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OSWALDO TANAKA - PATRICIA RIBEIRO FSP/USP | ENSP/FIOCRUZ Governança Regional do SUS RELATÓRIO PARCIAL – SETEMBRO DE 2014

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OSWALDO TANAKA - PATRICIA RIBEIRO FSP/USP | ENSP/FIOCRUZ

Governança Regional do SUS RELATÓRIO PARCIAL – SETEMBRO DE 2014

1

Introdução

O presente relatório sistematiza informações e resultados do Projeto

Governança Regional do SUS, desenvolvido a partir do Acordo BR/LOA/1300029.001,

que objetiva:

• Reunir elementos teórico-metodológicos para a compreensão i) do

potencial e dos limites da governança regional em sistemas complexos; ii) da

contribuição da governança regional para a governança sistêmica; iii) dos fatores

políticos e organizacionais que afetam o desenvolvimento e a evolução da governança

regional.

. As atividades orientaram-se pelo pressuposto de que o COAP, instrumento

recém-criado na gestão setorial, pode constituir-se em inovação política do processo de

planejamento do SUS se contribuir para o estabelecimento de um novo modo de

governança regional na República Federativa do Brasil.

O relatório contempla os seguintes capítulos: metodologia, revisão

bibliográfica, analise documental, desenho da abordagem qualitativa, achados da

abordagem qualitativa, considerações finais, recomendações e anexos.

I. Metodologia do trabalho

O estudo da implementação do COAP foi realizado no estado do Ceará, por

razões de logística e de melhores recursos para a operacionalização do trabalho de

campo, em virtude de contatos profissionais estabelecidos anteriormente por membros

da equipe do projeto com interlocutores do Conselho de Secretarias Municipais de

Saúde do Ceará (COSEMS-CE) e da gestão estadual.

A região de Juazeiro do Norte foi escolhida por ter sido identificada tanto pela

equipe do Departamento de Articulação Inter federativa da Secretaria de Gestão

Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (SGEP-MS), quanto pela técnica da

Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) responsável pelo acompanhamento do

projeto, como uma região onde a regionalização setorial provavelmente teria uma

dinâmica rica.

A região metropolitana do Cariri havia recebido o apoio do Projeto QualiSUS, por

pertencer à região de semiárido, e nela estão incluídos cinco municípios da região de

Juazeiro do Norte. Este projeto apoia projetos orientados à qualificação da atenção, a

gestão em saúde e gestão e desenvolvimento de tecnologias.

A metodologia empregada foi desenvolvida para o cumprimento dos seguintes

produtos: a revisão bibliográfica inicial foi realizada para descrever o estado da arte no

tema governança, abrangendo tanto a literatura internacional como a nacional, com o

2

propósito de definir um marco referencial teórico que foi utilizado durante todo o

processo para analisar as variáveis encontradas nas distintas fontes de informações. A

partir desta construção foi adotada a metodologia mista – quanti- qualitativa para

explorar a complexidade do processo de construção de região de saúde tendo como

princípio fundamental a governança. A extensa análise realizada nos documentos

oficiais existentes permitiu identificar a profundidade do trabalho realizado bem como a

possível utilização/construção do planejamento territorial formalizado nos documentos

de gestão tripartite. Tendo em vista as perguntas formuladas na análise documental foi

desencadeada a etapa da abordagem qualitativa tendo como sujeito- informante chave

os atores sociais envolvidos na construção do COAP. Os achados desta etapa

permitiram compreender o papel desenvolvido por cada instância de gestão no processo

bem como identificar os detalhes que permitiram a análise de relações entre o COAP e

o processo dinâmico de construção da governança. Os achados da análise crítica dos

documentos e as relações identificadas na abordagem qualitativa permitiram a

formulação das considerações finais e as recomendações.

Tendo em vista este recorte metodológico, o presente relatório tem foco em um

estudo de caso da elaboração do Contrato Organizativo da Ação Pública com vistas a

um planejamento governamental regionalizado no setor saúde.

II. Revisão bibliográfica

O projeto teve início com a extensa revisão bibliográfica de trabalhos que

estudam o tema da governança, com vistas à construção de abordagem apropriada ao

estudo e acompanhamento da governança regional do SUS.

A busca orientou-se pelo propósito de compreender de que forma a integração

da organização, do planejamento e da execução de ações e serviços de saúde entre os

entes federados nas regiões de saúde pode contribuir para o desenvolvimento local e

para o fortalecimento de uma governança regional na federação brasileira orientada pela

perspectiva territorial.

A literatura pesquisada e revisada ofereceu importantes aportes teórico-

metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa, permitindo a identificação de

abordagens relevantes para a análise das mudanças em curso na dinâmica de

regionalização do setor saúde, compatíveis com o contexto federativo das intervenções

públicas que caracterizam o Estado brasileiro.

Destacaram-se os estudos sobre governança multiníveis, governança social,

governança regional e sobretudo sobre governança territorial, para a contextualização

3

deste instrumento de planejamento e gestão regional – o COAP - na dinâmica político-

institucional de reconfiguração da ação setorial.

Foram identificadas 46 publicações do período 1999/2013. Estes estudos tratam

o tema da governança por meio de análises que examinam processos e propostas de

descentralização e regionalização governamental, de desenvolvimento local, de

integração “economia e sociedade”. Foram também explorados quanto a produção de

políticas, de inovação da ação pública, de formação de redes de políticas públicas em

sociedades complexas, e, no âmbito da saúde, de organização de serviços e sistemas.

De forma complementar, foram reunidos estudos do campo da geografia política,

especialmente do geógrafo Rogério Haesbaert, que atualizam as questões regionais no

contexto da globalização, identificando e conceituando movimentos de

desterritorialização e reterritorialização, e problematizando a proliferação de

regionalismos, identidades regionais e de novas-velhas desigualdades tanto a nível

global como intranacional.

Essa revisão bibliográfica permitiu identificar o conceito de governança como um

esforço de atualização do espaço público e das intervenções governamentais,

explorando, primeiramente, sua história, disseminação e qualificações recebidas

(multiníveis, social, territorial), em suas diferentes apropriações, desde a publicação do

documento Governance and Development do Banco Mundial em 1992.

A partir daí, o projeto optou pelo conceito de governança territorial, identificando

nesse conjunto de estudos e no conceito de região adotado por estudos recentes da

geografia política, o melhor terreno teórico para fundamentar metodologia de análise e

acompanhamento da regionalização setorial.

Dado o ambiente político-social sobre o qual se processa a ação setorial no

território regional, assume-se que uma abordagem que valorize uma visão compartida

para o futuro do território em todos os níveis e entre os atores concernidos, visando

lograr objetivos políticos a partir de ações coordenadas, cooperativas e concertadas -

assim promovendo o regresso da política com sentido de Estado - adequa-se a análise

da implantação das diretrizes organizativas previstas nos dispositivos legais e

normativos estabelecidos no Decreto 7508/11.

Uma leitura da regionalização do SUS, sob a ótica de um planejamento territorial

para o desenvolvimento sustentável, baseado em funções de ordenação,

desenvolvimento e coordenação pode assegurar e melhorar o funcionamento

socioeconômico e soco ecológico dos territórios - como propõe esta perspectiva teórica

da governança. Essa abordagem parece ser uma boa contribuição para o

estabelecimento de um processo setorial com maiores chances de ser bem-sucedido.

4

A partir dessas referências, a governança regional é, então, interpretada à luz da

análise de Böcher (2005) dos resultados de vários projetos de pesquisa que, tendo como

objeto políticas de suporte às áreas rurais na Alemanha, problematizaram este

conceito/prática. O autor, entendendo a governança regional como resultante da

revalorização dessa escala de intervenção e das rearticulações políticas e sociais na

história recente, a define como uma forma moderna de política regional. Esta sendo

capaz de responder aos desafios da contemporaneidade e à perda de função dos

governos centrais no nível regional, a partir da constituição de redes de parcerias

orientadas ao desenvolvimento sustentável, que complementam o governo.

A estratégia de regionalização setorial constitui um espaço de gestão regional

do SUS que pode vir a engendrar um novo modo de governança nesta escala de

intervenção pública se lograr contribuir para i) uma visão territorial partilhada orientada

à coesão econômica e social ii) a cooperação entre vários atores; iii) uma forte

coordenação de políticas; e iv) um planejamento e gestão de dinâmicas territoriais

pautados por lógicas inovadoras e colaborativas.

III. Análise documental

A sistematização aqui apresentada das informações contidas nos instrumentos

de planejamento governamental do Ceará reúne subsídios para a compreensão das

relações intra e intergovernamentais no âmbito das unidades federadas e da

participação social na produção das respostas setoriais aos problemas identificados no

processo de elaboração desses documentos.

Busca igualmente evidências quanto à interlocução entre diferentes setores do

governo, da economia e da sociedade estabelecida neste contexto, como requisito para

a instituição de um novo modo de governar na direção da governança territorial.

O caminho metodológico percorrido orienta-se pela opção de estudar o processo

de planejamento regional a partir das necessidades e problemas identificados no

território municipal, no âmbito da formulação do Plano Municipal de Saúde, de sua

incorporação às iniciativas de interlocução intermunicipal na região e posterior

incorporação ao processo de formulação de propostas regionais para o planejamento

estadual.

A sistematização obedece a cronologia dos documentos que formalizam o

planejamento específico da saúde e daqueles relativos ao planejamento regional e

estadual dos Governos Municipais e Estadual que compõe e/ou se dirigem ao município

de Juazeiro do Norte ou a Região de Saúde de Juazeiro do Norte (anteriormente

denominada Região do Cariri).

5

Assumindo-se a premissa de que o processo de regionalização setorial deve

contribuir para o desenvolvimento local e para a governança regional da Federação, a

trajetória aqui apresentada, contextualizando brevemente a regionalização da saúde no

Estado do Ceará, toma como ponto de partida o Plano Municipal de Saúde de Juazeiro

do Norte, como referência para a análise do processo de planejamento regional e

estadual.

O percurso se encerra com a sistematização e análise das informações contidas

no Contrato Organizativo da Ação Pública (COAP), buscando avaliar sua contribuição

para o estabelecimento de uma nova governança regional do SUS.

I. A regionalização no planejamento da saúde no estado do Ceará

O planejamento do Sistema Único de Saúde no estado do Ceará, considerando-

se o período compreendido entre os anos de 2008 e 2015, período a que se refere a

documentação estudada, observa as orientações do Sistema de Planejamento do SUS-

PlanejaSUS regulamentado em 2006 e a normativa federal que regula o processo de

regionalização setorial (Pacto pela Saúde 2006 e Decreto N° 7.508/2011).

O Plano Diretor de Regionalização (PDR) do Estado do Ceará foi revisado em

2011, com ampla participação dos municípios e aprovação do Conselho Estadual de

Saúde em 30/12/2012, com vigência de três anos.

A partir dessa revisão, o estado do Ceará está dividido em quatro Macrorregiões

de Saúde com capacidade resolutiva para alta complexidade (Fortaleza, Sobral, Cariri

e Sertão Central) e 22 regiões de saúde com capacidade resolutiva para a média

complexidade (Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Baturité, Canindé, Itapipoca, Aracati,

Russas, Limoeiro do Norte, Sobral, Acaraú, Tianguá, Crateús, Camocim, Quixadá,

Tauá, Canindé, Brejo Santo, Crato, Juazeiro do Norte, Iguatu, Iço).

A Macrorregião do Cariri 1 está localizada no sul do Estado, no semiárido

nordestino, constituída por cinco microrregiões de saúde - Crato, Juazeiro do Norte,

Brejo Santo, Icó e Iguatú, abrangendo 45 (quarenta e cinco) municípios, com uma área

territorial de 8.974,126 Km².

A microrregião de Saúde de Juazeiro do Norte é composta pelos municípios de

Barbalha, Caririaçu, Granjeiro, Jardim, Juazeiro do Norte e Missão Velha. O município

de Juazeiro do Norte é classificado como município pólo, também considerado

1 Com a revisão do PDR de 2011, a macrorregião do Cariri passou a ser denominada Juazeiro do Norte,

mas parte da documentação oficial consultada continua usando a denominação Cariri. Recentemente, em maio de 2014, foi ampliado o número de macrorregiões de saúde do Ceará, aumentando de quarto para cinco, com a criação da macrorregião Litoral Leste/ Jaguaribe, formada pelos 20 municípios das regiões de Limoeiro do Norte, Russas e Aracati. A criação foi aprovada pelo Conselho Estadual de Saúde (Cesau) em 12 de maio. O site da Secretaria de Estado informa que a resolução do PDR de 2014 que altera o PDR de 2011 será publicada no Diário Oficial do Estado.

6

sede/referência juntamente com o município de Barbalha. Estes dois municípios que na

microrregião são os que contam com população superior a 50.000 habitantes, assumem

a responsabilidade de atendimento das referências dos demais municípios, por

disporem de maior capacidade resolutiva em vários serviços de média e alta

complexidade.

A regionalização e o planejamento em saúde conduzidos pela Secretaria

Estadual de Saúde vem se orientando no estado, a partir de 2011, isto é, na vigência do

Decreto 7508/11, por processo de planejamento ascendente e regionalizado, que reúne

subsídios resultantes de cinco oficinas regionais de planejamento participativo. Além

disso, o planejamento setorial se integra ao processo participativo de construção do

Plano Plurianual de Ação do estado, que realiza encontros intersetoriais para

identificação de demandas e prioridades e considera a análise situacional da saúde e

os compromissos contidos no documento de Diretrizes de Governo.

O Plano Estadual de Saúde 2012-2015 do Governo do Estado do Ceará não

apresenta seus objetivos, diretrizes e metas de forma regionalizada. No entanto, o

documento menciona a vinculação do início de sua formulação pela ASPLAG/SESA à

ampla discussão técnica e política ocorrida em 2011 no âmbito de 17 (dezessete)

oficinas regionais realizadas sob a Coordenação da Vice-Governadoria e Secretaria de

Planejamento e Gestão do Estado, com o objetivo de identificar as prioridades e

desafios loco-regionais.

A informação de que a definição da estrutura do plano observou a

compatibilização com o Plano de Governo, o Plano Plurianual – PPA, com as propostas

resultantes do Relatório Anual de Gestão – RAG/2011, do Relatório de Desempenho da

Gestão por Resultados – RDG/2011, das informações disponibilizadas na Programação

Anual de Saúde – PAS/2012, e com as recomendações da 6ª Conferência Estadual de

Saúde ocorrida em setembro de 2011 indica um processo de planejamento no estado

participativo e de base regional.

II. A saúde no Plano Municipal de Saúde de Juazeiro do Norte 2009-

2013

O Plano Municipal de Juazeiro 2009-2013, vale lembrar, elaborado em período

anterior ao Decreto N° 7508/2011, integra o processo de planejamento das ações e

serviços de saúde do SUS e observa a determinação do Pacto de Gestão do SUS de

que os entes federados devem estabelecer seus Planos de Saúde, Relatórios de Gestão

e Prestação de Contas como conjunto de responsabilidades constitutivas de Termos de

Compromisso.

7

Segundo o documento “Trata-se do resultado de um processo de construção

participativo e democrático, cujo objetivo é delinear as diretrizes e estratégias para

superação dos problemas e o enfrentamento dos desafios na saúde no âmbito

municipal, visando à reorganização do Sistema Local de Saúde em todos os níveis da

atenção”.

O Plano apresenta uma contextualiazação abrangente do ambiente de gestão

do SUS: histórico do municipio; aspectos geográficos (localização geográfica e recursos

naturais); aspectos socio-demográficos (evolução populacional, aspectos culturais e do

esporte e educação); infraestrutura (saneamento basico, transporte e segurança);

aspectos econômicos (emprego formal); sistema municipal de saúde (trabalhadores do

sistema municipal de saúde e serviços de saúde); organização político-administrativa.

Traz em sua abertura uma Análise SWOT da situação local2, na qual destaca

ameaças e oportunidades externas e internas à gestão do SUS, relacionadas a diversos

setores governamentais, e por fim, anexa o Relatório Municipal de Indicadores de

Monitoramento e Avaliação do Pacto pela Saúde.

As informações nele contidas estão sistematizadas a seguir, nos itens: a)

caraterização da cidade; b) sistema municipal de saúde; c) problemas de saúde e

prioridades; d) inciativas dos governos federal e estadual presentes no território local; e

e) iniciativas previstas com outros setores governamentais e não governamentais.

a) Caracterização da cidade de Juazeiro (aspectos sócio

demográficos, de infra-estrutura e econômicos)

Observando as orientações do Sistema de Planejamento do SUS (Planejasus),

o Plano de Saúde de Juazeiro do Norte caracteriza a realidade municipal com

informações relevantes produzidas pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica

do Ceará (IPECE), abrangendo análises de outros setores governamentais. Vale

registrar que cerca de 50% do texto do Plano dedica-se a descrever o contexto

geográfico (rios, principalmente), sócio demográfico (cultura, esportes, educação e

comunicação), da infraestrutura urbana (saneamento, transporte e segurança) e

econômico (economia local e emprego formal).

2 A Análise SWOT ou Análise FOFA ou FFOA (Forças, Fraquezas, Oportunidades e

Ameaças) (em português) é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise de ambiente), sendo usada como base para gestão e planejamento estratégico de uma corporação ou empresa. A palavra Swot é uma sigla em inglês originária das palavras Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) e dá nome a uma matriz que facilita a visualização destas quatro características, que são inerentes aos mais variados tipos de empresas. (fonte: http://www.administradores.com.br/noticias/administracao-e-negocios/saiba-como-fazer-uma-analise-swot/73989/)

8

De acordo com o documento, o município integra, desde 2009, a Região

Metropolitana de Cariri, quando esta região foi criada com o objetivo de integrar políticas

públicas para um crescimento em bloco regional. A Região Metropolitana constitui-se

dos seguintes 9 municípios: Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha,

Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda, Santana do Cariri e Jardim3.

Situam-se no município o Aeroporto Regional do Cariri, o Hospital Regional do

Cariri, uma delegacia regional da polícia civil, a Penitenciária Industrial Regional do

Cariri.

A população municipal, em 2007, era de 242.139 habitantes. Verifica-se

crescimento populacional significativo entre as contagens populacionais dos anos 1991-

1996-2000-2006 (de 8 a 12%). É uma população jovem: em torno de 44% da sua

população tem entre 0 e 19 anos de idade.

Na cidade, considerada universitária, localiza-se a Universidade Regional do

Cariri e centros de outras oito instituições de ensino, entre públicas e privadas. O

município forma com Crato e Barbalha o Triângulo Crajubar, crescente pólo de

desenvolvimento técnico e superior.

No que tange à infraestrutura, somente 52% dos domicílios da cidade tem

esgotamento sanitário. A cidade é servida por transporte alternativo, principalmente

moto-táxi e utilitários, o que tem impactado o perfil de morbi-mortalidade.

Uma das principais fontes de recursos da cidade é o comércio religioso. A

economia também conta com eventos como a Feira de Negócios do Cariri, a Feira de

Tecnologias de Calçados, o Juaforró e a Vaquejada Regional. A indústria destaca-se no

ramo calçadista, mas o ramo têxtil também ocupa boa parte do mercado regional. O

ramo de Folheados, que produz jóias e semi-jóias participa do comércio exterior com

exportações para Estados Unidos e Argentina. O artesanato gera produtos de referência

nacional e internacional.

Dos empregados formais, 72% tem até 39 anos e apenas 12% tem educação

superior completa. Apenas 26% recebem remuneração acima de 1,5 salários mínimos.

O município conta com os seguintes meios de comunicação televisiva, escrita e

radiofônica, respectivamente: TV Verde Vale; Jornal do Cariri, Gazeta de Notícias e

Folha da Manhã; e, Rádio Vale AM, Rádio Progresso de Juazeiro do Norte AM, Rádio

Iracema de Juazeiro do Norte AM, Rádio Tempo FM, Rádio Vale do Cariri FM, além de

emissoras comunitárias como a Rádio Educativa Salesiana Padre Cicero FM, Rádio

Comunitária Juazeiro e a Rádio Centro.

3 Os municípios em itálico não integram a região de saúde de Juazeiro do Norte.

9

b) Sobre o sistema Municipal de Saúde

Em Juazeiro, a Estratégia Saúde da Família (ESF) é considerada estruturante e

prioritária. O PSF foi implantado em 1998. Atua com população adscrita, variando de

2.392 a 5.358 mil pessoas entre as 58 Equipes de Saúde da Família (ESF). As ESF

distribuem-se territorialmente em 5 Distritos Sanitários - forma de organização territorial

da saúde, instituída no ano de 2008. As ações básicas de saúde desenvolvidas

contemplam 07 áreas estratégicas: saúde da criança, saúde da mulher, controle da

tuberculose, eliminação da hanseníase, controle da hipertensão e diabetes mellitus e

ações de saúde bucal. A partir de 2009 estruturam-se políticas municipais de saúde do

adolescente, saúde do idoso e do homem, tentando atender ao homem de maneira

holística em todos os níveis de atenção.

O município implantou, em 2008, 07 equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da

Família (NASF), com os seguintes profissionais: Assistente Social, Psicólogo,

Fisioterapeuta, Educador Físico e Farmacêutico.

O Sistema Municipal de Saúde, no que se refere aos serviços de atenção

secundária e terciária, tem procurado estabelecer coletivamente, através da

Programação Pactuada e Integrada - PPI, políticas de integração, regionalização e

hierarquização desses serviços, com fluxos de referência e contra-referência definidos

e viabilizados na prática clínica.

Na rede hospitalar, destaca-se o Hospital Municipal São Lucas, com o

atendimento à gestante e à criança na área de neonatologia, sendo referência em saúde

materno-infanti. Possui uma UTI Neonatal e maternidade que recebe mulheres de toda

a macrorregião do Cariri (Juazeiro do Norte).

O Serviço de Assistência Médica Especializada-SAME dispõe de procedimentos,

consultas e exames regulados pela Central de Marcação e Regulação da SESAU, que

recebe toda a demanda enviada pelos profissionais de saúde da atenção básica.

Juazeiro não apresenta uma rede pública de saúde mental estabelecida. O

atendimento é realizado pela rede complementar ao SUS (CAPS III), não dispondo de

equipamentos como residência terapêutica e CAPS infantil.

c) Os problemas de saúde e as prioridades identificados

As prioridades estabelecidas no Plano Municipal de Juazeiro seguem as do

Pacto pela Saúde:

- Atenção à saúde do idoso;

- Controle do câncer de colo de utero e de mama;

- Redução da mortalidade imfantil e materna;

10

-Fortalecimento da capacidade de respostas às doenças emergentes e

endemias, com ênfase na Dengue, Hanseniase, Tuberculose, Malaria, Influenza,

Hepatite, AIDS.

- Promoção da saúde;

- Fortalecimento da atenção básica;

- Saúde do trabalhador;

- Saúde mental;

- Responsabilidades gerais;

- Atenção integral as pessoas em situação ou risco de violência.

Porém, pode-se afirmar que os problemas de saúde que se destacam ao longo

do documento são:

� número ainda muito elevado de tuberculose e hanseníase, embora em

diminuição;

� gravidez na adolescência;

� alcoolismo e uso de drogas ilícitas;

� morte na população jovem por violência e acidentes de moto;

� falta de um centro de referência para hipertensos e diabéticos.;

� elevado grau de poluição dos rios que banham a cidade.

O município, entretanto, registra tendência de queda na frequência de

Leishmaniose, Tegumentar e Visceral, com 100% dos casos em 2008 encerrados por

cura (Programa de Combate à Leishmaniose), embora estas doenças constituam

importante problema na região de saúde, especialmente a primeira, se comparada às

demais regiões de saúde do estado.

A população flutuante representa problemas para a área de saúde por conta da

falta de planejamento para absorver as mudanças de rotina trazidas pelas romarias,

turismo religioso, e outras atividades turísticas da região.

O enfrentamento destes problemas informa as prioridades de intervenção que

implicam em políticas que incentivem hábitos saudáveis (nutrição, prática de atividades

físicas, diminuição do tabagismo) e parcerias com outras secretarias do governo para

diminuir a violência e os acidentes de trânsito.

O Plano apresenta, através de sua análise SWOT, ameaças à saúde e/ou a uma

efetiva atuação setorial relacionadas à comunicação social (mídia tendenciosa);

educação; meio-ambiente; saneamento; segurança pública; outros serviços públicos

municipais; transportes; urbanização; e, à sociedade em geral.

No entanto, para um desenvolvimento local com potencial impacto sobre a

saúde, também identifica oportunidades em todas essas áreas e no campo da ação

social, de infra-estrutura (água), e do turismo.

11

d) As iniciativas do Governo Federal/Estadual

É mencionada a presença de programas federais e estaduais na gestão da

cidade. Juazeiro do Norte faz parte da rede de cidades integrantes do Programa

Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) do Governo Federal e

conta com o apoio do programa Ronda do Quarteirão do Governo do Estado para fazer

a segurança patrimonial no município.

e) As iniciativas com outros setores governamentais e não governamentais

Relações entre atores locais, governamentais e não-governamentais para a

resolução de problemas parecem ser relativamente amplas. O Conselho Municipal de

Saúde conta com representação abrangente da sociedade. O segmento usuários conta

com representantes de associações rurais, associações urbanas, de vários sindicatos

(rural, do comércio, dos trabalhadores da construção civil, dos servidores municipais),

Ordem dos Advogados do Brasil, instituição de ensino superior, igrejas, cultura popular,

organização não governamental, usuários dos PSF rurais, usuários dos PSF urbanos,

portadores de necessidades especiais, mohran.

Além disso, são mencionadas parcerias com grupos culturais, com as

universidades na incorporação de alunos dos cursos à rede de serviços; ações da

atenção básica em parceria com outros setores, como da mobilização social e da

educação, com o intuito de diminuir o índice de gravidez na adolescência; parceria com

o MOHRAN no combate à tuberculose e hanseníase; parcerias com as demais

secretarias municipais para diminuir a violência e os acidentes de trânsito.

III. A saúde no Plano Plurianual da Prefeitura de Juazeiro do Norte 2010-

2013

O Plano Plurianual, instituído pela Lei Nº 3601, de 17 de novembro de 2009, tem

como estratégias de desenvolvimento:

I – Fortalecimento da democracia e da cidadania através de ações

administrativas participativas com mudanças de paradigmas.

II – Esporte e Lazer como pressupostos de Desenvolvimento.

III – Defesa do Meio Ambiente e Saneamento Ambiental.

IV – Transporte e Mobilidade Urbana.

V – Saúde e Qualidade de Vida como base de uma população saudável.

VI – Público, Gratuito e de Qualidade: Ensinar para Educar.

VII – Geração de Emprego de Renda dentro de um Projeto Interno Coletivo de

Desenvolvimento.

12

VIII – Proteção dos Direitos Individuais assegurando o Pleno Exercício da

Cidadania.

IX – Habitação Popular como Direito Humano Básico.

X – Conhecimento Científico e Tecnológico e Formação de Recursos Humanos

para Desenvolvimento de Juazeiro do Norte.

XI – Consolidar e Expandir a Infra-Estrutura Física do Município de Juazeiro do

Norte.

XII – Modernização da Zona Rural de forma sustentável.

XIII – Incentivar e Consolidar a Cultura e a Identidade para a Memória de

Juazeiro do Norte.

Dentre os macros objetivos estratégicos a serem alcançados pelo Plano

Plurianual, definidos na lei, um terço corresponde a área de saúde, como destacado em

negrito abaixo:

I – Descentralização da máquina administrativa.

II – Modernizar e Aperfeiçoar a Gestão Pública.

III – Esporte e Lazer na cidade.

IV – Promover ações de preservação e conservação do Meio Ambiente.

V – Organizar e disciplinar o trânsito em Juazeiro do Norte.

VI – Fortalecer a atenção básica, garantindo a oferta de ações de promoção,

prevenção e recuperação da saúde nos ciclos de vida e grupos populacionais.

VII – Reestruturar e reorganizar a rede secundária e terciária de atenção à

saúde.

VIII – Reestrutura a Assistência Farmacêutica e garantir o acesso da

população aos medicamentos essenciais e imunobiológicos nos diversos níveis

de atenção à saúde.

IX – Fortalecer as ações de Vigilância à Saúde.

X – Fortalecer a gestão dos Serviços de Saúde e o Controle Social.

XI – Implantar programas e projetos visando à melhoria da atenção à saúde

do município.

XII – Implementações de Ações e Projetos para a melhoria da qualidade de

ensino.

XIII – Reestruturação e Reorganização da Estrutura Física, de Pessoal e de

Gestão da educação.

XIV – Consolidar e implementar ações para o desenvolvimento do município.

XV – Efetivar, Consolidar e Socializar a Segurança Pública em Juazeiro do Norte.

XVI – Assegurar Proteção Social Básica a população em situação de

vulnerabilidade social.

13

XVII – Habitação Popular como responsabilidade de todos.

XVIII – Viabilizar e consolidar o Desenvolvimento Científico e Tecnológico para

a Expansão Econômica e Social de Juazeiro do Norte.

XIX – Concluir as obras inacabadas, construir equipamentos e realizar

estruturação física da cidade.

XX – Implementação de políticas agrícolas e agrárias, integrando os aspectos

tecnológicos, sociais e econômicos, buscando a sustentabilidade da cadeia produtiva,

permitindo assegurar a expansão, a qualidade e a competitividade e culminando com a

Criação da Secretaria de Desenvolvimento Rural.

XXI – Valorizar e Fortalecer a Cultura e Identidade, delimitando as diversas

personalidades, os padrões de conduta e as características próprias de cada grupo

humano de Juazeiro do Norte.

As ações no campo da saúde estão organizadas a partir de 6 Blocos,

correspondentes aos Blocos de Financiamento do SUS estabelecidos pelo Pacto pela

Saúde (2006): Atenção Básica, Média e Alta Complexidade, Vigilância à Saúde,

Assistência Farmacêutica, Gestão e Participação Social, Investimentos na Rede de

Serviços da Saúde. Cada Bloco é dividido em 3 eixos: gestão, condições de saúde,

determinantes e condicionantes de saúde. Nos eixos são apresentados objetivos,

diretrizes, estratégias e prioridades, assim como, metas, prazos, indicadores, formas de

acompanhamento e a referência. Vale destacar que nem todos os Blocos contemplam

todos os eixos.

Para fins do presente estudo, os 39 objetivos definidos foram agregados

segundo a classificação nos eixos estabelecidos, resultando na seguinte distribuição

quantitativa: 8 relacionam-se ao eixo determinantes e condicionantes da saúde, 16 ao

eixo condições de saúde, e 15 relacionam-se ao eixo gestão, conforme segue.

Eixo determinantes e condicionantes da saúde

1. Desenvolver ações Inter setoriais voltadas para promoção da saúde,

articuladas com as políticas sociais do governo municipal.

2. Controlar as doenças endêmicas e prevenir outras doenças transmitidas

por vetores.

3. Estruturar o Departamento de Vigilância em Saúde e promover a

integração entre os setores que o compõem: Vigilância Sanitária, Vigilância

Epidemiológica, Controle de Endemias, Mobilização Social e Educação em Saúde,

Imunização, DST/AIDS e Centro de Controle de Zoonoses.

4. Estruturar o Departamento de Vigilância em Saúde, visando a análise e

acompanhamento das informações epidemiológicas e divulgação de informações.

14

5. Melhorar a qualidade das informações epidemiológicas em nível

hospitalar.

6. Mobilizar a população, através de atividades educativas em saúde.

7. Realizar ações de Vigilância Sanitária (VISA)

no sentido de educar, prevenir os riscos ambientais à saúde da população e fiscalizar o

cumprimento das normas de vigilância.

8. Realizar ações para prevenção de DST/AIDS e sífilis congênita e fornecer

subsídios para controle da AIDS no segmento materno-infantil.

Eixo Condições de Saúde

1. Melhorar a qualidade da captura dos animais irrestritos, visando ao

controle na transmissão de zoonoses, bem como minimizar os riscos de acidentes de

trânsito relacionados a animais irrestritos.

2. Fortalecer a capacidade de resposta às doenças emergentes com ênfase

para a Dengue, Hanseníase, Tuberculose e Leishmaniose Visceral.

3. Consolidar as ações dos Programas de Controle da Tuberculose e da

Hanseníase e promover a descentralização para as USF4.

4. Promover a atenção integral e de qualidade a pessoas com doenças

crônicas e desenvolver ações de prevenção e controle desses agravos, com ênfase ao

Diabetes Mellitus e à Hipertensão Arterial.

5. Realizar prevenção e controle das doenças imunopreveníveis em

populações alvo com a utilização de imunobiológicos e qualificar os profissionais de

saúde nesta área.

6. Melhorar as políticas de saúde voltadas à criança e ao adolescente com

intuito de diminuir a mortalidade infantil por causas evitáveis, violência, acidentes e

gravidez na adolescência e minimizar as doenças prevalentes na infância.

7. Implantar uma política de saúde mental fortalecendo a atenção,

reiteração e reabilitação social.

8. Assegurar assistência integral e de qualidade à mulher, em todos os

níveis de atenção, respeitando os seus ciclos de vida.

9. Promover a atenção integral à saúde do homem e de qualidade a pessoa

idosa com ênfase no envelhecimento saudável.

10. Promover ações relacionadas à assistência à saúde com estrutura

adequada nos eventos públicos municipais.

4 Em negrito, os objetivos diretamente mais relacionados aos problemas que se destacaram no

Plano Municipal de Saúde 2009-2013.

15

11. Fortalecer a atenção básica através da expansão da Estratégia Saúde da

Família, com resolubilidade nas ações ofertadas à comunidade, priorizando o

atendimento humanizado.

12. Melhorar as condições de saúde bucal da população de Juazeiro do Norte

através da ampliação do número de Equipes de Saúde Bucal, do provimento de

equipamentos e insumos e de um serviço de referência resolutivo.

13. Ampliar e estruturar o sistema de média complexidade no município.

14. Reestruturar e reorganizar a rede secundária de atenção à saúde:

Serviço de Assistência Médica de Especialidades -SAME e Centro de Saúde

Reprodutiva Mário Malzoni.

15. Melhorar a qualidade dos serviços públicos na atenção aos portadores

DST/HIV/AIDS.

16. Promover a atenção integral aos pacientes com doenças dermatológicas

e tropicais, fornecendo suporte clínico, laboratorial e psicológico no diagnóstico e

tratamento, procedentes da atenção básica.

Eixo Gestão

1. Valorizar os servidores públicos da saúde e promover a integração entre

os departamentos da SESAU.

2. Disponibilizar um serviço de transportes públicos da saúde com agilidade

e qualidade.

3. Estruturar a Ouvidoria Municipal da Saúde, delineando canais de

comunicação entre usuários do SUS e os gestores, contribuindo para a garantia efetiva

dos direitos do cidadão.

4. Fortalecer o Controle Social no âmbito municipal do SUS.

5. Implementar ações do SISVAN para promoção de práticas alimentares

saudáveis, prevenção e controle dos distúrbios nutricionais da população.

6. Melhorar a organização, execução e gerenciamento dos serviços de

atenção básica e NASF garantindo infra-estrutura das unidades de saúde da família.

7. Desenvolver mecanismos de controle e avaliação dos indicadores da

Atenção Básica, com vistas à melhoria da qualidade da atenção.

8. Realizar reforma na estrutura física e adquirir equipamentos para o

Centro de Dermatologia Sanitária e Doenças Infecciosas, adequando-o à necessidade

do serviço.

9. Garantir o acesso da população aos medicamentos essenciais e

imunobiológicos nos diversos níveis de atenção à saúde, observando o uso racional de

medicamentos.

16

10. Promover a excelência no pronto-atendimento de urgência e emergência

no HMGTRJ.

11. Promover atendimento humanizado e de qualidade aos pacientes do

Hospital Infantil Maria Amélia Bezerra de Menezes (HIMABEM) e seus acompanhantes,

através da adequação e reforma na estrutura física da unidade hospitalar,

estabelecimento de normatização de procedimentos.

12. Realizar estruturação do Hospital Municipal São Lucas (HMSL) para

proporcionar atendimento de qualidade e humanizado aos usuários desta unidade de

saúde.

13. Aperfeiçoar as ações do Departamento de Controle, Avaliação,

Regulação e Auditoria, ampliando o atendimento na Central de Marcação de Consultas

e Exames.

14. Prover retaguarda técnica das ações de prevenção, diagnóstico,

tratamento, reabilitação e vigilância em saúde dos trabalhadores urbanos e rurais,

através do CEREST.

15. Elaborar, manter e executar projetos em parceria com o governo estadual

e federal.

Para o alcance dos objetivos, o PPA municipal prevê iniciativas que requerem

negociação intermunicipal por terem alcance regional, parcerias entre diferentes níveis

de governo, ou parcerias com outros setores do governo ou da sociedade no próprio

município, como apresentado a seguir.

As iniciativas intermunicipais de alcance regional, incluem a participação,

ampliação da parceria intermunicipal, colaboração na manutenção dos equipamentos

sociais adquiridos e realização de auditoria em consórcios públicos, na assistência

odontológica microrregional (Centros de Especialidade Odontológica-CEO), na

ampliação das ações do CEREST na macrorregião e na instalação de uma casa de

passagem para portadores de HIV/AIDS.

As iniciativas de parceria com o Governo Estadual e/ou Federal,

contemplam a organização da atenção de urgência e emergência, por meio da

implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, Unidades de

Pronto Atendimento – UPA e salas de estabilização; a necessidade de garantir a

execução do Tratamento Fora do Domicílio – TFD; e a implementação da parceria com

o laboratório de referência para o apoio diagnóstico das doenças de notificação

compulsória.

17

Além disso, o PPA prevê ações orientadas à elaboração, manutenção e

execução de projetos em parceria com o governo estadual e federal na captação de

recursos federais e estaduais para a saúde do município.

As iniciativas de parcerias com outros setores governamentais e não

governamentais, buscam articular ações Inter setoriais relacionadas ao meio ambiente,

ao trânsito, a atividades educativas com impacto sobre a saúde e, em particular, para a

prevenção e controle de doenças imunopreveníveis e atendimento integrado aos

portadores de DST/AIDS; e, parceiras com a sociedade para o estreitamento da

comunicação entre usuários e gestores do SUS. O PPA prevê ações orientadas a:

a) Realizar em parceria com outros setores, por meio de projetos, operações

especiais dirigidas a eventos como romarias, vaquejada e juá forró com vistas a prevenir

os riscos ambientais à saúde da população e fiscalizar o cumprimento das normas de

vigilância.

b) Promover ações em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente na

incineração de lixo e insumos inúteis a sociedade.

c) Estabelecer parceria com o DEMUTRAN, Secretaria de Educação e Secretaria

do Meio Ambiente, visando minimizar o impacto nocivo do trânsito sobre a população

de Juazeiro do Norte, através da diminuição do número de acidentes e da poluição.

d) Estabelecer parceria permanente com as escolas públicas estaduais,

municipais através do CREDE 19 e da Secretaria de Educação; empresas e instituições

governamentais, não governamentais, para desenvolver atividades educativas em

Saúde.

e) Estabelecer parceria com Secretaria de Educação, de Ação Social, de grupos

de idosos, instituições de ensino particulares, SESC, para a prevenção e controle das

doenças imunopreveníveis em populações alvo.

f) Consolidar projetos intersetoriais na rede de saúde mental por meio da

realização de atividades educativas em parcerias com a coordenação de DST/AIDS,

visando o fortalecimento da atenção, reiteração e reabilitação social.

g) Estabelecer parcerias com instituições e sociedade organizada para

atendimento às demandas e necessidades das instituições e sociedade organizada,

delineando canais de comunicação entre usuários do SUS e os gestores, contribuindo

para a garantia efetiva dos direitos do cidadão.

Do que foi exposto, as informações levantadas nos documentos oficiais relativos

ao planejamento governamental no município de Juazeiro do Norte, indicam a existência

de uma leitura territorial dos problemas locais, capaz de articular iniciativas de

coordenação de políticas e de cooperação entre setores da Prefeitura Municipal e entre

estes e a sociedade, que podem impactar o desenvolvimento local e a saúde dos

18

munícipes. Verifica-se também a expectativa de associação das três esferas de governo

em esforços conjuntos para a resolução dos problemas locais.

Parece lícito afirmar que, no que diz respeito ao município de Juazeiro do Norte

boa parte dos problemas principais resultam de processos sociais que transcendem o

setor saúde e exigem ações extra setoriais para soluções que de fato modifiquem a

realidade. Isto se aplica ao que poderia ser caracterizado como o complexo álcool,

drogas, violências, acidentes, transtornos mentais e talvez tuberculose (a verificar); à

gravidez na adolescência; às repercussões da dinâmica econômica local (população

flutuante); aos efeitos da poluição ambiental sobre a saúde. No que se refere à atuação

setorial mais direta, ressalte-se às dificuldades no atendimento especializado à

hipertensão e diabetes.

Ações dirigidas a estes problemas integram objetivos do Plano Plurianual do

Governo Municipal, que articula a intervenção sanitária a ações de outros setores como

educação, meio-ambiente, transporte, saneamento, segurança pública.

O consorciamento parece ser uma alternativa, horizontal, para solução de

problemas locais compartilhados com outros municípios, bem aceita pelo governo

municipal.

Cabe destacar, por fim, que não há ênfase a disparidades intramunicipais e nem

se discriminam intervenções específicas sobre bairros ou áreas mais suscetíveis às

vulnerabilidades municipais identificadas.

IV. As proposições da Região de Saúde de Juazeiro do Norte para o

planejamento estadual: Oficina Regional 2011

Dentre as estratégias para a elaboração do Plano Estadual de Saúde 2012-2015,

foram realizadas 17 Oficinas regionais sob coordenação da Vice-Governadoria e

Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado, como mencionado anteriormente. As

Oficinas, conduzidas pela equipe técnica da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará,

visavam consolidar a estratégia de gestão participativa e regionalizada, baseada em

processo ascendente. Foram realizadas em período posterior ao PMS e ao PPA do

município de Juazeiro do Norte.

A região de Juazeiro do Norte priorizou as seguintes ações, em Oficina realizada

em 08/06/2011 no município.

19

A Oficina Regional de Planejamento Estratégico e Participativo Juazeiro do Norte

RANKING AÇÃO

1ª Implantação de leitos de médio risco em neonatologia nos hospitais-polo.

2ª Criação de incentivo estadual anual para custeio da atenção primária via

FECOP para que o novo Fundo Estadual de Atenção Secundária à Saúde

beneficie outros equipamentos de saúde dos municípios, como Hospitais de

Pequeno Porte – HPP, Hospitais-Polo, Filantrópicos etc.

3ª Defender a aprovação de regulamentação da Emenda 29, apoiando

financeiramente os municípios, na melhoria da infraestrutura das equipes do

PSF.

4ª Implantar o Programa “Jovem Educador em Saúde”.

5ª Universalizar o SAMU em todo Estado do Ceará, com a implantação dos

quatro Polos, qualificando as equipes do SAMU e das UPAS em urgências

psiquiátricas, desintoxicação e abstinências, fortalecendo a melhoria do

transporte para tratamento fora do domicílio.

6ª Implantação de leitos de UTI nas microrregiões de saúde.

7ª Construir Casas de Acolhimento e Cuidado aos dependentes químicos

de crack e outras drogas, com trinta leitos cada. Seis Casas na capital e

Casas no interior (uma por regional de saúde) e apoiando e ampliando a rede

CAPS AD, com funcionamento 24h.

8ª Implantar Centros de Captação e Transplante de órgãos no Cariri e

Região Norte.

9ª Descentralizar e estruturar as Ouvidorias de Saúde.

10ª Implantar a Central Estadual de Laudos à Distância (Tecnologia PACS).

Fonte: Governo do estado do Ceará – Secretaria de Saúde. Plano Estadual de Saúde

2012-2015. s/data. Oficina realizada em 08/06/2011.

Do que foi sistematizado até aqui pode-se afirmar que há interfaces entre os

problemas e demandas arrolados nos documentos oficiais de planejamento municipal

de Juazeiro e aqueles priorizados pelos municípios da região na Oficina Regional

conduzida pelo estado.

Observa-se a questão da dependência química e o atendimento em saúde

mental constituem preocupação em toda a região do Cariri, assim como a

universalização do SAMU no estado, em especial, com a qualificação das equipes em

urgências psiquiátricas, desintoxicação e abstinência. E a necessidade de construção

de Casas de Acolhimento e Cuidado e ampliação da Rede CAPS AD.

20

A região também demanda apoio financeiro do estado para atenção primária

para que se possa ampliar a assistência hospitalar, com destaque para leitos de

neonatologia e UTI, e implantar Centros de Captação e Transplantes de órgão não só

para a região, mas atingindo também a Região Norte.

No campo da informação, tecnologia e comunicação, a região demanda Central

de Laudos à Distância e descentralização e estruturação de ouvidorias.

V. A região e o município de Juazeiro do Norte no Plano Estadual de

Saúde do Ceará 2012-2015

De acordo com as informações contidas no PES 2010-2015, o planejamento no

período de 2007-2011, desenvolveu-se de forma articulada, integrada e solidaria entre

as esferas de governo Federal, Estadual e Municipais. O processo participativo,

ascendente, regionalizado, que caracterizou a elaboração do PES 2012-2015 orientou-

se e fortaleceu-se pelas proposições acumuladas em cinco oficinas regionais de

planejamento participativo, pelas demandas de encontros Inter setoriais de construção

do PPA participativo 2008-2011, e pela análise situacional da saúde e dos

compromissos contidos no documento de Diretrizes de Governo.

“A identificação dos principais problemas de saúde, a definição das prioridades

e indicação de linhas de ação, demandas da sociedade e ações Inter setoriais, foram

base para uma estruturação, a partir dos resultados estratégicos, de governo e setorial

da saúde com seus respectivos indicadores, influenciando assim na definição de

programas estratégicos de governo, objetivos, diretrizes, metas e indicadores que

orientaram a gestão por resultados”.

Foi realizado diagnóstico das áreas de planejamento e prestou-se cooperação

técnica às Secretarias Municipais de Saúde - SMS através das Coordenadorias

Regionais de Saúde – CRES para as atividades relacionadas ao PlanejaSUS, planos

de ação da CIB/CE na agenda anual das atividades e análise da viabilidade financeira

da execução das ações decorrente dos incentivos transferidos do Ministério da Saúde

– MS.

Embora os objetivos e metas não estejam regionalizados no Plano Estadual de

Saúde (PES), os municípios e regiões, de forma não padronizada, são identificados e

em alguns casos posicionados num ranking estadual sobre as situações analisadas5.

5 Como veremos adiante a elaboração do Plano Plurianual do Governo do Estado do Ceará se dá a

partir de processo participativo e regionalizado que firma os compromissos políticos setoriais do estado com as regiões de saúde. Assim, ao que parece, cabe ao setor saúde, isto é, à Secretaria de Saúde elaborar o Plano Estadual de Saúde com foco nas diretrizes mais diretamente relacionadas à atuação das SES no conjunto das intervenções necessárias para assegurar os compromissos pactuados e declarados no PPA. O PES se transforma num documento menos político e mais operacional.

21

Algumas informações sobre a região de Juazeiro do Norte e do município de

Juazeiro do Norte integram o amplo diagnóstico que se apresenta sobre o estado, e

podem indicar a base de negociação sobre a qual se deu o planejamento da Secretaria

Estadual para a região, ou foram priorizadas ações para região ou município.

A região de Juazeiro no Plano Estadual de Saúde

No que diz respeito à situação de saúde, a região de Juazeiro do Norte é assim

posicionada entre as 22 regiões de saúde, nas análises realizadas no documento do

Plano Estadual de Saúde:

� terceira maior incidência de leishmaniose tegumentar;

� quarta maior incidência de leishmaniose visceral;

� quarta maior taxa de mortalidade infantil;

� a mais elevada taxa de mortalidade por diabetes mellitus;

� taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares maior que a média

do estado;

� taxa de mortalidade por doenças hipertensivas maior que a média do

estado.

Cabe notar que, quanto à leishmaniose, o município de Juazeiro, sede da região,

informa sobre tendência de queda e obtenção 100% de cura no ano de 2008, o que

pode não se reproduzir nos demais municípios da região. No entanto, quanto à diabetes,

doenças cerebrovasculares e hipertensivas, o diagnóstico estadual reforça a demanda

local de um centro de referência para esses agravos. A taxa de mortalidade infantil alta

evidencia a necessidade de leitos de neonatologia.

O estado repassa recursos para três hospitais polo da região de Juazeiro do

Norte: um regional, qual seja, o Hospital São Lucas, em Juazeiro do Norte, com

assistência gineco-obstétrica, pediátrica e em neonatologia; e dois macrorregionais em

Barbalha, o Hospital São Vicente de Paulo, com atendimento em clínica médica, cirurgia

geral, gineco-obstetrícia, pediatria, neonatologia e UTI pediátrica; e o Hospital e

Maternidade Santo Antônio, cirurgia geral, clínica neurológica e UTI.

Entre 2008 e 2011, observa-se crescimento na proporção de internações

realizadas na Região em atendimento à população referenciada – o que correspondia a

12,70% das internações em 2008 e 16,43% em 2011. Esta referência vem de 65

municípios, colocando a Região em terceiro lugar, depois de Fortaleza que é referência

de 174 municípios e de Sobral, de 85 municípios. Estes dados reforçam a demanda

regional de reforço da assistência hospitalar.

No que se refere aos atendimentos ambulatoriais do mesmo período, a

proporção de população referenciada reduziu de 3,55% em 2008 para 1,33% em 2011.

22

O município de Juazeiro do Norte no Plano Estadual de Saúde 2012-2015

O Plano Estadual de Saúde identifica municípios cujos dados se destacam na

realidade estadual vislumbrada a partir de seus 184 municípios. Neste contexto, são as

seguintes as informações sobre o município apresentadas no PES.

Juazeiro do Norte é o terceiro município com maior contingente populacional do

estado, contabilizando 8,4% da população residente no Ceará. Ocupa a quinta posição

em taxa de urbanização (96,7%) e a terceira em densidade demográfica (1.005,54

hab/km²), num estado em que o crescimento populacional sofreu uma redução de

25,43% entre as décadas de 1990 e 2000, com aumento da população urbana e

decréscimo da população rural.

É o terceiro maior PIB municipal e possui o quinto melhor desempenho em anos

de estudo de sua população, com IDH na faixa do médio desenvolvimento humano

como os demais 184 municípios do Ceará.

O Índice Social de Resultado (IDS-R) e o Índice Social de Oferta (IDS-O),

acompanhados pelo IPECE, para medir a inclusão social e aferir o nível de oferta de

serviços públicos na área social, respectivamente, são adotados para determinar a

seleção de municípios que devem ser priorizados na alocação de recursos públicos no

estado. Juazeiro não está posicionado nem entre os piores nem entre os melhores

índices municipais destacados no Plano.

Da mesma forma, não é município priorizado pelo estado no combate ao

analfabetismo.

A tuberculose é uma das principais doenças endêmicas e a hanseníase é a

terceira maior incidência entre os municípios. Em 2010, o município estava entre os 8

municípios com maior incidência de tuberculose e entre os 6 municípios priorizados para

o controle da hanseníase. Estes municípios foram priorizados pelo Ministério da Saúde,

com ações de controle.

Esta priorização converge e responde à importância que a tuberculose e a

hanseníase assumem na situação de saúde local. O Plano Municipal de Juazeiro afirma

que ainda que esteja em diminuição, essas doenças têm número muito elevado de

casos.

O município é polo presencial do Curso de Especialização em Saúde da Família

– UNA-SUS, gerido pelo Núcleo de Tecnologias e Educação à Distância em Saúde da

Universidade Federal do Ceará.

VI. A saúde no planejamento do governo estadual do Ceará

No planejamento governamental do estado, o Plano Estadual de Saúde deve

estar alinhado ao Plano Plurianual que, segundo a documentação analisada, se constrói

23

a partir de processo de planejamento participativo e regionalizado, visando aprofundar

a democracia por meio de diálogos com representações da sociedade, do poder local e

do setor produtivo dos 184 municípios cearenses organizados em espaços

microrregionais. Essa ampla participação sustenta o propósito governamental de que

os resultados estratégicos de governo concretizem a visão de futuro do Estado e de sua

população. Sua gestão é coordenada pela Secretaria do Planejamento e Gestão –

SEPLAG em parceria com Vice-Governadoria.

O PPA estabelece suas bases na participação social e nas potencialidades

regionais. Dentre as premissas que assume para sua elaboração, destacam-se aqui

aquelas que evidenciam uma nova governança regional:

a) incorporação da dimensão territorial na orientação da alocação dos

investimentos, objetivando o equilíbrio territorial, superando os desafios e

potencializando oportunidades regionais.

b) estabelecimento de parcerias com o Governo Federal e os municípios, a

iniciativa privada e a sociedade civil, visando à união de esforços para o alcance de

objetivos comuns;

c) estimular parcerias para diversificar fontes e alavancar os recursos

necessários aos programas, com vistas a ampliar seus resultados;

d) explicitar a distribuição regional das metas de governo.

Definidos os resultados estratégicos a serem alcançados pelo governo, cabe às

Secretarias Setoriais elaborarem seus objetivos estratégicos nas áreas de Saúde,

Educação, Proteção Social, Trabalho, Saneamento Básico, Habitação, Transporte,

Energia, Planejamento, Orçamento, Administração, Arrecadação Tributária, etc.

Os Programas Temáticos Setoriais devem abranger os desafios, representar a

territorialidade e permitir o monitoramento e avaliação, expressando as

transversalidades e multissetorialidades e se desdobrando em objetivos e iniciativas.

Orientados por essas premissas, a Vice-Governadoria e a Secretaria do

Planejamento e Gestão (Seplag) do Governo do Estado coordenaram, durante o ano de

2011, a realização de 17 encontros regionais que informaram tanto a elaboração do

PPA 2012-2015 quanto a elaboração do Plano Estadual de Saúde.

A saúde no PPA 2012-2015

O Plano Plurianual, foi precedido de oficinas regionais que definiram diretrizes

para cada tema do Plano de Governo, segundo as demandas locais. Neste âmbito foram

listadas 69 diretrizes em um leque bastante amplo na Oficina que reuniu a Macrorregião

Cariri/Centro Sul. Vale destacar que neste conjunto estão presentes diretrizes

relacionadas ao funcionamento dos consórcios públicos, à saúde bucal (CEOs), às

24

políticas de Saúde Mental (pesquisa, CAPs, atendimento a urgências psiquiátricas,

desintoxicação e abstinências), ao transplante de órgãos, entre outros problemas

mencionados na documentação sistematizada anteriormente.

No documento oficial do PPA 2012-2015, que consolida o processo de

planejamento participativo, além da definição de grandes metas do governo por área

temática e da apresentação dos compromissos regionais do governo por macrorregião

em cada área temática, são apresentadas as prioridades regionais para a ação do

governo estadual em cada território, correspondente às macrorregiões6.

No que se refere a área temática da saúde são definidas 23 grandes metas,

quais sejam:

1. Capacitar 48.868 trabalhadores do Sistema Único de Saúde-SUS,

profissionais e a comunidade, por meio de ações educativas em saúde pública.

2. Expandir a capacidade de internação hospitalar em 134.082 internações,

a partir do acréscimo da oferta de 700 leitos.

3. Assegurar cerca de 375 mil consultas médicas especializadas e de 363

mil exames especializados por ano nas Policlínicas.

4. Garantir 100% do acesso de pacientes aos serviços secundários e

terciários da Rede de Saúde Mensagem do Governo do Estado do Ceará, por meio do

Sistema de Regulação.

5. Acreditar e certificar todas as unidades de saúde do Estado.

6. Estruturar a Rede Cegonha, a Rede de Urgências e a Rede Psicossocial,

em seis regiões de saúde do Estado do Ceará7.

7. Implantar Centros de Especialidades Odontológicas em dez regiões de

saúde.

8. Monitorar 100% dos hospitais com custeio complementar do Tesouro do

Estado para garantia de atendimento aos pacientes encaminhados pela Atenção

Primaria.

9. Assegurar o custeio complementar de 33 Hospitais-Polo, 15 Hospitais

Estratégicos e 64

10. Hospitais de Pequeno Porte para garantia do atendimento aos pacientes

encaminhados pela Atenção Primária.

11. Acreditar/certificar 50% das unidades da Rede SESA do Estado.

6 A documentação encontra-se disponível em http://www.ppaparticipativo.ce.gov.br/ , conforme

acesso em 02/09/2014. 7 Em negrito, destacamos aquelas que respondem a demandas do município de Juazeiro do Norte

e/ou da região com mesmo nome.

25

12. Estruturar a Rede de Assistência Farmacêutica Básica e Especializada

nas oito Macrorregiões do Estado do Ceará.

13. Garantir o abastecimento e atendimento de 80% dos fármacos

padronizados no elenco da Programação Pactuada Integrada - PPI da Assistência

Farmacêutica Básica e Especializada nos 184 municípios.

14. Apoiar a organização dos serviços de Atenção à Saúde do Homem em

100% dos municípios com população maior de que 100 mil habitantes.

15. Implementar ações sobre Atenção Integral à Saúde da Mulher nos 184

municípios.

16. Implantar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU em 100%

dos municípios cearenses.

17. Implementar 32 Unidades de Pronto Atendimento – UPAs.

18. Implementar o Sistema Municipal de Vigilância Sanitária e

Epidemiológica nos 184 municípios.

19. Qualificar 5.000 profissionais da área de Vigilância à Saúde.

20. Apoiar 100% dos municípios na implementação da saúde da pessoa

idosa na atenção primária.

21. Ampliar o atendimento especializado em geriatria e gerontologia para

100% das regiões de saúde do Estado do Ceará.

22. Apoiar 100% dos municípios na implantação/implementações de ações

voltadas ao enfrentamento da dependência de álcool, crack e outras drogas.

No que se refere aos compromissos regionais setoriais para a macrorregião de

Cariri/Centro Sul (Juazeiro do Norte), o governo do Estado se compromete com o

fortalecimento e qualificação da atenção à saúde na média complexidade e das ações

Inter setoriais para urgência e emergência e dependentes químicos e educação

permanente em saúde.

E por fim, as prioridades estabelecidas na concertação ocorrida em duas oficinas

regionais no Território Cariri, correspondente à macrorregião Cariri/Centro-Sul,

evidenciam a predominância da preocupação com problemas relacionadas ao complexo

drogas, violência e transtornos mentais. Para melhor descrição, transcreve-se a seguir

o texto do documento.

"Neste território foram realizadas duas Oficinas Regionais. Na de Juazeiro do

Norte, a participação social priorizou a definição de políticas específicas para o combate

às drogas ilícitas, tendo em vista que o alto índice de consumo de drogas na região se

mostra como um dos mais complexos e inquietantes fenômenos da atualidade.

Elegeram como estratégico o fortalecimento do Sistema de Segurança Pública e Justiça

26

e política integrada de valorização da vida e de apoio à família no combate à violência,

em especial, ao enfrentamento às drogas.

Na oficina regional de Brejo Santo, os participantes discutiram a importância de

melhorar ou manter a oferta hídrica, contemplando os múltiplos usos, de forma que

atenda racionalmente o consumo humano e garanta o desenvolvimento das atividades

produtivas da região. [...] A participação social priorizou como estratégica a revitalização

da Bacia do Salgado, integrando-a ao Canal da Transposição (Eixão das Águas)

articulada com o desenvolvimento das cadeias de produção da fruticultura, olericultura,

piscicultura, apicultura e a bovinocultura de leite.”

Vale registrar que o município de Juazeiro do Norte é contemplado também com

o planejamento de ações e projetos multidisciplinares de extensão durante a

EXPOCRATO, Exposição de Iguatu, Festa de Santo Antônio (Barbalha) e Romarias de

Juazeiro do Norte, dentre outros.

Como pode se verificar a priorização realizada para o território e região de saúde

de Juazeiro tanto quanto os compromissos regionais e as grandes metas temáticas

contemplam a problemática prioritária identificada nos processos locais e regionais de

planejamento.

A saúde no PES 2012-2015

O Plano Estadual eestabelece 13 diretrizes, com objetivos e metas para o

conjunto do estado, mas estas não se encontram desagregadas por região ou

macrorregião de saúde, como mencionado anteriormente. São elas:

1. Garantia do acesso da população a serviços de qualidade, com equidade

e em tempo adequado ao atendimento das necessidades de saúde, mediante

aprimoramento da política de atenção básica e da atenção especializada.

2. Aprimoramento da Rede de Atenção às Urgências, com expansão e

adequação de Unidades de pronto Atendimento (UPA), de Serviços de Atendimento

Móvel de Urgência(SAMU), de prontos-socorros e centrais de regulação, articulada às

outras redes de atenção.

3. Promoção da atenção integral à saúde da mulher e da criança e

implementação da Rede Cegonha, com ênfase nas áreas e populações de maior

vulnerabilidade.

4. Fortalecimento da rede de saúde mental, com ênfase no enfrentamento

da dependência de crack e outras drogas.

27

5. Garantia da atenção integral à saúde de pessoa idosa, pessoas com

deficiência e dos portadores de doenças crônicas, com estímulo ao envelhecimento

ativo e fortalecimento das ações de promoção a prevenção.

6. Implementação do subsistema de atenção à saúde indígena, articulado

com o SUS, baseado no cuidado integral, com observância às práticas de saúde e às

medicinas tradicionais, com controle social, e garantia do respeito às especificidades

culturais.

7. Redução dos riscos e agravos à saúde da população, por meio das ações

de promoção e vigilância em saúde. *

8. Garantia da Política de Assistência Farmacêutica no âmbito do SUS.

9. Contribuição à adequada formação, ingresso, reposição, qualificação,

valorização, negociação e democratização das relações de trabalho dos trabalhadores

do SUS/ Contribuição à adequada negociação e gestão do trabalho e da educação em

saúde.

10. Implementação de novo modelo de gestão e instrumentos de relação

federativa, com centralidade na garantia do acesso, gestão participativa com foco em

resultados, participação social e financiamento estável. *

11. Qualificação de instrumentos de execução direta, com geração de

ganhos de produtividade e eficiência para o SUS.

12. Implementação da Política de Tecnologia e Inovação em Saúde no SUS.

13. Fortalecimento da atenção hemoterápica e hematológica no âmbito do

SUS estadual através da hemorrede pública estadual.

Note-se, entretanto, que as diretrizes contemplam significativa parte das

demandas loco-regionais de Juazeiro do Norte e da Macrorregião do Cariri, na medida

em que orientam ações para as áreas de urgência e emergência, da atenção materno-

infantil, onde forem encontradas situações de maior vulnerabilidade, de atendimento à

dependência química, de atenção integral às doenças crônicas.

O PES 2012-2015, diferentemente do Plano Municipal de Saúde de Juazeiro do

Norte não evidencia forte interlocução com outros setores governamentais, reforçando

a hipótese, já levantada neste estudo de que o processo de planejamento do governo

estadual, promove a interlocução Inter setorial e intergovernamental no âmbito da

elaboração participativa do PPA, cabendo às Secretarias uma ação mais operacional

no que tange a efetivação dos acordos firmados naquele âmbito.

No entanto, cabe ressaltar a relevância atribuída às Ouvidorias no Plano

Estadual de Saúde. As Ouvidorias da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa)

são descritas como instrumentos de gestão importantes para o aperfeiçoamento da

28

qualidade e da eficácia das ações e serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde -

SUS no Ceará, por sua capacidade de identificar as necessidades e demandas sociais

e de transformá-las em suporte estratégico para a tomada de decisões no âmbito do

SUS. Fazem parte da Rede de Ouvidorias do Poder Executivo Estadual, vinculada à

Secretaria da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado – CGE, e do Sistema Nacional

de Ouvidorias do SUS – SNO.

VII. A saúde no Contrato Organizativo da Ação Pública da Região de

Juazeiro do Norte 2012-2013

Feito esse percurso pelos instrumentos de planejamento governamental com

história mais antiga, cabe agora analisar como o Contrato Organizativo da Ação Pública

(COAP) da Região de Saúde de Juazeiro do Norte se insere no planejamento

governamental regionalizado.

A primeira observação a fazer é quanto à extensão do documento do COAP: são

503 páginas sem índice e sem uma introdução que apresente o documento. O percurso

pelos instrumentos aqui analisados indicava um processo participativo e regionalizado

de planejamento governamental no estado do Ceará, com definição de metas e

compromissos regionais, a partir de uma orientação territorial que buscava o equilíbrio

regional por meio da potencialização de oportunidades loco-regionais.

Seria lícito esperar, portanto, que o COAP, beneficiando-se do processo descrito

anteriormente, consistisse da contratualização quanto aos compromissos regionais

necessários ao desenvolvimento da ação pública em saúde na região.

De fato, o documento, ao tratar das responsabilidades executivas dos entes

signatários do contrato, estabelece objetivos regionais a partir das diretrizes estaduais

definidas no Plano Estadual de Saúde, como se a região se apropriasse das diretrizes,

adaptando-as ao contexto regional.

Tal apropriação permite que os objetivos, metas regionais e responsabilidades

solidárias contemplem problemas de saúde identificados nos instrumentos de

planejamento anteriores como a poluição da água, a violência, a diabetes, as DST/AIDS,

a mortalidade materno-infantil, a tuberculose e a hanseníase, a leishmaniose, o déficit

de leitos de UTI neonatal, doenças relacionadas ao trabalho.

Por outro lado, é possível verificar, na descrição da estrutura do sistema de

saúde existente na região, que os formuladores do contrato se detiveram na produção

de informações sobre o território regional, identificando características comuns e

específicas a cada município e justificando a “escolha” dos municípios da região de

Juazeiro pela reorganização da Rede Cegonha e das Urgências e das linhas de cuidado

29

AVC, IAM, Causas Externas e Cirurgia de emergência, como prioritárias para o nível

nacional.

O mesmo pode se dizer quanto à caracterização das condições sociossanitárias

da região, a partir da qual constata-se diferenças entre os municípios quanto ao

abastecimento de água, ao esgotamento sanitário, à taxa de analfabetismo funcional, à

situação da pobreza urbana e rural. No que se refere às condições de saúde, diferenças

importantes entre os municípios podem ser constatadas nos indicadores de natalidade,

de morbidade e de mortalidade, embora em nenhum desses casos haja uma análise

sobre as causas dessas diferenças e que desigualdades no território regional estão

expressando.

A programação de recursos prevê para Barbalha e Juazeiro a ampliação de leitos

e aquisição de equipamentos de UTI Neonatal; a construção e aquisição de

equipamentos de Casa de Gestante, bebê e puérpera; e apoio à estruturação e

implantação da Rede de Atenção às Urgências e garantia de profissionais de serviços

24 horas capacitados para atendimento, evidenciando respostas para problemas

recorrentemente enunciados na região.

O mesmo se verifica na programação das ações de vigilância epidemiológica

que contemplam entre suas ações prioritárias a redução da taxa de letalidade por

Leishmaniose Visceral e a redução de incidência de AIDS em menores de 5 aos no

município de Barbalha; a cobertura de unidades de saúde com serviço de notificação de

violência e a redução de mortalidade materna e infantil no município de Caririaçu; o

tratamento adequado dos casos de acidentes por animas peçonhentos em Granjeiro; a

ênfase em atividades de monitoramento e tratamento da sífilis, hanseníase e tubérculos

no município de Juazeiro do Norte, só para citar alguns exemplos.

Quanto à governança regional, embora haja menção à participação social na

região por meio dos fóruns existentes não se percebe no texto maior envolvimento dos

conselheiros de saúde na definição das prioridades regionais. Apenas na programação

das ações de vigilância e atenção básica dos municípios é mencionada como atividade

municipal a solicitação de pautas de interesse da Vigilância Sanitária nas reuniões dos

Conselhos Municipais de Saúde e a participação nas instâncias de controle social.

As Ouvidorias, como no Plano Estadual de Saúde, são valorizadas como

importante instrumento “de gestão de controle social para aperfeiçoamento da qualidade

e eficácia das ações e serviços prestados pelo SUS”.

No que se refere às relações intergovernamentais, de natureza política, o

documento informa que estas se processaram nas Comissões Intergestores Regionais,

as quais participaram ativamente da elaboração da Programação Geral das Ações e

Serviços de Saúde – instrumento que substitui a PPI, a partir do Decreto 7508/2011,

30

harmonizando compromissos e metas regionais no âmbito do Estado para a

conformação e organização da rede de atenção.

A articulação intersetorial e a perspectiva de ações integradas, compartilhando

espaços de ações e serviços com outros setores governamentais e não governamentais

no âmbito regional é mencionada, predominantemente, em interfaces requeridas para a

eficácia da atuação da vigilância sanitária.

À União é atribuída a responsabilidade pelo acompanhamento do cumprimento

das condicionalidades de saúde da família no Programa Bolsa Família, para o alcance

do objetivo regional de ampliação do acesso na atenção básica.

A todos os entes contratantes o COAP atribui a responsabilidade de implementar

ações de saneamento básico e saúde ambiental, de forma sustentável, para a promoção

da saúde e redução das desigualdades sociais, com ênfase no programa de aceleração

do crescimento.

Por fim, há previsão de se buscar aprimorar as relações setoriais com o Poder

Judiciário e o Ministério Público por meio do desenvolvimento de medidas, em cada

ente, que subsidiem a ambos, técnica e cientificamente, nas decisões a serem tomadas

em assuntos pertinentes à saúde na região de Juazeiro do Norte.

IV. Desenho da abordagem qualitativa

O desenho da abordagem qualitativa descreve as etapas de: coleta de dados

primários em campo com informantes-chave e à análise e organização dos dados

coletados

Coleta de dados

O trabalho de campo consistiu na realização, pela equipe de pesquisa, de

entrevistas com interlocutores-chave que haviam participado da construção do COAP.

Concomitantemente foi realizada a coleta dos documentos e registros locais,

anteriormente citados, referentes ao processo de elaboração do COAP da região de

Juazeiro do Norte.

Foi possível contar com a colaboração local da assessora técnica do COSEMS-

CE, na organização da viagem e estadia da equipe, na coleta de informações relevantes

sobre o contexto local, na coleta da documentação relacionada ao processo de

elaboração do COAP, na identificação dos interlocutores-chave e no apoio logístico às

atividades do projeto ocorridas no Ceará.

31

Foram feitas entrevistas abertas com nove interlocutores-chave, dos quais foi

obtido Termo de Consentimento livre e esclarecido para o uso das informações colhidas,

mantida a confidencialidade. As entrevistas objetivaram a obtenção de relatos livres

sobre como aconteceu a elaboração do COAP na região, a partir da perspectiva de cada

entrevistado, em que eram explorados, na medida em que introduzidos pelo próprio

entrevistado, temas sistematizados na revisão bibliográfica sobre governança. Com

isso, objetivou-se abrir espaço para que interpretações próprias do processo local

pudessem indicar dimensões e variáveis não cobertas pela literatura científica.

O material empírico foi analisado a partir de categorias construídas a partir dos

relatos dos informantes-chave vis-à-vis a perspectiva assumida para a fundamentação

teórica do desenho metodológico, conforme texto já referido. As categorias adotadas

para classificação do conteúdo foram agregadas em três dimensões, conforme abaixo:

a. Contexto/organização regional

i. Processo de regionalização no Ceará;

ii. Consórcios;

iii. Decreto 7.508/11 e o processo de regionalização.

b. Construção do COAP

i. Desencadeamento do processo;

ii. Mapa da Saúde;

iii. Escolha de indicadores/ definição metas;

iv. Dificuldades COAP;

v. Monitoramento/ Termo aditivo COAP.

c. Atores

i. Nível estadual;

ii. COSEMS;

iii. Prefeitos;

iv. Secretários Municipais de Saúde;

v. Outros Secretários Municipais;

vi. Conselhos de Saúde.

A documentação do processo de planejamento regional foi analisada com vistas

a identificar, além de informações complementares ao conteúdo levantado nas

entrevistas, segundo as categorias estabelecidas, a convergência entre as informações,

constantes dos diferentes instrumentos, relativas à situação de saúde e às prioridades

e/ou metas estabelecidas para a região e para o município de Juazeiro do Norte, sede

da região.

32

Achados da abordagem qualitativa

Contexto/ Organização Regional

O estado do Ceará vem, desde a década de 1990, investindo no processo de

regionalização da Saúde. Depois da constituição de 22 microrregiões de saúde,

agregadas em 4 macrorregiões - Fortaleza, Iguatu, Sobral e Baturité (1996), vem se

consolidando, por parte do governo do estado, uma proposta política de fortalecimento

das mesmas. (A01-1)8

Em 10 das 22 microrregiões foi construída uma Policlínica

(especialidades médicas e diagnóstico)9, e, em 18 delas, um Centro de Especialidades

Odontológicas – CEO (3 deles ainda em construção). Dada a dificuldade de custeio

desses equipamentos, o Estado estimulou a criação de 22 consórcios intermunicipais

(2006), que se responsabilizam pela gestão de cada um destes serviços. O nível

estadual impulsionou essa proposta se responsabilizando por 60% de seu

financiamento (em média), e tendo como contrapartida o custeio dos 40% restantes

pelos municípios. (A02-1)

Os consórcios são geridos por um conselho formado pelos prefeitos, cuja

presidência é exercida por um deles, eleito para um mandato de dois anos. Por ser uma

entidade de direito privado, tem maior facilidade para a contratação de recursos

humanos e para aquisição de materiais e equipamentos. Assim, tem conseguido

oferecer atendimentos com maior agilidade, menor tempo de espera, e

consequentemente maior satisfação para os munícipes.

Em 2007, o nível estadual implementou a descentralização orçamentária/

financeira para as quatro

8 Numeração referente a trechos selecionados das entrevistas realizadas - Anexo 1. 9 Uma dessas policlínicas seria construída no município do Crato, mas em função de ajustes políticos foi

viabilizada no município de Campos Sales.

33

macrorregiões acima citadas. Houve um movimento concomitante de

fortalecimento da rede de hospitais regionais com a manutenção pelo governo estadual

de um financiamento complementar a clínicas específicas desses hospitais. Essa

estratégia, de convênios entre Estado e Municípios, se multiplicou pelas diversas

regiões.

Em 2011, foram construídos dois hospitais estaduais para as macrorregiões do

Cariri e de Sobral (Hospital Regional do Cariri, no município de Juazeiro do Norte; e

Hospital Regional Norte, município de Sobral), voltados ao atendimento regional. Um

terceiro hospital no município de Quixeramobim está em fase de construção, para a

macrorregião do Sertão Central.

Na região do Cariri, a inauguração do novo hospital regional trouxe à tona

importantes desafios para a organização de ações entre os municípios, no que diz

respeito à lógica regional. O principal deles foi desencadeado pelo fechamento do

Hospital

Filantrópico Santo Ignacio (200 leitos), que vinha sendo cofinanciado e gerido

pelo município de Juazeiro do Norte. Esse fato se deu quando da inauguração

do hospital regional, ocasionando desigualdade na utilização do recurso hospitalar pelos

diversos municípios. Planejado para o atendimento preferencial de urgência e

emergência da população da região, o hospital regional está sendo utilizado

predominantemente como hospital geral, sendo maior a facilidade de acesso da

população de Juazeiro do Norte. (A01-2)

Observa-se que houve no Ceará duas formas concomitantes de organização das

regiões de saúde. A primeira, através do processo de microrregionalização

potencializado com a criação dos consórcios intermunicipais para clínicas

especializadas (médicas e odontológicas); e a segunda, a partir do fortalecimento

34

macrorregional, fortemente impulsionado pela construção dos quatro hospitais de alta

complexidade.

A construção do Contrato Organizativo de Ações Públicas (COAP) no Ceará vem

fortemente identificada com a lógica das microrregiões. Inicialmente foram assinados 20

COAPS no Estado. Para alguns interlocutores, a assinatura do contrato figura como

uma possibilidade de aprimoramento do modelo regional já implementado, através da

realização de um diagnóstico aprofundado dos serviços de saúde das diferentes

regiões, e da exposição clara das necessidades de saúde de suas populações segundo

uma ótica regional e não apenas municipal. (A03-1)

Processo de Construção do COAP

A partir da compreensão de que a assinatura do COAP ultrapassa

responsabilidades executivas setoriais, um primeiro passo para sua viabilização no

Ceará foi a busca pela sensibilização e concordância dos diversos atores políticos,

principalmente governador do Estado e prefeitos, quanto à importância do contrato.

(B01-1 e 2)

A Coordenadoria de Políticas e Atenção à Saúde (COPAS - SESA), com o apoio

da Coordenadoria das Regionais de Saúde (CORES - SESA) e do COSEMS, promoveu

reuniões com o governador e com a Associação dos Prefeitos do Ceará (APRECE),

muitas delas com a participação da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa

(SGEP) do Ministério da Saúde.

Com a intenção de propiciar maior esclarecimento e segurança aos prefeitos,

foram envolvidos também procuradores e assessores jurídicos das prefeituras em

diversos fóruns e encontros. (B01-3 e 4)

O processo teve continuidade quando essas duas coordenadorias de SESA

avaliaram que os principais decisores políticos estavam cientes do que representaria a

assinatura do COAP e que haviam pactuado a decisão pelo seu desencadeamento.

(B01-5) .

Embora tenha sido formalizado um grupo para a condução do COAP no estado

- com a participação de representantes de municípios, APRECE, COSEMS e de

diversas áreas da Secretaria Estadual da Saúde - as ações foram basicamente

35

coordenadas pela COPAS, com o apoio da CORES. (B01-6) A primeira teve um papel

essencial na orientação técnica do contrato, mantendo-se como elo entre as Regionais

e o Ministério da Saúde; a segunda, através das próprias Regionais de Saúde, assumiu

a responsabilidade pela disseminação das informações iniciais, pela mobilização

daqueles que seriam envolvidos no processo (prefeitos, secretários municipais de saúde

e equipes técnicas), e pela logística dos encontros a serem realizados. No momento

seguinte, foram as Regionais de Saúde as responsáveis por desenvolver o trabalho de

construção do contrato com os municípios. (B01-7) O grupo condutor inicialmente

desenhou um planejamento estratégico situacional do processo, que foi subdividido em

momentos. Tomando essa subdivisão por base, foi organizada uma agenda de

compromissos para o período previsto até a assinatura de COAP – julho de 2012. (B01-

8)

36

Teve então início a preparação dos coordenadores e assessores das Regionais

para a coordenação do processo junto aos municípios. Foram realizadas diversas

oficinas e rodas de conversa entre as Coordenadorias e representantes de cada uma

das Regionais.

Percurso da construção do COAP no Ceará (2012)

Meta inicial - contratos assinados até julho de 2012

FEVEREIRO - reuniões com governador e prefeitos para a articulação de uma

base de sustentação política para a assinatura do COAP no estado

MARÇO, 9 - Oficina dobre Decreto 7508 com a coordenação de equipe do

Ministério da Saúde (participação de Lenir Santos, suporte em relação às questões

jurídicas)

MARÇO, 13 – Reunião do Comitê Executivo da Secretaria - constituição do

grupo estadual de condução do processo de elaboração do COAP no Estado

(Secretaria Estadual da Saúde, COSEMS, Ministério - entrada dos apoiadores do

MS).

MARÇO, 16 – Início dos contatos com procuradores e assessores jurídicos dos

municípios.

MARÇO, 23 - Definição da metodologia a ser utilizada no planejamento, dos

instrumentos necessários para elaboração do COAP, e da agenda de

compromissos e cronograma.

ABRIL, 12 - Início da preparação dos coordenadores e assessores das

coordenadorias regionais.

ABRIL, 26 - Oficinas descentralizadas ou rodas de conversa para

monitoramento das atividades desenvolvidas pelas Coordenadorias. Revisão da

agenda de compromissos com aumento de prazos para realização das

atividades.

MAIO, 30/31 – Roda de conversa equipe de COPAS CORES/ SESA e MS em

Brasília para monitoramento da evolução do processo.

JUNHO, 25 – Início das pactuações firmadas no Contrato nas diversas CIR.

JULHO, 31 – Finalização/ Assinaturas do COAP

37

O contato com os municípios ficou exclusivamente a cargo dos representantes

das Regionais, sendo que exceções foram abertas quando o apoio das Coordenadorias

foi considerado necessário por eles (Regionais). (B01-9 e 10)

Não houve normatização do Ministério da Saúde quanto ao formato para

realização das atividades. Mesmo os instrumentos parte do COAP - mapa da saúde,

programação integrada, mapa de investimentos, indicadores, e mesmo os instrumentos

de planejamento - foram criados a nível central de SESA com o apoio das áreas

específicas. Durante o processo, esses instrumentos foram apresentados e submetidos

à avaliação crítica das equipes municipais e da SGEP, visando seu aprimoramento e

apropriação pelos distintos atores. (B01-11)

Em Juazeiro do Norte, o coordenador interino e, após seu afastamento, a

coordenadora da 21a Coordenadoria Regional de Saúde (CRES), em conjunto com a

coordenadora da Central de Regulação Regional e a assessora regional da Atenção

Básica, assumiram a liderança do processo. Participaram das Oficinas com a COPAS e

retrabalharam, na sequência, informações e orientações com os representantes dos

municípios nas reuniões da Comissão Intergestores Regional (CIR), em reuniões

“individuais” (por município) ou conjuntas na Regional.

Essas reuniões regionais se deram inicialmente com a presença dos secretários

municipais de saúde e dos técnicos responsáveis pelas diversas áreas (Vigilância à

Saúde, Atenção Básica e outras). Conforme foram se desenvolvendo, os secretários

passaram a participar com menor frequência; os técnicos assumiram o trabalho,

validando posteriormente os resultados junto aos secretários.

A proposta dos representantes das Regionais foi a de que esses técnicos

formassem grupos condutores em seus municípios, que se responsabilizaram pelo

levantamento de dados de âmbito municipal. Tal grupo se reunia tanto com

representantes de outras secretarias como com trabalhadores do próprio município para

essa tarefa (agentes comunitários, por exemplo). Os dados eram trazidos já

consolidados para apresentação aos representantes regionais. Há registro de que

importantes discussões foram realizadas entre os trabalhadores de ponta, permitindo

um aprofundamento na compreensão de determinados problemas de saúde das

comunidades. (B02-1)

38

Segundo a avaliação dos representantes de SESA, tais dados, levantados pelo

município, constituíram uma pequena parte daqueles que conformaram o mapa da

saúde. Para a Atenção Básica, grande parte das informações necessárias para este

instrumento já havia sido sistematizada em momento anterior para o Qualisus, e foi

apenas atualizada. (B02-2) No tocante à Média e Alta Complexidade, o mapa foi

construído para a região (não por município) pelos técnicos do Estado, a partir dos

sistemas de informação, e depois apresentado aos municípios. (B02-3)

Num segundo momento, procedeu-se à escolha de indicadores e a formulação

das metas a serem atingidas em cada um deles. Foram realizadas diversas reuniões

entre os representantes do Estado e dos Municípios e o nível de participação descrito

faz crer que houve um efetivo trabalho conjunto. (B03-1)

Foi um processo descrito como produtivo, mas de grande dificuldade. Alguns

municípios não tinham informações sobre a evidencia apontada pelo indicador (por

exemplo, “municípios sem partos” - todos os partos encaminhados a outro município,

sem identificação da origem do usuário). Alguns não tinham série histórica do SIH, do

SIA, foi necessário buscar dados diretamente na seção de controle e avaliação da

CRES. (B03-2) Alguns dados ainda não estavam disponíveis nem mesmo nos sistemas

de informação (por exemplo, origem dos usuários no Boletim de Produção Ambulatorial

– BPA - para a verificação do número de consultas a usuários externos ao município).

Indicadores do SISPACTO foram transpostos para o COAP, com a necessária

adequação para o nível regional. Para a maioria deles, foram levantados dados de

produção dos 6 municípios, calculada a média entre eles e, a partir daí, construídas as

metas. Para aqueles indicadores que tinham uma meta estipulada pelo Ministério da

Saúde, a qual o município previa dificuldades para atingir (por exemplo redução da

mortalidade materna), foi utilizada como estratégia para a viabilização da pactuação o

“escalonamento” da meta em três anos (ao final do terceiro ano o município se

comprometia a alcançar a meta estipulada). (B03-3)

39

NO COAP, as metas apontadas para os municípios são explicitamente

descritivas e quantitativas, enquanto que as metas e responsabilidades o Estado e

União aparecem apenas como “iniciativas” e “ações”. Identificou-se a percepção dos

municípios de que, no COAP, sua responsabilidade sobressai à responsabilidade do

Estado e da União, o que veio a dificultar a definição de metas regionais. Como os

municípios se mantinham com grande dificuldade gerencial, principalmente para fixar

profissionais em determinadas regiões, houve resistência para pactuação de metas em

diversos indicadores.

A inserção das informações financeiras no COAP ficou a cargo do coordenador

interino da Regional Juazeiro do Norte. Os recursos repassados da União para os

Municípios, assim como aqueles repassados do Estado para os Municípios foram

facilmente identificados, através do site do Fundo Nacional de Saúde (União-

Municípios) e de informações encaminhadas pelos setores de planejamento e de

finanças de SESA (Estado-Municípios). Quanto aos recursos municipais (em torno de

15% do orçamento municipal), houve bastante dificuldade na identificação de quando e

onde foram aplicados. Em muitos municípios, o Fundo Municipal de Saúde não contava

com uma contabilidade própria (era gerida pela prefeitura e não pela área da saúde) e

o Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) não fora

alimentado de forma adequada. Como resultado, as informações inseridas no contrato

não alcançaram total confiabilidade.

Todo o conteúdo do COAP – informações do mapa da saúde, indicadores,

metas, aspectos financeiros - foram validados em reuniões da CIR. Com a discussão

ampliada, alguns pontos foram modificados e novos acordos alcançados (exclusão de

indicadores, por exemplo). (B03-4 e 5)

Os entrevistados apontam como principais ganhos atingidos com o COAP - no

processo de elaboração do mapa da saúde - a obtenção de um diagnóstico mais preciso

dos recursos humanos presentes na região, uma imagem da diversidade de serviços

oferecidos - tanto pela rede pública como pela rede privada - e dos tipos de acesso

encontrados.

40

Foi possível avançar na construção de uma descrição e interpretação da

situação epidemiológica das regiões de saúde tendo em vista a incorporação e

integração das distintas fontes de dados.

Equipes técnicas de nível estadual e municipal de diferentes áreas das

secretarias trabalharam em conjunto. No decorrer do processo, ocorreram, em algumas

poucas localidades, reuniões com a comunidade, com os agentes comunitários de

saúde, que possibilitaram um início de reconhecimento, por eles, das condições da

realidade concreta.

No momento seguinte – definição e pactuação de indicadores e metas -

secretários e técnicos puderam alargar sua visão com a identificação de problemas e

definição de metas para a região. Alguns deles referem ampliação dos serviços (por

exemplo, número de equipes PSF) decorrente da busca pelo cumprimento das metas

pactuadas no COAP. (B04-1 a 5)

O relato é de que todo o processo ocorreu sob uma pressão muito grande de

prazos. Tinha-se como perspectiva que os contratos no Estado fossem assinados até

julho, antes das eleições municipais (pactuação entre a COPAS e a SGEP).

Os participantes apontam que, para decisões importantes, como deveriam ser

aquelas registradas no COAP, o espaço de reflexão conjunta, principalmente entre e

dentro dos municípios, teria de ser muito alargado.

Ressalta-se que a agenda de compromissos do COAP no estado foi sobreposta

à agenda eleitoral. Com restrições de tempo para as discussões e excesso de

normatividade, muitos dos componentes do COAP foram elaborados somente pela

equipe técnica da Regional (mesmo inclusão/ exclusão de indicadores), embora

posteriormente validados na CIR. O aprofundamento com os municípios sobre a

organização do sistema de saúde, e, principalmente, sobre possíveis reorganizações,

foi bastante dificultado. O conteúdo do COAP, segundo alguns, não permitiu contemplar

as especificidades da região. (B05-1 a 5)

41

Salienta-se que o envolvimento das diversas áreas técnicas (Vigilância à Saúde,

Epidemiológica, Sanitária; Assistência Farmacêutica), quando aconteceu, se deu quase

no momento da finalização da construção do COAP no Ceará, nos diferentes níveis de

governo.

No nível estadual, algumas decisões que fariam parte do contrato e envolviam

especificidades das áreas foram tomadas pela COPAS, e só no momento de

monitoramento do COAP foi possível retorná-las às áreas técnicas, principalmente

aquelas referentes à Vigilância à Saúde. (B05-6)

Por parte da SGEP, foram solicitadas ao nível estadual sucessivas revisões dos

indicadores já selecionados para o contrato, decorrentes de inserções assistemáticas

(com frequência tardias) das áreas técnicas no processo. Se por um lado, essas

revisões enriqueceram e preencheram lacunas no contrato (principalmente com relação

à escolha de indicadores), por outro lado provocaram um desgaste entre as equipes das

regionais e municípios, que se viram obrigados a refazer repetidamente processos

dados como finalizados. (B05-7)

Coordenadores do nível estadual e COSEMS perceberam que setores do

Ministério da Saúde (SGEP e SAS principalmente) atribuem níveis diferentes de

importância ao COAP. Avaliam que essa dissonância dificulta articulações essenciais,

como o necessário entrosamento entre a efetivação do contrato e a construção das

redes de atenção à saúde. (B05- 8 e 9)

Torna-se necessário, por exemplo, identificar quais itens devem ser incluídos

como de responsabilidade executiva no COAP e quais itens são apenas relativos ao

acompanhamento do desempenho das redes de atenção à saúde, sob pena de que o

42

COAP, acrescido de todos os indicadores de interesse de todas as áreas se torne

inviável como instrumento político. (B05- 10)

No momento da realização das entrevistas (julho de 2013), o primeiro ciclo de

monitoramento do COAP Ceará havia sido concluído, e estava em curso a elaboração

dos termos aditivos.

Uma primeira observação dos representantes de SESA, Regional de Saúde, foi

quanto à grande alteração no quadro de gestores municipais após o processo eleitoral.

A maioria deles não havia participado da construção do COAP e estava sendo chamada

à discussão do termo aditivo, o que implicava em um recomeço das ações de repasse

de informações e sensibilização quanto à importância do COAP. (B06-1)

Este trabalho vinha sendo realizado prioritariamente por apoiadores

institucionais do Ministério da Saúde, com o apoio de assessores e coordenadores das

Regionais de Saúde que haviam participado da elaboração do contrato. Entretanto,

ambas as partes estavam também envolvidas em outros programas do Ministério (como

o Mais Médicos) e na organização das Redes de Atenção em Saúde, dificuldade

adicional já tais atividades vinham demandando maior disponibilidade de tempo e

dedicação. (B06- 2 a 4)

Segundo os representantes estaduais, o mesmo movimento - de priorização de

outras demandas em detrimento do COAP - estava ocorrendo também entre os gestores

municipais (fato visível na CIR) e entre a própria equipe do Ministério da Saúde, que

havia diminuído sensivelmente sua demanda em relação ao mesmo. Existia portanto

um risco significativo de que os termos aditivos não fossem assinados e de que o

processo não tivesse continuidade. (B06- 5)

43

Tomada de decisão – Governador, prefeito, secretario estadual e secretario

municipal de saúde

A elaboração do COAP no Ceará foi fortemente impulsionada pelo nível

estadual. A Coordenadoria de Políticas e Atenção à Saúde assumiu a condução do

processo, responsabilizando-se por seu cumprimento e encerramento dentro do prazo.

Os coordenadores e assessores das Regionais fizeram o mesmo em nível

descentralizado, sob sua coordenação.

Ambos os níveis são reconhecidos por todos os entrevistados como de

grande capacidade técnica, tanto a coordenação de COPAS, como os profissionais das

Regionais – coordenadores regionais escolhidos através de seleção pública e

funcionários de carreira do Estado. (C01-1 a 3)

A coordenação política teve o COSEMS como um de seus principais integrantes.

Desempenhando uma de suas principais funções - prestar assessoria técnica aos

munícipios na relação com o nível federal - os representantes locais do COSEMS

fizeram um significativo esforço de apropriação técnica do COAP e de transmissão de

sua importância aos gestores municipais. Além disso, seus representantes contribuíram

com a organização logística das atividades e marcaram sua participação em momentos

estratégicos - como aquele das discussões realizadas com SGEP sobre as recorrentes

revisões de indicadores propostas pelo MS. (C02-1 a 3)

Embora os prefeitos da região tenham sido chamados a reuniões em diferentes

momentos da elaboração do COAP, e adotassem já uma dinâmica de ação regional na

área da saúde em decorrência dos consórcios formados (C03-1), os atores

entrevistados acreditam que o envolvimento deles com este processo tenha sido

bastante pequeno. Os principais participantes nessa construção acreditam que eles não

tenham sequer um conhecimento aprofundado dos compromissos que assumiram

quando da assinatura do COAP. (C03-2)

Além do fato de que discussões técnicas das áreas dificilmente alcançam

prioridade em suas agendas, o momento de elaboração do contrato na região coincidiu

com o ápice do período eleitoral, dificultando ainda mais sua aproximação.

44

O nível de participação dos secretários municipais de saúde no contrato atingiu

uma gradação algo superior, mas também não se pode considerar que tenha sido alta,

para a maioria deles. O trabalho de caracterização de região, escolha dos indicadores

para monitoramento e avaliação, e levantamento dos dados para a construção da linha

de base desses indicadores a para a discussão das metas a serem alcançadas, foi

realizado prioritariamente pelos técnicos das secretarias, sendo que as principais

decisões foram levadas às reuniões do CIR para validação, e nem sempre foram

apreendidas pela totalidade dos secretários. (C04-1)

A CIR se configurou como um espaço importante para os atores que mais se

envolveram na construção do COAP. Como foi dito, os componentes do documento

foram revistos e validados em suas reuniões.

Percebe-se, todavia, que, enquanto espaço de organização regional, tem ainda

um poder de ação limitado no momento atual. O fechamento do Hospital Filantrópico

Santo Ignácio de Juazeiro do Norte, por exemplo, foi uma questão bastante discutida

nas reuniões, mas não se viabilizou nenhuma alternativa que fosse aceita pelo município

de Juazeiro do Norte.

Não há nenhum destaque pelos entrevistados de uma possível inclusão de

outras secretarias de governo nas discussões do COAP. Foram citadas apenas

consultas a outros setores para decisões relativas a questões pontuais. (C05-1 e 2)

Houve alguma divergência entre os entrevistados quanto à participação de

representantes dos Conselhos de Saúde nas discussões, levando a crer que o Conselho

Estadual foi contemplado, mas não os diversos Conselhos Municipais. (C06-1 e 2).

IV. Considerações Finais

Como era de se esperar, o COAP se destaca dos demais instrumentos de

planejamento setorial e governamental do estado, pela forte articulação direta com o

governo federal, já que este é signatário do contrato por meio do Ministro da Saúde.

Esta configuração de articulação vertical setorial deve evitar o risco de conformação de

45

uma estrutura paralela de governança regional, orientada por uma lógica normativa

centralizada, mais do que pela lógica territorial que marca o planejamento

governamental no Estado do Ceará. Há que se compreender, por exemplo, por quêos

consórcios não são abordados nas cláusulas do Contrato e seus anexos10.

Além disso, o fato do COAP não fazer referência aos Planos Municipais de

Saúde nem aos PPAs dos Municípioscomo fontes de informação para a caracterização

da região descrita no documento, coloca indagações quanto a sua contribuição para

uma lógica de planejamento territorial integrado voltado para o desenvolvimento local

na região.

Observa-se no processo de elaboração do contrato, uma forte interlocução dos

atores políticos estaduais com o Ministério da Saúde, mas uma baixa organicidade entre

os atores políticos locais na articulação política para a resolução dos problemas da

região, sugerindo uma elaboração excessivamente técnica de suas diretrizes, metas e

atividades, sob forte influência da Secretaria Estadual de Saúde.

Por outro lado, a perspectiva intersetorial e de interlocução entre governo e

sociedade, observada nos demais instrumentos de planejamento do estado do Ceará

aqui analisados, não é visível na documentação que compõe o COAP.

Assim, há que se verificar até que ponto este instrumento está contribuindo na

região para a integração da organização, do planejamento e da execução das ações e

serviços de saúde à dinâmica de planejamento territorial em consolidação no estado e

colaborando com um desenvolvimento local pautado por intervenções públicas

integradas entre os entes federados, entre governos, sociedade e economia em um

contexto de coordenação de políticas redutoras de desigualdades no espaço regional.

abordagem qualitativa com os informantes chaves permitiu identificar que os

técnicos e gestores participaram da construção do COAP e avançaram de forma

significativa em sua concepção de região de saúde como foco da definição de ações,

trazendo-a para a negociação política.

Informações, antes dispersas, foram integradas em um quadro abrangente e

detalhado da situação de saúde/doença das microrregiões, o que representou um ganho

importante para a secretaria de estado e para alguns técnicos de nível municipal.

Entretanto, o prazo estipulado para a assinatura do contrato, baseado no

calendário político, fez com que o processo registrasse uma participação limitada destes

entes.

10 A única referência ao consórcio consta em uma Relação das Unidades de Serviços da Região com

Modalidade de Gestão sob Responsabilidade da Gestão e Consorcio Público na programação das referências pactuadas na região.

46

Previa-se, ainda com o COAP, uma inserção mais ativa dos prefeitos

fortalecendo a abordagem contextualizada das questões de saúde, aproximando

setores na busca por soluções. Havia na região um caminho de formação e

fortalecimento de consórcios de serviços e de equipamentos regionais, o que

representaria um facilitador para o envolvimento dos prefeitos no processo, mas

observou-se que o mesmo não foi alavancado na implementação do contrato.

Assim, o andamento do processo, embora tenha garantido o alcance de um

produto concreto no prazo inicialmente planejado, não permitiu uma ampla

disseminação entre membros das equipes municipais e estadual, nem consolidou

interações políticas, intergovenamentais e sociais na região.

No que diz respeito à reorientação da ação em saúde no território regional, no

âmbito restrito da regulação federal do Sistema Único de Saúde, a discussão quanto à

organização do sistema regional de saúde não pôde ser aprofundada de forma a incluir

uma revisão significativa de padrões já estabelecidos – necessidade e localização de

equipamentos de média e alta complexidade, por exemplo.

Observa-se que houve uma inserção tardia das demais áreas do Ministério da

Saúde, além da SGEP. O processo estava sendo finalizado no Ceará quando as

Secretarias de Vigilância à Saúde, a Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em

Saúde, por exemplo, vieram a tomar conhecimento dele, limitando sua participação na

análise do material que seria apresentado. Algumas delas ainda conseguiram

estabelecer uma coerência entre sua programação e o Decreto Nº 7508/2011, como a

SVS, que compreendeu a necessidade de um instrumento de programação regional e

já pôde disponibilizá-lo para a elaboração do termo aditivo. Já outras secretarias, como

exemplo a Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde, adotam no

momento políticas com indicadores que se mostram difíceis de serem inseridos no

COAP.

Pode-se afirmar, contudo, entre os fatores políticos e organizacionais que

viabilizaram a construção do COAP, a posição assumida pela Secretaria Estadual de

Saúde, nas figuras da coordenação de COPAS e CORES, responsabilizando-se pela

coordenação do processo e por grande parte do trabalho técnico, que foi fundamental

na medida em que fez com que os contratos fossem assinados no prazo previsto.

Outro inegável facilitador do processo de construção dos contratos no Estado do

Ceará foi o fato de que o então secretário da SGEP ocupou por vários anos o cargo de

Secretario de Saúde em municípios cearenses, foi professor da Faculdade de Medicina

da Universidade Federal do Ceará e também presidente do COSEMS, feitos que

permitiram seu acesso ao governador do estado e sua cooperação enquanto mediador

junto à APRECE, para sensibilizar os prefeitos quanto à importância do Decreto.

47

No tocante à região em foco, Juazeiro do Norte, foi observada pouca estabilidade

na gestão do município polo, com a substituição de três secretários de saúde em um

ano, denotando instabilidade política e dificultando o processo de implicação com a

região de saúde.

Deve-se notar que o processo COAP ocorreu em um momento da gestão (prévio

às eleições municipais) em que já havia um trâmite de acordos instituído, isto é, uma

série de acordos negociados entre gestores dos diferentes níveis com foco no processo

de regionalização da saúde. Se, por um lado, essas alianças, já formadas e alimentadas,

facilitaram a assinatura do contrato, por outro, perderam força com a entrada dos novos

gestores, desmobilizando os envolvidos.

Existe a indicação de que o COAP não promoveu mudanças além daquelas já

alcançadas com a PPI, na medida em que não houve um esclarecimento e definição de

recursos financeiros novos para a implantação da proposta de oferta de serviços,

principalmente de MAC, gerada pela construção do COAP. A apresentação,

especialmente por parte do COSEMS, do COAP como instrumento de apoio para a

amenizar os processos de judicialização a que estão sujeitos os prefeitos e os

secretários municipais de saúde não apresentaram os resultados esperados.

Não se pode dizer que no estado do Ceará, o COAP representou neste seu

primeiro momento de implementação, uma inovação da política publica na direção de

uma nova governança regional: não ampliou a capacidade política dos três entes e nem

trouxe novos atores ao processo de decisão setorial.

Percorreu-se prioritariamente, um processo de desconcentração para

preenchimento do COAP enquanto instrumento normativo, e não de descentralização

da decisão para a construção de um sistema regional territorialmente contextualizado e

orientado a uma efetiva integralidade da atenção.

V. Recomendações Gerais

A revisão bibliográfica, a análise dos documentos coletados, e a avaliação do

conteúdo das entrevistas, permitiu algumas considerações relativas às relações

intergovernamentais requeridas para o novo modo de gestão regional; ao planejamento

da regionalização; à organização da assistência; e à perspectiva de desenvolvimento

territorial. Assim, pode-se afirmar:

i) Quanto à dimensão política:

• um arranjo institucional que valorize a formação dos acordos entre os

entes federados por meio de instâncias colegiadas de gestão participativa, e, no caso

48

de Estados federativos, de concertação federativa, contribui para a produção de

alternativas locais integradoras;

• o envolvimento das autoridades máximas do Poder Executivo dos entes

federados (governadores e prefeitos) na condução do processo político de

regionalização setorial facilita as negociações locais e a sustentabilidade das inovações

requeridas, sobretudo se logram produzir sinergias intersetoriais;

• a valorização da experiência dos munícipes e da burocracia

governamental nos processos regionais de negociação política facilita o encontro das

alternativas mais adequadas às realidades locais;

• a diversidade de situações de saúde e de capacidades institucionais para

geri-las requer definições loco-regionais quanto à configuração das relações

público/privado na provisão de serviços em cada lugar;

• em uma federação, como a brasileira, a organização do cuidado à saúde

na região requer o equilíbrio entre autonomia, regulação e responsabilidade na ação

dos entes federados para a produção e implementação de políticas públicas.

ii) Quanto à dimensão “planejamento territorial”:

• os documentos estabelecidos como instrumentos para o planejamento

setorial e as diretrizes para a regionalização, embora ainda sofram a forte influência da

tradição de planejamento centrado na oferta de serviços, constituem instrumentos

relevantes e são úteis para:

. a compreensão dos resultados dos processos de negociação;

. a identificação das prioridades regionais, embora estas não

necessariamente guardem compatibilidade exata nos diferentes documentos – exigem

esforço analítico daquele que se dedica a compreendê-las;

. a compreensão das realidades dos municípios que integram a região;

. evidenciar a necessidade de simplificação dessa documentação se se

pretende lograr o amplo e democrático acompanhamento e monitoramento dos arranjos

previstos para a implementação das estratégias de mudança e reorganização da ação

setorial e de seus resultados.

• o processo de planejamento regional evidencia a necessidade de se

estabelecer uma estratégia setorial orientada ao desenvolvimento local/municipal, para

lograr efetivos ganhos de equidade em saúde – o que implica na interlocução com

outros setores governamentais visando a produção de sinergias.

• a estruturação de redes assistenciais, fundamentadas nas necessidades

de saúde e trajetórias dos munícipes no território regional, supõe flexibilidade no

49

desenho dos recortes regionais, de forma a assegurar equidade no acesso oportuno

aos serviços de saúde a todos os cidadãos.

• é preciso reavaliar o Coap como instrumento de reorganização regional

da ação governamental em saúde, especialmente quanto à excessiva abrangência,

extensão e detalhamento do registro das responsabilidades, atribuições e

compromissos direcionados às mudanças necessárias em cada região, de forma a

viabilizar o fácil entendimento daquilo que é estabelecido como prioridade, seja em

termos de objetivos políticos, de intervenções públicas, ou de resultados sociais a serem

efetivamente acompanhados pelos governos e sociedade nos territórios regional, para

a promoção, proteção e recuperação universal da saúde dos munícipes, onde quer que

eles residam no território nacional.

50

ANEXO 1 – MATERIAL EMPÍRICO

51

Contexto/ Organização regional

A01 – Processo regionalização no Ceará

A02 – Consórcios

A03 – Inclusão do Decreto 7508 no

processo de regionalização

Construção do COAP

B01 – Desencadeamento do processo

B02 – Mapa da Saúde

B03 - Escolha de indicadores/ definição

metas

B04 – Dificuldades COAP

B05 – Ganhos COAP

B06 – Monitoramento/ Termo aditivo COAP

Atores

C01 – Nível estadual

C02 – COSEMS

C03 – Prefeitos

C04 – Secretários Municipais de Saúde

C05 – Outros Secretários Municipais

C06 – Conselhos de Saúde

CO

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MS

A01-1 - O Estado do Ceará desde 1996 quando nós implantamos o modelo de

micro regionalização no Estado... nós conseguimos ao longo do tempo consolidar um

processo de regionalização bem definido com vinte e duas regiões de saúde... elas

formavam três macrorregiões de saúde do Estado do Ceará... nós entendíamos, desde

98 para cá, que com o fortalecimento dessas regiões de saúde e com os municípios

unidos, fortes e agregados em um território, pactuando os acordos locais, ficaria muito

mais fácil de resolver os problemas de saúde, e de identificar as potencialidades

existentes e os serviços de saúde naquelas regiões... isso fez com que também esse

projeto de regionalização fosse um projeto politico.

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A02-1 Também foram constituídos no Estado do Ceará, antes do próprio

COAP, vinte e dois consórcios regionais para principalmente administrar um grande

investimento que o governo estadual fez em termos de atenção terciaria e atenção

secundaria... o Estado construiu isso praticamente com recurso próprio e com

financiamento do BID, o governo federal praticamente não entrou com nada, aí veio

o grande dilema, a questão do custeio dessa estrutura, então se resolveu constituir

os consórcios... em cima da estrutura regional, aí de certo modo aprofundou a

questão da nossa regionalização. ...o financiamento de alguns consórcios, é 85% do

Estado nas regiões mais pobres... todos esses fatores, a construção da rede, a

construção dos consórcios e a lei que criou o COAP se encadearam num processo

único.

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A01-2 Para você ter uma ideia nós temos aqui um hospital regional que é para

oferecer os serviços para a macro região do Cariri que me parecem que são três ou

quatro CRES, e imediatamente o governo municipal de Juazeiro do Norte fechou o

hospital dele, o hospital municipal. É um hospital regional que na verdade oitenta por

cento do atendimento passa a ser ofertado para o município de Juazeiro. Então em

que é que isso melhorou e em que é que isso pode melhorar em termos de organização

de serviços, de oferta de serviços para toda essa região?

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A03-1 ...em meados de 2011 nós sentamos num grupo de secretários aqui,

mais ou menos uns 10 a 15 secretários municipais e decidimos que nós poderíamos

estar iniciando um debate com relação ao decreto 7508 e com relação ao COAP, muito

antes da portaria do COAP ser lançada... nós iriamos estar mantendo o sistema de

regionalização que nós tínhamos montado, e iriamos assinar um documento... que

aquele momento era um momento impar, que nós teríamos a oportunidade de estar

fazendo um estudo de como era que estava a situação da própria região de saúde,

para fazer um diagnóstico mesmo, identificar os vazios assistenciais, aquilo que nós

teríamos de necessidade na região de saúde e que nós não tínhamos condições de

executar...

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53

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B01-1 ...era um processo que precisava de um grande suporte técnico

administrativo, mas mais do que isso precisava de todo um suporte politico... não era

possível iniciar um processo onde você estava trabalhando com pactuações

intergestores, mas formalizando esses pactos, não por resolução de colegiados

intergestores, mas como contrato jurídico...

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B01-2...não tínhamos como fazer este processo só com decisão setorial, nós

tivemos que trabalhar com a informação, a sensibilização e a concordância do

próprio governador... era um processo que precisava envolver os municípios, não só

os secretários municipais, mas os prefeitos e a APRECE... e nós passamos para esse

diálogo, o próprio governo intermediando... uma busca de consenso sobre essa

decisão de adesão a este processo, contamos nesse momento com a participação do

Ministério da Saúde, de maneira presencial com o Odorico aqui no Estado do Ceará...

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B01-3 Nós tivemos uma reunião interna de onde partimos, lá no início,

COSEMS, Secretaria do Estado, Associação dos Prefeitos e aí nós fomos, nós três

conversar com o Governador, e explicamos para ele, e ele realmente foi quem deu o

aval e disse o que tinha que ser feito, que tinha total apoio politico dele, então foi

incisiva a posição do governador para que nós déssemos o passo seguinte.

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B01-4 ...Verificamos que pelos prefeitos se sentirem inseguros neste processo,

era necessário informar os procuradores e assessores jurídicos das prefeituras e

entrou um novo ator social neste processo... nós fizemos fóruns, nós fizemos vários

encontros. S

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B01-5 ...nós iniciamos esse processo com toda essa segurança de que os

decisores de politica do nosso Estado estavam cientes e estavam, tinham consensuado

o desencadeamento deste processo no Estado.

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54

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B01-6 ...foi instituído então um grupo de coordenação... geralmente dentro do

grupo tem pessoas que assumem um maior numero de atividades, outras vão

colocando menos, mas o importante é de que teve a formalização desse grupo de

condução, com a participação de representantes de municípios, APRECE também,

prefeitos, dois prefeitos nossos, aqui um de Crateús e outro prefeito da região de

Baturité, nós tivemos APRECE, COSEMS, Secretaria da Saúde, das suas diversas áreas

que são necessárias para poder conduzir este processo, mas terminou esse processo

ficando muito as orientações e as atividades coordenadas por mim e pelo Policarpo

que é o coordenador das coordenadorias regionais de saúde, como esse processo a

conjunção foi descentralizada, era necessário que ele como coordenador dessas

coordenadorias regionais, ele estivesse à frente do processo pela autoridade que ele

tem em relação a essas coordenações regionais, estaduais no âmbito regional. Então

foi aí que a gente definiu todo este processo.

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B01-7 Então teve uma preparação técnica, primeiro, o meu papel não era

fazer essa preparação técnica, embora eu acompanhei esse processo, o meu papel era

propiciar que isso acontecesse, dar direção, marcar as reuniões, fazer deslocamentos,

marcar reunião interiorizada, mas isso foi conduzido, a parte técnica pela COPAS que

é de políticas, então isso foi feito com oficinas, um processo muito duro, mas foi muito

interessante, muito importante.

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B01-8 ...não era possível se partir para iniciar um processo de construção do

COAP, sem que a gente tivesse fundamentado um processo de planejamento, e nós

então escolhemos a estratégia de planejamento situacional... a realidade nossa ela

mostra que não dá para você fazer um processo deste de forma normativa

tradicional... a dinâmica da realidade impõe uma ordem que ela não segue um fluxo

que você determina de maneira rígida, e esses momentos foi que deu a diferenciação

entre o processo nas várias regiões de saúde... Para isso nós fizemos, além de definir

todo esse processo em momentos fazer um planejamento situacional orientando, nós

tivemos que estabelecer uma agenda de compromissos, se a gente não tivesse feito

essa agenda de compromissos nós não íamos chegar no período que estava previsto

para a assinatura de COAP com o processo já finalizado.

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B01-9 O trabalho foi puxado muito pelas nossas regionais, a grande força

motriz do COAP foram as regionais de saúde, que aqui nós temos 22 no Estado do

Ceará... então essas regionais capitaneadas pela CORES... como este momento foi rico,

mas também do estresse por causa do tempo, muita coisa para ser dita, muita coisa

para ser lida, muita coisa para ser avaliada, mas todas elas passaram pelas regionais...

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B01-10 ...começamos a fazer o trabalho de preparação, inclusive

metodológica para todas as equipes das coordenadorias regionais para que elas se

inteirassem, tivessem segurança no uso de instrumentos, e tivesse também segurança

de repasse dessas informações para as equipes municipais, porque nós fizemos

questão de não chegar nas equipes municipais... chegar às equipes regionais essa é

uma competência das nossas equipes regionais. Entrando sim com os municipais,

quando as equipes regionais sinalizavam que precisavam de reforço,

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B01-11 Nós construímos todos os instrumentos... nós entrávamos na

responsabilidade executiva sem nenhum instrumento que está previsto pelo COAP à

disposição. Nós entramos sem ter um instrumento de mapa da saúde que é o que

expressa a questão da análise hoje da realidade, nós entramos sem nenhum

instrumento de programação integrada que seria no caso aí a programação geral de

ações de serviços de saúde, nós entramos sem nenhum desenho para a questão do

mapa de investimento, e nem para os indicadores na parte executiva de definição,

isso tudo foi construído aqui, sempre com o cuidado de que isso pudesse também da

mesma forma que a gente fazia para os colegiados intergestores regionais

encaminhando as propostas, colocando a disposição deles, a gente fazia para o grupo

que estava nos apoiando no ministério, para que eles tivessem também o

conhecimento de qual instrumento nós estávamos utilizando, e dar sugestão, buscar

sugestão com as áreas técnicas do ministério de aperfeiçoamento destes

instrumentos.

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B02-1 Foi feito esse processo lá nos municípios, reuniões que foram feitas

dentro do município com as comunidades, com coordenador dos agentes comunitários

de saúde, então essas pessoas começaram a identificar outros problemas, outras

questões, outras demandas que talvez elas estivessem assim um pouco apagadas, e

tudo isso aí veio à tona, então epidemiologicamente acho que foi muito válido, e muito

favorável fazer isso porque houve uma construção da base, e essa construção veio

subindo até chegar no processo de pactuação que é a mais importante.

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B02-2 A gente tinha a colaboração dos técnicos, a disponibilidade dos técnicos

na época da construção era incrível, realmente a gente conseguia cumprir os prazos

porque os técnicos dos municípios também conseguiam aos trancos e barrancos dar

informação para gente, mas aí assim, a gente também teve uma facilidade porque no

COAP a gente tinha que ter o mapa da saúde, e a nossa região ela foi contemplada

com o projeto Qualisus, e a gente já tinha começado a construir esse mapa da saúde

para o Qualisus, então para o COAP o mapa só teve que ser atualizado, colocar mais

alguma informação que era necessária.

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l B02-3 A gente começou a elaborar todo o mapa da saúde, que aí não foi difícil

porque eram dados de 2010, 2011 e 2012 que tinham sido decidido, então a gente

pegava alguns dados com o município, mas a maioria a gente buscava no sistema de

informação e junto com os nossos supervisores, que a gente ajudou muito, o nosso

supervisor de informática eles montaram os gráficos conforme tinha sido determinado

porque o Estado padronizou. C

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B03-1 Então foi assim, bem discutido mesmo, é tanto que eu lembro que teve

um indicador que pela série histórica, eu não sei se era cobertura de atenção primária,

cobertura de saúde da família, pela série histórica a cobertura da região era boa, só

que para o município de Juazeiro, porque Juazeiro é o município maior, a cobertura

não ficava boa... então essa ideia de região, a gente não podia ali decidir ou só por

município ou só, a gente tinha que entrar no meio termo... a gente conseguia, sempre

conseguia chegar num termo que ficava bom para a região, para os municípios,

então foi bem participativo.

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l B03-2 Começamos a construir os indicadores, que aí foi muito complicado e

muito difícil... veio os indicadores universais, estaduais, então aí a gente tinha que

trabalhar com aquele parâmetro, mas tinha município que não tinha indicador, não

tinha série histórica de SIH e SIA, que é o mais complicado, aí a gente tinha que estar

pegando os dados na SESA, dados diretamente no controle e avaliação da SESA, e foi

assim muito difícil a gente construir indicador de um município e não construir do

outro, e para a gente pactuar a gente teria que botar os dos seis municípios, mais

isolado e para depois fazer a média, aí nós passamos quase três meses para fazer isso

aí.

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B03-3 Tudo o que tinha no SISPACTO foi passado para o COAP, e aí houve

algumas mudanças, talvez umas continuaram do mesmo jeito... eles vinham aqui

discutir o que era possível fazer lá... “não podemos reduzir a 80% a mortalidade

materna porque o comitê de mortalidade de mortalidade materna não funciona, e tem

a discussão “mas não funciona por que?”, aí chegava-se num patamar, percentual,

cada município, como ele é autônomo, dizia “eu posso cumprir isso aqui”, o ministério

dizia “não, mas tem que ser mais de 50%”, “mas eu não posso pactuar mais de 50%

eu não vou atingir a meta”, como era anual, três anos, no primeiro ano 70%, no

segundo ano 60%, no terceiro ano 50%, e aí fazia a sua pactuação e a gente trazia e

homologava desta forma.

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o B03-4 Às vezes a gente fazia reunião só com o município para discutir só as

suas questões, depois de resolvido aquele problema no município, nós trazíamos

sempre para a participação na CIR... então nada do que foi feito dentro do COAP, não

teve uma coisa unilateral ou somente dos municípios, ou somente da regional, tudo

foi disponibilizado de forma que os municípios participassem ativamente

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B03-5 Na época a gente levou alguns indicadores e na própria CIR eles

sugeriram que a gente tirasse, então assim, foi bem participativo...

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B04-1 ...você ter o diagnóstico preciso dos recursos humanos, quantos

profissionais do Estado foram descentralizados, em cada município... você ter uma

visão epidemiológica clara de cada região de saúde... Tipo mortalidade infantil,

mortalidade materna, tipo de doença... Você tinha isso de forma dispersa... estava aí

no sistema de informação, mas não tinha se debruçado sobre isso, não tinha juntado

isso, de ter um diagnóstico de todos os serviços de saúde, inclusive da rede privada...

tinha essas informações dispersas, nós tivemos a oportunidade de olhar para isso, e

concentrar isso, ter um diagnóstico claro, de conhecer cada região de forma mais

aprofundada, de estabelecer perspectiva epidemiológica em cada região dessa, de

poder monitorar isso...

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B04-2 Foi feito esse processo lá nos municípios, reuniões que foram feitas

dentro do município com as comunidades, com coordenador dos agentes comunitários

de saúde, então essas pessoas começaram a identificar outros problemas, outras

questões, outras demandas que talvez elas estivessem assim um pouco apagadas, e

tudo isso aí veio à tona, então epidemiologicamente acho que foi muito válido, e muito

favorável fazer isso porque houve uma construção da base, e não, essa construção ela

veio subindo até chegar no processo de pactuação que é a mais importante.

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B04-3 Acho que o ganho foi exatamente, mais uma vez, a gente evidenciar de

uma forma conjunta, de uma forma articulada entre os próprios secretários, entre

os técnicos envolvidos a identificação dos nossos problemas...

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B04-4 Como eu trabalho agora no município, eu sei que a gente tem aprovado

e que está construindo já novos PSFs, então já é por conta da meta que a gente

pactuou, que a gente deveria fazer oito PSFs, aí como teve a nível de fundo nacional

de saúde, teve para cadastrar projetos para vir recursos para construir as equipes de

saúde da família, aí o município cadastrou nove e foi contemplado os nove, e para

melhorar também teve reforma e ampliação, aí de reforma a gente está para reformar

32 PSFs e está para ampliar 13 PSFs já para tentar melhorar a questão dos

indicadores de saúde que foram amarrados no COAP.

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B04-5 Assim, embora hoje a gente tenha essa quebra por conta do período

eleitoral, ele mudou assim a visão, embora cada prefeito, cada secretário tenha para

si, ele mudou essa ideia de região, assim, de a gente ouvir alguns secretários dizerem

assim “não minha gente, a gente tem que resolver tudo na região da gente”...

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B05-1 A primeira reunião que houve lá em Fortaleza já a doutora fez a

apresentação na forma de Power Point, todo mundo olhando e sem entender muita

coisa e vai substituir, vai mudar, vai ter que ser feito, vai ter isso aqui, e é obrigado, é

necessário, e tem que ser assim e tal, e aí ficou todo mundo assim, apavorado... A

partir daí, nós voltamos para os nossos municípios e começamos um novo processo,

que foi o de trazer os municípios para a regional... nós começamos a passar da mesma

forma como nós recebemos, e eles tomaram um novo trauma... todo mundo ficou

aperreado porque tinha prazos, tinha datas, tinha que fazer isso e tinha que fazer

aquilo...

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B05-2 O processo se deu de uma forma muito verticalizada... a discussão é

pouca, a rapidez... tem horas que a própria discussão ela é deixada de lado, e você se

sente um aluno de alfabetização a preencher planilhas... aí depois as técnicas da

regional falam assim que “não, façam esse conserto assim”, quer dizer, aí a gente não

vivencia, não externa muito a nossa realidade, tem que ser desse jeito, tem que ser

dessa forma e por aí vai..

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al B05-3 ...finalmente nós estamos unificando, pacto, SUS, relatório de gestão,

programação, PPI, PDR, finalmente a gente conseguiu unificar em um documento

único... nós temos impressos. Mas nós falhamos, nós atropelamos pela questão do

tempo, nós deveríamos, se a gente fosse esperar que o município construísse seu

próprio COAP, nós não conseguiríamos fechar, então em algum momento, quem

construiu o COAP dos municípios fomos nós.

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B05-4 As cobranças, reunião a cada vinte dias, a gente era chamado para

Fortaleza para a reunião “olha, mudou isso”, aí a gente estava começando a fazer uma

coisa e “não, ah mudou tudo, não é dessa forma”, aí volta tudo junto com os

municípios, refaz as informações, como é que começa a trabalhar e um mês depois,

olha, mudou de novo, então houve várias mudanças, talvez isso aí tenha dado esse

toque de traumatismo, isso para mim me surpreendeu bastante, porque eu não tinha

trabalhado sob pressão dessa forma...

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io B05-5 Tinha uma dificuldade grande tanto dos secretários como dos

técnicoss em sair porque era um período de eleições, a gente tinha que também focar

nas eleições municipais e este foi um dos pontos que a gente sentiu dificuldade no ano

passado.

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B05-6 Nós tínhamos uma agenda de compromisso, nós tínhamos nos

comprometido com o governador do Estado, com o ministro, presidente da APRECE,

do cumprimento deste cronograma até por causa das eleições para prefeito... Hoje eu

vejo que não é assim, tem que envolver as áreas com responsabilidade, só para ter

uma ideia hoje a área de vigilância em saúde é a área responsável pela programação

regional de vigilância em saúde, eu já não entro mais, mas eu entrei no planejamento

de quais seriam os instrumentos que a vigilância iria utilizar... mas fiz questão de

recuar para que as áreas da Secretaria, que tem responsabilidade institucional, fossem

responsáveis por dar apoio às equipes dos colegiados intergestores regionais e às

nossas coordenadorias... C

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B05-7 ...essa também é uma dificuldade concreta do ministério, o staff do

ministério da saúde, as áreas técnicas específicas do ministério da saúde... não têm

tempo de construção coletiva, eles não estão juntos... nós tivemos um respeito de

compreender de que muitas das questões levantadas por eles eram questões que

precisavam ser vistas, eles não levantavam nada que a gente considerasse que não

era necessário, não era apropriado, não era coerente, e só ficamos questionando o

momento da entrada deles nesse processo, que aí o ministério tem que corrigir esse

passo que não está corrigindo agora também pelo aditivo, e vai, e o tema aditivo vai

ser a mesma coisa, eles vão entrar quando nós já finalizamos o processo, e aí isso é

o que causa uma certa inquietação e insatisfação nas pessoas que estão construindo

este processo, que não tiveram oportunidade, inclusive, de obter informação no

momento necessário. Mas nós consideramos que é necessária essa análise pelas áreas

do ministério... nós queremos só que eles tivessem participação em momentos

oportunos, que a gente não tivesse que finalizar um processo para eles analisarem

porque a gente está num planejamento dessa forma normativa, quer dizer, a gente

faz tudo, uma construção estratégica, de repente ele passa a ter uma condução pelo

ministério puramente normativa, como se eles não vivenciassem a realidade e

intervissem nessa realidade.

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B05-8 Tem a secretaria de gestão estratégica e participativa que é quem

realmente puxa a questão do COAP, o Decreto 7508, e o que a gente entende é que

não há uma comunicação e uma identificação das outras secretarias do ministério da

saúde com o decreto, com o COAP, entendeu? Às vezes até transparecendo entre eles

uma divergência interna... muitas vezes a gente ia para reuniões internas dentro do

ministério e tinha os outros setores lá do próprio ministério em que os técnicos

chegavam para debater, conversar com a gente e às vezes nem sabia o que é que

estava dizendo, que a gente às vezes ficava perplexo olhando assim, e tal, que eles

mesmos não acreditavam com relação ao COAP.

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B05-9 Considerem que essa situação ela não está totalmente resolvida, eu

acho que ainda existe distanciamento da SAS em relação a questão deste processo...

as pessoas que estão no Ministério a frente desse processo de rede de atenção, na

sua grande maioria, desconhecem o COAP como instrumento. Se ele desconhece o

COAP como instrumento, é claro que ele estabelece na sua base de normatização

operativa... outros instrumentos inclusive que não são compatíveis com a estrutura

de um COAP... você imagina cada rede com o seu marco logico, você ter seus planos

de ação regional e incorporar na sua totalidade dentro do COAP, as salas têm que

sentar para poder identificar o que é que destes planos de ação regional deverá vir

para o compor a estrutura de responsabilidade executiva do COAP. Essa é uma

dificuldade concreta em termos da questão operacional.

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B05-10 ...eu sinto muita falta da SAS neste processo... a gente não sabe a

avaliação da SAS... A fala da SAS como recomendação é que o Estado utilize, faça uma

nova programação pactuada integrada de assistência utilizando o instrumento

informatizado do ministério, que o nosso sistema não era do ministério... não se escuta

em nenhum evento da SAS se falar em COAP...

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B06-1 ...a gente lamentou essa questão da época politica porque quebrou

totalmente o trabalho, a continuidade do trabalho, talvez assim, se não tivesse sido

na época da eleição... Pois é, aí depois de dezembro quando os novos prefeitos, porque

a gente ainda teve uma particularidade, dos seis municípios da nossa região, quatro

prefeitos mudaram, então assim foi uma avalanche de mudança, porque mudou

prefeito, mudou secretário, teve município nosso que a equipe técnica não ficou

ninguém, então aquele município começou a trabalhar praticamente do zero, e alguns

assim, alguns técnicos também inexperientes, então foi bem trabalhoso e eu lhe digo

com toda sinceridade, ainda hoje a gente sente dificuldade.

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B06-2 Foi feito o monitoramento de agosto a dezembro de 2012, a gente já

está em julho, já era para a gente estar com o monitoramento do primeiro trimestre

direitinho, analisado, e ainda não conseguimos executar. Então assim, é uma coisa

bem complicada porque alguns municípios... o nível dos técnicos ele é um pouco assim,

não é o grupo que trabalhou na construção do COAP... equipe técnica que não sabia

nem o que era COAP... os técnicos novos chegando na secretaria e uma imensidão de

coisas para fazer, assim, quem não participou do processo acaba dando menos

importância... a gente lamentou essa questão da época politica porque quebrou

totalmente o trabalho... eu não sei se por conta da grande quantidade de informações,

de atividades, porque trabalhar hoje na secretaria também não é muito fácil, tem

muita atividade, tem muita Portaria, tem muita rede para ser construída...

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B06-3 O COAP ficou um pouco apagado em detrimento dos outros

programas que são programas mais emergentes, e o COAP está lá, está lá caladinho

e tal... O ministério, eu acho, que precisa puxar essas coisas, fazer seminários para ver

como é que está, uma avaliação de forma geral, e essa avaliação tem que ser pública,

para que nós atores que participamos da construção e estamos aqui agora, quer dizer,

foi só aquilo ali, a nossa importância foi só na construção daquilo ali? E na execução?

Como é que está sendo? Pelo menos para a gente saber o que foi feito, para a gente

sentir, é bom a gente produzir alguma coisa e a gente saber que aquilo que você

produz está tendo efeito, está surtindo algum efeito.

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B06-4 Aí agora o COAP, as regionais receberam os apoiadores institucionais

do ministério do Ceará e aí esses apoiadores tomam conta hoje assim, a gente

colabora quando tem alguma necessidade maior, mas quem está fazendo o

monitoramento são os apoiadores... Ela entrou como apoiadora e deu uma ajuda

enorme, mas é aquela estória, ela é uma apoiadora, ela não vem só com esta função

do COAP, ela vem com a função de acompanhar as redes, outras estratégias, e assim

a gente tem sentido uma dificuldade muito grande sem o assessor... talvez se a gente

estivesse com o assessor, o COAP até talvez estivesse mais fortalecido na nossa região

porque ele ia ter uma pessoa para estar trabalhando em cima disso com os municípios,

mas a nossa realidade é bem diferente, é uma pessoa para cada dez coisas e aí a gente

fica sobrecarregado e fica tendo que dar resposta as coisas que a SESA pede.

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B06-5...as pessoas estão trabalhando o termo aditivo, só que o tempo do

Ministério da Saúde para olhar para nós está muito pequeno, em função de que todo

o Ministério da Saúde está no Mais Médico, aí o que acontece? Os gestores na CIR

não estão querendo concluir, eles estão corretos, concluir essa pactuação do tema

aditivo sem que o Ministério da Saúde e o Estado sentem na mesa com o Município

para dizer quais as ações, das ações propostas quais é que vão de fato ser

incorporadas com responsabilidade dentro do termo aditivo...

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C01-1 Numa forma bem pactuada entre COSEMS, Ministério, no caso a SGEP,

e a Secretaria do Estado, surgiu uma opinião vinda da Secretaria de Saúde do Estado

capitaneada pelo coordenador das regionais, o doutor Policarpo e pela doutora Vera

Coelho, e ao mesmo tempo já confirmado pelo doutor Odorico que a Regional seria o

local mais importante. Na região todos têm uma participação igualitária, não ficaria

nenhum município fora da região, é um terreno neutro, e com uma mão-de-obra

especializada porque os coordenadores regionais, eles têm uma capacitação muito

grande, eles têm uma força de trabalho e eles são muito preparados para exercerem

a condição de ser coordenador regional, já acompanham muito essa parte de portaria,

de legislação, então eles têm uma preparação muito boa, contando, sem esquecer

também com a supervisão e a ajuda importantíssima da doutora Vera Coelho e do

doutor Policarpo.

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C01-2 A gente tem a coordenadora da regulação que é muito boa nessa área,

então não teve problema porque ela já é conhecedora desses indicadores, dessa

questão hospitalar, a central de regulação trabalha muito com essa questão...

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C01-3 Essa seleção foi no início do governo Cid Gomes há seis anos atrás, então

ele resolveu que os coordenadores regionais seriam escolhidos por uma seleção

pública, então as pessoas se inscreviam e enfim, acompanhados de uma formação em

gestão, então esse pessoal de seis anos atrás vêm amadurecendo, muitos fizeram

mestrados, muitos doutorados, e é essa cabeça das regionais, formam uma estrutura

técnica boa.

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C02-1 Toda politica que vai ser implantada no Estado do Ceará, os municípios

só dão um passo a frente quando o COSEMS dá o posicionamento, isso ao longo do

tempo... lança-se uma Portaria aqui para criação de CAPS AD, então os municípios eles

ficam muito temerosos em aderir àquela politica porque não sabem quanto é que vai

custar um CAPS AD... então o que é que o COSEMS faz? A gente faz um estudo regional

para saber quanto é que vai custar aquele serviço na região norte... então isso é feito

geralmente com a nossa consulta... Então lança-se uma politica nova hoje, como é

que essa politica vai ser inserida no COAP, por exemplo? A gente já tem nas regiões de

saúde as potencialidades de cada município, leva-se para a CIR regional, é feito o

estudo lá entre os secretários, os técnicos estaduais, com o apoio nosso técnico lá, e

aí o gestor municipal vai decidir se ele quer implantar aquela estratégia ou não, e aí é

incorporado dentro dos anexos do COAP, que a gente chama, os aditivos do COAP, que

vai sendo remodelado conforme o tempo vai passando.

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C02-2 Essa mobilização dos prefeitos não é grande... é uma mobilização

muito desconfiada, muito arredia, ou seja, os prefeitos estão muito cansados do SUS...

o Estado contribuiu com 23% em média nos municípios... eu acredito que mais agora,

deve estar 25%, ou 26%, o financiamento do ministério para qualquer programa é um

terço, tem outros programas que é insignificante, do combate as endemias, fica tudo

nas costas do município, então essa mobilização dos prefeitos é uma mobilização

relativa... acho que o setor saúde foi o que se mobilizou mais, o COSEMS deu respaldo

também, e a figura do Odorico e do apoio do governador, enfim, acho que isso daí

somou muito para a gente, mas não é uma coisa feita, nós entendemos também que

isso aí é um processo.

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C02-3 E a gente (COSEMS) acompanhava, cada CIR regional, até tinha o

desenho das CIRs, nossos técnicos iam... Às vezes a CIR não precisava do COSEMS,

estava tecnicamente bem trabalhada, mas tinha outras que tinha que estar lá para

poder dar um suporte, com os técnicos do Estado, sempre trabalhávamos junto com

os técnicos do Estado e do Ministério também, sempre tinha os apoiadores do

ministério, apoiador do COAP que ia junto com a gente também direto. Então era um

trabalho tripartite, era município, Estado e Ministério, a gente sempre estava

trabalhando junto, mas a força maior era do Estado.

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C03-1 Hoje todos os prefeitos, com certeza, têm mais consciência do que é o

SUS, o que é essa parte de custos... aqui no Ceará nós evoluímos com relação a

consórcios, e esses consórcios são regionais, impulsionou que eles estudassem e

tivessem mais informação com relação ao funcionamento do SUS... que o serviço

tinha que ser garantido para a região como um todo, que eles tinham que se

consorciar, então foi uma forma deles “não, se tem um serviço que está faltando na

minha região eu vou implantar no meu município”, antes o pensamento era “se quiser,

que implante lá no município dele para atender a população dele”, e com a criação

dos consórcios que foram impulsionados pelo Estado do Ceará, com a abertura de

policlínicas, dos CEOs regionais, isso passou a ser uma dinâmica que fez todo um

aprendizado para os gestores municipais.

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C03-2 Pelo consórcio, foi pactuado com os municípios, eles estudaram a rota

e a demanda... é claro que não vai contemplar 100% dos nossos anseios... o consórcio,

vendo a dificuldade dos municípios, pelo menos agora no começo de gestão, notou

que estava havendo um absenteísmo com relação aos atendimentos, e o que foi

detectado? Foi detectado que era falta de transporte regular, e aí foi lançada a

proposta, os municípios encamparam, o consorcio adquiriu carros e está fazendo o

transporte.

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C03-3 Os prefeitos infelizmente não tinham nem sequer um conhecimento do

que era o COAP e por sua vez os secretários de saúde também não informaram aos

seus gestores, prefeitos, o que era esse processo. Então eles ficavam sem saber, se

falava o que é COAP? Ninguém sabe o que é, então pro prefeito só se dizia o seguinte

“a responsabilidade é do prefeito”, a partir de agora, assinou, é responsável, e eles

ficaram com um certo receio, é tanto que muitas vezes para colher assinatura deste

prefeito a gente teve que ir na casa dele...

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C04-1 Todo o estudo foi feito pelos secretários de saúde e pelos técnicos, até

porque ninguém domina tudo, nós temos que ter confiança nos nossos técnicos... En

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C05-1 E houve também envolvimento de algumas secretarias quando havia

necessidade, quando não, o envolvimento maior foi da área da saúde. Ação Social,

Educação, basicamente, e Infraestrutura que aí entra obras e serviços e tem o

saneamento. Então essas três secretarias, em poucas ocasiões, duas ou três ocasiões,

a gente teve nos municípios como fazer reunião com eles, então o secretário de

infraestrutura vinha para sugerir alguma coisa, alguma obra, de saneamento, alguma

coisa desse tipo, a secretaria de educação na questão do envolvimento da própria

divulgação, e a outra secretaria, ação social porque envolve a questão social,

distribuição de alguns produtos, passa pela secretaria de ação social, antigamente, eu

não sei se ainda está acontecendo, mas próteses, cadeiras de rodas, óculos, essas

coisas todas eram entregues pela ação social...

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C05-2 A gente teve que trabalhar com os hospitais porque alguns indicadores

no município não teve como obter a informação, e lá no hospital tinha como obter a

informação, mas, por exemplo, trabalhar com a Secretaria de Educação, de

Agricultura, não, não foi trabalhado não, foi trabalhado mais assim a nível de saúde

mesmo...

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C06-1 Também, fizemos fóruns com os conselheiros municipais de saúde,

fizemos reuniões no Estado, esse processo todinho, falando nisso o conselho estadual

de saúde esteve presente, desde o início da construção dos nossos fóruns regionais

o presidente do conselho estadual de saúde já estava presente. Nós debatemos

muito isso dentro do conselho estadual de saúde também, o conselho desde o

princípio, desde o primeiro momento aqui ele participou com a gente, debatendo,

tirando dúvidas, até porque ele precisa também estar debatendo junto com os

conselhos municipais

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C06-2 Houve algumas repercussões, alguns presidentes de conselho

municipal de saúde vinham e falavam, reclamavam que não estavam participando.

E como isso aí é uma construção seletiva, na construção seletiva você não pode deixar

de fora um conselho municipal de saúde. .. Então eu acredito que em alguns momentos

os conselhos não tiveram a participação.

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69

ANEXO 2 – LISTA ENTREVISTADOS

70

Quadro Entrevistados –

Ceará

José Rogério Gonçalves

Geórgia Xavier

Fátima Vasquez

Nizete Sampaio

Francisco Plácido Basílio

Fernando Fernandes

Ângelo Nobrega

Wilames Freire

Policarpo Barbosa

Vera Coelho

71

ANEXO 3 – QUADRO DE PRIORIDADES NOS

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO DO CEARÁ

72

Quadro contendo as prioridades levantadas nos instrumentos de

planejamento do estado do Ceará – Plano Municipal de Saúde de Juazeiro do Norte,

Plano Plurianual de Juazeiro do Norte, Plano Estadual de Saúde do Ceará e Contrato

Organizativo da Ação Pública da Região de Juazeiro do Norte.

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Falta de material educativo*

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Mídia local tendenciosa x

Influência negativa da mídia através de maus exemplos,

propaganda de medicamentos, mau uso da internet x

Analfabetismo/evasão escolar x

Falta de conhecimento da população dos direitos e

deveres x

Falta de conhecimento dos usuários do SUS x

Prática de automedicação x

Desnutrição e/ou falta de educação alimentar x

Higiene corporal inadequada x

Sedentarismo x

Construções inadequadas – risco de desabamento, favelas x

Desmatamento, queimadas e poluição ambiental x

Deficiência na educação ambiental e sanitária x

Poluição sonora, ambiental, visual x

Uso inadequado dos solos x

Sistema de abastecimento de água insatisfatório – CAGECE x

Falta de local para o destino do lixo (aterro sanitário) e lixo

hospitalar x

Limpeza pública deficiente x

Poluição do rio Salgado x

73

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Depósitos de reciclagem clandestinos x

Falta de coleta seletiva do lixo x

Saneamento básico – esgoto e fossa a céu aberto x

Segurança pública insatisfatória x

Delegacia da Mulher – falta de estrutura e funcionamento

adequados x

Alcoolismo e outras drogas licitas e ilícitas x

DERT – funcionamento inadequado x

Fábricas – poluição, destino do lixo, risco de doenças

ocupacionais, falta de preocupação com a saúde do trabalhador x

Corpo de Bombeiros e outros órgãos públicos -

equipamento x

Matadouro Público Municipal x

Rede de alta tensão, mal distribuída x

Capacitação dos profissionais com os temas voltados às

necessidades locais x

Secretaria de Meio Ambiente x

Falta de apoio das autoridades competentes x

Falta de estrutura urbana adequada para idosos e

deficientes x

Falta de integração e interesse entre as Secretarias

Municipais x

Planejamento urbano com crescimento desordenado,

comércio ocupando as calçadas e ruas x

Falta de politica habitacional x

Licitação pública demorada x

74

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Distritos sanitários não estão distribuídos de acordo com

as subprefeituras x

Falta de informação da população (onde procurar soluções

para os problemas) x

Mercado Central – falta de higiene e estrutura x

Iluminação publica deficiente – incita a violência x

Crianças nas ruas – drogas, marginalização x

Prostituição infantil x

Planejamento familiar – falta de orientação para o controle

de natalidade x

Grandes eventos públicos – aumento do numero de

acidentes, gravidez indesejada x

Programa de orientação aos pais e mestres quanto ao uso

de drogas e violência x

Tabagismo, drogas e alcoolismo x

Má distribuição de renda x

Desemprego x

Drogas lícitas e ilícitas – falta de programas de combate às

drogas x

Exploração dos idosos e deficientes – desvio das

aposentadorias, famílias que os botam para pedir esmolas x

Participação popular x

Falta de qualidade de vida x

Falta de valorização dos profissionais do ensino (pessoal e

profissional) x

Favelas x

75

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Indigentes e mendigos – pessoas que moram nas ruas

funcionam como vetores x

Marginalização x

Omissão da comunidade x

Pessoas morando no lixão x

População flutuante – falta de planejamento para as

romarias, falta de estrutura para receber os romeiros, romeiros

que vem doentes buscando a cura, idosos que mudam sua rotina

e deixam de tomar seus medicamentos no período das viagens

x

Prostituição – DST, incentivo à pedofilia e à violência x

Exploração infantil (trabalho e prostituição) x

Violência domestica – mulheres, crianças e adolescentes x

Bares – incentivo ao uso indiscriminado do álcool,

violência, venda de álcool a crianças e adolescentes (há uma

aceitação social ao consumo por menores), pontos de drogas

x

Fome – catadores do lixão x

Políticas de educação no transito (uso de capacete,

transporte de crianças em motos, etc) x

Transporte alternativo desregrado e perigoso x

Manutenção das vias e dos carros públicos x

Trânsito desordenado, grande número de acidentes com

motoqueiros, imprudência dos motoristas, falta de educação no

trânsito (acarreta altos gastos para a saúde)

x

Transporte coletivo – insuficiente para a demanda x

Transporte coletivo estudantil inadequado x

Motorista irregular – menores dirigindo x

76

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Terrenos baldios x

Agrotóxicos – uso nas lavouras e poluição do solo x

Criação de animais na zona urbana – currais e criação de

suínos x

Fiscalização dos vendedores ambulantes x

Higiene nos mercados públicos x

Animais nas ruas – transmissão de doenças, risco de

acidentes x

Atendimentos às pequenas urgências no PSF** x

CAPS I x

Central de marcação de consulta x

Baixa cobertura de equipes do PSF x

Cirurgias eletivas x

Leitos hospitalares x

Limpeza e manutenção nas USF (mecânica, hidráulica,

elétrica) x

Demora exaustiva na marcação e recebimento de exames x

Descaso quanto à marcação x

Falta de medicamentos, de insumos, de vacinas, de

aparelhos de aerossol nos postos x

Falta de um centro de referencia para encaminhamento de

pacientes hipertensos e diabéticos x

SAME x

Precariedade no fornecimento de materiais e

instrumentais odontológicos x

Padronização no atendimento nos PSFs x

77

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

PSF noturno x

Rede secundária x

Residência terapêutica x

Salas para escovação supervisionada e de insumos x

SAMU x

Ausência de serviço de atendimento pré-hospitalar x

Saúde mental x

Falta de banco de leite humano x

Fragmentação dos serviços de saúde – distribuição

qualitativa e quantitativa dos serviços (o paciente não tem um

tratamento integral em nenhuma unidade)

x

Centro de zoonoses x

Vigilância sanitária – falta de estrutura e de recursos,

inclusive humanos – faltam visitas a salões de beleza, mercados,

supermercados, lanchonetes, etc, que acabam funcionando

inadequadamente, acarretando riscos à saúde da população

x

Ação social nos bairros – deficiente x

Ações educativas para a comunidade – denuncias da saúde

não devem ser anônimas x

Aconselhamento pré e pós-teste HIV – deficiente x

Deficiência de comunicação entre os setores da secretaria

de saúde x

Linha telefônica gratuita para informação da saúde x

Centro de nutrição – falta x

Sistema de referencia e contra referencia x

Autonomia das coordenações x

78

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Burocracia – comunicação intersetorial e entre

profissionais e Secretaria (sistema de saúde) x

Capacitação dos profissionais e funcionários da Secretaria

de Saúde x

Descentralização dos recursos financeiros x

Infraestrutura da Secretaria de Saúde, Conselho Municipal

e para os serviços nas UBS (ESF, NASF) x

Insalubridade x

Integração entre as secretarias x

Falta de transporte para as ESF e NASF x

Frota de transporte insuficiente (serviço e ambulância) x

Plano de cargo, carreira e vencimentos x

Humanização no atendimento médico x

Prestação de contas com a população de forma mais

acessível x

Salas de situação na secretaria x

Segurança na UBS x

Solução de continuidade das informações nas mudanças

de gestão x

Ambulâncias x

Armazenamento de equipamentos e medicamentos

hospitalares x

Manutenção das USF – insumos, instrumentos, material de

expediente, EPIs x

Estrutura e equipamentos na Secretaria Municipal de

Saúde x

79

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Estrutura física nas USF de número de profissionais nas ESF x

Exames complementares x

Fiscalização dos profissionais da saúde x

Horário de atendimento nas unidades de saúde x

Falta de manutenção dos carros da Secretaria x

Falta de resolutividade no PSF x

Planejamento das ações de saúde x

Falta de compromisso e humanização dos profissionais e

funcionários da Secretaria de Saúde x

Curso introdutório para as ESF x

Estrutura física e equipamento da ouvidoria x

Farmácia Viva x

Informatização nas UBS x

Melhoria da infraestrutura das USF***

PP

A

x

Aquisição de equipamentos permanentes, insumos e

impressos para USF e NASF x

Desenvolvimento de mecanismos de controle e avaliação

dos indicadores da Atenção Básica

Estruturação do serviço de informação, visando o

acompanhamento continuo dos dados da AB

Ampliação da cobertura da ESF x

Qualificação do PACS

Diminuição da mortalidade infantil e neonatal

Realização de ações de prevenção, promoção e

recuperação da saúde de crianças e adolescentes

80

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Ampliação e melhoria da qualidade dos serviços na Área de

Saúde Reprodutiva e Sexual

Melhoria da qualidade do acompanhamento do pré-natal,

da assistência ao parto e puerpério e da assistência neonatal

Implantação do Programa Municipal do Controle do

Câncer de Mama e de Colo Uterino

Efetivação e descentralização das ações de Tuberculose e

Hanseníase para as USF

Promoção da atenção integral aos pacientes com doenças

crônicas

Desenvolvimento de ações de prevenção e controle desses

agravos, com ênfase ao Diabetes Mellitus e à Hipertensão Arterial x

Promoção da atenção integral ao homem e às pessoas

idosas visando o envelhecimento ativo e saudável

Atenção em saúde bucal efetiva e de qualidade na AB

Melhoria dos indicadores de saúde bucal do município e

redução do índice de cárie

Estabelecimento de serviço de referencia resolutivo x

Implantação de um serviço de urgência odontológica

efetivo

Realização de ações educativas em Saúde Bucal

Manutenção de estrutura de acolhimento e apoio aos

eventos públicos

Estruturação do setor de Alimentação e Nutrição na

Secretaria de Saúde x

81

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Implementação das ações em Vigilância Alimentar e

Nutricional

Inserção da categoria Nutricionista ao NASF

Implementação da politica de saúde mental do município x

Consolidação de projetos intersetoriais na rede de saúde

mental x

Estruturação do Centro de Dermatologia Sanitária e

Doenças Infecciosas e aquisição de equipamentos

Qualificação dos profissionais de saúde e apoio à AB

Atenção integral e humanizada aos pacientes

Qualificação dos profissionais de saúde sobre Saúde do

Trabalhador

Ampliação das ações do CEREST

Implantação da Rede Sentinela

Realização de ações de melhoria estrutural no HMGTRJ

Aquisição e manutenção de equipamentos

Qualificação dos profissionais e otimização do quadro

funcional

Estruturação da rede secundária – SAME e Centro de Saúde

Reprodutiva Mário Malzoni x

Qualificação dos profissionais x

Implantação do sistema de referencia e contra referencia x

Adequação, reforma e ampliação do HIMABEM (H Infantil)

Normatização dos procedimentos e rotinas de trabalho

Aquisição de equipamentos e mobiliários

82

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Adequação, ampliação e reforma do Hospital Municipal

São Lucas

Qualificação dos serviços prestados no HMSL e adesão à

política municipal de humanização x

Ampliação da política de apoio à pessoa com necessidades

especiais

Reestruturação e reorganização da atenção ambulatorial e

do atendimento de urgência e emergência

Participação dos consórcios públicos municipais

Estruturação e reforma dos laboratórios municipais

Integração dos setores do Departamento de Vigilância em

Saúde

Construir, equipar e mobiliar uma sede própria para o

Departamento de Vigilância à Saúde

Implantar uma Sala de Situação e atualizá-la

trimestralmente

Analise e acompanhamento das informações

epidemiológicas

Divulgação de informações

Implantação do NVEH

Melhoria da qualidade das informações epidemiológicas

em nível hospitalar

Fortalecimento da resposta às doenças emergentes

Qualificação e monitoramento das ações dos agentes de

endemias

83

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Controle das doenças endêmicas Dengue, Doença de

Chagas e Leishmanioses

Implementação do setor de endemias

Estruturação do Departamento da Vigilância Sanitária e

Ambiental x

Implementação das ações da Vigilância Sanitária e

Ambiental x

Qualificação dos profissionais da Vigilância Sanitária

Prevenção e controle das doenças imunopreveníveis em

populações alvo

Qualificação dos profissionais da saúde da Rede Municipal

de Saúde acerca dos imunobiológicos

Ampliação da cobertura da captura dos animais no

município e qualificação das equipes de captura [de animais] x

Implantação do Projeto Posse Responsável x

Estruturação da Coordenação de DST/AIDS

Implementação das ações de prevenção das DST/HIV/AIDS

e Sífilis Congênita x

Reorganização da assistência às pessoas vivendo com

HIV/AIDS x

Estruturação do núcleo de educação em saúde

Desenvolvimento de ações educativas e qualificação dos

profissionais de saúde e CLS

Educação popular em saúde

Promoção de ações intersetoriais

84

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Criação do Comitê de combate a dengue no âmbito

municipal

Implementação das ações da Central de Assistência

Farmacêutica em todos os níveis de atenção

Estruturação adequada da CAF e farmácias municipais

Descentralização de serviços de marcação de consultas e

exames e da coleta de exames laboratoriais x

Aumento da oferta de procedimentos da Média e Alta

Complexidade

Garantia de referencia para as consultas especializadas x

Efetivação da Central de Regulação no serviço

especializado

Garantia da execução do TFD

Reestruturação do Departamento de Controle, Avaliação,

Regulação e Auditoria

Qualificação dos recursos humanos

Implementação do Programa de Concessão de Órteses e

Próteses

Realização de ações de auditagem na saúde, bem como

análise dos sistemas de informação, aplicação dos recursos e

denuncias

Implementação de ações de controle e avaliação

Integração e informatização da rede pública de saúde

Valorização dos servidores públicos da saúde

Qualificação dos servidores públicos de saúde

Implantação da Política de Humanização da Saúde x

85

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Estruturação e integração entre os Departamentos da

Secretaria Municipal de Saúde

Implantação, aprimoramento e valorização do Serviço de

Ouvidoria x

Estabelecimento de parcerias com instituições e sociedade

organizada

Articulação entre Ouvidoria e Conselho Municipal de Saúde

(CMS)

Oferta de serviço de transporte de qualidade x

Otimização do Setor de Transporte, com oferta de

melhores condições de trabalho x

Implementação das ações do CMS

Minimizar o impacto nocivo do trânsito sobre a população

de Juazeiro do Norte, através da diminuição do número de

acidentes e da poluição

x

Redução das doenças ambientais

Implementação dos projetos da saúde

Implantação de leitos de médio risco em neonatologia nos

hospitais-polo****

PES

x

Criação de incentivo estadual anual para custeio da

atenção primária via FECOP para que o novo Fundo Estadual de

Atenção Secundária à Saúde beneficie outros equipamentos de

saúde dos municípios, como Hospitais de Pequeno Porte – HPP,

Hospitais-Polo, Filantrópicos etc

86

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Defender a aprovação de regulamentação da Emenda 29,

apoiando financeiramente os municípios, na melhoria da

infraestrutura das equipes do PSF

x

Implantar o Programa “Jovem Educador em Saúde”

Universalizar o SAMU em todo Estado do Ceará, com a

implantação dos quatro Polos, qualificando as equipes do SAMU

e das UPAS em urgências psiquiátricas, desintoxicação e

abstinências, fortalecendo a melhoria do transporte para

tratamento fora do domicílio.

Implantação de leitos de UTI nas microrregiões de saúde

Construir Casas de Acolhimento e Cuidado aos

dependentes químicos de crack e outras drogas, com trinta leitos

cada. Seis Casas na capital e Casas no interior (uma por regional

de saúde) e apoiando e ampliando a rede CAPS AD, com

funcionamento 24h

x

Implantar Centros de Captação e Transplante de órgãos no

Cariri e Região Norte

Descentralizar e estruturar as Ouvidorias de Saúde x

Implantar a Central Estadual de Laudos à Distância

(Tecnologia PACS)

Redução da mortalidade infantil e materna*****

CO

AP

Implantar/implementar o Plano Nacional de Redução da

Transmissão Vertical do HIV e Sífilis

Realizar monitoramento da notificação dos casos de Sífilis

em gestantes com base nas estimativas de casos esperados

Aumentar a cobertura de testagem para Sífilis no Pré-Natal

87

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Aumentar a cobertura de tratamento adequado nas

gestantes com Sífilis

Notificar e investigar imediatamente os casos graves

[Sífilis] e óbitos suspeitos para identificação e correção dos seus

fatores determinantes

Examinar os contatos intradomiciliares dos casos novos de

hanseníase diagnosticados no ano da avaliação

Avaliar, no diagnostico, o grau de incapacidade física dos

casos novos de hanseníase

Avaliar o grau de incapacidade física dos casos curados de

hanseníase no ano de avaliação

Ampliar a realização de cultura para os casos de

retratamento de tuberculose (recidiva, reingresso após abandono

e falência de tratamento)

Encerrar oportunamente os casos novos de tuberculose no

SINANNET

Verificar a cobertura do tratamento supervisionado dos

casos novos pulmonares bacilíferos

Realizar busca de contatos de casos [tuberculose]

Notificar os casos suspeitos de hepatites virais no SINAN

Monitorar os caos notificados de hepatite B para

identificação imediata daqueles nos quais não foram coletadas

amostras sorológicas

Aumentar cobertura de testagem para o HIV no pré-natal

e parto

88

Prioridade/Meta Docum

ento Fonte

Plano

Municipal

Juazeiro

(2009-

13)

Ampliar a cobertura das ações de profilaxia da transmissão

vertical do HIV em gestantes/parturientes e em crianças expostas

Encerrar oportunamente as investigações das notificações

de agravos compulsórios registrados no SINAN

Monitorar a regularidade do envio de dados do SINAN

Intensificar a coleta das declarações de óbito - DO

Garantir o envio de dados do SIM com regularidade

Aprimorar a qualidade da classificação da causa básica de

óbito do SINAM

Investigar casos notificados de sarampo e rubéola em ate

48h

Encerrar os casos notificados de doenças exantemáticas

por critério laboratorial

Notificar e investigar casos humanos suspeitos de febre

amarela

Notificar e investigar epizootias de primatas não humanos

(PNH), equinos, aves e animais silvestres

Realizar diagnóstico laboratorial dos casos de meningite

bacteriana por meio das técnicas de cultura contra

imunoeletroforese e látex

* Retirado do quadro “ambiência externa – ameaça – Análise Swot” contido no Plano

Municipal de Juazeiro

** Retirado do quadro “ambiência interna – pontos fracos – Análise Swot” contido

no Plano Municipal de Juazeiro

*** Retirado das “diretrizes” contidas na PPA de Juazeiro

89

****Retirado das “Ações Priorizadas no Processo de Planejamento Participativo e

Regionalizado” para a Região de Juazeiro do Norte, contidas no Planos Estadual de Saúde do

estado do Ceará

*****Retirado do “Quadro sintese com a programação das açoes e metas de

vigilancia em saude e da atenção básica” para o municipio de Juazeiro do Norte, contido no

COAP da Região de Juazeiro do Norte