rolagem automÁtica faixa 12 do cd celebraÇÕes na proteção do colo uterino, ainda sem saber a...
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ROLAGEM AUTOMÁTICA
FAIXA 12 DO CDCELEBRAÇÕES
Na proteção do colo uterino,Ainda sem saber a “graça”,já recebe , com “carinho”,densas tragadas de fumaçae ardentes goles de cachaça. Sob a proteção do Instituto,
num leito de Maternidade-Escola,num dia, não se sabe ao certo,de alegria ou de luto,nasce o argumento para pedir esmola.
O bebê se faz criança,o nariz é só catarro,símbolo da desesperança.Barrigudinho e com o pinto de fora,corre para os vidros do carro.Barrigudinho e com o pinto de fora,corre para os vidros do carro.
Se assusta com a boneca e a bola,mas esquece, brinca, come,
viaja e sonha, cheirando cola, mas esquece, brinca, come,
viaja e sonha, cheirando cola.
Na proteção do colo uterino,Ainda sem saber a “graça”,já recebe , com carinho,densas tragadas de fumaçae ardentes goles de cachaça.
Sob a proteção do Instituto,num leito de Maternidade-Escola,num dia, não se sabe ao certo,de alegria ou de luto,nasce o argumento para pedir esmola.
O bebê se faz criança,o nariz é só catarro,símbolo da desesperança.Barrigudinho e com o pinto de fora,corre para os vidros do carro.Barrigudinho e com o pinto de fora,corre para os vidros do carro.
Se assusta com a boneca e a bola,mas esquece, brinca, come,viaja e sonha, cheirando cola, mas esquece, brinca, come,viaja e sonha, cheirando cola.
Existe nos reinos da natureza algo mais próximo dos deuses do que os brotos e os bebês?
Poderia um adulto optar pelas guerras se tivesse conservado a paz e a ternura do bebê?
A seguir a prosa “Dia da Criança” traz algumas razões que motivaram a composição “Criança Desesperança” . Se for de interesse é só CLICAR
IMAGENS DOS SITES:
anamariagalheigo.net;brasil.indymedia.org;diariodonordeste.globo.com;gispereira.blogspot.com; emulheramiga.com.br.
Estávamos reunidos na creche da fábrica, para participarmos das louvações a todas as crianças, lá representadas por nossos filhos.
As “tias” idealizadoras do evento previram a fala de Dona Pilar, a mulher mais velha da comunidade. Dona Pilar, que emigrara da Amazônia, trazia as marcas da filária nas pernas deformadas e inchadas, bem como um sorriso terno e resignado no rosto. Desajeitada pelo peso das pernas, mas firme pela história dos anos vividos, subiu ao palco e começou a falar sem qualquer inibição: Acredito que esses dias, comemorativos da Pátria, das Mães, dos Professores, dos Pais e o de hoje - da Criança -, funcionam como a confissão para alguns católicos. Reunimo-nos para aliviar as culpas acumuladas por todo um ano de atos e ações sem qualquer compromisso com aquilo que, uma vez por ano, louvamos e festejamos.
Após os festejos desses dias, sentimo-nos perdoados e puros para continuarmos a agir do mesmo modo e sem qualquer anseio de mudanças...
Essa constatação é fruto das minhas observações durante toda minha vida...Muitos foram os dias comemorativos às crianças de que participei. No dia seguinte, nada muda...
Lá vão mulheres grávidas, perdoadas e recuperadas pela participação nos festejos, fumando e agredindo seus bebês com tragadas de fumaça.
Lá estão doces vovôs intoxicando seus netinhos com refrigerantes e sanduíches coloridos com massas artificiais de mostarda e tomates.
Vejam, quantas carícias e quanto carinho são demonstrados por aquele pai exemplar que, ao instalar no quarto do filho um Micro e uma TV, para que a criança possa assistir a programação das “xuxas” ou aquelas vesperais da violência ou, ainda, jogar com seu melhor amigo - o Micro, vai assim construindo no filho uma forte intimidade com a máquina e uma doce e duradoura solidão.
Observem quantos pais estão presentes às louvações às crianças e amanhã estarão evitando e desviando-se do exército de menores abandonados pelas ruas da cidade.
Muitos poderão estar pensando em quanto agressiva está sendo minha fala. A esses respondo, perguntando: como mostrar com suavidade a farsa e a agressão dos adultos para com as crianças?
Antes de encerrar minha fala, quero implorar às mães dessa cidade que se organizem e liberem sua juventude. Saiam em passeatas ou outras manifestações coletivas e exijam de nossas instituições um programa, tão eficiente quanto o cinismo da maioria de nossos políticos, para agasalhar as crianças abandonadas pelas ruas em escolas, quartéis, igrejas, clubes e empresas.
Nessas manifestações, certamente descobriremos que precisamos agasalhar alguns de nossos filhos que, sem sentir, abandonamos.
Pelo interesse por todas as crianças da cidade, perceberemos que é necessário alimentar muito melhor nossos filhos e aproximá-los muito mais da natureza. Entenderemos que é preciso amar a criança oculta no íntimo de cada um de nós, para amarmos todas as crianças deste planeta.
Quando esse milagre for realizado por nós, gente grande, a sinfonia da algazarra das crianças nos parques substituirá o gemido humilhado, a risada idiota e o torpor pálido produzidos pelo desespero e solidão afogados no “cheiro da cola”.
A amazônica Dona Pilar foi aplaudida pelos presentes com muito entusiasmo.Entretanto, percebi no olhar daquela guerreira um brilho de desesperança...