rural imediatamente anterior stj

Superior Tribunal de JustiaPETIO N 7.476 - PR (2009/0171150-5) (f) RELATOR R.P/ACRDO REQUERENTE ADVOGADO REQUERIDO PROCURADOR : : : : : : MINISTRO NAPOLEO NUNES MAIA FILHO MINISTRO JORGE MUSSI ROZARIA DE BIAZI RODLER WAGNER LUIZ STORER INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS MRCIA SOUSA DE SO PAULO E OUTRO(S) EMENTA PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS: IDADE E COMPROVAO DA ATIVIDADE AGRCOLA NO PERODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. ARTS. 26, I, 39, I, E 143, TODOS DA LEI N. 8.213/1991. DISSOCIAO PREVISTA NO 1 DO ART. 3 DA LEI N. 10.666/2003 DIRIGIDA AOS TRABALHADORES URBANOS. PRECEDENTE DA TERCEIRA SEO. 1. A Lei n. 8.213/1991, ao regulamentar o disposto no inc. I do art. 202 da redao original de nossa Carta Poltica, assegurou ao trabalhador rural denominado segurado especial o direito aposentadoria quando atingida a idade de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher (art. 48, 1). 2. Os rurcolas em atividade por ocasio da Lei de Benefcios, em 24 de julho de 1991, foram dispensados do recolhimento das contribuies relativas ao exerccio do trabalho no campo, substituindo a carncia pela comprovao do efetivo desempenho do labor agrcola (arts. 26, I e 39, I). 3. Se ao alcanar a faixa etria exigida no art. 48, 1, da Lei n. 8.213/91, o segurado especial deixar de exercer atividade como rurcola sem ter atendido a regra de carncia, no far jus aposentao rural pelo descumprimento de um dos dois nicos critrios legalmente previstos para a aquisio do direito. 4. Caso os trabalhadores rurais no atendam carncia na forma especificada pelo art. 143, mas satisfaam essa condio mediante o cmputo de perodos de contribuio em outras categorias, faro jus ao benefcio ao completarem 65 anos de idade, se homem, e 60 anos, se mulher, conforme preceitua o 3 do art. 48 da Lei de Benefcios, includo pela Lei n 11.718, de 2008. 5. No se mostra possvel conjugar de modo favorvel ao trabalhador rural a norma do 1 do art. 3 da Lei n. 10.666/2003, que permitiu a dissociao da comprovao dos requisitos para os benefcios que especificou: aposentadoria por contribuio, especial e por idade urbana, os quais pressupem contribuio. 6. Incidente de uniformizao desprovido. ACRDODocumento: 1028828 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 25/04/2011 Pgina 1 de 19

Superior Tribunal de JustiaVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da TERCEIRA SEO do Superior Tribunal de Justia, na conformidade dos votos e das notas taquigrficas a seguir: Aps o voto do Sr. Ministro Relator julgando procedente o incidente, no que foi acompanhado pelo Sr. Ministro Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP) e aps o voto divergente do Sr. Ministro Jorge Mussi, julgando improcedente o incidente, no que foi acompanhado pelo Srs. Ministros Og Fernandes, Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) e Maria Thereza de Assis Moura, a Seo, por maioria, julgou improcedente o pedido de incidente de uniformizao de jurisprudncia, nos termos do voto do Sr. Ministro Jorge Mussi, que lavrar o acrdo. Vencidos os Srs. Ministros Napoleo Nunes Maia Filho (Relator) e Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP), que o julgaram procedente. Votaram com o Sr. Ministro Jorge Mussi os Srs. Ministros Og Fernandes, Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) e Maria Thereza de Assis Moura. Vencidos os Srs. Ministros Napoleo Nunes Maia Filho e Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP). Impedido o Sr. Ministro Gilson Dipp. Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Laurita Vaz. A Dra. Luysien Coelho Marques Silveira sustentou oralmente pelo requerido.

Braslia (DF), 13 de dezembro de 2010(Data do Julgamento)

MINISTRO JORGE MUSSI Relator

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Superior Tribunal de JustiaPETIO N 7.476 - PR (2009/0171150-5) RELATOR : MINISTRO NAPOLEO NUNES MAIA FILHO REQUERENTE : ROZARIA DE BIAZI RODLER ADVOGADO : WAGNER LUIZ STORER REQUERIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : MRCIA SOUSA DE SO PAULO E OUTRO(S)

RELATRIO1. Trata-se de Incidente de Uniformizao de interpretao de Lei

Federal instaurado a pedido de ROZARIA DE BIAZI RODLER com fundamento no art. 14, 4o. da Lei 10.259/2001, nos autos da ao ordinria proposta em desfavor da Autarquia Previdenciria, em que a segurada postula a concesso de aposentadoria por idade e por tempo de contribuio. 2. A ao foi ajuizada perante a Vara do Juizado Especial

Federal Cvel da Subseo Judiciria de Maring (SJ/PR), que julgou improcedente o pedido. 3. Em sede de Recuso Inominado, a 2a. Turma Recursal da

Seo Judiciria do Paran manteve a sentena. 4. A suscitante, ao argumento de que o decisum teria divergido

do entendimento desta Corte Superior, ajuizou pedido de uniformizao de jurisprudncia perante a Turma Nacional de Uniformizao de Jurisprudncia dos Juizados Especiais Federais. 5. O incidente foi conhecido pela Turma Regional de

Uniformizao, mas foi-lhe negado provimento, em acrdo assim ementado:PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. ATIVIDADE RURAL EXERCIDA PELO PERODO DE CARNCIA MAS O IMPLEMENTO DA IDADE OCORREU QUANDO O SEGURADO J HAVIA DEIXADO A LAVOURA PARA EXERCER ATIVIDADE URBANA. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSO DO BENEFCIO. LABOR RURAL DEVE SER IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO IMPLEMENTO DA IDADE (fls. 134).


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Superior Tribunal de Justia6. Diante dessa deciso, a segurada apresentou Pedido de Uniformizao de Jurisprudncia dirigido Turma Nacional de Uniformizao de Jurisprudncia dos Juizados Especiais Federais, que conheceu em parte o pedido e negou-lhe provimento, nos seguintes termos:PREVIDENCIRIO. RURCOLA. IMPLEMENTO DA IDADE POSTERIOR SADA DO CAMPO. APOSENTADORIA. EXERCCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. REQUISITO. NO CUMPRIMENTO. ARTIGO 3o., 1o. DA LEI 10.666, DE 2003. INAPLICABILIDADE.

7.

Por fim, a requerente suscitou Incidente de Uniformizao de

Jurisprudncia perante este Superior Tribunal, alegando que o acrdo hostilizado est em desconformidade com o entendimento desta Corte segundo o qual para a aposentadoria por idade no necessrio que os requisitos sejam implementados simultaneamente. Alega, ainda, que em relao ao benefcio de aposentadoria por tempo de contribuio, impe-se apenas que a carncia tenha sido cumprida durante o tempo de trabalho urbano. 8. O INSS apresentou contrarrazes s fls. 273/274, em que

sustenta a inadmisso do incidente ao argumento de que o acrdo recorrido no analisou a questo de mrito relativa concesso da aposentadoria por tempo de contribuio , e, quanto aposentadoria rural por idade, aduz que os precedentes da Terceira Seo apresentados pela parte autora, relativos desnecessidade de implementao simultnea dos requisitos para a concesso de uma aposentadoria por idade versam acerca da aposentadoria por idade de trabalhador urbano, e no de trabalhador rural (fls. 274). 9. Em deciso de fls. 275/289, o incidente foi admitido pelo

Ministro Presidente da Turma Nacional de Uniformizao de Jurisprudncia dos Juizados Especiais Federais. 10. Demonstrada, em princpio, a divergncia entre os julgados, os

embargos foram admitidos por este Tribunal Superior s fls. 294/297 somente quanto questo relativa desnecessidade de implementao simultnea dosDocumento: 1028828 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 25/04/2011 Pgina 4 de 19

Superior Tribunal de Justiarequisitos para a concesso de aposentadoria rural por idade. 11. Nos termos do art. 14, 7o. da Lei 10.259/2001 e art. 2o., II da

Resoluo 10/2007 da Presidncia desta Corte, foram expedidos ofcios ao Presidente da Turma Nacional de Uniformizao e aos Presidentes das Turmas Recursais, comunicando o processamento do incidente e solicitando informaes (fls. 300/451). 12. Publicou-se edital no Dirio da Justia (fl. 457) e divulgou-se a

informao no noticirio do Superior Tribunal de Justia na Internet (fl. 461), para dar cincia a eventuais interessados sobre a instaurao do incidente, para, querendo, manifestarem-se perante esta Corte, no prazo de trinta (30) dias. 13. O Presidente da Turma Nacional de Uniformizao e os

Presidentes de algumas Turmas Recursais prestaram informaes, nas quais alegam, em suma, que a Turma Nacional j firmou entendimento pela

desnecessidade de que as condies para o implemento da aposentadoria se d de forma simultnea, uma vez que o art. 102, 1o. da Lei 8.213/91 no exige tal simultaneidade. 14. Os Juzes Federais Presidentes da 2a. Turma Recursal da

Seo Judiciria do Rio Grande do Sul (fls. 488), da 1a. Turma Recursal da Seo Judiciria do Paran (fls. 490) e da 1a. Turma Recursal da Seo Judiciria do Rio de Janeiro (fls. 525) informam que tambm adotam esse citado entendimento da Turma Nacional, mas ressalvam a exigncia do exerccio da atividade rural, ainda que descontnua, no perodo imediatamente anterior ao requerimento do benefcio, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91. 15. O Ministrio Pblico Federal, em parecer da lavra do eminente

Subprocurador-Geral da Repblica WALLACE DE OLIVEIRA BASTOS, opina pelo provimento do presente Incidente de Uniformizao de Interpretao de Lei Federal, em parecer assim ementado:Incidente de Uniformizao de Interpretao de Lei Federal. Deciso da Turma Nacional de Uniformizao de Jurisprudncia dos JuizadosDocumento: 1028828 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 25/04/2011 Pgina 5 de 19

Superior Tribunal de JustiaEspeciais Federais - TNU que negou provimento ao incidente ali instaurado sobre a espcie vertente, negando pedido de concesso de aposentadoria rural por idade e no conhecendo de pedido relativo aposentadoria por tempo de contribuio. Insurgncia fundada no art. 14, 4o. da Lei 10.259/2001 e art. 36 do Regimento Interno da TNU. Deciso hostilizada que no apreciou o mrito da questo relativa aposentadoria por contribuio. No cabimento do Incidente de Uniformizao quanto a esse ponto. Art. 14 da Lei 10.259/01. Alegao de divergncia entre a deciso recorrida e julgados dessa Colenda Corte. Demonstrao. Aposentadoria rural por idade. Requisitos. Desnecessidade de preenchimento simultneo. Art. 143 da Lei 8.213/91. Caso em que a requerente preencheu o requisito etrio para a concesso do benefcio em comento aps ter passado a contribuir com o regime urbano. Irrelevncia, in casu. Parecer pelo provimento do presente incidente, resultando na reforma da deciso atacada para que seja afastada a exigncia de preenchimento simultneo dos requisitos para a concesso da aposentadoria rural por idade (fls. 531).

16.

o relatrio.


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Superior Tribunal de JustiaPETIO N 7.476 - PR (2009/0171150-5) RELATOR : MINISTRO NAPOLEO NUNES MAIA FILHO REQUERENTE : ROZARIA DE BIAZI RODLER ADVOGADO : WAGNER LUIZ STORER REQUERIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : MRCIA SOUSA DE SO PAULO E OUTRO(S)

VOTOPREVIDENCIRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAO DE INTERPRETAO DE LEI FEDERAL. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. COMPROVAO DO EXERCCIO DO LABOR RURAL PELO PERODO DE CARNCIA. IMPLEMENTO DO REQUISITO ETRIO APS O AFASTAMENTO DA ATIVIDADE RURAL, MAS NA CONSTNCIA DA QUALIDADE DE SEGURADO DO REGIME GERAL DA PREVIDNCIA SOCIAL. BENEFCIO DEVIDO. PARECER DO MPF PELO PROVIMENTO DO INCIDENTE. INCIDENTE DE UNIFORMIZAO PROVIDO. 1. A Lei 8.213/91 dispe em seu art. 143 que ser devida a aposentadoria por idade ao Trabalhador Rural que completar 60 anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher, desde que comprove o exerccio de atividade rural, ainda que de forma descontnua, no perodo imediatamente anterior ao requerimento do benefcio, em nmero de meses idntico ao perodo de carncia. 2. Por sua vez, o nmero de meses exigido para a carncia encontra-se fixado na tabela constante do art. 142 da Lei 8.213/91, que, com a redao dada pela Lei 9.032/95, determina que o tempo de carncia ser estabelecido levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as condies necessrias obteno do benefcio. 3. Dessa forma, o segurado dever comprovar o labor rural no perodo imediatamente anterior ao requerimento do benefcio (art. 143 da LBPS) ou ao ano do implemento da idade, desde que nesse momento j disponha de tempo de trabalho rural suficiente para a obteno do benefcio (art. 142 da LBPS). 4. Tendo a Lei 8.213/91, em seu art. 15, estabelecido um perodo de graa no qual se prorroga a qualidade de segurado independentemente de contribuies, deve esse dispositivo ser aplicado aos Trabalhadores Urbanos e Rurais sem distino, de modo a garantir a concesso da aposentadoria rural por idade quando comprovado o labor rural pelo perodo de carncia e o implemento da idade ocorrer em at 36 meses (maior dilao do perodo deDocumento: 1028828 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 25/04/2011 Pgina 7 de 19

Superior Tribunal de Justiagraa) do afastamento da atividade rural. 5. No h razo jurdica para no se garantir ao Trabalhador Rural a benesse reconhecida ao Trabalhador Urbano (perodo de graa), pois ofenderia a lgica do razovel exigir que a aposentadoria do Trabalhador Rural se submeta a requisitos mais rgidos do que os aplicveis aposentadoria do Trabalhador Urbano, j que a tutela do Direito Previdencirio ao rurcola deve ser compreendida como ao poltica que visa a incluso desse Trabalhador no sistema, dado que historicamente dele foi sempre desassistido. 6. Alm disso, se a aposentadoria rural por idade seria concedida independentemente do pagamento de contribuies, com maior razo deve-se garantir tambm a concesso do benefcio ao segurado que recolheu contribuies previdencirias para a Seguridade Social como trabalhador urbano aps o afastamento da lide rural, sem, no entanto, cumprir a carncia para a concesso da aposentadoria urbana, uma vez que essa situao no acarreta qualquer prejuzo ao equilbrio atuarial do sistema previdencirio e, pelo contrrio, at o favorece. 7. Eventual entendimento adverso importaria em privar o Trabalhador do direito inativao, porque os requisitos para a aposentadoria rural no esto implementados, pela falta do requisito etrio, e a carncia para a concesso de aposentadoria urbana no foi cumprida. 8. Assim, o Trabalhador Rural que se afasta dessa atividade antes de implementar as condies para inativar-se tem direito percepo da aposentadoria rural, no valor de 1 salrio mnimo, quando completa aquelas condies (idade e carncia) vinculado ao sistema previdencirio, seja por se encontrar no perodo de graa, seja porque tenha passado a contribuir para o Regime Geral da Previdncia Social em virtude do exerccio de atividade urbana. 9. No presente caso, a requerente completou por inteiro o tempo de servio rural exigido pelo art. 142 da Lei 8.213/91 antes de implementar 55 anos de idade, o que veio a ocorreu em menos de 4 anos aps a cessao do labor rural, e quando j se achava no exerccio de atividade urbana sujeita ao Regime Geral da Previdncia Social. 10. Incidente de Uniformizao provido para fazer prevalecer a orientao ora firmada e, por consequncia, reformar a deciso recorrida para julgar procedente o pedido de concesso de aposentadoria rural por idade, no valor de 1 salrio mnimo.


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Superior Tribunal de Justia1. O presente Incidente de Uniformizao de Jurisprudncia visa

solver a controvrsia adstrita possibilidade de concesso de aposentadoria rural por idade ao Trabalhador que, a despeito de ter cumprido a carncia exigida, afasta-se da lide campesina bem prximo de atingir o limite etrio fixado. 2. A Constituio Federal/88 incluiu o Trabalhador do campo no

Regime Geral de Previdncia Social, nos termos do art. 201, 7, II, tendo a Lei 8.213/91, que regula os Benefcios da Previdncia Social, estabelecido um perodo de transio em que o Trabalhador Rural que j integrava o sistema de previdncia social encontra-se dispensado do recolhimento das contribuies necessrias ao reconhecimento do tempo de atividade agrcola. 3. Nesse diapaso, a Lei 8.213/91 dispe em seu art. 143 que

ser devida a aposentadoria por idade ao Trabalhador Rural que completar 60 anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher, desde que comprove o exerccio de atividade rural, ainda que de forma descontnua, no perodo imediatamente anterior ao requerimento do benefcio, em nmero de meses idntico ao perodo de carncia. Eis a redao desse dispositivo, na vigncia da Lei 9.063/95:Art. 143 - O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatrio no Regime Geral de Previdncia Social, na forma da alnea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salrio mnimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigncia desta Lei, desde que comprove o exerccio de atividade rural, ainda que descontnua, no perodo imediatamente anterior ao requerimento do benefcio, em nmero de meses idntico carncia do referido benefcio.

4.

Por sua vez, o nmero de meses exigido para a carncia

encontra-se fixado na tabela constante do art. 142 da Lei 8.213/91, que, com a redao dada pela Lei 9.032/95, determina que o tempo de carncia ser estabelecido levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as


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Superior Tribunal de Justiacondies necessrias obteno do benefcio. 5. Dessa forma, o segurado dever comprovar o labor rural pelo

perodo imediatamente anterior ao requerimento do benefcio (art. 143 da LBPS) ou ao ano do implemento da idade, desde que nesse momento j disponha de tempo de trabalho rural suficiente para a obteno do benefcio (art. 142 da LBPS). 6. A controvrsia posta na presente demanda diz respeito

citada exigncia legal de que o labor rural deva ser exercido pelo perodo imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou ao implemento da idade, impondo-se conceituar o alcance dessa expresso. 7. Acerca dessa questo, creio no ser razovel que se negue ao

trabalhador o direito ao recebimento da aposentadoria rural quando comprovado o trabalho na agricultura pelo perodo de carncia, ainda que o implemento da idade limite tenha ocorrido aps o afastamento da atividade rural, no caso em que ainda mantenha o vnculo com o sistema previdencirio , seja por se encontrar no perodo de graa, seja porque tenha passado a contribuir para o Regime Geral da Previdncia Social em razo do exerccio de atividade urbana. 8. De fato, tendo a Lei 8.213/91, em seu art. 15, estabelecido um

perodo de graa, no qual se prorroga a qualidade de segurado independentemente de contribuies, deve esse dispositivo ser aplicado aos Trabalhadores Urbanos e Rurais sem distino, de modo a garantir a concesso do benefcio quando comprovado o labor rural pelo perodo de carncia, e o implemento da idade mnima ocorra em at 36 meses (maior dilao do perodo de graa) do afastamento da atividade rural. 9. No h razo jurdica para no se garantir ao Trabalhador

Rural a benesse reconhecida ao Trabalhador Urbano (perodo de graa), pois ofenderia a lgica do razovel exigir que a aposentadoria do Trabalhador Rural se submeta a requisitos mais rgidos que os aplicveis aposentadoria do Trabalhador Urbano.


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Superior Tribunal de Justia10. No se deve perder de vista que a concesso de aposentadoria rural possui relevante valor social, uma vez que busca amparar o obreiro rural por meio de distribuio da renda pela via da assistncia social, de modo que a aplicao do Direito Previdencirio ao rurcola no deve se afastar da poltica que visa a incluso desse Trabalhador no sistema, dado que historicamente foi sempre desassistido. 11. Assim, levando-se em considerao o risco social tutelado pela

aposentadoria rural por idade, o afastamento da lide campesina aps o cumprimento do perodo de carncia, em virtude das vicissitudes fsicas e econmicas que impediram a continuao da extenuante e diuturna atividade rural, no afasta o direito percepo de aposentadoria rural por idade no valor mnimo. 12. Alm disso, se a aposentadoria rural por idade seria concedida

independentemente do pagamento de contribuies, com maior razo deve-se garantir tambm a concesso do benefcio ao segurado que recolheu contribuies previdencirias para a Seguridade Social como trabalhador urbano aps o afastamento da lide rural, sem, no entanto, cumprir a carncia para a concesso da aposentadoria urbana, uma vez que essa situao no acarreta qualquer prejuzo ao equilbrio atuarial do sistema previdencirio e, pelo contrrio, at o favorece. Nesse mesmo sentido, alis, a lio do ilustre Professor JOS ANTONIO SAVARIS:A meu juzo, o princpio da uniformidade e equivalncia das prestaes da Seguridade Social s populaes urbanas e rurais (CF/88, art. 194, II), iluminado a partir do valor 'universalidade' (CF/88, art. 194, I), pode ser aplicado de maneira a se evitar que a pessoa que migre do meio rural para o urbano (ou deixe de exercer atividade rural para passar atividade de natureza urbana) seja penalizada a ponto extremo de ser ignorado todo um passado de trabalho rural (em desprestgio ao princpio do valor social do trabalho - CF/88, art. 193) e os correspondentes direitos previdencirios em estgio de aquisio. Segundo penso, esta viso sub-regimes previdencirios estanques, construda a partir da ideia de que h um abismo entre as normas previdencirias dos trabalhadores rurais e aquelas dirigidas aos trabalhadores urbanos, vai contra um dos pressupostos fundamentais da previdncia social constitucional: a organizao de um nico regime geral da previdncia social (CF/88, art. 201), o qual deve proporcionar igualdade deDocumento: 1028828 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 25/04/2011 Pgina 1 1 de 19

Superior Tribunal de Justiatratamento entre os trabalhadores urbanos e rurais, na justa medida de suas igualdades (CF/88, art. 194, II). Assim, se o tempo de exerccio de atividade rural que faltava para o ex-trabalhador rural se aposentar por idade preenchido por contribuies efetivamente recolhidas para a seguridade social, devida a prestao previdenciria, no advindo da qualquer prejuzo ao sistema, sob uma perspectiva financeira ou atuarial, j que o benefcio seria concedido, a rigor, independentemente de contribuies (Benefcios Programveis do Regime Geral da Previdncia Social - Aposentadoria por tempo de contribuio e aposentadoria por idade. Curso de Especializao em Direito Previdencirio, Curitiba, Juru Editora, 2007, p. 189).

13.

Eventual

entendimento

adverso

importaria

em

privar

o

trabalhador do direito inativao, porque os requisitos para a aposentadoria rural no esto implementados, pela falta do requisito etrio, e a carncia para a concesso de aposentadoria urbana no foi cumprida. 14. Na hiptese dos autos, o Magistrado de 1o. grau reconheceu o

exerccio do labor rural pela autora no perodo de 7.10.1961 a 3.1.1995, superior, portanto, ao limite de 102 meses de carncia exigido pelo art. 142 da Lei 8.213/91; j que a autora completou 55 anos de idade em 4.9.1998. 15. Embora o implemento do requisito etrio tenha ocorrido em

1998, aps a autora ter se afastado do trabalho do campo, tendo sido mantida a qualidade de segurada, uma vez que passou a contribuiu para o Regime Geral da Previdncia Social em razo do exerccio de atividade urbana, faz jus concesso da aposentadoria rural por idade. 16. Uniformizao Com base nessas consideraes, acolhe-se o Incidente de de Jurisprudncia para fazer prevalecer a orientao ora

estabelecida e, por consequncia, reformar a deciso recorrida para julgar procedente o pedido de concesso de aposentadoria rural por idade, no valor de 1 salrio mnimo, a partir da citao, acrescido de correo monetria a partir do vencimento de cada parcela (Smula 148/STJ c/c art. 1o., 1o. da Lei 6.899/81) e de juros de mora de 1% ao ms, contados da citao at o efetivo cumprimento do


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Superior Tribunal de Justiajulgado. 17. Arcar o INSS com o pagamento das custas processuais, bem

como de honorrios advocatcios que fixo em 10% sobre o valor da condenao, observando-se a Smula 111/STJ. 18. como voto.


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Superior Tribunal de JustiaPETIO N 7.476 - PR (2009/0171150-5) (f) VOTO-VENCEDOR O SENHOR MINISTRO JORGE MUSSI: Rozria de Biazi Rodler formulou incidente contra acrdo da Turma Nacional de Uniformizao sob a alegao de que o entendimento do Superior Tribunal de Justia inclina-se no sentido de que, para a aposentadoria por idade, no necessrio que os requisitos sejam implementados simultaneamente. Defende a autora assistir-lhe o direito aposentadoria rural por idade, em que pese tenha deixado a lide no campo trs anos antes do implemento do requisito etrio, perodo em que exerceu atividades com vnculo urbano. O Min. Relator deu provimento ao incidente para reformar a deciso da TNU e julgar procedente o pleito de aposentadoria por idade rural no valor de um salrio mnimo. No entanto, com todas as vnias, tenho que a irresignao no merece acolhimento. que a Lei n. 8.213/1991, ao regulamentar o disposto no inc. I do art. 202 da redao original de nossa Carta Poltica, assegurou ao trabalhador rural denominado segurado especial o direito aposentadoria quando atingida a idade de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher (art. 48, 1). Nesse desiderato, para aqueles j em atividade por ocasio da Lei de Benefcios, em 24 de julho de 1991, dispensou-se o recolhimento das contribuies relativas ao exerccio do trabalho no campo, substituindo a carncia pela comprovao do efetivo desempenho do labor agrcola (arts. 26, I e 39, I). O art. 143, repetindo a redao do inc. I do art. 39 e do 2 do art. 48, dispe que a aposentadoria por idade ser concedida desde que comprove o exerccio de atividade rural, ainda que descontnua, no perodo imediatamente anterior ao requerimento, em nmero de meses idntico carncia do referido benefcio, observada a tabela de transio do art. 142 da Lei de Benefcios. Dessa forma, se ao alcanar a faixa etria exigida no art. 48, 1, daDocumento: 1028828 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 25/04/2011 Pgina 1 4 de 19

Superior Tribunal de JustiaLei n. 8.213/91, o segurado especial deixar de exercer atividade como rurcola sem ter atendido a citada regra de carncia, no far jus aposentao rural pelo descumprimento de um dos dois nicos critrios legalmente previstos para a aquisio do direito. Caso os trabalhadores rurais no atendam carncia na forma especificada pelo art. 143, mas satisfaam essa condio mediante o cmputo de perodos de contribuio em outras categorias, faro jus ao benefcio ao completarem 65 anos de idade, se homem, e 60 anos, se mulher, conforme preceitua o 3 do art. 48 da Lei de Benefcios, includo pela Lei n 11.718, de 2008. O que no se mostra possvel conjugar de modo favorvel ao trabalhador rural a norma do 1 do art. 3 da Lei n. 10.666/2003, que permitiu a dissociao da comprovao dos requisitos para os benefcios que especificou: aposentadoria por contribuio, especial e por idade urbana, os quais pressupem contribuio. A jurisprudncia consolidada no mbito desta Corte, firmada a partir da interpretao dada ao art. 102, 1, da Lei de Benefcios foi bem delineada pelo acrdo recorrido, como se l do seguinte excerto da deciso da TNU, assim ementada, no ponto, verbis :3. Os precedentes da Terceira Seo do Superior Tribunal de Justia relativos desnecessidade de implemento simultneo dos requisitos para concesso de uma aposentadoria por idade versam acerca da aposentadoria por idade de trabalhador urbano, e no de trabalhador rural, como se infere da anlise do EREsp. n 502420/SC, (rel. Min. Jos Arnaldo da Fonseca, julg. 11.05.2005, DJ 23.05.2005), bem assim do EREsp. n 649496/SC (rel. Min. Hamilton Carvalhido, julg. 08.03.2006, DJ 10.04.2006) e do EREsp. n 551997/RS (rel. Min. Gilson Dipp, julg. 27.04.2005, DJ 11.05.2005) (grifou-se).

Veja-se, a propsito, o seguinte aresto que em exemplifica a hiptese:EMBARGOS DE DIVERGNCIA NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. NOTRIO DISSDIO JURISPRUDENCIAL. MITIGAO DOS REQUISITOS FORMAIS DE ADMISSIBILIDADE. PRECEDENTES DA CORTE ESPECIAL. PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR URBANO. PREENCHIMENTO SIMULTNEO DOS REQUISITOS LEGAIS. DESNECESSIDADE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO.Documento: 1028828 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 25/04/2011 Pgina 1 5 de 19

Superior Tribunal de JustiaIRRELEVNCIA. 1. A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia firmou-se no sentido de que, em se tratando de notrio dissdio jurisprudencial, devem ser mitigados os requisitos formais de admissibilidade concernentes aos embargos de divergncia. Nesse sentido: EREsp n 719.121/RS, Relator Ministro JOO OTVIO DE NORONHA, DJ 12/11/2007; EDcl no AgRg no REsp n. 423.514/RS, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJ de 06/10/2003; AgRg no AgRg no REsp n. 486.014/RS, Rel. Min. DENISE ARRUDA, DJ de 28.11.2005. 2. Esta Corte Superior de Justia, por meio desta Terceira Seo, asseverou, tambm, ser desnecessrio o implemento simultneo das condies para a aposentadoria por idade, na medida em que tal pressuposto no se encontra estabelecido pelo art. 102, 1., da Lei n. 8.213/91. 3. Desse modo, no h bice concesso do benefcio previdencirio, ainda que, quando do implemento da idade, j se tenha perdido a qualidade de segurado. Precedentes. 4. No caso especfico dos autos, de se ver que o obreiro, alm de contar com a idade mnima para a obteno do benefcio em tela, cumpriu o perodo de carncia previsto pela legislao previdenciria, no importando, para o deferimento do pedido, que tais requisitos no tenham ocorrido simultaneamente. 5. Embargos de divergncia acolhidos, para, reformando o acrdo embargado, restabelecer a sentena de primeiro grau (EREsp 776.110/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEO, julgado em 10/3/2010, DJe 22/3/2010) (grifou-se).

Ante o exposto, nego provimento ao presente incidente. o voto.


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Superior Tribunal de JustiaPETIO N 7.476 - PR (2009/0171150-5)

VOTO

O SR. MINISTRO OG FERNANDES: Sra. Presidente, pelas observaes contidas na discusso do tema enriquecido sobremaneira pela presena do Sr. Ministro Gilson Dipp, peo licena ao Sr. Ministro Relator para acompanhar a divergncia, julgando improcedente o pedido de incidente de uniformizao.


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Superior Tribunal de JustiaCERTIDO DE JULGAMENTO TERCEIRA SEO

Nmero Registro: 2009/0171150-5Nmeros Origem: 200370030075376 200570950016044 PAUTA: 13/12/2010

Pet

7.476 / PR

JULGADO: 13/12/2010

Relator Exmo. Sr. Ministro NAPOLEO NUNES MAIA FILHO Relator para Acrdo Exmo. Sr. Ministro JORGE MUSSI Ministro Impedido Exmo. Sr. Ministro : GILSON DIPP

Presidente da Sesso Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ Subprocurador-Geral da Repblica Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS Secretria Bela. VANILDE S. M. TRIGO DE LOUREIRO AUTUAOREQUERENTE ADVOGADO REQUERIDO PROCURADOR : : : : ROZARIA DE BIAZI RODLER WAGNER LUIZ STORER INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS MRCIA SOUSA DE SO PAULO E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO PREVIDENCIRIO - Benefcios em Espcie - Aposentadoria por Tempo de Servio (Art. 52/4)

SUSTENTAO ORAL A Dra. Luysien Coelho Marques Silveira sustentou oralmente pelo requerido. CERTIDO Certifico que a egrgia TERCEIRA SEO, ao apreciar o processo em epgrafe na sesso realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso: Aps o voto do Sr. Ministro Relator julgando procedente o incidente, no que foi acompanhado pelo Sr. Ministro Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP) e aps o voto divergente do Sr. Ministro Jorge Mussi, julgando improcedente o incidente, no que foi acompanhado pelo Srs. Ministros Og Fernandes, Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) e Maria Thereza de Assis Moura, a Seo, por maioria, julgou improcedente o pedido de incidente de uniformizao de jurisprudncia, nos termos do voto do Sr. Ministro Jorge Mussi, que lavrar o acrdo. Vencidos os Srs. Ministros Napoleo Nunes Maia Filho (Relator) e Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP), que o julgaram procedente. Votaram com o Sr. Ministro Jorge Mussi os Srs. Ministros Og Fernandes, HaroldoDocumento: 1028828 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 25/04/2011 Pgina 1 8 de 19

Superior Tribunal de JustiaRodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) e Maria Thereza de Assis Moura. Vencidos os Srs. Ministros Napoleo Nunes Maia Filho e Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP). Impedido o Sr. Ministro Gilson Dipp. Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Laurita Vaz. Braslia, 13 de dezembro de 2010

VANILDE S. M. TRIGO DE LOUREIRO Secretria


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