s /contents - secure.usc.br · cida conceituação de leavell e clarck (1976) a entende como...

101
S UMÁRIO /C ONTENTS EDITORIAL / EDITORIAL 83 PROMOÇÃO DA SAÚDE E DOENÇAS NEGLIGENCIADAS ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES 89 CARACTERÍSTICAS DO PERFIL DOS MEDICAMENTOS USADOS POR PACIENTES COM DIABETES 2 DA ASSOCIAÇÃO DOS DIABÉTICOS DE BAURU (BDA), EM RELAÇÃO À CLASSE, FREQÜÊNCIA DE USO, ASSOCIAÇÕES E INTERAÇÕES Characteristics of pharmaceutical drugs’ profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of use, associations and interactions. Silvia Regina Barrile, Bruno Martinelli, Natália Cochete, Maria Veronica Rodrigues, Manolo Paiva Palma, Carlos Antonio Negrato, Fernando Tozze Alves Neves 105 A VALIAÇÃO DA RADIOPACIDADE DE DIFERENTES MATERIAIS UTILIZADOS COMO RETROBTURADORES. Evaluation of radiopacity of different used as root-end filling materials. Rodrigo Ricci Vivan, Flávia Silva de Faria, Carolina Criado Stefanin, Paulo Henrique Weckwerth, Sylvio de Campos Fraga, Marco Antonio Hungaro Duarte 119 INFLUÊNCIA DO VEÍCULO E DO AGENTE DE IRRIGAÇÃO NA REMOÇÃO DE PASTAS DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO DO CANAL RADICULAR: ANÁLISE EM ESTEREOMICROSCÓPIO. Influence of vehicle and agent of irrigation in the removal of calcium hydroxide pastes for root canal: stereomicroscope analysis Sylvio de Campos Fraga, Gustavo Henrique Marquizeppe, Marco Antonio Húngaro Duarte, Paulo Henrique Weckwerth, Rodrigo Ricci Vivan

Upload: phamthuan

Post on 11-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

Sumário/ContentS

editorial / editorial

83 Promoção da saúde e doenças negligenciadas

artigos originais / original articles

89 características do Perfil dos medicamentos usados Por Pacientescom diabetes 2 da associação dos diabéticos de bauru (bda),

em relação à classe, freqüência de uso, associações e interações Characteristicsofpharmaceuticaldrugs’profileusedbydiabetic2 patientsfromBauru’sdiabeticsassociation(BDA),regardingtoclass,

frequency of use, associations and interactions. silvia regina Barrile, Bruno Martinelli, natália cochete, Maria Veronica rodrigues, Manolo Paiva Palma, carlos antonio negrato, Fernando tozze alves neves

105 avaliação da radioPacidade de diferentes materiais utilizados como retrobturadores. Evaluationofradiopacityofdifferentusedasroot-endfillingmaterials. rodrigo ricci Vivan, Flávia silva de Faria, carolina criado stefanin, Paulo Henrique Weckwerth, sylvio de campos Fraga, Marco antonio Hungaro duarte

119 influência do veículo e do agente de irrigação na remoção de Pastas de hidróxido de cálcio do canal radicular: análise em estereomicroscóPio.

Influence of vehicle and agent of irrigation in the removal of calcium hydroxidepastesforrootcanal:stereomicroscopeanalysis sylvio de campos Fraga, gustavo Henrique Marquizeppe, Marco antonio Húngaro duarte, Paulo Henrique Weckwerth, rodrigo ricci Vivan

Page 2: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

133 ocorrência de onicofagia entre atletas de futebol de base Occurrenceofnailbitingamongathletesingrassrootsfootball thais regina elmadjian, luci alves de souza, reinaldo Brito e dias,

neide Pena coto, Marcelo rodrigues lima

143 agente comunitário de saúde e a Prevenção do câncer bucal

Thecommunitaryhealthagentsandmouthneoplasmprevention luiza Klipp de oliveira, sarah Bernhardt ozelame, susane delcegio,

christine Kalvelage Philippi, raphael nunes Bueno, elisabete rabaldo Bottan

153 qualidade de vida de estudantes do ensino médio

Qualityoflifeofhighschoolstudents sandra Fiorelli de almeida Penteado simeão, Fernanda Minatel, alberto de Vitta, Márcia aparecida nuevo gatti, Marta Helena souza

de conti, sara nader Marta, sandra de oliveira saes

relato de caso/case rePort 167 reanatomização cosmética associada à cirurgia Plástica

Periodontal, relato de caso clínico

leonardo Marques, alessandra capuano, Janayna grando Machado, gustavo campos Belmonte, Maria cecília Veronesi daher

Page 3: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

83

Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO), doenças ne-gligenciadas podem ser entendidas com um conjunto de doenças as-sociadas à situação de pobreza, as precárias condições de vida e as iniquidades em saúde. Outra característica deste grupo é que, apesar de serem responsáveis por quase metade da carga de doença nos pa-íses em desenvolvimento, os investimentos em P&D, principalmen-te pelo setor privado, usualmente, não priorizaram essa área. Desta forma, esses países tem procurado dar alguma visibilidade à este conjunto de doenças, elencando os seus títulos de acordo com os cenários epidemiológicos locais. No Brasil, o Ministério da Saúde tomando em conta aspectos epidemiológicos, demográficos e de im-pacto, inclui nesse grupo a Hanseníase, a tuberculose, a doença de Chagas, geohelmintíases, leishmaniose, tracoma, esquistossomose, dengue e malária.

Nesse contexto, cada vez mais a promoção de saúde encontra respaldo para a abordagem das doenças negligenciadas. Aliás, não só o conceito de Promoção com o de Prevenção assume relevância nas discussões das doenças negligenciadas. Certamente, há que se entender com clareza as diferenças intrínsecas entre esses dois con-ceitos, sem a perda de visão de suas confluências ao tema central das negligenciadas.

A Promoção da Saúde é conceito mais amplo, abrangente e ex-trapola, ou melhor, antecede o conceito de doença. Ele inclui um entendimento relevante de que os determinantes das doenças estão fora do foco nosológico. Como refere Terris (1990), a promoção tem com estratégia enfatizar modificações nas condições de vida e de trabalho que estão subjacentes aos problemas de saúde dos indivídu-os, demandando um olhar intersetorial.

A abrangência desse conceito pode ser vista dentro da expres-são da Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde em que indica a necessidade da garantia de condições de paz, abrigo, edu-cação, alimentação, recursos econômicos, ecossistema estável, re-cursos sustentáveis, justiça social e equidade para a efetiva melhoria

ProMoção da saúdee doenças negligenciadas

Page 4: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

84

Editorialda saúde (BRASIL, 2002). Importa notar que a promoção da saúde pretende a equidade. Para tal, é necessário diminuir as desigualdades existentes nos níveis de saúde das populações e assegurar a igual-dade de oportunidades e recursos, com vista a capacitá-las para a completa realização do seu potencial de saúde.

Como se vê, a matriz filosófica do Sistema Único de Saúde está permeada por estas propostas. Da mesma forma, convém recordar que o resultado da Carta de Ottawa já podia ser antevisto na icônica Declaração de Alma Ata, na qual se acordou que a conquista do mais alto grau de saúde exige a intervenção de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde (Brasil, 2002).

No que tange a prevenção, este é um conceito mais próximo da doença e do doente, mas tem limites amplos que tocam a área da promoção, por um lado, e aquela da assistência, por outro. A conhe-cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença”. Nela, se inclui as questões incipientes da promoção da saúde. Entretanto, o concei-to de promoção permite que suas ações sejam ampliadas e vistas pragmaticamente como um conjunto em separado da prevenção no sentido de sua implementação.

Se analisarmos o conjunto das doenças negligenciadas verifica-mos que há um denominador comum à elas que encontra abrigo na promoção da saúde. A condição social das populações, em seu aspec-to amplo, é este denominador. Dominar esta condição requer ações do indivíduo, da comunidade, mas, principalmente, dos governantes. Há que se definir políticas pública e, mais importante, implementá-las com prioridade política e orçamentária para que possam modificar os parâmetros da condição social. Estão aí envolvidos os três níveis de gestão pública. A tarefa é complexa e requer tempo. Resultados palpáveis requerem investimentos de grande monta em prazos longos de retorno - dois condicionantes extremamente indesejáveis para po-líticos imediatistas e de carreira. Aqui se encontram as grandes obras de saneamento básico, educação e estabilidade econômica, o que per-mite pleno emprego, renda adequada e atitude cidadã por parte da população. Entretanto, um outro contingente de ações se caracteriza por resultados mais imediatos e positivos, ainda que seu alcance e im-pacto possa estar relacionado ao investimento de recursos financeiros que lhe é emprestado. Trata-se da educação em saúde.

Em um primeiro momento, entende educação como saúde como o aprendizado das causas das doenças, seus efeitos e como evita-las. Entretanto, sabe-se que a educação em saúde pode ter conceito mais amplo e sobrepor-se à questão da promoção da saúde (SCHALL; STRUCHINER, 1999). Neste caso, os condicionantes sociais da saú-

Page 5: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

85

Editorial de e a forma como o grupo social pode intervir para conquistar um estado de saúde e bem estar. Não mais se fala do indivíduo que está sob o risco de adoecer, mas do conjunto social e suas relações para a vida cotidiana.

Há vários exemplos desse tipo de ação. A divulgação dos sinais e sintomas da hanseníase na comunidade, aumentado sua capacida-de de percepção sobre esta doença, é uma ação que pode auxiliar e muito a proteção dos indivíduos, seja do grupo familiar como da comunidade. Dentro do núcleo familiar de pessoas com hanseníase em tratamento, a educação para a saúde com vistas ao exame regu-lar de contatos é ação de alto relevo para promover a saúde de um grupo de risco.

No caso das geohelmintíases e diarreia infantil, a questão da pro-moção da saúde se torna evidente. A intervenção isola pretendendo o diagnóstico e tratamento das parasitoses mais comuns parece não apresentar resultados consistentes à longo prazo (BOTERO, 1981; MACEDO; MACHADO, 2004). Entretanto, o investimento em sane-amento básico, particularmente a melhora das condições de qualida-de de água e a educação em saúde visando promover as vantagens do aleitamento materno podem ser responsáveis por redução substancial nos índices diarreia infantil em comunidades (GROSS et al., 1989).

A Dengue é outra situação lapidar da dificuldade de abordagem, ainda que as ações de promoção da saúde e prevenção de epidemias para este agravo estejam bem definidas (BRASIL, 2009). As dificul-dades estruturais nos municípios são amplas e definidas (SANTOS, 2003) e as peculiaridades epidemiológicas da dengue, sua história natural fazem com que seu manejo se revista de características mui-to particulares. Entretanto, as medidas de promoção se apresentam como necessárias e, talvez, das menos complexas dentro dessa com-plicada equação. A disseminação de informações sobre a doença e a modificação do comportamento do indivíduo, com vistas à um rede crescente de aceitação de novos hábitos familiares e comunitários, devem contribuir sobremaneira para reduzir o tamanho do problema da dengue nas comunidades que essas medidas forem aplicadas con-sistentemente (DIAS, 1998). Entretanto, essa participação necessita estar elencada e priorizada pelos gestores em suas políticas, caso contrario, a comunidade dificilmente terá oportunidade de ser sensi-bilizada (FERREIRA; VERAS; SILVA, 2009).

Seria possível continuar essa discussão e trazê-la para dentro de outras doenças negligenciadas. A promoção da saúde será sempre uma necessidade de relevo para a equação de qualquer delas. Cada uma apresenta suas características próprias de agente causador e de determinantes, o que faz que suas abordagens sejam diferentes atra-vés dos níveis de prevenção com que a elas se olhem. Entretanto, as

Page 6: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

ações de promoção da saúde é um denominador comum a todas e devem ser vistas como medidas prioritárias.

Marcos da Cunha Lopes Virmond

reFerÊncias

BOTERO, D. Persistence of the endemic intestinal parasitosis in La-tin America. Bull. Pan. Am. Health Org., Washington, v. 15, p. 21-248, 1981.

BRASIL. Ministério da Saúde. As cartas da promoção da saúde.Brasília, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue. Brasília, 2009. 160 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

DIAS, J. C. P. Problemas e possibilidades de participação comunitá-ria no controle das grandes endemias no Brasil. Cad. Saúde Públi-ca, Rio de Janeiro, v. 14, supl. 2, p. 19-37, 1998.

FERREIRA, I. T. R. N.; VERAS, M. A. de S. M.; SILVA, R. A. Participação da população no controle da dengue: uma análise da sensibilidade dos planos de saúde de municípios do Estado de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 12, p. 2683-2694, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2009001200015>. Acesso em: 25 nov. 2012.

GROSS, R. et al. The impact of improvement of water supply and sanitation facilities on diarrhea and intestinal parasites: a brazilian experience with children in two low-income urban communities. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 23, n. 3, p. 214-220, 1989.

LEAVEL, H.; CLARK, E. G. Medicina preventiva. São Paulo: Mc-Graw-Hill do Brasil, 1976.

MACEDO, L. M. C.; MACHADO, F. H. S. Controle de geohelmin-tíases em creche municipal do Rio De Janeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA BELO HORI-ZONTE, 2., 2004, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte, 2004.

Page 7: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

87

SANTOS, S. L. Avaliação das ações de controle da dengue: as-pectos críticos e percepção da população. 2003. 133 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Centro de Pesquisas Aggeu Maga-lhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2003.

SCHALL, V. T.; STRUCHINER, M. Educação em saúde: novas perspectivas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 15, supl. 2, p.S4-S6, 1999.

TERRIS, M. Public hea1th policy for the 1990s. Ann. Review of Public Health, Palo Alto, v. 11, n. p.39-51, 1990.

WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION, “Neglected Tropical Diseases,”

Disponível em: <http://www.who.int/neglected_diseases/en/.

Page 8: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável
Page 9: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

89

cHaracteristics oF PHarMaceutical drugs’ ProFile used By diaBetic 2

Patients FroM Bauru’s diaBetics association (Bda), regarding

to class, Frequency oF use, associations and interactions

Características do perfil dos medicamentos usados por pacientes com diabetes 2 da associação dos diabéticos de Bauru (Bda), em relação à classe,

freqüência de uso, associações e interações

Silvia Regina Barrile1

Bruno Martinelli² Natália Cochete³

Maria Veronica Rodrigues³Manolo Paiva Palma³

Carlos Antonio Negrato4

Fernando Tozze Alves Neves5

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’ profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s diabetics as-sociation (BDA), regarding to class, frequency of use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-103, 2012.

aBstract

Introduction: Diabetes mellitus (DM) is a chronic disease cau-sed by genetic, metabolic and/or acquired factors that cause insu-lin deficiency or resistance that result in hyperglycemia. Objective:Recebidoem:28/08/2012

Aceitoem:15/10/2012

1ProfªDrªdoCursodeFi-sioterapia da Universidade

do Sagr ado C oração 2Prof.Ms.doCursodeFi-

sioterapia da Universidade do Sagr ado C oração

³Fisiotrapeutas,4MedicoendocrinologistadaAssociaçãodosDiabé-

ticos de Bauru5ProfMs.doCursode

FarmáciadaUniversidadedoSagradoCoração.

Page 10: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

90

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’ profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-103, 2012.

to characterizing pharmaceutical drugs profile in that concerns the frequency of use, pharmacological classes and possible associations and interactions Method: This prospective study was done by ap-plying a questionnaire to 62 individuals with diabetes mellitus 2 (DM2) that have been watched by educational activities at Bauru’s Diabetics Association (BDA. ATC classification (Anatomical Thera-peutic Classification/2008) was used for pharmaceutic drug classifi-cation. Results: The group A (alimentary tract and metabolism) sho-wed to be the most used (54%), followed by group C (cardiovascular) (33%). Metformin (52%) and glyburide (25%) were the most used oral hypoglycemic agents (OHA), with only 10% being in use of in-sulin, alone or associated with other drugs. Metformin was the most used in multiple therapies. Discussion: Although the assessment of pharmacotherapeutic follow-up of patients were observed 23 poten-tial drug interactions between combinations of drugs used.The need of different therapies for DM2 is justified by the occurrence of other comorbidities such as hypertension, obesity and dyslipidemia. Ho-wever, in many cases, the use of all these drugs together can lead to drugs interactions deteriorating patient’s quality of life. Conclusion:the multidisciplinary team approach is to be aware of the prescribed drugs to DM2 and teach them the correct use these drugs in such a way that patient’s quality of life not be endangered or worsened.

Key words: Drug Interactions. Drug Therapy. Diabetes Mellitus

RESUMO

Introdução: Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica cau-sada por fatores genéticos, metabólicos e / ou adquiridas que cau-sam deficiência de insulina ou resistência que resultam em hiper-glicemia. Objetivo: caracterizar o perfil de drogas farmacêuticas, no que diz respeito à freqüência de uso, classes farmacológicas e possíveis associações e interações. Metodologia: este estudo prospectivo foi realizado com a aplicação de um questionário a 62 indivíduos com diabetes 2 (DM2) que compareceram às ativi-dades educativas da Associação de Diabéticos de Bauru (ADB). A Classificação ATC (Anatomical Therapeutic Chemical/2008) foi utilizada para a classificação das drogas farmacêuticas. Resulta-dos: drogas do grupo A (trato digestivo e metabolismo) mostrou ser a mais utilizada (54%), seguidos pelos do grupo C (cardiovascular) (33%). Metformina (52%) e glibenclamida (25%) foram os hipogli-cemiantes orais mais utilizados, com apenas 10% em uso de insu-

Page 11: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

91

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’

profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s

diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of

use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-

103, 2012.

lina, isoladamente ou associados a outras drogas. A metformina foi a mais utilizada em terapias múltiplas. Discussão: na avaliação do seguimento farmacoterapêutico dos pacientes foram observadas 23 interações medicamentosas potenciais entre as combinações de medicamentos utilizados. A necessidade de diferentes terapias de DM2 é justificada pela ocorrência de outras co-morbidades como hipertensão, obesidade e dislipidemia. No entanto, em muitos ca-sos, a utilização de todas estas drogas em conjunto, podem levar a interações de drogas que deterioram a qualidade de vida do pa-ciente. Conclusão: a abordagem da equipe multidisciplinar con-siste em estar consciente dos medicamentos prescritos para DM2 e ensinar o uso correto deles de tal forma que a qualidade de vida do paciente não tenha riscos ou piora.

Palavras-chave: Fármacos/interação. Diabetes/tratamento. Diabe-tes melitus.

introduction

Diabetes mellitus (DM) is a chronic disease caused by genetic, metabolic and/or acquired factors that cause insulin deficiency or resistance that result in hyperglycemia. DM is characterized by alterations in carbohydrates, lipids and proteins metabolism. To normalize these alterations, generally there is the need of lifestyle changes, like starting or increasing the frequency of physical activity, changes in diet pattern, generally associated with the use of drugs (ADA, 2005; ADA, 2010).

Diabetes is today an epidemic all over the world. Its incidence is rising so fast and in some countries even in an exponential mode, being one of the most important public health issues nowadays. Currently, these diseases no longer occur preferentially in developed countries, posing a serious health concern for people living in developing countries. In Brazil, there are factors that aggravate and complicate the implementation of programs to prevent and combat these diseases, such as social inequality, combined with the continental dimensions of the country (MALFATTI and ASSUNÇÃO, 2011).

In Brazil, according to a census done from 1986 to 1988, in nine cities, 7,6% of the adult population between 30 and 69 years old were diabetics (MALERBI; FRANCO, 1992). In 2003 a new census, using the same criteria used by the preceding one, was done in Ribeirão Preto, São Paulo State, and 12,2% of the population

Page 12: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

92

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’ profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-103, 2012.

comprised between 30 to 69 years old were diabetics (TORQUATO et al., 2003). The diagnostic criteria for diabetes is well established by many national and international scientific societies, like Brazilian Diabetes Society, American Diabetes Association, International Diabetes Federation and World Health Organization. After the diagnosis is done, the treatment must be started. Generally lifestyle and diet changes are needed to reach a good metabolic control, and if these procedures are not enough to reach this target, drug therapy is indicated (ADA, 2003; ASSUNÇÃO; SANTOS; COSTA, 2002).

The treatment of Diabetes mellitus 2 (DM2) must be adapted for each patient individually. Many important prospective studies like the United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS) have shown that DM is a progressive disease what means that as time goes by the pancreas tend to produce less insulin and the patients must start using any kind of drug to obtain and maintain a good metabolic control. This study has also showed that those patients that were in the strict control branch developed much less microvascular complications than those patients that were in the conventional treatment branch (ALAD, 2008).

Currently, there are several classes of drugs for treatment of DM2 available in Brazil. Biguanides, sulfonylureas, alpha-glucosidase inhibitor, tiazolinediones, metiglinides and several types of insulins are the most frequently used. Recently new classes of drugs have also been introduced for DM2 diabetes treatment such as incretin mimetics and dipeptidyl peptidase-IV inhibitors (ARAUJO; BRITO; CRUZ, 2000; DAVIDSON; PARENTE; GROSS, 2008, PRATLEY; GILBERT, 2008). Each one of these classes of drugs has its/yours own particularities concerning pharmacological and therapeutical aspects, and each individual patient receives single or multiple drug therapy according to his metabolic profile (COSTA; ALMEIDA, 2004; PRATLEY; GILBERT, 2008).

Some patients reach a good metabolic control with diet alone, but the great majority of them need to use one or more class of oral hypoglycemic agents (OHA) (IRONS et al., 2012), or the association of these with insulin. When taking the decision of what class of OHA to use, it is necessary to take in account if the patient presents insulin resistance or insulin deficiency, and then the doctor makes the best choice of OHA to prescribe alone or in combination, and also if the insulin is required or not. It is also necessary to know if the patient has any other kind of complication like liver or renal failure that will limit the use of some classes of drugs (COSTA; ALMEIDA, 2004).

The drugs combinations most frequently used are: sulfonylureas and biguanides; sulfonylureas and alpha-glucosidase inhibitor;

Page 13: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

93

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’

profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s

diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of

use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-

103, 2012.

sulfonylureas and biguanides and alpha-glucosidase inhibitor; sulfonylureas and glitazones; glynides and glitazones; biguanides and alpha-glucosidase inhibitor; biguanides and glitazones; biguanides and glitazones and alpha-glucosidase inhibitor; biguanides and glynides and biguanides and glynides and alpha-glucosidase inhibitor (COSTA; ALMEIDA, 2004).

The relations between these drugs are complex and it is important that health professionals have knowledge on how these drugs act and they must also be aware that they are dealing with multiple diseases in one patient (BALESTRE et al., 2007). The aim of this study was to characterize the profile, concerning the class, frequency of use and associations of drugs used for diabetic 2 patients that are watched in educational activities at Bauru’s Diabetics Association (BDA).

METHODS

BDA is a philanthropic institution with 775 associates with diabetic types 1 and 2, children and adults. This association offers monittoring multidisciplinary health care. Among these, 62 type 2 diabetic adults patients were enrolled in this study. This study had a random sampling, individuals of both sex, representative and statistically established (68 volunteers would be representative), but 6 patients were excluded from the study because they didn’t inform correctly the name and drugs’dosage in using during avaliation.

The study received approval of Ethics Committee in Research from Sagrado Coração University under the protocol nº 07/07. A consent letter was presented and firmed by all the participants of the research.

BDA promotes monthly educative meetings, with experts in specific areas concerning diabetes. Data collection was done with patients that attend these meetings. A questionnaire was applied containing questions relative to identifications of patients, medical and family history of chronic metabolic diseases, physical activities frequency, anthropometric measures and informations about drugs in current use, to this information was used the segment pharmacotherapeutic protocol (Method Dader) (MACHUCA et al., 2003).

The evaluation and classification of potential drug interactions was conducted using a database of scientific articles and books specific to the area.

Drugs classification was standardized in agreement with the international classification system (Anatomical Therapeutic Chemical/ATC) of the World Health Organization (WHO, 2011).

Page 14: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

94

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’ profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-103, 2012.

results

Baseline characteristics of subjects are described in Table 1.

Table 1: Baseline characteristics of diabetics associated to Bauru Diabetic Association (BDA).

Variables ResultsHypertension (%) 72,05SBP (mm Hg) 132,54±17,95DBP (mmHg) 80,39±11,35Dyslipidemia (%) 42,64Vascular diseases (%) 17,64Kidney diseases (%) 14,7Overweight/Obesity (%) 80,88 Normal range (%) 19,11Overweight (%) 26,47Obesity level I (%) 33,82Obesity level II (%) 17,64Obesity level III (%) 2,94BMI (kg/m2) 30,34±5,8AC (cm) 101,32±16,98AC women > 88 cm ( %) 85,71AC men > 102 cm (%) 57,69Glycemia (mg/dl) 149,20±60,37Glycated hemoglobin (%) 7,72±1,4

SBP: systolic blood pressure, DBP: diastolic blood pressure, BMI: body mass index, AC: abdominal circumference; dates showed in x ± SD

The population this study was of the 68 pacients with clinical diagnostic of the DM 2, registred in BDA, 61.76% were women and 38.23% men, with mean age of the 62.93±9.64 years-old. The white race had prevalence of the 69.11%, black of the 25% and Asiatic of the 5.88%. The time of the diabetes diagnostic had a variation of the one to 34 years (10.74±7.52).

To life habits, 33.82% of the population were tobacco consumers, 29.41% ex consumers and 36.76% no-consumers tobacco. Alcohol drinking practices were frequent in 14.70%. The physical activity practice was observed in 51.47% realized in 1.75±1.91 time for week and 83.32% had adherence to hypoglycemic dietary.

Among all drugs used, category “A” showed the highest prevalence (54%), followed by category “C” (33%) (Figure 1). The most utilized drugs in category “A” were biguanides and sulfonylureas. Among OHA, metformin (51.2%) and glyburide (25%) were the most used, however only 9.5% were using insulin (Figure 2).

Among cardiovascular category (Category C), the most used drugs were enalapril (34.5%), sinvastatin (16.4%), losartan (9.1%) and captopril (7.3%) respectively (Figure 3).

Page 15: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

95

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’

profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s

diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of

use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-

103, 2012.

Of the 62 studied patients, 19% did not use OHA, 32% were in monotherapy and 43% were using combined therapy, with two drugs and only 6% with three or more drugs (Figure 4). In cases of monotherapy, metformin represented 50%, followed by insulin and glyburide, both of them with a prevalence of the 20%. In the combined therapy with 2 drugs, the association of metformin and glyburide was the most used (53.8%). In the combined therapy with three drugs, metformin, glyburide and insulin association was the most frequently found (75%). Thus, the most frequent association of drugs in combined therapy was between the biguanides and sulfonylureas (Table 2).

Figure 1: Drugs categories used by DM2 individuals, according to Anatomical Therapeutic Classification (ATC) (WHO, 2011).

AT C - A (Alimenta ry tra c t a nd meta bolism)

6,0%2,4% 1,2%

2,4%2,4%

9,5%

25,0%

51,2%

Metform in G lyburideIns ulin G lim epirideAcarbos e Others S ulfonylureasThiazolidinedione C alcium carbonate

Figure 2: Percentage distribution of drugs in group A, according to ATC (Anatomical Therapeutic Chemical)

 

54%

4%

33%

2%0,6% 6%

A B C H J N

ATC Classification (2009)

A – Alimentary tract and metabolismB – Blood and blood forming organsC – Cardiovascular systemH – Genito-urinary system and sex hormonesJ – Anti-infectives for systemic useN – Nervous system

Page 16: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

96

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’ profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-103, 2012.

16,45,5

3,6

1,8 3,6 5,57,3

34,51,83,65,59,1

1,8

Enalapril Captopril AtenololNifedipine Labetalol SinvastatinHydrochlorothiazide Clonidine DigoxinLosartan Propranolol IndapamideFurosemide

Figure 3: Medicine drug “C” category (cardiovascular) percentage

32%

43%

6%

19%

One drug Two drugs Three or more drgus Don´t use

Figure 4: Oral anti-diabetes medicine drug therapy used by DM2 individuals. used by DM2 individuals.

Page 17: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

97

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’

profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s

diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of

use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-

103, 2012.

Table 2: Oral anti-diabetes medicine drugs used in simple or combined modality therapy by DM2 individuals.

Monotherapy – One drug % Combined therapy – Two drugs %Metformin 50,0 Metformin + glimepiride 11,5Glyburide 20,0 Metformin + glyburide 53,8

Insulin 20,0 Metformin + gliclazide 3,8Clorpropamide 5,0 Metformin + insulin 26,9

Glimepiride 5,0 Glyburide + insulin 3,8Polytherapy - Three or more drugs %

Metformin + blyburide + insulin 75,0Metformin + pioglitazone + acarbose + gliclazide 25,0

It was found 23 possibilities of drugs interactions, which 71% was related with hypoglycemic risk and 29% with antihypertensive lost effect risk (Figure 5). The major class interactions with hypoglycemic risk were between ACE (angiotensin conversion enzyme inhibition) and sulfonylurea drugs, follow by ACE and insulin (Figure 6).

29%

71%

Hypotensive risk Hypoglicemic risk

Figure 5: Possible drugs interactions effects.

Page 18: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

98

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’ profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-103, 2012.

32%

21%

47%

ACE x OHA ACE x insulin Others drugs class interactions

Figure 6: Possible drugs class interactions

discussion

This sample was formed by 62 diabetic 2 patients that were mostly using class “A” therapeutical category – ATC drugs. However, its important to notice that the association between diabetes, hypertension and dyslipidemia is very frequent (HERNAEZ et al., 2004; BAZOTTE; SILVA; KOYASHIKI, 2005), and that all these conditions are components of the metabolic syndrome (COSTA et al., 2004; WANG et al., 2004; IDF, 2011), so these components can increase the association of combined drugs therapy (COELHO; BRUM, 2009).

In the present study, the concomitant use of “A” and “C” ATC categories of drugs, was frequently observed, because diabetes and hypertension are very frequently associated and the treatment of both conditions is essential to reduce cardiovascular mortality risks in diabetic patients. Despite ACE-inhibitors and beta-blockers can influence the compensation of diabetics, their use is not contraindicated in these patients, because of their huge benefit in the prevention of cardiovascular events (HENDRYCHOVÁ, VLČEK, 2012). Cardiovascular diseases (CVD), in diabetic 2 patients are responsible for about 80% of the deaths. In diabetic patients, the relative risk of death for CVD, adjusted for the age and sex, is three times higher than the general population (STAMLER et al., 1993). Lifestyle changes can occur if a continuous motivation of the patient is done, and this can help to keep glycemic levels under control (UKPDS, 1998; PEREIRA et al., 2005).

The frequent use of metformin, glyburide, insulin, enalapril, captopril and sinvastatin probably occur due to the fact that these drugs can be easily found in pharmacies of the Basic Health Service

Page 19: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

99

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’

profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s

diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of

use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-

103, 2012.

as essential drugs to the continuous basic attention of the Basic Medicine Drugs National Relation, besides the low prices available when they are acquired in public pharmacies (BRASIL, 2006).

Pereira et al. (2005) and Bazotte et al. (2005) had evidenced that metformin, glyburide and insulin were used for DM2 individuals as monotherapy or in association. The same datas were found in our study. The use of insulin in diabetic 2 patients generally occurs 10 years after the diagnosis is done. This occurs because there is a reduction in the pancreatic function, with reduction of insulin production and secretion (PEREIRA et al., 2005). The monotherapy with insulin, compared to its association with OHA in diabetics 2, leads to an improvement in glycemic profile, reduction in hypoglycemia incidence, reduction in body weight, reduction in insulin needs, and can be used as a transition to intensified insulin therapy treatment (MALERBI et al., 2006).

The monotherapy with OHA is generally indicated in the initial phases of diabetes. In the present study it was observed that 32% of the individuals were on monotherapy. Pereira et al. (2005) have found different results, with 63.1% of their patients in monotherapy. In a study with diabetic 2 patients, metformin used alone lowered glycemic levels in about 25%, or 60 to 70 mg/dl and the glycosylated hemoglobin levels in 1.5 to 2% (ARAUJO; BRITO; CRUZ, 2000). It was also demonstrated that the effectiveness of glycemic control with metformin was similar to that obtained with sulfonylureas; on the other hand, metformin use is associated with weight loss, that is so important for the majority of patients with DM2 (JOHANSEN, 1999).

In our study most of patients used at least two drugs for antidiabetic therapy. The major drugs association were between sulfonylureas and biguanides, with 53 .8% between metformin and glyburide and 26.9% between metformin and insulin. Pereira et al. (2005) found in the same profile combined therapy, however the values observed were different: metformin with glyburide in 19.2% and insulin with metformin in 5.4%.

Metformin was the most frequent drug used by patients evaluated. The elimination of metformin is dependent on renal function. Thus, drugs impairing renal function can cause accumulation of metformin and increase the risk of lactic acidosis (GRAHAM et al., (2011)

This possibility should be kept in mind, when, for example loop diuretics, angiotensin-converting enzyme (ACE) inhibitors, nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs), cyclosporine, aminoglycosides or X-ray contrast media are given to metformin-treated patients at risk of decreased renal function, or when renal function is already compromised. In this study 32% of interactions

Page 20: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

100

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’ profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-103, 2012.

were observed between OHA and ACE, and the most frequent association was between metformin and the captopril.

The difficulties in analyzing the use of biguanides in elderly patients is the lack of studies, and the few existing feature limitations with small cohorts and inclusion criteria, all non-randomized. In elderly patients, the risk of lactic acidosis increase, been necessary the serum creatinine monitoration (DOUCET, 2005).

Although all the interactions found were characterized as potential interactions, by patients clinical and laboratory monitorization, the Pharmacotherapeutic follow-up based on the methodology Dader recommends continuous monitoring thus promoting early identification of potential problems related to the use of medicines.

CONCLUSION

The combined therapy in diabetics 2 can be justified by the presence of many comorbidities such as hypertension, obesity and dyslipidemia. However, in some cases, the inadequate use of these drugs can lead to the occurrence of drug interactions that can be dangerous and can deteriorate patients’ quality of life.

Based on the premise that patients served by the Outreach Program “Diabetes” in the ADB are evaluated by the group of health care professionals such as physical therapy, pharmacy, nutrition, nursing and psychology, the characterization of these pharmacoterapheutic profile favors the identification of potential problems in therapy in different areas, resulting in promotion, protection and recovery of patients, in order to achieve improvements in quality of life.

REFERENCES

ALAD. Asociación Latinoamericana de Diabetes. Guías ALAD de diagnóstico, control y tratamiento de Diabetes Mellitus tipo 2.Washington, D.C.: OPS, 2008. 78 p.

AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Standards of medical care for patients with Diabetes Mellitus (Position Statement). Diabe-tes care, Alexandria, v. 26, suppl. 1, p. S33-S50, 2003.

AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and classifi-cation of Diabetes Mellitus. Diabetes Care, Alexandria, v. 28, suppl. 1, p. S37-S42, 2005.

Page 21: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

101

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’

profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s

diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of

use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-

103, 2012.

AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and classifi-cation of Diabetes Mellitus. Diabetes Care, Alexandria, v. 33, suppl. 1, p. S62-S69, 2010.

ARAÚJO, L. M. B.; BRITO, M. M. S.; CRUZ, T. R. P. Tratamento do diabetes mellitus do tipo 2: novas opções. Arq. Bras. Endrocri-nol. Metab., São Paulo, v. 44, n. 6, p. 509-518, 2000.

ASSUNÇÃO, M. C. F; SANTOS, I. S.; COSTA, J. S. D. Avaliação do processo da atenção médica: adequação do tratamento de pacien-tes com Diabetes Mellitus, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 205-211, 2002.

BALESTRE, K. C. B. E.; TEIXEIRA, J. J. V.; CROZATTI, M. T. L.; CANO, F. G.; GUNTHER, L. S. A. Relato de um seguimento farmacoterapêutico de pacientes portadores de diabetes do programa saúde da família de Atalaia, Paraná. Araraquara. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., Araraquara, v. 28, n. 2, p. 203-208, 2007.

BAZOTTE, R. R.; SILVA, G. E. C.; KOYASHIKI, N. Perfil de pa-cientes diabéticos usuários de sulfoniluréias. Infarma, Brasília, v. 17, p. 76-79, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação nacional de medicamentos essenciais: RENAME/ Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. 5. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 47 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. SPS: estudo multicêntrico de preva-lência do diabetes mellitus no Brasil. 1998. Available at: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ idb2000/fqd11.htm >. Accessed in: 12 nov. 2008.

COELHO, P. V; BRUM, C. A. Interactions between antidepressants and antihypertensive and glucose lowering drugs among patients in the HIPERDIA Program, Coronel Fabriciano, Minas Gerais State, Brazil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 10, p. 2229-2236, 2009.

COSTA, A. A.; NETO, J. S. A. Manual de Diabetes: educação, ali-mentação, medicamentos e atividades físicas. 4. ed. São Paulo: Sar-vier, 2004. 204 p.

COSTA, L. A.; CANANI, L. H.; LISBOA, H. R.; TRES, G. S.; GROSS, J. L. Aggregation of features of the metabolic syndrome is associated with increased prevalence of chronic complications in type 2 diabetes. Diabet. Med., Chichester, v. 21, n. 3, p. 252-255, 2004.

Page 22: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

102

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’ profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-103, 2012.

DAVIDSON, J. A.; PARENTE, E. B.; GROSS, J. L. Incretin mi-metics and dipeptidyl peptidase-4 inhibitors: innovative treatment therapies for type 2 Diabetes. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., São Paulo, v. 52, n. 6, p. 1039-1049, 2008.

DOUCET, J. Use of antidiabetic drugs in elderly patients. Diabetes Metab., Paris, v. 31, n. 2, p. 5S98-5S104, 2005.

GRAHAM, G.G.; PUNT, J.; ARORA, M.; DAY, R.O.; DOOGUE, M.P.; DUONG, J.K.; FURLONG, T.J.; GREENFIELD, J. R.; GRE-ENUP, L. C.; KIRKPATRICK, C. M.; RAY, J. E.; TIMMINS, P.; WILLIAMS, K.M. Clinical pharmacokinetics of metformin. Clin. Pharmacokinet, New York, v.50, n. 2, p. 81–98, 2011.

HENDRYCHOVÁ T; VLČEK J. Drug interactions in the elderly with diabetes mellitus. Vnitr Lek., Praha, v. 58, n. 4, p. 299-304, 2012.

HERNAEZ, R.; CHOQUE, L.; GIMENEZ, M.; COSTA, A.; MAR-QUEZ, J. I.; CONGET I. Coronary risk assessment in subjects with type 2 diabetes mellitus. General population based scores or specific scores? Rev. Esp. Cardiol., Barcelona, v. 57, n. 6, p. 577-580, 2004.

IDF. International Diabetes Federation. The IDF consensus worldwi-de definition of the metabolic syndrome. Available at: <http://www.idf.org>. Accessed on: 15 fev. 2011.

IRONS B. K.; WEIS J. M.; STAPLETON M. R.; EDWARDS K. L. An update in incretin-based therapy: a focus on dipeptidyl peptida-se-4 inhibitors. Curr. Diabetes Rev., San Francisco, v. 8, n. 3, p. 169-82, 2012.

JOHANSEN, K. Efficacy of metformin in the treatment of NIDDM: meta-analysis. Diabetes Care, Alexandria, v. 22, n. 1, p. 33-37, 1999.

MACHUCA, M.; FERNÁNDEZ-LLIMÓS, F.; FAUS, M. J. Método Dáder: manual de acompanhamento farmacoterapêutico. Granada: GIAF-UGR, 2003. 45 p.

MALERBI, D. A.; FRANCO, L. J. Multicenter study of the preva-lence of diabetes mellitus and impared glucose tolerance in the urban Brazilian population aged 30-69 years. Diabetes Care, Alexandria, v. 15, n. 11, p. 1509-1516, 1992.

MALERBI, D.; DAMIANI, D.; RASSI, N.; CHACRA, A. R.; NI-CLEWICZ, E. D.; SILVA FILHO, R. L.; DIB, S. A. Posição do con-senso da Sociedade Brasileira de Diabetes. Insulinoterapia intensi-va e terapêutica com bombas de insulina. Arq. Bras. Endrocrinol. Metab., São Paulo, v. 50, n. 1, p. 125-135, 2006.

MALFATTI, C. R. M.; ASSUNÇÃO, A. N. Hipertensão arterial e

Page 23: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

103

BARRILE, Silvia Regina et al. Characteristics of pharmaceutical drugs’

profile used by diabetic 2 patients from Bauru’s

diabetics association (BDA), regarding to class, frequency of

use, associations and interactions. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 89-

103, 2012.

diabetes na Estratégia de Saúde da Família: uma análise da frequên-cia de acompanhamento pelas equipes de Saúde da Família. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, supl.1, p. 1383-1388, 2011.

PEREIRA, L. R. L.; ANDRADE, R. C. G.; PEREIRA, J. G. C.; MARCHETTI, J. M. Avaliação de prescrições de medicamentos para pacientes com diabéticos mellitus atendidos por uma Unidade Básica de Saúde. Araraquara. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., Ara-raquara, v. 26, n. 3, p. 199-203, 2005.

PRATLEY R. E.; GILBERT M. Targeting Incretins in Type 2 Dia-betes: Role of GLP-1 Receptor Agonists and DPP-4 Inhibitors. Rev Diabet Stud, Duisburg, v. 5, n. 2, p. 73-94, 2008.

STAMLER, J.; VACCARO, O.; NEATON, J.D.; WENTWORTH, D. Diabetes, other risk factors, and 12-yr cardiovascular mortality for men screened in the Multiple Risk Factor Intervention Trial. Diabe-tes Care, Alexandria, v. 16, n. 2, p. 434-444, 1993.

TORQUATO, M. T.; MONTENEGRO JÚNIOR, R. M.; VIANA, L. A.; DE SOUZA, R. A.; LANNA, C. M.; LUCAS, J. C.; BIDURIN, C.; FOSS, M. C. Prevalence of diabetes mellitus and impaired glu-cose tolerance in the urban population aged 30-69 years in Ribeirão Preto (São Paulo), Brazil. São Paulo Med J., São Paulo, v. 121, n. 6, p. 224-230, 2003.

UKPDS. UK PROSPECTIVE DIABETES STUDY GROUP. Inten-sive blood-glucose control with sulfonylureas or insulin compared with conventional treatment and risk of complications in patients with type 2 diabetes: UKPDS 33. Lancet, Oxford, v. 352, n. 9131, p.837-853, 1998.

WANG, J. J.; HU, G.; MIETTINEN, M. E.; TUOMILEHTO, J. The metabolic syndrome and incident diabetes: assessment of four sug-gested definitions of the metabolic syndrome in a Chinese popula-tion with high post-prandial glucose. Horm. Metab. Res., Stuttgart, v. 36, n. 10, p. 708-715, 2004.

WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Collaborating Center for Drug Statistics Methodology. ATC/DDD Index 2009. Available at: <http://www.whocc.no/atcddd/>. Accessed on: 11 fev. 2011.

Page 24: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável
Page 25: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

105

aValiação da radioPacidade de diFerentes Materiais utilizados

coMo retroBturadores.

evaluation of radiopacity of differentused as root-end filling materials

Rodrigo Ricci Vivan1

Flávia Silva de Faria 2

Carolina Criado Stefanin2

Paulo Henrique Weckwerth3

Sylvio de Campos Fraga4

Marco Antonio Hungaro Duarte 5

Recebidoem:28/09/2012Aceitoem:31/10/2012

1Universidade Sagrado Coração,CentrodeCiên-ciasdaSaúde.DoutoremEndodontiapelaUNESP,Araraquara,SãoPaulo.

2 Graduadas em Odonto-logia pela Universidade

SagradoCoração,CentrodeCiênciasdaSaúde.

3 Universidade Sagrado Coração,CentrodeCiên-ciasdaSaúde.Doutorem

DoençasTropicaispelaUNESP,Botucatu,São

Paulo.4 Universidade Sagrado

Coração,CentrodeCiên-ciasdaSaúde.DoutoremOdontologiapelaFOB/USP,Bauru,SãoPaulo.5 Universidade de São

Paulo,DepartamentodeDentistica,EndodontiaeMateriaisOdontológicos.Livre-DocenteemEnd-odontiapelaFOB/USP,

Bauru,SãoPaulo.

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de diferen-tes materiais utilizados como retrobturadores. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117, 2012.

resuMo

Objetivo: O presente estudo tem como objetivo avaliar a radiopa-cidade de três materiais utilizados como retrobturadores. Métodos:Foram avaliados a radiopacidade de três cimentos: Sealer 26, Ci-mento Portland e Fillapex associado com 50% de cimento Portland. Para a determinação da radiopacidade, foram confeccionados corpos de provas cilíndricos de 10 mm de diâmetro e 1 mm de altura com os cimentos em teste e cilindros de dentina de mesma espessura, de acordo com a norma ISO 6876:2001. Após a sensibilização e processamento das películas, as imagens foram digitalizadas e ana-lisadas quanto a densidade radiográfica no programa Digora 1.51. O valor da radiopacidade foi determinado em densidade radiográfica que foi, também, convertida em milímetros de alumínio (mm Al). Resultados: Os resultados demonstraram que o Sealer 26 possui maior radiopacidade, seguido pelo Fillapex associado com 50% de

Page 26: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

106

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de diferentes materiais utilizados como retrobturadores. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117, 2012.

Cimento Portland e o cimento Portland. Conclusão: Conclui-se que todos os materiais apresentaram radiopacidade maior que a dentina e as normas da ISO, com exceção do cimento Portland.

Palavras chaves: Cirurgia parendodontica. Cimentos retrobturado-res. Radiopacidade.

ABSTRACT

Aim: The present study aims to evaluate the radiopacity of three used as root-end filling materials. Methods: To evaluated the radiopacity of three cement: Sealer 26, Fillapex associated with 50% of Portland cement and Portland cement. For the determination of radiopacity, cylindrical specimens with 10 mm in diameter and 1 mm in thickness were made with the cements under test and dentin cylinders of equal thickness, according to ISO 6876:2001. After the raising and processing of films, the images were digitized and analyzed for the radiographic density in Digora 1.51. The value of radiopacity was determined in radiographic density that was also converted into millimetres of aluminium (mm Al). Results: The results showed that the Sealer 26 has greater radiopacity, followed by Fillapex associated with 50% of Portland cement and Portland cement. Conclusion: It is concluded that all materials presented radiopacity is greater than the dentin and the ISO standards, with the exception of Portland cement.

Keywords: Apical surgery. Root-end filling materials. Radiopacity.

introdução

O sucesso do tratamento endodôntico se deve muitas vezes ao uso de técnicas corretas vinculadas ao emprego de materiais adequados (LEONARDO, 2005). O tratamento endodôntico convencional ainda apresenta insucessos. Algumas situações clínicas, como a presença de um instrumento fraturado, perfurações radiculares, calcificações e variações anatômicas severas podem dificultar ou, até mesmo, impossibilitar o sucesso do tratamento endodôntico convencional (BRAMANTE; BERBERT, 2003). Como também o biofilme e al-guns irritantes podem dificultar o sucesso do tratamento.

Antigamente, a lista dos materiais retrobturadores incluía o amal-gama de prata, a guta-percha, os cimentos a base de oxido de zinco

Page 27: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

107

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de

diferentes materiais utilizados como retrobturadores.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117,

2012.

e eugenol, os cimentos com hidróxido de cálcio e os cimentos a base de mineral trióxido agregado. Porém esses materiais não apresen-tavam propriedades idéias, como bom selamento marginal, estabi-lidade dimensional, insolubilidade frente aos fluídos tissulares, boa radiopacidade, fácil manipulação e inserção, tempo de presa curto, atividade antimicrobiana, biocompatibilidade e reparo tecidual.

O material reparador que tem maior destaque, na atualidade, é o MTA (Mineral Trioxide Aggragate ou Agregado Trióxido Mineral), desenvolvido na Universidade de Loma Linda – Califórnia, Esta-dos Unidos. Pelo fato do MTA ter um pH alto, semelhante ao do hidróxido de cálcio, é possível que ele possa induzir à formação de tecido duro quando utilizado como material reparador (BERNABÉ; HOLLAND, 2005). Estudos avaliaram o MTA, empregando-o em casos de perfurações radiculares, capeamento pulpar, pulpotomia, retroobturações, etc., e possibilitaram verificar que o MTA estimula o reparo dento-alveolar de modo adequado e eficiente, (HOLLAND et al., 1999a; HOLLAND et al., 1999b; HOLLAND et al., 2001a; HOLLAND et al., 2001a).

Quanto à radiopacidade, Torabinejad et al. (1995) verificaram que o MTA apresentava radiopacidade maior do que a apresenta-da pelo Super Eba ou IRM, sendo ligeiramente menos radiopaco do que o Kalzinol. Em função do fato do MTA apresentar maior radiopacidade do que a guta-percha e a dentina, ele é facilmente identificado nas radiografias. O MTA revelou, ainda, maior tem-po de presa, com relação à resistência à compressão, nos tempos iniciais ele apresentou os menores valores, mas com o passar do tempo ocorre um aumento considerável (de 40 MPa para 67 MPa, após 21 dias de sua manipulação), comparável ao do amálgama de prata. Outra vantagem é que ele não necessita de um campo seco (levemente úmido), além dos seus excessos ou resíduos serem facil-mente removidos as superfície dentinária apicectomizada com au-xílio de gaze umedecida. Outra excelente vantagem do MTA que é composto principalmente de óxidos minerais, é o fato de endurecer quando reage com a água. Devido às características hidrofílicas, a umidade presente nos tecidos age como um ativador da reação quí-mica deste material. Daí essa grande vantagem, pois não existirão inconvenientes quando utilizado em ambiente úmido, muito comum de acontecer durante a realização de cirurgias.

O Sealer 26 é conhecido pelas suas excelentes propriedades de se-lamento, quando usado para obturações do canal ou obturação retró-grada. É um cimento baseado em resina epóxica contendo hidróxido de cálcio. Ao ter sua capacidade de selamento comparada ao uso de IRM e do cimento de ionômero de vidro, estando os espécimes obtu-

Page 28: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

108

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de diferentes materiais utilizados como retrobturadores. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117, 2012.

rados com os referidos materiais em contato com saliva humana por 60 dias, observou-se que o Sealer 26 apresentou excelente capacida-de de selamento quando usado como material obturador retrógrado, assim como ótima capacidade de prevenção de infiltração bacteriana (SIQUEIRA et al., 2001).

Na literatura endodôntica específica, não há trabalhos que asso-ciem o cimento Fillapex associado a 50% de Portland. Diante da importância de saber a resposta em relação a radiopacidade desse novo cimento, o Fillapex e do Sealer 26 denso, torna-se pertinente oportuno a realização desse trabalho.

A radiopacidade é de fundamental importância para realizar o diagnóstico diferencial entre as estruturas dentais e os aspectos ra-diográficos dos materiais odontológicos: material forrador de cavida-de; material restaurador estético e cimento odontológico. Os conhe-cimentos técnicos e científicos dos procedimentos que contribuem para estabelecer os fatores formadores da imagem radiográfica for-necem os embasamento para as aplicações das novas metodologias de pesquisa em Odontologia (VIVAN et al., 2009). Os fatores for-madores da imagem radiográfica são responsáveis para a obtenção da boa imagem radiográfica” apresentando: contraste, densidade, nitidez, detalhe.

Diante do exposto, e a associação do cimento Portland a esse novo cimento (FillApex), torna-se necessário a realização da presente pes-quisa. O objetivo da presente pesquisa foi avaliar a radiopacidade de três cimentos utilizados como retrobturadores.

MÉtodos

Foram testados no presente estudo os cimentos Sealer 26 denso, FillApex associado a 50% de Cimento Portland e cimento Portland.

Os materiais testados estão dispostos no quadro 1.

Page 29: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

109

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de

diferentes materiais utilizados como retrobturadores.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117,

2012.

Quadro 1: cimentos endodônticos, suas composições e seus fabri-cantes.

Materiais:Material Composição Indústr iaMTAFil lApex

- Resina sal ic i lato,- Resina di luente-Si l ica nanoparticulada- Oxido de bismuto- Trioxido mineral agregado- Pigmentos

Angelus Indústr ia de Produtos Odontológicos Ltda., Londrina, PR, Brasi l

Sealer 26 Pó: trioxido de bismuto, hidróxido de cálcio, hexametileno tetramina, dióxido de titânio.Liquido: Epoxi bisfenol.

Dentsply Indústr ia e Comércio Ltda, Petrópolis, RJ, Brasi l

CimentoPortland

-silicato tricálcico - 3CaO-SiO2

-silicato dicálcico - 2CaO-SiO2

-aluminato tricálcico – 3CaO-Al2O3

-ferroaluminato tetracálcico - 4CaO-Al2O3-Fe2O3

Grupo Votorantin Ltda, Votorantin, SP, Brasi l .

Para a realização do ensaio de radiopacidade, os materiais foram proporcionados de acordo com o fabricante, sendo: FillApex: mes-ma proporção da pasta base/pasta catalizadora associado a 50% de Portland, em massa; Sealer 26: proporção é de 5 partes de pó para 1 parte de resina que foram espatulados, incorporando-se o pó à resina até obtenção de uma mistura densa, com consistência de material retrobturador; Cimento Portland : 1g de pó para 0,33 g de água des-tilada, em massa.

Foram confeccionados corpos de prova cilíndricos com os ci-mentos em teste e cilindros de dentina de mesma espessura. Os ci-mentos devidamente proporcionados e espatulados foram vertidos, com os devidos cuidados para evitar inclusão de bolhas de ar, em anéis metálicos com 10 mm de diâmetro e 1 mm de altura, os quais foram colocados sobre placas de vidro plana e lisa. Outra placa foi assentada e comprimida sobre os anéis para planificar a superfí-cie e uniformizar a espessura do corpo de prova. O conjunto foi conservado a 370C. Depois da presa dos cimentos, as placas foram retiradas e as espessuras dos corpos de prova conferidas com paquí-metro. Qualquer aumento foi compensado por raspagem das super-fícies dos mesmos.

Os cilindros de dentina foram obtidos de raízes de dentes hu-manos. As raízes foram seccionadas com disco de carborundun,obtendo-se cilindros com 1 mm de espessura, medidos com auxílio de um paquímetro. Todos os corpos de prova foram preliminarmente radiografados, para constatar presença ou não de bolhas, onde fo-ram descartados os que apresentaram bolhas. Os aprovados foram

Page 30: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

110

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de diferentes materiais utilizados como retrobturadores. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117, 2012.

dispostos sobre filme oclusal insight Kodak, conjuntamente com um penetrômetro de alumínio.

Os filmes foram sensibilizados com um aparelho de raios-X Dabi Atlante, com quilovoltagem de 60 kV, miliamperagem de 10 mA com tempos de exposição de 0,3 s. A distância foco/filme foi de 30 cm. A análise da radiopacidade foi realizada por imagem digital.

Após a sensibilização e processamento químico das películas, as imagens foram digitalizadas e analisadas quanto à densidade radio-gráfica no programa Digora 1.51. O valor da radiopacidade foi deter-minado em densidade radiográfica, que foi, também, convertida em milímetros de alumínio (mm Al). A conversão foi realizada determi-nando-se a densidade radiográfica correspondente a cada milímetro de alumínio, de acordo com cada intervalo entre os milímetros, isto é, entre 1 e 2, 2 e 3, 3 e 4, etc. Para se obter o valor de cada material, foi observado em qual intervalo ele estava, ou seja, se o valor da sua densidade estava entre, por exemplo, o intervalo 4 e 5, 5 e 6, etc. A cada intervalo o 1 mm corresponde a valores distintos; por exemplo, a diferença entre o 4 e 5 é 16,83 (5)=162,07-(4)=145,24) e entre 5 e 6 é 14,39 (6)=176,46-(5)=162,07). Assim se, por exemplo, quando a densidade do material apresentasse o valor entre 5 e 6, o cálculo foi realizado da seguinte maneira. Do valor da densidade do material foi subtraído o valor correspondente a 5mm de alumínio, essa diferença foi convertida em milímetros de alumínio utilizando-se para o cál-culo uma regra de três simples, ou pela fórmula proposta por Duarte et al. (2009):

A X 2/B + mmAL imediatamente abaixo RDM

A = densidade radiográfica do material (RDM) – densidade ra-diográfica do passo do alumínio imediatamente abaixo RDM;

B = densidade radiográfica do passo do alumínio imediatamente acima da RDM – densidade radiográfica do passo do alumínio ime-diatamente abaixo RDM;

2 = 2-mm incremento entre um passo e outro do alumínio.

resultados

O Cimento que apresentou a maior media de radiopacidade foi o Sealer 26 denso (7,55 mm Al), em seguida do Fillapex associado com 50% de cimento Portland (5,65 mm Al). E o cimento que apresentou o menor valor foi o cimento Portland puro (1,86 mmAl), de acordo com a Tabela 1.

Page 31: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

111

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de

diferentes materiais utilizados como retrobturadores.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117,

2012.

Tabela 1: Valor médio da radiopacidade dos cimentos estudados (mm Al).

Material RadiopacidadeSealer 26 7,55

Fillapex associado com 50% de Portland 5,56Cimento Portland 1,86

Dentina 2,25

A Figura 1 representa o gráfico dos valores médios de radiopaci-dade.

Radiopacidade

CP

Fillapex

+ CP

Sealer

26

Dentin

a

Norma A

DA0

2

4

6

8

10

Materiais

mm

Al

Figura 1: Média e desvio padrão dos valores médios de radiopacidade( mm Al).

discussão

O objetivo do preste trabalho foi avaliar a radiopacidade de 3 ci-mentos retrobturadores (Cimento Portland, Sealer 26 denso e FillA-pex associado a 50% de cimento Portland). Para isso foram utilizados anéis metálicos com 10 mm de diâmetro interno e 1 mm de altura, de acordo com a norma ISO 6876:2001 (DUARTE et al., 2009; VI-

Page 32: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

112

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de diferentes materiais utilizados como retrobturadores. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117, 2012.

VAN et al., 2009, TANOMARU-FILHO et al., 2008). Outros auto-res (BOSCOLO; BENATTI; GONÇALVES, 1979; ZYTKIEVITZ; LIMA; BLEY SOBRINHO, 1985) empregaram anéis com 3mm de altura. Petry et al. (1997) utilizaram tubos plásticos para o acon-dicionamento dos cimentos, ao invés de anéis metálicos. Já Ray e Seltzer (1991) realizaram a determinação da radiopacidade empre-gando o próprio dente no qual obturaram o canal e, depois, avalia-ram visualmente, não determinando quantitativamente, dificultando, portanto, uma melhor comparação entre os materiais. Os cimentos foram proporcionados e manipulados de acordo com o fabricante. Os mesmos foram inseridos nos anéis com o auxilio de uma espátula 24 e outra placa foi assentada e comprimida sobre os anéis para plani-ficar a superfície e uniformizar a espessura do corpo de prova. De-pois da presa dos cimentos, as placas foram retiradas e as espessuras dos corpos de prova conferidas com paquímetro. Todos os corpos de prova foram preliminarmente radiografados, conjuntamente com um penetrômero de alumínio e a analise da radiopacidade foi realizada por imagem digital. Outra variável que pode ocorrer diz respeito ao aparelho de raios X empregado. A norma da ISO e da ADA esti-pulam que o aparelho deva possuir uma Kilovoltagem de 65kV (+ ou – 5kV), miliamperagem de 10 miliamperes e uma distância foco filme de 40cm. Moraes (1984) testou a radiopacidade de cimentos epóxicos empregando aparelhos com quilovoltagens diferentes e ve-rificou que os valores não se diferiram significantemente. Em nosso trabalho utilizamos um aparelho de 70 kV, com 10 miliamperes e distância foco filme de 30 cm. Quanto ao filme a ser empregado, esse pode ser do grupo D ou E, e apesar dos do grupo D possuírem grânulos menores e mais próximos um dos outros, oferecendo me-lhor qualidade de imagem, não difere nos valores da radiopacidade de materiais quando comparado com os do grupo E, conforme já constatado na literatura (KATZ et al., 1990). No presente trabalho empregou-se o Insight que pertence ao grupo F, que também foi em-pregado em outros trabalhos (DANESH et al., 2006; DUARTE et al., 2009; VIVAN et al., 2009).

O valor da radiopacidade foi determinado em densidade radio-gráfica que foi, também, convertida em milímetros de alumínio (mm Al) de acordo com a formula proposta por Duarte et al. (2009). Na determinação da radiopacidade pelo sistema digital, de utilização recente, ocorre a quantificação das várias tonalidades de cinza, os-cilando desde o preto até o branco, em um total de 256 tons de cin-za. Com isso se determinará a densidade radiográfica, e nesse caso quanto maior o valor registrado pelo aparelho mais radiopaco será o material, sendo o inverso do que ocorre quando se analisa as medi-

Page 33: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

113

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de

diferentes materiais utilizados como retrobturadores.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117,

2012.

das oferecidas pelo fotodensitômetro, em densidade ótica. Petry et al. (1997) denominaram erroneamente os valores obtidos de densida-de ótica, pois pelo o sistema digital os valores obtidos são densidades radiográficas, conforme enfatizado por Cocleti (1999). O Software Digora faz uma captura direta da imagem radiográfica por meio de um sensor que está sensibilizado pelo raios X, permitindo uma lei-tura direta da densidade da imagem, sem necessidade de digitação prévia das radiografias. Esta diferença metodológica, entretanto, não parece ter influenciado os valores de radiopacidade obtidos, uma vez que os resultados de Carvalho et al. (2009) são semelhantes aos re-sultados de estudos anteriores (TANOMARU-FILHO et al., 2007) que testaram cimentos iguais mas realizaram a digitalização de fil-mes radiográficos.

Manson-Hing (1961) verificou que a radiopacidade do alumínio se assemelhava à da dentina e Eliasson e Hassken (1979) propuseram que os valores obtidos em densidades óticas fossem convertidos em mm de alumínio, colocando uma escala de alumínio, denominada de penetrômetro na parte superior do filme. Com isso, hoje tanto a ISO como a ADA estipulam os valores mínimos de radiopacidade de um material em mm de alumínio. No presente trabalho, apesar de ter utilizado o sistema digital, os valores da densidade radiográfica também foram convertidos em mm de alumínio empregando para conversão a fórmula semelhante à empregada por Duarte et al (2009) na intenção de comparar com o valor mínimo exigido pela ISO e pela ADA para materiais obturadores de canais radiculares.

Shah et al. (1996) afirmaram que materiais retrobturadores deve ser distinguível do osso adjacente e dentina radicular, e que materiais com valores de radiopacidade menor do que 3 milímetros Al são in-distinguíveis. De acordo com esses autores, uma padronização inter-nacional que institui a radiopacidade mínimo aceitável de materiais retrobturadores é urgentemente necessário. Da mesma forma, Tag-ger e Katz (2004) têm enfatizado que o estabelecimento de padrões internacionais é fortemente recomendado para padronizar a radiopa-cidade mínima para materiais de materiais retrobturadores, devido à grande variabilidade observada nos materiais usados atualmente.

No presente estudo, o Sealer 26 apresentou os maiores valores de radiopacidade (7.55 mm de Al). Isso pode ser explicado pelo fato de que Sealer 26 tem no pó o óxido de bismuto, que é responsável por sua radiopacidade, assim como Tanomaru-Filho et al. (2008). Esses valores são superiores aos encontrados quando o Sealer 26 é mani-pulado na consistência de obturação de canais, uma vez que contém menor quantidade de pó na mistura (TANOMARU-FILHO et al.2008. O FillApex associado a 50% de cimento Portland, apresentou

Page 34: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

114

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de diferentes materiais utilizados como retrobturadores. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117, 2012.

valores médios de 5.56 mm de Al. Esse novo cimento não tem relatos na literatura sobre seu valores de radiopacidade, mas provavelmente diminui esse valor pelo acréscimo de 50% de cimento Portland na composição, o qual apresenta baixos valores (DUARTE et al. 2009). O cimento FillApex apresenta em sua composição os radiopacifica-dores o óxido de bismuto, o qual quando associado ao cimento Por-tland apresenta altos valores de radiopacidade (DUARTE et al. 2009).

O cimento que apresentou o menor valor foi o cimento Portland puro (1,86 mmAl). Duarte et al. (2009) avaliaram a radiopacidade do cimento Portland associado a diferentes radiopacificadores, e como grupo controle o Portland puro, com valores inferiores a 1 mm de Al, ou seja, inferiores ao da dentina e aos recomendados pela ISO. No presente trabalho, resultados semelhantes foram encontrados, onde o cimento Portland apresentou valores inferiores aos da dentina e aos recomendados pela ISO. Esses valores baixos do cimento Portland sao explicados pela ausência de radiopacificador em sua composição (ESTRELA et al., 2000).

Novos trabalhos devem ser realizados com o objetivo de testar outras propriedades físicas, químicas, mecânicas e biológicas da as-sociação do cimento FillApex ao cimento Portland, com o objetivo de usa-lo como material retrobturador.

conclusão

Com base na metodologia empregada, pode-se concluir que o Se-aler 26 denso foi o que apresentou maior radiopacidade; o cimento que apresentou menor radiopacidade foi o Cimento Portland; todos os cimentos estudados apresentaram valor de radiopacidade acima da norma da ISO, com exceção do cimento Portland.

reFerÊncias

BERNABÉ, P. F. E; HOLLAND, R. Cirurgia parendodôntica: como praticá-la com embasamento científico. In: ESTRELA, C. Ciência endodôntica. São Paulo: Artes Médicas, 2004. p. 657-797.

BOSCOLO, F. N.; BENATTI, O.; GONÇALVES, N. Estudo com-parativo da radiopacidade dos cimentos obturadores de canais ra-diculares. Rev. Ass. Paul. Cirurg. Dent., São Paulo, v. 33, n. 2, p. 154-160, mar./abr. 1979.

Page 35: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

115

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de

diferentes materiais utilizados como retrobturadores.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117,

2012.

BRAMANTE, C.; BERBERT, A. Cirurgia parendodôntica. 2. ed. São Paulo: Santos, 2003.

CARVALHO, I.B. et al. A radiopacidade de cimentos endodônticosvariando-se tempo de exposição e filmes. R Bras Ci Saude., São Caetano do Sul, v. 13, n. 3, p. 15-22, mar. 2009.

COCLETI, G. Avaliação da solução Kodak RPX-amat quando utilizada na processadora T4, da Dupont, quanto às densidades ótica e radiográfica, analisadas pelo fotodensitômetro MRA e pelo sistema digital Digora. 1999. 88 f. Tese (Doutorado em Odon-tologia) - Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, 1999.

DANESH, G. et al. A comparative study of selected properties of ProRoot mineral trioxide aggregate and two portland cements. Int. Endod. J., Oxford, v. 39, n. 3, p. 213-219, mar. 2006.

DUARTE, M. A. H. et al. Evaluation of pH and calcium ion release of calcium hydroxide pastes containing different substances. J. En-dod., Chicago, v. 35, n. 9, p. 1274-1277, set. 2009.

ELIASSON, S. T.; HAASKEN, B. Radiopacity of impression mate-rials. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod., St. Louis, v. 47, n. 5, p. 485-491, maio 1979.

ESTRELA, C. et al. Antimicrobial and chemical study of MTA, por-tland cement, calcium hydroxide paste, sealapex and dycal. Braz. Dent. J., Ribeirão Preto, v. 11, n. 1, p. 3-9, 2000.

HOLLAND, R. et al. Healing process of dog dental pulp after pul-potomy and pulp covering with mineral trioxide agregate or portland cement. Braz. Dent. J., Ribeirão Preto, v. 12, n. 2, p. 109-113, 2001a.

HOLLAND, R. et al. Reaction of dogs̀ teeth to root canal filling with mineral trioxide aggregate or a glass ionomer sealer. J. Endod., Chi-cago, v. 25, n. 11, p. 728-730, nov. 1999a.

HOLLAND, R. et al. Reaction of rat connective tissue to implanted dentin tubes with mineral trioxide agregate or calcium hydroxide. J. Endod., Chicago, v. 25, n. 3, p. 161-166, mar. 1999b.

HOLLAND, R. et al. Reaction of rat connective tissue to implanted dentin tube filled with Mineral trioxide agregate, Portland cement or calcium hydroxide. Braz. Dent. J., Ribeirão Preto, v. 12, n. 1, p. 3-8, 2001b.

KATZ, A. et al. Densitometric measurement of radiopacity of guta--percha cones and root dentin. J. Endod., Chicago, v. 16, n. 5, p. 211-213, maio 1990.

Page 36: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

116

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de diferentes materiais utilizados como retrobturadores. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117, 2012.

LEONARDO, M.R. Endodontia: tratamento de canais radiculares. São Paulo: Artes Médicas; 2005.

MANSON-HING, L. R. An investigation of the roentgenographic contrast of enamel, dentine, and aluminum. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol., St. Louis, v. 11, n. 12, p. 1456-1472, dez. 1961.

MORAES, I. G. de. Propriedades físicas de cimentos epóxicos experimentais para obturações de canais radiculares, baseados no AH26. 1984. 149 f. Tese (Doutorado em Odontologia) - Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, 1984.

PETRY, A. E. A. et al. Evaluation of endodontic sealers radiopacity using digitized imaging equipment. Braz. Endod. J., Goiânia, v. 2, n. 1, p. 24-28, 1997.

RAY, H.; SELTZER, S. A new glass lonomer root canal sealer. J. Endod., Chicago, v. 17, n. 12, p .598-603, dez. 1991.

SHAH, P. M. et al. Radiopacity of potential root-end filling mate-rials. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod., St. Louis, v. 81, n. 4, p. 476-479, abr. 1996.

SIQUEIRA, J.F. et al. Ability of three root-end filling materials to prevent bacterial leakage. J. Endod., Chicago, v. 27, n. 11, p. 673-5, nov. 2001.

TAGGER, M.; KATZ, A. Radiopacity of endodontic Sealers: develo-pment of a new method for direct measurement. J. Endod., Chicago, v. 29, n. 11, p. 751-755, nov. 2003.

TANOMARU-FILHO, M. et al. Radiopacity evaluation of new root canal filling materials by digitalization of images. J. Endod., Chica-go, v. 33, n. 3, p. 249-251, mar. 2007.

TANOMARU-FILHO, M. et al. Radiopacity evaluation of root-end filling materials by digitization of images. J. Appl. Oral Sci., Bauru, v. 16, n. 6, p. 376-379, dez. 2008.

TORABINEJAD, M. et al. Comparative investigation of marginal adaptation of mineral trioxide agregate and other commonly used root-end filling materials. J. Endod., Chicago, v. 21, n. 6, p. 295-299, jun. 1995.

VIVAN, R. R. et al. Evaluation of the radiopacity of some commer-cial and experimental root-end filling materials. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod., St. Louis, v. 108, n. 6, p. e35-e38, dez. 2009.

Page 37: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

117

VIVAN, Rodrigo Ricci et al. Avaliação da radiopacidade de

diferentes materiais utilizados como retrobturadores.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 105-117,

2012.

ZYTKIEVITZ, E.; LIMA, J. L. M. de A.; BLEY SOBRINHO, J. Tempo de presa e escoamento de alguns cimentos obturadores de canais radiculares. Odont. Mod., São Paulo, v. 12, n. 10, p. 32-41, nov./dez. 1985.

Page 38: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável
Page 39: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

119

inFluÊncia do Veículo e do agente de irrigação na reMoção de

Pastas de Hidróxido de cálcio do canal radicular: análise eM

estereoMicroscóPio.

Influence of vehicle and agent of irrigation in the removal of calcium hydroxide pastes for root canal:

stereomicroscope analysis

Sylvio de Campos Fraga1

Gustavo Henrique Marquizeppe2

Marco Antonio Húngaro Duarte3

Paulo Henrique Weckwerth4

Rodrigo Ricci Vivan1

Recebidoem:23/10/2012Aceitoem:03/12/2012

1Doutoremendodontiaeprofessor da Universidade SagradoCoração–Bauru,

SãoPaulo.

2graduado em odonto-logia pela Universidade

SagradoCoração–Bauru,SãoPaulo.Alunodeespe-cialização em Endodontia

–APCD-Bauru.3Livre-docenteemend-

odontia e Professor adjunto da Universidade

deSãoPaulo–Bauru,SãoPaulo.

4Doutoremdoençastropicais,Professorde

microbiologiamédicadaUniversidade Sagrado Co-ração–Bauru,SãoPaulo

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência do veículo e do agente de irrigação na remoção de pastas de hidróxido de cálcio do canal radicular: análise em estereomicroscópio. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

resuMo

Introdução: A remoção de debris da medicação intra-canal da pare-de dentinária se faz necessária para se alcançar melhor adaptação do material obturador. Se a medicação não é completamente removida, a sua presença pode comprometer a limpeza e permeabilidade alcan-çada pela irrigação final após a instrumentação. Objetivo: O presen-te trabalho tem como objetivo analisar a influência do veículo e do protocolo de irrigação na remoção de pastas de hidróxido de cálcio. Métodos: utilizou-se 92 dentes uniradiculados que foram abertos e instrumentados empregando técnica progressiva e adotando lima

Page 40: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

120

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência do veículo e do agente de irrigação na remoção de pastas de hidróxido de cálcio do canal radicular: análise em estereomicroscópio. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

tipo K #55 como instrumento de memória. Após o preparo biome-cânico foi empregado EDTA a 17% durante 3 minutos e irrigação final com hipoclorito de sódio a 1% seguido de soro fisiológico. Dois dentes ao final foram clivados e analisados em estéreomicroscópio para verificação da remoção da smear layer (controle positivo). Os demais noventa dentes foram divididos em três grupos de 30 dentes cada em função da pasta, obedecendo ao seguinte: G1 – Pasta Calen; G2 – Pasta Calen com PMCC; G3 – Pasta aquosa de clorexidina a 2%. Ao final os dentes foram radiografados para constatação do pre-enchimento em seguida foram armazenados por 15 dias em estufas a 37ºC. Ao final do período os dentes da cada grupo foram subdivi-didos em três subgrupos, em função do protocolo de irrigação final, como se segue: Subgrupo A: EDTA durante três minutos seguido da irrigação com hipoclorito de sódio a 1%; Subgrupo B: EDTA durante três minutos seguida da irrigação com detergente aniônico; Subgru-po C: EDTA durante três minutos seguida da irrigação com soro fisiológico. Após a irrigação final os dentes foram secos clivados e analisados em estereomicroscópio. Após a digitalização das ima-gens, foi mensurada a área em mm2 da área com a presença das pas-tas, por meio do software Image-J. Resultados: não houve diferença estatística na remoção das pastas do canal radicular, independente da solução irrigadora utilizada. Conclusão: conclui-se que nenhuma das soluções irrigadoras testadas foi capaz de remover as pastas do canal radicular de forma eficiente.

Palavras-chave: Endodontia. Irrigantes do canal radicular. Hidróxi-do de cálcio.

ABSTRACT

Introduction: The removal of debris of medication in the intra-canal wall dentin is needed to achieve better adaptation of the filling material. If medication is not completely removed, its presence may compromise the cleaning and permeability achieved by irrigation after instrumentation. Objective: this paper aims to analyze the influence of the vehicle and the nstrumento irrigation in the removal of calcium hydroxide pastes. Methods: it was used 92 single-rooted teeth which were instrumented using open and a progressive technique, adopting K file # 55 as an instrument memory. After biomechanical preparation it was used 17% EDTA for 3 minutes and final irrigation with sodium hypochlorite followed by 1% saline. Later, two teeth were cleaved and analyzed by stereomicroscope

Page 41: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

121

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência

do veículo e do agente de irrigação na remoção

de pastas de hidróxido de cálcio do canal

radicular: análise em estereomicroscópio.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

to verify the removal of the smear layer (positive control). The remaining ninety teeth were divided into three groups of 30 teeth each according to the folder: G1 – Calen; G2 – Calen PMCC, G3 –aqueous pasta 2% chlorhexidine. The final radiographs were taken for verification of fulfillment and then were stored for 15 days at 37 ° C. After this period, the teeth of each group were subdivided into three subgroups according to the protocol of final irrigation, as follows: Subgroup A: EDTA for three minutes followed by irrigation with sodium hypochlorite 0.5%, Group B: EDTA for three minutes followed by irrigation with anionic detergent; Subgroup C: EDTA for three minutes followed by irrigation with saline. After final irrigation, the teeth were dried and cleaved hemisections were metallized and examined under the stereomicroscope. After digitalization of images, the area with pasta was measured in mm2 with Image J software. Results: results showed no statistic difference among the dressing remove. Conclusion: none of the solutions in test was able to remove efficiently the pasta in root canals.

Key words: Endodontics. Irrigation solution. Calcium hydroxide.

introdução

A remoção de debris e também da medicação intra-canal da pa-rede dentinária do canal radicular se faz necessária para se alcançar melhor adaptação do material obturador. O hidróxido de cálcio tem sido extensivamente o medicamento empregado entre sessões devi-do sua ação antimicrobiana (CHONG; PITTFORD, 1992; CWIKLA et al., 2005; LEONARDO et al., 2006; SIQUEIRA JUNIOR; MA-GALHÃES; RÔÇAS 2007), e, também devido sua capacidade de induzir a apicificação (SHABAHANG et al., 1999; RAFTER, 2005).

Se a medicação não é completamente removida, a sua presença na superfície dentinária pode comprometer a limpeza e permeabilidade alcançada pela irrigação final após a instrumentação (PASHLEY; MICHELICH; KEHL, 1981 ; PASHLEY; KALATHOORS; BUR-NHAN, 1986).

Vários estudos (RICUCCI; LANGELAND, 1997; MARGELOS et al., 1997; CALT; SERPER, 1999; KIM; KIM, 2002) tem mostrado que a presença de resíduos de pasta de hidróxido de cálcio na super-fície da parede dentinária pode afetar a penetração de cimento para o interior dos túbulos.

A remoção da pasta tem sido investigada usando vários produtos e técnicas, tais como quelantes para dissolver partículas orgânicas da

Page 42: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

122

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência do veículo e do agente de irrigação na remoção de pastas de hidróxido de cálcio do canal radicular: análise em estereomicroscópio. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

smear layer e medicação intra canal (FOSTER; KUILD; WELLER,1993; LAMBRIANIDIS; MARGELOS; BELTES, 1999).

Dentre estas substâncias destaca-se o EDTA-T, considerado como um excelente irrigante para remoção da smear layer, principalmen-te se associado a um detergente catiônico, permitindo melhor difu-são e eficiente (GOLGBERG ABRAMOVICH, 1977; AKTNER; BILKAY, 1993). O ácido cítrico em diferentes concentrações tem sido recomendado devido a sua eficiência na remoção da smear layer (ZEHNDER et al., 2005; ELDENIZ; ERDEMIR; BELLI, 2005; GONZALEZ-LOPES et al., 2006).

Na dissolução de matéria orgânica o hipoclorito de sódio tem sido recomendado em diferentes concentrações associado ou não à lubri-ficantes, tal como o RC-Prep, Glyde File Prep oju Endo PTC

No entanto o hidróxido de cálcio quando empregado como cura-tivo de demora tem sido associado à diferentes veículos, sendo eles classificados como aquosos, viscosos e oleosos. Também na intenção de potencializar sua ação anti-séptica principlamente em microrga-nismos resistentes a ele, como o Enterococcus faecalis (EVANS et al., 2002; McHUGH et al., 2004), tem sido proposta associação de clorexidina (EVANS et al., 2003) ou de paramonoclorofenol canfo-rado (LEONARDO et al., 2006).

Recentemente, Salgado et al. (2009) realizaram um estudo à luz da microscopia eletrônica de varredura, no qual compararam o pro-tocolo de irrigação final na remoção de pasta de hidróxido de cálcio com anestéssico e verificaram que os grupos que empregaram de EDTA-T isolado ou associado ao hipoclorito de sódio favoreceram melhor remoção da pasta.

No entanto, como mencionado acima, o hidróxido de cálcio tem sido associado a diferentes substâncias como clorexidina e Paramo-noclorofenol canforado, bem como o polietilenoglicol tem também participado da composição de diferentes formulações.

A literatura mostra normalmente a influência do agente irrigador, mas é escassa em elucidar se o veículo empregado ou a associação de substâncias dificulta a remoção da pasta do interior do canal.

O objetivo desse trabalho é esclarecer ao clínico que exerce na Endodontia, qual o irrigante a ser empregado para remoção da pasta de hidróxido de cálcio em função do veículo a ser utilizado, Anali-sando a luz estereomicroscópio, qual protocolo de irrigação favorece melhor remoção de pasta de hidróxido de cálcio e verificar a influ-ência do veículo ou substância associada ao hidróxido de cálcio na remoção da mesma do interior do canal.

Page 43: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

123

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência

do veículo e do agente de irrigação na remoção

de pastas de hidróxido de cálcio do canal

radicular: análise em estereomicroscópio.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

Materiais e MÉtodos

O presente trabalho foi aprovado pelo comitê de ética da Univer-sidade Sagrado Coração, protocolo 086/09. Foram empregados 92 prémolares inferiores uniradiculados do banco de dentes da Uni-versidade Sagrado Coração. Os dentes foram selecionados e apre-sentaram comprimentos entre 19 e 21mm. Após a seleção, os dentes foram abertos empregando pontas diamantadas 1012 e 1014 para zona de eleição e direção de trepanação e, então, utilizou-se a ponta diamantada 3080 para a forma de contorno. Após a abertura co-ronária efetuou-se a determinação do comprimento real do dente empregando-se uma lima K10 até visualizar sua extremidade no forame. Após determinar o comprimento real do dente, procedeu--se o preparo do terço cervical e médio utilizando brocas de Gates Glidden número 2 e 3, complementando-se posteriormente o prepa-ro cervical com a largo número 2. Após a conclusão do preparo do terço cervical e médio, efetuou-se o preparo do degrau apical 1mm aquém da medida real do dente. Todos os dentes foram dilatados até a lima K 55 e escalonamento regressivo com as limas K 60, 70 e 80. Durante todo o preparo os canais foram irrigados com hipoclorito de sódio a 2,5% e ao final foi feita a irrigação com EDTA líquido a 17% durante 3 minutos e irrigação final com hipoclorito de sódio a 1% seguido de soro fisiológico. Ao final, dois dentes foram clivados e foram empregados como controle positivo (paredes limpas).

Após a irrigação final e secagem os dentes foram divididos em 3 grupos de trinta dentes em função da pasta empregada, obedecendo ao seguinte critério:

Grupo 1 - Preenchimento com pasta Calen;Grupo 2 - Preenchimento coma pasta Calen PMCC;Grupo 3 - Preenchimento com pasta aquosa de clorexidina a 0,2%.

Após o preenchimento com as pastas os dentes foram radiogra-fados nos dois sentidos para confirmação do preenchimento com as pastas, e, então foram estocados em recipiente selados a 370C duran-te 15 dias. Findado o período de armazenagem, os dentes de cada grupo foram subdivididos em 3 subgrupos de 10 dentes cada em função do protocolo para remoção da pasta obedecendo ao seguinte:

Subgrupo A: EDTA durante três minutos seguido da irrigação com hipoclorito de sódio a 0,5%;

Subgrupo B: EDTA durante três minutos seguido da irrigação com clorexidina a 2%;

Subgrupo C: EDTA durante três minutos seguido da irrigação com soro fisiológico.

Page 44: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

124

FRAGA, Sylvio de Campos etal.Infl uência do veículo e do agente de irrigação na remoção de pastas de hidróxido de cálcio do canal radicular: análise em estereomicroscópio. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

A irrigação foi feita com seringa acoplada a cânula de abertura de 0,3 mm (27G) Navitip (Ultradent, Munich, Germany), com 5 mL de cada solução irrigadora, em movimentos de vai-e-vem, a 3 mm do comprimento real de trabalho.

Após a remoção das pastas, os dentes foram secos com ponta de papel absorvente e clivados no sentido vestíbulo lingual. As hemi-secções foram secas e analisadas em estereomicroscópio, proceden-do-se a análise dos terços médio, apical e cervical com aumento de 30 vezes. Após a digitalização das imagens, foi mensurada a área em mm2 da ausência das pastas, utilizando o programa Image J.

Os dados foram comparados estatisticamente empregando Análi-se de variância a dois critérios para comparação global, e o teste de Tukey para as comparações individuais, com 5% de signifi cância.

resultados

Em relação a pasta Callen, os resultados demonstram que a clore-xidina foi o irrigante mais efetivo na remoção de pasta, seguido do soro fi siológico. O irrigante que obteve a pior média foi o hipoclorito de sódio, sendo o menos efi caz na remoção de pasta Callen (Tabela 1). Não houve diferença estatística entre as soluções irrigadoras.

Tabela 1 – Comparação entre pasta Callen com diferentes irrigantesPasta Irrigante Média Desvio Padrão NúmeroCallen Clorexidina 43.37700 16.0993506 10Callen Hipoclorito 33.63700 13.7088674 10Callen Soro fisiológico 38.37800 16.2794279 10

Figura 1 – Comparação entre pasta Callen com diferentes irrigantes

Page 45: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

125

FRAGA, Sylvio de Campos etal.Infl uência

do veículo e do agente de irrigação na remoção

de pastas de hidróxido de cálcio do canal

radicular: análise em estereomicroscópio.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

Em relação ao Callen PMCC, os resultados demonstram que o hipoclorito de sódio foi mais efetivo na remoção de pasta, seguido da clorexidina, e o irrigante que obteve a pior média foi o soro fi siológi-co, sendo o menos efi caz na remoção de pasta (Tabela 2). Não houve diferença estatística entre as soluções irrigadoras.

Tabela 2 – Comparação entre pasta Callen PMCC com diferentes irrigantes

Pasta Irrigante Média Desvio Padrão NúmeroCallen + PMCC Clorexidina 49.32600 16.7742383 10Callen + PMCC Hipoclorito 52.74800 16.6995394 10Callen + PMCC Soro fisiológico 35.73200 9,82726231 10

Figura 2 – Comparação entre pasta Callen PMCC com diferentes irrigantes

Em relação a pasta aquosa de clorexidina, os resultados demons-tram que a clorexidina foi o irrigante mais efetivo na remoção de pasta aquosa de clorexidina, seguido do soro fi siológico. O hipoclo-rito de sódio foi menos efi caz na remoção de pasta aquosa de clore-xidina (Tabela 3). Não houve diferença estatística entre as soluções irrigadoras.

Tabela 3 – Comparação entre pasta aquosa de clorexidina com dife-rentes irrigantes

Pasta Irrigante Média Desvio Padrão NúmeroClorexidina Clorexidina 52.50700 13.5088177 10Clorexidina Hipoclorito 38.40000 19.5247984 10Clorexidina Soro fisiológico 48.97200 13.4921506 10

Page 46: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

126

FRAGA, Sylvio de Campos etal.Infl uência do veículo e do agente de irrigação na remoção de pastas de hidróxido de cálcio do canal radicular: análise em estereomicroscópio. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

Figura 3 – Comparação entre pasta aquosa de clorexidina comdiferentes irrigantes

A tabela 4 mostra a média de remoção das pastas em relação a todos os irrigantes utilizados para remoção das mesmas do canal radicular. A pasta aquosa de clorexidina mostrou melhor resultado com uma média de 46.62, mostrando ser a mais fácil de ser removida do canal radicular, seguido da pasta Callen + PMCC com média de 45.93, e a pasta Callen, que foi a que apresentou maior difi culdade de remoção com 38.46.

Tabela 4 – Comparação entre a média de limpeza das pastas dos canais em relação aos irrigantes

Pasta Média Desvio Padrão NúmeroCallen 38.46400 15.4068123 30

Callen + PMCC 45.93533 16.1155242 30Clorexidina 46.62633 16.388769 30

Figura 4 – Comparação entre a média de limpeza das pastas dos canaisem relação aos irrigantes

Page 47: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

127

FRAGA, Sylvio de Campos etal.Infl uência

do veículo e do agente de irrigação na remoção

de pastas de hidróxido de cálcio do canal

radicular: análise em estereomicroscópio.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

A tabela 5 mostra a média da capacidade de limpeza dos irrigantes em relação a remoção das pastas do canal radicular nos três grupos. A clorexidina mostrou melhor resultado com uma média de 48.40, mostrando ser a mais efi caz na limpeza das pastas nos três grupos, seguido do irrigante hipoclorito de sódio com média de 41.59 e o soro fi siológico foi o que obteve a pior média com 41.02, mostrando ser a menos efi caz na limpeza de pastas nos três grupos.

Tabela 5 – Comparação entre a média de limpeza dos irrigantes em relação as pastas dos canais

Irrigante Média Desvio Padrão NúmeroClorexidina 48.40330 15.4663428 30Hipoclorito 41.59500 18.2052481 30

Soro fisiológico 41.02733 14.2326353 30

Figura 5 – Comparação entre a média de limpeza dos irrigantes em relação as pastas dos canais

discussão

Foram utilizados 90 pré-molares inferiores unirradiculados, os quais passaram por uma inspeção das suas características exter-nas, com a fi nalidade de selecionar os que apresentassem raízes retas e mais circulares, visando padronizar os preparos e as difi -culdades anatômicas.

Durante a fase de preparo biomecânico, instrumento de memória K-50, o volume de solução irrigadora e o diâmetro da cânula irriga-dora foram selecionados de acordo com outros trabalhos (LEE et al.,

Page 48: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

128

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência do veículo e do agente de irrigação na remoção de pastas de hidróxido de cálcio do canal radicular: análise em estereomicroscópio. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

2004; LAMBRIANIDIS et al., 2006; VAN DER SLUIS et al., 2007; RODIG et al., 2010).

No presente estudo o EDTA foi utilizado por 180 segundos. Se-gundo De-Deus et al. (2008), o tempo máximo ideal seria de 300 segundos, para que não ocorra saturação.

A avaliação da remoção das pastas de curativos são descritas de muitas formas na literatura. No presente estudo foi utilizado um es-tereomicroscópio, conforme van der Sluis, porem com aumento de 30X ao invés de 40X. Tem se na literatura a análise a luz da micros-copia eletrônica de varredura (SALGADO et al., 2009), porém essa metodologia há necessidade da metalização das amostras e pode le-var a ocorrência de trincas no processo.

A mensuração da remoção das pastas, apos a irrigação, foi rea-lizada por meio do programa Image J, avaliando a área em mm2 da remoção das pastas do canal radicular. Outros trabalhos realizaram essa mensuração por meio da determinação de escores (VAN DER SLUIS et al., 2007); SALGADO et al., 2009; RODIG et al., 2010), sendo uma análise subjetiva, a medição da área favorece valores nu-méricos o que denota em maior objetividade dos dados.

Em endodontia, o uso de substancias químicas é de extrema im-portância, pois promove limpeza e desinfecção das paredes dentiná-rias, que podem estar contaminadas. O uso do hidróxido de cálcio é crucial nos casos de mortificação pulpar, pois apresenta ação anti-microbiana e biocompatibilidade. Porém, alguns trabalhos mostram que resíduos da medicação podem interferir no selamento (MAR-GELOS et al., 1997; CONTARDO et al., 2007), além de diminuir a adesividade entre o cimento obturador e as paredes do canal radi-cular (BARBIZAM et al., 2008). Porém Camargo 2009 (não tem na referencia), demonstrou que a presença do hidróxido de cálcio não interfere na penetração do cimento obturador nos túbulos dentina-rios, em avaliação em microscopia confocal de varredura a laser.

No presente estudo, nenhuma das soluções irrigadoras empre-gando o método de irrigação e aspiração foi capaz de remover to-talmente as pastas do canal radicular. Esses resultados corroboram com uma serie de estudos (MARGELOS et al., 1997; KENEE et al., 2006; LAMBRIANIDIS et al., 2006; NANDINI; VELMURU-GAN; KANDASWAMY, 2006; SALGADO et al., 2009; RODIG et al., 2010). Estatisticamente, não houve diferença entre as soluções irrigadoras na remoção das pastas. Deve ser enfatizado também que o veículo a ser empregado na pasta não favorece melhor remoção, bem como a associação de substância como o Paramonoclorofenol canforado ou clorexidina não propicia melhor remoção.

A associação do EDTA, provavelmente potencializou a ação das soluções irrigadoras, pois já e conhecida sua atividade quelante

Page 49: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

129

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência

do veículo e do agente de irrigação na remoção

de pastas de hidróxido de cálcio do canal

radicular: análise em estereomicroscópio.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

(SCELZA; TEIXEIRA; SCELZA, 2003; DE DEUS et al., 2006; DE DEUS et al., 2008).

Mais estudos analisando outros métodos de irrigação preci-sam ser desenvolvidos na tentativa de remover por completo as pas-tas do canal radicular.

conclusões

Baseado nos resultados obtidos da pesquisa e na metodologia uti-lizada pode-se concluir que:

- Nenhuma solução irrigadora testada foi capaz de remover com-pletamente as pastas do canal radicular;

- O veículo ou substância associada ao hidróxido de cálcio tam-bém não favorece melhor remoção.

reFerÊncias

AKTNER, B. O.; BILKAY, U. Smear layer removal with different concentrations of edta-ethylenediamine mixtures. J. Endod., Chica-go, v. 19, p. 228-231, 1993.

BARBIZAM, J. V. et al. Effect of calcium hydroxide intracanal dres-sing on the bond strength of a resin-based endodontic sealer. Braz. Dent. J., Ribeirão Preto, v. 19, p. 224–227, 2008.

CALT, S.; SERPER, A. Dentinal tubule penetration of root canal sealers after root canal dressing with calcium hydroxide. J. Endod,Chicago, v. 25, p. 431-433, 1999.

CHONG, B. S; PITT FORD, T. R. The role of intracanal medica-tion in root canal treatment. Int. Endod. J., Oxford, v. 25, p. 97-106, 1992.

CWIKLA, S. J. et al. Dentinal tubule disinfection using three calcium hydroxide formulations. J. Endod, Chicago, v. 31, p. 50-52, 2005.

CAMARGO, E. J.; Influência do hidróxido de cálcio na penetração do cimento EpiphanyTM nos túbulos dentinários e na adaptação às paredes do canal radicular. Avaliação pela microscopia confocal de varredura a laser. 2009. 169 p. Tese (Doutorado em Odontologia). Fa-culdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo, 2009.

CONTARDO, L.; DE LUCA, M.; BEVILACQUA, L.; BRESCHI, L.; DI LENARDA, R. Influence of calcium hydroxide debris on the

Page 50: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

130

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência do veículo e do agente de irrigação na remoção de pastas de hidróxido de cálcio do canal radicular: análise em estereomicroscópio. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

quality of endodontic apical seal. Min Stomatol., Torino, v. 56, p. 509-17, 2007.

DE-DEUS, G. et al. Realtime atomic force microscopy of root denti-ne during demineralization when subjected to chelating agents. Int. Endod. J., Oxford, v. 39, p. 683–692, 2006.

______. Longitudinal and quantitative evaluation of dentin demine-ralization when subjected to edta, edtac, and citric acid: a co-site di-gital optical microscopy study. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod., Nova Iorque, v. 105, p. 391–397, 2008.

ELDENIZ, A. U.; ERDEMIR, A.; BELLI, S. Effect of edta and citric acid solutions on the microhardness and the roughness of human root canal dentin. J. Endod., Chigaco, v. 31, p. 107-10, 2005.

EVANS, M. et al. Mechanisms involved in the resistance of entero-coccus faecalis to calcium hydroxide. Int. Endod. J., Oxford, v. 35, p. 221-228, 2002.

______. Efficacy of calcium hydroxide: chlorhexidine paste as an intracanal medication in bovine dentin. J. Endod., Chigaco, v. 29, p. 338-339, 2003.

FOSTER, K.; KUILD, J.; WELLER, N. Effect of smear layer re-moval on the diffusion of calcium hydroxide through radicular den-tin. J. Endod., Chicago, v. 19, p. 136-140, 1993.

GOLDBERG, F.; ABRAMOVICH, A. Analysis of the effect of edtac on the dentin walls of the root canal. J. Endod., Chigaco, v. 3, p. 101-105, 1977.

GONZALEZ-LOPEZ, S. et al. Effect of chx on the decalcifying effect of 10% citric acid, 20% citric acid, or 17% edta. J. Endod.,Chicago, v. 32, p. 781-784, 2006.

KENEE, D. M. et al. A quantitative assessment of efficacy of various calcium hydroxide removal techniques. J. Endod., Chicago, v. 32, p. 563–565, 2006.

KIM, S. K.; KIM, Y. O. Influence of calcium hydroxide intracanal me-dication on apical seal. Int. Endod J., Oxford, v. 35, p. 623-628, 2002.

LAMBRIANIDIS, T.; MARGELOS, J.; BELTES, P. Removal effi-ciency of calcium hydroxide dressing from the root canal. J. Endod.,Chicago, v. 25, p. 85-88, 1999.

LAMBRIANIDIS T, KOSTI E, BOUTSIOUKIS C, MAZINIS M. Removal efficacy of various calcium hydroxide/chlorhexidine medi-caments from the root canal. International Endodontic Journal.,Oxford, v. 39, p. 55–61, 2006.

Page 51: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

131

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência

do veículo e do agente de irrigação na remoção

de pastas de hidróxido de cálcio do canal

radicular: análise em estereomicroscópio.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

LEE, S-J; WU, M-K; WESSELINK, P.R. The effectiveness of syrin-ge irrigation and ultrasonics to remove debris from simulated irregu-larities within prepared root canal walls. International Endodontic Journal., Oxford, v. 37, P. 672–8, 2004.

LEONARDO, M. R et al. Effect of a calcium hydroxide-based root canal dressing on periapical repair in dogs: a histological study. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod., Nova Ior-que, v. 102, p. 680-685, 2006.

MARGELOS, J. et al. Interaction of calcium hydroxide with zinc oxide eugenol type sealers: a potential clinical problem. J. Endod.,Chigaco, v. 23, p. 43-48, 1997.

MCHUGH, P. C. et al. Ph required to kill enterococcus faecalis in vitro. J. Endod., Chicago, v. 30, p. 218-219, 2004.

NANDINI, S.; VELMURUGAN, N.; KANDASWAMY, D. Remo-val efficiency of calcium hydroxide intracanal medicament with two calcium chelators: volumetric analysis using spiral ct, an in vitro stu-dy. J. Endod., Chicago, v. 32, p. 1097–1101, 2006.

PASHLEY, D. H.; MICHELICH, V.; KEHL, T. Dentin permeability effects of smear layer removal removal. J. Prosth. Dent., Baltimo-re, v. 46, p. 531-537, 1981.

PASHLEY, D. H.; KALATHOORS, S.; BURNHAN, D. The effects of calcium hydroxide on dentin permeability. J. Dent. Res., Tabriz, v. 65, p. 417-420, 1986.

RAFTER, M. Apexification: a review. Dent. Trauma., St. Louis, v. 21, p. 1-8, 2005.

RICUCCI, D.; LANGELAND, K. Incomplete calcium hydroxide re-moval from the root canal: a case report. Int. Endod. J., Oxford, v. 30, p. 418-421, 1997.

RODIG, T. et al. Efficacy of different irrigants in the removal of calcium hydroxide from root canals. Int. Endod. J., Oxford, v. 43, p. 519-527, 2010.

SALGADO, R. J. C. Comparison of different irrigants on calcium hydroxide medication removal: microscopic cleanliness evalua-tion. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod.,Nova Iorque, v. 107 (in press), 2009.

SCELZA, M. F.; TEIXEIRA, A. M.; SCELZA, P. Decalcifying effect of edta-t, 10% citric acid, and 17% edta on root canal dentin. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod., Nova Ior-que, v. 95, p. 234–246, 2003.

Page 52: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

132

FRAGA, Sylvio de Campos et al. Influência do veículo e do agente de irrigação na remoção de pastas de hidróxido de cálcio do canal radicular: análise em estereomicroscópio. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 119-132, 2012.

SHABAHANG, S. et al. A comparative study of root-end induction using osteogenic protein-1, calcium hydroxide, and mineral trioxide aggregate in dogs. J. Endod., Chicago, v. 25, p. 1-5, 1999.

SIQUEIRA JUNIOR, J. F.; MAGALHÃES, K. M.; RÔÇAS, I. N. Bacterial reduction in infected root canals treated with 2.5% naocl as an irrigant and calcium hydroxide/camphorated paramonochloro-phenol paste as an intracanal dressing. J. Endod., Chicago, v. 33, p. 667-672, 2007.

VAN DER SLUIS, L. W. M.; WU, M.K.; WESSELINK, P.R. The evaluation of removal of calcium hydroxide paste from an artificial standardized groove in the apical root canal using different irrigation methodologies. International Endodontic Journal, Oxford, v. 40, p. 52–57, 2007

ZEHNDER, M. et al. Chelation in root canal therapy reconsidered. J. Endod., Chicago, v. 31, p. 817-820, 2005.

Page 53: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

133

occurrence oF nail Biting aMongatHletes in grassroots FootBall

ocorrência de onicofagia entreatletas de futebol de base

Thais Regina Elmadjian1

Luci Alves de Souza1

Reinaldo Brito e Dias1

Neide Pena Coto2

Marcelo Rodrigues Lima3

Recebidoem:30/9/2012Aceitoem:19/11/2012

1DDS,DepartmentofMaxillofacialSurgery,

Prosthetics and Traumatol-ogy,SchoolofDentistry,UniversityofSãoPaulo,

SãoPaulo,SP,Brazil2DDS,MsC,

PhD,DepartmentofMaxillofacialSurgery,

Prosthetics and Traumatol-ogy,SchoolofDentistry,UniversityofSãoPaulo,

SãoPaulo,SP,Brazil3Technical coordinator of

theDepartamentofGrass-rootsFootball,SãoPauloFutebolClube,SãoPaulo,

SP,Brazil

ELMADJIAN, Thais Regina et al. Occurrence of nail biting among athletes in grassroots football. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 133-140, 2012.

aBstract

Introduction: Nail biting is related to a high degree of anxiety and low self-esteem and has various repercussions. Objective: The pres-ent study aimed to detect the occurrence of nail biting among athletes of football (soccer) in order to determine possible causes of muscle imbalance, headaches, discomfort and stress that compromise ath-letic performance and indicate psychological problems and an in-ability to cope with pressure during training and games. Methods:The present study was carried out at the São Paulo Futebol Clube, São Paulo, Brazil, involving 64 athletes of football between 13 and 20 years of age. They were interviewed and clinically visually ex-amined for the detection of the occurrence of nail biting. Results:Among the 64 athletes interviewed and examined, 47 (73.5%) had the habit of nail biting. Discussion: Malocclusion is the most fre-quent result of finger sucking and nail biting, especially when these habits are prolonged. Parafunctional activities can overload the mas-ticatory system. Nail biting can affect the performance of an athlete in terms of dental aspects, with the presence of temporomandibular disorder and malocclusion, as well as in psychological terms, dem-

Page 54: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

134

ELMADJIAN, Thais Regina et al. Occurrence of nail biting among athletes in grassroots football. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 133-140, 2012.

onstrating insecurity and an excess of demands. Conclusion: Based on the present study, planning strategies, multidisciplinary interven-tion and the organization of educational lectures are being adopted to discuss the harmful repercussions of this habit for athletes, trainers and other professionals involved in grassroots football.

Key Words: Nail Biting, Malocclusion, Temporomandibular Joint, Athletic Injuries.

RESUMO

Introdução: A onicofagia é relacionada a um alto grau de ansie-dade e baixa auto-estima e apresenta diferentes repercussões no organismo, representa uma atividade parafuncional. Objetivo: O presente estudo investigou a ocorrência de onicofagia entre os atle-tas de futebol de campo, a fim de determinar as possíveis causas de desequilíbrio muscular, dores de cabeça, desconforto e estresse que prejudicam o desempenho do atleta e indicam problemas psicológi-cos e uma incapacidade de lidar com a pressão durante o treino e competições. Métodos: O presente estudo foi realizado no São Pau-lo Futebol Clube, São Paulo, Brasil, envolvendo 64 atletas de futebol entre 13 e 20 anos de idade. Eles foram entrevistados e clinicamente examinadas visualmente para a detecção da ocorrência de roer as unhas. Resultados: Entre os 64 atletas entrevistados e examinados, 47 (73,5%) tinha o hábito de roer as unhas. Discussão: Má oclu-são é o resultado mais freqüente de sucção de polegar e onicofagia, especialmente quando esses hábitos acompanham o indivíduo por um longo prazo. Atividades parafuncionais podem sobrecarregar o sistema mastigatório. A onicofagia pode afetar o desempenho de um atleta tanto em aspectos odontológicos, com a presença de disfun-ção temporomandibular e a má oclusão, bem como em termos psico-lógicos como insegurança, demonstrando um excesso de demandas. O objetivo foi chamar a atenção para este mau hábito oral, o que prejudica o condicionamento físico e psicológico necessário para a obtenção de resultados satisfatórios. Conclusão: Com base no estu-do, estratégias de planejamento, intervenção multidisciplinar e da organização de palestras educativas estão sendo adotadas para dis-cutir as repercussões nocivas deste hábito para atletas, treinadores e outros profissionais envolvidos no futebol de formação.

Palavras-chave: onicofagia, má oclusão, articulação temporoman-dibular, traumatismos em atletas.

Page 55: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

135

ELMADJIAN, Thais Regina et al.

Occurrence of nail biting among athletes in grassroots football. SALUSVITA, Bauru, v.

31, n. 2, p. 133-140, 2012.

introduction

Sucking is common action of children during breastfeeding. This function is vital at the beginning of life and generally diminishes in frequency over time. However, when this action becomes exacerbated with no functional purpose, as in the case of finger or pacifier sucking, such habits are harmful to the stomatognathic system, which then undergoes alterations that are reflected in the dental structures, muscles and joints of this system (SOUSA et al., 2010; WINOCUR et al., 2006). The identification of malocclulsion and parafunctional habits is fundamental to the early diagnosis of problems in the temporomandibular joint in order to avoid dysfunctions in the stomatognathic system(CORVO et al., 2003).

Children often abandon non-nutritive sucking habits only to adopt the habit of nail biting as a means to alleviate stress and anxiety. Nail biting is common among children, adolescents and adults alike and pertains to the group of parafunctional habits that also allow alleviating loneliness and inactivity among children with inadequate feelings of security, love and close relationships(PACAN et al., 2009). Nail biting has different clinical symptoms depending on the degree and form of the injuries produced . It may be explained as a kind of compulsion (WILLIAMS, ROSE, CHISHOLM, 2006). Nail biting is easily recognized and may occur in a continual flow running from mild to severe (PACAN et al., 2009).

Nail biting may be caused by excessive stimulation due to stress or excitation or by under-stimulation due to boredom and inactivity. It is also suggested to be related to a high degree of anxiety and low self-esteem (JOUBERT, C.E, 1993). It cannot be considered merely a dermatological or esthetic problem (PACAN et al., 2009) as it has various repercussions, especially with regard to dental aspects. Studies have shown that malocclusion is the most frequent result of finger sucking and nail biting, especially when these habits are prolonged (BRENCHLEY, 1992). Such parafunctional activities can overload the masticatory system and lead to temporomandibular disorder (KALAYKOVA, LOBBEZOO, NAEIJE, 2011; MICHELOTTI et al.;2009; WINOCUR et al., 2006).

Among the different oral parafunctional habits, grinding/clenching the teeth and nail biting are the most commonly reported (FETEIH, 2006; RICHERT; ANDRE, 2011). Incisor clenching provoked by nail biting has been reported to cause a reduction in space, followed by compression of the disc of the temporomandibular joint (PEREIRA et al., 2010; TAKENAMI et al., 1999). In Brazil, a study on orofacial pain reports that nail biting accounts for approximately

Page 56: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

136

ELMADJIAN, Thais Regina et al. Occurrence of nail biting among athletes in grassroots football. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 133-140, 2012.

20% of parafunctional habits (ROCHA, MENDONÇA, ALENCAR JUNIOR, 2007). In the practice of sports, nail biting can affect the performance of an athlete in terms of dental aspects, with the presence of temporomandibular disorder and malocclusion, as well as in psychological terms, demonstrating insecurity and an excess of demands.

oBJectiVe

The present study aimed to detect the occurrence of nail biting among athletes of football (soccer) of the São Paulo Futebol Clube (São Paulo, Brazil) in order to determine possible causes of muscle imbalance, headaches, problems with the temporomandibular joint, discomfort and stress that compromise athletic performance and indicate psychological problems and an inability to cope with pressure during training and games. The additional purpose was to draw attention to this oral habit, which impairs the physical and psychological conditioning necessary to the achievement of satisfactory results.

MetHods

The present study was carried out at the São Paulo Futebol Clube, São Paulo, Brazil, involving athletes of football between 13 and 20 years of age lodged at the Athlete Training Center of the municipality of Cotia, where the athletes receive assistance in medicine, physiology, physical education, nutrition, psychology and dentistry as well as pedagogical guidance. Sixty-four athletes were interviewed and visually examined for the detection of the occurrence of nail biting. The study received approval from the Ethics Committee of the School of Dentistry of the Universidade de São Paulo (Brazil) (FR 255627 process number: 75/2009). The results were tabulated, organized and analyzed by descriptive analysis.

results and discussion

We found that among the 64 athletes interviewed and visually examined, 47 (73.5%) had the habit of nail biting.

The lack of scientific information and evidence in the literature suggests that nail biting does not have serious effects on the dentition,

Page 57: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

137

ELMADJIAN, Thais Regina et al.

Occurrence of nail biting among athletes in grassroots football. SALUSVITA, Bauru, v.

31, n. 2, p. 133-140, 2012.

even considering its duration, frequency and intensity (RICHERT; ANDRE; 2011; TANAKA et al., 2008). However, researchers stress the need to pay greater attention to nail biting as well as its consequences to dental aspects and its psychological implications (BATE et al., 2011; CORVO et al., 2003; FETEIH, 2006; PACAN et al., 2009; SCHNEIDER; PETERSON; 1982). The overload of a muscle or specific group of muscle fibers, as occurs when one acquires inadequate postural habits or develops parafunctional activities such as nighttime or daytime bruxism (teeth clenching/grinding), nail biting, lip biting or gum chewing, compromises the correct functioning of the temporomandibular joint, thereby affecting mastication and causing pain and discomfort (HOU et al., 2002).

Among the adolescent athletes between 13 and 20 years lodged far from their families and under psychological pressure (as many represent familial expectations for a better life), nail biting was present at an alarming proportion, as demonstrated by the 73% occurrence of this habit. In contrast, the literature reports rates ranging from 20 to 35% (ABDEL-HAKIM; ALSALEM; KHAN, 1996; FARSI, 2003; LEUNG; ROBSON; 1990; ROCHA et al., 2007).

Nail biting not only provokes injuries, but affects the concentration, thereby compromising the physical performance of an athlete (BENSON e et al., 1999; COTO et al., 2007; CROW, 1991; LEVIN; JEFFET; ZADIK, 2010). Nail biting may caused by an excess of stimulation due to stress or excitation (WILLIAMS et al., 2006) and is also related to low self-esteem (JOUBERT, C. E., 1993; LEUNG; ROBSON, 1990).

According to Schneider & Peterson (1982), with greater family closeness within the comfort of the home or even outside the home, anxiety and tension can be more easily released in order to preserve the physical and psychological integrity of an individual as much as possible. Adolescents should be reeducated, with the encouragement of healthy habits and self-awareness, as there is no more effective, intelligent and satisfactory manner to put an end to this harmful habit. Nail biting remains an unsolved problem in medicine and dentistry. It is difficult to analyze and differentiate what is normal from what is abnormal in nail biting and a multidisciplinary approach to treatment is necessary (BOURZGUI et al., 2010; TANAKA et al., 2008).

Page 58: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

138

ELMADJIAN, Thais Regina et al. Occurrence of nail biting among athletes in grassroots football. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 133-140, 2012.

conclusion

Due to the considerable occurrence of nail biting among athletes of football at the club surveyed, the results of the present study will lead to strategies, multidisciplinary intervention and the organization of educational lectures to discuss the harmful repercussions of this habit for athletes, trainers and other professionals involved in grassroots football.

reFerences

ABDEL-HAKIM, A. M.; ALSALEM, A.; KHAN, N. Stomatogna-thic dysfunctional symptoms in Saudi Arabian adolescents. J Oral Rehabil., Oxford, v. 23, n. 10, p. 655-61, Oct 1996.

BATE, K. S. et al. The efficacy of habit reversal therapy for tics, habit disorders, and stuttering: A meta-analytic review. Clin Psychol Rev., v. 31, n. 5, p. 865-71, Jul 2011.

BENSON, B. W. et al. Head and neck injuries among ice hockey players wearing full face shields vs half face shields. JAMA., Chica-go, v. 282, n. 24, p. 2328-32, Dec 22-29 1999.

BOURZGUI, F. et al. Prevalence of temporomandibular dysfunction in orthodontic treatment. Int Orthod., Paris, v. 8, n. 4, p. 386-98, Dec 2010.

BRENCHLEY, M. L. Is digit sucking of significance?’. Br Dent J.,London, v. 172, n. 7, p. 269, Apr 11 1992.

CORVO, G. et al. Distribution of craniomandibular disorders, occlu-sal factors and oral parafunctions in a paediatric population. Eur J Paediatr Dent., Milão, v. 4, n. 2, p. 84-8, Jun 2003.

COTO, N. P. et al. Mechanical Behaviour of Ethylene Vinyl Ace-tate Copolymer (EVA) Used for Fabrication of Mouthguards and Interocclusal Splints. Bras Dent J., Ribeirão Preto, v. 18, n. 4, p. 324-8, 2007.

CROW, R. W. Diagnosis and management of sports-related injuries to the face. Dent Clin North Am., Philadelphia, v. 35, n. 4, p. 719-32, Oct 1991.

FARSI, N. M. Symptoms and signs of temporomandibular disor-ders and oral parafunctions among Saudi children. J Oral Rehabil.,Oxford, v. 30, n. 12, p. 1200-8, Dec 2003.

Page 59: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

139

ELMADJIAN, Thais Regina et al.

Occurrence of nail biting among athletes in grassroots football. SALUSVITA, Bauru, v.

31, n. 2, p. 133-140, 2012.

FETEIH, R. M. Signs and symptoms of temporomandibular disor-ders and oral parafunctions in urban Saudi Arabian adolescents: a research report. Head Face Med., London, v. 2, p. 25, 2006.

HOU, C. R. et al. Immediate effects of various physical therapeutic mo-dalities on cervical myofascial pain and trigger-point sensitivity. Arch Phys Med Rehabil., Amsterdam, v. 83, n. 10, p. 1406-14, Oct 2002.

JOUBERT, C. E. Incidence of some oral-based habits among college students and their correlations with use of oral stimulants. Psychol Rep., |Louisville, v. 72, n. 3 Pt 1, p. 735-8, Jun 1993.

JOUBERT, C. E.Relationship of self-esteem, manifest anxiety, and obsessive-compulsiveness to personal habits. Psychol Rep., Louis-ville, v. 73, p. 579-83, 1993.

KALAYKOVA, S. I.; LOBBEZOO, F.; NAEIJE, M. Risk factors for anterior disc displacement with reduction and intermittent locking in adolescents. J Orofac Pain., USA, v. 25, n. 2, p. 153-60, 2011.

LEUNG, A. K.; ROBSON, W. L. Nailbiting. Clin Pediatr (Phila).,Philadelphia, v. 29, n. 12, p. 690-2, Dec 1990.

LEVIN, L.; JEFFET, U.; ZADIK, Y. The effect of short dental trau-ma lecture on knowledge of high-risk population: an intervention study of 336 young adults. Dent Traumatol., Copenhagen, v. 26, p. 86-89, 2010.

MICHELOTTI, A. et al. Oral parafunctions as risk factors for diag-nostic TMD subgroups. J Oral Rehabil., Oxford, v. 37, n. 3, p. 157-62, Mar 2011.

PACAN, P. et al. Onychophagia as a Spectrum of Obsessive-compulsi-ve Disorder. Acta Derm Venereol., Stockholm, v. 89, p. 278-80, 2009.

PEREIRA, L. J. et al. Risk indicators of temporomandibular disor-der incidences in early adolescence. Pediatr Dent., Chicago, v. 32, n. 4, p. 324-8, Jul-Aug 2010.

RICHERT, B.; ANDRE, J. Nail disorders in children: diagnosis and management. Am J Clin Dermatol., Auckland, v. 12, n. 2, p. 101-12, Apr 1 2011.

ROCHA, S. S.; MENDONÇA, J. F.; ALENCAR JUNIOR, F. G. P. Estudo da prevalência dos fatores etiológicos em pacientes com dor miofascial orofacial. Revista de Odontologia da UNESP., Marília,v. 36, n. 1, p. 41-6, 2007.

SCHNEIDER, P. E.; PETERSON, J. Oral habits: considerations in management. Pediatr Clin North Am., Philadelphia, v. 29, n. 3, p. 523-46, Jun 1982.

Page 60: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

140

ELMADJIAN, Thais Regina et al. Occurrence of nail biting among athletes in grassroots football. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 133-140, 2012.

SOUSA, D. et al. Gingival abscess due to an unusual nail-biting ha-bit: a case report. J Contemp Dent Pract., Cincinnati, v. 11, n. 2, p. 085-91, 2010.

TAKENAMI, Y. et al. The effects of sustained incisal clenching on the temporomandibular joint space. Dentomaxillofac Radiol., Er-langen, v. 28, n. 4, p. 214-8, Jul 1999.

TANAKA, O. M. et al. Nailbiting, or onychophagia: a special habit. Am J Orthod Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 134, n. 2, p. 305-8, Aug 2008.

WILLIAMS, T.; ROSE, R.; CHISHOLM, S. What is the function of nail biting: an analog assessment study. Behav Res Ther., Oxford, v. 45, p. 989-95, 2006.

WINOCUR, E. et al. Oral habits and their association with signs and symptoms of temporomandibular disorders in adolescents: a gender comparison. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol En-dod., St. Lois, v. 102, n. 4, p. 482-7, Oct 2006.

Page 61: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

141

agente coMunitário de saúde e a PreVenção do cÂncer Bucal.

the community health agentsand oral cancer prevention

Luiza Klipp de Oliveira1

Sarah Bernhardt Ozelame1

Susane Dalcegio1

Christine Kalvelage Philippi2

Raphael Nunes Bueno3

Elisabete Rabaldo Bottan4

Recebidoem:10/8/2012Aceitoem:12/10/2012

1Cirurgiã-dentistaegressado Curso de odontologia da UniversidadedoValedoIta-jaí.IntegrantedoPrograma

deEducaçãopeloTrab-alhoSaúdedaFamília–PET

SaúdedaFamília.2Cirurgiã-dentista,Mestreem Patologia Bucal; Inte-

grante do Grupo de Pesquisa AtençãoàSaúdeIndividuale Coletiva em Odontologia

do Curso de Odontologia daUniversidadedoValedo

Itajaí.3MestreemErgonomia;Pro-

fessor do Curso de Odon-tologia da Universidade do

ValedoItajaíeTutordoPrograma de Educação pelo TrabalhoSaúdedaFamília–

PETSaúdedaFamília.

E-mail:[email protected]çãoeCiências;Integrantedo

GrupodePesquisaAtençãoàSaúdeIndividualeColetivaem Odontologia da Universi-

dadedoValedoItajaí.

OLIVEIRA, Luiza Klipp et al. Agente comunitário de saúde e a pre-venção do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 141-151, 2012.

resuMo

Objetivo: avaliar o nível de conhecimento de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) sobre câncer de boca. Método: estudo descritivo, mediante levantamento de dados primários. A população-alvo cons-tou de 266 ACS em atuação no segundo semestre de 2010, na Es-tratégia de Saúde da Família, no município de Itajaí (SC). O instru-mento para coleta de dados foi um questionário autoaplicável, com perguntas do tipo fechado, abordando os seguintes tópicos: caracte-rização sociodemográfica, atitudes e conhecimento. Para a determi-nação do nível de conhecimento, foram estabelecidas as seguintes categorias: excelente, bom e insatisfatório. Resultados: participaram da pesquisa 163 agentes; a maioria era do gênero feminino (99%), da faixa etária entre 20 e 30 anos (40%), escolarização de nível médio (85%) e atuação profissional inferior a dois anos (41%). Em quatro, das cinco questões do domínio cognitivo, o nível de conhecimento foi insatisfatório. O tópico sobre fatores de risco foi o que obteve melhor desempenho. De acordo com os critérios pré-estabelecidos

Page 62: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

142

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente comunitário de saúde e a prevenção do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 141-151, 2012.

para esta investigação, a maior frequência (68,7%) foi para o nível de conhecimento insatisfatório. Conclusão: o grupo pesquisado clas-sificou-se num nível de conhecimento insatisfatório. Este resultado sugere a necessidade de um melhor preparo técnico-científico deste profissional para o atendimento à comunidade.

Palavras-chave: Atenção primária à saúde. Neoplasias bucais. Pre-venção de doenças. Saúde bucal.

ABSTRACT

Objective: the aim of the study was to evaluate the knowledge of the Community Health Agents (ACS) on oral cancer. Method: the study was a descriptive and transversal one with primary data collection. The population-target included by 266 ACS working in a city of Santa Catarina (Brazil) in the year 2010. The instrument for data collection was a questionnaire with closed questions. Results: 163 agents participated in the study, most of them were females (99%); 40% of the group was between 20 and 30 years old. The majority (85%) has medium education degree and 41% was working for less than two years in the health service. In four out of the five questions, the major frequency was to the level of unsatisfactory knowledge. Risk’s factors were the topic with the best performance. According to the criteria of this investigation 68.7% was related to unsatisfactory level of knowledge. Conclusion: the group investigated showed unsatisfactory knowledge on the targeted subject. The results suggest the necessity of a better technical and scientific preparation of the professional to serve the community in what regards oral cancer prevention.

Keywords: Primary health care. Mouth neoplasms. Disease prevention. Oral health.

introdução

A saúde pública brasileira teve uma grande evolução no seu mo-delo de assistência a partir da implantação do Programa Saúde da Família, que aprimorou os serviços de saúde. Esta estratégia foi fun-damentada em debates e análises referentes ao processo de mudança do paradigma que orientava o modelo de atenção à saúde. O novo paradigma tem como princípio a atenção básica, a criação de vínculo

Page 63: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

143

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente

comunitário de saúde e a prevenção

do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v.

31, n. 2, p. 141-151, 2012.

e território definido, além da promoção e prevenção (modelo biop-sicossocial) e não mais puramente o modelo biomédico. (FARIAS; SAMPAIO, 2011; MARZARI; JUNGES; SELLI, 2011; MORETTI--PIRES; LIMA; MACHADO, 2011)

A Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, do Ministério da Saúde, aprovou a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecen-do a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e para o Programa Agente Comunitário de Saúde (PACS). Esta portaria destaca que a Atenção Básica tem a Saúde da Família como estratégia priori-tária para sua organização de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde. Ademais, esta atenção considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção so-ciocultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e trata-mento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que pos-sam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável. (BRASIL, 2011)

Nas equipes da Estratégia Saúde da Família atuam os Agentes Co-munitários de Saúde (ACS). São eles que visitam os moradores das comunidades, orientam sobre os serviços de saúde e levam as infor-mações a sua equipe sobre os principais problemas da comunidade. Assim, o papel dos agentes comunitários é fundamental na percepção de patologias e alterações, inclusive as bucais, através da avaliação dos fatores de riscos aos quais estão expostos. (HOLANDA; BAR-BOSA; BRITO, 2009; MARZARI; JUNGES; SELLI, 2011)

Dentre as patologias bucais, as neoplasias vêm chamando a aten-ção devido a sua crescente incidência. O câncer de boca, no Brasil ocupa o sétimo lugar dentre todos os cânceres diagnosticados. As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o ano de 2012, são de 9.990 novos casos de câncer da cavidade oral em ho-mens e de 4.180 em mulheres (BRASIL, 2012).

O controle do câncer de boca em nosso país, portanto, é um dos grandes desafios que a saúde pública enfrenta. Para vencer tal de-safio, é necessária a adoção de uma política que contemple, entre outras estratégias, a capacitação de recursos humanos para o diag-nóstico precoce do câncer (BRASIL, 2002). Neste contexto, o papel do ACS é fundamental. Para tanto, este profissional necessita estar preparado, estimulado e com capacitação para prevenir o apareci-mento ou a manutenção de doenças e danos evitáveis.

Frente a estas considerações, o objetivo deste trabalho foi avaliar o conhecimento dos agentes comunitários de saúde (ACS) de Itajaí/SC, sobre o câncer bucal.

Page 64: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

144

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente comunitário de saúde e a prevenção do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 141-151, 2012.

Materiais e MÉtodos

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, mediante coleta de dados primários e foi conduzida de acordo com as normas éticas para a pesquisa com humanos, tendo obtido aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI, sob nº 485/10.

A população-alvo foi constituída por 266 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em atuação nas Unidades Básicas do município de Itajaí, litoral norte catarinense, no segundo semestre de 2010. A par-tir desta população, obteve-se uma amostra não probabilística, por conveniência. O único critério estabelecido para inclusão foi aceita-ção, por livre e espontânea vontade, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O instrumento para coleta de dados foi um questionário autoapli-cável com perguntas fechadas. As questões foram distribuídas em três campos. O primeiro campo, com quatro perguntas, objetivava obter informações sobre as características sociodemográficas e pro-fissionais dos sujeitos. No segundo campo, quatro questões enfoca-vam as atitudes do ACS com relação à capacitação para o trabalho. E o terceiro campo, com cinco perguntas, envolvia conhecimentos básicos relacionados ao tema câncer da cavidade oral.

Antes da aplicação a toda a população-alvo o questionário foi va-lidado por um grupo de dez ACS, para ajustes e melhorias. Estes instrumentos não integraram a pesquisa. As principais contribuições identificadas, através da pré-testagem, foram referentes à compreen-são das alternativas de respostas de duas questões do domínio cog-nitivo. O instrumento definitivo foi aplicado durante reunião promo-vida pelo Departamento de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde, em outubro de 2010.

Após a coleta, os dados foram tabulados com auxílio do software Excel for Windows e submetidos à análise estatística do tipo descri-tivo. Para a determinação do nível de conhecimento (campo três do questionário), foram estabelecidos escores para a alternativa correta. A partir do somatório destes escores foi definido o nível de conheci-mento dos ACS, conforme a escala a seguir: Excelente – 5,0 pontos; Bom - entre 4,5 e 3,5 pontos; Insatisfatório – 3,0 ou menos pontos.

resultados

De um total de 266 ACS que estavam em atuação à época da pes-quisa, foram recolhidos 163 questionários devidamente respondidos, tendo-se obtido uma taxa de retorno de 66%.

Page 65: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

145

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente

comunitário de saúde e a prevenção

do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v.

31, n. 2, p. 141-151, 2012.

A análise das questões referentes à caracterização sociodemográ-fica evidenciou que o grupo é predominantemente do gênero femini-no, jovem, com nível de escolaridade médio e com tempo de atuação profissional inferior a dois anos (Tabela 1).

Tabela 1: Caracterização sociodemográfica dos ACS pesquisados.Gênero %

FemininoMasculino

9901

Faixa etária %20 a 30 anos31 a 40 anos41 ou mais anos

403525

Escolaridade %FundamentalMédioSuperior

078508

Tempo de serviço %Menos de 2 anosDe 2 a 5 anos6 ou mais anos

413128

Quanto aos aspectos atitudinais, 85% haviam participado de cur-sos, ou palestras sobre temáticas relacionadas à saúde, nos últimos dois anos. Dentre estes, 24% afirmaram ter obtido informações sobre câncer bucal nestes eventos.

Ao serem indagados sobre a necessidade da participação em ati-vidades de educação continuada sobre câncer bucal, 94% reconhece-ram essa necessidade. Entre os pesquisados, 95% classificaram seu papel na prevenção do câncer de boca, quando da visitação às famí-lias, numa escala entre muito importante e importante.

Em relação aos conhecimentos básicos sobre câncer bucal, pela autoavaliação, a maioria (63%) considerava seu conhecimento bom; 33% afirmaram ser insatisfatório; e 4% afirmaram ser excelente.

Na avaliação das respostas emitidas, no campo cognitivo, obser-vou-se que, em quatro das cinco questões, a maior frequência foi para a categoria conhecimento insatisfatório. O tópico que obteve melhor desempenho foi o referente aos fatores de risco (Figura 1).

De acordo com os critérios pré-estabelecidos para esta investiga-ção, a maior frequência média (68,7%) foi para o nível de conheci-mento insatisfatório (Figura 2).

Page 66: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

146

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente comunitário de saúde e a prevenção do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 141-151, 2012.

discussão

A luta contra o câncer vem aumentando, mas infelizmente um expressivo número de casos só é identifi cado em estágio avançado, reduzindo a sobrevida do portador desta lesão. Alguns dos fatores que podem estar associados ao problema e justifi car um percentual

Figura 1: Distribuição da frequência relativa (%) dos níveis de conhecimento dos ACS, para cada questão do campo cognitivo.

Figura 2: Frequência (%) de cada um dos níveis de conhecimentodo grupo pesquisado.

0

24,5

0

0

32,5

15,4

62,6

21,5

0

0

84,6

12,9

78,5

100

67,5

0 20 40 60 80 100 120

Regiões mais acometidas

Fatores de risco

Características suspeitas

Sinais e sintoma iniciais

Faixa etária de mais ocorrência

Insatisfatório

Bom

Excelente

%

Page 67: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

147

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente

comunitário de saúde e a prevenção

do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v.

31, n. 2, p. 141-151, 2012.

tão alto de diagnóstico tardio são a formação profissional deficiente e a falta de conhecimento da população sobre a doença. (CIMARDI; FERNANDES, 2009; FALCÃO et al., 2010; PASSARELLI et al., 2011; SÁ et al., 2012)

A garantia de programas de educação em saúde, rastreamento, tratamento adequado e qualidade de vida para a população, asso-ciados ao aprimoramento dos conhecimentos dos profissionais da saúde, são necessários para a redução da morbidade e mortalidade decorrentes destas neoplasias. (FORTES; SPINETTI, 2004; PARIZI et al., 2011; PASSARELLI et al., 2011; SÁ et al., 2012)

Dentre todos os envolvidos nas ações de atenção à saúde, o ACS, por ser o profissional que atua muito próximo à comunidade, tem mais possibilidades de que sua ação se traduza em transformações que efe-tivem a prevenção e a promoção da saúde bucal. De fato, o ACS é tido como o elo que possibilita a confiança e o vínculo entre a equipe de saúde e a comunidade assistida. (HOLANDA; BARBOSA; BRITO, 2009; MARZARI; JUNGES; SELLI, 2011; SANTOS et al., 2011)

Nas atividades de educação em saúde, a atuação do ACS, pela transmissão de informações básicas, pode contribuir para fortalecer a capacidade da população no enfrentamento dos problemas de saúde. (FARIAS; SAMPAIO, 2011; KOYASHIKI; ALVES-SOUZA; GA-RANHANI, 2008; MARZARI; JUNGES; SELLI, 2011; MIALHE; LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A., 2011; MORETTI-PIRES; LIMA; MACHADO, 2011; RODRIGUES; SANTOS; ASSIS, 2010; SAN-TOS et al., 2011; VASCONCELOS; CARDOSO; ABREU, 2010)

A atuação do ACS pode, ainda, contribuir para aumentar as ha-bilidades no controle de determinantes de saúde, ajudar a equipe de saúde bucal na identificação das famílias mais vulneráveis e melho-rar o acesso e a utilização de serviços básicos de saúde para evitar a assistência odontológica tardia e reduzir a necessidade da consulta de urgência. (FORTES; SPINETTI, 2004; FRAZÃO; MARQUES, 2009; MIALHE; LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A., 2011; RODRI-GUES; SANTOS; ASSIS, 2010)

No grupo investigado, observou-se uma atitude muito positiva no sentido destes profissionais atuarem na prevenção desta doença bem como para o processo de formação continuada. No entanto, com re-lação ao campo cognitivo, o grupo apresentou grandes defasagens. Este resultado vai ao encontro do relatado por Koyashiki, Alves--Souza e Garanhani (2008) de que o ACS demanda por mais opor-tunidades de qualificação e requalificação, como forma de superar sentimentos de limitação.

O resultado insatisfatório quanto ao nível de conhecimento so-bre o tema câncer bucal, no grupo investigado, sugere a necessidade

Page 68: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

148

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente comunitário de saúde e a prevenção do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 141-151, 2012.

de um melhor preparo técnico-científico destes profissionais para o atendimento à comunidade. Destaca-se que as questões propostas re-lacionavam-se a um conhecimento básico, tido como essencial para um processo de prevenção.

O preparo do profissional, de acordo com o INCA (BRASIL, 2002), deve englobar, de maneira conjunta, aspectos sobre estruturas anatômicas, fatores etiológicos, sinais e sintomas, além dos dados relativos à epidemiologia do câncer bucal.

O conhecimento das regiões anatômicas da boca é necessário ao adequado exame e à busca de alterações que, por vezes, são de locali-zação preferencial. Quanto aos fatores de risco, são eles que orientam a procura por indivíduos que apresentem exposição a um ou mais fatores. No que se refere aos sinais/sintomas, eles merecem análise cuidadosa ainda em estágio de pré-malignização (BRASIL, 2002).

No entanto, neste estudo, observou-se que, dentre os tópicos es-senciais à prevenção do câncer bucal, o grupo apresentou desempe-nho adequado apenas em relação aos fatores de risco, situação esta, também, identificada na pesquisa de Barba (2009).

Quanto aos sinais e suspeitas de um possível câncer de boca, um baixo percentual soube responder de forma correta. O câncer bucal, em sua fase inicial, é assintomático, não sendo, por isso, percebido pelo indivíduo. Deste modo, se o profissional não está apto a identifi-cá-lo e desconhece a sua manifestação inicial, o diagnóstico precoce não será realizado.

A restrição de conhecimentos do ACS dificulta a identificação das situações de risco e o encaminhamento dos usuários aos demais serviços de atenção à saúde quando as suspeitas referentes à doença serão efetivamente comprovadas. (FALCÃO et al., 2010; FORTES; SPINELLI, 2004; KOYASHIKI; ALVES-SOUZA; GARANHANI, 2008; MAURICIO; MATOS; GUIMARÃES, 2009; MARZARI; JUNGES; SELLI, 2011; RODRIGUES; SANTOS; ASSIS, 2010).

A capacitação do ACS, portanto, é de suma importância para se alcançar a promoção da saúde, das comunidades. O desconhecimen-to do ACS sobre esta patologia poderá comprometer toda uma co-munidade.

Muito embora a formação técnica específica para estes profis-sionais não seja uma exigência, suas funções relativas à identifica-ção de problemas e distúrbios de saúde na população implicam na necessidade de conhecimentos básicos de saúde. (BRASIL, 2006; MORETTI-PIRES; LIMA; MACHADO, 2011; SANTOS et al., 2011). Neste sentido, a contribuição do cirurgião-dentista que atua na Estratégia de Saúde da Família, assim como dos cursos de Odon-tologia, é relevante.

Page 69: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

149

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente

comunitário de saúde e a prevenção

do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v.

31, n. 2, p. 141-151, 2012.

considerações Finais

Da análise dos resultados apresentados, concluiu-se que a maioria dos ACS que integraram a pesquisa apresentou um nível de conheci-mento insatisfatório quanto ao tema de câncer bucal.

O resultado desta investigação sugere a necessidade de um me-lhor preparo técnico-científico deste profissional para o atendimento à comunidade. Por isso, a equipe envolvida com a pesquisa já iniciou um trabalho de capacitação do grupo, tendo sido ofertada uma ofi-cina, quando foram abordados os tópicos enfocados no instrumento de coleta de dados. Foram, também, repassados materiais educativos para auxiliar o ACS na tarefa de prevenção do câncer bucal.

agradecimentos

Ao Programa de Iniciação Científica Artigo 170/Governo do Es-tado de Santa Catarina/UNIVALI.

Ao Programa de Educação pelo Trabalho Saúde da Família–PET Saúde da Família, do Ministério da Saúde.

reFerÊncias

BARBA, F. C. Percepção e a atuação dos ACS em relação à saúde bucal - Naviraí, Mato Grosso do Sul. 2009. 101f. Tese (Mestrado em Odontologia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 648 de 28 de março de 2006. Aprova a política nacional de atenção básica. Saúde Legis,2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0648_28_03_2006.html>. Acesso em: 22 abr. 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Esti-mativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Brasília, 2012. Disponí-vel em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/index.asp?ID=5>. Acesso em: 22 abr. 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Falando sobre câncer da boca. Rio de Janeiro, 2002.

______. Política nacional de atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

Page 70: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

150

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente comunitário de saúde e a prevenção do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 141-151, 2012.

CIMARDI, A. C. B. S.; FERNANDES, A. P. S. Câncer de boca: a prática e a realidade clínica dos cirurgiões-dentistas de Santa Catari-na. RFO UPF, Passo Fundo, v. 14, n. 2, p. 99-104, 2009.

FALCÃO, M. M. L. et al. Conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação ao câncer de boca. RGO, Porto Alegre, v. 58, n. 1, p. 27-33, 2010.

FARIAS, M. R.; SAMPAIO, J. J. C. Papel do cirurgião-dentista na equipe de saúde da família. RGO, Porto alegre, v. 59, n. 1, p. 109-115, 2011.

FORTES, P. A. C.; SPINETTI, S. A informação nas relações entre os agentes comunitários de saúde e os usuários do programa de saúde da família. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 70-75, 2004.

FRAZÃO, P.; MARQUES, D. Efetividade de programa de agentes comunitários na promoção da saúde bucal. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 3, p. 463-471, 2009.

HOLANDA, A. L. F.; BARBOSA, A. A. A.; BRITO, E. W. G. Re-flexões acerca da atuação do agente comunitário de saúde nas ações de saúde bucal. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.14, supl.1, p. 1507-1512, 2009.

KOYASHIKI, G. A. K.; ALVES-SOUZA, R. A.; GARANHANI, M. L. O trabalho em saúde bucal do agente comunitário de saúde em unidades de Saúde da Família. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.13, n.4, p. 1343-1354, 2008.

MARZARI, C. K.; JUNGES, J. R.; SELLI, L. Agentes comunitários de saúde: perfil e formação. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, supl. 1, p. 873-880, 2011.

MAURICIO, H. A.; MATOS, F. C. M.; GUIMARÃES, T. M. R. Conhecimentos, atitudes e práticas sobre câncer de boca da comu-nidade atendida pelo PSF de São Sebastião do Umbuzeiro/PB. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 10-14, 2009.

MIALHE, F. L.; LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. O agente co-munitário de saúde e suas práticas educativas em saúde bucal: uma avaliação qualiquantitativa. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 11, p. 4425-4432, 2011.

MORETTI-PIRES, R. O.; LIMA, L. A. M.; MACHADO, M. H. So-ciologia das profissões e percepção de acadêmicos de Odontologia sobre o agente comunitário de saúde em saúde bucal. Interface Co-mun. Saúde Educ., Botucatu, v. 15, n. 39, p. 1085-1096, 2011.

PARIZI, J. L. S. et al. Conhecimento de acadêmicos de odontologia,

Page 71: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

151

OLIVEIRA, Luiza Klipp etal.Agente

comunitário de saúde e a prevenção

do câncer bucal. SALUSVITA, Bauru, v.

31, n. 2, p. 141-151, 2012.

cirurgiões-dentistas e população em geral sobre câncer de boca. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v. 65, n. 1, p. 66-70, 2011.

PASSARELLI, D. H. C. et al. A interdisciplinaridade no diagnóstico de carcinoma epidermóide. Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo,São Paulo, v. 23, n. 3, p. 273-277, 2011.

RODRIGUES, A. A. A. O.; SANTOS, A. M.; ASSIS, M. M. A. Agente comunitário de saúde: sujeito da prática em saúde bucal em Alagoinhas Bahia. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 3, p. 907-915, 2010.

SÁ, N. V. et al. Avaliação do perfil do diagnóstico de câncer bucal após implantação do programa de cuidados específicos às doenças estomatológicas. Rev. Odontol. UNESP, Marília, v. 41, n. 2, p. 69-75, 2012.

SANTOS, K. T. et al. Agente comunitário de saúde: perfil adequado a realidade do programa Saúde da Família? Ciênc. Saúde Coletiva,Rio de Janeiro, v. 16, supl. 1, p. 1023-1028, 2011.

VASCONCELOS, M.; CARDOSO, A. V. L.; ABREU, M. H. N. G. Os desafios dos agentes comunitários de saúde em relação à saúde bucal em município de pequeno porte. Arq. Odontol., Belo Hori-zonte, v. 45, n. 3, p. 98-104, 2010.

Page 72: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável
Page 73: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

153

qualidade de Vida de estudantes do ensino MÉdio

quality of life of high school students

Sandra Fiorelli de Almeida Penteado Simeão1

Fernanda Minatel2

Alberto De Vitta1

Márcia Aparecida Nuevo Gatti1

Marta Helena Souza De Conti1

Sara Nader Marta1 Sandra de Oliveira Saes1

Recebidoem:06/9/2012Aceitoem:31/10/2012

1Professora(o)Doutora(o)domestrado em Saúde Coletiva

da Universidade Sagrado Coração-USC

2AlunadocursodeMatemáticadaUniversidadeSagradoCoração,bolsistadeIniciaçãoCientíficadoCNPq

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida Penteado et al. Qualidade de vida de estudantes do ensino médio. SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-168, 2012.

resuMo

Introdução: a investigação sobre a Qualidade de Vida (QV) de de-terminados grupos vem crescendo em importância como mensu-ração avaliativa de resultados relativos aos tratamentos na área da saúde. A terminologia definida pela Organização Mundial da Saú-de (OMS) reflete a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupa-ções. A OMS desenvolveu uma metodologia única para a criação de instrumentos visando à avaliação da qualidade de vida como o questionário WHOQOL-bref. Objetivo: investigar a qualidade de vida de todos os estudantes matriculados Ensino Médio de duas escolas (uma particular e uma pública) de Bauru/SP. Metodolo-gia: utilizou-se o questionário WHOQOL-bref e um questionário de caracterização, foram abordados alunos dos três anos do ensino médio de duas escolas de Bauru/SP, Resultado: Os resultados per-mitiram inferir que, de maneira geral, não há diferença entre os gê-neros para QV dos estudantes e nem para o tipo de escola – pública

Page 74: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

154

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida Penteado et al. Qualidade de vida de estudantes do ensino médio. SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-168, 2012.

ou particular. Os escores médios dos domínios foram superiores a 60,0, demonstrando que a QV dos jovens pesquisados é considerada boa. Discussão: Os melhores resultados foram os relacionados aos aspec tos físicos da QV. Algumas diferenças foram encontradas nos domínios Psicológico e Relações Sociais. Conclusão: destacam-se valores inferiores aos domínios anteriores para o Meio Ambiente, indicando que estratégias de intervenção devem ser direcionadas visando alterações em facetas referentes a questões psicológicas e ambientais da população estudada.

Palavras-chave: Qualidade de vida. Adolescentes. Ensino médio

ABSTRACT

Introduction: investigation on Quality of Life (QoL) of certain groups has been growing in importance as an evaluative measurement of results of health care treatments. The terminology defined by the World Health Organization (WHO) reflects the individual’s perception of his/her position in life, in the cultural context and in the value systems in which he/she lives and in relation to his/her goals, expectations, standards and concerns. WHO has developed a unique methodology for creating instruments aimed at assessing quality of life, such as the WHOQOL-bref questionnaire. Objective:the objective was to investigate the quality of life of all students enrolled in all three high school years of a private school and a public school in the city of Bauru/SP. Methodology: through the use of the WHOQOL-bref questionnaire and of a characterization questionnaire, students from the two schools were interviewed. Results: the results showed that there is generally no difference regarding gender or school (private or public) for the students’ quality of life. The average domain scores were higher than 60.0, which shows that the QoL of the young people studied is considered good. Discussion; the best results were related to physical aspects of QoL. Some differences were found in Psychology and Social Relations. Conclusion: figures lower than 60.0 are shown for Environment, which indicates that intervention strategies should be directed, aiming at changing facets regarding psychological and environmental issues of the studied population.

Key-words: Quality of life. Adolescents. High school.

Page 75: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

155

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida

Penteado et al. Qualidade de vida

de estudantes do ensino médio.

SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-

168 2012.

introdução

A terminologia Qualidade de Vida (QV) inclui fatores relaciona-dos à saúde como bem-estar físico, funcional, emocional e mental, até elementos importantes da vida das pessoas como trabalho, famí-lia, amigos e outras circunstâncias do cotidiano. Conforme sugere a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998) “a percepção do indi-víduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de va-lores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Na área da saúde, o interesse pelo conceito QV é relativamente re-cente e decorre, em parte, dos novos paradigmas que têm influencia-do as políticas e as práticas do setor nas últimas décadas. Os deter-minantes do processo saúde-doença são multifatoriais e complexos. Assim, saúde e doença configuram processos relacionados aos as-pectos econômicos, socioculturais, à experiência pessoal e estilos de vida (SCHUTTINGA, 1995). Dessa maneira, informações sobre QV têm sido incluídas tanto como indicadores para avaliação da eficácia, eficiência e impacto de determinados tratamentos para grupos de portadores de agravos diversos, quanto na comparação entre proce-dimentos para o controle de problemas de saúde (KAPLAN, 1995).

Poucos estudos avaliam a qualidade de vida de pessoas aparen-temente saudáveis, como é a proposta desta pesquisa realizada com estudantes do Ensino Médio, portanto, adolescentes. As pesquisas com adolescentes buscam, comumente, a doença instalada (CALA-ZANS e LUSTOZA, 2008). Esta é uma das dificuldades encontradas ao se discutir o tema, pois, como o adolescente é visto como alguém saudável, pouco se investiga sobre sua qualidade de vida (WAISEL-FISZ, 2007); os instrumentos existentes não foram validados para a população adolescente e sua aplicabilidade, a priori, é dirigida a pessoas com mais de 18 anos. Há, portanto, dificuldade de se discutir os vários aspectos aqui abordados (gênero, classe sócio-econômica, qualida de de vida, WHOQOL) com outros pesqui sadores (BENIN-CASA e CUSTODIO, 2010).

Inúmeras são as formas de avaliação da qualidade de vida: por meio de instrumentos, pela avaliação orientada de cada um sobre seu estado na vida, ou, mais tradicionalmente, para grandes populações, através do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (OMS, 2010).

Os instrumentos variam de acordo com a abordagem e objetivos dos estudos. Instrumentos específicos como o Medical Outcomes Study Questionaire 36-Item Short Form Health Survey (SF-36) (CI-CONELLI et al., 1999) para avaliação da qualidade de vida rela-cionada à saúde e do WHOQOL (WHOQOL GROUP, 1994), para

Page 76: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

156

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida Penteado et al. Qualidade de vida de estudantes do ensino médio. SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-168, 2012.

avaliação da qualidade de vida geral, são tentativas de padronização das medidas permitindo comparação entre estudos e culturas.

O WHOQOL, desenvolvido pelo grupo chamado World Health Organization Quality of Life, foi traduzido e validado para o Bra-sil por um grupo de pesquisadores na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e tem por objetivo avaliar a qualidade de vida geral das pessoas em diferentes culturas. Foram legitimadas duas versões do instrumento. A versão longa “WHOQOL-100” (Fleck et al., 1999) considera 6 domínios para análise da qualidade de vida: físico, psico-lógico, nível de independência, relações sociais, ambiente e aspectos espirituais/religião/crenças pessoais. A necessidade de instrumentos curtos que demandem pouco tempo para seu preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias, fez com que o Grupo de Qualidade de Vida da OMS desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL-100, o WHOQOL-bref (Fleck et al., 2000), que consi-dera 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambien-te. Tal instrumento é composto por 26 questões, sendo duas ques-tões gerais de qualidade de vida e as demais 24 representam cada uma das 24 facetas que compõe o instrumento original. A escala de pontuação varia de 0 a 100, com os escores de maiores pontuações representando melhor qualidade de vida.

Instrumentos como o SF-36 e o WHOQOL apresentam vantagens também por que já tiveram sua validade e qualidades psicométricas atestadas, além de permitirem a comparação com outros estudos. No entanto esses instrumentos trazem consigo limitações importantes, pois ao propor indicadores deixam de avaliar as especificidades de cada sujeito em cada contexto de avaliação. Quanto mais o instru-mento de avaliação se afasta de aspectos concretos, mais difícil se torna a aferição.

Dessa maneira, o objetivo do estudo foi investigar a qualidade de vida de todos os estudantes dos três anos do Ensino Médio de duas escolas (uma particular e uma pública) da cidade de Bauru/SP.

Materiais e MÉtodos

As atividades na escola pública só tiveram início após autorização da Diretora de Ensino de Bauru, assim como da anuência da Direto-ra da unidade escolar. Na escola particular, além da concordância da Diretora, o Coordenador do Ensino Médio acompanhou o desenvol-vimento da pesquisa. A coleta de dados foi realizada de Outubro de 2011 a Maio de 2012, respeitando os meses de férias escolares.

Page 77: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

157

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida

Penteado et al. Qualidade de vida

de estudantes do ensino médio.

SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-

168 2012.

Embora fossem escolas de categorias diferentes, elas foram es-colhidas por localizarem-se na mesma região da cidade de Bauru, possuírem classes dos três anos do ensino médio funcionando pela manhã e contarem com alunos da mesma faixa etária, visando à ho-mogeneidade da amostra.

Todos os alunos dos três anos do Ensino Médio matutino das duas escolas foram alvo da pesquisa e, como a maioria era menor de idade, foram providenciados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para envio aos seus pais/responsáveis, para autorização ou não da participação dos mesmos. Os alunos maiores de idade as-sinaram os Termos no momento da coleta de dados. Após o retorno dos Termos foram realizados os agendamentos para a realização das atividades.

Para a coleta de dados foram empregados dois questionários: um de caracterização sociodemográfica (idade, sexo, raça, estado civil, renda familiar e trabalho) e o da Organização Mundial de Saúde WHOQOL-bref.

Os alunos foram abordados em sala de aula e questionados so-bre seus conhecimentos sobre o tema “qualidade de vida”. Mediante suas repostas, foram esclarecidos a respeito da ênfase dos estudos sobre este tema pela OMS desde a década de 90. A seguir responde-ram individualmente os questionários.

Ao término do preenchimento, foram explicados os procedimen-tos para o cálculo dos escores de cada domínio por meio das equa-ções propostas para o instrumento. Cada aluno calculou seus escores de QV e fez a transformação dos resultados para valores percentuais, obtendo assim, imediatamente, suas respostas em relação aos quatro domínios de QV: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Am-biente. A atividade teve um tempo de duração de aproximadamente 45 minutos em cada sala.

Foram entrevistados 171 alunos na escola pública sendo 84 do 1º ano, 44 do 2º e 43 do 3º; na particular foram 62 alunos divididos em 29 no 1º, 18 no 2º e 15 no 3º.

As respostas dadas pelos 233 estudantes aos dois questionários fo-ram registradas em planilha eletrônica para a posterior confecção de tabelas de distribuição de frequências absoluta e relativa para as variá-veis sociodemográficas e estatística descritiva (Média, Desvio-padrão, Mínimo e Máximo) para as respostas dos domínios de qualidade de vida. Também foi realizada a comparação entre as escolas por sexo e por domínio – Teste de Mann Whitney, assim como a comparação entre os 3 anos de cada escola em relação ao sexo para cada domínio – Testes de Kruskal Wallis e Dunn para comparações individuais. Todos os testes foram realizados ao nível de 5% de significância.

Page 78: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

158

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida Penteado et al. Qualidade de vida de estudantes do ensino médio. SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-168, 2012.

A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética da Universidade do Sagrado Coração – Protocolo 002/12.

resultados e discussão

O perfil dos alunos participantes, segundo idade, raça, renda e trabalho está representado, por suas frequências absoluta e relativa, nas Tabelas 1 e 2. A partir de análise das mesmas, percebe-se uma grande diferença no fluxo de alunos entre as escolas, sendo 171 na escola pública (102 do sexo feminino e 69 do masculino) e 62 na es-cola particular (29 meninas e 33 meninos).

As médias de idade das alunas do 1º ano foram de 16,2 anos com desvio-padrão de 0,6 anos e 15,7 ± 0,4 anos, para as escolas pública e particular, respectivamente. Dos alunos do 1º ano foram 16,0 ± 0,6 e 16,1 ± 0,6 anos. As adolescentes do 2º ano tiveram médias 16,9 ± 0,5 e 16,8 ± 0,9 anos; enquanto que os adolescentes apresentaram 16,8 ± 0,5 e 16,7 ± 0,4 anos. Para as estudantes do 3º ano, a média foi 17,9 ± 0,5 anos para ambas as escolas. Os estudantes possuem 18,1 ± 0,5 e 17,9 ± 0,5 anos.

Na Tabela 1, em relação à raça, pode se observada maior concen-tração de adolescentes brancos seguida de pardos/mulatos para os três anos da escola pública, enquanto na particular a grande maioria foi da raça branca para os três anos.

A variável estado civil não consta das tabelas, pois apenas um aluno do sexo masculino do 2º ano da escola pública respondeu ca-sado. Todos os demais responderam solteiro.

Na escola pública, em relação à renda (Tabela 2), podem-se obser-var maiores porcentagens no intervalo de 1 a 10 salários mínimos, percebendo-se alta incidência de adolescentes que não sabem a renda familiar (28,6%) no 1º ano, diminuindo nos outros dois anos. Na par-ticular, os resultados ficaram pulverizados entre as categorias de 1 a 20 salários com elevada prevalência de alunos que não sabem no 1º (24,1%) e 2º (61,1%) anos.

Na opção trabalho, foi possível perceber que nas duas escolas a maioria dos alunos não trabalha, diminuindo gradativamente o per-centual de acordo com o ano de escolaridade.

Quanto à variável cargo ou função na empresa, as respostas dos 59 alunos da escola pública estiveram concentradas nas seguintes ocupações: operador de crédito, atendente de telemarketing, auxi-liar administrativo, professora de dança, vendedor, auxiliar de tosa, cabeleireira/manicure, empacotador, mecânico, açougueiro, encar-regado de corte. Para os 25 adolescentes da particular, os principais

Page 79: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

159

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida

Penteado et al. Qualidade de vida

de estudantes do ensino médio.

SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-

168 2012.

ofícios foram: auxiliar administrativo, jogador de futebol, ajudante de mecânico, telefonista, empacotadora, estoquista, caixa, vendedor, garçom e auxiliar de almoxarifado.

Tabela 1 – Frequências absoluta e relativa apuradas no questionário so-ciodemográfico dos 233 entrevistados dos 1º, 2º e 3º anos do ensino mé-dio, de acordo com o sexo, das escolas Joaquim Rodrigues Madureira e Colégio Criativo – Balão Encantado em relação às variáveis idade e raça – Bauru (2012)

VariáveisAno Ensino

MédioEscola Pública Escola Particular

Idade

F (n = 45) M (n = 39) F (n = 12) M (n = 17)

15 anos 13 (28,9%) 19 (48,7%) 10 (83,3%) 7 (41,2%)

16 anos 29 (64,4%) 18 (46,2%) 2 (16,7%) 9 (52,9%)

17 anos 3 (6,7%) 2 (5,1%) - 1 (5,9%)

F (n = 32) M (n = 12) F (n = 9) M (n = 9)

15 anos - - 2 (22,2%) -

16 anos 18 (56,2%) 8 (66,7%) 2 (22,2%) 7 (77,8%)

17 anos 14 (43,8%) 4 (33,3%) 5 (55,6%) 2 (22,2%)

F (n = 25) M (n = 18) F (n = 8) M (n = 7)

17 anos 15 (60,0%) 8 (44,4%) 5 (62,5%) 4 (57,1%)

18 anos 10 (40,0%) 9 (50%) 3 (37,5%) 3 (42,9%)

Raça

Branca

28 (62,2%) 27 (69,2%)12

(100,0%)14 (82,3%)

Preta 1 (2,2%) 2 (5,1%) - 1 (5,9%)

Parda/ Mulata 16 (35,6%) 9 (23,1%) - 1 (5,9%)

Amarela - 1 (2,6%) - 1 (5,9%)

Branca

25 (78,1%) 6 (50%) 6 6 (66,7%)

Preta - 1 (8,3%) - -

Parda/ Mulata 7 (21,9%) 5 (41,7%) 2 2 (22,2%)

Amarela - - 1 1 (11,1%)

Branca

17 (68,0%) 14 (77,8%) 6 4 (57,1%)

Preta 2 (8,0%) 1 (5,5%) - -

Parda/ Mulata 5 (20,0%) 3 (16,7%) 2 1 (14,3%)

Amarela 1 (4,0%) - - 2 (28,3%)

As estatísticas descritiva e inferencial dos escores para os domí-nios do WHOQOL-bref, separados por ano e sexo, estão demonstra-

Page 80: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

160

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida Penteado et al. Qualidade de vida de estudantes do ensino médio. SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-168, 2012.

das na Tabela 3 (Físico e Psicológico) e na Tabela 4 (Relações Sociais e Meio Ambiente).

Tabela 2 – Frequências absoluta e relativa apuradas no questionário socio-demográfico dos 233 entrevistados dos 1º, 2º e 3º anos do ensino médio, de acordo com o sexo, das escolas Joaquim Rodrigues Madureira e Colégio Criativo – Balão Encantado em relação às variáveis renda e trabalho – Bauru (2012)

Variáveis

Ano

Ensino

Médio

Escola Pública Escola Particular

Renda

F (n = 45) M (n = 39) F (n = 12) M (n = 17)

Até 1 salário mínimo 5 (11,1%) 1 (2,6%) - -

De 1 a 5 salários mínimos 21 (46,7%) 11 (28,2%) 3 (25,0%) 3 (17,6%)

De 5 a 10 salários mínimos 5 (11,1%) 15 (38,5%) 3 (25,0%) 4 (23,5%)

De 10 a 20 salários mínimos - 2 (5,1%) 2 (16,7%) 5 (29,4%)

Mais de 20 salários mínimos - - 1 (8,3%) 1 (5,9%)

Não sabe 14 (31,1%) 10 (25,6%) 3 (25,0%) 4 (23,5%)

F (n = 32) M (n = 12) F (n = 9) M (n = 9)

Até 1 salário mínimo - 1 (8,3%) - -De 1 a 5 salários mínimos 24 (75%) 4 (33,3%) 1 (11,1%) 1 (11,1%)

De 5 a 10 salários mínimos 4 (12,5%) 4 (33,3%) 1 (11,1%) 2 (22,2%)De 10 a 20 salários mínimos - - 1 (11,1%) 1 (11,1%)

Não sabe 4 (12,5%) 3 (25,0%) 6 (66,7%) 5 (55,6%)

F (n = 25) M (n = 18) F (n = 8) M (n = 7)

Até 1 salário mínimo 1 (4%) - - -

De 1 a 5 salários mínimos 19 (76%) 6 (33,3%) 1 (12,5%) 4 (57,1%)

De 5 a 10 salários mínimos 4 (16%) 8 (44,4%) 6 (75,0%) 2 (28,6%)

De 10 a 20 salários mínimos 1 (4%) 1 (5,5%) - -

Não sabe - 3 (16,7%) 1 (12,5%) 1 (14,3%)

Trabalha

Sim1º

10 (22,2%) 11 (28,2%) 2 (16,7%) 3 (17,6%)

Não 35 (77,8%) 28 (71,8%) 10 (83,3%) 14 (82,4%)

Sim2º

12 (37,5%) 5 (41,7%) 2 (22,2%) 2 (22,2%)

Não 20 (62,5%) 7 (58,3%) 7 (77,8%) 7 (77,8%)

Sim3º

10 (40,0%) 11 (61,1%) 3 (37,5%) 2 (28,6%)

Não 15 (60,0%) 7 (38,9%) 5 (62,5%) 5 (71,4%)Salário mínimo = R$ 545,00

A partir da análise do domínio Físico na Tabela 3 percebe-se que há pequenas diferenças entre as médias dos escores entre os sexos,

Page 81: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

161

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida

Penteado et al. Qualidade de vida

de estudantes do ensino médio.

SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-

168 2012.

nos diferentes anos das duas escolas, entretanto não houve signifi-cância estatística. A comparação entre os três anos de cada escola em relação ao sexo demonstrou igualdade entre os grupos. Apesar dos valores médios estarem bem próximos para as duas escolas, ve-rifica-se maior variação das respostas na escola particular, como no 2º ano sexo masculino (± 20,91) e 3º ano para os sexos feminino e masculino (±18,68 e ±17,11, respectivamente).

Tabela 3 – Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos dos esco-res dos domínios Físico e Psicológico do WHOQOL-bref de acordo com a escola, sexo e ano dos adolescentes e resultados dos respectivos testes estatísticos

Domínio Físico

Escola Pública Escola Particular

Feminino Masculino Feminino Masculino

1º Ano72,46 ± 12,15A

(50,0 – 96,46)

76,74 ± 13,58B

(32,4 – 100,0)

70,83 ± 11,78A

(50,0 – 89,3)

72,69 ± 12,43B

(42,9 – 92,9)

2º Ano74,55 ± 11,50C

(53,6 – 92,9)

78,57 ± 10,88D

(57,1 – 92,9)

67,86 ± 13,95C

(46,4 – 82,1)

76,98 ± 20,91D

(28,6 – 100,0)

3º Ano76,57 ± 13,41E

(46,4 – 100,0)

79,17 ± 11,96F

(57,1 – 96,4)

68,75 ± 18,68E

(39,3 – 89,3)

76,53 ± 17,11F

(46,4 – 100,0)Teste de Kruskal

Wallis1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º

Domínio Psicológico

1º Ano67,22 ± 13,31G*

(37,5 – 97,7)

73,82 ±

12,86H** (41,7

– 95,8)

67,71 ± 9,91G

(45,8 – 79,2)

65,69 ± 13,46I

(33,3 – 87,5)

2º Ano71,48 ± 13,22J

(33,3 – 97,7)

77,43 ± 12,24K

(58,3 – 95,8)

61,11 ± 18,52J

(29,2 – 83,3)

70,83 ± 14,88K

(50,0 – 87,5)

3º Ano74,67 ± 13,55L

(37,5 – 91,7)

80,79 ± 9,49N

(58,3 – 95,8)

60,42 ± 20,41M

(20,8 – 83,3)

70,83 ± 16,84N

(50,0 – 91,7)

Teste de Kruskal

Wallis1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º

Nas linhas as letras iguais indicam ausência de significância estatística na compa-ração entre as escolas pública e particular, por sexo, por domínio; letras diferentes indicam diferença estatisticamente significante na comparação entre as escolas pública e particular, por sexo, por domínio (Teste de Mann Whitney).Os símbolos diferentes na linha do 1º ano do domínio Psicológico da escola públi-ca indica diferença estatisticamente significante entre os sexos (Teste de Mann Whitney).Nas colunas comparação entre os 3 anos de cada escola em relação ao sexo para cada domínio (Testes de Kruskal Wallis e Dunn para comparações individuais)

Os escores médios podem ser considerados altos, pois estiveram todos acima de 67,0 demonstrando que este domínio apresentou-se

Page 82: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

162

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida Penteado et al. Qualidade de vida de estudantes do ensino médio. SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-168, 2012.

como aspecto positivo da QV dos jovens pesquisados, podendo ser explicado pelas facetas que o englobam (dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades da vida cotidiana, dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de traba-lho), levando em consideração que adolescentes, em geral, são sau-dáveis e não apresentam limitações físicas.

Tabela 4 – Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos dos esco-res dos domínios Relações Sociais e Meio Ambiente do WHOQOL-bref de acordo com a escola, sexo e ano dos adolescentes e resultados dos res-pectivos testes estatísticosDomínio das Relações Sociais

Escola Pública Escola Particular

Feminino Masculino Feminino Masculino

1º Ano77,59 ± 14,74O

(33,3 – 100,0)

73,08 ± 15,35Q

(33,3 – 100,0)

88,89 ± 11,42P

(66,7 – 100,0)

77,94 ± 16,65Q

(41,7 – 100,0)

2º Ano81,77 ± 14,58R

(41,7 – 100,0)

79,86 ± 24,22S

(8,3 – 100,0)

81,48 ± 11,62R

(66,7 – 100,0)

75,00 ± 19,98S

(50,0 – 100,0)

3º Ano77,67 ± 17,80T

(33,3 – 100,0)

84,26 ± 12,09U

(58,3 – 100,0)

80,21 ± 14,7T

(50,0 – 100,0)

88,10 ± 10,60U

(75,0 – 100,0)Teste de Kruskal

Wallis1º = 2º = 3º

1º = 2º; 2º = 3º;

1º ≠ 3º1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º

Domínio Meio Ambiente

1º Ano63,40 ± 13,62V

(31,3 – 90,6)

65,54 ± 13,44W

(25,0 – 87,5)

70,05 ± 13,02V

(46,9 – 93,8)

67,83 ± 11,84W

(46,9 – 87,5)

2º Ano66,70 ± 11,76X

(40,6 – 90,6)

70,05 ± 10,94Y

(50,0 – 84,4)

73,61 ± 9,13X

(59,4 – 87,5)

75,35 ± 11,63Y

(65,6 – 96,9)

3º Ano72,92 ± 18,60Z

(37,5 – 96,9)

64,75 ± 14,02Z1

(28,2 – 87,5)

60,94 ± 17,36Z

(25,0 – 78,1)

66,52 ± 16,51Z1

(43,8 – 87,5)Teste de Kruskal

Wallis1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º 1º = 2º = 3º

Nas linhas as letras iguais indicam ausência de significância estatística na compa-ração entre as escolas pública e particular, por sexo, por domínio; letras diferentes indicam diferença estatisticamente significante na comparação entre as escolas pública e particular, por sexo, por domínio (Teste de Mann Whitney)Nas colunas comparação entre os 3 anos de cada escola em relação ao sexo para cada domínio (Testes de Kruskal Wallis e Dunn para comparações individuais)

Benincasa e Custodio (2010), Maia (2008), Vilela et al. (2007) e Izutsu et al. (2006) também relatam em seus estudos que o domínio físico constitui-se um forte contribuinte para a QV positiva de ado-lescentes.

A distribuição dos adolescentes em relação ao domínio físico, es-tratificada pela variável sexo, demonstrou que os rapazes apresen-

Page 83: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

163

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida

Penteado et al. Qualidade de vida

de estudantes do ensino médio.

SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-

168 2012.

taram QV melhor quando comparados com as moças, em ambas as escolas. Tal fato pode estar relacionado às diferenças nas condições de vida ou percepção da QV para os diferentes sexos. Tendo em vista que outros estudos, realizados com jovens e adultos, também consta-taram que homens possuem QV melhor do que mulheres é possível supor que a principal diferença na avaliação da QV esteja na maior exigência das adolescentes em relação à percepção da QV, ou seja, rapazes e moças podem ter condições de vida semelhantes, porém, formas diferentes para analisar e ponderar diversos aspectos de sua vida (CUCCHIARO e DALGALARRONDO, 2007; LIPP e TAN-GANELLI, 2006).

Em relação ao domínio Psicológico – Tabela 3, que revela a per-cepção do indivíduo sobre sua condição afetiva e cognitiva, observa--se diferença estatisticamente significante na comparação entre as escolas pública e particular, no 1º ano e sexo masculino, assim como no 3º ano e sexo feminino, sendo que em ambos os casos, a escola particular apresenta escores médios menores. Também se constata diferença entre meninas e meninos do 1º ano da escola pública. Ain-da para este domínio, a comparação entre os três anos de cada escola em relação ao sexo não foi significante. Destaca-se que, para este domínio, os escores médios da escola particular foram inferiores ao da pública. Também se verificam valores menores para as respostas do sexo feminino em relação ao masculino.

Dessa maneira, na avaliação do domínio Psicológico, vários fa-tores podem influenciar a QV. Os aspectos psicológicos avaliados pelas questões 5, 6, 7, 11, 19 e 26, são permeados por diversas pe-culiaridades, desde as influências familiares, perfil individual, apa-rência física, concentração, nível socioeconômico, relações pessoais, sentimentos de mau humor, desespero, ansiedade, depressão, entre outros.

Katsching (1997) complementa tais particularidades apontando que os aspectos de bem-estar psicológico e social levam em conta o funcionamento emocional, satisfação com a vida, suporte social e padrão de vida.

Segundo Feijó e Oliveira (2001) para uma avaliação do domínio psicológico na adolescência, é necessário, antes de tudo, haver um en-tendimento da dimensão psicossocial, na qual o jovem está inserido, ou seja, um período de intensa pressão socioeconômica, no qual os adolescentes fazem parte de uma população ativa profissionalmente, muitas vezes com grande parte de contribuição na renda familiar.

Gordia et al. (2010) apontaram que quanto à associação entre do-mínio psicológico e sexo, as moças se apresentaram como grupo de risco para possuir percepção negativa deste domínio, concordando

Page 84: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

164

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida Penteado et al. Qualidade de vida de estudantes do ensino médio. SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-168, 2012.

com o estudo de Jatobá e Bastos (2007), com 243 adolescentes de ambos os sexos (14 a 16 anos de idade) da cidade de Recife (PE).

Dessa maneira, percebe-se que as adolescentes parecem compor um grupo vulnerável em relação a aspectos psicológicos, possivel-mente devido a diferenças hormonais e de exigência cultural entre os sexos. Desta forma, acredita-se que moças tenham uma visão di-ferenciada e mais crítica em relação à sua QV no que diz respeito a questões como imagem corporal e autoestima.

Em relação ao domínio Relações Sociais, que aponta o diagnósti-co do indivíduo sobre os relacionamentos sociais e os papéis sociais adotados na vida, pode-se verificar, na Tabela 4, diferença signifi-cante entre as escolas pública e particular, no 1º ano e sexo femi-nino. Na escola pública e sexo masculino, foi possível averiguar a diferença estatística entre o 1º e 3º anos. Observa-se, também que, embora todas as médias tenham ficado acima de 73,0%, existe um escore mínimo bem baixo – 8,3 – de um estudante do sexo mascu-lino do 2º ano da escola pública. Analisando os outros escores deste indivíduo verificou-se que apenas neste domínio seu escore é baixo, demonstrando a importância da análise separada dos domínios, pois se revelou, para este caso, algum problema de relacionamento que possibilita a intervenção junto ao aluno.

A análise deste domínio envolve três perguntas que avaliam a satisfação do indivíduo quanto às suas relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos e colegas), vida sexual e apoio que recebe dos amigos. Provavelmente, a diferença encontrada entre as meninas do 1º ano, reflete uma fase de adaptação, pois a entrada no ensino Médio é um período de grandes mudanças, quando estas alunas se moldam a um novo “formato de vida”, principalmente na escola pública, pois são advindas de outras escolas.

De maneira geral, os escores médios deste domínio são superiores ao 3º quartil, como pode também ser observado nos estudos de Be-nincasa e Custodio (2010) com estudantes adolescentes do município de São Paulo, assim como na pesquisa de Cucchiaro e Dalgalarrondo (2007) com 424 (52%) garotos e 387 (48%) garotas de regiões cen-trais e da periferia de Campinas/SP.

A análise do domínio Meio Ambiente não revelou qualquer di-ferença entre as escolas quanto ao sexo e ano e nem para cada es-cola na comparação entre os três anos. Entretanto observou-se que nenhum aluno apresentou o escore 100,0% para ambas as escolas e os valores médios dos escores foram os mais baixos entre todos os domínios para a escola pública. Alguns estudos que utilizaram o WHOQOL demonstraram que tal domínio é a pior faceta da QV da população brasileira. A pesquisa de Interdonato e Greguol (2010) apresentou os piores resultados relativos a esta faceta, revelando a

Page 85: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

165

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida

Penteado et al. Qualidade de vida

de estudantes do ensino médio.

SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-

168 2012.

insatisfação destes adolescentes com relação a questões do ambiente que os cerca. Na análise da QV de indivíduos do Exército Brasileiro, os menores valores médios foram para o domínio Meio Ambiente sendo o ponto mais vulnerável na QV da população estudada (GOR-DIA et al., 2006).

Esta tendência de baixos valores para o domínio ambiental é pre-ocupante, pois está diretamente vinculada à falta de investimento em políticas públicas. Este domínio trata da segurança física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais (disponibilidade e qualidade), oportunidade de adquirir novas infor-mações e habilidades, participação e oportunidades de recreação/lazer e ambiente físico (poluição, ruído, trânsito, clima e transporte). Como se pode observar, neste domínio existem fatores que não po-dem ser controlados individualmente, sendo necessária a interven-ção de órgãos governamentais.

Segundo enfatiza Vilarta (2004), alguns municípios brasileiros, preocupados com a melhoria das condições de vida da população, estão implementando programas de intervenção para melhoria de fatores como saneamento básico, educação, assistência médica, ambientes de trabalho e lazer saudável. Entretanto, o comprometi-mento dos governantes com a melhoria das condições de vida dos brasileiros ainda é muito reduzido, estando explícito nos resultados dos estudos.

Evidentemente torna-se limitado avaliar jovens de ambos os sexos exclusivamente por meio de quantificações de um conceito intrinse-camente marcado pela subjetividade, como a QV. É preciso ter em mente que os indicadores e índices medem sempre “aspectos” da QV, tendo vantagens e restrições uns em relação aos outros. No entanto, é importante ressaltar que o instrumento utilizado (WHOQOL-bref) ao possibilitar o fracionamento da QV em Domínios (Físico, Psico-lógico, Relações Sociais e Meio Ambiente), representa um diferen-cial muito significativo, tendo em vista que pode-se identificar quais aspectos da vida do indivíduo analisado são mais preocupantes e requerem intervenções.

considerações Finais

Os resultados obtidos com a realização deste estudo permitiram inferir que, de maneira geral, não há diferença entre os gêneros para QV de estudantes e nem para o tipo de escola – pública ou particular – da cidade de Bauru/SP. Em adição, os escores médios dos domí-nios foram superiores a 60,0, demonstrando que a QV dos jovens

Page 86: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

pesquisados é considerada boa. Os melhores resultados foram os re-lacionados aos aspec tos físicos da QV, que podem estar pautados à grande habilidade física, potência e força que o adolescente adquire a partir da puberdade. Algumas diferenças foram encontradas nos domínios Psicológico e Relações Sociais, entretanto nada relevante. Destacam-se valores inferiores do domínio Meio Ambiente, indican-do que estratégias de intervenção devem ser direcionadas visando alterações em facetas referentes a questões psicológicas e ambientais da população estudada.

Optou-se pela utilização do WHOQOL-bref pelo fato desse ins-trumento permitir aos sujeitos autoavaliarem-se a partir de suas per-cepções. Dessa maneira, pode-se concluir que Qualidade de Vida é mais do que ter uma boa saúde mental ou física. É estar de bem consigo mesmo, com a vida, com as pessoas queridas, enfim, estar em equilíbrio. Isso pressupõe mudanças de atitude, como hábitos saudáveis, cuidados com o corpo, atenção para a qualidade dos rela-cionamentos, balanço entre a vida pessoal e profissional, tempo para lazer, saúde espiritual e outros.

reFerÊncias

BENINCASA, M.; CUSTODIO, E. M. Adolescência e qualidade de vida em São Paulo. Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 1, n. 1, p. 9-32, jan./jun. 2010.CALAZANS, R.; LUSTOZA, R. Z. A medicalização do psíquico: os conceitos de vida e saúde. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 60, n. 1, p. 124-131. 2008.CICONELLI, R. M.; FERRAZ, M. B.; SANTOS, W.; MEINÃO, I.; QUARESMA, M. R. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação da qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 39, n. 3, p. 143-50. mai./jun. 1999.CUCCHIARO, G.; DALGALARRONDO, P. Saúde mental e qua-lidade de vida em adolescentes: um estudo entre escolares em duas áreas urbanas contrastantes. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 29, n. 3, p. 213-221, set. 2007.FEIJÓ, R. B.; OLIVEIRA, E. A. Comportamento de risco na ado-lescência. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 77, Supl. 2, p. 125-34. 2001.

FLECK, M. P. A.; FACHEL, O.; LOUZADA, S.; XAVIER, M.; CHA-CHAMOVICH, E.; VIEIRA, G.; et al. Desenvolvimento da versão

166

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida Penteado et al. Qualidade de vida de estudantes do ensino médio. SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-168, 2012.

Page 87: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

167

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida

Penteado et al. Qualidade de vida

de estudantes do ensino médio.

SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-

168 2012.

em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da organização mundial da saúde (WHOQOL-100). Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 21, n. 1, p.19-28, jan./mar. 1999.

FLECK, M. P. A.; LOUZADA, S.; XAVIER, M.; CHACHAMOVI-CH, E.; VIEIRA, G.; SANTOS, L.; PINZON, V. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação de qualidade de vida WHOQOL-bref. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 2, p.198-205, abr. 2000.

GORDIA, A. P.; QUADROS, T. M. B.; VILELA JÚNIOR, G. B. Quality of life and physical fitness of individuals in the Brazilian army. The FIEP Bulletin, Rio de Janeiro, v. 76, p. 82-5. 2006.

GORDIA, A. P.; SILVA, R. C. R.; QUADROS, T. M. B.; CAMPOS, W. C. Variáveis comportamentais e sociodemográficas estão asso-ciadas ao domínio psicológico da qualidade de vida de adolescen-tes. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 29-35, mar. 2010.

INTERDONATO, G. C.; GREGUOL, M.. Qualidade de vida perce-bida por indivíduos

fisicamente ativos e sedentários. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Taguatinga, v. 18, n. 1, p. 61-67. 2010.

IZUTSU, T.; TSUTSUMI, A.; ISLAM, A. M.; KATO, S.; WAKAI, S.; KURITA, H. Mental health, quality of life, and nutritional status of adolescents in Dhaka, Bangladesh: comparison between an urban slum and a nonslum area. Social Science & Medicine, Leicester, v. 63, n. 6, p. 1477-1488, sep. 2006.

JATOBÁ, J. D.; BASTOS, O. Depressão e ansiedade em adolescen-tes de escolas públicas e privadas. Jornal Brasileiro de Psiquiatria,Rio de Janeiro, v. 56, p. 171-9, 2007.

KAPLAN, R.M. Quality of life, resource allocation, and the U.S. Health - care crisis. In: Dims dale JE, Baum A, editors. Quality of life in behavioral medicine research. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates; p. 3-30, 1995.

KATSCHNIG, H. How useful is the concept of quality of life in psychiatry? In: Katschnig H, Freeman H, Sartorius N, editores. Quality of life in mental disorders. New York: Wiley; 1997.

LIPP, M. E. N.; TANGANELLI, M. S. Stress e Qualidade de vida em magistrados da justiça do trabalho: diferenças entre homens e mulheres. Psicologia: Reflexão e Crítica., Porto Alegre, v. 15, n. 3, p. 537-584, 2002.

Page 88: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

168

SIMEÃO, Sandra Fiorelli de Almeida Penteado et al. Qualidade de vida de estudantes do ensino médio. SALSUVITA, Bauru, v. 31. n. 2, p. 153-168, 2012.

MAIA, A. C. S. B. Saúde e Adolescência - Hábitos e Comporta-mentos dos adolescentes que frequentam clínica privada no con-selho do Barreiro. Dissertação (Mestrado em Ciências da Educa-ção) – Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2008.

OMS. PROMOCIÓN DE LA SALUD. GLOSARIO. GENEBRA: OMS; 1998.

OMS. Índice de desenvolvimento humano. Programa das nações unidas para o desenvolvimento. [relatório]. 2010. Disponível em: http://www.pnud.org.br. Acessado em: 05 abr. 2011.

SCHUTTINGA, J. A. Quality of life from a federal regulatory perspective. In: Dims dale JE, Baum A, editors. Quality of life in behavioral medicine research. New Jersey: Lawrence Erlbaum Asso-ciates; 1995. p. 31-42.

The Whoqol Group. The development of the World Health Orga-nization quality of life assessment instrument (the WHOQOL). In: Orley J, Kuyken W, editors. Quality of life assessment: international perspectives. Heidelberg: Springer Verlag; 1994. p 41-60.

VILARTA, R. (Org.). Qualidade de vida e políticas públicas: saú-de, lazer e atividade física. Campinas: IPES Editorial, 2004.

WAISELFISZ, J.J. Relatório de Desen volvimento Juvenil 2007. Rede de Informa ção Tecnológica Latino-Americana, RITLA; Ins-tituto Sangari; Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT); Brasília.

VILELA JUNIOR, G. B.; GORDIA, A. P.; QUADROS, T. M. B.; CAMPOS, W. Relation between quality of life and alcohol consump-tion for students attending the physical education and sports course. FIEP Bulletin, Rio de Janeiro, v. 77, p. 231-235. 2007.

Page 89: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

169

reanatoMização cosMÉtica associada à cirurgia Plástica

Periodontal, relato de caso clínico.

cosmetic reanatomization associatedto periodontal plastic surgery

Leonardo Marques1

Alessandra Capuano1

Janayna Grando Macahdo1

Gustavo Campos Belmonte1

Maria Cecília Veronesi Daher1

Recebidoem:30/10/2012Aceitoem:19/11/2012

1USC – Universidade do SagradoCoração,Bauru–

SP,Brasil.

MARQUES, Leonardo et al. Reanatomização Cosmética associada à Cirurgia Plástica Periodontal, relato de caso clínico. SALUSVITA,Bauru, v. 31, n. 2, p. 169-181, 2012.

resuMo

A busca pelo sucesso estético aliado a prática clínica de procedi-mentos que visam otimizar a cosmética dentária têm sido um tema de enfoque particular na odontologia atual. Este artigo tem como objetivo, apresentar o caso clínico de um paciente do gênero mascu-lino, 21 anos, leucoderma, estudante de Odontologia, que apresen-tava sorriso gengival, alterações de simetria e proporção dentárias e hipoplasia de esmalte em região anterior. A opção clínica eleita foi a reanatomização cosmética associada à cirurgia plástica periodontal, onde se observou a importância do planejamento clínico integrado envolvendo a Periodontia e a Dentística Restauradora.

Palavras-chave: Estética. Reanatomização cosmética. Cirurgia plástica periodontal.

Page 90: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

170

MARQUES, Leonardo et al. Reanatomização Cosmética associada à Cirurgia Plástica Periodontal, relato de caso clínico. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 169-181, 2012.

aBstract

The search for aesthetic success allied to the clinical practice of procedures that aim to optimize the cosmetic dentistry has been a subject of particular focus in dentistry today. This article aims to present a case of a male patient, 21 years old, Caucasian, dentistry students, who had smile gums, changes in symmetry and proportion and dental enamel hypoplasia in the anterior region. The option chosen was the clinical reanatomização associated with cosmetic periodontal plastic surgery, where he noted the importance of integrated planning involving Clinical periodontics and Restorative Dentistry.

Keywords: Aesthetics. Cosmetic realingment. Periodontal plastic surgery.

introdução

Além do caráter metafísico e filosófico que a estética tem em es-tudar a natureza do belo e os fundamentos da arte, ela é sem dúvida um dos principais requisitos para despertar emoções. Atualmente, assistimos na odontologia a era da arte da perfeição, que visa à busca do sucesso clínico aliado ao sucesso estético.

Ter uma boa aparência é sem duvida um fator imposto pela socie-dade, que favorece o desenvolvimento pessoal, social e a adaptabili-dade racional, reforçando a auto-estima (BUDA, 1994). Sem duvida, o consenso estético constitui um dos principais motivos pelo qual o cirurgião dentista é procurado pelo pacientes.

Um dos problemas em que o odontólogo se depara, é o chama-do sorriso gengival, que pode ser definido como uma exposição de mais de 3 mm de gengiva durante um sorriso moderado (ARAÚJO; KINA; AUGUST, 2007). Esse problema isolado, ou quando associa-do a diastemas, causa um desconforto ou desarmonia no sorriso do paciente, daí a necessidade de se buscar alternativas que objetivam melhorar a aparência dos dentes no complexo estomatognático.

A utilização de resinas compostas para a realização de procedi-mentos nos dentes anteriores constitui o método mais rápido e eco-nômico para a resolução de determinados tipos de problemas rela-cionados com a forma, cor, posição ou estrutura do dente (RAMOS et al., 2003).

Page 91: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

171

MARQUES, Leonardo et al.

Reanatomização Cosmética

associada à Cirurgia Plástica

Periodontal, relato de caso clínico.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 167-179, 2012.

Situações clínicas em que o paciente apresenta sorriso gengival e/ou coroa clínica curta se faz necessário a aplicação de técnicas ci-rúrgicas periodontais em associação com outros procedimentos es-pecíficos, visando garantir o aumento da extensão coronária de um ou mais elementos envolvidos na estética do sorriso, com o objetivo de melhorar a forma, o aspecto e contorno gengival. Alguns fatores devem ser avaliados previamente a eleição e execução da técnica cirúrgica, tais como, a localização da margem gengival em relação à junção cemento-esmalte, a crista óssea e a relação coroa-raíz-osso alveolar (PEREIRA et al., 2004). A técnica de gengivectomia/gen-givoplastia visa estabelecer um novo contorno do arco côncavo gen-gival, o que por sua vez favorece harmonia do sorriso. A associa-ção da cirurgia plástica periodontal em tratamentos restauradores estéticos constitui uma alternativa de grande valor na busca de um sorriso harmônico.

Dentro desse contexto, o conceito de simetria, proporção e har-monia têm seu valor quando o profissional se depara com casos ao qual é necessária a complementação estética de um sorriso particu-larmente é satisfatório, e que, no entanto apresenta peculiaridades que possam ser minimizadas através de intervenções clinicas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho, é apresentar um caso clínico, que ofereça ao cirurgião-dentista um exemplo de que existe a possibili-dade de associar procedimentos de plastia periodontal a reanatomi-zação com resinas compostas em região anterior, constituindo uma alternativa clínica que possibilita resultados satisfatórios, no afã de alcançar o sucesso estético exigido pelos pacientes.

relato do caso clínico

Paciente de 21 anos, do gênero masculino, leucoderma, estudante de Odontologia, compareceu a clínica de Dentística Restauradora da Universidade do Sagrado Coração – Bauru/SP, insatisfeito com seu sorriso, em função do tamanho da coroa clínica, falta de alinhamen-to gengival e dentário e ainda apresentando hipoplasia de esmalte no incisivo central superior direito.

Page 92: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

172

MARQUES, Leonardo et al. Reanatomização Cosmética associada à Cirurgia Plástica Periodontal, relato de caso clínico. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 169-181, 2012.Figura 1 - Aspecto inicial da arcada dentária – apresentando hipoplasia de es-

malte no elemento 11, falta de alinhamento na região anterior.

Após a análise clínica e exame dos modelos de gesso, o plano de tratamento foi instituído pela equipe de cirurgiões dentistas, visando associar o tratamento de cirurgia plástica periodontal visando o au-mento das coroas clínicas, previamente à realização de restaurações estéticas diretas nos dentes anteriores.

Inicialmente foram realizadas as moldagens anatômicas para con-fecção dos modelos de estudo e enceramento diagnóstico (figuras 2 e 3).

Figura 2- Enceramento Diagnóstico com a guia de silicone vista frontal e incisal

 

 

Page 93: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

173

MARQUES, Leonardo et al.

Reanatomização Cosmética

associada à Cirurgia Plástica

Periodontal, relato de caso clínico.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 167-179, 2012.

O procedimento cirúrgico periodontal elegido foi a gengivec-tomia associada à gengivoplastia envolvendo os dentes 11,22 e 23, onde, após sondagem periodontal não foi constatado a presença de bolsa periodontal. A profundidade de sondagem com a sonda Crane--Kaplan orientou o procedimento (figura 4), a incisão coronal em ângulo de 45º foi realizada com bisturi nº3 e lâmina nº 15c. (figura 5). Prosseguida da remoção do tecido incisado com gengivótomo de Orban, e a eliminação do tecido de granulação com Curetas de Gol-dman- Fox. Seguindo a seqüência cirúrgica, foi realizada a escultura da gengiva com tesoura de Goldman-fox, removendo os tecidos in-terproximais com Gengivótomo de Orban.

Imediatamente após o término dos procedimentos descritos aci-ma, acomodou-se sobre a área operada uma fina camada de cimento cirúrgico, o qual permaneceu no local por 07 dias pós-operatórios (figura 7).

Figura 4 - Sondagem com sonda Crane- Kaplan, demarcação dospontos de orientação.

Figura 5 - Incisão inicial com lâmina 15c, inclinada para coronal, em ângulo de 45º

Figura 6 - Aspecto final da escultura da gengiva. Destaque para o arco côncavo

Page 94: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

174

MARQUES, Leonardo et al. Reanatomização Cosmética associada à Cirurgia Plástica Periodontal, relato de caso clínico. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 169-181, 2012.

A segunda parte do tratamento, ao qual foi realizado a clareação dental, utilizando Peróxido de Carbamida a 16%, pela técnica ca-seira, por 3 dias, realizada pelo próprio paciente, após orientações, complementada pelo clareamento de consultório utilizando Peróxi-do de Hidrogênio 35% (Dentsply), com fotoativação do Laser White (DMC Equipamentos Ltda, São Carlos, Brasil).

Foi então realizado como parte inicial do planejamento de rea-natomização da bateria de dentes anteriores o enceramento diag-nóstico, utilizando a chamada proporção áurea para referência das medidas. A guia confeccionada em silicone de condensação serviu de base para a execução das restaurações. A fase clínica se iniciou com a tomada da cor, observando todos os seus componentes: ma-triz, croma, saturação e valor. Para esta etapa, foi utilizado o recurso visual, e digital, através de fotografia branca e preta. A resina com-posta que apresentou o valor semelhante ao do dente do paciente foi a Esthet X, no matiz C e croma 2, com as nuances do terço incisal que serão descritas na seqüencia do caso clínico.

.

Figura 7 - Pós-operatório imediato, com cimento cirúrgico protegendoa área operada

Figura 8 –Tomada da cor –Seleção das Resinas Compostas.

Page 95: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

175

MARQUES, Leonardo et al.

Reanatomização Cosmética

associada à Cirurgia Plástica

Periodontal, relato de caso clínico.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 167-179, 2012.

Figura 9 – Recurso digital para tomada de valor. Fotografia branca e preta.

Na seqüência, o isolamento absoluto foi realizado, com a fina-lidade e isentar o campo operatório de qualquer interferência de umidade e contaminação. O passo seguinte ao isolamento abso-luto em grandes reanatomizações é a prova do guia de silicone, verificando a presença de interferências em sua adaptação à região anterior. (figuras 10)

Figura 10 – Guia de Silicona de condensação em posição

Após esta etapa, a remoção da hipoplasia de esmalte do ele-mento 11 foi realizada utilizando a ponta diamantada 1014 (KG So-rensen) em alta rotação orientando o desgaste superficial para a re-moção da área hipoplásica. (figuras 11, 12 e 13)

Page 96: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

176

MARQUES, Leonardo et al. Reanatomização Cosmética associada à Cirurgia Plástica Periodontal, relato de caso clínico. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 169-181, 2012.

Figura 11 – Hipoplasia no elemento 11

Figura 12 – Desgaste superficial com ponta diamantada

Figura 13 – Asperização da área de hipoplasia de esmalte – elemento 11

A seqüência clínica de colocação das resinas compostas iniciou--se pela asperização da face vestibular e borda incisal dos elementos utilizando ponta diamantada nº 3203 (KG Sorensen), seguida pela aplicação do sistema adesivo. O processo de estratificação das resi-nas compostas iniciou-se com a inserção da resina de cor não VITA CE na guia de silicone para reconstruir a concha palatina e a borda incisal, deixando um halo com característica branca leitosa. A ca-

Page 97: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

177

MARQUES, Leonardo et al.

Reanatomização Cosmética

associada à Cirurgia Plástica

Periodontal, relato de caso clínico.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 167-179, 2012.

mada seguinte foi à resina de dentina na cor O C2, reproduzindo o formato dos mamelos (figuras 14 e 15), a seguir a resina de esmalte da cor VITA C2 foi inserida, que se restringiu a recobrir a resina de dentina, para que fosse possível a vizualização da caracterização da borda incisal desejada.

Figura 14 – Confecção da concha palatina e halo leitoso – Esthet X - CE

Figura 15 – Inserção da resina de dentina na cor C2, Resina translúcidaCor YE – Esthet-X.

Na região da borda incisal, foi utilizada a resina translúcida YE, dando um aspecto amarelado a esta região, permitindo a vizua-lização dos mamelos e do halo leitoso branco. (figura 16)

Figura 16- Aspecto final da inserção de todas as camadas de resina.

Page 98: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

178

MARQUES, Leonardo et al. Reanatomização Cosmética associada à Cirurgia Plástica Periodontal, relato de caso clínico. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 169-181, 2012.

Figura 17 – Vista aproximada antes do tratamento.

Figura 18 – Vista aproximada após o tratamento

Figura 19- Sorriso inicial do paciente.

Figura 20- Sorriso final do paciente.

Page 99: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

179

MARQUES, Leonardo et al.

Reanatomização Cosmética

associada à Cirurgia Plástica

Periodontal, relato de caso clínico.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 167-179, 2012.

discussão

No caso clínico descrito, o paciente apresentava-se insatisfeito com a aparência do seu sorriso, devido a uma série de alterações. Clinicamente, foi possível estabelecer algumas considerações com o qual se indicou a terapia cirúrgica periodontal associada à reanato-mização cosmética.

A lesão hipoplásica apresentada pelo paciente se destacou como o motivo principal da queixa pela insatisfação estética do mesmo. A ocorrência dessa alteração está diretamente ligada a estímulos aos ameloblatos dos germes dentários durante a odontogênese (CLARK-SON, 1989; SHAFER; HINE; LEVY, 1987). A utilização de resinas compostas diretas como alternativas de tratamento para lesões hipo-plásicas no esmalte dentário se mostrou eficiente no restabelecimen-to da estética dental e harmonia facial. (BENDO et al, 2007).

Câmara (2006), afirma que é de extrema importância que os cirurgiões-dentistas, em todas as especialidades envolvidas com a Odontologia Estética, utilizem parâmetros estéticos dentários e fa-ciais que auxiliam no diagnóstico e no planejamento de tratamentos odontológicos estéticos. Com a utilização do Diagrama de Referên-cias Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF) por ele apresen-tado, se torna possível a visualização de conceitos de Simetria, eixos dentários, limite do contorno gengival, nível do contato interdentá-rio, bordas incisais, proporções dentárias e linhas do sorriso.

Na literatura, é observado diversos estudos que comprovam a va-lidade da análise facial no planejamento de tratamentos que visam à otimização estética. Reis et al. (2006), afirmam que a análise facial subjetiva é mais um instrumento diagnóstico, que tem sua importân-cia aumentada por ser o parâmetro pelo qual o paciente e as pessoas com as quais ele convive vão avaliar os resultados do tratamento.

O tratamento estético deve ser multidisciplinar, pois abrange vá-rias áreas da Odontologia, utilizando de vários recursos, técnicas e materiais restauradores para a melhoria do sorriso. (MANDARINO, 2003).

Sendo assim, a análise prévia e sistemática da harmonia do con-junto composição dentária e da composição dentofacial, e quaisquer deficiências de forma, tamanho, posição, gradação e proporção áurea da dentição natural ou reconstituída podem ser bem mais planejadas e corrigidas pelo profissional, tanto por desgaste tanto por acrésci-mo de material restaurador, ou os dois procedimentos associados (MONDELLI et al., 2003).

Ainda para o mesmo autor, as restaurações diretas, por meio de técnicas adesivas, se tornaram mais populares nos últimos anos, pela

Page 100: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

180

MARQUES, Leonardo et al. Reanatomização Cosmética associada à Cirurgia Plástica Periodontal, relato de caso clínico. SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 169-181, 2012.

possibilidade de preservação da estrutura dentária, pois nenhum tipo de preparo é necessário; e também pelo fato das resinas compostas alcançarem excelentes resultados estéticos. Por dispensarem etapas laboratoriais, consomem menos tempo clínico que o necessário para restaurações indiretas, tornando o procedimento clinico mais viável em casos onde se deseja o sucesso estético.

conclusão

Dentre as vastas opções de otimização da estética em Odontolo-gia destacamos a cirurgia plástica periodontal associada à reanato-mização cosmética com uma alternativa de elevado sucesso clinico quando bem indicada. Um olhar atento ao contorno dental e gengi-val, a cor, a textura superficial e as características faciais do paciente se destacam como fatores importantes na busca do sucesso clínico e estético.

reFerÊncias

ARAÚJO, M. A; KINA, S.; AUGUST, B. Manejo do sorriso gengi-voso. Rev. Dental Press Periodontia Implantol., Maringá, v. 1, n. 1, p. 68-75, jan./mar. 2007.

BENDO, C. B. et al. Enamel hypoplasia in permanent incisors: a six-month follow-up. RGO Porto Alegre, Porto Alegre, v.55, n.1, p. 107-112, jan./mar. 2007.

BUDA, M. Form and color reprodution for composite resin recons-truction of anterior teeth. Int. J. Periodontics. Rest. Dent., Chicago , v. 14, n. 1, p. 34-47, 1994.

CLARKSON, J. Review of terminology, classification, and indices of developmental defects of enamel. Adv. Dental Res., Washington, v. 3, n. 2, p. 104-109, 1989.

CAMARA, C. A. L. P. da. Estética em ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev. Dent. Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 11, n. 6, p. 130-156, 2006.

MANDARINO, F. Cosmética em restaurações estéticas. Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, 2003. Disponível em: <http://www.forp.usp.br/restauradora/dentistica/temas/este_cosm/este_cosm.html>. Acesso em: 10 out. 2012

Page 101: S /ContentS - secure.usc.br · cida conceituação de Leavell e Clarck (1976) a entende como “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável

181

MARQUES, Leonardo et al.

Reanatomização Cosmética

associada à Cirurgia Plástica

Periodontal, relato de caso clínico.

SALUSVITA, Bauru, v. 31, n. 2, p. 167-179, 2012.

MONDELLI, J. et al. Estética e cosmética em clínica integrada restauradora. São Paulo: Santos, 2003. 546 p.

RAMOS, J. C. et al. Coronoplastias de dentes anteriores com resinas compostas microhibridas. Dentsply, Espanha, maio 2003. Disponí-vel em: <http://www.dentsply.es/Noticias/clinica2408.htm>. Acesso em: 10 out. 2012.

REIS, S. A. B. et al. Análise facial cubjetiva. Rev. Dent. Press Or-todon. Ortop. Facial, Maringá, v.11, n.5, p. 159-172, 2006.

SHAFER, W. G.; HINE, M. K.; LEVY, B. M. Tratado de patologia bucal. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987.