educação) participantes e o programa atingiu quase 20.000 educandos. 

Tabela 17. Alcance em números de escolas, professores,  turmas, educandos, profissionais da saúde, multiplicadores locais por território do #Tamojunto ‐ 2015 

Piloto do #TAMOJUNTO em números (2015) 

Território  Escolas  Professores Turmas  Educandos  Profissionais 

da Saúde 

Multiplicador

es locais 

Curitiba – PR  11  28  49  1.471  15  5 

Cruzeiro do Sul‐ AC  7  12  15  418  28  8 

Rio Branco‐AC  7  28  33  1.190  10 

Rodrigues Alves – 

AC 

1  1  1  25  2 

Distrito Federal  7  11  39  1.282  10  4 

Florianópolis – SC  17  38  39  1.164  35  12 

Tubarão – SC  3  2  4  76  4 

Fortaleza‐ CE  17  26  43  1.365  35  4 

9 municípios do 

estado Ceará 

16  19  28  928  9 

João Pessoa‐PB  18  38  54  1.377  15  5 

São Bernardo do 

Campo – SP 

13  17  46  1.554  239  2 

São Paulo – SP  63  142  212  7.527  62 

Taboão da Serra ‐ 

SP 

5  26  22  896  8 

TOTAL  185  388  585  19.273  377  136 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

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Fortalecendo Famílias / Famílias Fortes (Strengthening Families Programme 10‐14 – SFP) 

O Strengthening  Families Programme 10‐14  (SFP) é uma  intervenção  com  famílias, que  visa reduzir os fatores de risco do uso e abuso de substâncias por adolescentes e construir ou fortalecer os vínculos  familiares, entendidos como  fatores de proteção contra o abuso de álcool,  tabaco e outras drogas. O programa prevê o desenvolvimento das habilidades parentais, tal como demonstrar apoio e suporte aos filhos, e ensina as práticas para estabelecimento de limites e regras de convivência entre os  familiares.  Por  meio  de  diálogo  entre  os  adultos  e  adolescentes,  as  famílias  melhoram  a comunicação e fortalecem os vínculos. 

O programa foi criado nos anos 1970 por pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos.  Em  1993,  o  programa  foi  adaptado  e  aplicado  pela Universidade Oxford  Brooks,  no  Reino Unido em 442  famílias em grande maioria economicamente desfavorecidas. A pesquisa estruturada avaliou  diversos  fatores  de  risco  e  proteção  antes  do  início  do  programa  e  até  2  anos  depois.  A comparação dos dados pré e pós‐teste mostrou que todos os participantes, como os  jovens tanto os adultos, melhoraram os vínculos familiares. Os jovens ficaram mais dispostos a fazer novas amizades, aumentaram  seus  círculos  sociais e desenvolveram a  resistência às pressões para envolvimento em práticas criminais como furtos e roubos. Pesquisadores da Oxford Brooks relatam que os  jovens que participaram do SFP tiveram 30% menor chance de fazer o uso abusivo de álcool. Além disso, os dados mostraram  uma  redução  de  agressividade  de  todos  os  participantes,  tanto  pais  como  jovens.  Os resultados  indicaram  ainda  melhoria  da  qualidade  dos  vínculos  familiares,  maior  interesse  e participação dos pais nas atividades dos filhos e melhorias no rendimento escolar dos jovens. 

A  implantação do Pré‐piloto do SFP no Brasil se deu especificamente no território do Distrito Federal, conforme detalhamento abaixo: 

 Tabela  18. Alcance  em  números de  grupos  e  famílias, por  território por  território no  Pré‐piloto do Fortalecendo Famílias ‐ 2013 

Pré‐piloto do SFP em números (2013) 

Território  Grupos  Famílias 

Sobradinho – DF  2  13 

Taguatinga – DF  2  20 

Ceilândia – DF  1  10 

Gama Leste – DF  1  8 

Núcleo Bandeirante – DF  1  5 

Paranoá‐DF  1  8 

TOTAL  8  64 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Os  dados  da  avaliação  do  pré‐piloto,  realizada  pela  Universidade  de  Brasília  (UnB), demonstraram  que  os  jovens  e  seus  familiares  identificaram‐se  com  as  atividades  e  fizeram  ótima adesão  às  ações.  Os  participantes  apresentaram  bons  níveis  de  participação,  satisfação  com  os procedimentos e apreciação dos temas percebidos como relevantes para a própria vida. 

No ano de 2014, a implantação do Programa Piloto Fortalecendo Famílias caracterizou‐se pela expansão dos territórios participantes, abrangendo cinco estados do país, assim como a ampliação do número de famílias envolvidas. 

   

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Tabela  19.  Alcance  em  números  de  facilitadores,  grupos  e  famílias  por  território  no  Piloto  do Fortalecendo Famílias ‐ 2014 

Piloto Programa Fortalecendo Famílias em números (2014) 

Território  Facilitadores Grupos  Famílias

Cruzeiro do Sul ‐ AC  17  1  7 

Distrito Federal  85  9  50 

Florianópolis ‐ SC  56  1  11 

Fortaleza ‐ CE  30  8  58 

Mâncio Lima ‐ AC  4  ‐  ‐ 

Rio Branco‐AC  35  1  7 

Rodrigues Alves ‐ AC  2  ‐  ‐ 

São Paulo‐SP  32  ‐  ‐ 

TOTAL  262  20  133 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

A  partir  do  processo  de  monitoramento  do  Programa  Fortalecendo  Famílias  em  2014, constatou‐se que 56% dos profissionais  se  sentiram  confortáveis na  implementação do programa e 24% muito confortáveis. Numa escala de 1 a 5 (sendo 5 o máximo), 32% dos participantes avaliaram que o programa contribuiu no nível 4 para o fortalecimento dos vínculos da família com o serviço, e para 44% atingiu o nível máximo. 

No  ano  de  2015  deu‐se  continuidade  à  expansão  do  Programa  em  novos  municípios  do Ceará/CE, bem como em novos estados e municípios. Para além disso houve significativa ampliação do número de grupos  e o programa praticamente triplicou o número de famílias participantes. 

Tabela  20.  Alcance  em  números  de  facilitadores,  grupos  e  famílias  por  território  no  Piloto  do Fortalecendo Famílias ‐ 2015 

Programa Fortalecendo Famílias em números (2015) 

Território  Facilitadores Grupos  Famílias 

Fortaleza ‐ CE  37  7  36 

10 municípios de Ceará  35  11  115 

Guajará‐AM  3  1  9 

Região Juruá ‐ AC  36  10  72 

Rio Branco‐AC  14  6  37 

São Bernardo do Campo‐SP  25  5  37 

São Paulo‐SP  34  10  60 

TOTAL  184  50  366 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Perspectivas e Desafios 

Já com os programas adaptados, aponta‐se como desafio para o 2016 o desenvolvimento de um modelo sustentável de disseminação com qualidade e fidelidade, para garantir a replicação de seus resultados de efetividade em larga escala. Em 2015, iniciou‐se uma parceria com FIOCRUZ para criação de  uma  plataforma  online  de  educação  à  distância,  com  vistas  à  capacitação  dos  profissionais.  O formato e a metodologia de capacitação precisam ser revistos, integrando os componentes presenciais 

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e virtuais. Além disso, em 2015, a CGMAD  iniciou o diálogo com o  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada  (IPEA)  sobre  o  possível  impacto  dos  programas  na  ruptura  do  ciclo  de  reprodução  de desigualdades.  A implementação dos programas de prevenção foi inserida no Plano Plurianual 2016‐2019, pactuando‐se  metas  dos  Ministérios  da  Saúde,  Educação,  Desenvolvimento  Social  e  Justiça.  Para  2016,  a ampliação dos programas foi pactuada em todos os municípios participantes e a  implementação dos programas  está  conduzida  numa  parceria  com  a  Secretaria  Nacional  de  Políticas  sobre  Drogas  do Ministério da Justiça.   

O Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD)  

A CGMAD tem desenvolvido uma série de atividades e ações integradas com a SENAD/MJ12, no âmbito da política pública brasileira sobre drogas. Considerando as disposições da Lei nº 11.343/2006 e o Decreto nº 5912/2006, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD) constitui‐se como um  foro  importante de  construção da política,  tendo abordado no período de gestão aludido neste relatório: a questão da propaganda de bebidas alcoólicas; o uso de canabinóides para tratamentos de saúde;  a  regulamentação das Comunidades Terapêuticas;  a discussão  sobre o  cenário  internacional (por ocasião da realização da UNGASS); o uso do ritualístico e religioso do Cacto Peyote. 

Sobre  o  uso  de  canabidiol  para  tratamentos  de  saúde,  o  CONAD  promoveu  uma  audiência pública com participação de representantes de diferentes setores da sociedade (profissionais médicos, familiares e representantes do governo  federal) e  fez gestões  junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para simplificação do processo de importação do produto. 

O CONAD manifestou‐se ainda sobre outros temas como a retirada dos filhos de mulheres que fazem  uso  de  drogas  e manifestou  preocupação  com  a  publicação  do Decreto  Legislativo  (PDS)  nº 52/2014 que suspende os efeitos da RDC Nº 52, de 6 de outubro de 2011, que proibiu a  fabricação, importação,  exportação,  manipulação,  prescrição  e  o  comércio  de  remédios  com  as  substâncias femproporex, anfepramona e mazindol na fórmula. 

O processo de regulamentação das Comunidades Terapêuticas foi uma das questões que mais ocupou a pauta do Conselho nos últimos anos. O Conselho avaliou inicialmente que as normatizações existentes sobre o  funcionamento das Comunidades Terapêuticas, como a Portaria nº 131/2012 e a RDC‐ANVISA  nº  29/2011,  eram  insuficientes.  Entre  as  atividades  do  CONAD,  foi  composta  uma comissão de  trabalho para  construção da minuta, além da  realização de duas audiências públicas e uma consulta pública sobre o tema. 

Entre os aspectos que presentes na Resolução nº 01/2015 do CONAD, devem ser destacados os seguintes pontos: 

As Comunidades Terapêuticas constam na Resolução nº 01/2015 como entidades “de interesse e  apoio  das  políticas  públicas  de  cuidados,  atenção,  tratamento,  proteção,  promoção  e  reinserção social”. No entanto não estão presentes na tipificação nacional de serviços socioassistenciais do SUAS e não são definidas como estabelecimentos de saúde, o que  representa um desafio no processo de articulação, uma vez que as políticas sociais (como SUS e SUAS) seguem diretrizes de territorialização e definição de população adscrita.  

Outro  aspecto  relevante  é  a  ausência de procedimentos de  saúde por parte das entidades, sendo reafirmado na resolução do CONAD o texto da RDC 29/2011 da ANVISA que no parágrafo único do  Art.1º  define  que:  “O  principal  instrumento  terapêutico  a  ser  utilizado  para  o  tratamento  das pessoas com transtornos decorrentes de uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas deverá ser a convivência entre os pares, nos termos desta Resolução” (BRASIL, 2011e). 

12 Entre as ações destacam-se o Projeto Redes, a elaboração de documentos de orientação como o “Guia Estratégico para o Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao Consumo de Álcool e Outras Drogas”, assim como a elaboração do PPA transversal 2016-2019.

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Assim, não deverão ocorrer  internações compulsórias nas Comunidades Terapêuticas,  tendo 

em vista que não são estabelecimentos hospitalares e a Resolução 01/2015 prevê o acolhimento nas 

Comunidades Terapêuticas sempre de  forma voluntária. Um desafio que se coloca ao CONAD nesse 

ponto é a construção de formas de cadastrar e monitorar as atividades de tais entidades, sendo que o 

governo  federal  tem  financiado  a  atividade  das  Comunidades  Terapêuticas  por meio  de  editais  da 

SENAD/MJ. 

Tendo  em  vista  a  complexidade  da  política  sobre  drogas  no  país,  coloca‐se,  também  como  desafio  a  revisão  da  composição  do  referido  Conselho  a  exemplo  do  funcionamento  de  outros conselhos  de  políticas  sociais,  tais  como  o  Conselho  Nacional  de  Saúde  e  Conselho  Nacional  de Assistência Social. 

No que se refere ao debate internacional, em 2012 o CONAD contribuiu para a construção do documento  “Cenários  dos  problemas  das  drogas  nas  Américas  2013‐2025”.  A  colaboração  para  o documento destinado à Organização dos Estados Americanos  (OEA)  favoreceu a articulação entre o Ministério das Relações Exteriores e as construções do campo da saúde e assistência social sobre o tema, indicando a mudança do debate sobre drogas, anteriormente mais centrado em ações punitivas e médicas para uma concepção em que se destacam a defesa e garantia de direitos humanos. 

Ainda  sobre  o  cenário  internacional,  em  2015,  a  Assembleia  Especial  da  Organização  das Nações  Unidas  (UNGASS)  foi  tema  de  discussão   e  consulta  pública  no  CONAD,  resultando  em documento de recomendações para tal evento, que será realizado em abril de 2016 com o tema das drogas,  reiterando  a  posição brasileira de  construção de políticas  sociais de  afirmação dos direitos humanos.  

Ações no Legislativo com o tema de Álcool e Outras Drogas  

A CGMAD foi convidada para participar de inúmeras audiências públicas na Câmara Legislativa e Senado Federal para  compartilhar  com os  legisladores e  fornecer  informações  sobre a política de saúde mental,  álcool  e  outras  drogas  para  possibilitar  construir  sugestões  relativas  ao  tema  que estejam  em  consonância  com  os  princípios  e  diretrizes  do  SUS,  Reforma  Sanitária  e  Reforma Psiquiátrica Brasileira. 

Segue, abaixo, quadro com algumas audiências com participação da CGMAD.     

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Quadro 4. Audiências Públicas na Câmara Legislativa e Senado Federal com participação da CGMAD  

 

Fonte:  Coordenação  de  Saúde Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas/DAPES/SAS/MS,  Câmara  dos  Deputados  (http://www2.camara.leg.br/)  e 

Senado Federal (http://www12.senado.leg.br) 

   

Projeto de Lei (PL) Data Tema Participação Link das notas taquigráficas

Segurança Pública E 

Combate Ao Crime 

Organizado

16/09/2015Política de Álcool e 

outras DrogasAlexandre Trino Não disponibilizada

Comissão Especial ‐ 

PL 6.583/13 ‐ Estatuto 

da Família

04/06/2014 Estatuto da Família Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/9zWD1j

Comissão de 

Seguridade Social e 

Família

15/05/2014

Audiência pública 

destinada à discussão da 

Terapia Comunitária 

Integrativa e das 

políticas públicas: 

tecnologia social para 

saúde e educação em 

áreas sociais

Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/NOm93c

Comissão de 

Seguridade Social e 

Família

17/12/2013Serviços Substitutivos 

em Saúde MentalDr. Roberto Tykanori http://goo.gl/VihoN9

Comissão de 

Seguridade Social e 

Família

14/06/2012

Esclarecimentos sobre a 

execução dos projetos e 

das políticas públicas de 

competência do SISNAD

Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/BOUYKN

Comissão Especial ‐ 

PL 7663/10 ‐ Sistema 

Nac. Políticas sobre 

Drogas

05/06/2012

Parecer ao Projeto de Lei 

nº 7.663, de 2010, que 

acrescenta e altera 

dispositivos à Lei nº 11. 

343

Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/F8PbMp

Comissão Especial ‐ 

Políticas Públicas de 

Combate às Drogas

01/09/2011

Seminário Nacional da 

Comissão Especial de 

Políticas Públicas de 

Combate às Drogas

Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/Cm359z

Comissão Especial ‐ 

Políticas Públicas de 

Combate às Drogas

09/08/2011

Debate acerca da 

elaboração do Plano 

Plurianual e do 

programa de 

enfrentamento ao crack

Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/PxPOfj

Comissão Especial ‐ 

Políticas Públicas de 

Combate às Drogas

06/07/2011

Relançamento da Frente 

Parlamentar Mista de 

Combate ao Crack

Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/WcyfkX

Conjunta ‐ 

Seguridade Social / 

Direitos Humanos

12/04/2011

Políticas de assistência e 

de afirmação de direitos 

dos portadores de 

transtorno mental no 

Brasil

Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/tTfLGh

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Eventos e Produções Técnicas 

A  temática  sobre  álcool  e  outras  drogas  esteve  presente  em  um  volume  significativo  de 

eventos e produções técnicas como se poderá verificar a seguir: 

Quadro 5. Produções técnicas no campo de álcool e outras drogas entre 2011‐2015 

Ano  Projeto  Ação CGMAD  Público‐alvo 

2012 Oficina de Alinhamento do Programa Crack, é possível vencer (1ª Edição), 2012 

Texto Orientador contendo discussão acerca das ações e serviços, bem como a 

metodologia integrada de abordagem do fenômeno do uso de álcool e outras 

drogas 

Municípios que pactuaram o Programa 

“Crack, É possível Vencer” 

2013 

Manual do Programa  Crack é Possível vencer. 

Enfrentar o Crack. Compromisso de Todos, 

2013 

Apresentação das diretrizes e as estratégias propostas pelo Programa; bem como as ações e serviços da RAPS 

Municípios elegíveis para a pactuação do Programa “Crack, É possível Vencer” 

2013‐14 

Curso de Tópicos Especiais de Policiamento e Ações Comunitária (TEPAC), 2013 

e 2014 

Organização do material didático em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública 

(SENASP/MJ) sobre Redes de Atenção e Cuidado a 

usuários de crack  

Agentes da polícia comunitária de todos os municípios que 

pactuaram o Programa “Crack, É possível 

Vencer” 

2014 

Curso SUPERA ‐ Sistema para detecção do Uso 

abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: 

Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e 

Acompanhamento, 2014 

Organização do material didático sobre a Política 

Nacional de Saúde Mental e a Organização da Rede de Atenção psicossocial no Sistema Único de Saúde 

Profissionais das áreas de saúde e assistência 

social 

2015 

Curso Prevenção Dos Problemas Relacionados 

Ao Uso De Drogas: Capacitação Para 

Conselheiros e Lideranças Comunitárias, 2015 

Texto sobre a Política nacional de saúde mental e 

a rede de atenção psicossocial no Sistema 

Único de Saúde. 

Líderes comunitários e profissionais dos 

conselhos municipais, que atuam em várias áreas, entre elas: saúde, educação, assistência social, 

proteção dos direitos da criança e do adolescente 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS  

Seminário Internacional de Especialistas sobre políticas de saúde pública para o consumo de Crack 

(2012) 

Evento  realizado  em  parceria  com  a  OPAS/OMS,  com  a  participação  de  profissionais  com reconhecida contribuição na área de álcool e outras drogas, gestores do SUS e pesquisadores nacionais 

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e  internacionais,  totalizando  aproximadamente  40  pessoas.  Pautou‐se  o  estado  da  arte  das  atuais políticas  de  saúde  para o  tratamento  à dependência de drogas,  em  especial o  crack,  com  base na experiência brasileira e no cenário internacional.  

Durante o Seminário identificou‐se a necessidade de fortalecimento e alinhamento conceitual entre os diferentes setores da sociedade brasileira que se dedicam ao tema, tais como a Universidade, entidades  da  Sociedade  Civil  e  os  profissionais/gestores  do  SUS. Os  resultados  da  revisão  sobre  a produção acadêmica  relacionada ao  campo  revela, ainda, a necessidade de  ampliação da pesquisa, especialmente no que se refere à avaliação da eficácia de ações de redução de danos, bem como da avaliação  da  viabilidade  e  identificação  de  desafios  nas  diferentes  regiões  do  país  para  sua implementação. 

Simpósio Internacional sobre Drogas: da Coerção à Coesão, em Brasília/DF (2013) 

Evento realizado na parceria entre o Ministério da Saúde, Ministério da Justiça, do UNODC e da  Organização  Pan‐Americana  da  Saúde  (OPAS),  que  contou  com  a  participação  de  500  pessoas dentre representantes  Instituições de Ensino Superior, trabalhadores/gestores dos campos da saúde, educação, assistência social, justiça, assim como centrais sindicais, organizações não governamentais, representantes  da  imprensa  e  Serviço  Social  da  Indústria  (SESI).  Houve  participação  também  de Coordenadores de Saúde Mental de Estados, Capital e Município de mais de 200 mil habitantes.  

O  Fortalecimento  e  ampliação  do  debate  propiciou  um  espaço  importante  de  troca  para  a produção de ações integradas no âmbito das políticas públicas sobre drogas, a perspectiva baseada no equilíbrio entre as ações de prevenção, proteção  social, atenção à  saúde e  segurança pública,  com vistas à maior coesão da sociedade brasileira. 

I Congresso Internacional de Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas (PREVINE) 

(2014)  

Constituiu‐se como um espaço de compartilhamento de conhecimento e boas práticas sobre políticas  sociais,  intervenções  no  contexto  familiar  e  comunitário,  considerando  as  situações  de vulnerabilidade, regulação da comercialização de drogas legais e o combate ao estigma em campanhas informativas. Contou com a participação de aproximadamente 700 pessoas, incluindo trabalhadores e gestores públicos, pesquisadores e sociedade civil. 

Guia Estratégico para o Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao Consumo de Álcool e 

Outras Drogas: Guia AD (2015) 

Publicação resultante da parceria entre a Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras 

Drogas,  com  a  Organização  Pan‐americana  de  Saúde  (OPAS),  Escritório  das  Nações  Unidas  sobre 

Drogas  e  Crime  (UNODC)  e  Secretaria Nacional  de  Política  Sobre Drogas  (SENAD)  do Ministério  da 

Justiça. O documento propôs‐se a problematizar e orientar ações dos trabalhadores do SUS no âmbito 

da RAPS, para a abordagem e cuidado às necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool e outras 

drogas. É  importante  salientar que  foi produzido em  consonância  com as diretrizes de documentos 

nacionais e internacionais sobre promoção, prevenção e cuidado.  

Campanha da Promoção da Saúde no SUS ‐ Política Nacional de Promoção da Saúde (2015) 

No  âmbito da Política Nacional de Promoção da  Saúde  (PNPS)  foi  criado  em 2015 um  sítio eletrônico  destinado  à  disponibilização  de  a  produção  de  informações  e  conteúdos  voltados  à população em geral, para encorajar hábitos saudáveis e divulgação dos serviços existentes no SUS que atuem  no  incentivo:  à  alimentação  saudável;  à  redução  de  consumo  de  álcool;  à  atividade  física, 

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controle do  tabagismo; à  segurança no  trânsito; à cultura de paz; ao ambiente  saudável e ao parto normal.  

A Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas produziu  informações oficiais úteis vinculadas ao tema de incentivo a redução de consumo de álcool. A campanha está trabalhando com o  conceito positivo de  saúde, evitando o  tom  culpabilizador do  indivíduo no  sentido de que a promoção  da  saúde  considere  a  autonomia  e  a  singularidade  dos  sujeitos,  das  coletividades  e  dos territórios. 

Alianças Estratégicas e Parcerias  

A  complexidade  do  tema  de  álcool  e  outras  drogas  apontou  a  necessidade  de  estabelecer 

novos  arranjos  institucionais.  Neste  sentido,  a  CGMAD  foi  estabelecendo  parcerias  internacionais, 

nacionais com interesses comuns de ampliar e qualificar o cuidado para os usuários de álcool e outras 

drogas e seus familiares. Abaixo, listamos algumas ações desencadeadas a partir das parcerias.  

A Organização Pan‐americana OPAS/OMS no Brasil e o Escritório das Nações Unidas para Drogas e 

Crime – UNODC  

O Brasil tem desenvolvido diferentes ações de cooperação técnica e articulação em conjunto com 

a Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, considerando que a Política Nacional 

de Saúde Mental tem obtido um significativo reconhecimento  internacional.   Segue, abaixo, algumas 

ações realizadas em conjunto: 

• Elaboração  de  Nota  Técnica  da  OPAS/OMS  no  Brasil  sobre  internação  involuntária  e 

compulsória de pessoas que usam drogas13; 

• Realização de eventos conjuntos sobre o tema da RAPS e álcool e outras drogas no Brasil; 

• Participação  de  eventos  internacionais  organizados  pela  OMS  e  UNODC  com  intuito  de 

compartilhar e trocar experiências sobre ampliação da oferta de serviços e fortalecimento de 

políticas  públicas  que  respeitem  os  direitos  dos  usuários  de  álcool  e  outras  drogas  e  seus 

familiares;  

• Resposta a relatórios e indicadores internacionais, tais como:  

o Atlas de Saúde Mental (OMS) 

o Atlas Substance Use (OMS)  

o AnnualReportQuestionnaire – UNODC 

o Unrecorded Alcohol Comsumption Questionnaire (OMS) 

o Mortalidade atribuível ao álcool (OMS) 

o Protocolo de São Salvador 

o OMS Saúde Mental 

o Cuestionario mundial de la OMS para el 2015 sobre las políticas relativas al alcohol. 

Coordenação Nacional de Tuberculose/Secretaria de Vigilância à Saúde (SVS) 

Promoveu‐se o desenvolvimento de ações de qualificação sobre o tema de Redução de Danos 

e diálogo sobre a RAPS junto à equipe da Coordenação Nacional de Tuberculose, com a finalidade de 

fomentar a construção de possibilidades de ações no território relacionadas às populações vulneráveis 

13 http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=3206:nota-tecnica-opas-oms-no-brasil-sobre-internacao-involuntaria-compulsoria-pessoas-que-usam-drogas&catid=1016:bra-01-noticias&Itemid=875

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que  fazem uso de  álcool  e outras drogas, que  incidam  sobre  a  alta  incidência e  a mortalidade por 

tuberculose. A parceria prevê, também, a participação em mesa de eventos e revisão em conjunto do 

material técnico sobre tuberculose e crack.  

Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais /SVS) 

Aproximação com a equipe da Coordenação de Prevenção e Articulação Social  tem  se dado 

com  o  objetivo  de  construir  de  estratégias  relacionadas  aos  agravos  produzidos  pelas  DST/Aids  e 

Hepatites Virais entre as pessoas que usam drogas. Para tanto, a CGMAD participou da Reunião sobre 

estratégias de prevenção às DST/AIDS/HV às pessoas que usam drogas e do XI Encontro Nacional de 

Redução de Danos, em novembro de 2014. No ano de 2015, compôs o Grupo de Trabalho Prevenção 

às DST, Aids e Hepatites Virais às pessoas que usam drogas.  

Coordenação Geral de Doenças de Agravos não‐transmissíveis CGDANT/SVS  

A CGMAD tem construído algumas ações em conjunto com a Coordenação Geral de Doenças 

de  Agravos  não‐transmissíveis  relacionadas,  sobretudo,  ao  tema  do  álcool,  dentre  as  quais 

destacamos:  participação  na  elaboração  conjunta  de  pareceres  técnicos  sobre  o  tema  do  álcool  e 

transito  para  o  Conselho  Nacional  de  Trânsito  (CONTRAN),  eventos  e  álcool  e  trânsito;  e 

acompanhamento e monitoramento das metas do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento 

das Doenças Crônicas Não‐Transmissíveis (DCNT) no Brasil. Esse Plano tem vigência 2011‐2022 para o 

enfrentamento,  priorização  de  ações  e  investimentos  e  uma  das metas  nacionais  propostas  foi  à 

redução das prevalências de consumo nocivo de álcool. 

Programa Saúde na Escola (PSE) /Departamento da Atenção Básica (DAB)  

A  CGMAD  compôs  o  Grupo  de  Trabalho  Intersetorial  (GT)  instituído  para  alinhamento 

conceitual  acerca  da  Promoção  de  Saúde  no  âmbito  da  saúde mental,  álcool  e  outras  drogas  no 

ambiente  escolar  e  do  componente  ação  psicossocial.  Foi  elaborado  um  caderno  sobre  o  tema  de 

álcool e outras drogas com o objetivo oferecer subsídios para os representantes do Grupo de Trabalho 

Intersetorial  (GTI)  do  PSE  e  assim  fortalecer,  as  estratégias  das  ações  intersetoriais  junto  aos 

profissionais  de  educação  e  saúde  dos  territórios  de  responsabilidade  compartilhada.  Esse  GT 

construiu ações psicossociais a serem desenvolvidas no ambiente escolar, em parceria com a atenção 

básica.  

Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN)/Ministério da Justiça  

Há necessidade de construir estratégias para o atendimento psicossocial no contexto do Plano 

Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, considerando como aspectos fundamentais: a orientação 

e formação das equipes de saúde no sistema penitenciário para promover a atenção integral à saúde 

da  população  privada  de  liberdade  contemplando  a  promoção  da  saúde  e  o  controle  dos  agravos 

prevalentes em saúde mental, álcool e outras drogas, assim como ações de proteção e assistência; e a 

gestão das ações de saúde no sistema penitenciário, de modo a estabelecer uma dinâmica que abranja 

as demandas em todos os níveis de atenção. 

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5.4 AÇÕES RELACIONADAS AO PÚBLICO INFANTOJUVENIL 

O  tema da saúde mental de crianças e adolescentes ainda é periférico em grande parte das agendas  da  saúde mental.  Historicamente  tais  ações  foram  delegadas  aos  setores  de  educação  e assistência  social,  circunscritas  a  um  ideário  de  proteção  que,  paradoxalmente,  redundou  em  um modelo  com  forte  tendência  à  institucionalização  e  em  uma  concepção  segmentada  da  população infantojuvenil. 

A  Coordenação  Geral  de  Saúde  Mental  (CGMAD)  do  Ministério  da  Saúde  tem  centrado esforços  para  que  a  Política Nacional  de  Saúde Mental  Infantojuvenil  dialogue  com  o  princípio  da prioridade  absoluta, proposto pela Constituição  Federal de 1988, pautado na doutrina da proteção integral e fundamentado no Direito de Crianças e Adolescentes, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente  (ECA),  e  garanta,  no  território,  o  cuidado  integral.  Para  a  devida  concretização  dessas dimensões normativas, são fundamentais iniciativas como a qualificação dos trabalhadores que atuam na  RAPS,  na  atenção  direta  ou  indireta  a  crianças  e  adolescentes,  a  sensibilização  pelos  Grupos Condutores Estaduais, Regionais e Municipais da RAPS, pautando a temática, para a garantia efetiva de atenção  diferenciada  para  crianças  e  adolescentes  em  seus  equipamentos,  respeitando  direitos  de desenvolvimento, participação e proteção. 

Os  pontos  de  atenção  da  RAPS,  na  atenção  em  saúde mental,  álcool  e  outras  drogas  de crianças  e  adolescentes,  devem  assumir,  dentro  da  perspectiva  que  hoje  rege  a  política  de  saúde mental, uma função social que extrapola o fazer meramente técnico do tratar. É preciso incluir ações como acolher, escutar, cuidar, possibilitar ações emancipatórias, enfrentar estigmas e determinismos e melhorar  a  qualidade  de  vida  das  pessoas,  tendo‐as  como  seres  integrais  com  direito  à  plena participação e inclusão em sua comunidade, partindo de uma rede de cuidados que leve em conta as singularidades de cada um e as construções que cada sujeito faz a partir de suas condições. 

No período de 2011 a 2015, foram diversas as iniciativas e as ações implementadas para ampliação do acesso e qualificação do cuidado psicossocial de crianças e adolescentes, dentre as quais destacamos: 

Fórum Nacional de Saúde Mental Infantojuvenil 

Em  novembro  de  2012  foi  realizada  a  IX  edição  do  Fórum  Nacional  de  Saúde  Mental Infantojuvenil,  em  Brasília  –  DF,  com  presença  de  150  representantes  das  instituições‐membro  e convidados,  entre  representantes  de  movimentos  sociais,  lideranças  de  adolescentes  e  jovens, profissionais  da  saúde  mental,  em  especial  trabalhadores  dos  Centros  de  Atenção  Psicossocial, gestores municipais e estaduais de saúde, promotores do Ministério Público nos Estados, instituições universitárias e entidades de defesa dos direitos de crianças e adolescentes. 

O  IX Fórum  teve como  tema “Desafios para o campo da  infância e  juventude no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial ‐ RAPS”. A discussão pretendeu qualificar o debate sobre a RAPS e seus pontos de atenção, formular caminhos para ampliação do acesso à criança e adolescente, qualificar a interface com o sistema de garantia de direitos e o protagonismo  juvenil. Entre os temas debatidos, tiveram destaque ainda questões  relacionadas ao uso  indiscriminado de psicofármacos, autismo e a preocupação  com  os  processos  de  institucionalização  de  crianças  e  adolescentes  com  demandas relacionadas ao uso de drogas. 

Em  conformidade  com a  recomendação do  IX Fórum, no ano de 2013, aconteceram Fóruns descentralizados, contemplando quatro das cinco regiões do Brasil. Da mesma forma que o nacional, os  Fóruns  Regionais  caracterizaram‐se  de  forma  intersetorial  e  foram  compostos  pelos  diferentes atores necessários aos avanços do campo da infância e juventude. 

Em  2014,  foi  lançado  o  “Fórum Nacional  de  Saúde Mental  Infantojuvenil  –  recomendações 2005 a 2012”14. Este documento de fundamental importância revela os caminhos da política nacional 

14 A publicação poderá ser visualizada na Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, através do link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/forum_nacional_saude_mental_infantojuvenil.pdf

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de saúde mental infanto‐juvenil do Brasil, construído de forma legítima e compartilhada com atores de diferentes  lugares.  O  compilado  traz  a  importância  do  papel  dos  fóruns  de  saúde mental,  como também as complexidades da articulação do campo de saúde mental com a Justiça, a Assistência Social e a Educação, entre outros campos, para a construção de uma rede efetiva de atenção à saúde mental de crianças e adolescentes. O debate com  representantes dos diversos  setores e  representantes da rede de Centros de Atenção Psicossocial  infantojuvenis  (CAPSi) do Brasil apontou a necessidade de abordar temas importantes como a articulação entre Saúde, Educação, Justiça, Assistência Social, não somente  na  gestão  federal, mas  também  nas  gestões  estaduais  e municipais,  para  construção  da melhoria do cuidado às crianças e adolescentes. 

Atenção Psicossocial a Crianças e Adolescentes na Rede de Atenção Psicossocial ‐ Tecendo Redes para Garantir Direitos  

A partir de 2012, realizamos encontros e reuniões sistemáticas  junto à Comissão da  Infância Juventude  e  Comissão  de  Defesa  dos  Direitos  Fundamentais  do  Conselho  Nacional  do Ministério Publico  (CNMP)  e  com  as  Coordenações  Gerais  de  Saúde  da  Criança,  do  Adolescente  e Jovem/Ministério da Saúde, com o  intuito de articular as ações de Saúde Mental  infantojuvenil e o Ministério Público e  construir um material que auxiliasse a atuação dos operadores do direito e os trabalhadores do SUS. Em 2014, tivemos o lançamento do documento “Atenção Psicossocial a Crianças e Adolescentes no SUS: Tecendo Redes para Garantir Direitos”15. 

Houve evento de  lançamento estadual do documento em alguns Estados da Federação como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Roraima, Bahia, Mato Grosso do Sul, Ceará, Amapá, Pará e Pernambuco. O documento foi elaborado para os profissionais que atuam no sistema de garantia de direitos de crianças e adolescentes, promotores de justiça, defensores públicos, juízes, gestores  e  profissionais  de  saúde,  especialmente  os  da  RAPS.  O  objetivo  dessa  publicação  foi  de estabelecer  linguagem e entendimentos comuns que possam fazer avançar o acesso e a qualificação das ações voltadas à população de crianças e adolescentes nos âmbitos jurídicos e de atenção à saúde, com ênfase na atenção psicossocial. 

Atenção às pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias  

  No ano de 2013 foi publicada a “Linha de Cuidado para a Atenção às Pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo e suas Famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único De Saúde16”. O lançamento se deu no I Congresso Brasileiro dos Centros de Atenção Psicossocial na RAPS, em abril do mesmo ano. Este documento dirige‐se a gestores e profissionais RAPS e objetiva contribuir para a ampliação do acesso e a qualificação da atenção às pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)  e  suas  famílias.  A  construção  do material  decorreu  de  esforços  de  um  Grupo  de  Trabalho, constituído em dezembro de 2011, composto por representantes de universidades, da sociedade civil, gestores e profissionais de RAPS locais do SUS, coordenado pela CGMAD.   Em  2015,  houve  uma  nova  tiragem  do  material,  com  80  mil  exemplares,  que  foram distribuídos para  todos os Estados da Federação, chegando aos conselhos estaduais e municipais de saúde,  associação  de  usuários  e  familiares,  CAPS  de  diferentes modalidades,  secretarias  de  saúde municipais e estaduais, pontos da atenção básica entre outros estabelecimentos. 

Ainda no ano de 2013, em conjunto com a Coordenação de Saúde da Pessoa com Deficiência, houve  a  publicação  da  Portaria  GM/MS  nº  962/2013,  que  instituiu  o  Comitê  Nacional  de Assessoramento para Qualificação da Atenção à Saúde das Pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo no âmbito do Ministério da Saúde. As competências do Comitê são: I ‐ promover a articulação 

15 A publicação poderá ser visualizada na Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, através do link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_psicossocial_criancas_adolescentes_sus.pdf 16 A publicação poderá ser visualizada na Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, através do link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_atencao_pessoas_transtorno.pdf

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e  o  alinhamento  entre  os  campos  da  reabilitação  e  da  atenção  psicossocial  para  qualificação  da atenção  às  pessoas  com  Transtornos  do  Espectro  do  Autismo  no  âmbito  do  SUS;  II  ‐  promover  a difusão  de  informações  que  possam  subsidiar  o  debate  sobre  ações  inclusivas,  considerando  os princípios dos Direitos Humanos, da Reforma Psiquiátrica e da Convenção  Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada nos termos do Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009; e III ‐ realizar o balanço semestral do desenvolvimento das ações para a qualificação da atenção à saúde das pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo no âmbito do SUS. 

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei, em Regime de Internação e Internação Provisória (PNAISARI) 

Em 2014, a Coordenação Geral de Saúde do Adolescente e do Jovem/SAS, em conjunto com a CGMAD,  lançou a Portaria GM/MS nº 1082/2014, que  redefine as diretrizes da Política Nacional de Atenção  Integral  à  Saúde  de  Adolescentes  em  Conflito  com  a  Lei,  em  Regime  de  Internação  e Internação  Provisória  (PNAISARI),  incluindo‐se  o  cumprimento  de medida  socioeducativa  em meio aberto e  fechado; e estabelece novos critérios e  fluxos para adesão e operacionalização da atenção integral à saúde de adolescentes em situação de privação de liberdade, em unidades de internação, de internação provisória e de semiliberdade.  

O  objetivo  da  Política  consiste  na  garantia  de  acesso  aos  serviços  de  saúde  por meio  da reorganização desses  serviços, de  forma a  inserir o adolescente em  conflito  com a  lei nas  redes de atenção a saúde. Aciona, como estratégia, a Rede da Atenção Primária – como componente das RAPS ‐, de modo a garantir ações de promoção, prevenção de agravos e recuperação da saúde. Dessa forma, a Atenção Básica passa a ser a principal referência para as unidades socioeducativas, sob a seguinte estrutura: até três profissionais vinculados às unidades básicas de saúde da região da qual faz parte da unidade  socioeducativa, mantidos  financeiramente  com  o  fim  de  realizar  ações  de matriciamento junto aos  técnicos do  sistema  socioeducativo. A  finalidade principal é magnetizar o  lado de  fora da unidade, dando ainda maior sentido ao histórico princípio da incompletude institucional, concebido no Estatuto da Criança e do Adolescente. De acordo com tal princípio, compreende‐se que as instituições –  sobretudo as  totais – não  têm capacidade de garantir atenção  integral a  crianças e adolescentes, razão pela qual outras  instituições e configurações comunitárias devem ser acionadas. E, na medida em que profissionais da atenção básica aproximam‐se dos técnicos do interior das unidades, atraem o cuidado para pontos de atenção das redes de atenção à saúde, inclusive os CAPS. 

Conforme  informação da Coordenação de Saúde do Adolescente e do  Jovem, em  janeiro de 2016, o número de estados habilitados de acordo com as Portarias GM/MS nº 1082/2014 chega a 11: Amazonas, Pará, Rio de  Janeiro, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do  Sul, Pernambuco, Goiás,  Santa Catarina,  Acre  e  São  Paulo.  No  total  são  43  municípios  e  99  equipes  de  saúde  habilitadas,  já contratadas ou em fase de organização e contratação. 

 Programa Viva Jovem 

  Coordenado pela  Secretaria Nacional da  Juventude  (SNJ), o Plano  Juventude Viva,  articulou junto  a  onze  Ministérios  ações  de  prevenção  para  reduzir  a  vulnerabilidade  de  jovens  negros  a situações  de  violência  física  e  simbólica,  a  partir  da  criação  de  oportunidades  de  inclusão  social  e autonomia para os jovens entre 15 e 29 anos. Em função disso, em 2013, foi lançado o primeiro edital do Ministério da Saúde “Viva Jovem”. No ano de 2014, em parceria com a Secretaria Nacional sobre Drogas (SENAD) do Ministério da Justiça foi lançado o segundo edital Viva Jovem para apoiar projetos de  promoção  da  saúde  e  prevenção  do  abuso  de  drogas  e  da  violência.  Os  editais  tiveram  por finalidade  destinar  recursos  para  projetos  de  promoção  da  saúde  e  que  promovam  ações  de intervenção,  formação  e  vivencia  no  território,  que  empoderam  os  adolescentes  e  jovens  como agentes promotores de  saúde e da Cultura de Paz e que abordam a prevenção do uso de álcool e outras drogas e a prevenção das violências e da mortalidade juvenil.  

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Ao todo foram selecionados 55 projetos, ainda em execução, que estão direcionados para atingir os seguintes resultados: 

a) Promover o protagonismo de  adolescentes e  jovens na produção e  acesso  a manifestações culturais e esportivas pertinentes ao seu universo cultural e social quanto à sua  linguagem e conteúdo; 

b) Criar espaços coletivos de convívio, articulação e solidariedade; 

c) Promover  a  cidadania  e  fortalecer  a  participação  social  de  adolescentes  e  jovens, especialmente através de espaços e mecanismos de controle social das políticas públicas; 

d) Suscitar o debate de  temas pertinentes ao universo do  jovem, particularmente daqueles em situação de  vulnerabilidade  social. Dentre esses  temas estão  incluídos: o  abuso de  álcool e outras drogas, a violência contra a  juventude, especialmente a  juventude negra, o racismo e outras formas de estigmatização, a cidadania e os direitos humanos, a formação de redes de apoio e solidariedade social etc.; 

e) Mobilizar recursos pré‐existentes nos territórios de implementação e fomentar a multiplicação do impacto do projeto através das próprias comunidades; 

f) Formar e acompanhar adolescentes e jovens para que atuem, no âmbito de projetos culturais e esportivos, como agentes promotores de saúde no território; 

g) Articular  os  projetos  de  cultura  e  esportes  desse  edital  com  os  equipamentos  e  políticas públicas de setores como educação, saúde, assistência e desenvolvimento social, geração de trabalho e renda (particularmente da economia solidária), segurança pública, políticas para a juventude, políticas de gênero e políticas contra o racismo; 

h) Promover  a  continuidade  das  ações  propostas  como  políticas  públicas  sustentáveis  pelo município. 

Recomendações do Ministério da Saúde para prevenir a excessiva medicalização de crianças e adolescentes  

  Em consonância com a orientação da 26ª Reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos (RAADH) do MERCOSUL, realizada em julho de 2015, em Brasília, as Coordenações Gerais de Saúde da Criança  e Aleitamento Materno,  Saúde  dos Adolescentes  e  dos  Jovens  e  a  Coordenação  de  Saúde Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas  do  Ministério  da  Saúde  publicaram,  em  outubro  de  2015, Recomendações  para  adoção  de  práticas  não  medicalizantes  e  para  publicação  de  protocolos municipais e estaduais de dispensação de metilfenidato para prevenir a excessiva medicalização de crianças e adolescentes 17.  

Segundo manifesto do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade – articulação de entidades acadêmicas e da sociedade civil – o Brasil vive um processo crescente de medicalização, entendido  como  o  processo  que  transforma,  artificialmente,  questões  não médicas  em  problemas médicos. Revelado ainda por pesquisa da UFRJ, nos últimos 10 anos, houve um aumento de 775% da dispensação e consumo do medicamento Metilfenidato no Brasil.    Após as recomendações do Ministério da Saúde, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do  Adolescente  e  o  Conselho  Nacional  de  Saúde  difundiram  as  recomendações  para  todos  os conselhos locais.  

17 Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/01/Recomenda----es-para-Prevenir-excessiva-Medicaliza----o-de-Crian--a-e-Adolescentes.pdf

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Pesquisa nas unidades de medida de internação socioeducativas 

A fim de qualificar a atenção a crianças e adolescentes com necessidades em saúde mental, a Coordenação Geral de Saúde do Adolescente e do  Jovem e a CGMAD  iniciaram uma pesquisa sobre medicalização nas Unidades do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). A pesquisa foi iniciada em Unidades de internação estados do Rio Grande do Sul (Porto Alegre e Novo Hamburgo), Minas Gerais  (Belo Horizonte)  e  Pernambuco  (Recife).  Tal  pesquisa  tem  como  finalidade  avaliar  os aspectos que compõem um cenário de medicalização do circuito socioeducativo privativo de liberdade ao qual são submetidos os adolescentes e jovens. Esta ação está em fase de consolidação dos dados. 

Grupo de trabalho crianças e adolescentes em situação de rua 

  O  Grupo  de  Trabalho  sobre  criança  e  adolescente  em  situação  de  rua,  composto  por  03 Secretarias, diversos departamentos  e  áreas  técnicas do Ministério da  Saúde,  tem o  fim de propor fluxos de atenção e novas estratégias de cuidado junto a esse público que ainda carece de publicações específicas. O mesmo  também  se deteve a discutir a  situação das maternidades de Belo Horizonte‐ MG,  referentes  aos  direitos  das  mulheres,  mães  e  seus  filhos  recém‐nascidos,  que  tinham necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas.  No  segundo  semestre  de  2014,  o Ministério Público mineiro expediu Recomendações de indução à grave violação de direitos humanos: manifestou que profissionais de saúde notificassem o sistema de  justiça perante casos de gestantes que, no ato do parto, fossem suspeitas de realizarem uso de drogas; assim também no caso daquelas que se recusassem a dar continuidade aos cuidados de pré‐natal. O GT mencionado, assim, expediu 

Nota Técnica acerca da situação18. 

 Grupo de trabalho sobre internalização da Convenção 182, da Organização Internacional do Trabalho, das Nações Unidas (OIT/ONU) 

  No segundo semestre de 2014, a convite da então Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos  Direitos  da  Criança  e  do  Adolescente,  da  Secretaria  de  Direitos  Humanos  da  Presidência  da República, a CGMAD integrou o Grupo de Trabalho que visou à construção de pilares interpretativos a sustentar  novas  recomendações  às  instituições  afins,  no  sentido  de  se  garantir  a  observância mais crítica das normas da Convenção 182, que estipula a submissão de crianças e adolescentes ao tráfico de drogas como uma das piores formas de exploração do trabalho  infantil. Com o objetivo de tornar mais assimilável e aplicável tal norma, visou‐se à diminuição do encarceramento juvenil – por prática equiparada  ao  tráfico  ‐  do  sistema  socioeducativo  em  favor  da  ampliação  de  direitos  por meio  do aprimoramento  de  alguns  programas  estratégicos,  voltados  à  geração  de  renda,  proteção  social  e fortalecimento dos vínculos familiares. Grupo em andamento. 

Grupo de Trabalho sobre os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente 

  No segundo semestre de 2015, a Secretaria Especial de Direitos Humanos convidou a CGMAD para,  junto  com  a  Coordenação Geral  de  Saúde  da  Criança  e Aleitamento Materno,  representar  o Ministério da  Saúde na  colaboração para a elaboração de Relatório Avaliativo  sobre os 25 anos de promulgação do ECA. O Grupo de Trabalho mantém atividades em andamento. 

5.5 AÇÕES DE FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO PERMANENTE 

A  CGMAD  dedicou‐se  a  desenvolver  um  conjunto  de  ações  de  formação  e  educação permanente alinhado à Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS). No âmbito da PNEPS, a formação em saúde é entendida como conceito pedagógico voltado à efetivação de relações 

18 Disponível em http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Repositorio/33/Documentos/Nota%20t%C3%A9cnica-%20diretrizes%20e%20fluxograma%20mulher%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20rua.pdf

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orgânicas  entre  ensino,  ações  e  serviços  e  entre  docência  e  atenção  à  saúde  para  efetivação  da ampliação do acesso e da garantia da qualidade do cuidado nas Redes de Atenção em Saúde.  

As ações de formação e educação permanente desenvolvidas pela CGMAD no período 2011‐2015  tiveram por objetivo,  entre outros:  a)  fortalecer  a  articulação  entre  a Área  Técnica de  Saúde Mental, Álcool e outras Drogas  (DAPES/SAS) e a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde  (SGTES),  b)  sistematizar  e  construir  referências  para  a  formação  em  saúde mental,  álcool  e outras drogas e c) viabilizar um projeto consistente para a  formação e aprimoramento dos  recursos humanos em saúde mental no âmbito do SUS, com foco na consolidação de um modelo de atenção à saúde mental  fundamentado  na  assistência  humanizada,  a  partir  da  troca,  da  reciprocidade  e  da integração entre áreas diferentes de conhecimento e serviços.  

Neste  período  a  CGMAD  pôde  dar  continuidade  a  importantes  projetos  de  formação  e educação permanente iniciados em anos anteriores, bem como desenvolver novos projetos buscando superar alguns dos principais desafios no campo da formação em saúde mental, álcool e outras drogas, tais como: a) alinhar os programas de formação no âmbito da PNEPS às necessidades de formação de Recursos Humanos para a Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, considerando a diversidade  de  experiências  profissionais  neste  campo  e  buscando  a  adequação  das  formações acadêmicas  distantes  da  prática  profissional;  b)  induzir  a  participação  ativa  dos  gestores  e coordenadores locais na construção de um projeto de formação local; e c) formar profissionais para a RAPS em  larga escala. Nesse sentido, destacamos a seguir as principais ações de  iniciativa própria ou em  parceria  com  outras  áreas  do  Ministério  da  Saúde  e  Centros  de  Formação  Universitária implementadas e acompanhadas: 

 Programa Pet‐Saúde 

O  Programa  de  Educação  pelo  Trabalho  para  a  Saúde  (Pet‐Saúde)  é  regulamentado  pela Portaria  Interministerial  nº  421,  de  03  de  março  de  2010,  disponibilizando  bolsas  para  tutores, preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde.  

Como uma das ações  intersetoriais direcionadas para o  fortalecimento de áreas estratégicas para  o  SUS,  de  acordo  com  seus  princípios  e  necessidades,  o  Programa  tem  como  pressuposto  a educação  pelo  trabalho  na  área  da  saúde,  sendo  uma  das  estratégias  do  Programa  Nacional  de Reorientação  da  Formação  Profissional  em  Saúde,  o  Pro‐Saúde,  em  implementação  no  país  desde 2005.  

A  SGTES  lançou  Editais  para  apresentação  de  propostas  de  projetos  de  participação  no Programa pelas Instituições de Educação Superior (IES) em conjunto com Secretarias Municipais e/ou Estaduais de Saúde e a CGMAD participou do processo de divulgação,  seleção e disponibilização de recursos para apoiar grupos de Pet‐Saúde Mental. O quadro abaixo informa um resumo dos programas apoiados entre 2011 e 2015 e quadro  seguinte expõe o número de programas apoiados por UF no mesmo período: 

 Tabela 21. Resumo dos programas de PET Saúde Mental apoiados entre 2011 e 2015 

 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (SGTES/MS) 

Vigência EditalNº de Projetos SM

Nº de grupos PET- Saúde

Mental

Bolsas/mês SM

Total de bolsas pagas/SM

Valor investido

PET-Saúde/SM 2011

Edital nº 27/2010

Pró-Saúde/PET-Saúde

Edital nº 24/2011

PET-Redes

Edital nº 14/2013

Agosto/2013 a julho/2015

65 90 1.710 41.040

R$ 8.023.902,00

R$ 21.818.214,00 (aprox.)

R$ 26.181.856,80

março/2011 a fevereiro/2012

69 80 1.280 15.057

Agosto/2012 a dezembro/2014

47 60 (aprox.) 1.140 (aprox.) 34.200 (aprox.)

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Tabela 22. Número de programas PET Saúde Mental apoiados por UF entre 2011 e 2015 

                                       

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (SGTES/MS) 

Residência em Psiquiatria e Residência Multiprofissional em saúde mental 

A  Secretaria  de Gestão  do  Trabalho  e  Educação  em  Saúde  (SGTES)  do Ministério  da  Saúde passou por um período de reorganização  interna no ano de 2012, da qual decorreu uma  importante articulação  com CGMAD e  com o Ministério da Educação  (MEC) para  implementação de ações que incentivaram a abertura de novos programas de residência. 

Desde  então  os  editais  para  financiamento  de  vagas  para  residência  têm  priorizado  a aprovação de propostas que  indicam a  realização de  residências nos diversos pontos de atenção da RAPS e com proposta de formação na direção de superação do modelo manicomial. 

Cabe  destacar  que  ainda  a  necessidade  de  aumento  de  investimento  em  residências multiprofissionais  em  saúde  mental,  que  tiveram  uma  forte  indução  em  2012,  porém  foram diminuindo ao longo dos anos seguintes. 

Imprescindível  apontar  também  o  investimento  dos  estados  do  CE,  MG,  PR,  RJ  e  SP  em residências  de  psiquiatria  da  infância  e  adolescência  ao  longo  dos  últimos  anos.  A  seguir apresentaremos  dados  das  vagas  oferecidas  nos  programas  de  Residência Médica  em  Psiquiatria, Psiquiatria da Infância e Adolescência e Multiprofissional em Saúde Mental. 

 

 

UF 2011 2012 2013

AC 1AL 4 2 4AM 1

BA 10 5 3CE 5 4 2DF 1 1ES 2 4GO 2 1MA 2 1 4MG 8 2 11MS 1 1MT 2 1 3PA 1

PB 2 2PE 5 5 5PI 1 1 3PR 2 1 6RJ 7 4 10RN 3 1 2RR 1RS 7 5 17SC 7 4 5SE 1 1SP 6 6 7TO 1

Total 80 46 90

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Tabela 23. Programas de Residência Médica em Psiquiatria e Psiquiatria da Infância e Adolescência por ano 

UF  PROGRAMA  2010 2011 2012 2013  2014  2015

AL  PSIQUIATRIA  2 2 2 2  2  2 

AM  PSIQUIATRIA  5 5 5 5  5  5 

BA  PSIQUIATRIA  0 0 0 0  2  2 

CE  PSIQUIATRIA  2 4 7 7  11  11 

CE  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E ADOLESCENCIA 

4 4 4 4  4  4 

GO  PSIQUIATRIA  0 2 2 2  5  6 

MA  PSIQUIATRIA  0 0 0 0  5  5 

MG  PSIQUIATRIA  2 4 14 16  16  16 

MG  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E ADOLESCENCIA 

0 1 1 1  1  1 

MS  PSIQUIATRIA  1 1 1 1  1  1 

MT  PSIQUIATRIA  0 0 0 2  2  2 

PA  PSIQUIATRIA  2 2 2 4  4  5 

PE  PSIQUIATRIA  0 0 0 12  12  12 

PR  PSIQUIATRIA  0 2 4 8  12  12 

PR  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E ADOLESCENCIA 

0 0 0 0  5  5 

RJ  PSIQUIATRIA  0 8 8 8  8  8 

RJ  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E ADOLESCENCIA 

0 2 2 2  2  2 

RS  PSIQUIATRIA  1 1 1 3  17  21 

SC  PSIQUIATRIA  2 2 2 2  2  2 

SE  PSIQUIATRIA  0 0 0 4  4  4 

SP  PSIQUIATRIA  1 11 11 29  70  87 

SP  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E ADOLESCENCIA 

3 5 5 5  9  9 

Total Geral  25 56 71 117  199  222

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (SGTES/MS) 

 Tabela 24. Programas de Residência Multiprofissional em Saúde Mental por ano 

         

  

 

 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (SGTES/MS) 

UF  Programa  2012 2013 2014 2015

CE  S. Mental  63

PE  S. Mental  5

MG  S. Mental  12 4 12 12

PA  S. Mental  9

PE  S. Mental  10 10

RO  S. Mental  6 6

RS  S. Mental  6 18 18

SC  S. Mental  16

SP  S. Mental  43 36 8 8

TO  S. Mental  6

Total  132 68 54 54

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Escolas de Redução de Danos, Escolas de Supervisores e Supervisão Clínico‐Institucional 

Nos anos de 2011 e 2012 a CGMAD deu continuidade ao acompanhamento dos projetos de Escolas de Redução de Danos, Escolas de Supervisores e Projetos de Supervisão Clínico‐institucional iniciados nos anos anteriores, além de publicar a VIII Chamada Pública para  seleção de Projetos de Supervisão Clínico Institucional, que beneficiou 98 projetos em todo o país. 

Ainda  em  2012  foi  lançada  a  I  Chamada  para  Refinanciamento  de  Projetos  de  Supervisão Clínico‐Institucional  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  Escolas  de  Redução  de  Danos  e  Escolas  de Supervisores Clínico‐Institucionais, com o objetivo de financiar a continuidade de projetos que tiveram boa  execução  nos  territórios.  Como  resultado  desta  seleção,  foram  repassados  incentivos  para  a continuidade de 28 projetos de Supervisão Clínico‐Institucional, 7 Escolas de Redução de Danos e 3 Escolas de Supervisão. 

 Percursos Formativos na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) 

O Projeto “Percursos Formativos na RAPS” foi  lançado pela CGMAD através de uma chamada pública em novembro de 2013, como proposta para viabilizar a  implementação de um processo de qualificação abrangente e horizontalizado nos territórios. 

Este Projeto contemplou apoio financeiro a municípios para o desenvolvimento de projetos de educação  permanente  voltado  aos  profissionais  que  compõem  a  Rede  de  Atenção  Psicossocial abarcando quatro ações distintas: a)  intercâmbio profissional entre redes de atenção psicossocial; b) oficinas de integração do processo de trabalho em rede; c) desenvolvimento e execução de um plano de  educação  permanente;  d)  circulação  de  saberes  e  experiências  através  da  mediação  de  um profissional (chamado de componente de engrenagens da educação permanente). Participaram dessa chamada redes de atenção psicossocial de 21 estados das cinco regiões do Brasil. 

No âmbito do Projeto de Percursos Formativos, definiram‐se seis linhas de ação norteadoras para as proposições  formativas de qualificação com base na  troca de experiências e aprofundamento de conhecimentos:  

Saúde Mental na Atenção Básica; 

Atenção à crise e urgência em saúde mental; 

 Saúde Mental Infantojuvenil; 

Demandas associadas ao consumo de álcool e outras drogas; 

Desinstitucionalização; 

Reabilitação Psicossocial;  

O intercâmbio entre experiências se estabeleceu por meio de módulos de formação com foco em uma das linhas de ação acima e constituídos por uma rede receptora e cinco redes visitantes. : Foram denominadas redes receptoras aquelas que  indicaram potencialidades para desenvolver propostas e estratégias  de  intercâmbio  na  RAPS  do  seu  território,  favorecendo  a  troca  de  experiências profissionais. Foram chamadas de redes visitantes aquelas que indicaram o  interesse em aprimorar e aprofundar as experiências e conhecimentos relativos a uma das linhas de ação já mencionadas e cujos profissionais  participaram  da  experiência  de  intercâmbio  de  160  horas  na  rede  receptora  de referência. 

As  redes  receptoras  receberam  20  profissionais  de  cada  município  visitante,  apresentando propostas e estratégias desenvolvidas por meio das práticas em seus territórios, para formação prática em pontos de atenção a RAPS e entre pares. Cada uma das  redes visitantes ofertou uma oficina de integração  para  trabalhadores,  gestores  e  usuários  em  seu  território,  com  a  participação  da  rede 

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receptora. A  tabela abaixo apresenta os municípios participantes de cada módulo de  formação da  I Chamada de seleção de projetos, com a respectiva linha de ação: 

 Quadro 6. Módulos da I Chamada Projeto Percursos Formativos da RAPS 

Módulo de Formação  Rede Receptora  Redes Visitantes 

Atenção à Crise em Saúde Mental 

Coronel Fabriciano/MG Miguel Calmon/BA, Pouso Alegre/MG, Pio XI/PI, 

Encantado/RJ, Vera Crus/RS 

Resende/RJ Jacobina/BA, Icó/CE, Imperatriz/MA, Itaúna/MG, 

Palmas/TO 

São Paulo/SP Macapá/PA, Vitória da Conquista/BA, Goiânia/GO, 

Contagem/MG, Parnaíba/PI 

Saúde Mental infantojuvenil 

Ouro Preto/MG Iguatu/CE, Barbacena/MG, Coronel Fabriciano/MG, 

Campo Grande/MS, Boa Vista/RR 

Recife/PE Salvador/BA, Ipatinga/MG, Uberlândia/MG, Belém/PA, 

São José do Rio Preto/SP 

Saúde Mental na Atenção Básica 

São Lourenço do Sul/RS Mucuri/BA, Bela Vista de Goiás/GO, Cláudio/MG, Barra 

de Santa Rosa/PB, Maravilha/SC 

Embu/SP Eunápolis/BA, Araçuaí/MG, Moju/PA, Teresina/PI, 

Torres/RS, Guapimirim/RJ 

Demandas Associadas ao consumo de álcool e 

outras drogas 

Uberlândia/MG Rio Pomba/MG, Formiga/MG, Laranjeiras do Sul/PR, 

Ijuí/RS, Cândido Mota/SP, Capivari/SP 

Recife/PE Vila Velha/ES, Ouro Branco/MG, Itajaí/SC, Bagé/RS, 

Palhoça/SC, São Carlos/SP 

Santo André/SP Cruzeiro do Sul/AC, Rio Branco/AC, Horizonte/CE, 

Guaíba/RS, Araranguá/SC, Sorocaba/SP, Apucarana/PR, Canoas/RS 

São Bernardo do Campo/SPMaracanaú/CE, Betim/MG, Santa Rosa/RS, Orleans/SC, 

São Miguel Arcanjo/SP 

Desinstitucionalização São Bernardo do Campo/SP

Morrinhos/GO, Carmo do Rio Claro/MG, Pocinhos/PB, Floriano/PI, Cerquilho/SP, Araguaína/TO 

Sorocaba/SP Rio Branco/AC, Rio Verde/GO, Juiz de Fora/MG, São 

Sebastião do Paraíso/MG, Ubá/MG 

Reabilitação Psicossocial 

Santo André/SP Santo Antônio do Tauá/PA, Caruaru/PE, Joinville/SC, São 

Vicente/SP, Gurupi/TO 

Barbacena/MG Manaus/AM, Cabo de Santo Agostinho/PE, 

Paulistana/PI, Prudentópolis/PR, Andradina/SP Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

O  componente  de  Engrenagens  da  Educação  Permanente  se  traduz  na  ativação  das  Redes para: discussão e estudo de Projetos Terapêuticos Singulares – PTS; propostas de atuação dos pontos de atenção; articulações com o território e dos processos de trabalho, considerando as dimensões da gestão e da clínica na perspectiva institucional e intersetorial, fortalecendo o  itinerário do usuário no território  e,  sobretudo,  fomentando  e  apoiando  o  desenvolvimento  e  transferência  de  tecnologias inovadoras entre serviço‐comunidade‐usuário. 

O escopo do Projeto de Percursos Formativos na RAPS previu a vivência de intercâmbio entre experiências que beneficiou cerca de 1.600 profissionais; 82 oficinas de integração da rede de atenção psicossocial  sobre  o  processo  de  cuidado,  realizadas  na  totalidade  das  redes  visitantes  e  que contemplaram cerca de 4.500 pessoas ‐ entre usuários (as), familiares, trabalhadores (as), gestores (as) –  de  diferentes  pontos  de  atenção  da  RAPS  e  da  rede  intersetorial  dos  municípios/estados;  o desenvolvimento de planos de educação permanente em 96 municípios; a execução do componente de engrenagens da Educação Permanente em 96 municípios.   

Entre os anos de 2014 e 2015 foram realizadas as etapas de intercâmbio entre experiências e das  oficinas  de  integração  nos  territórios.  Para  o  ano  de  2016  está  organizada  a  execução  do 

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componente  de  engrenagens  da  educação  permanente,  bem  como  a  implementação  das  ações pactuadas nos planos de educação permanente. 

No  2º  semestre  de  2015  a  CGMAD  realizou  a  II  Chamada  para  Seleção  de  projetos  dos Percursos Formativos na RAPS, por meio da qual foram selecionadas 48 redes visitantes e definidas 12 redes  receptoras. A  segunda  edição  do  Projeto  conta  com  a  inclusão  de  uma  nova  linha  de  ação: Atenção a pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e/ou outras drogas, com ênfase nas questões  indígenas.  Em  razão  do  contingenciamento  orçamentário  houve  a  necessidade  de repactuação dos prazos para a efetivação do repasse com vistas à execução dos projetos selecionados nesta II Chamada, então previstos para o início do ano de 2016. 

 Cursos de atualização à distância 

Os cursos de atualização à distância envolvem profissionais de nível médio e superior de todos os  pontos  de  atenção  da  RAPS  do  Brasil,  sobre  três  temas  estratégicos:  Demandas  associadas  ao consumo  de  álcool  e  outras  drogas;  Saúde mental  Infantojuvenil;  e Atenção  à  crise  e  urgência  em saúde mental.   Trata‐se de uma parceria entre a SGTES, CGMAD e a Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, por meio do Sistema Universidade Aberta/UNA‐SUS, com oferta para mais de 10.000 vagas nos anos de 2014 e 2015. Os cursos de Saúde mental Infantojuvenil e Atenção à crise em saúde mental  tiveram  seu encerramento no ano de 2015 e ofertaram 3.000 vagas  cada um. Houve 1.990 profissionais certificados no Curso de Atenção à Crise em Saúde Mental e 1.617 certificados em Saúde Mental  Infantojuvenil. O  curso  de  atualização  sobre  cuidado  no  campo  de  álcool  e  outras  drogas, ofertou cerca de 8.500 vagas até o  final de 2015 e certificou 5.430 profissionais.   Esse último curso encontra‐se com processo de inscrição para a oferta de mais 3.000 vagas em 2016. 

Os mapas abaixo ilustram a distribuição dos participantes pelo País. 

  

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Figura 3. Distribuição dos (as) alunos (as) formados (as) nos três Cursos à Distância em Saúde Mental (Brasil, dez/2014), por curso.  

 

Álcool e outras Drogas: da coerção à coesão           Saúde Mental na Infância e Adolescência        Atenção às pessoas em situações de crise e         urgência em saúde mental  

          

 

 

 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (SGTES/MS) e Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC 

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Curso Caminhos do Cuidado para profissionais da atenção básica 

O Projeto “Caminhos no Cuidado” foi uma iniciativa da SGTES em parceria com a CGMAD, Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) e Grupo Hospitalar Conceição. O Projeto consistiu  na formação em saúde mental de agentes comunitários de saúde, auxiliares e  técnicos de enfermagem da equipe de Saúde da Família  (eSF), com  ênfase  nas  necessidades  decorrentes  do  uso  de  crack,  álcool  e  outras  drogas,  visando melhorar  a atenção  ao  usuário  e  seus  familiares,  por meio  da  formação  e  qualificação  dos  profissionais  da  Rede  de Atenção  Básica  à  Saúde,  baseado  na  perspectiva  da  Redução  de Danos.  Esta  ação  se  inseriu  no  eixo  do Cuidado do Programa Crack, é Possível Vencer. 

A  formação  proposta  pelo  “Caminhos  do  Cuidado”  inovou  por  ser  dinâmica,  com  estratégias  que possibilitaram aos profissionais da Atenção Básica trabalhar em conjunto com a Saúde Mental, acolhendo e cuidando dos usuários. Outra peculiaridade é que todo o trabalho se deu em conforme as especificidades de cada território, levando em conta a realidade local nas mais diferentes regiões do Brasil. 

Chegou  ao  final  de  2015  com  um  total  de  237.175  profissionais  formados.  Desde  o  início  das atividades, em 2013, foram oferecidas cerca de 290 mil vagas em todo o Brasil (para mais informações ver o componente de Atenção Básica deste relatório).  

 Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem 

O Curso  de  Especialização  em  Linhas  de  Cuidado  em  Enfermagem  nas  áreas  de:  Saúde Materna, Neonatal e do Lactente; Atenção Psicossocial;  Urgência e Emergência; eDoenças Crônicas Não Transmissíveis foram  ofertados  na modalidade  à  distância,  por meio  da   parceria  do Ministério  da  Saúde,  por meio  da Secretaria de Gestão do Trabalho e de Educação na Saúde (SGTES), da CGMAD e a da Universidade de Santa Catarina (UFSC). Foram ofertadas 300 vagas para formar enfermeiros especialistas em Saúde Mental. O curso foi concluído em  julho de 2015 com 237 profissionais titulados. No mapa abaixo o número de profissionais titulados por estado.  

Figura  4. Número  de  profissionais  titulados  como  enfermeiros  especialistas  em  saúde mental  por  estado (2015) 

 

 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em 

Saúde (SGTES/MS) 

 

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Curso de Tópicos Especiais de Policiamento e Ações Comunitárias (TEPAC) 

Nos  anos  de  2013  e  2014,  a  CGMAD  em  parceria  com  a  Secretaria  Nacional  de  Segurança  Pública (SENASP) do Ministério da  Justiça, ajudou a organizar o material didático e  curso de Tópicos Especiais de Policiamento e Ações Comunitárias (TEPAC) para agentes da policia comunitária, no que se refere ao Módulo II  do  curso,  sobre  Redes  de  Atenção  e  Cuidado  a  usuários  de  crack.  Participaram  do  curso,  policiais comunitários de todos os municípios que pactuaram o Programa “Crack, É possível Vencer”. 

5.6 DIREITO É QUALIDADE (QUALITYRIGHTS) 

A Reforma Psiquiátrica brasileira sempre foi pautada no respeito aos direitos humanos e à liberdade, com 

vistas à promoção de autonomia e ao exercício de cidadania das pessoas com sofrimento e/ou transtornos 

mentais. Para além dos avanços em termos de marco jurídico, da expansão do acesso e reconhecimento de 

experiências exitosas em políticas de saúde mental, é  fundamental garantir‐se a consolidação da RAPS por 

meio da superação da lógica manicomial e pelo fortalecimento de serviços territoriais de qualidade. 

Nesse  sentido,  a  Coordenação Geral  de  Saúde Mental,  Álcool  e  outras Drogas  (CGMAD)  estabeleceu 

parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para realizar a tradução oficial do QualityRights para a 

língua portuguesa e publicá‐lo no Brasil, com vistas a  sua  implantação. Trata‐se de um kit de  ferramentas 

práticas desenvolvidos pela OMS com base na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas 

com Deficiência (CDPD), para avaliar e melhorar os padrões de qualidade e os direitos humanos em serviços 

ambulatoriais  e  de  internação  de  saúde  mental  e  de  assistência  social.  Propõe‐se  como  estratégia 

mecanismos para a identificação dos problemas assistenciais existentes e o planejamento de meios efetivos 

para  assegurar  que  os  serviços  sejam  de  boa  qualidade.  Vislumbra‐se,  ainda,  que  os  resultados  e 

recomendações  advindos  dos  processos  contínuos  de  avaliação  possam  assegurar  o  aprimoramento  de 

legislações e políticas futuras.    

No Brasil, a estratégia chamará Direito é Qualidade. O componente  inovador consiste na perspectiva de 

promoção da qualidade em serviços de saúde mental enquanto garantia de direitos de seus usuários. Além 

da tradução e publicação do kit de ferramentas do QualityRights, sua proposta de  implantação no Brasil foi 

previamente  discutida  em  diferentes  oportunidades  (ENRAPS  –  2013;  Reunião  Regional  de  Usuários  de 

Serviços  de  Saúde Mental  nas  Américas  ‐  2013;  Oficina  de  Adaptação  Cultural  do  QualityRights  ‐  2014; 

Colegiado  de  Coordenadores  de  Saúde  Mental  –  2014),  sempre  recebendo  excelente  acolhida  junto  a 

gestores, profissionais e usuários da RAPS. 

Pretende‐se  implantar  esse  projeto  com  apoio  da  Fiocruz,  a  partir  da  adaptação  cultural  dos 

instrumentos  à  realidade  brasileira. Nesta  primeira  etapa  objetiva‐se  a  ampla  divulgação  da  estratégia  e 

produção de espaços de debate sobre os direitos das pessoas com transtorno mental e a Convenção sobre os 

Direitos das Pessoas com Deficiência. As metas para o ano de 2016 incluem: 

Desenvolver  e  validar, nas  cinco  regiões do país,  a metodologia  e  instrumentos  auto  instrutivos de 

formação em Direitos Humanos e Saúde Mental para utilização por associações e movimentos sociais 

de saúde mental na condição de multiplicadores. 

Implantação  dessa  metodologia  de  formação  do  “Direito  é  Qualidade”  junto  a  Associações  e 

movimentos sociais de saúde mental nas cinco regiões do país. 

Implantação  do  Projeto  de  Formação  em  Direitos  Humanos  e  Saúde  Mental  em  25%  (36)  dos 

municípios brasileiros acima de 200.000 habitantes. 

Implantação  do  programa  de  qualificação  “Direito  é Qualidade”  nas  Redes  de Atenção  à  Saúde  de 

100% dos municípios acima de 200.000 habitantes. 

 

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5.7 PARCERIAS INTERNACIONAIS 

A Política Nacional de Saúde Mental  tem obtido um  significativo  reconhecimento  internacional que  se 

expressa  tanto  pela  referência  à  Reforma  Psiquiátrica  brasileira  em  documentos  de  organismos 

internacionais (WHO, 2001; WHO, 2007; MHIN, 2014), como pela crescente demanda de Cooperação Técnica 

com o Brasil nessa área (Angola, Bolívia, Colômbia, Costa do Marfim, Costa Rica, Cuba, Honduras, Haiti, Peru, 

Uruguai).                                                                                                                                                                                                          

Nesse período de gestão houve um grande número de convites para compartilhamento da experiência 

brasileira em eventos  internacionais, a exemplo de  reuniões como: a Oficina de alinhamento  temático em 

indicadores  da  COPOLAD  (Chile,  2013);  estudo  de  caso  sobre  a  reforma  brasileira  em  saúde mental  no 

“Mental Health Innovation Network” (OMS, 2013); Comitê Gestor Tripartite Brasil – Cuba – Haiti (Haiti, 2014);  

Encontro Internacional de Peritos sobre respostas do setor educação para o uso de substâncias entre crianças 

e  jovens  (Turquia,  2015);  preparatória  da  UNGASS  2016  (México,  2015);  Conferência  Regional  de  Saúde 

Mental da OPAS (Chile, 2015).   

Destacaram‐se como ações da CGMAD em agendas de cooperação internacional:  

a) Revisão e publicação da versão em português dos  instrumentos do QualityRights, uma estratégia de avaliação, desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que se baseia na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência  (CDPD) para avaliar a qualidade e promover os direitos humanos nos serviços de saúde mental;  

b)  Participação  em  projeto  de  cooperação  técnica  Brasil‐Honduras  para  promoção  de  mudança  do modelo da saúde mental;  

c) Apoio à elaboração do Projeto de Cooperação Tripartite Brasil‐ Cuba ‐ Haiti (Sistema de Saúde Mental do Haiti);  

d) Participação em reuniões de Comistas (Brasil‐Bolívia, Brasil‐Peru);  

e) Cooperação técnica com Cuba;  

f) Resposta a relatórios e indicadores internacionais (Atlas de Saúde Mental da OMS, Atlas Substance Use OMS, Annual Report Questionnaire  ‐ UNODC, OMS – Unrecorded Alcohol Comsumption Questionnaire, OMS  ‐ mortalidade  atribuível  ao  álcool,  Protocolo  de  São  Salvador, OMS  Saúde Mental,  Cuestionario mundial de la OMS para el 2015 sobre el progreso de las políticas relativas al alcohol). 

   

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Anexos 

ANEXO I: CARTA DA XIII REUNIÃO DO COLEGIADO DE COORDENADORES DE SAÚDE MENTAL     

Em defesa da cidadania dos usuários de álcool e outras drogas 

Brasília, 10 de agosto de 2011. 

Os Coordenadores Estaduais e Municipais de Saúde Mental presentes a XIII Reunião do Colegiado Nacional 

de Saúde Mental realizada nos dias 09 e 10 de agosto de 2011 decidem:  

Considerando  a  complexidade  do  tema  álcool  e  drogas,  seu  caráter  multifacetado  e,  sobretudo  as 

consequências sociais e individuais, os prejuízos para saúde, mas também para o convívio, o tensionamento 

dos  laços sociais e  familiares provocados pelo uso abusivo, pela dependência e pela  inserção nas redes de 

produção, consumo e comércio, em especial, das drogas ilícitas;  

Considerando a  lacuna e ausência histórica do Estado brasileiro na  resposta às demandas colocadas pelos 

usuários  de  crack,  álcool  e  outras  drogas  e,  por  outro  lado,  reconhecendo  as  Comunidades  Terapêuticas 

como respostas sociais vinculadas, em sua grande maioria, as redes de assistência social, que se constituíram 

sobre o vazio assistencial,  respondendo ao mesmo  tempo e num único espaço, a necessidades distintas, a 

saber: o cuidado em saúde e o suporte social;  

Considerando  que  o  Estado  é  laico  e  a  fé  religiosa  é  uma  escolha  pessoal,  não  se  pode  admitir,  como 

instrumento e recurso de tratamento ou suporte social, a adesão a qualquer credo como um critério; 

Considerando  a  saúde  e  a  assistência  social  como  campos  ou  intervenções  necessárias  e  importantes  na 

implantação  de  uma  política  efetivamente  intersetorial  que  requer  a  participação  de  outros  atores,  tais 

como: cultura, justiça, educação, trabalho, habitação, etc., e que este conjunto deve comprometer‐se com o 

respeito aos direitos de cidadania dos usuários; 

Considerando  as  deliberações  da  IV  Conferência  Nacional  de  Saúde Mental  que  reafirmam  uma  posição 

consolidada  entre  os  gestores,  trabalhadores  e  usuários  do  SUS  de  não  inclusão  das  Comunidades 

Terapêuticas como dispositivos de saúde, na medida em que estas operam com princípios contrários aos que 

orientam os serviços criados pela Reforma Psiquiátrica; 

Considerando,  por  fim,  a  necessidade  da  ampliação  de  investimentos  no  Sistema  Único  de  Saúde  para 

efetivação  de  uma  rede  substitutiva  de  atenção  integral  aos  usuários  de  álcool  e  drogas  que  permita  a 

implantação dos diferentes dispositivos em condições adequadas e coerentes com os princípios da Reforma 

Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial; 

Reafirmamos nosso compromisso com os usuários de álcool e outras drogas e reforçamos a importância e a 

necessidade  da  ampliação  dos  recursos  destinados  aos  serviços  substitutivos,  permitindo  assim,  a 

implantação nos diferentes municípios de dispositivos de  cuidado. Além disto,  reafirmamos a Redução de 

Danos como princípio de orientação do cuidado em toda a rede assistencial: CAPS, CAPS ad equipes de saúde 

mental na  atenção básica,  consultórios de  rua,  leitos em hospital  geral,  casas de  acolhimento  transitório, 

centros de convivência, etc., possibilitando a criação de uma cultura  terapêutica mais  tolerante e solidária 

com os usuários de álcool e outras drogas. 

Concluindo,  reafirmamos  que  as  Comunidades  Terapêuticas  não  são  e  nem  devem  se  transformar  em 

serviços de saúde, não devendo, portanto, serem  incluídas no Sistema Único de Saúde e sugerimos que as 

mesmas possam ser incluídas na rede de assistência social, como dispositivos de proteção social. 

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ANEXO  II: RELATÓRIO  FINAL DO XVIII COLEGIADO NACIONAL DE COORDENADORES DE  SAÚDE MENTAL, 

ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 

Brasília, 10 de dezembro de 2015 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 

O atual cenário político e econômico nacional aumenta os desafios para os defensores do Sistema Único de 

Saúde – SUS, da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sanitária na medida em que estamos vivendo uma onda 

de conservadorismo político, corremos o risco de retrocessos em relação a avanços e marcos importante nas 

políticas públicas sociais. 

O Colegiado Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, constituído pela Portaria MS/GM nº 3.796, 

de 06 de outubro de 2010. Em sua XVIII edição, ocorrida entre os dias 08, 09 e 10 de dezembro de 2015, 

estiveram presentes os  coordenadores de  saúde mental,  álcool  e outras drogas de  estados  e municípios; 

usuários  e  familiares,  pesquisadores,  trabalhadores  do  SUS,  representantes  de  diversas  áreas  técnicas  do 

Ministério  da  Saúde  (Secretaria  Especial  de  Saúde  Indígena  –  SESAI,  Secretaria  de  Gestão  Estratégica  e 

Participativa  –  SGEP, Departamento  de Atenção  Básica  – DAB, Departamento  de Gestão  da  Educação  na 

Saúde – DEGES), participação de outros Ministérios  (Secretaria Nacional de Economia  Solidária –  SENAES, 

Secretaria  Nacional  Antidrogas  ‐  SENAD),  entidades  e  associações  de  Movimentos  de  apoio  a  Luta 

Antimanicomial e representante da Organização Panamericana de Saúde – OPAS/OMS do Brasil. 

Ocorreram nestes dias  reflexões  sobre  temas específicos  relacionados  com a  sustentabilidade da Rede de 

Atenção Psicossocial ‐ RAPS, considerando toda a conjuntura econômica e política, e envolvendo mais de 250 

pessoas.  

Os  objetivos  do  encontro  foram:  propor  mecanismos  de  sustentabilidade  da  RAPS;  promover  a 

implementação, avaliação e monitoramento da Política Nacional de Saúde mental, Álcool e outras Drogas; 

contribuir para ampliação e fortalecimento da  interlocução entre as diferentes esferas de gestão da política 

de  saúde  com as organizações da  sociedade  civil, entidades  cientificas, profissionais e atores das políticas 

intersetoriais.  

A metodologia de trabalho se deu por meio de rodas de conversas que foram divididas nos seguintes temas: 

saúde mental na atenção básica; demandas associadas ao consumo de álcool e outras drogas; saúde mental 

infantojuvenil; atenção à crise; desinstitucionalização e a reabilitação psicossocial.  

Foram reafirmados neste evento os marcos da Reforma Psiquiátrica e Sanitária que não devem retroceder:  

Princípios do SUS; 

Princípios da Redução de Danos como ética de cuidado; 

Protagonismo; 

Direitos Humanos; 

Produção de vida; 

Cuidado em liberdade, integral e longitudinal. 

Apresentamos  abaixo,  como forma de registro e publicização, o  relato dos principais  pontos discutidos  em 

cada  roda  e  a  síntese  produzida  pelas  pessoas  em  grande  plenária.  Alguns  aspectos  foram  comuns  e  se 

repetem nas diversas rodas, sinalizando relevância para avançar em ações concretas no cotidiano. As rodas 

resultaram  em  sínteses  analíticas  de  contextos,  demostrando  a  diversidade  e  produção  de  consensos  no 

debate. Reafirmamos que existem outros espaços deliberativos e  importantes de construção dos SUS e da 

Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, tais como o Relatório Final da IV Conferência Nacional Intersetorial de 

Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, além dos Relatórios das Conferencias Nacionais de Saúde. 

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Durante o XVIII  Colegiado  Nacional  de  Coordenadores  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas, 

realizado em Brasília, foram  divulgados para todos os presentes as  sínteses  das  rodas.  Desta  forma,  foi 

enviado para a plenária final, conduzida pelos Coordenadores, um consolidado de seis rodas, cartas aberta de 

apoio e as moções de apoio e repúdio: 

A. Roda de Conversa 1: Saúde Mental na Atenção Básica  

B. Roda de Conversa 2: Demandas associadas ao consumo de álcool e outras drogas 

C. Roda de Conversa 3: Saúde Mental Infantojuvenil 

D. Roda de Conversa 4: Atenção a Crise 

E. Roda de Conversa 5: Desinstitucionalização 

F. Roda de Conversa 6: Reabilitação Psicossocial 

G. Duas cartas 

H. Moções: 4 moções 

I. Menção Honrosa Póstuma 

Plenária da XVIII Reunião do Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental 

A. Roda de Conversa 1: Saúde Mental na Atenção Básica   

Marcos que não podem retroceder 

1. O espaço de diálogo entre Saúde Mental e Atenção Básica já conquistada.  2. A conquista do SUS, da Reforma Sanitária, da Reforma Psiquiátrica.  3. Práticas na rede sensíveis ao cuidado em liberdade, à diversidade e ao racismo institucional. 4. Rede intersetorial e rede existencial.  5. Rede de saúde de qualidade, que garanta acesso, com equipe que possa dar esse cuidado.  6. Rede Básica estruturada como estratégia que cuida das pessoas e das comunidades. 7. Os pontos de atenção da RAPS, em especial os CAPS, não podem ser desmontados ou fechados. 8. Redução de Danos como paradigma político técnico e ético em oposição ao paradigma da guerra as 

drogas, de modo que respeite não somente os direitos dos usuários, familiares e trabalhadores, mas que fortaleça as experiências contemporâneas que se mostram eficazes e promissoras. 

9. Seguir sensibilizando e envolvendo equipes de Atenção Básica no cuidado territorial e substitutivo 

Desafios e Problematizações 

1. Integrar e articular a Rede do território, para promover trocas de práticas e saberes; 2. Qualificar as equipes para o cuidado em saúde mental; 3. Trabalhar com a  incerteza quanto a  recursos humanos, decorrentes da precarização dos contratos 

profissionais; 4. Rever condições das parcerias público‐privadas territoriais para os serviços de saúde; 5. Redimensionar e repensar a  lógica do cuidado  integral e  longitudinal, considerando a existência da 

sobrecarga de trabalho das Equipes de Atenção Básica;  6. Considerar  que  as  situações  de  violência  e  discriminação  vivenciadas  geram  sofrimento  para  a 

população atendida. 7. Ampliar  as  estratégias  de  cuidado  envolvendo mais  dispositivos  da  RAPS,  não  se  limitando  aos 

recursos dos CAPS e da Atenção Básica atuando no território de modo intersetorial. 8. Aperfeiçoar o matriciamento e as estratégias de cuidado em grandes centros urbanos, tendo em vista 

a complexidade dos contextos locais. 9. Aprofundar  as  discussões  a  respeito  da  Política  Nacional  de  Saúde  Mental  envolvendo  os 

profissionais da atenção básica  10. Fortalecer o CAPS como organizador e ativador de práticas de matriciamento.  11. Superar a Lógica da Atenção Básica baseada no cumprimento de protocolos e a “qualidade total”.  12. Repensar indicadores condizentes com as necessidades de avanço na saúde mental.  13. Adotar amplamente a prática do registro, da avaliação e do compartilhamento das atividades.  14. Problematizar a Medicalização da população.  

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15. Superar a persistente lógica manicomial dentro dos CAPS e da RAPS como um todo.  16. Debater e superar a lógica ambulatorial do cuidado.  

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Fortalecer  e  aperfeiçoar  a  atenção  psicossocial  no  âmbito  da  atenção  básica,  no  que  tange  as necessidades de saúde da infância e adolescência. 

2. Planejar  e  implementar  o  cuidado  na  perspectiva  ampliada  de  sofrimento,  fundamentada  na integralidade, na territorialidade e no reconhecimento de aspectos culturais e sociais. 

3. Superar a  lógica da doença mental  como objeto do  “especialismo” de  cunho biomédico, atuando efetivamente sob o conceito ampliado de saúde discutindo e delineando praticas na perspectiva do desenvolvimento sustentável  tal como a  felicidade e  relações humanas, cidadania e coletividade  ‐ trazer essa discussão para dentro do serviço de saúde.  

4. Fortalecer a atuação itinerante do CAPS de modo a estar mais próximo do território.  5. Garantir as equipes mínimas dos pontos de atenção da RAPS.  6. Sensibilizar Atenção Básica para atuação na lógica da atenção psicossocial. 7. Fortalecer o cuidado à População de Rua, qualificando o acolhimento em  todos os dispositivos da 

rede e ampliando as ações dos serviços itinerantes.  8. Viabilizar os Centros de Convivência, incrementando as ações de cultura dentro da RAPS, tendo em 

vista seu potencial para os propósitos da Política de Saúde Mental.  9. Fortalecer a capilarização do cuidado, da formação e do protagonismo dos usuários. 10. Promover Formação e Educação Permanente para os trabalhadores de saúde.  11. Ampliar  o  processo  de  formação  dos  ACS  para  os  demais  membros  da  equipe  (Caminhos  do 

Cuidado),  indo  além do  campo de Álcool  e outras Drogas,  adentrando no  campo  geral da  Saúde Mental. 

12. Implementar tecnologias de encontro e de troca – com foco no matriciamento e previsão de outras ações como reuniões de equipe, fóruns intersetoriais e itinerantes, com registros. 

13. Incorporar e ampliar a visita domiciliar emancipatória. 14. Rever  os  indicadores  do  PMAQ  para  que  reflitam  práticas  do  cuidado  psicossocial.  Gerar  novos 

indicadores de saúde mental, que sejam mais representativos.  15. Ampliar, fortalecer e orientar o papel dos NASFs. Para que o entendimento sobre o matriciamento 

se oriente pela corresponsabilização, compartilhamento de práticas, e não como mera supervisão. 16. Fortalecer  a Atenção Básica no  cuidado  territorial.    Estimular os profissionais  a pensar  em  como 

cuidar das pessoas e das comunidades em meio a contextos violentos e marcados por concepções “fundamentalistas”.   

17. Promover Práticas integrativas na Atenção Básica.  18. Ampliar e efetivar o diálogo e participação dos usuários.  19. Implementar estratégia de Gestão Autônoma da Medicação. 20. Considerar os familiares como parceiros atuantes na gestão da medicação e do cuidado. 21. Realizar Mostra Nacional com experiências exitosas de Saúde Mental na Atenção Básica.  22. Disponibilizar contatos de coordenações de saúde mental dos municípios e estados para favorecer 

processos de articulação. 23. Melhorar as estratégias de comunicação e mídia sobre o  tema da saúde mental de acordo com o 

que preconiza a Política Nacional de Saúde Mental.   24. Incorporar  a  diretriz  da  Redução  de Danos  como  ética  do  cuidado  que  garanta  o  acolhimento  e 

integralidade da atenção as pessoas que usam álcool e outras drogas nos serviços da Atenção Básica.   B. Roda de Conversa 2:  Demandas associadas ao consumo de álcool e outras drogas  

Estratégias 

1. Necessidade de cuidado compartilhado com outros pontos de atenção, promovendo a integralidade do cuidado e diminuindo a necessidade de divisões por serviço a partir de comorbidades; 

2. Investir constantemente em ações de educação permanente nos diversos níveis e diferentes formas; 3. Articular a construção de políticas intersetoriais para proteção aos usuários de drogas ameaçados de 

morte; 4. Estreitar o diálogo com o sistema  judiciário e promotorias  ‐ Como se relacionar com outros setores 

para além da RAPS?  

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5. Criar estratégias e fortalecer o diálogo com o movimento social de usuários de drogas (Ex.: Marcha da Maconha, movimento da AIDS, entre outros); 

6. Alertar  sobre  os  danos  para  os  usuários  na  prescrição  indiscriminada,  buscando  a  superação  de práticas não medicalizantes para profissionais e serviços; 

7. Apoiar o  fortalecimento de processos de  controle  social no  SUS,  como  assembleias nos CAPS AD, Colegiados de gestão, reuniões sistemáticas, reuniões de conselhos  locais de saúde, sociedade civil organizada; 

8. Incluir a economia solidária na pauta da articulação intersetorial; 9. Matriciamento entre Atenção Básica e outras áreas setoriais na construção de Projetos Terapêuticos 

Singulares; 10. Ampliar a articulação com serviços que atendem pessoas vivendo com HIV AIDS e/ou tuberculose; 11. Fortalecer a parceria da Saúde Mental ao Projeto Redes, Percursos Formativos (PF) e demais projetos 

nos territórios; 12. Ampliar os programas de residência multiprofissional em saúde mental, álcool e outras drogas; 13. Retomar de  forma  intensiva a discussão e  incorporação da Redução de Danos como paradigma de 

cuidado nos diversos espaços e níveis de cuidado. Existem resistências contra as práticas de RD ou predomínio  de  ações  de  caráter  instrumental,  focalizadas  na  prevenção  de  doenças,  e  não  na redução de danos sociais  (violência, exclusão, preconceito) e promoção da cidadania e dos direitos dos usuários de drogas; 

14. Direcionamento  de  recursos  públicos  para  financiamento  de  Comunidades  Terapêuticas  em detrimento da RAPS, reforçando a manutenção da abordagem do problema das drogas fora do setor saúde, além da segregação social e negação dos direitos dos usuários de drogas; 

15. Implementar  as  Políticas  de  Saúde  para  Sistema  Prisional,  conforme  Portaria  94/2014  ‐  Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), para avançar no cuidado destas pessoas; 

16. Consolidar processos de monitoramento e avaliação para qualificação dos princípios e diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas; 

17. Investir  na  superação  do  estigma  em  relação  aos  usuários  de  drogas.  O  enfoque  sobre  drogas divulgado pelos meios de comunicação e algumas propagandas “educativas”  reforça no  imaginário social  julgamentos morais, preconceitos, associação de drogas a criminalidade e estigmatização dos seus usuários; 

18. Fortalecer o debate junto aos profissionais da saúde mental dos princípios da reforma psiquiátrica e sanitária,  disseminando  novos  conceitos  em  AD  e  para  promover  uma melhor  compreensão  da complexidade  do  fenômeno  das  drogas  entre  diferentes  setores  e  instituições,  como  justiça, segurança, educação e mídia, de modo a superar o paradigma proibicionista e concepções moralistas e criminalizantes; 

19. Ampliar a discussão dos cofinanciamentos entre Estados, Municípios e Regiões de Saúde, de forma a fortalecer o seu papel na estrutura organizacional do SUS, enquanto financiadores para uma atenção as pessoas nos territórios, de forma resolutiva; 

20. Promover a desburocratização processos dentro do SUS, que dificultam a  implementação e repasse de recursos dos serviços, e consequentemente, os acessos dos usuários. Por exemplo, os processos de registro de procedimentos através do Registro de Ações Ambulatoriais em Saúde – RAAS; 

21. Ampliar  a  composição  das  categorias  profissionais  nas  equipes  dos  CAPS,  através  da  revisão  da portaria de composição das mesmas (por exemplo, discutindo a inclusão de oficineiros, redutores de danos e acompanhantes terapêuticos); 

22. Dar  visibilidade  aos  esforços  de  reorganização  do  modelo  de  atenção  psicossocial,  através  da comunicação  das  boas  práticas,  melhoria  da  alimentação  dos  sistemas  de  informação  e  dos processos  de  monitoramento  e  avaliação  para  defesa  dos  serviços  e  ações  de  saúde  mental. Precisamos reunir evidências da efetividade do modelo que defendemos; 

23. Fazer  o  enfrentamento  do  discurso  punitivo  da  prevenção,  a  exemplo  do  Programa  PROERD.  É preciso  investir  em  ações  curativas  em  detrimento  das  preventivas.  As  ações  devem  envolver  os sujeitos  ‐  na  promoção  de  habilidades  sociais,  devem  envolver  as  instituições  ‐  na  promoção  da gestão democrática e compartilhada; devem envolver políticas – na estruturação de  subsídios que deem sustentabilidade às ações territoriais, incluindo a monitoramento e avaliação. Para tanto, se faz necessário  ampliar  a discussão  junto  a MEC, MDS e MJ no  sentido de  fomentar os programas de prevenção ao uso problemático de drogas. 

Desafios e Problematizações 

1. Com quem podemos contar como aliados no nosso trabalho com os usuários mais vulneráveis, para incorporar e ampliar o escopo das práticas de redução de danos e reabilitação psicossocial, de modo 

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a ampliar o escopo dessas ações e promover perspectivas de vida satisfatória e autossustentável às pessoas que sofrem desses problemas? 

2. O  que  é  possível  melhorar,  mudar  nossas  ações  dentro  do  espaço  de  intervenção?  Existe  a necessidade  de  qualificação  das  práticas  de  atenção  em  AD,  particularmente  no  que  se  refere  à reintegração social e redução do isolamento e exclusão, bem como o desfavorecimento social; 

3. Quais  as  estratégias  que  podemos  propor  para  prevenir  o  uso  e  abuso  de  drogas  no  ambiente escolar? 

4. Como  lidar  com  a  questão  dos  usuários  de  drogas  em  conflito  com  a  lei  e  com  processos  de internação compulsória? 

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Divulgação  no  território  do  Guia  Estratégico  para  o  Cuidado  de  Pessoas  com  necessidades relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas  (GUIA AD) para profissionais de saúde do SUS, através de oficinas integradas nos territórios; 

2. Enfrentamento de  valores  sociais  conservadores, que  legitimam  a  repressão  às drogas  como  álibi para exercício de poder  sobre os mais vulneráveis. Ainda persiste o paradigma proibicionista e de concepções moralistas e criminalizantes, baseadas na ideologia de “guerra às drogas” e em medidas de alta exigência que tem a abstinência como pré‐condição ao acesso a atendimento; 

3. Sensibilizar os atores do Sistema de Justiça, para novas práticas sobre os problemas decorrentes do uso de drogas. O Brasil é  signatário de Convenções  Internacionais  sobre Drogas que preconizam a adoção de uma abordagem voltada à  saúde, em vez de uma abordagem apenas voltada à sanção, baseando‐se  em  evidências  de  que  o  confinamento  em  prisões  ou  em  centros  de  tratamento compulsório  tem  baixa  efetividade,  degrada  as  condições  de  vida  já  problemáticas  dos  usuários, amplia a exclusão social, reduz as habilidades sociais e agrava as condições de saúde. Nas prisões, as pessoas continuam a fazer uso de drogas e ficam mais expostas a infecções como tuberculose, HIV e hepatites. Mesmo  quando  os  indivíduos  são  privados  de  liberdade  em  condições  de  abstinência, observam‐se altas taxas de recaída em relação ao uso de drogas, overdose e reincidência de conflitos com a lei. 

  

C. Roda de Conversa 3:  Saúde Mental Infantojuvenil  

Marcos que não podem retroceder 

1. ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENCIA ‐ ECA A partir de todos os aspectos da Infância e Juventude que o ESTATUTO visa proteger, destacamos, na atualidade:  

a) A  importância de não  retroceder diante da discussão em  torno da  redução da maioridade penal; 

b) Entendemos  ser  absolutamente  necessário,  o  veto  efetivo  às  Comunidades  Terapêuticas, para a atenção a Infância e Juventude no âmbito do cuidado em Álcool e outras Drogas, uma vez que esse regime reproduz a lógica manicomial; 

 2. PERCURSOS FORMATIVOS Apontado como metodologia inovadora na construção efetiva da RAPS; 

 3. INTERSETORIALIDADE Perspectiva para implementação efetiva das políticas das Redes no território; 

 4. FÓRUNS MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL INTERSETORIAIS 

 5. FORMAÇÃO PERMANENTE:  

São recursos fundamentais para a construção da RAPS: a) Programas de Residência (Residência Multiprofissional, Residências de Psiquiatria, Residência 

de Saúde Mental, Saúde da Família, Saúde Coletiva). 

Desafios e Problematizações 

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1. Sustentar a garantia dos direitos apontados no ECA, como prioridade nacional absoluta, nos serviços de  Saúde Mental.  Desta  forma  assegurando  a  efetiva  participação  e  protagonismo  de  crianças  e adolescentes; 

2. A  necessidade  de  garantir  a  convivência  familiar  e  comunitária  no  território.  Entendendo  que crianças e adolescentes não se configuram apenas como sujeito sanitários, por  isso esses princípios devem ser respeitados na sua totalidade; 

3. Assegurar um debate  com o  Sistema de Garantia de Direitos,  em  especial  com os operadores do Direito,  como Ministério  Público,  Poder  Judiciário  e  Defensoria  Pública.  Garantindo  uma  relação horizontal com sistema de justiça, de modo que não haja uma interferência entre poderes e esferas;  

4. É fundamental que a política de atenção e cuidado à  Infância e adolescência não seja pautada pela fragmentação  da  lógica  do  diagnóstico, mas  sim,  pelo  cuidado  integral,  longitudinal,  e  que  esses princípios orientem a construção de dispositivos e políticas de cuidado; 

5. A  necessidade  de  ampliarmos  o  debate  sobre  a  Desinstitucionalização  no  campo  infantojuvenil, entendendo  que  nesse  campo  existem  outras  roupagens,  que  precisam  ser  cuidadosamente consideradas: o autismo, os adolescentes com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas,  acolhimento  institucional  e  por  fim  o  alto  índice  de  adolescentes  em  cumprimento  de medidas  socioeducativas,  evidenciando  o  quanto  o  princípio  da  excepcionalidade  da medida  de internação não é respeitado. 

6. Outra  problematização  no  campo  da  desinstitucionalização  é  a  fenômeno  da medicalização/patologização da vida, e nesse mesmo passo considerar que a medicalização é uma prática que não se restringe a administração do medicamento.  

7. Os CAPSi devem propor‐se na perspectiva de uma escuta ética (e não moral, como se opera no senso comum) para oferecer lugar/território para a infância e adolescência. 

8. Os CAPSi devem oferecer apoio matricial no âmbito da saúde mental da criança e adolescente. 9. É  necessário  que  o  campo  da  infância  e  juventude  seja  efetivamente  incluído  na  perspectiva  de 

políticas de redução de danos para usuários de álcool e drogas. 10. É  preciso  discutir,  ampliar  e  qualificar  a  atenção  a  saúde  mental  na  infância  e  juventude  nos 

dispositivos da Atenção Básica (AB). 11. O financiamento se mantém como um problema importante que deve ser enfrentado pelo campo da 

saúde mental infantojuvenil, lembrando que as políticas no campo da infância e adolescência devem ser prioridade absoluta em todos os âmbitos, inclusive orçamentários; 

12. A necessidade de não  institucionalizar os bebes de mães com necessidades decorrentes do uso de álcool  e  outras  drogas,  de modo  que  essa  situação  tenha  o  devido  cuidado,  de  acordo  com  as políticas de saúde vigentes; 

13. Necessidade de ampliar a discussão sobre identidade de gênero e orientação sexual; 14. As situações de violência urbana, (exemplo: violência policial) que crianças e adolescentes sofrem em 

seus territórios.   

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. FÓRUNS MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL INTERSETORIAIS  

2. AÇÕES INTERSETORIAIS  

3. PROTAGONISMO DO USUÁRIO e CONTROLE SOCIAL  

4. UMA REDE SUS CAPACITADA A CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL a) Políticas integrais e articuladas; 

 5. POLÍTICAS  PÚBLICAS  QUE  NÃO  SE  PAUTEM  PELA  LÓGICA  SEGMENTÁRIA  (  E  SECTÁRIA)  DO 

DIAGNÓSTICO a) Consideração à experiência do sofrimento; b) Responder  a  complexidade  do  diagnóstico  e  do  caso  pela  via  da  singularidade  e  não  da 

especificidade;  

6. ENFRENTAMENTO DA DISCUSSÃO SOBRE A MEDICALIZAÇÃO DA VIDA a) Essa é a mais rigorosa perspectiva de  institucionalização da  Infância e Adolescência  (muros 

químicos e discursivos)   

7. EXPERIÊNCIAS DE "PERCURSOS FORMATIVOS" NO INTERIOR DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS 

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D. Roda de Conversa 4:  Atenção a Crise 

Marcos que não podem retroceder 

1. Lei 10216/2001: internação como medida de exceção  2. Portaria 3088/2011 não reconhece o Hospital Psiquiátrico como ponto da rede,  3. Port. 854/2012: todo CAPS pode fazer hospitalidade noturna,  4. Acolhimento noturno prescinde do psiquiatra, diferenciação entre  vaga de acolhimento e  leito de 

internação.  5. Hospitalidade noturna não demanda a estrutura formal de leito 6. Hospital  Geral  se  faz  necessário  em  situações  que  demandem  o  acesso  à  tecnologia  hospitalar, 

observando  que  as  internações  devem  durar  o  menor  tempo  possível,  de  acordo  com  lei 10.2016/2001 e a Portaria 148/2012.  

Desafios e Horizontes 

1. Os hospitais psiquiátricos públicos e privados ainda existentes devem ser objeto de enfrentamento urgente visando seu fechamento, pois, concentram recursos e  impedem o processo de organização da RAPS 

2. Possibilidade de  financiamento do Governo Federal pelo número de equipes  (como nas ESF) e não por serviço. 

3. Fortalecer o protagonismo de usuários e familiares no manejo das situações de crise 4. Apoiar a  família e os  trabalhadores da RAPS nas “situações  limite” que envolvem os momentos de 

crise 5. Transformação cultural para contrapor o conceito de crise como mera exacerbação de sintomas, que 

centralizam no profissional médico e no diagnóstico as intervenções do campo da saúde. 6. Apesar de mudanças nos  espaços de  internação,  a  lógica  da  “contenção”  e  do uso  do  poder nas 

situações de crise ainda são presentes. 7. Necessidade de enfrentamento de  ideias estigmatizantes,  como a periculosidade, para avançar no 

cuidado integral e humanizado. 8. Contextualização da crise levando em conta os recursos do território, considerando a integralidade e 

a singularidade dos sujeitos (“a crise pode acontecer em qualquer lugar”; “a crise se dá nas relações”) 9. Necessidade  superação do  “especialismo” nas ações  relacionadas à  crise  com vistas a promover o 

compartilhamento do cuidado e o acolhimento das situações de sofrimento. 10. Constituir  arranjos  em  que  os  trabalhadores  das  portas  de  urgência  conheçam  o  cotidiano  dos 

demais dispositivos da RAPS.  11. Desenvolver  linguagem  acessível  (comum)  sobre  o  tema  que  permita  o  diálogo  intersetorial  com 

outras redes e outros atores, incluindo bombeiros e policiais. 12. Necessidade de ampliar o financiamento federal para os CAPS e de instituir‐se o cofinanciamento dos 

Estados para as ações de cuidado à crise em dispositivos territoriais da RAPS. 13. Necessidade  de  estabelecer  parcerias  com  o  Sistema  de  Justiça  (MP,  juizados  e Defensoria),  não 

apenas respondendo demandas, mas realizando pactuações  intersetoriais para garantir a realização do cuidado à crise sem violar direitos humanos. 

14. Garantia  de  acolhimento  integral  às  crianças  e  adolescentes  em  situações  de  crise,  por meio  de arranjos que possibilitem a hospitalidade noturna em CAPSi quando necessário, e/ou em  leitos em Hospital Geral de pediatria, entre outros dispositivos da RAPS. 

15. Fortalecer a implantação de CAPS 24h de acordo com os parâmetros estabelecidos. 16. Avançar na discussão de atenção à crise às pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e 

outras drogas no âmbito da RAPS 17. Ter como apoiadores e protagonistas os próprios usuários nas práticas de Redução de Danos 

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Matriciamento 2. Elaboração de documentos pelo Ministério da Saúde que certifiquem e deem  legitimidade às ações 

de atenção à crise na perspectiva da RAPS  3. Ampliação da oferta de ações de Educação permanente nos diferentes pontos de atenção da RAPS 

(UPA, SAMU, Pronto‐Socorro) e com parceiros intersetoriais (Bombeiro, Polícia entre outros atores)  

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4. Disponibilizar material de EAD e instrumentos on‐line que promovam trocas de experiências. 5. Construção  de  diferentes  arranjos  para  garantir‐se  que  a  RAPS  funcione  24h  dadas  as  diferenças 

populacionais dos municípios no país. 6. Fomentar  experiências  de  cuidado  que  garantam  as  diretivas  antecipadas  de  vontade  e  a 

contratualidade como, por exemplo, a ferramenta do “cartão de crise”.  7. Fomentar experiências de cuidado em municípios que não dispõe de CAPS  III por meio de práticas 

que  garantam  atenção  continuada  como:  disponibilizar  profissionais  de  sobreaviso  prevendo pagamento de horas extras de modo a garantir o acolhimento noturno quando necessário 

8. Garantir que os CAPS  tenham protagonismo na  regulação dos  leitos de  saúde mental em Hospital Geral 

9. Existem  tecnologias desenvolvidas  fora do  campo da  saúde para  lidar  com  conflitos e manejo em situações que necessitam de mediação (aproximar‐se de outros setores)  

10. Ministério da Saúde deve publicar diretrizes para o atendimento a situações de crise nos diferentes dispositivos da RAPS  

 E. Roda de Conversa 5:  Desinstitucionalização 

Marcos que não podem retroceder 

1. Os direitos garantidos pela promulgação da Lei 10.216/2001 2. Reconhecimento político para a difusão da Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência como 

amparo constitucional para garantia de direitos dos usuários de saúde mental à plena cidadania com igualdade de oportunidades, autonomia e liberdade; 

3. Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), cujo custeio fixo foi  instituído pelo Ministério da Saúde com a publicação da Portaria nº3090 de 23 de dezembro de 2011; 

4. O  Programa  “De  Volta  Para  Casa”  (PVC),  instituído  pela  lei  nº  10.708  de  2003,  que  estabelece  o auxílio‐reabilitação  psicossocial  para  pessoas  egressas  de  internações  de  longa  permanência  em hospitais psiquiátricos, e seus reajustes sucessivos. 

Desafios e Problematizações 

1. A  existência  de  hospitais  psiquiátricos  ainda  hoje,  pois  concentram  recursos,  violam  direitos fundamentais e continuam produzindo internações de longa permanência, criando dificuldades para atuação da RAPS nos territórios;  

2. Alinhamento sobre a diferença entre os conceitos de Desinstitucionalização e Desospitalização;  3. Novas formas de institucionalização (como p.e. instituições de asilamento de idosos) 4. A integração e a construção de novas estratégias conjuntas entre o SUS e o SUAS; 5. Sustentação  de  situações  de  crise  na  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  vedando  internações  em 

hospitais psiquiátricos; 6. Criação de estratégias para lidar com a os processos de envelhecimento na RAPS, de forma integrada 

com as políticas existentes, como a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa;  7. Garantir  a  articulação  dos  processos  de  trabalho  entre  equipe  de  trabalho  do  SRT  e  do  CAPS  de 

referência; 8. Revisão  da  Portaria  de  SRT  no  sentido  de  assegurar  sua  importância  na  RAPS,  explicitar  a 

possibilidade da mudança de tipologia, bem como questões ligadas ao modo de custeio; 9. A garantia do acesso ao Benefício de Prestação Continuada e ao PVC sem exigência de interdição; 10. Implantação de SRT em municípios que não têm porte populacional para implantação de CAPS; 11. Promover mudança cultural para garantia do acesso ao cuidado territorial, desfazendo as concepções 

centradas nas internações em Hospitais Psiquiátricos. 12. Utilização do BPC ou PVC por familiares/curadores, em detrimento do beneficiário.  13. Garantir  qualidade  nos  processos  de  Desinstitucionalização  sem  planejamento  adequado  que  se 

iniciam por decisão judicial ou dos prestadores de serviços; 14. Promover processos de Desinstitucionalização em Hospitais de Custodia e Tratamento Psiquiátrico 

(HCTP); 15. Esclarecimento  aos  familiares  e  à  sociedade  em  geral  a  respeito  dos  Processos  de 

Desinstitucionalização; 16. Favorecer o início dos processos de desinstitucionalização mesmo na ausência de decisão da gestão 

para o fechamento dos hospitais psiquiátricos, por exemplo em parceria com atores do judiciário; 17. Garantir que os processos de alta hospitalar não sejam impedidos pela condição de interdição; 

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18. Situações de porta‐giratória, com internações seguidas em curto espaço de tempo; 19. Garantir  que  os  SRTs  tenham  caráter  emancipatórios,  pautados  na  autonomia,  na  reinserção 

psicossocial e na validação dos sujeitos; 20. Incentivar  a  criação  de  associações  de  usuários  e  familiares  para  a  aceleração  e  qualificação  dos 

processos de desinstitucionalização; 21. Fortalecer  e  garantir  a  desinstitucionalização  da  infância  e  juventude  e  o  cuidado  em  liberdade, 

considerando  as  situações  de  confinamento  nos  acolhimentos  institucionais  da  assistência  social, aumento das medidas de internação no sistema socioeducativo, bem como a institucionalização em comunidades terapêuticas; 

22. Promover Estratégias de formação e educação permanente voltadas para a desinstitucionalização; 23. Garantir o acesso ao auxílio‐reabilitação psicossocial para pessoas  institucionalizadas após o ano de 

2003 e reajustes sistemáticos. 

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Leis municipais nos moldes do  auxílio‐reabilitação  psicossocial  do  PVC,  como por  exemplo no município do Rio de Janeiro, em Recife e no Distrito Federal; 

2. Assegurar a implantação dos SRT considerando os vínculos (sejam os vínculos familiares, vínculos de amizade, vínculos com as cidades de origem etc.); 

3. Garantir  co‐financiamento  tripartite  para  os  processos  de  Desinstitucionalização  e  suas estratégias. 

4. Fortalecer que a responsabilidade pelos Processos de Desinstitucionalização não seja apenas do município‐sede do hospital psiquiátrico, mas também dos demais municípios envolvidos (região de  saúde, municípios de origem dos  egressos de  internações de  longa permanência  e demais possibilidades); 

5. Criar condições para garantir a Tomada de Decisão Apoiada; 6. Criar um Observatório de experiências de desinstitucionalização, como um acervo de memória 

escrita para compartilhamento, aprendizado, etc.  

F. Roda de Conversa 6: Reabilitação Psicossocial 

Marcos que não podem retroceder 

1. Rede de Atenção Psicossocial como  referência estratégica do cuidado na promoção e garantia dos direitos de cidadania, sustentados na autonomia e no protagonismo de usuários e familiares. 

2. Centro de Atenção Psicossocial como serviço estratégico essencial ao cuidado em liberdade. 

Desafios e Problematizações 

1. Fortalecer  o  protagonismo  da  população  infanto‐juvenil  na  Rede  de  Atenção  Psicossocial, estimulando a atuação com voz e voto em coletivos articulados aos serviços e encontros de grupos de crianças e jovens. 

2. Estabelecer  cofinanciamento  tripartite  para  ações  em  reabilitação  psicossocial,  especialmente  o cofinanciamento estadual. 

3. Incidência no Programa Nacional de Apoio ao Associativismo e Cooperativismo Social (PRONACOOP Social) para estabelecer marco regulatório do Cooperativismo Social em 2016. 

4. Discussão sobre linha de crédito específica para os empreendimentos solidários da Rede de Atenção Psicossocial. 

5. Aprofundar e reafirmar o apoio psicossocial às famílias dos usuários dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial. 

6. Implantação  de  Centros  de  Convivência  para  convivência  e  fortalecimento  de  vínculo  entre  as pessoas nas comunidades. 

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Garantir  a  inserção  e  aprimoramento  das  atividades  no mundo  do  trabalho  através  de  cadeias produtivas, seja na economia solidária, seja no mercado. 

2. Garantir a implementação dos princípios da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (Decreto nº 6949 de 25 de agosto de 2009), como  transformadora de paradigma de proteção dos direitos humanos das pessoas com transtornos mentais. 

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3. Garantir a  implementação da Lei Brasileira de  Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.164 de 06 de julho de 2015), em vigor a partir de 03 de janeiro de 2016. 

4. Garantir as premissas e princípios da Política Nacional de Humanização. 5. Divulgar  a metodologia  do  Projeto  Percursos  Formativos,  para  promover  a  troca  de  experiências, 

repensar  práticas,  ajudar  na  definição  de  estratégias  para  fortalecimento  da  Rede  de  Atenção Psicossocial no sentido da garantia dos direitos de cidadania.  

 G. Cartas 

CARTA ABERTA AO EXMO. SR. MINISTRO DA SAÚDE MARCELO CASTRO 

Nós membros do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, reunidos nos dias 08, 09 e 10 de dezembro de 2015, na XVIII Reunião deste Colegiado, instituído pela Portaria GM/MS nº  3.796/10  e  responsável  pela  implantação,  implementação,  avaliação  e monitoramento  da  Política  de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas em todo país, consideramos que:  

1. Nosso país tem uma legislação de saúde mental que assegura os direitos humanos e sociais dos usuários dos serviços de saúde e determina que o modelo de atenção deva ser de base comunitária. A Lei Federal 10.216/01 é reconhecida pelos trabalhadores de saúde pública e intersetoriais, usuários, familiares e pela sociedade,  como  um marco  legítimo  e  efetivo  para  garantir  o  avanço  da  política  pública  em  saúde mental. 

2. A  Política  da  Reforma  Psiquiátrica  constitui  um  consenso  internacional  também  na  área  de  direitos humanos, ratificada em  inúmeras Convenções da Organização das Nações Unidas (ONU) assinadas pelo Governo Brasileiro,  como  também, acolhidas pela  legislação brasileira. A Convenção da ONU  sobre os Direitos  da  Pessoa  com Deficiência  (2007),  incluindo  também  as  pessoas  com  transtorno mental,  foi reafirmada no Decreto Federal 6.949/09, que tem o mesmo status jurídico da Constituição Brasileira. 

3. O Brasil é reconhecido internacionalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é referência exemplar da Política de Saúde Mental e Reforma Psiquiátrica, seguindo os parâmetros chaves da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Pan‐americana de Saúde (OPAS), tais como exposto no Plano de Ação de Saúde Mental (2013 – 2020) da OMS e no Plano Regional de Saúde Mental (2015 ‐2020) da OPAS, bem como, nos consensos regionais, como o da Declaração de Caracas (1990), da Declaração de Brasília (2005) e do Consenso de Brasília (2013),  inclusive com assinatura e  implementação de acordos de cooperação técnica com alguns países latino‐americanos e africanos para desenvolvimento do modelo brasileiro. 

4. No Brasil, a política de reforma psiquiátrica foi aprovada e consolidada por quatro grandes conferências nacionais  de  saúde  mental  com  a  participação  de  usuários,  familiares,  gestores  e  trabalhadores, reafirmando‐a como política de Estado. 

5. O Decreto Federal 7.508/11, que regulamenta a Lei 8080/90, e institui as redes prioritárias nas regiões de saúde,  reafirma a atenção psicossocial  como política de Estado e do Governo Dilma  com a  criação da Rede de Atenção  Psicossocial  (RAPS)  por meio das  Portarias GM/MS  4.279/10 que  institui  a Rede de Atenção à Saúde (RAS) e 3.088/11, republicada em 2013.   

6. Destaca‐se que a regulamentação da RAPS propiciou a garantia de dotação orçamentária, definição de diretrizes e linhas de financiamento dos serviços de saúde mental territoriais, com estímulo à criação de novas  tecnologias  de  cuidado,  contemplando  o  trabalho  em  rede  e  as  especificidades  culturais  e regionais. 

7. A  instituição  da  RAPS  por meio  dos  espaços  formais  de  pactuação  dos  planos  de  saúde mental  nas Comissões  Intergestores Regionais  (CIR) e nas Comissões  Intergestores Bipartite  (CIB), é acompanhada pelos grupos condutores e pelo controle social dos conselhos municipais e estaduais de saúde. 

8. A RAPS, com seus diversos componentes e pontos de atenção,  foi  instituída com o objetivo de ofertar cuidado à população adulta e  infanto‐juvenil com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. 

9. Hoje o Brasil conta com mais de 2.300 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nos quais trabalham mais de  30.000  profissionais,  com  700  Serviços  Residenciais  Terapêuticos  (SRT),  com  trabalho  integrado  a 39.228 equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) e 3.898 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e aos Consultórios na Rua (CnR) que asseguram a ampliação e qualificação das ações de saúde mental na 

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atenção básica, além de  investimentos  crescentes na  inclusão das ações de  saúde mental na Rede de Atenção às Urgências (RUE) e na atenção em hospital geral (do Norte ao Sul e Leste a Oeste do país). 

10. Como  expressão  dessa  rede,  vem  sendo  desenvolvida  uma  agenda  positiva  que  prima  pela intersetorialidade, tendo como uma de suas conquistas a organização de pontos de cultura articulados à saúde mental (Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura) e a instituição do Programa Nacional de Apoio  a Associativismo  e  Cooperativismo  Social  (PRONACOOP  Social  ‐ Decreto  Federal  8.163/13),com desenvolvimento  de  cerca  de  1.000  iniciativas  e  projetos  de  geração  de  renda  em  articulação  com  o Ministério  do  Trabalho.  Registra‐se  ainda  a  articulação  da  saúde  mental  com  o  Sistema  Único  de Assistência Social ‐ SUAS. 

Do  exposto,  reafirmamos  o  nosso  compromisso  em  colaborar  com  a  gestão  do Ministério  da  Saúde  do Governo  Dilma,  de  continuar  trabalhando  na  construção  e  consolidação  da  Política  Nacional  de  Saúde Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas  Antimanicomial  vigente  em  nosso  país,  com  o  apoio  de  cerca  de  600 entidades e associações que assinaram as cartas de pedido de audiência com vossa excelência. 

Para tanto, nós coordenadores municipais e estaduais de saúde mental de todas as regiões do país, presentes neste  colegiado,  validamos  e  reivindicamos  a  continuidade  do  trabalho  da  atual  gestão  e  equipe  da Coordenação Geral Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas dirigida pelo Prof. Dr. Roberto Tykanori Kinoshita. 

CARTA AOS GESTORES E TRABALHADORES DA RAPS 

Os usuários dos serviços de saúde mental, álcool e outras drogas da Rede de Atenção Psicossocial RAPS/SUS, na sua condição plena de cidadania, nos termos da Lei 10.216/2001, não são passiveis de serem sancionados a  nenhum  pretexto  (inclusive  clínicos)  por  atos  administrativos  disciplinares,  por  partes  dos  profissionais, equipes  e  coordenadores  administrativos:  Suspensões,  altas  administrativas,  estabelecimento  de condicionamentos  para  função  dos  direitos  a  alimentação,  livre  circulação  dos  serviços,  participação  nas atividades, situações de revistas pessoais. 

Para que  isso ocorra, é preciso que  sejam  cumpridas as exigências  formais que  regem  legalmente a  vida: processos legais, a saber, garantia dos amplos direitos de defesa e a previsão do contraditório. Direitos estes aplicáveis a qualquer cidadão, incluindo os funcionários públicos que podem ser acusados de ilegalidade caso ajam em desacordo com a lei supracitada.  

Conclamamos  a  todos  a uma  severa  vigilância destes  aspectos, para  garantia da preservação  integral dos direitos humanos dos usuários dos serviços de saúde mental, bem como contribuam para a democratização das relações na sociedade brasileira. 

 

H. Moções  

MOÇÃO EM DEFESA DA DEMOCRACIA 

O XVIII Encontro do Colegiado Nacional de Saúde Mental, composta por Coordenadores de Saúde Mental, trabalhadores de saúde, usuários e familiares, frente a difícil situação que o País, se manifesta plenamente em favor da democracia, da civilidade e dignidade do povo brasileiro advertindo sobre o perigo de tentativas de golpistas. 

MOÇÃO DE APOIO À DESCRIMINALIZAÇÃO DO PORTE E PLANTIO PARA CONSUMO PRÓPRIO DAS DROGAS ILÍCITAS 

Nesses  10  de  dezembro  de  2015,  momento  em  que  o  Supremo  Tribunal  Federal  discute  a inconstitucionalidade  do  artigo  28  da  lei  11.343/2006,  que  criminaliza  o  porte  de  drogas  para  consumo próprio,  as/os  Coordenadores/as  Municipais  e  Estaduais  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas, participantes da XVIII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores/as de Saúde Mental, considerando que  temos  a  responsabilidade  de  lidar  com  os  sofrimentos  derivados  do  uso  de  drogas  e  da  “guerra  às drogas”, manifestamos nosso apoio à descriminalização do porte e plantio para consumo próprio das drogas ilícitas. 

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Nossa experiência, corroborada pela de outros países e por evidências científicas, tem demonstrado que: 

A  criminalização  estigmatiza os usuários de drogas  ilícitas dificultando  seu  acesso  aos  serviços de saúde e a continuidade de seu processo terapêutico; 

A criminalização gera violência contra os usuários de drogas ao justificar ações de repressão policial que agravam sua condição e oneram desnecessariamente a sociedade; 

Os  países  que  descriminalizaram  o  porte  e  plantio  de  drogas  ilícitas  para  consumo  próprio  não sofreram  aumento  do  consumo  e por outro  lado  favoreceram  o  acesso  ao  tratamento  e  inclusão social daqueles que mais sofrem pelo seu uso abusivo. 

MOÇÃO DE APOIO AO PROCESSO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO 

Na região do município de Sorocaba, no  interior de São Paulo, encontramos o maior número de pacientes moradores do estado. Segundo censo realizado no ano de 2008, dos 6349 pacientes moradores nos hospitais psiquiátricos paulistas, 2219 (35%) estavam naquela região. 

Desde 2011, o movimento social FLAMAS (Frente da Luta Antimanicomial de Sorocaba) vinha denunciando as condições degradantes e as violações dos direitos humanos nos hospitais de Sorocaba e região.   Em agosto de 2012, a partir de reportagem televisiva, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco)  do  Ministério  Público  Estadual  realizou  uma  operação  de  investigação  com  vistoria  interna  e apreensão de documentos. Esta ação desdobrou‐se em uma intervenção no Hospital Psiquiátrico Vera Cruz e na assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta, entre as prefeituras da região, o Ministério Público Estadual  e  Federal,  Secretaria  de  Estado  da  Saúde  e  Ministério  da  Saúde,  iniciando  um  processo  de desinstitucionalização e o compromisso da construção da Rede de Atenção Psicossocial.  

Este processo, entre avanços,  impasses e  retrocessos, possibilitou o  fechamento de hospitais, a criação de Serviços Residenciais Terapêuticos e, o mais importante de tudo, mudou a vida de mais de 200 pacientes que viveram durante muitos anos internados.  

Contudo, o  Instituto Moriah, organização social que ganhou a  licitação para efetuar a gestão desta rede, e que  recebeu  várias  críticas na  condução deste processo, manifestou publicamente que não  irá  renovar o contrato.  

Neste momento há um claro desinvestimento público com a redução do número de profissionais, salários em atraso, greve de  funcionários, dentre outros graves problemas que  colocam este  importante processo em risco. Há ainda quase 500 moradores que aguardam no Vera Cruz que a desinstitucionalização prossiga. 

Diante  do  acima  exposto,  os  participantes  do  plenário  do  XVIII  Reunião  do  Colegiado  Nacional  de Coordenadores de Saúde Mental, manifestam o seu irrestrito apoio ao processo de desinstitucionalização de Sorocaba e  região,  reconhecem  sua  importância e  relevância estratégica, e expressam a  sua preocupação para que a  fragilidade deste momento seja rapidamente superada e que os  termos e as responsabilidades assumidas no TAC por seus signatários sejam cumpridos na integra. 

MOÇÃO  DE  REPÚDIO  A  SECRETARIA  DE  SAÚDE  DO  ESTADO  DO  RIO  GRANDE  DO  SUL  A  UMA  POLÍTICA MANICOMIAL 

A XVIII REUNIÃO DO COLEGIADO NACIONAL DE COORDENADORES DE SAÚDE MENTAL, ocorrida em Brasília, nos dias 8 a 10 de dezembro de 2015, vem repudiar os retrocessos na política de desinstitucionalização que vem  acontecendo  no  estado  do  Rio  Grande  do  Sul,  onde  pela  primeira  vez  em  23  anos  da  reforma psiquiátrica, a Secretaria de Saúde do Estado assume uma política manicomial. O Rio Grande do Sul, um dos estados precursores da  reforma psiquiátrica,  tendo  criado a primeira  lei da  reforma estadual. Atualmente está vivendo retrocessos importantes: 

Na  RAPS:  O  Estado  não  realizou  pagamento  este  ano  para  os  CAPS  diurnos;  irregularidade  nos repasses e o único equipamento pago  foram comunidades  terapêuticas. O mais grave é o não co‐financiamento dos CAPS este ano, que deixou de repassar pra Rede 15 milhões. 

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Na desinstitucionalização dos moradores do Hospital São Pedro: desarticulação dos  trabalhadores, fechamento de  residencial  terapêutico e encerramento das atividades do  grupo de  teatro Nau da Liberdade, iniciativa que incluía pela cultura usuários/artistas na vida. 

É inaceitável que o estado do RS se coloque na contramão da história, ignorando o consenso mundialmente estabelecido acerca das boas práticas em saúde mental e aviltando o legado construído nos últimos anos e ao longo das três últimas décadas, fruto do trabalho competente e dedicado de muitos dos seus profissionais, legisladores, gestores e do movimento social. 

I. Menção Honrosa Póstuma 

Homenagem  póstuma  ao  Sr.  Braz  Geraldo  Peixoto,  pela  contínua  luta  antimanicomial  que  empreendeu, como pai e familiar, na Reforma Psiquiátrica e na defesa dos CAPS. 

   

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ANEXO III: LEGISLAÇÃO DA COORDENAÇÃO GERAL DE SAÚDE MENTAL, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS REFERENTES AO PERÍODO ENTRE 2011 E 2015  

Publicação de Portarias da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS  

Portaria GM/MS nº 3088 de 23/12/11 – Portaria da RAPS;  Portaria GM/MS nº 3089 de 23/12/11 – Novo financiamento dos CAPS   Portaria GM/MS nº 3090 de 23/12/11 – Serviço Residencial Terapêutico  Portaria GM/MS nº 3099 de 23/12/11 – Ajuste dos Valores dos CAPS  Portaria GM/MS nº 130 de 26/01/12 – CAPS ad III   Portaria GM/SM nº 121 de 25/01/12 – Unidade de Acolhimento (UA)  Portaria GM/SM nº 122 de 25/01/12 – Consultório na Rua  Portaria GM/SM nº 123 de 25/01/12 – Consultório na Rua  Portaria GM/SM nº 131 de 26/01/12 – Comunidade Terapêutica  Portaria GM/SM nº 132 de 26/01/12 – Geração de Trabalho e Renda  Portaria GM/SM nº 148 de 31/01/12 – Leitos de Saúde Mental em Hospital Geral  Portaria GM/MS nº 349 de 29/02/12 – Altera a PT 148/12 (leitos de SM em HG)  Portaria GM/MS nº 1615 de 26/07/12 – Altera a PT 148/12 (leitos de SM em HG)  Publicação de Editais específicos para  financiamento de vagas nas Comunidades Terapêuticas. (Edital 

nº 8, nº 9 e nº 11/2012)  Portaria GM/MS nº 854 de 22/08/12 – Procedimentos dos CAPS   Portaria GM/MS nº 855 de 22/08/12 – Procedimentos UA  Portaria GM/MS  nº  856  de  22/08/12  –  Procedimentos  Serviço  de  Atenção  em  Regime  Residencial 

(SARR)  Portaria GM/MS nº 857 de 22/08/12 – Procedimentos de SRT  Portaria GM/MS nº 953 de 12/09/12 – Procedimento de Leitos Psiquiátricos em HG e Leitos de SM em 

HG   Portaria GM/MS nº 615, de 15 de abril de 2013 – Incentivo financeiro de investimento para construção 

de CAPS e UA  Portaria 1.511, de 24 de julho de 2013 – Reajusta o valor do Programa de Volta para Casa  Portaria GM/MS nº 664, de 23 de abril de 2013 – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado de Minas 

Gerais e Municípios.  Portaria GM/MS nº 1966, de 10 de setembro de 2013 – Reajuste do custeio de CAPS III e CAPS AD III  Portaria GM/MS nº 158, de 5 de março de 2014  – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado do 

Maranhão e Municípios  Portaria GM/MS nº 159, de 5 de março de 2014  – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado de 

Sergipe e Municípios.  Portaria GM/MS nº 222, de 25 de março de 2014 – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado do Rio 

de Janeiro e Municípios.  Portaria GM/MS nº 223, de 25 de março de 2014 – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado do 

Espírito Santo e Municípios.  Portaria GM/MS  nº  352,  de  2  de maio  de  2014  – Aprova  o  Plano  de Ação  da  RAPS  do  Estado  do 

Roraima e Municípios.  Portaria 2.840, de 29 de dezembro de 2014 – Cria o Programa de Desinstitucionalização   Portaria GM/MS nº 796, de 17 de junho de 2015 – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado do Goiás 

e Municípios.   Portaria GM/MS nº 1.066, de 23 de  julho de 2015 – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado do 

Alagoas e Municípios  Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015 – Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da 

Criança (PNAISC)     

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ANEXO IV: RESUMO EXECUTIVO – RELATÓRIO DE GESTÃO 2011‐2015  

Saúde Mental no SUS: Cuidado em Liberdade, Defesa de Direitos e Rede de Atenção Psicossocial 

 

Instituição e expansão da RAPS 

Instituição da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com 

necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, no âmbito do SUS (Port. Portaria nº 3088/2011), 

articulando  pontos  de  atenção  e  estratégias  de  diferentes  componentes  (atenção  básica,  urgência  e 

emergência,  atenção  psicossocial  especializada,  atenção  residencial  de  caráter  transitório,  atenção 

hospitalar, estratégias de desinstitucionalização e reabilitação psicossocial) 

24 estados com Grupos Condutores da RAPS em implantação. 

10 estados com a totalidade de regiões de saúde com RAPS pactuada. 

44%  (708)  de  aumento no número de CAPS habilitados,  totalizando 2328 CAPS  com  incentivo de  custeio 

federal em 68% (1.569) dos municípios elegíveis para implantação. 

357 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) habilitados com base em nova regulamentação e financiamento 

(Portaria Nº 131 e 121/ 2012), beneficiando cerca de 2.031 moradores. 

50 Unidades de Acolhimento (UA) habilitadas com base em nova regulamentação (Port Nº 121/ 2012) e 69 

em funcionamento. 

997 leitos de saúde mental, em 187 hospitais gerais, habilitados a partir da Portaria Nº 148 / 2012. 

Resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS‐2013): 

58% das pessoas com diagnóstico de depressão são acompanhadas em serviços públicos de saúde: 33% na 

atenção básica e 5% em CAPS. 

79%  das  pessoas  com  depressão  encaminhado  para  especialista  em  saúde mental  conseguiram  consulta 

especializada 

50% das pessoas com diagnóstico de depressão que utilizam medicamentos obtém pelo menos parte deles 

no SUS, sendo que 35% obtém todos.  

•  Ações para expansão e qualificação dos CAPS  

Estímulo  à  realização de  acolhimento noturno  e de  final de  semana por qualquer CAPS  (Portaria nº 854/ 

2012). 

Instituição  de  recurso  financeiro  variável  de  custeio  para  cada  tipo  de  CAPS  e  de  sistemática  de 

monitoramento, por meio de indicadores, vinculado ao repasse desses recursos (Port. 3.089/ 2011)  

Criação de novos procedimentos para os CAPS visando à qualificação de suas práticas e melhoria do processo 

de monitoramento desses serviços estratégicos da RAPS (Port. SAS/MS nº 854/2012). 

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Ações  para  promover  o  entendimento  dos  procedimentos  e  melhoria  da  alimentação  do  sistema  de 

informação pelos CAPS: Nota Técnica visando ao esclarecimento de dúvidas e melhoria do registro dos novos 

procedimentos; videoconferências (2014 e 2015); instituição de processo de monitoramento da regularidade 

da alimentação dos procedimentos definidos pela Port. SAS/MS nº 854/2012 pelos CAPS; diagnóstico sobre 

dificuldades  de  alimentação  dos  novos  procedimentos  (2014);  envio  de  Ofícios  a  gestores municipais  e 

estaduais sobre CAPS com ausência de registros (2015). 

Seleção de indicadores para monitoramento dos CAPS, SRT, UA e leitos de saúde mental em hospitais gerais 

(em processo de teste no DEMAS/SE/MS). 

Tradução  e  publicação  do  kit  de  ferramentas  do  WHO‐QualityRights  (Direito  é  qualidade)  com  ampla 

divulgação e previsão de  implantação nos CAPS a partir de 2016, por meio de parceria com a Fiocruz  (TED 

87/2015) para implantação em 36 municípios/ ano segundo metas do PPA 2016‐2019. 

•  Fortalecimento da gestão participativa e implantação da RAPS 

Implantação de estratégia de Referência Técnica para apoio institucional a todos os estados. 

6 reuniões do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental. 

8 Reuniões  de  colegiados  Regionais  de  Coordenadores  de  Saúde Mental  (Norte  ‐  4, Nordeste‐  1,  Sul  ‐  2, 

Centro‐oeste ‐ 1)  

Realização do I ENRAPS ‐ Encontro de Nacional de Redes de Atenção Psicossocial do SUS (2013). 

Expansão e qualificação das ações de saúde mental na atenção básica 

Transição de 61 Consultórios de Rua para Consultórios na Rua, com fortalecimento de práticas integradas da 

Atenção Básica em Álcool e Outras Drogas, totalizando 111 CnR habilitados.  

Publicação do Caderno de Atenção de Saúde Mental Básica (CAB 34). 

226.321 profissionais da atenção Básica (ACS, auxiliares e técnicos de enfermagem) capacitados por meio do 

Projeto Caminhos do Cuidado. 

Realização  do  I  Seminário  Nacional  sobre  Consultórios  na  Rua  e  Saúde Mental  na  Atenção  Básica,  com 

participação de 400 profissionais de saúde mental e atenção básica. 

Inclusão de Indicadores de Saúde Mental no Programa de Melhoria da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) 

Inclusão da Saúde Mental em módulos de  curso de Educação à Distância  (EAD), Percursos Formativos  (13 

municípios) e Telessaúde para a atenção básica. 

Atenção de Urgência e Emergência 

1.994 profissionais de saúde capacitados por meio de curso EAD em Atenção à Crise e Urgências em Saúde 

Mental. 

Participação na construção de 4 Protocolos Assistenciais em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas para o 

SAMU. (Manejo da Crise em Saúde Mental ‐ BC28 (SBV), AC39 (SAV), Agitação e situação de violência ‐ BC29 

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(SBV)  e AC40  (SAV),  Intoxicação  e  abstinência  alcóolica  ‐ BC30  (SBV), AC41  (SAV),  Intoxicação  por  drogas 

estimulantes ‐ BC31 (SBV), AC42 (SAV). 

Linha de Ação de Atenção à Crise em Saúde Mental no Projeto Percursos Formativos na RAPS (18 municípios) 

Realização do  I Simpósio  Internacional de Saúde Mental na Gestão  Integral de Riscos e Desastres com 150 

participantes (2015). 

Apoio  à  tradução  e  publicação  do  documento  da  OMS:  “Primeiros  cuidados  psicológicos:  guia  para 

trabalhadores de campo”, para apoiar indivíduos que sofreram sérias situações de crise (2015). 

Estratégia de Desinstitucionalização 

20%  (714) de aumento no número de pessoas participantes do Programa De Volta Para Casa,  totalizando 

4.349, e atualização  (29%) do valor do auxilio reabilitação de R$ 320,00 para R$ 412,00 (Portaria nº 1.511/ 

2013). 

7.726 (24%) leitos em hospitais psiquiátricos fechados. 

143 instituições psiquiátricas avaliadas pelo Programa Nacional de Avaliação de Serviços Hospitalares (PNASH 

2012‐2014) 

Participação  na  instituição  da  Política  Nacional  de  Atenção  Integral  à  Saúde  das  Pessoas  Privadas  de 

Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no Sistema Único de Saúde (Port. Interministerial MS/MJ nº 1/ 2014) 

Participação na instituição do serviço de avaliação e acompanhamento de medidas terapêuticas aplicáveis à 

pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei (Port. nº 94/ 2014).  

Seminário  Internacional de Saúde Mental – Desinstitucionalização e Atenção Primária:  inovações e desafios 

da Reforma Psiquiátrica Brasileira. 

Reabilitação Psicossocial 

Fortalecimento institucional e financeiro do componente de Reabilitação Psicossocial da RAPS (Port, nº 3088/ 

2011) por meio da instituição de incentivo financeiro específico e incremento do financiamento dessas ações 

para estados e municípios  (de R$ 5 mil  ‐ R$ 15 mil para R$ 10 mil – R$ 50 mil), quase  triplicando o  total 

aplicado nesse componente por ano ( 2010: R$ 1,54 milhões para R$ 4,3 milhões). 

Levantamento de  iniciativas de  geração de  trabalho e  renda e  empreendimentos econômicos  solidários e 

cooperativas sociais da RAPS, por meio do Cadastro de Iniciativas de Inclusão Social pelo Trabalho (CIST), com 

identificação de 1.008 experiências. 

380 participantes capacitados por meio do Curso de Gestão de Empreendimentos Solidários para a Saúde 

Mental 

Encontro Nacional de Experiências de Geração de Trabalho e Renda: Rumo ao Cooperativismo Social e o Caia 

na Loucura V – Inovação para o Desenvolvimento Inclusivo em parceria com a SENAES e a COPPE/UFRJ. 

Participação no Comitê Gestor do Programa Nacional de Apoio ao Associativismo e ao Cooperativismo Social 

(Pronacoop  Social)  (Decreto  nº  8.163  /  2013)  para  planejar,  coordenar,  executar  e  monitorar  as  ações 

voltadas  às  relações  de  trabalho  das  pessoas  em  situação  de  “desvantagem  no mercado  econômico”  (lei 

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federal n. 9.867/99),  como a  inserção produtiva e geração de  renda por parte de usuários de  serviços de 

saúde mental e seus familiares. 

Protagonismo Social de Usuários e Familiares e Associativismo 

Participação na Comissão Intersetorial de Saúde Mental – CISM 

Apoio à realização da Mostra de Arte Insensata Itinerante, exposição de obras de arte de usuários artistas dos 

Centros de Convivência de Belo Horizonte (MG), rodas de conversa e mesas redondas sobre as contribuições 

da arte e da cultura no combate ao estigma, na ampliação das trocas sociais e na ampliação do acesso aos 

direitos dos usuários da RAPS (Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Goiânia‐ 2012) . 

“I Reunião Regional de Usuários de Serviços de Saúde Mental e Familiares” com representantes de 18 países 

da  região  das  Américas,  em  pareceria  com  a Organização  Panamericana  de  Saúde  (OPAS/OMS)  (Brasília, 

2013).  

Lançamento da “Cartilha para participantes de grupos” e “Cartilha simplificada para participantes de grupos” 

documento didático‐orientador para suporte entre pares e familiares através da ajuda e suporte mútuos em 

saúde mental (2013),  

Publicação do “Manual de direitos e deveres dos usuários e familiares em saúde mental e drogas” (2014) 

Ações relacionadas ao campo de Álcool e Outras Drogas 

Ações  para  subsidiar  implantação  e  funcionamento  adequado  das  UA:  Nota  Técnica  nº  41/2013; 

videoconferência  (2013);  inclusão de UA  como um ponto de  atenção obrigatório na  adesão do município 

através do Plano de Ação do Programa Crack é Possível; investimentos na construção de UA (Port. 615/2013); 

padronização e ambiência para construção de UA. 

Participação no Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas e em audiências públicas na Câmara e Senado 

Federal, para discussão da política de saúde mental, álcool e outras drogas 

Organização e apoio a eventos: Seminário Internacional de Especialistas sobre políticas de saúde pública para 

o  consumo  de  Crack  (2012);  Simpósio  Internacional  sobre  Drogas:  da  Coerção  à  Coesão,  em  Brasília/DF 

(2013);  I Congresso  Internacional de Prevenção dos Problemas Relacionados  ao Uso de Drogas  (PREVINE) 

(2014). 

Elaboração e publicação do “Guia Estratégico para o Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao 

Consumo de Álcool e Outras Drogas: Guia AD” 

Participação em produções intersetoriais do Programa Crack, É possível Vencer: Texto Orientador da Oficina 

de Alinhamento do Programa; Manual do Programa, 2013. 

Curso  de  Atualização  em  Álcool  e  Outras  Drogas,  da  Coerção  à  Coesão  (EAD),  em  parceria  com 

UNASUS/UFSC. 

Capítulo de Livro do Curso SUPERA  ‐ Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias 

Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento. 

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Capítulo  de  Livro  do  Curso  Prevenção Dos  Problemas  Relacionados  Ao Uso De Drogas:  Capacitação  Para 

Conselheiros e Lideranças Comunitárias. 

Ações de  cooperação  técnica  com organismos  internacionais  como OPAS‐Brasil, OMS, UNODC: elaboração 

conjunta de Notas Técnicas; realização de eventos; participação e apoio a eventos internacionais; resposta a 

sete relatórios de indicadores internacionais. 

Participação na elaboração da Campanha da Promoção da Saúde no SUS ‐ Política Nacional de Promoção da 

Saúde (incentivo a redução de consumo de álcool) 

Desenvolvimento de ações de qualificação sobre o  tema de Redução de Danos na RAPS  junto à equipe da 

Coordenação Nacional de Tuberculose e Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais /SVS 

Apoio a estratégias  locais de cuidado  integral às pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e 

outras drogas, como o Programa De Braços Abertos. 

Instituição  de Grupo  de  Trabalho  Intersetorial  (GT)  para  alinhamento  conceitual  acerca  da  Promoção  de 

Saúde  no  âmbito  da  saúde mental,  álcool  e  outras  drogas  no  ambiente  escolar  e  do  componente  ação 

psicossocial. 

Articulação  com Departamento  Penitenciário Nacional  (DEPEN)/Ministério  da  Justiça  para  o  atendimento 

psicossocial no contexto do Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. 

Programas de Prevenção ao uso prejudicial de álcool e outras drogas 

Adaptação e implantação de três programas internacionais de prevenção baseados em evidências científicas, 

em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC): Programa Jogo Elos (Good 

Behavior Game ‐ GBG), 5.300 educandos de 6 a 10 anos; #TamoJunto (Unplugged), 35.023 adolescentes de 

11  a  14  anos;  Fortalecendo  Famílias  (Strengthening  Families  Program  10‐14  SFP),  563  famílias  com 

adolescentes de 10 a 14 anos. 

Avaliação  do  processo  de  implementação  dos  três  programas  Brasil,  em  parceria  com  Universidade  de 

Brasília (UnB), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 

Seminário Internacional sobre Prevenção (2013) 

Articulação com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), para avaliar o impacto dos programas na 

ruptura do ciclo de reprodução de desigualdades 

Inclusão  de metas  de  implantação  dos  3  programas  no  Plano  Plurianual  2016‐2019,  em  parceria  entre 

Ministérios da Saúde, Educação, Desenvolvimento Social e Justiça. 

•  Programa Crack, É Possível Vencer 

Participação no Programa por meio de ações no eixo cuidado e no eixo prevenção  (ampliação de  serviços 

com  funcionamento  24  horas  para  usuários  de  crack  e  outras  drogas;  aumento  de  vagas  em  residências 

médicas  e  em  cursos  de  formação  e  qualificação  para  profissionais  de  saúde;  implantação  de  novas 

metodologias para prevenção em parceria com Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime ‐ UNODC). 

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118 municípios  acima de  200 mil habitantes  e o Distrito  Federal beneficiados  com  recursos do Programa 

Crack, É Possível Vencer. 

Instituição de Comitês Gestores visando à articulação entre as políticas setoriais envolvidas no Programa nos 

estados e municípios.  

Participação  no  Projeto  Redes  Intersetoriais  com  o  intuito  de  fortalecer  as  ações  do  Programa  Crack,  é 

Possível Vencer, em 20 municípios brasileiros, por meio da  instituição de fóruns de gestão compartilhada e 

ações específicas para populações mais vulneráveis ao uso de álcool e outras drogas. 

•  Ações relacionadas ao público Infantojuvenil 

Realização do IX edição do Fórum Nacional de Saúde Mental Infantojuvenil (Brasília – DF/ 2012) 

Lançamento do documento “Fórum Nacional de Saúde Mental Infantojuvenil – recomendações 2005 a 2012”.  

Realização do I ConCAPSi  ‐ Congresso Brasileiro de CAPSi (2013) 

Participação  na  Comissão  da  Infância  Juventude  e  Comissão  de  Defesa  dos  Direitos  Fundamentais  do 

Conselho Nacional do Ministério Publico  (CNMP) e  com  as Coordenações Gerais de  Saúde da Criança, do 

Adolescente e Jovem/Ministério da Saúde. 

Publicação  do  documento  “Atenção  Psicossocial  a  Crianças  e  Adolescentes  no  SUS:  Tecendo  Redes  para 

Garantir Direitos” (2014) para promotores de justiça, defensores públicos, juízes, gestores e profissionais de 

saúde, com eventos de divulgação em 11 estados. 

Publicação do documento  “Linha de Cuidado para  a Atenção às Pessoas  com Transtornos do Espectro do 

Autismo e suas Famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único De Saúde ” (2013) 

Instituição do Comitê Nacional de Assessoramento para Qualificação da Atenção à Saúde das Pessoas com 

Transtornos do Espectro do Autismo no âmbito do Ministério da Saúde, (Portaria GM/MS nº 962/2013), em 

conjunto com a Coordenação de Saúde da Pessoa com Deficiência. 

Redefinição das diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com 

a Lei, em Regime de Internação e Internação Provisória (PNAISARI) em parceria com a Coordenação Geral de 

Saúde do Adolescente e do Jovem, com 11 estados habilitados de acordo com a Port. nº 1082/2014 até 2015. 

55 projetos financiados por meio de 2 editais do Ministério da Saúde “Viva Jovem”, para apoiar projetos de 

promoção da saúde e prevenção do abuso de drogas e da violência. 

Publicação do documento “Recomendações para adoção de práticas não medicalizantes e para publicação de 

protocolos municipais e estaduais de dispensação de metilfenidato para prevenir a excessiva medicalização 

de crianças e adolescentes” (2015), em consonância com a orientação da 26ª Reunião de Altas Autoridades 

em Direitos Humanos (RAADH) do MERCOSUL, realizada em julho de 2015. 

Pesquisa  sobre medicalização nas Unidades do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo  (SINASE) 

em unidades de internação em 3 estados (RS, MG e PE). 

Criação e participação em Grupos de trabalho: crianças e adolescentes em situação de rua; internalização da 

Convenção 182, da OIT/ONU; 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente; 

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Ações junto às Populações Tradicionais 

Constituição do Grupo Intersetorial Saúde Mental e Povos Indígenas, com reuniões semanais para construção 

das ações de atenção psicossocial aos povos indígenas (2013) 

Participação em eventos (I e II Reunião de Referências Técnicas de Saúde Mental nos DSEIS ‐  2013/Brasília e 

2014/Manaus; Encontro de Saúde Materno Infantil e da Oficina sobre Saúde Mental realizados no âmbito do 

Programa conjunto de Segurança Alimentar e Nutrição de mulheres e crianças indígenas ‐ Brasília, 2013. 

Participação na produção (2013/2014) do Documento Orientador sobre a gestão da Atenção Psicossocial nos 

DSEI. 

Inclusão  de módulo  destinado  à  atenção  às  questões  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas  em 

contextos indígenas no Projeto Percursos Formativos. 

Capacitação de Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena, como o Curso sobre Saúde Mental Indígena no 

DSEI Araguaia. 

Participação no Grupo Executivo SAS/SESAI para coordenação de ações em saúde destinadas às populações 

indígenas. 

Elaboração de proposta de financiamento de ações de protagonismo indígena, em parceria com a SESAI e a 

FUNAI,  nas  seguintes  linhas:  Fortalecimento  e  valorização  das  práticas  de  cuidado  e  saberes  indígenas; 

Expressão  cultural e artística; Formação de  jovens  lideranças e Política  Indigenista; Projetos de Atividades 

Econômicas Sustentáveis; Projetos de fomento ao lazer e esportes. 

Oficina de Qualificação das Estratégias de Prevenção do Suicídio entre Povos Indígenas (Brasília, 2015) 

Populações em vulnerabilidade 

Participação em oficinas, reuniões e ações em parcerias com o Departamento de Apoio à Gestão Participativa 

(DAGEP‐MS) para promoção de equidade no acesso à Saúde Mental de populações em vulnerabilidade. 

Participação nos “Encontros Estaduais de Planejamento do Cuidado” para população em situação de rua. 

Participação  no  “Grupo  de  Trabalho  sobre  Racismo  e  Saúde  Mental  do  Ministério  da  Saúde”,  para 

desenvolvimento  de  ações  subsidiem  profissionais  de  saúde  sobre  questões  raciais  e  seus  efeitos  na 

conformação do sofrimento psíquico. 

Inclusão  de  meta  no  eCAR  sobre  realização  em  2016  de  ciclo  de  debates  e  coletânea  de  textos  para 

publicação  sobre  discriminação  dos  diversos  grupos  identitários  e  suas  implicações  na  conformação  do 

sofrimento psíquico. 

Ações de Formação e Educação Permanente 

161 projetos financiados por meio do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet‐Saúde) na área 

da saúde mental, totalizando 90.297 bolsas (R$ 56 milhões) em parceria com a SGTES. 

466 Programas de Residência em Psiquiatria financiados. 

308 Programas de Residência Multiprofissional em saúde mental financiados. 

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98  projetos  de  Escolas  de  Redução  de  Danos,  Escolas  de  Supervisores  e  Supervisão  Clínico‐Institucional 

financiados 

1.600  profissionais de 82 municípios participaram do projeto  “Percursos  Formativos na Rede de Atenção 

Psicossocial (RAPS)” por meio de intercâmbio de 160 horas em redes receptoras de referência para educação 

permanente de profissionais da RAPS em 6 diferentes áreas:  Saúde Mental na Atenção Básica; Atenção à 

crise  em  saúde mental;  Saúde Mental  na Atenção  Básica; Demandas  associadas  ao  consumo  de  álcool  e 

outras drogas; Desinstitucionalização; Reabilitação Psicossocial. 

10.000  vagas  ofertadas  para  cursos  de  atualização  à  distância  em  parceria  entre  SGTES,  CGMAD  e  a 

Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, destinados a profissionais de nível médio e superior de todos 

os pontos de atenção da RAPS  sobre 3  temas estratégicos: demandas associadas ao  consumo de álcool e 

outras drogas; saúde mental Infantojuvenil e atenção à crise em saúde mental. 

237.175 profissionais formados no Curso Caminhos do Cuidado para profissionais da atenção básica. 

237 profissionais titulados em Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem em Atenção 

Psicossocial.   

Módulo II do curso “Tópicos Especiais de Policiamento e Ações Comunitária (TEPAC) para agentes da policia 

comunitária, sobre Redes de Atenção e Cuidado a usuários de crack para policiais comunitários de todos os 

municípios que pactuaram o Programa “Crack, É possível Vencer”. 

Seminário “Radica(lizar) a Formação em defesa da Reforma Psiquiátrica” (2013). 

Parcerias Internacionais 

Participação  em  projetos  de  Cooperação  Técnica  com  diferentes  países  Bolívia,  Peru                     

Cuba, Honduras, Haiti. 

Participação em eventos e  iniciativas  internacionais para compartilhamento da Política brasileira em saúde 

mental, álcool e outras drogas: a Oficina de alinhamento temático em indicadores da COPOLAD (Chile, 2013); 

Mental  Health  Innovation  Network  (2013);  Comitê  Gestor  Tripartite  Brasil  –  Cuba  –  Haiti  (Haiti,  2014); 

Encontro Internacional de Peritos sobre respostas do setor educação para o uso de substâncias entre crianças 

e  jovens  (Turquia, 2015);   preparatória da UNGASS 2016  (México, 2015);   Conferência Regional de  Saúde 

Mental da OPAS (Chile, 2015); Innovation Fair ‐ Out of the shadows (EUA, 2016).   

Colaboração em relatórios internacionais: Atlas de Saúde Mental da OMS; Atlas Substance Use OMS; Annual 

Report Questionnaire – UNODC; OMS – Unrecorded Alcohol Comsumption Questionnaire; OMS ‐ mortalidade 

atribuível  ao  álcool;  Protocolo  de  São  Salvador;  Cuestionario mundial  de  la  OMS  para  el  2015  sobre  el 

progreso de las políticas relativas al alcohol).  

•  Financiamento 

Aumento do valor do incentivo mensal de custeio federal para os Centros de Atenção Psicossocial 24 horas ‐ 

CAPS AD III, de R$ 78.800,00 para R$ 105.000,00 mensais (Port. 1.966/ 2013). 

295 propostas de  investimento para  construção de Centros de Atenção Psicossocial  (CAPS AD  III  ‐ 139)  e 

Unidades de Acolhimento  (UAI – 68 e UAA  ‐88) aprovadas por meio do Programa Crack, É possível vencer 

(Portaria GM nº 615/ 2013) 

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299  propostas  de  emenda  parlamentar  aprovadas  para  investimentos  (construção,  ampliação  e 

equipamentos) e recursos de custeio (capacitação em Saúde Mental e reforma) totalizando R$ 121,7 milhões. 

Aumento do valor do benefício do Programa de Volta para a Casa: R$ 412,00 (quatrocentos e doze reais)  ‐ 

Portaria 1.511, de 24 de julho de 2013.  

Incremento do custeio dos CAPS 24h (CAPS III e CAPS AD III), através da Portaria 1.966 de 10 de setembro de 

2013. 

Gestão da Informação e Comunicação 

Publicações em meio eletrônico: Viramundo ‐ Boletim (In)formativo (4 edições); Saúde Mental em Dados (4 

edições). 

Internet,  redes e mídias  sociais: Divulgação de videoconferências, webseminários, entrevistas e  campanha 

virtual de manifestação voluntária da população com o tema "A Reforma Psiquiátrica em sua vida...". 

Atualização da página institucional da CGMAD (2015). 

Estabelecimento de fluxos  internos e processos de trabalho para resposta às demandas baseadas na  lei de 

acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011). 

Instituição do Sistema de Apoio à  Implementação de Politicas de Saúde  (SAIPS) para  facilitar processos de 

solicitação de incentivos para implementação de serviços de saúde mental (Portaria nº 281/  2014) 

   

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  ASSIS,  Jaqueline et al. Política de  saúde mental no novo  contexto do Sistema Único de Saúde:  regiões e redes. Divulgação em Saúde Para Debate. Rio de Janeiro, n. 52, p 88‐113, out. 2014. 

BASTOS, F; BERTONI, N. (org). Pesquisa Nacional sobre o uso de crack: quem são os usuários de crack e/ou similares do Brasil? Quantos são nas capitais brasileiras? Rio de Janeiro: Editora ICICT/FIOCRUZ, 2014. 

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BRASIL. Decreto Presidencial nº 7508 de 28 de junho de 2011. Brasília. 2011a 

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 3.088, de 30 de dezembro de 2011. Brasília. Ministério da Saúde. 2011b. 

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TYKANORI, R. Contratualidade e reabilitação psicossocial. In: PITTA, A. (Org.) Reabilitação psicossocial no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1996.  

 

 

 

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