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ROTEIRO BÁSICO PARA INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NO BRASIL

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RoteiRo básico paRa investimento estRangeiRo no bRasil

O presente Roteiro para Investimento Estrangeiro no Brasil tem o objetivo de in-formar e esclarecer, de forma simples e objetiva, a potenciais investidores, sócios, acionistas e demais terceiros interessados em investir no país as regras atualmente vigentes na legislação brasileira, aplicáveis aos investimentos a serem realizados por não residentes no Brasil, sejam eles pessoas físicas e/ou jurídicas.

De acordo com a legislação brasileira, um investidor não residente pode ser uma pes-soa física ou jurídica, fundo ou qualquer outra entidade de investimento coletivo, com residência, sede ou domicílio no exterior, que detém ou pretende deter participação no capital social de empresa brasileira.

Introdução

Especificamente, no que diz respeito aos investimentos estrangeiros a serem rea-lizados no Brasil, cabe destacar que atualmente a legislação brasileira prevê basi-camente duas formas de investimentos externos, quais sejam: (a) o “investimen-to direto”, a ser registrado no módulo RDE-IED (Registro Declaratório Eletrônico - Investimento Externo Direto); e (b) o investimento nos “mercados financeiro e de capitais brasileiros”(o “Investimento em Portfólio”).

O presente Roteiro de Investimento tratará exclusivamente da modalidade de Investimento Externo Direto.

Introdução

Para investir no Brasil, o não residente, seja pessoa física ou jurídica, deverá estar inscrito no Cadastro de Contribuintes da Receita Federal do Brasil, para tanto, de-verão ser apresentados os documentos exigidos, dentre os quais uma procuração a representante (pessoa física) residente e domiciliado no Brasil.

Salientamos que todos os documentos provenientes do exterior deverão ser legali-zados no Brasil, ou seja, o reconhecimento da autenticidade do signatário por notário público no país de origem dos documentos; confirmação da autenticidade por aposição de apostila nos documentos ou por autoridade consular, quando o país não for sig-natário da Convenção de Haia; tradução do inteiro teor dos documentos por tradutor juramentado devidamente matriculado perante o órgão de registro de comércio brasi-leiro; e registro dos documentos e suas respectivas traduções em Cartório de Títulos e Documentos no Brasil, conforme determina a legislação vigente.

Investidor Não Residente

Vale destacar que a confirmação de autenticidade do documento estrangeiro por aposição de apostila ou por autoridade consular não é aplicável quando o documen-to for oriundo da França[1] ou Argentina[2], ou, ainda, quando forem necessários aos fins do Mercosul[3], em razão de acordo celebrado pelos referidos países com o Brasil, que facilita os procedimentos de legalização de documentos estrangeiros.

Investidor Não Residente

Investidor Não Residente

Referências

[1] Acordo de Cooperação em Matéria Civil, celebrado entre Brasil e França em 28 de maio de 1996, ratificado em 03 de agosto de 2000, promulgado pelo Presidente da República em 12 de setembro de 2000 e em vigor desde 01 de outubro de 2000.

[2] Acordo, por troca de Notas, sobre Simplificação de Legalizações em Documentos Públicos, de 16 de outubro de 2003, publicado no Diário Oficial da União em 23 de abril de 2004.

[3] Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e seu Regulamento Admi-nistrativo , celebrado entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, ratificado em 18 de dezembro de 2001, promulgado pelo Presidente da República e em vigor desde 13 de março de 2006.

O registro dos investimentos estrangeiros diretos, de responsabilidade das empresas brasileiras receptoras, é realizado diretamente no sistema de Registro Declaratório Eletrônico - Investimento Estrangeiro Direto (RDE-IED) do Banco Central do Brasil (BACEN), disponível no site do BACEN, na área de Câmbio e Capitais Internacionais → > Registro de capitais estrangeiros no País. As empresas brasileiras receptoras podem fa-zê-lo diretamente ou por intermédio de mandatários. O caráter declaratório desse registro implica responsabilidade dos declarantes pela veracidade e legalidade das informações prestadas.

As Leis nº 4.131/1962 e nº 11.371/2006 e a Resolução nº 4.104, de 28 de junho de 2012, estabelecem critérios e valores para aplicação de multas no caso de prestação de informações incorretas, incompletas ou fora de prazo.

Registro no Banco Central do Brasil

Para registro de um investimento estrangeiro direto no RDE-IED é necessária a prévia inscrição das partes envolvidas (investidor, receptora e mandatários) no CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) ou CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas).

Normas da Receita Federal do Brasil (RFB) determinam a inscrição dos investidores estrangeiros, pessoas físicas e jurídicas, no CPF ou CNPJ. O investidor estrangeiro pessoa jurídica obtém CNPJ por intermédio do Cadastro de Empresas (CADEMP), que, verificada a sua conformidade pelo BACEN, é enviado à RFB, que atribui um número de CNPJ ao seu titular e o retorna ao BACEN. A inscrição das pessoas físicas estrangeiras no CPF é realizada pela própria RFB ou com a intermediação das repre-sentações diplomáticas brasileiras.

Fonte: Manual RDE/IED-BACEN, disponível em:http://www.bcb.gov.br/ftp/infecon/RDE/ManualRDE-IED.pdf

Registro no Banco Central do Brasil

A legislação brasileira permite que as pessoas jurídicas com sede no Brasil sejam administradas por pessoa física sócia ou não sócia, com nacionalidade brasileira ou estrangeira (ao estrangeiro é permitido exercer qualquer cargo de administração, desde que possua visto de permanência no Brasil), porém, desde que (i) a pessoa física seja residente e domiciliada no Brasil; e (ii) não esteja inserida em nenhuma das hipóteses legais de impedimento para o exercício do cargo de administração, sendo que para as Sociedades por Ações é necessário o mínimo de 2 (dois) admi-nistradores, que serão designados como diretores, podendo ou não ter uma atri-buição específica.

A legislação não permite que as sociedades brasileiras sejam administradas por pessoa(s) jurídica(s).

Administrador / Diretor de Sociedade Brasileira

O investidor não residente que pretenda realizar investimentos diretos no Brasil não precisará de qualquer tipo de visto. Todavia, como mencionado acima, caso o investidor não residente pretenda ocupar cargo de administrador/diretor em em-presa brasileira e/ou indicar estrangeiro, para tanto deverá ser providenciado um visto permanente de trabalho para o administrador junto às autoridades brasileiras.

Visto de Permanência

Para fins de informação, cabe destacar que o benefício existente a cidadãos por-tugueses no Brasil é a isenção de taxas e emolumentos para emissão e renovação de vistos de residência, conforme Decreto Federal n.º 6.771/2009, que promulgou o Acordo de Isenção de Taxas e Emolumentos para Cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, conforme redação abaixo transcrita:

Artigo 1º

“Os cidadãos dos Estados Membros da CPLP, residentes nos outros Estados Membros, estão isentos do pagamento de taxas e emolumentos devidos na emissão e renovação de autorizações de residência, com exceção dos custos de emissão de documentos.”

Benefícios para Portugueses

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Este informativo tem por finalidade veicular informações jurídicas de caráter geral, não se constituindo em parecer ou aconselhamento jurídico e não acarretando qualquer responsa-bilidade ao escritório. É imprescindível que casos concretos sejam objeto de análise específica.

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