s eleições de 2017 no j e consequências para l asiático · gustavo henrique feddersen1 betina...

13
Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266 24 AS ELEIÇÕES DE 2017 NO JAPÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O LESTE ASIÁTICO Gustavo Henrique Feddersen 1 Betina Thomaz Sauter 2 Bruno Magno 3 Rômulo Barizon Pitt 4 A coalizão liderada por Shinzo Abe manteve maioria absoluta (dois terços) na Câmara Baixa da Dieta Japonesa após as eleições de 22 de outubro no Japão. A vitória do Partido Liberal Democrático reflete o aumento das tensões na região, sendo os testes missilísticos da Coreia do Norte um dos fatores. Apesar da plataforma de reforma político-institucional e econômica, a aliança com os Estados Unidos se confirma como principal pilar da política externa e de defesa do Japão. 1 Doutorando em Estudos Estratégicos Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Presidente do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE). Contato: [email protected] 2 Especialista em em Estratégia e Relações Internacionais Contemporâneas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisadora Associada do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE). Contato: [email protected] 3 Mestrando em Estudos Estratégicos Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisador Associado do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE). Contato: [email protected] 4 Dotorando em Estudos Estratégicos Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisador Associado do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE). Contato: [email protected] Apresentação A confirmação da vitória da coalizão liderada por Shinzo Abe na noite do dia 23 de outubro de 2017 comprovou que a sua aposta política em dissolver a câmara baixa da Dieta (legislativo japonês) para convocar eleições gerais fora do previsto teve sucesso. O objetivo era de aproveitar a conjuntura para atingir maioria absoluta no parlamento e renovar o mandato popular como preparação para a implementação de seu projeto político. A coalizão entre o Partido Liberal Democrático (PLD, partido de Abe) e o Komeito, ambos partidos de centro-direita, conquistou 313 assentos entre os 465 da câmara baixa da Dieta, garantindo mais de dois terços da casa. Além disso, o resultado das eleições representa o aprofundamento da crise dentre os partidos de oposição, com a não participação do Partido Democrático (PD, o antigo PDJ, de centro-esquerda, em parte sucedido pelo novo Partido Democrático Constitucional) e o fracasso do Kibo no To (Partido da Esperança, novo partido conservador) em apresentar uma agenda alternativa à do PLD. A situação política do Japão é um dos fatores determinantes da conjuntura no leste asiático. O Japão é responsável pela terceira maior economia do globo e uma das principais forças marítimas da região. A proposta do atual governo de

Upload: hatu

Post on 03-Apr-2018

216 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

24

As eleições de 2017 no JApão e suAs consequênciAs pArA o leste Asiático

Gustavo Henrique Feddersen1 Betina Thomaz Sauter2

Bruno Magno3 Rômulo Barizon Pitt4

• A coalizão liderada por Shinzo Abe manteve maioria absoluta (dois terços) na Câmara

Baixa da Dieta Japonesa após as eleições de 22 de outubro no Japão.

• A vitória do Partido Liberal Democrático reflete o aumento das tensões na região, sendo

os testes missilísticos da Coreia do Norte um dos fatores.

• Apesar da plataforma de reforma político-institucional e econômica, a aliança com os

Estados Unidos se confirma como principal pilar da política externa e de defesa do Japão.

1 Doutorando em Estudos Estratégicos Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Presidente do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE). Contato: [email protected]

2 Especialista em em Estratégia e Relações Internacionais Contemporâneas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisadora Associada do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE). Contato: [email protected]

3 Mestrando em Estudos Estratégicos Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisador Associado do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE). Contato: [email protected]

4 Dotorando em Estudos Estratégicos Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisador Associado do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE). Contato: [email protected]

Apresentação

A confirmação da vitória da coalizão liderada por Shinzo Abe na noite do dia 23 de outubro de 2017 comprovou que a sua aposta política em dissolver a câmara baixa da Dieta (legislativo japonês) para convocar eleições gerais fora do previsto teve sucesso. O objetivo era de aproveitar a conjuntura para atingir maioria absoluta no parlamento e renovar o mandato popular como preparação para a implementação de seu projeto político. A coalizão entre o Partido Liberal Democrático (PLD, partido de Abe) e o Komeito, ambos partidos de centro-direita, conquistou 313 assentos entre os 465 da câmara baixa da Dieta, garantindo mais de dois terços da casa. Além disso, o resultado

das eleições representa o aprofundamento da crise dentre os partidos de oposição, com a não participação do Partido Democrático (PD, o antigo PDJ, de centro-esquerda, em parte sucedido pelo novo Partido Democrático Constitucional) e o fracasso do Kibo no To (Partido da Esperança, novo partido conservador) em apresentar uma agenda alternativa à do PLD.

A situação política do Japão é um dos fatores determinantes da conjuntura no leste asiático. O Japão é responsável pela terceira maior economia do globo e uma das principais forças marítimas da região. A proposta do atual governo de

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

25

reformas econômicas e políticas podem limitar a possibilidade de iniciativas de cooperação regional. O projeto de reforma constitucional em especial, que objetiva dentre outros pontos a revisão do seu caráter pacifista (o Japão abdica de forças armadas tradicionais, o que limita seu emprego), pode ter efeito catalisador no tensionamento das relações entre China e Japão. Enquanto isso, a China continua o processo de modernização de suas forças armadas e apresenta perfil mais assertivo nas suas relações regionais.

Esta análise está dividida em três partes. Inicialmente, se empreende um panorama geral da dinâmica estratégica do Leste Asiático para contextualizar a importância das eleições de 2017 e sua relação com os acontecimentos dos últimos anos, em matéria de economia, política e segurança. Em seguida, realiza-se uma descrição do sistema político japonês, projetos econômicos e relações com EUA e região vizinha, a fim de se entender as dinâmicas internas que condicionaram as eleições. Por fim, as eleições são analisadas tendo por base o acúmulo das seções anteriores, a fim de indicar como tais recentes acontecimentos se encaixam na tendência observada nos últimos anos. Por fim, conclui-se que, no plano regional, os EUA continuam desempenhando um papel desestabilizador das iniciativas regionais de integração, confirmando-se, através das eleições, o movimento japonês de distanciamento da China e alinhamento aos EUA. No plano nacional, por sua vez, a falta de interesse dos japoneses em empreenderem uma ampla reforma na Constituição imposta ao final da II GM indica a continuidade do alinhamento com os estadunidenses e polarização com a China, ao menos enquanto os EUA mantiver o caráter de sua política para o Leste Asiático.

Histórico do Regionalismo no Leste Asiático : da integração à polarização DA importância das eleições japonesas e das alterações estratégicas dos últimos anos só pode ser percebida ao contextualizá-las como inflexão de um processo que se desenvolveu no Leste Asiático desde a década 1970. Naquela época, uma aproximação entre China e Japão foi possibilitada pelo reatamento sino-estadunidense e pela expansão das cadeias produtivas japonesas pelos países vizinhos. A cooperação entre os países daquela região foi se aprofundando ao longo das décadas; bastante em termos econômicos e institucionais, mas também, embora em menor escala, em questões securitárias. O retorno estadunidense para a região, após uma década de Guerra ao Terror, materializado no Pivô Americano para a Ásia de 2011, pode ser considerada a raiz dessa inflexão que causou a recente guinada anti-chinesa na política japonesa. Desde então, Shinzo Abe tem advogado pela mudança na legislação de defesa japonesa e continuação do alinhamento aos Estados Unidos, para que o Japão seja o aliado preferencial deste na Ásia para contenção e possível guerra com a China. Com o resultado do último pleito japonês, mais um passo foi dado para afastar a região da tendência de aproximação observada até 2010.

A integração econômica regional contemporânea do Leste Asiático tem suas bases lançadas com a Doutrina Fukuda japonesa (1976-1978), de aproximação com os países vizinhos e a distribuição das cadeias produtivas pela Ásia (Arrighi, 1997). Do lado político, a assinatura do tratado de paz da II Guerra Mundial pela China Popular com o Japão ocorreu em 1978, e incluiu uma cláusula anti-

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

26

hegemônica. Tal artigo significava um compromisso das partes a não se estabelecerem como hegemonias na região, ou permitir que alguma potência externa fizesse o mesmo. Da perspectiva estratégica, mais tarde, o vácuo de poder deixado pelo recuo estratégico estadunidense com o fim da Guerra Fria propiciou o diálogo China-Japão-Coréia como forma de, ao mesmo tempo, gerenciar a competição e cooperação econômica e buscar autonomia política frente à ordem unipolar (Huntington 1997).

Essa confluência alicerçou a evolução do regionalismo asiático na década de 1990. Estruturalmente, o modelo que se montou foi um “condomínio de potências”, isto é, nos termos de Buzan e Weaver (2003), um regime de segurança centrado na cooperação de China, Japão e Coreia com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). A partir da Crise Asiática de 1997, surgiu o Fórum ASEAN+3, que juntava os países da ASEAN, China, Japão e Coreia do Sul, e a Iniciativa de Chiang Mai. Ainda nesse processo, percebe-se a crescente participação da China nos mecanismos de governança regional e global, que lhe garantiu o apoio japonês para seu ingresso na OMC em 2001. Esses mecanismos serão a base para a futura cooperação trilateral e o projeto da Comunidade do Leste Asiático, que surgiram a partir de 2008.

O maior percalço nessa tendência foi a eleição de Koizumi como Primeiro-Ministro japonês em 2001. Seu projeto consistia em tornar o Japão uma plataforma exportadora de manufaturas, competindo diretamente com China e Coreia do Sul, mudando o foco das relações econômicas japonesas da Ásia para os Estados Unidos. Do ponto de vista estratégico, Koizumi se alinhou aos Estados Unidos e buscou diluir a influência regional

da China. Entre as principais demonstrações do perfil estratégico desse governo estão inserção do Japão no sistema de escudo antimísseis norte-americano e a adoção de um comunicado conjunto com os Estados Unidos em 2005, citando pela primeira vez a questão de Taiwan em um objetivo estratégico comum (EUA e Japão, 2005). Os breves governos que se seguiram a Koizumi buscaram se reaproximar da China.

A tendência rumo à integração foi retomada com a ascensão do principal partido de oposição, o Partido Democrático do Japão (PDJ, posteriormente renomeado para PD), que assumiu o poder em 2009. No campo externo, esse partido defendia a criação da Comunidade do Leste Asiático, com o Japão como “líder intelectual” da rede econômica regional e administrador de marcas e patentes, em uma divisão de tarefas com os demais países da região, como a China e a Coreia do Sul (Munhoz e Magno 2012). Para atingir este fim, propunha-se medidas como a criação de uma moeda única, a regulação sobre propriedade intelectual e a proteção ao investimento, que poderia configurar um mercado comum.

A plataforma integracionista na China, por sua vez, era liderada pela corrente do PCCh conhecida como Juventude Comunista5. Assim como o PDJ, essa linha defendia uma política externa voltada para região, a busca de uma economia sustentável e um governo voltado para preocupações sociais, podendo-se observar a utilização por vezes dos mesmos termos em ambas as plataformas, como fraternidade e “putting people first” (CPC 2007; Hu 2007; DPJ 2009; Hatoyama 2009; Magno 2012). Além disso, também no ano de 2009, a China se torna o principal parceiro econômico do Japão, tanto em exportação quanto em importação,

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

27

superando os EUA. O eventual sucesso deste processo de integração poderia formar uma nova grande potência no Sistema Internacional, consideradas as impressionantes características desse hipotético novo ator: 25% da população mundial, 20% da economia global e eram a 3ª maior área econômica do mundo (Trileteral Cooperation Secretariat, 2012).

Todas estas questões foram recebidas com apreensão por Washington. Como resposta, em novembro de 2011, em discurso na Austrália, o presidente Obama declarou que “os EUA estão na Ásia para ficar” (Reuters 2011), e ainda divulgou que a Ásia-Pacífico estava no topo de sua pauta de política externa, se comprometendo com o envio de tropas para a região, especificamente na Austrália. A então Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, defendeu também o fortalecimento das relações bilaterais com seus parceiros tradicionais, uma ampla presença militar na região e a criação da Parceria Trans-Pacífica (TPP na sigla em inglês) (Clinton 2011). Uma eventual Doutrina Trump parece indicar, por um lado, reafirmação dos compromissos securitários (contenção chinesa) e, por outro, afastamento das propostas econômicas, com o abandono do TPP.

O principal exemplo material da continuidade da contenção chinesa encontra-se na Batalha Aeronaval: um conceito operacional preemptivo baseado em um ataque em profundidade no território chinês, a fim de desabilitar os sistemas que permitiriam a China proteger seu entorno marítimo (Machado e Simionato 2015). Tendo em vista o elevado valor dos armamentos que seriam utilizados (porta-aviões, caças e bombardeiros de última geração, satélites, aeronaves de Guerra

Eletrônica e Comando e Controle) aliado à redução relativa das capacidades dos EUA em defender esses armamentos, explica-se a necessidade do apoio da marinha japonesa para pleno emprego dessa doutrina de batalha.

Uma das decorrências mais significativas do processo iniciado pelo pivô americano foi a alteração da correlação de forças no sistema político dos dois países, levando à ascensão de governos com política externa mais assertiva no âmbito regional em comparação com seus antecessores. Além disso, a Coreia do Norte sempre é uma questão central para a percepção de insegurança dos japoneses, e as respostas assertivas do PLD e dos nacionalistas japoneses renderam apoio do eleitorado. Mas o ápice da polarização se deu em 2012, com a crise das Diaoyu/Senkaku. Há três elementos que merecem atenção na disputa pelas ilhas: (1) o controle das rotas marítimas na região, cruciais para o transporte de bens e recursos energéticos; (2) a instrumentalização política, a partir da rivalidade histórica e (3) os recursos energéticos e as zonas pesqueiras presentes no Mar do Leste da China. A Crise teve seu estopim devido a uma campanha nacional de Shintaro Ishihara, então prefeito de Tóquio, que mobilizou a opinião pública para a aquisição das ilhas. Para evitar uma crise, o governo central, à época nas mãos do Partido Democrático do Japão (PDJ), adquiriu as ilhas. Mas, diferentemente do pretendido, isto só serviu para acirrar os ânimos. Uma série de protestos nacionalistas e antinipônicos teve início na China, hostilizando indivíduos e empresas japonesas no país, forçando o encerramento de suas atividades em solo chinês, reduzindo o comércio e causando danos indiretos às cadeias produtivas

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

28

(Fackler 2012). Embora as crises tenham afetado diretamente as relações sino-japonesas, este é um reflexo da política estadunidense do Pivô para a Ásia. Isso pode ser demonstrado pela afirmação estadunidense inédita de que as ilhas estariam no escopo do Tratado de Cooperação Mútua e Segurança entre EUA e Japão (Manyin, 2016; Panda, 2017).

No Japão, esse processo culminou na eleição de Shinzo Abe em dezembro de 2012 com um discurso nacionalista e alinhado aos Estados Unidos. Na China, em novembro do mesmo ano, ocorreu o XVIII Congresso do PCCh, em que se pavimentou não só a transição de poder entre Hu Jintao e Xi Jinping como, mais importante, a reformulação do Politburo com uma composição mais favorável ao Grupo de Xangai. No plano econômico, foram intensificadas as negociações do TPP com os EUA. Em resposta, a China propôs a Iniciativa Cinturão e Rota (One Belt, One Road Initiative), além de iniciar negociações para a Parceria Econômica Ampla Regional (RCEP), uma área de livre comércio formada pelos países-membros da ASEAN e países com os quais essa associação tem acordos comerciais, não incluindo assim os Estados Unidos (Denyer 2013).

De 2012 em diante, apenas se aprofundou o quadro de polarização entre China e Japão, e a competição estratégica dos EUA com a China aparenta ter implodido os esforços de integração no Leste Asiático. Estrategicamente, a China busca responder ao desafio da Batalha Aeronaval reinventando a doutrina da Defesa Ativa, enfatizando a iniciativa e a ofensiva operacional e tática (China 2015; Feddersen 2017). O Japão reforçou seu perfil militar como eventual auxiliar militar dos EUA, mas sem capacidade de atuar

sozinho contra a China. É nesse sentido que as eleições deste ano, com a vitória de Abe, demonstram o marco mais recente na tendência de polarização asiática.

A Política Japonesa após a “Década Perdida”

A conjuntura crítica para se entender o atual contexto político no Japão foi a desestruturação do chamado “triângulo de ferro”, aliança entre burocratas, empresários e o PLD. Apesar de conferir estabilidade na política japonesa através do consenso na economia e relações exteriores, isso afastava o cidadão da formulação de políticas (Hook et al 2005; Bueno et al 2010). A legitimidade do sistema era mantida pelo sucesso econômico, apesar do défice democrático. Após anos de estagnação na “década perdida”, dois fatos evidenciam o esgotamento desse sistema: o governo de Koizumi pelo PLD, que desconstruiu os esforços tomados na Doutrina Fukuda e, mais importante, a eleição de Yukio Hatoyama pelo PDJ em 2009. Hatoyama lançou como metas o combate à desigualdade de renda, o reaquecimento da economia através do desenvolvimento de tecnologia verde e a recuperação do papel dos políticos frente aos burocratas, além de uma reaproximação com seus vizinhos (DPJ, 2009; Munhoz e Magno, 2012).

Porém, o imbróglio causado pela tentativa de realocação da base estadunidense de Futenma em Okinawa em maio de 2010 resultou na renúncia do premiê Hatoyama e o início da desestabilização do governo do PDJ. O Incidente da Usina Nuclear de Fukushima, mal gerenciado pelo PDJ, somadas às já mencionadas crises das Diaoyu/Senkaku resultou, após diversas trocas de Primeiro-Ministro no fim

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

29

do governo pró-regionalização do Japão, abrindo caminho para a ascensão de Shinzo Abe, o retorno do PLD ao poder e uma nova reorientação da política externa japonesa (Munhoz, Reis e Magno, 2013).

É neste cenário que Shinzo Abe toma posse em 2012. Na perspectiva econômica ele promove uma tentativa de revitalizar a economia japonesa, através de uma combinação de expansão fiscal, flexibilização monetária e reformas estruturais. A intenção imediata era impulsionar a demanda doméstica e o PIB enquanto se aumenta a inflação para 2%. Porém, apesar do grande estímulo do governo, o crescimento ocorreu sem grande entusiasmo, a inflação continuou abaixo da meta, as preocupações com a expansão da dívida do governo continuam e as reformas estruturais se mostraram difíceis. Assim, o governo japonês gastou trilhões de dólares tentando levantar a economia, acumulando uma das maiores dívidas pública no mundo desenvolvido. Abe esperava que sua política monetária mudasse essa dinâmica, começando por diminuir as taxas de câmbio e dar às exportações um grande impulso. No entanto, o iene fraco é uma faca de dois gumes, uma vez que pode aumentar o custo das importações incluindo alimentos, petróleo e outros recursos naturais sobre os quais o Japão é altamente dependente, o que pode reduzir a demanda dos consumidores japoneses diminuindo seus gastos (Obe 2014; McBride e Xu 2017).

A política monetária da Abe na arena internacional passou a estar dentro da discussão sobre uma guerra cambial ou desvalorização competitiva, em que os países enfrentam o enfraquecimento de suas moedas para obter uma vantagem para suas

exportações (Fensom 2013). Assim, as disputas entre China e Japão sobre as ilhas Daioyu/Senkaku no Mar da China Oriental têm transbordado para a sua relação econômica, com a queda do iene, escalando a hostilidade entre os países. Adicionalmente, junto com as suas iniciativas de emendar a constituição pacifista do Japão, o impulso comercial da TPP poderia ser visto também como uma forma de conter Pequim. Entretanto, a chegada de Trump na presidência dos EUA, trouxe uma nova visão do comércio global e da política econômica, diferente da posição do presidente Obama que foi orientada para negociações multilaterais, o que complicou as opções de Abe. A rejeição de Trump ao TPP e suas críticas ao que ele chama de manipulação da moeda japonesa, acusando a Abenomics de “jogar o mercado de desvalorização” poderiam desestabilizar a aliança EUA-Japão. Sendo assim, Trump interrompeu os esforços da Abe de concretizar um acordo de comércio regional e colocou a relação EUA-Japão sob nova tensão (Kawanami and Imamoto 2017).

Outro ponto de tensão no cenário político japonês é a questão da revisão constitucional, especialmente do chamado “artigo pacifista” ou artigo 9 de renúncia à guerra. A atual constituição japonesa foi elaborada no imediato pós-guerra pelo comando das forças de ocupação aliadas. Apesar da Declaração de Potsdam demandar que o novo governo japonês deveria ser estabelecido de acordo com a vontade do povo japonês expressada de forma livre, o documento final aprovado pela Dieta não passou de uma mera tradução, com pequenas alterações, do inglês para o japonês do rascunho redigido pelos oficiais do General MacArthur (Quigley 1959). Ao longo das décadas,

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

30

alterações foram propostas de revisão de artigos ou adequação do texto, mas sempre esbarram na necessidade de garantir uma maioria absoluta na Dieta e ser aprovada pela maioria da população em referendo (Artigo 96 da Constituição do Japão). Mais recentemente, no primeiro governo Abe de 2012, o PLD já havia tentado empreender uma revisão geral da Constituição. Entretanto a contrariedade ou falta de interesse da opinião pública no tema fez o governo recuar por temer uma derrota em potencial referendo. Porém, hoje, a revisão da constituição, especialmente do artigo 9, retorna ao debate e se torna novamente tema central das eleições. Sua revisão é incentivada pelos aliados estadunidenses e considerada necessária pelo governo japonês para uma maior participação em questões internacionais e ampliar seu poder dissuasório em relação aos vizinhos. Curioso notar que o Japão após mais de meio século permanece sendo regido por uma Constituição, o maior símbolo de soberania popular, ainda redigido por seus ocupantes, e que o mero debate de sua revisão ou a convocação de uma constituinte não passa pela cabeça do eleitorado japonês.

Da perspectiva militar, a evolução estratégica recente japonesa aponta para o fortalecimento do caráter auxiliar, para os norte-americanos, que a marinha japonesa desempenharia em um confronto EUA-China. Elementos para tal conclusão podem ser depreendidos da análise do mais recente Livro Branco de Defesa do Japão. Ao categorizar os programas de modernização para enfrentar os desafios em estabelecer uma dissuasão eficaz, três questões ganham destaque para o equilíbrio regional: (i) segurança do mar e ar em torno do Japão; (ii) resposta a ataques em ilhas remotas; (iii) e resposta a ataques de mísseis

balísticos6 (Japão 2016). Como resposta a elas, o foco explícito em sistemas leves e de patrulha, inserção subsidiária em sistemas controlados pelos EUA, e ausência, no inventário e nos programas de modernização, de aeronaves de superioridade aérea com autonomia relevante, bombardeiros e vasos navais de decisão (IISS 2016), indica a continuidade da incapacidade material japonesa de conduzir operações militares autônomas contra uma potência como a China. Como consequência, o Japão deve continuar necessitando ser incluído na arquitetura estratégica estadunidense para o Leste Asiático.

O Resultado das Eleições de 2017 no Japão

A vitória total do PLD, nas palavras da então principal líder política da oposição Yuriko Koike (Nhk 2017a), renovou o fôlego do projeto político de Shinzo Abe, cujo mandato foi estendido até 2021. Cabe ressaltar que a coligação PLD-Komeito já possuía maioria absoluta na Câmara Baixa. Mesmo a vitória representou uma perda de 6 assentos referente às eleições anteriores, de 2014. O que explica a convocação extraordinária (que normalmente aconteceria no próximo ano, 2018) foi a percepção de Abe de que poderia contornar o quadro de perda de popularidade frente a desorganização dos partidos de oposição e de uma postura firme em relação à Coreia do Norte e seus recentes testes missilísticos. Além disso, o futuro incerto da TPP com a saída dos Estados Unidos pode implicar em mudanças necessárias na política econômica do Japão, o que também afetaria a plataforma de Abe no curto prazo.

De fato, o ano de 2017 era de reveses significativos para o governo de Abe. Dos escândalos políticos

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

31

que aconteceram, destaca-se a renúncia do Ministro da Defesa Tomomi Inada em 28 de julho (Kimura 2017). A decisão se deu sobre a exclusão de partes dos relatórios da ação de forças armadas japonesas na missão de paz da ONU no Sudão do Sul e a retirada destas do país. O fato importa pois trouxe para a discussão popular o impacto da provisão pacifista da constituição japonesa sobre as limitações de ação das forças de auto-defesa japonesas mesmo em missões de paz, e foi um dos argumentos em defesa da revisão legislativa militar de 2015. A consequência foi mais um golpe na popularidade da reforma constitucional. Além disso, a derrota do PLD nas eleições para o governo de Tóquio (para Yuriko Koike) foi tida como o início do fim da liderança de Abe (Osaki 2017).

Sobre a desorganização da oposição, o Partido Democrático (PD, antigo Partido Democrático do Japão) se ausentou das eleições após a decisão de seu então líder, Seiji Maehara, de juntar forças com o novo Kibo no To (Partido da Esperança) da popular governadora de Tóquio, Yuriko Koike. Os parlamentares do PD passaram então a estar divididos entre o Kibo no To e o também novo Partido Democrático Constitucional. Este último é o atual líder da oposição e representa a ala à esquerda do antigo Partido Democrático, comprometida com o pacifismo. Tais acontecimentos reforçam a liderança do PLD de Shinzo Abe. É importante notar que os dois principais partidos de oposição representam dois blocos vastamente diferentes: o PDC é alinhado à esquerda e o Kibo no To é conservador.

Sobre o aspecto demográfico, é interessante notar que o voto conservador, especialmente no PLD, concentrou-se entre as camadas mais jovens da

população (Nhk 2017b). Alguns dos fatores são a baixa taxa de desemprego de 2,8% e a experiência negativa com o governo do Partido Democrático do Japão até 2011. Ainda assim, outro fator que pode explicar é a alta taxa de abstenção dos votantes de 46,32% (o voto não é obrigatório no Japão).

Entretanto, o principal motivo para a convocação prévia das eleições foram os testes missilísticos da Coreia do Norte, fator que contribuiu para a polarização na região (Pereira e Geiger 2017). O lançamento do míssil que passou por cima da ilha japonesa de Hokkaido em 15 de setembro teve como principal consequência o aumento da popularidade de Abe de 20% em julho para 50% ao final de setembro (Asahi Shimbun 2017). A postura recente da Coreia do Norte reforça a percepção dos japoneses sobre a necessidade de incrementar suas capacidades defensivas, tanto de um ponto legislativo como material , ponto associado à Abe. Por outro lado, as quedas de aprovação do governo Abe indicam que há espaço no ambiente político japonês para projetos alternativos, embora não há indícios de que os partidos de oposição aproveitarão a conjuntura no curto ou médio prazo.

Um dos pontos mais importantes sobre a eleição de Abe em relação à geopolítica regional é a possibilidade de revisão constitucional e a “normalização” das forças armadas do Japão. O Primeiro-Ministro logrou avançar nesta direção em 2015, com a aprovação de nova legislação que interpreta o artigo 9 da constituição japonesa (que proíbe o emprego de força fora do Japão) como incluindo a possibilidade de autodefesa coletiva sob circunstâncias limitadas. O resultado imediato é que o Japão pode derrubar mísseis em direção a territórios estadunidenses, como Guam e Havaí.

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

32

crítica ao Japão durante sua campanha, o contexto regional levou a uma aproximação entre Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos (Kang 2017; EUA, Coreia e Japão 2017).

Outro pilar fundamental da plataforma política de Abe é a reforma econômica. A renovação do mandato mantém o ímpeto para o aumento dos impostos sobre o consumo para 2019. O plano para o aumento de arrecadação são gastos em educação e amparo infantil - caso de fato a arrecadação não seja destinada ao controle da dívida, é possível que corrobore para o aumento da inflação, um dos objetivos do Abenomics (Wakatabe 2017). A promessa eleitoral de prosseguir com o aumento do imposto de consumo sugere a continuidade da responsabilidade do Banco do Japão (BJ) em garantir políticas monetárias contra a recessão. Nesse sentido, a vitória de Abe aumentou a chance de que Haruhiko Kuroda receba o segundo mandato no BJ em 2018. Isso provavelmente significaria a flexibilização quantitativa contínua por um período prolongado para combater a deflação, dada a recuperação em curso do crescimento econômico (DBS Bank 2017). Essa expectativa, da continuação da política monetárias do BJ, foi expressa na eleição de Abe pelo mercado financeiro, no qual a Nikkei alcançou o seu nível mais alto em duas décadas, e o iene atingiu o valor mais baixo desde julho (Fensom 2017). Assim, a moeda japonesa não apresenta sinais de inversão da tendência à desvalorização frente o dólar, o que, como discutido anteriormente, pode tensionar relações não com países vizinhos e também com os EUA. Isto poderia relativizar a interdependência econômica.

Empregos além deste são limitados pelas condições legislativas (conquanto exista a possibilidade da salvaguarda de japoneses no exterior, esta é limitada a um mínimo de força caso não exista outra possibilidade) (MOFA 2016; Harding 2017) e, como explorado na seção anterior, também por condições materiais.

A reforma constitucional é um dos principais pontos da plataforma política do PLD, em especial a normalização das forças armadas do Japão. Apesar da vitória nas urnas, quaisquer alterações constitucionais necessitariam passar por referendo popular. A reforma de 2015 sobre a interpretação do artigo pacifista denotou a impopularidade desse projeto junto à população (Soble 2015).

O perfil das forças armadas do Japão juntamente à plataforma do PLD levam à conclusão de que estes não incorrem em um aumento de autonomia na atuação internacional do Japão: o país continua dependente da aliança dos Estados Unidos para um caso de conflagração com a China. O Japão também não possui capacidade de projeção de força para além do arquipélago japonês, o que determina que uma política de aproximação securitária com países fora do nordeste asiático também depende do apoio estadunidense.

No contexto da prioridade com as relações com os EUA e de polarização regional, o Japão também tende a se aproximar da Coreia do Sul. A partir de 2014, as relações bilaterais melhoraram e no final de 2015 os dois países promulgaram um acordo sobre o reconhecimento japonês da questão das “mulheres de conforto” na Segunda Guerra Mundial (Brites e Vieira 2017). Apesar de que o atual presidente, Moon Jae-in, tivesse uma postura

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

33

Considerações Finais

A partir desta breve análise podemos elencar uma conclusão em dois níveis, regional (Leste Asiático) e nacional (japonês). Regionalmente, apesar de uma longa e persistente tendência de cooperação e integração regional que perdurou por décadas no leste asiático, a reorientação estratégica estadunidense para o Pacífico acabou por encerrar este momento histórico. Apesar do atual governo de Washington ter recuado no projeto do TPP, ainda está disposto a manter uma postura de tensionamento, seja na questão da península coreana elevando o tom do discurso e ampliando a instalação de sistemas de seu escudo anti-míssil, seja na questão da navegação e litígios territoriais do Mar do Sul da China. Esta postura acabou por sabotar esforços de cooperação e integração por parte do Japão. Do mesmo modo a China, diante deste cenário e após a confirmação de Xi Jinping no poder, deve continuar com o seu próprio projeto de inserção regional e modernização militar a margem dos EUA e seus aliados. Desse modo, constata-se uma possível continuidade e, até mesmo, um asseveramento, da polarização regional no Leste Asiático. Qualquer mudança nessa tendência dependeria de um reposicionamento estadunidense para a região.

Enquanto isso, no nível nacional, com o fim da política de aproximação com a China, constata-se uma profunda dependência do Japão em relação aos EUA com relação a sua inserção na região. Não apenas devido a reorientação econômica do projeto da Comunidade do Leste para o TPP (agora também em risco), mas também em sua dependência para manter uma capacidade

dissuasória mínima e uma funcionalidade no perfil de forças de suas Forças armadas, como força de apoio da Marinha estadunidense. Qualquer mudança nesta orientação a partir de iniciativas internas dependeria de uma revisão de sua Constituição confirmada por referendo, iniciativa que pelo menos por enquanto, não parece ser de interesse da opinião pública japonesa. Assim, ao menos no médio prazo, a inserção japonesa na região continua dependente de sua aliança com os EUA.

Em suma, a partir deste cenário, pode-se afirmar que o prognóstico para o Japão e a região em um curto ou médio prazo pode variar de uma manutenção do status quo à um aumento da polarização. A dependência japonesa dos EUA diplomática e securitariamente coloca os próximos passos do governo de Tóquio como tributárias às decisões de Washington, que até o momento tendem a polarizar ainda mais a região. Por outro lado, a estagnação política interna tende a manter o status quo, dadas as contradições entre as limitações constitucionais herdadas da ocupação no pós-guerra, o projeto do PLD e sua falta de popularidade, assim como a ausência de projetos alternativos viáveis.

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

34

Notas5 O Partido Comunista Chinês estava dividido em duas facções principais: a ala ligada à Juventude do Partido Comunista,

que preza pela estabilidade social, via distribuição de renda e redução das disparidades regionais, e cujo principal expoente

é Hu Jintao; e o “grupo de Xangai”, liderado por Xi Jinping e centrado no nacionalismo, crescimento econômico acelerado e

competição com os vizinhos (Martins e Visentini 2011).

6 Na primeira questão, agrupam-se a aquisição de helicópteros de patrulha SH-60K, construção de submarino, aquisição

de aeronave de aviso-antecipado E-2D e aquisição de parte do sistema de Veículo Aereo Não-Tripulado Global Hawk. Para

defender as ilhas remotas, busca-se construir unidades de observação em Yonaguni; licitar caça F-35A, aeronave de

reabastecimento aereo e transporte KC-46A, helicóptero Osprey (V-22), licitar veículos anfíbios e de manobra, além de

atualizar os veículos de desembarque classe-Osumi. Por fim, para se defender de mísseis balísticos, buscava-se construir

um destróier equipado com o Aegis estadunidense (que foi substituído por duas fragatas que, caso se confirme a tendência

já adotada por outros países, incluindo a China, poderiam vir a serem capazes de operarem sistemas antimísseis de última

geração); conduzir desenvolvimento cooperativo Japão-EUA de interceptador avançado de mísseis balísticos RIM-161, SM-3

Block IIA; recertificação e desenvolvimento de infraestrutura para o sistema de mísseis PAC-3 (Japão 2016).

Referências

Arrighi, Giovanni. 1997. “A ilusão do desenvolvimento”. Petrópolis: Vozes.

Asahi Shimbun. 2017. “CDP surges ahead of Hope party but still well behind LDP”. http://www.asahi.com/ajw/articles/AJ201710190042.html

Brites, Pedro Vinícius Pereira e Vieira, Maria Gabriela. 2017. “A Crise Política na Coreia do Sul: Dilemas Internos e a Geopolítica Regional”. Boletim de Conjuntura Nerint, v.2, n.5, abril-2017. https://www.ufrgs.br/nerint/wp-content/uploads/2017/05/Boletim-de-Conjuntura-v2-n5.pdf

Bueno, Eduardo U.; Chiarelli, João e Magno, Bruno. 2010. “O Processo de Integração Asiática como Sucessão de Redes Capitalistas”. VI Encontro com o Japão, UFRGS, Porto Alegre.

Buzan, Barry; Waever, Ole. 2003. “Regions and Powers”. New York: Cambridge University Press.

China, República Popular da, e Japão. 2008. “Joint Statement Between The Government Of Japan And The Government Of The People’s Republic Of China On Comprehensive Promotion Of A ‘Mutually Beneficial Relationship Based On Common Strategic Interests’”. Japão: MOFA. http://www.mofa.go.jp/region/asia-paci/china/joint0805.html

China, República Popular da. 2015. “China’s Military Strategy”. Pequim: State Council Information Office of the People’s Republic of China.

Clinton, Hillary. 2011. “America’s Pacific Century”. Foreign Policy. http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/10/11/americas_pacific_century?page=full

CPC (Communist Party of China). 2007. “17th National Congress of the Chinese Communist Party: Scientific Concept of Development & Harmonious Society”. China. http://www.china.org.cn/english/congress/227029.htm#

DBS Bank. 2017. “Will snap elections bring the end of Abenomics?” https://www.dbs.com/aics/templatedata/article/generic/data/en/GR/092017/170920_economics_will_snap_elections_bring_the_end_abenomics.xml

Denyer, Simon. 2013. “China bypasses American “New Silk Road‟ with two of its own”. The Washington Post. Washington DC. http://www.washingtonpost.com/world/asia_pacific/china-bypasses-american-new-silk-road-with-two-if-its-own/2013/10/14/49f9f60c-3284-11e3-ad00-ec4c6b31cbed_story.html

DPJ (Democratic Party of Japan). 2009. “Manifesto: The DPJ’s Platform for Government: Putting People’s Lives First”. Japão.

EUA (Estados Unidos da América) e Japão. 2005. “Joint Statement U.S.-japan Security Consultative Committee. Ministry of

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

35

Foreign Affairs of Japan”. http://www.mofa.go.jp/region/n-america/us/security/scc/joint0502.html

EUA (Estados Unidos da América); Coreia, República da e Japão. 2017. “Joint Statement from the United States of America, Republic of Korea, and Japan”. https://www.whitehouse.gov/the-press-office/2017/07/07/joint-statement-united-states-america-republic-korea-and-japan

Fackler, Martin. 2012. “Sleepy Islands and a Smoldering Dispute”. The New York Times. http://www.nytimes.com/2012/09/21/world/asia/japan-china-trade-ties-complicate-island-dispute.html

Feddersen, G. H. 2017. “A Evolução Estratégica e Doutrinária da China no pós-Guerra Fria: da dissuasão à preempção”. VI Encontro Nacional da Associação Brasileira de Relações Internacionais, Belo Horizonte.

Fensom, Anthony. 2013. “Asia´s Currency War”. The Diplomat. https://thediplomat.com/2013/05/asias-currency-war/Fensom, Anthony. 2017. “Japan Election Victory Gives Abe Mandate For Reform”. The Diplomat. https://thediplomat.com/2017/10/japan-election-victory-gives-abe-mandate-for-reform/

Harding, Robin. 2017. “Japan rules out intercepting North Korean missile tests”. Financial Times. https://www.ft.com/content/ea0b00de-a808-11e7-ab55-27219df83c97

Hatoyama, Yukio. 2009. “My Political Philosophy”. Voice Magazine.

Hook, Gleen D. et al. 2005. “Japan’s International Relations”. Londres: Routledge.

Hu, Jintao. 2007. “Hold High the Great Banner of Socialism with Chinese Characteristics and Strive for New Victories in Building a Moderately Prosperous Society in all”. China: Seventeenth National Congress of the Communist Party of China. http://www.china.org.cn/english/congress/229611.htm

Huntington, S. 1997. “O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial”. Rio de Janeiro: Editora Objetiva.

Japão. “Build-Up of Defense Capability in FY2016”. In. DEFENSE OF JAPAN 2016. Tóquio: Ministério da Defesa do Japão. http://www.mod.go.jp/e/publ/w_paper/pdf/2016/DOJ2016_2-2-3_web.pdf

Kang, Chan-ho. 2017. “Striking a balance with Japan”. Korea JoongAng Daily. http://bit.ly/2lBeY3p

Kawanami, Takeshi e Iwamoto, Kentaro. 2017. “Trump fires next salvo, naming China, Japan ‘currency manipulators’”. Nikkei Asian Review. https://asia.nikkei.com/Markets/Currencies/Trump-fires-next-salvo-naming-China-Japan-currency-manipulators

Kimura, Kayoko. 2017. “Lawyers attempt to fill in the gaps in the GSDF’s heavily redacted South Sudan PKO logs”. The Japan Times. https://www.japantimes.co.jp/news/2017/08/06/national/crime-legal/filling-gaps-south-sudan-logs/#.WfhzvltSyCi

Machado, L. R.; Simionato, G. H. 2015. “Da Importância de uma Grande Estratégia: O Caso Estadunidense e a Ascensão Chinesa”. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIA POLÍTICA, 1., 2015, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.ufrgs.br/sicp/wp-content/uploads/2015/09/Corrigido-Da-Import%C3%A2ncia-de-uma-Grande-Estrat%C3%A9gia-Artigo-para-entregar.-1.pdf

Magno, Bruno. 2012. “Relações China e Japão e seus recentes desdobramentos no âmbito da cooperação e integração regional”. In: I Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais, 2012, Porto Alegre.Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais ? SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI. p. 58 - 68

Manyin, Mark E. 2016. “The Senkakus (Diaoyu/Diaoyutai) Dispute: U.S. Treaty Obligations”. CRS Report. Washington: Congressional Research Service.

Martins, J. M. Q. e Visentini, P. F. 2013. “A Longa Marcha da Revolução Chinesa”. In: Visentini, P. F. (Org.). Revoluções e Regimes Marxistas: Rupturas, Experiências e Impacto Internacional. Porto Alegre: Leitura XXI. Cap. 3.4, p. 92-133.

McBride, James e Xu, Beina. 2017. “Abenomics and the Japanese Economy”. Council on Foreign Relations. https://www.cfr.org/backgrounder/abenomics-and-japanese-economy

MOFA (Ministry of Foreign Affairs of Japan). 2016. “Japan’s Legislation for Peace and Security”. http://www.mofa.go.jp/files/000143304.pdf

Munhoz, Athos e Magno, Bruno. 2012. “Relações entre a República Popular da China e o Japão: Do reatamento diplomático à redistribuição do poder no sistema internacional”. (Apresentação de Trabalho/Comunicação). II Semana de Defesa e Gestão Estratégica Internacional. Rio de Janeiro: UFRJ, 2012

Munhoz, Athos; Reis, João Arthur da Silva; Magno, Bruno. 2013. “A ascensão chinesa e a ordem mundial no leste asiático: debate analítico”. Porto Alegre: Anais do II Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais.

Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.2 n. 7 | p. 1-99 | out./2017 | ISSN: 2525-5266

36

Obe, Mitsuru. 2014. “Is Abenomic Misguided? Official Not Ready to Concede”. The Wall Street Journal. https://blogs.wsj.com/japanrealtime/2014/01/27/is-abenomics-misguided-officials-not-ready-to-concede/?mod=WSJ_Japan_JapanRealTime

Osaki, Tomohiro. 2017. “Tokyo election loss places Abe in jeopardy”. The Japan Times. https://www.japantimes.co.jp/news/2017/07/03/national/politics-diplomacy/tokyo-election-loss-places-abe-jeopardy/#.Wfh0MVtSyCh

Panda, Ankit. 2017. “Mattis: Senkakus Covered Under US-Japan Security Treaty”. The Diplomat. https://thediplomat.com/2017/02/mattis-senkakus-covered-under-us-japan-security-treaty/

Pereira, Analúcia Danilevicz e Geiger, Luana. 2017. “A Coreia do norte e o Dilema Securitário no Leste Asiático”. Boletim de Conjuntura Nerint, v.2, n.5, abril-2017. https://www.ufrgs.br/nerint/wp-content/uploads/2017/05/Boletim-de-Conjuntura-v2-n5.pdf

Quigley, Harold S. “Revising the Japanese Constitution.” 2017. Foreign Affairs. https://www.foreignaffairs.com/articles/japan/1959-10-01/revising-japanese-constitution

Reuters. 2011. “Obama tells Asia U.S. ‘here to stay’ as Pacific powe”. The Asahi Shimbun. http://ajw.asahi.com/article/behind_news/politics/AJ201111170043

Soble, Jonathan. 2015. “Japan’s Parliament Approves Overseas Combat Role for Military”. The New York Times. https://www.nytimes.com/2015/09/19/world/asia/japan-parliament-passes-legislation-combat-role-for-military.html

Trilateral Cooperation Secretariat, 2012. http://www.tcs-asia.org/

Visentini, P. F. 2012. “As Relações Diplomáticas da Ásia”. Belo Horizonte: Fino Traço

Wakatabe, Masazumi. 2017. “A Snap Election In Japan May Endanger Abenomics”. Forbes. https://www.forbes.com/sites/mwakatabe/2017/09/21/snap-election-japan-endanger-abenomics-shinzo-abe/#159da0dde342

Recebido em 6 de novembro de 2017.

Aprovado em 8 de novembro de 2017.