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16 S Ã O L U Í S : U M A L E I T U R A D A C I D A D E Em outras palavras, a redução de áreas cultiváveis decorrente da concentração fundiária e da degradação ambiental gerou uma forte pressão sobre as poucas áreas restantes (que normalmente coincidem com áreas protegidas) o que implica numa queda de produção agrícola, numa redução da segurança alimentar dos agricultores familiares e, por conseqüência, num forte agravamento dos problemas ambientais (Mapa “Degradação Ambiental”). A pressão do aumento populacional gerou a ocupação de grande parte dos solos de São Luís, inclusive em áreas demarcadas para a constituição de APA’s (Itapiracó e Maracanã) e Parques (Estadual do Bacanga). Essa ocupação urbana pode ser mencionada como um dos agravantes dos processos erosivos associados aos desmatamentos em casos como o do Bairro Coroadinho, Parque Pindorama e imediações da APA do Itapiracó. É importante ressaltar que os problemas ambientais do Município estão diretamente ligados a outros problemas de não menor gravidade. A exploração madeireira para o fabrico do carvão (utilizado em atividades domésticas) e para diversas outras atividades (construção de cercas, alimentação de fornalhas de panificadoras, construção civil em geral) agravam ainda mais os problemas de degradação dos solos de São Luís. 2.5 Uso Atual dos Solos O uso atual dos solos em São Luís está intimamente ligado a todo um processo histórico de uso e ocupação que remete aos atributos edáficos de natureza física, química e biológica. As limitações agrícolas dos solos, aliadas às condições de clima e de vegetação degradada e ao domínio de terras, atualmente inibem o desenvolvimento da agricultura em São Luís. Historicamente, a prática da agricultura na região esteve associada à capacidade de regeneração das áreas exploradas e a uma itinerância necessária ao sistema de corte e queima (roça no toco). A sucessão secundária em áreas de capoeira e a ciclagem de nutrientes desenvolvida ao longo dessa feição se configuraram, então, como fatores essenciais para a sustentação da agricultura local (FERRAZ JÚNIOR, 2000). No entanto, práticas agrícolas que antes se mostravam eficientes do ponto de vista ambiental e da sustentação de uma produtividade vêm se mostrando problemáticas diante de um aumento da densidade populacional e de uma redução das áreas cultiváveis. Apesar das limitações dos solos de São Luís, a agricultura fa- miliar de subsistência ainda é bastante presente na zona rural. Os produtos normalmente cultivados são: mandioca, milho, feijão e hortaliças em geral. Dentre os produtos agrícolas mais cultivados, a mandioca as- sume posição de destaque em São Luís, tanto em produção quanto em área cultivada. O cultivo da mandioca é bastante difundido em função da adaptação desta planta às condições de baixa fertilidade química dos solos e à sua pequena suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças. A olericultura é também significativa em São Luís, seja pelo alto valor comercial dos produtos cultivados, seja pela exigência de uma pequena área para a instalação do plantio. Entretanto, o cultivo de hortaliças está normalmente vinculado à contaminação dos solos e dos próprios produtos em função do uso exagerado de agrotóxicos. Esse problema relaciona-se diretamente à alta incidência de pragas e doenças nas áreas de cultivos que tem íntima ligação com a degradação dos solos e da vegetação das áreas do entorno, com a forte presença de fitopatógenos na fauna do solo (nematóides, fungos, bactérias e vírus) e com a falta de preparo e planejamento dos agricultores na aplicação de agrotóxicos. Grande parte dos solos de São Luís que ainda não foi urbanizada está hoje ocupada por vegetação frutífera perene e isso acaba limitando outras práticas agrícolas, já que há uma redução de áreas disponíveis para o cultivo de grãos e hortaliças. As plantas mais cultivadas são: manga, caju, abacate, goiaba, banana, mamão dentre outras (Fig. 2.5). O cultivo de árvores frutíferas segue a lógica de aproveitamento das áreas de baixa fertilidade química e manutenção de uma cobertura vegetal perene diversificada, o que contribui para a redução dos processos erosivos comuns nas áreas de cultivo de grãos, onde os solos ficam por um período significativo do ano expostos aos raios solares e ao rigor das precipitações pluviométricas. Entretanto, é muito comum os quintais ou sítios terem a sua vegetação rasteira e mate- rial orgânico retirados nas “limpezas” rotineiras feitas pelos proprietários e isso implica em problemas relativos à perda da camada mais superficial dos solos e a prejuízos no processo de ciclagem de nutrientes. Figura 2.5 - Cultivo de frutíferas, tais como manga, caju, abacate, goiaba, banana, mamão dentre outras.

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Page 1: S Ã O L U Í S : U M A L E I T U R A D A C I D A D E...A bacia do Anil é a mais populosa com cerca de 244.982 habitantes, seguida pela bacia do Bacanga com 224.742 habitantes (Mapa

16 S Ã O L U Í S : U M A L E I T U R A D A C I D A D E

Em outras palavras, a redução de áreas cultiváveis decorrente

da concentração fundiária e da degradação ambiental gerou uma forte

pressão sobre as poucas áreas restantes (que normalmente coincidem

com áreas protegidas) o que implica numa queda de produção agrícola,

numa redução da segurança alimentar dos agricultores familiares e,

por conseqüência, num forte agravamento dos problemas ambientais

(Mapa “Degradação Ambiental”).

A pressão do aumento populacional gerou a ocupação de grande

parte dos solos de São Luís, inclusive em áreas demarcadas para a

constituição de APA’s (Itapiracó e Maracanã) e Parques (Estadual do

Bacanga). Essa ocupação urbana pode ser mencionada como um dos

agravantes dos processos erosivos associados aos desmatamentos

em casos como o do Bairro Coroadinho, Parque Pindorama e

imediações da APA do Itapiracó.

É importante ressaltar que os problemas ambientais do Município

estão diretamente ligados a outros problemas de não menor gravidade.

A exploração madeireira para o fabrico do carvão (utilizado em

atividades domésticas) e para diversas outras atividades (construção

de cercas, alimentação de fornalhas de panificadoras, construção civil

em geral) agravam ainda mais os problemas de degradação dos solos

de São Luís.

2.5 Uso Atual dos Solos

O uso atual dos solos em São Luís está intimamente ligado a

todo um processo histórico de uso e ocupação que remete aos atributos

edáficos de natureza física, química e biológica. As limitações agrícolas

dos solos, aliadas às condições de clima e de vegetação degradada e

ao domínio de terras, atualmente inibem o desenvolvimento da

agricultura em São Luís.

Historicamente, a prática da agricultura na região esteve

associada à capacidade de regeneração das áreas exploradas e a

uma itinerância necessária ao sistema de corte e queima

(roça no toco).

A sucessão secundária em áreas de capoeira e a ciclagem de

nutrientes desenvolvida ao longo dessa feição se configuraram, então,

como fatores essenciais para a sustentação da agricultura local

(FERRAZ JÚNIOR, 2000).

No entanto, práticas agrícolas que antes se mostravam

eficientes do ponto de vista ambiental e da sustentação de uma

produtividade vêm se mostrando problemáticas diante de um

aumento da densidade populacional e de uma redução das

áreas cultiváveis.

Apesar das limitações dos solos de São Luís, a agricultura fa-

miliar de subsistência ainda é bastante presente na zona rural.

Os produtos normalmente cultivados são: mandioca, milho, feijão e

hortaliças em geral.

Dentre os produtos agrícolas mais cultivados, a mandioca as-

sume posição de destaque em São Luís, tanto em produção quanto

em área cultivada. O cultivo da mandioca é bastante difundido em

função da adaptação desta planta às condições de baixa

fertilidade química dos solos e à sua pequena suscetibilidade ao ataque

de pragas e doenças.

A olericultura é também significativa em São Luís, seja pelo

alto valor comercial dos produtos cultivados, seja pela exigência de

uma pequena área para a instalação do plantio. Entretanto, o cultivo

de hortaliças está normalmente vinculado à contaminação dos solos

e dos próprios produtos em função do uso exagerado de agrotóxicos.

Esse problema relaciona-se diretamente à alta incidência de pragas e

doenças nas áreas de cultivos que tem íntima ligação com a degradação

dos solos e da vegetação das áreas do entorno, com a forte presença

de fitopatógenos na fauna do solo (nematóides, fungos, bactérias e

vírus) e com a falta de preparo e planejamento dos agricultores na

aplicação de agrotóxicos.

Grande parte dos solos de São Luís que ainda não foi urbanizada

está hoje ocupada por vegetação frutífera perene e isso acaba

limitando outras práticas agrícolas, já que há uma redução de áreas

disponíveis para o cultivo de grãos e hortaliças. As plantas mais

cultivadas são: manga, caju, abacate, goiaba, banana, mamão dentre

outras (Fig. 2.5).

O cultivo de árvores frutíferas segue a lógica de aproveitamento

das áreas de baixa fertilidade química e manutenção de uma cobertura

vegetal perene diversificada, o que contribui para a redução dos

processos erosivos comuns nas áreas de cultivo de grãos, onde os

solos ficam por um período significativo do ano expostos aos raios

solares e ao rigor das precipitações pluviométricas. Entretanto, é muito

comum os quintais ou sítios terem a sua vegetação rasteira e mate-

rial orgânico retirados nas “limpezas” rotineiras feitas pelos

proprietários e isso implica em problemas relativos à perda da camada

mais superficial dos solos e a prejuízos no processo de ciclagem

de nutrientes.

Figura 2.5 - Cultivo de frutíferas, tais como manga, caju, abacate, goiaba, banana, mamão dentre outras.

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18 S Ã O L U Í S : U M A L E I T U R A D A C I D A D E

Além da agricultura, o uso dos solos para a criação de animais assume importância no contexto do

Município, apesar de, na maioria dos casos, os rebanhos serem formados por um pequeno número de

animais. A avicultura, bovinocultura, caprinocultura e piscicultura são as atividades de maior destaque

neste setor.

É comum o uso dos solos na Ilha do Maranhão para fins de extração mineral. A atividade mineradora

centra-se basicamente na exploração de jazidas de areia e de pedra (laterita) para a construção civil.

Normalmente essa atividade é feita sem licença do IBAMA.

Em geral, a clandestinidade se dá pela não possibilidade de licenciamento da atividade mineradora

pelo órgão competente, uma vez que a maioria das áreas exploradas estão encravadas em áreas protegidas

por lei (Parque Estadual do Bacanga, APA do Maracanã e em regiões muito próximas a manguezais e corpos

d’água). Essa ilegalidade acaba acelerando a degradação das áreas exploradas e não permitindo o

desenvolvimento de políticas (previstas em lei) voltadas para a reabilitação ou reutilização das áreas degradadas

pelas atividades mineradoras.

A extração de pedra e de areia já é a maior causa dos processos erosivos observados na APA do

Maracanã e em diversos pontos do eixo Itaqui-Bacanga. Além disso, provoca também perda da qualidade

das águas e assoreamento da maioria dos pequenos cursos d’água em função da grande carga de sedimentos

neles depositados (Fig. 2.6).

2.6 Recursos Hídricos Superficiais e Hidrogeologia

A Ilha de São Luís conta com uma grande quantidade de cursos d’água de pequeno volume,

desembocando em superfícies inundáveis pela maré e áreas cobertas de mangues. Ao longo do ano esses

cursos d’água sofrem reduções em seus volumes, devido ao clima da região, porém não chegam a caracterizar

rigores de uma seca.

Para efeitos de planejamento e gestão, as bacias hidrográficas do Município foram classificadas pelo

Plano de Paisagem Urbana da Prefeitura de São Luís (2005) em: Estiva, Inhaúma, Cachorros, Itaqui, Tibiri,

Bacanga, Anil, Paciência e Praias (Mapa da Ilha de São Luís - “Bacias Hidrográficas”).

A hidrografia de São Luís é formada pelos rios Anil, Bacanga, Tibiri, Paciência, Maracanã, Calhau,

Pimenta, Coqueiro, Cachorros e Represa Bacanga. São rios de pequeno porte que deságuam em várias

direções, abrangendo áreas de dunas e praias, sendo que os rios Anil, com 13.800 m de extensão, e

Bacanga com 9.300 m, drenam para a Baía de São Marcos, tendo em seus estuários áreas cobertas de

mangues, cuja hidrodinâmica é influenciada pelas marés que chegam a atingir em média 7 metros

(GERCO, 1998).

Os rios Bacanga, Anil, Tibiri, Paciência e Cururuca formam, na Ilha de São Luís, as principais

bacias hidrográficas locais. A bacia do Anil é a mais populosa com cerca de 244.982 habitantes, seguida

pela bacia do Bacanga com 224.742 habitantes (Mapa Urbano de São Luís - “Bacias Hidrográficas”).

Todavia, o rio Itapecuru, situado fora da Ilha no município de Rosário, é o maior da região para

aproveitamento como manancial de abastecimento, mas de acordo com MARANHÃO (1991), a qualidade

das águas desse rio já está prejudicada em muitos trechos em função de projetos agropecuários

implantados em seus vales que utilizam insumos tóxicos nas atividades agrícolas, além da poluição

residuária doméstica do crescente contingente populacional de sua bacia.

As bacias locais mais importantes em termos de mananciais para abastecimento da Ilha de São Luís

são as do Paciência, Itapecuru e Cururuca. Deve-se acrescentar a estas o subsistema do Sacavém, que não

constitui uma bacia hidrográfica, mas um complexo de abastecimento que agrega seis riachos e a barragem

de acumulação do Batatã. Figura 2.6 - Curso d’água com forte presença de sedimentos.

A presença da unidade hidrogeológica Formação Barreiras, cujos afloramentos representam os

mananciais do Paciência e do Cururuca, é de grande importância para o sistema de abastecimento de água da

CAEMA. Os poços de média profundidade situam-se entre 60 a 70 m; já os mais profundos operados pela

CAEMA atingem de 80 a 140 m de profundidade.

Parte do volume total do consumo de água na ilha de São Luís é suprida pelos mananciais subterrâneos,

sendo que, o limitante da capacidade de exploração desses lençóis é a infiltração de águas salobras.

Estudos de Hidrologia feitos pelo GERCO (1998), aplicou o Índice de Qualidade de Água (IQA), adotado

pela CETESB, às bacias de diversos rios dos municípios da Ilha de São Luís, utilizando para o cálculo do IQA

os seguintes parâmetros: temperatura, oxigênio dissolvido, DBO, pH, coliformes, nitrogênio total, fósforo

total, turbidez e sólidos totais. Foram consideradas “aceitáveis” as bacias do rio Paciência, Cururuca (embora

seu afluente da Mata seja considerado impróprio), dos Cachorros e Tibiri (embora o afluente da Ribeira esteja

impróprio). Foi considerada como “bom” a Bacia do Rio Jeniparana, e “impróprio” as Bacias Oceânicas de São

Luís (litorânea), uma vez que funciona como receptáculo de dejetos produzidos pela região urbanizada.

Estudos mais recentes têm confirmado o grau de contaminação microbiológica das águas da Ilha de

São Luis. Em dois projetos distintos, o Laboratório de Hidrobiologia (LABOHIDRO) da UFMA diagnosticou

índices excepcionais de coliformes e bactérias patogênicas nas águas dos rios Bacanga e Anil, bem como em

alguns poços e nascentes da bacia do rio Bacanga que são utilizados para o abastecimento da população

(ZONEAMENTO COSTEIRO DO ESTADO DO MARANHÃO, 2003).

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20 S Ã O L U Í S : U M A L E I T U R A D A C I D A D E

Atualmente, as bacias hidrográficas do Município apresentam-

se impactadas, variando apenas a intensidade das ações antrópicas

em cada uma delas. Dentre os problemas observados pode-se destacar:

a) compactação dos solos – muitas residências são construídas

muito próximas aos rios o que ocasiona a retirada da vegetação

de mata ciliar ou substituição da mesma por matas de sítios;

além disso, a construção de vias de acesso intensificam mais

ainda a compactação dos solos das margens dos rios,

impermeabil izando-as parcialmente e intensificando o

escoamento superficial e, consequentemente, a sedimentação

e o assoreamento dos cursos d’água, especialmente nas Áreas

de Proteção Ambiental (Figs. 2.7 e 2.8);

b) retirada da cobertura vegetal – a cobertura vegetal das

margens dos rios é, em geral, caracterizada pela presença

de juçarais e buritizais, ou, no caso de sua substituição

quando da construção de residências, matas de sítios;

essa vegetação vem passando por sérios problemas pela

extração indiscriminada de algumas espécies para utilização

na construção civi l e fabrico de carvão, tais como o

guanandi (Symphoni globulifera), a andiroba (Carapa

guianensis), a juçareira (Euterpe oleracea) e o buritizeiro

(Mauritia flexuosa);

c) processos erosivos – as principais bacias hidrográficas de

São Luís vêm passando por um constante processo de erosão

em toda a sua extensão devido a degradação da mata ciliar, a

extração mineral nas proximidades dos cursos dos rios e a

construção de novas vias de acesso em suas proximidades,

atividades que estão associadas ao processo de expansão

urbana e que têm como conseqüência principal o assoreamento

dos rios (Fig. 2.9);

d) despejo de dejetos sólidos e líquidos – em todas as bacias

hidrográficas de São Luís há problemas relativos ao despejo de

esgotos domésticos e industriais; na bacia do Tibiri, há o despejo

de resíduos líquidos da maior parte dos complexos industriais

ali instalados e problemas de contaminação provenientes da

infiltração e escoamento superficial do chorume do Aterro da

Ribeira; na bacia do Anil destaca-se o despejo de esgotos

domésticos e industriais da Merck; na bacia do Paciência,

ocorre despejo de esgotos domésticos e provenientes de

postos de lavagem de automóveis; na bacia do Itaqui, os

dejetos líquidos domésticos e a deposição de rejeitos de

matadouros clandestinos são muito comuns; além disso, em

todas as bacias há deposição de resíduos sólidos junto às

margens e no leito dos rios, mesmo havendo coleta regular

de lixo na maioria dos bairros;

Figura 2.9 - Curso d’água assoreado na APA do Maracanã.

e) pesca predatória – atividade ainda desenvolvida na maioria

das bacias hidrográficas, constituindo uma ameaça à ictiofauna

por ser praticada de maneira predatória, gerando sérios impactos

para o ambiente como o despovoamento das águas de espécies

nativas em detrimento daquelas inseridas acidentalmente pela

piscicultura (por exemplo a tilápia, Oreochromis sp.) e pela

carcinicultura (por exemplo o camarão gigante da Malásia,

Macrobrachium sp.).

Sabe-se que não é possível discutir a sustentabilidade ambiental

sem se avaliar o papel dos diversos usos dos cursos d’água.

A água, pelas suas características de solvente universal,

incompressibilidade e alto calor específico é o depositório natural de

todos os poluentes e impactos ambientais ocorrentes na bacia

hidrográfica. Conseqüentemente, seu monitoramento é um excelente

indicador de qualidade ambiental. Acrescente-se a estas vantagens,

o fato de existir legislação ambiental abundante sobre os parâmetros

para monitoramento de corpos hídricos (por exemplo, a RESOLUÇÃO

CONAMA 020), e tecnologia acessível para monitoramento eficiente

de grandes extensões hídricas (ZONEAMENTO COSTEIRO DO ESTADO

DO MARANHÃO, 2003).

Figura 2.8 - Ponte ferroviária sobre o rio Maracanã.

Figura 2.7 - Águas do rio Maracanã, escoando sob ponte ferroviária

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2.7 Cobertura Vegetal

A cobertura vegetal de São Luís varia de acordo com as

características do relevo, a proximidade dos cursos d’água e o grau

de alteração antrópica que, em alguns trechos, provoca a

predominância de determinadas feições e espécies.

Historicamente, pouco se conhece sobre a composição florística,

a estrutura e a distribuição das diferentes formações vegetais (com

seus subtipos) de São Luís. Assim, para efeitos de uma análise

inicial, as formações vegetais do município foram divididas em

três grupos fisionômicos: formações pioneiras, matas secundárias

e vegetação frutífera.

a) Formações pioneiras

As formações pioneiras representam as primeiras fases do estágio

sucessório de uma região ecológica. Em São Luís, essas feições estão

representadas por áreas de influência marinha tais como dunas e restingas

e áreas de influência estuarina como os manguezais e ecossistemas

associados tais como apicuns e marismas (Mapa “Cobertura Vegetal).

Nas dunas e restingas (Fig. 2.10) predominam uma vegetação

rasteira, dominada por salsa da praia (Ipomoea pes-caprae), feijão

Figura 2.10 - Vegetação de dunas.

Figura 2.11 - Vegetação de apicum.

Figura 2.12 - Rhizophora mangle, mostrando as raízes escoras.

Figura 2.13 - Avicennia sp., em terrenos mais arenosos.

da praia (Cavalia rosea), murici (Byrsonima sericea), gramíneas

(Panicun racemosun) entre outras. As restingas constituem uma área

de proteção contra a ação erosiva do mar.

Nos apicuns e marismas (Fig. 2.11) dominam gramíneas e

vegetação de junco com inflorescência apical. Esses ambientes podem

ser descritos como salinas naturais, desenvolvendo-se entre o nível

das preamares equinociais e o nível das preamares de quadratura.

Entre as espécies que ali de desenvolvem pode-se citar Spartina

alterniflora, Fimbristilis spadicea, Blutaparon portulacoides, Sporobolus

virginicus e Sesuvium portulacastrum. Também é freqüente a espécie

Batis marítima, constituída de oxalato de cálcio e sódio, apresentando

suas folhas salgadas, além de algumas ciperáceas (gêneros Scipus,

Eleocharis, Crenea). Essa vegetação serve ocasionalmente de

pastagem para bovinos e outros animais.

Nos ecossistemas de manguezais, o “mangue vermelho”

(Rhizophora mangle) é a espécie mais conhecida ao longo do litoral

(especialmente pela presença das raízes escoras ou rizóforos) e ocupa

a linha costeira e a desembocadura dos rios, sendo tolerante ao

alagamento por longos períodos (Fig. 2.12). Seu sistema de reprodução

se dá através de propágulos que se desprendem da árvore-mãe prontos

para germinar (viviparidade). A casca da árvore é rica em tanino

(substância de cor avermelhada e impermeabilizante), que historicamente

foi utilizada pelos curtumes para tingir couro. Além disso, a madeira é

usada para construção civil e, no início do século XX, foi largamente

utilizada como lenha nas caldeiras das indústrias têxteis e como

dormentes na Estrada de Ferro São Luís–Teresina.

Já as outras espécies de mangue são usadas basicamente como

lenha, devido a má qualidade da madeira. O “mangue siriba” (Avicennia

germinans e A. schaueriana) forma uma segunda linha (atrás do

mangue vermelho), acompanhando as margens dos rios, geralmente

na parte protegida próxima a interface entre a água e a terra

(Fig. 2.13); essa vegetação, mais tolerante às altas salinidades, elimina

o sal do interior da planta através de estômatos localizados na superfície

das folhas e apresenta raízes aéreas conhecidas como pneumatóforos.

O “mangue branco” (Laguncularia racemosa) apresenta folhas com

pecíolo avermelhado com duas glândulas na base e também apresenta

pneumatóforos (Fig. 2.14); as folhas dessa espécie é utilizada por

uma espécie de caranguejo muito explorada comercialmente conhecida

como caranguejo uçá (Ucides cordatus). O “mangue de botão”

(Conocarpus erectus) ocorre de modo espaçado e geralmente em

locais bastante arenosos, na transição para a terra firme (2.15);

essa planta não apresenta grande tolerância à salinidade típica

dos manguezais e é identificada por sua inflorescência de forma

arredondada, originando uma infrutescência (muitos frutos juntos).

Figura 2.14 - Laguncularia racemosa em associação com Spartina.

Figura 2.15 - Conocarpus erectus.

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24 S Ã O L U Í S : U M A L E I T U R A D A C I D A D E

Estudos realizados em todo o Estado do Maranhão mostram que a Ilha de São Luís é a região onde se

observa a maior degradação dos manguezais, destacando-se as atividades portuárias, o crescimento

desordenado das cidades, a ausência de saneamento, as atividades industriais e as práticas predatórias de

pesca e plantio como geradoras de erosão, assoreamento, desmatamento, poluição e diminuição da

biodiversidade nos manguezais (MOCHEL et all., 2001). A perda da área de manguezais na Ilha de São Luís

no período de 1972 a 1993 foi muito grande de acordo com os dados obtidos por REBELO-MOCHEL (1997):

em 1972 a área estimada era de 28.800 hectares, em 1979 foi reduzida para 23.200 ha, em 1991 para 20.730

e em 1993 restavam apenas 18.900 hectares, distribuídos em franjas ao longo da linha de costa, em depressões

(bacias) atrás das praias e dunas e nas margens de rios e igarapés.

A degradação dos manguezais acelerou-se no período de 1991 a 1993. A perda da área de manguezais,

em dois anos, foi da ordem de 2.000 ha contra 5.000 ha em vinte anos. Em contrapartida, os esforços para

a conservação dos manguezais têm aumentado na última década, tanto pelos novos conhecimentos trazidos

pela pesquisa (MOCHEL, 2002), quanto por ações de organizações não-governamentais, do ministério público,

do batalhão florestal, do IBAMA e por uma maior conscientização popular (ZONEAMENTO COSTEIRO DO

ESTADO DO MARANHÃO, 2003).

b) Matas secundárias

As chamadas matas secundárias correspondem às formações provenientes da devastação de

florestas pioneiras que se regeneram naturalmente nas áreas afetadas. A sucessão ecológica pode

atingir diferentes características, definindo formas diferenciadas de cobertura, tais como “capoeira aberta”

e “capoeira fechada”.

Nas “capoeiras abertas” (Fig. 2.16), são encontradas espécies arbustivas como jurubeba (Solanum

caavurana e S. grandiflorum), língua de vaca ou erva grossa (Elephantopus scaber), malícia (Mimosa sensitiva),

mamona ou carrapateira (Ricinus communis), pião-roxo (Vitex spongiocarpa), tucum (Bactris maraja), imbaúba

(Cecropia scyadophylla), urtiga (Urtica urens) e várias plântulas das espécies de capoeira fechada.

Já nas “capoeiras fechadas” (Fig. 2.17 e 2.18) são encontradas espécies nativas arbóreas em diferentes

estados de recuperação, tais como babaçu (Orbignya speciosa), pau d’arco (Tecoma serratifolia), andiroba

(Carapa guianensis), angelim (gêneros Diniza, Pithecolobium e Hymenplobium), guanandi (Symphoni

globulifera), juçara (Euterpe oleracae), buriti (Mauritia flexuosa), açoita-cavalo (Luthea grandifolia), pati

(Syagrus botryophora), embaúba (Cecropia scyadophylla), visgueiro (Parkia pendula), pente-de-macaco

(Pithecoctenium echinatum), sabiá (Minosa caesappinaefolia), marfim (Melochia umbelata), janaúba (Plumeria

sucuba), goiaba do mato ou de porco (Myrciaria floribunda) entre outras. Algumas dessas espécies ainda em

estágio jovem de sucessão são exploradas comercialmente, especialmente em bairros como Sá Viana, Gapara,

Maracanã, Vila Maranhão, Vila Cascavel (Mapa urbano de São Luís - “Cobertura Vegetal”).

Figura 2.17 - Tucunzeiro em capoeira fechada. Figura 2.18 - Capoeira fechada em avançado grau de regeneração.Figura 2.16 - Capoeiras abertas.

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26 S Ã O L U Í S : U M A L E I T U R A D A C I D A D E

c) Vegetação frutífera

A vegetação frutífera (Fig. 2.19) é característica das áreas

de sítios ou chácaras de particulares, cuja produção de frutas

destina-se ao consumo e, em alguns casos, à comercialização.

Entre as espécies mais comuns, destacam-se: abricó (Mammea

americana), abacate (Persea americana), abacaxi (Ananás sativus),

ata (Annona squamossa), azeitona (Syzygium jambolana), bacuri

(Plantonia insignis), banana (Musa paradisíaca), cacau (Theobrona

cação), cajá (Spondias macrocarpa), caju (Anacardium occidentallis),

carambola (Averrhoa carambola), coco (Cocos nucifera), cupuaçu

(Theobrona grandiflorum), fruta-pão (Artocarpus communis), goiaba

(Psidium guajava), graviola (Annoma muricata), jaca (Artocarpus

integrifólia), jambo vermelho (Eugenia Malaccensis), jenipapo (Genipa

americana), limão (Citrus limonum), mamão (Carica papaia), manga

(Manjifera indica.), maracujá (da família das passifloráceas), pitomba

(Sapindus esculentos), tamarindo (Tamarindus indica) entre outras.

Esses e outros impactos ambientais, associados à diminuição

gradativa de hábitats favoráveis à manutenção da fauna e da flora,

podem ser observados em outras áreas legalmente protegidas no

munícipio, muito mais fortemente na Área de Proteção Ambiental do

Maracanã (Decreto Estadual nº 12.103), na Área de Proteção Ambiental

do Itapiracó (Decreto Estadual nº 15.618) e Zona de Reserva Florestal

do Sacavém (Lei nº 3.253) que ainda não possuem Plano de Manejo.

2.8 Complexo Estuarino

O sistema estuarino constitui uma espécie de barreira química

e geoquímica entre tudo que é transportado pelo rio, originado

natural ou artificialmente, em direção ao sistema oceânico

(ZONEAMENTO COSTEIRO DO ESTADO DO MARANHÃO, 2003).

A ilha de São Luís faz parte de um grande complexo estuarino

denominado Golfão Maranhense, que é caracterizado como uma

planície flúvio-marinha formada nos estuários afogados dos rios

Mearim, Itapecuru e Munim, constituindo uma região rebaixada com

numerosas lagoas fluviais, extensas várzeas inundáveis, áreas

colmatadas e um sistema hidrográfico divagante e labiríntico.

Toda a região está sob influência da maré que apresenta ampli-

tudes da ordem de 7 metros, provocando intensa invasão das águas

marinhas no continente e penetrando pelos vales dos rios de baixa

declividade até dezenas de quilômetros. Este domínio de correntes

marinhas altera as condições de transporte de sedimentos fluviais,

resultando na formação de bancos de sedimentos e planícies aluviais.

As águas da região são tipicamente estuarinas e resultantes da

mistura das águas doces oriundas dos rios Pindaré e Mearim que

lançam-se na baia de São Marcos, e dos rios Itapecuru e Munim que

desaguam na baia de São José.

As temperaturas elevadas, a salinidade ideal e a riqueza em

nutrientes, propiciam o desenvolvimento de intensa atividade biológica,

favorecendo a produtividade pesqueira. Outra característica importante

dessa mistura de sedimentos e material orgânico é a formação de

denso cinturão de manguezais que fornece um elo básico na cadeia

trófica através da ciclagem de nutrientes e material orgânico associados

ao refúgio natural para organismos jovens, especialmente peixes,

moluscos e crustáceos de importância comercial.

As regiões estuarinas, por constituírem uma zona de transição

entre as águas continentais e marinhas, são as regiões mais duramente

atingidas pelas ações antrópicas. A especulação imobiliária e a

ocupação desordenada das áreas litorâneas têm resultado na

destruição de manguezais por desmatamentos e aterros, invalidando

esta área, como espaço natural para atuações integradas entre a gestão

costeira e o planejamento das bacias hidrográficas (CIRM, 1999).

Segundo dados levantados em campo pela equipe executora

do Zoneamento Costeiro do Estado do Maranhão (2003) os estuários

com maior pressão ambiental na zona costeira maranhense são aqueles

situados nas áreas metropolitana da Ilha de São Luis (rios Anil e

Bacanga). Tal zoneamento partiu do princípio de que o volume total

de água de superfície (marinha e estuarina) nas microbacias é um

bom indicador do potencial de absorção de impactos ambientais, uma

vez que todas as atividades econômicas necessitam de água para seu

sucesso, e que a água utilizada em qualquer atividade humana retorna

ao corpo de água estuarino ou marinho através do ciclo hidrológico.

Assim, a presença de um grande contingente populacional nas áreas

metropolitanas da Ilha de São Luis ofusca o potencial hídrico,

minimizando seu potencial para a absorção de diferentes problemas

ambientais.

Estudos ecológicos executados até o momento evidenciam uma

redução na produção do sururu na região estuarina do Coqueiro e do

Estreito dos Mosquitos, além de certa contaminação dos moluscos

por metais pesados (cromo), devido principalmente à presença de

indústrias de curtumes, fabricação de tintas, entre outras (LABOHIDRO/

UFMA, 2001).

Os peixes da Ilha de São Luís têm sido drasticamente afetados.

Em 1987 MARTINS-JURAS et al verificaram predomínio das famílias

Ariidae (bagres), Mugilidae (tainhas), Sciaenidae (pescadas) e Engraulidae

(sardinhas), tanto em número de indivíduos como de espécies no estuário

do rio Anil. Em 2003 PINHEIRO-JÚNIOR observou dominância das

espécies Arius herzbergii (bagre guribú), Mugil curema (tainha sajuba),

Pseudauchenipterus nodosus (papista) e Mugil gaimardianus (tainha

pitiu), representando cerca de 87% das espécies capturadas, não sendo

mais tão frequentes organismos da família Sciaenidae, de maior valor

comercial. Além disso, certas áreas apresentam índices de diversidade

muito baixos, como é o caso da Lagoa da Jansen, onde em um período

de 12 anos foi observada uma redução de cerca de 60% no número de

espécies presentes na área (CASTRO et al. 2002). A frequência de captura

de certas espécies dominantes nos estuários pela pesca artesanal também

diminuiu drasticamente, segundo entrevistas com pescadores que ainda

exploram esses ambientes.

Os derramamentos de óleo, com ocorrência na Ilha de São

Luís, principalmente na zona de influência do Porto do Itaqui, e

atividades portuárias que promovem circulação de material particulado

em suspensão no ar e sua deposião sobre os manguezais, além de

barragens, canalizações e drenagens interferem na circulação das

marés e da água dos rios, provocando a mortalidade dos manguezais

(ZONEAMENTO COSTEIRO DO ESTADO DO MARANHÃO, 2003).

Resumidamente, os manguezais de São Luís, mesmo sendo

legalmente protegidos pela legislação federal em toda a sua extensão

como Área de Preservação Permanente, estão sendo afetados pela

ação do homem, principalmente em função dos seguintes eventos:

· aterro para construção de condomínios, clubes e casas (São

Francisco, Renascença e Ponta d’Areia);

· desmatamento para a construção de palafitas (Jaracaty,

Alemanha e Ivar Saldanha);

· despejo de esgotos (aterro do Bacanga e rio das Bicas);

· desmatamento e aterro para instalação de portos e marinas

de grande porte (Itaqui, Ponta da Madeira e Ponta da Espera);

· pesca de arrasto para captura de camarão (foz dos rios Anil

e Bacanga);

· desmatamento e dragagens para mineração nas proximidades

do manguezal (bacia do Tibiri);

· desmatamento para obtenção de lenha (toda a extensão dos

manguezais em São Luís);

· descarga de materiais tóxicos provenientes de indústrias

(bacia dos rios Anil e Tibiri).

Figura 2.19 - Vegetação frutífera em sítios de particulares.

Vale ressaltar que a maioria das chácaras e sítios de particulares

estão encravados em áreas legalmente protegidas (Mapa do Município

de São Luís - “Proteção Ambiental”), tais como o Parque Estadual do

Bacanga (Decreto Estadual nº 7.545), que é uma Unidade de

Conservação da categoria “Proteção Integral”, mas que possui cerca

de 13 povoados, segundo dados da Fundação Nacional de Saúde

(2002). Dados da ELETRONORTE de 2002 já mostravam que a área

do Parque havia sofrido uma redução de cerca de 24%, devido a

ocupações irregulares.

Mesmo sendo a única Unidade de Conservação no município de

São Luís que apresenta Plano de Manejo (elaborado em 1992 pela

Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Turismo, com apoio da

Companhia Vale do Rio Doce) apresenta sérios problemas ambientais,

visto que a maioria dos programas propostos não foram

implementados. Entre os impactos observados em campo podem-se

destacar: extração de areia, no manancial na zona primitiva; extração

de madeira, em várias zonas, inclusive em mata de galeria; queimadas,

nas zonas de recuperação, uso extensivo e uso intensivo;

desmatamentos de áreas de juçareiras e buritizais; lixo acumulado na

zona primitiva, adjacente à Vila Conceição; lixo acumulado na área do

Batalhão Florestal; pequenas áreas com cultivo de arroz, milho, ba-

nana e cana-de-açúcar nas zonas de uso extensivo e intensivo

(ANDRADE, 2003).

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