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1 Índice dos Capítulos IX e X: Ruído e Fibras Ópticas 9. Ruído...................................................................................................................... 2 9.1 Introdução ao Ruído ............................................................................................. 2 9.2 Fontes de ruído.................................................................................................... 2 9.3 Medição do ruído ................................................................................................. 3 9.4 Técnicas de redução de ruído ................................................................................. 5 9.5 Fonte de ruído de banda larga ............................................................................... 7 9.6 Potência Equivalente de ruído (NEP) ....................................................................... 8 10. Fibras Ópticas em instrumentação............................................................................. 9 10.1 Introdução ........................................................................................................ 9 10.2 Constituição e classificação de fibras ópticas ........................................................ 10 10.3 Modos de funcionamento de uma fibra óptica ....................................................... 12 a) Cabo de modo singular ...................................................................................... 14 b) Cabo multimodo e cabo POF ............................................................................... 14 c) Fibras multimodo de índice gradual...................................................................... 15 10.4 Desenho básico de um cabo de Fibras Ópticas e terminais de ligação ....................... 15 10.5 Utilização de fibras ópticas como sensores. .......................................................... 19 10.5.1 Fibra óptica utilizada como sensor de temperatura .......................................... 20 10.5.2 Fibra óptica com transdutor de pressão .......................................................... 21 10.5.3 Fibra óptica como sensor de som .................................................................. 22 10.5.4 Fibra óptica como sensor de nível de fluidos ................................................... 23 10.5.4 Fibra óptica como nariz óptico ...................................................................... 24 10.5.5 Fibras Ópticas Transdutoras de Nível de Deslocamento (FOLDT). ....................... 25

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Índice dos Capítulos IX e X: Ruído e Fibras Ópticas

9. Ruído......................................................................................................................2

9.1 Introdução ao Ruído .............................................................................................2

9.2 Fontes de ruído....................................................................................................2

9.3 Medição do ruído .................................................................................................3

9.4 Técnicas de redução de ruído.................................................................................5

9.5 Fonte de ruído de banda larga ...............................................................................7

9.6 Potência Equivalente de ruído (NEP) .......................................................................8

10. Fibras Ópticas em instrumentação.............................................................................9

10.1 Introdução ........................................................................................................9

10.2 Constituição e classificação de fibras ópticas ........................................................ 10

10.3 Modos de funcionamento de uma fibra óptica ....................................................... 12

a) Cabo de modo singular ...................................................................................... 14

b) Cabo multimodo e cabo POF............................................................................... 14

c) Fibras multimodo de índice gradual...................................................................... 15

10.4 Desenho básico de um cabo de Fibras Ópticas e terminais de ligação....................... 15

10.5 Utilização de fibras ópticas como sensores. .......................................................... 19

10.5.1 Fibra óptica utilizada como sensor de temperatura .......................................... 20

10.5.2 Fibra óptica com transdutor de pressão.......................................................... 21

10.5.3 Fibra óptica como sensor de som .................................................................. 22

10.5.4 Fibra óptica como sensor de nível de fluidos ................................................... 23

10.5.4 Fibra óptica como nariz óptico ...................................................................... 24

10.5.5 Fibras Ópticas Transdutoras de Nível de Deslocamento (FOLDT). ....................... 25

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9. RUÍDO

9.1 Introdução ao Ruído

Por ruído de um sinal eléctrico entende-se qualquer sinal de corrente ou tensão esporádico ou

estranho que apareça em qualquer circuito eléctrico ou electrónico, sobrepondo-se ao valor de

sinal de interesse. À razão entre o sinal desejado e o sinal não desejado (ruído), designa-se

por razão sinal ruído (s/n=(energia do sinal/energia associada ao ruído).

O ruído pode ser de origem externa ou interna ao próprio circuito. Se o ruído provém do

interior do circuito, designa-se por ruído gerado, caso contrário, designa-se por ruído

conduzido (pelos cabos de ligação) ou radiado (por perturbações electromagnéticas).

9.2 Fontes de ruído

Fontes de ruído típicas são: temperatura dos componentes eléctricos; frequência da linha;

sinais de r.f.; descargas eléctricas; etc.

Em termos de relação s/n, deve-se ter em conta que as energias em jogo sobre a mesma

carga, são proporcionais ao quadrado da tensão e por isso, a relação s/ pode ser expressa sob

a forma:

2n

2

VVns =/ 9.1

As fontes de ruído estão divididas em dois grandes grupos: as internas (ao dispositivo sob

teste) e as externas (acopladas ao dispositivo física ou electromagneticamente). As fontes de

ruído internas recebem o nome de ruído gerado. O ruído Em termos de fontes de ruído

externo, se este é levado para o dispositivo, através dos cabos de ligação, diz-se ruído

condutivo se é acoplado a este devido à irradiação electromagnética de uma fonte

(normalmente associado a sinais de elevada frequência ou turbulência ambiental), o ruído diz-

se radiado.

Problema 9.1- Um dado sinal eléctrico de 10 µV é amplificado por um amplificador

transistorizado de modo a que a saída seja de 100 mV. Sabendo que sobreposto ao sinal de

saída existe um sinal de ruído de 15 µV, gerado pelo amplificador, determine qual a relação

sinal ruído.

Resolução

726

23

1045,4)1015()10100(

×=××

= −

ns

O ter-se uma fonte de ruído padrão é importante para o teste de equipamento electrónico,

nomeadamente de circuitos com amplificadores. O método de medida do ruído é o de medir o

ruído à saída do dispositivo (amplificador) sob teste, com e sem introduzir no dispositivo sob

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teste de um sinal de ruído conhecido. Uma das fontes de ruído normalmente utilizada é a de

um díodo limitado por temperatura. Isto é, a corrente do díodo é função da temperatura deste,

como por exemplo acontece com as válvulas a díodos onde o processo de condução é do tipo

termo-iónico. Uma outra fonte de ruído utilizada para este efeito é a descarga numa ampola de

gás (lâmpada de neon, por exemplo). Nestes casos, o ruído gerado é aleatório e cobre uma

vasta faixa de frequências.

9.3 Medição do ruído

O ruído mais comum é o ruído térmico gerado em condutores ou resistências eléctricas,

designado por ruído Johnson. Neste caso, a potência de ruído gerado num condutor, Pn é

directamente proporcional ao produto da temperatura absoluta a que este se encontra pela

largura de banda:

Pn=KBT∆B, 9.2

onde KB é a constante de Boltzman.

A densidade de potência espectral (potência de ruído por unidade de largura de banda de

frequência), é dada por:

Sn=Pn/∆B= KBT 9.3

Deste modo, o sistema de geração de ruído pode ser descrito em termos de uma fonte de

tensão, Vn com em série com uma resistência interna de valor Rn. Assim, se esta “fonte” for

ligada a uma carga de valor RL tem-se que:

Lnn RIP 2= , 9.4

em que In=Vn/(Rn+RL).

Nestas condições, a condição de transferência de potência máxima dá-se quando Rn=RL,

obtendo-se:

Vn=(4 KBTRn∆B)1/2. 9.5

Figura 9.1: Representação de uma resistência e da correspondente fonte de ruído (Vn) térmico associado

e efeito de disparo (condensador). Se tivermos diferentes resistências ligadas em série tem-se:

)(....)1( 222 nVVV nnn += , 9.6

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onde a correspondente razão sinal ruído é dada por:

s/n=(Vs/Vn)2. 9.7

Problema 9.2- Um dado voltímetro possui uma resistência de entrada de 15 MΩ. Que tensão

gerará por cada ciclo ou largura de banda?

Resolução

214623

2 1024)1)(11015)(

1º290)(

.º1038,1(44 VHzKHzK

JBKTRE pn−

×=Ω××

=∆=

En=0,49 µV.

Define-se factor de ruído, F à razão entre as relações s/n à entrada e saída de um dado

circuito eléctrico:

output

input

nsns

F)/()/(

= . 9.8

Por figura de ruído, nf, entende-se o valor de F expresso em decibeis:

Fnf 10log10= 9.9a)

Isto é, a figura de ruído representa o valor logarítmico da razão entre a tensão de ruído à

saída com ruído à entrada, pela tensão de ruído à saída sem ruído à entrada:

0

n

VV

10nf log= 9.9b)

Problema 9.3- Um amplificador tem um sinal de entrada de 3 µV acoplado a um sinal de

ruído de 1 µV. Se o factor de amplificação for de 20, determine a relação s/n à entrada e saída

do amplificador. Se o amplificador adicionar ao sinal 5 µV de ruído, qual a nova relação s/n à

saída. Neste caso, qual o valor do factor de ruído e da figura de ruído

Resolução (s/n)i =(Vi/Vn)2=9. Para a saída, a relação será a mesma, pois o factor de amplificação aplica-

se quer a Vi quer a Vn.

Quando o amplificador adiciona 5 µV de ruído, passamos a ter: s/n=[(20×3)/(20×1+5)]2=5,76.

Para o calculo do factor de ruído, devemos ter em conta que : output

input

nsns

F)/()/(

= , pelo que se

obtém F=9/5,76=1,54.

A figura de ruído (f) é dada por: Ff 10log10= , pelo que se tem f=1,87 db.

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9.4 Técnicas de redução de ruído

Para podermos eliminar ou reduzir o nível de ruído para valores aceitáveis num dado sistema,

devemos primeiro determinar o modo como o ruído entra no sistema, se é gerado, conduzido

ou radiado.

O ruído internamente gerado pode provir de diferentes factores, incluindo da composição dos

componentes utilizados. Uma dessas fontes é, por exemplo o Carbono utilizado em

resistências. Neste caso, a porção condutora da resistência consiste em agregados de átomos

perfeitamente alinhados, que mantêm as suas posições entre si no condutor., mas, o excesso

de temperatura pode provocar a sua vibração. Essa vibração pode ser transmitida aos

electrões de condução, provocando a modulação do fluxo de cargas por uma componente não

desejada. Neste caso, como o ruído depende da temperatura, este aumenta com a potência

interna de aquecimento da resistência (P=RI2). Este tipo de ruído designa-se de ruído de

Johnson. A vibração dos átomos da resistência cobre uma faixa de frequências bastante larga,

pelo que o ruído gerado consiste num sinal que cobre uma vasta faixa de frequências, pelo que

também se designa de ruído branco. Nesta categoria de ruídos são também englobados o

ruído provocado pela turbina de um motor a jacto, ou o ruído de não sintonia, num rádio.

Para se evitar ou controlar este tipo de ruído, deve-se reduzir a temperatura das resistências,

utilizando dissipadores ou sistemas de convecção apropriados, que permitam controlar a

temperatura a níveis aceitáveis. Outra forma, é a de recorrer a resistências de filme fino

depositados em substratos isolantes.

Nestes casos, qualquer tipo de blindagem ou filtro que se queira utilizar não resolve o

problema de redução de ruído, pois este é interno e cobre uma vasta faixa de frequências.

Um segundo tipo de ruído gerado internamente está associado a eventos eléctricos de curta

direcção (transientes), que ocorrem em dispositivos activos, tais como transístores. Neste

caso, a transição de cargas eléctricas nas junções do dispositivo semicondutor são sujeitas a

uma aceleração , que por sua vez vão dar origem a perturbações electromagnéticas, fontes de

geração de ruído. Uma vez que o período de tempo em que as cargas são aceleradas é curto, a

banda de frequências coberta por ruído é também bastante vasta. Neste caso, pouco ou nada

se pode fazer para se eliminar este ruído esporádico.

Um ruído similar é gerado em “válvulas”, quando os electrões passam através dos vários

eléctrodos. Neste caso o ruído designa-se de “ruído de disparo”. Neste caso, o uso de filtros

selectivos pode ajudar a controlar o nível de ruído. Este tipo de ruído é próprio de dispositivos

activos e de uma forma geral podemos dizer que corresponde (ou está associado) ao processo

de recombinação de electrões e buracos. Por este facto, o ruído de disparo não é importante

ou praticamente não existente em elementos passivos resistivos. O ruído nas resistências é de

origem termodinâmica, como já se disse anteriormente (resultante do processo de

condução/agitação de cargas, num meio condutor).

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A variação do campo eléctrico na região entre as placas de um condensador e a variação do

campo magnético na região que rodeia uma bobina, causam o aparecimento de sinais

esporádicos. Uma vez que a variação desses campos se faz a frequências bem definidas, a

utilização de um filtro sintonizado para essa frequência específica, permiti eliminá-lo.

Uma das componentes de ruído que mais aparece em equipamento electrónico é a devida à

frequência da rede (50 Hz). Este tipo de ruído pode ser conduzido para diferentes tipos de

sistemas, pelo circuito de alimentação. A sua eliminação é possível, mas bastante difícil de ser

conseguida, necessitando-se de recorrer a filtros passa baixo, ligados aos condutores, e

circuitos de blindagem protegendo todo o sistema, que deve estar convenientemente aterrado.

Em termos gerais, podemos dizer que a tensão equivalente de ruído se mantém praticamente

constante para frequências elevadas e varia com 1/f, para baixas frequências. Isto é, o ruído

como que tende a aumentar de um modo quase que exponencial, a medida que nos

aproximamos da condição de corrente continua (ver figura).

Ao comportamento do ruído a elevadas frequências, designamos por ruído branco ou Johnson.

Este tipo de ruído

Figura 9.2: Variação da tensão de ruído com a frequência.

Na tabela que se segue apresentamos as técnicas utilizadas para a supressão de alguns tipos

de ruído.

Tabela 9.1 TÉCNICAS DE SUPRESSÃO DE RUÍDO

Fonte de ruído Técnica para supressão do ruído

Motores eléctricos e

geradores

Utilização de blindagem ligada á massa; uso de condensadores de

desacoplamento ligado às escovas do motor; uso de condensadores de

realimentação nos terminais das armaduras do motor ou gerador.

Geradores de rf Terminais e cabos de interligação blindados; utilização de

condensadores de desacoplamento e filtros em todas as linhas que

entrem ou saiam da região blindada

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Fonte de ruído Técnica para supressão do ruído

Controladores,

relés e

comutadores

Curto circuitar o relé ou comutador por um condensador, ligado em

série com uma resistência limitadora de corrente, de modo a evitar a

degradação dos contactos do comutador.

Conversores Dc-dc Blindar a unidade; utilizar filtros passa baixo em todos os cabos que

passem a blindagem.

Vibradores

electromecânicos

Blindar o vibrador; utilizar condensadores de passagem; todos os

filtros devem de estar contidos dentro da blindagem e a sua ligação ao

exterior efectuada a através de condensadores de passagem

Reguladores de

tensão dc à base de

vibradores

Blindar o vibrador; localizar o vibrador o mais próximo possível do

gerador; blindar os cabos de ligação entre o regulador e o gerador;

curto-circuitar os cabos de entrada de corrente continua no interior da

blindagem por condensadores do tipo de passagem.

Ruído

mecanicamente

induzido

Suporte com amortecedores próprios os cabos de ligação, para evitar a

propagação de movimentos mecânicos; utilizar cabos de baixo ruído;

utilizar amortecedores de ruído na instalação; utilizar filtros passa

baixo.

Dispositivos de

descarga e arco em

gases

Instalar condensadores de desacoplamento nas linhas; utilizar

blindagem em todos os componentes em contacto com a descarga;

utilizar boas terras; substituir lâmpadas incandescentes por lâmpadas

fluorescentes.

Ruído de ignição Ligar uma resistência de cerca de 10 kΩ em série com o cabo de alta

tensão, nas proximidades de uma bobina; blindar a bobina e a

resistência; Utilizar condensadores de desacoplamento à massa nas

linhas de ligação da bobina ao distribuidor.

9.5 Fonte de ruído de banda larga

Como já se mencionou, uma fonte de ruído de banda larga é um díodo termo-iónico ou díodo de ruído. Neste caso, o ruído do díodo, expresso em dB é dado por:

)log( 1ZI2010n 0ddB += 9.10

onde Id é a corrente de saturação (cerca de 35 mA, para o díodo de ruído 5722); Z0 é a

impedância característica do cabo (50Ω, para o cabo coaxial).

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Figura 9.3: Fontes de ruído de banda larga (díodo de ruído) e distribuidas ao londo de diferentes troços

de cabo coaxial.

9.6 Potência Equivalente de ruído (NEP)

Em dispositivos optoelectrónicos é necessário saber-se o valor mínimo de luz (energia)

detectável. Assim, à potência luminosa incidente mínima necessária para gerar uma

fotocorrente igual à corrente total de ruído do dispositivo optoelectrónico, designa-se por

potência equivalente de ruído e designa-se por NEP:

NEP=[corrente de ruído (A)/(Responsividade (A/W)] 9.10

O NEP é depende da largura de banda do sistema de medida. De forma a remover esta

dependência divide-se as unidades NEP pela raiz quadrada da largura de banda. Tal faz com

que as unidades do NEP passem a ser de Watts/Hertz-1/2.

Uma vez que a conversão da potência da luz incidente em corrente depende do comprimento

de onda da radiação incidente, o valor do NEP refere-se a um valor particular de comprimento

de onda. Isto é, o NEP, tal como a responsividade, é uma função não linear com o

comprimento de onda.

O ruído gerado por um fotodíodo de silício cristalino, a funcionar sob polarização inversa,

resulta da combinação do ruído de disparo (“shot noise”), devida à corrente de fuga no escuro

e, o ruído Johnson, devido à resistência shunt do dispositivo e da temperatura ambiente.

A corrente de disparo produzida pela corrente de fuga inversa do dispositivo é dada por:

)( BqI2I dS = 9.11

onde IS é a corrente de disparo, q a carga do electrão (C), Id a corrente de fuga no escuro (A),

B a largura de banda (Hz).

A contribuição do ruído Johnson provém do ruído térmico associado às resistências shunt, série

e de carga do dispositivo. Isto é:

RTBK4I B

j = 9.12

onde Ij é a corrente de ruído de Johnson, KB é a constante de Boltzman, T é a temperatura

absoluta (ºK), R a resistência em ohms, associada ao ruído, B a largura de banda (Hz).

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A corrente total de ruído é dada por:

2j

2ST III += ( 9.13

O ruído de disparo é o componente dominante da corrente de ruído de um fotodíodo polarizado

inversamente. Tal é particularmente verdadeiro para tensões elevadas.

Se os dispositivos funcionam no modo fotovoltaico, com polarização nula, o ruído Johnson

domina, à medida que a corrente no escuro se aproxima de zero.

Se os dispositivos funcionarem no modo de polarização nula (ver capítulo 8.8) a corrente de

ruído é reduzida, o mesmo acontecendo ao NEP. Deste modo, o sinal mínimo detectável é

reduzido, e há perda de sensibilidade do dispositivo, neste modo de funcionamento.

Problema 9.4- Suponha que tem um fotodíodo em que a corrente no escuro é de 2 nA e a

resistência shunt vale 5×108 Ω. A responsividade do fotodíodo é de 0,5 A/W e a largura de

banda do sistema é de 1 Hz. Nestas condições, determine os ruídos de disparo, Johnson e total

do fotodíodo bem como o respectivo NEP.

Resolução

Por aplicação directa das equações anteriores tem:

IS= 2,5×10-14 A; Ij= 5,6×10-15 A; IT= 2,6×10-14 A; NEP= 5,1×10-14 W.

10. FIBRAS ÓPTICAS EM INSTRUMENTAÇÃO

10.1 Introdução

A fibra óptica não é mais do que uma fibra de vidro ou de plástico capaz de guiar a luz de um

extremo ao outro, com o mínimo de perdas. Isto é, as fibras ópticas servem de suporte à

propagação de sinais eléctricos de muitíssima eleva frequência, que são convertidos em luz (ou

energia óptica), que são depois transportados através da fibra óptica para um outro local e

finalmente convertidos de novo em sinais eléctricos.

As fibras ópticas só começam a ser utilizadas como meio de transmissão de radiação/sinais

electromagnéticos a partir dos anos 70 do século vinte, quando a firma Corning conseguiu pela

primeira vez produzir uma fibra com perdas de 20 dB/Km. Isto é, ainda permaneceria 1% da

luz inicial, após esta ter viajado 1 km. Desde então, reconheceu-se a sua importância,

essencialmente como forma de transmissão de sinais e informação, a muito altas frequências,

na área das telecomunicações. Actualmente, existem fibras ópticas com factores de atenuação

que vão desde os 0,5 dB/km a 103 dB/km, função do tipo de aplicação desejada.

Hoje em dia a fibra óptica é também utilizada na transmissão de sinais de TV por cabo,

transmissão de informação em redes computacionais, para além da sua aplicação como

sensores, iniciada durante os anos 80 do século vinte. A enorme vantagem das fibras ópticas

quando comparadas com os cabos metálicos ou coaxiais para transmissão de sinais é:

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• Elevada largura de banda, completamente independente do tamanho do cabo;

• Baixa atenuação. Isto é, perdas ópticas reduzidas ao mínimo;

• Indução electromagnética, ruído e comunicações cruzadas extremamente baixos;

• Disponibilidade de se ter cabos capazes de cobrirem grandes distâncias e muito leves;

• Baixos custo de instalação e manutenção.

Apesar dos avanços tecnológicos, deve-se realçar que presentemente o memso comprimento

de cabo em cobre custa menos de uma fibra óptica. Para além disso, os sistemas de ligação

(conectores) e o equipamento necessário para instalar os cabos de cobre é ainda muito mais

barato do que o necessário para instalar os cabos de fibras ópticas.

Como exemplo das potencialidades da fibra óptica, evidenciamos o facto de poderem ser

transmitidos cerca de 109-1010 bits por segundo ao longo de uma fibra óptica, mais que

suficiente para “transportar” entre dezenas a centenas de milhares de chamadas telefónicas.

A luz mantém-se confinada ao núcleo pelo facto do material da bainha ter um índice de

refracção menor (a capacidade que o material tem de desviar/encurvar um feixe de luz) ) do

que o núcleo.

Como sensores, as fibras ópticas são essencialmente utilizadas em instrumentação como

sensores ópticos.

10.2 Constituição e classificação de fibras ópticas

Fibras ópticas são condutores

flexíveis, constituídos de

material vítreo ou plástico, em

que no seu interior existem

duas camadas concêntricas,

designadas de núcleo e

bainha, rodeadas ou não de

uma blindagem.

Figura 10.1a: Constituintes de um cabo de fibra óptica

Figura 10.1 b: Corte transversal de uma fibra óptica mostrando a distribuição dos seus constituintes

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A bainha é a camada concêntrica que rodeia o núcleo e possui um índice de refracção inferior

ao do núcleo. Por núcleo entende-se a parte central da fibra óptica, que transporta a luz e que

possui um índice de refracção superior ao do seu invólucro.

Em termos de materiais existem os seguintes tipos de fibras: núcleo e bainha de vidros;

núcleo e bainha de plástico; núcleo de vidro e bainha de plástico, com ou sem escudo

metálico.

a)

b)

Figura 10.2: Exemplos de cabos de fibras ópticas sem (a) e com escudo metálico (b).

O invólucro da fibra é muitas vezes de poliuretano, de forma a garantir a flexibilidade e rigidez

mecânica necessárias. No caso de se pretender melhorar o isolamento eléctrico e a tensão

mecânica do cabo, pode-se colocar entre o núcleo e a bainha uma camada de Kevlar, sob a

forma de filamentos enrolados sobre a camada de protecção. Finalmente, para protecção do

cabo contra o meio ambiente existe uma camada de protecção de PVC ou poliuretano,

precedida de um escudo metálico, para protecção do cabo contra o ruído radiado.

Na figura 10.2b) apresentamos um exemplo em que o invólucro é constituído por duas

camadas: uma de silicone e a outra de Hyterel extrudido sobre o silicone. Para além disso,

entre as 2 camadas de filamentos de Kevlar, insere-se uma barreira, normalmente constituída

por um material plástico, metal (normalmente alumínio) ou ambos. Finalmente a camada de

PVC assegura a protecção do cabo para ser utilizado ao ar livre.

Por índice de refracção entende-se a razão entre a velocidade de propagação em espaço

livre e a velocidade de propagação da luz num dado material e é simbolizada por nr. Por

exemplo, a velocidade da luz no vácuo é da ordem de 3×108 m/s, enquanto que na água é de

2,25×108 m/s. Nestas condições, o índice de refracção da água é de 1,33.

Se em vez de água tivéssemos um vidro, em que a velocidade de propagação da luz é de

2×108 m/s. Neste caso o índice de refracção vale 1,50.

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No caso de fibras ópticas, o núcleo normalmente tem índices de refracção entre 1,55 e 1,60.

Para além dos materiais que as constituem, as fibras ópticas são também classificadas com

base no valor do índice de refracção do núcleo e o número de modos de propagação da

luz.

Figura 10.3: Esquemático da propagação da luz pelo interior de uma fibra óptica, onde se nota o “efeito

espelho” a que a luz, em determinadas condições, está sujeoita.

Em termos de índice de refracção, as fibras classificam-se em: índice de degrau, graduais ou

de modo singular. Para os dois primeiros casos o índice de refracção da bainha é superior ao

núcleo e o núcleo transmite ondas luminosas não lineares. Para além disso, as fibras poderão

também funcionar em modo múltiplo, onde o parâmetro mais importante é o ângulo de

aceitação pela fibra de luz. Este ângulo é designado de ângulo de aceitação ou crítico.

Por ângulo crítico, entende-se o ângulo de

incidência do feixe luminoso, acima do qual o

feixe é de novo reflectido para o núcleo

(angulo a partir do qual ocorrem reflexões

internas totais). Isto é, por ângulo crítico

entende-se o ângulo de incidência que a luz

faz com a interface, entre um meio mais

denso e outro menos denso, a partir do qual toda a luz é reflectida através da interface.

Por ângulo de aceitação θ entende-se metade do ângulo do cone dentro do qual a luz incidente

é totalmente reflectida internamente pelo núcleo da fibra. É igual a arcsinNA.

Por abertura numérica de uma fibra (NA) entende-se o valor do seno do ângulo de aceitação:

NA=sin θ. 10.1

Problema 10.1- Determine o ângulo de aceitação para o modo singular de uma fibra óptica

com uma abertura numérica de 0,096.

Resolução

θ=arcsin(NA)=5,5º.

10.3 Modos de funcionamento de uma fibra óptica

Como já se disse, o principio de funcionamento consiste na propagação de um feixe de luz pelo

núcleo da fibra óptica, onde o feixe sofre um conjunto de reflexões internas, que confinam a

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luz no seu interior (similarmente ao que acontece com um espelho, mas agora na forma

tubular e espelhado na sua parte interior). Este confinamento deve-se ao facto da bainha da

fibra possuir um índice de refracção menor, o que “obriga” os raios de luz a “voltarem” para o

interior do núcleo, quando estes atingem a bainha, na interface núcleo/bainha (linhas a

vermelho), com um ângulo entre o ângulo de aceitação e o ângulo crítico da fibra. Por outro

lado, um raio de luz que exceda o ângulo crítico, “escapa-se” da fibra (linha a amarelo)

Figura 10.4: Propagação de feixes de luz numa fibra óptica. A vermelho representa-se a propagação de raios de luz com um ângulo inferior ao anulo crítico e a amarelo o caso da perda de propagação de um

raio de luz com um angulo superior ao ângulo crítico.

A fibra óptica funciona como um guia de onda da luz, que é introduzida num extremo e

“guiada” até ao outro extremo, com o mínimo de perdas. A fonte de luz podem ser LED ou

lasers. Normalmente a fonte de luz é pulsada e o receptor converte esses impulsos em sinais

digitais [combinações de uns (estado alto) e zeros (estado baixo)].

As perdas de luz na fibra são essencialmente devidas à dispersão e difusão da luz no interior

do cabo. Assim, quanto mais rápidas forem as flutuações na fonte de luz, maior será o risco de

dispersão do feixe. Neste caso, é necessário colocar ao longo da fibra componentes capazes de

reporem a intensidade do feixe luminoso, designados de repetidores.

a)

b)

Figura 10.5: exemplificação da propagação de um feixe de luz ao longo de uma fibra óptica, utilizando como fonte um LED (a) ou um laser pulsado (b)

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Em termos de modo de funcionamento, existem basicamente 3 modos fundamentais: modo

singular, multimodo e fibras ópticas plásticas (POF). Ao modo estão associadas as diferentes

trajectórias que a luz pode ter no núcleo, satisfazendo as equações de Maxwell e as condições

fronteiras, no que concerne á distribuição de energia.

a) Cabo de modo singular

Um cabo de modo consiste numa fibra óptica de vidro com um diâmetro típico entre 8,3 e

10 µm, que só tem um modo de transmissão. Estas fibras propagam luz tipicamente nos

comprimentos de onda de 1310 ou 1550 nm. Neste modo, a banda a largura de banda

admissível é superior à de uma fibra multimodo, mas requer que a fonte luminosa tenha uma

largura de faixa espectral muito estreita (inferior a 20/10 nm). Este modo é também conhecido

como sendo fibra óptica de mono-modo, guia de onda óptico de modo singular ou fibra uni-

modo. Nestas fibras, a variação do índice de refracção entre o núcleo e a bainha varia menos

do que no caso da fibra multimodo.

A fibra de óptica de modo singular proporciona uma razão de transmissão superior, cobrindo

distâncias cerca de 50 vezes superior à devida às fibras multimodo. Tal está associado ao facto

do núcleo das fibras singulares ser muito menor do que o das fibras multimodo e de se utilizar

luz de um único comprimento de onda, que virtualmente elimina qualquer distorção devida à

sobreposição de impulsos de luz e proporcionando uma muito baixa atenuação e uma elevada

velocidade de transmissão de dados. Contudo, estas fibras são mais dispendiosas do que as

fibras multimodo.

a)

b)

Figura 10.6:Fibra óptica de modo singular (a) e Percurso da luz numa fibra óptica de modo singular (b).

As fibras de modo singular são preferencialmente utilizadas em sistemas de comunicação

telefónicos e em televisão por cabo.

b) Cabo multimodo e cabo POF

O cabo multimodo é feito de fibras de vidro com diâmetros na faixa dos 50 a 100 µm. Os

diâmetros típicos são de 50, 62,5 e 100 µm. Devido a este elevado diâmetro, à raios de luz

que têm um percurso linear e outros fazem um percurso em zig-zag, sofrendo múltiplas

reflexões. Estes percursos alternativos promovem o agrupamento de diferentes raios de luz,

designados de modos, que chegam separadamente ao receptor. O impulso, definido como

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agregador de diferentes modos, começa por se “espraiar/dispersar” ao longo da sua

trajectória, perdendo a sua forma bem definida inicial. A necessidade de deixar espaços entre

impulsos, de forma a impedir a sua sobreposição, limita a largura de banda a largura de banda

e a quantidade de informação que o cabo pode transportar. Tal acontece para cabos com

comprimentos superiores a 914,4 metros (3000 pés), onde os percursos múltiplos da luz

podem ocasionar distorção do sinal no receptor, resultando numa transmissão deficiente e

incompleta de dados. Para curtas distâncias, as fibras multimodo proporcionam larguras de

banda e velocidades de transmissão elevadas, contudo, inferiores a menor às conseguidas com

os cabos de modo singular. Estes cabos normalmente funcionam com comprimentos de luz à

volta dos 850 ou 1300 nm.

Em termos de aplicação, são muito

utilizadas em endoscopia médica (muito

curtas distâncias).

O cabo baseado em fibras ópticas de

plástico (POF) pretende apresentar um

desempenho similar ao cabo multimodo,

mas com custos de cabo muito inferiores.

Figura 10.6: Percurso da luz numa fibra óptica de multimodo, onde se nota o percurso em zig-zag.

c) Fibras multimodo de índice gradual

Existem também fibras multimodo de índice gradual. Estas fibras contém um núcleo em que o

índice de refracção diminui do centro em direcção à bainha. O elevado índice de refracção no

centro do núcleo faz com que os raios de luz próximos do centro do eixo da fibra se desloquem

mais lentamente do que aqueles próximos da interface com a bainha. Para além disso, em vez

de fazerem um percurso em zig-zag , o feixe próximo do eixo, curva-se de forma elíptica,

devido ao índice de refracção gradual, reduzindo assim a distancia que o raio se pode

propagar. A redução de percurso e a elevada velocidade dos raios na periferia do núcleo,

fazem com que a luz das diferentes trajectórias chegue praticamente ao mesmo tempo ao

receptor. Como resultado, tal faz com que os impulsos de luz sejam menos dispersos e

portanto, permite a utilização de cabos mais longos do que no caso do cabo multimodo.

Figura 10.7: Percurso da luz numa fibra óptica de multimodo, onde se nota o percurso encurvado elíptico.

10.4 Desenho básico de um cabo de Fibras Ópticas e terminais de ligação

Os dois tipos de desenho básico das fibras ópticas são: cabos de tubos folgados e cabos de

tubos apertados. Os primeiros são cabos contendo normalmente até 12 fibras por tubo buffer,

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com um máximo de fibras por cabo de 200 fibras. Os cabos de tubos folgados pode conter

fibras todas revestidas a dieléctrico ou com blindagem. O desenho do tubo modular do buffer

(cabo intermédio) permite a interrupção fácil de grupos de fibras em pontos intermédios do

cabo, sem interferir com outros tubos buffer. O seu desenho também permite uma fácil

identificação e gestão das fibras no sistema.

Figura 10.8a: Cabo de buffer folgado

Figura 10. 8b: Cabo de buffer apertado

As fibras singulares de cabo intermédio apertado são usadas na forma de rabo de cavalo,

“remendos” e para estabelecer ou interromper a ligação de um circuito optoelectrónico

transmissor ou receptor ou outro tipo de dispositivo activo. Neste caso, o material do cabo

intermédio está em contacto directo com a fibra. Este tipo de cabo é utilizado em “jumpers”,

em terminais de equipamento e para ligação de vários dispositivos a uma dada rede.

Nas fibras ópticas de cabo folgado normalmente as fibras são coloridas (código), de forma a

poder destrinçar as diferentes fibras e existe um gel que impede a penetração de humidade. O

tubo intermédio (buffer) está encalhada de um dieléctrico ou uma membrana central de aço,

que serve como elemento anti-torção.

O núcleo do cabo tipicamente usa fio aramado como membro primário para lhe dar a rigidez

necessária. O invólucro de poliuretano ou polietileno é extrudido sobre o núcleo ou sobre uma

armadura, nos casos do cabo possuir uma blindagem.

Figura 10. 9a) Secção transversal de um cabo

folgado

Figura 10.9b: Secção transversal de um cabo com tubo intermédio apertado e com fio aramado, para

lhe dar rigidez. Em termos de conectores/ligadores das fibras ópticas, estes são de diferente tipo, função da

aplicação do cabo.

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Figura 10.10: Componentes utilizados na ligação de terminais a cabos de fibras ópticas.

No processo de ligação deve-se ter em contas: a abertura lateral no tubo para se chegar às

fibras e se promover a ligação das fibras aos terminais pretendidos, usando-se para isso um

cilindro fino por onde a fibra passa (ferrule), e que também serve para promover o

alinhamento mecânico da fibra. A ferrula é normalmente de material metálico, cerâmico ou

plástico, e possui um diâmetro ligeiramente superior ao da fibra ( nos terminais FC a ferrula é

flutuante, de forma a proporcionar um bom isolamento mecânico). O corpo do terminal de

ligação (connector body) contém a ferrula. È normalmente feito de material metálico ou

plástico e inclui um ou mais conjunto de peças, necessárias para prender e manter a fibra

numa posição fixa. O cabo é então prezo ao corpo do terminal, tornando todo esta parte numa

estrutura mecânica rígida. Finalmente, tem-se o tipo de acoplamento (macho ou fêmea, ou

simplesmente ligação mecânica fixa, sem possibilidade de ligar ou desligar o terminal do

sistema em questão (transmissor, receptor ou outro dispositivo activo qualquer). Para as

ligações entre fibras a forma mais normal é utilizar terminais de ligação movível.

Os terminais iniciais das fibras ópticas eram do tipo epoxy polida. Este tipo de terminal ainda

representa um grande segmento das aplicações conhecidas e existe em várias formas,

incluindo: ST, SC, FC, LC, D4, SMA, MU, and MTRJ. Este tipo de terminal tem como vantagens

este tipo de terminal tem:

1. É muito robusto, podendo suportar ambientes bastante agressivos e tensões

mecânicas, quando comparado com outros tipos de terminais.

2. Tempo de instalação é de cerca de 25 minutos (o tempo que demora a fazer a cura da

epoxy). Em termos de séries industriais, é possível terem-se tempos de cerca de 5-6

minutos por terminal. O recurso a epoxy com curas mais rápidas, como por exemplo,

epoxy anaeróbia, podem reduzir os tempos de instalação, contudo este tipo de cura

nem sempre é o mais adequado para alguns tipos de terminais.

3. Fáceis de instalar. Estes terminais de ligação embora sejam fáceis de instalar, requerem

que o mesmo seja efectuado por alguém devidamente treinado.

4. Custos. Este tipo de terminal é normalmente cerca de 30 a 50% maqis barato que

outros tipos de terminais conhecidos.

Outros terminais são de uma epoxy pré-carregada ou de uma epoxy não polida. No primeiro

caso reduz-se o nível de exigência do técnico que os irá instalar, mas não do tempo e

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equipamento necessário à sua instalação, enquanto que para o segundo caso reduz-se quer o

nível de formação técnica do instalador, quer o tempo de instalação. Neste tipo de

configuração existem os terminais ST, SC e FC. As vantagens deste tipo de terminais são:

1. Não necessita da INJECÇÃO DA EPOXY;

2. Não existem terminais esfoliados, devido a um sobre enchimento da epoxy;

3. Baixos tempos de instalação.

4. Custo de instalação moderados.

Finalmente, poderão ser de um outro material que não epoxy polida. Este tipo de terminais

são fáceis de montar (normalmente faz-se uma ligação mecânica do terminal ao cabo, usando

para o efeito equipamento de cravagem apropriado) e demoram muito pouco tempo a montar.

Tal faz com que os instaladores não tenham de ter uma formação específica e os custos de

consumíveis associados é muito diminuta. Este tipo de terminais existe nas versões ST, SC,

FC, LC e MTRJ.

Na tabela que se segue mostramos os diferentes terminais de ligação de fibras ópticas

existentes.

Tabela 10.1 Diferentes tipos de ligações de terminais de fibras ópticas

Para a instalação de um terminal de uma fibra óptica deve-se proceder do modo que a seguir

se indica: (a) cortar o cabo com mais cerca de 2,5 cm do que o comprimento desejado; (b)

com cuidado, desnude o cabo do seu invólucro sem atingir as fibras; (c) Corte as partes

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desnudadas e remova o revestimento das

fibras. Esta remoção poderá ser efectuada

ensopando a fibra em diluente por cerca de

dois minutos, seguido de limpeza com um

pano de algodão ou por descarnamento

mecânico; (d) limpar com álcool isopropilico

a ponta, com ajuda de um pano de algodão;

(e) colocar o tipo de terminal pretendido e

com a ferramenta apropriada, promover a

sua ligação/ancoragem mecânica (ver os

diferentes processos que se descreveram

anteriormente, com ou sem recurso a

epoxy); (f) preparar a face da fibra de forma

a que este tem um bom acabamento. Tal

consegue-se por clivagem, seguida de

polimento, de forma a eliminar eventuais

defeitos que possam aí existir.

A clivagem envolve o corte da fibra e a sua

adequação ao alvéolo (ferrula) onde a fibra

entra. Tal consegue-se usando uma lâmina

de barbear. O polimento faz-se usando

materiais abrasivos apropriados como pó de

sílica.

Terminal de um fibra óptica com defeitos e depois de

clivada

polimento do terminal de uma fibra óptica

Tomam-se todos estes cuidados devido ao baixo valor dos sinais que se propagam no fibra e

portando, deve-se reduzir ao máximo as perdas de sinal, essencialmente devidas ao

acoplamento.

Como precaução, nunca se deve limpar um terminal de uma fibra óptica que esteja a

transportar luz. Níveis de potência tão baixos quanto 15 dBm ou 32 mW, podem provocar uma

explosão do material limpo, pelo simples “contacto” desta energia” com o terminal, provocada

quer por que o material de limpeza usado é comburente (combustão instantânea com álcool)

ou por que existe absorção de excesso de energia concentrada pelo terminal.

10.5 Utilização de fibras ópticas como sensores.

As fibras ópticas podem ser utilizadas como sensores locais ou remotos. Em sensores ópticos

remotos, as fibras ópticas são utilizadas para transportar a luz para um dado dispositivo que

responde a um estímulo luminoso. Quando se utiliza a própria fibra óptica como sensor, o sinal

luminoso que se propaga nesta é influenciado pelo meio, que pode provocar variações

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mensuráveis do próprio sinal. Neste caso, o sinal a propagar-se pode ser sensível a diferentes

grandezas físicas, como a seguir se dão alguns exemplos

10.5.1 Fibra óptica utilizada como sensor de temperatura

Neste caso, o sensor é constituído por duas superfícies reflectoras, correctamente espaçadas

(sensor Fabry-Perot), em que a separação entre elas é determinada por um tubo ao qual as

placas e as fibras ópticas (duas) se encontram ligadas. Quando a temperatura varia o tubo

expande se ou contrai-se, fazendo com que o espaçamento entre as placas varie. Esta

variação faz com que as franjas do sinal óptico (o resultado das múltiplas reflexões no seu

interior) se desloque, de uma quantidade proporcional à variação de temperatura.

Figura 10.11: Esquema de medida da temperatura por fibra óptica, mostrando o transdutor e sistema de recepção e tratamento de sinal.

Figura 10.12a: Percentagem de luz reflexa em função do comprimento de onda da luz reflectida pela cavidade de Fabry-Perot.

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Figura 10.12b: Variação do deslocamento das franjas obtidas pela cavidade de Fabry-Perot com a temperatura, onde se constata que a mesma varia de forma linear.

10.5.2 Fibra óptica com transdutor de pressão

Neste caso o recurso a fibras ópticas faz-se quando as pressões a ler correspondem a

ambientes altamente agressivos (altas temperaturas e/ou de difícil acesso, como no núcleo das

turbinas dos aviões). Neste caso, utiliza-se um par de fibras como transdutores (twin-column

transducers, TCT), de forma a ler-se uma pressão diferencial. Neste caso tem-se dois tubos

(T1 e T2) de igual comprimento, selados nas suas extremidades e ligados nas suas bases às

fontes cuja pressão diferencial se pretenda medir. Após pressurização, cada um dos tubos fica

ligeiramente alongado (de uma quantidade proporcional entre a pressão interior e a pressão

ambiente). Similarmente, se um tubo é parcialmente ou totalmente evacuado este ´´e

encurtado. Assim, a elongação ou encurtamento diferencial dos dois tubos é proporcional à

diferença de pressão no seu interior. Por outro lado, o desenho do TCT é já feito de modo a

compensar problemas resultantes da variação da temperatura.

As extremidades dos tubos são preparadas para se ligarem a fibras ópticas, que são dispostas

de forma a medirem a elongação diferencial dos tubos. Assim, a luz de um LED, guiada por

uma outra fibra, é acoplada ao tubo T1 e através de um certo hiato (que vai variar!) ao tubo

T2, onde se encontram montadas as fibras receptoras. A posição das fibras é ajustada de

modo a que quando a elongação diferencial de ambos os tubos for nula (pressão diferencial

nula) igual quantidade de luz é acoplada em ambas as fibras receptoras. Qualquer elongação

dos tubos dará lugar a um não balanceamento entre as quantidades de luz acopladas ás fibras

receptoras, permanecendo constante a soma da luz que vai para ambos os receptores. Como

resultado, a razão entre a diferença e a soma das quantidades de luz à saída das fibras

receptoras é proporcional à pressão diferencial.

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Para além da fibra transmissora da luz, pode-se instalar do lado de T1 uma fibra adicional,

para proporcionar a realimentação da luz do LED e assim permitir regular a intensidade da

luz emitida.

a)

b)

Figura 10.13 : (a)TCT utilizado para ler pressões diferenciais, com compensação de temperatura incorporado; (b) Esquemático da cavidade de Fabry –Perot, mostrando a ligação com a fibra óptica.

10.5.3 Fibra óptica como sensor de som

Neste caso o sensor pode ser do tipo intensidade, em que a grandeza a medir provoca uma

mudança na intensidade da luz que se propaga ou interferometro, em que a grandeza a medir

provoca uma variação de fase da luz que se propaga na fibra. Aqui as fibras podem ser

utilizadas para converter o som em sinal eléctrico (exemplo: hidrofones) ou converter um sinal

eléctrico em som (exemplo: projectores de som).

Uma outra aplicação é em medicina, em que as fibras ópticas servem para transporta os sinais

sonoros associados ao ritmo cardíaco, por exemplo. Neste caso, os sons cardiovasculares do

corpo são monitorados no local apropriado do paciente para sentir os sons. No terminal da

fibra coloca-se um receptor apropriado, que pode ser uma simples cavidade com uma

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membrana, que vibra e deste modo altera o percurso/intensidade de um feixe laser, que é

depois monitorado por um circuito acondicionador/leitor apropriado.

a)

b)

Figura 10.14a: Esquema do sistema de detecção de sinais sonoros associados à vibração de um diafragma (PD); (b) vista do modo de funcionamento do diafragma e o modo como este inter-actua com

o sinal da fibra óptica.

10.5.4 Fibra óptica como sensor de nível de fluidos

Neste caso pretende-se determinar níveis de fluido (em aviões), tirando proveito da forma

diversa como a luz se propaga na fibra ou no fluido (diferente do ar), provocando reflexões

bem diferenciadas. Assim, se um dos extremos da fibra for cortado e polido de modo a formar

um prisma e que este prisma se encontre em ar, a luz transmitida pelo outro extremo será

praticamente totalmente reflectida. Nestas condições, a luz reflectida aparece como uma

mancha circular totalmente clara. Caso o prisma seja colocado no interior de um liquido, parte

da luz transmitida através da fibra será absorvida pelo liquido e pouco reflectida, se o índice de

reflexão do líquido for superior ao do da fibra. Nestas condições a luz reflectida aparece como

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uma mancha escura. Em aplicações sensoriais os modos de propagação são normalmente

singulares. O modo de funcionamento deste sensor é similar ao descrito para o transdutor de

pressão ou do nível de deslocamento.

10.5.4 Fibra óptica como nariz óptico

Neste caso, é possível medir-se rapidamente misturas de gases (por exemplo, compostos

voláteis no ar), em diferentes pontos localizados ao longo de uma fibra, que pode ter

comprimentos da ordem dos quilómetros! Este nariz óptico substitui o chamado nariz

electrónico (variação da impedância eléctrica em função de um gás com o qual se ponha em

contacto, onde o poder de discriminação depende da temperatura utilizada) em situações em

que a interferência electromagnética de sinais de rf tornam-nos inoperacionais. Para além

disso, é mais fácil fabricar um nariz óptico do que um nariz electrónico. Um nariz óptico inclui

no seu sistema um reflectómetro óptico portátil a funcionar no domínio do tempo (OTR) e um

transdutor de fibra óptica preparado da seguinte maneira: a fibra óptica é revestida por um

polímero que incha quando absorve um composto volátil. A superfície exterior do polímero é

por sua vez revestida por uma película fina impermeável ao gás. Em locais designados ao

longo da fibra a película impermeável é removida segundo um padrão de meio circulo (área do

sensor), com um diâmetro da ordem dos milímetros, através dos quais o gás penetra no

polímero.

A absorção de um ou mais compostos voláteis através das abertura efectuada num dado local

da fibra conhecido, dá lugar a um inchaço assimétrico do polímero. Por sua vez, este inchaço

assimétrico produz uma deformação mecânica, que provocará variações locais no índice de

refracção da fibra óptica (nota, se em vez de meios círculos se utilizarem círculos completos,

as tensões mecânicas resultantes serão simétricas.

Figura 10.15a: apresentação de um esquemático de um nariz óptico equipado com OTR

(Reflectometria Óptica no domínio de Tempo)

Figura 10.15b: forma de revestimento da fibra óptica com material polimérico para

aplicações como sensor de gases

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Contudo a estrutura assimétrica é preferível à simétrica, uma vez que estas produzirão

maiores deformações mecânicas e maiores variações no índice de refracção).

O OTR por sua vez aplica impulsos lasers da ordem dos pico-segundos num dos extremos da

fibra. As variações do índice de refracção associadas com a presença de compostos voláteis

nos pontos “descarnados” da fibra óptica, fará com que parte da luz incidente seja reflectida. O

OTR fará então medidas no domínio do tempo da intensidade da luz do laser reflectida. Assim,

para um dado impulso reflectido, a localização do corresponde ponto sensorial poderá ser

inferida através do tempo de atraso do impulso laser reflectido, quando comparado com o sinal

transmitido.

Deste modo é possível construir conjuntos de narizes ópticos para discriminação de diferentes

compostos voláteis. Cada fibra óptica deste conjunto será um detector diferente, pelo que cada

fibra deverá ser revestida por polímeros diferentes, seleccionados de modo a que os índices de

refracção associados aos diferentes compostos voláteis sejam diferentes e tenham também

comportamentos e respostas diferentes na presença de compostos voláteis diferentes. Para

funcionamento automático ou semi-automático, os leitores de todas as fibras do conjunto

devem ser digitais. Deste modo, o sinal é processado através da análise do componente

principal e por reconhecimento de padrões através de algoritmos, de forma a se discriminarem

os compostos voláteis de interesse.

10.5.5 Fibras Ópticas Transdutoras de Nível de Deslocamento (FOLDT).

O principio básico de funcionamento consiste no uso de pares adjacentes de fibras ópticas.

Um para transportar a luz de uma fonte remota

para um objecto ou alvo cujos deslocamentos

ou movimentos se pretendem medir e a outra

para receber a luz reflectida pelo objecto e

transportá-la para um detector remoto

fotossensível. Para esta aplicação, as fibras

normalmente utilizadas são as de índice de

degrau.

Figura 10.16: Ponta de prova de uma fibra óptica, com dois terminais: transmissor e

receptor.

Para que haja reflexões, o índice de refracção no núcleo (Nn) deve ser maior do que o da

bainha (Nb). Isto é, a abertura numérica é dada por:

2b

2n NNNA −== θsin 10.2

Deste modo é possível determinar-se o angulo máximo que um raio de luz incidente na

face da fibra óptica pode fazer, de forma a ser armadilhado dentro do núcleo desta e ter

reflexões múltiplas ao longo do seu comprimento. Por outro lado, a eficiência de

transmissão depende da composição e pureza do vidro usado no núcleo e bainha e na

qualidade do acabamento óptico nas superfícies terminais das fibras.

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A figura 10.12 mostra a interacção

entre duas fibras adjacentes (receptora

e transmissora) devido ao raio de luz

que é reflectido por um alvo. Pode-se

ver que quando o hiato entre eles é

nulo a luz na fibra de transmissão será

reflectida directamente sobre ela

própria e praticamente nenhuma ou

pouca luz é recebida pela fibra

receptora. À medida que o hiato

aumenta, alguma da luz reflectida é

capturada pela fibra receptora, e

transportada para o detector

fotossensível. Continuando a aumentar

o hiato, a luz reflectida e colectada pela

fibra receptora passará por um máximo

e depois diminuirá tal como se mostra

na figura 10.13. O valor do máximo é

primeira mente determinado por NA e

pela intensidade da luz no interior da

fibra. Deste modo, é possível

determinar-se qual o deslocamento e

posicionamento lateral de um objecto,

relativamente a uma referência.

O ponto de declive nulo ou pico óptico

também nos permite medir a

reflectância do alvo,

independentemente deste se variar ao

longo de um certo valor, função do tipo

de equipamento utilizado para tratar o

sinal recebido. Uma variante do FOLDT

consiste na utilização lentes de focagem

próximas da ponta de prova da fibra

óptica.

Figura 10.17: Movimento do alvo em relação à ponta

de prova

Figura 10.18: Curva de calibração típica de um sensor

de fibra óptica

Figura 10.19: Medida posicional e deslocamento de um

objecto

O resultado dessa combinação encontra-se na figura 10.20. Como se pode ver, agora tem-se

dois picos ópticos com um hiato abrupto entre eles. Deste modo, cada um dos picos +pode ser

utilizado para medir pequenos deslocamentos, com elevada resolução, para além de poder

operar com hiatos cerca de duas ordens de grandeza superiores ao do caso anterior.

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Figura 10.20: Picos de resposta óptica devido a focagem com lentes do sinal óptico no

receptor Figura 10.21: resposta de um FODLT a diferentes fluidos

Uma outra variante do FOLDT utiliza fibras ópticas de elevado diâmetro em que os eixos estão

inclinados relativamente um ao outro. Este tipo de FOLDT funciona com líquidos , ar ou gases,

permitindo deste modo, sem contacto e com excelentes tempos de resposta, determinar a

posição de fluidos ou fugas deste, ao longo de um canal qualquer.

Outras aplicações envolvem: (1) análise modal de pequenos componentes ultra leves ou

mecanismos de componentes; (2) investigação do desempenho de rolamentos; (3) medição de

frequências muito elevadas e de pequena amplitude de vibrações ultra-sónicas, em medicina

ou equipamento de soldadura;(4) desenvolvimento de transdutores de pressão ultra rápidos

para uso em ambientes de descarga eléctrica ou êmbolos de forte impacto; (5) monitorar o

tempo de vida de esferas de rolamentos em ambiente agressivo, tal como oxigénio líquido;

(6) controlo do posicionamento em equipamento de alta precisão, microposicionadores,...

Problema 10.2- Considere uma fibra óptica em que o índice de refracção do núcleo vale 1.55

e o da bainha vale 1.35. Nestas condições, diga qual o valor do ângulo crítico que um raio de

luz pode fazer com o eixo da fibra.

Resolução

De acordo com a equação 10.2 tem-se θ=49,6º.

Problema 10.3- Suponha que utiliza uma fibra óptica para detectar compostos voláteis em

diferentes locais de uma refinaria. Suponha que relativamente à referência, os atrasos

observados no impulso laser aplicado são respectivamente de 50ns, 100 ns e 10 µs. Nestas

condições, determine o posicionamento na fibra óptica, em termos de referência, dos

diferentes sensores na fibra óptica.

Resolução

Conhecendo a velocidade de propagação da luz no vidro (2×108 m/s) e tendo em conta que a

luz se propaga de forma linear tem-se: 10 m; 100 m; 20 km.