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O CONTRIBUTO DA GESTÃO DA QUALIDADE PARA A GESTÃO GLOBAL DAS ORGANIZAÇÕES Case Studies • Opiniões • Resultados de um Inquérito a Empresas Certificadas O MOVIMENTO DA QUALIDADE em Portugal RUI FAZENDA BRANCO

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O livro retrata alguns dos assuntos relacionados com o tema, inclui “Opiniões” das principais partes interessadas, nomea-damente o IPQ, o IPAC, a APQ, Gestores de Topo, Gestores da Qualidade, Consultores, Auditores e Universidades, e apre-senta os resultados de um inquérito realizado recentemente sobre “prós e contras” do desenvolvimento de programas de melhoria. Como testemunho do contributo da Gestão da Qualidade para a Gestão Global, apresenta uma selecção de case studies de organizações, de variados sectores de activi-dade, que reflectem um resumo dos benefícios obtidos.

Mais do que uma obra técnica e teórica, este livro pretende ser prático e útil para quem desempenha funções relacionadas com a gestão da qualidade e, principalmente, com a gestão no seu sentido lato.

Rui Fazenda BRanco

O cOntributO da GestãO da Qualidadepara a GestãO GlObal das OrGanizações

case studies • Opiniões • resultados de um inquérito a empresas certificadas

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Portugal

PATROCÍNIOS

Rui Fazenda Branco nasceu em 1963. Em 1987, terminou a licenciatura em Química Aplicada, ramo de Biotecnologia, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Exerce a actividade de consultoria na área da Gestão da Qualidade desde 1990, tendo, nos últimos anos, acumulado esta experiência com funções de gestão.

O projecto do Livro O Movimento da Qualidade em Portugal surgiu no início de 2007, tendo como principal objectivo divulgar a importância do contributo da Gestão da Qualidade na Gestão Global de qualquer tipo de organização que pretenda, continuamente, ser mais competitiva e melhorar os resultados da sua actividade.9 7 2 7 8 8 2 6 1 8 0 0 0www.vidaeconomica.pt

pmd.pt

O CONTRIBUTO DA GESTÃO DA QUALIDADEPARA A GESTÃO GLOBAL DAS ORGANIZAÇÕES

Case Studies • Opiniões • Resultados de um Inquérito a Empresas Certificadas

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O MOVIMENTODA QUALIDADE

em Portugal

O livro retrata alguns dos assuntos relacionados com o tema, inclui “Opiniões” das principais par-tes interessadas, nomeadamente o IPQ, o IPAC, a APQ, Gestores de Topo, Gestores da Qualida-de, Consultores, Auditores e Universidades, e apresenta os resultados de um inquérito realiza-do recentemente sobre “prós e contras” do de-senvolvimento de programas de melhoria. Como testemunho do contributo da Gestão da Qualidade para a Gestão Global, apresenta uma selecção de case studies de organizações, de variados secto-res de actividade, que reflectem um resumo dos benefícios obtidos.

Mais do que uma obra técnica e teórica, este livro pretende ser prático e útil para quem desempenha funções relacionadas com a gestão da qualidade e, principalmente, com a gestão no seu sentido lato.

www.vidaeconomica.pt

ISBN: 978-972-788-342-4

Visite-nos em:livraria.vidaeconomica.pt

O MOVIMENTODA QUALIDADE

em Portugal

RUI FAZENDA BRANCO

9 789727 883424

ISBN 978-972-788-342-4

Rui Fazenda Branco nasceu em 1963. Em 1987, terminou a licenciatura em Química Aplicada, ramo de Biotecnologia, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Exerce a actividade de consultoria na área da Gestão da Qualidade desde 1990, tendo, nos últimos anos, acumulado esta experiência com funções de gestão.

O projecto do Livro O Movimento da Qualidade em Portugal surgiu no início de 2007, tendo como principal objectivo divulgar a importância do contributo da Gestão da Qualidade na Gestão Global de qualquer tipo de organização que pretenda, continuamente, ser mais competitiva e melhorar os resultados da sua actividade.

ÍNDICE GERAL

Prefácio .................................................................................. 11Introdução .................................................................................. 13Capítulo1 OmovimentodaQualidadeemPortugal...................... 15

Capítulo2 OSPQ–SistemaPortuguêsdaQualidade................... 25

• Princípiosorientadoresdosistemaportuguês daqualidade............................................................... 25 –OstrêssubsistemasdoSPQ................................... 25 –AfunçãodegestãoecoordenaçãodoSPQ............ 26 –Afunçãodeacreditação......................................... 26 –Afunçãodecertificação......................................... 27 –Acredibilidadeeoreconhecimentointernacional dacertificação......................................................... 27

Capítulo3 AevoluçãodosSistemasdaQualidade.......................... 29 • Aevoluçãodosconceitos.......................................... 29 • DosSistemasdeGestãodaQualidade aosSistemasdeGestãoIntegrados............................ 31

Capítulo4 DiferentesModelosdeGestãodaQualidade................. 33 • DiferentesModelosdeGestãodaQualidade............ 33 –ModelodeGestãodaQualidadecombase nanormaISO9001................................................ 34 –Modelodeexcelênciacombasenoscritérios daEFQM(EuropeanFoundationforQuality Management).......................................................... 35

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O movimento da qualidade em portugal

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Capítulo5 Diferentestiposdequalificação/reconhecimento....... 37 • Aacreditação............................................................. 37 • Acertificação............................................................ 37 –Certificaçãodesistemasdegestão.......................... 38 –Certificaçãodeproduto.......................................... 38 –Certificaçãodoserviço........................................... 38 –Certificaçãodepessoas........................................... 39 • Outrostiposdereconhecimento/distinção............ 39 –PEX-SPQ–PrémiodeExcelência–Sistema PortuguêsdaQualidade........................................ 39 –ECSI–European Customer Satisfaction Index......... 40 –Prémios/reconhecimentossectoriais.................... 40 • Marcasrelacionadascomcontrolodaqualidade....... 41 –MarcaçãoCE.......................................................... 41 –Controlodepré-embalados.................................... 41

Capítulo6 AimportânciadasNormasISO/EN/NP/eoutras. 43 • ComosurgemasnormasISO/EN/NP/eoutras 43 • Ciclodeemissãodasnormas..................................... 44 • Objectivosdasnormas(ISOeoutras)....................... 45 • AimportânciadanormaISO9001nacertificação... 45

Capítulo7 AcertificaçãoISO9001emnúmeros............................ 49

Capítulo8 AISO9001ea“concorrência”..................................... 51

Capítulo9 MetodologiaparaodesenvolvimentodoSistema deGestãodaQualidade............................................. 55 • Programademelhoria–desenvolvimentodoSistema deGestãodaQualidade............................................. 55 – AsPrincipaisEtapasdeumProgramadeMelhoria doSGQ–abordagemnaperspectivadoModelo SO9001................................................................. 56 –AMelhoriaContínuadoSGQ.............................. 60

Capítulo10 DiferentesperspectivasdaQualidade:qualidade dosprodutos/serviçosequalidadedasorganizações...... 61

Índice geral

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Capítulo11 AGestãodaQualidade–contributo paraacompetitividadedasorganizações........................ 65

Capítulo12 OutrasabordagensparcialmenteequivalentesàGestão da Qualidade ................................................................. 67 • Reengenharia............................................................. 67 • Balanced Scorecard..................................................... 69 • GestãoEmpresarialdoRisco................................... 70

Capítulo13 RelaçãoQualidade-Preço............................................. 73

Capítulo14 AgestãodeCustosdaQualidade................................... 75 • Agestãodecustosdaqualidade–introdução........... 75 • OquesãoosCustosdaQualidade?.......................... 76

Capítulo15 Técnicas,ferramentasemetodologiasdaQualidade...... 79 –Fluxogramas........................................................... 80 –Folhasderegistodedados...................................... 80 –Histogramas........................................................... 81 –DiagramadePareto................................................ 81 –DiagramadeIshikawa........................................... 82 –DiagramadeEspalho(dispersão)............................ 83 –CartasdeControlo/AplicaçãodoControlo EstatísticodoProcesso........................................... 84 –Cartasdecontrolo.................................................. 85 –Brainstorming......................................................... 86 –Benchmarking......................................................... 86 –5S........................................................................... 87 –Análisedevalor...................................................... 88 –AMDEC–AnáliseModaldeDefeitoseEfeitos Críticos................................................................... 90 –QFD–Quality Function Deployment..................... 92 –MétodosTaguchi.................................................... 95 –Just-In-Time............................................................. 96 –SixSigmaeLeanSixSigma.................................... 97

O movimento da qualidade em portugal

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Capítulo16 AfunçãodoGestordaQualidade................................. 99 • AfunçãodoGestordaQualidade............................. 99 • Oenquadramentodafunção“GestãodaQualidade naestrutura organizacional....................................... 100 • ArelaçãodoGestordaQualidade comoSistemadeGestãodaQualidade.................... 100

Capítulo17 Ocontributodosgurusparaomovimento da Qualidade em Portugal.............................................. 103 –Crosby.................................................................... 104 –Deming................................................................... 104 –Feigenbaum............................................................ 105 –Ishikawa................................................................. 105 –Juran....................................................................... 106 –Taguchi................................................................... 107

Capítulo18 Umaexperiênciacomoconsultor.................................. 109

Capítulo19 Principaisvantagensedificuldadesnaimplementação ecertificaçãodeumSistemadeGestãodaQualidade.... 115

Capítulo20 OMovimentodaQualidadeemPortugal–opiniões

degestoresdetopo......................................................... 125

Capítulo21 OMovimentodaQualidadeemPortugal–case studies. 131

•Parmalat...................................................................... 135

•White.......................................................................... 141

•CTM........................................................................... 151

PREFÁCIO

Actualmente,aglobalizaçãoeavolatilidadedaenvolventesãofac-torescadavezmaisrelevantesnosambientesdenegócio.Globalização,novastecnologiaseInternet,alteraçõesclimáticas,desigualdadesso-ciais,umacriseeconómicaefinanceiraglobal,misturadascomumde-sejolegítimodecadaserhumanodevivermelhoreserfeliz,implicamanecessidadedemudaredemelhorar.Crescimento,crise,rupturas,mudançaspodemaconteceremqualquermomento,emqualquerlu-gar,contribuindoparaumambientedenegóciomuitodinâmico.

Paraalémdoobjectivoimediatodasobrevivência,asorganizaçõesnãopodemperderdevistaanecessidadedeprogredirem,criaremva-loreseprepararemparaaproveitarasoportunidades.Masoquepodeedeveserfeito,emconcreto?

Grandes especialistas daQualidade, tais comoDeming e Juran,defenderamqueamaioriadosproblemasdasorganizaçõesedaqua-lidadesópodemserresolvidospelaGestãodeTopo.Defacto,nãobastatreinareformarGestoresIntermédios,EngenheiroseTécnicosdaQualidade,sequeremosqueasorganizaçõesmelhoremodesem-penhodosseusprocessoseaqualidadedosseusprodutos,tendoemconsideraçãoosinteressesdosconsumidores,demodoatornarem-semais competitivas.Mais doque aGestãodaQualidade, é essencialpassarmosparaaQualidadedaGestão.

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O movimento da qualidade em portugal

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Nestaobra,dirigidaagestores,RuiFazendaBrancopercorrecomrigoreclarezaasorigensdoMovimentodaQualidadeeosensina-mentosdosprincipaisespecialistasmundiais,osreferenciaisemeto-dologiasparaaimplementaçãodesistemasdaqualidadeeasprincipaistécnicas,ferramentasemetodologiasdaqualidade.Comaobjectivida-dedeumprofissionalcompetentequesabecomosedevefazerporquejáofazhámuito,apresentandoaindaumconjuntorelevantedecasoseexemplosdediversasorganizações.

AQualidade tem sido, paramim,uma enorme fonte de satisfa-çãopessoaleprofissionalhámaisdevinteecincoanos.Noentanto,acreditoqueumaboapartedoslivrossobreQualidadesãodemasiadoteóricoseacadémicoseusamumaabordagempoucomotivadoraparaaGestão. Já era tempode aparecer um livro que demonstre que aGestãodaQualidadeéinteressante,compreensíveleútil,podeedevesercorrectamentegeridaelideradapelaGestãodeTopo.

Ainformação,osexemplosapresentadoseacompetênciaeexpe-riênciadeRuiFazendaBrancotornamestelivroumimportantecon-tributoparaosgestoresqueestejamcomprometidosemmelhorarodesempenhodas suasorganizações e criarvalorparaos respectivosstakeholders.

Luís Fonseca

2010.02.14

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INTRODUÇÃO

Este livroéumaversãocondensadado livro“OMovimentodaQualidadeemPortugal”,adiantedesignadocomo“versãooriginal”,editadopelaVidaEconómicaemMaiode2008.

Incluiatotalidadedoscapítulosda“versãooriginal”.Orespectivodesenvolvimento,salvoexcepções,éapresentadodeformamaiscon-densada.

Pretende apresentar eproporcionaruma reflexão sobreomovi-mentodaqualidadeemPortugal,movimentoiniciadonofinaldadé-cadade80.

Destina-se,essencialmente,aquempretendeobterumavisãogené-ricasobreotema.

Para quem pretenda informação e uma análise mais detalhada,principalmente a nível dos assuntosmais técnicos e de “opiniões”,bem como conhecer diversos case-studies relacionados como tema,recomenda-sealeiturada“versãooriginal”.

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CAPÍTULO 1

O MOVIMENTO DA QUALIDADE EM PORTUGAL

1deJaneirode1986.Aproximadamenteseismesesdepoisdaassi-naturadoTratadodeAdesão(12deJunhode1985),Portugaltorna-semembrodaComissãoEconómicaEuropeia(CEE).

Amaiorpartedosportuguesesnãoimaginavaavariedadedeimplica-çõesqueestadatairiaternasuaactividadeprofissionaleatéparticular.

PortugalnaCEEera,muitomaisdoqueumdesafiopolítico,umdesafioeconómico,emquesetornavaimperativoreequacionarafor-madepensar(edegerir)asorganizações.Aoportunidadedeaberturaparanovosmercadosexigiaumaumentodacompetitividadedamaiorpartedasempresasouentãonãopassariadeumaoportunidadeparaasempresasdemercados(eculturas)maisexigentesseinstalarememPortugaleassimdesequilibrarem,aindamais,abalançadetransacçõescorrentes.Asameaçastambémestavamclaramenteidentificadas.

Numaperspectivaoptimista,queerabemnecessária,emtermospráticos,emmuitossectores,omercadopotencialpassavadeaproxi-madamentenoveparaduzentosequarentamilhõesdeconsumidores;semdúvida,umaoportunidadequejustificavaograndedesafio.

Surgiramdiversosestudos,entreosquaissedestacouodeMichaelPorter,em1994.Paraalémdeidentificadososprincipaissectoresdeapostaparaaeconomiaportuguesa,surgemnovosconceitosdegestão

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empresarial,comooscluster (rededeempresascomactividaderela-cionadaseque,comotal,funcionariamcomoumacadeiadecliente-fornecedor).

Osprimeirosdiagnósticos à economia empresarial estavamcon-cluídos.Umadasmedidasnecessáriasapontavaparaumaforteapostanaformação.

A CEE disponibilizava aos países mais necessitados fundos co-munitários para apoiar a sua recuperação.Nesta altura a siglaFSE(FundoSocialEuropeu)passouafazerpartedovocabuláriodemuitasempresasedemuitosprofissionais.

OGovernodeentãopassavaapalavraqueeranecessário,acimadetudo,investirnaqualificaçãodosrecursoshumanosedesafiavaosagenteseconómicosaaproveitaraajudafinanceiradosfundoscomu-nitários.

As equipasde reflexão e assessoriados governosda época, taiscomo os Observatórios da Qualidade Sectoriais e o ConselhoNacionaldaQualidade,evidenciavamapreocupaçãodasmaisaltasinstânciaspolíticaseeconómicascomotemaedavamlugaraoIPQ–InstitutoPortuguêsdaQualidade,aquemfoiatribuídaaresponsa-bilidadepelasactividadesdenormalização,decertificaçãoedeme-trologia,bemcomopeladoutrinaeacçãodoSistemaNacionaldeGestãodaQualidade(actualmentedenominadoSistemaPortuguêsdaQualidade),entãocriadoem1983.

Logosurgiramnovasempresasquedominavamasformasdetra-zerdinheiroparaPortugaleque,facilmente,convenciamosagenteseconómicosacandidatarem-sea(regrageral,extensos)programasdeformação.

Emsimultâneocomestarealidade,surgiaminúmerasempresasdeformação,passandoaprofissãode“formador”aserumagarantiadesucessoprofissional,pelomenos,acurtoprazo.

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Estemovimento que se fazia sentir na altura indicava que umagrandepartedasempresassetinhaapercebidoqueseestavaemplenamudança…

Apesardemuitosconsideraremqueessasajudaspoderiamtersidomelhoraproveitadas,éjustoreferirquefuncionaramcomooprimei-rocatalisadorparaatãonecessáriamudança.

Nofinaldadécadade80,percebe-sequeaformaçãonãoresolviatodasasdificuldades.Erafundamentaldotarasempresasdeoutrasfer-ramentasquecontribuíssemparaoreforçodasuacompetitividade.

Entrávamosnaeradaterminação“idade”:produtividade,qualidade,criatividadeecompetitividadepassavamaseras“palavrasdeordem”namaiorpartedasempresasquedefiniamobjectivosamédioelongoprazo.

Os exemplos de referência passam a ser os da Motorola e daToyota.Abibliografiamaisprocurada é, entreoutras, ados gurusJuran,Deming,Crosby,Feigenbaum,TaguchieIshikawa.

Asperspectivasdeaumentodastransacçõescomerciaiscomdesti-nosatéentão(quase)incipientestrouxeramanecessidadedaexistênciadenormalizaçãoqueraníveldascaracterísticastécnicasdosprodutosqueraníveldaqualidade/qualificaçãodasempresas.

Alguns sectores industriais, a estenívelmais experimentados, jáusavam normas internacionais principalmente para apoio a activi-dadesde“controlodaqualidade”:asMilitary Standards (MIL-STD),conhecidasporumnúmeromuitorestritodequadrostécnicos,esta-beleciamcritériosdeamostragemeserviamdebaseparaaconfian-çadaqualidadenarelaçãocliente-fornecedor;oconceitodeAQL–Acceptance Quality Level(níveldequalidadeaceitável)faziapartedoscadernosdeencargoseera,paraalémdefacilitadordoentendimentoentreempresasquefalamdiferenteslínguas,odenominadorcomumparaaqualidadedeumfornecimento.

Contudo,oconceitoAQLficarapidamenteobsoletofaceàneces-sidadedeoptimizaçãodecustos.

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Surgenovocabuláriodemuitasempresasoconceitode“garantiadaqualidade”comoumaextensãodotema“qualidade”,atéentãoqua-seentendidocomo“controlodaqualidade”.

Atéestaaltura,sóumapartemuitorestritadasempresasinterpre-tavaeaplicavaosconceitosrelativosà“qualidade”comoumconjuntodeferramentasemetodologiasorientadoparagarantiramáximaqua-lidadeaolongodociclodeprodução,desdeafasecomercialatéàdeassistênciaapósvenda.

Em geral, salvo excepções, aquele número restrito de empresaspertenciaasectoresindustriaismaisexigentes,comoporexemplooaeronáutico,omilitar,odecomponentesparaautomóvel,odecom-ponenteselectrónicoseofarmacêutico,ousustentavamoseunegócionaexportaçãoparamercadosmaisexigentes.

Nofinaldadécadade80surgemasprimeirasempresascomsiste-masdegarantiadaqualidadeimplementadosecertificadoscombaseemnormasinternacionais,nomeadamentepelaISO29002(umadastrêsnormasque,naaltura,serviamdereferênciaparaacertificaçãodaqualidade).

OIPQtem,naaltura,ascompetênciasdeacreditadoredecerti-ficador,tendoconstituídoaprimeiraequipadeauditores(“bolsadeauditores”).

ParaahistóriadaqualidadeemPortugalficouaPortucel–FábricadeSetúbal,que,em1988,foiaprimeiraempresaportuguesacertifica-danaáreadaqualidade.

Nosprimeirosanosdadécadade90ascerimóniasdeentregadecertificados(regrageral“29002”)passamaserumacontecimentointe-gradonaestratégiadecomunicaçãoeimagemdaqualidadeeliderançadasempresas.

Então,osloganpublicitáriomaisemvogapassavaaser”Aprimei-raempresacertificadadosector…”.

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A“garantiadaqualidade”passaaserinterpretadacomoumafer-ramenta de marketingedevendas,oquepromoveasuadivulgaçãoecrescenteimportância.

Osagenteseconómicoscomeçamaaperceber-sequeametadacer-tificaçãodaqualidadeéumaquestãodetiming,vistoquejásesentiao efeito “bola deneve” por iniciativa das tais empresas líderes quepassavama“mensagem”eaexigênciaparaosseusfornecedores.

OsapoiosfinanceirosdaagoradesignadaUniãoEuropeiatambémdãouma ajuda.A siglamais apetecida, embora só para os sectoresIndustriais,éoPEDIP–ProgramaEstratégicoparaaDinamizaçãoeModernizaçãodaIndústriaPortuguesa,atravésdoqualmuitasempre-sasobtiveramverbasparaaimplementaçãodoseusistemadegarantiadaqualidade.

Omovimentodaqualidadenãopáraepassarapidamentedossec-toresindustriaisparaodosserviços.

Entretanto,algumasempresasdeformaçãoredireccionamasuaactuaçãoe criamos seusdepartamentosde consultoriana áreadaqualidade.A estas juntam-se novas empresas que percebemque aactividade de consultoria e de auditoria tem boas perspectivas denegócio.

Emboracorrendoalgunsriscosdediscriminação,relembrooISQ–InstitutodeSoldaduraeQualidadeeaPartex-CPScomoasprimei-rasempresasaprepararformadores,consultoreseauditores,muitosdosquaispodemosaindahojeencontraremqualquerfórumrelativoàqualidade.

Asprofissõesde“consultor”ede“auditor”passamasercomunseaservistascomopartesinteressadasdomovimentodaqualidade.

Em1992écriadooPEX-SPQ–PrémiodeExcelêncianoâmbitodoSistemaPortuguêsdaQualidade,desenvolvidocombasenomode-loEFQM:EuropeanFoundationforQualityManagement,seguindo

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asmetodologiasdoEuropean Quality Award eosprincípiosdoTQM–Total Quality Management(GestãopelaQualidadeTotal).

ParaahistóriaficouaDHLque,em1994,setornounaprimeiraempresaportuguesaaganharesteprémio.

Aindaem1994(sóem1995nocasodaversãoportuguesa),asériedenormasISO29000passaadesignar-seISO9000,mantendo-seostrêsníveisdecertificação.

Estasnormaseram,naaltura,umdosprincipaistemasparaorga-nizaçãodeseminários,acçõesdeformaçãoepublicaçãodeartigosnasrevistasdaespecialidade.

Jáumagrandepartedasempresasconheciaoseusignificado.

Entretanto,emalinhamentocomoquesetinhapassadonoutrospaíses,aparecemosorganismosdecertificaçãoprivadoseoIPQdeixadeteropapeldecertificação.Emparceriacomassociaçõesindustriais,asseguraatransferênciadaactividadedecertificaçãoatravésdacriaçãodaAPCER–AssociaçãoPortuguesadeCertificação,aquemeraper-mitida,aindasemaacreditação,afunçãodecertificaçãonoâmbitodoSistemaPortuguêsdaQualidade.

A par da Portucel Setúbal como a primeira empresa certificadaemPortugal, surge, em1997,oprimeiroorganismodecertificaçãoacreditadoemPortugalparaacertificaçãodesistemasdaqualidade,aSGSICS,passando,assim,afazerpartedahistóriadomovimentodaqualidadeemPortugal.

Nofinaldadécadade90jápraticamentetodosossectoresdeacti-vidade,incluindoosserviços,têmexemplosdeempresascertificadas.

Contudo,asempresasdeserviçosmanifestavamalgumadificuldadenapercepçãodaquelasnormas,aoquenãoeraestranhaalinguagemindustrialutilizadaeasuaestruturaçãoemsintoniacomociclodeumaactividadeindustrial.Estadificuldadeestavatambémpatenteemempresasdemenordimensão(PME)eaténalgunssectores,comoaconstruçãocivil.

capítulo 1

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Adécadade90trouxegrandesalteraçõesatodososníveisdagestãodeumaempresa.

Asnovastecnologiaspermitiamumacessopraticamenteimediatoatodaainformação.

Astransacçõescomerciasfazem-seaigualvelocidade,independen-tementedadistânciaentreaspartesenvolvidas.

ParaalémdeaUniãoEuropeiaestarempermanenteexpansão,aÁsiatemjáumpapelactivonaeconomiamundial.Asempresaspor-tuguesas, principalmente de alguns sectores de actividade, comoostêxteisevestuário,conhecembemestasituação.

Aeconomiajáéglobal,emborasabendo-sequealgunsdospressu-postosnãoosão.

Ospaísesemergentesempurramalgumasempresasparaaneces-sidadedesereposicionaremedesetornaremaindamaiscompetiti-vas.

Terumbomprodutoouumbomserviçoaumbompreçonãoégarantiadesobrevivêncianofuturo.Surgeaprocuraincessantedaoptimizaçãodosprocessosedareinvençãodonegócio.

Entretanto,ascomissõestécnicasdaISO(InternationalStandardOrganization)tambémnãoparameesperava-sequeestivessematen-tasàsdificuldadesdosagenteseconómicoseànecessidadedenovasmudança.

Emsimultâneocomapreocupaçãodo“bugdoano2000”,surgemasversõesdraftdafuturasérieISO9000.

Comoprelúdiodoreferidoanteriormente,estasversõesreflectemumarupturacomoanteriormodelo(ode1994).Trazemcomopre-missas-basedeumsistemadaqualidadeafocalizaçãonasatisfaçãodoclienteeamelhoriacontínua.

Passa-seda“garantiadaqualidade”paraa“gestãodaqualidade”.

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Todasaspartesinteressadasperceberamquesetratavadeumacla-raevoluçãodosconceitosrelativosàqualidade.Anovaabordagemiria“puxar”pelossistemasdaqualidade,dando-lhesumaperspectivamaisaproximadaaosprincípiosdoTQM.

EmDezembrode2000,épublicadaaversãodefinitiva.EstanovasériedenormasISO9000apresentaaindaoutravantagem:asuaestru-turação(elinguagem)passaasergeral,acabandocomasdificuldadesevidenciadaspelasempresasdeserviços.

Surgeumaoutradiferença significativa: passa ahaverumúniconíveldecertificação–aISO9001.

Omovimentoexpande-seagoraparaosserviçospúblicos.Atemá-ticadaqualidade,bemcomoasoutrasterminações“idade”, jáante-riormentereferidas,passamafazerpartedodia-a-diadagestãodessasInstituições.

Fala-seagorafrequentementeemprogramasdemodernizaçãoad-ministrativa(muitomaisdoquequandofoicriadooSecretariadoparaaAdministraçãoPública,em1986,ouporocasiãodapublicaçãoda“Carta para aQualidade dos ServiçosPúblicos” – em1993, ou atéaquandodacriaçãodo“SQSP–SistemadaQualidadenosServiçosPúblicos”,em1999),muitasvezesassociadosaprojectosdemelhoriadaqualidade.

Surgemos concursos anuais de boas práticas no sector público,emquesãoapresentadoscasosdesucessodaimplementaçãodesiste-masdegestãodaqualidade(algunsdosquaiscertificadosISO9001eoutros tantosdesenvolvidoscombasenomodeloCAF–Common Assessment Framework,umaadaptaçãodomodeloEFQMparaaad-ministraçãopública),muitosdeles apoiados atravésdeprojectosdeFormação-AcçãonoâmbitodoprogramaFORAL.

Em 2006, designado o “Ano da Qualidade na AdministraçãoPública”,surgeoSIMPLEX.

capítulo 1

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Emmuitoscasos,percebe-sequea“cultura”daoptimizaçãodosprocessostambémjáchegouaeste(grande)sector.Nalgunscasos,em-boraporvezesaindacomalguma“timidez”,outentejáédesignadoporcliente,oqueevidenciaumaalteraçãodaformadeinterpretaçãodaqualidadenagestãodesseServiço.

Estesexemplossãofundamentaisparacriarumadinâmicadesu-cessonoutrosserviçosdoEstado.

Sãodeverasconhecidasasreferênciasànecessidadedestecontribu-todoEstadoparaoaumentodacompetitividadedopaís.

Actualmente,jánofinaldaprimeiradécadadoséculoXXI,inde-pendentementedosectordeactividade,podeconcluir-sequeomovi-mentodaqualidadeemPortugalfoiecontinuaaserumcatalisadorparaoaumentodacompetitividadedasorganizações.

Paraalémdareflexãoquetemproporcionadosobreosprodutos/serviçosesobreasrespectivasmetodologias,muitosetemtrabalhadoavertentecomportamentalcomoumdosfactorescríticosdesuces-so.

Dadosrecentesapontamparaaproximadamente4650(*)empresascomsistemasdegestãodaqualidadecertificadas(oqueequivaleacercade7500certificados)e9(*)organismosdecertificaçãoacreditados.

Aprópriaevoluçãodosconceitosrelativosàqualidadeétestemu-nhadapormuitasempresasqueincluíramnosseussistemasdegestãodaqualidadeoutrotipodepreocupações,nomeadamenteaníveldeambiente,segurançaehigienenotrabalhoeresponsabilidadesocial,bemcomopelasqueconfirmaramouredefiniramassuasestratégiasatravésdemetodologiasmuitosemelhantesecomplementares,comosejaobalanced scorecard.

(*)DadosobtidosapartirdositedoIPACem25deJaneirode2010

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Estaabrangênciaevidenciaocaminhodessasorganizaçõesnumaabordagemorientadaparapassardeum“sistemade gestãodaqua-lidade”,mesmoquejánumaperspectivadeTQM,aumverdadeiro“sistemadegestão”.

Asexpectativasactuaisficamapontadasparaquecadavezmaisaqualidadesejavistacomoumaferramentademelhoriacontínuacapazdecontribuirsignificativamenteparamelhorarosresultadosdonegó-cioeaqualidadedevidadoscidadãosemgeral.

Omaisrecentequadrocomunitáriodeapoio,paraoperíodode2007a2013,oQREN–QuadrodeReferênciaEstratégicoNacional,publicadoemJulhode2007,focaliza-senaqualificaçãodosrecursoshumanos,nodesenvolvimentodosfactoresdecompetitividadeenavalorizaçãodoterritório.

Estaslinhasdeactuaçãocriarão,certamente,condiçõesparaore-forçodascompetênciasdasorganizaçõesparaumamaiorcapacidadederespostaàsactuaisnecessidadesdepolivalênciaedemudançaeparaoseusucessonaeradodesenvolvimentosustentável.

AocontráriodaúltimaversãodanormaISO9001,publicadanofinalde2008,quenãoacrescentounovosrequisitos,tendo-selimitadoaalteraçõesdeformaeaincluirnotasqueapenaspretendemesclare-ceralgunsaspectosdeinterpretaçãomaissubjectiva,acredita-seque,abreveoumédioprazo,osrequisitosdestanormatambémfaçamaligaçãoentreagestãodaqualidadeeasustentabilidade.

O livro retrata alguns dos assuntos relacionados com o tema, inclui “Opiniões” das principais partes interessadas, nomea-damente o IPQ, o IPAC, a APQ, Gestores de Topo, Gestores da Qualidade, Consultores, Auditores e Universidades, e apre-senta os resultados de um inquérito realizado recentemente sobre “prós e contras” do desenvolvimento de programas de melhoria. Como testemunho do contributo da Gestão da Qualidade para a Gestão Global, apresenta uma selecção de case studies de organizações, de variados sectores de activi-dade, que reflectem um resumo dos benefícios obtidos.

Mais do que uma obra técnica e teórica, este livro pretende ser prático e útil para quem desempenha funções relacionadas com a gestão da qualidade e, principalmente, com a gestão no seu sentido lato.

Rui Fazenda BRanco

O cOntributO da GestãO da Qualidadepara a GestãO GlObal das OrGanizações

case studies • Opiniões • resultados de um inquérito a empresas certificadas

O MOviMentOda Qualidade

em Portugal

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Portugal

PATROCÍNIOS

Rui Fazenda Branco nasceu em 1963. Em 1987, terminou a licenciatura em Química Aplicada, ramo de Biotecnologia, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Exerce a actividade de consultoria na área da Gestão da Qualidade desde 1990, tendo, nos últimos anos, acumulado esta experiência com funções de gestão.

O projecto do Livro O Movimento da Qualidade em Portugal surgiu no início de 2007, tendo como principal objectivo divulgar a importância do contributo da Gestão da Qualidade na Gestão Global de qualquer tipo de organização que pretenda, continuamente, ser mais competitiva e melhorar os resultados da sua actividade.9 7 2 7 8 8 2 6 1 8 0 0 0www.vidaeconomica.pt

pmd.pt

O CONTRIBUTO DA GESTÃO DA QUALIDADEPARA A GESTÃO GLOBAL DAS ORGANIZAÇÕES

Case Studies • Opiniões • Resultados de um Inquérito a Empresas Certificadas

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O MOVIMENTODA QUALIDADE

em Portugal

O livro retrata alguns dos assuntos relacionados com o tema, inclui “Opiniões” das principais par-tes interessadas, nomeadamente o IPQ, o IPAC, a APQ, Gestores de Topo, Gestores da Qualida-de, Consultores, Auditores e Universidades, e apresenta os resultados de um inquérito realiza-do recentemente sobre “prós e contras” do de-senvolvimento de programas de melhoria. Como testemunho do contributo da Gestão da Qualidade para a Gestão Global, apresenta uma selecção de case studies de organizações, de variados secto-res de actividade, que reflectem um resumo dos benefícios obtidos.

Mais do que uma obra técnica e teórica, este livro pretende ser prático e útil para quem desempenha funções relacionadas com a gestão da qualidade e, principalmente, com a gestão no seu sentido lato.

www.vidaeconomica.pt

ISBN: 978-972-788-342-4

Visite-nos em:livraria.vidaeconomica.pt

O MOVIMENTODA QUALIDADE

em Portugal

RUI FAZENDA BRANCO

9 789727 883424

ISBN 978-972-788-342-4

Rui Fazenda Branco nasceu em 1963. Em 1987, terminou a licenciatura em Química Aplicada, ramo de Biotecnologia, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Exerce a actividade de consultoria na área da Gestão da Qualidade desde 1990, tendo, nos últimos anos, acumulado esta experiência com funções de gestão.

O projecto do Livro O Movimento da Qualidade em Portugal surgiu no início de 2007, tendo como principal objectivo divulgar a importância do contributo da Gestão da Qualidade na Gestão Global de qualquer tipo de organização que pretenda, continuamente, ser mais competitiva e melhorar os resultados da sua actividade.