avanc¸os em planejamento de redes opticas wdm´ utilizando ... · avanc¸os em planejamento de...

8
Avanc ¸os em Planejamento de Redes ´ Opticas WDM Utilizando Inteligˆ encia Computacional Carmelo J. A. Bastos-Filho 1 , Danilo R. B. Ara´ ujo 2 , Renan V. B. Carvalho 2 , Daniel A. R. Chaves 1 e Joaquim F. Martins-Filho 2 1 Escola Polit´ ecnica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco 2 Departamento de Eletrˆ onica e Sistemas, Universidade Federal de Pernambuco E-mail: carmelofi[email protected] Resumo—As redes ´ opticas evolu´ ıram nas ´ ultimas d´ ecadas permitindo a inclus˜ ao de funcionalidades de controle e ge- renciamento no dom´ ınio ´ optico. Isso gerou um aumento na complexidade no projeto das redes ´ opticas, tornando interessante a utilizac ¸˜ ao de t´ ecnicas de otimizac ¸˜ ao evolucion´ arias capazes de lidar com m´ ultiplos objetivos conflitantes em alta dimensiona- lidade no espac ¸o de decis˜ ao. Este artigo apresenta uma breve revis˜ ao de recentes avanc ¸os, mostrando que ´ e poss´ ıvel aperfeic ¸oar os operadores dos algoritmos evolucion´ arios para que algumas das variac ¸˜ oes destas t´ ecnicas de otimizac ¸˜ ao evolucion´ arias, como o NSGA-II e o SPEA2, tornem-se mais adequadas para pro- jeto de redes ´ opticas. Tamb´ em s˜ ao apresentadas soluc ¸˜ oes para problemas conjuntos que geralmente s˜ ao negligenciados, como projeto de topologia com definic ¸˜ ao de equipamentos e definic ¸˜ ao conjunta de colocac ¸˜ ao de regeneradores e definic ¸˜ ao do n´ umero de comprimentos de onda por enlace. Index Terms—Redes ´ opticas; projeto das redes ´ opticas; computac ¸˜ ao evolucion´ aria; otimizac ¸˜ ao multiobjetiva. I. I NTRODUC ¸˜ AO As redes ´ opticas vˆ em evoluindo continuamente ao longo das ´ ultimas d´ ecadas. Esta evoluc ¸˜ ao pode ser dividida em duas fases. Na primeira, a fibra ´ optica apareceu como alternativa para substituir os cabos de cobre e sistemas de transmiss˜ ao por micro-ondas, por fornecer menor taxa de erro por bit (BER, Bit Error Rate), maior capacidade de transmiss˜ ao e menor susceptibilidade a ru´ ıdos eletromagn´ eticos. Nesta fase, os sistemas ´ opticos eram basicamente ponto-a-ponto e apenas a transmiss˜ ao era realizada no dom´ ınio ´ optico. Todas as funci- onalidades de processamento e roteamento eram realizadas por equipamentos eletrˆ onicos presentes em todos os n´ os da rede. Redes ´ opticas deste tipo s˜ ao conhecidas como redes opacas. ` A medida que a demanda por servic ¸os foi aumentando ao longo dos anos, a taxa de transmiss˜ ao nos enlaces tamb´ em aumentou. Al´ em disso, as tecnologias relacionadas ` a multiplexac ¸˜ ao de comprimentos de onda (WDM, Wavelength Division Multiplexing) e chaveamento no dom´ ınio ´ optico evolu´ ıram, permitindo assim a transmiss˜ ao de dezenas de comprimentos de onda em um ´ unico enlace e a possibilidade de implementac ¸˜ ao de topologias de rede em malha [1]. Os elementos que permitiram esses avanc ¸os foram os terminais de linha ´ opticos (OLT, Optical Line Terminal), os multiplexa- dores ´ opticos de adic ¸˜ ao e remoc ¸˜ ao de comprimentos de onda (OADM, Optical Add/Drop Multiplexer) e os comutadores ´ opticos (OXC, Optical Cross-Connect). Dados esses fatores, que geraram um incremento de com- plexidade e custos dos equipamentos eletrˆ onicos presentes nos os da rede, aliados ` a reduc ¸˜ ao dos prec ¸os dos equipamentos de rede para camada ´ optica, surgiu a necessidade de migrar algumas das funcionalidades, como roteamento e comutac ¸˜ ao de caminhos ´ opticos (lightpath), do dom´ ınio eletrˆ onico para o dom´ ınio ´ optico. As redes passaram a ser roteadas por comprimento de onda (WRN, Wavelength-Routing Network), surgindo assim as redes ´ opticas da segunda gerac ¸˜ ao [2]. O pr´ oximo passo foi a proposic ¸˜ ao das redes ´ opticas transparentes (tamb´ em chamadas de redes totalmente ´ opticas). Nestas redes, o sinal somente ´ e convertido para o dom´ ınio eletr ˆ onico nos n ´ os de borda. A grande vantagem destas redes ´ e a economia gerada pela diminuic ¸˜ ao no n´ umero de elementos de convers˜ ao eletro- ´ optica nos n´ os intermedi´ arios. Entretanto, sem elementos deste tipo, n˜ ao ´ e poss´ ıvel regenerar sinais com baixa qualidade de transmiss˜ ao (QoT, Quality of Transmission) em n´ os inter- medi´ arios e converter o comprimento de onda ao longo de um mesmo lightpath. Sem regenerac ¸˜ ao em n´ os intermedi´ arios, pode n˜ ao ser poss´ ıvel criar um lightpath longo devido ` a degradac ¸˜ ao da camada f´ ısica [3]. E sem a possibilidade de convers˜ ao de comprimentos de onda, o processo de rotea- mento e alocac ¸˜ ao de comprimentos de onda (RWA, Routing and wavelength Assignment) [4][5][6] torna-se pouco flex´ ıvel. Como consequˆ encia destes dois aspectos, o desempenho de rede pode piorar sensivelmente. Com isso, pode-se perceber claramente o conflito entre desempenho e custo. Por isso, pode ser interessante em alguns casos a utilizac ¸˜ ao de elementos regeneradores em alguns dos n´ os de n´ ucleo da rede [7]. Redes que usam esta estrat´ egia s˜ ao conhecidas como redes transl´ ucidas [8]. Trˆ es diferentes tipos de redes podem ser encontrados dentro de uma arquitetura de rede p´ ublica. S˜ ao eles: redes de longo alcance (tamb´ em conhecidas como redes de transporte), redes metropolitanas e redes de acesso. As redes de longo alcance ao respons´ aveis por conectar diferentes cidades ou regi˜ oes. As distˆ ancias entre os clientes dessas redes s˜ ao geralmente de centenas ou milhares de quilˆ ometros e apresentam n´ os com baixa conectividade. As redes metropolitanas atendem a uma cidade ou regi˜ ao, conectando grandes clientes ou centrais de telecomunicac ¸˜ oes. Os enlaces dessas redes apresentam, tipica- mente, distˆ ancias de dezenas de quil ˆ ometros. S˜ ao normalmente mais densas e possuem n´ os com maior conectividade do que REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAC ¸ ˜ AO E COMUNICAC ¸ ˜ AO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 1

Upload: others

Post on 01-Oct-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando ... · Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando Inteligencia Computacionalˆ Carmelo J. A. Bastos-Filho1,

Avancos em Planejamento de Redes Opticas WDM

Utilizando Inteligencia Computacional

Carmelo J. A. Bastos-Filho1, Danilo R. B. Araujo2, Renan V. B. Carvalho2, Daniel A. R. Chaves1 e Joaquim F.

Martins-Filho2

1Escola Politecnica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco2Departamento de Eletronica e Sistemas, Universidade Federal de Pernambuco

E-mail: [email protected]

Resumo—As redes opticas evoluıram nas ultimas decadaspermitindo a inclusao de funcionalidades de controle e ge-renciamento no domınio optico. Isso gerou um aumento nacomplexidade no projeto das redes opticas, tornando interessantea utilizacao de tecnicas de otimizacao evolucionarias capazes delidar com multiplos objetivos conflitantes em alta dimensiona-lidade no espaco de decisao. Este artigo apresenta uma breverevisao de recentes avancos, mostrando que e possıvel aperfeicoaros operadores dos algoritmos evolucionarios para que algumasdas variacoes destas tecnicas de otimizacao evolucionarias, comoo NSGA-II e o SPEA2, tornem-se mais adequadas para pro-jeto de redes opticas. Tambem sao apresentadas solucoes paraproblemas conjuntos que geralmente sao negligenciados, comoprojeto de topologia com definicao de equipamentos e definicaoconjunta de colocacao de regeneradores e definicao do numerode comprimentos de onda por enlace.

Index Terms—Redes opticas; projeto das redes opticas;computacao evolucionaria; otimizacao multiobjetiva.

I. INTRODUCAO

As redes opticas vem evoluindo continuamente ao longo

das ultimas decadas. Esta evolucao pode ser dividida em duas

fases. Na primeira, a fibra optica apareceu como alternativa

para substituir os cabos de cobre e sistemas de transmissao

por micro-ondas, por fornecer menor taxa de erro por bit

(BER, Bit Error Rate), maior capacidade de transmissao e

menor susceptibilidade a ruıdos eletromagneticos. Nesta fase,

os sistemas opticos eram basicamente ponto-a-ponto e apenas

a transmissao era realizada no domınio optico. Todas as funci-

onalidades de processamento e roteamento eram realizadas por

equipamentos eletronicos presentes em todos os nos da rede.

Redes opticas deste tipo sao conhecidas como redes opacas.

A medida que a demanda por servicos foi aumentando

ao longo dos anos, a taxa de transmissao nos enlaces

tambem aumentou. Alem disso, as tecnologias relacionadas a

multiplexacao de comprimentos de onda (WDM, Wavelength

Division Multiplexing) e chaveamento no domınio optico

evoluıram, permitindo assim a transmissao de dezenas de

comprimentos de onda em um unico enlace e a possibilidade

de implementacao de topologias de rede em malha [1]. Os

elementos que permitiram esses avancos foram os terminais

de linha opticos (OLT, Optical Line Terminal), os multiplexa-

dores opticos de adicao e remocao de comprimentos de onda

(OADM, Optical Add/Drop Multiplexer) e os comutadores

opticos (OXC, Optical Cross-Connect).

Dados esses fatores, que geraram um incremento de com-

plexidade e custos dos equipamentos eletronicos presentes nos

nos da rede, aliados a reducao dos precos dos equipamentos

de rede para camada optica, surgiu a necessidade de migrar

algumas das funcionalidades, como roteamento e comutacao

de caminhos opticos (lightpath), do domınio eletronico para

o domınio optico. As redes passaram a ser roteadas por

comprimento de onda (WRN, Wavelength-Routing Network),

surgindo assim as redes opticas da segunda geracao [2]. O

proximo passo foi a proposicao das redes opticas transparentes

(tambem chamadas de redes totalmente opticas). Nestas redes,

o sinal somente e convertido para o domınio eletronico nos nos

de borda. A grande vantagem destas redes e a economia gerada

pela diminuicao no numero de elementos de conversao eletro-

optica nos nos intermediarios. Entretanto, sem elementos deste

tipo, nao e possıvel regenerar sinais com baixa qualidade

de transmissao (QoT, Quality of Transmission) em nos inter-

mediarios e converter o comprimento de onda ao longo de

um mesmo lightpath. Sem regeneracao em nos intermediarios,

pode nao ser possıvel criar um lightpath longo devido a

degradacao da camada fısica [3]. E sem a possibilidade de

conversao de comprimentos de onda, o processo de rotea-

mento e alocacao de comprimentos de onda (RWA, Routing

and wavelength Assignment) [4][5][6] torna-se pouco flexıvel.

Como consequencia destes dois aspectos, o desempenho de

rede pode piorar sensivelmente. Com isso, pode-se perceber

claramente o conflito entre desempenho e custo. Por isso, pode

ser interessante em alguns casos a utilizacao de elementos

regeneradores em alguns dos nos de nucleo da rede [7].

Redes que usam esta estrategia sao conhecidas como redes

translucidas [8].

Tres diferentes tipos de redes podem ser encontrados dentro

de uma arquitetura de rede publica. Sao eles: redes de longo

alcance (tambem conhecidas como redes de transporte), redes

metropolitanas e redes de acesso. As redes de longo alcance

sao responsaveis por conectar diferentes cidades ou regioes.

As distancias entre os clientes dessas redes sao geralmente de

centenas ou milhares de quilometros e apresentam nos com

baixa conectividade. As redes metropolitanas atendem a uma

cidade ou regiao, conectando grandes clientes ou centrais de

telecomunicacoes. Os enlaces dessas redes apresentam, tipica-

mente, distancias de dezenas de quilometros. Sao normalmente

mais densas e possuem nos com maior conectividade do que

REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMACAO E COMUNICACAO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 1

Page 2: Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando ... · Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando Inteligencia Computacionalˆ Carmelo J. A. Bastos-Filho1,

as redes de longo alcance. As redes de acesso alcancam

os usuarios localizados em escritorios ou casas. Possuem

extensoes de poucos quilometros e o trafego dessas redes sao

concentrados em um no da rede metropolitana.

Dada a importancia das redes opticas para compor redes de

telecomunicacoes que estejam preparadas para as demandas

atuais da sociedade, a Engenharia tenta agora responder a

pergunta de como seria a melhor forma de implementar tais

redes. O objetivo quase sempre e otimizar a relacao custo-

desempenho envolvida na implementacao (diminuir os custos

e melhorar o desempenho). Existem dois tipos de custo nas

redes: os investimentos relacionados a compra e instalacao

de dispositivos, tambem chamado de CapEx (CapEx, Capital

Expenditure) e os investimentos relacionados a manutencao

e operacao em si da rede (por exemplo gasto de energia

eletrica para manter a rede em funcionamento), tambem

chamado de custo operacional ou OpEx (OpEx, Operational

Expenditure) [9]. No tocante ao desempenho de rede, diversos

parametros podem ser utilizados para valora-lo, sendo o mais

comum deles a medicao do taxa de requisicoes efetivamente

estabelecidas com sucesso na rede. Na pratica, o custo e o

desempenho sao objetivos conflitantes. Normalmente, quando

se muda um parametro na rede para melhorar o seu desem-

penho (se instala um dispositivo melhor, por exemplo), seu

CapEx aumenta (pois um dispositivo melhor, em geral, custa

mais caro). Para um determinado problema de projeto de redes,

podem existir solucoes de baixo custo e baixo desempenho,

solucoes de alto custo e alto desempenho, e toda uma gama

de solucoes entre esses dois extremos, que resultam em uma

relacao custo-desempenho otimizada. Todas essas solucoes

sao igualmente otimizadas e, portanto, sao igualmente boas,

ou seja, em geral, nao se pode afirmar que uma solucao e

melhor do que a outra sem utilizar algum criterio ou restricao

adicional. Sendo assim, a maneira mais geral de se fazer o

projeto de uma rede de forma mais flexıvel possıvel e buscar

nao somente uma solucao unica para o problema, mas um con-

junto de solucoes que otimizem a relacao custo/desempenho.

Solucoes desse tipo podem ser obtidas utilizando processos

de otimizacao multiobjetivos. Visando atender essas premissas,

algumas ferramentas e heurısticas tem sido desenvolvidas para

tratar do projeto de redes opticas neste novo contexto.

Este artigo apresenta tres secoes intermediarias que dis-

cutem a aplicacao de metaheurısticas bioinspiradas para

otimizacao de multiplos objetivos conflitantes (como os men-

cionados anteriormente); projeto de topologia e selecao de

dispositivos; e avaliacao e determinacao do numero de compri-

mentos de onda por enlace e numero de regeneradores por no,

respectivamente. O conteudo apresentado nestas secoes sao

adequados para aplicacao em redes de transporte ou redes

metropolitanas. O artigo e finalizado com uma discussao e

apresentacao de possibilidades de pesquisa nesta area.

II. UTILIZACAO DE ALGORITMOS PARA OTIMIZACAO

MULTIOBJETIVOS

Algoritmos de otimizacao inspirados em processos evolu-

cionarios tem sido estudados nas ultimas decadas e varias re-

ferencias mostram que estes podem ser usados para solucionar

diversos problemas de otimizacao do mundo real [10], [11].

Devido a popularizacao desta famılia de algoritmos na solucao

de problemas com um objetivo, foi natural o aparecimento de

versoes para otimizacao de problemas com varios objetivos

conflitantes [12], [13].

Dentre os varios algoritmos conhecidos na literatura, ate o

presente momento, os algoritmos NSGAII e SPEA2 se mos-

traram mais promissores para o projeto de redes opticas [14].

Estes algoritmos podem ser utilizados para planejamento da

topologia logica, escolha entre tipos diferentes de dispositivos

a serem empregados na rede, determinacao de quantidade

de comprimentos de onda por enlace e/ou determinacao da

posicao e numero de regeneradores em nos translucidos [15],

[16], como sera mostrado nas proximas secoes.

Nesta secao sera explicado o funcionamento do algoritmo

NSGAII basico e serao apresentadas as melhorias que devem

ser aplicadas sobre os operadores do NSGAII tradicional para

adequacao ao problema de otimizacao de projetos de redes

opticas. Outros algoritmos alternativos tambem podem ser

usados para projetos de redes opticas. Mais detalhes sobre

outros algoritmos evolucionarios conhecidos, como SPEA2,

PESAII, PAES e MODE, podem ser obtidos em [14].

A. NSGA II

O NSGA-II foi proposto por Deb et al. em 2000 [17],

[18]. A proposta inicial do NSGA-II era fornecer uma tecnica

baseada na classificacao de solucoes nao dominadas, assim

como seu predecessor NSGA, contudo, melhorando aspectos

criticados no algoritmo original. O NSGA-II e um algoritmo

elitista, ou seja, preserva as melhores solucoes no populacao

interna para a proxima geracao.

Uma solucao domina outra quando e melhor em pelo menos

um dos objetivos e nao e pior em nenhum dos objetivos. O

conjunto de solucoes nao dominadas e conhecido como Frente

de Pareto. O NSGA-II diminui a complexidade computacional

relacionada a classificacao de solucoes nao dominadas. No

NSGA, a complexidade total do algoritmo e O(mN3), onde

m e a quantidade de objetivos e N e o tamanho da populacao.

No NSGAII, a complexidade e reduzida para O(mN2). O

pseudocodigo do NSGA II esta apresentado no Algoritmo 1.

Considere a execucao do NSGA-II com um tamanho de

populacao N = 7. Para classificacao das solucoes nao domi-

nadas, o NSGA-II usa um conjunto formado pelos indivıduos

da geracao anterior e pelos descendentes, obtendo um conjunto

de tamanho 2N . Esse conjunto e classificado em Frentes

de Pareto, atribuindo um valor de aptidao 1 aos indivıduos

nao dominados, 2 a proxima Frente de Pareto e assim por

diante. Dessa forma, a classificacao visa obter os indivıduos

com menores valores. Este passo esta ilustrado pela Figura 1,

na qual cada Frente de Pareto corresponde a curva formada

pelas solucoes nao-dominadas entre si. Apos essa etapa de

classificacao, o conjunto e truncado para permanecer com o

tamanho de populacao original, N = 7. Nos casos em que

o truncamento precise descartar indivıduos de uma mesma

Frente de Pareto, e usado como criterio de descarte uma

estimativa de densidade, chamada de CD (Crowding Distance).

A medida CD de uma solucao corresponde ao tamanho de

2 REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMACAO E COMUNICACAO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012

Page 3: Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando ... · Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando Inteligencia Computacionalˆ Carmelo J. A. Bastos-Filho1,

Algoritmo 1: Pseudocodigo do NSGA II.

Inicialize uma populacao P aleatoriamente com N

indivıduos;

Avalie todos os indivıduos da populacao;

Classifique os indivıduos em Frentes de Pareto distintas,

usando dominancia;

repita

repita

Selecione pais usando torneio binario;

Crie um novo indivıduo usando cruzamento e

mutacao;

Avalie a aptidao do indivıduo;

Acrescente a solucao em P ;

ate N novos indivıduos sao criados;

Classifique os indivıduos em Frentes de Pareto

distintas, usando dominancia;

Avalie crowding distance para cada indivıduo;

Descarte os piores indivıduos;

ate o numero maximo de iteracoes ser alcancado;

um cuboide formado pelas solucoes adjacentes a solucao

considerada. Um valor elevado de CD indica que a solucao

esta contida em uma regiao pouco densa, em contrapartida,

um valor baixo desta metrica indica que a solucao esta em

uma regiao mais densa.

No exemplo apresentado na Figura 1, foram encontradas

9 solucoes somando-se as Frentes de Pareto F1 e F2, entao

e necessario descartar duas solucoes do front F2. Com a

finalidade de manter um espalhamento maximo em cada Frente

de Pareto, o metodo CD atribui as solucoes mais afastadas o

valor maximo da metrica de densidade, ou seja, as solucoes

E e G da Figura 1 sao automaticamente levadas para a

proxima geracao. Para completar o processo de selecao, e

necessario decidir entre as solucoes a, b e F . Formando um

cuboide para cada solucao considerando as solucoes vizinhas

dentro da Frente de Pareto, percebe-se que a solucao a

apresentou maior valor de CD, conforme ilustrado na Figura

2. Portanto, a proxima geracao sera formada pelas solucoes

{A, B,C, D, E, G, a}.

A Figura 3 resume o esquema de selecao de sobreviventes

do NSGAII. Apos unir as solucoes da populacao anterior (Pt)

e a populacao atual (Dt), as solucoes sao classificadas usando

dominancia, obtendo as Frentes de Pareto F1, F2, F3 e F4. As

solucoes de F1 sao automaticamente levadas para a proxima

geracao (Pt+1). As solucoes de F2 com maior valor de CD

tambem sao levadas para a proxima geracao, ate completar a

populacao Pt+1 com o tamanho |Pt+1| = N = 7. Portanto, as

solucoes descartadas sao as solucoes de F3, F4, e as solucoes

de F2 com baixo de valor de CD.

O comportamento observado durante as execucoes do

NSGA-II e que nos primeiros passos e muito usada a

classificacao por dominancia e apos varias geracoes, muitas

solucoes sao geradas na mesma Frente de Pareto, de modo

que a selecao das solucoes passa a ser guiada prioritariamente

pela metrica CD.

Figura 1. Classificacao de solucoes nao-dominadas utilizada pelo NSGAII,que consiste em formar diversas Frentes de Pareto.

Figura 2. Avaliacao de crowding distance de solucoes que estao na mesmaFrente de Pareto.

Figura 3. Modelo para selecao de sobreviventes usado no NSGA-II.

REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMACAO E COMUNICACAO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 3

Page 4: Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando ... · Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando Inteligencia Computacionalˆ Carmelo J. A. Bastos-Filho1,

B. Aprimoramento nos Operadores Geneticos para Uso em

Projetos de Redes

Uma execucao tıpica do algoritmo NSGAII para o plane-

jamento de redes opticas, usando os operadores geneticos e

parametros basicos do algoritmo, pode chegar a durar mais de

168 horas para uma rede de 14 nos (mais de uma semana).

Estudos apontaram que a convergencia das solucoes pode ser

acelerada caso sejam usados parametros [16] e operadores [14]

mais adequados ao problema de projeto de redes opticas.

Em [16][14], sao otimizados a topologia, o tipo de amplifi-

cador usado em cada enlace, o tipo de OXC usado em cada

no e o numero de comprimentos de onda usados em todos os

enlaces. O espaco de busca possui 2 · 1093 possibilidades de

configuracao. Como o tempo de avaliacao de uma solucao

e de aproximadamente 2,16 segundos, seriam necessarios

1, 37 · 1086 anos para avaliar todas as possibilidades. Estes

numeros mostram que e muito importante usar operadores

adequados para o processo de otimizacao.

Nesta secao serao descritas as modificacoes mais importan-

tes que devem ser aplicadas sobre o NSGAII original para

obtencao de melhores projetos de redes opticas e diminuicao

do tempo de execucao do algoritmo. Com as alteracoes pro-

postas nesta secao, o tempo de execucao dos algoritmos para

o mesmo cenario diminui para aproximadamente 30 horas.

1) Estrategias para inicializar e aplicar mutacao: O

metodo tradicional de inicializar indivıduos consiste em se-

lecionar aleatoriamente um numero no intervalo de valores

possıveis para cada posicao do cromossomo. Este medodo

esta apresentado no algoritmo 2. Esta abordagem foi usada

em [19], [20], [16] e observa-se que o algoritmo tende a gerar

redes muito conectadas no inıcio do processo de otimizacao.

Considerando que a decisao de conectar ou nao os nos na

rede e mais importante se comparada a selecao de um tipo

de amplificador usado, uma estrategia mais interessante para

inicializacao consiste em definir a topologia fısica em dois

passos, conforme apresentado no algoritmo 3.

Algoritmo 2: Inicializacao original do NSGAII.

Seja i uma posicao especıfica do cromossomo;

se i < K + 1 entao

I[i] = randint(AMPMIN , AMPMAX);senao se i = K + 1 entao

I[i] = randint(OXCMIN , OXCMAX);senao

I[i] = randint(WMIN , WMAX);

Considerando que o operador de mutacao consiste na troca

de posicoes especıficas do cromossomo, e facil perceber que o

fluxo do algoritmo 3 tambem pode ser aplicado para mutacao

dos cromossomos.

2) Operadores de Cruzamento: Os operadores de cruza-

mento que se mostraram mais promissores para o projeto de

redes opticas foram o cruzamento uniforme, descrito em [21]

e o cruzamento com corte a cada N genes. Os melhores

resultados sao obtidos com valores de N iguais a 2 e 3.

3) Preferencias no Espaco de Objetivos: O operador de

selecao tradicional do NSGA II para selecao de pais e o

Algoritmo 3: Operador de inicializacao adaptado para

acelerar o processo de busca do NSGA II quando aplicado

ao projeto de redes opticas.

Seja i uma posicao especıfica do cromossomo;

se i < K + 1 entao

p = rand(0; 1);se p < 0.5 entao

I[i] = randint(AMPMIN+1, AMPMAX);senao

I[i] = 0;

senao se gene = K + 1 entao

I[i] = randint(OXCMIN , OXCMAX);senao

I[i] = randint(WMIN , WMAX);

Torneio Binario. Para o projeto de redes opticas, o Torneio

Binario tambem pode ser usado, contudo, foi percebido que

o descarte de indivıduos relacionados com redes que possuem

PB > 0, 1 aceleram o processo de convergencia. Para evitar

limitacao de diversidade nas geracoes iniciais, recomenda-se

aplicar o descarte dos indivıduos apos completar 20% das

iteracoes previstas. Ou seja, se forem previstas 1.000 iteracoes,

o processo se inicia sem descarte e apos completar 200

iteracoes todos os indivıduos com PB > 0, 1 sao descartados

pelo operador de selecao.

4) Um Criterio de Parada Adequado: Estudos realizados

sobre diversos experimentos independentes demostraram que o

algoritmo converge satisfatoriamente apos 500.000 avaliacoes

da funcao de aptidao para o caso estudado. Em uma populacao

de 50 indivıduos, o valor corresponde a 10.000 iteracoes. Esta

quantidade de avaliacoes fornece um valor de hipervolume da

Frente de Pareto principal proximo a 98%.

III. OTIMIZACAO CONJUNTA DA TOPOLOGIA E DOS

EQUIPAMENTOS USADOS EM REDES OPTICAS

Neste caso, tem-se o seguinte problema: dados os locais

desejados para os nos, a matriz de trafego e o algoritmo

RWA, deve-se determinar a topologia fısica e as especificacoes

adequadas dos dispositivos opticos que devem ser implantados

na rede, a fim de, simultaneamente, minimizar o CapEx e

sua probabilidade de bloqueio. Assumiu-se, como variaveis de

projeto, os seguintes parametros de rede: topologia, potencia

de saturacao e nıvel de ruıdo dos amplificadores EDFA de

cada enlace, fator de isolamento de todos os OXCs na rede e

o numero de comprimentos de onda para todos os enlaces.

Para representar a topologia da rede, foi definido o vetor ~V

como: ~V = [m1,2, m1,3, m1,4, m2,3...ℓS , W ], em que mi,j =0 se os nos i e j nao estao conectados, caso contrario, eles sao

conectados usando um dos tipos pre-determinados disponıveis

de amplificador optico em cada enlace, que sao dados pelos

numeros inteiros (1, 2, .., LA). O termo ℓS representa a escolha

do fator de isolamento do OXC (ǫ) e o termo W representa o

numero de comprimentos de onda por enlace.

Foi usado o algoritmo NSGA-II para evoluir o vetor ~V

para formar uma populacao de possıveis solucoes para a

rede, o que significa que diferentes topologias de rede com

4 REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMACAO E COMUNICACAO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012

Page 5: Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando ... · Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando Inteligencia Computacionalˆ Carmelo J. A. Bastos-Filho1,

especificacoes diferentes. Dois objetivos foram considerados

durante a otimizacao, minimizacao da probabilidade de blo-

queio da rede e do CapEx.

Para avaliar a probabilidade de bloqueio da rede foram

realizadas simulacoes. A ferramenta de simulacao utiliza o

algoritmo de menor distancia para roteamento e algoritmo de

alocacao por lista (first fit) para a atribuicao de comprimento

de onda. O simulador usa o modelo de camada fısica descritos

em [22], que leva em conta os seguintes efeitos: o ruıdo ASE,

o efeito de saturacao de ganho e a saturacao de ruıdo ASE em

EDFAs e o crosstalk homodino nos OXC opticos.

No modelo de custo adotado para esse exemplo, foram

consideradas quatro fontes diferentes de custos: um custo fixo

para cada comprimento de onda utilizado na rede, o custo

dos cabos de fibra e custo de implantacao, que depende da

distancia da ligacao fısica; custo por amplificador optico, o

qual depende do nıvel de ruıdo e de sua potencia de saturacao,

e o custo do OXC, que depende do grau do no, do numero

de comprimentos de onda na rede e do fator de isolamento

entre as portas do comutador. Entao, pode-se definir o custo

de capital total da rede por: (COSTNet) as: COSTNet =COSTLambda+COSTAmplifier+COSTCable+COSTOXC .

COSTLambda = η · W , em que W e o numero de

comprimentos de onda por enlace e η e um valor constante,

que pode ser inferido a partir do preco dos equipamentos OLT.

COSTAmplifier =∑N

i=1

∑N

j=1Camp(mi,j), em que N e o

numero de nos na rede. Camp(ℓ) e o preco do amplificador

empregado. COSTCable = 2β∑N

i=1

∑N

j=i+1di,j , em que

di,j e a distancia fısica entre os nos i e j, se eles estao

conectados, e zero se nao forem conectados. β e uma constante

inferida a partir do preco dos equipamentos. COSTOXC =γ ·Csw(ℓS) ·W ·

∑N

i=1G(i), em que γ esta relacionado com o

preco dos equipamentos OXC, G(i) e o grau do no i e Csw(ℓ)esta relacionada com o fator de isolamento.

A Fig. 4 mostra os resultados da simulacao para o custo

da rede em funcao da probabilidade de bloqueio da rede.

Neste caso, o algoritmo NSGA-II foi executado para 5 cargas

de rede diferentes. Cada sımbolo representa uma solucao

possıvel com a sua probabilidade de bloqueio e custo, i.e.

cada ponto corresponde a um topologia da rede diferente

com caracterısticas diferentes de dispositivos. Pode-se notar

que o custo aumenta para redes que apresentam menores

probabilidades de bloqueio e vice-versa. Usando esta figura,

o projetista da rede pode escolher a solucao que atenda as

suas preferencias, de acordo com a especificacao do projeto.

Pode-se notar tambem que para uma dada probabilidade de

bloqueio o custo torna-se maior com o aumento da carga da

rede.

Figs. 5, 6 e 7 mostram exemplos de topologias de rede e

dispositivos de parametros encontrados pelo algoritmo multi-

objetivo para uma carga da rede de 60 erlangs. Os numeros

entre parenteses, separados por ponto e vırgula representam

o comprimento do enlace, potencia de saturacao na saıda e

figura de ruıdo dos amplificadores do enlace, respectivamente.

Sao mostrados tres casos diferentes: a melhor rede em termos

de probabilidade de bloqueio (Fig. 6), a rede de menor custo

encontrada (Fig. 7) e um com uma probabilidade de bloqueio

de cerca de 1% (Fig. 5). O fator de isolamento do OXC

Figura 4. Melhor frente de Pareto encontrada para cinco cargas de redediferentes.

e o numero de comprimentos de onda disponıveis por fibra

encontrado para cada topologia e dado na legenda da figura.

Fig. 7 mostra que a rede de menor custo encontrada tem uma

topologia em anel, como esperado. Pode-se notar tambem que,

para reduzir a probabilidade de bloqueio de 1, 32% (Fig. 5)

para 0, 058% (Fig. 6) o algoritmo descobriu que e necessaria

a adicao de 5 cinco novos enlaces e 5 novos comprimento de

onda (W = 17 to W = 22) em cada enlace da rede.

Figura 5. Melhor topologia de rede e dispositivos - ponto 1 na Fig. 4.

IV. OTIMIZACAO CONJUNTA DA CAPACIDADE DOS

ENLACES E INSERCAO DE REGENERADORES EM REDES

OPTICAS

Esta secao aborda o problema de insercao comprimentos

de onda e regeneradores (WRP - Wavelength and Regene-

rator Placement). E considerada uma topologia fixa com a

arquitetura dos enlaces tambem previamente determinada. A

otimizacao multiobjetiva para insercao de comprimentos de

onda e regeneradores (MOWRP - Multi-objective Optimization

REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMACAO E COMUNICACAO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 5

Page 6: Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando ... · Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando Inteligencia Computacionalˆ Carmelo J. A. Bastos-Filho1,

Figura 6. Melhor topologia de rede e dispositivos - ponto 2 na Fig. 4.

Figura 7. Melhor topologia de rede e dispositivos - ponto 3 na Fig. 4.

for Wavelength and Regenerator Placement) busca solucionar

o problema de WRP considerando a minimizacao conjunta

de tres objetivos: a probabilidade de bloqueio, numero de

nos translucidos (NT) e custo financeiro (CapEx). Neste

caso, foi utilizado o algoritmo de otimizacao multiobjetivos

SPEA2 [23], que tambem apresentou bons resultados para

aplicacoes em projeto de redes opticas [16].

Sejam N o numero de nos e L o numero de enlaces

bidirecionais que compoem a rede. Entao, e definido um vetor

solucao, ~V = vi, o qual possui uma dimensao igual a N+L. ~V

e configurado de forma ordenada, segundo a ordem crescente

dos identificadores dos nos e dos enlaces. As componentes de~V sao numeros naturais. Assim, para cada ındice 1 ≤ i ≤ N ,

vi indica o numero de regeneradores inseridos no i-esimo no.

Se N + 1 ≤ i ≤ N + L, entao vi informa o numero de pares

de comprimentos de onda inseridos no (i−N)-esimo enlace.

Um par de comprimento de onda significa um comprimento

de onda para um sentido da conexao entre dois nos e o mesmo

comprimento de onda para o sentido inverso, pois as conexoes

sao bidirecionais em duas fibras.

O modelo de CapEx utilizado e composto por duas parcelas:

o custo devido aos regeneradores (CR) e o custo devido

aos comprimentos de onda (CW ). E considerado o modelo

proposto por Huelsermann e colaboradores [24] com uma

adaptacao proposta por Chaves e colaboradores [25]. CW e

definido por:

CW = 2τ

L∑

l=1

Wl +

N∑

n=1

[(0, 05225Pn + 6, 24)Gn + 2, 5] ,

(1)

na qual τ e o custo referente ao transponder considerado. O

valor de τ e igual a 3,75 m.u. (unidades monetarias) [24]. Wl

e o numero de pares de comprimentos de onda (transponders)

colocados no l-esimo enlace. Pn e o numero de portas do OXC

(determinado pelo maior numero de pares de comprimentos de

onda presentes no enlace com mais canais e que esta conectado

ao no em analise), Gn e o grau do n-esimo no.

O custo devido aos regeneradores e calculado por:

CR = βτ

N∑

n=1

Rn, (2)

na qual Rn e o numero de regeneradores no no n e β e

o custo relativo do regenerador em comparacao ao custo do

transponder (τ ). Huelsermann e colaboradores propoem que

β seja igual a 1,4 [24]. Isso significa que um regenerador e

40% mais caro que um transponder. Por fim, o custo total

(CT ) de uma determinada rede e dado pela equacao (3):

CT = CR + CW . (3)

Os parametros do SPEA2 utilizados nas simulacoes sao:

o tamanho da populacao e de 100 indivıduos, tamanho do

arquivo externo e de 200 indivıduos, numero de geracoes

e 10.000, a probabilidade de cruzamento e de mutacao sao

0, 9 e 0, 1, respectivamente. O numero maximo de pares de

comprimentos de onda nos enlaces e 40 e o mınimo e 2. O

numero mınimo de regeneradores em um no e zero e o maximo

e igual dobro do numero de pares de comprimentos de onda

que se conectam a esse no. A carga da rede e de 100 erlang.

A figura 8 mostra a Frente de Pareto obtido para o MOWRP

considerando os tres objetivos. Para facilitar a visualizacao, os

resultados sao apresentados como probabilidade de bloqueio

em funcao do CapEx, parametrizadas pelos numeros de nos

translucidos. Alem disso, a reta tracada no grafico informa a

probabilidade de bloqueio obtido para a rede opaca (1,5%).

De posse das solucoes oferecidas pelo MOWRP, o pro-

jetista da rede pode escolher uma solucao que atenda as

suas expectativas. Supondo que e desejado projetar uma rede

translucida com o menor valor de probabilidade de bloqueio

possıvel, entao a solucao em destaque na figura 8 e a escolhida.

Esta solucao corresponde a rede translucida mais barata que

obtem probabilidade de bloqueio similar a da rede opaca. A

configuracao final para esta solucao esta ilustrada na figura 9.

A solucao em destaque obtem o mesmo desempenho, em

termos de probabilidade de bloqueio, da rede opaca. Para isso,

ele insere 108 regeneradores distribuıdos em 6 nos translucidos

e 478 pares de comprimentos de onda. O seu custo total e

6 REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMACAO E COMUNICACAO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012

Page 7: Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando ... · Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando Inteligencia Computacionalˆ Carmelo J. A. Bastos-Filho1,

Figura 8. Frente de Pareto encontrada pelo MOWRP.

Figura 9. Configuracao da solucao em destaque na figura 8, encontrada peloMOWRP.

de 4482, 97 m.u.. Esse valor corresponde a aproximadamente

32% do custo da rede opaca.

V. DISCUSSAO E CONCLUSOES

As redes opticas sao essenciais para viabilizar os servicos

de telecomunicacoes e tecnologia da informacao presentes na

sociedade moderna. Sao essenciais porque nao existe outra

tecnologia capaz de transmitir a taxas tao altas (ate dezenas

de Tb/s) em uma unica fibra optica por distancias tao longas

(ate milhares de quilometros). As redes opticas evoluıram e

atualmente e possıvel realizar todo o controle e gerenciamento

de rede no domınio optico. No entanto, dada a complexidade e

o numero de problemas de otimizacao relacionados ao projeto

e operacao das redes opticas, e necessaria a utilizacao de

tecnicas modernas de otimizacao. As tecnicas de otimizacao

evolucionarias apresentam caracterısticas que podem ser uteis

para projeto de redes opticas, como a capacidade de lidar

com multiplos objetivos conflitantes e tratar problemas de alta

dimensionalidade.

Foi mostrado que algumas das variacoes destas tecnicas

de otimizacao evolucionarias, como o NSGA-II e o SPEA2,

sao adequadas para projeto de redes opticas. Neste artigo, foi

mostrado que e possıvel aperfeicoar os operadores dos algorit-

mos evolucionarios para melhorar o desempenho em termos

de tempo de execucao do algoritmo. Tambem foi mostrado

que esses algoritmos podem ser utilizados para solucionar

problemas conjuntos que, de forma geral, sao negligenciados,

como projeto de topologia com definicao de equipamentos e

definicao conjunta de colocacao de regeneradores e definicao

do numero de comprimentos de onda por enlace.

Apesar dos avancos, ainda e necessario um esforco maior,

uma vez que idealmente todos estes problemas deveriam ser

considerados de forma conjunta. Alem disso, o projeto deveria

considerar tambem a definicao dos algoritmos operacionais no

processo de projeto, como o algoritmo de RWA e algoritmo

de decisao para utilizacao de regeneradores, entre outros.

Infelizmente, os algoritmos evolucionarios utilizados neste

trabalho tem seu desempenho limitado quando o numero de

dimensoes no espaco de decisao (variaveis) passa de uma

centena. Para isso, poderiam ser adaptados e testados algorit-

mos evolucionarios estado-da-arte para alta dimensionalidade,

como o SMS-MOEA [26] e o MOEA/D [27].

Outro aspecto que deve ser considerado e a inclusao de

outros objetivos de otimizacao no projeto, como resiliencia

de rede e diferenciacao de nıveis de servico para diferentes

clientes. Mais uma vez, os algoritmos evolucionarios utilizados

neste trabalho tem bom desempenho quando o numero de

objetivos de otimizacao nao conflitantes e menor que quatro.

Para tratar mais objetivos de forma simultanea, podem ser

testados algoritmos evolucionarios proprios para lidar com

muitos objetivos (mais do que quatro objetivos de otimizacao),

como o CEGA e o MDFA [28].

REFERENCIAS

[1] B. Mukherjee. “WDM Optical Communication Networks: Progress andChallenges”. Journal of Selected Areas in Communications, vol. 18, no.10, pp. 1810–1824, Outubro 2000.

[2] M. J. O’Mahony, C. Politi, D. Klonidis, R. Nejabati and D. Simeonidou.“Future optical networks”. Journal of Lightwave Technology, vol. 24,no. 12, pp. 4684–4696, Dezembro 2006.

[3] B. Ramamurthy, H. Feng, D. Datta, J. Heritage and B. Mukherjee.“Transparent vs. opaque vs. translucent wavelength-routed optical net-works”. In Optical Fiber Communication Conference – OFC, volume 1,pp. 59–61, 1999.

[4] H. Zang, J. P. Jue and B. Mukherjee. “A Review of Routing andwavelength Assignment Approaches for Wavelength-Routed OpticalWDM Networks”. Optical Networks Magazine, vol. 1, no. 1, pp. 47–60,Janeiro 2000.

[5] N. Zulkifli, C. Okonkwo and K. Guild. “Dispersion optimised impair-ment constraint based routing and wavelength assignment algorithmsfor all-optical networks”. In Anais do 8o

¯International Conference

on Transparent Optical Networks – ICTON, volume 3, pp. 177–180.IEEE/LEOS, Junho 2006.

[6] A. Rahbar. “Review of Dynamic Impairment-Aware Routing andWavelength Assignment Techniques in All-Optical Wavelength-RoutedNetworks”. Communications Surveys Tutorials, IEEE, vol. PP, no. 99,pp. 1–25, 2011.

[7] X. Yang and B. Ramamurthy. “Sparse Regeneration in TranslucentWavelength-Routed Optical Networks: Architecture, Network Designand Wavelength Routing”. Photonic Network Communications, vol. 10,no. 1, pp. 39–53, Julho 2005.

[8] G. Shen and R. S. Tucker. “Translucent optical networks: the wayforward”. IEEE Communications Magazine, vol. 45, no. 2, pp. 48–54,Fevereiro 2007.

[9] S. Sygletos, I. Tomkos and J. Leuthold. “Technological challenges onthe road toward transparent networking”. Journal of Optical Networking,vol. 7, no. 4, pp. 321–350, Abril 2008.

REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMACAO E COMUNICACAO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 7

Page 8: Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando ... · Avanc¸os em Planejamento de Redes Opticas WDM´ Utilizando Inteligencia Computacionalˆ Carmelo J. A. Bastos-Filho1,

[10] A. E. Eiben and J. Smith. Introduction to Evolutionary Computation.Springer, 2003.

[11] A. P. Engelbrecht. Computation Intelligence. John Wiley & Sons, 2007.[12] K. Deb. Multi-Objective Optimization Using Evolutionary Algorithms.

John Wiley & Sons, 2001.[13] C. A. Coello-Coello, G. B. Lamont and D. A. V. Veldhuizen. Evolutio-

nary Algorithms for Solving Multi-Objective Problems. Springer, secondedition, 2007.

[14] D. R. B. Araujo, C. J. A. Bastos-Filho, E. A. Barboza, D. A. R. Chavesand J. F. Martins-Filho. “An Efficient Multi-Objective EvolutionaryOptimizer to Design All-Optical Networks Considering Physical Im-pairments and CAPEX”. In Proc. of 11th International Conference on.

Intelligent Systems Design and Applications (ISDA), 2011, volume 1,pp. 76–81, 2011.

[15] D. A. R. Chaves, C. J. A. Bastos-Filho and J. F. Martins-Filho.“Multiobjective Evolutionary Algorithm for Physical Topology Designand Device Specifications of All-Optical Networks”. XXVII Simposio

Brasileiro de Telecomunicacoes - SBrT 2009, 2009.[16] D. R. B. Araujo, C. J. A. Bastos-Filho, E. A. Barboza, D. A. R.

Chaves and J. F. Martins-Filho. “A Performance Comparison ofMulti-Objective Optimization Evolutionary Algorithms for All-OpticalNetworks Design”. SSCI 2011 MCDM - 2011 IEEE Symposium

on Computational Intelligence in Multicriteria Decision-Making, 2011.Artigo aceito para publicao.

[17] K. Deb, S. Agrawal, A. Pratap and T. Meyarivan. “A FastElitist Non-Dominated Sorting Genetic Algorithm for Multi-ObjectiveOptimization: NSGA-II”. In Proceedings of the Parallel Problem Sol-ving from Nature VI Conference, number 1917, pp. 849–858. Springer,2000.

[18] K. Deb, A. Pratap, S. Agarwal and T. Meyarivan. “A Fast and ElitistMultiobjective Genetic Algorithm: NSGA-II”. IEEE Transactions on

Evolutionary Computation, vol. 6(2), pp. 182–197, 2002.[19] D. A. R. Chaves, C. J. A. Bastos-Filho and J. F. Martins-Filho. “Up-

grading the Physical Topology of Transparent Optical Networks Using aMultiobjective Evolutionary Algorithm Considering Quality of Serviceand Capital Cost”. Microwave and Optoelectronics Conference (IMOC),

2009 SBMO/IEEE MTT-S International, pp. 51–56, 2009.[20] D. Chaves, C. Bastos-Filho and J. Martins-Filho. “Multiobjective

Physical Topology Design of All-Optical Networks Considering QoSand Capex”. Optical Fiber Communication (OFC), 2010 Conference on

(OFC/NFOEC), pp. 1–3, 2010.[21] K. Man, K. Tang and S. Kwong. “Genetic Algorithms: Concepts and

Applications (in Engineering Design)”. IEEE Transactions on IndustrialElectronics, vol. 43-5, pp. 519–534, 1996.

[22] H. A. Pereira, D. A. R. Chaves, C. A. Bastos-Filho and J. F. Martins-Filho. “OSNR model to consider physical layer impairments in trans-parent optical networks”. Photonic Network Communications, vol. 18,no. 2, pp. 137–149, 2009.

[23] E. Zitzler, M. Laumanns and L. Thiele. “SPEA2: Improving theStrength Pareto Evolutionary Algorithm for Multiobjective Optimiza-tion”. In Evolutionary Methods for Design, Optimisation and Controlwith Application to Industrial Problems (EUROGEN 2001), edited byK. Giannakoglou et al., pp. 95–100. International Center for NumericalMethods in Engineering (CIMNE), 2002.

[24] R. Huelsermann, M. Gunkel, C. Meusburger and D. A. Schupke. “Costmodeling and evaluation of capital expenditures in optical multilayernetworks”. Journal of Optical Networking, vol. 7, no. 9, pp. 814–833,Setembro 2008.

[25] D. A. R. Chaves, C. J. A. Bastos-Filho and J. F. Martins-Filho. “Mul-tiobjective physical topology design of all-optical networks consideringQoS and Capex”. In Optical Fiber Communication Conference (OFC),pp. 1–3, 2010.

[26] N. Beumea, B. Naujoksa and M. Emmerich. “SMS-EMOA: Multiob-jective selection based on dominated hypervolume”. European Journalof Operational Research, vol. 181, pp. 1653–1669, 2007.

[27] Q. Zhang and H. Li. “MOEA/D: A Multiobjective Evolutionary Algo-rithm Based on Decomposition”. IEEE Transactions on Evolutionary

Computation, vol. 11, 2007.[28] M. Garza-Fabre, G. T. Pulido and C. A. Coello Coello. “Two novel

approaches for many-objective optimization”. In IEEE Congress on

Evolutionary Computation, pp. 1–8, 2010.

8 REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMACAO E COMUNICACAO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012