roteiro de estudo 1 (2013 - 2014).pdf

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    Secretaria de Estado de Educao de Minas Gerais

    Subsecretaria de Desenvolvimento da Educao Bsica

    Superintendncia de Desenvolvimento do Ensino Mdio

    Diretoria de Ensino Mdio

    PROGRAMA EDUCACIONAL DE ATENO AO JOVEM

    ROTEIRO DE ESTUDOS 1

    2013-2014

    Sonhos e Projetos de Vida

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    O principal papel que a escola deveria desempenhar junto

    queles que esto deixando a adolescncia o de suportepara a construo de um projeto de vida.

    Helena Singer

    Disponvel em: http://www.ebah.com.br/ empreendedorismo-na-educacao-perspectivas-desafios-professor-seculo-xxi

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    GovernadorAntnio Augusto Junho Anastasia

    Secretria de Estado de EducaoAna Lcia Almeida Gazzola

    Secretrio Adjunto de EducaoMaria Sueli de Oliveira Pires

    Subsecretria de Desenvolvimento da Educao BsicaRaquel Elizabete de Souza Santos

    Superintendncia de Desenvolvimento do Ensino MdioMaria Esmria Antunes

    Diretoria de Ensino MdioJorge Carlos de Figueiredo

    Gerncia Peas JuventudeMrcia de Souza Azevedo

    Equipe Tcnica

    Ktia Regina BibianoHelena Maria Campos

    AutoraBeatriz Sales da Silva

    Superintendncia Regional de Ensino de Poos de Caldas

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    SUMRIO

    Introduo 05

    Roteiro das oficinas 11

    1 Dia 11

    2 Dia 16

    3 Dia 19

    Oficinas de trabalho arteteraputicos 26

    4 Dia 29

    A estratgica da criatividade de Disney no planejamento dasaulas

    35

    5 Dia 40

    Referencias Bibliogrficas 44

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    INTRODUO

    Retomando em 2013 mais um ano de trabalho quando novas escolas esto iniciando a caminhada junto a

    famlia PEAS Juventude procurou-se assim apresentar o Roteiro 1 Sonhos e Projetos de Vida como uma

    possibilidade de iniciar os trabalhos com oficinas que proporcionam o sonhar acordado, sonho este to

    necessrio a nossa prtica pedaggica muitas vezes destitudas de humanidade. Dar ao jovem dentro da escola a

    possibilidade de sonhar com as mudanas que eles desejam e comeamos dentro de cada um ns para depois se

    tornarem realidade.

    Desta forma, ao atender o convite da Gerncia Geral do Programa PEAS Juventude para escrever este roteiro

    de estudos muitas coisas passaram pelos meus pensamentos e cheguei concluso que seria mais assertiva falar a

    partir da minha experincia profissional, bem como me posicionar sobre alguns pontos que considero fundamental

    para uma contribuio ao pensar a escola como um espao capaz de criar condies para que o aluno acredite em

    seus sonhos.

    Desde j algum tempo sempre me pergunto por que o Programa PEAS Juventude resiste a tantas mudanas

    de governos, mudanas de rotas, mas continua vivo com suas tticas no cotidiano, onde as escolas brigam pela

    sua continuidade. Completando em 2012 seus dezoito anos, de uma cumplicidade pedaggica com os nossos

    sonhos por uma escola que conceba o ser humano nas mltiplas dimenses que no cabem nas grades curriculares.

    Reconhecendo o Programa como eu o entendo, na medida em que contribui para a formao de professores,

    jovens, analistas, uma vez que imprimem em nossas prticas as tticas e resistncias dos percalos e vieses deuma sociedade materialista e capitalista como a nossa, na medida em que os projetos e oficinas desenvolvidos nas

    escolas contribuem para refletir melhor sobre o papel do educador e oferecer aos jovens um ensino realmente

    libertador.

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    Creio que, em relao a isso, cabe aqui uma questo de saber qual a mgica capaz de gerar esta

    transformao. Se a escola e suas contradies forem melhores compreendidas, pode- se vir a sonhar com um novo

    tipo de educao, para que isso acontea, ns, professores, precisamos ser leitores, leitores das contribuies da

    Literatura, da Arte e do Cinema. Muitas experincias das nossas escolas comprovam minha afirmao e desta

    perspectiva que me dirijo a vocs atravs de muitas outras experincias pedaggicas em que os professores ealunos so estimulados a criar, em grupo ou individualmente, seus prprios sonhos, projetos e utopias. O que pode

    ser uma possibilidade de educao, capaz de criar uma relao forte, duradoura, empreendedora, verdadeira com o

    mundo do jovem.

    No preciso mais me estender sobre esse ponto para deixar claro sobre a importncia da escola (diga-se mais

    corretamente dos professores) de levar os alunos a acreditarem nos seus sonhos, nas suas utopias. Sei

    perfeitamente que no se trata da responsabilidade exclusiva e sim compartilh-las com vrias outras instituies

    sociais, mas isso no diminui a relevncia do papel da escola e dos professores.

    Nesse sentido parafraseando as reflexes Friedmann, 2004, que contribuem para se pensar que a escola est

    sendo protagonista de profundas e significativas mudanas na reformulao de objetivos, redefinio de contedos

    curriculares, reviso de metodologias. As escolas, junto com seus protagonistas, esto passando por um processo

    reflexivo no qual se faz uma tentativa por resgatar verdades e valores significativos; no qual o espao possa

    traduzir o perfil dos seus usurios; no qual seja possvel errar e crescer com esses erros, seja possvel brincar

    abertamente e no s escondidas, seja possvel fazer arte, danar e fazer msica como uma resposta ao mundo,

    vozes no ar cantando quem cada um e todos juntos so e representam para aquela comunidade. Tambm vem

    percebendo que precisa acordar estar em movimento e conhecer seus alunos para no os empurrar a buscar

    respostas s suas inquietaes em outras terras.

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    Algumas questes se impem necessrias quando nos voltamos para a educao empreendedora dentro da

    escola, so muitas questes e novos conceitos devido especificidade da temtica. Nesse sentido considero

    importante salientar que no minha finalidade discorrer especificamente sobre o tema do empreendedorismo. No

    final do roteiro ser apresentado um levantamento bibliogrfico das principais obras tericas sobre o assunto e

    procuramos considerar tambm alguns depoimentos de autores que respaldam nossa escolha para refletir sobre otema. No se trata de, pois, de uma abordagem exaustiva do tema Mundo do Trabalho e Perspectiva de vida.

    Nosso maior intuito foi trazer a baila algumas reflexes sobre a importncia da escola como espao para os

    jovens darem asas aos seus sonhos e incentiv-los a sua realizao na vida real, por nos parecer indispensvel, a

    questo dos sonhos.

    Se escola cabe um papel destacado de dar asas aos sonhos e utopias dos alunos e professores, para que

    isso acontea no podemos perder a oportunidade de apostar na fora da arte e da literatura como uma fonte

    inesgotvel para o conhecimento da condio humana. Baptista, 2011 nos ajuda a pensar que a literatura por si s

    provoca e potencializa atitudes, que talvez, nenhuma outra linguagem consiga. Literatura fico, leva a imaginar a

    sonhar. Para a autora somente quando insistimos, somente praticando literatura poderemos ensin-la.

    Potencializ-la. Estimul-la. Plant-la. Eterniz-la. Para a autora poucos se prestaro resistncia.

    Nossos estudantes possuem uma sensibilidade que pode se mais aberta e prolongada, contudo, somente a

    partir do momento que perceberem a literatura, assim como a leitura, no servem apenas e somente para ensinar

    gramtica, escrever melhor, mostrar novas palavras, aumentar vocabulrio, decifrar enigmas, buscar sentidos

    ocultos, interpretar. Ao praticar literatura o educador ter, incondicionalmente, a abertura de espaos sedutores,

    proliferantes, que devero atingir grande parte dos educandos.

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    Partindo desta concepo a leitura do livro: Pobres, resistncia e criao: personagens no encontro da arte

    com a vida, foi fundamental para que eu pudesse pensar nas oficinas desse roteiro. A partir de uma abordagem

    nietzschiana, este estudo trata da potncia dos pobres e requer a introduo de um novo dilogo, numa perspectiva

    em que a pesquisa possa extrair do mundo uma inveno que arde, cria e reconduz vida, fazendo ressoar a

    potncia soberana do sujeito. Ao invs de privilegiar um universo moral que a tudo ordena, parte-se da potnciaafirmativa que se ergue como tica criadora de modos de vida, apontando para um sujeito tico- poltico intenso,

    ousado e pleno de superao.

    Restituindo verdade seu carter limitado, desfazendo-se do vu absoluto da razo, trata-se, sobretudo de

    incitar o pensamento e a vida a se abrirem ao mltiplo, longe de certezas e modelos, na direo infinita

    experimentao criadora. Cerqueira, 2010, neste estudo focaliza o campo das artes literatura e cinema cujo

    recorte define a escolha de trs personagens: Carlitos, que tornou clssico o cinema mudo criado por Charles

    Chaplin; Gabriela, do romance de Jorge Amado, e Macaba, protagonista de A hora da estrela, de Clarice Lispector.

    Intrigantes, os personagens ensaiam a possibilidade de um por vir, aonde o mundo o venha a ser saudado por um

    povo nmade, surpreendente e indomvel. Os personagens multiplicam e fazem circular entre ns potncias puras

    que inundam seu percurso existencial e expressam foram ilimitadas de criao, concedendo um estatuto mais nobre

    vida.

    Aps refletir sobre as trajetrias desses personagens fiz um contraponto com o livro: A arte de construir

    cidados: As 15 lies da Pedagogia do Amor, onde Roberto Carlos Ramos narra sua histria de vida que ganha

    potncia medida que acredita nos seus sonhos mesmo quando tudo contribui para que ele desista.

    Nesse sentido os estudos de Cerqueira, 2010 contribuem para nos ajudar a pensar que a histria de vida de

    Roberto Carlos Ramos, que um sujeito potente e criador por excelncia, com capacidade de correr riscos,

    abandonando riscos vnculos estveis e tornando-se cmplice do acaso, do improvvel. Para a autora viver no

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    significa sobreviver, o que remete s foras de conservao. Pelo contrrio, viver essa capacidade de

    ultrapassamento, de experimentao das formas de ser, abrir-se a potncias desconhecidas, reinventar-se.

    Nesta perspectiva acredito que uma educao empreendedora incentiva seus alunos a conhecer a biografia de

    pessoas como Roberto Carlos Ramos, o contador de histrias. Nas palavras de Baptista (2011), a literatura deve ser

    um encontro de valores, valores dignos que conduzam a uma fascinante construo humana.

    Para tanto quero apresentar neste roteiro sugestes de quatro oficinas escolhidas sistematicamente e soborientao de profissionais com grande experincia na temtica em questo e que muito contriburam com suas

    consideraes sobre a importncia da sequncia e do fechamento das oficinas para que levem ao enriquecimento e

    sensibilizao de professores e alunos para o trabalho com a literatura, Arteterapia e cinema pensando sempre na

    importncia dos sonhos.

    Nesse sentido sero apresentamos o roteiro de quatro oficinas pensadas para ser um ponto de partida para

    que os JPPeas possam descobrir a existncia dos seus sonhos em sua profundidade e conscientizando de que somos

    os responsveis por transform-los em realidade.

    Parafraseando Elizabeth Hazin, 1985, interessante notar que o sonho no determina apenas a diferena

    entre o adulto e a criana. Tambm a semelhana entre eles reside precisamente nos sonho e a (e unicamente

    a) que eles se encontram. o sonho que une as duas pontas do fio infncia e idade adulta, fechando em crculo a

    existncia do homem. ele que projeta o adulto no futuro e preserva a criana no tempo, apesar do tempo: o

    adulto j existe porque a criana o inventa, assim como a criana vive porque o adulto a recria.

    Para a autora quando a criana sonha com o adulto, tal sonho corresponde imagem do homem com que ela

    se identifica, vale pelo retrato que ela ainda vai ser. No adulto, o sonho um retorno ao que ele j foi. Como no

    verso de Drummond, Meu pai perdi no tempo e ganho em sonho.

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    Argumenta Hazin, mas se por um lado o sonho a medida da diferena entre o adulto e a criana (o sonho da

    criana diferente do sonho do adulto), por outro, apenas no sonho que se d o encontro entre os dois. S no

    interior do sonho possvel conciliar a criana real com o adulto sonhado, ou a criana sonhada, com o adulto real.

    Aqui chegamos a um ponto que parece de grande importncia: se a criana e o adulto se encontram no

    sonho, tambm na literatura (que uma forma de sonho) se d o encontro.Antes de entrar especificamente no Roteiro 3 penso ser fundamental tomar algumas precaues para a

    realizao das oficinas propostas aqui. A contribuio de Adriana Friedman vem ao encontro desta minha proposta

    e reproduzo abaixo algumas das suas recomendaes apresentadas no Livro FRIEDMAN, Adriana. Dinmicas:

    criativas: um caminho para a transformao de grupos. Petrpolis, RJ: Vozes, 2004.

    No fcil encontrar o caminho do despertar autntico (...). A principio podemos aprender com a experincia alheia,inspirando-nos com o exemplo dos mestres e sbios, (...) Ouvimos muitas melodias diferentes, pois assim que asgrandes tradies espirituais expressam a harmonia essencial. (...) Todos aqueles que j buscaram a sabedoria tmem comum que aprenderam a ouvi-la em seu prprio corao, atentos harmonia subjacente, enquanto percorriacada um seu prprio caminho. (Histrias da alma, histrias do corao- Compiladas por Christian Feldman e JackKornfield).

    Afinal, ningum descobriu a Amrica

    Quando trabalhamos com grupos h dinmicas que do certo e que muitas vezes so repetidas. O

    interessante que, com cada grupo, elas se tornam diferentes. As reaes e as respostas nunca so as mesmas.

    Por isso mesmo, recomendvel, antes de propor uma dinmica, vivenci-la. Podemos surpreender-nos com as

    reaes dos outros, mas, ao menos, temos algum continente para lidar com o inesperado.

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    Quando propomos um mtodo, uma estratgia ou uma dinmica, de forma automtica, surgem dois tipos de

    frustrao, por ela no ter tido os resultados esperados, ou susto, por defrontar-nos com reaes jamais

    imaginadas.

    Vejamos um exemplo:

    Falar da prpria infncia pode evocar uma lembrana feliz, mas pode tambm ser uma experincia difcil.

    Lembrar-se de episdios e partilh-los com um grupo que pouco conhecemos nem sempre uma tarefa simples.

    importante trazer de volta nossos espaos, tempos, personagens e objetos significativos de infncia: eles continuam

    fazendo parte do nosso ser. A criana que fomos existe sempre dentro de ns, espontnea, autentica cheia de

    desejos e energia e, muitas vezes, frustrada por desejos no realizados ou feridas no cicatrizadas, ou relaes mal

    resolvidas, ou...

    As receitas prontas e padronizadas no cabem quando trabalhamos com pessoas. J quando ousamos criar,

    improvisar ingredientes e ideias... a histria outra. Sentimo-nos por um lado eufricos, criativos, ansiosos e

    inseguros: ser que vai dar certo? Propomos uma atividade diferente e sentimo-nos descobridores da Amrica.

    Mas quando vamos pesquisar estudar ou vivenciar outras situaes, descobrimos que outros j tinham pensado em

    algo semelhante. Nunca ser igual. Nossa criao tem a nossa personalidade, o nosso jeito singular, mas bom

    perceber que ningum um gnio especial e que tambm no somos donos das ideias. Elas so peculiares do jeito

    que eu as coloco que eu as levo adiante, a partir dos objetivos que eu tenho em mente. Elas podem ser perfeitas

    para um grupo e um fracasso para outros. Mas as ideias no so patrimnio de ningum. Voc pode ter certeza de

    que nenhuma outra pessoa no mundo far igual a voc. Voc nico, naquele momento com aquele grupo, com

    aquela proposta.

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    Ficar presente e sentir o grupo e suas necessidades a chave principal. Ter flexibilidade para tirar uma

    carta do bolso. Aproveitar as respostas negativas, os rebeldes e os nossos prprios erros, para olhar pelo avesso.

    Atuar no grupo um exerccio para o educador apurar a observao e aprender a ouvir. Para aguar sua

    capacidade importante ele ter passado pela vivncia antes de aplic-la.

    Obs.: Lembramos que neste Roteiro de Estudos de 16 horas o foco principal planejamento, preparao edesenvolvimento das quatro oficinas que devem ser aplicadas em dias alternados seguindo a sequncia para que a

    finalizao seja realizada com a exibio do Filme: Ferno Capelo Gaivota, fechando-se assim o ciclo.

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    ROTEIRO DAS OFICINAS

    1 DIA - Oficina elaborada por Beatriz Sales da Silva

    Esta oficina visa socializar a fora da literatura atravs da histria de vida do Educador Roberto Carlos Ramos e

    favorecer a discusso da importncia dos sonhos na vida das pessoas como potncia criadora do sujeitoempreender novos horizontes em sua vida. Com ela estamos construindo esta proposta da escola comprometidacom a promoo do espao para incentivar os alunos acreditar nos seus sonhos e empreender.

    1 Momento:Apresentao - Tempo estimado 10 min.

    Na entrada, cada pessoa recebe um carto de diferentes cores onde escreve seu nome e depois prendecom um alfinete de roupa;Realiza-se uma breve introduo onde se acolhe os participantes e o coordenador se apresenta;

    Em cada um dos grupos, os integrantes devem dizer o seu nome e se agruparem pelas cores formandogrupos de acordo com o nmero total de participantes.

    2 Momento1h 30m aproximadamente

    O Coordenador diz que vai contar uma histria sem falar quem o autor. Aps a leitura estimula o grupoperguntando para os participantes se aquela histria real ou fictcia e o porqu da resposta. Em grupo eles devemintervir e mudar o final da histria. Cada grupo apresenta um novo final para a histria.

    LEITURA DA HISTRIA

    Embora no soubesse ler nem escrever, aconteceu algo interessante quando eu tinha oito anos. Percebi que um

    bom contador de histrias aquele que conta s histrias que as pessoas gostam de ouvir. O bom professor aquele que sabe ensinar do jeito que os alunos esto aptos a aprender: Assim como o bom vendedor aquele que

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    sabe vender o que o cliente quer comprar. Se uma pessoa tem algum interesse na vida, se vai, por exemplo, a umaloja com a inteno de comparar um liquidificador e o vendedor insiste em lhe vender o forno micro-ondas e seuinteresse no atendido, ela vai sair dali e procurar uma loja que tem o liquidificador que quer comprar.

    Eu sabia que os meus colegas tinham muitos interesses na rua. Eles gostavam de ouvir histrias, novidades. Todasas vezes que parvamos em frente de uma banca de jornal e revistas ficvamos vendo as fotografias dos jornais, e

    quando ouvamos comentrios sobre algum acidente tentvamos interpretar as fotografias estampadas nos jornais.

    Assim, descobri que meus colegas gostavam muito de histrias. E fui mais alm. Como bom observador, aos oitoanos percebi que os meus colegas de rua se interessavam por assuntos relacionados com a violncia, tais comoatropelamentos, sequestros, assaltos, ou qualquer coisa que tivesse sangue. A pgina policial era para a maioriadeles a mais interessante de um jornal. Como no tinha ningum para ler, eu passei a fazer o papel de leitor oficialda turma. Um dia chamei os meus amigos e me ofereci para ler o jornal para eles.

    Alguns se assustaram e me perguntaram:

    __Uai, Neguinho, voc sabe ler?__ Sei, sim. Aprendi com dois meses de idade ----exagerava. Eu estava no bero e li a Bblia toda paraminha me.Ento eles me desafiaram:

    __ Comece a ler que queremos ouvir.Peguei uma pgina com uma fotografia de uma linha de trem. Na mesma hora inventei a histria quecomecei a ler para eles:

    __Uma mulher foi atropelada na linha do trem, o trem passou por cima dela, mas ela no morreu na hora

    e ficou gritando: Pelo amor de Deus, me ajudem. Para que essa mulher pudesse morrer o maquinistadesceu do trem na hora e lhe deu dois tiros de escopeta na cara. Assim ela morreu...

    Curiosos os meninos me perguntaram:__Mas onde foi que aconteceu isso?__Foi na Praa da Estao de Belo Horizonte.

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    No mesmo instante a turma saiu correndo rumo a Praa da Estao para ver se ainda conseguiam ver alguma coisadaquele acontecimento to trgico, mas ao mesmo tempo to sedutor que os atraa tanto. Percebi que elesrealmente acreditaram na histria que eu tinha criado naquele momento apenas com a viso daquela fotografia dalinha de trem. Quando chegaram a Praa da Estao e perguntaram aos transeuntes sobre o atropelamento,ningum sabia de nada. Para minha felicidade chegaram concluso de que o jornal tinha mentido.

    Mas percebi que eles acreditaram que eu sabia ler e passei ento a fazer o papel de leitor. Recebia deles muitoselogios.

    __O Neguinho l melhor at que a tia da FEBEM. Ela fica lendo aquelas histrias de gatinho, de porquinho,s coisa boba, e ele s l histrias que a gente gosta.

    Eu sabia que corria um risco muito grande se chegasse algum colega alfabetizado e descobrisse que eu ficavacriando histrias. Ento comecei a me preparar para enfrentar to provvel situao. Quando chegava um colegaque sabia ler, eu logo passava a bola para ele e deixava que ele fizesse a leitura. Dizia para a turma que ele

    tambm sabia ler e lhe passava o jornal. Porm, a leitura era quase igual de qualquer criana que estava sendoalfabetizada com muitas pausas e sem muita emoo na narrativa.

    A a turma reclamava:__Esse cara no sabe ler direito, no. Ele analfabeto. O Roberto que sabe ler. Mostra pra ele como sel.

    Eu pegava o jornal e comea a inventar histrias:__Um menino caiu do dcimo andar de um prdio, quebrou os dois braos e as duas pernas. Quando ele

    chegou ao pronto-socorro cortou o pescoo do mdico com uma navalha...

    E por a continuava com as histrias de sempre, com muito sangue, das quais a turma j era f.

    Trecho extrado do Captulo: Lio n 3 Noo de Relacionamento do livro: A arte de construir cidados: as 15 Lies da Pedagogia doAmor. Ramos, Roberto Carlos. So Paulo: Celebris, 2004.

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    3 Momento:

    Aps a apresentao dos grupos apresentando um novo final para a histria o coordenador faz a leitura daintroduo do livro: A arte de construir cidados: as 15 Lies da Pedagogia do Amor. Ramos, Roberto Carlos. SoPaulo: Celebris, 2004. Refletir com os JPPEAS se eles imaginavam que esta uma histria real.

    LEITURA DA HISTRIA

    H muito tempo as pessoas vinham insistindo comigo para que eu escrevesse a minha histria de vida, pois,segundo diziam, ela poderia estimular os leitores a uma postura mais feliz e mais critica perante a prpria vida. Eeu sempre quis escrever um livro que comeasse com um pargrafo pico do tipo: Eu sou Roberto Carlos Ramos,

    do cl dos Ramos, da dcima gerao desde a chegada dos meus ancestrais a esta terra..., mas a verdade queminha famlia nunca pertenceu a um cl. Meus pais, negros, so pessoas comuns, humildes e moradores de umagrande favela da minha cidade, Belo Horizonte. Pela prpria simplicidade, meus pais perderam o contato com as

    histrias dos nossos avs e ancestrais, de forma que no sei direito quem foram. No sei contar se vieram para cem caravelas portuguesas, em pores de navios, ou mesmo fugidos do Egito. Tudo o que sei que meus pais forame so pessoas bonssimas, pobres e fantasticamente ticas, e, por no terem histria para me contar, escrevo entoa nossa histria com base na minha vida, pelo menos para que parte dela no se perca.

    Ento comeo assim minha histria de vida: Meu nome Roberto Carlos Ramos, sou negro, gosto de sorrir para aspessoas e para a vida, moro num a casa grande de trs andares, no alto de uma colina, tenho uma linda piscina,dois carros muito bons um at importado-, uma linda casa de campo, um apartamento na praia, um bomescritrio. Tenho tambm treze filhos, apesar de ser solteiro. Sou mestre em educao por uma das melhores

    instituies universitrias do pas e tenho bons amigos. Mas j tive febre um dia, no tive em muitas ocasiescomida, fiquei muitos anos longe das escolas e s fui alfabetizado aos catorze anos. Menino de rua na minha cidadepassei por vrios orfanatos e internatos, dos quais fugi cento e trinta e duas vezes e acabei sendo tachado deirrecupervel quando tinha apenas nove anos de. J cheirei cola de sapateiro e fumei maconha. At os dez anos

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    mijava na cama. Tive piolhos no cabelo e catarro escorrendo pelo nariz. Mas aos treze anos algo extraordinrio meocorreu e o meu destino mudou drasticamente.

    Eu estava fsica e espiritualmente machucado ao ter-me envolvido numa briga com uma gangue de meninos de rua.Fui espancado e estuprado por uns cinco garotos maiores do que eu, o que me rendeu uma tentativa, felizmentefrustrada de suicdio e setenta e dois pontos pelo corpo afora.

    A mudana em minha vida, qual denomino um acontecimento extraordinrio, se deu graas a uma educadorafrancesa, uma mulher fantstica que, como me, professora e fada que era me ensinou a diferena da vida dosseres humanos e me deixou de herana uma varinha de condo, que uma forma maravilhosa que permite mudara vida das pessoas e o que se desejar. Muda at mesmo o prprio destino.

    Em seguida assistir o Vdeo Roberto Carlos Ramos parte 1:

    http://www.youtube.com/watch?v=3-wLV1vyUUc&feature=related(9 mim)

    Pedagogia do Amor Roberto Carlos Ramoshttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=OY9DsVrKVnU(1 min)

    http://www.youtube.com/watch?v=3-wLV1vyUUc&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=3-wLV1vyUUc&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=OY9DsVrKVnUhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=OY9DsVrKVnUhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=OY9DsVrKVnUhttp://www.youtube.com/watch?v=3-wLV1vyUUc&feature=related
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    2 OFICINA

    Tempo estimado: 2 HORAS

    O Coordenador da oficina rene os JPPEAS em crculo e diz que vai contar a histria Sei por ouvir dizer do

    escritor Bartolomeu Campos de Queirs que conta mais ou menos assim:

    APRESENTAO

    Uma senhora tem trs idades e usa trs curiosos pares de culos. Um garoto encontra os culos, usa-os,perde-os, e, ao final, descobre os mundos da fantasia e da realidade. Acompanhe a trajetria dessas duas figuras edescubra o que eles tm de mgico e o que podem lhe dizer sobre sua prpria vida.

    Ilustrao Suppa

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    SEI POR OUVIR DIZER

    BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRS

    No era uma vez. Eram trs vezes uma senhora, com trs idades: uma idade passada, outra idade presente, eoutra idade futura. Diziam que ela vencia agora a sua ltima idade. A mulher tagarelava, afirmando ter nascido emtrs datas. Dizia comemorar trs dias de aniversrio: no dia de so nunca, no feriado de nossa senhora do sempre,e no dia da mentira. Quem a conheceu contava que ela narrava essa histria, sorrindo para o lado direito, emseguida para o lado esquerdo, e depois para quem tivesse indeciso em acreditar. Parecia brincar de fazer trscaretas. Uma feia, uma bonita e a terceira mais cruel ainda.

    Explicava ter morado em trs cidades: na terra do ontem, na vila do hoje e na capital do amanh, e se dizia filhade trs casamentos. Declarava ser de um pas que no tinha dia, no tinha noite, nem fronteiras, onde se falavamtrs lnguas: uma s feita de vogais, outra apenas de consoantes e uma terceira feita de silncios. A bandeira desua ptria foi costurada com trs retalhos coloridos: um pedao cor de nada, outro cor de vazio e o terceiro commetros estampados de silncios.

    Eu duvidava da existncia dessa senhora. Mas no me custava fazer de conta. Podia usar trs maneiras paraexplicar meus motivos: que foi um sonho meu, uma fantasia, ou no ter um que fazer. O senhor Trindade, vizinhoda velha senhora, resmungava que ela aparecera naquele lugar num dia sem manh, num ms sem semanas, numano fora do calendrio. Eu, a bem da verdade, no conheci o senhor Trindade. Imaginava ser um homem tambm

    dividido em trs: cabea, tronco e membros. Uma cabea para imaginar, um tronco com grades para proteger ocorao, pernas para ir e voltar e mos para dar e receber.

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    Ele teimava que a mulher tinha construdo sua casa trs vezes pequena, numa ilha chamada Trplice. Trs riosprotegiam sua morada: um rio subia pela terra acima, outro descia morro abaixo e, no terceiro, as guas nohaviam escolhido a direo. No rio que subia morava um barco com trs velas acesas. No rio que escorregavaviviam cinco peixes comendo trs pes, e acreditavam em milagre. No rio sem direo no nadava nada. Trspontes cortavam suas guas, construdas com madeiras frgeis como a esperana.

    A casa se mantinha de p com apenas trs paredes: um muro contra o vento, outro contra a chuva e mais outroimpedindo o medo de entrar. A quarta parede no existia. Por ela entravam os convidados. Em cada parede, uma

    janela. Na primeira ela se debruava e sorria, olhando o longe. Na segunda janela, ela chorava, olhando as coisasmais prximas. Na terceira, ela escrevia cartas sobre a linha do horizonte. Usava trs penas: uma pena depassarinho para falar de cus, uma pena de juiz para contar casos de terra. Com a outra pena, ela sentia pena dequem no sabia ler o livro da fantasia.

    Um dia, uma voz vinda de no sei onde, me soprou baixinho, bem ao p do ouvido, o maior dos segredos davelha dama. Eu me assustei e cheguei a ter trs noites sem dormir e desmaiei trs vezes: no caf da manh, noalmoo e no jantar.

    Ela usava trs pares de culos. Um para ver o perto, outro para ver o longe e o terceiro para procurar os dois. Emais, invejando a felicidade da mulher, todos os habitantes sonhavam em comprar trs pares de culos, como osdela. Mas a velha senhora jamais contou o endereo.

    Fiquei confuso e, no princpio meu desejo era de no acreditar. E se ela tivesse mesmo trs pares de olhos?,me perguntei: um par na testa, dois no lugar dos olhos e mais um par de olhos no queixo? Fiquei espantado comminha ideia. Coisa impossvel. Seu rosto seria muito estranho. E para ver o mundo no so necessrios tantosolhos. Guardar na memria o que seis olhos vem impossvel. E mesmo os que no a conheceram, elogiavam abeleza daquela senhora. Parecia feita de trs gotas de sereno, trs gros de acar e trs toneladas de mansido.

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    Uma mulher assim precisar de seis lentes era muito para um menino compreender. S que eu no pretendiacompreender. S procurava ver. Quem v, no duvida.

    Mas jamais cheguei a conhec-la. Ouvi boatos sobre a sua passagem. Ela partiu trs horas antes da minhachegada. Ficara sabendo que eu havia descoberto seu segredo. Procurei por ela, e alguns respondiam que fora viverem Trs Coraes. Outros falavam que morava, hoje, em Trs Pontas. Havia que afirmava que se mudara para o

    Tringulo Mineiro. Acredito que ela passeia pelo Tringulo das Bermudas, mas ningum me escuta. Dizem que vivono mundo da lua.

    Quero ter certeza de que ela existiu. Acredito que a mentira uma outra verdade. Ao entrar em sua casa,passando pela parede que no existia, encontrei seus trs pares de culos, dentro de trs caixas com cadeados,sobre trs cadeiras de balano. Devia ter viajado muito de repente e esqueceu seus olhares descansando, pensei.Ou, quem sabe, ela descobriu que os culos no lhe faziam mais falta. Guardei-os para mim. Eu enxergava pouconaquele tempo. Confundia o verdadeiro com o falso, o distante com o prximo, o maior com o menor, o amor com o

    desamor. E mais! Meus olhos no enxergavam o l longe, ignoravam o c perto e no sabiam encontrar horizontes.

    Ao deparar-me com seus trs pares de culos, a alegria disparou no meu corao. Mas me ocorreram trsdvidas: E se ela voltasse para busca-los? E se esqueceu o caminho de volta? E se viajou pelo rio que rola e viroumar? A felicidade faz a gente ficar inseguro.

    No perguntei a ningum por ela. Por muito ouvi dizer, os mais antigos contavam que ela se chamava Maria dasDores. Os mais jovens afirmavam ser Maria do Cu. Eu cismava ser Maria das Graas. Mas todos a conheciam como

    a mulher que tinha trs pares de culos: um para ver o perto, outro para ver o longe e o terceiro para procurar osdois.

    A coragem e a curiosidade me ajudaram a entrar em sua casa. Assentei-me em uma de suas trs cadeiras.Segurei o primeiro par de culos que estava ao meu lado, arrombei a caixa e vesti minha cara. Eram os culos para

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    ver o longe. E tudo veio para junto de mim de repente. Os pssaros cantavam em meus ombros; as borboletaspousavam em meus joelhos; as frutas enchiam meu colo; a msica das cigarras cerrava meus ouvidos, os rioscorriam debaixo dos meus ps; eu passeava sobre as montanhas sem sair de casa, as rvores me cobriam desombras. At o amos veio me visitar, chegando devagarinho, devagarinho. A linha do horizonte passou a morar emmeu caderno; as nuvens navegavam no teto da casa. Tudo o que me parecia longe, longe, agora eu podia tocar,acariciar, afagar e escolher.

    Chegou um dia que a saudade me pediu para trazer de longe a minha infncia. Usei os culos e me vi brincando narua, escutando histria da minha v, esperando a chegada do Natal, nervoso diante de meu primeiro caderno eaprendendo a ler na cartilha de Lili.

    Ansioso com tamanha beleza troquei de culos. Usei o de ver de perto. Tudo o que me rodeava foi para bemlonge: as pedras do cho, o medo que me rondava, as tristezas que guardava, os segredos, os relmpagos, aslgrimas, as perguntas, o pernilongo cantor, o louva- a- deus religioso, as dores, as saudades; tudo viajou para

    bem depois.

    Senti pesar. que muitas coisa que estavam perto, eu queria que continuasse perto. No gostava de culosque me roubavam bens: gato, cachorro, vaga-lume, a doce formiga, a melada abelha e as saudades do ontem. que saudade s existe quando o tempo foi bom... Eu guardava tantas saudades.

    Mas a mulher acabou ficando preguiosa; inventei para suportar o segredo. No se levantava nunca da rede queficava no meio da casa. Vivia cheia de preguia e nem mais dormia. Quando o sono passava, ela usava culos de

    ver de perto, e o escuro fugia para longe. E se trocasse os culos de ver o perto pelos os de ver o longe, a noitevinha, mas se esquecia de trazer estrela e lua. E o que ela mais queria era a companhia das amigas estrelaschamadas de Trs Marias. Maria das Graas mostrava medo e solido.

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    Pensei bastante e conclui: quem possui trs pares de culos no morre nunca. Todas as vezes que a morte seaproxima, s usar os culos de ver o longe que a vida vem viver perto.

    Fiquei com trs pares de culos para mim. Perdi, por descuido, os culos de ver o perto e os de ver o longe.Acho que ao usar os meus prprios culos, descobri que a minha memria podia ver o longe, o perto e escolher

    entre os dois. Sonhar meu sonho passou a ser melhor que fantasiar sobre os trs pares de culos.

    O problema que me sobraram os culos para procurar os dois. E quando uso, no descubro o que est pertonem o que est distante. Tudo fica misturado e difcil de separar. Agora, moram em mim, num mesmo tempo, ofeio e o bonito, o triste e o alegre, o medo e a coragem, a partida e a chegada, o cu e a terra, o doce e o salgado.E por mais esforo que faa, no consigo arrancar de mim os culos de procurar os dois. Insistiam em ser os meusolhos da verdade. Mas sem gostar de confuso, pedi ajuda ao senhor Trindade. Ele veio, fez fora e sumiu com osculos para nunca mais.

    Se me pergunto onde foram parar os outros dois pares de culos, penso que avelha senhora os levou. Ela deveestar perto do paraso, olhando uma santssima trindade: cu, inferno e purgatrio. Precisa dos culos para noerrar na escolha do destino. Ela sabe afastar o que incomoda e se servir apenas do que conforta. Mas, se ela sesentir s, bem poder usar os culos de ver o longe e me buscar. Quero muito conhec-la.

    Hoje descubro que no necessito mais de culos. Os meus olhos de verdade esto sempre procurando o longepara equilibrar o que est mais perto. Assim vivo de real em real, de fantasia em fantasia. E quanto maissonho mais acordado estou.Posso afirmar que todos nascemos com trs pares de culos. umacortesia que a vida nos faz. O difcil saber us-los.

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    Oficina adaptada do site:http://www.edelbra.com.br/ppe/cpe/Roteiro_SeiPorOuvirDizer.pdf

    Aps a leitura do texto o Coordenador abre espao para os JPPEAS contarem suas experincias:

    1. Assim como Maria, cada aluno divide sua vida em dois momentos: o momento do passado e o do presente,apontando fatos marcantes em sua histria de vida.

    2. Sugerir que os alunos faam uma linha cronolgica utilizando uma cartolina mostrando momentos do passado edo presente e imaginando o seu futuro.

    ATIVIDADE:

    I LBUM DE VIDA

    1. Incentivar os alunos, a partir da linha cronolgica de vida j feita, a construir um lbum desenhos de sua vida,destacando, atravs de imagens e de textos curtos (tipo legendas), momentos importantes do seu passado e do seupresente. Em relao ao futuro, o aluno simular fotos de fatos e de situaes que ele acredita que ocorrero

    consigo nos prximos anos.

    II OS CULOS TRIPLOS

    1. A turma dividida em 3 grupos: o do passado, o do presente e o do futuro. Aps, so motivados a criaremculos, em cujas lentes sejam colados desenhos ou gravuras recortadas de jornal ou de revista com cenas querepresentem estes trs momentos.

    Cada aluno far os seus culos de acordo com o grupo do qual faz parte. Os culos podem ser expostos por grupo eos alunos explicaro o que as lentes do passado, do presente e do futuro veem.

    Obs.: Tal atividade, em princpio, aponta para uma viso mais geral do mundo e das coisas que acontecem aoredor, estimulando o aluno a perceber a realidade que o cerca, projetando situaes para o futuro e percebendofatos do passado responsveis, de certa forma, pelo presente.

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    FECHAMENTO OFICINA 2

    ELABORADA POR ADRIANA FRIEDMANN in FRIEDMANN, Adriana.Dinmicas criativas: um caminho para a transformao de grupos. Petrpolis, RJ: Vozes, 2004.

    OFICINA: Ontem hoje - amanh

    Tempo de Durao: Aproximadamente 1 hora 30 m

    Olhar para o ontem, o passado, o olhar que d a direo para o amanh, o futuro; mas no podemos esquecer-nos de olhar para o hoje, o presente. Cada participante recebe trs folhas em branco.

    Na primeira folha dever registrar as lembranas de quando tinha entre 11 e 15 anos e represent-las comsmbolos, desenhos ou imagens:

    Como eu era.O que sentia.Do que mais gostava.O que me revoltava.No que acreditava.Pelo que lutava.Como era minha famlia.Como era minha turma.

    Na segunda folha:Como eu sou.

    O que sinto.No que acredito.No que deixei de acreditar.O que me revolta.

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    Na terceira folhaPara onde estou indo.O que quero mudar em mim, na minha vida.O que quero transmitir para as crianas, igual ou diferente do que j vivi.

    Cada participante conta brevemente suas expresses. Recolhem-se os papis que so agrupados em conjuntosOntem Hoje Amanh.

    Formam-se trs grupos, cada um dos quais recebe um dos trs conjuntos. O primeiro grupo dever, com os dadosrecebidos, fazer uma representao, o segundo grupo, uma histria, e o terceiro uma msica.

    Aps as apresentaes, realiza-se um debate.

    Encerrar a dinmica com a distribuio da letra da msica Bola de Meia, Bola Gude, Milton Nascimento, onde todos

    cantam.

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    H um meninoH um molequeMorando sempre no meu coraoToda vez que o adulto balanaEle vem pra me dar mo

    H um passado no meu presenteUm sol bem quente l no meu quintalToda vez que a bruxa me assombraO menino me d a mo

    E me fala de coisas bonitasQue eu acreditoQue no deixaro de existirAmizade, palavra, respeitoCarter, bondade alegria e amorPois no possoNo devoNo queroViver como toda essa genteInsiste em viverE no posso aceitar sossegadoQualquer sacanagem ser coisa normal

    Bola de meia, bola de gudeO solidrio no quer solidoToda vez que a tristeza me alcanaO menino me d a mo

    H um meninoH um molequeMorando sempre no meu coraoToda vez que o adulto fraquejaEle vem pra me dar mo

    14 Bis - Bola de Meia, Bola de Gude -4 min. -www.youtube.com/watch?v=3QHkSFCV2GU8 set. 2008

    http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=video%20bola%20de%20meia%20bola%20de%20gude&source=web&cd=4&ved=0CEsQtwIwAw&url=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D3QHkSFCV2GU&ei=IS0XUPfdHsaD7AHj5YCoDQ&usg=AFQjCNHB-aLaFPp1yqa388mAj5-HSavR4whttp://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=video%20bola%20de%20meia%20bola%20de%20gude&source=web&cd=4&ved=0CEsQtwIwAw&url=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D3QHkSFCV2GU&ei=IS0XUPfdHsaD7AHj5YCoDQ&usg=AFQjCNHB-aLaFPp1yqa388mAj5-HSavR4w
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    3 DIA OFICINA ELABORADA POR FABIANA GERALDI

    GERALDI, Fabiana. Adolescncia: uma passagem mitolgica Mito de Parsifal.In DINIS, Ligia (org.) Mitos eArqutipos na Arterapia: os rituais para se alcanar o inconsciente.Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010.

    Difcil questo. Sair do mundo infantil e entrar na adolescncia implica uma srie de transformaes, internas

    e externas, que para muitos, torna-se confusa e sofrida.

    um momento de reeditar uma identidade formada na infncia. Para isso o adolescente precisa estar

    conectado de alguma forma sua essncia, a sua histria. Ele precisa se reencontrar, se reconhecer nesse processo

    de amadurecimento, tal como Teseu precisou de um fio para conduzi-lo pelo labirinto do Minotauro.

    O mundo contemporneo traz algumas questes que dificultam ainda mais esse processo to delicado. Pais,

    muitas vezes ausentes e permissivos, preocupados em preparar seus filhos para um mundo rpido e competitivo,

    Adolescncia:

    Uma passagem mitolgica-

    Mito de PARSIFAL

    O que deixar de ser criana?

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    submete-os a um fazer incessante muito cedo. A falta de limites e regras deixam os jo vens perdidos e sem

    referncias.

    A sociedade do consumo e do descartvel prega o prazer imediato e fugaz por meio das aquisies de objetos

    e de relacionamentos instantneos.

    A to esperada liberdade sexual atrelada ao medo da AIDS torna as primeiras experincias ainda mais

    inseguras. Privacidade d lugar a uma exposio excessiva por meio de orkuts, youtubes e skipes.A mdia dita os padres de esttica, em que os corpos perdem sua identidade e subjetividade e so colocados

    como mais um objeto de consumo. Com o corpo ainda em formao, os adolescentes colocam prteses, fazem

    plsticas, tatuam-se, colocam piercings, buscando um padro de beleza externo e impositivo. Nessa fase da vida, a

    ditadura da beleza ainda mais perigosa, pois eles precisam do grupo para sentir-se reconhecidos. A maioria dos

    jovens acaba no conseguindo se diferenciar do grupo e dos ditames da beleza padronizada, tomando eternamente

    emprestado a identidade do outro.

    O adolescente, em um mundo dos iguais, no consegue conectar-se com o seu corpo, tornando-se uma terra

    devastada e estril. Diante de sua histria, ele desconecta-se da sua essncia, do seu sagrado. nesse contexto

    que os ritos e os mitos tornam-se muitos importantes.

    As famlias contemporneas instigadas a dar valor ao que superficial e consumvel, esquecem ou do pouca

    ateno ao que h de mais precioso: a sua histria.

    O tempo to curto para dar conta de toda demanda do mundo moderno que no sobram vazios, gs, entre

    uma atividade e outra. As pessoas no tm tempo para costurarem as experincias que vm aos turbilhes. A falta

    desse tempo de conexo consigo mesmo traz para o adolescente vrios sintomas, tais como: ansiedade, estresse,

    sndrome do pnico, compulso, anorexia, droga-adio.

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    O mito vem para ajudar a constituio da identidade podendo ser uma maneira de conhecer o mundo por

    meio da representao simblica. Os mitos tm o poder de entrar no mundo dos mistrios que a humanidade no

    deu conta de decifrar. Histrias e imagens mticas podem aliviar os conflitos internos a ajudar a descobrir uma

    profundidade e um sentido maior na vida.

    O adolescente vive um momento mtico, ele precisa matar padres que j no servem e seguir uma jornada

    de busca do verdadeiro eu.Vrios mitos falam dessa trajetria, a jornada do heri.

    Cada um de ns um heri.

    Isso um dote.

    Temos um chamado para a aventura.

    Recusamos.

    Segue-se uma crise.

    No podemos voltar atrs e atendemos o chamado.

    Juntamos auxiliares, professores, guias

    E cruzamos o limiar desconhecido.Perdemos a nossa identidade e afundamos em um abismo,

    no nadir, na barriga da baleia.

    E emergimos.

    Comeamos a viajar de volta para casa, para aquilo que conhecemos cruzando de volta a fronteira.

    Ns voltamos TRANSFORMADOS. (KELEMAN, 1999, p.19)

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    Esta a trajetria arquetpica de um heri, segundo Joseph Campbell. A lenda de Parsifal representa a busca

    de um adolescente ingnuo e ainda sem forma, por sua verdade e a sua essncia.

    A Arteterapia para adolescentes tem nos mitos uma poderosa ferramenta de sensibilizao, uma ponte para o

    self, para o tesouro perdido.

    O trabalho feito a partir de um mito torna-se cada vez mais forte, pois atua no campo arquetpico, nascamadas mais profundas da psique.

    A arte, nesse caso, pode ritualizar a passagem de um corpo abandonado, dissociado da razo e do meio

    externo, para um corpo com vida, integrado sua natureza.

    Ao final da apresentao da Lenda de Parsifal, apresentarei um trabalho de Arteterapia que podem ser

    utilizado com adolescentes.

    A LENDA DE PARSIFAL

    Quando menino, Parsifal foi mantido afastado do mundo por sua me. Seu pai tinha morrido em combate

    antes de ele nascer, e nada restara me seno esse filho, que ela estava decidida a no perder. Assim escondeu-o

    no corao da floresta e no lhe contou sobre seu direito nobilirquico de se tornar um cavaleiro na corte do rei

    Artur, como seu pai.

    Mas me de Parsifal deu-lhe ensinamentos sobre Deus, assegurando que o amor divino ajuda todos quantos

    vivem na terra. Assim, um dia, ao encontrar um cavaleiro belo e corts que fora perseguido e se embrenhara na

    floresta, Parsifal s pode presumir que essa criatura superior era Deus em pessoa. Embora a iluso do jovem tenha

    sido devidamente desfeita, o encontro com o cavaleiro despertou seu instinto natural de seguir seu prprio destino,

    e Parsifal implorou me que o deixasse partir para o mundo. A me finalmente deu consentimento, e ele partiu,

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    com uma roupa de bufo; a esperana da me era que essa roupa despertasse tamanho escrnio e que o jovem

    voltasse para ela.

    Mas Parsifal insistiu em sua busca, a despeito das zombarias, e, no devido tempo, sendo levado por um cavalo

    sem rdeas, chegou ao castelo de Gurnemanz. Esse nobre disps-se a ser mentor do rapaz e lhe ensinou as regras

    da cavalaria. A roupa de bufo foi retirada, assim como o instinto tolo de Parsifal, e Gurnenmanz o instruiu na

    cortesia, e que talvez fosse o mais importante, na tica que havia por trs dela. Nunca perca teu senso de

    decncia, e no importunes as pessoas com perguntas tolas. Lembra-te sempre de demonstrar compaixo pelos

    que sofrem. Parsifal, no entanto, embora decorasse cuidadosamente essas palavras, na verdade no as

    compreendia. Aprendeu as formas externas, mas no no sentido interior.

    Com o tempo, as viagens de Parsifal levam-no a uma terra distante, onde os campos eram desertos e

    estreis. Em meio a essa terra deserta, havia um castelo, onde ele enfrentou seu primeiro teste de maturidade. Mas

    havia uma tarefa para o qual ainda no estava preparado. Havia no castelo um rei doente, que se debatia na cama

    em grande aflio. Era o rei do Graal, que havia transgredido s leis da comunidade do Graal ao buscar, sem

    permisso, o amor terreno. Como castigo, fora ferido na virilha, e assim permaneceria at que um cavaleiro

    desconhecido lhe fizesse duas perguntas. Senhor, o que vos aflige? deveria ser a primeira indagao do cavaleiro

    ao rei enfermo.

    Havia tambm grandes maravilhas no castelo, e o prprio Graal poderia aparecer ao estrangeiro que l

    chegasse; mas o rei s se curaria quando o cavaleiro desconhecido fizesse a pergunta: Senhor pra que serve o

    Graal? Nessas duas perguntas, estaria a redeno no apenas do rei doente mas tambm da terra deserta.

    Ao ver o rei adoecido em seu leito, entretanto, Parsifal s consegui se lembrar da forma externa do conselho

    de Gurnemanz que a curiosidade era uma indelicadeza e que ele no deveria importunar os outros com perguntas

    tolas. Esqueceu-se de demonstrar compaixo pelos sofredores. Assim, no disse nada. E quando o prprio Graal

    apareceu acompanhado pelos doces dons da msica celeste, transportado em lenta procisso pelos Cavaleiros do

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    Graal, guardado por donzelas e revelando-se em ima exploso de luz celestial- o jovem cavaleiro admirou-o

    intensamente, mas manteve a boca fechada, por medo de parecer tolo.

    E assim nada disse. Ouviu-se ento um grande estrondo de um trovo, e o castelo desapareceu, enquanto

    uma voz dizia: - Jovem tolo, no fizeste as perguntas que deveria ter feito, o rei teria se curado, seus membros

    teriam se fortalecido, e toda terra seria recuperada. Agora, vagars pelo deserto por muitos anos, at aprenderes a

    ter compaixo. E Parsifal, percebendo tardiamente sua tolice, partiu para o deserto em um alvorecer frio ecinzento, determinado a um dia conquistar o direito de ter-lhe outra vez concedida a viso do Graal.

    Comentrios:

    A lenda de Parsifal sintetiza vrios processos emocionais que a passagem da adolescncia traz. O incio do

    mito mostra a dificuldade da me em deixar o filho vivenciar experincias que o tornem capaz de ingressar no

    mundo dos adultos. Ela tem medo de que o filho sofra seguindo o seu destino e, com isso, tenta proteg-lo de todas

    as formas.

    Nos dias de hoje, essa proteo excessiva acaba sendo potencializada e legalizada pela violncia da grande

    cidade grande. Isso atrapalha ainda mais a conquista da autonomia e a jornada do heri. Na lenda, quando Parsifal

    v o cavaleiro, entra em contato com sua essncia, se emociona com aquela imagem e sente que este o seu

    destino.

    A Arteterapia ajuda o jovem a encontrar o seu cavaleiro.Quando o adolescente produz algum smbolo forte,

    arquetpico, ele trabalha com o seu potencial criativo. Esta uma experincia fundamental, pois ele entra em

    contato com a sua verdade. Mesmo que esta venha sem rdeas e desgovernada, como o cavalo que levou Parsifal

    ao castelo de seu mestre. Sem experincia de vida, o adolescente absorve os ensinamentos que lhe possvel

    naquele momento.

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    Parsifal vai para a vida tentando integrar o cavaleiro externo, que ele aprendeu e viu, com o seu cavaleiro

    interno. Enquanto ele no est a vontade com a experincia de ser um cavaleiro nico e singular, ele fica amarrado

    pelas leis e pelo cdigo alheio. Seu ego diz: em uma situao inusitada, siga aos ensinamentos externos. No

    pagar o mico fala mais alto. E, por issoele perde a oportunidade de fazer a pergunta certa.

    S o tempo e as vivncias faro ele se sentir seguro para desorganizar os cdigos do guerreiro e integrar a

    sua intuio e o seu guerreiro interno. Esta a verdadeira sabedoria. A Arteterapia ajuda o jovem a fazer essajornada simblica, coloca-o frente frente com uma imagem que o mobiliza.

    Por meio de trabalhos corporais e expressivos essa imagem, mesmo que sejam toscas tentativas. O corpo

    ainda um deserto rido que busca o castelo perdido. Aos poucos, ele vai se sentindo mais a vontade em seu vazio

    criativo.

    A partir dessa conexo ego-self, feita pelas produes simblicas, o adolescente se aproxima de seu prprio

    mito, de sua individualidade. Isto traz plenitude, auto aceitao e o respeito s diferenas, to importantes para

    esta fase da vida.

    Se eu tenho a mnima ideia de quem sou, eu respeito o outro. Quando aparecem diversas formas de se ver a

    mesma coisa de um trabalho de Arteterapia em grupo, apresenta-se ento a beleza da diversidade. O belo o que

    traz a verdade de cada um. No mito, em que Parsifal for capaz de reconhecer o sofrimento do rei e usar a sua

    compaixo para cur-lo, ele ter formado uma conscincia pessoal corporificada. O guerreiro estar introjetado e

    transformado. O rei, velho e doente, ser afetado pela maneira de Parsifal usar a si mesmo.

    Essa a jornada do heri: iniciar o caminho da prpria vidaque lhe dada, ir busca do seu destino a partir deexperincias internas. Integrar os opostos ao longo da vida o caminho do Graal.

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    Oficinas

    de

    Trabalho:

    Arteteraputicos

    Para serem feitos aps a leitura doMito de Parsifal

    TEMPO ESTIMADO 2 HORAS

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    DesenhoProponha ao adolescente que desenhe uma parte da histria que mais chamou sua ateno. uma maneira

    de fomentar uma discusso sobre o mito. Oferea-lhe materiais fceis de trabalhar, como giz de cera, lpis de cor,

    etc. Aps a discusso do mito e apresentao dos desenhos realize a atividade:

    Vazio a partir do nome - Esta uma atividade maravilhosa para trabalhar o vazio criativo por meio do jogo

    de opostos.

    Material:folha branca redonda, lpis de cor, canetinhas, tesoura, cola e cartolina preta.

    Processo:distribua para cada participante uma folha branca redonda dobrada ao meio. Solicite a cada um

    que escreva o seu nome dentro da meia-lua, embaixo e, de preferncia, com letra cursiva (pois gera mais curvas na

    forma do nome). Pea a cada um que recorte a forma do nome, deixando a folha redonda com um vazio no meio

    (gerado pela forma do nome). Deve-se trabalhar a forma do nome em outra folha, transformando esta forma em

    uma produo artstica. Solicite a cada um que volte para a folha redonda e coloque-a em cima de uma cartolina

    preta (para dar contraste do vazio no meio) e trabalhe ao redor do vazio, como se esse fosse o ponto central de

    uma mandala. O nome gera uma forma. A forma ser transformada em algo, e o vazio que fica na folha redonda

    retirada da forma tambm ir gerar uma produo ao seu redor.

    O que eu posso produzir a partir do vazio que a forma do meu nome gerou? O que eu posso produzir com a

    forma do meu nome? A partir da experincia artstica de vivenciar o vazio, o indivduo capaz de sentir a plenitude

    do encontro com o self e a potncia criativa de agir a partir dele. A proposta que esta oficina enriquea o trabalhode cada participante e fomente discusses importantes acerca da utilizao da arte como um poderoso instrumento

    de conexo do indivduo. Encerrar a oficina com todos cantando a msica - Caador de Mim - Milton Nascimento:

    Disponvel http://www.youtube.com/watch?v=Se9XYKHQi3Y

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    Por tanto amorPor tanta emoo

    A vida me fez assimDoce ou atrozManso ou ferozEu caador de mimPreso a canesEntregue a paixesQue nunca tiveram fimVou me encontrarLonge do meu lugar

    Eu, caador de mimNada a temer seno o correr da luta

    Nada a fazer seno esquecer o medoAbrir o peito a fora, numa procuraFugir s armadilhas da mata escuraLonge se vaiSonhando demaisMas onde se chega assimVou descobrirO que me faz sentirEu, caador de mim

    CAMPBELL, Joseph. E por falar em mitos... So Paulo: Verus, 2004.GREENE, Liz: SHARMAN, Juliet. Uma viagem atravs dos mitos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2001.

    KELEMAN, Stanley. Mito e corpo. So Paulo: Summus, 1999.SOUZA, Solange Jobim (Org.) Subjetividade em Questo: a infncia como crtica da cultura. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000.

    WINNICOTT, Donald W. Tudo comea em casa. So Paulo: Martins Fontes, 2005.

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    Importante:Para realizao desta oficina o Coordenador e os GDPEAS devero fazer a leitura do materialcomplementar PREVIAMENTE. Oficina,gentilmente, cedida pelo DR. Jorge Gutemberg Splettstoser - Tempo

    estimado: 1h30m

    Primeiro passo: Imaginar um sonho, de preferncia escrever com o mximo de detalhes, visuais: lugares,

    luminosidade; cores etc. Auditivos sons, palavras, msica etc. Cinestsico: sensaes, confortvel, cheiros e

    perfumes etc.

    Segundo passo: Traar no cho um tringulo e em cada ponta do tringulo voc vai colocar uma das trs

    posies psicogeogrficas: O sonhador, o critico construtivo e o realizador. No centro do tringulo fica a posioneutra.

    Terceiro passo: O sujeito, com seu sonho, posiciona-se no centro do tringulo na posio NEUTRA e dirige-se

    para posio SONHADOR. Aqui ele vai sonhar da mais ampla maneira possvel e impossvel ( por exemplo se

    4 DIA OFICINA -

    Estratgia Disney

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    seu sonho ser um palestrante imaginar uma palestra sua no maracan lotado, ver a luminosidade, as imagens,

    escutar os aplausos, as msicas que tocam durante a palestra e perceber como se sente, como seu corpo sente

    aquele sucesso)

    Quarto passo: Aps essa experincia, o sujeito volta ao neutro e quebra estado.

    Quinto passo: O sujeito dirige-se para o CRTICO CONSTRUTIVO. Aqui ele vai ser o mais critico possvel. ( noexemplo do palestrante ele vai analisar qual vai ser o assunto da palestra, como ele vai se preparar para fazer

    essa palestra, quais os caminhos que ter que seguir, com quem falar, como arrumar dinheiro para fazer cursos

    etc. etc.

    Sexto passo:Voltar ao neutro, quebrar estado.

    Stimo passo: O sujeito entra no REALIZADOR: Aqui ele vai fazer um planejamento de quais aes tomar, em

    que prazo, qual a possibilidade, ver o que impede e ir ao encontro de recursos para vencer os impedimentos e

    REALIZAR.Oitavo passo: Voltar ao neutro, quebrar estado. Agora o sujeito vai analisar tudo que foi feito, tirar concluses

    e ver novamente seu sonho e perceber o que essa experincia acrescentou.

    Nono passo: Repetir os passos 3,4,5,6,7,8.

    Dcimo passo: Voltar ao neutro, quebrar estado. Agora o sujeito vai analisar tudo que foi feito, tirar concluses

    e ver novamente seu sonho e perceber o que essa experincia acrescentou.

    Dcimo primeiro passo: Se sujeito estiver satisfeito, solicitar que escreva o que acabou de vivenciar e

    encerrar o exerccio com o compromisso de que vai comear a partir de tal data as tais horas. Se caso ele no

    estiver satisfeito repetir o nono passo at que se de por satisfeito.

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    Finalizao: Assistir o vdeo http://www.youtube.com/watch?v=XFQX8xRZBJQ - Uma mensagem

    maravilhosa sobre a importancia de sonhar, ter f e acreditar no amor. 4.46 min

    Leitura complementar

    Sonho & carreiraCsar Souza.www.icarobrasil.com.br dezembro 2004.

    Os sonhos so como uma fita mtrica interessante, mas h um detalhe que faz toda a diferena: quem

    determina a unidade de medida o sonhador. O que talvez parea pequeno aos olhos do outro pode ter um valorimenso para voc. E o que voc julga pequeno pode ser o sonho magno de algum.

    A medida est dentro de cada um, a avaliao absolutamente individual e pessoal. Independente do olhar e

    do aplauso do outro.

    http://www.youtube.com/watch?v=XFQX8xRZBJQhttp://www.youtube.com/watch?v=XFQX8xRZBJQhttp://www.icarobrasil.com.br/http://www.icarobrasil.com.br/http://www.icarobrasil.com.br/http://www.icarobrasil.com.br/http://www.youtube.com/watch?v=XFQX8xRZBJQ
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    Feio seria uma ditadura dos sonhos onde todos fossem obrigados a imaginar feitos monumentais que mudem

    o pas ou deixem sua marca na histria. No por a. Mesmo uma obra preliminar e pequena vale a pena. O

    importante ter conscincia do que se faz e ser feliz com isso. Ficar muito atento aprovao alheia desperdiar

    tempo tentando realizar o sonho dos outros. Os valores de sucesso esto dentro de cada um. melhor, ento, que

    sejam vrios sonhos, para aproveitar ao mximo a grande oportunidade de viver, errar, acertar e comear de novo.Afinal de contas, tudo que fica pronto na vida foi construdo antes na alma. No importa se seus sonhos so

    grandes ou pequenos, mas que tragam a voc a possibilidade de inventar seu futuro. Nos momentos de dvida,

    lembre-se sempre:

    O sonho seu, est dentro de voc;

    Sonhe com os olhos abertos;

    Tenha sonhos em vez de um nico e busque o equilbrio;

    Expresse o seu sonho. O segredo deixou de ser a alma do negcio;

    Incentive os outros a sonhar. No seja castrador de sonhos alheios;

    Ningum nasce sortudo. Sorte preciso crer para ter;

    Transforme sonhos em projetos;

    Transforme projetos em ao;

    VOC DO TAMANHO DE SEU SONHO!

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    Para saber mais...

    PROGRAMAO NEUROLINGUISTICA - PNL na sala de aula

    A estratgica da criatividade de Disney no planejamento das aulasPor Ricardo Luiz Marcello

    Artigo Disponvel em: http://www.portalcmc.com.br/saladeaula05.htm

    Meus cumprimentos a todos os leitores da coluna. um grande prazer estar compartilhando com vocs as

    aplicaes da PNL na sala de aula.

    Com o texto passado, conclumos uma trilogia sobre a importncia do controle emocional do professor antes,

    durante e depois das aulas. Definimos o que so estados emocionais e como podemos alter-los; falamos sobre a

    importncia da inteligncia emocional perante os alunos e, tambm, como o professor pode realizar uma auto-

    avaliao proveitosa, utilizando a experincia do dia-a-dia para aprimorar suas aulas.

    Hoje, apresentaremos a estratgia da criatividade de Walt Disney, que poder ser aplicada no planejamento

    das aulas. O processo simples e fcil de aprender. Sugiro que voc pratique as etapas enquanto l o texto; assim,

    ao encerrar a leitura, voc j estar apto a utilizar esta mesma estratgia sempre que precisar ser criativo.

    Um breve histrico da PNL: a modelagemQuando ramos crianas, aprendemos a andar, a comer e a nos comunicar observando atentamente os

    adultos, imitando-os. Sabamos que estvamos tendo sucesso ao recebermos mimos e sorrisos de aprovao; por

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    outro lado, sabamos que no estvamos de sucesso (Fritz Perls, Virginia Satir e Milton Erickson): observaram

    fazendo o certo quando recebamos broncas e olhares de desaprovao...

    O nome que a PNL d para este processo de observao-e-imitao modelagem. Foi isso que Richard

    Bandler e John Grinder fizeram na dcada de 70 com alguns terapeutas e analisaram como esses profissionais

    agiam e se comunicavam. A partir dos dados coletados, Bandler e Grinder perceberam que havia padres verbais e

    no-verbais de comportamento em comum a esses terapeutas. A partir desta concluso, reuniram estes padres ecodificaram as principais tcnicas de PNL.

    , portanto, modelando as pessoas de sucesso que podemos reproduzir suas aes, seus pensamentos e seus

    resultados. Na verdade, no deveramos nunca deixar de lado essa habilidade natural de modelar os outros, pois

    esta uma maneira excelente de dinamizar o processo de aprendizado, seja qual for o assunto que estamos

    estudando.

    Um dos principais pressupostos da PNL o de que se algum pode fazer bem alguma coisa, ento todas as

    outras pessoas tambm tm a chance de conseguirem. Segundo Dilts (1998, p. 158), a PNL examina a maneira

    como as pessoas organizam seqencialmente e usam capacidades mentais fundamentais como a viso, a audio e

    a sensao para organizar e agir no mundo ao seu redor.

    Robert B. Dilts foi a pessoa que estudou a vida de grandes personalidades da histria, como Aristteles,

    Mozart, Albert Einstein e Walt Disney, entre outros, utilizando a mesma tcnica de modelagem de Bandler e

    Grinder. Ele pde, assim, traar suas estratgias mentais e publicou suas concluses em trs volumes do livro A

    Estratgia da Genialidade.

    Vamos, agora, dar uma olhada na estratgia de criatividade de um dos maiores produtores de desenho da

    histria do cinema. Vamos conhecer a maneira como Walt Disney concebia, planejava e executava seus fabulosos

    projetos que marcaram a nossa era.

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    A Estratgia de Criatividade de Walt Disney

    Planejar fazer um esboo ou esquema que representa uma ideia,

    uma ao ou uma srie de aes que, ao mesmo tempo,

    serve como guia para sua realizao. Planejar antecipar ou

    representar algo que vir a ser realizado; prever uma ao antes de realiz-la.(Sacristn, in: Hentschke e Del Ben, 2003, p. 177).

    Uma aula bem planejada sinnima de um bom controle, por parte do professor, do que ir acontecer em

    classe. Alm disso, uma atitude de respeito para com os alunos e, tambm, uma forma de evitar que o processo

    de ensino acontea na base do improviso.

    Alguns professores sentem-se bem em no planejar o que vo fazer, pois acham que, assim, suas atitudes em

    classe ficaro mais espontneas. Na verdade, planejar aulas no significa enclausurar as aes; significa traar um

    roteiro de possibilidades criativas, que norteiam o professor e o ajudam a estar tranquilo e seguro perante seus

    alunos.

    importante dizer que criatividade no um dom. Criatividade nada mais do que um estado emocional que

    podemos ativar quando necessrio. E o que iremos ensinar neste texto a forma como Walt Disney acessava seu

    eu criativo.

    A estratgia simples e voc pode aprend-la rapidamente. Tudo que voc precisa fazer planejar sua aulaadotando trs personalidades bem diferentes: o sonhador, o realista e o crtico.Dilts (1998, p. 158), ao falar

    sobre a estratgia de criatividade de Disney, diz que a criatividade inclui a sntese de diferentes processos ou

    fases. O sonhador necessrio para formar novas ideias e metas. O realista transforma essas ideias em expresses

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    concretas. O crtico um filtro e um estmulo para apur-las cada vez mais. A seguir, apresentaremos estas trs

    etapas do processo com mais detalhes.

    Posio do Sonhador

    Walt Disney tinha uma imaginao fabulosa.

    Era um sonhador muito criativo.

    Sonhar o primeiro passo para criar um objetivo (...).

    Primeiro Disney criava um sonho ou uma viso do filme inteiro.

    Imaginava como a histria seria vista pelos olhos de

    cada personagem e quais seriam seus sentimentos.(OConnor e Seymour, 1996, p. 203).

    A primeira coisa que voc deve fazer escolher um local confortvel, onde possa divagar vontade, sem ser

    interrompido. Se possvel, volte a este lugar sempre que quiser adotar a posio do sonhador, a fim de associ-lo a

    um estado emocional de devaneios e fantasias.

    Um mtodo bastante utilizado por empresas de publicidade e que pode ser muito til para a posio do

    sonhador o brainstorming (tempestade cerebral), que ser apresentado abaixo, com base em Weisinger (1997,

    p. 66).

    Com um lpis e um papel em mos, deixe sua mente viajar pelo mundo do faz de conta, criando

    possibilidades diversas. Visualize internamente as idias acontecendo (atividades a serem feitas em classe,

    explicaes diferentes para um mesmo assunto, esquemas visuais interessantes) e anote todas rapidamente,

    mesmo que sejam irreais ou malucas. O importante no reprimir, censurar ou corrigir as idias, pois elas podero

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    ser, de alguma forma, aproveitadas ou adaptadas mais tarde. Alm disso, o bom humor reforar seu estado

    criativo.

    Faa de tudo para que suas idias continuem fluindo. Voc pode desenvolv-las, combin-las com outras,

    imaginar o oposto delas, etc. Talvez seja til trazer memria algumas aulas que voc ministrou de forma bem-

    sucedida e reviver as situaes que deram certo. Neste momento, quantidade vale mais do que qualidade. Deixe

    que uma idia puxe a outra e no se esquea de tomar nota de todas.Quando julgar que j possui uma boa lista de ideias e quiser encerrar esta etapa, abandone o lugar do

    sonhador e passe para a prxima etapa da estratgia: a posio do realista.

    Posio do Realista

    Depois, [Walt Disney] examinava seu projeto de maneira realista, levando em considerao o custo, o tempo e os recursos necessrios

    para sua realizao, ou seja, todas as informaes fundamentais, para

    se certificar de que o sonho poderia se tornar realidade(OConnor e Seymour, 1996, p. 204).

    Com a lista de idias em mos, esta a hora de voltar terra firme, realidade. Escolha um lugar diferente,

    para o qual possa retornar sempre que quiser desfrutar de um estado interior de racionalidade, planejamento e

    organizao.

    Vivencie, em sua imaginao, cada uma das idias que voc anotou sendo colocadas em prtica, com a maiorriqueza de detalhes possveis. Pergunte-se: como poderei realizar meus planos? Viva cada idia em sua plenitude,

    imaginando a classe bem sua frente, ouvindo sua prpria voz enquanto fala com os alunos e sentindo o

    movimento de seus prprios gestos enquanto explica o contedo da aula.

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    Voc pode distribuir os assuntos da aula em tpicos, planejando o tempo necessrio para abordar cada um

    deles. Pense em todos os passos que precisar realizar para ver seu planejamento realmente acontecendo conforme

    o esperado. Anote tudo que precisar ter s mos para colocar as idias em prtica: lousa, canetas coloridas, retro-

    projetor, data-show, quantidade de cadeiras, equipamento de som, televiso, DVD, vdeo-cassete, etc.

    Pegue aquelas idias malucas que surgiram e ajuste-as, para que possam tambm ser colocadas em prtica.Talvez voc perceba que no precisar usar todas as idias que teve enquanto estava na posio do sonhador;

    sugiro, neste caso, que voc guarde as anotaes para uma prxima vez, pois elas podero lhe servir para uma

    prxima aula.

    Ao encerrar seu planejamento, saia do lugar do realista e avance para a ltima etapa da estratgia: a

    posio do crtico.

    Posio do Crtico

    Depois de criar o sonho do filme, [Disney] voltava

    a analis-lo do ponto de vista do pblico. Ele se perguntava:

    Foi interessante? Foi divertido? Tem alguma coisa que no funciona?

    (OConnor e Seymour, 1996, p. 204).

    Nesta posio, voc dever assumir o papel de chato da histria. Escolha um terceiro lugar diferente, que

    lhe inspire um estado emocional de crtico construtivo e para o qual voc possa retornar quando quiser assumir

    novamente esta posio.

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    a hora de colocar seu plano em teste. Busque os erros, os problemas, as dificuldades e os principais

    obstculos que poder enfrentar; procure imaginar o que est faltando, o que poder no funcionar adequadamente

    e mea todas as consequncias das suas aes.

    Sua inteno, aqui, no destruir seu prprio planejamento, mas sim torn-lo mais eficaz. Voc poder, por

    exemplo, imaginar quais as dvidas mais provveis que seus alunos tero e, assim, incorpor-las j na explicaoda aula.

    Voc tambm pode imaginar um plano B para a abordagem dos tpicos, para se prevenir de possveis

    imprevistos. O que voc far, por exemplo, se o data-show no funcionar corretamente? Que outra atividade poder

    realizar com a classe, caso aquela que voc planejou no surtir o efeito desejado?

    Depois que tiver refletido a partir do ponto de vista do crtico, bem provvel que sua aula ser um sucesso!

    Caso sentia a necessidade de passar novamente por cada uma das posies, lembre-se de retornar aos mesmos

    lugares escolhidos.Espero que este texto tenha sido realmente bastante til para voc, caro professor. Foram apresentadas,

    aqui, as trs etapas da estratgia de criatividade de Walt Disney, que voc pode utilizar a partir de agora para

    planejar suas aulas com mais eficincia.

    Logo abaixo desse texto, h um link onde voc pode escrever seus comentrios, os quais sero muito bem-

    vindos! Em nosso prximo encontro, falaremos sobre como possvel cativar a classe e estabelecer com os alunos

    uma forte sensao de empatia (rapport).

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    Referncias Bibliogrficas

    BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. So Paulo: Papelivros, s.d.DILTS, Robert B. A estratgia da genialidade, vol. I. So Paulo: Summus, 1998.HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana (org.). Ensino de Msica: propostas para pensar e agir em sala de aula.So Paulo: Moderna, 2003.OCONNOR, Joseph. Manual de Programao Neurolingstica. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.

    OCONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. So Paulo: Summus, 1996.PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. So Paulo: tica, 2004.ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. So Paulo: Best Seller, 2001.WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrpolis: Vozes, 2002.WEISINGER, Hendrie. Inteligncia Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

    Prefiro divertir as pessoas, na esperana

    de que elas aprendam, ao invs de ensinaras pessoas, na esperana de que elas se

    divirtam (Walt Disney)Bye!

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    Tempo estimado 2 horas

    O coordenador dever fazer uma retrospectiva das quatro oficinas com os JPPEAS, tendo como fio condutor a

    anlise de cada oficina e o que elas contriburam para dar asas aos sonhos e utopias dos jovens.

    Culminncia:Assistir o filme: Ferno Capelo Gaivota - 1 hora 30 min

    Sinopse

    Filme para quem gosta de ver o movimento. Livro para quem gosta das palavras e imaginar. Como osmovimentos que fazemos afeta os demais. Uma histria de liberdade, de como se pode conhecer o outro e a si

    mesmo. Este filme que marcou uma gerao e transformou o livro de Richard Bach num best-seller que vendeu 40

    milhes de cpias e viajou por 70 pases do mundo.

    5 DIA ENCERRAMENTO E AVALIAO

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    Ferno Capelo Gaivota uma ave quem no se contenta em voar apenas para comer. Ele tem prazer em voar

    e esfora-se em aprender tudo sobre vo. Por ser diferente do bando, expulso. Com excelente trilha sonora de

    Neil Diamond e magnfica fotografia, o filme uma parbola. Faz uma analogia entre o homem e a gaivota, no

    sentido de mostrar as dificuldades de superao dos limites, do encontro com a liberdade verdadeira, pautada no

    amor e na compreenso do outro.

    Para quem quiser ler...

    No se preocupe em tomar a deciso certa... Pois ela no existe..."

    Ferno Capelo Gaivota

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    Como a cano em busca da voz que Silncio. E a que Deus compor para teu caminho.

    Ferno Capelo Gaivota

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    BOM TRABALHO!

    O sonho

    Sonhe com aquilo que voc quer ser, porque voc possui apenas uma vida e nela s se tem uma chance defazer aquilo que quer.

    Tenha felicidade bastante para faz-la doce. Dificuldades para faz-la forte. Tristeza para faz-la humana.

    E esperana suficiente para faz-la feliz. As pessoas mais felizes no tem as melhores coisas.

    Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece paraaqueles que choram. Para aqueles que se machucam Para aqueles que buscam e tentam sempre.

    E para aqueles que reconhecem a importncia das pessoas que passaram por suas vidas.

    Clarice LispectorDisponvel: http://pensador.uol.com.br/sonho_poema_de_clarice_lispector/

    http://pensador.uol.com.br/autor/clarice_lispector/http://pensador.uol.com.br/autor/clarice_lispector/http://pensador.uol.com.br/autor/clarice_lispector/
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