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Rua Capitão Leitão / Largo das Andorinhas, Nº 109. Neste local, no número 109, junto ao chão, à direita da porta de entrada, podem observar-se abundantes fósseis de conchas de gastrópodes Nerinea, cortados segundo várias orientações. Os fósseis destes gastrópodes marinhos (búzios), são facilmente identificáveis em corte axial (ou longitudinal), pois possuem uma estrutura interna muito característica. A rocha ornamental em que estes fósseis estão inseridos - um calcário fossilífero de idade cretácica - é proveniente de pedreiras localizadas na região a Norte de Lisboa. Rua D. Álvaro Abranches da Câmara Nº 28. Neste local, na fachada do Nº 28, de um e de outro lado da porta de entrada, podem observar-se curiosos fósseis de conchas de bivalves do género Exogyra, seccionados segundo várias orientações. Os fósseis destes bivalves, com dimensões rondando os 5 a 15 cm, são bastante evidentes devido ao aspecto espesso e estratificado, isto é, organizado em camadas, da parede das suas conchas e ao facto de apresentarem cor acinzentada que se destaca bem no fundo da rocha calcária de cor ocre escura.

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Rua Capitão Leitão / Largo das Andorinhas, Nº 109. Neste local, no número 109, junto ao chão, à direita da porta de entrada, podem observar-se abundantes fósseis de conchas de gastrópodes Nerinea, cortados segundo várias orientações. Os fósseis destes gastrópodes marinhos (búzios), são facilmente identificáveis em corte axial (ou longitudinal), pois possuem uma estrutura interna muito característica. A rocha ornamental em que estes fósseis estão inseridos - um calcário fossilífero de idade cretácica - é proveniente de pedreiras localizadas na região a Norte de Lisboa.

Rua D. Álvaro Abranches da Câmara Nº 28. Neste local, na fachada do Nº 28, de um e de outro lado da porta de entrada, podem observar-se curiosos fósseis de conchas de bivalves do género Exogyra, seccionados segundo várias orientações. Os fósseis destes bivalves, com dimensões rondando os 5 a 15 cm, são bastante evidentes devido ao aspecto espesso e estratificado, isto é, organizado em camadas, da parede das suas conchas e ao facto de apresentarem cor acinzentada que se destaca bem no fundo da rocha calcária de cor ocre escura.

Rua Capitão Leitão, Nº 66 e Rua Manuel de Sousa Coutinho. Neste local, e na esquina da Rua Manuel de Sousa Coutinho, nas paredes exteriores e no pavimento do "Páteo do Caseiro", um pouco por todo o lado, podem observar-se interessantes somatofósseis de conchas de rudistas radiolitídeos em cortes variados. Os fósseis destes bivalves, normalmente de grande tamanho, com 15 a 25 cm de dimensão máxima, são bastante evidentes, devido ao aspecto espesso e maciço da parede das suas conchas e ao facto de apresentarem cor esbranquiçada que se destaca bem no fundo da rocha calcária rosada a avermelhada. A rocha ornamental a que estes fósseis estão associados - um calcário fossilífero de idade cretácica - é um liós (ou lioz). Esta rocha ornamental, muito utilizada em Lisboa e arredores, é proveniente de pedreiras localizadas na região a Norte de Lisboa, em Sintra, nomeadamente na Terrugem e em Pêro Pinheiro. Fósseis de rudistas: Os rudistas (Ordem Rudista) são um grupo extinto de bivalves que existiu desde o Jurássico superior até ao final do Cretácico da Era Mesozóica (durante cerca de 90 milhões de anos). Os rudistas radiolitídeos possuíam uma valva inferior (direita, fixa) cónica, mais ou menos alongada, consoante os casos (assinalada por 1 nas imagens), e uma valva superior (valva esquerda, livre) aplanada, em forma de "tampa" (assinalada por 2). Estes aspectos são bem visíveis nos exemplares do "Páteo do Caseiro".

Rua Capitão Leitão, Nº 83. Neste local, na fachada do número 83, à esquerda da porta de entrada, podem observar-se belos exemplares de fósseis de corais - solitários e coloniais - seccionados segundo várias orientações. Os fósseis, com dimensões bastante variadas, de 1 ou 2 cm até 15 cm de diâmetro, são bastante abundantes e evidentes, devido ao típico aspecto radiado que apresentam em secção transversal. Um dos elementos mais característicos do esqueleto externo biomineralizado dos corais são os septos interiores dispostos radialmente. São estes septos internos que, em corte transversal, dão ao fóssil do coral o seu característico aspecto radiado.

A rocha ornamental em que estes fósseis estão inseridos - um calcário fossilífero de idade jurássica - é proveniente de pedreiras localizadas na região algarvia de S. Brás de Alportel (lugar da Mesquita). Esta rocha ornamental - o Calcário da Mesquita ou Calcário Avermelhado - é muitas vezes conhecida pelo nome de "Brecha Algarvia" ou "Brecha de Tavira", ainda que, na realidade, não seja uma brecha, nem tão pouco um mármore, mas sim um calcário.

Fósseis de corais: No foto abaixo, obtida na fachada do número 83 da Rua Capitão Leitão, pode ver-se um magnífico exemplar de fóssil de coral colonial mineralizado, em secção transversal (na zona assinalada pela seta). Neste fóssil são bem visíveis os coralitos, os elementos esqueléticos dos pólipos individuais que constituíam a colónia, com contorno circular e apresentando o aspecto radiado característico, dado pelos septos (assinalado por 1).

Rua Capitão Leitão, Nº 63D. Neste local, na ombreira do número 63D, à direita da porta de entrada, podem observar-se interessantes somatofósseis de conchas de rudistas caprinídeos em cortes variados. Os fósseis, normalmente de grande tamanho, com 10 a 15 cm de dimensão máxima, são bastante evidentes, devido ao típico aspecto alveolar (assinalado por 1) que a parede da concha destes rudistas apresenta. A rocha ornamental em que estes fósseis estão inseridos - um calcário fossilífero de idade cretácica - é um liós (ou lioz). Esta rocha ornamental, muito utilizada em Lisboa e arredores, é proveniente de pedreira localizadas na região a Norte de Lisboa, nomeadamente em Pêro Pinheiro.

Fósseis de rudistas: Os rudistas (Ordem Rudista) são um grupo extinto de bivalves - com um aspecto muito diferente do dos bivalves que conhecemos da actualidade - que existiu desde o Jurássico superior até ao final do Cretácico da Era Mesozóica (durante cerca de 90 milhões de anos). Nos seres vivos, a forma é expressão do estilo de vida e do modo de relacionamento com o ambiente onde vivem. Por exemplo, algumas ostras actuais têm uma forma alongada e irregular pois vivem fixadas ao substrato, formando bancos de ostras. As amêijoas têm uma forma amendoada pois vivem enterradas na areia. As vieiras possuem concha em forma de leque, com valvas distintas, pois vivem assentes sobre o fundo. Os rudistas tinham formas diferentes destes bivalves actuais pois viviam de modo distinto deles. Habitavam em ambientes marinhos pouco profundos, com águas quentes, tropicais, normalmente semienterrados no fundo lodoso, formado por vasa carbonatada. Os rudistas eram - frequentemente - gregários, ou seja, formavam grandes aglomerados (ou "bancos") de rudistas, ocupando áreas extensas dos fundos marinhos pouco profundos de então. Na foto acima, na ombreira da porta, pode observar-se um bom exemplo de um corte oblíquo da valva livre - mineralizada - de um rudista caprinídeo. Estes bivalves rudistas tinham a concha formada por duas valvas distintas uma da outra: uma delas, a que se enterrava no substrato vasoso era cónica e a outra - a valva livre - era enrolada em "corno de cabra". A espessa parede das valvas possuía canais paleais (poligonais, largos, e piriformes, finos), o que, em corte, dá à parede da concha o seu aspecto alveoloar característico. O aspecto alveolar da concha é bem visível no fóssil, assinalado em (1). Rua Capitão Leitão / Edifício do Cinema da Incrível Almadense. Na fachada do edifício da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense (SFIA), escondido por trás da coluna mais à esquerda da entrada do cinema (assinalada por 3 na foto abaixo), podem observar-se fósseis de conchas de gastrópodes Multiptyxis, em corte axial. Os fósseis destes gastrópodes marinhos (búzios), são facilmente identificáveis em corte axial (ou longitudinal), pois possuem uma estrutura interna muito característica e complexa, formada por inúmeras pregas muito sinuosas existentes no interior das voltas da concha. A rocha ornamental em que estes fósseis estão inseridos é denominada Amarelo de Negrais. Trata-se um calcário fossilífero de cor ocre e de idade cretácica (Turoniano, com 90-94 Ma milhões de idade) e é proveniente de pedreiras localizadas na localidade de Negrais, Almargem do Bispo (Sintra).