rota tirolesa

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R O T A tirolesa CONVIVÊNCIA Festa do Vinho Bebida vendida no evento é produzida por cooperativa local e é celebrada em festival tradicional. A fé que move montanhas. DESTAQUES Conheça a Rainha e a Princesa da Festa da Polenta! TRADIÇÃO Grupo de dança e apresentação do coral na UNIMEP.

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Page 1: Rota Tirolesa

R O T A

tirolesaCONVIVÊNCIAFesta do VinhoBebida vendida no evento é produzida por cooperativa local e é celebrada em festival tradicional.

A fé que move

montanhas.

DESTAQUESConheça a Rainha e a Princesa da Festa da Polenta!

TRADIÇÃOGrupo de dança e apresentação do coral na UNIMEP.

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EDITORIALConheça Santa Olímpia, o reduto cultural tirolês!

Já pensou estar em conhecer um local que o faça sentir numa colônia européia. Conheça o bairro Santa Olímpia! Fazendo parte do território de Piracicaba, a região é o reduto cultural de imigrantes tiroleses, junto com Santana.

Naturais da região Trentino – Südtirol (Alto Adige), que compreende partes da Itália e da Áustria, os tiroleses se instalaram na região onde hoje é Santa Olímpia no ano de 1892. As principais famílias na região, até hoje, são os Correr, Pompermayer, Stenico, Christofoletti, Brunelli, Degaspari, Forti, Veneri, Negri e Zotelli.

Os habitantes do bairro, dos mais velhos aos mais novos, são muito conservadores em relação às tradições e costumes. Muito religiosos, os tiroleses gostam de celebrar festas e comemorações na praça da igreja da Imaculada Conceição, onde pode-se ouvir em meio ao povo alegre algumas pronuncias do dialeto ítalo-tirolês. O conjunto cultural do bairro conta com grupo folclórico e de danças e o coral Stella Alpina. Os dois grupos costumam se apresentar em outras cidades e em festas tradicionais italianas, alemãs e a tradicional Festa das Nações de Piracicaba.

Conhecer Santa Olímpia é um passeio muito agradável, porque depois que as pessoas residentes acabam conhecendo os visitantes, você ter certeza que ganhou não apenas novos amigos, e sim mais integrantes na família, e com certeza será sempre bem vindo.

Segue daí a Rota Tirolesa, que compreende Santa Olímpia e Santana. Neste passeio o visitante vai conhecer a Praça de Santa Olímpia e a Igreja da Imaculada Conceição, a casa de ensaios do Coral, o Museu, almoçar no restaurante La Stua ou apreciar uma saborosa pizza na Pizzaria Nonno Gioti. Em Santana encontram-se as vinícolas e o barracão da Cooperativa do Vinho, onde é produzido o vinho artesanal Trentino, e em dezembro é organizado o Mercadìn de Nadal, o verdadeiro natal tirolês – um mercado a céu aberto na praça central de Santana, onde o visitante pode comprar os vinhos, geléias, queijos e os deliciosos pães caseiros que chegam a ser encomendados até por visitantes do exterior.

Se você ainda não conhece o reduto cultural tirolês Santa Olímpia e Santana não perca oportunidades e venha apreciar a mais pura cultura tradicional trentina.

Thiago Sanchez Gaspareto

Expediente

Matérias: Anderson Junque, Arianne Domiciano, Bruno Bianchim Martim, Eduardo Castelar, Mariana Fiocco e Vinicius Barbosa.

Fotos: Anderson Junque, Eduardo Castelar, Mariana Fiocco e Thiago Sanchez Gaspareto.

Diagramação e foto de capa: Thiago Sanchez Gaspareto.

Design do site: Ariane Domiciano.

Orientação: Prof. Ivonésio Leite de Souza.

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Crianças de Santa OlímpiaAprendendo o dialeto desde pequenoEduardo Castelar

Os moradores do bairro Santa Olímpia, distante nove quilômetros da cidade de Piracicaba, sempre fazem questão de destacar suas tradições e costumes. Estes habitantes descendentes do povo trentino-tirolês, são muito conhecidos por seus vinhos artesanais e também pela famosa festa da polenta.

Uma razão para a conservação destas tradições, segundo muitos tiroleses, é a educação que recebem desde a infância, segundo Ivan Correr, “até quando somos bebes de colo, nossas mães já

nos adormecem com canções típicas”.

Depois de crescerem, as crianças passam por outro fator importante para a criação dessas raízes trentinas. É na escolinha da dona Fátima que os pequenos continuam seus contatos com a tradição do seu bairro. Correr explica, “como o bairro não consegue oferecer serviço para todos os moradores, muitos de nós temos que trabalhar em empresas da região”, assim, a educação dos menores fica com a creche.

Fátima Stenico é dona da única escola infantil do bairro e sabe que tem uma tarefa muito importante na vida da comunidade, “é aqui que as crianças soltam e montam suas primeiras palavras, e graças a nossa educação eles também já se acostumam com

o dialeto”. No educandário os meninos e meninas aprendem canções infantis tirolesas e são incentivados a todo momento a treinar o sotaque, “aqui todo nome de animal ou letra do alfabeto ensinado em português, também é falado em nosso dialeto”.

Assim, quando as crianças tirolesas entram no ensino fundamental, muitas já nasceram com as tradições em seu inconsciente e também convivem, através da creche de dona Fátima, com o dialeto em todas as suas ações no dia. Correr ainda completa, “assim que elas começam na escola fundamental, já pegaram o gosto e agora querem entender nossas tradições e nosso modo de vida”.

EDUCAÇÃO

Crianças aprendendo a cantar no dialeto tirolês.

Aprender tirolês não é bicho de sete cabeças.

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Boca Aberta O coral Trentino de Santa Olímpia, apresenta canções alpinas.As canções é apreciadas pelos moradores do bairro, moradores da cidade de Piracicaba e da região.Foi fundado em 18 de agosto de 1990 como Coro Stella Alpina o único coral folclórico existente na região.O repertório conta com canções sobre amores e relações com o convívio social dos trentinos . Stella Alpina (também chamada Edelweiss) é o nome de uma flor dos Alpes tiroleses, semelhante a uma estrela, encontrada somente nas paredes rochosas acima de 1.500 metros de altitude. Além de ser a flor símbolo do Tirol, a StellaAlpina é também um símbolo do amor eterno, pois antigamente os rapazes escalavam as montanhas para colherem as maiores flores para suas amadas, e o arriscado feito (que muitas vezes podia terminar tragicamente com a queda nos precipícios) era uma prova de amor e quanto maior a flor, maior o feito.

Outra interessante característica da flor, é que ela aparenta ser de veludo e o seu branco nobre só existe se a mesma florir em grandes

altitudes, do contrário, possuirá uma cor esverdeada. Depois de recolhida, a stella alpina permanece intacta por muitos anos e existem algumas centenárias.

Em 2005, sob liderança de José Luís Negri e Eduardo Forti (presidente e vice-presidente), seus integrantes construíram sua própria sede, que leva o mesmo nome do Centro Cultural, João Octavio de Mello Ferraciu. A sede do coro se localiza na rua Consolação, 183 - Sta Olímpia.

Mariana Fiocco

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Boca Aberta

O Coro Stella Alpina se apresenta nas festas do bairro e sempre embelezam as missas da Igreja de Santa Olímpia; também já se apresentaram em diversos locais de Piracicaba, do Estado de São Paulo e em outros estados brasileiros, como Santa Catarina, Paraná e Bahia. Em setembro de 2005, participaram da “Settimana Brasiliana”, um encontro de descendentes trentinos na Província Autônoma de Trento, representando o Brasil com integrantes de outras cidades de colonização trentina.

O coro teve seu primeiro

CD gravado, chamado Canti di Montagna e duas faixas no álbum duplo Vozes da Terra, realizado pelo Projeto Mercocidades, da Prefeitura de Juiz de Fora. Também participou do CD Ao vivo dos concertos em que participou na Itália.

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SANTANAA força comunitária da Festa do VinhoBruno Bianchim Martim

A Praça de Santana não rememora as conturbações do Centro de Piracicaba. Em meio a calmaria e a tranqüilidade, ontem à tarde, voluntários, funcionários municipais e moradores do bairro realizavam os últimos ajustes para a 3° Festa do Vinho de Santana. Barracas, palco e salão eram finalizados para os três dias de celebração. A estimativa de público, de acordo com o presidente da Associação dos Moradores do bairro, José Carlos Correr Vitti, é de 12 mil pessoas. “No ano passado tivemos 900 litros de vinho vendidos durante a festa”, conta uma das componentes da cooperativa de vinho de Santana, Maria Vitti, ainda destacando a produção artesanal e orgânica da bebida. “Fomos os primeiros no Estado de São Paulo a produzir um vinho orgânico, sem uso de nenhum agrotóxico”, diz ela.

A bebida suave, seca ou rosé pode ser encontrada quando a festa começa. Além da degustação, comidas típicas, como o cràuti e a polenta poderão ser consumidas. A novidade deste ano fica por conta da exposição de garrafão de vinho, com mais de cinco metros, colocado na entrada da praça. Conscientização e reciclagem foram fatores fundamentais, garante José Carlos, para a composição do galão. “Quisemos explorar a conscientização para o ato de reciclar. Isso foi o mais importante”, conta ele, que trabalhou junto a membros da comunidade nas duas semanas para a confecção do galão. “Durante o carnaval, na Festa da Cuccagna, arrecadamos garrafas pet para a montagem.

Foram usadas mais de quatro mil na composição”, explica.

Parreiras espalhadas pelos bairros de Santana e Santa Olímpia garantem o alento da Festa do Vinho – a bebida é produzida Cooperativa do Vinho, em Santana, na rua São Paulo, s/n. “Hoje já temos mais de 20 mil pés plantados e que, anualmente, nos dão cerca de dez mil litros da bebida”, diz outra componente da associação, Roberta Forti. Segundo ela, a premissa da festa é simples: mostrar o que a comunidade de Santana pode fazer de artesanal, juntando elementos da cultura trentina-tirolesa. “Vamos ter durante a festa cafeteria também aberta. Com pães, café, bolo e grostoli – um tipo de doce”, conta Roberta, em seguida completando: “A doação desses alimentos foi feita pelos moradores e serão produzidas por nós mesmos”. “É tudo comunitário”, conclui.

As atrações dos três dias de celebração ficam a cargo dos grupos de dança, coral e música locais dos bairros de Santana e Santa Olímpia. No domingo, dia da segunda partida do Brasil na Copa

do Mundo, às 15h30, um telão será disponibilizado no Salão Paroquial de Santana, ao lado da praça, para a visualização do público.

Tonéis de vinho no barracão da Cooperativa.

Vinho Trentino: produção artesanal.

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Rainha e Princesa da 14º Festa da Polenta são eleitasVinícius Barbosa

A escolha da rainha e princesa da 14º Festa da Polenta este ano contou com uma novidade: a votação online. Internautas de todo o país participaram da escolha entre as quatro candidatas à honraria. No total, foram 6 mil acessos ao site no período entre os meses de maio e junho.

A decisão foi anunciada no dia 5 de junho. As ganhadoras foram Joyce Stênico, ao cargo de rainha, e Patrícia Stenico, para representar a princesa 2010.

Rainha e Princesa da Festa da Polenta

DESTAQUES

Para Patrícia a emoção foi muito grande. “Este era o quarto ano que eu disputava esse concurso. Na hora que meu nome foi dito quase chorei de emoção”. Já para Joyce Stenico, alem da surpresa é preciso respeitar as derrotas “Somos todas amigas e o resultado final não mudará em nada nossa amizade”.

Cecília Stenico Correr, ressalta que a concorrência é saudável. “Não vemos motivos de aborrecimento de ninguém, pois afinal todos fazem parte da mesma família e um dos valores que mais preservamos no bairro é a união”.

A 14º Festa da Polenta acontece nos dias 23,24 e 25 de julho.

A rainha Joyce Stenico

A princesa Patrícia Stenico

As quatro lindas candidatas a Rainha e Princesa da Polenta

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RELIGIÃO

A fé que move

Festa aberta à população envolve missas em cele-

bração à padroeira, além de ex-posições, artesanatos, comidas e bebidas Sob um calor escaldante e gotas de suor apaziguadas com a mão que acabara de ser mol-hada em uma das fontes d’água de Santa Olímpia, o aposenta-do Olavo Stenico, 53, abastecia sua residência. Devoto de Im-aculada Conceição, padroeira do bairro, e, que recebe hom-enagem este final de semana, ele diz encontrar ali, ao lado de casa, a melhor água que pode-ria desfrutar: “Para mim é muito melhor que as águas minerais que existem por aí. Aqui nós conhecemos a procedência”, afirma ele, apontando para o lado, lá longe, para cima, “de onde a água vem”, garante. Natural de São Pedro, ele se recorda da época em que veio habitar no reduto de ti-roleses. “Nasci lá, mas vim para cá ainda criança. Meus pais eram daqui”, justifica. Ao todo, são três idas e vindas ao dia para “trazer água” e abastecer a casa onde mora, com mais sete irmãos. “De manhãzinha, à tarde e à noite. Quando falta

Religiosidade presente em vários momentos

água também a gente vem bus-car mais vezes”, explica. Flores que caracterizam a região trentina e tijolos típicos dos antepassados tiroleses que chegaram ao Brasil no século passado estampam, hoje, o solo da praça de Santa Olímpia, no-meada Padre Jacob Stenico, que foi, recentemente, repagi-nada. “As reformas começaram em dezembro”, garante Eduardo Forti 69, que completa: “Agora fica mais gostoso vir à noite e aos finais de semana para con-versar um pouco de futebol na praça”, assinala. A reforma foi realizada pela associação do bairro em conjunto com a Prefeitura Mu-nicipal, e será inaugurada neste domingo, a partir das 10 horas, é parte da programação especial da Semana de Festa em Santa Olímpia em louvor à Imaculada Conceição. Entretanto, mesmo sem ter sido inaugurada, ainda, na noite de quarta-feira, 5, o movimento era grande: “Todo mundo veio para assistir ao jogo do Corinthians. Ano do cen-tenário, né. Mas o povo voltou pra casa triste”, observa.

MontanhasAnderson Junque

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Fé e vida: universos inseparáveis

Fonte de água e imagem de Nsa. Senhora Auxiliadorana praça.

Enquanto Olavo voltava para casa com mais dois galões de água – ainda fresquinha que acabara de jorrar da fonte – Marília Cecília Stenico Correr, 70, caminhava com um panfleto alusivo às comemorações deste final de semana. “Muitas pessoas vêm de fora para acompanhar a festa”, diz. Na programação, ex-posição de artesanato, apresen-tações de danças folclóricas e comidas típicas. Ela, que ajuda a organizar a festa santa, afirma: “A gente sempre trabalha. Mas tem hora que é bom tirar umas férias”, brinca.