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ISSN 2237-2318 SAÚDE Revista Científica do Claretiano – Centro Universitário v. 4, n. 1, janeiro/junho 2014

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ISSN 2237-2318

SAÚDERevista Científica do Claretiano – Centro Universitário

v. 4, n. 1, janeiro/junho 2014

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Revista Científica do Claretiano – Centro Universitário

SAÚDE

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Reitoria / RectorateReitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor PivaPró-reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir BotteonPró-reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de AlmeidaPró-reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti

Conselho editorial / Publish CommitteProf.ª Ms. Beatriz Cardoso Lobato (USP)Prof. Dr. Bernardino Geraldo Alves Souto (UFSCar)Prof.ª Dra. Carolina Daniel de Lima-Alvarez (UFSCar)Prof. Dr. Daniel Ferreira Moreira Lobato (UNIFAL) Prof. Ms. Edson Donizette Verri (CLARETIANO; UNAERP) Prof.ª Dra. Eloisa Maria Gatti Regueiro (CLARETIANO; UNIFAFIBE) Prof.ª Dra. Érika da Silva Bronzi (CLARETIANO) Prof.ª Dra. Juliana Mazzonetto Teófilo (CLARETIANO; UNAERP) Prof.ª Dra. Kamilla Tays Marrara (UNICEP) Prof.ª Dra. Ligia Sousa (UNIFAL) Prof.ª Dra. Renata Pedrolongo Basso-Vanelli (UFSCar) Prof.ª Dra. Simone Cecília Hallak Regalo (USP)

Informações Gerais / General InformationPeriodicidade: AnualNúmero de páginas: 122 páginasNúmero de artigos: 7 artigos neste volumeMancha/Formato: 11,3 x 18 cm / 15 x 21 cm

Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores.

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Saúde Batatais v. 2 n. 1 p. 1-122 jun. 2014

ISSN 2237-6003

Revista Científica do Claretiano – Centro Universitário

SAÚDE

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© 2014 Ação Educacional Claretiana

Equipe editorial / Editorial teamEditora responsável: Prof.ª Dra. Eloisa Maria Gatti RegueiroEditor assistente: Prof. Rafael Menari Archanjo

Equipe técnica / Technical staffNormatização: Dandara Louise Vieira MatavelliRevisão: Felipe AleixoProjeto gráfico: Wagner Segato dos SantosCapa: Raphael Fantacini de Oliveira

Direitos autorais / CopyrightTodos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.

Permuta / ExchangeOs pedidos de permuta devem ser encaminhados à Biblioteca da Instituição:

Claretiano – Centro UniversitárioRua Dom Bosco, 466 – Castelo14300-000 – Batatais - SPTel. (16) 3660 [email protected]

Bibliotecária / LibrarianAna Carolina Guimarães – CRB-8/9344

610 S272 Saúde : revista científica do Claretiano - Centro Universitário – v.2, n.1 (jun. 2014) -. – Batatais, SP : Claretiano, 2014. 122 p. Anual. ISSN: 2237-6003 1. Saúde - Periódicos. I. Saúde : revista científica do Claretiano – Centro Universitário. CDD 610

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Sumário / Contents

Editorial / Editor’s note ............................................................ 7

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL PAPER

O papel do enfermeiro como educador familiar/cuidador de idosos no pós-operatório de artroplastia total de quadril ......... 9The nurse’s role as educator of the family / caregiver of the elderly in postoperative total hip arthroplasty

Capacidade funcional de mulheres da terceira idade participantes de um projeto de atividade física para melhor idade ........................................................................31Functional ability of elderly women participating in the project: Physical activity for seniors

Participação de crianças com paralisia cerebral nas habilidades funcionais e impacto na qualidade de vida de seus cuidadores ...............................................................49Participation of cerebral palsy children on functional abilities and its impact on their caregivers´ quality of life

Benefícios da terapia assistida por animais no desenvolvimento motor de crianças com Síndrome de Down .................................. 67Benefits of the animal assisted therapy on motor development in children with Down Syndrome

Avaliação da função manual de pianistas .................................. 83Pianists’ hand function assessment

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REVISÃO DA LITERATURA / LITERATURE REVIEW

Efeito do exercício resistido em idosos: revisão da literatura ...... 91Effect of resistance training in elderly: literature review

Efeitos sistêmicos da reabilitação cardíaca intra-hospitalar em pacientes após síndrome coronariana aguda: revisão da literatura ..................................................................................... 105Systemic effects of intra hospital cardiac rehabilitation in patients after acute coronary syndrome: literature review

Política Editorial / Editorial Policy .......................................... 117

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Saúde, Batatais, v. 2, n. 1, p. 7-8, jun. 2014

Editorial / Editor’s note

A Revista Saúde do Claretiano – Centro Universitário co-meçou a ser publicada em 2012, com o objetivo de incentivar o corpo discente à iniciação científica e à extensão. Desde então, o periódico vem se constituindo como um dos meios de divulgação dos resultados das pesquisas desenvolvidas pelos alunos desta e de outras instituições, não apenas nos cursos de Graduação, como também, nos cursos de Pós-graduação, socializando experiências necessárias à formação de futuros pesquisadores e profissionais ha-bilitados a atuar em suas respectivas áreas na Saúde.

Nesta segunda edição, damos continuidade à promoção da interação entre os profissionais do campo da Saúde, possibilitando a aprendizagem e o compartilhamento de informações e experiên-cias, as discussões sobre novas abordagens técnicas e protocolos, bem como o desenvolvimento de um ambiente favorável a novas ideias e expectativas sobre futuros projetos integrados e parcerias dentro da equipe multiprofissional e interdisciplinar voltadas para essa área.

Neste volume, contamos com cinco artigos científicos e duas revisões de literatura abordando temas bastante relevantes, como o papel do cuidador, a importância da atividade física, a qualidade de vida, a terapia assistida por animais, a avaliação física, os exercí-cios e a reabilitação, sob o contexto da Enfermagem, da Educação Física e da Fisioterapia.

Tenham todos uma boa leitura!Prof.ª Dra. Eloisa Maria Gatti RegueiroEditora

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O papel do enfermeiro como educador familiar/cuidador de idosos no pós-operatório de artroplastia total de quadril

Bethânia Carolina Mussoline RIBEIRO1

Gláucia Costa DEGANI2

Resumo: A Artroplastia Total de Quadril (ATQ), quando prestado cuidado ade-quado com a prótese, possibilita que idosos com fraturas apresentem melhora da dor e disposição para realizar suas atividades cotidianas, fazendo necessárias orientações por parte do enfermeiro para a sua manutenção. O objetivo do estudo foi compreender o papel do enfermeiro como educador do familiar/cuidador de idosos no pós-operatório de ATQ. Tratou-se de pesquisa bibliográfica, com da-dos coletados no LILACS entre 2001 e 2011. Foram identificados 30 artigos, os quais foram classificados em três categorias: “Características da artroplastia de quadril em idosos e suas consequência”, “O enfermeiro como agente do plano de cuidados a serem prestados aos idosos e seus familiares/cuidadores” e “Perfil e principais dificuldades dos familiares/cuidadores de idosos e o papel do enfer-meiro”. Concluiu-se que o enfermeiro possui amplo e fundamental papel, pois a ele são incumbidas orientações acerca dos cuidados com manutenção da prótese e sobre como zelar pela saúde dos familiares/cuidadores.

Palavras-chave: Idoso. Cuidados de Enfermagem. Artroplastia Total do Quadril.

1 Bethânia Carolina Mussoline Ribeiro. Graduada em Enfermagem pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.2 Gláucia Costa Degani. Mestre em Ciências pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (USP). Enfermeira da Sala de Urgência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Docente no Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

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The nurse’s role as educator of the family/caregiver of the elderly in postoperative total hip arthroplasty

Bethânia Carolina Mussoline RIBEIROGláucia Costa DEGANI

Abstract: The Total Hip Arthroplasty (THA), when given proper care with the prosthesis, enables elderly fractures exhibit improvement in pain and willingness to perform their everyday activities, making necessary guidelines for the nurse to maintain the same. The aim of the study was to understand the role of the nurse as educator of family/caregiver of the elderly postoperative THA. It was literature, with data collected in LILACS, between 2001 and 2011. 30 articles were identified and classified into three categories: “Characteristics of hip arthroplasty in the elderly and its consequence, “The nurse as an agent of the plan of care to be provided to the elderly and their families/caregivers” and “Profile and main difficulties of family members / caregivers of the elderly and the role of the nurse”. We conclude that the nurse has broad and fundamental role, since it is up to the guidance on the care and maintenance of the prosthesis ensure the health of family members/caregivers.

Keywords: Elderly. Nursing Care. Total Hip Arthroplasty.

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1. INTRODUÇÃO

Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS, 2012) revelam que, no Brasil, na década de 19980, havia aproximadamente 7,2 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade e, em 2010, mais de 20,5 milhões já ultrapassa-vam os 60 anos de idade ou mais.

Com o envelhecimento, processo natural de mudança rela-cionada ao tempo, associado ao aumento da expectativa de vida, mais pessoas viverão para ser “mais velhas” e, provavelmente, manterão maior independência funcional e boa saúde. Consequên-cias negativas podem incidir na vida do adulto e de seus familiares necessitando providências para se promover saúde na velhice. Por exemplo, observa-se o crescente número de intervenções cirúrgicas nessa faixa etária. Em 1995, essa população era responsável por 38% das internações hospitalares; como causas, estão as doenças musculoesqueléticas (SMETZER; BARE, 2000).

Fonseca (2010), em estudo no setor de ortopedia de um hos-pital público no Estado do Rio de Janeiro, constatou que, em 2006, 60% dos clientes internados eram pessoas com mais de 60 anos com fratura de quadril devido a algum tipo de queda, submetidas à intervenção cirúrgica, sendo necessária a implantação de prótese de quadril com articulação artificial.

Para Rocha et al. (2010), as quedas em idosos são consi-deradas um importante problema de saúde pública devido à sua incidência, complicações e aos custos ao sistema de saúde, oca-sionando a perda de autonomia e da independência do idoso. Em pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Or-topedia (INTO) vinculado ao Ministério de Saúde, revelou-se que um percentual de 20,6% homens com idade entre 60 e 69 anos de idade tem osteoporose, ou seja, perda significativa de massa óssea, tornando-o mais propício a desenvolver algum tipo de fratura. No grupo com 70 a 79 anos, chega a 23,2% e, em grupos com 80 anos ou mais, chega a atingir 36,6%, onde foram observadas, em todos os casos, fraturas nas regiões da coluna lombar e do fêmur.

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O Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), em 2008, revelou que, entre as causas relevantes de morbidade e mortalidade dos idosos, está a fratura de quadril. As quedas, dentre as causas exter-nas, são responsáveis por 24% das mortes em idosos, enquanto no restante da população corresponde a 06%. Aproximadamente 30% dos idosos sofrem quedas todo ano e, em idosos acima de 80 anos, essa estimativa sobe para 40%. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, em 2008, houve um aumento de 8% no número de in-ternações por fraturas de quadril em relação a 2005, responsável por 32.908 internações hospitalares no SUS e a um custo total de R$58,6 milhões.

Dotada de autoestabilidade e com importante desempenho nas atividades de vida diária (AVD), a principal função da articu-lação do quadril é sustentar e locomover o homem, além de estar ativamente ligada na coluna e no joelho através da inserção dos músculos. A articulação do quadril forma um encaixe, em que a cabeça do fêmur está inserida na cavidade acetabular, envolta por músculos, nervos, cápsulas e fáscias que permitem amplos movi-mentos de adução e abdução, extensão e flexão, rotação externa e interna, além de ser altamente vascularizado (TASHIRO; MU-RAYAMA, 2001).

Ferreira (2010) diz que as fraturas de quadril já apresentavam grande desafio aos cirurgiões desde os tempos de Hipócrates, mas que foi na década de 1960 que o britânico Charnley revolucionou a história das artroplastias com estudos que objetivavam beneficiar os portadores de afecções osteoarticulares, no intuito de permitir um quadril livre de sintomas de anormalidades e o alívio da dor.

Em 1962, Charnley realizou a primeira cirurgia de artroplas-tia total do quadril (ATQ), caracterizada pela troca de ambas as superfícies articulares intracapsular articular. No caso do quadril, é feita a remodelagem de toda a cabeça do fêmur e parte do colo femoral e a remodelagem do acetábulo; logo após, é feita a esta-bilização dos componentes no osso através de cimentação ou sob pressão (TASHIRO; MURAYAMA, 2001).

As mesmas autoras dizem que a durabilidade de uma ATQ é prevista em média para 25 anos; sabe-se que a espessura da cápsula

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de polietileno é de 5mm² e que ela sofre um desgaste de 1mm² a cada 5 anos, mas está totalmente ligada à realização de atividade física e das condições do paciente, assim como a falta de cuidados, sobrecarga da articulação, posicionamento incorreto da prótese causando dor, e sinais de instabilidade podem reduzir esse tempo. O enfermeiro, ao desenvolver o plano de alta para o idoso e seu cui-dador, deve ter sempre em mente a preocupação com a longevidade e a manutenção da prótese, além de uma qualidade de vida melhor ao idoso.

2. OBJETIVO

Neste trabalho, tem-se o objetivo de entender o papel do en-fermeiro como educador do familiar/cuidador de idosos, no pós--operatório de artroplastia total de quadril a partir do levantamento das literaturas disponíveis em língua portuguesa e inglesa.

3. MÉTODOS

Tratou-se de uma pesquisa bibliográfica baseada na produção científica nas línguas portuguesa e inglesa sobre a atuação do enfer-meiro como educador do familiar/cuidador de idoso na alta hospita-lar de ATQ. Os dados foram coletados na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) indexados entre os anos 2001 e 2011.

De acordo com Vieira e Hossne (2001, p. 135), as revisões bibliográficas “[...] trazem um resumo da literatura especializada sobre determinado tema” e, assim, abordam amplamente os acha-dos relevantes. A revisão bibliográfica deve mostrar a evolução de conhecimento sobre o tema, apontando falhas e acertos, criticando, elogiando e, também, resumindo o que se julga interessante.

Como critérios de inclusão, utilizaram-se publicações que discorressem sobre o tema proposto e apresentassem texto na ín-tegra para análise posterior. Os critérios de exclusão dos artigos foram: publicações referentes a estudos em Instituições de Longa Permanência e internações hospitalares. Para iniciar a busca dos re-

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sumos, foi acessado o site <www.bireme.br> e, por meio da Termi-nologia em Saúde, foram consultados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), sendo eles: “idoso”, “cuidados de enfermagem”, “artroplastia total do quadril” e “cuidadores domiciliares” em lín-gua portuguesa; e “aged”, “nursingcare”, “arthrosplasty”, “hip”, “caregivers” em língua inglesa.

O levantamento foi realizado no mês de setembro de 2012 e, após a leitura criteriosa na íntegra de cada estudo pré-selecionado, identificou-se que apenas 30 se adequavam ao objetivo proposto do estudo e, portanto, constituíram a amostra definitiva para análi-se. Foi elaborada uma tabela (Tabela 1) que apresenta informações sobre o título, a autoria, o ano e o local de publicação. O critério de categorização utilizado obedeceu aos objetivos propostos, sendo compostas três categorias que resultaram no desenvolvimento do artigo: “Características da artroplastia de quadril em idosos e suas consequências”, “O enfermeiro como agente do plano de cuidados a serem dos cuidados prestados aos idosos e seus familiares/cuida-dores” e “Perfil e principais dificuldades dos familiares/cuidadores de idosos e o papel do enfermeiro”.

Tabela 1. Artigos selecionados entre os anos de 2001-2011.TEMÁTICA ANO TÍTULO AUTORES REVISTA

O enfermeiro como agente dos cuidados prestados aos idosos e seus familiares/cuidadores

2002 Caracterização de um grupo de idosas hospitalizadas e seus cuidadores visando ao cuidado pós-alta hospitalar

MARIN, M. J. S.; ANGERAMI, E. L. S.

Revista Escola Enfermagem USP

2010 Cuidado intergeracional com o idoso: autonomia do idoso e presença do cuidador

FLORES, G. C.; BORGES, Z. N.; DENARDIN-BUDÓ, M. L.; MATTIONI, F. C.

Revista Gaúcha Enfermagem

2011 Fragilidade no idoso: o que vem sendo produzido pela enfermagem

LINCK, C. L.; CROSSETTI, M. G. O.

Revista Gaúcha Enfermagem

2005 Percepção de cuidadores familiares sobre um programa de alta hospitalar

CESAR, A. M.; SANTOS, B. R. L.

Revista Brasileira Enfermagem

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TEMÁTICA ANO TÍTULO AUTORES REVISTA

O enfermeiro como agente dos cuidados prestados aos idosos e seus familiares/cuidadores

2011 Viver com mais idade em contexto familiar: dependência no autocuidado

ARAUJO, I.; PAÚL, C.; MARTINS, M.

Revista Escola Enfermagem USP

Perfil e principais dificuldades dos familiares/cuidadores de idosos e o papel do enfermeiro

2007 A importância do cuidador no contexto da saúde do idoso

MOREIRA, M. D.; CALDAS, C. P.

Escola Anna Nery

2006 A saúde de idosos que cuidam de idosos.

RODRIGUES, S. L. A.; WATANABE, H. A. W.; DERNTL, A. M.

Revista Escola Enfermagem USP

2010 Atenção integral no cuidado familiar do idoso: desafios para a enfermagem gerontológica no contexto da estratégia de saúde da família

PORTELLA, M. R. Rev. Brasileira Geriatria Gerontologia

2009 Atributos da tensão do cuidador familiar de idosos dependentes

FERNANDES, M. G. M.; GARCIA, T.

Revista Escola Enfermagem USP

2005 Projeto Bambuí: a experiência do cuidado domiciliário por esposas de idosos dependentes

GIACOMINI, K. C.; UCHOA, E.; LIMA-COSTA, M. F. F.

Caderno Saúde Pública

2007 Necessidades de educação em saúde dos cuidadores de pessoas idosas no domicílio

MARTINS, J. J.; ALBUQUERQUE, G. L.; NASCIMENTO, E. R. P.; BARRA, D. C. C.; SOUZA, W. G. A.; PACHECO, W. N. S.

Texto Contexto – Enfermagem

2009 Estrutura conceitual da tensão do cuidador familiar de idosos dependentes

FERNANDES, M. G. M.; GARCIA, T.

Revista Eletrônica Enfermagem

2005 Nível de dependência de idosos e cuidados no âmbito domiciliar

THOBERL, E.; CREUTZBERG, M.; VIEGAS, K.

Revista Brasileira Enfermagem

2009 O tornar-se cuidadora na senescência

BRAZ, E.; CIOSAK, S. I.

Escola Anna Nery

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TEMÁTICA ANO TÍTULO AUTORES REVISTA

Perfil e principais dificuldades dos familiares/cuidadores de idosos e o papel do enfermeiro

2005 Papel do responsável pelos cuidados à saúde do paciente no domicílio – um estudo de caso

RODRIGUES, M. R.; Almeida, R. T.

Acta paulista enfermagem

2008 Desvelando o cotidiano dos cuidadores informais de idosos

ROCHA, M. P. F.; VIEIRA, M. A.; SENA, R. R.

Revista Brasileira Enfermagem

2005 Projeto Bambuí: a experiência do cuidado domiciliário por esposas de idosos dependentes

GIACOMINI, K. C.; UCHOA, E.; LIMA-COSTA, M. F. F.

Cad. Saúde Pública

2009 Determinantes da tensão do cuidador familiar de idosos dependentes

FERNANDES, M. G. M.; GARCIA, T.

Revista Brasileira Enfermagem

2010 Implicações na saúde mental de cuidadores de idosos: uma necessidade urgente de apoio formal

CAMARGO, R. C. V. F.

Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drogas

2011 Conflitos no relacionamento entre cuidadores e idosos: o olhar do cuidador

CARNEIRO, V. L.; FRANÇA, L. H. F. P.; FRANÇA, L. H. F. P.

Rev. Brasileira Geriatria Gerontologia

Características da artroplastia de quadril em idosos e suas consequências

2010 A influência de variáveis sociodemográficas, clínicas e funcionais sobre a qualidade de vida de idosos com artroplastia total do quadril

RAMPAZO, M. K.; D’ELBOUX, M. J.

Rev. Brasileira Fisioterapia

2004 Análise pré e pós-operatória da capacidade funcional e qualidade de vida de pacientes portadores de osteoartrose de quadril submetidos à artroplastia total

PATRIZZI, L. J.; VILAÇA, K. H. C.; TAKATA, E. T.; TRIGUEIRO, G.

Rev. Brasileira Reumatologia

2010 Artroplastia parcial no tratamento das fraturas do colo do fêmur

ONO, N. K.; LIMA, G. D. A.; GUIMARÃES, R. P.; JUNIOR, W. R.; QUEIROZ, M. C.

Revista Brasileira Ortopedia

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TEMÁTICA ANO TÍTULO AUTORES REVISTA

Características da artroplastia de quadril em idosos e suas consequências

2007 Avaliação da qualidade de vida dos pacientes idosos com fratura do colo do fêmur tratados cirurgicamente pela artroplastia parcial do quadril

CHIKUDE, T.; FUJIKI, E. N.; HONDA, E. K.; ONO, N. K.; MILANI, C.

Acta Ortopedia Brasileira

2009 Avaliação epidemiológica e radiológica das fraturas diafisárias do fêmur: estudo de 200 casos

MORAES, F. B.; SILVA, L. L.; FERREIRA, F. V.; FERRO, A. M.; ROCHA, V. L.; TEIXEIRA, K. S.

Revista Brasileira Ortopedia

2010 Avaliação funcional de idoso vítima de fraturas na hospitalização e no domicílio

Monteiro, C. R.; Faro, A. C. M.

Revista Escola Enfermagem USP

2001 Infecções hospitalares em 46 pacientes submetidos à artroplastia total do quadril

LIMA, A. L. L. M.; BARONE, A. A.

Acta Ortopedia Brasileira

2011 O Custo Direto da fratura de fêmur por quedas em pessoas idosas: análise no Setor Privado de Saúde na cidade de Brasília, 2009

ARNDT, A. B. M.; TELLES, J. S.; KOWALSKI, S. C.

Rev. Brasileira Geriatria Gerontologia

2011 Fraturas da extremidade proximal do fêmur tratadas no Hospital São Paulo/Unifesp – estudo epidemiológico

ASTUR, D. C.; ARLIANI, G. G.; FERNANDES, H. J. A.; BALBACHEVSKY, D.; REIS, F. B.

Revista brasileira medicina

2009 Fatores preditivos para marcha na fratura transtrocanteriana do fêmur

ASSUNÇÃO, J. H.; FERNANDES, T. L.; SANTOS, A. L. G.; SAKAKI, M. H.; ZUMIOTTI, A. V.

Acta Ortopedia Brasileira

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4. RESULTADOS

Características da artroplastia de quadril em idosos e suas con-sequências

Dados epidemiológicos sobre idosos submetidos à artroplas-tia de quadril (AQ) revelaram que a maioria dos idosos era do sexo feminino e possuía idade ≥ 70 anos, sendo as fraturas de fêmur o principal motivo desse procedimento cirúrgico, muitas vezes de-correntes de queda da própria altura (CHIKUDE et al., 2007; AS-TUR et al., 2008; MORAES et al., 2009; ASSUNÇÃO et al., 2009; MONTEIRO; FARO, 2010; ONO et al., 2010; ARNDT; TELLES; KOWALSKI, 2011). Esse tipo de fratura vem sendo apontada como a mais importante e comum causa de perda funcional e mortalidade entre os idosos, tendo sido o lar desses idosos o principal cenário, seguido pelo ambiente público. A prevalência de quedas no domi-cílio justifica-se pela condição física e/ou social, caracterizada pela permanência no ambiente domiciliar por mais tempo (ONO et al., 2010).

Alguns aspectos podem comprometer a qualidade de vida dos idosos submetidos à ATQ, tais como: aspectos físicos, capacidade funcional, rigidez e dor. Patrizziet et al. (2004) trouxeram que ATQ devolve aos pacientes a amplitude do movimento muito próxima da normalidade, amenizando a dor e promovendo a realização das AVDs. Os pacientes envolvidos em seu estudo, no 60º dia de pós--operatório, apesar de demonstrarem dispostos, referiram insegu-rança e medo para retornarem as suas atividades. Para Rampazo e D’Elboux, (2012), investir em aspectos funcionais, na locomoção e alívio da dor contribui para qualidade de vida positiva e para a satisfação dos idosos. Para Chikudeet et al. (2007), pacientes dis-seram estar satisfeitos com os aspectos físicos no pós-operatório e foca que a preocupação não deve ser só em relação ao procedimen-to cirúrgico, que o cuidado da família e a atenção médica também contribuem para melhor qualidade de vida.

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Estudos que avaliaram a capacidade funcional de pacientes submetidos à ATQ identificaram que, apesar de a capacidade fun-cional ser influenciada por vários fatores (o sexo, estado civil, tipo de fratura e região acometida), estes não são considerados deter-minantes no estado funcional dos idosos (PATRIZZI et al., 2004; CHIKUDE et al., 2007; MONTEIRO; FARO, 2010; RAMPAZO; D’ELBOUX, 2012). Chikude et al. (2007) ainda afirmam que a baixa capacidade observada se dá pelo fato de pessoas idosas apre-sentarem baixa atividade diária, inclusive pré-fratura; porém, elas se mostraram satisfeitas com relação aos aspectos físicos.

Nesse sentido, Monteiro e Faro (2010) sugerem algumas me-didas a fim de reduzir incapacidades e promover a qualidade de vida do idoso, destacando: investir na formação de profissionais qualificados para avaliar a capacidade funcional, atendendo suas necessidades a partir da elaboração de planos que minimizem as incapacidades; fortalecer as políticas públicas que visem a estra-tégias preventivas, e não só interventivas, assegurando ao idoso a circulação livre e segura ao seu ambiente; controlar as doenças e orientar familiares/cuidadores incentivando a participação dos ido-sos em programas de atividades físicas.

Além de interferir na funcionalidade do idoso e em sua quali-dade de vida, outra complicação física observada foi a infecção no período pós-operatório. O fator de maior relevância para o desen-volvimento dessa infecção foi o retardo do momento da fratura até o procedimento cirúrgico em si (LIMA; BARONE, 2001). Ono et al. (2010) relataram um caso em que foi necessária a ressecção da prótese devido à infecção aguda no sítio operatório.

Há que se pensar também que artroplastia do quadril gera um grave impacto financeiro. Em pesquisa realizada em Brasília, no ano de 2009, constatou que a fratura de quadril, que resulta em procedimento cirúrgico na faixa etária acima dos 60 anos, tem o valor de uma redução cirúrgica, pode chegar a aproximadamente R$ 10 mil, de modo que as despesas não terminam com a alta hos-pitalar, permanecendo significativo até sua reabilitação (ARNDT; TELLES; KOWALSKI, 2011). Daí a importância de sensibilizar os profissionais de saúde quanto à sua prática, prevenindo infecções,

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e promover a conscientização do idoso/ familiar/ cuidador quanto à manutenção da prótese.

O enfermeiro como agente do plano de cuidados a serem pres-tados aos idosos e seus familiares/cuidadores

O aumento da longevidade e das doenças crônicas pode con-tribuir com o aumento de idosos portadores de limitações funcio-nais, implicando uma maior necessidade de cuidados continuados, geralmente prestados por familiares sem apoio. Segundo Araújo, Paul e Martins (2011), alguns fatores são determinantes na hora da elaboração do plano de cuidados para tais idosos, tornando-se in-dispensável a presença do enfermeiro que visualize essa realidade identificando as fragilidades e forças desses familiares/cuidadores, reconhecendo as necessidades e dificuldades para realizar a avalia-ção do grau de dependência que indicarão os diagnósticos precisos e determinando que os cuidados sejam humanizados, necessários e fundamentados na resposta funcional do idoso e no bem-estar do seu familiar/cuidador.

A faixa etária avançada deve ser considerada importante, pois quanto maior é a idade maior o risco de adoecer e aumentar o grau de dependência para realização das AVDs. A avaliação da depen-dência é o ponto inicial para elaboração de planos de assistência, havendo grande necessidade da atuação interdisciplinar visando à reabilitação, uma vez que essas atividades interferem ativamente no bem-estar, na autoestima na qualidade de vida desses idosos.

Com o intuito de aumentar a possibilidade de manutenção ou melhoria do estado de saúde do idoso a ser cuidado, bem como sua independência para atividades cotidianas, Marin e Argerami (2002) concluíram que o familiar/cuidador e o idoso devem ser incluídos na elaboração do plano de cuidados após hospitalização, conside-rando que a alta se inicia no ambiente hospitalar.

César e Santos (2005), ao realizarem trabalho voltado à per-manência do familiar/cuidador durante a internação visando à alta hospitalar, observaram a importância do incentivo à autonomia no processo de inserção e interação do familiar/cuidador, tanto no pro-

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cesso de interação ao tratamento como na recuperação do idoso. Um dos pontos importantes apresentados no trabalho foi a carência financeira do idoso e de seu familiar/cuidador, que, muitas vezes, os impede de dar continuidade adequada aos cuidados do idoso em domicílio, pois os familiares, quando se deparam com o compro-metimento da saúde de seus entes e não recebem as devidas orien-tações, acabam por construir uma rede informal de apoio entre si. Assim, torna-se evidente e necessária uma intervenção dos serviços de saúde na busca do idoso doente em domicílio e seu familiar/cuidador, promovendo orientações por parte do enfermeiro, o que reduziria o desamparo vivenciado pela pessoa que cuida, evitaria hospitalizações desnecessárias, reduziria o ônus para o sistema pú-blico de saúde e contribuiria para melhor recuperação, restabele-cendo incapacidades e/ou impedindo sua evolução.

Da mesma forma, outro estudo voltado para o processo de introdução da família englobando o cuidado ao idoso no ambiente hospitalar e/ou no retorno à comunidade visa à capacitação para o desenvolvimento dos cuidados a serem realizados em domicílio e a construção de vínculos entre enfermeiros e os familiares/cui-dadores, investindo no conhecimento sobre a família, bem como propondo estratégias entre a equipe de saúde e o grupo familiar. Investir na capacitação dos familiares/cuidadores para desenvolver um cuidado de forma efetiva poderia reduzir o número de reinter-nações dos idosos (LINCK; CROSSETTI, 2001).

Em relação ao cuidado proporcionado pelos familiares/cui-dadores, na maioria das vezes, este é realizado por mulheres, com idade em torno dos 55 anos, o que é de certa forma considerado normal, uma vez que estas estão inseridas socialmente no papel de mãe. Sendo assim, os homens, em sua maioria, são cuidados pe-las esposas, enquanto as mulheres recebem os cuidados das filhas, netas e irmãs solteiras e/ou viúvas, que recebem suporte de outros membros da família (MARIN; ARGERAMI, 2002).

Para Flores et al. (2010), o cuidado intergeracional faz-se presente através da qualidade do cuidado e está baseado em cor-responder às necessidades humanas (estar disponível, controlar e administrar as medicações, morar perto), respeitando o direito de

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decisão do idoso em relação aos cuidados em sua totalidade. Ou-tro fator que reflete diretamente na qualidade de vida do idoso é a preservação da sua autonomia mesmo diante de sua dependência, devendo, assim, dar oportunidade e liberdade a ele de agir e res-peitar suas escolhas. De acordo com as autoras, o enfermeiro para qualificar seu plano de cuidados deve trabalhar com a dependência do idoso, aproveitando os espaços de aproximação e conhecer a realidade dos idosos e de seus familiares/cuidadores a fim de trans-mitir segurança. Assim, é possível troca de saberes (experiência de vida e conhecimento científico), com intuito de construir um rela-cionamento eficaz à base do respeito, confiança e o vínculo entre o enfermeiro, familiar/cuidador e o idoso.

Perfil e principais dificuldades dos familiares/cuidadores de idosos e o papel do enfermeiro

Em estudo de Martins et al. (2007), os familiares/cuidadores de idosos pertenciam à faixa etária mais velha, entre 70 e 89 anos, dados semelhantes aos apresentados por Rodrigues, Watanabe e Derntl (2006), ou seja, entre 68 e 81 anos. Cuidadores senescentes possuem necessidades e particularidades em relação à atenção à própria saúde (BRAZ; CIOZAK, 2009). O ato de cuidar, além de desgastante, implica riscos à saúde de quem cuida e, na maioria das vezes, os familiares/cuidadores estão sobrecarregados de tra-balho, submetidos a um estado de esgotamento emocional, isola-mento social e vivenciando situações rotineiras de intenso confli-to no ambiente familiar. Com isso, tem-se observado o constante adoecimento deles (ROCHA; VIEIRA; SENA, 2008; CAMARGO, 2010).

Em estudo de revisão bibliográfica, Moreira e Caldas (2007) identificaram que o perfil dos cuidadores de idosos se constitui de uma rede autônoma, desintegrada dos serviços de saúde e carente de informações, orientações e suporte dos profissionais de saúde. Cuidadoras de Bambuí – Minas Gerais revelaram que, devido à falta de orientações e à carência de recursos, prestam cuidados a seus maridos de forma cotidiana, integral, improvisada, intuitiva e solitária (GIACOMIN; UCHOA; LIMA-COSTA, 2005). Martins

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et al. (2007) observaram a vontade e a necessidade por parte dos familiares/cuidadores de obterem orientações sobre o estado dos idosos, medicamentos e os cuidados.

Fernandes e Garcia (2009a), Fernandes e Garcia (2009b), Fernandes e Garcia (2009c), em estudos acerca da tensão do fa-miliar/cuidador durante os cuidados prestados aos idosos, trazem que esse fenômeno é resultado de fatores biopsicossociais, eco-nômicos e histórico-culturais estabelecidos pelo desequilíbrio da atividade de repouso, alterações no estado físico, emocional e no enfrentamento individual. Da mesma forma ao que acontece com os familiares do estudo de Rodrigues, Watanabe e Derntl (2006), as mudanças autorreferidas atribuídas ao cuidado prestado são: o cansaço, estresse, preocupação, surgimento de sintomas e doenças, mudanças no cotidiano e na autoestima.

É importante considerar no familiar/cuidador sua capacidade ou incapacidade para a realização da assistência ao idoso, além da idade, destreza manual e o físico para a execução dos procedimen-tos. Além disso, torna-se determinante de sua saúde a situação de vida em que o idoso está inserido, pois o desgaste do cuidador, na maior parte das vezes, é proporcional às necessidades do idoso (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005).

Thober, Creutzberg e Viegas (2005) também afirmam que o grau de dependência dos idosos influencia diretamente a vida do familiar/cuidador. Faz-se necessário, então, que haja mais de um familiar/cuidador para o auxílio do idoso na realização das AVDs, disponibilizando ocasiões de descanso e lazer e momentos para os cuidados pessoais desse familiar/cuidador. Cabe ao enfermeiro a necessidade de (re)conhecer a realidade, dificuldades e facilidades que englobam o cuidado, aperfeiçoando o suporte, sem transferir toda a responsabilidade à família (MARTINS et al., 2007).

Para tanto, o familiar/cuidador de idosos necessita de uma assistência de enfermagem voltada para a resolução ou minimiza-ção dos problemas cotidianos, com sistematização do planejamento e contextualizando as ações cuidativas (FERNANDES; GARCIA, 2009b). Além disso, as ações devem ser amplas, ou seja, o fami-liar/cuidador deve ser o principal sujeito, com práticas baseadas

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no respeito, afinidade, entendimento e organização de tarefas a fim de trazer benefícios tanto para quem cuida como para quem está sendo cuidado (MOREIRA; CALDAS, 2007; BRAZ; CIOZAK, 2009). Rocha, Vieira e Sena (2008) e Rodrigues e Almeida (2005) propõem, ainda, a implantação de programas de suporte familiar direcionados à realidade dos familiares/cuidadores, incluindo e considerando os idosos.

5. DISCUSSÃO

As ATQs, quando submetidas aos cuidados necessários, du-ram aproximadamente 25 anos. Elas são frequentemente indicadas às pessoas acima de 50 anos devido à realização de baixa atividade física; o posicionamento incorreto, a sobrecarga na articulação e a falta de cuidados com a prótese podem reduzir essa longevidade, gerando instabilidade e dor, afetando diretamente a capacidade fun-cional e a qualidade de vida do idoso (TASHIRO; MARAYAMA, 2001).

No entanto, quando não recebe a manutenção adequada, pode dar origem a complicações locais e sistêmicas. Luxação e sublu-xação são as complicações locais mais frequentes no período pós--operatório de fraturas de fêmur. Dentre as manifestações sistêmi-cas, a infecção pode ser considerada a mais importante, pois pode comprometer a manutenção da prótese. Deve-se atentar o familiar/cuidador quanto aos sintomas da luxação para que possa haver in-tervenção rápida, tais como: dor intensa, deformidade do membro operado (posição de abandono) e aumento da região coxofemoral (um membro mais curto que o outro) (TASHIRO; MARAYAMA, 2001).

No que diz respeito à infecção, Ventura (1996) definiu-a como a complicação sistêmica mais temida pelo cirurgião, pois ela normalmente implica a retirada da prótese. Deve-se, assim, orien-tar o familiar/cuidador a observar as manifestações de infecção da ferida cirúrgica durante a realização do curativo e na hora do ba-nho, como: hiperemia, dor, edema, presença de secreção. A troca do curativo deve ser realizada sempre que este estiver úmido, pois

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curativo molhado favorece a contaminação bacteriana, principal-mente quando apresenta secreção em grande quantidade. Quando a ferida estiver com as bordas íntegras, úmidas e sem secreção, o curativo pode ser mantido aberto, realizando a lavagem da ferida somente com água e sabão (TASHIRO; MARAYAMA, 2001).

Segundo Beendendo e Gurgel (2007), o enfermeiro, em se tratando de cuidados prestados na assistência domiciliar ao idoso, tem papel fundamental, pois atua na prevenção, recuperação e rea-bilitação, objetivando a independência e autonomia do idoso basea-do em orientações e no processo educativo destinados aos pacientes idosos e seus familiares cuidadores.

O enfermeiro deve tentar interferir no ambiente domiciliar do idoso com o intuito de adequar esse lar para recebê-lo após alta de ATQ. De acordo com Dandy e Edwards (2011), a partir do 2º dia de PO, o idoso submetido à ATQ já está autorizado a sentar-se fora da cama, o que deve ser feito em uma cadeira alta com braços para evitar a flexão dos quadris além de 90º, além de forçar o membro operado na hora de levantar, podendo levar ao deslocamento do quadril. Deve-se manter um travesseiro entre MMII por um mês; retirar tapetes e melhorar a iluminação para prevenir quedas (VEN-TURA, 1996; DANDY; EDWARDS, 2011).

Familiares/cuidadores, ao desenvolverem cuidados aos ido-sos, devem priorizar essa relação respeitando a independência e proporcionar a participação no processo de recuperação, favore-cendo a qualidade de vida do idoso, e não apenas procedimentos técnicos. Fonseca (2008) identificou que a principal necessidade do familiar/cuidador expressa a partir de suas preocupações é em relação aos cuidados diretos com a prótese. O medo ao manipular o idoso com prótese evidencia o despreparo e a necessidade de orien-tação para a realização dos cuidados necessários. A autora também evidenciou que o estado de dependência do idoso gera uma deman-da física e emocional relacionada às condições socioeconômicas do idoso e de seus cuidadores interferindo na qualidade de vida de todos os integrantes dessa relação.

O enfermeiro, quando é capaz de identificar as dificuldades encontradas pelos familiares/cuidadores e consegue transmitir seu

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conhecimento em forma de orientações ao cuidado com a ferida cirúrgica, torna-os capazes de avaliar, prevenir e tratar as feridas, contribuindo com a melhoria na relação familiar/cuidador-idoso--enfermeiro e, consequentemente, na qualidade de vida dessa po-pulação (TELLES, 2011).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo possibilitou compreender as características da ATQ em idosos e suas consequências, visualizar o enfermeiro como agente do plano de cuidados a serem prestados aos idosos por seus familiares/cuidadores e entender o perfil e as principais dificuldades dos familiares/cuidadores de idosos e o papel do en-fermeiro.

Foi possível identificar que os cuidadores, em sua maioria, são integrantes da família dos idosos e que se encontram desampa-rados pelos profissionais de saúde ao assumir a responsabilidade do cuidado no pós-operatório da ATQ. Houve a necessidade de orien-tações quanto ao estado de saúde, aos medicamentos a fazer uso e aos cuidados específicos ao idoso. Além disso, na maior parte das vezes, familiares/cuidadores sentem-se sobrecarregados e desgas-tados, implicando riscos à saúde também de quem cuida.

Dessa forma, o enfermeiro, ao elaborar um plano de cuidados ao idoso após ATQ, deve incluir o familiar/cuidador, considerando sua capacidade ou incapacidade, a idade e a destreza manual para a execução dos procedimentos; assegurar momento de lazer, de des-canso e de cuidados pessoais; haver uma forma de revezamento de cuidadores, ou seja, o enfermeiro deve atentar-se também à saúde do familiar/cuidador.

Quanto aos cuidados específicos ao idoso, o enfermeiro deve orientar o familiar/cuidador quanto ao reconhecimento precoce dos sintomas de luxação (dor intensa, deformidade do membro opera-do, desnivelamento do membro), aos possíveis sinais e sintomas de infecção (dor, hiperemia, edema, presença de secreção, febre), realizar ou supervisionar a troca dos curativos adequadamente, ofe-recer medidas de alívio da dor e o controle de doenças prévias.

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Deve, ainda, sugerir adaptações no ambiente domiciliar do idoso para recebê-lo após alta de ATQ, especialmente quanto à mobilida-de precoce.

Além disso, o enfermeiro necessita fazer uso de instrumen-tos que avaliem o grau de dependência e autonomia desses idosos, maximizando o vínculo entre os envolvidos e sanando dificuldades encontradas. A transmissão de segurança, respeito e confiança ao idoso e ao cuidador/familiar pode permitir o sucesso do tratamento e da recuperação.

A partir deste estudo, acredita-se que a abordagem preven-tiva para quedas, fraturas e consequente procedimento cirúrgico é necessária. No entanto, após o evento, torna-se imprescindível a atuação de profissionais preparados, inclusive de equipe interdis-ciplinar; na elaboração de cuidados específicos e direcionados às necessidades do idoso e, também, do familiar/cuidador.

7. CONCLUSÃO

Conclui-se, assim, que o papel do enfermeiro como educador do familiar/cuidador de idosos, no pós-operatório de artroplastia total de quadril, é o de trazer orientações quanto: ao reconhecimen-to precoce dos sintomas de luxação (dor intensa, deformidade do membro operado, desnivelamento do membro), aos possíveis si-nais e sintomas de infecção (dor, hiperemia, edema, presença de secreção, febre), à realização/supervisão da troca dos curativos adequadamente, ao oferecimento de medidas de alívio da dor e ao controle de doenças prévias. O enfermeiro deve sugerir adaptações no ambiente domiciliar do idoso para recebê-lo após alta de ATQ, especialmente quanto à mobilidade precoce.

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Capacidade funcional de mulheres da terceira idade participantes de um projeto de atividade física para melhor idade

Danessa Cristina da SILVA1

Alex Fabrício BORGES2

Resumo: Este estudo teve como objetivo analisar a capacidade funcional para realização de atividades de vida diária (AVD) e atividades instrumentais de vida diária (AIVD) de trinta mulheres com idade igual ou superior a sessenta anos, praticantes de hidroginástica, participantes do projeto “Atividade Física para Mulheres da Melhor Idade”, há, pelo menos, dois anos, no Claretiano – Centro Universitário de Batatais. Utilizou-se como instrumento para obtenção dos dados a “Escala de Autopercepção do Desempenho em Atividades da Vida Diária” de Andreotti e Okuma (1999). Com a aplicação da escala, verificou-se que 90% da amostra se classificou como “muito boa” e apenas 10% como “boa”, sendo que 40% obteve a pontuação máxima, ou seja, alcançou os 160 pontos. Conclui-se que a atividade física tem papel influenciador na vida dessas idosas, mantendo seu nível de capacidade regular, fazendo que possam executar suas atividades do cotidiano sem ajuda.

Palavras-chave: Capacidade Funcional. Terceira Idade. Hidroginástica.

1 Danessa Cristina da Silva. Especialista em Educação Física na Saúde: Fisiopatologias, pelo Claretiano – Centro Universitário. Graduada em Educação Física pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>.2 Alex Fabrício Borges. Mestre em Performance Humana pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Especialista em Natação e Atividades Aquáticas, e em Nutrição e Condicionamento Físico pelo Claretiano – Centro universitário. Graduado em Educação Física pela mesma instituição, onde também atua como Docente em cursos de Graduação e Pós-Graduação. E-mail: <[email protected]>.

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Functional ability of elderly women participating in the project: Physical activity for seniors

Danessa Cristina da SILVAAlex Fabrício BORGES

Abstract: This study aimed to analyze the functional capacity to perform activities of daily living and instrumental activities of daily living of thirty women aged over sixty years old, practicing gymnastics, project participants “Physical Activity for Women of the Golden Age, there are at least two years at Centro Universitário Claretiano in Batatais. It was used as a tool to obtain data the “Self Perception Scale Performance in Activities of Daily Living” Andreotti and Okuma (1999). With the application of the scale was verified that 90% of the sample classified as “very good” and only 10% as good, 40% of the sample obtained the highest score, reached 160 points. Conclude that physical activity plays a role in influencing the lives of these elderly women, maintaining their level of regular capacity, making that they can perform their daily activities without assistance.

Keywords: Functional Capacity. Elderly. Water Aerobic Exercise.

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1. INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por objetivo geral coletar dados, por meio de uma autoavaliação que utiliza a “Escala de Autopercepção do Desempenho em Atividades da Vida Diária” (ANDREOTTI; OKUMA, 1999) de voluntárias com idade igual ou superior a sessenta anos, participantes do projeto Atividade física para mulheres da “melhor” idade, do Claretiano – Centro Universitário de Batatais, que participam de aulas de hidroginástica duas vezes por semana, com uma hora de duração cada.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE, 2002), em 2020, a população idosa poderá exceder 30 milhões de pessoas, representando cerca de 13% do total de habi-tantes. Dados mais recentes do IBGE revelam que, em 2025, esse número pode chegar a 32 milhões. E nesse mesmo ano a OMS pre-vê que, pela primeira vez na história, teremos mais idosos do que crianças no planeta.

Moragas e Rodrigues (1997) relatam que a velhice não é uma doença; o que ocorre, apenas, é que a probabilidade de se adoecer durante a velhice é muito maior que em outras etapas da vida. Para que isso não ocorra, é necessário que o idoso reconheça a importân-cia de se envelhecer com qualidade; e, para isso, nada mais benéfi-co que a prática da atividade física.

Para Guimarães et al. (2004), um aspecto importante no en-velhecimento é a incapacidade funcional, que compromete o de-sempenho na realização de atividades da vida diária (AVD) e de atividades instrumentais de vida diária (AIVD). Segundo Barbosa (2005), o declínio da capacidade funcional está diretamente asso-ciado à diminuição de seus componentes; são eles: coordenação, flexibilidade, força, agilidade, equilíbrio, capacidade aeróbia e ana-eróbia.

Guedes e Guedes (1995) afirmam que a prática habitual de exercícios físicos promove a saúde e influencia na prevenção de certas patologias agregadas ao acréscimo dos índices de morbida-de e mortalidade. Os autores comentam sobre a inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde. Para eles, a atividade e a

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aptidão físicas influenciam-se, determinando, assim, o estado de saúde. Para Ueno (1999), aderir a um estilo de vida ativo ocasiona a manutenção da saúde e do desempenho fisiológico ao longo da vida, uma vez que minimiza o risco da perda desse desempenho, atrasando a dependência física pelo fato do alto grau de aptidão.

A água, por exemplo, sempre exerceu um forte estímulo no ser humano. Nesse sentido, está claro e comprovado pela literatura que realizar atividade nesse meio é um exercício eficiente e seguro quando praticado sob a supervisão de um profissional qualificado. A hidroginástica vem inovando e ganhando espaço, mostrando sua principal vantagem, que é, justamente, a segurança que ela pro-porciona ao praticante. Essa nova tendência das academias é uma das atividades mais democráticas, visto que não impõe limites de idade, não é necessário ter condicionamento físico privilegiado e muito menos estar com a saúde em dia para praticá-la (DELGADO, 2001).

Está claro que, atualmente, os idosos procuram a hidroginás-tica pelos benefícios que ela causa não apenas ao corpo físico, mas também ao mental e social (ROCHA, 2001).

Ao perceber que a população tem uma expectativa de vida cada vez maior e que a preocupação do profissional da saúde é fazer desse prolongamento de vida uma época saudável, torna-se preocupante como essas pessoas pertencentes à terceira idade re-alizam suas atividades, que, na juventude, eram simples e, com o avançar da idade, tornaram-se cada vez mais complexas. Assim, é necessário que haja o entendimento da capacidade funcional des-ses indivíduos. Por essa razão, este estudo tem o objetivo especí-fico de classificar as voluntárias segundo o grau de independência funcional proposto por Andreotti e Okuma (1999) e relacionar os dados obtidos com a idade delas e com o tempo de participação nas aulas, analisando, dessa forma, os efeitos que essa atividade tão reconhecida e procurada (a hidroginástica) pode causar sobre o desempenho de atividades do cotidiano dessas mulheres que estão na terceira idade.

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2. METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva. Se-gundo Cervo e Bervian (1983), esse tipo de pesquisa observa, re-gistra, analisa e correlaciona fatos e/ou fenômenos (variáveis) sem a interferência e a manipulação do pesquisador.

Foram excluídas da pesquisa as mulheres que mesmo parti-cipando do projeto há, pelo menos, dois anos ainda não estão na terceira idade.

Todas as participantes precisavam ter idade igual ou superior a 60 anos e participar do projeto há, pelo menos, dois anos. Como citado anteriormente, as avaliadas são mulheres participantes do projeto Atividade Física para Mulheres da “Melhor” Idade, do Claretiano – Centro Universitário de Batatais.

A idade das voluntárias variou de 61 a 99 anos, idade média 72,8 anos, com desvio padrão de 8,04.

Para a coleta de dados, foi utilizada a “Escala de Autopercep-ção do Desempenho em Atividade da Vida Diária” (ANDREOTTI; OKUMA, 1999). Esse questionário é comporto por 40 atividades, com 15 itens iniciais que descrevem as AVDs e mais 25 itens que descrevem as AIVDs das participantes. Para cada item da escala, cada voluntária respondeu:

A – Não consigo realizar essa atividade.B – Realizo essa atividade só com a ajuda de outra pessoa.C – Realizo essa atividade sozinha, mas com muita dificuldade.D – Realizo essa atividade sozinha, mas com um pouco de

dificuldade.E – Realizo essa atividade sozinha e com facilidade.A voluntária teve sua capacidade funcional classificada de

acordo com a pontuação alcançada no questionário. O modelo a se-guir representa a pontuação proposta por Andreotti e Okuma (1999, p. 46):

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Tabela 1. Pontuação da escala para classificar a capacidade fun-cional.

Pontuação Capacidade Funcional0 – 31 Muito ruim32 – 64 Ruim65 – 97 Média98 – 130 Boa131 – 160 Muito boa

Todas as voluntárias assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conhecendo, assim, o protocolo utilizado para o desenvolvimento do estudo. O estudo foi aprovado pelo CEP da instituição: n. 30/2010.

Após a coleta, os dados foram armazenados em banco com-putacional. Na sequência, foi feita a análise desses dados e das me-didas de centralidade e dispersão (média e desvio padrão).

3. RESULTADOS

Com base nos dados coletados, os resultados são apresenta-dos nas Tabelas 2 a 5, a fim de gerar informações quanto às pontu-ações adquiridas com a aplicação da escala.

Na Tabela 2, são apresentados a idade, a pontuação obtida no teste e o tempo de participação.

Tabela 2. Variáveis adquiridas em ordem crescente de acordo com a pontuação alcançada na escala.

Nº de participantes do

projetoIdade (anos) Pontuação do

testeTempo de

participação (anos)

1 71 100 42 73 108 33 73 128 64 73 135 10

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Nº de participantes do

projetoIdade (anos) Pontuação do

testeTempo de

participação (anos)

5 99 139 106 69 144 107 74 148 58 73 149 59 62 150 210 72 150 411 82 150 1012 71 155 1013 69 156 514 63 157 1015 81 157 1016 75 158 417 86 159 418 61 159 619 70 160 1020 78 160 421 64 160 1022 62 160 223 67 160 1024 75 160 425 71 160 226 73 160 1027 63 160 1028 72 160 229 81 160 6

Média 72,8 150,7 6,4Desvio padrão 8,04 15,2 3,16

A Tabela 3 mostra a relação da idade das voluntárias com a sua capacidade funcional alcançada no teste. Percebe-se que 50% delas têm entre 71 a 80 anos, e, desse percentual, 40% tiveram a sua capacidade classificada como “muito boa”; apenas 10% foram

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classificadas como “boa”. Nota-se que a voluntária com mais de 90 anos também obteve a melhor classificação.

Tabela 3. Capacidade funcional em porcentagem da capacidade funcional de acordo com a idade.

Capacidade FuncionalIdade (anos) Muito Boa (%) Boa (%)61 – 70 anos 33% -71 – 80 anos 40% 10%81 – 90 anos 14% -

> 90 anos 3% -

Na Tabela 4, são apontadas, em porcentagem, as participan-tes de acordo com suas pontuações alcançadas no questionário e a classificação da capacidade funcional de acordo com os pontos. De toda a amostra, apenas 10% obtiveram pontuação “boa”, tendo, no mínimo, 100 e, no máximo, 128 pontos; 90%, ou seja, o restante da amostra, classificaram-se com uma capacidade “muito boa”. Dessa parte da amostra que atingiu a melhor classificação, 40% conse-guiram a pontuação máxima, ou seja, atingiram os 160 pontos. Os outros 50% que também atingiram a classificação “muito boa” ob-tiveram pontos que variaram de 135 a 159 pontos.

Tabela 4. Valores em porcentagem de acordo com os pontos e sua respectiva classificação.

Participantes (%) Pontos obtidos Classificação da capacidade

3,33% 100 Boa3,33% 108 Boa3,33% 128 Boa3,33% 135 Muito Boa3,33% 139 Muito Boa3,33% 144 Muito Boa3,33% 148 Muito Boa3,33% 149 Muito Boa

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Participantes (%) Pontos obtidos Classificação da capacidade

10% 150 Muito Boa3,33% 155 Muito Boa3,33% 156 Muito Boa6,66% 157 Muito Boa3,33% 158 Muito Boa6,66% 159 Muito Boa40% 160 Muito Boa

Analisando as respostas para cada atividade descrita na es-cala, pode-se perceber que os quinze primeiros itens da escala que relatam as AVDs básicas (como lavar as costas, lavar os pés, deitar na cama, vestir calça comprida, sentar em uma cadeira sem usar os braços), somados tiraram, pontos de 15% das participantes. Ain-da entre as AVDs, a atividade que descreve o corte das unhas dos pés tirou ponto de 26,66% das voluntárias, enquanto calçar meias e calçar sapatos de amarrar tiraram pontos de 20% da amostra. Nas AIVDs, apenas três itens não subtraíram pontos das participantes. Entre as AIVDs, as atividades que mais tiraram pontos foram: le-vantar do chão, andar depressa, subir de 15 a 20 degraus, subir e descer mais de quarenta degraus; essas atividades subtraíram pon-tos de 30%, 46%, 33%, 40% e 40% da amostra respectivamente.

Na Tabela 5, são apresentadas, em porcentagem, as volun-tárias de acordo com o tempo de participação no projeto e a clas-sificação obtida. Verificou-se que a maioria da amostra participa do projeto desde o seu início, ou seja, há dez anos; e todas se clas-sificaram com a capacidade “muito boa”. Mesmo as 13,33% da amostra que participam do projeto há apenas dois anos obtiveram a melhor classificação. Uma das voluntárias que se classificaram como “boa” participa do projeto há três anos; outra, há quatro; e, por fim, mais uma que participa há seis anos.

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Tabela 5. Capacidade funcional quanto ao tempo de participação no projeto.

Capacidade FuncionalTempo de participação

no projeto (anos) Muito Boa (%) Boa (%)

2 anos 13,33 % -3 anos - 3,33%4 anos 20% 3,33%5 anos 10% -6 anos 6,66% 3,33%10 anos 40% -

4. DISCUSSÃO

Spirduso (1995) conceitua o envelhecimento como um pro-cesso singular de várias dimensões, bem como classifica o idoso em cinco categorias hierárquicas, que mostram os níveis da capa-cidade funcional:

1) Fisicamente dependentes: pessoas que não conseguem re-alizar atividades básicas da vida diária e que dependem de alguém para preencher suas necessidades cotidianas.

2) Fisicamente frágeis: pessoas que realizam atividades bási-cas da vida diária, mas que não conseguem realizar todas as atividades instrumentais de vida diária.

3) Fisicamente independentes: pessoas que podem executar todas as atividades instrumentais da vida, mas não conse-guem realizar todas as atividades básicas da vida.

4) Fisicamente ativos: são aqueles que praticam exercícios regularmente e parecem ser mais jovens que sua idade cro-nológica.

5) Atletas: indivíduos engajados em atividades competitivas, que representam uma pequena porcentagem da população.

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Como se pode perceber, o envelhecimento é um processo complexo que está associado ao declínio social, cognitivo e fisioló-gico, que pode prejudicar a qualidade de vida do idoso (MAZZEO et al., 1998).

Andreotti e Okuma (1999) relatam que, com o envelhecimen-to, ocorre a diminuição da função motora na realização das AVDs, atingindo, assim, diretamente, a qualidade de vida do idoso. Afir-mam ainda que muitas das pessoas com mais de 60 anos precisam de ajuda para realizar suas AVDs; sendo assim, a perda da capaci-dade funcional leva à incapacidade para realizar as AVDs e AIVDs (OKUMA, 1998).

Com o envelhecimento, percebem-se reduções no equilíbrio, na força, coordenação; sendo assim, acredita-se que a participação do idoso em programas de exercícios físicos regulares pode influir no processo de envelhecimento, com impacto sobre a qualidade de vida, melhoria das funções orgânicas, garantia de menor dependên-cia pessoal e um efeito benéfico no tratamento, na prevenção e no controle de algumas doenças (MATSUDO et al., 1992).

A compreensão dos idosos sobre a importância da atividade física fundamenta-se na consciência de que estes passam a ter a respeito dela, seja como consequência das próprias vivências, seja pelos conhecimentos que adquirem durante a experiência. Com a prática, o idoso percebe a possibilidade de viver uma velhice mais sadia e com maior qualidade por ter a capacidade de executar suas atividades com maior eficiência (OKUMA, 1998).

Para Berger (1989), a qualidade de vida dos idosos vem me-lhorando; dentre os fatores envolvidos nessa mudança, estão os fa-tores econômicos, sociais e psicológicos. O autor também aponta a importância da atividade física nas melhoras das funções física, mental e social do idoso.

Segundo Okuma (1998), existem cada vez mais estudos que evidenciam a atividade física como recurso importante para dimi-nuir a alteração provocada pelo avanço da idade, dando a oportu-nidade ao idoso de manter uma qualidade de vida. O autor comple-menta o potencial da atividade física sobre o idoso, estimulando várias funções essenciais do organismo. Para ele, a atividade na

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terceira idade não é só um coadjuvante ressaltando importante no tratamento e no controle de doenças, como também é essencial para a manutenção das funções do aparelho locomotor, que é o principal responsável pelo desempenho das atividades da vida diária e pelo grau de independência e autonomia do idoso. A atividade física re-gular e sistemática aumenta ou pelo menos mantém a aptidão física da população idosa e tem potencial de melhorar o bem-estar fun-cional e, consequentemente, de diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade dessa população.

A Organização Mundial da Saúde (OMS/INPEA, 2002) apre-senta dados que mostram que, para cada dólar investido em pro-gramas de atividades físicas para idosos, há uma economia de 4,5 dólares em serviços de saúde.

Em um estudo semelhante, Kuwano e Silveira (2002) anali-sam a influência das atividades físicas sistematizadas (no caso, a hidroginástica) na autoavaliação do idoso com relação às ativida-des de vida diária. Foram analisados 20 indivíduos praticantes de hidroginástica há mais de um ano. Também foi aplicado o questio-nário de Andreotti e Okuma (1999). Verificou-se que os indivídu-os atingiram a classificação “muito boa”. Também foram analisa-dos 20 indivíduos não praticantes, e houve diferença significativa p<0,05 entre os grupos. O estudo concluiu que a atividade física auxilia na manutenção da autonomia do idoso em relação às AVDs, corroborando os resultados encontrados neste estudo.

Aguiar e Gurgel (2009) e Alves et al. (2004), após estudos semelhantes buscando compreender os efeitos da hidroginástica na vida de indivíduos idosos por meio de testes físicos diretos com uma população, chegaram à conclusão semelhante de que a prática de hidroginástica por indivíduos da terceira idade deve ser estimu-lada, pois, além de ser uma atividade relaxante, auxilia na melhoria e na manutenção da aptidão, além de fazer desses sujeitos seres independentes nessa etapa tão importante da vida.

Oliveira et al. (2009) realizaram um estudo analisando a ca-pacidade funcional de idosos institucionalizados a partir da autoa-valiação. Foram avaliados 70 idosos, que responderam à “ficha de autoavaliação da capacidade funcional”. Notou-se um alto índice

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de dependência na realização das AVDs, baixa (47%) e moderada (49%); percebeu-se, ainda, um baixo índice de independência total (4%). Em nenhum momento do estudo, os autores citam que os idosos avaliados praticam alguma atividade física em suas institui-ções; talvez por isso, tenha ocorrido um resultado com o grau de dependência tão alta.

Em contrapartida, um estudo de Assis e Rabelo (2006) teve por objetivo verificar, por meio da autoavaliação, os efeitos que a prática de hidroginástica tem sobre a capacidade funcional de mu-lheres idosas. O questionário foi aplicado em 15 idosas com mé-dia de idade de 70,5 anos, que praticavam hidroginástica há, pelo menos, 6 meses. Com a análise dos dados, percebeu-se que 84% da amostra se classificaram como “muito boa” e os outros 16% encaixaram-se como “boa”. Esse índice ainda alto de 16% pode ser resultado do pouco tempo de prática das idosas. Entretanto, mes-mo assim, os autores concluem que o resultado obtido é um claro indicativo do bom nível de desempenho funcional adquirido com a prática de hidroginástica, e essa prática influencia de forma positi-va, contribuindo para a independência, fornecendo uma melhora na qualidade de vida dessas idosas.

Cosme, Okuma e Mochizuki (2008) buscaram traçar o perfil funcional de 193 idosos praticantes de atividade física há, pelo me-nos, dois anos. Previamente, os idosos foram avaliados e classifica-dos nos grupos IV e V de capacidade funcional de Spirduso. Após a classificação, todos os idosos foram submetidos a testes físicos semelhantes às AVDs e AIVDs. E, com os resultados encontrados, pôde-se concluir que o grupo com perfil funcional de fisicamente ativos se mantém em condições ótimas até idades avançadas, acima da média dos idosos que não praticam atividades.

Carvalho et al. (2003) buscaram verificar a compreensão dos alunos praticantes de hidroginástica em uma academia da cidade de Juiz de Fora, relacionando as mudanças da capacidade funcional consequente dessa atividade e assimilá-los aos resultados obtidos em uma pesquisa semelhante realizada em Aracaju. O estudo con-tou com 43 pessoas de ambos os gêneros, de 60 a 75 anos, pratican-tes de hidroginástica, por meio de um questionário organizado em

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escala de Likert, contendo questões que examinaram parâmetros físicos. Com a aplicação do questionário, percebeu-se que os alu-nos da academia pesquisada notaram uma influência significativa no que diz respeito ao benefício de suas capacidades funcionais.

Tais resultados e conclusões são confirmados com o estudo de Belloni et al. (2008), que teve o objetivo de comparar a auto-nomia funcional de mulheres idosas, praticantes e não praticantes de hidroginástica. Foram avaliadas 19 mulheres, de 61 a 80 anos, divididas em dois grupos: o grupo das praticantes e o das não pra-ticantes. Utilizou-se o protocolo de GDLAM (Grupo de Desenvol-vimento Latino-Americano para Maturidade) que é composto por alguns testes que imitam as AVDs. Com os resultados, os autores concluíram que a hidroginástica pode ser uma atividade física uti-lizada para prevenir o declínio funcional e, ainda, para manter a autonomia funcional de idosas.

Velardi e Júnior (2008) tentaram, por meio de uma revisão da literatura, mostrar os reais efeitos que a prática de atividade física regular oferece ao indivíduo no processo de envelhecimento. Após uma longa discussão diante de vários estudos que levam em consi-deração os verdadeiros benefícios que um indivíduo praticante de atividade física pode obter, os autores concluem que o hábito regu-lar de atividades físicas para idosos está sendo conceituado como um aspecto fundamental em relação aos diversos benefícios con-firmados cientificamente e que, agregado a outros fatores, poderá colaborar para uma melhor qualidade de vida. Assim, ao fim da revisão, os autores consideraram que os fundamentais benefícios da prática regular de atividade física para o idoso são vários, dentre os quais estão a prevenção de doenças e a manutenção ou melhoria da capacidade funcional desses sujeitos.

O leque de referências pesquisado sobre a qualidade de vida dos idosos é bastante extenso; no entanto, há o consenso de que é verdadeira a relação entre a prática de atividade com a melhoria da qualidade da capacidade funcional dessa população idosa.

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5. CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos e com embasamento nos estudos discutidos, conclui-se que a atividade física praticada regularmente tem, sim, papel influenciador na qualidade de vida dos indivíduos idosos. Percebe-se que uma das melhores atividades e a mais aceita por essa faixa etária é a hidroginástica, que melhora todos os com-ponentes da aptidão física, além de influenciar o estado mental e social desses sujeitos.

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Participação de crianças com paralisia cerebral nas habilidades funcionais e impacto na qualidade de vida de seus cuidadores

Josimar Nunes TASSO1

Carolina Bocato PRIOLI2

Carolina Daniel de LIMA-ALVAREZ3

Resumo: Crianças com paralisia cerebral apresentam dificuldade na participação das atividades de vida diária, requerendo auxílio de um cuidador, sobrecarregan-do-o emocional e fisicamente, minimizando sua qualidade de vida. Foi avaliada a participação de crianças com paralisia cerebral nas habilidades funcionais e o impacto disso na qualidade de vida dos cuidadores. Cuidadores de 09 crianças (MD 10.82 ± 2.82 anos) GMFCS IV e V responderam ao PEDI e ao SF-36. As crianças apresentaram baixa participação no PEDI (principalmente autocuidados e mobilidade), requerendo muita assistência do cuidador, principalmente para mobilidade. A qualidade de vida dos cuidadores mostrou-se diminuída, princi-palmente por aspectos físicos e emocionais e dor. Concluiu-se que essas crian-ças apresentaram participação limitada na execução das habilidades funcionais, sendo imprescindível a assistência do cuidador. Essa alta demanda de cuidado interferiu na qualidade de vida do cuidador, limitando-a física e emocionalmente e pela presença importante de dor na execução das atividades de cuidado diário.

Palavras-chave: Paralisia Cerebral. Cuidador. Habilidade Funcional. Qualidade de Vida.

1 Josimar Nunes Tasso. Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário UNIFAFIBE. E-mail: <[email protected]>.2 Carolina Bocato Prioli. Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário UNIFAFIBE. E-mail: <[email protected]>.3 Carolina Daniel de Lima-Alvarez. Doutora em Neuropediatria pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – onde também é Pesquisadora Associada do Departamento de Fisioterapia. Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário UNIFAFIBE. E-mail: <[email protected]>.

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Participation of cerebral palsy children on functional abilities and its impact on their caregivers´ quality of life

Josimar Nunes TASSOCarolina Bocato PRIOLI

Carolina Daniel de LIMA-ALVAREZ

Abstract: Children with cerebral palsy have some difficulty in daily activities, requiring a caregiver assistance. The caregivers become often emotionally and physically overloaded, minimizing their quality of life. This work aimed to assess the participation of cerebral palsy children on functional abilities and its impact on their caregivers´ quality of life. Caregivers of 09 GMFCS IV and V children (10.82 ± 2.82 years MD) responded to the PEDI and the SF-36. The children had low participation in PEDI (specially self-care and mobility), requiring significant caregiver assistance, especially for mobility. The caregivers´ quality of life was reduced, mainly by physical and emotional aspects and pain. We concluded that these children had limited participation in the functional skills, requiring greater amount of caregiver assistance, thus interfering in their quality of life, that were limited by physically and emotionally aspects and by the presence of pain in the execution of daily care activities.

Keywords: Cerebral Palsy. Caregiver. Functional Ability. Quality of Life.

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1. INTRODUÇÃO

A paralisia cerebral (PC) é caracterizada por alterações do movimento, postura e tônus muscular, causadas por uma lesão de caráter não progressivo no encéfalo imaturo (ROCHA et al., 2008). Tais alterações interferem no desenvolvimento motor normal, uma vez que alteram o padrão de ativação muscular, tornando difícil a execução de movimentos dentro dos padrões típicos esperados. As-sim, as tentativas de se movimentar acontecerão com a adoção de padrões compensatórios e estereotipados, que, ao longo do tempo, desencadearão contraturas musculares e deformidades, as quais, por sua vez, comprometerão a aquisição das habilidades funcionais e a mobilidade (SILVA et al., 2010).

Além das alterações primárias provocadas pela lesão no en-céfalo, muitas crianças apresentam problemas associados, como déficit visual, cognitivo, auditivo, linguístico, sensitivo, compor-tamental, entre outros. A somatória de todas essas alterações com-promete ainda mais a aquisição de habilidades motoras, inclusive aquelas consideradas essenciais à independência da criança, neces-sárias para as atividades de autocuidado, como alimentação, vesti-menta e higiene pessoal (MILLER; CLARCK, 2002).

Quanto maior for o comprometimento neuromotor da crian-ça com paralisia cerebral (Gross Motor Function Classification System – GMFCS níveis IV e V, de acordo com PALISANO et al., 1997), mais limitada estará sua participação na execução das habilidades funcionais, requerendo serem assistidas e auxiliadas por outra pessoa para a realização das atividades de autocuidado. A pessoa que assiste ou auxilia alguém é denominada cuidador, e seu cuidado pode ser prestado nos diferentes âmbitos de saúde, a saber: prevenção, proteção ou recuperação da saúde.

O cuidador pode ser formal, quando possui conhecimentos adquiridos e treinamentos direcionados à execução de tal ativida-de e oferece seus serviços em troca de remuneração; ou informal, quando é executado por um leigo, normalmente membro da família (MARQUES et al., 2011). No caso dos cuidadores informais, tal papel geralmente é desempenhado pela mãe (BRACCIEALLI et

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al.,2012), a qual nem sempre conta com uma rede de apoio extensa. Ademais, além de suprir as exigências das atividades de autocuida-do da criança com paralisia cerebral, a mãe também está envolvida diretamente na tomada de decisão sobre os aspectos de saúde que a criança necessita (ROCHA et al., 2008).

O ato de cuidar de um indivíduo com comprometimento mo-tor importante é uma atividade que demanda muito fisicamente do cuidador. Essa demanda tende a aumentar à medida que a criança cresce, principalmente pela necessidade de o cuidador realizar as transferências e auxiliar na locomoção da criança, e culmina com a instalação de processos álgicos, com quadro de mialgias e fadiga, envolvendo principalmente membros superiores e coluna. Quando a mãe é a principal cuidadora, além da demanda física envolvida no cuidado em si, existem, também,uma carga emocional e afetiva, frustrações e expectativas em relação ao desenvolvimento de seu fi-lho, que podem tornar o cuidar ainda mais árduo, e contribuem para o desenvolvimento de altos níveis de estresse. Associado a isso, é importante considerar que as exigências de cuidado de uma criança com paralisia cerebral do tipo quadriparesia (um dos quadros com maior comprometimento neuromotor) tende a provocar alteração tanto da dinâmica conjugal dos pais como familiar, limitação para a participação social e de lazer do cuidador e demandas financeiras diferenciadas que, no conjunto, podem gerar uma sobrecarga psico-lógica (CARDOSO et al., 2012).

A qualidade de vida (QV) pode ser entendida não apenas como a ausência de uma doença específica, mas também como um conjunto de múltiplos fatores (ambiental familiar, social e financei-ro) que se correlacionam (MINAYO et al., 2000) e desencadeiam situações que, dentro de um contexto cultural específico, atendam aos objetivos e expectativas do indivíduo que as vivencia (ROCHA et al., 2008). Dessa forma, embora existam poucos estudos na li-teratura que abordem essa temática, acredita-se que as demandas física e psicológica às quais o cuidador é submetido diariamente interferirão negativamente na sua qualidade de vida (MARQUES et al., 2011) e, ao longo do tempo, poderão dificultar a assistência prestada à criança.

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Neste contexto, este trabalho se propõe a avaliar o impac-to que o nível de participação das crianças com paralisia cerebral (GMFCS níveis IV e V) nas habilidades funcionais tem sobre a qualidade de vida (aspectos bio-físico-psicossociais) de seus cui-dadores. Acredita-se que quanto menor o nível de participação da criança nas habilidades funcionais, maior será o cuidado requisita-do por esta, aumentando a demanda do cuidador. Este, por sua vez, apresentará menores índices de qualidade de vida, principalmente devido às sobrecargas física e psicológica e à limitação na partici-pação social.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de caráter qualitativo e transversal, com uma amostra de conveniência de natureza aplicada e com ob-jetivos experimentais, aprovado pelo Comitê de Ética em Seres Hu-manos do Centro Universitário UNIFAFIBE (parecer nº 476.577). As crianças/cuidadores que participaram deste estudo deveriam ter diagnóstico de paralisia cerebral, ser classificadas como nível IV ou V no GMFCS e receberem atendimento fisioterapêutico regu-larmente. Foram selecionadas a partir do quadro de pacientes da Clínica de Fisioterapia do Centro Universitário UNIFAFIBE e da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Bebe-douro/SP. A participação foi autorizada por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Participantes

Para a realização do estudo, foram entrevistados 08 cuida-dores de crianças com paralisia cerebral (GMFCS níveis IV e V). Dos cuidadores entrevistados, 87,5% (7) eram mães e uma era avó das crianças, e apresentavam idade entre vinte e nove e cinquenta e três anos (MD 37,1±7,9). Destas, 37,5% apresentaram o ensino médio completo, 12,5%, ensino fundamental completo e 50%, en-sino fundamental incompleto. É importante destacar que uma das cuidadoras possuía duas crianças com paralisia cerebral. Foram avaliadas, também, 09 crianças com paralisia cerebral, entre seis e

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quinze anos (MD 10,33 ± 2,82), sendo 67% das crianças GMFCS nível IV e 33% nível V.

Procedimentos

Após a seleção das crianças elegíveis, os cuidadores foram convidados a participar deste trabalho e esclarecidos sobre seus ob-jetivos. Com aqueles que aceitaram, foi agendada uma visita do-miciliar para a aplicação dos questionários. Deu-se preferência à visita domiciliar para não interferir na rotina dos cuidadores, no en-tanto, duas cuidadoras foram entrevistadas na clínica de fisiotera-pia, durante o atendimento de seus filhos, por residirem em cidades vizinhas. Ao chegar à residência, os pesquisadores apresentavam--se ao cuidador, esclareciam novamente os procedimentos que se-riam realizados, bem como a relevância e os objetivos do presente trabalho. Em seguida, os cuidadores eram convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando sua par-ticipação e de seu filho. Feito isso, eram aplicados os questionários Pediatric Evaluation Disability Inventory (PEDI – HALEY et al., 1992) partes I e II para avaliar o nível de participação das crianças nas habilidades funcionais (capacidade funcional e necessidade de auxílio de cuidador); e Medical Outcomes Study 36 – Item Short--Form Health Survey – SF-36, empregado para avaliar a qualidade de vida dos cuidadores. As entrevistas duraram cerca de cinquenta minutos.

Instrumentos utilizados para coleta de dados

O GMFCS é um Sistema de Classificação da Função Motora Grossa para crianças com paralisia cerebral desde o nascimento até os 18 anos, baseado no movimento autoiniciado, com ênfase no sentar, transferências e mobilidade. Para distinguir entre os níveis, baseia-se nas limitações funcionais, na necessidade de dispositivos manuais para mobilidade (tais como andadores, muletas ou ben-galas) ou mobilidade sobre rodas e, em menor grau, na qualidade do movimento. A classificação se dá em 5 níveis: NÍVEL I – Anda sem limitações; NÍVEL II – Anda com limitações; NÍVEL III –

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Anda utilizando um dispositivo manual de mobilidade; NÍVEL IV – Automobilidade com limitações, em que pode utilizar mobilidade motorizada; NÍVEL V – Transportado em uma cadeira de rodas manual (PALISANO et al., 2007).

O PEDI avalia o desenvolvimento das habilidades funcionais e o nível de independência no desempenho dessas atividades em crianças de seis meses a sete anos de idade (ou crianças que apre-sentam comportamento motor compatível com a idade de 7 anos). É constituída de três partes que avaliam autocuidado, mobilidade e função social. A avaliação de autocuidado verifica o desempenho da criança nas seguintes tarefas: alimentação, higiene pessoal, ba-nho, vestir-se, uso do toalete e controle esfincteriano. A mobilidade avalia tarefas que envolvem transferências, locomoção em ambien-te externo, locomoção em ambiente interno e o uso de escadas. A avaliação da função social analisa compreensão funcional, expres-são funcional, resolução de problemas, brincar, autoinformação, orientação temporal, participação na rotina doméstica/comunitária e noção de autoproteção. A Parte I avalia as capacidades da criança, a Parte II, a assistência fornecida pelo cuidador e a Parte III, a ne-cessidade de adaptações e equipamentos para a realização das ati-vidades. É importante ressaltar que neste estudo foram empregadas apenas as Partes I e II do PEDI. A pontuação da Parte I é dicotômica (0 - incapaz; 1 - capaz). A pontuação da Parte 2 varia em uma escala de cinco níveis de acordo com a necessidade de auxílio da criança (0 – totalmente dependente; 5 – totalmente independente). A pontu-ação final é a somatória das partes e, neste estudo, foi adotado o es-core contínuo, seguindo orientações do manual, visto que algumas crianças apresentavam idade superior ao indicado pelo teste. Sua aplicação foi realizada por meio de um questionário com os pais e/ou responsáveis e foi empregada a folha de registro do PEDI.

O SF-36 é um questionário utilizado para avaliação da qua-lidade de vida. Esse questionário pode ser respondido por crianças a partir de 12 anos de idade e avalia 8 domínios: capacidade fun-cional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, limitação por aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais e saúde mental. Sua pontuação varia de 0 a 100, obser-

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vando-se melhor qualidade de vida quando se obtém maior escore (ROCHA et al., 2008).

Para a aplicação dos instrumentos, os pesquisadores foram treinados por pesquisador experiente e realizaram um índice de concordância que apresentou concordância maior que 80%.

Análise de dados

Os resultados do PEDI foram apresentados pela transforma-ção do escore bruto obtido pelas crianças no escore contínuo, que apresenta a localização do desempenho da criança em um contínuo de itens, que varia de 0 a 100, sendo que valores mais próximos de 0 indicam habilidades de baixa complexidade, valores próximos de 100, habilidades de alta complexidade. O SF-36 foi apresenta-do pela somatória dos escores obtidos em cada área analisada. Os resultados deste trabalho foram apresentados por meio de uma aná-lise descritiva (apresentação de média, mediana e porcentagem).

3. RESULTADOS

Pediatric Evaluation Disability Inventory (PEDI)

O escore contínuo apresentado por cada criança nas áreas de autocuidados, mobilidade e função social das partes I (habilidades funcionais) e II (assistência do cuidador) podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1. Escore contínuo, média e desvio padrão das crianças ava-liadas pelo PEDI.

Crianças (Habilidades funcionais) Assistência do Cuidador

Autocuidado Mobilidade Função Social Autocuidado Mobilidade Função

Social

1 55,05 30,92 44,70 45,92 0 32,50

2 53,35 21,55 42,73 34,21 0 39,42

3 23,84 6,97 12,60 34,21 0 0

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Crianças (Habilidades funcionais) Assistência do Cuidador

Autocuidado Mobilidade Função Social Autocuidado Mobilidade Função

Social

4 56,27 34,16 47,38 0 0 13,85

5 25,47 6,97 47,45 0 0 0

6 59,33 48,11 73,89 14,83 18 44,96

7 23,84 11,38 37,01 0 0 0

8 44,57 21,55 41,68 45,92 0 39,42

9 48,58 32,75 51,67 40,86 0 36,19

Média 43,40 23,26 44,35 24,0 02 23,70

DP 14,88 13,66 15,88 19,05 06 18,66

De acordo com o manual do PEDI, o escore normativo re-presenta o nível de capacidade funcional da criança em cada área, variando de 0 a 100, sendo que, quanto mais próxima de 100 a pontuação da criança, maior o nível de complexidade das habilida-des funcionais que ela apresenta. Baseando-se nessa informação, pode-se observar que, na parte I, que avalia capacidade funcional, 55% das crianças apresentaram habilidades funcionais de média e baixa complexidade para a área de autocuidado, com escore con-tínuo abaixo de 50. Em relação à assistência do cuidador (parte II), observa-se que 33% dessas crianças requerem assistência total do cuidador para as atividades de autocuidado, uma criança requer assistência máxima, e as demais (55%) requerem assistência mode-rada. Tais resultados evidenciam que as crianças avaliadas neste es-tudo possuem maior dependência da assistência do cuidador para as atividades de autocuidado. Além disso, é importante destacar que a criança 4, apesar de ter recebido escore maior que 50 a partir do relato da mãe, é totalmente dependente da assistência do cuidador para as atividades de autocuidado.

Para a área de mobilidade (parte I), todas as crianças apre-sentaram escore contínuo abaixo de 50, sendo que, destas, 33% apresentaram habilidades de baixíssima complexidade apenas (es-core contínuo menor que 15) e nenhuma pontuou acima de 50. Tal dificuldade pode ser reforçada ao observar-se a pontuação da área de mobilidade parte II, na qual se verificou que 89% das crianças apresentaram dependência total de seus cuidadores para se locomo-ver ou realizar transferências, e uma (criança 6) requer assistência

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máxima para tal, apesar de seu cuidador ter relatado capacidade funcional para a mobilidade próxima de 50 na parte I.

Na área de função social, 67% das crianças apresentaram ha-bilidades de média complexidade, variando em torno de 50 pontos. Além disso, 45% das crianças necessitam de assistência total ou máxima de seus cuidadores para a realização das atividades de fun-ção social.

Medical Outcomes Study 36 – Item Short-Form Health Survey

Os resultados obtidos para cada cuidador no questionário SF-36, nos 8 domínios avaliados (capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, limi-tação por aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais e saúde mental), são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Escore final, média e desvio padrão de cada domínio do SF-36 para os cuidadores avaliados.

Cuidadores Domínios Avaliados**

CF LAF DOR EGS VTL LAS LAE SM

C1* 50 25 52 52 50 75 0 52

C2* 50 25 52 52 50 75 0 52

C3 50 25 12 67.5 50 50 33.3 76

C4 60 0 12 47 05 12.5 0 36

C5 75 100 0 80 65 50 0 88

C6 65 25 31 92 80 100 100 96

C7 100 100 84 92 70 100 100 64

C8 65 15 41 42 45 75 0 44

C9 85 100 91 70 50 50 100 56

Média 66.7 46.1 41.7 65.9 51.7 71.9 38 62.7

DP 17.3 41.2 31.7 21.8 21.1 25.0 55 20.2

* Cuidador 1 e Cuidador 2 são a mesma pessoa; no entanto, é responsável por duas crianças com PC.

**Domínios avaliados pelo SF-36 compreendem por CF – capacidade funcional, LAF – limitação por aspectos físicos, DOR – dor, EGS – Estado geral de saúde, VTL – vitalidade, LAS – limitação por aspectos sociais, LAE – limitação por aspectos emocionais e SM – saúde mental.

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Analisando a pontuação dos domínios do SF-36, pode-se ob-servar que a média da maior parte dos domínios se aproxima de 50 pontos, que equivaleria à qualidade de vida média. Os domínios que apresentaram menores médias, indicando maior comprometi-mento da qualidade de vida, foram o de limitações por aspectos emocionais (38 pontos), seguido por dor (41,7 pontos) e limitações por aspectos físicos (46,1 pontos). No entanto, é importante ressal-tar que existe uma variabilidade muito grande na resposta entre os cuidadores para cada domínio, o que pode ser verificado pelo alto valor do desvio padrão; portanto, a média não deve ser considerada representativa neste caso. Assim, alguns aspectos observados em cada domínio serão destacados a seguir em porcentagem.

Observa-se que 100% dos cuidadores não consideram a alta demanda que o cuidado com a criança exige de sua capacidade fun-cional como fator limitante para sua qualidade de vida, uma vez que pontuaram acima de 50, o que é compatível com qualidade de vida mediana. O aspecto limitações por aspecto físico, no en-tanto, parece ser um fator que interfere bastante na qualidade de vida dos cuidadores de crianças com paralisia cerebral nível IV e V, pois 67% dos cuidadores pontuaram 25 pontos ou menos, indi-cando presença de limitações físicas que interferem nas atividades diárias. O domínio dor é um fator que tem um impacto importante na qualidade de vida de apenas 33% dos cuidadores, que pontuaram abaixo de 25 pontos. O estado geral de saúde parece não ter im-pacto importante na qualidade de vida desses cuidadores, visto que 78% deles pontuaram acima de 50 pontos. No aspecto vitalidade, destaca-se a pontuação da cuidadora 4, que pontuou apenas 5, en-quanto todas as outras apresentaram pontuações maiores. Embora todas as crianças sejam altamente dependentes de seus cuidadores para a maior parte das habilidades funcionais, esse fator parece não interferir na qualidade de vida da maior parte dos cuidadores (89%) nos aspectos relacionados à convivência social, pois apenas um cuidador pontuou abaixo de 25 pontos. O aspecto que parece afetar de forma mais importante a qualidade de vida dos cuidadores é o de limitações por aspectos emocionais, no qual 55,5 % dos cuida-dores apresentaram pontuação 0. Finalmente, 78% dos cuidadores pontuaram acima de 50 pontos, considerando que sua saúde mental

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é pouco afetada pelo estresse do cuidado, não interferindo em sua qualidade de vida de forma importante.

4. DISCUSSÃO

Com base nos resultados deste estudo, foi comprovado que as crianças com paralisia cerebral com classificação no GMFCS níveis IV e V apresentam considerável diminuição de suas capaci-dades funcionais e alta demanda de assistência do cuidador. Embo-ra tais resultados possam ser observados para as capacidades fun-cionais nas três áreas avaliadas (autocuidado, mobilidade e função social), é mais evidente para as atividades de mobilidade, na qual todas as crianças pontuaram abaixo da média, sendo que um ter-ço delas apresentou pontuações baixíssimas; seguida pela área de autocuidados, cuja pontuação foi de mediana a baixa para todas as crianças. Em relação à necessidade de assistência do cuidador, evidenciou-se que, nas atividades de mobilidade, todas as crianças requereram assistência total, enquanto, para autocuidados, essa as-sistência variou entre total, máxima ou moderada.

Esses resultados estão de acordo com os de Limonge et al. (2013) e Malheiros et al., (2013), que avaliaram crianças GMFCS níveis IV e V com o PEDI e encontraram resultados semelhantes aos do presente estudo, ou seja, baixa pontuação para as capaci-dades funcionais nas três áreas avaliadas pelo PEDI (autocuidado, mobilidade e função social), embora as crianças apresentem pontu-ações um pouco melhores para a função social e pontuações altas para a necessidade de assistência do cuidador, principalmente nas áreas de autocuidado e mobilidade. Tal resultado já era esperado, devido ao perfil de cada nível, descrito por Palisano et al., (1997; 2007), no qual as crianças nível IV “[...] utilizam métodos de mo-bilidade que requerem assistência física ou mobilidade motorizada na maioria dos ambientes”, e as crianças nível V “são limitadas em sua habilidade de manter as posturas anti-gravitacionais da cabeça e tronco e de controlar os movimentos dos braços e pernas. [...] As transferências requerem assistência física total de um adulto.” (PA-LISANO et al., 1997; 2007). Concomitantemente a isso, o estudo de Rocha et al., (2008) verificou a existência de uma correlação

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negativa forte entre a pontuação do PEDI e o nível do GMFCS, indicando que quanto maior o comprometimento da criança, menor seu desempenho funcional.

Ademais, a literatura relata que essas crianças, no geral, apresentam grande restrição em suas capacidades funcionais (MANCINI et al., 2002; CUNHA et al., 2009; VOORMAN et al., 2007; OSTENJO; CALBERG; VOLLESTAD, 2003; 2004) causadas por alterações neuromotoras e musculoesqueléticas, que envolvem não apenas a estrutura/função do corpo, mas também a atividade e a participação de acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF (ROSEMBAUM; STEWAT, 2004; OSTENJO, CARLBERG; VOLLESTAD, 2005; SANTOS et al., 2011). No que se refere ao domínio de estrutura/função do corpo da CIF, essas crianças apresentam limitações no funcionamento dos sistemas musculoesquelético e neuromotor (variações de tônus muscular; persistência de reflexos primitivos; falta de controle motor seletivo, redução da força muscular e da velocidade do movimento, diminuição da amplitude do movimento ativo e, em alguns casos, presença de deformidades ósseas) (DZIENKOWSKI et al.,1996; BAX et al., 2005; LIMONGE et al., 2013).

Toda essa limitação apresentada pelas crianças reforça a ne-cessidade imprescindível de se ter um cuidador, o qual, por sua vez, será responsável por realizar a maior parte das atividades de auto-cuidado e mobilidade da criança. À medida que a criança cresce, as exigências e demandas desse cuidar também crescem. A criança torna-se mais pesada e deixa de ser manuseada com facilidade, tor-na-se difícil carregá-la, dar banho e trocá-la e, às vezes, até mesmo alimentá-la. Assim, além de conformar-se ao diagnóstico de seu fi-lho, o cuidador precisa ajustar seu estilo de vida para dedicar-se aos cuidados, tratamentos e serviços de que a criança necessita. Tal fato pode resultar em comprometimento da saúde física e do bem-estar psicológico dos cuidadores (ROCHA; AFONSO; MORAIS, 2008; CARVALHO et al., 2010), devido à sobrecarga física imposta pelo constante manuseio da criança e, também, emocional. Tais com-prometimentos puderam ser comprovados no presente estudo, uma vez que, no geral, os cuidadores apresentaram qualidade de vida

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mediana. Ainda, dentro dos domínios avaliados, observou-se que a maior parte dos cuidadores apresentou limitações por aspectos físicos e limitações por aspectos emocionais. Os resultados de Tuna et al. (2004) também corroboraram com os achados deste estudo, uma vez que, ao aplicar o questionário SF-36, foi verificado que cuidadores de crianças com paralisia cerebral apresentam menor qualidade de vida que cuidadores de crianças típicas, devido à alta demanda de cuidado.

Os resultados deste estudo também corroboraram com os de Barbosa et al. (2009), que verificaram que o fato de cuidar de um criança deficiente leva à modificação de toda a estrutura da famí-lia, devido ao fato de a criança provocar uma forte exigência emo-cional, o que, por sua vez, pode gerar conflitos e provocar uma instabilidade emocional, como também a alteração na dinâmica do relacionamento do casal e o distanciamento entre seus membros.

Ao se analisar a relação do parentesco familiar entre a criança e o cuidador constatou-se que os cuidadores possuem vínculo fami-liar com a criança e que, no geral, são vínculos fortes. Neste estudo, dos oito cuidadores entrevistados, sete são mães de crianças com PC e uma é avó da criança. Tais achados também foram descritos por Silva et al., (2010), que verificaram que o parentesco familiar parece ser o que mais influencia na escolha do cuidador, visto que, no geral, a mãe da criança acaba tornando-se o cuidador princi-pal. As mulheres acabam assumindo esse papel de maneira efetiva em virtude de se apresentarem mais dedicadas integralmente a essa função. O mesmo autor ainda relata que o ideal seria que o cuida-dor principal fosse do sexo masculino, pois os homens apresentam mais força muscular e maior resistência física, o que minimizaria a exaustão e o desgaste físico. Essa maior incidência de mulheres/mães como cuidador principal das crianças com paralisia cerebral pode estar relacionada a questões socioculturais, que incorporam a mulher como provedora de cuidados para os mais necessitados, derivando de uma construção social ideologicamente aceita como uma obrigação moral (CARDOSO et al., 2011), mesmo que o cui-dado se mostre intenso e desgastante, influenciando de maneira di-reta sobre sua qualidade de vida.

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Observou-se, neste estudo, que crianças GMFCS níveis IV e V requerem alto nível de assistência do cuidador, o que tende a implicar diminuição da qualidade de vida do cuidador, principal-mente devido às limitações por aspectos físicos e emocionais, as-sociados também à presença de dor. Sabendo-se da necessidade de essas crianças serem assistida, bem como do impacto que essa as-sistência representa para a qualidade de vida de seu cuidador, seria importante pensar em estratégias que visassem à diminuição desse impacto, prevenindo a instalação de processos álgicos, futuras le-sões e problemas de saúde integral que possam interferir na presta-ção de cuidado à criança. Assim, é importante que esses cuidadores sejam acompanhados e recebam orientações adequadas que visem à eficácia do cuidado nas atividades de vida diária das crianças, sem deixar de considerar o cuidado com a sua saúde e da qualidade de vida familiar, a fim de garantir a assistência da criança.

5. CONCLUSÃO

Conclui-se, portanto, que crianças com paralisia cerebral classificadas no GMFCS níveis IV e V deste estudo apresentaram participação limitada na execução das habilidades funcionais do dia a dia, nas áreas de autocuidado, mobilidade e função social, sendo mais evidente essa limitação nas duas primeiras áreas. Devido a essa limitação na participação, o nível de assistência requerido do cuidador para a realização dessas habilidades é de total a moderada, sendo mais evidente na área de mobilidade. Essa alta demanda de cuidado interferiu na qualidade de vida do cuidador, tornando-a, no geral, mediana, com impacto maior na limitação por aspectos físicos e emocionais e presença importante de dor na execução das atividades do dia a dia.

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Benefícios da terapia assistida por animais no desenvolvimento motor de crianças com Síndrome de Down

Nathiana Belgamo da SILVA1

Elaine Pereira RANIERO2

Carolina Daniel de LIMA-ALVAREZ3

Resumo: Este estudo verificou a influência da Terapia Assistida por Animais no desenvolvimento psicomotor das crianças com síndrome de Down. Foram avaliadas duas crianças típicas e duas com síndrome de Down (5 a 7 anos). O de-sempenho psicomotor foi avaliado com a EDM (típicas = 1 avaliação; síndrome de Down = 3 avaliações: primeira e última sessão de intervenção; um mês após o término desta). Uma cachorra, da raça Labrador Retriever, foi empregada para a TAA que aconteceram uma vez por semana, durante um mês. Observaram-se ganhos nos aspectos psicomotores das crianças com síndrome de Down inseridas na TAA, evidenciado as áreas de motricidade fina, motricidade global e orga-nização espacial, embora o desempenho tenha continuado abaixo do esperado. Assim, a TAA favoreceu o desempenho psicomotor de crianças com síndrome de Down, diminuindo a idade negativa na Escala de Desenvolvimento Motor, embora se mantenha o atraso em relação à idade cronológica.

Palavras-chave: Terapia Assistida por Animais (TAA). Síndrome de Down. Psi-comotricidade. Escala de Desenvolvimento Motor (EDM).

1 Nathiana Belgamo da Silva. Especialista em Intervenção em Neuropediatria pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Graduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário de Araraquara (UNIARA) – onde também é Membro do Comitê de Ética em Pesquisa. Coordenadora do Projeto Wendy - Terapia Assistida por Animais. E-mail: <[email protected]>.2 Elaine Pereira Raniero. Mestre em Neuropediatria pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Fisioterapeuta na Prefeitura Municipal de Araraquara (SP). E-mail: <[email protected]>.3 Carolina Daniel de Lima-Alvarez. Doutora em Neuropediatria pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – onde também é Pesquisadora Associada do Departamento de Fisioterapia. Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário UNIFAFIBE. E-mail: <[email protected]>.

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Benefits of the animal assisted therapy on motor development in children with Down Syndrome

Nathiana Belgamo da SILVAElaine Pereira RANIERO

Carolina Daniel de LIMA-ALVAREZ

Abstract: The aim of this study was to investigate the influence of the animal-assisted therapy on the psychomotor development of children with Down Syndrome. Two typical children and other two with Down syndrome were evaluated (5-7 years old). The psychomotor performance was evaluated with MDS (typical = 1 assessment; Down Syndrome = 3 assessments: first and last intervention session; one month after its ending). A Labrador Retriever bitch was used for AAT, which happened once a week, for a month. Improvements on psychomotor aspects of children with Down Syndrome included in the AAT were observed, evincing the fine and global motor skills areas and spatial organization, although performance has remained lower than expected. Thus, AAT has favored the psychomotor performance of children with Down Syndrome, decreasing the negative age in Motor Development Scale, although it remains delayed in relation to chronological age.

Keywords: Animal-assisted Therapy (AAT). Down Syndrome. Psychomotricity. Motor Development Scale (MDS).

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1. INTRODUÇÃO

A Terapia Assistida por Animais (TAA) é um tipo de terapia baseada no vínculo homem-animal (PEREIRA, PEREIRA; FER-REIRA, 2007). Esse vínculo pode promover ao assistido (no caso, o homem) ganhos físicos, sociais e emocionais, como a melhora de mobilidade, comunicação, independência, habilidades funcionais, recreação e socialização, bem como a diminuição da ansiedade e da solidão (DOTTI, 2005).

A TAA pode ser utilizada em diferentes faixas etárias, e alguns estudos têm demonstrado ótimos resultados em crianças (CHA-GAS et al., 2009; FOSCO et al., 2009; MENEZES, 2010; PRIAN-TI; CABANAS, 2006). A escolha do cão para a TAA com crianças deve-se ao fato de esse animal apresentar uma natural afeição pelas pessoas, ser facilmente adestrado e capaz de criar respostas positi-vas ao toque. (CHAGAS et al, 2009). Além disso, acariciá-lo gera uma sensação prazerosa (pelo estímulo tátil, auditivo e visual), uma vez que o animal tende a responder à carícia com sons, aproxi-mação e movimentos (PEREIRA, 2007; VACCARI e ALMEIDA, 2007), e a TAA tende a ser mais eficiente quando realizada por meio de animais que possam ser tocados (CHAGAS et al., 2009).

O emprego da TAA como terapia complementar em crianças visa alcançar diferentes objetivos, como estimular a criança a rea-lizar exercícios de mobilidade, encorajar as funções da fala, as ati-vidades de vida diária (AVDs) e socialização, bem como aumentar a confiança e a atenção (DOTTI, 2005). Nesse sentido, há poucos estudos que respaldam o emprego da TAA. O estudo de Fosco et al. (2009), por exemplo, associou o emprego da TAA ao uso da fisioterapia convencional no tratamento de crianças com paralisia cerebral, propondo atividades que focavam melhora do controle de cabeça e de tronco, do equilíbrio global, desenvolvimento de rea-ções de proteção e adoção de outras posturas, coordenação motora e marcha. Os autores verificaram, por meio do PEDI (Pediatric Evaluation Disability Inventory), que essas crianças apresentaram melhora nas habilidades funcionais e que a fisioterapia convencio-nal foi mais eficiente quando associada à TAA. O estudo de Prianti e Cabanas (2006), por sua vez, aplicou a TAA a fim de realizar a

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intervenção psicomotora em uma criança com síndrome de Down e observou ganhos importantes nos aspectos psicomotores traba-lhados, tais como de lateralização, cognição, aspectos psicofuncio-nais, reintegração terapêutica, linguagem, expressão, praxia fina, esquema e imagem corporal, equilibração, socialização, iniciativa, aspectos afetivos e de ordens simples.

Com relação à aplicação da TAA em crianças com síndro-me de Down, são poucos os estudos encontrados na literatura. A síndrome de Down apresenta como característica principal a hipo-tonia muscular (diminuição e/ou falta de tônus muscular), a qual influencia qualitativamente a execução de seus movimentos (DÉA et al., 2009). Essas crianças possuem, também, lentidão no pro-cesso de formação e maturação do sistema nervoso, apresentan-do redução no lobo frontal, no tronco cerebral, no cerebelo e nas conexões neurais, tendo suas circunvoluções mais simples, células nervosas menores e menos diferenciadas e condução nervosa mais lenta. Devido a esses aspectos, comumente apresentam déficits psi-comotores, de linguagem, proprioceptivos e perceptivos (ARAUJO et al., 2007; BISSOTO, 2005; MASTROIANNI et al., 2011), os quais estão associados ao atraso no desenvolvimento cognitivo e (PRIANTI; CABANAS, 2006; PUESCHEL, 2012; ROSA NETO, 2010).

Baseando-se nas informações acima relatadas, este estudo tem por objetivo verificar se o uso da Terapia Assistida por Ani-mais, que tem apresentado resultados positivos para o tratamento de crianças, pode favorecer, também, o desenvolvimento psicomo-tor das crianças com síndrome de Down, a fim de produzir evidên-cias científicas de seus benefícios como modalidade terapêutica.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Participantes e aspectos éticos

Foram avaliadas quatro crianças, sendo duas com síndrome de Down (idade média de 5 anos e meio) e duas com desenvolvimento

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motor típico (idade média de 6 anos e meio – grupo controle). Para serem incluídas no estudo, as crianças deveriam apresentar idade entre 4 e 7 anos de idade e marcha independente. Não foram inclu-ídas crianças que nasceram prematuras, que apresentavam algum tipo de cardiopatia ou outros problemas de saúde que comprome-tessem seu desenvolvimento. Também não foram incluídas crian-ças que não se identificaram com a TAA (tinham medo de animais, feridas abertas, alergias e problemas mentais que podiam causar algum acidente com o animal ou alguma situação indesejada).

As crianças com síndrome de Down foram selecionadas no Centro de Diagnóstico e Intervenção Precoce (CDIP) da Prefeitura Municipal da cidade, e as crianças típicas foram selecionadas por meio da indicação de médico pediatra.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Uni-versidade (protocolo n. 1294/2011), e os pais autorizaram a parti-cipação das crianças por meio da assinatura do Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido.

Os pais das crianças foram contatados por telefone pela pes-quisadora e convidados a participar deste estudo. Nesse contato, foram explicados os objetivos do estudo, os procedimentos a serem realizados, a frequência das avaliações, bem como os riscos poten-ciais e os benefícios esperados. Caso aceitassem, seria agendado o início das atividades com as crianças em sua própria residência. Foram convidadas quatro crianças com síndrome de Down; porém, a mãe da primeira criança recusou-se a começar o tratamento, e a segunda criança não podia iniciar a intervenção porque estava com baixa imunidade; assim, apenas duas crianças com síndrome de Down participaram da pesquisa.

Procedimentos

No protocolo experimental, foram analisados dois grupos de crianças, com condutas de avaliação similares. O grupo controle, de crianças típicas, foi avaliado uma vez por meio da Escala de Desenvolvimento Motor (ROSA NETO, 2007), enquanto o grupo

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experimental, de crianças com Síndrome de Down, foi avaliado três vezes e recebeu intervenção fisioterapêutica por meio da TAA.

Avaliação e descrição da escala de desenvolvimento motor (EDM)

Como foi dito, as crianças foram avaliadas três vezes: na pri-meira e na última sessão, e um mês após o término da intervenção, a fim de verificar se os domínios psicomotores de motricidade fina e global, esquema corporal, equilíbrio, organização espacial e tem-poral e lateralidade que foram adquiridos ou aprimorados ainda fa-ziam parte do repertório da criança. As avaliações, que duraram, em média, 40 minutos, aconteceram em um local com poucos ruídos, onde eram empregados os materiais padronizados pela escala.

Para a avaliação das crianças e direcionamento das condutas a serem adotadas, foi aplicada a Escala de Desenvolvimento Mo-tor (EDM) (ROSA NETO, 2007). Tal escala pode ser aplicada em crianças de 2 a 11 anos de idade para avaliar transtornos na coor-denação motora; dificuldades na aprendizagem escolar; atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor; problemas na fala, na escrita e em cálculo; hiperatividade, ansiedade e falta de motivação; e alte-rações mentais, sensoriais e motoras. Engloba a avaliação de sete domínios:

a) motricidade fina (óculo manual); b) motricidade global (coordenação); c) equilíbrio (postura estática); d) esquema corporal (imitação de postura e rapidez); e) organização espacial (percepção do espaço); f) organização temporal (linguagem e estruturas temporais); g) lateralidade (mãos, olhos e pés). Sua pontuação classifica o desempenho da criança em 7 ní-

veis, que variam de “muito superior” a “muito inferior”, sendo que

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quanto maior a pontuação final, melhor o desempenho apresentado pela criança.

Além disso, a presente escala possui algumas expressões es-pecíficas:

• Idade Motora Geral (IMG): a soma dos resultados das pro-vas motoras, dividida por seis, expressa em meses.

• Quociente Motor Geral (QMG): a divisão entre a IMG e a Idade Cronológica (IC) multiplicada por 100.

• Idade Positiva ou Negativa (IN/IP): diferença entre a IMG e IC.

Intervenção empregando a TAA

A intervenção por meio da TAA nas crianças com síndrome de Down consistiu de uma sessão semanal, com duração média de 40 minutos, totalizando 6 sessões por criança, que foram conduzidas com a colaboração de uma cachorra da raça Labrador Retriever, de pelagem curta e cor preta. Essa cachorra, que atende pelo nome de Wendy, foi considerada apta para a aplicação da TAA em crianças após a avaliação do médico veterinário e do adestrador, uma vez que se constatou que era saudável, dócil, socializada e adestrada.

Nas sessões de TAA, as atividades basearam-se nas dificul-dades apresentadas pelas crianças durante a avaliação da Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), enfatizando-se, também, a cogni-ção e o reconhecimento de conceitos, exercícios físicos, sensibili-zação, fala, comunicação e atividades de vida diária.

Na intervenção, foram trabalhadas atividades de: estímulo sensorial (passar a mão e escovar a Wendy); autocuidado (levar água para ela e alimentá-la com petiscos); treino de marcha (passear com a Wendy); motricidade fina (brincar de labirinto, fazer bolinhas de papel e jogá-las para a cachorra, contar até cinco com os dedos, jogar no alvo a bola para que a Wendy fosse buscá-la); motricidade global (caminhar em linha reta, depois pulando em um pé só e jogar a bolinha para a Wendy quando for voltar); equilíbrio (equilibrar-se na ponta dos pés, ficar em

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apoio unipodálico com a Wendy do lado e agachar fazendo carinho nela); esquema corporal (imitar os movimentos das patas dianteiras e traseiras da Wendy, mãos e braços da pesquisadora); organização espacial (treinar direita e esquerda da criança e da Wendy); linguagem (contar as histórias das atividades realizadas com a Wendy para a criança ser incentivada a formar frases e comunicar-se); lateralidade (chutar a bola com um pé e jogar com uma mão para a Wendy buscar e olhá-la pelo telescópio).

Análise dos dados

Os dados foram analisados descritivamente e apresentados as médias e o desvio padrão da amostra. Depois, foi feita uma análise da porcentagem em relação aos ganhos que cada criança apresentou após a intervenção, percebendo se estes se mantiveram após um mês do término da intervenção.

3. RESULTADOS

As duas crianças típicas avaliadas apresentavam idade cro-nológica de 92 e 72 meses. Observou-se que a idade motora geral (IMG) de ambas as crianças foi superior às suas idades cronológi-cas (100 e 82 pontos respectivamente). O quociente motor geral (QMC), que é a razão entre IMG e idade cronológica multiplicada por 100, mostrou-se acima do esperado para as duas crianças, sendo maior para a criança típica II. Isso significa que a criança típica II apresentava, proporcionalmente, pontuação mais alta que a criança típica I. Verificou-se, também, que ambas as crianças apresentaram idade positiva, com média de +9. Assim, elas foram classificadas como normais de acordo com a EDM. Em relação à lateralidade, ambas apresentaram lateralidade cruzada (Tabela 1).

Tabela 1. Análise descritiva da pontuação do grupo controle.

PARTICIPANTES TÍPICO I TÍPICO II

Idade Cronológica (IC) 92 meses 72 mesesIdade Motora Geral (IMG) 100 82

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PARTICIPANTES TÍPICO I TÍPICO II

Quociente Motor Geral (QMG) 108 113Idade Positiva/Negativa (IP/IN) +8 +10Escala de Desenvolvimento Normal médio Normal altoLateralidade Cruzada Cruzada

As crianças com síndrome de Down apresentaram idade cro-nológica média de 75 meses na primeira avaliação, 77 na segunda avaliação e 78 na reavaliação. A idade motora geral (IMG) ficou abaixo do esperado para a idade cronológica nos três momentos avaliados: 54 na primeira avaliação, 60 na segunda e 58 na terceira. Porém, observou-se que, após a intervenção, houve uma diminui-ção da diferença entre a idade cronológica e a IMG (de 54 passou para 60), a qual, entretanto, voltou a aumentar na reavaliação (de 60 diminuiu para 58), embora continuasse se mantendo acima da IMG da primeira avaliação.

O mesmo comportamento descrito para a idade motora geral foi observado para o quociente motor geral (QMG), que passou de 72 na primeira avaliação para 77,5 na segunda, diminuindo na ter-ceira avaliação para 73,5, embora tenha se mantido acima do QMG inicial.

Como esperado, as crianças com síndrome de Down apresen-taram atraso em relação à habilidade motora esperada para sua ida-de, com idade negativa de -21 na primeira avaliação. Tal resultado pareceu ser minimizado com a intervenção da TAA, reduzindo-se para -17. Entretanto, com a suspensão da TAA, esse atraso voltou a aumentar, passando a apresentar idade negativa de -20, a qual foi maior do que logo após a intervenção da TAA, mas pouco inferior à da avaliação inicial.

Segundo a escala de desenvolvimento motor, o desempenho foi considerado inferior ao esperado para a idade cronológica, mes-mo logo após a intervenção com TAA. Observou-se, também, mu-dança na lateralidade de uma das crianças, que passou de indefinida na primeira avaliação e destra completa logo após a intervenção por TAA (Tabela 2).

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Tabela 2. Análise descritiva da pontuação das crianças com síndro-me de Down.

PARTICIPANTESMÉDIA INICIAL

(± DESVIO PADRÃO)MÉDIA FINAL

(± DESVIO PADRÃO)

MÉDIA APÓS UM MÊS

(± DESVIO PADRÃO)

Idade Cronológica (IC) 75 (±7) meses 77 (±7) meses 78 (±7) meses

Idade Motora Geral (IMG) 54 (±2.8) 60 (±5.6) 58 (±5.6)

Quociente Motor Geral (QMG) 72 (±2.8) 77.5 (±0.7) 73.5 (±0.7)

Idade Positiva/Negativa (IP/IN) -21 (±4.2) -17 (±1.4) -20 (±1.4)

Escala de Desenvolvimento Inferior Inferior Inferior

Lateralidade Destro completo/Indefinida Destro completo Destro completo

Em relação ao perfil motor de cada um dos domínios (mo-tricidade fina (óculo manual); motricidade global, equilíbrio, es-quema corporal, organização espacial, organização temporal e lateralidade) avaliados pela EDM, pode-se dizer que as crianças com síndrome de Down diferem das crianças típicas, apresentando desempenho inferior, principalmente nos domínios de motricidade global, equilíbrio, esquema corporal e organização temporal (Figu-ra 1).

A seguir, apresenta-se o resultado das avaliações inicial e fi-nal (logo após a aplicação da intervenção por TAA) e da reavaliação (um mês após o fim da TAA) das crianças com síndrome de Down:

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Figura 1. Desempenho psicomotor das crianças com síndrome de Down de acordo com a idade motora geral em todos os domínios testados.

*C1 = criança 1; C2 = criança 2.

Neste estudo, as crianças com síndrome de Down apresenta-ram maior atraso na prova de linguagem.

4. DISCUSSÃO

As crianças típicas obtiveram o desempenho na Escala de Desenvolvimento Motor normal, de acordo com o Quociente Mo-tor Geral (QMG). Tal achado corrobora com os de Crippa et al. (2003), que, ao estudar o perfil motor em crianças típicas, obser-varam desempenho normal na Escala de Desenvolvimento Motor, exceto para o item esquema corporal, o qual apresentou menor pon-tuação, como neste estudo.

O desenvolvimento psicomotor das crianças com síndrome de Down, avaliado por meio da Escala de Desenvolvimento Mo-tor, foi inferior ao de crianças típicas de mesma faixa etária. Tal atraso já vem sendo descrito na literatura por diversos autores (TU-DELLA et al., 2011; PEREIRA et al., 2013). Assim, nossos resul-tados reforçam essa característica do desenvolvimento psicomotor das crianças com síndrome de Down.

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Entretanto, observou-se que a intervenção empregando a TAA favoreceu o desempenho dessas crianças em alguns aspectos psicomotores avaliados pela Escada de Desenvolvimento Motor, principalmente nos domínios de motricidade fina, motricidade glo-bal e organização espacial. A melhora no desempenho desses do-mínios diminuiu a idade negativa da criança, tornando o atraso em relação ao desempenho esperado para a sua idade um pouco menor. Embora a idade negativa tenha diminuído logo após a intervenção por TAA, não foi possível observar mudança no perfil psicomotor das crianças, que continuaram sendo classificadas como inferior na Escala de Desenvolvimento Motor. Esses resultados estão de acordo com os de Santos et al. (2010), que verificaram que, mesmo após a intervenção, o desempenho psicomotor na Escala de De-senvolvimento das crianças com síndrome de Down permaneceu abaixo do esperado para sua idade. Esses autores identificaram que é muito difícil para as crianças com síndrome de Down realizarem o item de seis anos na prova de equilíbrio (ficar num pé só por mais de 2 segundos). Esse aspecto também foi observado neste estudo, visto que não houve melhora do desempenho das crianças no domí-nio de equilíbrio, embora diversas atividades da TAA focassem o equilíbrio. Uma diferença observada nos resultados desta pesquisa em relação aos de Santos et al. (2010) foi que uma das crianças com síndrome de Down que apresentava lateralidade indefinida na primeira avaliação adquiriu lateralidade definida “destro completo” após a intervenção, contradizendo tais autores, que afirmam que, nessas crianças, geralmente a lateralidade na síndrome de Down geralmente é indefinida, pois possuem alterações perceptocogniti-vas que contribuem para isso.

Embora logo após a intervenção com TAA fosse observada diminuição da idade negativa das crianças, verificou-se que, na re-avaliação, após um mês, a idade negativa voltou a aumentar. Tal fato indica que, apesar de a intervenção ter minimizado o atraso observado naquele momento, não foi mudado o ritmo de desenvol-vimento das crianças, que permaneceu mais lento que o de crianças típicas. Assim, com o aumento da idade, voltou a aumentar a idade negativa, que representa atraso em relação ao desempenho psico-motor esperado. Isso pode representar, também, uma não retenção

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das habilidades aprendidas ou treinadas durante a intervenção por TAA, ou, ainda, que o tempo a que as crianças foram submetidas à intervenção por TAA não foi suficiente para causar uma retenção nas habilidades treinadas.

5. CONCLUSÃO

A TAA favoreceu o desempenho psicomotor de crianças com síndrome de Down deste estudo, diminuindo sua idade negativa na Escala de Desenvolvimento Motor, principalmente nos domínios de motricidade fina, motricidade global e organização espacial. En-tretanto, outros estudos são necessários para confirmar tais resulta-dos, uma vez que a amostra participante deste estudo foi bastante reduzida e o período de aplicação da TAA também.

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Avaliação da função manual de pianistas

Letícia Fernandes MORAES1

Saulo FABRIN2

Edson Donizetti VERRI3

Resumo: No século XIX, surgiu o piano, procedendo outros instrumentos da mesma base. Os primeiros estudos sistemáticos em músicos começaram a surgir na década de 1980, inicialmente através da medicina esportiva, até que as suas diferenças fo-ram estudadas e compreendidas. Na performance musical, a habilidade motora é mais complexa, combinando um lado artístico, expressivo e interpretativo com um elevado nível sensório-motor, destreza, precisão, capacidade muscular, agilidade e estresses ar-ticulares. Os pianistas têm uma grande sobrecarga em punho e dedos, devido ao tempo de prática das atividades pianísticas e dos movimentos exacerbados exigidos; por isso, tornam-se relevantes estudos que envolvem esse público. O objetivo deste trabalho é avaliar a força de preensão palmar de quinze pianistas (profissionais e alunos) através de um dinamômetro (em kgf) e verificar se existe diferença ao compará-los a um grupo controle de indivíduos sedentários da mesma faixa etária. Participaram da pesquisa in-divíduos de ambos os gêneros, com idade superior a 18 anos, divididos em dois grupos: grupo de praticantes da ação pianística de um conservatório musical situado na cidade de Batatais-SP, com tempo de prática superior a 3 anos, e grupo controle composto por sedentários da mesma faixa etária. A avaliação de força de preensão palmar foi reali-zada através de um dinamômetro da marca North Coast Medical fornecido pelo Labo-ratório de Biomecânica do Movimento (LABIM) do Claretiano – Centro Universitário de Batatais. Segundo a avaliação de força de preensão palmar, o grupo controle obteve média de 22,73 kgf, enquanto os pianistas tiveram 31,33 kgf, com desvio padrão de +/- e margem de erro 0 através do teste T, mostrando significância para a pesquisa. Foi comprovado que os pianistas têm maior condição de força de preensão palmar quando comparados a um grupo controle de sedentários.

Palavras-chave: Piano. Dinamômetro. Preensão Palmar.

1 Letícia Fernandes Moraes. Graduada em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário Discente do curso de Pós-graduação em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: <[email protected]>. 2 Saulo Fabrin. Graduando em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.3 Edson Donizetti Verri. Mestre em Biologia e Patologia Bucodental pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Professor Adjunto de Anatomia Humana do Claretiano – Centro Universitário e coordenador do Laboratório de Biomecânica do Movimento (LABIM) pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>.

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Pianists’ hand function assessment

Letícia Fernandes MORAESSaulo FABRIN

Edson Donizetti VERRI

Abstract: The piano was invented in the nineteenth century, when other similar musical instruments were subsequently created. The first systematic studies on musicians began to emerge on the decade of 1980, initially in sports medicine until their differences were studied and understood. Musical performance motor skill is more complex, combining an artistic, expressive and interpretive side with a high sensorimotor level, dexterity, precision, muscle strength, agility and joint stress. Pianists have a great over-exertion on wrists and fingers due to the practice time of pianistic activities and the exacerbated movements required; therefore, studies involving this public are relevant. The objective of this study is to assess the grip strength of fifteen pianists (professionals and students) through a dynamometer (kgf) and check if there is a difference when comparing them to a control group of sedentary individuals of the same age. Participants were individuals of both genders, aged 18 years, divided into two groups: one of pianistic action practitioners from a music conservatory located in Batatais-SP, with over three years of practice time, and other of sedentary people of the same age, consisting of a control group. The grip strength measurement was performed by a North Coast Medical dynamometer provided by the Laboratório de Biomecânica do Movimento (LABIM), Movement Laboratory of Biomechanics, from Claretiano − Centro Universitário in Batatais. According to the assessment of grip strength, the control group had an average of 22.73 kgf, while pianists had 31.33 kgf, with a standard deviation of +/- and margin of error of 0 by t test, showing significance for the research. Conclusive proof was obtained, which showed that pianists have a greater grip strength condition when compared to a control group of sedentary people.

Keywords: Piano. Dynamometer. Grip Strength.

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1. INTRODUÇÃO

No século XIX, surgiu o piano, procedendo outros instru-mentos da mesma base, porém com uma mecânica mais pesada. Para adaptar-se às transformações do instrumento e sua dimen-são em execução, tornou-se necessário o fortalecimento muscular (CHIANTORE, 2001). Em se tratando da prática instrumental, é de fundamental importância compreender como é dada a produção do movimento para que haja uma organização das estratégias de deslocamento à média e longa distância, em conjunto com a agili-dade na habilidade motora, objetivando, assim, a produção sonora (PÓVOAS, 1999).

A coordenação motora necessária para realizar os movimen-tos pianísticos engloba diversas formas de se manifestar, que podem influenciar na agilidade, envolvendo ações articulares e musculares simultaneamente (MOREIRA, 2000). Assim, controlar e diminuir o tempo de um movimento minimizando o gasto de energia depen-de diretamente da habilidade motora para que se tenha sucesso em sua realização (SCHMIDT e WRISBERG, 2001). Captar a realiza-ção musical com distância entre ambas as mãos e seus devidos mo-vimentos é uma difícil questão a ser resolvida devido à assimetria encontrada nas teclas (KOCHEVITSKY, 1967).

Os primeiros estudos sistemáticos em músicos começaram a surgir na década de 1980, inicialmente através da medicina espor-tiva, até que as suas diferenças foram estudadas e compreendidas (STALLOF et al., 1991). Nas questões relacionadas à performan-ce, a ação de tocar piano equipara-se aos níveis de um atleta: em ambos os casos, há a necessidade de um treinamento intenso para a musculatura exigida, levando a muitas horas diárias de prática, visando ao trabalho para a habilidade e eficiência demonstrados em público (QUARRIER, 1993). Na performance musical, a ha-bilidade motora é mais complexa, combinando um lado artístico, expressivo e interpretativo com um elevado nível sensório-motor, destreza, precisão, capacidade muscular, agilidade e estresses arti-culares (WILSON, 1989).

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Pode-se definir a força muscular como uma tensão que um grupo muscular exerce contra uma resistência em seu esforço má-ximo (VIDOLIN, 2004). Relacionado a isso, temos a força de pre-ensão palmar, que pode ser definida como uma força completa em atividades que geram ação de todos os dedos ao encontro da região palmar da mão, objetivando direcionar força a um objeto (MOREI-RA, 2003). A mensuração dessa força é útil para a avaliação do fí-sico, evolução na reabilitação e percepção do grau de incapacidade de um indivíduo (FERNANDES, 2003). Para realizar tal medida, usa-se o dinamômetro palmar, que apresenta a força em quilogra-mas, sendo um dos elementos básicos nas pesquisas das capacida-des manipulativas quando se diz respeito à força e aos movimentos da mão de forma confiável (GODOY, 2005).

O objetivo deste trabalho, considerando a sobrecarga a que os pianistas são expostos diariamente em suas funções manuais, é avaliar a força de preensão palmar de quinze pianistas (profissio-nais e alunos) por intermédio de um dinamômetro e verificar se existe diferença quando se compara esse grupo a um grupo controle de indivíduos sedentários da mesma faixa etária, mostrando que, talvez, o esforço exigido na prática musical traga benefícios quanto à força manual.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Participaram da pesquisa indivíduos de ambos os gêneros, com idade superior a 18 anos, divididos em dois grupos: grupo de praticantes da ação pianística de um conservatório musical situado na cidade de Batatais-SP, com tempo de prática superior a três anos; e grupo controle composto por sedentários da mesma faixa etária que não têm doenças ocupacionais, disfunções ou tendinopatias graves. Foram critérios de exclusão todos aqueles indivíduos que não se enquadravam nas exigências contidas acima, como idade inferior a 18 anos e doenças ocupacionais, disfunções ou tendino-patias graves. Os indivíduos foram informados sobre os propósito e etapas da pesquisa e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética segundo a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

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A avaliação de força de preensão palmar foi realizada através de um dinamômetro da marca North Coast Medical, utilizando a unidade de medida em kgf, fornecido pelo Laboratório de Biome-cânica do Movimento (LABIM) do Claretiano – Centro Universi-tário de Batatais. Os indivíduos foram posicionados sentados em uma cadeira com apoio para as costas e sem apoio para os braços; foi solicitado, então, que, na expiração, realizassem esforço máxi-mo de preensão no dinamômetro sem estímulo verbal. A coleta foi realizada três vezes em cada indivíduo, de modo que se considerou a maior medida para os resultados do lado dominante.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo a avaliação de força de preensão palmar pelo dina-mômetro (em kgf) do lado dominante dos indivíduos, os valores obtidos estão representados na tabela a seguir por meio do Teste T, demonstrando: média, desvio padrão e margem de erro.

Tabela 1. Valores obtidos por meio do teste T.

N: 15 MÉDIA EM KGF DESVIO PADRÃO

MARGEM DE ERRO

Controle 22,73 +/- 3 0Pianistas 31,33 +/- 3 0

De acordo com a observação ao avaliador, os dados estão, sim, corretos: segundo o Teste T, o desvio padrão e a margem de erro foram idênticos para ambos os grupos; isso é difícil de aconte-cer, mas não impossível.

Na média, pode-se observar considerável diferença (8,6), de-monstrando que o grupo dos pianistas obteve valores maiores quan-do comparado ao grupo controle, com uma variação de +/- 3 para ambos os grupos e margem de erro 0, comprovando a eficácia da avaliação. A confiança para esse teste foi de 95%, sendo um valor importante para garantir a confiabilidade da pesquisa. Essa dife-rença significativa se dá pelo fato de podermos considerar que os

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pianistas com prática superior a três anos passam por um processo de fortalecimento muscular durante o treino.

Se tanto a musculatura extrínseca (relacionada à força e agi-lidade) quanto a intrínseca (relacionada a movimentos delicados e precisos) estiverem em harmonia, não haverá desníveis e falta de coordenação, restabelecendo, também, a força, pois, na ação pia-nística, toda a musculatura manual é exigida devido aos movimen-tos realizados. Quando há o uso adequado desses dois grupos, a sonoridade do piano torna-se eficiente (TUBIANA, 2000).

Os movimentos articulados realizados no piano trabalham não apenas a força, como também a coordenação; a mão direita realiza um movimento, enquanto a esquerda fundamenta esse mo-vimento, trazendo a base musical na maioria das vezes. Na tentati-va de preparar ambas as mãos e deixá-las igualmente trabalhosas, existem métodos de livros com exercícios para fortalecer e coor-denar os movimentos; por isso, pode-se considerar o ato de tocar piano uma atividade física para as mãos.

Para uma realização pianística eficiente, são necessários al-guns conceitos, como: adequar a musculatura ao gesto, fazer mo-vimentos contínuos evitando exacerbá-los, evitar ações musculares prejudiciais e manter as articulações em estado funcional (GÁT, 1968; RICHERME, 1996; SANTIAGO, 2003). Esse estado fun-cional pode ser descrito como uma posição em repouso, na qual os músculos estão com seu tônus equilibrado, mantendo o punho a 20º de extensão e 10º de desvio ulnar, dedos levemente fletidos, sendo o segundo dedo o menos fletido, e o quinto dedo, o mais fletido, mantendo-se à frente da região palmar em oposição parcial (BUNNEL, 1948). Levando em conta os movimentos realizados, sabemos que os trinta e nove músculos atuantes são trabalhados.

Atualmente, não se encontram muitos estudos na medicina da música, constando, assim, a escassez de pesquisas que possibilitem novas condutas nessa área. Nosso estudo proporciona, portanto, uma base e um fundamento para que novos estudos venham a sur-gir, provando, além da alteração já mostrada de diferença de força de preensão palmar, que os músicos merecem atenção especial com

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relação à sua saúde, principalmente pela sobrecarga à qual se im-põem no dia a dia.

4. CONCLUSÃO

Por meio deste estudo, podemos concluir que os pianistas apresentaram maior incidência de força, quando comparados a um grupo controle de sedentários, comprovando que os músicos têm uma grande sobrecarga em punho e dedos, devido ao tempo de prática das atividades pianísticas e dos movimentos exacerbados exigidos; por isso, tornam-se relevantes estudos que envolvem esse público.

Mostrar se existem alterações, sejam posturais, sejam de for-ça, faz-se importante para comparar as diferenças entre pessoas que praticam piano e indivíduos de outras classificações, tanto para direcioná-los para um tratamento, se necessário, ou para indicar um preparo físico que possa auxiliar e melhorar a sua capacidade pia-nística.

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Efeito do exercício resistido em idosos: revisão da literatura

Solange CARLETTO1

Nayara SOARES2

Saulo FABRIN3

Regina Célia de OLIVEIRA4

Edson Donizetti VERRI5

Eloisa Maria Gatti REGUEIRO6

Resumo: O envelhecimento populacional vem aumentando com o passar dos anos e, com isso, os idosos passam a ter maior representatividade; em média, vivem mais e em idades mais avançadas. Não se deve pensar em prevenir ou minimizar os efeitos do envelheci-mento sem a inclusão de medidas gerais de saúde como a atividade física, encontrada em diferentes modalidades. Os exercícios são mecanismos preventivos que formam um conjunto de ações corporais, promovendo efeitos fisiológicos imediatos e a longo prazo, nos sistemas cardiovascular, respiratório, musculoesquelético e metabólico, de modo que o treinamento físico em idosos tem sido também evidenciado por meio do alívio dos sinto-mas, como a fadiga, e do recondicionamento físico. O objetivo deste estudo foi apresentar uma revisão bibliográfica sobre os benefícios do treinamento físico resistido, de modo que existem poucos estudos a respeito de sua influência no condicionamento cardiovascular e potência aeróbica de indivíduos idosos. Foi avaliado um conjunto de publicações sobre treinamento físico resistido para idosos e realizado um levantamento bibliográfico de es-tudos publicados em periódicos nacionais e internacionais, disponíveis nas bases de dados eletrônicas, Lilacs, Scielo (Scientific Electronic Library Online) e acervo da Biblioteca da Instituição, utilizando como estratégia de busca os descritores: idoso, elderly, atividade física, physical activity, capacidade funcional, functional capacity, exercício resistido e resistance exercise. Verificou-se que a prática de exercícios resistidos melhora o equilí-brio, a força muscular, bem como a agilidade corporal de idosos saudáveis.

Palavras-chave: Idoso. Atividade Física. Capacidade Funcional. Exercício Resistido.

1 Solange Carletto. Graduada em Fisioterapia pelo Claretiano - Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

2 Nayara Soares. Graduanda em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário. Discente de Iniciação Científica do Projeto de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica. E-mail: <[email protected]>.

3 Saulo Fabrin. Graduando em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário. Bolsista de Iniciação Científica do Laboratório de Biomecânica do Movimento (LABIM). E-mail: <[email protected]>.

4 Regina Célia de Oliveira. Mestre em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Docente do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

5 Edson Donizetti Verri. Mestre em Biologia e Patologia Bucodental pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Professor Adjunto de Anatomia Humana do Claretiano – Centro Universitário e coordenador do Laboratório de Biomecânica do Movimento (LABIM) pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>.

6 Eloisa Maria Gatti Regueiro. Doutora em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Docente do Claretiano – Centro Universitário. Docente vinculada ao Projeto de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica – da mesma instituição. Docente do Centro Universitário UNIFAFIBE. E-mail: <[email protected]>.

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Effect of resistance training in elderly: literature review

Solange CARLETTONayara SOARES

Saulo FABRINRegina Célia de OLIVEIRA

Edson Donizetti VERRIEloisa Maria Gatti REGUEIRO

Abstract: The aging population has been increasing over the years and, with this, the elderly are greater representativeness; on average live longer and in more advanced ages. One should not think currently prevent or minimize the effects of aging without the inclusion of general measures of health as physical activity, found in different modalities. The exercises are preventive mechanisms that form a set of bodily actions, promoting immediate physiological effects and long-term cardiovascular, respiratory, musculoskeletal and metabolic systems, so that physical training in the elderly has also been evidenced through the relief of symptoms, such as fatigue and physical reconditioning. The aim of this study was to present a literature review on the benefits of resistance exercise training, so there are few studies about its influence on cardiovascular fitness and aerobic power in elderly individuals. Has been reported a number of publications on physical resistance training for seniors and performed a literature study published in national and international journals available in electronic databases, Lilacs, SciELO (Scientific Electronic Library Online) and collection Library of the institution, using as the search strategy descriptors: elderly, physical activity, functional capacity and resistance exercise. It was found that the practice of resisted exercises improves balance, muscle strength, as well as the agility of body healthy elderly.

Keywords: Elderly. Physical Activity. Functional Capacity. Resistance Exercise.

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1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional vem aumentando com o passar dos anos e, com isso, os idosos passam a ter maior repre-sentatividade; em média, vivem mais e em idades mais avançadas (ALVES, LEITE, MACHADO, 2008). Isso ocorre com o declínio das funções orgânicas, que é um fator intrínseco, mas também por fatores extrínsecos, que são os que aceleram o processo normal, como uma dieta inadequada, o tabagismo, a ingestão de bebidas alcoólicas e o sedentarismo (NETTO, 2007; FREITAS et al., 2006).

O acelerado processo de envelhecimento e o aumento da expectativa de vida devem-se ao declínio da fecundidade, refletindo no estreitamento da base da pirâmide, com reduções significativas do número de crianças e adolescentes no total da população. (PARAHYBA, SIMÕES, 2006). Outro fator que contribui para o aumento da longevidade é a redução da mortalidade por doenças infectocontagiosas; consequentemente, cresce o número de doenças crônico-degenerativas e de suas complicações, podendo levar o idoso à incapacidade funcional precoce (BENEDETTI, GONÇALVES, MOTA, 2007), bem como de prejuízos nos níveis de independência e qualidade de vida (CÂMARA, SANTARÉM, JACOB FILHO, 2008).

No Brasil, estima-se que até 2025 o número de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos será de 32 milhões (NETTO, 2007). Como opção importante na prevenção e no tratamento de diversas doenças crônicas de alta prevalência em idosos, tem-se a prática de atividades físicas. No Brasil, o sedentarismo apresenta alta prevalência e é reconhecido como um dos mais importantes fatores de risco para as doenças não transmissíveis; portanto, para que esse quadro se modifique, devem-se promover estilos de vida mais saudáveis (SIQUEIRA et al., 2008; NETTO, 2007), possibilitando a normalização da vida do idoso, afastando os fatores de risco comuns à terceira idade. Não se deve pensar, atualmente, em prevenir ou minimizar os efeitos do envelhecimento sem que, além das medidas gerais de saúde, se inclua a atividade física (GONÇALVES, TOMAZ, SANGOI, 2006).

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Nesse contexto, a atividade física tem como objetivos a manutenção e/ou recuperação da saúde, a socialização e o lazer, tornando-se de extrema importância para a melhoria da qualida-de de vida e a manutenção da independência (NETTO, 2007). Os exercícios são mecanismos preventivos que formam um conjun-to de ações corporais, promovendo efeitos fisiológicos imediatos e a longo prazo nos sistemas cardiovascular, respiratório, muscu-loesquelético e metabólico (DIOGO, NERI, CACHIONI, 2006). A importância do treinamento físico em idosos tem sido também evidenciada por meio do alívio dos sintomas, como a fadiga, e do recondicionamento físico (PERERA, 2006). Sendo assim, consi-derando que idosos apresentam prejuízo da musculatura periférica com o avançar da idade, o que contribui para a intolerância ao es-forço físico, os programas de treinamento físico devem buscar es-tratégias que proporcionem o aumento da função muscular perifé-rica, visto que há evidências substanciais de que a função muscular periférica pode ser aumentada seguindo-se um programa específico de exercícios que pode constar de Treinamento Muscular Periférico (TMP) (NEDER, NERY, 2003).

O TMP é uma modalidade do exercício físico em que peque-nos grupos musculares são treinados com sobrecargas associadas e aplicadas entre as séries e o número de repetições, sendo um exercí-cio preferencialmente dinâmico. Em relação a esse tema, a maioria dos protocolos descritos na literatura inclui de dois a três dias de treino por semana, uma a três séries de repetições para cada grupo muscular escolhido, oito a doze repetições, intervalo de dois a três minutos entre as séries, intensidade de 50 a 85% de 1 repetição má-xima (1RM) e ajuste da intensidade a cada três ou quatro semanas (NEDER, NERY, 2003).

Estudos têm demonstrado que o treinamento de força e endurance tanto em idosos saudáveis como em pacientes crônicos tem intensificado a duração e a intensidade das adaptações fisiológicas do treinamento (NEDER, NERY, 2003; PERERA, 2006; KERVIO, 2003). Embasados nos benefícios do treinamento físico em solo, estudos recentes demonstram a melhora na performance e capacidade funcional dos idosos (PERERA, 2006; KERVIO, 2003). Assim, o objetivo deste estudo foi apresentar uma revisão bibliográfica sobre

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os benefícios do treinamento físico resistido, de modo que existem poucos estudos a respeito de sua influência no condicionamento cardiovascular e potência aeróbica de indivíduos idosos.

2. METODOLOGIA

Para verificar o conjunto de publicações sobre treinamento físico resistido para idosos, foi realizado um levantamento biblio-gráfico de estudos publicados em periódicos nacionais e interna-cionais, disponíveis nas bases de dados eletrônicas Lilacs e Scielo (Scientific Electronic Library Online) e no acervo da Biblioteca da Instituição.

Foram utilizados como estratégia de busca nas bases de da-dos os descritores: idoso, eldery, atividade física, physical activity, capacidade funcional, functional capacity, exercício resistido e re-sistance exercise.

O levantamento bibliográfico foi restrito a publicações de en-saios clínicos controlados e revisões sobre o tema no período de janeiro de 2003 a maio de 2011 nas línguas inglesa e portuguesa. Os artigos foram lidos e selecionados criteriosamente, sendo anali-sados os exercícios para treinamento muscular periférico resistido na melhora da capacidade funcional.

Foram excluídos os artigos não realizados com idosos e os que não estavam relacionados com exercícios físicos para essa fai-xa etária.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta revisão evidenciou os benefícios do treinamento físico resistido em idosos para restabelecer ou preservar a função. Foram encontrados 61 artigos sobre o tema nas bases de dados consulta-das. Pela análise de resumos, foram identificados 32 estudos expe-rimentais e 29 artigos de revisão. Desse modo, após aplicar os cri-térios de exclusão, foram pré-selecionados 37 artigos, e destes 11 foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão desta

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revisão. Foram incluídos 26 estudos, dos quais 12 fizeram parte da contextualização e 14 foram incluídos para a etapa de apreciação crítica quanto aos benefícios do treinamento resistido em idosos.

Dos 14 trabalhos apreciados, sete abordaram os efeitos do exercício resistido na melhora da força muscular, cinco relaciona-dos à melhora do equilíbrio dos idosos, cinco ao aumento da agili-dade corporal e velocidade da marcha, três abordaram melhora da qualidade de vida, dois o aumento da resistência muscular, um a melhora da flexibilidade, dois o aumento da função cardiorrespi-ratória, um o aumento da mobilidade funcional, um correlacionou a cognição e melhora da memória, e um relacionando o exercício resistido com o aumento de hormônios, favoráveis na hipertrofia muscular. A composição das amostras dos estudos incluídos apre-sentou faixas etárias semelhantes entre 60 e 85 anos e ambos os sexos. Foram estudos experimentais controlados, com o período de intervenção variando de 6 a 104 semanas, 2 a 3 vezes por semana.

O Gráfico 1 ilustra em percentual os benefícios provenientes do exercício resistido em idosos nos artigos avaliados, e o Quadro 1 demonstra os resultados dos estudos inclusos nesta revisão.

Gráfico 1. Benefícios do exercício resistido em idosos.

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Quadro 1. Estudos envolvendo os benefícios do treinamento físico resistido para idosos.

ANO AUTOR TIPO DE ESTUDO SEXO N

IDADE MÉDIA

BENEFÍCIOS

2005Liu-

Ambrose et al.

Experimental Feminino 98 75 - 85Melhora de qualidade de

vida, velocidade de marcha (diminuição risco quedas).

2006 Aveiro et al. Experimental Feminino 12 68,7

Melhora de equilíbrio. Velocidade de marcha e força

muscular.

2006 Silva et al. Experimental Feminino 30 61 Aumento de força muscular.

2007Teixeira

et al.Experimental

Feminino28 68

Melhora de força de membros inferiores (MMII) e agilidade

corporal.

2008Silvaet al.

Experimental Masculino 61 60 - 75 Melhora do equilíbrio, coordenação e agilidade.

2008 Busse et al. Experimental Ambos 31 > 60 Aumento no desempenho da memória e da força muscular.

2008 Oliveira et al. Experimental Feminino 15 67,5 Houve aumento de testosterona

e cortisol.

2008 Buzzachera et al. Experimental Feminino 14 65,5

Aumento de força muscular, resistência de membros

superiores (MMSS), força de preensão manual, flexibilidade e aptidão cardiorrespiratória.

2008 Assumpção et al. Experimental Feminino 28 65,5

Melhora de composição corporal e aptidões físicas

(impulso vertical, flexão de braço e volume de oxigênio

máximo (VO2max)

2009 Kemper et al. Experimental Feminino 23 63,9

Não houve diferenças nem aumento da densidade mineral

óssea (DMO)

2009 Rocha et al. ExperimentalAmbos

98 68 - 80 Melhora da qualidade de vida

2010 Avelar et al. Experimental Ambos 36 60 - 80 Melhora de equilíbrio estático e dinâmico

2010 Cakar et al. Experimental Ambos 78 > 60 Melhora de equilíbrio, risco de quedas e na qualidade de vida

2010Araújo;

Fló; Muchale

Revisão Bibliográfica Ambos 72 - 82 Melhora da função, sobretudo

força e mobilidade

Dentre os estudos analisados, Aveiro (2006) investigou a in-fluência de um programa de treinamento físico priorizando a ar-ticulação do tornozelo, o equilíbrio funcional e a velocidade da marcha de mulheres portadoras de osteoporose. Concluiu-se, após

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12 semanas, que o treinamento proposto teve melhora significante para a variável equilíbrio, velocidade da marcha e força muscular. Corroborando o tema, Teixeira (2007) realizou um estudo com ido-sas funcionalmente ativas, por meio de um programa de exercícios físicos que consistia em atividades neuromotoras, exercícios resis-tidos com halteres e tornozeleiras e alongamentos, por um período de 19 meses. Os exercícios físicos obtiveram melhora significativa na força dos membros inferiores (MMII) e na agilidade corporal; no entanto, não foi suficiente para alterar o índice de massa corpo-ral e diminuir o medo de cair.

Buzzachera (2008), em um estudo experimental, por meio de exercícios físicos com pesos livres por 12 semanas e enfocando os principais grupamentos musculares, confirmou modificações bené-ficas na aptidão funcional, tais como aumento de força, resistência dos membros superiores (MMSS), força de preensão manual, flexi-bilidade e melhora da aptidão cardiorrespiratória.

Segundo estudo realizado por Silva (2008), por meio de um protocolo de treinamento com idosos, divididos em grupo controle e experimental, em que ambos realizaram os mesmos exercícios, porém, com o grupo experimental sendo submetido a exercícios resistidos com carga progressiva, observa-se melhora do equilíbrio, da coordenação motora e da agilidade para o grupo experimental. A instabilidade postural é um dos principais fatores limitantes nas atividades de vida dos idosos e, de acordo com Avelar (2010), após seis semanas de estudo no solo e na água, comprovou-se que um programa de resistência muscular para MMII foi eficaz na melhora do equilíbrio estático e dinâmico, independentemente do meio em que foi realizado, sendo dentro ou fora da água. Cakar (2010) após seis semanas de intervenção comprovou a eficácia de um programa de exercícios de força muscular, alongamentos e exercícios aeró-bicos na melhora do equilíbrio, da qualidade de vida e diminuição do risco de queda em idosos. Corroborando, Araújo (2010), em sua revisão bibliográfica, demonstrou com relevância a melhora da função, sobretudo o ganho de força e mobilidade; no entanto, com relação ao equilíbrio, os dados foram inconsistentes.

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Os exercícios com impacto e os resistidos são muito utiliza-dos na prevenção da perda óssea. A redução da densidade mine-ral óssea (DMO) que ocorre com o processo do envelhecimento pode levar ao desenvolvimento da osteoporose, elevando o risco de quedas, e, consequentemente, a fraturas. Ela é a mais comum de todas as doenças relacionadas aos ossos nos adultos, especialmente em indivíduos idosos. Sendo assim, a publicação referente ao tema foi o estudo de Kemper (2009), que abordou os efeitos da nata-ção x exercícios resistidos na DMO. Foi proposto um trabalho para dois grupos: grupo natação e grupo exercícios resistidos. Após seis meses de experimento, concluiu-se que não houve diferenças nem aumento significativo da DMO entre os dois grupos, justificando pouco tempo de tratamento.

A fim de alcançar um envelhecimento saudável, são impor-tantes qualidade física, força e resistência muscular, que, com o passar dos anos, diminuem e se deterioram. Em um estudo rea-lizado por Rocha (2009), os voluntários foram divididos em três grupos: grupo de força, grupo de resistência muscular e grupo controle, em que o grupo de força realizou exercícios resistidos al-ternados, e o grupo resistência muscular realizou atividades como hidroginástica, caminhadas e exercícios com o próprio peso cor-poral. Como resultado do trabalho proposto, por meio de um pro-grama de força e resistência muscular, o autor afirma a melhora da qualidade de vida dessas pessoas por meio do questionário World Health Organization Quality of Life Group-old (WHOQOL-OLD). O envelhecimento proporciona declínio da independência, conse-quentemente diminuição da força muscular de MMII, levando a um maior risco de quedas, instabilidades ou imobilidades, podendo influenciar na autonomia, bem-estar e qualidade de vida. Corrobo-rando, Liu-Ambrose (2005) observou os efeitos benéficos de um programa de treinamento de força, agilidade e flexibilidade, após um ano da intervenção, que teve duração de 25 semanas com idosas osteopênicas e obteve melhora na qualidade de vida e redução no risco de quedas.

Oliveira et al. (2008), que investigaram respostas hormonais agudas a diferentes intensidades de exercícios resistidos em mu-lheres com idade media de 67,5 anos realizando exercícios resisti-

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dos a 50% e a 80% de 1RM e sessão de controle, concluíram que exercícios resistidos realizados não induziram elevação significa-tiva de cortisol, testosterona ou human growth hormone hGH na amostra estudada, mas a sessão realizada a 80% de 1RM promoveu aumento significativo da razão testosterona/cortisol, três horas pós--exercícios. Esse fato é importante, na medida em que uma relação testosterona/cortisol aumentada é um dos fatores primordiais para que ocorra hipertrofia muscular. Desse modo, por meio do treino de força de intensidade moderada à alta, podem-se obter ganhos de massa muscular, promovendo alterações benéficas no processo de sarcopenia que ocorre com o avançar da idade. Assumpção (2008) realizou periodização do treinamento resistido com idosas por 12 semanas, com adaptações positivas na flexão de braço, indicando melhora da força dos MMSS, da impulsão vertical devido à me-lhora da potência dos MMII e do VO2max, aumentando o consu-mo máximo de oxigênio, consequentemente aumento da força dos MMII, ocasionando maior resistência à fadiga. Já no percentual de gordura, também foram constatadas adaptações positivas. No en-tanto, Silva (2006) não encontrou alterações no percentual de gor-dura em um estudo de 12 semanas com mulheres idosas, durante um treinamento de exercícios de força, mas houve melhora da força muscular.

Uma das consequências do envelhecimento é o aumento da prevalência das demências, sendo a queixa principal a dificulda-de de memória. Existem medicamentos que trazem benefícios para esse acometimento; no entanto, estudos recentes vêm demonstran-do a correlação entre a preservação ou mesmo a melhora do desem-penho cognitivo através dos exercícios físicos, pois se trata de um método relativamente barato, que pode ser direcionado a grande parte da população. Busse (2008), por meio de um estudo expe-rimental, desenvolveu um programa de exercícios resistidos com duração de nove meses. Foi concluído que houve melhora no de-sempenho da memória e aumento da força muscular.

Proporcionar a máxima independência funcional ao idoso é uma das prioridades dos programas de atividades físicas. Os exer-cícios resistidos têm demonstrado resultados muito benéficos na melhora da qualidade de vida, reduzindo, consequentemente, riscos

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de queda. Por meio deste estudo, foram vistos alguns dos benefí-cios que os exercícios resistidos podem promover e beneficiar as pessoas idosas diante da condição imposta pelo envelhecimento.

De um modo geral, os estudos estão bem delineados metodo-logicamente, permitindo a reprodução dos resultados; entretanto, considera-se necessária a realização de mais estudos referentes ao aumento da densidade mineral óssea por períodos de tratamento mais longos e a diminuição do percentual de gordura, o que não nos permite generalizar os resultados encontrados. Além disso, é válido ressaltar que somente nos estudos relacionados ao equilíbrio, força muscular e agilidade corporal a amostra foi significativa.

Um bom desempenho físico é essencial para que a população idosa consiga manter-se independente e realize suas atividades de vida diária da melhor maneira possível. Esta revisão evidenciou os benefícios do treinamento físico resistido em idosos para restabe-lecer ou preservar a função. Adicionalmente, verifica-se a necessi-dade do monitoramento pelos profissionais da saúde, visando pre-venir eventuais lesões para essa população. Assim, novos estudos serão necessários para melhor explorar e entender os benefícios do treinamento físico resistido em idosos.

4. CONCLUSÃO

Conclui-se que os exercícios resistidos melhoram o desem-penho e a capacidade funcional dos idosos nos aspectos referentes ao equilíbrio, à força e à resistência muscular global, flexibilidade, condicionamento cardiorrespiratório, bem como a qualidade de vida.

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Efeitos sistêmicos da reabilitação cardíaca intra-hospitalar em pacientes após síndrome coronariana aguda: revisão da literatura

Luma Avanço SANTOS1

Nayara SOARES2

Saulo FABRIN3

Edson Donizetti VERRI4

Eloisa Maria Gatti REGUEIRO5

Resumo: A doença cardiocirculatória continua ocupando o primeiro lugar nas estatísticas de óbitos. Das Síndromes Coronarianas Agudas (SCA), o infarto agu-do do miocárdio (IAM) é responsável por 60.080, ou seja, 41% dos óbitos no Brasil. Em indivíduos que apresentam episódios de SCA, a Reabilitação Car-diovascular (RCV) pode ser considerada um processo para se restabelecer as funções físicas, sendo um procedimento consagrado por melhorar a capacidade funcional e a qualidade de vida dos pacientes. Ela é divida em diferentes etapas, que são responsáveis por diversos efeitos sistêmicos, os quais justificam a impor-tância e o cuidado na aplicação desse protocolo imediato à SCA. Este é um estu-do transversal com abordagem bibliográfica, visando à revisão literária. Foram utilizados como base de dados CAPES, Scielo, Biblioteca Científica Eletrônica em Linha, PubMed, Scopus. A partir deste trabalho, espera-se pontuar os efeitos sistêmicos da realização da reabilitação cardiovascular.

Palavras-chave: Reabilitação Cardíaca. Fase I. Infarto Agudo do Miocárdio. Efeitos Sistêmicos. Fisioterapia.

1 Luma Avanço Santos. Especialista em Cardiorrespiratória Geral e Intensiva pelo Claretiano – Centro Universitário. Graduada em Fisioterapia pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>.2 Nayara Soares. Graduanda em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário. Discente de Iniciação Científica do Projeto de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica. E-mail: <[email protected]>.3 Saulo Fabrin. Graduando em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário. Bolsista de Iniciação Científica do Laboratório de Biomecânica do Movimento (LABIM). E-mail: <[email protected]>.4 Edson Donizetti Verri. Mestre em Biologia e Patologia Bucodental pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Professor Adjunto de Anatomia Humana do Claretiano – Centro Universitário e coordenador do Laboratório de Biomecânica do Movimento (LABIM) pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>.5 Eloisa Maria Gatti Regueiro. Doutora em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Docente do Claretiano – Centro Universitário e Professora vinculada ao Projeto de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica – da mesma instituição. Docente do Centro Universitário UNIFAFIBE. E-mail: <[email protected]>.

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Systemic effects of intra hospital cardiac rehabilitation in patients after acute coronary syndrome: literature review

Luma Avanço SANTOSNayara SOARES

Saulo FABRINEdson Donizetti VERRI

Eloisa Maria Gatti REGUEIRO

Abstract: The cardiovascular disease continues to occupy first place in the death statistics. Of Acute Coronary Syndromes (ACS) acute myocardial infarction (AMI) is responsible for 60.080 or 41% of deaths in Brazil. In individuals who have episodes of ACS, the Cardiovascular Rehabilitation (CVR) can be considered as a process to restore physical function, being a recognized method for improving the functional capacity and quality of life of patients. The same is divided into different stages and these are responsible for several systemic effects, which justify the importance and careful application of this protocol will immediately acute coronary syndrome. This is a cross-sectional approach to literature, aiming at literary review. Were used as a database CAPES, SciELO, Scientific Electronic Library Online, PubMed, Scopus. From this work are expected to score the systemic effects of the completion of rehabilitation cardiovascular.

Keywords: Cardiac Rehabilitation. Phase I. Acute Myocardial Infarction. Systemic Effects. Physiotherapy.

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1. INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV) estão entre as principais causas de morte no Brasil (ISHITANI et al., 2006). A cardiopatia is-quêmica é um dos principais problemas da saúde pública no Brasil e pode ser definida como necrose isquêmica do músculo cardíaco, consequente à obstrução ao fluxo coronariano, transitória ou per-manente.

A apresentação clínica da cardiopatia isquêmica varia desde a angina estável até a morte súbita (STEFFEN et al., 2000). Diante de sua fisiologia, encontram-se dois processos que estão envolvi-dos: a oferta e a demanda de oxigênio pelo miocárdio. A isquemia miocárdica ocorre quando há desequilíbrio entre eles (STEFFEN et al., 2000).

Das Síndromes Coronarianas Agudas (SCA), o infarto agudo do miocárdio (IAM) é responsável por 60.080, ou seja, 41% dos óbitos no Brasil anualmente, sendo considerado como a principal causa isolada de morte no país. Segundo a Diretriz sobre tratamento do infarto agudo do miocárdio, estimam-se 300 mil a 400 mil casos anuais, nos quais de cada 5 a 7 casos ocorre um óbito, o que con-fere a essa doença elevada taxa de mortalidade, apesar dos inúme-ros avanços terapêuticos obtidos na última década (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2004).

No decorrer dos anos, o índice de mortalidade em âmbito hospitalar, situação aguda do IAM, tem sido reduzido de forma significativa, como consequência da reabilitação física precoce em pacientes com eventos cardíacos agudos, que começou com tratamento proposto por Mitchell et al. (1953) para pacientes com IAM. Esse procedimento tem como objetivo reduzir as complicações pulmonares, embólicas, autonômicas e neuromusculares advindas de repouso ao leito, que se prolongavam por três a seis semanas (MICHELL; LOWN; LEVINE, 1953).

A prática precoce de movimentação, exercícios, pode aumen-tar a capacidade de função cardiovascular e diminuir a demanda de oxigênio miocárdico para um determinado nível de atividade física. A reabilitação na fase aguda do IAM objetiva reduzir os efei-

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tos deletérios do prolongado tempo de repouso no leito, o controle das alterações psicológicas e a redução da permanência hospitalar (GILL; DIPIETR; KRUMHOLZ, 2000).

Em indivíduos que apresentam episódios de SCA, a Reabili-tação Cardiovascular (RCV) pode ser considerada como um proces-so para se restabelecer as funções físicas, sendo um procedimento consagrado por melhorar a capacidade funcional e a qualidade de vida, favorecer mudanças de hábitos, orientar sobre a modificação dos fatores de risco, além da redução da frequência cardíaca em repouso, pressão arterial sistólica e melhora no fluxo sanguíneo co-ronariano (NOGUEIRA et al., 2005; FORMIGA; DIAS; SALDA-NHA, 2005).

Os programas de reabilitação são divididos em fases que ini-ciam após o evento cardiológico; a fase I é a reabilitação no período de internação em terapia intensiva; a fase II, intermediária, ocorre nas primeiras 8 a 12 semanas após a alta hospitalar, podendo durar 3 a 6 meses de atividades sem supervisão; na fase III, são realizados exercícios e aulas educativas em saúde; e, na fase IV, o paciente se encontra independente, conhecendo suas limitações, podendo prati-car o exercício sozinho ou com acompanhamento do fisioterapeuta ou educador físico especializado (REGENGA, 2000).

A fase I da RCV é composta por procedimentos simples, como exercícios metabólicos de extremidades, para aumentar a cir-culação, exercícios respiratórios para eliminar obstruções respira-tórias e manter os pulmões limpos, exercícios ativos para manter a amplitude de movimento e elasticidade mecânica dos músculos envolvidos, treino de marcha em superfície plana e com degraus, reduzindo os efeitos prejudiciais do repouso prolongado no leito; com isso, aumenta-se a autoconfiança do paciente e diminuem-se o custo e a permanência hospitalar. Nessa fase, o consumo calórico máximo é de 2 a 4 METs, ou seja, equivalente metabólico. A unida-de metabólica MET é baseada na produção calórica por minuto ou pelo consumo de oxigênio em equivalente metabólico, onde 1 MET é igual a 3,5 de oxigênio consumido por quilo por minuto (RE-GENGA, 2000; TITOTO et al., 2005; GONÇALVES et al., 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006).

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Nas primeiras 24 horas após o episódio de SCA, o paciente é submetido a exercício em decúbito dorsal; nesse momento, seu consumo calórico é de 2 METs. Assim, realizam-se exercícios res-piratórios diafragmáticos, exercícios ativos de extremidades, ativo--assistidos de cintura, cotovelos e joelhos. Passadas 48 horas, os exercícios são realizados com o paciente sentado, com consumo calórico ainda de 2 METs, realizando-se exercícios respiratórios diafragmáticos, associados aos exercícios de membros superiores (MMSS), diagonais, exercícios de cintura escapular, ativos de ex-tremidades; deitado, o paciente fará exercícios ativos de joelhos, coxofemoral e dissociação de tronco e coxofemoral (REGENGA, 2000).

Após 72 horas, o paciente fica em ortostase, de forma que seu consumo calórico será de 3 a 4 METs; realizam-se exercícios de MMSS (movimentos diagonais e circundução), alongamento ativo de membros inferiores (MMII) de quadríceps, adutores e tríceps sural, e inicia-se a deambulação percorrendo uma distância mínima de 35 metros (m) (REGENGA, 2000).

Com 96 horas (quarto dia), o consumo calórico permanece o mesmo, realizando-se, com o paciente em ortostase, alongamen-to de MMSS e MMII, exercícios ativos de MMSS (movimentos de diagonais e circundução) e MMII (flexo-extensão e abdução--adução) e deambulação mínima de 50 metros, com contagem de frequência cardíaca (FC). Com 120 horas (quinto dia), o consumo calórico permanece o mesmo, em que se repete a etapa anterior acrescentando o exercício de rotação de tronco e cervical, marca--se passo com elevação de joelho e a deambulação passa a ser no mínimo 100m. Com 144 horas (sexto dia), repetem-se os exercícios da etapa anterior com o mesmo consumo calórico, apenas acres-centando a descida de escada, deambulação mínima de 165 metros e orientações para continuidade dos exercícios em casa. Na última etapa hospitalar, com 168 horas (sétimo dia), repetem-se os exer-cícios da etapa anterior com a mesma quantidade de METs, acres-centando a descida de escada (REGENGA, 2000). Com 72 horas (terceiro dia) após episódio de SCA até a alta hospitalar, em média 168 horas (sétimo dia), o consumo energético é o mesmo, de 3 a 4 METs.

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Durante todas as etapas descritas acima (principalmente até as 72 horas), é imprescindível o acompanhamento de algumas va-riáveis, como a frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA), a escala de Borg e os sinais presentes durante o exercício. Se durante a reabilitação houver o aparecimento de fadiga, dispneia, cianose, palidez, náuseas, 20 bpm acima da frequência cardíaca de repouso, pressão sistólica 20 mmHg acima dos níveis de repouso e aumento do índice de percepção de esforço de Borg, indica-se a interrupção, de modo que o paciente deve ser observado nas próximas horas, como medida preventiva para ser diagnosticado, se houver, o mais rápido possível, um novo evento cardíaco (REGENGA, 2000; TI-TOTO et al., 2005).

Os pacientes que aderem a programas de reabilitação cardí-aca apresentam inúmeras mudanças hemodinâmicas, metabólicas, miocárdicas, vasculares, alimentares e psicológicas que estão as-sociadas ao melhor controle dos fatores de risco e à melhora da qualidade de vida. Nos pacientes portadores de cardiopatia isquê-mica e de insuficiência cardíaca, a reabilitação cardíaca reduz as mortalidades cardiovascular e total. Somados a esses benefícios, os programas de reabilitação cardíaca, quando adequadamente condu-zidos, são seguros e muito efetivos, devendo ser oferecidos a todos os pacientes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005).

Com este estudo, espera-se pontuar os efeitos sistêmicos que envolvem o processo de reabilitação cardíaca.

2. METODOLOGIA

Foi realizado um estudo transversal com abordagem biblio-gráfica, visando à revisão da literatura. Foram utilizados como base de dados CAPES, Scielo, Biblioteca Científica Eletrônica em Li-nha, PubMed, Scopus, que são fontes de publicações eletrônicas cooperativas de periódicos científicos on-line. As palavras-chave utilizadas para a busca foram: Reabilitação Cardíaca, Síndrome Coronariana Aguda, Infarto Agudo do Miocárdio, Angina, Reabi-litação Fase I.

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Os critérios de inclusão foram artigos publicados a partir do ano de 2000 a 2012, com texto completo disponível e descrição do método utilizado nas línguas portuguesa e inglesa, protocolos e diretrizes na área de reabilitação cardiovascular.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fim de facilitar a compreensão do tema abordado, a Tabela 1 demonstra os artigos mais recentes utilizados nessa revisão. Dos 21 artigos, foram selecionados quatro estudos de acordo com os critérios de inclusão propostos.

Tabela 1. Características metodológicas dos estudos incluídos.

Estudo/Ano Tipo de Estudo Amostra Gênero Idade

Média Efeitos RCV Fase I

DIAS et al. (2009)

Estudo experimental, transversal.

65* F: 25 * M: 40

62,8Retorno às atividades

diárias, com aceleramento da caminhada (24h).

BERRY; CUNHA (2010)

Estudo prospectivo,

observacional.37

F: 10 M: 27

56Melhora sobre variáveis

cardiometabólicas e retorno às atividades

diárias.

HISS et al. (2012)

Ensaio clínico, randomizado. 51

F: 12 M: 39

55

Alterações hemodinâmicas e na

modulação autonômica desses pacientes, sem intercorrência clínica.

MUELA et al.

(2011)

Estudo retrospectivo, tipo coorte.

88F: 2

M: 6059,6

Melhora nos parâmetros fisiológicos,

hemodinâmicos, funcionais e

autonômicos.

* F= Feminino; M= Masculino.

De acordo com a Tabela 1, observou-se que a maior parte da população estudada foi do sexo masculino, com idade superior aos 50 anos.

Os efeitos da RCV fase I são comprovados por diversos es-tudos, conforme Souza et al. (2000). O principal é evitar os efeitos deletérios do repouso, fazendo que o paciente retorne brevemente à vida cotidiana.

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Muela et al. (2011) destacam a importância da fase inicial da reabilitação para rápida recuperação e alta hospitalar, aumentando a sobrevida e diminuindo custos hospitalares. Os pacientes, após a implementação da fase I, não sofrem com descondicionamento físico significativo, limitações essas que impediam o retorno rápido às suas atividades cotidianas.

Dias et al. (2009) inovaram com o teste de caminhada de 50 metros em 24 horas após IAM, sendo utilizada caminhada após 72 horas, o que confirmou uma boa tolerância dos pacientes, fazendo que a reabilitação fosse acelerada e o paciente retornasse o quanto antes às suas atividades.

Corroborando esses achados de Dias et al. (2009), Hiss et al. (2012) também comprovaram que se deve evitar o repouso prolon-gado e que a fase I deve ser iniciada de 12 a 24 horas após evento. ao analisar 51 pacientes, os autores confirmaram o que já era supos-to: foi eficaz uma intervenção precoce, que promoveu alterações na modulação autonômica da frequência cardíaca, bem como pro-moveu repercussões hemodinâmicas, sem ocasionar intercorrência clínica. Dessa forma, a fase I pode ser executada em média após 24 horas após evento agudo; deve-se, apenas, ter o cuidado de o indi-víduo estar entre Killip I e II.

Considera-se, ainda, de acordo com Souza et al. (2000), a importância da conscientização sobre fatores de risco modificáveis, como hipertensão, aumento do colesterol LDL, aumento dos trigli-cerídeos, diminuição da tolerância à glicose, entre outros. Nesse momento intra–hospitalar, o paciente deve ser orientado sobre os fatores citados acima e sobre a continuidade das fases da reabi-litação, pois estas vão interferir diretamente na recuperação e na expectativa de vida do indivíduo após SCA.

Vale ressaltar que Souza et al. (2000), Berry e Cunha (2010) determinaram alguns dos benefícios das fases consecutivas: na fase II, ocorre uma diminuição da morbidade e mortalidade cardiovas-cular, melhora da capacidade funcional, diminuição das demandas metabólicas e frequência cardíaca; na fase III, melhora da condição cardiorrespiratória, aumento do pulso de oxigênio e ventilação má-xima obtidos no pico do exercício, expressando maior eficácia no

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transporte central de oxigênio, redução do colesterol total, diminui-ção do estresse e melhora na qualidade de vida.

Todos os autores citam em comum o retorno rápido às ativi-dades e a autoconfiança como efeitos significativos da RCV fase I. Constatou-se que, quanto antes a reabilitação for iniciada, os efeitos deletérios do repouso serão abatidos e a alta hospitalar antecipada.

4. CONCLUSÃO

Poucos estudos abordam os efeitos da reabilitação cardíaca/cardiovascular imediatamente após SCA, intra-hospitalar, fase I; dessa forma, dificulta-se uma padronização efetiva dessa fase. Po-rém, os efeitos são realmente fundamentais para o paciente cardio-pata.

Dentre os benefícios encontrados, destacaram-se evitar os efeitos deletérios do repouso, autoconfiança e retorno breve à vida cotidiana, neutralizar os efeitos psicológicos e a conscientização quanto a fatores de risco, prevenir complicações tromboembólicas, manter o tônus muscular e mobilidade articular, evitar hipotensão ortostática e diminuir o tempo de internação hospitalar.

Sugere-se a importância de novos estudos para a padroniza-ção de um protocolo mais bem delineado, a fim de garantir resulta-dos ainda melhores na recuperação funcional do paciente portador de cardiopatia.

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A Revista Saúde é uma publicação impressa anual, veicu-lada por meio do Claretiano – Centro Universitário, destinada à divulgação científica de pesquisas e projetos nas áreas de Fisiotera-pia, Nutrição, Enfermagem, Terapia Ocupacional, Educação Física e Psicologia.

Tem como objetivo principal publicar trabalhos que possam contribuir com o debate sobre temas no âmbito da Saúde, estimu-lando o aprofundamento nas questões interdisciplinares.

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A análise dos trabalhos é realizada da seguinte forma:a) Inicialmente, os editores avaliam o texto, que pode ser

desqualificado se não estiver de acordo com as normas da ABNT, apresentar problemas na formatação ou tiver reda-ção inadequada (problemas de coesão e coerência).

b) Em uma segunda etapa, os textos selecionados serão en-viados a dois membros do conselho editorial que avaliarão as suas qualidades de escrita e conteúdo. Dois pareceres negativos desqualificam o trabalho e, havendo discordân-cia, o parecer de um terceiro membro é solicitado.

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c) Conflito de interesse: no caso da identificação de conflito de interesse da parte dos revisores, o editor encaminhará o manuscrito a outro revisor ad hoc.

d) O autor será comunicado do recebimento do seu trabalho no prazo de até 8 dias; e da avaliação do seu trabalho em até 90 dias.

e) O ato de envio de um original para a Revista Saúde im-plica, automaticamente, a cessão dos direitos autorais a ele referentes, devendo esta ser consultada em caso de re-publicação. A responsabilidade pelo conteúdo veiculado pelos textos é inteiramente dos autores, isentando-se a Ins-tituição de responder legalmente por qualquer problema a eles vinculado. Ademais, a Revista não se responsabilizará por textos já publicados em outros periódicos. A publica-ção de artigos não é remunerada.

f) Cabe ao autor conseguir as devidas autorizações de uso de imagens/fotografias com direito autoral protegido, de modo que estas sejam encaminhadas, quando necessário, juntamente com o trabalho para a avaliação. Também é do autor a responsabilidade jurídica sobre uso indevido de imagens/fotografias.

g) Pesquisas envolvendo seres vivos: o trabalho deve ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição em que o trabalho foi realizado e cumprir os princípios éticos contidos na resolução 196/96. Na parte “Metodo-logia”, é preciso constituir o último parágrafo com clara afirmação desse cumprimento.

Publicação

A Revista Saúde aceitará trabalhos para publicação nas se-guintes categorias:

1) Artigo científico de professores, pesquisadores ou estu-dantes: mínimo de 8 e máximo de 15 páginas.

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2) Revisão da literatura sobre temas relevantes à área; mí-nimo de 5 e máximo de 15 páginas.

3) Resenhas: devem conter todos os dados da obra (edito-ra, ano de publicação, cidade etc.) e estar acompanhadas de imagem da capa da obra; mínimo de 5 e máximo de 8 páginas.

4) Relatos de caso ou experiência: devem conter uma abor-dagem crítica do evento relatado; mínimo de 5 e máximo de 8 páginas.

5) Traduções de artigos e trabalhos em outro idioma, desde que devidamente autorizadas pelo autor original e com-provadas por meio de documento oficial impresso; míni-mo de 8 e máximo de 15 páginas.

Submissão de trabalhos

1) Os trabalhos deverão ser enviados: a) Em dois arquivos, via e-mail (attachment), em formato

“.doc” (Word for Windows). Em um dos arquivos, na pri-meira página do trabalho, deverá constar apenas o título, sem os nomes dos autores. O segundo arquivo deverá se-guir o padrão descrito no item 2, incluindo os nomes dos autores.

b) Em caráter de revisão profissional.c) Com, no máximo, 6 autores.d) Com Termo de Responsabilidade devidamente assinado,

escaneado de forma legível e enviado para o e-mail [email protected].

2) O trabalho deve incluir: a) A expressão “TÍTULO” seguida do título em língua portu-

guesa, em Times New Roman, corpo 12, negrito.

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b) A expressão “TITLE” seguida do título em língua inglesa, em Times New Roman, corpo 12, normal.

c) A expressão “AUTORIA” seguida do(s) nome(s) do(s) autor(es) e dos dados de sua(s) procedência(s) – filiação institucional, última titulação, e-mail, telefones para con-tato. Obs.: os telefones não serão disponibilizados ao pú-blico.

d) A expressão “RESUMO” seguida do respectivo resumo em língua portuguesa (entre 100 e 150 palavras). Sugere--se que, no resumo de artigos de pesquisa, seja especifica-da a orientação metodológica.

e) A expressão “ABSTRACT” seguida do respectivo resumo em língua inglesa (entre 100 e 150 palavras).

f) A expressão “PALAVRAS-CHAVE” seguida de 3 até 5 palavras-chave em língua portuguesa, no singular.

g) A expressão “KEYWORDS” seguida de 3 até 5 palavras--chave, em língua inglesa, no singular.

h) O conteúdo textual do trabalho.

Modelos de Referências Bibliográficas – Padrão ABNT

Livro no todoPONTES, Benedito Rodrigues. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005.

Capítulos de Livros BUCII, Eugênio; KEHL, Maria Rita. Videologias: ensaios sobre televisão. In: KEHL, Maria Rita. O espetáculo como meio de subjetivação. São Paulo: Boitempo, 2004.

Livro em meio eletrônicoASSIS, Joaquim Maria Machado de. A mão e a luva. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Disponível em: <http://machado.mec.gov.br/imagens/stories/pdf/romance/marm02.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2011.

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Periódico no todoGESTÃO EMPRESARIAL: Revista Científica do Curso de Fisioterapia da Unisul. Tubarão: Unisul, 2002.

Artigos em periódicos SCHUELTER, Cibele Cristiane. Trabalho voluntário e extensão universitária. Episteme, Tubarão, v. 9, n. 26/27, p. 217-236, mar./out., 2002.

Artigos de periódico em meio eletrônicoPIZZORNO, Ana Cláudia Philippi et al. Metodologia utilizada pela biblioteca universitária da UNISUL para registro de dados bibliográficos, utilizando o formato MARC 21. Revista ACB, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 143-158, jan./jun., 2007. Disponível em: <http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.php?id=209&layout=abstrac>. Acesso em: 14 dez. 2007.

Artigos de publicação relativos a eventos PASCHOALE, C. Alice no país da geologia e o que ela encontrou lá. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 33. 1984. Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, SBG, 1984. v. 11, p. 5242-5249.

JornalALVES, Márcio Miranda. Venda da indústria cai pelo quarto mês. Diário Catarinense, Florianópolis, 7 dez. 2005. Economia, p. 13-14.

SiteXAVIER, Anderson. Depressão: será que eu tenho? Disponível em: <http://www.psicologiaaplicada.com.br/depressao-tristeza-desanimo.htm>. Acesso em: 25 nov. 2007.

VerbeteTURQUESA. In: GRANDE enciclopédia barsa. São Paulo: Barsa Planeta Internacional, 2005. p. 215.

EventoCONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA MECÂNICA, 14., 1997, Bauru. Anais... Bauru: Unesp, 1997.

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